Curso de Astrocaracterologia
Curso de Astrocaracterologia
Curso de Astrocaracterologia
PARTE I
Agradecimento e motivaçâo
O QUE É ASTROLOGIA
ASTROLOGIA FUNCIONA
PREMISSAS
A HISTÓRIA DA ASTROLOGIA
As primeiras cartas estelares do Egito datam de cerca de 4 200 a.C. e,
embora sejam astronômicas, não se pode afirmar que houvesse distinção,
àquela época, entre astronomia e astrologia.
Historiadores afirmam que a astrologia surgiu na Suméria, por volta do IV
milênio a.C. Por este motivo, durante muitos séculos, na Europa, os astrólogos
foram chamados de caldeus. Uma das mais antigas referências foi encontrada
em Nínive (Babilônia), na biblioteca de Assurbanípal. No entanto, a
observação do céu à procura de presságios pode ser bem anterior, naquela
região de clima imprevisível, onde as cheias dos rios Tigre e Eufrates não
obedeciam um ritmo anual como as do Nilo.
Em tempos mais recentes, tem-se discutido a possibilidade de ser outra
a origem da astrologia: a civilização do Vale do Indo, ou de Harapa. Em
comum, essas duas civilizações compartilham a ênfase no papel das estrelas,
pano de fundo e baliza do movimento do Sol e da Lua. Em Harapa teria se
originado o conceito de nakshatra (sânscrito, "os imortais"), manazil (árabe)
ou mansão lunar, que mais tarde daria origem ao zodíaco. Em ambas regiões
o Sol causticante não é, como na fria Europa, o doador da vida, e sim a Lua,
com as marés que provoca no mundo físico e nos seres vivos. Portanto, os
nakshatras mediam a passagem da Lua pelo céu, sendo cada um destes
asterismos a medida de arco média percorrida pela Lua em um dia.
Na Antiguidade
Na Idade Média
A filosofia e a cultura clássicas sobreviveram durante a Idade
Média européia graças aos árabes e ao Califado de Bagdá. Bagdá, capital do
estudo astronômico no século X, foi sede também de uma astrologia de
cunho empírico, estritamente prática e previsiva, como convinha a esse povo
que criou o comércio internacional. O maktub árabe passaria a fazer parte da
astrologia mediterrânea.
Isidoro de Sevilha (c. 636) foi um dos primeiros a separar astrologia e
astronomia, embora ambas tenham sido separadas apenas no século XVI,
quando o sistema de Copérnico substitui o de Ptlomeu.
Astrologia árabe
ASTROLOGIA E O PECADO
A Bíblia tem muito a dizer sobre as estrelas. A nossa compreensão mais
básica sobre esse assunto é que Deus as criou. Elas mostram o Seu poder e
majestade. Os céus são "obra" de Deus (Salmo 8:3; 19:1). Ele tem todas as
estrelas numeradas e nomeadas (Salmo 147:4).
A Bíblia diz que as estrelas, junto com o sol e a lua, foram dadas como
"sinais" e "estações" (Gênesis 1:14); ou seja, elas foram feitas para marcar o
tempo para nós. Também são "sinais" no sentido de "indicadores de
navegação", e por toda a história os homens usavam as estrelas para traçar
seus cursos em todo o mundo.
Enfim, em todos esses textos, usados como biografia inclusive por Santo
Agostinho para combater a prática astrológica, fica expressamente claro que
trata aqui não do estudo da mesma mas do uso de tal para ADIVINHAÇÃO.
ADIVINHAÇÃO E MAGIA
2115. Deus pode revelar o futuro aos seus profetas ou a outros santos. Mas a
atitude certa do cristão consiste em pôr-se com confiança nas mãos da
Providência, em tudo quanto se refere ao futuro, e em pôr de parte toda a
curiosidade malsã a tal propósito. A imprevidência, no entanto, pode constituir
uma falta de responsabilidade.
2116. Todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás
ou aos demónios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente
«reveladoras» do futuro (45). A consulta dos horóscopos, a astrologia, a
quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenómenos de
vidência, o recurso aos "médiuns", tudo isso encerra uma vontade de dominar
o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um
desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em
contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que
devemos a Deus e só a Ele.
2117. Todas as práticas de magia ou de feitiçaria, pelas quais se pretende
domesticar os poderes ocultos para os pôr ao seu serviço e obter um poder
sobrenatural sobre o próximo – ainda que seja para lhe obter a saúde – são
gravemente contrárias à virtude de religião. Tais práticas são ainda mais
condenáveis quando acompanhadas da intenção de fazer mal a outrem ou
quando recorrem à intervenção dos demónios. O uso de amuletos também é
repreensível. O espiritismo implica muitas vezes práticas divinatórias ou
mágicas; por isso, a Igreja adverte os fiéis para que se acautelem dele. O
recurso às medicinas ditas tradicionais não legitima nem a invocação dos
poderes malignos, nem a exploração da credulidade alheia.
O Aquinate nos presenteia então com três estruturas base para a Astrologia - O
iudiciis astrorum, um pequeno excerto em que ele cita Agostinho e continua
sobre a ciência astrológica - “Em primeiro lugar, é necessário que tu saibas
que a força dos corpos celestes produz mudanças nos corpos inferiores. Com
efeito, diz Agostinho no livro V Sobre a cidade de Deus: ‘Pode-se dizer, nem
sempre nesciamente, que certos hálitos astrais têm eficácia quanto às
diferenças dos corpos’. Explica, então, Tomás que, em sendo assim, “se
alguém se serve do juízo dos astros para conhecer efeitos corporais, por
exemplo, a ocorrência de tempestades ou de tempo bom, a saúde ou doença
dos corpos, a abundância ou a esterilidade das colheitas e outras coisas que
dependem de causas naturais cognoscíveis, não há nisso pecado, pois todos os
homens são obrigados a nisso submeter-se aos astros. O agricultor só pode
semear ou colher prudentemente se se assegurar dos movimentos do sol; os
marinheiros evitam as navegações na lua cheia ou durante o eclipse da lua; os
médicos, no que tange às doenças, observam os dias críticos, que são
determinados segundo o curso do sol e da lua.” Contudo, continua o santo: “a
vontade humana não está sujeita à necessidade dos astros; do contrário,
pereceria o livre arbítrio, o qual, se suprimido, não seriam imputadas ao
homem nem as boas obras, meritórias, nem as más, culposas. E, por isso, deve
ser mantido com toda certeza, por todo cristão, qualquer seja, que aquelas
coisas que dependem da vontade do homem, como são todas as obras
humanas, não estão submetidas por necessidade aos astros; e, por isso, se diz
em Jeremias 10, 2: ‘Não tenhais medo dos sinais celestes, aos quais temem os
pagãos’.
O CARÁTER
O solo onde é plantada tem uma essência mineral e imutável, que dependendo
dará a árvore uma conformação diferente - o solo mineral é o símbolo do
temperamento. Uma essência imutável, perene, estável, que modifica sensível
a forma da árvore se desenvolver.
Por fim, os galhos, as folhas, as flores e os frutos são todos parte integrante da
PERSONALIDADE em si, dela propriamente dita.
A ASTROCARACTEROLOGIA
ASTROLOGIA E A CIÊNCIA
Como realizá-la?
PARTE II
Número 1
Número 2
Número 3
Número 4
Número 7
Símbolo de completude e perfeição - o sete simboliza a união das relações
materiais e das relações espirituais - Na tripartição da natureza humana
proposta por São Paulo, Corpo, Alma e Espírito - conseguimos enxergar bem
esta simbólica - O corpo denota quatro faculdades próprias. O espírito denota
três e a Alma que é a ligação perfeita deles, tem SETE faculdades. Aqui se
encerra por exemplo os sete pecados capitais (Sendo 4 corporais e 3
espirituais). Ou as Sete virtudes (3 Teologais e 4 Cardeais). É no sete também
que temos os planetas astrológicos.
Número 12
Nesta aula, irei me ater a explicar quais são as sete faculdades humanas e suas
interações simbólicas
As faculdades humanas são sete, sendo Quatro sensitivas, uma volitiva e duas
intelectivas.
A explicação que faço das sete faculdades é mais próxima da explicada por
Aristóteles do que a demonstrada por Tomás de Aquino, contudo ambas irão
resultar no mesmo padrão - A realidade é sempre a substância de ação das
faculdades humanas - sendo o papel delas absorver e processar tal realidade
PRIMEIRA FACULDADE– SENSO COMUM
Planeta são Corpos Errantes no céu - por isso todo corpo celeste que se move
no céu é considerado para a Astrologia um planeta - sendo sete aqueles
visíveis no céu - A Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno.
A PERSONALIDADE
3 — Em vista de tais definições, Berger observa que ä psicologia geral isola por abstração
um certo número de funções: memória, percepção, imaginação, etc. O estudo da
personalidade, ao contrário, uma investigação concreta que se empenha em compreender
como todas as funções operam juntas e reagem umas sobre as ouras, num homem
determinado tal ou qual categoria de homens”(op.cit.,p.3).
4 — Sendo assim, o estudo da personalidade deve partir das diferentes funções isoladas
da psicologia geral e reuni-las gradativamente em diferentes níveis e camadas —
correspondentes aos vários graus de menor a maior integração da personalidade (pois é
evidente que o grau de individualidade cresce junto com o de integração, com o que
caminhamos dos elementos ao todo, do impessoal ao pessoal), destacando, em cada um, os
diversos esquemas e modalidades da interação dessas finções, cuja totalidade hierarquizada e
funcional se chama, precisamente, personalidade.
Assim sendo, podemos entender que a personalidade é um todo que se caminha movida
pelos aspectos da INDIVIDUALIDADE e INTEGRAÇÃO. É como se, a cada passo no
nosso desenvolvimento, nos tornamos mais único, mas quanto mais maduros, nos tornamos
mais uniformes também, parte integrante de um todo - do Ato Puro.
AS DOZE CAMADAS
1. Caráter (no sentido astrocaracterológico do tempo).
2. Hereditariedade, constituição, temperamento, estrutura pulsional (wilson; Sheldon,
Kretschmer, tipologia em geral; Szondi).
3. Cognição e percepção, sua estrutura e desenvolvimento (behaviorismo; Piéron e
Piaget; Kohler e a Gestalt em geral; Festinger;psicologia da linguagem).
4. História pulsional e afetiva (Freud, Klein, psicanálise em geral).
5. Ego, autoconsciência e individuação (Jung)
6. Aptidão e vocação (Ungricht; Ciril Burt: Eysenck).
7. Situações e papéis sociais (Adler; Horney e a escola culturalista em geral; psicologia da
comunicação).
8. Síntese individual provisória, em cada etapa de desenvolvimento, isto é, “perfil
caracterológico”no sentido da escola de La Senne e Berger.
9. Personalidade intelectual superior; gênio, criação artística, estilo, etc.; “personalidade
poética”no sentido de Croce, em oposição à “personalidade empírica”(Pradines; Bergoson;
Koestler; heurística).
10. Eu transcendental, pessoa, responsabilidade moral, livre-asbítrio, etc. (Kant, Husserl,
Berdiaeff, Gusdorf, Caruso).
11. Personagem — no sentido estrito em que este termo é usado em astrocaracterologia: o
indivíduo perante a História, a civilização, a humanidade (Dilthey, Weber, Wallon)
12. Destino final: o indivíduo perante Deus, o sentido e o valor da vida, etc. (psicologias
místicas tradicionais; Paul Diel, Viktor Frankl).
CAMADAS I A IV
PRIMEIRA CAMADA
Nenhum ser humano vivente fora do Ventre materno é primeira camada. A Primeira
Camada tem a sua motivação no SER mas sua conformação na formação do Inconsciente.
Motivação ONTOLÓGICA – Uma disposição ontológica, estrutural, consistente. Só pode
ser percebida pela contemplação. A escola que avalia isso é a Astrocaracterologia – é uma
tentativa de ver o quadro dentro de onde você consegue se mover. Você vai se mover
DENTRO desse recorte – é o conjunto de possibilidades. É a construção da sua
personalidade dentro de um quadro, dentro de um conjunto de disposições, de inclinações e
pulções. Não há uma pretensão necessariamente terapêutica uma vez que você não pode
tratar o que você É, mas dentro da análise pessoal, possibilita ao homem compreender-se a
si mesmo e a partir daí melhorar.
SEGUNDA CAMADA
Motivação passiva – Senso Comum. Motivação de Ser em uma cadeia de tradição – não
ontológica agora, mas hereditária. Motivação de ser como seus pais. Todos os pais.
Leopoldi Szondi. Inconsciente familiar. A sua vida é como que um palco giratório em que
seus antepassados aparecem e desaparecem como que pedindo para que você reviva suas
histórias. Sucessos e tragédias – a inconstância lunar. Contudo nem Szondi nem Hellinger
acertam em suas teorias, porquê? Porque no fim ultimo, perdemos nossos antepassados. O
Italo Marsili inaugura, por meio da simbólica, um novo horizonte – Dois antepassados
comuns a todos – Adão e Noé. Ascenção e Queda. Pão e vinho.
TERCEIRA CAMADA
QUARTA CAMADA
CAMADAS V A VIII
QUINTA CAMADA
SEXTA CAMADA
SETIMA CAMADA
OITAVA CAMADA
CAMADAS IX A XII
NONA CAMADA
DÉCIMA CAMADA
TRATADO DA ESFERA
Emperium
Primum Móbile
Sete céus
Terra
Céus de fogo
Céus de Ar
Água
Terra
ESFERA DO CRISTALINO
AS CASAS ASTROLÓGICAS
O meridiano (Leste e Oeste) e o Horizonte (Vejo e não vejo) – que denotam as quatro
cúspides centrais – O ascendente, o Descendente, o Meio de céu e o fundo de céu. São os
ângulos ou cúspides angulares. Dentro de cada quadrante, dividimos em três fatias iguais.
Horizonte, oposto, zenitti e nadir.
As casas são a divisão do céu por base na perspectiva humana e também por isso são
também a divisão de ASSUNTOS DA VIDA humana, pois divide o céu com relação a
você. São doze casas. A numeração das casas é feita no sentido anti-horário. São
numeradas conforme o movimento planetário. As coisas surgem no ascendente mas
deveriam descer primeiramente. A primeira casa então é delimitada pelo Ascendente.
Casa XI – Bênçãos e amigos – As benção de Deus, coisas que vem do alto pra gente, coisas
boas que descem do céu. Benção específica do céu – o amigo.
JÚBILO PLANETÁRIO
CASA I
Sol
O primeiro dado seguro obtido pelo sujeito é sobre ele mesmo. Sua própria imagem
contemplada no espelho, ou simplesmente pensada, é óbvia e inquestionável.
Seu conhecimento sobre si próprio lhe parece tão natural que tem a impressão de se
conhecer há longo tempo. Sendo transparente aos seus próprios olhos, acha-se transparente
aos demais e considera inverossímil alguém ser muito diferente dele.
Faz parte de sua natureza não se preocupar de imediato com saber se agrada ou não
ao outro. Ele se auto-refere o tempo todo, nunca estranhando seu próprio comportamento,
utilizando-o como modelo pelo qual capta o comportamento dos outros. Sua biografia e os
papéis que desempenhou funcionam como a chave da sua compreensão do mundo, como se
não existissem outros papéis concebíveis, como se sua própria vida fosse o modelo pelo
qual posteriormente, por diferenças e semelhanças, se foram moldando as outras.
