Curso de Astrocaracterologia

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CURSO DE ASTROCARACTEROLOGIA

PARTE I

Agradecimento e motivaçâo

Entrevista do filósofo Olavo de Carvalho sobre astrologia – ano


2000.

Como a Astrologia contribuiu para a sua formação?


Muito. Não existe possibilidade alguma de entendimento de qualquer civilização antiga
sem o conhecimento da Astrologia. O modelo de visão do mundo baseado nos ciclos
planetários e nas esferas esteve em vigor durante milênios e isto continua a estar, de
certo modo, no “inconsciente” das pessoas. Apesar de algumas deficiências no modelo
astrológico, foi ele quem estruturou a humanidade pelo menos a partir do império
egípcio-babilônico, o que significa, no mínimo, cinco mil anos de história. A Astrologia é
um elemento obrigatório, por isto quem não a estudou, não estudou nada, é um
analfabeto, um estúpido. O trabalho mais vigoroso nas ciências humanas do século XX,
por exemplo, só aconteceu depois da existência do Instituto Warburg, fundado em
Londres por um milionário judeu fugido da Alemanha, que juntou, durante 20 anos, as
melhores cabeças do século em torno de uma coleção de manuscritos astrológicos e
alquímicos. Sem este estudo, a comunidade acadêmica nunca teria qualquer possibilidade
de compreensão real das civilizações antigas.

Quais as conseqüências da perda deste conhecimento em nosso tempo?


A conseqüência é simplesmente não entender mais o passado. Se alguém não entende as
civilizações antigas, não sabe mais onde está. É uma amnésia.
Como foi que o Sr. entrou em contato com a Astrologia?
Foi uma casualidade. O Dr. Müller contratou-me na época em que eu trabalhava no Jornal
da Tarde para redigir um curso de psicologia baseado em astrologia, já que era argentino
e não dominava muito bem o português. Depois destas aulas, um mundo sem limites se
abriu para mim.
Qual é a sua relação com a Astrologia hoje?
O meu acerto de contas com a astrologia foi o curso “Astrocaracterologia”, uma espécie
de conclusão que tirei dos meus vinte anos de estudo e que fechou a minha contribuição
para o assunto. Eu equacionei a Astrocaracterologia de tal modo que, para avançar de
onde parei, só mesmo a pesquisa experimental. Para se formar uma ciência, é preciso
levantar uma série de conceitos; destes conceitos, tirar hipóteses; das hipóteses, um
método e dos métodos, as pesquisas. A parte teórica eu pude concluir, mas daí para
frente, a Astrocaracterologia deixou de ser problema teórico para ser de investigação
científica. Eu não tenho condições de dar continuidade a estas pesquisas porque precisaria
de tempo, gente e dinheiro. Voltar a mexer neste assunto só me deixaria desesperado,
porque eu não poderia realizar as investigações necessárias para responder as questões
que levantei.
É possível resgatar a Astrologia tradicional nos dias de hoje?
Não sei. Isto é um tremendo abacaxi. Primeiro: não existe uma só astrologia tradicional,
mas milhares. Quando falamos “tradicional”, estamos nos reportando a certas épocas,
onde esta Astrologia estava integrada completamente nas civilizações. Se a pergunta é
“nas condições da nossa sociedade, é possível produzir uma astrologia tradicional?”, a
resposta é “não“. Precisamos retomar o estudo astrológico de um outro plano, para
estruturar uma ciência. Só que não fizemos nem uma coisa nem a outra. Os astrólogos
não fizeram porque têm preguiça e os outros, porque têm preconceito. Só quem se
interessou realmente pela Astrologia foram historiadores e filólogos, cuja função não é
desenvolver a Astrologia, mas estudar o que ela foi e qual o lugar dela nas civilizações
antigas. Estes fizeram a sua parte e levaram a coisa a sério.
O trabalho dos astrólogos, então, seria pesquisar junto aos textos antigos e desenvolver
a astrologia enquanto ciência, já que é impossível o resgate da astrologia tradicional?
Eu não diria que esta é a única possibilidade. Você não imagina como esta sua pergunta é
difícil. A resposta é: não sei (risos). Não sei.

O QUE É ASTROLOGIA

Ao longo das últimas décadas, a astrologia tornou-se um sucedâneo de


religião para as massas de classe média e um hobby “espiritual” para os
letrados. Montada na onda do novo paradigma que alguns teóricos reclamam
para a ciência no século XXI, ela ganhou mesmo ares de respeitabilidade em
muitos círculos acadêmicos. Nada parece deter sua ascensão. Até as reações
hostis de alguns religiosos e homens de ciência apenas aumentam sua
popularidade. No mínimo, o que é objeto de debate é objeto de atenção.
No entanto, os debates, na sua quase totalidade, têm se limitado aos aspectos
mais vistosos e periféricos da questão astrológica, sem fazerem avançar um
passo sequer o esforço para responder às perguntas que constituem, ou deveriam
constituir, o miolo do problema: existe, objetivamente, uma relação entre os
movimentos dos astros no céu e o desenrolar da vida humana na Terra? Se
existe, qual a sua natureza e o seu alcance? Quais as causas que a determinam?
Quais as possibilidade e os meios de conhecê-la cientificamente?
Em vez de enfrentar essas perguntas, os adeptos e adversários da astrologia
preferem discutir o seguinte tópico: “Astrologia funciona?”

ASTROLOGIA FUNCIONA

O que define e singulariza a astrologia não é a afirmação genérica de que


“existem influência astrais” (a qual pode ser admitida até mesmo por quem
odeie astrologia, como Sto. Agostinho, por exemplo), mas sim a pretensão de já
possuir um conhecimento cabal de suas manifestações e variedades, ao ponto de
poder descrever meticulosamente as diversificações da influência de cada
planeta conforme o lugar que ocupe no céu no instante do nascimento de cada
indivíduo em particular — sem exceções ou dificuldades notáveis.
Invariavelmente, no calor da polêmica, cada pequeno indício da
existência de influências astrais é tomado como argumento legitimador da
prática astrológica existente; de outro lado, cada sinal de ineficácia ou erro dos
astrólogos é exibido como prova da irrealidade das influências astrais. Isto em
lógica chama-se um non sequitur: tirar à força, de uma premissa, conclusões
que dela não se seguem logicamente. Por exemplo, a pesquisa realizada por
Michel Gauquelin, na França, que numa revisão de 500.000 horóscopos de
nascimento encontrou uma correlação estatística altamente significativa entre
grupos profissionais e tipos astrológicos (conforme a posição dos planetas na
hora do nascimento), é brandida orgulhosamente pelos astrólogos como prova
de que “astrologia funciona” (e não somente de que “existem influências
astrais”). Inversa e complementarmente, o físico Shawn Carlson, da
Universidade da Califórnia, após ter verificado, em testes estatísticos, a
incapacidade de vinte astrólogos para identificarem traços de personalidade com
base em horóscopos de nascimento, divulgou esse resultado (na revista Nature)
como prova de que “não existem influências astrais” (e não somente de que a
astrologia não funciona, pelo menos tal como praticada atualmente).

No entanto, a questão das influências astrais, em si, e independentemente


da polêmica, é da máxima importância para a nossa civilização em seu estágio
presente. Se nos lembrarmos de que a geografia se constituiu e se expadiu
rapidamente como ciência a partir do momento em que uma Europa
culturalmente unificada partiu para as navegações e a descoberta da Terra, é
fácil perceber, por analogia, que a humanidade culturalmente unificada de hoje,
ao partir para a exploração do ambiente cósmico em torno, se defronta com a
necessidade urgente de um nova colocação do problema das ralações entre o
cosmos e a vida humana, não somente biólogica, mas histórica e psicológica; e
este é, precisamente, o tema da astrologia. Este tema sugere, inclusive, a
oportunidade de uma recolocação global das relações, ainda hoje obscuras, entre
ciências “naturais” e ciências “humana”. A nulidade dos resultados que a
astrologia tenha até agora alcançado na sua investigação, com os métodos
peculiares e um tanto extravagantes que emprega, não justifica que seu objeto
mesmo seja negligenciado.

Por tudo isso, é espantoso o contraste entre o baixo nível do debate


astrológico hoje em dia e as discussões que seis ou sete séculos atrás os
acadêmicos faziam a respeito do mesmo tema. Quanto examinamos as páginas
que Sto. Tomás de Aquino, Hugo de S. Vitor, John de Salisbury e outros
intelectuais medievais consagraram ao problema astrológico, surpreendemo-nos
com o rigor e a senidade de suas colocações, que constituem um exemplo para
nós.
Particularmente Sto. Tomás chegou a desenvolver uma teoria completa das
influências astrais, que constitui até hoje uma das mais límpidas colocações do
problema e pode servir de marco inicial para as nossas investigações.
Tendo tocado no assunto, de passagem, na Suma Teológica e nos
comentários à Física de Aristóteles, ele lhe dá um tratamento sistemático em
cinqüenta densas páginas da Suma contra os Gentios (1258). Ele não discute a
existência das influências astrais, que no seu tempo era geralmente admitida
(mesmo pelos que, em nome da religião, condenavam a prática da astrologia
divinatória); esforça-se apenas por definir a sua natureza e precisar o seu
alcance. É verdade que sua análise se detém no nível meramente conceptual e
lógico, sem entrar no campo da investigação empírica. Mas quem não sabe que
sem conceito claros e uma hipótese condutora a investigação empírica é perda
de tempo?
O que Sto. Tomás sugere, em essência, é que um corpo não pode exercer
nenhuma influência causal sobre o que não seja também corpo; e que, portanto,
está excluída a hipótese de que os astros exerçam qualquer influência sobre a
psique e o comportamento humano a não ser por intermédio de alterações
fisiológicas (ou fisiopatológicas). Ele chega a sugerir que os astros afetem a
formação do embrião e que, produzindo assim conformações corporais diversas,
acabem por agir como causas remotas do comportamento humano. Os
movimentos planetários, diz ele, não influenciam a inteligência e a vontade
humanas, mas, atuando sobre os corpos, predispõem a distúrbios passionais que
podem obstar a livre operação da inteligência e da vontade.
A tremenda importância dessas observações reside em que elas colocam a
questão astrológica na linha de uma investigação científica possível, tirando-a
da esfera dos argumentos metafísicos e teólógicos sobre determinismo e livre-
arbítrio. Mas, passados sete séculos, a lição do grande escolático ainda não foi
assimilada, pois tais argumentos continuam comparecendo invariavelmente em
toda discussão sobre o preblema astrológico, malgrado sua já demonstrada
impertinência e esterilidade.
O tratamento que Tomás deu à questão mostra, ademais, que ela pode e deve
ser abordada independentemente de quaisquer reivindicações polêmicas sobre a
legitimidade ou ilegitimidade da astrologia enquanto prática. Esta lição também
não foi assimilada.
Em resumo, no século XII estávamos mais perto de uma colocação racional
do problema do que estamos hoje em dia, justamente quando ele se revela mais
importante e urgente.

PREMISSAS

1. Denominamos Astrologia todo e qualquer estudo das relações entre


fenômenos astronômicos e eventos terrestres, de ordem natural ou humana.
2. Como ciência comparativa, a Astrologia não estuda um ente, uma coisa,
mas uma relação: ente lógico que tem de ser construído aprioristicamente, antes
de que seu equivalente fático possa ser pesquisado na realidade empírica. A
pesquisa astrológica requer, como condição primeira, uma discussão
gnoseológica e criteriológica que ainda não foi empeendida.
3. A comparação que a astrologia estabelece tem, como um de seus termos, a
figura astronômica do céu — elemento unívoco, redutível a um conjunto de
fórmulas. O outro termo da comparação é a fenomenalidade terrestre em toda a
sua inesgotável extensão e variedade. A disparidade dos termos coloca
problemas metodológicos peculiares, aos quais ainda não se deu a devida
atenção.
4. Um desses problemas refere-se ao fato de que o conjunto de
fenomenalidade terrestre e humana só pode ser abarcado pela totalidade do
sistema das ciências, e não por esta ou aquela ciência em particular. A divisão e
catalogação da fenomenalidade terrestre e humana coincide necessariamente
com a das categorias, modos e formas e objetos do conhecimento científico.
Daí resulta: (a) que a Astrologia é, por natureza, astrologia comparada:
astronomia comparada à Biologia, quando estuda fenômenos biológicos;
comparada à História, quanto estuda eventos e etapas da História; e assim por
diante.
O astrólogo não enfoca jamais a fenomenalidade terrestre em seu estado
bruto, mas sempre já melaborada, definida e catalogado por alguma ciência
existente.
Resulta ademais: (b) que a exigência metodológica em qualquer estudo
astrológico é tripla. Ao estudar astrologicamente qualquer setor da
fenomenalidade terrertre o astrólogo deve prestar satisfação: primeiro, às
exisgências da astronomia, para o correto desenho do céu; segundo, às da
ciência que define e pesquisa esse campo específico (História, Biologia, etc.):
finalmente, às do método astrológico propriamente dito, que não pode ser um
só, totalitário e unívoco, para todos os campos estudados, mas requer uma
amoldagem minuciosa e altamente problemática às peculiaridades de cada
campo.
A Astrologia, portanto, não é uma ciência só, mas uma multidão de ciências,
com uma pluralidade de métodos. Deve haver, é claro, uma Astrologia Geral,
puramente teórica, mas só pode haver “pesquisa científica” no campo das
astrologias especiais.
5 — Cabe à Astrologia Geral, ou Pura, ou Teórica, definir, como mera
hipótese teórica, e localizar coerentemente no corpo da epistemologia vigente,
as relações entre fenômenos terrestres e celestes.
Cabe à Astrologias Especiais: (a) amoldar essa hipótese ao seu campo
específico: (b) definir os métodos e critérios cabíveis no caso; (c) empreender as
pesquisas necessárias; (d) corrigir e aperfeiçoar a hipótese especial; (e) verificar
em que medida essas correções e aperfeiçoamentos afetam a teoria geral.
6 — Denominamos Astrocaracterologia o setor da Astrologia que estuda,
especificamente e com métodos específicos, as relações entre a figura celeste no
instante do nascimento de um indivíduo humano e o caráter desse indivíduo.
7 — Denominamos caráter a parte fixa e estrutural da personalidade; o
esquema de base por trás de todas as mutações determinadas por fatores
exógenos; o esqueleto da personalidade, e não o seu corpo total e vivente.
8 — São tarefas primordiais da Astrocaracterologia:
a) Fazer uma revisão crítica de todas as principais teorias caracterológicas,
como as de Klages, Le Snne, Berger, Bühler, e assim por diante.
b) Estabelecer o quadro mínimo dos fatores e elementos estruturais do
caráter — abstraindo-se de toda especulação sobre as causas que os determinam.
c) Estabelecer, por simples analogia estrutural, as correspondências entre
esses fatores e elementos e os componentes do mapa astrológico — planetas,
casas, aspectos, etc. — tomados isoladamente. Isto constituirá o primeiro
esboço da hipótese astrocaracterológica.
d) Estabelecer a possibilidade de uma particularização dessa hipótese; isto é,
verificar se a analogia entre a estrutura do caráter em geral e o sistema
planetário pode ser transposta ao plano de uma correspondência entre a figura
do céu num instante determinado e o caráter de um indivíduo determinado. Esta
transposição, ao contrário de que parece imaginar a maioria dos astrólogos, é
altamente problemática.
e) Desenvolver, por método dedutivo, a diferenciação dos fatores planetários
segundo casas e signos. Isto constituiria o corpo total da hipótese
astrocaracterológica: o esboço da “técnica da interpretação” possível.
f) Destacar, do conjunto dessa hipótese, os aspectos mais passíveis de
comprovação ou refutação clínica (por observação de casos).
g) Proceder às pesquisas, após o estabelecimento de métodos apropriados.
h) Desenvolver métodos de observação experimental.
9 — O objetivo fundamental da Sociedade Brasileira de Astrocaracterologia
é (a) transmitir a profissionais e estudantes a parte já realizada desse programa;
(b) formar pesquisadores para realizarem a parte restante.
10 — A Astrocaracterologia pretende ser uma contribuição para a elevação
geral do debate astrológico, que de tem deixar de ser um confronto de
preconceitos e equívocos, uma impossível peleja entre ocultismos.

A HISTÓRIA DA ASTROLOGIA
As primeiras cartas estelares do Egito datam de cerca de 4 200 a.C. e,
embora sejam astronômicas, não se pode afirmar que houvesse distinção,
àquela época, entre astronomia e astrologia.
Historiadores afirmam que a astrologia surgiu na Suméria, por volta do IV
milênio a.C. Por este motivo, durante muitos séculos, na Europa, os astrólogos
foram chamados de caldeus. Uma das mais antigas referências foi encontrada
em Nínive (Babilônia), na biblioteca de Assurbanípal. No entanto, a
observação do céu à procura de presságios pode ser bem anterior, naquela
região de clima imprevisível, onde as cheias dos rios Tigre e Eufrates não
obedeciam um ritmo anual como as do Nilo.
Em tempos mais recentes, tem-se discutido a possibilidade de ser outra
a origem da astrologia: a civilização do Vale do Indo, ou de Harapa. Em
comum, essas duas civilizações compartilham a ênfase no papel das estrelas,
pano de fundo e baliza do movimento do Sol e da Lua. Em Harapa teria se
originado o conceito de nakshatra (sânscrito, "os imortais"), manazil (árabe)
ou mansão lunar, que mais tarde daria origem ao zodíaco. Em ambas regiões
o Sol causticante não é, como na fria Europa, o doador da vida, e sim a Lua,
com as marés que provoca no mundo físico e nos seres vivos. Portanto, os
nakshatras mediam a passagem da Lua pelo céu, sendo cada um destes
asterismos a medida de arco média percorrida pela Lua em um dia.

Na Antiguidade

Os sacerdotes caldeus nos legaram a primeira noção de zodíaco, ao


observar que o Sol e a Lua cruzavam sempre as mesmas constelações dentro
de uma faixa celeste que chamaram de Caminho de Anu. Contra o fundo
de estrelas fixas, cinco estrelas errantes se moviam, os planetas, e seu caminho
também se restringia ao espaço delimitado no céu pelo movimento aparente
do Sol, a eclíptica. As eclipses eram, aliás, um dos mais importantes
presságios para todos os povos antigos.
As previsões eram um guia para a agricultura, as cheias dos rios e
outros fenômenos naturais, sendo depois estendidas para catástrofes
decorrentes de ação humana, como guerras.
Fragmentos de documentos do reinado de Sargão da Acádia, (2 870
a.C.) mostram que as previsões eram feitas com base no movimento do Sol e
da Lua, dos planetas, de cometas, meteoros e outros fenômenos. Mesmo as
condições atmosféricas ao começo do dia, que possivelmente era medido a
partir do pôr do sol, indicavam como seria o dia seguinte. Se esse dia era o
primeiro do mês lunar, as previsões se estendiam para o mês, se era o primeiro
do ano (medido pelo nascimento ou ocaso heliacal de determinada estrela),
valiam para o ano.
Do tempo do rei assírio Assurbanípal (século VII a.C.) são as mais
antigas efemérides escritas que nos chegaram. Isto mostra que, à época, o
conhecimento dos ciclos dos planetas era suficiente para permitir elaborar
tábuas de seu movimento.
A astrologia babilônica se dedicava a prever eventos que influenciavam
a vida coletiva, através de seu efeito sobre o rei, que personificava o bem-estar
do reino. Após a tomada de Alexandria é que a astrologia começou a estudar o
homem. O horóscopo mais antigo para uma pessoa data de 20/04/409
a.C.. [carece de fontes]
No Egito surgiu Hermes Trismegisto que, afirmam alguns, é o escritor
de um livro, o livro de Thot. Esse livro foi resultado de sua Obra e é em si
mesmo o Tarot. Dentro dessa Obra a relação astrológica é sempre muito clara
em função da relação dos astros, os elementos e a natureza nas relações
humanas. O mais conhecido livro de Hermes Trismegistus é a Tábua de
Esmeralda que tem instruções a cerca do aperfeiçoamento espiritual humano.
O Kaibalion, foi um livro escrito por 3 Iniciados que falam a respeito dos
ensinamentos herméticos e suas leis.
Na Grécia foi fundada, por volta de 640 a.C., uma escola onde se
ensinava astrologia. Aristóteles (que difundiu a ideia dos quatro elementos -
água, fogo, ar e terra - influenciando o comportamento), Hiparco (que
descobriu a precessão dos equinócios) e Ptolomeu (que apresentou em livros
muito do que se sabe atualmente das bases principais da astrologia) são figuras
importantes, que usavam a astrologia principalmente para reis e países. Mas
ainda na Grécia este estudo se popularizou. Estudos demonstram que
a Filosofia surgiu da astrologia.[1][2]
Em Roma a astrologia era consultada pelo povo e por reis e rainhas,
inclusive o Imperador Augusto cunhou moedas com o seu signo.
E Tibério estudava o mapa astrológico dos seus rivais. Cláudio, porém,
expulsou os astrólogos da Itália.[3]
A decadência do Império Romano significou a decadência da cultura
legada da Grécia e do Oriente. A astrologia caiu para um estado de
superstição, fato que levou a Igreja Católica a condená-la, ignorando as
referências astrológicas no Evangelho de Mateus (os reis magos) e
no Apocalipse. Assim, Agostinho de Hipona, que estudara astrologia, a renega
após sua conversão.

Na Idade Média
A filosofia e a cultura clássicas sobreviveram durante a Idade
Média européia graças aos árabes e ao Califado de Bagdá. Bagdá, capital do
estudo astronômico no século X, foi sede também de uma astrologia de
cunho empírico, estritamente prática e previsiva, como convinha a esse povo
que criou o comércio internacional. O maktub árabe passaria a fazer parte da
astrologia mediterrânea.
Isidoro de Sevilha (c. 636) foi um dos primeiros a separar astrologia e
astronomia, embora ambas tenham sido separadas apenas no século XVI,
quando o sistema de Copérnico substitui o de Ptlomeu.

Astrologia árabe

O maior astrólogo árabe foi Albumazer. Seu livro Introductorium in


astronomiuum foi um dos primeiros a ser traduzido, no início da Idade Média,
na Espanha. Nas Universidades da Espanha e Itália havia cadeiras de
Astrologia. Estudos indicam que a astrologia influenciou inclusive a Cabala.
Outro árabe importante foi Abu'l-Rayhan Muhammad Ibn Ahmad Al-Biruni.
Na Idade Média da Europa surgem astrólogos e defensores da astrologia
em vários países.
Michael Scott (morto em 1235) a defendeu em seu Liber
introductorium.
Santo Alberto Magno (c. 1200-1280), em resposta à discussão entre
teólogos sobre ser a astrologia "ciência legítima" ou "arte adivinhatória",
separou a astrologia das associações pagãs que ganhara no ocaso do Império
Romano. Percebeu o valor teológico da ciência e filosofia gregas a árabes e
recuperou os ensinamentos esquecidos de Aristóteles.
Tomás de Aquino (c. 1225-1274) viu os ensinamentos da astrologia
como complementares à visão cristã.
Na Universidade de Bolonha, onde estudaram Dante e Petrarca, a
cátedra de astrologia foi instalada em 1125.
Na Idade Média os astrólogos eram chamados mathematici, pois a
astrologia era a aplicação mais importante da matemática. A prática
da medicina era baseada na determinação astrológica do tratamento adequado,
portanto os médicos também eram matemáticoa (como Tycho-Brahe).
Dante expõe ao ridículo, no Inferno da Divina Comédia, os astrólogos
Guido Bonatti (conselheiro de Guido de Médici) e Michael Scott, mas por
misturarem eles necromancia à astrologia, abusando dos conhecimentos que
tinham obtido.
Cecco d'Ascoli, professor de astrologia em Bolonha, foi queimado vivo
na fogueira em 1327 não por ser astrólogo, mas por suas opiniões heréticas.
Renascença
O Renascimento trouxe uma difusão da astrologia, apoiada inclusive
pelo Papado.
Copérnico (seu trabalho sobre o heliocentrismo foi conhecido devido a
um astrólogo - Reticus - que o imprimiu e acrescentou, com o consentimento
do autor, um capítulo sobre
Astrologia), Paracelso (botânico), Nostradamus, Tycho Brahe (médico e
astrônomo), Galileu, Kepler e Newton estudaram e usaram a astrologia.
Copérnico, ao propor o heliocentrimo, recuperava o conhecimento
de Aristarco. Tycho-Brahe viria, com suas acuradas observações dos
movimentos planetários, na Dinamarca, a fornecer dados para comprovar a
teoria de Copérnico. Kepler foi assistente de Tycho-Brahe. Em
seu Concerning the more certain fundamentals of astrology (1602), expõe em
75 teses a forma como o Sol, a Lua e os planetas influenciam os
acontecimentos na Terra.
A astrologia e a astronomia eram, de início, um mesmo estudo. Tycho
Brahe, por exemplo, nascido em 1546, era médico e astrônomo
em Copenhague, mas também astrólogo do rei da Hungria.
Já na época de Isaac Newton, a astrologia já estava totalmente
desacreditada, como pode ser visto pelo seu livro Diálogos astronômicos entre
um cavalheiro e uma dama: em que a doutrina da esfera (celeste), usos dos
globos (terrestres) e os elementos de astronomia e geografia são explicados.

ASTROLOGIA E O PECADO
A Bíblia tem muito a dizer sobre as estrelas. A nossa compreensão mais
básica sobre esse assunto é que Deus as criou. Elas mostram o Seu poder e
majestade. Os céus são "obra" de Deus (Salmo 8:3; 19:1). Ele tem todas as
estrelas numeradas e nomeadas (Salmo 147:4).

A Bíblia também ensina que Deus as arranjou em grupos reconhecíveis


que chamamos de constelações. A Bíblia menciona três delas: Órion, o Urso
(Ursa Maior) e "a serpente tortuosa" (provavelmente Draco) em Jó 9:9; 26:13;
38:31-32 e Amós 5:8. As mesmas passagens também mencionam a
constelação Plêiades (as Sete Estrelas). Deus é Aquele que "ata as cadeias"
dessas constelações; Ele é o único que lhes apresenta "cada uma a seu tempo."
Em Jó 38:32, Deus também aponta para o "Mazzaroth", normalmente
traduzido como "constelações." Ele é considerado por muitos como uma
referência às doze constelações do zodíaco.

As constelações têm sido monitoradas e estudadas por milênios. Os


egípcios e gregos sabiam do zodíaco e usaram-no para medir o início da
primavera séculos antes de Cristo. Muito tem sido escrito sobre o significado
das constelações zodiacais, incluindo as teorias de que elas compõem uma
exposição antiga do plano redentor de Deus. Por exemplo, a constelação de
Leo pode ser vista como uma representação celestial do Leão da Tribo de Judá
(Apocalipse 5:5), e Virgem pode ser um lembrete da virgem que deu à luz
Cristo. No entanto, a Bíblia não indica qualquer "significado oculto" para estas
ou outras constelações.

A Bíblia diz que as estrelas, junto com o sol e a lua, foram dadas como
"sinais" e "estações" (Gênesis 1:14); ou seja, elas foram feitas para marcar o
tempo para nós. Também são "sinais" no sentido de "indicadores de
navegação", e por toda a história os homens usavam as estrelas para traçar
seus cursos em todo o mundo.

Deus usou as estrelas como uma ilustração de Sua promessa de dar a


Abraão uma descendência inumerável (Gênesis 15:5). Assim, cada vez que
Abraão olhava para o céu noturno, ele tinha um lembrete da fidelidade e
bondade de Deus. O julgamento final da terra será acompanhado por eventos
astronômicos relacionados com as estrelas (Isaías 13:9-10; Joel 3:15, Mateus
26:29).

A astrologia é a "interpretação" de uma suposta influência que as


estrelas (e planetas) exercem sobre o ser humano.
ENTÃO… porque tais afirmações:

Os astrólogos reais do tribunal babilônico foram envergonhados por Daniel,


um profeta de Deus (Daniel 1:20 -“Em qualquer negócio que necessitasse de
sabedoria e sutileza, e que o rei os consultasse, este achava-os dez vezes
superiores a todos os escribas e mágicos do reino), e foram incapazes de
interpretar o sonho do rei (Daniel 2:27). Deus especifica astrólogos como
entre aqueles que serão queimados como palha no Seu julgamento (Isaías
47:13-14). A astrologia como uma forma de adivinhação é expressamente
proibida nas Escrituras (Deuteronômio 18:10-14). Deus proibiu os filhos de
Israel de adorarem ou servirem o "exército dos céus" (Deuteronômio 4:19).
Várias vezes em sua história, no entanto, Israel caiu nesse mesmo pecado (2
Reis 17:16 é um exemplo). A sua adoração das estrelas trouxe o julgamento de
Deus toda vez.A Bíblia tem muito a dizer sobre as estrelas. A nossa
compreensão mais básica sobre esse assunto é que Deus as criou. Elas
mostram o Seu poder e majestade. Os céus são "obra" de Deus (Salmo 8:3;
19:1). Ele tem todas as estrelas numeradas e nomeadas (Salmo 147:4).

Enfim, em todos esses textos, usados como biografia inclusive por Santo
Agostinho para combater a prática astrológica, fica expressamente claro que
trata aqui não do estudo da mesma mas do uso de tal para ADIVINHAÇÃO.

Ora, avaliemos o Catecismo da Igreja Católica

ADIVINHAÇÃO E MAGIA
2115. Deus pode revelar o futuro aos seus profetas ou a outros santos. Mas a
atitude certa do cristão consiste em pôr-se com confiança nas mãos da
Providência, em tudo quanto se refere ao futuro, e em pôr de parte toda a
curiosidade malsã a tal propósito. A imprevidência, no entanto, pode constituir
uma falta de responsabilidade.
2116. Todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás
ou aos demónios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente
«reveladoras» do futuro (45). A consulta dos horóscopos, a astrologia, a
quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenómenos de
vidência, o recurso aos "médiuns", tudo isso encerra uma vontade de dominar
o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um
desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em
contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que
devemos a Deus e só a Ele.
2117. Todas as práticas de magia ou de feitiçaria, pelas quais se pretende
domesticar os poderes ocultos para os pôr ao seu serviço e obter um poder
sobrenatural sobre o próximo – ainda que seja para lhe obter a saúde – são
gravemente contrárias à virtude de religião. Tais práticas são ainda mais
condenáveis quando acompanhadas da intenção de fazer mal a outrem ou
quando recorrem à intervenção dos demónios. O uso de amuletos também é
repreensível. O espiritismo implica muitas vezes práticas divinatórias ou
mágicas; por isso, a Igreja adverte os fiéis para que se acautelem dele. O
recurso às medicinas ditas tradicionais não legitima nem a invocação dos
poderes malignos, nem a exploração da credulidade alheia.