O traço fundamental de sua auto-imagem é a liberdade. Criador de seu próprio
mundo, se vê como um centro que irradia livremente e a cada momento tem como
informação básica as suas próprias possibilidades, o repertório do que pode fazer e ser a
cada instante.
Quando não se vê como o centro dos acontecimentos, necessita de um esforço para
compreender o que o outro espera dele, porque então não intui com clareza a situação. Para
intuir, necessita encarar-se como centro agente mesmo quando não o é. A percepção da
perspectiva alheia nunca é, para ele, imediata e espontânea, mas requer esforço e
aprendizado.
Síntese
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade sua auto-
imagem.
Exemplos
Sta. Teresa de Ávila, Abraham Lincoln, Richard Wagner, Pierre A. Renoir, Arthur
Rimbaud, Claude Debussy, H. Toulouse-Lautrec, J. Guimarães Rosa.
Saturno
O indivíduo estranha sua própria aparência física, tem uma vivência de seu próprio
eu aparente como uma coisa evanescente, insubstancial. Atribui aos outros rostos uma
familiaridade, uma naturalidade que não percebe no seu próprio.
Tem uma consciência aguda de que sua expressão se modifica conforme o papel que
desempenha, e sente-se, por isto, um ator. O jogo das máscaras se torna de vital
importância quando tem de se apresentar socialmente. Substitui a sinceridade individual
pelo “fingimento” ( que, aprimorado, se torna uma espécie de sinceridade artística,
elaborada e problemática ) e aos outros parece ou “cara de pau” ou excessivamente
retraído, porque na construção dos esquemas adaptativos há perda da naturalidade, seu
comportamento parecendo premeditado, o que cria desconfiança.
O indivíduo duvida constantemente da sua auto-imagem nos primeiros anos de vida,
questionando-a e rejeitando-a, multiplicando os pontos de vista desde os quais se encara e,
com isto, alimentando contradições que tornam esta imagem mais insustentável ainda e
criando a necessidade de fixar uma auto-imagem racionalmente fundamentada e justificada.
Ele precisa construir uma imagem para si mesmo, a partir da reflexão e da experiência
sobre as imagens e personagens possíveis. Sente-se inferiorizado diante de quem ele
perceba como espontâneo, natural, desenvolto e auto-confiante, ou, inversamente, de quem
lhe transmita a imagem de uma máscara perfeita, de um total domínio da simulação, a que
ele também aspira como a uma espécie de sucedêneo da desenvoltura que lhe parece
inacessível. Ele é vulnerável a quem vê o seu defeito, a imperfeição ou a incongruência de
sua imagem.
Aporia
A questão humana que lhe causa perplexidade e espanto é a percepção de um hiato
entre o eu (sua identidade interna) e sua aparência física (percepção de si externamente), ou
seja, a expressão visível, externa do ser.
Na medida que o indivíduo quer ser sincero, mas ao mesmo tempo deseja parecer
natural na sua sinceridade ( porque uma sinceridade canhestra não seria persuasiva para os
outros, e ele teme ser mal interpretado ), ele premedita uma expressão de sinceridade; e na
hora em que premedita já sente que não é sincero. Quanto mais natural a aparência
conseguida, mais farsante ele se sente.
Síntese
Exemplos
Johann W. von Goethe, Karl Marx, Emile Zola, Carl-G. Jung, Hermann Keyserling,
Maurice Chevalier.
Júpiter
Percebe a cada momento o que pode ser e o que quer ser. Gera uma figura para si e
torna-se o que deseja. Contorna a exigência de autocrítica, e, portanto, nunca tem
problemas com a auto-imagem, que é plástica; ela não é vivida como uma identidade
definitiva, limitante, um personagem que o indivíduo tenha de carregar, mas sim como uma
espécie de massa plástica com a qual ele pode fazer o que quiser, que lhe pareça uma
expressão e um resultado do exercício de sua liberdade. Não finge, mas cria.
Age espontaneamente e impensadamente como se fosse o criador livre de suas
ações, e o faz para não ter de examinar criticamente suas motivações e ações. É
autoconfiante sem necessidade de autoconsciência ( o que o diferencia do indivíduo com o
Sol na I, cuja autoconsciência é a matriz do impulso de criatividade ), mas com uma espécie
de auto-esquecimento flexível e primaveril. Na primeira impressão, não parece existir hiato
entre o que expressa e o que quer ser, parece ter uma coerência em bloco, apresentando
uma certeza pessoal muito grande de que se conhece, embora isto possa não ser verdade.
Acredita no papel que está representando como se nunca houvesse sido outra coisa. Saturno
na I sente-se um ator, e alcança a sinceridade mediante a consciência crítica de seu
coeficiente de fingimento; Júpiter na I é um ator no pleno domínio do seu papel, e alcança a
sinceridade na medida em que ama esse papel, acredita nele e aceita as consequências reais
de seu desempenho.
Síntese
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos sua imagem, ou personalidade
exterior.
Exemplos
Marte
Está sempre se mexendo para permanecer exatamente do mesmo jeito que está —
este movimento externo é para evitar o movimento interno; gostaria de estar tranquilo com
a sua auto-imagem, e fica então sensível a qualquer ameaça nesta área. Esta atividade se
exterioriza imediatamente e é visível aos outros, transparece na sua imagem. Reage exterior
e fisicamente às informações que trazem novidades sobre a auto-imagem, rejeitando
qualquer alusão, provocação ou ofensa a ela.
Desenvolve esquemas defensivos com relação à sua auto-imagem: incomodando os
outros, o meio-ambiente, para não ser afetado interiormente; reagindo no sentido de manter
superficial o contato com as pessoas ou mudando constantemente sua imagem externa, para
não mudar a interna.
Marte e Júpiter na I revelam uma certa resistência instintiva a qualquer auto-exame;
Júpiter, porque alimenta uma identificação dogmática com a imagem que deseja projetar a
cada instante; Marte, porque provoca um forte sentido de incomodidade ante qualquer
reflexão que possa alterar seu estado interno, e porque tende a preservar a homeostase.
Síntese
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete sua auto-
imagem.
Exemplos
Vênus
Guarda na memória mais imagens de si mesmo que qualquer outra pessoa. Recorda-
se de sua postura e pode imaginá-la numa infinidade de papéis possíveis para serem
utilizados de modo proveitoso em situações futuras. Controla sua auto-imagem procurando
sempre otimizá-la e interpretando as críticas favoravelmente. Adapta-se ao que o momento
impõe, captando o melhor papel para atender ao que queira mostrar ao outro. Tem uma
naturalidade plástica. Imagina que sua presença é sempre melhor do que realmente pode
ser, o que na maior parte dos casos realmente resulta numa melhora da imagem.
Imaginação harmônica de si mesmo.
Por isso mesmo, toda quebra da auto-imagem, ainda que rara, é de uma gravidade
ímpar, quando acontece, porque o indivíduo não sabe lidar com o que lhe pareça
definitivamente negativo, isto é, não assimilável a uma imagem positiva. Toda fantasia é
uma defesa contra a desilusão, de modo que, quando a desilusão se instala, é que a fantasia
já nada mais pode fazer. Portanto, quanto mais rica e plástica a fantasia, mais elevada a
auto-estima. Não se deve esquecer que todo processo depressivo começa com uma
“desimaginação”, com um esvaziamento do conteúdo das imagens e uma perda de seu
magnetismo. No indivíduo com Vênus na I, os reflexos desse processo na auto-imagem —
e portanto no comportamento exterior visível — são imediatos e devastadores.
Síntese
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante sua auto-imagem.
Exemplos
Richard Wagner, Anatole France, Guy de Maupassant, Mohandas K. Gandhi, Gregory
Peck, Judy Garland.
Lua
Síntese
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação tudo que afete sua auto-imagem.
Exemplos
Immanuel Kant, Friedrich Nietzche, Paul Gauguin, Marie Curie, Marcel Proust, Leon
Trotsky, Charles Chaplin, Walt Disney, J. Guimarães Rosa.
CASA II
Refere-se ao conhecimento do real, do mundo físico, dos dados sensíveis presentes (formas,
cores, cheiros, sons, pesos, tamanhos, texturas, sabores, etc.). Confronto do indivíduo com
o que o cerca. O mundo dos objetos inclui o próprio corpo, não enquanto imagem (Casa I) e
sim enquanto densidade, peso, força e tensão.
O Sol nesta posição representa a relação do eu com o mundo das coisas, onde o
outro — como pessoa — está excluído. O centro intuitivo é a circunstância, o indivíduo
vive no mundo das coisas (formas, sons, pesos, gostos, odores, densidade, clareza,
definição da forma, etc.), tendo habilidade para melhor avaliar a matéria. Ele se auto-refere
pelo ambiente físico. É o homem entre as coisas. Ele confia no testemunho dos seus
sentidos. Intuição sensível. A percepção sensível em geral, entretanto, é por sua natureza
limitada e curta, acaba logo, por isso este indivíduo encara a realidade como limitação.
Inteligência que contempla e descreve.
É natural que este indivíduo perante todas as situações humanas procure olhá-las
com uma espécie de disposição contemplativo-arquitetônica, captando-as como quadros
estáticos onde “tudo está do jeito que está”. Compreende o fato consumado, e tende a ter
uma visão estática da realidade no momento em que a percebe. É realista porque se adapta
ao estado das coisas, mas tem a impressão de que nunca age, propriamente, mas só
responde ao estado de coisas, por isto não se sente como o agente criador por mais ativo
que seja. Ele se vê como observador, ainda que seja o agente. Aptidão para a solidão.
O senso de que um objeto tem consistência própria e independente da subjetividade
humana é comum nesta posição, e este indivíduo tem, portanto, uma noção corporal mais
clara de suas possibilidades diante do objeto do que em geral têm as outras pessoas. Vê o
mundo ( objeto ) como mais real do que ele mesmo ( sujeito ). Precisa viver a experiência
concreta da forma mais sensorial possível para intuir, por isso sua memória é carregada de
dados sensoriais.
Síntese
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade o quadro total
da situação corporal estabelecida no momento.
Exemplos
Immanuel Kant, Benjamin Disraeli, Karl Marx, Gustave Flaubert, Mark Twain, Oscar
Wilde, André Gide, Charles de Gaule, Simone de Beauvoir.
Saturno
Aporia
Síntese
Exemplos
Alexandre Dumas, Júlio Verne, Edouard Manet, Paul Cézanne, Friedrich Nietzsche, Kaiser
Guilherme II, Claude Debussy, Mohandas K. Gandhi, Arthur Koestler, Gregory Peck.
Dumas era célebre por sua avidez de dinheiro1. O cosmos físico de Verne é feito de
esquemas imaginados, não de percepções: o irreal-possível é visto como realidade presente,
substituindo-se a esta. Em Manet e Cézanne a desrealização intelectualizante do mundo
percebido é notória; o real-objetivo é substituído pelas reações perceptivas subjetivas, no
primeiro; no segundo, por esquematizações geométricas. Observações semelhantes valem
para Debussy. Gandhi: este traço de caráter é ao mesmo tempo manifestado e ocultado pela
absorção de hábitos culturais: vegetarianismo e jejuns; crença no caráter mais ou menos
ilusório da realidade material. Koestler, em suas Memórias ( Arrow in the Blue ) descreve
literalmente a sensação de fugacidade da matéria, vivida desde a infância.
Júpiter
Síntese
1
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos tudo o que afete seu equilíbrio
sensorial.
Exemplos
Marte
Síntese
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que denote uma
mudança no seu equilíbrio sensorial.
Exemplos
Leonardo da Vinci, Sta. Teresa de Ávila, Johan W. von Goethe, William Blake, Mark
Twain, Arthur Rimbaud, Maurice Ravel.
Vênus
Síntese
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante tudo o que afete o
(qualquer mudança no) seu equilíbrio sensorial.
Exemplos
Lua
Síntese
Exemplos
Victor Hugo, Frédéric Chopin, Charles Dickens, Karl Marx, Pierre A. Renoir, Theodore
Roosevelt.
CASA III
Intui enquanto pode pensar, isto é, representar uma coisa por outra, comparar, ter
alternativas, não aceita o dado tal e qual, tem de pensar em outras possibilidades. Nada tem
sentido em si, mas pela relação de signo-significado.
Pensa sem concluir, o que se impõe como verdade inquestionável sai do foco de sua
atenção. Se conclui algo, tem de pensar noutra questão, pois só intui onde há possibilidade
de erro. O fundamental para o indivíduo é a crítica, e não a afirmação. A dúvida o ajuda,
lhe é vitamínica, por isso, funciona melhor com atitude dialética: tem de afirmar e negar.
Tende a discutir as idéias alheias, é aberto a por em risco suas próprias crenças e
opiniões. Se possui crenças, tem de fingir para si próprio que não as tem, para continuar
entendendo.
Conserva uma infinidade de cenas e histórias que são importantes não pelo seu
conteúdo, mas por reconhecer nelas exemplos típicos (signos). Poder evocativo e de
inspiração nas experiências de aprendizado juvenil. Aprende com a experiência.
A inteligência do indivíduo crescerá na proporção que domine a linguagem. O Sol na III
busca um nome (conceito) em contraste com o Sol na IX que busca a sentença (juízo).
Sente-se seguro na hora que pode denominar, referir, encontrar uma suplência (no sentido
lingüístico). Procura situações em que a inteligência possa se manter ativa, deslizando de
uma coisa para outra, de um signo para outro. Requer o movimento da linguagem.
Síntese
Exemplos
Franz Liszt, Louis Pasteur, Paul Cézanne, Winston Churchill, Maurice Chevalier, Walt
Disney, Albert Camus.
Saturno
Aporia
A palavra é signo de coisa e ela mesma é coisa. Não havendo a relação intrínseca de
signo-significado, a linguagem funda-se numa convenção. Mas então como pode
haver uma fala “verdadeira”?
Síntese
Exemplos
Auguste Comte, Charles Dickens, Theodore Roosevelt, André Gide, Bertrand Russell,
Herman Hesse, Mia Farrow.
Júpiter
Autoconfiança ilimitada na sua própria capacidade de aprendizagem, de fazer
associações entre idéias e conceitos. O sujeito confia também na sua capacidade de
comunicar aos outros o que pensa e aprende, e de persuadir o interlocutor de qualquer coisa
que queira. Não se deixa abater por argumentações contrárias às suas, ele mesmo é que tem
de sentir-se o autor de suas mudanças de idéias. Quer estar livre para poder pensar o que
quiser. Confia na capacidade de convencer, persuadir, na eficácia de sua palavra. Esta
confiança é espontânea, dogmática e totalmente independente de ser fundamentada ou não.
A capacidade intelectual real decidirá se essa autoconfiança resultará em eficácia no
aprender e no falar, ou numa inépcia verbosa.
Síntese
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos o curso do raciocínio — seu ou
alheio.
Exemplos
Leonardo da Vinci, Sta. Teresa de Ávila, Arthur Rimbaud, Claude Debussy, Charles
Chaplin, Adolf Hitler, Ernest Hemingway, Mário Ferreira dos Santos.