Por fim, recorramos novamente a Tomás de Aquino - por um motivo muito


célere - foi considerado o maior teólogo e o maior filósofo de todo o período
pré renascentista e iluminista, assim, suas teses contém o que de melhor pode
se extrair do método dialético aristotélico - Doutor da Igreja, concluiu com
seus dois tratados - SUMMAE THEOLOGICAE e a SUMA CONTRA OS
GENTIOS - toda a teologia mística, ascética, doutrinária e simbólica.

O Aquinate nos presenteia então com três estruturas base para a Astrologia - O
iudiciis astrorum, um pequeno excerto em que ele cita Agostinho e continua
sobre a ciência astrológica - “Em primeiro lugar, é necessário que tu saibas
que a força dos corpos celestes produz mudanças nos corpos inferiores. Com
efeito, diz Agostinho no livro V Sobre a cidade de Deus: ‘Pode-se dizer, nem
sempre nesciamente, que certos hálitos astrais têm eficácia quanto às
diferenças dos corpos’. Explica, então, Tomás que, em sendo assim, “se
alguém se serve do juízo dos astros para conhecer efeitos corporais, por
exemplo, a ocorrência de tempestades ou de tempo bom, a saúde ou doença
dos corpos, a abundância ou a esterilidade das colheitas e outras coisas que
dependem de causas naturais cognoscíveis, não há nisso pecado, pois todos os
homens são obrigados a nisso submeter-se aos astros. O agricultor só pode
semear ou colher prudentemente se se assegurar dos movimentos do sol; os
marinheiros evitam as navegações na lua cheia ou durante o eclipse da lua; os
médicos, no que tange às doenças, observam os dias críticos, que são
determinados segundo o curso do sol e da lua.” Contudo, continua o santo: “a
vontade humana não está sujeita à necessidade dos astros; do contrário,
pereceria o livre arbítrio, o qual, se suprimido, não seriam imputadas ao
homem nem as boas obras, meritórias, nem as más, culposas. E, por isso, deve
ser mantido com toda certeza, por todo cristão, qualquer seja, que aquelas
coisas que dependem da vontade do homem, como são todas as obras
humanas, não estão submetidas por necessidade aos astros; e, por isso, se diz
em Jeremias 10, 2: ‘Não tenhais medo dos sinais celestes, aos quais temem os
pagãos’.

Na SUMMA CONTRA GENTILES

Os corpos celestes não têm influência em nosso intelecto SCG III, 84 e


o capitulo seguinte Os corpos celestes não são causa das nossas volições e
eleições SCG, III, 85 - esclarece que a influencia astral não pode atuar sobre
nossa VONTADE ou nosso INTELECTO, sendo assim, ela atuaria somente
numa condição mais primitiva do homem, no seu inconsciente - ou
imaginário. Aqui então cabe uma correção clara das influencias astrais dentro
do que a psicologia analítica mais tarde chamara de Id. Farei uma breve
explicação sobre isso aqui, fazendo um paralelo entre a simbólica Astrológica,
as faculdade humanas e o inconsciente mais tarde. Em resumo, possuímos
então um inconsciente impulsivo, que pode ter um caráter pessoal (impulsos
sexuais, como o complexo de Edipo) descrito por Freud, um caráter coletivo
(como o descrito por Jung), um caráter social (como descrito por Adler) e um
caráter familiar (como descrito por Szondi). Assim também podemos
encontrar então no inconsciente um caráter ASTROLÓGICO, ou seja, pulsões
naturais, determinadas por influências celestes que influenciarão no
comportamento humano - é a isso que se vale a
ASTROCARACTEROLOGIA.

Isso fica claro na SUMMAE THEOLOGICAE onde o Aquinate diz:


“porque muitos homens obedecem às paixões corpóreas. Por isso os atos deles
sofrem, muitas vezes, as influências dos corpos celestes. E são poucos, i. é, só
os sábios, que moderam racionalmente essas influências. Donde vem que os
astrólogos [astrologi] predizem a verdade em muitos casos, sobretudo
relativamente aos acontecimentos comuns dependentes da multidão.” - Ora, as
paixões corpóreas são exatamente esse ID, esse inconsciente mais tarde
analisado pela psicologia. Portanto, eis a prova que assim como necessitamos
de compreender as pulções pessoais, coletivas, sociais e familiares, também
precisamos compreender a influencia astral sobre o CARÁTER.

O CARÁTER

Sendo a forma pura da personalidade, o caráter é uma precondição para


que existia a personalidade; ele é “anterior” à personalidade, pois, enquanto
forma pura da possibilidade desta, já está dado, pronto, no instante do
nascimento, ao passo que a personalidade será a resultante do esforço da
existenciação mediante a absorção progrssiva dos elementos.

Imagine uma árvore

O solo onde é plantada tem uma essência mineral e imutável, que dependendo
dará a árvore uma conformação diferente - o solo mineral é o símbolo do
temperamento. Uma essência imutável, perene, estável, que modifica sensível
a forma da árvore se desenvolver.

O tronco da árvore é o que chamamos de CARÁTER. O caráter então é a


forma mais primitiva da personalidade - aqui já de uma natureza vegetal, ele
se desenvolve de diversas maneiras e se modifica, a depender do SOLO
(temperamento), das chuvas (afetos), dos nutrientes (substrato orgânico -
saúde), da qualidade da semente (herança hereditária) e do movimento dos
Astros (astrocaracterologia) irá formar um tronco mais grosso ou mais fino,
mais tortuoso ou mais retilíneo, mais vivo ou mais seco.

Por fim, os galhos, as folhas, as flores e os frutos são todos parte integrante da
PERSONALIDADE em si, dela propriamente dita.

A ASTROCARACTEROLOGIA

Então vamos ao que esse curso propões - A Astrocaracterologia - mas o que


seria ela?
1 — Astrocaracterologia é a ciência que investiga as relações entre os
fenômenos celestes e o caráter humano
2 — Seu objetivo é averiguar se tais relações existem e, caso existam,
precisar sua natureza, seu alcance e suas modalidades.
3 — A Astrocaracterologia parte de uma hipótese alegada pelos astrólogos
— a de que existem tais relações — e procura precisá-la, reduzindo a uma
formulação única e essencial a variedade de versões e interpretações que lhe dão
os astrólogos, para em seguida poder averiguá-la cientificamente.
4. Dessa maneira, a astrocaracterologia pode ser compreendida quer como
uma parte especial da astrologia — de vez que estuda somente um campo
delimitado dentro da variedade de termas de que se ocupam os astrólogos —,
quer como uma anti-astrologia — na medida em que trata como mera hipótese o
que para os astrólogos é uma certeza prévia e na medida em que dá ao tema um
tratamento diverso daquele que recebe da astrologia-, quer como uma astrologia
reformada. Ela é de fato essas três coisa, conforme o ângulo por onde se veja.
5. a parte mais importante do trabalho desta ciência consiste, durante esta
fase inicial, na formulação apriorística da hipótese astrocaracterológica. Esta se
constitui de três grupos de proposições:
a) proposições concernentes à existência, natureza e limites das mencionadas
relações;
b) proposições concernentes à diversificação dessas relações em modalidades
e níveis distintos;
c) proposições concernentes à sua diversificação segundo os caracteres
individuais humanos.
Estes três grupos de proposições deverão ser obtidos mediante redução
fenomenológica da variedade de formulações e versões que o tema recebe da
astrologia clássica e contemporânea; e, em seguida hierarquizada
sistematicamente segundo seus nexos lógicos.
Desta feita, estará formado, pela primeiro vez na história, um corpo integral e
coerente da teoria astrológica (na parte concernente em especial ao caráter
humana).
6 — A astrocarcterologia parte da constatação de que a astrologia clássica e
moderna não é nem clara nem coerente na formulação de suas alegação, as quais
no entanto são em grande número. E, desta constatação, conclui serem
prematuras e estéreis todas as discussões sobre a validade (ou não) de tais
alegação, de vez que, como já ensinava Aristóteles, nada se pode predicar
univocamente de um objeto equivoco.
Para o astrocaracterólogo, a admiti, como hipótese também, que por trás da
variedade por vezes alucinante do que alegam os astrólogos, pode haver uma
unidade de intenção que haja escapado aos próprios astrólogos. Caso não existia
de facto (o que somente o exame fenomenológico das semelhanças e diferenças
pode revelar), ainda assim essa unidade poderá ser construída artificialmente
pelo astrocaracterólogo, a título de unidade ideal.
Dito de outro modo, pode ser que os astrólogos de várias épocas, com seu
discurso arrevesado, frouxo, confuso e por vezes contraditório, estejam tentando
expressar algum tipo de intuição vaga e fantasmática de um corpo de fenômeno
que seja, não obstante, perfeitamente real em si mesmo.
Assim, como o policial que utiliza o melhor de suas faculdades
interpretativas para reduzir a termo sensatos o depoimento de uma testemunha
atordoada, perplexa e gaguejante ante os fatos que observou, o
astrocaracterólogo, nesta primeira fase de sua investigação, se pões a ouvir
compreensivamente o discurso astrológico, sem prejudicá-lo, e procurando
reduzi-lo a um corpo racional de hipóteses. Uma verdade confusa não tem como
ser desmascarada. Esclarecer as pretensões dos astrólogos é a primeira tarefa da
astrocaracterologia. Se tais pretensões, colhidas dos textos astrológicos, não se
revelarem por si capazes de se articulas num corpo coerente, o
astrocaracterólogo preencher por dedução as partes faltantes, constituindo
destarte a unidade ideal da teoria astrológica. Aí e somente aí se poderá, com
razoável probabilidade de sucesso, conceber um método científico para a
averiguação dessas pretensões e, colocando em marcha um batalhão de
pesquisas concebidas segundo esse método, finalmente julgar a astrologia.
É claro que, mesmo com todos esses cuidados preliminares, as conclusões da
astrocaracterologia só serão válidas no tocante à parte das alegações astrológicas
que se refere às relações entre fenômenos celestes e o caráter humano, estando
excluído deste julgamento tudo quanto à relação dos fenômenos celestes com
outros aspectos da vida terrestre.
8 — Se a um primeiro exame, reconhecemos como “astrologia” tudo quanto
se apresenta com esse nome, o campo de investigação preliminar não terá mais
fim. Denominamos portanto “astrológico” somente aquilo que os profissionais
do ramo, por intermédio de suas entidades de classe, reconhecem como tal.
Isto, por um lado, excluir do nosso campo toda a infinidade de conhecimento
ou pseudoconhecimentos aparentados ou afins à astrologia, como a
numerologia, a geomancia, etc., muitas vezes freqüentados pelos astrólogos
mesmos.
Por outro lado, inclui não só os livros e artigos escritos por astrólogos sobre
astrologia, mas também obras que, escritas por outros e sobre outros assuntos,
contém elementos importantes de teoria astrológica, reconhecidos como tais
pela comunidade astrológica. Assim, por exemplo, são astrológicos no nosso
sentido os texto de Jung concernentes à sincronicidade, os capítulos que Sto.
Tomás de Aquino dedica ao tema na Suma contra os Gentios e na Suma
Teológica, os pareceres de René Guénon, de Raymond Abellio, de Gaston
Bachelard, de Lévi-Strauss, de Michel Foucault e de uma infinidade de outros
autores, habitualmente aceitos pela comunidade astrológica como contribuições
importantes para a formulação do problema astrológico ou da teoria astrológica.
O campo inicial já é, assim, vastíssimo. Mesmo no que diz respeito somente
aos astrólogos profissionais, a variedade de enfoques, de conceitos, de níveis de
abordagem, etc., já é tal, que a tentativa de reduzi-la a uma unidade parece
utópica. Astrólogo é, por exemplo, Morin de Villefranche, que crê numa
determinação implacável dos atos e caracteres humanos pelos astros, ao ponto
de eles fazerem de um homem um asceta ou um homicida. Mas também é
astrólogo Dane Rudhyar, segundo o qual os astros, sem nada determinarem
positivamente, são apenas sinais colocados no céu, por uma inteligência
cósmica ou divina, para neles o homem ir lendo os sinais sugestivos que lhe
indicam a via do aperfeiçoamento. É astrólogo ainda Tomás de Aquino, que não
crê numa coisa nem outra, mas nunca influência puramente física e pré-humana
dos astros sobre a nossa fisiologia, sem alcance determinante nem qualquer
significação espiritual direta. Também é astrólogo Jacques Halbronn, que não
acredita em nada disso, mas na ação da humanidade histórica, que, projetando
significações num céu neutro e praticamente inerte, e submetendo-se em
seguida aos ritmos e ciclos do céu assim carregado de intenções, acaba por
sofrer a retroação da máquina simbólica por ela mesma criada, a qual, ao longo
do tempo, vem a adquirir força eficiente pela condensação dos ritmos e ritos no
código genético.
A unidade parece impossível, já mesmo ao nível da simples formulação
inicial da natureza do fenômeno astral.
No entanto, essa dificuldade é apenas aparente, pois a diversidade mesma
acaba por limitar, pelo contraste e negação recíproca, o campo das teorias que
poderiam ser subscritas, como um só corpo unitário de hipóteses, por todos os
astrólogos. Pois aqui não se trata de abarcar tudo o que os astrólogos dizem,
mas de excluir tudo aquilo que, negado por um ou por muitos astrólogos
significativos, arrisque desfazer a unanimidade.
Assim, por exemplo, a sentença “A astrologia o estudo das influências astrais
sobre o homem “já estaria excluída da teoria unitária, porque alguns astrólogos
importantes dizem que os astros não exercem influência nenhuma (sendo apenas
sinais) e porque outros astrólogos se interessam pela influência que os astro
possam exercer sobre criaturas não humanas, como os metais e as plantas.
9 — Procedendo assim por distinções, comparações e exclusões, a
astrocaracterologia, na primeira fase de suas investigações, chegou a formula as
bases da teoria astrológica unitária (em parte real ou histórica, em parte
puramente lógica ou ideal). Esta teoria abrange os seguintes capítulos, ou
grupos de proposições:
1 — Teoria astrológica pura: definição da astrologia e delimitação do seu
objeto.
2 — Teoria do método astrológico: exigências metodológicas mínimas para
que uma astrologia possa vir a ser possível.
3 — Teoria astropsicológica: delimitação dos setores da vida psicológica
humana onde um estudo astrológico pode tornar-se possível, e exclusão dos
impossíveis. Dentre os campos possíveis, destaca-se o estudo do caráter,
definição que receber nas várias caracterologias criadas pela psicologia do
século XX ( Le Senne, Szondi, Jung, etc.).
4 — Teoria astrocaracterológia especial : delimitação dos aspecto do caráter
humano que podem ser submetidos a uma comparação com os fenômenos
celestes (e que compõem o que denominamos astrocaráter) e exclusão dos que
não podem.
5 — Teoria astrocaracterológica especial : Diversificação do astrocaráter, a)
segundo as partes ou aspectos que compõem sua estrutura, b) segundo as
individualidades humanas, diferenciadas pelas combinações dessas partes ou
aspectos.

10 — A segunda fase da astrocaracterologia começa quando, formulado e


hierarquizado logicamente esse corpo de hipóteses, se propõem métodos,
técnicas e estratégicas para sua averiguação científica. Mas ainda preciso
esclarecer alguma coisa quanto à primeira fase.

11 — A teoria astrológica pura propõe as seguintes teses essenciais:


1 — A astrologia é o estudo das relações entre fenômenos astronômicos e
fenômenos terrestres de qualquer natureza.
A astrocaracterologia demonstra que essa definição é a única suficientemente
ampla para abranger todo o campo estudado pelos astrólogos e nada deixar fora
dele que seja do interesse dos astrólogos e nada deixar fora dele que seja do
interesse dos astrólogos; e revoga todas as outras definições diferentes,
demonstrando caso sua inviabilidade. Delimita, assim, o objeto material da
astrologia.
2 — Excluindo a astronomia e as ciências puramente filosóficas (metafísica,
lógica), todas as outras ciências dizem respeito aos fenômenos terrestres
(quando a física, por exemplo, estuda fenômenos celestes, o faz como auxiliar
da astronomia). De outro lado, a astrologia, ao estudar a relação entre
fenômenos celeste e terrestres, não os apanha em estado bruto, mas sim desde o
ponto em que se encontram então elaborados, de um lado pela astronomia, de
outro pela ciência referente ai fenômeno terrestre em questão (por exemplo, um
ciclo histórico, a vida de uma planta ou molusco, o comportamento de um
homem, objetos, respectivamente, da História, da Biologia e da Psicologia).
Assim, todo estudo astrológico compara algum conhecimento astronômico a
algum outro conhecimento ciêntífico. E então chegamos à definição mais
profunda e essencial da astrologia, que consiste na seguinte tese:
Astrologia é astronomia comparada.
A astrocaracterologia demonstra que é assim em todos os casos e em todas as
variedades de astrologia.
3 — O objeto da astrologia não é um lado, mas um constructor lógico.
4 — Para cada zona de fenômenos terrestres considerada, é preciso
especificar esse ojeto num novo constructo, que, partindo da conscistência
ontotológica zona considerada, delimite, nela, o que é passível de comparação
com fenômenos celestes, e o não é. Constituem-se assim, os campos das várias
astrologias, ou, dito de outro modo, os vários objetos formais da astrologia em
suas diferentes especialidades.

12 — A teoria do método astrológico especifica, apra cada um desses


campos, as respectivas exigências metodológicas, sempre difentes.
Mas uma exigência metodológica geral pode desde o início ser
estabecimento, e que é a seguinte: como todos os fenômenos astronômicos pelos
quais se interessa a astrologia ou são cíclicos ou são instantâneos (a figura
estática do céu num determinado instante), qualquer fenômeno terrestre só pode
ser estudado astrologicamente se for uma destas coisas: ou um ciclo repetível,
ou ums estrurada fixa, ou uma relação entre ciclo e estrutura fixa. Tudo o mais
está, rigorosamente, excluído do campo da astrologia.
Quando, portanto, um astrólogo propõe que a astrologia se diferencia das
ciências de inclução e generalização, por abordar primordialmente o individuo e
o irrepetível, o que acontece é que essa proposta cai fora de teoria unitária e
não deve ser considerada essencial ou significativa da astrologia, porque
contraria os principios subentendidos sem todo empreendimento astrológico,
inclusive o desse mesmo astrólogo em sua prática real, de vez que ciclo é
repetição e de vez que toda estrutura fixa se define por claves diferenciais que
são comuns a todas as demais estruturas do mesmo gênero; sendo, pois, a
astrologia essencialmente uma ciência generalizante e classificatória, mesmo na
prática real daqueles que expressamente o negam.
É bom esclarecer neste ponto que a unanimidade essencial da teoria unitária
não tem de ser uma umanidade histórica e positiva. Ela não tem de ser subscrita
por todos os astrólogos, nem pela maioria deles. Ela expressa apenas aquilo com
que todos os astrológos deveriam concordar, caso tomassem como astrológos
tudo aquilo que assim considerarmos no item 8 desta exposição e em tirar as
conclusões lógicas dos princípios subjacentes a toda prática astrológicas dos
princípios subjacentes a toda prática astrológicas,inclusive a sua própria. Se
algumas de suas idéias — por sua vez as mais queridas — acabam por desmetir
esses princípios, esse não é senão um caso particular de uma inconsistência
lógica que parece tão frequente entre os profissionais da área. E, é claro, a teoria
unitária, além de captar a unanimidade essecila das idéias astrológicas, também
tem de ser lógica — excluindo como inessencial ou como mera idiossincrasia
pessoal de um astrológico astrlógo concepções que no caibam na sua unidade
lógica ideal.
13 — Ateoria astropsicológica delimita e enumera, no imenso rol dos temas
da psicologia contemporânea, aqueles que correspondem à noção de estrutura
fixa ou naçõa de ciclo. Tudo o mais não é de interesse da astrologia, por mais
que teimem os astrólogos em realizar comparações inviáveis e descabidas.
Só para dar um exemplo, nesta parte demonstranmos que a noção de
“tendência” — tão utilizada pelos astrólogos para dar à sua prática um ar de
legitimidade oribabilística e sbtrai-la retoricamente da acusação de
determinismo (aliás igualmente retórica ) — é totalmente descabida em
qualquer estudo astrológico. Isto porque nem estruturas fixas nem ciclos podem
compor-se de tend6encias. Claro que uma estrutura pode ser origem ou causa de
tendências, mas o que interessa à astrologia é unicamente o traço fixo por trás
da tendência, e não esta em si mesma. Por exemplo, se, por seu caráter, um
homem tem “tendência” a tornar-se romancista ou repórter, é porque, por trás
dessa tendência, existe como característica fixa a inteligência narrativa. A dita
tendência é apenas a manisfestação externa e meramente probabilística desse
traço fixo, e é este o que interessa unicamente à astrologia. Do mesmo modo, se
numa determinada fase de um ciclo um homem “tem tendência”a fazer isto ou
aquilo, a abandonar seu emprego, por exemplo, é porque essa fase do ciclo
produziu nele efetivamente certas mudanças internas, que se expressariam nessa
tendência ou noutra qualquer. O que interessa é ver, num ciclo, as mudanças
efetivas, em cada fase, e não as “tendência”que delas decorram como mero
floreio decorativo. Os traços fixos da estrutura caracterológica e as mudanças
efetivas assinaladas nos ciclos constituem o único objeto da astropsicologia, de
pleno direito; tudo o mais, sendo contingente, único, singular ou irrepetível, está
fora do interesse dessa ciência, por menos que o percebem certos astrólogos, ou
mesmo a maioria deles. A unidade da teoria unitária é, repito, uma unidade
lógica, não uma opinião majoritária positiva.

14 — A teoria astrocaracterológia investiga o que pode haver de fixo e


imutável na personalidade humana, desde o nascimento. Identifica, na
personalidade humana, desde o nascimento. Identifica, na personalidade
humana, doze camadas diferentes (doze por constatação empírica, a partir de
uma fenomenologia da personalidade, e não por qualquer intuito de simetria
numerológica com o Zodíaco), das quais uma e somente uma, que
denominamos astrocaráter, pode ser dita fixa e imutável e pode, portanto, ser
objeto de comparação com o céu de nascimento, ou horóscopo. As outras onze
camadas são: as disposições hereditárias (tendência); os hábitos linguísticos e
padrões de referência adguirido do meio social; o caráter no sentido de Le
Senne (isto é, o conjunto de tendências consolidado e estabilizado no indivíduo
adulto); a persolidade intelectual transcendental ou autoconsci6encia global; o
ego histórico, ou consciência do próprio lugar no conjunto da existência
humana; o ego espirutual, ou consciência do próprio lugar no quadro do cosmo
ou de uma escatologia (absolvição ou condenação no Juízo Final, por exemplo).
Todas esta onze caem fora do campo astrocaracterológico. Traços presentes
nessas onze camadas só podem se estudados astrologicamente após e mediante a
investigação de suas remotas raizes no astrocaráter. Este estudo se faz por
redução das causas prováveis que determinaram o surgimento desse traço em
particu;ar; e só quanto este surgimento não pode ser explicado por causas
imanentes à camada em questão é que recorremos à hipótese de estarmos em
presença de um traço astrocaracterológico. A investigação biográfica, para a
consecução de tal fim, tem de ser extremamente minuciosa, o que causa sérias
dificuldades de ordem prática para a pesquisa, limitando o número de seus
objetos, e requerendo o concurso de muitos pesquisadores; com o fim de forma
tais pesquisadores foi instituído um primeiro Curso de Astrocaracterologia,
cujos alunos são portanto colocados, desde o início, na posição de
coloboradores na investigação, com todas as responsabilidades inerentes a esta
condição. Todos são alertados, desde a primeiro aula, para o fato de que irão
participar ativamente do parto de uma nova ciência, de se que o sucesso das
investigações depende da sua colobaração. O fundador da astrocaracterologia,
que subscreve esta exposição, realizou até o momento algumas dezenas desses
estudos biográficos, seja de personagens históricos, seja de sujeitos voluntários
vivos; e espera que, com a ajuda dos alunos, esse número possa subir para
algumas centeans.
Até o momento, os resultados preliminares permitem suspeitar que a maior
parte dos erros dos astrólogos na descrição de personalidades consiste em que
procuram encontrar, no horóscopo, traços pertencentes às onze camadas
emncionadas, diretamente e sem a intermediação do conservqdor po
progressista porque tem Satruno ou Urano na Casa IX; o que, sendo um traço da
personalidade intelectual (9 camada) não pode ser indicado diretamente por
nenhum dado horoscópico. De outro lado, notamos que muitas afirmações
escandalosamente errôneas dos astrólogos, na interpretação de horóscopos
individuais, se revelam surpreendentemente verdadeiras quando as tomamos
como meramente simbólicas (na camada em que se apresentam) e procuramos,
como seu “significado” ou sua “ intenção profunda” ( e mesmo inconsciente, de
parte do astrólogo0, o traço astrocaracterológico que lhe correspondia, fazendo
as devidas transposições de camada a camada. Este é caso de uma verdade
obscuramente dita que passa por mentira (ás vezes aos olhos do próprio
astrólogo, que nutre uma inconfessada suspeita de estar enganado em tudo
quanto diz, o que torna a profissão particularmente neurotizante).
15 — O conceito de astrocaráter visa, em última análise, a fixar, na
constelação total da personalidade humana, qual o nível próprio da comparação
com o horóscopopo (ou, se quiserem, desde um ponto de vista objetivante: qual
o nível em que pode intervir uma causalidade astral).
O astrocaráter compõe-se apenas e exclusivamente de um padrão atencional
e cognitivo, que permanece fixo por toda a vida, que atravessa imune todas as
mudanças evolutivas ou involutivas do indivíduo, sendo compatível com todas.
De outro lado, ele é um tipo e uma individualidade; e não tem, por isto, nada
a ver com uma suposta essência pessoal misteriosa, cuja cristalização simbólica
muitos astrólogos procuram enxergar num horóscopo. A astrocaracterologia
estabece uma distinção muito rígida entre astrocaráter e personalidade, frisando
que, desde um mesmo astrocaráter, podem-se desenvolver muitas
personalidades diferentes, conforme a interferência de outros fatores, endógenos
(como as tendências hereditárias) ou exógenos (valores morais aprendidos, por
exemplos). Para o estudo de cada caso é necessário isolar cuidadosamente os
fatores pessoais dos fatores astrocaracterológicos.

16 — O astrocaráter é descrito segundo uma diferenciação da potência


cognitiva em seis faculdades (no sentido escolástico do termo) em doze direção
da atenção ou doze categorias sob as quais a experiência vivida pode ser
enfocada. Tal como ocorre nas categorias lógicas, onde um mesmo objeto existe
efetivemente sob várias categorias, na medida em que é algo (substância), mede,
pesa ou conta-se (quantidade), está dentro, fora, acima de outro (relação), etc.
etc., do mesmo modo as doze direções cada uma pode, ou olhar a cena desde
sua própria posição, ou imaginá-la tal como vista por outra pessoa, ou concebê-
la como vista desde cima por um olhar abrangente, ou articular num jogo
complexo de perspectivas as visões subjetivas das várias pessoas envolvidas,
etc.
As doze direções da atenção relacionam-se entre si por uma dialética de
implicação e complementaridade, tal como aquela que Benedetto Croce, em sua
Logica come Scieneza del Concetto Puro, propõe existir entre os conceitos
universais.
As seis faculdades cognitivas correspondem a seis planetas do setenário
tradicional (Mercúrio excluído, por jamais se afasta muito do Sol, e colocar
dificuldades, portanto, para a diferenciação individual), e as doze direções ás
doze casas da astrologia tradicional. Apenas, para a colocação efetiva dos
planetas nas casas, levamos em conta o descocamento constatado por Michel
Gauquelin, no sentido de que um planeta angular nascente (decisivo para a
interpretação do tema) pode estar colocado não na na casa I astronômica, e sim
quase no meio da Casa XII, ou mais adiante ainda. Esse deslocamento levado
em conta, um planeta colocado na “zona Gauquelin”da Casa XII estará,
astrocaracterologicamente, no horizonte e, portanto, na Casa I. Há um critério
matemático para essa correção, que é dado no Curso e fundado num raciocínio
probalilístico. A astrocaracterologia admiti ainda que há posição indecisas, e
este casos são afastados.
17 — As faculdades cognitivas e suas correspondências planetárias são as
seguintes:
1. Sol = Intuição ou apreensão imediata da forma dos dados sensíveis
internos e externos.
2. Lua = Sentimento ou variação do tônus interno por variação da energia
externa ou interna.
3. Vênus = Fantasia ou capacidade plástica geradora de imagens
independentemente da presença atual dos objetos respectivos. Como diziam os
escolásticos, pode ser memorativa ou imaginativa.
4. Marte = Antecipação, conjetura ou ainda Vontade Reativa: cognição
instintiva do potencial de ação e transformação iminentes de uma dada situação
(corresponde ao que os escolásticos chamavam estimativa).
5. Júpiter = Vontade Pura ou Sinergia: conhecimento de si como fator causal
e criativo; sinergia de todos os níveis da persolidade na consecução; de um ato
ou na tomada de decisão livremente assumida; conhecimento da própria de
decisão livremente assumida; conhecimento da própria liberdade de agir, ou de
si mesmo como causa.
6. Saturno = Razão: síntese representativa da totalidade essencial da
experiência num quadro coerente (ou tomado como tal) ; resíduo final das
generalizações obtidas por experiência.
Essas seis funções aproximam-se umas das outras por um parentesco
espontâneo, agrupando-se em pares:
Inteligência : intuitiva e racional: Sol e Saturna.
Vontade : Pura e Reativa: Júpiter e Marte.
Afetividade: Sentimento e Fantasia: Vênus e Lua.
Há outras relações entre duplas, mas não interessam no momento.

18 — As doze direções da atenção são as seguintes:


I — Auto-imagem corporal direta.
II — Mundo sensível.
III — Linguagem, significação, analogia.
IV — Deseja e frustração.
V — Capacidade e farças atuais.
VI — Esquema de distribuição habitual de energias.
VII — Auto-imagem reflexa (o que só posso saber de mim pela reação
alheia).
VIII — Ação e reação iminentes.
IX — Crenças formalmente admitidas.
X — Lugar na hierarquia social.
XI — Lugar no tempo histórico; plano de vida.
XII — Tudo o que escapa ao meu horizonte, e que não obstante sei que
existe fora do meu ëspaço vital”(no sentidode Kurt Levin).
19 — Cada faculdade tem seu correlato objetivo, ou objeto próprio. Por
exemplo:
a) A intuição capta presença real e singularidade. Tudo o que estiver na
direção assinalada pelo Sol é apreendido pelo indivíduo como dado imediato,
real, inquestionável. A intuição é, pois, o princípio de seleção dos dados. Por
exemplo, para o indivíduo com Sol na Casa III as analogias e significações que
de um objeto remetem a outro são tão “reais”e imediatas como, para o que tem
Sol na II, o São as formas, cores, pesos sabores dos objetos materiais em torno,
ou, para indivíduo com Sol na VIII, é “real”, como um dado, a iminência do que
está para acontecer. Todos os indivíduos, é claro, acabam por tornar
conhecimento do que se passa nas doze direções, porém, não intuitivamente, e
sim por dedução, indução, analogia, etc. A intuição, como captação de um dado
enquanto realidade imediata, só opera numa direção. Nas outras, tem de ser
complementada pela interveção das demais faculdades.
b) A razão capta a importância hierárquica dos dados num quadro de
referência preexistente. É, portanto, o princípio da generalização (seleção e
generalização no sentido de Piaget). Portanto, é na direção indicada por Saturno
que o indivíduo captar os dados que, a longo prozo, lhe parecerão mais
importantes de mais longas consequências. Um evento captado na direção do
Sol é apenas um dado, intensamente real no momento, mas que pode passa sem
consequências; na direção de Saturno, é fixado como matriz de generalizações.
Eventos ocorridos nessa direção são encarados sempre do mesmo modo e como
confirmações de crenças anteriormente estabelecidas. Nesta casa ocorrem os
“eventos primas’, na terminologia de A. Janov (ou antes: não é bem ali que
ocorrem objetivamente, mas é ali que o indivíduo sedimenta sua conclusões e,
no caso de um evento traumático, é ali que se consolida a reação ao trauma).
20 — Como se faz a transposição desde o nível (errôneo em geral) das
interpretações correntes em astrologia, ao nível astrocaracterológico que as
repõe na devida perspectiva?
Suponhamos um horóscopo co Saturno na Casa X, Um astrólogo dirá: trata-
se de um indivíduo com sede de poder. Outro: Ele teme as responsabilidades.
Outro: Ele tem conflitos com a autoridade. Outro: Ele se preocupa com a
História e a Política.
Astrocaracterologicamnete, a sede de poder está ligada à Camada 5
(capacidades e forças atualmente conhecidas pelo indivíduo); o temor à
responsabilidade, á Camada 4 (desejo e, por reverso, temor); os conflitos com a
autoridade, à Camada 7 (valores do meio); a preocupação com a Histórica, à
Camada 9 (personalidade intelectual). Nada disto pode ser objeto de estudo
astrológico direto. Assim, toddas essas interpretações podem ser
indiferentemente verdadeiras ou falsas, pois o horóscopo, em si, nada tem a ver
com camada da personalidade na qual um traço de caráter há de ressoar; a
camada é decidida por fatores extra-astrológicos, pessoais ou mesmo acidentais.
Hitler, Marcel Proust, Albert Camus e Woodrow Wilson tinham, todos,
Saturno na X. O primeiro teve sede de poder; o segundo, temor das
responsabilidades; o terceiro, conflitos com a autoridade; o quarto, um interesse
profundo nos estudos históricos. Porém Proust não tínha sede de poder, nem
Hitler temia as responsabilidades, nem Wilson teve conflitos com a autoridade,
nem Camus foi um grande historiador.
Haverá entre todas interpretações um fundo comum, que restitua algo de
veracidade a todas essas meias-verdades que são meias mentiras?
A interpretações astrocaracterológica de Saturno na Casa X, que se refere
exclusivamente ao traço cognitivo que lhe corresponde (e não ás consequências
emocionais, biográficas, etc. em que tanto se comprazem os astrólogos) é a
seguinte:
Saturno na X — Inteligência racional de tipo sociológico. As experiências
pessoais que fundaram, para este indivíduo, a base das generalizações mais
importantes e duradouras, deram-se na direção da casa X, isto é, refiriram-se
(para ele, e na sua valição subjetiva do momento) à hierarquia do poder social e
às sua relações pessoais com esse poder. Sua imagem do mundo e do seu
próprio destino deriva diretamente de experiências ante o poderio social, das
quais ele tira conclusões que se estendem depois a tpdp o orbe da sua
experiência pessoal.
Isto é válido para Hitler, Proust, Camus e Wilson igualmente. Em cada um
deles a visão geral do mundo deriva diretamente de experiências que lhes
revelaram, desde cedo, a polis com sua complexidade de classe e hierarquias,
normas, leis, regulamentos e comflitos.
Do mesmo modo, com Sturno na II, as experiências de base se referiam ao
mundo físico, na II à gradificação e à frustracção dos desejos, e assim por
diante. Como cada uma das casas representa uma categoria magna da
experiênciahumana, facilmente experiências vividas numa delas podem servir
de base a generalizações que se estendem a todo um mundo, e que determinam a
visão que o indivíduo terá, em seguida, das outras direções ou casas. Por essa
mesma razão, nenhuma posição planetária representa, em si mesma, uma
limitação cognitiva, a longo prazo, embora o represen te temoporariamente.
Partindo de uma experiência estreita, e de generalizações mal embasadas, um
indivíduo poderá de pois, quer pela constante autocorreção do pensamento
racional, quer pelo apoia das demais faculdades, corrigir essas generalizações e,
artificialmente, ir ampliando sua visão do mundo. Mas os dados iniciais que
fundaram as primeiras generalizações estarão sempre presentes, como origem
— superada mas não revogada — de uma imagem do mundo.
21 — A astrocaracterogia desenvolveu um série de estratégias de verificação,
mas sobretudo utiliza um método comparativo e biográfico (acompanhado de
análise estilística quanto o sujeito estudado tem obras escritas). Esta segunda
fase será descrita numa exposição posterio.
Ao encerrar o presente resumo, é preciso deixar claro que o intuito da
astrocaracterologia é preparar uma verificação e um julgamento conclusivos das
pretensões da astrologia clássica e comteporânea; que essa preparação é de
índole sobretudo fenomenológica, redutiva e descritiva, e não explicativa. A
explicação causal do fenômeno astraln é de interesse da astrologia pura ou
teoria astrológica pura, e não da astrocaracterologia em especial. Os
procedimentos da astrocaracterologia são independentes de qual seja a causa do
fenômeno astral e, portanto, a astrocaracterologia não entra nesse terreno, no
qual se debatem hoje as grandes teorias explicativas de Percy Seymour, Daniel
Verney, Jacques Halbronn e tantos outros notáveis investigadores. a
astrocaracterologia adota como sua a divisa de Ortega y Gasset: Que otros
hagan su más, que yo hago mi menos.

ASTROLOGIA E A CIÊNCIA

A pergunta “A astrologia é uma ciência?” tem obtido as seguintes respostas:


1ª É uma ciência. Assim respondem os adeptos da chamada “astrologia
científica”, como Paul Couderc e Adolfo Weiss. Esta escola caracteriza-se por
julgar que, para a astrologia ter direito ao estatuto de ciência, tudo o que é
preciso é tomar as afirmações correntes dos manuais de astrologia e submetê-las
a uma verificação estatística, que as confirmará em toda a linha.
2ª É uma pseudociência. É o que dizem alguns dos mais encarniçados
adversários da astrologia, recrutados sobretudo entre os astrônomos de
profissão. Dentre eles destacam-se, como típicos, o falecido diretor do
Observatório de Paris, Paul Couderc, e, no Brasil, o diretor do Observatório do
Valongo, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão. As razões que fundamentam esta
resposta são muitas — algumas perfeitamente impertinentes, como por exemplo
a de que é impossível calcular horóscopos de pessoas nascidas no Polo Norte ou
a de que os signos não coincidem com as constelações; mas algumas pertinentes
e razoáveis, como aquelas que se alegam o princípio de falseabilidade de Popper
ou os resultados negativos obtidos em testes estatísticos. É importante notar que
esta corrente entende como critério de cientificidade da astrologia o mesmo, no
fundo, que adotavam Choisnard e Weiss, apenas com a ressalva de que sua
aplicação dará resultados negativos.
3ª É um saber revelado, superior à ciência — e como tal, furta-se a todo
exame científico na medida em que não pode ser apreendida pelas categorias
racionais. Esta resposta é defendida ou presumida, em geral, pelos que abordam
a astrologia pelo lado da psicologia junguiana, da mitologia e dos estudos de
simbolismo e que ao mesmo tempo têm uma atitude crítica face à ciência
contemporânea. O famoso astrólogo Charles E. O. Carter é um deles. É um
teosofista. Mas igual atitude encontra-se em René Guénon, temível adversário
do teosofismo.
4ª É uma linguagem simbólica e, como todas as linguagens, escapa das
categorias do verdadeiro e do falso, podendo ser julgada apenas por sua
adequação e expressividade. É a atitude daqueles que abordam a astrologia
também pelo lado do simbolismo, da mitologia, da psicologia — mas também
da antropologia, da sociologia —, tomam no entanto como universalmente
válidos os critérios da ciência moderna. É o caso de um Gaston Bachelard, de
um Claude Lévi-Strauss e, em geral, da comunidade acadêmica. Alguns
encaram a astrologia como um “corpo de crenças” que não cabe à ciência julgar,
mas descrever e compreender em suas estruturas, relacionando-as com as da
sociedade humana.
Malgrado suas enormes diferenças e malgrado o fato de que parecem
abranger totalmente a gama das alternativas possíveis, todas essas respostas são
falsas ou, pelo menos, inadequadas.
A primeira delas — a tese da “astrologia científica” — é falsa pelas
seguintes razões:
1. Uma técnica não se torna científica pelo simples fato de empregar,
mesmo com sucesso, métodos cientificamente válidos para testar os resultados
de sua aplicação. É preciso que ela mesma, no seu conteúdo, nas teorias em que
se embasa, tenha caráter científico. Não é o caso da astrologia, que se
fundamenta em pressupostos simbólicos que escapam a todo critério de
verificabilidade.
2. Uma ciência não se limita a registrar correlações estatisticamente, mas
busca uma explicação teórica para os fatos. A idéia de que montanhas de fatos
estatisticamente comprovados fazem uma ciência é de um primarismo grosseiro.
3. Mesmo assim, os testes estatísticos relativos à eficácia dos diagnósticos
astrológicos têm chegado uniformemente a resultados negativos. Todas as
tentativas de correlacionar estatisticamente posições planetárias e traços de
personalidade falharam.
4. Não há ciência sem contínua revisão dos pressupostos à luz dos
resultados experimentais, e a astrologia tem pressupostos imutáveis e
dogmáticos.
Mas aqueles que negam todo estatuto científico à astrologia também estão
errados, porque:
1. É impossível saber se um conjunto de teorias é científico ou não sem
primeiro reduzir esse conjunto a um sistema, a uma teoria unificada. Nunca se
fez isto.
2. Os critérios pelos quais se condena a astrologia dariam resultados
negativos também se aplicados a uma multidão de ciências atualmente
admitidas como tais, como por exemplo a sociologia, a psicologia, etc.
3. Embora seja um fato que a astrologia não atende ao princípio de
falseabilidade de Karl Popper, considerado universalmente um critério válido,
também é um fato que, com base no mesmíssimo princípio de Popper, não é tem
cabimento rejeitar como falso aquilo que escapa ao critério de falseabilidade; e
os críticos da astrologia aqui referidos não pretendem apenas que ela seja uma
não-ciência, e sim que ela seja falsa. Confundem assim ciência e verdade. Um
conhecimento essencialmente verdadeiro e não-científico pode transformar-se
em científico mediante simples adaptações lógicas e metodológicas.
A hipótese que subtrai a astrologia ao julgamento científico alegando que
ela é um saber revelado também é falsa, porque:
1. Saber revelado e saber científico se distinguem somente por sua origem
diversa, mas o critério de validade é o mesmo para ambos, e este critério é
científico. Alegar origem revelada é eludir a questão.
2. O saber é revelado divinamente só ao primeiro que o recebe. Este o
transmite aos demais por meios humanos, que subentendem o uso da linguagem,
da razão, etc.
3. Deus nunca enviou uma revelação sem milagres que a acompanhassem
ao longo do tempo, para legitimá-la aos olhos dos crentes. Se os astrólogos são
profetas, não devem limitar-se a prever o futuro como vulgares vaticinadores,
mas deter o movimento do Sol, separar as águas do Mar Vermelho e curar os
leprosos.
4. Um saber revelado não se furta ao teste da verdade por meios
científicos. Ao contrário: Todas as grandes religiões sempre submeteram as
partes testáveis de sua fé à verificação.
Finalmente, não tem cabimento eludir a questão da veracidade mediante a
alegação de que a astrologia é uma linguagem simbólica:
1. Uma linguagem é apenas um sistema de signos e símbolos com os
quais se podem expressar muitas idéias. A linguagem em si não pode ser
verdadeira ou falsa. O que é verdadeiro ou falso é o conteúdo das idéias que o
homem expressa com a ajuda delas, as quais, por sua vez, não constituem um
sistema de signos, mas afirmações sobre a realidade, com referência extra-
linguística. Se a astrologia é uma linguagem, está fora do domínio do verdadeiro
e do falso e nada pode predicar sobre o real. Ora, a prática astrológica universal
consiste precisamente em fazer afirmativas sobre a realidade — sobre o caráter
e o destino das pessoas, por exemplo.
2. Das regras de uma linguagem é impossível deduzir o conteúdo do que
nela se vai dizer. Se a astrologia é uma linguagem, não é um conhecimento,
exceto de si mesma. No entanto, a pretensão de constituir um conhecimento é
inerente à prática astrológica, antiga ou moderna, Ocidental ou Oriental.
Essas quatro categorias de respostas resumem o essencial do que foi, no
século XX, o debate da questão astrológica. Por elas, fica patente que esse
debate não levou a nenhum resultado apreciável, e que, portanto, é necessário
recolocar a questão desde suas bases, para tentar chegar a um quinto grupo de
respostas, na esperança de que sejam mais consistentes.
Começo por rever o sentido dos termos. Que é propriamente uma ciência?
Todo estudioso do assunto sabe que as ciências reais (historicamente existentes)
não servem, por si, como fundamento para uma resposta. Por indução, os traços
que obteríamos seriam demasiado amplos e frouxos para poder abranger a
História, a Antropologia, a Matemática, a Biologia, a Física Teórica, etc.
Resta a alternativa husserliana de conceber a ciência como um modelo
ideal de conhecimento, do qual se podem deduzir, como diferentes
possibilidades de realização, mais perfeitas ou imperfeitas, as ciências que se
manifestaram historicamente e ainda outras ciências possíveis.
Esse modelo impõe certas exigências para que um conhecimento possa
aproximar-se do ideal científico:
1. Todas as ciências historicamente existentes procuram realizar, por
variados meios, um ideal de saber fundamentado, firme, oposto à mera opinião.
A definição ideal de ciência implica como condições essenciais:
1. Evidência. O termo “evidência” aqui não significa “o dado” ou “o
imediatamente apreendido pelos sentidos”. Significa apenas aquilo que é certo e
inegável por si mesmo, não requerendo prova. Mesmo as correntes de
pensamento que não aceitam nenhum tipo de intuição do dado fundam-se em
alguns princípios tomados como evidentes ou ao menos convencionalmente
colocados fora de toda discussão. Esses pontos de partida são indispensáveis em
toda ciência, e é inconcebível uma ciência que presuma poder prosseguir
indefinidamente suas investigações sem referi-las a um ponto de partida.
2. Prova.
3. Nexo evidência-prova.
4. Caráter evidente (e não provado) do nexo mesmo.
2. Como condições existenciais, a ciência requer:
1. Repetibilidade do ato intuitivo referido à “mesma” essência.
2. Repetibilidade do fenômeno cuja essência é intuída.
3. Registro.
4. Transmissibilidade.
3. Esse ideal foi realizado, historicamente, segundo modalidades variadas,
calcadas nas ciências que casualmente obtivessem maior sucesso no
momento.
1. Geometria (séc. IV a. C.)
2. Biologia [ classificação ] (séc. VI em diante: influência
aristotélica tardia).
3. Dialética e Lógica (séc. XII em diante).
4. Matemáticas (séc. XV em diante).
5. Física mecanicista (séc. XVII em diante).
6. Biologia e medicina experimental (séc. XIX).
- ao mesmo tempo: História.
7. Física matemática, lógica matemática, linguística, informática e
neurobiologia (séc. XX).
4. A astrologia pode tentar em vão copiar o modelo de alguma delas ou,
ao contrário, procurar constituir-se como ciência desde o ideal mesmo que
define a idéia de ciência.
5. Só este último caminho é válido, porque o objeto da ciência astrológica
é radicalmente diverso do de todas as demais ciências. Que objeto é esse?
1. O estudo das influências astrais? Não.
2. O estudo da personalidade à luz dos astros? Não.
3. É o estudo das relações entre fenômenos celestes e terrestres de
qualquer natureza.

Pode a astrologia ser uma ciência?

1. Logo, a astrologia, se houver uma, é uma ciência:


1. Comparativa.
2. De objeto lógico e não fático.
3. Múltipla. A variedade de objetos requer variedade de métodos.
4. Interdisciplinar.
2. Eis a razão pela qual a astrologia perdeu, no Renascimento, seu
estatuto de ciência. A astrologia até então existente bastava para dar conta
da fenomenalidade terrestre tal como descrita pela física de Aristóteles,
mas o súbito avanço das demais ciências as fragmentou de tal modo que
uma ciência comparativa, sintética e interdisciplinar como a astrologia se
tornou impossível.
3. Hoje, graças ao sistema internacional de intercâmbio de informações
científicas, a ciência astrológica se torna novamente possível.

Como realizá-la?

1. Enfrentando logo as questões preliminares de delimitação, de


métodos investigativos e de critérios de validação.
2. Enfrentando logo o problema da unificação da teoria astrológica,
o que implica a reinterpretação de todo o legado da astrologia antiga —
trabalho para muitas gerações.
3. Distinguindo para sempre as duas questões que o debate atual
confunde:
1. O fenômeno astral em si.
2. A validade das técnicas astrológicas.
4. A resposta sobre a validade ou não da astrologia não pode
preceder a resposta sobre a existência ou inexistência do fenômeno astral
(chamemos assim as relações entre fenômenos celestes e terrestres).
1. A resposta sobre o fenômeno astral já nos foi dada por
Gauquelin.
2. A comprovação da existência do fenômeno não basta para validar a
astrologia, mas basta para justificar a necessidade de uma ciência astrológica:
resta fazê-la, em vez de proclamar que está feita e cultuar uma imagem de
sonho.

PARTE II

SIMBÓLICA NUMÉRICA E O INICIO DE TUDO


O primeiro passo então para a compreensão da estrutura simbólica na
Astrologia, é compreendermos o que de fato são os símbolos - e começa essa
análise em primeira instância pela simbólica numérica
Um simbolo então é um conjunto de formas, percepções e intenções -
agregadas e atualizaveis.

Daí se depreende que a simbólica é a intenção de ir da realidade para a teoria.


Dentro da simbólica numérica, quero me ater aqui somente a seis numerais
pois são esses que nos valerão para as explicações das percepções astrais.

Número 1

O número um é o simbolo da totalidade, da completudo - ele resume em si o


todo - um só Deus, um só Universo, etc.

Número 2

Assim que contemplamos o UM, percebemos que pra cada completude, há


uma não completude - há a ausência de algo - como no sistema binário, o 1 e o
0, assim, o número dois simboliza a oposição - o ser e o não ser, o positivo e
negativo, yin e yang, claro e escuro.

Número 3

Simboliza a relação - quando temos dois polos, há uma reação unidirecional -


de um polo superior a outro inferior - totalizando assim três naturezas - por
isso é o símbolo de tudo que é espiritual - existe uma relação direta entre a
natureza espiritual e a corpórea, mas ela é unidirecional - o espírito modifica o
corpo, mas esse não altera o espírito - aqui se encerra a simbólica divina (Pai,
Filho e Espírito Santo, Beleza, Bondade e Verdade, Caminho Verdade e Vida,
Fé Esperança e Caridade, etc).

Número 4

Simboliza a relação bidirecional - sendo então dois polos de igual hierarquia


interagindo mutuamente entre sí - é o símbolo de tudo que é material, sensível
e corpóreo - Os quatro elementos, As quatro estações, as quatro causas, os
quatro apóstolos, as quatro direções, etc.

Número 7
Símbolo de completude e perfeição - o sete simboliza a união das relações
materiais e das relações espirituais - Na tripartição da natureza humana
proposta por São Paulo, Corpo, Alma e Espírito - conseguimos enxergar bem
esta simbólica - O corpo denota quatro faculdades próprias. O espírito denota
três e a Alma que é a ligação perfeita deles, tem SETE faculdades. Aqui se
encerra por exemplo os sete pecados capitais (Sendo 4 corporais e 3
espirituais). Ou as Sete virtudes (3 Teologais e 4 Cardeais). É no sete também
que temos os planetas astrológicos.

Número 12

Símbolo também de completude, o 12 eleva a natureza da completude material


e espiritual ao seu todo - a multiplicação simboliza a totalidade das
possibilidades. Assim, o três vezes o quatro resulta em doze. Aqui temos os
doze signos do zodiaco. Temos os doze apóstolos, as doze tribos de Judá.
Temos os 12 trabalhos de Hércules, os 12 arquétipos. São quatro estações do
ano, e vemos começo, meio e fim de cada uma, assim, doze períodos. Doze
meses do ano.

A SIMBÓLICA DAS SETE FACULDADES HUMANAS E OS


PLANETAS ASTROLÓGICOS

Nesta aula, irei me ater a explicar quais são as sete faculdades humanas e suas
interações simbólicas

Partiremos da premissa das faculdades como descritas por Platão inicialmente


e então pouco a pouco faremos alguns links entre elas e os demais elementos
que seguem a numerologia descrita anteriormente - vocês entenderam o que é
a correlação simbólica.

As faculdades humanas são sete, sendo Quatro sensitivas, uma volitiva e duas
intelectivas.

A explicação que faço das sete faculdades é mais próxima da explicada por
Aristóteles do que a demonstrada por Tomás de Aquino, contudo ambas irão
resultar no mesmo padrão - A realidade é sempre a substância de ação das
faculdades humanas - sendo o papel delas absorver e processar tal realidade
PRIMEIRA FACULDADE– SENSO COMUM

Possuímos sete sentido (Tato, olfato, paladar, visão, audição, própriocepção e


sentido vestibular). Quando contemplamos a realidade, esses sentidos não são
absorvidos de forma individual e fracionada - eles entram como que ‘'de uma
só vez’’. A faculdade responsável pela condensação de tais sentidos é
chamada SENTIDO COMUM ou SENSO COMUM.

SEGUNDA FACULDADE– RAZÃO

Responsável por reger sua forma de medir e hierarquizar o mundo - após


recebermos a realidade através do senso comum e unificar num
´´símbolo``(estrutura polifórmica, que abarca todo nosso horizonte de
consciência e ajunta, por correção e síntese em estruturas fracionadas). Esse
símbolo é colocado diante de medias e hierarquias - Quente, frio, grande,
pequeno, justo, injusto, fácil, difícil, etc. Essas duas faculdades juntas
podemos intuir que forma o que chamamos imaginário. O nosso imaginário,
povoado por símbolos, quando somado ao desejo baixo - outras faculdade
sensitiva, formam o que chamamos inconsciente.

TERCEIRA FACULDADE– APETITE CONCUPISCENTE

Responsável por buscar tudo de palpável, material, de fácil acesso - a terceira


faculdade humana é sensitiva e retratada como um desejo - Desejo de coisas
fáceis, prazeirosas. O desejo concupiscente reflete nossos impulsos mais
naturais e primitivos - boa comida, boa bebida, sexo, uma cama macia, água
quente no banho. Esses desejos, ordenados com o Senso Comum e a Razão,
nos entregam a natureza humana mais primitiva, a dos impulsos, mais tarde
descrita por Freud como ID. Aqui é onde todos os inconscientes se fundem. O
apetite concupiscente inclina, ou atrai a vontade para o imaginário, para o
inconsciente.

QUARTA FACULDADE– VONTADE


Principal faculdade, ilumina todas as outras e define nossa orientação
fundamental- é a faculdade humana volitiva, ativa, ela é quem evoca o
movimento humano e põem em ação. É descrita pela psicanálise como EGO, é
onde ocorrem as tomadas de decisão.

QUINTA FACULDADE– APETITE IRASCÍVEL - MARTE

Responsável por buscar tudo de espiritual, imaterial, de difícil acesso - o


desejo irascível é o desejo marcial de luta, de conquista de bens árduos. A
busca das virtudes se encerra aqui. O prêmio do apetite irascível não é sensível
como o prazer do concupiscente. O apetite irascível modula a vontade para os
intelectos, para o que a psicanálise chamara SUPER EGO.

SEXTA FACULDADE– INTELECTO ATIVO – JÚPITER

Responsável por buscar a noção de Verdade no mundo – nossa inclinação ao


entendimento espiritual - O intelecto ativo é esforço humano de contemplação
da verdade, é o movimento mais autêntico do livre arbítrio - é onde se
encontra a meditação e a oração.

SÉTIMA FACULDADE– INTELECTO PASSIVO - SATURNO

Responsável por avaliar a forma como a Verdade se apresenta a nós – a


percepção do espiritual - é a parte mais sublime do entendimento humano -
uma inspiração divina, um grande insght, uma revelação. É a isso que se dá o
Intelecto Passivo ou paciente - ele é unicamente receptivo.

O simbolismo dos planetas correlacionados às faculdades humana se deu


ainda na Grécia Antiga.

Planeta são Corpos Errantes no céu - por isso todo corpo celeste que se move
no céu é considerado para a Astrologia um planeta - sendo sete aqueles
visíveis no céu - A Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno.

Cada planeta determinará uma faculdade humana - por seu movimento e


comportamento no céu, por seu simbolismo, Aristóteles e seus
contemporâneos definiram a compreensão do ser humano pelo comportamento
desses planetas.

O primeiro a ser mencionado é o Sol. O Sol é o símbolo da Vontade, ou seja,


daquela faculdade que REGE todas as outras, ou seja, sem essa faculdade
nenhuma das outras tem sentido. Assim, a vontade é simbolizada pelo Astro
Rei, pelo Sol. Tem seu símbolo em Deus. Aritmética. O ouro. 1 Ano. Aqui
também é o símbolo do Domingo, dia do Senhor. Dominica.

O segundo planeta a ser demonstrado é a Lua - é o símbolo do Senso Comum,


ou do sentido comum. É o planeta que melhor Reflete a ação da Vontade,
contudo, não é uniforme - crescente, minguante, nova e cheia - o senso
comum é errante no sentido que se altera ao longo da vida. Símbolo da
nutrição - usada para as colheitas e marés - associada à mulher também. Tem
um símbolo na Prata. Gramática. 1 Mês. Moonday, ou dia da Luz. Segunda
feira.

O terceiro planeta é Mercúrio - é o Símbolo da Razão - do senso de


proporcionalidade do mundo. É símbolo das classificações, pois está de um
lado ou de outro do Sol. Simboliza a hierarquia, a classificação. a LÓGICA é
sua arte natural. Mercúrio é o planeta AMORAL por natureza. Está sempre
próximo do Sol. 1 Ano. Quarta-feira - Wodensday, ou Wednesday

O quarto planeta é Vênus - é o símbolo do Desejo Concupiscente - O desejo


daqui que é próximo, gostoso e prazeiroso - o movimento de Vênus no céu é
suave e harmônico, nada penoso. Vênus e Mercúrio são planetas inferiores
pois são dependentes do Sol. São balizados por ele como que dois cachorros
na coleira. Seu brilho é intenso no céu, facilmente visível e acessado. Olhar
pra Vênus é atrativo. Simboliza o amor atrativo - do DESEJO, Afrodite. É o
planeta da musa, da sedução, que ganha o olhar do homem. A arte liberal é
retórica. 1 Ano. Friday ou Friggaday - Afrodite, Deusa do amor.

O quinto planeta é Marte - é o símbolo do Desejo Irascível - O desejo aqui é


árduo - o movimento de Marte é marcial, retilíneo, marcado. Marte não
depende do Sol, não é arrastado pelo Sol no céu. Vermelho, agressivo, rápido,
dita a marcha. Anda como um soldado no céu - Ares. 2 Anos. A arte liberal
em Marte é a Música - é a arte exposta por excelência, que se põem à frente. A
música na GUERRA. Tuesday, Terça Feira, Tyrsday - Marte
O sexto planeta é Júpiter - é o símbolo do Intelecto Ativo - da busca pela
compreensão do mundo, da Verdade e de Deus. É o exercício da Moral por
excelência. 12 Anos é o seu ano no Zodíaco. Está associado à expansão - a
elevação do pensamento, da percepção. Geometria é a Arte Liberal. Seu
símbolo é Zeus. Thorsday ou Thursday - Quinta Feira

O sétimo planeta é Saturno - é o símbolo do Intelecto Passivo - a inteligência


que flui naturalmente, mas também os insghts da parte da Deus. Gasta 29 anos
para dar uma volta no zodíaco. Saturno sugere o fim, a Morte, a contração,
tudo que é trabalhoso e custoso. Cronos. Astronomia e Astrologia. Sabatt -
Saturday - Dia de Saturno.

Os sete planetas e as Sete Faculdades reger também os Sete Céus, os Sete


Pecados,

Luxúria, Gula, Avareza, Preguiça, Ira, Inveja e Soberba

Céu dos Inconstantes


Céu dos Ambiciosos
Céu dos Devotos
Céu dos Sábios
Céu dos Mártires
Céu dos Governantes
Céu dos Contemplativos
Sem a percepção de Hierarquia no mundo, haverá uma profunda
DESESTABILIZAÇÃO de todos os símbolos. Por isso precisamos de uma
fundamentação hierárquica, fundamentada sobre uma elitização.

Assim, a Astrocaracterologia prevalece sobre todas as outras leituras do


Inconsciente humano. Demonstrarei isso de uma forma objetiva e clara
mostrando e divagando sobre a construção da PERSONALIDADE. Sim, como
eu expliquei na simbólica da árvore da vida, a Personalidade é o ápice e o
contorno, então precisamos falar sobre isso – o que trata QUALQUER
desordem do homem na psique, é a personalidade, portanto a cura da alma
NÃO PODE em hipótese alguma ser desarticulada do amadurecimento da
personalidade.

O que cura a Alma é o amadurecimento. Compreendam, o que cura a Alma


(fruto de estudo da Psique-Logia) é o amadurecimento e ele só se alcança
quando compreendemos esse desenvolvimento da personalidade – através
de camadas.

A PERSONALIDADE

1 — “O conceito de personalidade abarca duas idéias diferentes: a da integração mais ou


menos perfeira — ela é o conjunto ou o sintema de tudo o que há em mim — e a de
individualidade : a forma que em mim assumem os elementos que em mim figuram me
pertence propriamente e me distingue dos outros” (Gaston Berger, Caractére et
Personnalité,Paris, Puf, 1954, p.2).
2 — Definições de personalidade:
H. Piéron: “A personalidade representa essencialmente ... a unidade integrativa de um
homem, com todo o conjunto de suas características diferencias permanentes (inteligência,
caráter, temperamento, constituição) e suas modalidades próprias de comportamneto
“(Vocabulaire de la Psychologie, p. 210).
W. Sheldon: “A organização dinâmica dos aspectos cognitivos, efetivos, cognitivos,
fisiológicos e morfológicos do indivíduo”(cit. por Piéron, id.,ibid.)