Marte
Reage às situações que apelam ao seu raciocínio e à sua habilidade para estabelecer
relações, situações que ameacem a estabilidade do seu curso atual de pensamento, de suas
referências mentais do momento. Maneja rapidamente as palavras, seja como ouvinte e
intérprete, seja com falante.
Tenta pensar o mais rápido possível para evitar gasto de energia, é impaciente para
pensar, mas por isto mesmo acaba gastando mais energia do que desejaria. Na conversação,
se antecipa à pergunta do outro, concebendo respostas, quer as emita em voz alta ou não,
mas em todo caso mantendo-as prontas e na ponta da língua, ou então fugindo do assunto
com uma espécie de desinteresse ativo. Quando quer aprender algo, quer que seja da forma
mais rápida e simples possível, seu ritmo de estudo tende a ser espasmódico. Se for um tipo
extrovertido, gostará de polemizar, e poderá ter mesmo um amor ao paradoxo, dizendo o
contrário do que pensa, para que alguém o conteste; se for introvertido, viverá toda essa
polêmica de modo interiorizado.
Síntese
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete o curso
momentâneo do seu raciocínio.
Exemplos
Vênus
Síntese
Exemplos
Immanuel Kant, Hans C. Andersen, Franz Liszt, Karl Marx, Gustave Flaubert, Louis
Pasteur, Emile Zola, Oscar Wilde, Winston Churchill, Maurice Ravel, Leon Trotsky, Pablo
Picasso, Maurice Chevalier, Charles de Gaule, Simone de Beauvoir.
Lua
Síntese
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação tudo que afete o curso
momentâneo do seu raciocínio.
EXEMPLOS
Leonardo da Vinci, Napoleão Bonaparte, Edouard Manet, Henry Ford, Carl G. Jung,
Herman Hesse, Adolf Hitler, F. Scott Fitzgerald.
CASA IV
SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA PSICOLÓGICA
SÍNTESE
EXEMPLOS
Victor Hugo, Hans C. Andersen, Charles Dickens, Emile Zola, Woodrow Wilson, Marcel
Proust, Leon Trotsky, Pablo Picasso.
SATURNO
O que aparece para o sujeito como insubstancial, irreal, é ele mesmo enquanto
sujeito desejante, é a sua própria alma (conjunto de aspirações, desejos, sentimentos, etc.) O
objeto do desejo escraviza o indivíduo e, ao mesmo tempo, é o fato do indivíduo desejá-lo
que dá a esse objeto tanto poder. Se o indivíduo obtém o objeto, é o objeto quem tem o
poder de completá-lo; se não o obtém, permanece em privação.
Há uma dialética de desejo e frustração, que lhe torna dolorosa a convivência com
os outros porque estes não sabem como satisfazê-lo. É um infeliz crônico, quer
compreender racionalmente o estado de desejo, o que é impossível. Só o que se pode
compreender racionalmente é o conceito genérico (essência permanente) deste ou daquele
desejo, não o estado de desejo no momento real, de vez que o próprio esforço de com-
preensão racional exige distanciamento, portanto renúncia ao desejo.
O indivíduo se questiona profundamente e o tempo todo. É a posição de maior auto-
questionamento e também a que mais debilita a auto-confiança. Não permite a entrada de
novas experiências emocionais enquanto não tiver resolvido aquela a que se apegou.
Estranha o próprio sentimento, não tem conforto íntimo. Tenta não sentir o sentimento e
procura compreendê-lo logicamente, e assim o perde.
Os estados emocionais tendem a se estabilizar como problemas, procura repetir os
felizes e repelir os infelizes, e vai falhar. O indivíduo necessita ser compreendido e
explicado pelo outro. Só se sente capaz de amar na medida em que exista uma condição
intelectual que o compreenda, o explique e o abarque. Sente-se frágil, vulnerável ao
desejar, e entediado ao satisfazer o desejo, surgindo daí o desejo do desejo. Este indivíduo
pode tentar não desejar nada, cercando-se de tudo que necessita, fechando um círculo para
bastar-se, ou motivando-se e movendo-se pela imitação do desejo dos outros.
Vocação psicológica pelo interesse na problemática. A mãe, o lar, o sentimento
serão sempre motivos de reflexão. O problema colocado é o problema das suas origens:
como ele foi um nada e hoje ele é algo. Uma das maneiras simbólicas da questão:
permanecer apegado ao seu passado porque a pergunta está lá.
Num desenvolvimento ideal, o indivíduo iria compreendendo que o desejo é que dá
movimento à vida, através da transformação de um desejo em outro, do deslocamento do
desejo de um objeto a outro. A única forma de razão compatível com o desejo é a narrativa,
através da qual o indivíduo pode organizar o fluir de seus estados de alma no tempo (não
existe desejo sem tempo), podendo com isso até mesmo desenvolver uma aptidão histórica.
É importante para este indivíduo compreender que a conexão entre estados emocionais é
temporal, não lógica.
APORIA
O indivíduo percebe uma barreira entre o desejo, a falta de algo, e a sua satisfação.
Insubstancialidade da alma, do sujeito desejante. Impossibilidade de racionalizar o desejo,
cujo objeto é acidental.
Todo objeto de desejo exerce domínio sobre o sujeito desejante; logo, representa
também uma ameaça (de frustração). O medo, porém, opõe-se ao desejo; logo, o objeto do
desejo é ambíguo: prazer e dor.
Na tentativa de escapar desta aporia, o indivíduo constrói esquemas racionais para
dominar intelectualmente o desejo; mas o distanciamento necessário a isto reprime e sufoca
o desejo, resultando em falta de motivação, portanto num sentimento de pobreza e
melancolia, no qual os objetos de desejo desaparecem numa distância inatingível.
SÍNTESE
EXEMPLOS
Frédéric Chopin, Maurice Ravel, Ernest Hemingway, Walt Disney, Jean-Paul Sartre,
Simone de Beauvoir, Judy Garland, Marilyn Monroe.
JÚPITER
Tende a confiar imensamente na sua capacidade de atingir a felicidade, de obter o
que deseja, de criar em si mesmo seu próprio objeto de satisfação. Acredita que a
Providência o ajudará a realizar seus mais íntimos desejos, que ele conseguirá se impor às
circunstâncias externas que poderiam causar-lhe infelicidade. Por isso, não se deixa abater
por frustrações emocionais, por desejos não realizados. Sente-se livre em relação aos
próprios desejos, em decidir realizá-los ou não, mantê-los ou fazê-los cessar, num esforço
de vontade. Confia na felicidade final.
SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos seu estado íntimo de equilíbrio.
Gratificação-frustração.
EXEMPLOS
Johan W. von Goethe, Richard Wagner, Giuseppe Verdi, Edgar Degas, Thomas Hardy,
Friedrich Nietzche, Marcel Proust, Maurice Chevalier, Charles de Gaule, Walt Disney,
Richard Nixon, Albert Camus, Tyrone Power, Judy Garland.
MARTE
Reage a qualquer situação que ameace seu equilíbrio emocional, sua felicidade
atual, a qualquer coisa que possa preencher ou frustrar um desejo seu. Deseja e rejeita o
objeto externo, simultaneamente.
Necessita mudar o estado psicológico das pessoas íntimas, ser comovente e atuar na
própria intimidade.
Quer satisfazer imediatamente todos os seus desejos; quer a felicidade já. Se o
estado de desejo se prolonga, fica muito incomodado. É um estado agudo, passando
rapidamente da profunda felicidade para a profunda infelicidade. Acha que as pessoas não o
entendem e é extremamente difícil satisfazê-lo. Tenta fugir de situações que lhe possam ser
desagradáveis emocionalmente, ou procura resolvê-las logo para não se sentir invadido por
elas. A tensão entre o desejo e a frustração é tão grande que o próprio desejo, ao apresentar-
se, já contém o elemento irritante. A irritação tende a confundir-se com a excitação.
SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que diga respeito à
gratificação e frustração dos desejos.
EXEMPLOS
Louis Pasteur, Emile Zola, Oscar Wilde, Thomas Mann, Maurice Chevalier, Charles de
Gaule, Walt Disney, Simone de Beauvoir, Richard Nixon, Gregory Peck.
VÊNUS
Guarda na memória os estados emocionais agradáveis para poder otimizar suas
alterações emocionais do dia-a-dia, e projetar uma felicidade futura. Não sente muita
necessidade de agir em resposta aos estados emocionais, porque tem a facilidade de
trabalhá-los imaginativamente, criando uma versão mais otimista. Completa na imaginação
o que lhe falta para ser feliz. Dá um fundo de felicidade passiva que serve de apoio para o
indivíduo em todas as situações. Imaginação harmônica dos estados emocionais.
Em casos de profunda depressão as imagens de felicidade desapareceriam e a
tristeza tomaria a forma de uma espécie de conformidade fechada em si mesma, por
ausência de objeto de desejo.
SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante o seu estado íntimo,
seja de satisfação ou frustração.
EXEMPLOS
LUA
O objeto de valoração são os estados emocionais. Sentimento puro, deseja
intensamente a felicidade. É sensível e procura um ambiente que lhe proporcione um
equilíbrio entre segurança emocional e satisfação, sendo que a passagem de um estado ao
outro é extremamente dolorosa. Busca uma harmonia íntima, mas sente profundamente a
impermanência de seus estados, ao mesmo tempo que, não abdicando de pequenas
satisfações, se torna mais instável ainda. Desejo de uma ligação emocional profunda. A
questão é a impermanência da felicidade, ora o objeto desejado pode ser gratificante, ora
pode ser frustrante. Ao contrário de Marte na IV, em que gratificação e frustração tendem a
se fundir num só complexo, tornando dolorosa a própria satisfação, Lua na IV é alternância,
sem fusão dos dois momentos.
SÍNTESE
EXEMPLOS
Johann W. von Goethe, Wolfgang A. Mozart, Honoré de Balzac, Franz Liszt, Emile Zola,
Woodrow Wilson, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir.
CASA V
SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA TÁTICA
O indivíduo presta mais atenção ou capta mais facilmente as situações onde haja
oportunidade de demonstrar suas capacidades; em outras situações, ele pode criar
artificialmente um enfoque desafiador, e assim retomar a atenção. Pode se envolver em
situações que não o interessam de forma alguma, só para treinar, praticar suas capacidades.
O Sol na Casa V permite uma capacidade de se desenvolver sozinho, de aprender
sozinho, portanto este indivíduo pode achar que os outros têm a mesma capacidade ou, ao
perceber que não é assim, pode se considerar um indivíduo excepcional, predestinado.
Ele conhece os talentos que tem e os que não tem. Sua ação é auto-centrada na
consciência de suas capacidades. “Eu posso e vou fazer”. Não sabe assistir apenas, tem de
ser o centro agente, expressando uma capacidade auto-consciente. Isto não significa que ele
tenha amor à competição; goste ou não dela, este indivíduo irá encarar tudo como
competição. O mundo para ele é um campo de jogos onde, a cada momento, sua capacidade
é solicitada a se mostrar. Sem desafios, sua inteligência se apaga. As palavras decisivas são
vitória e derrota.
Prende-se à realidade da experiência momentânea e não em padrões pré-existentes,
responde aos desafios na hora em que estes acontecem. Aproveita cada momento e se
adequa a cada situação.
1* SÍNTESE
2* EXEMPLOS
SATURNO
O que é visto como insubstancial para o sujeito é ele mesmo enquanto autor dos
seus atos. Pergunta se é ele quem domina as situações, ou se é dominado por elas; quer
saber qual é o segredo para ser vitorioso sobre as situações da vida em todas as áreas onde
se sinta desafiado e tenha que competir. A necessidade de auto-afirmação, de tirar uma
dúvida sobre si enquanto criador de seus atos, é o que motiva seu desejo de se impor sobre
as circunstâncias. Com isso, tão logo realiza uma coisa, imediatamente a desvaloriza, por
perceber que a fez por auto-afirmação, não sendo então criador mas uma vítima insegura e
cheia de dúvidas sobre si mesma. Sua dúvida não é sobre o “eu”, mas sobre o “eu que se
expressa em atos”.
Com esta posição a pessoa gosta de “jogos de mentira”, que são resolvidos num
plano puramente lógico e sem riscos verdadeiros. O enfoque das situações de oportunidade,
de derrota e vitória, é intelectual, portanto indireto e através de esquemas. Quanto menos
real e viva for a situação do jogo, melhor. Compara suas capacidades atuais com um padrão
ideal pré-estabelecido por ele mesmo. Tem um esquema ideal abstrato (separado do
esquema habitual da experiência), que marca um padrão que é inatingível por definição.
Questiona e estranha a exposição da sua própria capacidade. Quer saber logo as regras do
jogo e o esquema de ações. Teme a impotência, a derrota. A questão é: qual o segredo que
torna o sujeito hábil e dominador numa determinada situação, por que uns vencem e outros
perdem?
Num desenvolvimento ideal, o indivíduo adquiriria um conhecimento técnico
refletido em todas as áreas que lhe interessam, construindo para si uma performance
razoável nessas habilidades, e fundando nisto a sua auto-estima. O conhecimento técnico
inclui todas as situações possíveis, dentro de certa área, e o ideal seria o indivíduo adquirir
um conhecimento suplementar até para ensinar. O importante é que nunca seja desafiado
para algo que não conheça, pois não sabe improvisar, necessitando de muito preparo. É
característico do desenvolvimento não ideal desta posição, o sentimento de incapacidade e
inveja (oposição entre a sua própria capacidade e a de outro).
Seu esquema adaptativo pode ser: especializar-se numa determinada habilidade,
protegendo-se de qualquer possibilidade de fracasso; adotar uma imagem de incapaz,
delegando aos outros qualquer coisa que o desafie a expressar alguma habilidade ou
competir compulsivamente (nunca se certificando se a vitória depende dele próprio ou do
fracasso casual dos adversários).
APORIA
3* SÍNTESE
4* EXEMPLOS
Wolfgang A. Mozart, Franz Liszt, Thomas Hardy, Henri Matisse, Winston Churchill,
Georges Bernanos.
JÚPITER
Confia na própria capacidade. É o criador de oportunidades. Onde não existe
oportunidade, o indivíduo cria alguma. Suas derrotas não o deixam abatido, pelo contrário,
sente-se desafiado e aposta mais alto ainda, pois não tem medo de perder, de fracassar. O
senso da autoconfiança é aumentado pelas situações que o desafiem a mostrar sua
capacidade para si ou para os outros, o que traz uma auto-satisfação ativa (em contraste
com a auto-satisfação passiva, que se refere à Casa IV).
5* SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos qualquer desafio à sua
capacidade.
6* EXEMPLOS
MARTE
Reatividade em relação aos desafios. Ser jogador, provar que é capaz. O indivíduo
reage às provocações ou desafios à demonstração de suas habilidades, sua performance
numa situação presente. Isso pode incluir situações de jogo ou qualquer mostra de destreza.
Qualquer situação que apele à sua auto-afirmação através de capacidades que possua.