3 — Em vista de tais definições, Berger observa que ä psicologia geral isola por abstração
um certo número de funções: memória, percepção, imaginação, etc. O estudo da
personalidade, ao contrário, uma investigação concreta que se empenha em compreender
como todas as funções operam juntas e reagem umas sobre as ouras, num homem
determinado tal ou qual categoria de homens”(op.cit.,p.3).
4 — Sendo assim, o estudo da personalidade deve partir das diferentes funções isoladas
da psicologia geral e reuni-las gradativamente em diferentes níveis e camadas —
correspondentes aos vários graus de menor a maior integração da personalidade (pois é
evidente que o grau de individualidade cresce junto com o de integração, com o que
caminhamos dos elementos ao todo, do impessoal ao pessoal), destacando, em cada um, os
diversos esquemas e modalidades da interação dessas finções, cuja totalidade hierarquizada e
funcional se chama, precisamente, personalidade.

Assim sendo, podemos entender que a personalidade é um todo que se caminha movida
pelos aspectos da INDIVIDUALIDADE e INTEGRAÇÃO. É como se, a cada passo no
nosso desenvolvimento, nos tornamos mais único, mas quanto mais maduros, nos tornamos
mais uniformes também, parte integrante de um todo - do Ato Puro.

AS DOZE CAMADAS
1. Caráter (no sentido astrocaracterológico do tempo).
2. Hereditariedade, constituição, temperamento, estrutura pulsional (wilson; Sheldon,
Kretschmer, tipologia em geral; Szondi).
3. Cognição e percepção, sua estrutura e desenvolvimento (behaviorismo; Piéron e
Piaget; Kohler e a Gestalt em geral; Festinger;psicologia da linguagem).
4. História pulsional e afetiva (Freud, Klein, psicanálise em geral).
5. Ego, autoconsciência e individuação (Jung)
6. Aptidão e vocação (Ungricht; Ciril Burt: Eysenck).
7. Situações e papéis sociais (Adler; Horney e a escola culturalista em geral; psicologia da
comunicação).
8. Síntese individual provisória, em cada etapa de desenvolvimento, isto é, “perfil
caracterológico”no sentido da escola de La Senne e Berger.
9. Personalidade intelectual superior; gênio, criação artística, estilo, etc.; “personalidade
poética”no sentido de Croce, em oposição à “personalidade empírica”(Pradines; Bergoson;
Koestler; heurística).
10. Eu transcendental, pessoa, responsabilidade moral, livre-asbítrio, etc. (Kant, Husserl,
Berdiaeff, Gusdorf, Caruso).
11. Personagem — no sentido estrito em que este termo é usado em astrocaracterologia: o
indivíduo perante a História, a civilização, a humanidade (Dilthey, Weber, Wallon)
12. Destino final: o indivíduo perante Deus, o sentido e o valor da vida, etc. (psicologias
místicas tradicionais; Paul Diel, Viktor Frankl).

CAMADAS I A IV

PRIMEIRA CAMADA

A história das camadas é a história da motivação. Um itinerário de motivação e sofrimento.


A primeira camada é a ASTROCARACTEROLOGIA. Sem a percepção completa da
primeira camada, não é possível compreender as camadas seguintes. A primeira é condição
de pré existência. Quando se entra no mundo, se entra para SER algo. Você se destina A
ALGO. Um Sentido, um propósito, um destino. A Primeira Camada é a motivação de SER.
Ser EU. É uma motivação consciente? NÃO. Por isso a motivação do ser irá permear
TODO o ser humano em toda a sua história. É uma inclinação, um destino, um arranjo
formado a partir de uma pulção inicial – SER VOCÊ.

Nenhum ser humano vivente fora do Ventre materno é primeira camada. A Primeira
Camada tem a sua motivação no SER mas sua conformação na formação do Inconsciente.
Motivação ONTOLÓGICA – Uma disposição ontológica, estrutural, consistente. Só pode
ser percebida pela contemplação. A escola que avalia isso é a Astrocaracterologia – é uma
tentativa de ver o quadro dentro de onde você consegue se mover. Você vai se mover
DENTRO desse recorte – é o conjunto de possibilidades. É a construção da sua
personalidade dentro de um quadro, dentro de um conjunto de disposições, de inclinações e
pulções. Não há uma pretensão necessariamente terapêutica uma vez que você não pode
tratar o que você É, mas dentro da análise pessoal, possibilita ao homem compreender-se a
si mesmo e a partir daí melhorar.

SEGUNDA CAMADA

Motivação passiva – Senso Comum. Motivação de Ser em uma cadeia de tradição – não
ontológica agora, mas hereditária. Motivação de ser como seus pais. Todos os pais.
Leopoldi Szondi. Inconsciente familiar. A sua vida é como que um palco giratório em que
seus antepassados aparecem e desaparecem como que pedindo para que você reviva suas
histórias. Sucessos e tragédias – a inconstância lunar. Contudo nem Szondi nem Hellinger
acertam em suas teorias, porquê? Porque no fim ultimo, perdemos nossos antepassados. O
Italo Marsili inaugura, por meio da simbólica, um novo horizonte – Dois antepassados
comuns a todos – Adão e Noé. Ascenção e Queda. Pão e vinho.

TERCEIRA CAMADA

Motivação ativa – o descobri o mundo – É uma inclinação a destrinchar o mundo,


hierarquizar.

QUARTA CAMADA

Motivação ativa – o afeto.

CAMADAS V A VIII
QUINTA CAMADA
SEXTA CAMADA
SETIMA CAMADA
OITAVA CAMADA

CAMADAS IX A XII
NONA CAMADA

DÉCIMA CAMADA

DÉCIMA PRIMEIRA CAMADA

DÉCIMA SEGUNDA CAMADA


PARTE III

TRATADO DA ESFERA

Emperium

Primum Móbile

Secundum Mobile - Cristalino - Zodíaco

Firmamento - Estrelas fixas

Sete céus

Terra

Céus de fogo

Céus de Ar

Água

Terra

ESFERA DO CRISTALINO

Céu das águas

ESFERA DOS SIGNOS


Esfera do Zodíaco - símbolo de cada signo – Signos de Fogo, Água, Ar e
Terra. Cardinais, Fixos e Mutáveis.

SIMBOLISMO DOS PLANETAS

O simbolismo dos Planetas - Símbolo e história de cada planeta.

AS CASAS ASTROLÓGICAS

A explicação das Casas - Os meridianos – Existem duas formas de construir.


Na prática não há a necessidade do cálculo milimétrico das casas, uma vez que
essa divisão só será inconclusivo nos polos – aqui seria necessário a aplicação
das casas de forma aguçada se fossemos fazer a chamada Astrologia Horária –
mas não é esse o nosso intuito aqui – uma vez que a horária tem uma
pretensão clara de previsão e não será aceitável nesse curso.

O simbolismo das doze casas – Doze é a completude de todas as relações.

O meridiano (Leste e Oeste) e o Horizonte (Vejo e não vejo) – que denotam as quatro
cúspides centrais – O ascendente, o Descendente, o Meio de céu e o fundo de céu. São os
ângulos ou cúspides angulares. Dentro de cada quadrante, dividimos em três fatias iguais.
Horizonte, oposto, zenitti e nadir.

As casas são a divisão do céu por base na perspectiva humana e também por isso são
também a divisão de ASSUNTOS DA VIDA humana, pois divide o céu com relação a
você. São doze casas. A numeração das casas é feita no sentido anti-horário. São
numeradas conforme o movimento planetário. As coisas surgem no ascendente mas
deveriam descer primeiramente. A primeira casa então é delimitada pelo Ascendente.

Casa I – Tudo que é mais próprio da pessoa.

Horizonte leste – as coisas aparecem pra gente. A pessoa.

Casa II – Posses móveis – dinheiro, ações.

As coisas que acumulamos. Bens próprios.

Casa III – Rotina, deslocamento, viagens rotina, primos, irmão


Parentes da mesma geração – outros ramos saídos da mesma raiz.

Casa IV – Pai, antepassados, terrenos, raízes


Fundo de céu – O que está por baixo.

Casa V – filhos e diversão – Casa do prazer, da diversão, do sexo. Prazeres gostosos da


vida.

Casa VI – Doenças, animais pequenos, quem trabalha pra nós


Oposto à nós num nível inferior – servos. Doenças. Animais menores que um bode.

Casa VII – Cônjuges e inimigos declarados


Ponto onde as coisas somem no céu – bem e mal em relação ao Ascendente – SER. Ponto
oposto é o cônjuge e o inimigo. Público, parceiros de negócios.

Casa VIII – Morte


SATURNO
Percepção da morte

Casa IX – Peregrinação e Conhecimento superior


RELIGIÃO. Assuntos do alto – percepção de Deus. Marca o fim da grande jornada da vida.

Casa X – Carreira, mãe e autoridade


Magistério, a vocação, a parte mais visíveis de nossa vida. Nosso trabalho. Casa de Deus.

Casa XI – Bênçãos e amigos – As benção de Deus, coisas que vem do alto pra gente, coisas
boas que descem do céu. Benção específica do céu – o amigo.

Casa XII – Animais maiores, problemas psicológicos, sabotadores, mal autoinfligido


Associada aos vícios, ao orgulho, da prisão (por sua própria culpa). Parto.

Casas angulares – I, IV, VII e X


CASAS CADENTES – XII, III, VI, IX
CASAS SUCEDENTES - II, V, VIII E XI

JÚBILO PLANETÁRIO

CASA V – JÚBILO DE VÊNUS


CASA XII – JÚBILO DE SATURNO

CASA I

Refere-se à auto-imagem, à aparência física do indivíduo, imediata e visível (seus gestos,


expressão facial, etc.). É o conjunto esquemático do que o indivíduo vê e compreende
sobre si mesmo sem intermediários, é a auto-imagem arquitetônica.

Sol

Inteligência Intuitiva Autônoma

O primeiro dado seguro obtido pelo sujeito é sobre ele mesmo. Sua própria imagem
contemplada no espelho, ou simplesmente pensada, é óbvia e inquestionável.
Seu conhecimento sobre si próprio lhe parece tão natural que tem a impressão de se
conhecer há longo tempo. Sendo transparente aos seus próprios olhos, acha-se transparente
aos demais e considera inverossímil alguém ser muito diferente dele.
Faz parte de sua natureza não se preocupar de imediato com saber se agrada ou não
ao outro. Ele se auto-refere o tempo todo, nunca estranhando seu próprio comportamento,
utilizando-o como modelo pelo qual capta o comportamento dos outros. Sua biografia e os
papéis que desempenhou funcionam como a chave da sua compreensão do mundo, como se
não existissem outros papéis concebíveis, como se sua própria vida fosse o modelo pelo
qual posteriormente, por diferenças e semelhanças, se foram moldando as outras.
O traço fundamental de sua auto-imagem é a liberdade. Criador de seu próprio
mundo, se vê como um centro que irradia livremente e a cada momento tem como
informação básica as suas próprias possibilidades, o repertório do que pode fazer e ser a
cada instante.
Quando não se vê como o centro dos acontecimentos, necessita de um esforço para
compreender o que o outro espera dele, porque então não intui com clareza a situação. Para
intuir, necessita encarar-se como centro agente mesmo quando não o é. A percepção da
perspectiva alheia nunca é, para ele, imediata e espontânea, mas requer esforço e
aprendizado.

Síntese

Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade sua auto-
imagem.

Exemplos

Sta. Teresa de Ávila, Abraham Lincoln, Richard Wagner, Pierre A. Renoir, Arthur
Rimbaud, Claude Debussy, H. Toulouse-Lautrec, J. Guimarães Rosa.

Saturno

O indivíduo estranha sua própria aparência física, tem uma vivência de seu próprio
eu aparente como uma coisa evanescente, insubstancial. Atribui aos outros rostos uma
familiaridade, uma naturalidade que não percebe no seu próprio.
Tem uma consciência aguda de que sua expressão se modifica conforme o papel que
desempenha, e sente-se, por isto, um ator. O jogo das máscaras se torna de vital
importância quando tem de se apresentar socialmente. Substitui a sinceridade individual
pelo “fingimento” ( que, aprimorado, se torna uma espécie de sinceridade artística,
elaborada e problemática ) e aos outros parece ou “cara de pau” ou excessivamente
retraído, porque na construção dos esquemas adaptativos há perda da naturalidade, seu
comportamento parecendo premeditado, o que cria desconfiança.
O indivíduo duvida constantemente da sua auto-imagem nos primeiros anos de vida,
questionando-a e rejeitando-a, multiplicando os pontos de vista desde os quais se encara e,
com isto, alimentando contradições que tornam esta imagem mais insustentável ainda e
criando a necessidade de fixar uma auto-imagem racionalmente fundamentada e justificada.
Ele precisa construir uma imagem para si mesmo, a partir da reflexão e da experiência
sobre as imagens e personagens possíveis. Sente-se inferiorizado diante de quem ele
perceba como espontâneo, natural, desenvolto e auto-confiante, ou, inversamente, de quem
lhe transmita a imagem de uma máscara perfeita, de um total domínio da simulação, a que
ele também aspira como a uma espécie de sucedêneo da desenvoltura que lhe parece
inacessível. Ele é vulnerável a quem vê o seu defeito, a imperfeição ou a incongruência de
sua imagem.

Aporia
A questão humana que lhe causa perplexidade e espanto é a percepção de um hiato
entre o eu (sua identidade interna) e sua aparência física (percepção de si externamente), ou
seja, a expressão visível, externa do ser.
Na medida que o indivíduo quer ser sincero, mas ao mesmo tempo deseja parecer
natural na sua sinceridade ( porque uma sinceridade canhestra não seria persuasiva para os
outros, e ele teme ser mal interpretado ), ele premedita uma expressão de sinceridade; e na
hora em que premedita já sente que não é sincero. Quanto mais natural a aparência
conseguida, mais farsante ele se sente.

Síntese

É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer


informação que afete sua auto-imagem.

Exemplos

Johann W. von Goethe, Karl Marx, Emile Zola, Carl-G. Jung, Hermann Keyserling,
Maurice Chevalier.

Júpiter

Percebe a cada momento o que pode ser e o que quer ser. Gera uma figura para si e
torna-se o que deseja. Contorna a exigência de autocrítica, e, portanto, nunca tem
problemas com a auto-imagem, que é plástica; ela não é vivida como uma identidade
definitiva, limitante, um personagem que o indivíduo tenha de carregar, mas sim como uma
espécie de massa plástica com a qual ele pode fazer o que quiser, que lhe pareça uma
expressão e um resultado do exercício de sua liberdade. Não finge, mas cria.
Age espontaneamente e impensadamente como se fosse o criador livre de suas
ações, e o faz para não ter de examinar criticamente suas motivações e ações. É
autoconfiante sem necessidade de autoconsciência ( o que o diferencia do indivíduo com o
Sol na I, cuja autoconsciência é a matriz do impulso de criatividade ), mas com uma espécie
de auto-esquecimento flexível e primaveril. Na primeira impressão, não parece existir hiato
entre o que expressa e o que quer ser, parece ter uma coerência em bloco, apresentando
uma certeza pessoal muito grande de que se conhece, embora isto possa não ser verdade.
Acredita no papel que está representando como se nunca houvesse sido outra coisa. Saturno
na I sente-se um ator, e alcança a sinceridade mediante a consciência crítica de seu
coeficiente de fingimento; Júpiter na I é um ator no pleno domínio do seu papel, e alcança a
sinceridade na medida em que ama esse papel, acredita nele e aceita as consequências reais
de seu desempenho.

Síntese
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos sua imagem, ou personalidade
exterior.

Exemplos

Napoleão Bonaparte, Ralph W. Emerson, Benjamin Disraeli, Hans C. Andersen, Abraham


Lincoln, Guy de Maupassant, H. Toulouse-Lautrec, Marie Curie, Winston Churchill,
Maurice Ravel, Herman Hesse, Hermann Keyserling, Graciliano Ramos.

Marte

Está sempre se mexendo para permanecer exatamente do mesmo jeito que está —
este movimento externo é para evitar o movimento interno; gostaria de estar tranquilo com
a sua auto-imagem, e fica então sensível a qualquer ameaça nesta área. Esta atividade se
exterioriza imediatamente e é visível aos outros, transparece na sua imagem. Reage exterior
e fisicamente às informações que trazem novidades sobre a auto-imagem, rejeitando
qualquer alusão, provocação ou ofensa a ela.
Desenvolve esquemas defensivos com relação à sua auto-imagem: incomodando os
outros, o meio-ambiente, para não ser afetado interiormente; reagindo no sentido de manter
superficial o contato com as pessoas ou mudando constantemente sua imagem externa, para
não mudar a interna.
Marte e Júpiter na I revelam uma certa resistência instintiva a qualquer auto-exame;
Júpiter, porque alimenta uma identificação dogmática com a imagem que deseja projetar a
cada instante; Marte, porque provoca um forte sentido de incomodidade ante qualquer
reflexão que possa alterar seu estado interno, e porque tende a preservar a homeostase.

Síntese

Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete sua auto-
imagem.

Exemplos

Guy de Maupassant, Mohandas K. Gandhi, Winston Churchill, Ernest Hemingway, Jean-


Paul Sartre.

Vênus

Guarda na memória mais imagens de si mesmo que qualquer outra pessoa. Recorda-
se de sua postura e pode imaginá-la numa infinidade de papéis possíveis para serem
utilizados de modo proveitoso em situações futuras. Controla sua auto-imagem procurando
sempre otimizá-la e interpretando as críticas favoravelmente. Adapta-se ao que o momento
impõe, captando o melhor papel para atender ao que queira mostrar ao outro. Tem uma
naturalidade plástica. Imagina que sua presença é sempre melhor do que realmente pode
ser, o que na maior parte dos casos realmente resulta numa melhora da imagem.
Imaginação harmônica de si mesmo.
Por isso mesmo, toda quebra da auto-imagem, ainda que rara, é de uma gravidade
ímpar, quando acontece, porque o indivíduo não sabe lidar com o que lhe pareça
definitivamente negativo, isto é, não assimilável a uma imagem positiva. Toda fantasia é
uma defesa contra a desilusão, de modo que, quando a desilusão se instala, é que a fantasia
já nada mais pode fazer. Portanto, quanto mais rica e plástica a fantasia, mais elevada a
auto-estima. Não se deve esquecer que todo processo depressivo começa com uma
“desimaginação”, com um esvaziamento do conteúdo das imagens e uma perda de seu
magnetismo. No indivíduo com Vênus na I, os reflexos desse processo na auto-imagem —
e portanto no comportamento exterior visível — são imediatos e devastadores.

Síntese
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante sua auto-imagem.

Exemplos
Richard Wagner, Anatole France, Guy de Maupassant, Mohandas K. Gandhi, Gregory
Peck, Judy Garland.

Lua

O comportamento exterior é continuamente alterado por mudanças na auto-imagem,


as quais, por sua vez, derivam de estímulos fortuitos, como por exemplo os altos e baixos
do tônus corporal, as mudanças da atmosfera, o decréscimo acidental do calor humano
nesta ou naquela relação, etc. O componente emocional da conduta do indivíduo salta aos
olhos: é evidente e atua sobre os outros como um ímã, mobilizando-os. Sua sensibilidade e
abertura a estímulos externos é visível na sua aparência física. A alteração de sua auto-
imagem muda o seu sentimento e sua motivação. Avalia e julga valorativamente sua
imagem a todo instante, mas não sob a forma de juízos explícitos (como Saturno na I) e sim
sob a forma de um bem-estar ou mal-estar frequentemente vagos e indefiníveis. A mudança
da auto-imagem transforma o valor sentimental de toda a vida. Auto-imagem instável,
porém irradiante. O desejo de sentir-se bem consigo mesmo alimenta, por contraste, um
mal estar intermitente, que se reflete numa conduta ciclóide.

Síntese

Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação tudo que afete sua auto-imagem.
Exemplos

Immanuel Kant, Friedrich Nietzche, Paul Gauguin, Marie Curie, Marcel Proust, Leon
Trotsky, Charles Chaplin, Walt Disney, J. Guimarães Rosa.

CASA II

Refere-se ao conhecimento do real, do mundo físico, dos dados sensíveis presentes (formas,
cores, cheiros, sons, pesos, tamanhos, texturas, sabores, etc.). Confronto do indivíduo com
o que o cerca. O mundo dos objetos inclui o próprio corpo, não enquanto imagem (Casa I) e
sim enquanto densidade, peso, força e tensão.

Sol — Inteligência Intuitiva Realista

O Sol nesta posição representa a relação do eu com o mundo das coisas, onde o
outro — como pessoa — está excluído. O centro intuitivo é a circunstância, o indivíduo
vive no mundo das coisas (formas, sons, pesos, gostos, odores, densidade, clareza,
definição da forma, etc.), tendo habilidade para melhor avaliar a matéria. Ele se auto-refere
pelo ambiente físico. É o homem entre as coisas. Ele confia no testemunho dos seus
sentidos. Intuição sensível. A percepção sensível em geral, entretanto, é por sua natureza
limitada e curta, acaba logo, por isso este indivíduo encara a realidade como limitação.
Inteligência que contempla e descreve.
É natural que este indivíduo perante todas as situações humanas procure olhá-las
com uma espécie de disposição contemplativo-arquitetônica, captando-as como quadros
estáticos onde “tudo está do jeito que está”. Compreende o fato consumado, e tende a ter
uma visão estática da realidade no momento em que a percebe. É realista porque se adapta
ao estado das coisas, mas tem a impressão de que nunca age, propriamente, mas só
responde ao estado de coisas, por isto não se sente como o agente criador por mais ativo
que seja. Ele se vê como observador, ainda que seja o agente. Aptidão para a solidão.
O senso de que um objeto tem consistência própria e independente da subjetividade
humana é comum nesta posição, e este indivíduo tem, portanto, uma noção corporal mais
clara de suas possibilidades diante do objeto do que em geral têm as outras pessoas. Vê o
mundo ( objeto ) como mais real do que ele mesmo ( sujeito ). Precisa viver a experiência
concreta da forma mais sensorial possível para intuir, por isso sua memória é carregada de
dados sensoriais.

Síntese

Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade o quadro total
da situação corporal estabelecida no momento.
Exemplos

Immanuel Kant, Benjamin Disraeli, Karl Marx, Gustave Flaubert, Mark Twain, Oscar
Wilde, André Gide, Charles de Gaule, Simone de Beauvoir.

Saturno

O mundo é sentido como irreal, fugaz. As sensações são evanescentes. A razão do


indivíduo, mal recebe uma informação sensível, tende a criticá-la, compará-la com outra,
avaliá-la e para isso precisa afastar-se do dado intuído e recorrer à memória de outros
dados. Problematiza e paralisa sua experiência sensível, o dado sensível gera espanto,
perplexidade e medo. Surge então, a dúvida — consciente ou inconsciente — sobre a
existência do mundo exterior. É como se a pessoa tivesse um “buraco” nos sentidos, como
se o mundo se esfarelasse nas suas mãos. As coisas físicas são sentidas como
eminentemente destrutíveis, então a propriedade sobre as coisas do mundo físico é
vivenciada como relativa, questionável. O indivíduo sente-se sem poder sobre o mundo real
que o cerca, nunca sabe com exatidão o quê e o quanto possui, o que e o quanto pode.
Sente-se “pobre” por mais “rico” que seja de fato. Consciência da perecibilidade das coisas.
Frustração na posse de algo que o distancia da experiência prazerosa. Aos outros parece
pão-duro ou exageradamente desapegado ( egoismo invertido ), ou alternadamente uma
coisa e outra. A quantidade é a forma mais rudimentar de racionalidade, pois pode-se dar
número ao que não tem sequer nome; por isto, dá um certo alívio a este indivíduo saber o
valor numérico ( preços, tamanhos, etc. ) das coisas do mundo real, substituindo o sendo
direto das coisas ( denegado pela crítica ) por um senso de domínio racional-esquemático
das relações entre elas.
Com esta posição o indivíduo pode desenvolver: avareza ( quanto mais possui, mais
quer, pois no íntimo não sente aquilo que tem como verdadeiramente seu ); renúncia ao
mundo material; repulsa e destruição de patrimônios; recusa em receber dos outros ( sente-
se inferiorizado, pois quem dá é que tem o poder ) e repetição compulsiva de experiências
sensoriais ( para certificar-se dos dados sensíveis neutralizados pela crítica ). Também pode
se fragilizar diante de pessoas que questionem o seu direito à propriedade, ao que seria
realmente seu, ou de quem lhe pareça realmente apropriar-se de suas experiências e coisas
materiais. Pode desenvolver uma relação puramente quantitativa com os objetos sensíveis
( por exemplo, comer muito e mal, ou comer sistematicamente coisas insossas e em
pequena quantidade ). Tem, em geral, uma avaliação estética inadequada, compensada às
vezes por uma sensibilidade muito precisa em áreas específicas ( por exemplo, bom gosto
musical e mau gosto em tudo o mais ); mais precisamente, bom-gosto nas áreas
desenvolvidas por estudo e esforço; mau gosto nas áreas de vivência espontânea.

Aporia

A questão é a insubstancialidade do real, do mundo das sensações: se tenho e não


uso, não tenho, mas se uso, acaba. É a extinção do mundo material. É a constatação da
natureza paradoxal da matéria: ela é o real externo, “objetivo” por excelência, mas só pode
ser conhecida pelas sensações, que são subjetivas e fugazes por definição. Uma sensação
que se prolonga se anula a si mesma; o que dá a realidade às sensações é o contraste, logo,
a extinção das sensações.

Síntese

É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer


informação que denote uma mudança no seu equilíbrio sensorial.

Exemplos

Alexandre Dumas, Júlio Verne, Edouard Manet, Paul Cézanne, Friedrich Nietzsche, Kaiser
Guilherme II, Claude Debussy, Mohandas K. Gandhi, Arthur Koestler, Gregory Peck.

Comentários aos exemplos

Dumas era célebre por sua avidez de dinheiro1. O cosmos físico de Verne é feito de
esquemas imaginados, não de percepções: o irreal-possível é visto como realidade presente,
substituindo-se a esta. Em Manet e Cézanne a desrealização intelectualizante do mundo
percebido é notória; o real-objetivo é substituído pelas reações perceptivas subjetivas, no
primeiro; no segundo, por esquematizações geométricas. Observações semelhantes valem
para Debussy. Gandhi: este traço de caráter é ao mesmo tempo manifestado e ocultado pela
absorção de hábitos culturais: vegetarianismo e jejuns; crença no caráter mais ou menos
ilusório da realidade material. Koestler, em suas Memórias ( Arrow in the Blue ) descreve
literalmente a sensação de fugacidade da matéria, vivida desde a infância.

Júpiter

Tranquilidade e confiança em relação ao mundo físico que o cerca, visto como um


repertório inesgotável de bens e possibilidades. Logo, confiança nos próprios recursos e
estabilidade material. Otimismo no sentido de confiar que a situação presente sempre
oferecerá base à sua ação. Não se deixa abater completamente por uma situação material
desconfortável ou desfavorável, acreditando sempre poder impor-se a tais situações de
maneira a buscar espontaneamente um contexto mais confortável e agradável aos sentidos.
Confia na vida, o mundo é infinitamente rico.
A constatação do fato consumado lhe parece tranquilizadora, e nunca limitante.
Todo fato consumado é uma prova da realidade e consistência do mundo, logo um motivo
de confiança.

Síntese

1
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos tudo o que afete seu equilíbrio
sensorial.

Exemplos

Wolfgang A. Mozart, Alexandre Dumas, Thomas Mann.

Marte

Reage prontamente às situações concretas, já estabelecidas, captadas pelos sentidos,


a qualquer coisa que ameace o seu bem-estar sensorial, que o incomode fisicamente ou que
pareça, pelo cerco do fato consumado, limitar suas possibilidades de ação. Tem o senso do
não-estético, do feio, do incômodo, inadequado, desagradável aos sentidos. Em geral, reage
reclamando de qualquer desconforto, é difícil de contentar-se sensorialmente. Ao longo do
tempo, pode tomar providências para evitar todos os desagrados (com o auxílio da razão),
cercando-se de prazeres sensoriais. Outra forma de reação seria a negação das sensações, o
qual pode tomar seja a forma da renúncia, seja a do desperdício sacrificial.

Síntese

Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que denote uma
mudança no seu equilíbrio sensorial.

Exemplos

Leonardo da Vinci, Sta. Teresa de Ávila, Johan W. von Goethe, William Blake, Mark
Twain, Arthur Rimbaud, Maurice Ravel.

Vênus

Guarda na memória os dados sensíveis agradáveis, abstraindo-se dos desagradáveis,


captados do mundo físico, e os utiliza para otimizar as sensações diárias. Vê as
possibilidades que existem no ambiente físico, as que estejam de acordo com sua
expectativa, para que satisfaçam seu equilíbrio sensorial. Imaginação harmônica das
sensações.
Em contrapartida, um estado emocional invencivelmente depressivo, caso se instale, se
expressará muito facilmente numa imagem alterada do mundo físico. A sensação
generalizada de feiúra expressará fisicamente com muita nitidez o estado interior.

Síntese
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante tudo o que afete o
(qualquer mudança no) seu equilíbrio sensorial.

Exemplos

Alexandre Dumas, Abraham Lincoln, Mark Twain, Pierre A. Renoir, H. Toulouse-Lautrec,


Albert Camus.

Lua

É hipersensível aos objetos físicos encarando-os como extensões de si mesmo: tem


apego ou rejeição sentimental aos objetos . Extremamente sensível à vida física, que lhe
parece feita de contrastes e alternancias. A imagem de felicidade e infelicidade que tem é
material: conforto, bem estar físico, ou vice-versa. Suas necessidades e carências também
estão colocadas neste ponto. Seu bem estar depende que estas necessidades sejam atendidas
pelas circunstâncias; tem a expectativa de gratificação passiva (por exemplo, ganhar
presentes). É muito afetado emocionalmente pelo que comeu, como dormiu, etc. O bem
estar físico é uma condição para o bem estar psicológico. A realidade, as necessidades
básicas criam uma segurança emocional. Relação instável com o mundo real percebido. É
feliz quando o mundo lhe supre as necessidades do momento. A relação com o mundo
material é subjetiva. Não sabe o que o satisfaz, embora sempre saiba, a cada momento, se
está satisfeito ou insatisfeito.

Síntese

Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação qualquer mudança no seu


equilíbrio sensorial.

Exemplos

Victor Hugo, Frédéric Chopin, Charles Dickens, Karl Marx, Pierre A. Renoir, Theodore
Roosevelt.

CASA III

Refere-se ao pensamento, ao estabelecimento de relações entre as coisas, de maneira


a poder representar uma coisa por outra. É todo processo onde haja um signo e um
significado, transformando a realidade em linguagem. É através da linguagem que se
constitui uma realidade independente do sujeito. Intercâmbio entre as coisas, entre o
subjetivo e o objetivo. É o mundo da linguagem que vai distinguir o real (Casa II) do
sujeito (Casa I).

Sol — Inteligência Intuitiva Interpretativa

Intui enquanto pode pensar, isto é, representar uma coisa por outra, comparar, ter
alternativas, não aceita o dado tal e qual, tem de pensar em outras possibilidades. Nada tem
sentido em si, mas pela relação de signo-significado.
Pensa sem concluir, o que se impõe como verdade inquestionável sai do foco de sua
atenção. Se conclui algo, tem de pensar noutra questão, pois só intui onde há possibilidade
de erro. O fundamental para o indivíduo é a crítica, e não a afirmação. A dúvida o ajuda,
lhe é vitamínica, por isso, funciona melhor com atitude dialética: tem de afirmar e negar.
Tende a discutir as idéias alheias, é aberto a por em risco suas próprias crenças e
opiniões. Se possui crenças, tem de fingir para si próprio que não as tem, para continuar
entendendo.
Conserva uma infinidade de cenas e histórias que são importantes não pelo seu
conteúdo, mas por reconhecer nelas exemplos típicos (signos). Poder evocativo e de
inspiração nas experiências de aprendizado juvenil. Aprende com a experiência.
A inteligência do indivíduo crescerá na proporção que domine a linguagem. O Sol na III
busca um nome (conceito) em contraste com o Sol na IX que busca a sentença (juízo).
Sente-se seguro na hora que pode denominar, referir, encontrar uma suplência (no sentido
lingüístico). Procura situações em que a inteligência possa se manter ativa, deslizando de
uma coisa para outra, de um signo para outro. Requer o movimento da linguagem.

Síntese

Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade o curso


completo do seu raciocínio.

Exemplos

Franz Liszt, Louis Pasteur, Paul Cézanne, Winston Churchill, Maurice Chevalier, Walt
Disney, Albert Camus.

Saturno

Em criança, aprende a falar muito cedo ou demasiadamente tarde, sabe muitas


palavras e de repente percebe que não sabe as coisas correspondentes. Rompe então com o
hábito da linguagem e a passagem do significante para o significado é obstruida pela
pergunta “por que?”. O processo interpretativo fica detido, porque é questionado. Ele deixa
de ser uma janela transparente para o mundo das coisas e torna-se um vidro opaco; a
atenção volta-se para o vidro em si mesmo e não chega mais às coisas. A linguagem é
coisificada.
O signo não tem uma relação intrínseca com a coisa significada, no máximo pode
ter uma analogia. Pode, portanto, ser olhado como signo ou como coisa. Para o indivíduo
com Saturno na III a palavra enquanto realidade sonora tem mais atração magnética do que
a palavra enquanto canal neutro para as coisas significadas.
A consciência da palavra enquanto coisa se interpõe entre o indivíduo e o seu
interlocutor. Tudo o que ele fala não tem garantia de que o outro vai entender. A
experiência que ele consolida é que é “impossível dizer a verdade”. Vai ter uma
consciência crítica prematura e excessiva da relação problemática entre a linguagem e a
experiência. Contesta a validade do conhecimento do mundo, na linguagem que o exprime.
Na realidade, todo o processo de interpretação se baseia em códigos, palavras que se
apoiam num elo voluntário com o real. Este elo é decorrente de um acordo entre vontades,
portanto, tal elo é arbitrário. A consciência dessa arbitrariedade é particularmente aguda no
indivíduo com Saturno na III e ela funciona, nele, como um bloqueio à comunicação, só
pode ser superado mediante um desenvolvimento lingüístico superior ao do seu ambiente.
A aporia vem da arbitrariedade do signo.
Num desenvolvimento ideal, o indivíduo colocaria a questão do fundamento do
significado das palavras num plano genérico, como dúvida filosófica, podendo respondê-la
até certo ponto através do estudo etimológico das palavras e da lingüística, compreendendo
que as palavras não são coisas, mas são diferenças entre coisas.
Seu esquema lógico pode ser: não pensar em nada, apegando-se ao mundo das
coisas sensíveis (concretismo, poesia concreta — as palavras tratadas como coisas) ou
desconectar as coisas que fala daquilo que percebe na realidade (pode entender que aí tem
liberdade para mentir, já que as palavras não precisam ligar-se a coisas reais —
abstracionismo).

Aporia

A palavra é signo de coisa e ela mesma é coisa. Não havendo a relação intrínseca de
signo-significado, a linguagem funda-se numa convenção. Mas então como pode
haver uma fala “verdadeira”?

Síntese

É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer


informação que afete o curso momentâneo do seu raciocínio.

Exemplos

Auguste Comte, Charles Dickens, Theodore Roosevelt, André Gide, Bertrand Russell,
Herman Hesse, Mia Farrow.

Júpiter
Autoconfiança ilimitada na sua própria capacidade de aprendizagem, de fazer
associações entre idéias e conceitos. O sujeito confia também na sua capacidade de
comunicar aos outros o que pensa e aprende, e de persuadir o interlocutor de qualquer coisa
que queira. Não se deixa abater por argumentações contrárias às suas, ele mesmo é que tem
de sentir-se o autor de suas mudanças de idéias. Quer estar livre para poder pensar o que
quiser. Confia na capacidade de convencer, persuadir, na eficácia de sua palavra. Esta
confiança é espontânea, dogmática e totalmente independente de ser fundamentada ou não.
A capacidade intelectual real decidirá se essa autoconfiança resultará em eficácia no
aprender e no falar, ou numa inépcia verbosa.

Síntese

Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos o curso do raciocínio — seu ou
alheio.

Exemplos

Leonardo da Vinci, Sta. Teresa de Ávila, Arthur Rimbaud, Claude Debussy, Charles
Chaplin, Adolf Hitler, Ernest Hemingway, Mário Ferreira dos Santos.

Marte

Reage às situações que apelam ao seu raciocínio e à sua habilidade para estabelecer
relações, situações que ameacem a estabilidade do seu curso atual de pensamento, de suas
referências mentais do momento. Maneja rapidamente as palavras, seja como ouvinte e
intérprete, seja com falante.
Tenta pensar o mais rápido possível para evitar gasto de energia, é impaciente para
pensar, mas por isto mesmo acaba gastando mais energia do que desejaria. Na conversação,
se antecipa à pergunta do outro, concebendo respostas, quer as emita em voz alta ou não,
mas em todo caso mantendo-as prontas e na ponta da língua, ou então fugindo do assunto
com uma espécie de desinteresse ativo. Quando quer aprender algo, quer que seja da forma
mais rápida e simples possível, seu ritmo de estudo tende a ser espasmódico. Se for um tipo
extrovertido, gostará de polemizar, e poderá ter mesmo um amor ao paradoxo, dizendo o
contrário do que pensa, para que alguém o conteste; se for introvertido, viverá toda essa
polêmica de modo interiorizado.
Síntese

Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete o curso
momentâneo do seu raciocínio.

Exemplos

Victor Hugo, Edgar Degas, André Gide, Herman Hesse.

Vênus

Aquilo que o indivíduo lê ou escuta, facilmente se transforma em imagens. É um


indivíduo que fala ou pensa de maneira persuasiva, gerando imagens que ficam retidas na
memória. Tem grande habilidade pictórica ou retórica ou então as duas, podendo fazer as
pessoas verem mediante a verossimilhança do exemplo empregado. O exemplo é a arte
retórica por excelência. Raciocina mediante exemplos. A extensão da compreensão será
dada pela maior visibilidade do objeto pensado ou da experiência em questão. O que fala
não tem compromisso crítico com o real, mas sim com a verossimilhança nascida da
harmonia e da estética da relação signo-significado. É um indivíduo que afina a palavra
com a sensação requerida, enriquecendo-a, e desta forma se auto-satisfazendo. Imaginação
harmônica da palavra e da imagem. A capacidade persuasiva e plástica nem sempre se
expressará exteriormente em palavras; mas, interiormente, ela está sempre operante.

Síntese

Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante o curso momentâneo


do raciocínio — seu ou alheio.

Exemplos

Immanuel Kant, Hans C. Andersen, Franz Liszt, Karl Marx, Gustave Flaubert, Louis
Pasteur, Emile Zola, Oscar Wilde, Winston Churchill, Maurice Ravel, Leon Trotsky, Pablo
Picasso, Maurice Chevalier, Charles de Gaule, Simone de Beauvoir.
Lua

Fala e ouve refletindo apenas o que sente no momento. É profundamente afetado


pelo que ouve ou pelo que lê (“Este livro mudou minha vida”). O indivíduo já se sente
alterado pelo que o outro vai dizer. É sensível ao falar, expressa os seus sentimentos e sabe
chamar atenção para o que está falando. A expressão verbal é uma maneira de lidar com
seus sentimentos, entretanto, os assuntos, os temas o atraem conforme o desejo do
momento. No que o indivíduo fala, coloca toda a sua energia e se desgasta
emocionalmente. É a expressão sensível da linguagem centrada no falante. Quer ser
gostado em função do que comunica. Só ouve o que lhe interessa, que varia de acordo com
o seu estado emocional. A felicidade está no processo do conhecimento e da aprendizagem
e portanto o indivíduo tem o senso da vida como viagem, percurso e aventura, o senso do
valor da experiência.

Síntese

Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação tudo que afete o curso
momentâneo do seu raciocínio.

 EXEMPLOS

Leonardo da Vinci, Napoleão Bonaparte, Edouard Manet, Henry Ford, Carl G. Jung,
Herman Hesse, Adolf Hitler, F. Scott Fitzgerald.

CASA IV

Refere-se à intimidade do sujeito: a imagem do ritmo interior, a passagem do tempo dentro


de si e a vivência das emoções. A cada momento sabe o que está sentindo e com que
intensidade e participação. Antevisão e vivência dos temores, anseios, desejos, aspirações,
atmosfera psicológica e estados passageiros. É onde há a menor distância entre os desejos e
seus objetos. É a auto-imagem musical. É o rio do tempo e a própria dissolução nele. É a
impermanência.
Por se relacionar ao desejo, esta casa fala de uma falta e do anseio pelo seu
preenchimento. O estado emocional do indivíduo é dosado pela relação desejo x
possibilidade de gratificação.

SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA PSICOLÓGICA

O mundo que o indivíduo intui mais facilmente é o de seus próprios sentimentos.


Sempre sabe se está feliz ou infeliz e naturalmente atua de modo a atender seus anseios de
felicidade. Encara as outras pessoas como depósitos de desejos, anseios, como se elas
também prestassem atenção ao seu bem-estar emocional o tempo todo. O tônus é marcado
pela consciência de infelicidade ou felicidade.
Antevisão e vivência da impermanência das coisas, das motivações, dos desejos, das
aspirações, da atmosfera psicológica, dos humores e dos estados passageiros. É a
instabilidade. Conseguir o objeto desejado é temer pela perda do mesmo, porque o desejo é
uma relação mediada pelo tempo. Para estas pessoas raramente haverá momentos neutros,
todos tendem a ser valorados. O sentido do tempo é muito profundo. O mundo, a vida é
vista como uma coisa viva. Envolvimento pessoal profundo.
Tem instantaneamente a visão de qual a atração exercida ou padecida a cada
momento nas relações. Sabe o quanto atrai os outros para que realizem o seu desejo ou o
quanto é atraído para que realize os desejos dos outros. Sabe instantaneamente se as
pessoas estão alegres ou tristes e o sabe mais ou menos por quê. Sabe como atuar sobre o
humor das pessoas, a cada momento. Intui mais facilmente o indivíduo isolado do que a
relação entre os papéis num contexto social, desta forma personaliza todos os
comportamentos. O mundo é um cenário passivo onde se desenrola a história de sua alma.
Percepção narrativa.
Tenta ver as coisas pelo seu valor afetivo, sentimental. Se a situação não lhe diz
nada neste sentido, inventa alguma coisa para acrescentar a ela valores afetivos que a
tornem interessante. Se não consegue fazer isto, se desinteressa completamente pela
situação. Espera receber algo do mundo.

 SÍNTESE

Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade o conjunto de


seus motivos de gratificação e frustração dos desejos.

 EXEMPLOS

Victor Hugo, Hans C. Andersen, Charles Dickens, Emile Zola, Woodrow Wilson, Marcel
Proust, Leon Trotsky, Pablo Picasso.

SATURNO
O que aparece para o sujeito como insubstancial, irreal, é ele mesmo enquanto
sujeito desejante, é a sua própria alma (conjunto de aspirações, desejos, sentimentos, etc.) O
objeto do desejo escraviza o indivíduo e, ao mesmo tempo, é o fato do indivíduo desejá-lo
que dá a esse objeto tanto poder. Se o indivíduo obtém o objeto, é o objeto quem tem o
poder de completá-lo; se não o obtém, permanece em privação.
Há uma dialética de desejo e frustração, que lhe torna dolorosa a convivência com
os outros porque estes não sabem como satisfazê-lo. É um infeliz crônico, quer
compreender racionalmente o estado de desejo, o que é impossível. Só o que se pode
compreender racionalmente é o conceito genérico (essência permanente) deste ou daquele
desejo, não o estado de desejo no momento real, de vez que o próprio esforço de com-
preensão racional exige distanciamento, portanto renúncia ao desejo.
O indivíduo se questiona profundamente e o tempo todo. É a posição de maior auto-
questionamento e também a que mais debilita a auto-confiança. Não permite a entrada de
novas experiências emocionais enquanto não tiver resolvido aquela a que se apegou.
Estranha o próprio sentimento, não tem conforto íntimo. Tenta não sentir o sentimento e
procura compreendê-lo logicamente, e assim o perde.
Os estados emocionais tendem a se estabilizar como problemas, procura repetir os
felizes e repelir os infelizes, e vai falhar. O indivíduo necessita ser compreendido e
explicado pelo outro. Só se sente capaz de amar na medida em que exista uma condição
intelectual que o compreenda, o explique e o abarque. Sente-se frágil, vulnerável ao
desejar, e entediado ao satisfazer o desejo, surgindo daí o desejo do desejo. Este indivíduo
pode tentar não desejar nada, cercando-se de tudo que necessita, fechando um círculo para
bastar-se, ou motivando-se e movendo-se pela imitação do desejo dos outros.
Vocação psicológica pelo interesse na problemática. A mãe, o lar, o sentimento
serão sempre motivos de reflexão. O problema colocado é o problema das suas origens:
como ele foi um nada e hoje ele é algo. Uma das maneiras simbólicas da questão:
permanecer apegado ao seu passado porque a pergunta está lá.
Num desenvolvimento ideal, o indivíduo iria compreendendo que o desejo é que dá
movimento à vida, através da transformação de um desejo em outro, do deslocamento do
desejo de um objeto a outro. A única forma de razão compatível com o desejo é a narrativa,
através da qual o indivíduo pode organizar o fluir de seus estados de alma no tempo (não
existe desejo sem tempo), podendo com isso até mesmo desenvolver uma aptidão histórica.
É importante para este indivíduo compreender que a conexão entre estados emocionais é
temporal, não lógica.

APORIA

O indivíduo percebe uma barreira entre o desejo, a falta de algo, e a sua satisfação.
Insubstancialidade da alma, do sujeito desejante. Impossibilidade de racionalizar o desejo,
cujo objeto é acidental.
Todo objeto de desejo exerce domínio sobre o sujeito desejante; logo, representa
também uma ameaça (de frustração). O medo, porém, opõe-se ao desejo; logo, o objeto do
desejo é ambíguo: prazer e dor.
Na tentativa de escapar desta aporia, o indivíduo constrói esquemas racionais para
dominar intelectualmente o desejo; mas o distanciamento necessário a isto reprime e sufoca
o desejo, resultando em falta de motivação, portanto num sentimento de pobreza e
melancolia, no qual os objetos de desejo desaparecem numa distância inatingível.

 SÍNTESE

É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer


informação que se refira à gratificação e frustração dos desejos.

 EXEMPLOS

Frédéric Chopin, Maurice Ravel, Ernest Hemingway, Walt Disney, Jean-Paul Sartre,
Simone de Beauvoir, Judy Garland, Marilyn Monroe.

JÚPITER
Tende a confiar imensamente na sua capacidade de atingir a felicidade, de obter o
que deseja, de criar em si mesmo seu próprio objeto de satisfação. Acredita que a
Providência o ajudará a realizar seus mais íntimos desejos, que ele conseguirá se impor às
circunstâncias externas que poderiam causar-lhe infelicidade. Por isso, não se deixa abater
por frustrações emocionais, por desejos não realizados. Sente-se livre em relação aos
próprios desejos, em decidir realizá-los ou não, mantê-los ou fazê-los cessar, num esforço
de vontade. Confia na felicidade final.

 SÍNTESE

Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos seu estado íntimo de equilíbrio.
Gratificação-frustração.

 EXEMPLOS

Johan W. von Goethe, Richard Wagner, Giuseppe Verdi, Edgar Degas, Thomas Hardy,
Friedrich Nietzche, Marcel Proust, Maurice Chevalier, Charles de Gaule, Walt Disney,
Richard Nixon, Albert Camus, Tyrone Power, Judy Garland.

MARTE
Reage a qualquer situação que ameace seu equilíbrio emocional, sua felicidade
atual, a qualquer coisa que possa preencher ou frustrar um desejo seu. Deseja e rejeita o
objeto externo, simultaneamente.
Necessita mudar o estado psicológico das pessoas íntimas, ser comovente e atuar na
própria intimidade.
Quer satisfazer imediatamente todos os seus desejos; quer a felicidade já. Se o
estado de desejo se prolonga, fica muito incomodado. É um estado agudo, passando
rapidamente da profunda felicidade para a profunda infelicidade. Acha que as pessoas não o
entendem e é extremamente difícil satisfazê-lo. Tenta fugir de situações que lhe possam ser
desagradáveis emocionalmente, ou procura resolvê-las logo para não se sentir invadido por
elas. A tensão entre o desejo e a frustração é tão grande que o próprio desejo, ao apresentar-
se, já contém o elemento irritante. A irritação tende a confundir-se com a excitação.

 SÍNTESE

Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que diga respeito à
gratificação e frustração dos desejos.

 EXEMPLOS

Louis Pasteur, Emile Zola, Oscar Wilde, Thomas Mann, Maurice Chevalier, Charles de
Gaule, Walt Disney, Simone de Beauvoir, Richard Nixon, Gregory Peck.
VÊNUS
Guarda na memória os estados emocionais agradáveis para poder otimizar suas
alterações emocionais do dia-a-dia, e projetar uma felicidade futura. Não sente muita
necessidade de agir em resposta aos estados emocionais, porque tem a facilidade de
trabalhá-los imaginativamente, criando uma versão mais otimista. Completa na imaginação
o que lhe falta para ser feliz. Dá um fundo de felicidade passiva que serve de apoio para o
indivíduo em todas as situações. Imaginação harmônica dos estados emocionais.
Em casos de profunda depressão as imagens de felicidade desapareceriam e a
tristeza tomaria a forma de uma espécie de conformidade fechada em si mesma, por
ausência de objeto de desejo.

 SÍNTESE

Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante o seu estado íntimo,
seja de satisfação ou frustração.

 EXEMPLOS

Victor Hugo, Edouard Manet, Paul Cézanne, André Gide.

LUA
O objeto de valoração são os estados emocionais. Sentimento puro, deseja
intensamente a felicidade. É sensível e procura um ambiente que lhe proporcione um
equilíbrio entre segurança emocional e satisfação, sendo que a passagem de um estado ao
outro é extremamente dolorosa. Busca uma harmonia íntima, mas sente profundamente a
impermanência de seus estados, ao mesmo tempo que, não abdicando de pequenas
satisfações, se torna mais instável ainda. Desejo de uma ligação emocional profunda. A
questão é a impermanência da felicidade, ora o objeto desejado pode ser gratificante, ora
pode ser frustrante. Ao contrário de Marte na IV, em que gratificação e frustração tendem a
se fundir num só complexo, tornando dolorosa a própria satisfação, Lua na IV é alternância,
sem fusão dos dois momentos.

 SÍNTESE

Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação a gratificação e frustração dos


desejos.

 EXEMPLOS

Johann W. von Goethe, Wolfgang A. Mozart, Honoré de Balzac, Franz Liszt, Emile Zola,
Woodrow Wilson, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir.
CASA V

Representa em todos os casos o conhecimento que o indivíduo tem de todas as suas


possibilidades de ação pessoal num determinado momento. Este domínio é estreito ou
amplo em cada situação. É o que se sabe ou não se sabe, de fato, do que se pode ou não se
pode fazer a cada momento. É o domínio das situações que se pode conquistar ou perder. É
a consciência do poder pessoal inerente ao indivíduo.

SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA TÁTICA

O indivíduo presta mais atenção ou capta mais facilmente as situações onde haja
oportunidade de demonstrar suas capacidades; em outras situações, ele pode criar
artificialmente um enfoque desafiador, e assim retomar a atenção. Pode se envolver em
situações que não o interessam de forma alguma, só para treinar, praticar suas capacidades.
O Sol na Casa V permite uma capacidade de se desenvolver sozinho, de aprender
sozinho, portanto este indivíduo pode achar que os outros têm a mesma capacidade ou, ao
perceber que não é assim, pode se considerar um indivíduo excepcional, predestinado.
Ele conhece os talentos que tem e os que não tem. Sua ação é auto-centrada na
consciência de suas capacidades. “Eu posso e vou fazer”. Não sabe assistir apenas, tem de
ser o centro agente, expressando uma capacidade auto-consciente. Isto não significa que ele
tenha amor à competição; goste ou não dela, este indivíduo irá encarar tudo como
competição. O mundo para ele é um campo de jogos onde, a cada momento, sua capacidade
é solicitada a se mostrar. Sem desafios, sua inteligência se apaga. As palavras decisivas são
vitória e derrota.
Prende-se à realidade da experiência momentânea e não em padrões pré-existentes,
responde aos desafios na hora em que estes acontecem. Aproveita cada momento e se
adequa a cada situação.

1* SÍNTESE

Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade os desafios à


sua capacidade.

2* EXEMPLOS

Leonardo da Vinci, Wolfgang A. Mozart, William Blake, Giuseppe Verdi, Theodore


Roosevelt, Henri Matisse, Maurice Ravel, Richard Nixon.

SATURNO
O que é visto como insubstancial para o sujeito é ele mesmo enquanto autor dos
seus atos. Pergunta se é ele quem domina as situações, ou se é dominado por elas; quer
saber qual é o segredo para ser vitorioso sobre as situações da vida em todas as áreas onde
se sinta desafiado e tenha que competir. A necessidade de auto-afirmação, de tirar uma
dúvida sobre si enquanto criador de seus atos, é o que motiva seu desejo de se impor sobre
as circunstâncias. Com isso, tão logo realiza uma coisa, imediatamente a desvaloriza, por
perceber que a fez por auto-afirmação, não sendo então criador mas uma vítima insegura e
cheia de dúvidas sobre si mesma. Sua dúvida não é sobre o “eu”, mas sobre o “eu que se
expressa em atos”.
Com esta posição a pessoa gosta de “jogos de mentira”, que são resolvidos num
plano puramente lógico e sem riscos verdadeiros. O enfoque das situações de oportunidade,
de derrota e vitória, é intelectual, portanto indireto e através de esquemas. Quanto menos
real e viva for a situação do jogo, melhor. Compara suas capacidades atuais com um padrão
ideal pré-estabelecido por ele mesmo. Tem um esquema ideal abstrato (separado do
esquema habitual da experiência), que marca um padrão que é inatingível por definição.
Questiona e estranha a exposição da sua própria capacidade. Quer saber logo as regras do
jogo e o esquema de ações. Teme a impotência, a derrota. A questão é: qual o segredo que
torna o sujeito hábil e dominador numa determinada situação, por que uns vencem e outros
perdem?
Num desenvolvimento ideal, o indivíduo adquiriria um conhecimento técnico
refletido em todas as áreas que lhe interessam, construindo para si uma performance
razoável nessas habilidades, e fundando nisto a sua auto-estima. O conhecimento técnico
inclui todas as situações possíveis, dentro de certa área, e o ideal seria o indivíduo adquirir
um conhecimento suplementar até para ensinar. O importante é que nunca seja desafiado
para algo que não conheça, pois não sabe improvisar, necessitando de muito preparo. É
característico do desenvolvimento não ideal desta posição, o sentimento de incapacidade e
inveja (oposição entre a sua própria capacidade e a de outro).
Seu esquema adaptativo pode ser: especializar-se numa determinada habilidade,
protegendo-se de qualquer possibilidade de fracasso; adotar uma imagem de incapaz,
delegando aos outros qualquer coisa que o desafie a expressar alguma habilidade ou
competir compulsivamente (nunca se certificando se a vitória depende dele próprio ou do
fracasso casual dos adversários).

APORIA

Impossibilidade de constatar a própria competência independentemente dos seus


atos, e ao mesmo tempo, não se reconhece totalmente como autor deles.Não posso vencer
sem conhecimento. Mas o conhecimento é recebido de fora. Logo, se venci graças ao
conhecimento, não fui eu que venci. Logo, quem ganha, perde.

3* SÍNTESE

É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer


informação que denote um desafio às suas capacidades.

4* EXEMPLOS

Wolfgang A. Mozart, Franz Liszt, Thomas Hardy, Henri Matisse, Winston Churchill,
Georges Bernanos.

JÚPITER
Confia na própria capacidade. É o criador de oportunidades. Onde não existe
oportunidade, o indivíduo cria alguma. Suas derrotas não o deixam abatido, pelo contrário,
sente-se desafiado e aposta mais alto ainda, pois não tem medo de perder, de fracassar. O
senso da autoconfiança é aumentado pelas situações que o desafiem a mostrar sua
capacidade para si ou para os outros, o que traz uma auto-satisfação ativa (em contraste
com a auto-satisfação passiva, que se refere à Casa IV).

5* SÍNTESE

Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos qualquer desafio à sua
capacidade.

6* EXEMPLOS

William Blake, Arthur Koestler.

MARTE
Reatividade em relação aos desafios. Ser jogador, provar que é capaz. O indivíduo
reage às provocações ou desafios à demonstração de suas habilidades, sua performance
numa situação presente. Isso pode incluir situações de jogo ou qualquer mostra de destreza.
Qualquer situação que apele à sua auto-afirmação através de capacidades que possua.

O modo como reage pode ser aceitando rapidamente qualquer desafio e livrando-se
logo de tal situação, para que a sua autoconfiança não seja abalada; provocando os outros
para afastar de si próprio tais provocações; fugindo das situações onde tenha que
demonstrar alguma habilidade específica; criando ele mesmo situações desafiadoras porque
a ausência de oportunidade para mostrar-se capaz o torna inseguro.

7* SÍNTESE

Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que denote um


desafio às suas capacidades.

8* EXEMPLOS

Franz Liszt, Charles Dickens, Edouard Manet, Woodrow Wilson, F. Scott Fitzgerald .

VÊNUS
Guarda na memória as situações gratificantes do seu desempenho, seus momentos
de vitória. Enxerga cor-de-rosa as situações de desafio e considera que irá vencê-las
sempre, idealizando seu próprio desempenho. Capacidade de improviso imaginativo. Se
auto-satisfaz criando imagens de vitória, sem que necessariamente atue nas situações.
Imaginação harmônica das situações de desafio à sua capacidade.
Se muito deprimido torna-se incapaz de enxergar qualquer atrativo numa
perspectiva de luta e vitória; torna-se indiferente às suas próprias capacidades.

9* SÍNTESE

Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante os desafios à


sua capacidade.

10* EXEMPLOS

Charles Dickens, Woodrow Wilson, Franklin Roosevelt, Walt Disney.

LUA
Valoriza as situações de desafio porque acha que é nelas que vai encontrar
felicidade. Deseja a vitória e sente prazer no ato de conquistar as coisas. O estado
emocional determina sua capacidade de enfrentar os desafios e vice-versa. Está feliz ou
infeliz conforme o próprio desempenho, e ao mesmo tempo o desempenho depende de o
indivíduo estar feliz ou infeliz. Alternadamente pode se sentir muito capaz ou muito
incapaz, independentemente dos motivos objetivos, de modo que a demonstração efetiva da
capacidade depende de haver uma coincidência entre a oportunidade externa, a capacidade
real e a motivação subjetiva.

11* SÍNTESE

Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação qualquer fato ou situação que
interprete como um desafio à sua capacidade.

12* EXEMPLOS

Hans C. Andersen, Paul Cézanne, Auguste Rodin, Kaiser Guilherme II, Henri Matisse,
Maurice Ravel, Pablo Picasso, Maurice Chevalier, Ernest Hemingway, André Malraux,
Mário Ferreira dos Santos.

CASA VI

Refere-se à integração do indivíduo no meio circundante, tomado como um todo. É a


relação entre os recursos totais e organizados do indivíduo e o conjunto das exigências que
lhe pesam desde fora. Pode ser descrita como “rendimento” no sentido que o termo tem em
Física. Também pode ser imaginada como um paralelogramo de forças, ou como equilíbrio
ecológico, ou como balanço contábil. Reflete a elaboração de um sistema que torne a vida
funcional para o indivíduo, organizando cada parte do sistema de maneira a facilitar o
funcionamento do todo, inserido, por sua vez, numa totalidade ambiente. É a relação entre
corpo e mundo, parte e todo, órgão e organismo, micro e macro.

SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA ORGÂNICA

Enxerga-se facilmente como um todo, um sistema, um microcosmo, e avalia


também facilmente a produtividade deste sistema (relação entre energia e resultado)
Sua inteligência funciona enquanto tem a visão completa das suas relações com o
meio externo e interno, conhecendo sua estrutura e organização. Para poder ter controle de
tudo o que se passa com ele tenta cortar os vínculos do microcosmo, que focaliza, com
todos os fatores acidentais, pois os dados que não se encaixam facilmente num sentido de
totalidade orgânica apagam sua inteligência. Tende a compreender tudo de forma orgânica,
como parte de um sistema que funciona harmonicamente.
Cria uma regra dentro do conjunto, dentro da organicidade. Não vê seus atos
isolados. Senso de adaptação instintiva. Sentido de eficácia e funcionalidade.

1* SÍNTESE

Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da rea-lidade o seu encaixe
no sistema das exigências circundantes imediatas.

2* EXEMPLOS

Frédéric Chopin, Edouard Manet, Edgar Degas, Hermann Keyserling, Franklin D.


Roosevelt, Charles Chaplin.