O modo como reage pode ser aceitando rapidamente qualquer desafio e livrando-se
logo de tal situação, para que a sua autoconfiança não seja abalada; provocando os outros
para afastar de si próprio tais provocações; fugindo das situações onde tenha que
demonstrar alguma habilidade específica; criando ele mesmo situações desafiadoras porque
a ausência de oportunidade para mostrar-se capaz o torna inseguro.
7* SÍNTESE
8* EXEMPLOS
Franz Liszt, Charles Dickens, Edouard Manet, Woodrow Wilson, F. Scott Fitzgerald .
VÊNUS
Guarda na memória as situações gratificantes do seu desempenho, seus momentos
de vitória. Enxerga cor-de-rosa as situações de desafio e considera que irá vencê-las
sempre, idealizando seu próprio desempenho. Capacidade de improviso imaginativo. Se
auto-satisfaz criando imagens de vitória, sem que necessariamente atue nas situações.
Imaginação harmônica das situações de desafio à sua capacidade.
Se muito deprimido torna-se incapaz de enxergar qualquer atrativo numa
perspectiva de luta e vitória; torna-se indiferente às suas próprias capacidades.
9* SÍNTESE
10* EXEMPLOS
LUA
Valoriza as situações de desafio porque acha que é nelas que vai encontrar
felicidade. Deseja a vitória e sente prazer no ato de conquistar as coisas. O estado
emocional determina sua capacidade de enfrentar os desafios e vice-versa. Está feliz ou
infeliz conforme o próprio desempenho, e ao mesmo tempo o desempenho depende de o
indivíduo estar feliz ou infeliz. Alternadamente pode se sentir muito capaz ou muito
incapaz, independentemente dos motivos objetivos, de modo que a demonstração efetiva da
capacidade depende de haver uma coincidência entre a oportunidade externa, a capacidade
real e a motivação subjetiva.
11* SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação qualquer fato ou situação que
interprete como um desafio à sua capacidade.
12* EXEMPLOS
Hans C. Andersen, Paul Cézanne, Auguste Rodin, Kaiser Guilherme II, Henri Matisse,
Maurice Ravel, Pablo Picasso, Maurice Chevalier, Ernest Hemingway, André Malraux,
Mário Ferreira dos Santos.
CASA VI
SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA ORGÂNICA
1* SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da rea-lidade o seu encaixe
no sistema das exigências circundantes imediatas.
2* EXEMPLOS
SATURNO
Diante de qualquer dado da realidade, ou das suas próprias ações, o indivíduo se
pergunta: Qual é a ordem imanente a isto? Qual é o sistema no qual isto se encaixa? Se não
tem um código, não consegue compreender nem agir.
Da mesma forma, se falta uma parte já não entende o todo. É difícil lidar com a
acidentalidade, pois o acidente lhe parece um fragmento que ele não consegue reinserir no
conjunto. Só consegue compreender o todo em função das partes, e as partes em função do
todo, formando um sistema fechado. Não suporta “non sense”, o que é disforme, o
inorgânico.
Isto pode gerar problemas em todas as áreas, na maneira como mapeia o sistema de
sua vida com o qual ele se encaixa e se dirige em qualquer direção. Por exemplo, pode
gerar uma dificuldade um tanto artificial e histeriforme de coordenação motora, querendo
compreender como as partes do corpo se movem, colocando sua atenção no movimento ao
mesmo tempo que o desdobra mentalmente em partes, impossibilitando a síntese que é a
própria execução do movimento (aporia de Zenão).
Da mesma forma, a aprendizagem de certas disciplinas pode ser quase impossível se
a pessoa não souber onde aquilo vai chegar, com que todo aquilo se relaciona.
A pessoa tem uma exigência de sistematização que nem sempre a prática pode
atender. Tem um senso de economia de tempo e energia que pode, no entanto, levá-la a
desistir de qualquer organização, pois elabora sistemas que na prática se revelam inviáveis,
pois são de índole analítica e caem na subdivisão interminável, impedindo o salto
qualitativo para a ação.
Tendência ao esforço físico para dar conta do problema, porque não percebe que o
problema é mais sutil e intelectual. Busca a perfeição do sistema. Dá impressão ao mesmo
tempo de grande eficiência e total inaptidão. Teme o caos, a desordem (quanto mais tenta
ordenar, maior é a impressão de caos).
APORIA
3* SÍNTESE
4* EXEMPLOS
JÚPITER
Acredita piamente na própria capacidade de resolver qualquer problema prático que
se apresente, com eficiência e rapidez. Resolve rapidamente qualquer situação de
organização de vida, não chegando nem a sentir o problema. É como se o indivíduo fosse
mais rápido que o problema. O problema não consegue prendê-lo, pois ele já acha logo uma
saída, impondo-se sobre a situação. Como não chega a tensionar com o problema, buscando
espontaneamente a solução, as pessoas a quem ele pede auxílio encontram prazer em ajudá-
lo, mas, por outro lado, como parece muito auto-suficiente, as pessoas não chegam a
acreditar realmente que ele necessita desta ajuda. Cria sua própria ordem.
5* SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos seu encaixe no sistema das
exigências circundantes imediatas.
6* EXEMPLOS
George Washington, Gustave Flaubert, Júlio Verne, Vincent Van Gogh, Mia Farrow.
MARTE
Reage a tudo que possa desestabilizar a ordem estabelecida para si mesmo, o
esquema de funcionamento de sua vida e rotina. Algo que saia para fora do lugar
estabelecido, ou algo que falte, para o sistema concebido por ele ficar completo. Luta
contra uma desorganização, mas com isso pode desorganizar outras situações. A própria
velocidade com que interfere para vencer a desorganização gera mais desorganização,
principalmente porque o indivíduo ataca com todas as suas forças o detalhe que o incomoda
no momento, sem ter em vista o desarranjo muito mais vasto que sua interferência pode
causar.
Age rapidamente para restabelecer a ordem concebida, na ilusão de não se
preocupar mais com isso. Quer tudo funcionando, mas não quer questionar, pensar sobre
esse funcionamento, motivo pelo qual seu senso de funcionalidade é imediatista e, no
fundo, desorganizador. Pode também se encher de regras, para si e para os outros, no
sentido de tornar tudo extremamente funcional, para não ser incomodado por nenhum dado
fora desse sistema, que, no entanto, está pronto a abandonar à mais leve provocação.
7* SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete seu encaixe
no sistema das exigências circundantes imediatas.
8* EXEMPLOS
Immanuel Kant, Karl Marx, Júlio Verne, Henri Matisse, Marcel Proust, Hermann
Keyserling, Judy Garland.
VÊNUS
Imagina-se totalmente adaptado ao ambiente imediato (a maneira como dispende a
energia de tempo, como percebe seu próprio ritmo, seu encaixe no sistema do mundo, e
portanto sua funcionalidade), vendo-se como parte de uma organização perfeita e funcional
e se auto-satisfazendo com isto. Guarda na memória as vivências positivas do seu encaixe
no mundo. Completa harmoniosamente todas as formas, embelezando a vida, o cotidiano.
Imaginação harmônica da sua organicidade.
Se muito deprimido, ou imaginará um total desencontro entre suas aspirações e o
meio-ambiente físico imediato, ou procurará um ambiente que seja deprimente,
encontrando em algum tipo de humilhação ou incomodidade a “prova” de que sua tristeza
tem razão de ser. A imaginação é uma faculdade produtiva, cuja ação nunca é sem
consequências na esfera da vida real: daí a facilidade de produzir, por ela, profecias auto-
realizáveis; o indivíduo que está deprimido por qualquer razão, imaginará, caso tenha
Vênus na VI, que seus padecimentos provém da Casa VI (encaixe funcional no ambiente
imediato); e, para provar a si mesmo que tem razão, destruirá esse encaixe, com o que
criará motivos reais para estar deprimido; e assim por diante num círculo vicioso.
9* SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante seu encaixe no sistema
das exigências circundantes imediatas.
10* EXEMPLOS
Leonardo da Vinci, Wolfgang A. Mozart, William Blake, Frédéric Chopin, Giuseppe Verdi,
Theodore Roosevelt, Kaiser Guilherme II, Marcel Proust, Carl G. Jung, Hermann
Keyserling, Graciliano Ramos, Richard Nixon.
LUA
Valoriza a organicidade dos sistemas que o cercam no dia a dia, buscando um tipo
de organização de vida que lhe traga felicidade. É sensível às mudanças que alteram a
rotina diária, porque necessita sentir-se integrado aos esquemas já existentes, sem
despender nenhum esforço. O sentimento de desencaixe o deixa angustiado. A saúde varia
com o humor. Existe aqui uma identificação entre a funcionalidade orgânica e econômica e
a felicidade em sentido pleno; identificação que ora é real, ora é falsa: ora o indivíduo se
encontra feliz porque tudo funciona bem, ora produz sua própria infelicidade ao agir como
se o mero bom funcionamento bastasse para criar felicidade; ou, pior ainda, como se
qualquer necessidade superior e mais complexa devesse ser desprezada em nome da
funcionalidade. A idealização da funcionalidade tanto pode criar uma felicidade da vida
simples como simplificar mecanicamente a imagem da felicidade, criando uma expectativa
falsa, que se manifesta na proliferação de pequenas necessidades jamais satisfeitas.
11* SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação qualquer situação que afete seu
encaixe no sistema das exigências circundantes imediatas.
12* EXEMPLOS
Sta. Teresa de Ávila, Júlio Verne, Mark Twain, Vincent Van Gogh, Albert Einstein,
Hermann Keyserling, Charles de Gaule, Richard Nixon, Albert Camus, Judy Garland.
CASA VII
Refere-se a apreensão do eu através da relação com o outro, tudo que o indivíduo sabe de si
a pretexto de um outro indivíduo. Esta Casa é toda projetiva e o outro é a referência. É por
onde se conhece o especificamente idêntico e numericamente diferente. É o conjunto das
relações e sobretudo das expectativas bilaterais: como espero determinada resposta, ajo de
determinada maneira, mas ao mesmo tempo minha maneira de agir fundamenta a
expectativa de resposta. É o conhecimento por espelhismo, a definição mútua dos papéis,
com toda a constelação de expectativas, direitos e deveres supostos.
SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA ELETIVA
A primeira coisa que o indivíduo intui é o outro e intui a si próprio enquanto um dado
colocado por outra pessoa. Se não tem a referência a um outro não sabe como agir por ficar
sem informação, se não há confronto não enxerga a situação. A operação de comparação
entre o sujeito e os outros é instantânea, natural e não problematizada; captando
intuitivamente o sistema de proporções entre o seu comportamento e o do outro e agindo
em função de tal captação, adaptando-se , seguindo as regras de convivência que percebe
intuitivamente (compreensão da bilateralidade no relacionamento humano). Porém, é uma
captação momentânea, não tira conclusões e não influencia outros momentos. A
informação comparativa entre o eu e o outro resulta no dado bilateral que tem como única
finalidade sua adequação à situação particular.
Para este indivíduo, perceber algo é perceber que as coisas têm ambigüidade. Para se
definir diante de uma situação é necessário uma proposta de ação à qual ele possa dizer sim
ou não. Sua inteligência exige uma escolha, uma preferência. Se deixada a si mesma, não
tem partido algum a tomar. O que é real para ele é a opção que tem a tomar. Entretanto
toma partido superficialmente porque sua atitude é momentânea e plástica. Percebe os
contrastes ou os fabrica para poder intuir.
Geralmente apresenta uma desenvoltura harmônica com o ambiente onde está, pois faz
parte da sua natureza perceber se está agradando ou não e tomar atitudes adaptativas
conforme um desejo autoconsciente de agradar ou desagradar.
SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade as relações de
expectativa bilateral.
EXEMPLOS
Carl G. Jung, Herman Hesse, Adolf Hitler, André Malraux, Tyrone Power.
SATURNO
O indivíduo focaliza sua atenção no outro, e constata perplexo que cada pessoa o vê de
forma diferente. Os outros funcionam para este indivíduo como um espelho e com tantas
imagens fica difícil obter uma imagem coerente de si mesmo. Ao contrário do indivíduo
com Sol na VII, que se adapta instantaneamente pró ou contra a imagem que os outros
fazem dele, a pessoa de Saturno na VII compara incessantemente as muitas imagens obtidas
ao longo da vida, tentando uma síntese, a qual é inevitavelmente problemática, o que
dificulta as tomadas de posição momentâneas.
Os outros são vistos como reais e o indivíduo mesmo se sente insubstancial, escorregadio.
Em tudo o que faz se sente observado por espectadores (reais ou imaginários) e procura
corresponder às diferentes expectativas deles. Tenta desesperadamente julgar a conduta
alheia para referenciar a sua própria. Cada vez que compara seu comportamento ao do
outro (ou o de um indivíduo ao de outro), quer extrair uma regra para explicar seus
comportamentos passados, e preparar os futuros, na tentativa de criar um código moral e
jurídico para si mesmo. Desta forma, o indivíduo, tentando controlar os papéis que
vivência, se sente tão insubstancial na tentativa de agradar a todos, que se torna vulnerável
a que os outros o transformem no que queiram, “grudando” nele a máscara que desejarem.
Só consegue entender o outro por um esforço imaginativo, que tem de ser aprendido. Pode
imaginar o outro completamente diferente do que é, portanto pode inventar uma
constelação de seres ideais, criando um esquema de comportamentos que espera das outras
pessoas, e que usa como padrão de julgamento. Este indivíduo quer uma regra, um esquema
para saber se a resposta do outro é coerente e de acordo com a expectativa dele.
Tem sempre a impressão de não saber perfeitamente quem é o outro com quem está
convivendo. Pode tratá-lo sempre do mesmo jeito mas com intenções diferentes ou de
diferentes maneiras mas com a mesma intenção. Cada situação de bilateralidade é vivida
como amostra de regra geral para que possa avaliar o comportamento anterior e projetar o
futuro comportamento. Na relação, confiar e desconfiar é sempre um processo
desconfortável porque há rigidez na avaliação do comportamento anterior. Qualquer falha
do outro é motivo de desconfiança, admitida conscientemente ou não. Tudo o que eu sei do
outro é o que o outro não sabe e o que o outro sabe de mim é o que eu não vejo... Há uma
rigidez tanto no exigir e cobrar quanto, alternadamente, numa benevolência sem critério no
julgamento do outro. Não seleciona as pessoas com quem convive. Acha que é possível
encontrar nos outros um espelho fixo de si mesmo, para coerir sua própria imagem.
Colocando a questão do auto-conhecimento através do outro num nível não existencial, mas
cognitivo, o indivíduo verá que é impossível ter uma visão coerente de si mesmo a partir
apenas da forma como é visto e tratado pelas outras pessoas, pois não há uniformidade na
conduta alheia; não há portanto um espelho estável de si mesmo no outro. Não estando
seguro de nenhum padrão de lealdade, não consegue saber se ele próprio é leal ou não, nem
se os outros são ou não traidores. Agindo por tentativa e erro, certamente erra, pelo menos
até que a experiência lhe permita consolidar certas conclusões gerais válidas.
Seu esquema adaptativo pode ser: inventar uma lei abstrata ou adotar uma conduta padrão,
em termos de como deve agir e do que esperar dos outros, fixando-se a ela; não esperar
nada dos outros, abstendo-se de julgá-los e aceitando o que vier; criar um esquema seletivo
de imagens dos outros.