SATURNO
Diante de qualquer dado da realidade, ou das suas próprias ações, o indivíduo se
pergunta: Qual é a ordem imanente a isto? Qual é o sistema no qual isto se encaixa? Se não
tem um código, não consegue compreender nem agir.
Da mesma forma, se falta uma parte já não entende o todo. É difícil lidar com a
acidentalidade, pois o acidente lhe parece um fragmento que ele não consegue reinserir no
conjunto. Só consegue compreender o todo em função das partes, e as partes em função do
todo, formando um sistema fechado. Não suporta “non sense”, o que é disforme, o
inorgânico.
Isto pode gerar problemas em todas as áreas, na maneira como mapeia o sistema de
sua vida com o qual ele se encaixa e se dirige em qualquer direção. Por exemplo, pode
gerar uma dificuldade um tanto artificial e histeriforme de coordenação motora, querendo
compreender como as partes do corpo se movem, colocando sua atenção no movimento ao
mesmo tempo que o desdobra mentalmente em partes, impossibilitando a síntese que é a
própria execução do movimento (aporia de Zenão).
Da mesma forma, a aprendizagem de certas disciplinas pode ser quase impossível se
a pessoa não souber onde aquilo vai chegar, com que todo aquilo se relaciona.
A pessoa tem uma exigência de sistematização que nem sempre a prática pode
atender. Tem um senso de economia de tempo e energia que pode, no entanto, levá-la a
desistir de qualquer organização, pois elabora sistemas que na prática se revelam inviáveis,
pois são de índole analítica e caem na subdivisão interminável, impedindo o salto
qualitativo para a ação.
Tendência ao esforço físico para dar conta do problema, porque não percebe que o
problema é mais sutil e intelectual. Busca a perfeição do sistema. Dá impressão ao mesmo
tempo de grande eficiência e total inaptidão. Teme o caos, a desordem (quanto mais tenta
ordenar, maior é a impressão de caos).

Num desenvolvimento ideal o indivíduo colocará as questões da relação entre parte


e todo a nível filosófico, e não puramente pessoal, compreenderá que há uma fluidez no
universo entre o caos e o cosmos, e que é impossível construir sistemas fechados,
impermeáveis à acidentalidade.
Seu esquema adaptativo pode ser: organizar para si um sistema fechado de vida,
com critério e ordem inquestionáveis (para não pensar mais sobre isso), apegando-se aos
seus hábitos e excluindo qualquer acidentalidade; abandonar-se ao caos, desistindo de
organizar sua vida , suas coisas e atos num sistema inteligível ou delegar a outra pessoa de
seu convívio a função de organizar a sua própria vida, excluindo-se disso.

APORIA

É o todo que determina as partes, ou são as partes que determinam o todo? Se as


partes só adquirem realidade no todo, o todo nada pode ser, já que se compõe de partes que
em si mesmas não são nada.
Se a ação só pode ser eficiente quando baseada numa visão do todo e, por outro
lado, toda a ação é desinteressar-se da visão do todo para mergulhar num fluxo particular de
causa e efeito, é impossível controlar a eficiência da ação em curso. Logo, toda ação é
ineficiente. Entre teoria e prática existe um abismo intransponível, pois não existe
intermediário entre o geral e o particular. O coeficiente de irracionalidade e aposta que
existe em toda ação introduz hiatos no sistema do mundo; mas como agir sem a expectativa
de uma resposta sistêmica?

3* SÍNTESE

É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer


informação que afete seu encaixe no sistema das exigências circundantes imediatas.

4* EXEMPLOS

Gustave Flaubert, Thomas Mann, Henry Miller.

JÚPITER
Acredita piamente na própria capacidade de resolver qualquer problema prático que
se apresente, com eficiência e rapidez. Resolve rapidamente qualquer situação de
organização de vida, não chegando nem a sentir o problema. É como se o indivíduo fosse
mais rápido que o problema. O problema não consegue prendê-lo, pois ele já acha logo uma
saída, impondo-se sobre a situação. Como não chega a tensionar com o problema, buscando
espontaneamente a solução, as pessoas a quem ele pede auxílio encontram prazer em ajudá-
lo, mas, por outro lado, como parece muito auto-suficiente, as pessoas não chegam a
acreditar realmente que ele necessita desta ajuda. Cria sua própria ordem.

5* SÍNTESE

Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos seu encaixe no sistema das
exigências circundantes imediatas.

6* EXEMPLOS

George Washington, Gustave Flaubert, Júlio Verne, Vincent Van Gogh, Mia Farrow.

MARTE
Reage a tudo que possa desestabilizar a ordem estabelecida para si mesmo, o
esquema de funcionamento de sua vida e rotina. Algo que saia para fora do lugar
estabelecido, ou algo que falte, para o sistema concebido por ele ficar completo. Luta
contra uma desorganização, mas com isso pode desorganizar outras situações. A própria
velocidade com que interfere para vencer a desorganização gera mais desorganização,
principalmente porque o indivíduo ataca com todas as suas forças o detalhe que o incomoda
no momento, sem ter em vista o desarranjo muito mais vasto que sua interferência pode
causar.
Age rapidamente para restabelecer a ordem concebida, na ilusão de não se
preocupar mais com isso. Quer tudo funcionando, mas não quer questionar, pensar sobre
esse funcionamento, motivo pelo qual seu senso de funcionalidade é imediatista e, no
fundo, desorganizador. Pode também se encher de regras, para si e para os outros, no
sentido de tornar tudo extremamente funcional, para não ser incomodado por nenhum dado
fora desse sistema, que, no entanto, está pronto a abandonar à mais leve provocação.

7* SÍNTESE

Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete seu encaixe
no sistema das exigências circundantes imediatas.

8* EXEMPLOS

Immanuel Kant, Karl Marx, Júlio Verne, Henri Matisse, Marcel Proust, Hermann
Keyserling, Judy Garland.
VÊNUS
Imagina-se totalmente adaptado ao ambiente imediato (a maneira como dispende a
energia de tempo, como percebe seu próprio ritmo, seu encaixe no sistema do mundo, e
portanto sua funcionalidade), vendo-se como parte de uma organização perfeita e funcional
e se auto-satisfazendo com isto. Guarda na memória as vivências positivas do seu encaixe
no mundo. Completa harmoniosamente todas as formas, embelezando a vida, o cotidiano.
Imaginação harmônica da sua organicidade.
Se muito deprimido, ou imaginará um total desencontro entre suas aspirações e o
meio-ambiente físico imediato, ou procurará um ambiente que seja deprimente,
encontrando em algum tipo de humilhação ou incomodidade a “prova” de que sua tristeza
tem razão de ser. A imaginação é uma faculdade produtiva, cuja ação nunca é sem
consequências na esfera da vida real: daí a facilidade de produzir, por ela, profecias auto-
realizáveis; o indivíduo que está deprimido por qualquer razão, imaginará, caso tenha
Vênus na VI, que seus padecimentos provém da Casa VI (encaixe funcional no ambiente
imediato); e, para provar a si mesmo que tem razão, destruirá esse encaixe, com o que
criará motivos reais para estar deprimido; e assim por diante num círculo vicioso.

9* SÍNTESE

Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante seu encaixe no sistema
das exigências circundantes imediatas.

10* EXEMPLOS

Leonardo da Vinci, Wolfgang A. Mozart, William Blake, Frédéric Chopin, Giuseppe Verdi,
Theodore Roosevelt, Kaiser Guilherme II, Marcel Proust, Carl G. Jung, Hermann
Keyserling, Graciliano Ramos, Richard Nixon.

LUA
Valoriza a organicidade dos sistemas que o cercam no dia a dia, buscando um tipo
de organização de vida que lhe traga felicidade. É sensível às mudanças que alteram a
rotina diária, porque necessita sentir-se integrado aos esquemas já existentes, sem
despender nenhum esforço. O sentimento de desencaixe o deixa angustiado. A saúde varia
com o humor. Existe aqui uma identificação entre a funcionalidade orgânica e econômica e
a felicidade em sentido pleno; identificação que ora é real, ora é falsa: ora o indivíduo se
encontra feliz porque tudo funciona bem, ora produz sua própria infelicidade ao agir como
se o mero bom funcionamento bastasse para criar felicidade; ou, pior ainda, como se
qualquer necessidade superior e mais complexa devesse ser desprezada em nome da
funcionalidade. A idealização da funcionalidade tanto pode criar uma felicidade da vida
simples como simplificar mecanicamente a imagem da felicidade, criando uma expectativa
falsa, que se manifesta na proliferação de pequenas necessidades jamais satisfeitas.

11* SÍNTESE

Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação qualquer situação que afete seu
encaixe no sistema das exigências circundantes imediatas.

12* EXEMPLOS

Sta. Teresa de Ávila, Júlio Verne, Mark Twain, Vincent Van Gogh, Albert Einstein,
Hermann Keyserling, Charles de Gaule, Richard Nixon, Albert Camus, Judy Garland.

CASA VII

Refere-se a apreensão do eu através da relação com o outro, tudo que o indivíduo sabe de si
a pretexto de um outro indivíduo. Esta Casa é toda projetiva e o outro é a referência. É por
onde se conhece o especificamente idêntico e numericamente diferente. É o conjunto das
relações e sobretudo das expectativas bilaterais: como espero determinada resposta, ajo de
determinada maneira, mas ao mesmo tempo minha maneira de agir fundamenta a
expectativa de resposta. É o conhecimento por espelhismo, a definição mútua dos papéis,
com toda a constelação de expectativas, direitos e deveres supostos.

SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA ELETIVA
A primeira coisa que o indivíduo intui é o outro e intui a si próprio enquanto um dado
colocado por outra pessoa. Se não tem a referência a um outro não sabe como agir por ficar
sem informação, se não há confronto não enxerga a situação. A operação de comparação
entre o sujeito e os outros é instantânea, natural e não problematizada; captando
intuitivamente o sistema de proporções entre o seu comportamento e o do outro e agindo
em função de tal captação, adaptando-se , seguindo as regras de convivência que percebe
intuitivamente (compreensão da bilateralidade no relacionamento humano). Porém, é uma
captação momentânea, não tira conclusões e não influencia outros momentos. A
informação comparativa entre o eu e o outro resulta no dado bilateral que tem como única
finalidade sua adequação à situação particular.

Para este indivíduo, perceber algo é perceber que as coisas têm ambigüidade. Para se
definir diante de uma situação é necessário uma proposta de ação à qual ele possa dizer sim
ou não. Sua inteligência exige uma escolha, uma preferência. Se deixada a si mesma, não
tem partido algum a tomar. O que é real para ele é a opção que tem a tomar. Entretanto
toma partido superficialmente porque sua atitude é momentânea e plástica. Percebe os
contrastes ou os fabrica para poder intuir.
Geralmente apresenta uma desenvoltura harmônica com o ambiente onde está, pois faz
parte da sua natureza perceber se está agradando ou não e tomar atitudes adaptativas
conforme um desejo autoconsciente de agradar ou desagradar.

Percebe as pessoas representando vários papéis, e trata de se adaptar a tais papéis


momentaneamente, seguindo as regras do jogo ou violando-as conscientemente. Sempre
sabe se é um adepto ou um adversário.

SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade as relações de
expectativa bilateral.

EXEMPLOS
Carl G. Jung, Herman Hesse, Adolf Hitler, André Malraux, Tyrone Power.

SATURNO
O indivíduo focaliza sua atenção no outro, e constata perplexo que cada pessoa o vê de
forma diferente. Os outros funcionam para este indivíduo como um espelho e com tantas
imagens fica difícil obter uma imagem coerente de si mesmo. Ao contrário do indivíduo
com Sol na VII, que se adapta instantaneamente pró ou contra a imagem que os outros
fazem dele, a pessoa de Saturno na VII compara incessantemente as muitas imagens obtidas
ao longo da vida, tentando uma síntese, a qual é inevitavelmente problemática, o que
dificulta as tomadas de posição momentâneas.

Os outros são vistos como reais e o indivíduo mesmo se sente insubstancial, escorregadio.
Em tudo o que faz se sente observado por espectadores (reais ou imaginários) e procura
corresponder às diferentes expectativas deles. Tenta desesperadamente julgar a conduta
alheia para referenciar a sua própria. Cada vez que compara seu comportamento ao do
outro (ou o de um indivíduo ao de outro), quer extrair uma regra para explicar seus
comportamentos passados, e preparar os futuros, na tentativa de criar um código moral e
jurídico para si mesmo. Desta forma, o indivíduo, tentando controlar os papéis que
vivência, se sente tão insubstancial na tentativa de agradar a todos, que se torna vulnerável
a que os outros o transformem no que queiram, “grudando” nele a máscara que desejarem.

Só consegue entender o outro por um esforço imaginativo, que tem de ser aprendido. Pode
imaginar o outro completamente diferente do que é, portanto pode inventar uma
constelação de seres ideais, criando um esquema de comportamentos que espera das outras
pessoas, e que usa como padrão de julgamento. Este indivíduo quer uma regra, um esquema
para saber se a resposta do outro é coerente e de acordo com a expectativa dele.

Tem sempre a impressão de não saber perfeitamente quem é o outro com quem está
convivendo. Pode tratá-lo sempre do mesmo jeito mas com intenções diferentes ou de
diferentes maneiras mas com a mesma intenção. Cada situação de bilateralidade é vivida
como amostra de regra geral para que possa avaliar o comportamento anterior e projetar o
futuro comportamento. Na relação, confiar e desconfiar é sempre um processo
desconfortável porque há rigidez na avaliação do comportamento anterior. Qualquer falha
do outro é motivo de desconfiança, admitida conscientemente ou não. Tudo o que eu sei do
outro é o que o outro não sabe e o que o outro sabe de mim é o que eu não vejo... Há uma
rigidez tanto no exigir e cobrar quanto, alternadamente, numa benevolência sem critério no
julgamento do outro. Não seleciona as pessoas com quem convive. Acha que é possível
encontrar nos outros um espelho fixo de si mesmo, para coerir sua própria imagem.

Colocando a questão do auto-conhecimento através do outro num nível não existencial, mas
cognitivo, o indivíduo verá que é impossível ter uma visão coerente de si mesmo a partir
apenas da forma como é visto e tratado pelas outras pessoas, pois não há uniformidade na
conduta alheia; não há portanto um espelho estável de si mesmo no outro. Não estando
seguro de nenhum padrão de lealdade, não consegue saber se ele próprio é leal ou não, nem
se os outros são ou não traidores. Agindo por tentativa e erro, certamente erra, pelo menos
até que a experiência lhe permita consolidar certas conclusões gerais válidas.

Seu esquema adaptativo pode ser: inventar uma lei abstrata ou adotar uma conduta padrão,
em termos de como deve agir e do que esperar dos outros, fixando-se a ela; não esperar
nada dos outros, abstendo-se de julgá-los e aceitando o que vier; criar um esquema seletivo
de imagens dos outros.

APORIA
Se cada “outro” me vê como uma forma diferente, eu então não sou nada? Serei apenas um
conjunto de imagens?

SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que afete uma expectativa bilateral.

EXEMPLOS
Louis Pasteur, Benito Mussolini, Graciliano Ramos.

JÚPITER
A vontade e o livre-arbítrio do indivíduo exercem-se no relacionamento com o outro.
Sente-se tranquilo e confiante em relação à sua capacidade de moldar os relacionamentos à
vontade, estabelecendo padrões de julgamento bilateral aceitáveis por ambas as partes e no
entanto favoráveis, no fim, aos seus intuitos pessoais. Dito de outro modo, sente poder
harmonizar interesse e direito. Por isto, pode transmitir como imagem de pessoa confiável e
bom conselheiro, do mesmo modo que acredita, e não sem fundamento, poder ter confiança
nos outros e encontrar entre eles bons conselheiros. Tem uma arte peculiar de ser fiel aos
compromissos e manter-se livre deles ao mesmo tempo.

Possui uma extrema plasticidade nas situações ambíguas, sentindo-se a vontade para se
posicionar de um lado ou de outro, conforme a sua decisão, sem se dobrar a pressões
externas, ou para mudar livremente o quadro das alternativas propostas. Quer sempre
colocar-se acima das circunstâncias interpessoais e simplesmente confiar no seu julgamento
a respeito das relações e na lealdade dos amigos. Provavelmente terá poder de persuasão,
impondo sua vontade sobre a do outro de uma forma que parecerá atender exatamente às
solicitações do outro.

SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de criar expectativas bilaterais favoráveis a seus propósitos.

EXEMPLOS
Edouard Manet, Woodrow Wilson, Mohandas K. Gandhi, F. Scott Fitzgerald, Jean-Paul
Sartre, Marilyn Monroe.

MARTE
Reage imediatamente a qualquer interferência real ou suposta dos outros em relação a ele.
Ao perceber um mínimo sinal de hostilidade ou oposição, quer definir logo quem está com
quem. Já se declara partidário ou inimigo. Esta reação, evidentemente, pode ser mais ou
menos visível conforme o temperamento; o que é característico é a quase total incapacidade
para permanecer sinceramente neutro ou indiferente (exceto, é claro, nos casos que não
perceba lhe dizerem respeito). Diante de qualquer ameaça de interferência, reage antes do
fato consumado para não prolongar o sofrimento da espera e da indefinição. Nem por isso
guarda rancor, e no dia seguinte pode tratar como amigo aquele a quem se declarou
inimigo. A relação com o outro é sempre intensa e cheia de contrastes.

SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete uma
expectativa bilateral.

EXEMPLOS
George Washington, Auguste Comte, H. Toulouse-Lautrec, Benito Mussolini, Charles
Chaplin, Adolf Hitler, Henry Miller, Mário F. dos Santos.

VÊNUS
Guarda na memória as situações favoráveis de relacionamentos bilaterais. Imagina as
pessoas melhores do que são, idealizando-as, e se torna mais simpático por isso. Equipara o
outro a si mesmo. Projeta uma imagem de beleza em seus relacionamentos, se auto-
satisfazendo com isto, e só levando em consideração a situação real quando esta não
desmente suas expectativas.

A imagem ideal de beleza e harmonia projeta-se sob a forma de rostos humanos e presenças
humanas. Daí a necessidade de imaginar as pessoas sob uma ótica favorável. Quando muito
deprimido, porém, este indivíduo encontra uma quase impossibilidade de lançar sobre os
outros essa luz favorável; sua escuridão interior se projeta sobre os rostos dos demais, e a
visão de um ambiente humano triste e deprimente surge como a confirmação dos motivos
de sua tristeza; só que, como sempre acontece com as posições de Vênus, essa mera
confirmação projetiva é tomada como causa e explicação. Em vez de reconhecer que já não
consegue admirar os outros porque está deprimido, o indivíduo dirá que está deprimido
porque as pessoas em torno são feias e sem graça.
SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante todas as situações que
envolvam expectativa bilateral.

EXEMPLOS
Franz Schubert, Edgar Degas, Henri Matisse, Bertrand Russell, Charles Chaplin, Adolf
Hitler, Jean-Paul Sartre, Arthur Koestler.

LUA
Valoriza o outro, esperando que este lhe satisfaça os desejos. Por ser profundamente
alterado pelo que os outros fazem, seu estado emocional flutua de acordo com o humor do
parceiro. Deseja ser adivinhado, compreendido, aceito e gostado. Como o outro é, para ele,
a fonte imediata de sua alegria ou tristeza, ele se vê funcionalmente impedido de constituir
em torno de si a carapaça de impessoalidade e frieza que muitas situações exigem; pois a
mera necessidade de ocultar-se por trás de uma carapaça o torna muito infeliz, na medida
em que bloqueia o intercâmbio de sentimentos. Por isto, a decepção ou a inimizade aberta
podem lhe parecer até mesmo preferíveis à segurança de um relacionamento mais distante e
impessoal. Sendo hipersensível à gratificação ou frustração provenientes dos outros, tende a
imaginar que estes também o são, e que dele esperam tanto quanto ele espera deles; motivo
pelo qual pode desgastar-se em solicitudes descabidas e meramente projetivas, sentindo-se,
ao mesmo tempo, frustrado pela falta de retribuição. Absorve os espaços afetivos dos
outros e por isso perde o senso do limite nas relações.

SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação qualquer expectativa bilateral.

EXEMPLOS
Benito Mussolini, Henry Miller, Marilyn Monroe.

CASA VIII

Refere-se ao potencial de ação do indivíduo num momento presente, numa situação que
requeira a ação do sujeito através de uma decisão imediata, de emergência. É um potencial
de estimativa e conjectura. Ao contrário da Casa II, que se refere à percepção do dado, do
fato consumado, como numa tela exposta, a Casa VIII é antecipação, é conhecimento
estimativo e quase premonitório do potencial imediato contido na situação. Não confundir
com Casa XI, que é antecipação de meras possibilidades, e portanto escolha e plano de
futuro. A Casa VIII não implica nenhuma escolha livre, mas apenas uma decisão imediata,
praticamente forçada pela percepção súbita de uma mudança iminente.

SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA INQUISITIVA
Percebe facilmente as tensões latentes numa situação presente, isto é, sua atenção dirige-se
naturalmente para a tensão oculta das coisas. Intui possibilidades de ação imediatas. A
inteligência é centrada numa espécie de pressentimento do momento, do que pode
acontecer, dos fatores que podem alterar o quadro repentinamente. A situação de
emergência ou de urgência faz com que enxergue melhor, o medo é um estimulante. Por
outro lado, pode desligar-se ou agir com pouco sentido em situações que não lhe solicitem
nada de imediato. Situações estáveis e rotineiras, negando estímulo à sua inteligência,
tenderiam ou a embotá-la ou a convidá-la a enxergar o que não existe; pode ser que ainda o
indivíduo, não enxergando um potencial imediato de mudança, tenha de criá-lo ele mesmo,
só para poder enxergar melhor. Visualiza a situação e sente-se mais confortável quando
confirma seu pressentimento. É uma inteligência que funciona espasmodicamente,
oscilando entre um repouso quase anestésico e a irrupção súbita e um fluxo vertiginoso de
intuições muito precisas.

SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade as causas de
mudança iminente do estado de coisas.

EXEMPLOS
P. Charles Baudelaire, Kaiser Guilherme II, Bertrand Russell, Graciliano Ramos, F. Scott
Fitzgerald, Jean-Paul Sartre, Arthur Koestler, John F. Kennedy.

SATURNO
A perspectiva de mudanças iminentes suscita neste indivíduo toda a sorte de interrogações
que visam a enquadrar esta situação particular numa regra geral que seria válida para todos
os casos similares. Dito de outro modo, o impulso generalizante da razão é acionado pelas
situações de emergência, que são vistas como incongruentes e problemáticas sempre que
não possam ser reduzidas a meros exemplos de uma regra geral já conhecida. Como é
muito improvável que alguém já conheça de antemão todos os tipos de situações de
emergência em que poderá envolver-se — exceto dentro de algum âmbito particular a que
esteja habituado, como por exemplo, no âmbito da sua profissão —, é quase certo que na
maior parte dessas situações o indivíduo se verá assoberbado por uma multidão de
perguntas sem resposta e, logo, por uma indecisão paralisante. Rejeita criticamente estas
situações e sente necessidade de ter regras, padrões de reação para todas as situações de
emergência, buscando uma garantia permanente contra todos os imprevistos. Como essa
garantia não existe, surge um sentimento de impotência, de que não é possível desencadear
efeitos significativos sobre as situações. Mesmo que faça algo não consegue reconhecer o
efeito. Nada do que faça lhe parece ter a mínima consequência. Tem medo do imprevisto.
Quer chegar a um domínio racional das coisas, controlar o conjunto das causas eficientes;
como não consegue, lhe parece que todas as coisas acontecem pela sua falta de
interferência ou por sua ação falha, o que pode criar nele, em reação, uma verdadeira
compulsão de interferir, e ao mesmo tempo, uma dificuldade maior ainda de fazê-lo com
eficiência e adequação.
Tudo o que capta sensorialmente só é compreendido pela antecipação da experiência, os
sentidos dão um pedaço da história e a antecipação dá o resto. O mundo deixa de ser visto
como uma coleção de coisas e passa a ser visto como uma coleção de latências e
possibilidades que se renovam a cada ação de momento, mas, ao contrário do indivíduo
com Sol na VIII, Saturno na VIII deseja limitar e enquadrar essas latências num quadro
finito. Busca a ação perfeita e segura, definitiva, e por isso está sempre indeciso. É comum
a experiência de pânico, de medo que paralisa, nos momentos decisivos. Tende a ficar
sempre se preparando para alguma situação de emergência possível.

Num desenvolvimento ideal, este indivíduo colocaria a questão num ponto de vista
filosófico até corrigir a ilusão de segurança absoluta para agir. Poderia transcender tal
problemática desenvolvendo sua capacidade de investigação, procurando descobrir as
causas eficientes dos acontecimentos a longo prazo.

Seu esquema adaptativo pode ser: demarcar um setor no qual crie um sistema de
previdência, preparando-se para um certo tipo de emergência, sendo desta forma muito
mais eficiente nas situações para as quais se preparou ou então fugir ou se omitir de
situações emergenciais.

APORIA
Qual seria o padrão racional para resolver imprevistos, se imprevistos, por definição, são
situações que escapam ao que se pode prever?

SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que se afete suas crenças estabelecidas.

EXEMPLOS
Sta. Teresa de Ávila, William Blake, Giuseppe Verdi, P. Charles Baudelaire, Edgar Degas,
Paul Gauguin, Guy de Maupassant, Tyrone Power.

JÚPITER
Autoconfiança nas horas de perigo, nas grandes dificuldades, motivada pelo pressentimento
de que, paradoxalmente, as exigências prementes da situação aumentam, em vez de
diminuir, suas possibilidades de escolha. Não tem medo de situações de perigo, de crise, de
precipitação de acontecimentos súbitos, pois confia ilimitadamente na sua liberdade de
ação, da qual toma consciência mais aguda justamente nestas situações (permanecendo,
relativamente, esquecido dela nas situações corriqueiras e “normais”). Por isso, não chega a
se abalar com mudanças no rumo dos acontecimentos, na configuração da situação
presente, e consegue manter um firme senso do seu poder. É mais eficiente nas situações de
extrema gravidade do que nos acontecimentos da vida cotidiana.

O pressentimento da morte próxima surge como uma libertação de todos os entraves da


vida cotidiana e, por isto, como um acréscimo da potência pessoal. A disposição de aceitar
a morte acaba funcionando como um instrumento de salvação nas piores horas.
SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos as mudanças iminentes do estado
de coisas.

EXEMPLOS
Frédéric Chopin, Charles Dickens, P. Charles Baudelaire, Louis Pasteur, Oscar Wilde,
André Gide, Carl G. Jung, Leon Trotsky, Benito Mussolini, John F. Kennedy.

MARTE
Reatividade pura: percepção fácil e respostas prontas às situações de emergência, de perigo,
de dificuldade, e ao mesmo tempo uma extrema suscetibilidade a estas questões. Precipita a
situação antes que ela aconteça.

Reage imediatamente fugindo ou enfrentado a situação. O importante é não ficar como está,
não prolongar a tensão, o perigo. Pode tornar-se previdente para perigos iminentes. Por não
querer correr risco algum fica sempre alerta; fareja crises, pressente mudanças. Em geral é
irrequieto.

SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que anuncie uma
mudança iminente do estado de coisas.

EXEMPLOS
Hans C. Andersen, Abraham Lincoln, Frédéric Chopin, P. Charles Baudelaire, Auguste
Rodin, Pierre A. Renoir, Theodore Roosevelt, Bertrand Russell, Albert Einstein, André
Malraux, John F. Kennedy, Marilyn Monroe.

VÊNUS
Completa imaginativamente as transições e mudanças, suavizando-as e se auto-satisfazendo
com isto. Projeta uma imagem idealizada das situações que estão por acontecer, prevendo-
as desta forma.

A função principal da imaginação é completar num quadro harmonioso os dados


fragmentários da experiência. É pela imaginação que estes adquirem um lugar e um sentido
no conjunto. Vênus na VIII indica que as mudanças iminentes, por mais imprevistas e
“irracionais” que se anunciem, já aparecem como felizes complementações; em vez de
romperem a unidade de um quadro estabelecido, fornecerão, ao contrário, os elementos
faltantes para completá-la: o que está para acontecer aparece sempre como “o que faltava
para tudo ficar bem”. É claro que esta expectativa é puramente subjetiva e independe do
conteúdo real dos acontecimentos; é claro também que, nessas condições, a espera de um
desenlace próximo, que pode ser angustiosa para muitas pessoas, aqui adquire uma aura de
encanto e excitação. A associação da Casa VIII com o sexo vem através da noção de um
acúmulo tensional que termina numa descarga. Trata-se de apenas um dos aspectos do sexo
reconhecidos por Otto Weininger: o aspecto paroxismal, não o sexo como comunicação.
Em caso de depressão profunda, a expectativa da completude perverte-se numa atração pela
descarga enquanto tal, numa busca do paroxismo e, logo, numa alternância de indiferença
abúlica e excitação exacerbada.

SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante qualquer mudança
iminente do estado de coisas.

EXEMPLOS
Ralph W. Emerson, P. Charles Baudelaire, Herman Hesse, Benito Mussolini, F. Scott
Fitzgerald, Mário F. dos Santos, Tyrone Power.

LUA
Enfatiza a possibilidade de mudança iminente do estado de coisas, quer como valor
positivo, quer como negativo. É vulnerável à captação da latência das coisas, que modifica
seu estado interior. É movido por esta expectativa. Sente atração e temor pelo perigo. Tem
avidez de mudar as coisas pela extrema necessidade de fazer algo para aliviar a tensão
interna — não por sentimento do dever — e, em geral, a mudança obtida não responde à
expectativa, porque, no fundo o que importava não era o conteúdo da mudança esperada,
mas a manutenção do movimento. O pressentimento do que está para acontecer afeta
continuamente o estado de ânimo do indivíduo. Estado de alerta, de atenção para o que vai
acontecer. Há o desejo e o temor de que as coisas aconteçam, que se expressa, ora no
esforço para precipitar um desenlace, ora para evitá-lo. Tende a amplificar qualquer sinal
de perigo. É indefeso diante dos perigos imaginários, uma vez que, precisando deles como
estímulo, no fundo não deseja se livrar deles. Vive numa espécie de equilíbrio instável entre
o temor e a esperança, como se a continuidade do seu movimento vital dependesse de não
se definir nem por um nem pelo outro e também de não repousar estaticamente num ponto
intermediário.

SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação qualquer informação que
anuncie mudança iminente do estado de coisas.

EXEMPLOS
Louis Pasteur.

CASA IX

Refere-se ao sistema de crenças do indivíduo, à captação de verdades gerais, de


princípios, de certezas com as quais possa formar juízos sobre o mundo que o rodeia. É o
objetivo e termo final do pensamento, aquilo que não precisa ser pensado ou questionado
porque já é sabido. Cada pensamento nosso se assenta em juízos anteriormente pensados, e
que não são recolocados em questão. A Casa IX é o arquivo do já sabido. Isto não quer
dizer que estas crenças tenham de ser objetivamente verdadeiras, mas apenas que são
tomadas pelo indivíduo como certas e inquestionáveis, pelo menos até segunda ordem.

SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA AFIRMATIVA
O indivíduo enxerga naturalmente nas coisas uma verdade, extrai delas uma crença, e isto
de uma maneira mais ou menos direta, reduzindo ao mínimo indispensável a intermediação
do questionamento dialético. Apreender intuitivamete, crer e generalizar são compactados
numa só operação instantânea. Toda a mediação dubitativa é rejeitada como mera perda de
tempo ou como um adiamento covarde. Há uma grande propensão de saltar diretamente
para as conclusões, evitando a investigação de aspectos problemáticos ou ambíguos. Daí
uma espécie de contraste direto e bruto entre a verdade e o erro: ou capta diretamente a
verdade num ato intuitivo, ou adere instantaneamente a uma falsidade. Daí também a
dificuldade inicial de rever criticamente suas opiniões, sendo a operação de revisão
substituída por mudanças em bloco: a crença querida é rejeitada no todo e sem mediações,
em favor de uma outra. Tem, por isso, dificuldade em aprender a perspectiva de um outro
indivíduo. Suas crenças são auto-referidas. As verdades intuídas vão sendo empilhadas num
sistema de crenças e confirmam umas às outras. Busca a firmeza, a convicção. A certeza
lhe é vitamínica. E, por isto, prefere à dúvida a negação pura e simples.

Tende, portanto, a perseverar no seu próprio discurso, pois mudanças contínuas e parciais
na direção do pensamento — como as que são normais e habituais com o indivíduo com
Sol na III — criam uma incerteza na qual sua intuição apaga. A parte fundamental do seu
pensamento é a parte afirmativa; quer a conclusão, a verdade, a consolidação de um juízo.
Se fizer polêmica é para impor a posição que já tem. Para poder intuir, precisa dar a si
mesmo e aos outros uma impressão de certeza, embora isto não queira dizer que tenha
realmente certeza. A certeza real só pode ser verificada através da segurança dos seus atos.
Enquanto para o Sol na III o movimento do pensar, falar, narrar é tudo, para o Sol na IX
este movimento é incômodo, pois é só um meio.

SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade tudo quanto
constitua motivo de certeza, de confirmação de suas crenças estabelecidas.

EXEMPLOS
Franz Schubert, Ralph W. Emerson, Henry Ford, Marie Curie, Benito Mussolini, Henry
Miller, Mário F. dos Santos.

SATURNO
O indivíduo tenta encontrar verdades definitivas mas esbarra sempre na distância que há
entre a verdade lógica, atemporal, e a busca da verdade pelo indivíduo, através do
pensamento. Por isso, qualquer coisa que lhe proporcione um sentimento de certeza é
imediatamente questionada, o que cria uma ambiguidade intolerável: quanto mais crê, mais
duvida. Sente-se inseguro quando crê e duvida das próprias crenças, porque tudo submete a
uma crítica racional, ao mesmo tempo que a própria exigência de crítica racional lhe
aparece como uma incomodidade dolorosa, que desejaria evitar mas não pode. Necessita de
uma crença racional que possa resistir a qualquer crítica, mas não há outro meio de
fortalecer a crença senão submetê-la continuamente ao teste da crítica, o que resulta, com
desagradável frequência, em constatar sua irracionalidade.
Sente-se impelido a ter certezas, a sentenciar sobre qualquer coisa, pois só quer acreditar
em coisas definitivas. Entretanto, se crê em algo como definitivo, não pode pensar sobre
isso, questionar. Se questiona, fica repleto de contradições que não lhe permitem mais
acreditar. Fica com medo de perder suas convicções, de submetê-las a uma prova dialética,
discutindo-as com alguém ou pensando sobre elas, mas ao mesmo tempo a incerteza íntima
o faz questioná-las o tempo todo.. As contradições o paralisam cognitivamente, mas
também são irresistíveis. Toda a crença fica relativizada pela razão, pois qualquer
conclusão ou generalização lhe aparece como limitada em relação ao real. Ao mesmo
tempo, quer a solução, a conclusão final para todas as questões.

Num desenvolvimento ideal este indivíduo colocaria a questão como um problema


filosófico humano e não como um problema existencial seu, compreendendo que existem
verdades absolutas imutáveis, atemporais, que podem ser intuídas e talvez até provadas,
mas que, para poderem ser alcançadas pelo indivíduo têm de ser buscadas através de um
processo de pensamento que é cheio de dúvidas e contradições, do processo psicológico
que é frágil e contraditório e não é a verdade em si mesma. Só existe verdade na esfera do
conteúdo eidético, não na da sua representação ocasional por este ou aquele indivíduo neste
ou naquele momento em particular, a qual, sendo um fato psicológico, é instável e
passageira.

Seu esquema adaptativo pode ser: agarrar-se a uma verdade provisória ou a um sistema de
crenças que lhe permita repetir as mesmas verdades, sem pensar nelas (mas a dúvida aí é
chutada para a esfera do inconsciente e vai se exteriorizar através de atos ambiguos que
desmentem a univocidade aparente do discurso); permanecer inconclusivo, concordando
com tudo o que aparece; ceticismo — não crer em nada (e neste caso é a necessidade de
uma crença que é repelida para o inconsciente); pobreza filosófica, depressão intelectual:
decréscimo patológico da tensão intelectual, para evitar conflitos intoleráveis.

APORIA
Uma verdade que, na esfera do conteúdo eidético, é eterna e imutável, tem de ser
encontrada através de um pensamento que é fugaz e cambiante. Como encontrar a verdade
da idéia através da mentira do pensamento. A verdade verdadeira é impensável, e tudo o
que é pensável não é verdadeiro.

Outra formulação: A verdade está no ser; ora, não pensamos o ser, mas apenas signos. A
verdade escapa, portanto, da esfera do pensamento: é a inatingível “coisa em si” kantiana.

SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que se afete suas crenças estabelecidas.

EXEMPLOS
Napoleão Bonaparte, Richard Wagner, Arthur Rimbaud, Marie Curie, Leon Trotsky,
Franklin D. Roosevelt, F. Scott Fitzgerald, Richard Nixon.

JÚPITER
Confia plenamente na sua capacidade de formar seu próprio juízo da realidade, de tirar
conclusões a respeito das experiências que tem, de ver a verdade nas coisas. Tende a
colocar-se como um juiz, como quem olha do alto para as situações e sentencia sobre elas.
Faz questão de manter sua liberdade de julgamento em qualquer circunstância. Confia nos
próprios valores.

O problema do hiato entre pensamento e verdade (Saturno na IX) é aqui contornado pela
percepção instintiva de que a vontade é conhecida imediatamente, por intuição direta e sem
signos; de que, portanto, o conhecimento da própria vontade é a raiz e garantia da
veracidade das nossas crenças. Júpiter na IX acompanha a solução dada por Schopenhauer
à impossibilidade do conhecimento da coisa em si (Saturno na IX): posso conhecer
objetivamente minha própria vontade porque conhecê-la e criá-la é um só ato, independente
de representação (signo). A autenticidade de minha vontade é o que sustenta minhas
crenças, sem que eu necessite nem de uma percepção intuitiva da veracidade dos objetos de
crença (Sol na IX), nem de uma prova lógica que resista a toda crítica (Saturno na IX).

SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar às suas crenças todas as informações.

EXEMPLOS
Mark Twain, Bertrand Russell, Albert Einstein, Franklin D. Roosevelt, Simone de
Beauvoir.

MARTE
O indivíduo com esta posição sente-se ameaçado por qualquer coisa que possa abalar seus
valores e crenças; por qualquer expressão de dúvida alheia em relação às coisas em que
acredita. Enxerga em tudo um desafio às suas crenças e valores, e reage quer pela fuga à
discussão, quer pela argumentação inflamada, quer por uma súbita mudança de opinião.
Como, no entanto, suas crenças só se definem mais claramente diante da oposição, é
normal que este indivíduo busque essa oposição que no entanto o aborrece. A oposição
ajuda-o a afiar seus argumentos (expressos ou ocultos), mas arrisca-se também a derrubá-
los: daí a possível alternância entre a persistência teimosa e as mudanças súbitas de opinião.

SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete suas
crenças estabelecidas.

EXEMPLOS
Benjamin Disraeli, Claude Debussy, Henry Ford, Marie Curie.

VÊNUS
Guarda na memória imagens e exemplos que confirmam a verossimilhança de seus juízos,
apagando sistematicamente as recordações que assinalem perplexidades e contradições, ou
então integrando harmoniosamente estas últimas numa síntese imaginativa que, novamente,
confirma suas crenças. Completa imaginativamente de forma plástica e agradável suas
convicções, crenças e ideais morais, idealizando-as. Imagina-se no certo, se auto-
satisfazendo com isso. Considera irrelevante tudo o que não confirma sua crença.
Imaginação harmônica da credibilidade de suas crenças.

Em caso de depressão profunda, produz, com a mesma facilidade, imagens que dão
verossimilhança às crenças adversas. A capacidade de persuadir-se a si mesmo é grande em
ambos os casos, apenas operando no sentido do desejo ou contra ele.

SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante os motivos de
credibilidade que sustentam suas crenças estabelecidas.

EXEMPLOS
Napoleão Bonaparte, Friedrich Nietzche, Marie Curie, Thomas Mann, André Malraux,
John F. Kennedy.

LUA
Deseja estar no certo, conseguir um sentido ético, moral e religioso, ser “aprovado por
Deus”, mas ao mesmo necessita manter um estado de dúvida, que lhe dá um sentimento de
estar vivo; de modo que a necessidade da certeza só vale no sentido privativo, isto é,
enquanto a certeza não é encontrada. A certeza precisa ter uma confirmação afetiva, o que é
o mesmo que dizer que os juízos gerais abstratos buscam coincidir com a experiência
concreta da realidade sentida a cada momento. Como, porém, não existe passagem direta do
geral e necessário ao particular e contingente, há sempre uma tensão entre estes dois polos,
e o indivíduo com Lua na IX se sente vivo enquanto vivencia plenamente esta tensão; de
outro lado, esta vivência seria um sofrimento intolerável se não se fundasse na esperança de
uma resolução, a qual, no entanto, deve permanecer puramente potencial, sem realizar-se
nunca, para não deter o movimento. O indivíduo padece da própria flutuação em relação ao
que acredita, isto é, as mudanças do seu estado emocional confirmam ou desconfirmam
(valoriza ou desvaloriza) sua certeza naquilo que acredita.

SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação tudo que afete suas crenças
estabelecidas.

EXEMPLOS
George Washington, Benjamin Disraeli, Oscar Wilde, André Gide, Mia Farrow.

CASA X
Refere-se ao conjunto de funções e lugares sociais que o indivíduo efetivamente ocupa, e
que são definidos pelo poder que outros exercem sobre ele ou ele sobre os outros. Não se
trata de obrigações de direitos bilaterais, e portanto relativos, como os da Casa VII, e sim
de obrigações absolutas que o indivíduo tem para com a sociedade toda (e não para com
este ou aquele indivíduo ou grupo em particular), em decorrência do lugar ou função que
ocupa. Por exemplo, as obrigações inerentes a uma determinada profissão independem de
que outras profissões cumpram suas obrigações respectivas: um engenheiro tem o dever
absoluto de ser correto nos cálculos, independentemente de que seu cliente lhe pague ou
não. É a auto-referência social a partir da posição do indivíduo no sistema de hierarquia: o
poder e a influência que emanam da sua função social (real ou nominal), os aspectos
coercitivos presentes na relação do indivíduo com os outros (pelos papéis que assumiu).
Trata-se do exercício e padecimento do poder que é delegado pela situação histórica, social
ou política (e não de um poder inerente às capacidades do indivíduo, como na Casa V). A
função social efetiva não tem de corresponder necessariamente ao cargo ou profissão
nominal: um deputado, por exemplo, pode ao mesmo tempo ser informalmente o líder do
seu partido, e suas obrigações emanarão ao mesmo tempo de uma função e da outra. De
outro lado, as obrigações de Casa X não se limitam de maneira alguma à esfera
profissional: a função de pai, por exemplo, implica alguns deveres absolutos, além dos
bilaterais.

SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA TOPOLÓGICA
Mapeia de imediato a situação social. Enxerga os indivíduos em termos de sua localização
na topografia das relações, isto é, percebe rapidamente quem manda e quem obedece — a
hierarquia — e o que convém para que ele próprio possa se situar com clareza nessa
hierarquia, e buscar nela o lugar que julga conveniente. Olha as coisas de cima, como se já
estivesse no topo do sistema de poder. Vendo a sociedade de maneira topográfica, como se
já a conhecesse desde cima, o indivíduo tende a se impor sobre a sociedade, querendo
moldá-la por si. Entretanto, se ficar isolado do meio social, o indivíduo não compreende
mais nada, sua inteligência se apaga, pois perde a sua referência natural. Percebe a dosagem
e o equilíbrio dos poderes coercitivos em jogo e se adapta provisoriamente à situações de
poder. Não olha os indivíduos isolados, e nem mesmo nas relações bilaterais, mas procura
quase que instintivamente encaixá-los no sistema total das relações, para poder enxergá-los
melhor.

SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade a hierarquia de
poder, tal como pode percebê-la como um todo desde o lugar que nela ocupa.

EXEMPLOS
Johan W. von Goethe, Napoleão Bonaparte, Auguste Comte, Honoré de Balzac, Júlio
Verne, Auguste Rodin, Paul Gauguin, Vincent Van Gogh, Thomas Mann, Albert Einstein.

SATURNO
A estrutura hierárquica gera estranheza no indivíduo, as relações de poder aparecem-lhe
como inverossímeis, contraditórios ou problemáticas. Pergunta-se se é o indivíduo quem
exerce poder sobre a sociedade ou se é a sociedade que faz dele um mero fantoche a seu
serviço. De cada experiência que vive, tenta abstrair uma regra ou lei sociológica sobre as
relações de poder. Estranha o poder, a autoridade e sua própria posição social, o lugar que
ocupa em relação aos outros. O poder que tem parece-lhe emprestado e não real. Toma para
si o peso da responsabilidade sobre as questões sociais, e, se dispõe de algum poder, este
não lhe parece totalmente adequado (na quantidade ou na forma) às responsabilidades que
lhe incumbem. Pode ter uma certa facilidade de captar a estrutura social como um todo,
contanto que a olhe abstrativamente e sem tentar enxergar, ao mesmo tempo, seu lugar
dentro dela; inversamente, a consciência que tem de suas obrigações imediatas, definidas
por sua função pessoal, não lhe parece encaixar-se harmonicamente na estrutura global. A
busca de uma definição precisa de sua função pessoal — busca que visa a aliviar a angústia
da incerteza quanto às suas obrigações — pode colocá-lo numa camisa-de-força, que ele
sentirá, depois, como imposta desde fora; a tentativa de escapar dessa camisa-de-força o
levará a confundir a luta contra si mesmo com a luta contra a imposição externa, e a
desorientação daí resultante o fará buscar uma definição ainda mais estrita de sua função e
deveres; e assim por diante indefinidamente.

Num desenvolvimento ideal este indivíduo colocaria a questão da realidade do seu poder
pessoal num âmbito não pessoal, filosófico ou científico, utilizando sua preocupação como
instrumento para o conhecimento da sociedade humana ou incorporando os valores de seu
grupo, tornando-se um servidor do grupo ou da nação.

Seu esquema adaptativo seria: agarrar-se com firmeza a alguns valores da sua comunidade,
baseando seu poder na imitação de tais valores (anulação da própria personalidade); tentar
“subir na vida” para enxergar a sociedade desde cima, procurando assim compreendê-la;
colocar-se fora da sociedade, em posição marginal; ocupar uma posição manifestamente
abaixo de sua capacidade.

APORIA
Se todo o poder é delegado pela sociedade, quanto mais poder tenho mais dependente da
sociedade me torno, e portanto tenho menos poder. Para realizar meus desejos pessoais,
devo subir na escala social; para subir na escala social devo amoldar-me às exigências do
lugar que pretendo ocupar; e para isto, devo abdicar de meus desejos pessoais.

SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que se refira ao seu lugar na hierarquia de poder.

EXEMPLOS
Leonardo da Vinci, Victor Hugo, Hans C. Andersen, Abraham Lincoln, Anatole France,
Woodrow Wilson, Henry Ford, Marcel Proust, Albert Einstein, Pablo Picasso, Charles
Chaplin, Adolf Hitler, André Malraux, J. Guimarães Rosa, Albert Camus, John F.
Kennedy.
JÚPITER
Deseja determinar livremente seu lugar na sociedade, independentemente de como funciona
o sistema de hierarquias e pressões que o compõem. Não tem medo da sociedade e confia
na sua capacidade de chegar ao topo dela, de dominá-la ou pelo menos de a obrigar a
aceitá-lo tal como ele é. Quer ser livre das determinações sociais, que ele entende não como
um molde ao qual devesse adaptar-se, mas, ao contrário, como mera matéria-prima sobre a
qual exercer sua criatividade pessoal. O natural para este indivíduo é colocar-se sempre um
grau acima dos outros, quer no sentido de ter mais autoridade quanto no de não temer
qualquer responsabilidade, por maior que seja (mesmo que, numa avaliação realística, elas
lhe sejam objetivamente superiores). Evitando qualquer exame deprimente de suas próprias
limitações para este ou aquele posto, tanto pode evoluir continuamente e tornar-se cada vez
mais capaz, quanto tornar-se um satisfeito incompetente. Provavelmente será visto pelos
outros como capaz de assumir qualquer responsabilidade. Confia na sua própria autoridade,
o que às vezes a torna real. Quando ocupa uma posição subordinada, acredita geralmente
poder manipular os superiores em causa própria e, quando não o consegue, prefere
abandonar o cargo. No entanto, reconhece facilmente a legitimidade de uma autoridade,
quando esta lhe parece expressar seus próprios ideais, pois neste caso a obediência não
implica constrangimento.

SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos o seu lugar na hierarquia de
poder.

EXEMPLOS
Franz Schubert, Honoré de Balzac, Victor Hugo, Auguste Rodin, Pierre A. Renoir, Henri
Matisse, Pablo Picasso, André Malraux.

MARTE
O indivíduo com esta posição é sensível a situações onde sinta sua posição, dentro
de determinada hierarquia social, ameaçada, seja de cima (por uma autoridade coatora), ou
de baixo (por um subordinado rebelde).
Reage querendo derrubar aquele que exerce poder sobre ele, porque é extremamente
incômodo obedecer, e mais incômodo ainda refletir para definir com precisão os deveres
que sua posição determina. Sendo hipersensível em questões de mando e obediência,
enerva-se facilmente quando essas questões se tornam complexas, e procurará resolvê-las
de maneira sumária, o que pode significar tanto o exercício de um comando autoritário,
quanto uma explosão de rebeldia, ou ainda a retirada brusca e sem explicações: em todos os
casos há uma recusa espontânea da reflexão e uma necessidade de simplificar, mesmo que
em prejuízo próprio. A rapidez da reação parece mais importante do que o conteúdo da
intenção.

SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete o
seu lugar na hierarquia de poder.
EXEMPLOS

Wolfgang A. Mozart, Alexandre Dumas, Richard Wagner, Giuseppe Verdi, Gustave


Flaubert, Friefrich Nietzche, Vincent Van Gogh, Kaiser Guilherme II, Leon Trotsky,
Franklin D. Roosevelt, Tyrone Power, Mia Farrow.

VÊNUS
Guarda na memória o conjunto dos papéis, funções e relações sociais que observou nas
diferentes pessoas e situações durante a vida e que, a cada momento, constelam para este
indivíduo um sistema mais ou menos completo e coerente, no qual ele se orienta segundo
códigos facilmente operáveis. Concebe harmoniosamente o conjunto social e nele se
integra, idealizando sua posição social e utilizando esta idealização como uma forma de
progressivamente dar realidade ao papel que deseja desempenhar. A sociedade em que vive
aparece para este indivíduo como um leque de cartas de baralho no qual se pode sempre
escolher o mais conveniente. Como em todas as posições de Vênus, aqui o wishfulthinking
se torna uma arma na luta pela vida, conservando o indivíduo mais ou menos defendido dos
aspectos de sua posição social que ele não deseja conscientizar, por sentí-los como
deprimentes ou desmotivantes. Se auto-satisfaz imaginando que sua posição na hierarquia
de poder é melhor do que realmente é: mas o que é falso com relação à atualidade pode ser
verdadeiro na potencialidade. Imaginação harmônica do seu lugar no conjunto social.

Em caso de depressão profunda, o indivíduo passará a se identificar compulsivamente com


as piores cartas do baralho: basta que uma determinada posição no tecido das relações
humanas lhe pareça inconveniente ou humilhante, para que ela imediatamente adquira uma
verossimilhança “plástica” contra a qual nada poderão os mais engenhosos argumentos.

SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante os motivos de
credibilidade que sustentam suas crenças estabelecidas.

EXEMPLOS
Johan W. von Goethe, Paul Gauguin, Vincent Van Gogh, Henry Ford, Henry Miller,
Marilyn Monroe.

LUA
É extremamente sensível a sua própria posição na socie-dade humana e seu estado de
ânimo é profundamente alterado por esta. A felicidade dependerá do lugar que ocupa na
hierarquia de poder, mas, como sempre nas posições da Lua, aqui o que interessa não é o
conteúdo do bem em questão, mas o seu valor subjetivo; isto é, o que o indivíduo deseja
não é um determinado lugar na sociedade, mas a satisfação íntima que ele simboliza.
Como, por outro lado a relação entre o bem e o símbolo não é direta e lógica, mas indireta e
subjetiva, o indivíduo se move entre o desejo desse bem, o temor de que sua conquista não
traga a felicidade desejada, a angústia de perdê-lo e o desejo de conservar a felicidade em
caso de perda do bem que a simboliza — movimento quádruplo que é simbolizado nas
fases da Lua. Onde estiver a Lua, lá existirá a ambígua relação entre a definição geral e
abstrata de um valor e os bens particulares e concretos que o materializam imperfeitamente
a cada instante. Aqui, por exemplo, o “sucesso”, enquanto valor abstrato, pode ser
intensamente desejado, mas cada sucesso real alcançado é ao mesmo tempo uma
corporificação e um desmentido desse valor, no sentido de que nenhum sucesso é o
sucesso. Realização e decepção caminham de mãos dadas, do mesmo modo que decepção é
nascimento de novos desejos — e assim por diante interminavelmente. É isto o que explica
que, na casa onde está a Lua, a intensidade do desejo possa coexistir com estranha
passividade ou omissão no sentido de esforços reais para atendê-lo: o esforço traz o desejo
para a esfera do confronto com a realidade e, por isto mesmo, o esfria: daí que o desejo só
mantenha sua plena intensidade enquanto paira nas nuvens da mera suposição. Por isto, é
certo dizer que aqui o indivíduo menos deseja conquistar uma certa posição do que ser nela
colocado sem um esforço próprio demasiado evidente para ele mesmo; se ele luta para
conquistar esta posição, deve fazê-lo de maneira mais ou menos imperceptível (para ele
mesmo); se não luta, espera ao menos que a intensidade do seu desejo mobilize os outros
para que o satisfaçam.

SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação seu lugar na hierarquia de poder.

EXEMPLOS
Franz Schubert, Alexandre Dumas, Richard Wagner, Gustave Flaubert, Guy de
Maupassant, Mohandas K. Gandhi, Franklin D. Roosevelt, Graciliano Ramos.

CASA XI

Refere-se aos projetos futuros do indivíduo, aos planos de vida, a como ele concebe o
próprio futuro e o que deseja obter da vida em termos de uma imagem integral do
personagem que quer ser. Trata em termos mais amplos da inserção do indivíduo na
corrente histórica de sua época, nos ideais de sua geração. Por isso, está ligado ao desejo de
fama, de fazer algo extraordinário, que projete o sujeito para além de si, como
personalidade histórica ou “tipo notável”.

Esta Casa está, por isso mesmo, associada aos modelos e tipos ideais de conduta que
orientam e medem as ações do indivíduo; aos ídolos que ele venera e aos mitos a que
procura adaptar-se. Está associada tanto à idéia de “previsão” quanto a de “planejamento”:
à capacidade de enxergar o futuro tanto quanto à de forjá-lo, sendo às vezes difícil
distinguir quando se trata de uma ou outra destas coisas.

Refere-se também a idéia de geração como pertinência a um “grupo de juventude” com o


qual o indivíduo compartilha, explícita ou implicitamente, ideais e ambições porque é com
estes que o indivíduo se identifica em relação a um objetivo de vida parecido. É a
estratégia, como domínio do curso das coisas a longo prazo, em oposição ao domínio tático
da situação imediata (Casa V).
SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA ESTRATÉGICA
O indivíduo vê sua vida como um trajeto que culminará numa apoteose, quando ele
alcançar o que quer ser. Preocupa-se com o seu personagem e com o qual a figura que terá
ao longo do tempo. Enxergando-se como uma pessoa especial e importante, tem facilidade
de saber como as pessoas especiais e importantes enxergam o mundo. Vê na situação
presente o germe do futuro, tudo é em função de um antes e um depois. Quanto mais
distância puder tomar do momento presente, melhor planejará.

Tudo é visto por ele num plano muito grande, com uma perspectiva temporal, por isto só
enxerga claramente as coisas contra esse pano de fundo, que é o que ele pretende realizar, e
não no quadro limitado à situação mais imediata. Sem perspectivas amplas, nada enxerga.
Desde muito cedo já intui o que quer ser, tem uma noção muito clara de seus ídolos e
modelos. Sua consciência de vocação é aguda e tende a aparecer mais prematuramente que
nos demais.

SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade as forças que ,
no presente, moldam um futuro de acordo com sua visão.

EXEMPLOS
George Washington, Thomas Hardy, Friedrich Nietzche, Guy de Maupassant, Ernest
Hemingway, Gregory Peck, Marilyn Monroe, Mia Farrow.

SATURNO
Para realizar qualquer coisa no futuro, temos de acreditar que ele é possível e que
possuímos os meios, as condições e a força para realizá-la. Para acreditar no seu plano, o
indivíduo tem, de certa forma, de começar a agir agora como se já fosse aquele que quer
ser. Isto, porém, é um fingimento, que toma por real algo que ainda não é real, que é apenas
potencial. O futuro não pode ser provado racionalmente, a priori, pois quem dará essa
prova é a ação do indivíduo. Somos conduzidos para o futuro por uma crença mais ou
menos cega.

O indivíduo com esta posição examina criticamente esta questão de futuro e percebe logo a
distância entre o que pretende e o que é agora. Na infância ou na adolescência essa
distância é enorme e o indivíduo não consegue se abstrair dela, para agir com confiança.
Para ele, não basta crer numa fantasia, ele quer provar matematicamente que irá conseguir o
que deseja e este esforço racional acaba inibindo a crença necessária para realizar o que
quer. Instala-se uma contradição entre o desejo da planificação racional e a necessidade da
crença irracional que fundamenta a motivação.

O indivíduo percebe qualquer indício de contradição, de incoerência, nos seus planos de


vida. Ele próprio argumenta contra esses planos, argumentando que estão muito acima de
suas capacidades ou que, uma vez realizados, não lhe trarão qualquer satisfação real.
Busca modelos muito claros e definidos, mas, quando os encontra, mede-se com eles e se
vê muito abaixo. A admiração mistura-se então com o sentimento de inferioridade,
eventualmente com inveja ou ressentimento.

O constante questinamento de seus próprios planos e perspectivas de vida pode levá-lo a


uma espécie de esgotamento imaginativo, que o induzirá a fixar-se, por mera comodidade,
num plano demasiado vago ou demasiado restrito. Neste caso, dará uma nítida impressão
de desleixo em relação a seu próprio futuro. Pode acontecer também de amoldar-se de
maneira um tanto comodista a planos e esquemas de vida coletivos, para escapar à angústia
do questionamento pessoal que, uma vez acionado, tende a ir fundo demais e a tornar-se
paralisante.

Num desenvolvimento ideal este indivíduo desenvolveria uma consciência crítica em


relação ao tempo, à história, ao desenvolvimento de sua geração. Iria adquirir
conhecimentos sobre as matrizes da fama, como levar uma vida cuja importância
transcenda a existência individual, integrando-se ao curso da História. A partir desse
conhecimento, poderia “fabricar” fama, própria ou alheia, ou tornar-se um planejador com
grande capacidade projetiva e crítica.

Seu esquema adaptativo pode ser: não pensar no futuro, vivendo como se não houvesse
amanhã; rigidez artificial, perseverando cegamente nos planos estabelecidos; conceber um
futuro diminuído para si mesmo; aproximar-se de pessoas famosas, vivendo um pouco da
fama alheia; errar na avaliação de sua própria importância (superestimando ou
subestimando), e procurar não questionar isso.

APORIA
Só posso realizar um plano se enxergo nitidamente sua realização; mas, se enxergo como
real algo que ainda é apenas plano, que não tem realidade senão na minha imaginação e
vontade, escapo da realidade para crer no sonho; logo, ou me apego ao real e, não crendo
no futuro, perco a motivação de realizá-lo, ou, crendo no futuro, saio fora do real e, como
sonhador, não realizo nada.

SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que afete sua visão de futuro.

EXEMPLOS
Immanuel Kant, Benjamin Disraeli, Auguste Rodin, Pierre A. Renoir, Vincent Van Gogh,
Oscar Wilde, Charles de Gaule, Mário Ferreira dos Santos.

JÚPITER
O indivíduo deseja ter seu futuro totalmente em aberto para fazer os planos que quiser e
mudá-los quantas vezes julgar conveniente, no que não vê nenhuma infidelidade ou
incoerência, mas o simples exercício da liberdade de ser seu próprio guia. Tem facilidade
para fazer planos de vida, de ver qual será o seu personagem depois de um certo tempo e se
transformar nele, sem que haja necessidade de constantes medições e comparações, que
arriscariam ser paralisantes (como acontece com Saturno na XI). Tem facilidade de agir
hoje em função das projeções que coloca no futuro. Mesmo que não saiba quem ou o que
vai ser no futuro já sente que está indo na direção certa com todas as suas forças. Ele
procede com uma espécie de identificação projetiva realizante, agindo como se fosse tal ou
qual coisa e acabando por se transformar nela. Tem facilidade não só para encontrar seus
modelos, mas para imitá-los espontaneamente, transformando a admiração em assimilação.

SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos tudo o que determine seu futuro
e sua fama.

EXEMPLOS
Franz Liszt, Karl Marx, Anatole France, Paul Gauguin, Henry Ford, Gregory Peck.

MARTE
O indivíduo com esta posição sente-se ameaçado por qualquer oposição ou questionamento
a algo que se está propondo, algo que quer ser ou fazer, a qualquer coisa que se interponha
entre ele e seus planos.

Reage tentando remover prontamente o obstáculo ao que pretende: tem pressa, urgência em
chegar ao objetivo proposto. Não quer perder tempo com pensar, negociar, transigir. Quer
agir logo, desencadeando efeitos que o levem até onde deseja chegar. Isto tanto poderá
fazê-lo abandonar, num repente, projetos longamente acalentados, mas também dar-lhe a
capacidade de adaptar, de improviso, uma situação fortuita, amoldando-a a seus planos.

Se não for ambicioso poderá agir no sentido de destruir suas possibilidades futuras, antes
que outras pessoas o façam.

SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete sua visão
de futuro.

EXEMPLOS
Napoleão Bonaparte, Franz Schubert, Honoré de Balzac, Ralph W. Emerson, Paul Cézanne,
Thomas Hardy, Carl G. Jung, Graciliano Ramos, Arthur Koestler, Albert Camus.

VÊNUS
Guarda na memória as imagens esquemáticas de muitas pessoas vistas (realmente ou em
fantasia) na infância, e estas imagens estão carregadas de uma aura de prestígio mágico,
que faz delas emblemas e modelos das possibilidades superiores do próprio indivíduo.
Estes modelos são para ele “pessoas notáveis”, envoltas de FAMA (a fama é uma espécie de
repercussão extraordinária, que amplifica o alcance e significado dos atos humanos,
resgatando-os da mera acidentalidade empírica), e elas lhe servem, portanto, como padrões
para a aferição do próprio estado de sua vida: ele está a cada momento “mais perto” ou
“mais longe” dos modelos idealizados. A imagem da felicidade perfeita assume o aspecto
de uma “vida plenamente significativa”, isto é, coroada de importância, tal como a dos
modelos. Como os ideais de vida são pelo menos esquematicamente compartilhados com os
companheiros de juventude, a imagem de sua geração — grupo de jovens que, provindo do
isolamento da vida familiar, entram no fluxo histórico de um “mundo maior” — é, neste
indivíduo, aureolada de um prestígio quase mítico. O apelo a uma “grande vida” assume
aqui o sentido que lhe deu Alfred de Vigny: um sonho de juventude realizado na idade
madura. Imagina o sentido de geração, os grandes planos do homem para o futuro.
Capacidade de projetar-se no futuro porque concebe o efeito de sua passagem
historicamente, se auto-satisfazendo com isto. Imaginação harmônica dos ideais humanos,
da perspectiva futura.

Em caso de depressão profunda, observa-se a perda total do sentido do mito da geração: há


um sentimento de ter perdido o bonde da história, de estar solto como átomo no espaço
vazio.

SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante o mundo futuro.

EXEMPLOS
Auguste Comte, Honoré de Balzac, Júlio Verne, Thomas Hardy, Auguste Rodin, Albert
Einstein, Ernest Hemingway.

LUA
As imagens-modelo referidas em Vênus na XI são as mesmas, porém aqui adquirem uma
ambiguidade e instabilidade que as carrega de expectativa e dramatismo, de modo que o
indivíduo não se entrega ingenuamente confiante ao culto dessas imagens, mas oscila entre
o culto e a negação. Busca confirmar o mito da geração, ao mesmo tempo que o renega
como ilusório, de modo que entre o “entusiasmo passivo” de quem participa de um mito
coletivo e a reação individualizante que o destaca de sua geração é que se decide o ritmo
motivacional deste indivíduo. Grandes sonhos, grandes planos, que num instante são
motivos de felicidade e no outro de infelicidade. Deseja penetrar no fluxo da história,
deseja a fama, mas ao mesmo tempo vivencia este desejo passivamente: como que desejaria
que alguém o arrastasse para dentro da participação nesse fluxo; pois o esforço pessoal
nesse sentido arrisca, por contraste, estourar o balão do sonho. Deste modo a relação com
os modelos é ambígua e cíclica, e não um culto permanente de imagens estaticamente
atrativas, como em Vênus na XI.

SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação tudo o que, a seus olhos, anuncie
ou desminta uma perspectiva futura.

EXEMPLOS
Auguste Comte, Ralph W. Emerson, P. Charles Baudelaire, H. Toulouse-Lautrec, Bertrand
Russell, Winston Churchill, Thomas Mann, Arthur Koestler, Tyrone Power, John F.
Kennedy.
CASA XII

Refere-se a relação do indivíduo com o espaço indefinidamente grande que rodeia a sua
esfera de vida conhecida, ou mesmo que se prolonga para muito além e em torno da esfera
reconhecida no seu meio social. É tudo quanto, para ele ou para seu grupo de referência,
está fora do mundo conhecido (embora, para outros indivíduos ou grupos, possa ser
bastante conhecido e até banal). É um âmbito que o indivíduo mais pressente e adivinha do
que enxerga. É, portanto, tudo o que, para ele, surge como transcendente, inusitado,
misterioso e incontrolável. É um sistema aberto de influências múltiplas e desconhecidas às
quais está submetido, que o determinam, e que ele terá de ir conhecendo aos poucos. Não
se deve esquecer que o conteúdo desta Casa é relativo e não absoluto: o que para um
indivíduo é transcendente e misterioso constitui, para outro (ou para ele mesmo numa época
posterior) a trama mesma da banalidade cotidiana. Nada, portanto, de atribuir a esta Casa,
mistificatoriamente, conteúdos sempre “espirituais”. O que meus vizinhos falam de mim
sem que eu ouça, criando em torno de mim uma atmosfera vagamente malévola que
pressinto mas não logro captar, é, sem dúvida, Casa XII; e nada mais banal que uma fofoca
de vizinhos. A astrologia clássica viu isto perfeitamente bem ao falar de “inimigos ocultos”:
o inimigo oculto não é necessariamente Satanás em pessoa, mas pode ser a quitandeira da
esquina. A Casa XII define-se negativamente e não positivamente; e aquilo que não
enxergo, e que escapa mesmo a percepção do meu meio social pode ir desde as leis
cósmicas que determinam invisivelmente o curso das coisas, até alguma informação banal,
fortuitamente ocultada por um menino amedrontado.

SOL
Inteligência Intuitiva Expectante
A inteligência do indivíduo funciona quando ele está à mercê de correntes causais
que o ultrapassam infinitamente. Ele pressente essas correntes e sabe para onde elas o
levam. Enxerga as coisas quando está como uma folha arrastada pela tempestade. O que
está dentro da sua esfera de atuação cotidiana lhe parece, paradoxalmente, menos claro e
compreensível do que aquilo que, vindo de fora dessa esfera, e desde regiões
desconhecidas, afeta o curso cotidiano das coisas. Por isto, este indivíduo se sente mais a
vontade — intelectualmente — quando está solto num espaço ilimitado e inabarcável do
que quando lida com as coordenadas habituais de uma esfera de ação mais definida. Ele
confia no seu faro para encontrar uma direção no meio da confusão. Tem mais facilidade
para pressentir as correntes profundas que desde longe vem se aproximando do seu barco
do que para enxergar a onda próxima que já o sacode. É justamente na confusão que
enxerga melhor. Não necessita da ordem, pois a desordem, o caos, lhe dão uma sensação de
inteligibilidade.
Intui o indefinível por pressentir as forças que embora não conheça sabe que o carregam.
Entende melhor o que ainda não viu. Toda vez que busca ver o objeto com muita clareza,
isolando-o dos objetos circunvizinhos, não o entende mais; e necessita diluí-lo de novo na
multidão inumerável das coisas. Sua inteligência é centrada em tudo o que não pode definir
por ser grande demais. Pressente os grandes acontecimentos, embora não possa definí-los
precisamente. Vive nas informações das grandes atmosferas. Pode manter-se indefinido
como estratégia para não lesar sua intuição, ou ainda, pode buscar a solidão pois, solitário,
não estará determinado por uma situação exterior e assim poderá manter a sua atenção
difusa.

SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade tudo o que
pareça provir de fora de seu espaço vital.

EXEMPLOS
Alexandre Dumas, Anatole France, Mohandas K. Gandhi, Judy Garland.

SATURNO
Para orientar-se, o indivíduo busca em tudo o que lhe acontece um nexo com o todo maior.
Esse nexo pode ser analógico (buscando semelhanças) ou de finalidade (se tudo tem uma
finalidade, então, isto aqui também tem). Necessita de coisas que tenham um sentido, uma
finalidade explícita, mas que ao mesmo tempo o deixem livre para escolher outras
finalidades. Entretanto, tão logo compreende a ordem presente em algo, ou seja, o sistema
de nexos presente em cada situação, sente-se preso e restrito nessa ordem. Não suporta a
pré-determinação, embora, intelectualmente, necessite dela para sentir-se seguro. Torna-se
inimigo de tudo o que entende racionalmente, de tudo o que dá a impressão de fechar-se
num sistema. Tão logo entende algo racionalmente procura escapar do que entendeu. Para
orientar-se num mundo que lhe parece vasto e indefinido demais, procura captar as cadeias
de causas que levarão necessariamente a tais ou quais consequências, dando um sentido ao
movimento do conjunto; porém, uma vez captado esse movimento, ele lhe parece fechado
num determinismo fatalístico que o oprime ainda mais do que o anterior sentimento de estar
perdido numa vastidão indefinida. Esta contradição é facilmente projetada na sociedade
humana, que ora lhe surge como um oceano caótico, ora como uma prisão com
regulamentos tiranicamente rigorosos. O sentimento de absurdo pode ser causado,
alternadamente, pela ausência de parâmetros ou por parâmetros demasiado estritos.

Suporta uma quantidade imensa de non sense porque necessita de desordem mental para
escapar do sentimento de opressão; mas a própria desordem pode tornar-se opressiva.

Em razão dessa alternância, o indivíduo adquire uma propensão de colocar-se ora dentro,
ora fora das situações, nunca se identificando bem com os papéis que exerce, nem os
abandonado por completo. Torna-se assim uma espécie de intermediário entre os “de
dentro” e os “de fora”. É por isto uma espécie de depositário de informações que são
secretas para um desses dois lados, motivo pelo qual não pode nunca se abrir
completamente e aliás nem saberia como fazê-lo. É natural, portanto, que sua rede de
compromissos implique deveres contraditórios e uma sobrecarga moral; por este motivo,
ele tende a fugir periodicamente de todos os compromissos, para, no isolamento, recompor
sua coerência interna; mas esse isolamento pode-lhe custar a ruptura de muitos outros
compromissos. Os indivíduos com Saturno na XII dão frequentemente aos outros a
impressão de serem esquivos, de não estarem comprometidos com nenhum papel social
determinado, ou de estarem sempre desaparecendo nos momentos mais imprevistos.

Idealmente, o seu questionamento das finalidades levaria a preocupações de ordem


metafísica, colocadas numa esfera de universalidade teorética, fora e acima de sua
existência imediata.
O esquema adaptativo deste indivíduo pode ser: fazer as coisas sem procurar entendê-las
em referência a um nexo de finalidade (por exemplo: fazer favores, não contestar, não fazer
perguntas); adaptar-se socialmente, mas mantendo sempre um “ponto de fuga” (álcool,
drogas, uma religião ou seita) em que se sinta livre da interferência da sociedade, do
sistema; ficar marginalizado, entregue ao caos; alternar entre a adaptação a um emprego e
uma repentina saída, ficando um período em situação marginal.

APORIA
Se existe uma ordem para as coisas, então o indivíduo está preso dentro dela, portanto não
há livre arbítrio. Só existe livre arbítrio se não houver ordem, se tudo for um caos, mas para
que serviria a liberdade dentro do caos? O sentido e a liberdade parecem ser contraditórios.

SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que pareça provir de fora do seu espaço vital.

EXEMPLOS
George Washington, Franz Schubert, Honoré de Balzac, Ralph W. Emerson, Mark Twain,
H. Toulouse-Lautrec.

JÚPITER
O indivíduo com esta posição quer permanecer livre de tudo, sem se comprometer com o
mundo. É o desejo de liberdade num sistema aberto, sem limites, sem direções definidas.

Não teme o desconhecido, pelo contrário, sente-se à vontade, livre, quando se encontra
perdido, solto no mundo, e se abandona cheio de confiança às mãos da Providência, da
sorte. Sente que algo lhe dirá qual é a melhor direção. Confia no invisível. Identifica a
liberdade com ausência de determinações, e, como toda decisão sempre implica o
reconhecimento de uma situação determinada, isto é, ao menos parcialmente fechada, este
indivíduo poderá se esforçar para não ter de decidir, pois a necessidade de decisão já
representa para ele, um constrangimento e uma decepção. Tem a impressão de que o ato de
decidir rompe a harmonia do todo e não constitui um exercício da liberdade: o homem livre
não é só livre para decidir, mas é livre da necessidade de decidir. Há aqui, portanto, uma
certa recusa de reconhecer a realidade dos constrangimentos, isto é, uma negação da
fatalidade e uma consequente afirmação da Providência. Isto tanto pode evoluir no sentido
de um absenteísmo perfeitamente irresponsável, quanto no de um progressivo afinamento
com a ordem invisível das coisas. Às demais pessoas, poderá parecer sutil e escorregadio,
ao ponto de jamais ninguém saber por onde cobrá-lo, e nem sequer se alguma cobrança tem
cabimento.

SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos o que pareça provir de fora de
seu espaço vital.

EXEMPLOS
Immanuel Kant, Auguste Comte, Paul Cézanne, Emile Zola, Theodore Roosevelt, Kaiser
Guilherme II, Henry Miller.

MARTE
O indivíduo com esta posição sente-se ameaçado por qualquer pressão, do ambiente ou das
outras pessoas, que pretenda enquadrá-lo em algum sistema conhecido, defini-lo
objetivamente ou comprometê-lo com alguma coisa. O meio-ambiente lhe surge como uma
trama progressivamente apertada, da qual tem de esforçar-se para escapar. O
constrangimento é uma ameaça constante, que vem um pouco de toda parte; o indivíduo
tem facilidade de sentí-lo, e até de pressentí-lo, junto com o total desinteresse — ou
incapacidade — de identificar sua verdadeira origem: o que lhe importa não é saber de
onde vem o constrangimento; é escapar. A própria necessidade de investigar objetivamente
a origem do constrangimento lhe parece constrangedora. Daí que, com frequência, fuja para
a direção errada, ainda que no momento certo. Um exemplo típico é o do indivíduo que,
sendo objeto de maledicência por parte de subordinados insignificantes, sente que o
ambiente como um todo lhe é adverso, e se demite do cargo. A desproproção entre estímulo
e resposta surpreende os observadores. Pela mesma razão, a necessidade de escapar a
constrangimentos, sem distinguir constrangimentos reais e potenciais nem avaliar a
gravidade relativa do caso, pode levá-lo a romper compromissos, a abandonar lealdades ou
a lutar com fantasmas, ferindo, de passagem, pessoas reais e inocentes.

Reage muitas vezes esquivando-se, escorregando para fora da situação ou agindo de forma
disfarçada, encoberta, indireta, que não apareça para os outros. Sua ação aparece aos outros
como ambígua, dando margem à várias interpretações.

SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que pareça provir de
fora do seu espaço vital.

EXEMPLOS
Anatole France, Paul Gauguin, Pablo Picasso.

VÊNUS
Todo homem sabe que, para além do seu espaço vital ou círculo de experiência, se estende
a região indefinidamente vasta daquilo que, para ele, é “o desconhecido”. Ele sabe que,
neste desconhecido, se geram causas obscuras cujos efeitos poderão, amanhã ou depois,
entrar no circuito dos “fatos” conhecidos. Logo, todo homem tem uma expectativa, mais
vaga ou menos vaga, da interferência do ilimitado desconhecido na esfera limitada do
conhecido. Essa expectativa assume um tom e uma modalidade diferente em cada pessoa.
Com Vênus na XII, ela produz imagens onde a forma do ignorado assume um perfil
plástico, sensível. É o mesmo que dizer que esta imaginação trabalha mais facilmente em
cima de indícios pequenos e fragmentários, das brechas que, no círculo do cotidiano,
anuncia a imensidão da possibilidade desconhecida, do que em cima das imagens mais
completas de coisas e situações familiares. Quanto menos informação o indivíduo possui
sobre uma sequência causal qualquer, mais facilmente o leque das possibilidades esperadas
ou temidas assume nele a plasticidade das imagens. Ele “vê” aquilo que desconhece, quer o
aguarde ou o tema. Concebe imaginativamente tudo o que para ele é mundo invisível, tudo
o que transcende o seu espaço vital. Idealiza o que está fora da própria esfera pessoal. É
natural, portanto, que a imagem de felicidade assuma para ele a forma de algo que está
completamente longe e é radicalmente diferente da sua experiência corrente: ilhas
paradisíacas, oásis míticos, por exemplo, ou ainda a imagem de um abrigo oculto, subtraído
ao fluxo causal conhecido. Como esse paraíso está para além de toda a experiência real, ele
assume o papel de um símbolo que resume o sentido último de toda a existência — e que
está “fora” da existência não por ser em si mesmo falso, mas porque, necessariamente, o
sentido de uma coisa está para além dessa coisa.

O sinal da depressão profunda é a desaparição da imagem do paraíso escondido,


acompanhada de um sentimento de perda total do sentido da existência, isto é, de qualquer
aspiração mais longínqua que pudesse justificar a miséria do real.

SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante tudo que pareça estar
fora do seu espaço vital.

EXEMPLOS
Sta. Teresa de Ávila, George Washington, Benjamin Disraekli, Arthur Rimbaud, Claude
Debussy, Mia Farrow.

LUA
A expectativa — esperançosa ou temerosa — do desconhecido toma aqui o aspecto de uma
oscilação, sem projetar-se na imagem estática de um “outro mundo” como em Vênus na
XII. Há o desejo e o temor de que causas desconhecidas alterem, para o bem ou para o mal,
o círculo do mundo conhecido; e a aproximação dessas causas é vivida numa espécie de
tateio vacilante. Pela mesma razão, o desejo de fugir da estreiteza do mundo conhecido é
compensado, pendularmente, pelo desejo de abrigar-se da imensidão do desconhecido,
retornando ao círculo da banalidade diária. Refugiar-se do pequeno no grande ou do grande
no pequeno, conforme um e outro assumam temporariamente o aspecto do desejável ou do
temível, e conforme a estreiteza seja uma prisão ou um abrigo, e a imensidão uma
libertação ou o extravio no vácuo, eis o ritmo quaternário que compassa as motivações
deste indivíduo. Valoriza o desconhecido, o indefinível, o inacessível, mas, alternadamente,
refugia-se no banal, no pequeno, no cotidiano.

SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação tudo que pareça provir de fora
do seu espaço vital.

EXEMPLOS
William Blake, Abraham Lincoln, Giuseppe Verdi, Edgar Degas, Thomas Hardy, Anatole
France, Arthur Rimbaud, Claude Debussy, Gregory Peck.

AS CONSTELAÇÕES

Luzes colocadas no céu que modificam aquilo que passam por elas. As estrelas tem
descrições muito semelhantes em todas as culturas – Antares – coração do escorpião.
Persas, Gregos, Romanos, etc. Os índios brasileiros chamam antares de Boi Tata.
Babilônicos chamavam de coração de sangue e os chineses de Coração de morte. Para
delimitar uma característica que engloba as estrelas ao redor, eles reúnem as estrelas em
uma família e correlacionam ela a um mito – constelação. O mito é uma história importante
a uma civilização porque conta um traço cultural e comportamental daquele povo, um
SÍMBOLO hereditário.

AS ESTRELAS FIXAS

Mitos em relação às constelações zodiacais.


Áries – início da primavera
O carneiro – Um animal solar. Fogo Cardinal.
Segundo o mito grego, o Carneiro constelar era uma referência ao espécime mítico
cuja lã se transformou em ouro, também chamado de Velo de Ouro, ensejando a busca
de Jasão e os Argonautas. Duas intenções, dois irmãos que pegam um animal dourado e
que voa para atravessar o oceano (Crisómalo). O carneiro passa por cima dos desejos. A
irmã olha pra baixo e cai. Ele segue até a terra dos pomos dourados e chegando lá
sacrifica o cordeiro. Jasão recebe a missão de ir até lá buscar o Velocino de Ouro ou o Velo
de Ouro – a pele do cordeiro dourado. No fim, depois da morte. Ele simboliza o retorno, o
reinicio – buscar o OURO do outro lado do rio – o início da primavera.
O carneiro também é um dos animais mais comumente usados como sacrifício e
oferendas de holocausto em diversas culturas meso-orientais, como os citados no livro
bíblico de Levítico.

Touro – meio da primavera


O touro – O animal de terra. Terra Fixa.
 Zeus apaixonou-se por Europa, que brincava na praia. Transformou-se num belo touro
branco e aproximou-se ajoelhando-se aos pés dela. Europa não resistiu e trepou em cima
do touro, que a transportou pelo mar até a Ilha de Creta, onde a fecundou.
Na constelação de Touro só aparece a sua parte dianteira, porque o resto ficou submerso
no mar.
Mais tarde, em Creta, Europa deu à luz o futuro rei Minos; como rei tinha um belo
rebanho de touros dedicados a Poseidon e disse-lhe que se o deus o fizesse rei dos Mares
– símbolo da conquista marítima – ele lhe daria seu animal mais belo.
Então Creta floresceu, tornando-se uma ilha forte, mas Minos era avarento e cobiçoso,
não queria se desfazer daquilo que possuía e menos ainda, das melhores. Por isso
resolveu enganar Poseidon oferecendo-lhe um touro de segunda categoria. Poseidon se
aborreceu e pediu ajuda a Afrodite para vingar-se.
Minos era casado com Pasifae e sua mulher apaixonou-se por um belo touro branco.
Pasifae pediu ajuda a Dédalo, um arquiteto que vivia na corte, patrocinado pelo rei.
Dédalo vendeu-se, colaborando contra seu benfeitor em troca de bens materiais,
construindo uma espécie de vaca para Pasifae se disfarçar e poder se unir ao touro. Dessa
união nasceu o Minotauro, um monstro metade homem, metade touro.
O Minotauro representa o ser humano consumido pelos seus desejos e o conflito entre o
lado humano e o bestial, existente em todos nós. O monstro precisava ser preso e o rei
mandou Dédalo construir-lhe uma prisão: o labirinto.
O labirinto foi, na verdade, um palácio complicado na Ilha de Creta, a fim de que não fosse
invadido e, também, um mosaico desenhado no chão onde se dançava em honra dos
deuses da fertilidade. Até hoje, ambos existem em Creta.
Então, o Minotauro, preso no labirinto, exigia carne humana de atenienses, para comer de
9 em 9 anos. Representa o homem obcecado pelo seu apetite devorador e que nada lhe
contém.
Teseu, herdeiro do trono de Atenas, resolve ir dominar o Minotauro. Encontra Ariadne,
filha do rei Minos que se apaixona pelo herói, e dá-lhe um novelo de linha, a fim de que
pudesse entrar no labirinto sem se perder.
O novelo simboliza um plano e um propósito que os taurinos devem ter para não
entrarem cegamente numa empreitada de longo alcance. O labirinto é o emaranhado de
desejos e sensações físicas e materiais do ser humano. Teseu mata o Minotauro e volta
para sua terra, abandonando Ariadne. Minos fica furioso e prende Dédalo dentro do
labirinto criado por ele, significando isso o artista aprisionado pela sua obra porque fez
concessões, criando conforme a exigência do seu patrocinador e sacrificando a
independência da sua criatividade.

Gêmeos – fim da primavera


Os gêmeos – A mutante do Ar.
Gêmeos está relacionado ao Deus Mercúrio, o mensageiro Alado, filho mais inteligente
de Zeus e ao mito de Castor e Pólux: Triste pela morte do irmão Castor em uma batalha
contra Idas e Linceu, Pólux pede a Júpiter, seu pai, que o traga de volta à vida. Tocado pela
demonstração de amizade dos irmãos, Júpiter determina que Pólux compartilhe sua
imortalidade com Castor, alternando diariamente com ele a vida e a morte.
A dualidade inescapável da vida – Um pouco na transcendência um pouco na imanência.
Também pode ser associado a Apolo e Hércules.

Câncer – inicio do verão


O carangueijo. Cardinal da Água.
Câncer representa o caranguejo gigante que Hera, rainha dos deuses gregos, enviou para
resgatar a hidra, um monstro reptiliano com várias cabeças. O caranguejo mordeu os pés
de Hércules quando este combatia o terrível monstro, mas o mesmo foi esmagado. Para
premiar o caranguejo por ter se arriscado, Hera transformou-o naquela constelação.

Leão – meio do verão


O leão. O Fogo fixo, perene.
O Leão da Nemeia (Leão do tamanho de um elefante e couro tão resistente quanto de um
crocodilo) que devastava a região e o povo não conseguia matar, [2] foi estrangulado
por Hércules no 1.º de seus 12 trabalhos. Acabada a luta, este arrancou a pele do animal
com as suas próprias mãos e passou a utilizá-la como vestuário. Assim, Hera rainha dos
deuses, que odiava Hércules por ser filho de seu marido com outra mulher, converteu o
Leão um dos mais poderosos inimigos de Hércules na constelação de leão.

Virgem – fim do verão


A virgem, com asas e um espigão. A terra mutável.
Outros a chamam de Erígone, a filha de Ícaro. Ícaro morava com sua filha virgem Erígone e
seu cão Maera, e hospedou Liber Pater, que o ensinou o segredo do vinho. Ícaro deu o
vinho a uns pastores que, acreditando que ele os tinha envenenado, o mataram a
pauladas. Seu cão Maera ou Cão Maior (Sírius), latindo sobre o corpo morto do dono,
chamou Erígone, que se enforcou. Liber Pater então afligiu as mulheres atenienses com
uma praga, que só terminou quando eles puniram os pastores e instituiram um festival em
honra aos falecidos. Os deuses então transformaram ambos em estrelas: Erígone virou a
constelação de Virgem e Ícaro a estrela Arcturo.

Libra – início do outono


A balança e os pratos. O Ar Cardinal.
O julgamento, no final do tempo. A garra do norte e do sul. O mito do julgamento, do final
da vida – as garras do Escorpião contra Órion.

Escorpião – meio do outono


O escorpião – O desejo maduro, as águas fixas. O escorpião, a cobra e a águia.
O Escorpião é o monstro criado por Artemis que mata Órion.
Também pode ser o Escorpião que mata Órion a pedido de Apolo.
O Escorpião é o símbolo do meio do outono, da comemoração da colheita – O dia de ação
de graças é celebrado por isso.

Sagitário – fim do outono


O arqueiro, o centauro. O fogo mutável
versão do mito da Grecia que envolve o sagitário está associado ao centauro Quíron, filho
de Cronos (Saturno entre os romanos) e da ninfa Filira. O mito de Quiron o descreve como um
centauro civilizado, pacífico e um grande gênio das artes da caça, guerra, filosofia, magia e
medicina, o que o diferenciava dos demais centauros filhos do Sol. Em uma desavença na
caverna de Folo, no monte Pélion, durante a execução do quarto dos Doze trabalhos de
Hércules, este teria atingido Quiron em uma das pernas com uma flecha banhada em veneno
de hidra. Quiron era imortal e por isso sobreviveu, mas o veneno lhe causava dores violentas.
Hércules pediu a Zeus (Júpiter) por um acordo que trocasse a imortalidade de Quiron pela
mortalidade de Prometeu, o senhor do fogo, cujo figado era devorado por uma águia todos os
dias e se regenerava todas as noites. Zeus aceitou o acordo de Hércules e concedeu a
imortalidade de Quiron a Prometeu e tomou a alma do centauro para formar no céu a
constelação de Sagitário.
O centauro Quiron representa bem o final do outono – poise ele inicia sua vida com a
exaltação, a completude da sabedoria mas evolui em graves dores, tendo de abrir mão da
imortalidade (a sensação dos prazeres que não se acabam) – o final do Outono é um
compromisso como o início do inverno.

Capricórnio – início do inverno


A cabra – com cauda de peixe. A terra cardinal.
Na mitologia greco-romana, Capricórnio, ou bode do mar, é a lembrança
do cabrito Aegipan, que foi colocado por Zeus entre as constelações porque ele foi
amamentado junto com Zeus, pela cabra Amalteia (em outra versão, Almateia foi a ninfa
que possuía a cabra Aix que cedeu leite a Zeus recém-nascido).
Durante a luta contra os titãs, foi ele quem colocou nos inimigos o medo chamado
de panikos. A parte inferior do seu corpo era de peixe, porque ele jogou conchas, em vez
de pedras, contra o inimigo.
De acordo com os sacerdotes gregos e alguns poetas, quando os deuses estavam reunidos
na Grécia, surgiu, de repente, Tifão, um monstro terrível e inimigo dos deuses. Estes, com
medo, mudaram de forma, Hermes se tornando uma íbis, Apolo o pássaro conhecido pelo
nome de trácio e Ártemis em um gato. Por este motivo, os gregos não permitem que estas
criaturas sejam injuriadas, porque elas são representações dos deuses. Pã, segundo eles,
jogou-se no rio, e transformou a parte inferior do seu corpo em peixe, e o resto em
cabrão, assim escapando de Tifão. Zeus, admirando a sua esperteza, o colocou entre as
constelações.
A necessidade da mudança para fugir da morte.
O início do inverno é marcado exatamente por essa mudança;

Aquário – meio do inverno


O aguadeiro. O Fixo do ar.
Higino, em seu livro Astronômica, apresenta três versões da mitologia. Muitos dizem que
Aquário é Ganimedes, um rapaz muito belo que Zeus levou para o Olimpo, para se tornar
o garçom dos deuses; por este motivo, ele é mostrado carregando uma urna que derrama
água. 
Aqui é o meio inverno, claramente representado pela prisão de Ganimedes. Só sobra o
servir a Deus e o sobreviver, mas ainda assim o derramar das águas, o receber a
sabedoria. O meio de inverno é um período difícil. Época de planejamento, de estratégia.

Peixes – fim do inverno


Os dois peixes. O mutante da água.
De acordo com Diógenes de Eritreia, quando Vênus e seu filho Cupido estavam na Síria,
no Rio Eufrates, apareceu Tifão. Vênus e seu filho se jogaram no rio, mudando sua forma
para peixes. Por este motivo os sírios, que vivem próximos destas regiões, pararam de
comer peixes, com medo de perder a proteção dos deuses ou de prender os próprios
deuses. 
Tranformação mas no sentido de fim de ciclo – aqui não é a transformação para lutar pela
vida, mas a transformação para reiniciar a vida – por isso é o fim do inverno.

DIGNIDADES E ASPECTOS

Domicílio dos planetas (Regente)


- Sol: Leão
- Lua: Câncer
- Mercúrio: Gêmeos e Virgem
- Vênus: Libra e Touro
- Marte: Áries e Escorpião
- Júpiter: Sagitário e Peixes
- Saturno: Aquário e Capricórnio

PARTE IV

Parte analítica - A construção do Mapa Natal

O MAPA ASTROLÓGICO NATAL

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