APORIA
Se cada “outro” me vê como uma forma diferente, eu então não sou nada? Serei apenas um
conjunto de imagens?
SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que afete uma expectativa bilateral.
EXEMPLOS
Louis Pasteur, Benito Mussolini, Graciliano Ramos.
JÚPITER
A vontade e o livre-arbítrio do indivíduo exercem-se no relacionamento com o outro.
Sente-se tranquilo e confiante em relação à sua capacidade de moldar os relacionamentos à
vontade, estabelecendo padrões de julgamento bilateral aceitáveis por ambas as partes e no
entanto favoráveis, no fim, aos seus intuitos pessoais. Dito de outro modo, sente poder
harmonizar interesse e direito. Por isto, pode transmitir como imagem de pessoa confiável e
bom conselheiro, do mesmo modo que acredita, e não sem fundamento, poder ter confiança
nos outros e encontrar entre eles bons conselheiros. Tem uma arte peculiar de ser fiel aos
compromissos e manter-se livre deles ao mesmo tempo.
Possui uma extrema plasticidade nas situações ambíguas, sentindo-se a vontade para se
posicionar de um lado ou de outro, conforme a sua decisão, sem se dobrar a pressões
externas, ou para mudar livremente o quadro das alternativas propostas. Quer sempre
colocar-se acima das circunstâncias interpessoais e simplesmente confiar no seu julgamento
a respeito das relações e na lealdade dos amigos. Provavelmente terá poder de persuasão,
impondo sua vontade sobre a do outro de uma forma que parecerá atender exatamente às
solicitações do outro.
SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de criar expectativas bilaterais favoráveis a seus propósitos.
EXEMPLOS
Edouard Manet, Woodrow Wilson, Mohandas K. Gandhi, F. Scott Fitzgerald, Jean-Paul
Sartre, Marilyn Monroe.
MARTE
Reage imediatamente a qualquer interferência real ou suposta dos outros em relação a ele.
Ao perceber um mínimo sinal de hostilidade ou oposição, quer definir logo quem está com
quem. Já se declara partidário ou inimigo. Esta reação, evidentemente, pode ser mais ou
menos visível conforme o temperamento; o que é característico é a quase total incapacidade
para permanecer sinceramente neutro ou indiferente (exceto, é claro, nos casos que não
perceba lhe dizerem respeito). Diante de qualquer ameaça de interferência, reage antes do
fato consumado para não prolongar o sofrimento da espera e da indefinição. Nem por isso
guarda rancor, e no dia seguinte pode tratar como amigo aquele a quem se declarou
inimigo. A relação com o outro é sempre intensa e cheia de contrastes.
SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete uma
expectativa bilateral.
EXEMPLOS
George Washington, Auguste Comte, H. Toulouse-Lautrec, Benito Mussolini, Charles
Chaplin, Adolf Hitler, Henry Miller, Mário F. dos Santos.
VÊNUS
Guarda na memória as situações favoráveis de relacionamentos bilaterais. Imagina as
pessoas melhores do que são, idealizando-as, e se torna mais simpático por isso. Equipara o
outro a si mesmo. Projeta uma imagem de beleza em seus relacionamentos, se auto-
satisfazendo com isto, e só levando em consideração a situação real quando esta não
desmente suas expectativas.
A imagem ideal de beleza e harmonia projeta-se sob a forma de rostos humanos e presenças
humanas. Daí a necessidade de imaginar as pessoas sob uma ótica favorável. Quando muito
deprimido, porém, este indivíduo encontra uma quase impossibilidade de lançar sobre os
outros essa luz favorável; sua escuridão interior se projeta sobre os rostos dos demais, e a
visão de um ambiente humano triste e deprimente surge como a confirmação dos motivos
de sua tristeza; só que, como sempre acontece com as posições de Vênus, essa mera
confirmação projetiva é tomada como causa e explicação. Em vez de reconhecer que já não
consegue admirar os outros porque está deprimido, o indivíduo dirá que está deprimido
porque as pessoas em torno são feias e sem graça.
SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante todas as situações que
envolvam expectativa bilateral.
EXEMPLOS
Franz Schubert, Edgar Degas, Henri Matisse, Bertrand Russell, Charles Chaplin, Adolf
Hitler, Jean-Paul Sartre, Arthur Koestler.
LUA
Valoriza o outro, esperando que este lhe satisfaça os desejos. Por ser profundamente
alterado pelo que os outros fazem, seu estado emocional flutua de acordo com o humor do
parceiro. Deseja ser adivinhado, compreendido, aceito e gostado. Como o outro é, para ele,
a fonte imediata de sua alegria ou tristeza, ele se vê funcionalmente impedido de constituir
em torno de si a carapaça de impessoalidade e frieza que muitas situações exigem; pois a
mera necessidade de ocultar-se por trás de uma carapaça o torna muito infeliz, na medida
em que bloqueia o intercâmbio de sentimentos. Por isto, a decepção ou a inimizade aberta
podem lhe parecer até mesmo preferíveis à segurança de um relacionamento mais distante e
impessoal. Sendo hipersensível à gratificação ou frustração provenientes dos outros, tende a
imaginar que estes também o são, e que dele esperam tanto quanto ele espera deles; motivo
pelo qual pode desgastar-se em solicitudes descabidas e meramente projetivas, sentindo-se,
ao mesmo tempo, frustrado pela falta de retribuição. Absorve os espaços afetivos dos
outros e por isso perde o senso do limite nas relações.
SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação qualquer expectativa bilateral.
EXEMPLOS
Benito Mussolini, Henry Miller, Marilyn Monroe.
CASA VIII
Refere-se ao potencial de ação do indivíduo num momento presente, numa situação que
requeira a ação do sujeito através de uma decisão imediata, de emergência. É um potencial
de estimativa e conjectura. Ao contrário da Casa II, que se refere à percepção do dado, do
fato consumado, como numa tela exposta, a Casa VIII é antecipação, é conhecimento
estimativo e quase premonitório do potencial imediato contido na situação. Não confundir
com Casa XI, que é antecipação de meras possibilidades, e portanto escolha e plano de
futuro. A Casa VIII não implica nenhuma escolha livre, mas apenas uma decisão imediata,
praticamente forçada pela percepção súbita de uma mudança iminente.
SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA INQUISITIVA
Percebe facilmente as tensões latentes numa situação presente, isto é, sua atenção dirige-se
naturalmente para a tensão oculta das coisas. Intui possibilidades de ação imediatas. A
inteligência é centrada numa espécie de pressentimento do momento, do que pode
acontecer, dos fatores que podem alterar o quadro repentinamente. A situação de
emergência ou de urgência faz com que enxergue melhor, o medo é um estimulante. Por
outro lado, pode desligar-se ou agir com pouco sentido em situações que não lhe solicitem
nada de imediato. Situações estáveis e rotineiras, negando estímulo à sua inteligência,
tenderiam ou a embotá-la ou a convidá-la a enxergar o que não existe; pode ser que ainda o
indivíduo, não enxergando um potencial imediato de mudança, tenha de criá-lo ele mesmo,
só para poder enxergar melhor. Visualiza a situação e sente-se mais confortável quando
confirma seu pressentimento. É uma inteligência que funciona espasmodicamente,
oscilando entre um repouso quase anestésico e a irrupção súbita e um fluxo vertiginoso de
intuições muito precisas.
SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade as causas de
mudança iminente do estado de coisas.
EXEMPLOS
P. Charles Baudelaire, Kaiser Guilherme II, Bertrand Russell, Graciliano Ramos, F. Scott
Fitzgerald, Jean-Paul Sartre, Arthur Koestler, John F. Kennedy.
SATURNO
A perspectiva de mudanças iminentes suscita neste indivíduo toda a sorte de interrogações
que visam a enquadrar esta situação particular numa regra geral que seria válida para todos
os casos similares. Dito de outro modo, o impulso generalizante da razão é acionado pelas
situações de emergência, que são vistas como incongruentes e problemáticas sempre que
não possam ser reduzidas a meros exemplos de uma regra geral já conhecida. Como é
muito improvável que alguém já conheça de antemão todos os tipos de situações de
emergência em que poderá envolver-se — exceto dentro de algum âmbito particular a que
esteja habituado, como por exemplo, no âmbito da sua profissão —, é quase certo que na
maior parte dessas situações o indivíduo se verá assoberbado por uma multidão de
perguntas sem resposta e, logo, por uma indecisão paralisante. Rejeita criticamente estas
situações e sente necessidade de ter regras, padrões de reação para todas as situações de
emergência, buscando uma garantia permanente contra todos os imprevistos. Como essa
garantia não existe, surge um sentimento de impotência, de que não é possível desencadear
efeitos significativos sobre as situações. Mesmo que faça algo não consegue reconhecer o
efeito. Nada do que faça lhe parece ter a mínima consequência. Tem medo do imprevisto.
Quer chegar a um domínio racional das coisas, controlar o conjunto das causas eficientes;
como não consegue, lhe parece que todas as coisas acontecem pela sua falta de
interferência ou por sua ação falha, o que pode criar nele, em reação, uma verdadeira
compulsão de interferir, e ao mesmo tempo, uma dificuldade maior ainda de fazê-lo com
eficiência e adequação.
Tudo o que capta sensorialmente só é compreendido pela antecipação da experiência, os
sentidos dão um pedaço da história e a antecipação dá o resto. O mundo deixa de ser visto
como uma coleção de coisas e passa a ser visto como uma coleção de latências e
possibilidades que se renovam a cada ação de momento, mas, ao contrário do indivíduo
com Sol na VIII, Saturno na VIII deseja limitar e enquadrar essas latências num quadro
finito. Busca a ação perfeita e segura, definitiva, e por isso está sempre indeciso. É comum
a experiência de pânico, de medo que paralisa, nos momentos decisivos. Tende a ficar
sempre se preparando para alguma situação de emergência possível.
Num desenvolvimento ideal, este indivíduo colocaria a questão num ponto de vista
filosófico até corrigir a ilusão de segurança absoluta para agir. Poderia transcender tal
problemática desenvolvendo sua capacidade de investigação, procurando descobrir as
causas eficientes dos acontecimentos a longo prazo.
Seu esquema adaptativo pode ser: demarcar um setor no qual crie um sistema de
previdência, preparando-se para um certo tipo de emergência, sendo desta forma muito
mais eficiente nas situações para as quais se preparou ou então fugir ou se omitir de
situações emergenciais.
APORIA
Qual seria o padrão racional para resolver imprevistos, se imprevistos, por definição, são
situações que escapam ao que se pode prever?
SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que se afete suas crenças estabelecidas.
EXEMPLOS
Sta. Teresa de Ávila, William Blake, Giuseppe Verdi, P. Charles Baudelaire, Edgar Degas,
Paul Gauguin, Guy de Maupassant, Tyrone Power.
JÚPITER
Autoconfiança nas horas de perigo, nas grandes dificuldades, motivada pelo pressentimento
de que, paradoxalmente, as exigências prementes da situação aumentam, em vez de
diminuir, suas possibilidades de escolha. Não tem medo de situações de perigo, de crise, de
precipitação de acontecimentos súbitos, pois confia ilimitadamente na sua liberdade de
ação, da qual toma consciência mais aguda justamente nestas situações (permanecendo,
relativamente, esquecido dela nas situações corriqueiras e “normais”). Por isso, não chega a
se abalar com mudanças no rumo dos acontecimentos, na configuração da situação
presente, e consegue manter um firme senso do seu poder. É mais eficiente nas situações de
extrema gravidade do que nos acontecimentos da vida cotidiana.
EXEMPLOS
Frédéric Chopin, Charles Dickens, P. Charles Baudelaire, Louis Pasteur, Oscar Wilde,
André Gide, Carl G. Jung, Leon Trotsky, Benito Mussolini, John F. Kennedy.
MARTE
Reatividade pura: percepção fácil e respostas prontas às situações de emergência, de perigo,
de dificuldade, e ao mesmo tempo uma extrema suscetibilidade a estas questões. Precipita a
situação antes que ela aconteça.
Reage imediatamente fugindo ou enfrentado a situação. O importante é não ficar como está,
não prolongar a tensão, o perigo. Pode tornar-se previdente para perigos iminentes. Por não
querer correr risco algum fica sempre alerta; fareja crises, pressente mudanças. Em geral é
irrequieto.
SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que anuncie uma
mudança iminente do estado de coisas.
EXEMPLOS
Hans C. Andersen, Abraham Lincoln, Frédéric Chopin, P. Charles Baudelaire, Auguste
Rodin, Pierre A. Renoir, Theodore Roosevelt, Bertrand Russell, Albert Einstein, André
Malraux, John F. Kennedy, Marilyn Monroe.
VÊNUS
Completa imaginativamente as transições e mudanças, suavizando-as e se auto-satisfazendo
com isto. Projeta uma imagem idealizada das situações que estão por acontecer, prevendo-
as desta forma.
SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante qualquer mudança
iminente do estado de coisas.
EXEMPLOS
Ralph W. Emerson, P. Charles Baudelaire, Herman Hesse, Benito Mussolini, F. Scott
Fitzgerald, Mário F. dos Santos, Tyrone Power.
LUA
Enfatiza a possibilidade de mudança iminente do estado de coisas, quer como valor
positivo, quer como negativo. É vulnerável à captação da latência das coisas, que modifica
seu estado interior. É movido por esta expectativa. Sente atração e temor pelo perigo. Tem
avidez de mudar as coisas pela extrema necessidade de fazer algo para aliviar a tensão
interna — não por sentimento do dever — e, em geral, a mudança obtida não responde à
expectativa, porque, no fundo o que importava não era o conteúdo da mudança esperada,
mas a manutenção do movimento. O pressentimento do que está para acontecer afeta
continuamente o estado de ânimo do indivíduo. Estado de alerta, de atenção para o que vai
acontecer. Há o desejo e o temor de que as coisas aconteçam, que se expressa, ora no
esforço para precipitar um desenlace, ora para evitá-lo. Tende a amplificar qualquer sinal
de perigo. É indefeso diante dos perigos imaginários, uma vez que, precisando deles como
estímulo, no fundo não deseja se livrar deles. Vive numa espécie de equilíbrio instável entre
o temor e a esperança, como se a continuidade do seu movimento vital dependesse de não
se definir nem por um nem pelo outro e também de não repousar estaticamente num ponto
intermediário.
SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação qualquer informação que
anuncie mudança iminente do estado de coisas.
EXEMPLOS
Louis Pasteur.
CASA IX
SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA AFIRMATIVA
O indivíduo enxerga naturalmente nas coisas uma verdade, extrai delas uma crença, e isto
de uma maneira mais ou menos direta, reduzindo ao mínimo indispensável a intermediação
do questionamento dialético. Apreender intuitivamete, crer e generalizar são compactados
numa só operação instantânea. Toda a mediação dubitativa é rejeitada como mera perda de
tempo ou como um adiamento covarde. Há uma grande propensão de saltar diretamente
para as conclusões, evitando a investigação de aspectos problemáticos ou ambíguos. Daí
uma espécie de contraste direto e bruto entre a verdade e o erro: ou capta diretamente a
verdade num ato intuitivo, ou adere instantaneamente a uma falsidade. Daí também a
dificuldade inicial de rever criticamente suas opiniões, sendo a operação de revisão
substituída por mudanças em bloco: a crença querida é rejeitada no todo e sem mediações,
em favor de uma outra. Tem, por isso, dificuldade em aprender a perspectiva de um outro
indivíduo. Suas crenças são auto-referidas. As verdades intuídas vão sendo empilhadas num
sistema de crenças e confirmam umas às outras. Busca a firmeza, a convicção. A certeza
lhe é vitamínica. E, por isto, prefere à dúvida a negação pura e simples.
Tende, portanto, a perseverar no seu próprio discurso, pois mudanças contínuas e parciais
na direção do pensamento — como as que são normais e habituais com o indivíduo com
Sol na III — criam uma incerteza na qual sua intuição apaga. A parte fundamental do seu
pensamento é a parte afirmativa; quer a conclusão, a verdade, a consolidação de um juízo.
Se fizer polêmica é para impor a posição que já tem. Para poder intuir, precisa dar a si
mesmo e aos outros uma impressão de certeza, embora isto não queira dizer que tenha
realmente certeza. A certeza real só pode ser verificada através da segurança dos seus atos.
Enquanto para o Sol na III o movimento do pensar, falar, narrar é tudo, para o Sol na IX
este movimento é incômodo, pois é só um meio.
SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade tudo quanto
constitua motivo de certeza, de confirmação de suas crenças estabelecidas.
EXEMPLOS
Franz Schubert, Ralph W. Emerson, Henry Ford, Marie Curie, Benito Mussolini, Henry
Miller, Mário F. dos Santos.
SATURNO
O indivíduo tenta encontrar verdades definitivas mas esbarra sempre na distância que há
entre a verdade lógica, atemporal, e a busca da verdade pelo indivíduo, através do
pensamento. Por isso, qualquer coisa que lhe proporcione um sentimento de certeza é
imediatamente questionada, o que cria uma ambiguidade intolerável: quanto mais crê, mais
duvida. Sente-se inseguro quando crê e duvida das próprias crenças, porque tudo submete a
uma crítica racional, ao mesmo tempo que a própria exigência de crítica racional lhe
aparece como uma incomodidade dolorosa, que desejaria evitar mas não pode. Necessita de
uma crença racional que possa resistir a qualquer crítica, mas não há outro meio de
fortalecer a crença senão submetê-la continuamente ao teste da crítica, o que resulta, com
desagradável frequência, em constatar sua irracionalidade.
Sente-se impelido a ter certezas, a sentenciar sobre qualquer coisa, pois só quer acreditar
em coisas definitivas. Entretanto, se crê em algo como definitivo, não pode pensar sobre
isso, questionar. Se questiona, fica repleto de contradições que não lhe permitem mais
acreditar. Fica com medo de perder suas convicções, de submetê-las a uma prova dialética,
discutindo-as com alguém ou pensando sobre elas, mas ao mesmo tempo a incerteza íntima
o faz questioná-las o tempo todo.. As contradições o paralisam cognitivamente, mas
também são irresistíveis. Toda a crença fica relativizada pela razão, pois qualquer
conclusão ou generalização lhe aparece como limitada em relação ao real. Ao mesmo
tempo, quer a solução, a conclusão final para todas as questões.
Seu esquema adaptativo pode ser: agarrar-se a uma verdade provisória ou a um sistema de
crenças que lhe permita repetir as mesmas verdades, sem pensar nelas (mas a dúvida aí é
chutada para a esfera do inconsciente e vai se exteriorizar através de atos ambiguos que
desmentem a univocidade aparente do discurso); permanecer inconclusivo, concordando
com tudo o que aparece; ceticismo — não crer em nada (e neste caso é a necessidade de
uma crença que é repelida para o inconsciente); pobreza filosófica, depressão intelectual:
decréscimo patológico da tensão intelectual, para evitar conflitos intoleráveis.
APORIA
Uma verdade que, na esfera do conteúdo eidético, é eterna e imutável, tem de ser
encontrada através de um pensamento que é fugaz e cambiante. Como encontrar a verdade
da idéia através da mentira do pensamento. A verdade verdadeira é impensável, e tudo o
que é pensável não é verdadeiro.
Outra formulação: A verdade está no ser; ora, não pensamos o ser, mas apenas signos. A
verdade escapa, portanto, da esfera do pensamento: é a inatingível “coisa em si” kantiana.
SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que se afete suas crenças estabelecidas.
EXEMPLOS
Napoleão Bonaparte, Richard Wagner, Arthur Rimbaud, Marie Curie, Leon Trotsky,
Franklin D. Roosevelt, F. Scott Fitzgerald, Richard Nixon.
JÚPITER
Confia plenamente na sua capacidade de formar seu próprio juízo da realidade, de tirar
conclusões a respeito das experiências que tem, de ver a verdade nas coisas. Tende a
colocar-se como um juiz, como quem olha do alto para as situações e sentencia sobre elas.
Faz questão de manter sua liberdade de julgamento em qualquer circunstância. Confia nos
próprios valores.
O problema do hiato entre pensamento e verdade (Saturno na IX) é aqui contornado pela
percepção instintiva de que a vontade é conhecida imediatamente, por intuição direta e sem
signos; de que, portanto, o conhecimento da própria vontade é a raiz e garantia da
veracidade das nossas crenças. Júpiter na IX acompanha a solução dada por Schopenhauer
à impossibilidade do conhecimento da coisa em si (Saturno na IX): posso conhecer
objetivamente minha própria vontade porque conhecê-la e criá-la é um só ato, independente
de representação (signo). A autenticidade de minha vontade é o que sustenta minhas
crenças, sem que eu necessite nem de uma percepção intuitiva da veracidade dos objetos de
crença (Sol na IX), nem de uma prova lógica que resista a toda crítica (Saturno na IX).
SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar às suas crenças todas as informações.
EXEMPLOS
Mark Twain, Bertrand Russell, Albert Einstein, Franklin D. Roosevelt, Simone de
Beauvoir.
MARTE
O indivíduo com esta posição sente-se ameaçado por qualquer coisa que possa abalar seus
valores e crenças; por qualquer expressão de dúvida alheia em relação às coisas em que
acredita. Enxerga em tudo um desafio às suas crenças e valores, e reage quer pela fuga à
discussão, quer pela argumentação inflamada, quer por uma súbita mudança de opinião.
Como, no entanto, suas crenças só se definem mais claramente diante da oposição, é
normal que este indivíduo busque essa oposição que no entanto o aborrece. A oposição
ajuda-o a afiar seus argumentos (expressos ou ocultos), mas arrisca-se também a derrubá-
los: daí a possível alternância entre a persistência teimosa e as mudanças súbitas de opinião.
SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete suas
crenças estabelecidas.
EXEMPLOS
Benjamin Disraeli, Claude Debussy, Henry Ford, Marie Curie.
VÊNUS
Guarda na memória imagens e exemplos que confirmam a verossimilhança de seus juízos,
apagando sistematicamente as recordações que assinalem perplexidades e contradições, ou
então integrando harmoniosamente estas últimas numa síntese imaginativa que, novamente,
confirma suas crenças. Completa imaginativamente de forma plástica e agradável suas
convicções, crenças e ideais morais, idealizando-as. Imagina-se no certo, se auto-
satisfazendo com isso. Considera irrelevante tudo o que não confirma sua crença.
Imaginação harmônica da credibilidade de suas crenças.
Em caso de depressão profunda, produz, com a mesma facilidade, imagens que dão
verossimilhança às crenças adversas. A capacidade de persuadir-se a si mesmo é grande em
ambos os casos, apenas operando no sentido do desejo ou contra ele.
SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante os motivos de
credibilidade que sustentam suas crenças estabelecidas.
EXEMPLOS
Napoleão Bonaparte, Friedrich Nietzche, Marie Curie, Thomas Mann, André Malraux,
John F. Kennedy.
LUA
Deseja estar no certo, conseguir um sentido ético, moral e religioso, ser “aprovado por
Deus”, mas ao mesmo necessita manter um estado de dúvida, que lhe dá um sentimento de
estar vivo; de modo que a necessidade da certeza só vale no sentido privativo, isto é,
enquanto a certeza não é encontrada. A certeza precisa ter uma confirmação afetiva, o que é
o mesmo que dizer que os juízos gerais abstratos buscam coincidir com a experiência
concreta da realidade sentida a cada momento. Como, porém, não existe passagem direta do
geral e necessário ao particular e contingente, há sempre uma tensão entre estes dois polos,
e o indivíduo com Lua na IX se sente vivo enquanto vivencia plenamente esta tensão; de
outro lado, esta vivência seria um sofrimento intolerável se não se fundasse na esperança de
uma resolução, a qual, no entanto, deve permanecer puramente potencial, sem realizar-se
nunca, para não deter o movimento. O indivíduo padece da própria flutuação em relação ao
que acredita, isto é, as mudanças do seu estado emocional confirmam ou desconfirmam
(valoriza ou desvaloriza) sua certeza naquilo que acredita.
SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação tudo que afete suas crenças
estabelecidas.
EXEMPLOS
George Washington, Benjamin Disraeli, Oscar Wilde, André Gide, Mia Farrow.
CASA X
Refere-se ao conjunto de funções e lugares sociais que o indivíduo efetivamente ocupa, e
que são definidos pelo poder que outros exercem sobre ele ou ele sobre os outros. Não se
trata de obrigações de direitos bilaterais, e portanto relativos, como os da Casa VII, e sim
de obrigações absolutas que o indivíduo tem para com a sociedade toda (e não para com
este ou aquele indivíduo ou grupo em particular), em decorrência do lugar ou função que
ocupa. Por exemplo, as obrigações inerentes a uma determinada profissão independem de
que outras profissões cumpram suas obrigações respectivas: um engenheiro tem o dever
absoluto de ser correto nos cálculos, independentemente de que seu cliente lhe pague ou
não. É a auto-referência social a partir da posição do indivíduo no sistema de hierarquia: o
poder e a influência que emanam da sua função social (real ou nominal), os aspectos
coercitivos presentes na relação do indivíduo com os outros (pelos papéis que assumiu).
Trata-se do exercício e padecimento do poder que é delegado pela situação histórica, social
ou política (e não de um poder inerente às capacidades do indivíduo, como na Casa V). A
função social efetiva não tem de corresponder necessariamente ao cargo ou profissão
nominal: um deputado, por exemplo, pode ao mesmo tempo ser informalmente o líder do
seu partido, e suas obrigações emanarão ao mesmo tempo de uma função e da outra. De
outro lado, as obrigações de Casa X não se limitam de maneira alguma à esfera
profissional: a função de pai, por exemplo, implica alguns deveres absolutos, além dos
bilaterais.
SOL
INTELIGÊNCIA INTUITIVA TOPOLÓGICA
Mapeia de imediato a situação social. Enxerga os indivíduos em termos de sua localização
na topografia das relações, isto é, percebe rapidamente quem manda e quem obedece — a
hierarquia — e o que convém para que ele próprio possa se situar com clareza nessa
hierarquia, e buscar nela o lugar que julga conveniente. Olha as coisas de cima, como se já
estivesse no topo do sistema de poder. Vendo a sociedade de maneira topográfica, como se
já a conhecesse desde cima, o indivíduo tende a se impor sobre a sociedade, querendo
moldá-la por si. Entretanto, se ficar isolado do meio social, o indivíduo não compreende
mais nada, sua inteligência se apaga, pois perde a sua referência natural. Percebe a dosagem
e o equilíbrio dos poderes coercitivos em jogo e se adapta provisoriamente à situações de
poder. Não olha os indivíduos isolados, e nem mesmo nas relações bilaterais, mas procura
quase que instintivamente encaixá-los no sistema total das relações, para poder enxergá-los
melhor.
SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade a hierarquia de
poder, tal como pode percebê-la como um todo desde o lugar que nela ocupa.
EXEMPLOS
Johan W. von Goethe, Napoleão Bonaparte, Auguste Comte, Honoré de Balzac, Júlio
Verne, Auguste Rodin, Paul Gauguin, Vincent Van Gogh, Thomas Mann, Albert Einstein.
SATURNO
A estrutura hierárquica gera estranheza no indivíduo, as relações de poder aparecem-lhe
como inverossímeis, contraditórios ou problemáticas. Pergunta-se se é o indivíduo quem
exerce poder sobre a sociedade ou se é a sociedade que faz dele um mero fantoche a seu
serviço. De cada experiência que vive, tenta abstrair uma regra ou lei sociológica sobre as
relações de poder. Estranha o poder, a autoridade e sua própria posição social, o lugar que
ocupa em relação aos outros. O poder que tem parece-lhe emprestado e não real. Toma para
si o peso da responsabilidade sobre as questões sociais, e, se dispõe de algum poder, este
não lhe parece totalmente adequado (na quantidade ou na forma) às responsabilidades que
lhe incumbem. Pode ter uma certa facilidade de captar a estrutura social como um todo,
contanto que a olhe abstrativamente e sem tentar enxergar, ao mesmo tempo, seu lugar
dentro dela; inversamente, a consciência que tem de suas obrigações imediatas, definidas
por sua função pessoal, não lhe parece encaixar-se harmonicamente na estrutura global. A
busca de uma definição precisa de sua função pessoal — busca que visa a aliviar a angústia
da incerteza quanto às suas obrigações — pode colocá-lo numa camisa-de-força, que ele
sentirá, depois, como imposta desde fora; a tentativa de escapar dessa camisa-de-força o
levará a confundir a luta contra si mesmo com a luta contra a imposição externa, e a
desorientação daí resultante o fará buscar uma definição ainda mais estrita de sua função e
deveres; e assim por diante indefinidamente.
Num desenvolvimento ideal este indivíduo colocaria a questão da realidade do seu poder
pessoal num âmbito não pessoal, filosófico ou científico, utilizando sua preocupação como
instrumento para o conhecimento da sociedade humana ou incorporando os valores de seu
grupo, tornando-se um servidor do grupo ou da nação.
Seu esquema adaptativo seria: agarrar-se com firmeza a alguns valores da sua comunidade,
baseando seu poder na imitação de tais valores (anulação da própria personalidade); tentar
“subir na vida” para enxergar a sociedade desde cima, procurando assim compreendê-la;
colocar-se fora da sociedade, em posição marginal; ocupar uma posição manifestamente
abaixo de sua capacidade.
APORIA
Se todo o poder é delegado pela sociedade, quanto mais poder tenho mais dependente da
sociedade me torno, e portanto tenho menos poder. Para realizar meus desejos pessoais,
devo subir na escala social; para subir na escala social devo amoldar-me às exigências do
lugar que pretendo ocupar; e para isto, devo abdicar de meus desejos pessoais.
SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que se refira ao seu lugar na hierarquia de poder.
EXEMPLOS
Leonardo da Vinci, Victor Hugo, Hans C. Andersen, Abraham Lincoln, Anatole France,
Woodrow Wilson, Henry Ford, Marcel Proust, Albert Einstein, Pablo Picasso, Charles
Chaplin, Adolf Hitler, André Malraux, J. Guimarães Rosa, Albert Camus, John F.
Kennedy.
JÚPITER
Deseja determinar livremente seu lugar na sociedade, independentemente de como funciona
o sistema de hierarquias e pressões que o compõem. Não tem medo da sociedade e confia
na sua capacidade de chegar ao topo dela, de dominá-la ou pelo menos de a obrigar a
aceitá-lo tal como ele é. Quer ser livre das determinações sociais, que ele entende não como
um molde ao qual devesse adaptar-se, mas, ao contrário, como mera matéria-prima sobre a
qual exercer sua criatividade pessoal. O natural para este indivíduo é colocar-se sempre um
grau acima dos outros, quer no sentido de ter mais autoridade quanto no de não temer
qualquer responsabilidade, por maior que seja (mesmo que, numa avaliação realística, elas
lhe sejam objetivamente superiores). Evitando qualquer exame deprimente de suas próprias
limitações para este ou aquele posto, tanto pode evoluir continuamente e tornar-se cada vez
mais capaz, quanto tornar-se um satisfeito incompetente. Provavelmente será visto pelos
outros como capaz de assumir qualquer responsabilidade. Confia na sua própria autoridade,
o que às vezes a torna real. Quando ocupa uma posição subordinada, acredita geralmente
poder manipular os superiores em causa própria e, quando não o consegue, prefere
abandonar o cargo. No entanto, reconhece facilmente a legitimidade de uma autoridade,
quando esta lhe parece expressar seus próprios ideais, pois neste caso a obediência não
implica constrangimento.
SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos o seu lugar na hierarquia de
poder.
EXEMPLOS
Franz Schubert, Honoré de Balzac, Victor Hugo, Auguste Rodin, Pierre A. Renoir, Henri
Matisse, Pablo Picasso, André Malraux.
MARTE
O indivíduo com esta posição é sensível a situações onde sinta sua posição, dentro
de determinada hierarquia social, ameaçada, seja de cima (por uma autoridade coatora), ou
de baixo (por um subordinado rebelde).
Reage querendo derrubar aquele que exerce poder sobre ele, porque é extremamente
incômodo obedecer, e mais incômodo ainda refletir para definir com precisão os deveres
que sua posição determina. Sendo hipersensível em questões de mando e obediência,
enerva-se facilmente quando essas questões se tornam complexas, e procurará resolvê-las
de maneira sumária, o que pode significar tanto o exercício de um comando autoritário,
quanto uma explosão de rebeldia, ou ainda a retirada brusca e sem explicações: em todos os
casos há uma recusa espontânea da reflexão e uma necessidade de simplificar, mesmo que
em prejuízo próprio. A rapidez da reação parece mais importante do que o conteúdo da
intenção.
SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete o
seu lugar na hierarquia de poder.
EXEMPLOS
VÊNUS
Guarda na memória o conjunto dos papéis, funções e relações sociais que observou nas
diferentes pessoas e situações durante a vida e que, a cada momento, constelam para este
indivíduo um sistema mais ou menos completo e coerente, no qual ele se orienta segundo
códigos facilmente operáveis. Concebe harmoniosamente o conjunto social e nele se
integra, idealizando sua posição social e utilizando esta idealização como uma forma de
progressivamente dar realidade ao papel que deseja desempenhar. A sociedade em que vive
aparece para este indivíduo como um leque de cartas de baralho no qual se pode sempre
escolher o mais conveniente. Como em todas as posições de Vênus, aqui o wishfulthinking
se torna uma arma na luta pela vida, conservando o indivíduo mais ou menos defendido dos
aspectos de sua posição social que ele não deseja conscientizar, por sentí-los como
deprimentes ou desmotivantes. Se auto-satisfaz imaginando que sua posição na hierarquia
de poder é melhor do que realmente é: mas o que é falso com relação à atualidade pode ser
verdadeiro na potencialidade. Imaginação harmônica do seu lugar no conjunto social.
SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante os motivos de
credibilidade que sustentam suas crenças estabelecidas.
EXEMPLOS
Johan W. von Goethe, Paul Gauguin, Vincent Van Gogh, Henry Ford, Henry Miller,
Marilyn Monroe.
LUA
É extremamente sensível a sua própria posição na socie-dade humana e seu estado de
ânimo é profundamente alterado por esta. A felicidade dependerá do lugar que ocupa na
hierarquia de poder, mas, como sempre nas posições da Lua, aqui o que interessa não é o
conteúdo do bem em questão, mas o seu valor subjetivo; isto é, o que o indivíduo deseja
não é um determinado lugar na sociedade, mas a satisfação íntima que ele simboliza.
Como, por outro lado a relação entre o bem e o símbolo não é direta e lógica, mas indireta e
subjetiva, o indivíduo se move entre o desejo desse bem, o temor de que sua conquista não
traga a felicidade desejada, a angústia de perdê-lo e o desejo de conservar a felicidade em
caso de perda do bem que a simboliza — movimento quádruplo que é simbolizado nas
fases da Lua. Onde estiver a Lua, lá existirá a ambígua relação entre a definição geral e
abstrata de um valor e os bens particulares e concretos que o materializam imperfeitamente
a cada instante. Aqui, por exemplo, o “sucesso”, enquanto valor abstrato, pode ser
intensamente desejado, mas cada sucesso real alcançado é ao mesmo tempo uma
corporificação e um desmentido desse valor, no sentido de que nenhum sucesso é o
sucesso. Realização e decepção caminham de mãos dadas, do mesmo modo que decepção é
nascimento de novos desejos — e assim por diante interminavelmente. É isto o que explica
que, na casa onde está a Lua, a intensidade do desejo possa coexistir com estranha
passividade ou omissão no sentido de esforços reais para atendê-lo: o esforço traz o desejo
para a esfera do confronto com a realidade e, por isto mesmo, o esfria: daí que o desejo só
mantenha sua plena intensidade enquanto paira nas nuvens da mera suposição. Por isto, é
certo dizer que aqui o indivíduo menos deseja conquistar uma certa posição do que ser nela
colocado sem um esforço próprio demasiado evidente para ele mesmo; se ele luta para
conquistar esta posição, deve fazê-lo de maneira mais ou menos imperceptível (para ele
mesmo); se não luta, espera ao menos que a intensidade do seu desejo mobilize os outros
para que o satisfaçam.
SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação seu lugar na hierarquia de poder.
EXEMPLOS
Franz Schubert, Alexandre Dumas, Richard Wagner, Gustave Flaubert, Guy de
Maupassant, Mohandas K. Gandhi, Franklin D. Roosevelt, Graciliano Ramos.
CASA XI
Refere-se aos projetos futuros do indivíduo, aos planos de vida, a como ele concebe o
próprio futuro e o que deseja obter da vida em termos de uma imagem integral do
personagem que quer ser. Trata em termos mais amplos da inserção do indivíduo na
corrente histórica de sua época, nos ideais de sua geração. Por isso, está ligado ao desejo de
fama, de fazer algo extraordinário, que projete o sujeito para além de si, como
personalidade histórica ou “tipo notável”.
Esta Casa está, por isso mesmo, associada aos modelos e tipos ideais de conduta que
orientam e medem as ações do indivíduo; aos ídolos que ele venera e aos mitos a que
procura adaptar-se. Está associada tanto à idéia de “previsão” quanto a de “planejamento”:
à capacidade de enxergar o futuro tanto quanto à de forjá-lo, sendo às vezes difícil
distinguir quando se trata de uma ou outra destas coisas.
Tudo é visto por ele num plano muito grande, com uma perspectiva temporal, por isto só
enxerga claramente as coisas contra esse pano de fundo, que é o que ele pretende realizar, e
não no quadro limitado à situação mais imediata. Sem perspectivas amplas, nada enxerga.
Desde muito cedo já intui o que quer ser, tem uma noção muito clara de seus ídolos e
modelos. Sua consciência de vocação é aguda e tende a aparecer mais prematuramente que
nos demais.
SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade as forças que ,
no presente, moldam um futuro de acordo com sua visão.
EXEMPLOS
George Washington, Thomas Hardy, Friedrich Nietzche, Guy de Maupassant, Ernest
Hemingway, Gregory Peck, Marilyn Monroe, Mia Farrow.
SATURNO
Para realizar qualquer coisa no futuro, temos de acreditar que ele é possível e que
possuímos os meios, as condições e a força para realizá-la. Para acreditar no seu plano, o
indivíduo tem, de certa forma, de começar a agir agora como se já fosse aquele que quer
ser. Isto, porém, é um fingimento, que toma por real algo que ainda não é real, que é apenas
potencial. O futuro não pode ser provado racionalmente, a priori, pois quem dará essa
prova é a ação do indivíduo. Somos conduzidos para o futuro por uma crença mais ou
menos cega.
O indivíduo com esta posição examina criticamente esta questão de futuro e percebe logo a
distância entre o que pretende e o que é agora. Na infância ou na adolescência essa
distância é enorme e o indivíduo não consegue se abstrair dela, para agir com confiança.
Para ele, não basta crer numa fantasia, ele quer provar matematicamente que irá conseguir o
que deseja e este esforço racional acaba inibindo a crença necessária para realizar o que
quer. Instala-se uma contradição entre o desejo da planificação racional e a necessidade da
crença irracional que fundamenta a motivação.
Seu esquema adaptativo pode ser: não pensar no futuro, vivendo como se não houvesse
amanhã; rigidez artificial, perseverando cegamente nos planos estabelecidos; conceber um
futuro diminuído para si mesmo; aproximar-se de pessoas famosas, vivendo um pouco da
fama alheia; errar na avaliação de sua própria importância (superestimando ou
subestimando), e procurar não questionar isso.
APORIA
Só posso realizar um plano se enxergo nitidamente sua realização; mas, se enxergo como
real algo que ainda é apenas plano, que não tem realidade senão na minha imaginação e
vontade, escapo da realidade para crer no sonho; logo, ou me apego ao real e, não crendo
no futuro, perco a motivação de realizá-lo, ou, crendo no futuro, saio fora do real e, como
sonhador, não realizo nada.
SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que afete sua visão de futuro.
EXEMPLOS
Immanuel Kant, Benjamin Disraeli, Auguste Rodin, Pierre A. Renoir, Vincent Van Gogh,
Oscar Wilde, Charles de Gaule, Mário Ferreira dos Santos.
JÚPITER
O indivíduo deseja ter seu futuro totalmente em aberto para fazer os planos que quiser e
mudá-los quantas vezes julgar conveniente, no que não vê nenhuma infidelidade ou
incoerência, mas o simples exercício da liberdade de ser seu próprio guia. Tem facilidade
para fazer planos de vida, de ver qual será o seu personagem depois de um certo tempo e se
transformar nele, sem que haja necessidade de constantes medições e comparações, que
arriscariam ser paralisantes (como acontece com Saturno na XI). Tem facilidade de agir
hoje em função das projeções que coloca no futuro. Mesmo que não saiba quem ou o que
vai ser no futuro já sente que está indo na direção certa com todas as suas forças. Ele
procede com uma espécie de identificação projetiva realizante, agindo como se fosse tal ou
qual coisa e acabando por se transformar nela. Tem facilidade não só para encontrar seus
modelos, mas para imitá-los espontaneamente, transformando a admiração em assimilação.
SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos tudo o que determine seu futuro
e sua fama.
EXEMPLOS
Franz Liszt, Karl Marx, Anatole France, Paul Gauguin, Henry Ford, Gregory Peck.
MARTE
O indivíduo com esta posição sente-se ameaçado por qualquer oposição ou questionamento
a algo que se está propondo, algo que quer ser ou fazer, a qualquer coisa que se interponha
entre ele e seus planos.
Reage tentando remover prontamente o obstáculo ao que pretende: tem pressa, urgência em
chegar ao objetivo proposto. Não quer perder tempo com pensar, negociar, transigir. Quer
agir logo, desencadeando efeitos que o levem até onde deseja chegar. Isto tanto poderá
fazê-lo abandonar, num repente, projetos longamente acalentados, mas também dar-lhe a
capacidade de adaptar, de improviso, uma situação fortuita, amoldando-a a seus planos.
Se não for ambicioso poderá agir no sentido de destruir suas possibilidades futuras, antes
que outras pessoas o façam.
SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que afete sua visão
de futuro.
EXEMPLOS
Napoleão Bonaparte, Franz Schubert, Honoré de Balzac, Ralph W. Emerson, Paul Cézanne,
Thomas Hardy, Carl G. Jung, Graciliano Ramos, Arthur Koestler, Albert Camus.
VÊNUS
Guarda na memória as imagens esquemáticas de muitas pessoas vistas (realmente ou em
fantasia) na infância, e estas imagens estão carregadas de uma aura de prestígio mágico,
que faz delas emblemas e modelos das possibilidades superiores do próprio indivíduo.
Estes modelos são para ele “pessoas notáveis”, envoltas de FAMA (a fama é uma espécie de
repercussão extraordinária, que amplifica o alcance e significado dos atos humanos,
resgatando-os da mera acidentalidade empírica), e elas lhe servem, portanto, como padrões
para a aferição do próprio estado de sua vida: ele está a cada momento “mais perto” ou
“mais longe” dos modelos idealizados. A imagem da felicidade perfeita assume o aspecto
de uma “vida plenamente significativa”, isto é, coroada de importância, tal como a dos
modelos. Como os ideais de vida são pelo menos esquematicamente compartilhados com os
companheiros de juventude, a imagem de sua geração — grupo de jovens que, provindo do
isolamento da vida familiar, entram no fluxo histórico de um “mundo maior” — é, neste
indivíduo, aureolada de um prestígio quase mítico. O apelo a uma “grande vida” assume
aqui o sentido que lhe deu Alfred de Vigny: um sonho de juventude realizado na idade
madura. Imagina o sentido de geração, os grandes planos do homem para o futuro.
Capacidade de projetar-se no futuro porque concebe o efeito de sua passagem
historicamente, se auto-satisfazendo com isto. Imaginação harmônica dos ideais humanos,
da perspectiva futura.
SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante o mundo futuro.
EXEMPLOS
Auguste Comte, Honoré de Balzac, Júlio Verne, Thomas Hardy, Auguste Rodin, Albert
Einstein, Ernest Hemingway.
LUA
As imagens-modelo referidas em Vênus na XI são as mesmas, porém aqui adquirem uma
ambiguidade e instabilidade que as carrega de expectativa e dramatismo, de modo que o
indivíduo não se entrega ingenuamente confiante ao culto dessas imagens, mas oscila entre
o culto e a negação. Busca confirmar o mito da geração, ao mesmo tempo que o renega
como ilusório, de modo que entre o “entusiasmo passivo” de quem participa de um mito
coletivo e a reação individualizante que o destaca de sua geração é que se decide o ritmo
motivacional deste indivíduo. Grandes sonhos, grandes planos, que num instante são
motivos de felicidade e no outro de infelicidade. Deseja penetrar no fluxo da história,
deseja a fama, mas ao mesmo tempo vivencia este desejo passivamente: como que desejaria
que alguém o arrastasse para dentro da participação nesse fluxo; pois o esforço pessoal
nesse sentido arrisca, por contraste, estourar o balão do sonho. Deste modo a relação com
os modelos é ambígua e cíclica, e não um culto permanente de imagens estaticamente
atrativas, como em Vênus na XI.
SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação tudo o que, a seus olhos, anuncie
ou desminta uma perspectiva futura.
EXEMPLOS
Auguste Comte, Ralph W. Emerson, P. Charles Baudelaire, H. Toulouse-Lautrec, Bertrand
Russell, Winston Churchill, Thomas Mann, Arthur Koestler, Tyrone Power, John F.
Kennedy.
CASA XII
Refere-se a relação do indivíduo com o espaço indefinidamente grande que rodeia a sua
esfera de vida conhecida, ou mesmo que se prolonga para muito além e em torno da esfera
reconhecida no seu meio social. É tudo quanto, para ele ou para seu grupo de referência,
está fora do mundo conhecido (embora, para outros indivíduos ou grupos, possa ser
bastante conhecido e até banal). É um âmbito que o indivíduo mais pressente e adivinha do
que enxerga. É, portanto, tudo o que, para ele, surge como transcendente, inusitado,
misterioso e incontrolável. É um sistema aberto de influências múltiplas e desconhecidas às
quais está submetido, que o determinam, e que ele terá de ir conhecendo aos poucos. Não
se deve esquecer que o conteúdo desta Casa é relativo e não absoluto: o que para um
indivíduo é transcendente e misterioso constitui, para outro (ou para ele mesmo numa época
posterior) a trama mesma da banalidade cotidiana. Nada, portanto, de atribuir a esta Casa,
mistificatoriamente, conteúdos sempre “espirituais”. O que meus vizinhos falam de mim
sem que eu ouça, criando em torno de mim uma atmosfera vagamente malévola que
pressinto mas não logro captar, é, sem dúvida, Casa XII; e nada mais banal que uma fofoca
de vizinhos. A astrologia clássica viu isto perfeitamente bem ao falar de “inimigos ocultos”:
o inimigo oculto não é necessariamente Satanás em pessoa, mas pode ser a quitandeira da
esquina. A Casa XII define-se negativamente e não positivamente; e aquilo que não
enxergo, e que escapa mesmo a percepção do meu meio social pode ir desde as leis
cósmicas que determinam invisivelmente o curso das coisas, até alguma informação banal,
fortuitamente ocultada por um menino amedrontado.
SOL
Inteligência Intuitiva Expectante
A inteligência do indivíduo funciona quando ele está à mercê de correntes causais
que o ultrapassam infinitamente. Ele pressente essas correntes e sabe para onde elas o
levam. Enxerga as coisas quando está como uma folha arrastada pela tempestade. O que
está dentro da sua esfera de atuação cotidiana lhe parece, paradoxalmente, menos claro e
compreensível do que aquilo que, vindo de fora dessa esfera, e desde regiões
desconhecidas, afeta o curso cotidiano das coisas. Por isto, este indivíduo se sente mais a
vontade — intelectualmente — quando está solto num espaço ilimitado e inabarcável do
que quando lida com as coordenadas habituais de uma esfera de ação mais definida. Ele
confia no seu faro para encontrar uma direção no meio da confusão. Tem mais facilidade
para pressentir as correntes profundas que desde longe vem se aproximando do seu barco
do que para enxergar a onda próxima que já o sacode. É justamente na confusão que
enxerga melhor. Não necessita da ordem, pois a desordem, o caos, lhe dão uma sensação de
inteligibilidade.
Intui o indefinível por pressentir as forças que embora não conheça sabe que o carregam.
Entende melhor o que ainda não viu. Toda vez que busca ver o objeto com muita clareza,
isolando-o dos objetos circunvizinhos, não o entende mais; e necessita diluí-lo de novo na
multidão inumerável das coisas. Sua inteligência é centrada em tudo o que não pode definir
por ser grande demais. Pressente os grandes acontecimentos, embora não possa definí-los
precisamente. Vive nas informações das grandes atmosferas. Pode manter-se indefinido
como estratégia para não lesar sua intuição, ou ainda, pode buscar a solidão pois, solitário,
não estará determinado por uma situação exterior e assim poderá manter a sua atenção
difusa.
SÍNTESE
Intui primordialmente e toma como modelo de toda percepção da realidade tudo o que
pareça provir de fora de seu espaço vital.
EXEMPLOS
Alexandre Dumas, Anatole France, Mohandas K. Gandhi, Judy Garland.
SATURNO
Para orientar-se, o indivíduo busca em tudo o que lhe acontece um nexo com o todo maior.
Esse nexo pode ser analógico (buscando semelhanças) ou de finalidade (se tudo tem uma
finalidade, então, isto aqui também tem). Necessita de coisas que tenham um sentido, uma
finalidade explícita, mas que ao mesmo tempo o deixem livre para escolher outras
finalidades. Entretanto, tão logo compreende a ordem presente em algo, ou seja, o sistema
de nexos presente em cada situação, sente-se preso e restrito nessa ordem. Não suporta a
pré-determinação, embora, intelectualmente, necessite dela para sentir-se seguro. Torna-se
inimigo de tudo o que entende racionalmente, de tudo o que dá a impressão de fechar-se
num sistema. Tão logo entende algo racionalmente procura escapar do que entendeu. Para
orientar-se num mundo que lhe parece vasto e indefinido demais, procura captar as cadeias
de causas que levarão necessariamente a tais ou quais consequências, dando um sentido ao
movimento do conjunto; porém, uma vez captado esse movimento, ele lhe parece fechado
num determinismo fatalístico que o oprime ainda mais do que o anterior sentimento de estar
perdido numa vastidão indefinida. Esta contradição é facilmente projetada na sociedade
humana, que ora lhe surge como um oceano caótico, ora como uma prisão com
regulamentos tiranicamente rigorosos. O sentimento de absurdo pode ser causado,
alternadamente, pela ausência de parâmetros ou por parâmetros demasiado estritos.
Suporta uma quantidade imensa de non sense porque necessita de desordem mental para
escapar do sentimento de opressão; mas a própria desordem pode tornar-se opressiva.
Em razão dessa alternância, o indivíduo adquire uma propensão de colocar-se ora dentro,
ora fora das situações, nunca se identificando bem com os papéis que exerce, nem os
abandonado por completo. Torna-se assim uma espécie de intermediário entre os “de
dentro” e os “de fora”. É por isto uma espécie de depositário de informações que são
secretas para um desses dois lados, motivo pelo qual não pode nunca se abrir
completamente e aliás nem saberia como fazê-lo. É natural, portanto, que sua rede de
compromissos implique deveres contraditórios e uma sobrecarga moral; por este motivo,
ele tende a fugir periodicamente de todos os compromissos, para, no isolamento, recompor
sua coerência interna; mas esse isolamento pode-lhe custar a ruptura de muitos outros
compromissos. Os indivíduos com Saturno na XII dão frequentemente aos outros a
impressão de serem esquivos, de não estarem comprometidos com nenhum papel social
determinado, ou de estarem sempre desaparecendo nos momentos mais imprevistos.
APORIA
Se existe uma ordem para as coisas, então o indivíduo está preso dentro dela, portanto não
há livre arbítrio. Só existe livre arbítrio se não houver ordem, se tudo for um caos, mas para
que serviria a liberdade dentro do caos? O sentido e a liberdade parecem ser contraditórios.
SÍNTESE
É impelido a integrar nos seus esquemas consolidados — ou a amoldá-los a — qualquer
informação que pareça provir de fora do seu espaço vital.
EXEMPLOS
George Washington, Franz Schubert, Honoré de Balzac, Ralph W. Emerson, Mark Twain,
H. Toulouse-Lautrec.
JÚPITER
O indivíduo com esta posição quer permanecer livre de tudo, sem se comprometer com o
mundo. É o desejo de liberdade num sistema aberto, sem limites, sem direções definidas.
Não teme o desconhecido, pelo contrário, sente-se à vontade, livre, quando se encontra
perdido, solto no mundo, e se abandona cheio de confiança às mãos da Providência, da
sorte. Sente que algo lhe dirá qual é a melhor direção. Confia no invisível. Identifica a
liberdade com ausência de determinações, e, como toda decisão sempre implica o
reconhecimento de uma situação determinada, isto é, ao menos parcialmente fechada, este
indivíduo poderá se esforçar para não ter de decidir, pois a necessidade de decisão já
representa para ele, um constrangimento e uma decepção. Tem a impressão de que o ato de
decidir rompe a harmonia do todo e não constitui um exercício da liberdade: o homem livre
não é só livre para decidir, mas é livre da necessidade de decidir. Há aqui, portanto, uma
certa recusa de reconhecer a realidade dos constrangimentos, isto é, uma negação da
fatalidade e uma consequente afirmação da Providência. Isto tanto pode evoluir no sentido
de um absenteísmo perfeitamente irresponsável, quanto no de um progressivo afinamento
com a ordem invisível das coisas. Às demais pessoas, poderá parecer sutil e escorregadio,
ao ponto de jamais ninguém saber por onde cobrá-lo, e nem sequer se alguma cobrança tem
cabimento.
SÍNTESE
Age como se tivesse o poder de amoldar a seus propósitos o que pareça provir de fora de
seu espaço vital.
EXEMPLOS
Immanuel Kant, Auguste Comte, Paul Cézanne, Emile Zola, Theodore Roosevelt, Kaiser
Guilherme II, Henry Miller.
MARTE
O indivíduo com esta posição sente-se ameaçado por qualquer pressão, do ambiente ou das
outras pessoas, que pretenda enquadrá-lo em algum sistema conhecido, defini-lo
objetivamente ou comprometê-lo com alguma coisa. O meio-ambiente lhe surge como uma
trama progressivamente apertada, da qual tem de esforçar-se para escapar. O
constrangimento é uma ameaça constante, que vem um pouco de toda parte; o indivíduo
tem facilidade de sentí-lo, e até de pressentí-lo, junto com o total desinteresse — ou
incapacidade — de identificar sua verdadeira origem: o que lhe importa não é saber de
onde vem o constrangimento; é escapar. A própria necessidade de investigar objetivamente
a origem do constrangimento lhe parece constrangedora. Daí que, com frequência, fuja para
a direção errada, ainda que no momento certo. Um exemplo típico é o do indivíduo que,
sendo objeto de maledicência por parte de subordinados insignificantes, sente que o
ambiente como um todo lhe é adverso, e se demite do cargo. A desproproção entre estímulo
e resposta surpreende os observadores. Pela mesma razão, a necessidade de escapar a
constrangimentos, sem distinguir constrangimentos reais e potenciais nem avaliar a
gravidade relativa do caso, pode levá-lo a romper compromissos, a abandonar lealdades ou
a lutar com fantasmas, ferindo, de passagem, pessoas reais e inocentes.
Reage muitas vezes esquivando-se, escorregando para fora da situação ou agindo de forma
disfarçada, encoberta, indireta, que não apareça para os outros. Sua ação aparece aos outros
como ambígua, dando margem à várias interpretações.
SÍNTESE
Reage de maneira pronta, exteriorizada e fugaz a qualquer informação que pareça provir de
fora do seu espaço vital.
EXEMPLOS
Anatole France, Paul Gauguin, Pablo Picasso.
VÊNUS
Todo homem sabe que, para além do seu espaço vital ou círculo de experiência, se estende
a região indefinidamente vasta daquilo que, para ele, é “o desconhecido”. Ele sabe que,
neste desconhecido, se geram causas obscuras cujos efeitos poderão, amanhã ou depois,
entrar no circuito dos “fatos” conhecidos. Logo, todo homem tem uma expectativa, mais
vaga ou menos vaga, da interferência do ilimitado desconhecido na esfera limitada do
conhecido. Essa expectativa assume um tom e uma modalidade diferente em cada pessoa.
Com Vênus na XII, ela produz imagens onde a forma do ignorado assume um perfil
plástico, sensível. É o mesmo que dizer que esta imaginação trabalha mais facilmente em
cima de indícios pequenos e fragmentários, das brechas que, no círculo do cotidiano,
anuncia a imensidão da possibilidade desconhecida, do que em cima das imagens mais
completas de coisas e situações familiares. Quanto menos informação o indivíduo possui
sobre uma sequência causal qualquer, mais facilmente o leque das possibilidades esperadas
ou temidas assume nele a plasticidade das imagens. Ele “vê” aquilo que desconhece, quer o
aguarde ou o tema. Concebe imaginativamente tudo o que para ele é mundo invisível, tudo
o que transcende o seu espaço vital. Idealiza o que está fora da própria esfera pessoal. É
natural, portanto, que a imagem de felicidade assuma para ele a forma de algo que está
completamente longe e é radicalmente diferente da sua experiência corrente: ilhas
paradisíacas, oásis míticos, por exemplo, ou ainda a imagem de um abrigo oculto, subtraído
ao fluxo causal conhecido. Como esse paraíso está para além de toda a experiência real, ele
assume o papel de um símbolo que resume o sentido último de toda a existência — e que
está “fora” da existência não por ser em si mesmo falso, mas porque, necessariamente, o
sentido de uma coisa está para além dessa coisa.
SÍNTESE
Imagina poder moldar sempre em sentido proveitoso ou gratificante tudo que pareça estar
fora do seu espaço vital.
EXEMPLOS
Sta. Teresa de Ávila, George Washington, Benjamin Disraekli, Arthur Rimbaud, Claude
Debussy, Mia Farrow.
LUA
A expectativa — esperançosa ou temerosa — do desconhecido toma aqui o aspecto de uma
oscilação, sem projetar-se na imagem estática de um “outro mundo” como em Vênus na
XII. Há o desejo e o temor de que causas desconhecidas alterem, para o bem ou para o mal,
o círculo do mundo conhecido; e a aproximação dessas causas é vivida numa espécie de
tateio vacilante. Pela mesma razão, o desejo de fugir da estreiteza do mundo conhecido é
compensado, pendularmente, pelo desejo de abrigar-se da imensidão do desconhecido,
retornando ao círculo da banalidade diária. Refugiar-se do pequeno no grande ou do grande
no pequeno, conforme um e outro assumam temporariamente o aspecto do desejável ou do
temível, e conforme a estreiteza seja uma prisão ou um abrigo, e a imensidão uma
libertação ou o extravio no vácuo, eis o ritmo quaternário que compassa as motivações
deste indivíduo. Valoriza o desconhecido, o indefinível, o inacessível, mas, alternadamente,
refugia-se no banal, no pequeno, no cotidiano.
SÍNTESE
Sente como fonte principal de motivação ou desmotivação tudo que pareça provir de fora
do seu espaço vital.
EXEMPLOS
William Blake, Abraham Lincoln, Giuseppe Verdi, Edgar Degas, Thomas Hardy, Anatole
France, Arthur Rimbaud, Claude Debussy, Gregory Peck.
AS CONSTELAÇÕES
Luzes colocadas no céu que modificam aquilo que passam por elas. As estrelas tem
descrições muito semelhantes em todas as culturas – Antares – coração do escorpião.
Persas, Gregos, Romanos, etc. Os índios brasileiros chamam antares de Boi Tata.
Babilônicos chamavam de coração de sangue e os chineses de Coração de morte. Para
delimitar uma característica que engloba as estrelas ao redor, eles reúnem as estrelas em
uma família e correlacionam ela a um mito – constelação. O mito é uma história importante
a uma civilização porque conta um traço cultural e comportamental daquele povo, um
SÍMBOLO hereditário.
AS ESTRELAS FIXAS
DIGNIDADES E ASPECTOS
PARTE IV