Vitimização de Policiais Militares Durante A Folga e em Trajes Civis
Vitimização de Policiais Militares Durante A Folga e em Trajes Civis
Vitimização de Policiais Militares Durante A Folga e em Trajes Civis
Belo Horizonte
2018
Gustavo Henrique Pereira Diniz
Belo Horizonte
2018
Gustavo Henrique Pereira Diniz
BANCA EXAMINADORA
_______________________________
Claudio Aparecido da Silva, Major PM
________________________________
Avaliador 1
________________________________
Avaliador 2
Humberto Wendling
RESUMO
The present research aimed to identify the existence of capable measures of reduce or avoid
the victimization of military police, during off duty and in civilian clothes, in occurrences in
which the presumed causes are robbery and murder to steal . It was found that military police
officers died in Brazil three times more in a police confrontation during day off than during
service in uniform. In Minas Gerais, between 2012 and 2017, this number of military police
reached 22 of 37 deaths in the period. It is an unprecedent research in Minas Gerais, since it
presents theories in the area of victimology, as well as detailed information about the factors
that led to the death of military police during the confrontation on day off and in civilian
clothes, in addition to data from questionnaire applied to the military police of Minas Gerais
in activity. The theme is relevant for the Institution, since it provides better technical
conditions for the military police officer, in order to minimize the risks and effects of a
possible police confrontation during the day off in civilian clothes. It is an explanatory,
descriptive, qualitative and quantitative research, so that the consultation with the military in
activity of the Military Police of Minas Gerais (including what they think about self-
protective measures, as well as actions they consider effectives), besides the data of the
Military Police Corregedoria, allied to the theoretical reference made it possible to know the
phenomenon of victimization. The study elucidates the subject and proposes self-protection
measures for the military police in order to prevent or mitigate the effects of the police
confrontation during the day off and in civil clothes.
Keywords: victimization, self-protection measures, day off, civilian clothes, Military Police of
Minas Gerais.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 2 - Causas das mortes dos policiais militares de Minas Gerais da ativa, no
período de 2012 a 2017............................................................................ 42
Gráfico 6 - Relação entre o tipo de instrumento utilizado pelo infrator e pela vítima
policial militar em ocorrência que culminou na morte desta última,
durante o confronto na folga e em trajes civis, no período de 2012 a
2017 ......................................................................................................... 45
Gráfico 10 - Dia da semana e hora por tipo de local da ocorrência que culminou em
morte de policial militar durante o confronto na folga e em trajes civis,
no período de 2012 a 2017 ...................................................................... 48
Gráfico 31- Percentual de policiais militares do sexo masculino, por local de porte
da arma de fogo, durante o deslocamento de carro como condutor, na
folga e em trajes civis............................................................................... 61
Gráfico 35- Percentual de policiais militares que, durante sua formação (CFSD,
CFS, CEFS, CFO, CHO), já receberam algum tipo de treinamento de
como deve agir durante a folga e em trajes civis ..................................... 64
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 15
2.3 Vitimologia........................................................................................................... 22
4 METODOLOGIA............................................................................................... 39
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 69
REFERÊNCIAS .............………………………................................................ 75
APÊNDICE.......................................................................................................... 81
ANEXOS.............................................................................................................. 86
15
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo monográfico dispõe como tema medidas de autoproteção face à vitimização
dos policiais militares do Estado de Minas Gerais, de folga e em trajes civis.
Foi estabelecida como delimitação espacial o Estado de Minas Gerais, de forma a possibilitar
uma análise mais abrangente e que contemple as peculiaridades das regiões de atuação da
Policia Militar de Minas Gerais (PMMG) em todo o Estado.
Na esfera temporal, a delimitação será o período compreendido entre os anos de 2012 e 2017,
uma vez que a partir de 2012, com a criação da Comissão de Acompanhamento e Controle de
Letalidade e Uso da Força, as estatísticas da Corregedoria da Polícia Militar (CPM) se
tornaram mais precisas e detalhadas, e até 2017 por ser o último ano com dados completos
para análise.
Esse recorte permitirá uma análise das estatísticas de órgãos de segurança pública como uma
aproximação histórica das atitudes do policial militar durante o seu período de folga ao modus
operandi do agressor.
O trabalho tem como objetivo geral identificar se existem medidas que podem ser adotadas
pelo policial militar de folga e em trajes civis aptas a minimizar ou evitar a vitimização em
ocorrências, cuja causa presumida é o roubo e o latrocínio.
O questionamento que conduz este trabalho é verificar se existem medidas a serem adotadas
pelo policial militar de folga e em trajes civis adequadas para minimizar ou evitar a sua
vitimização em ocorrências onde a causa presumida é o roubo e o latrocínio.
16
Para que se tenha um melhor entendimento a respeito do tema, o estudo foi dividido em seis
seções, iniciando com a seção 1 a introdução do trabalho.
A seção 2 versa sobre a evolução do fenômeno criminal e apresenta as teorias que explicam o
crime, em especial a teoria do controle e a prevenção situacional, que buscam a existência do
delito não no viés do criminoso, mas da perspectiva da vítima por meio da vitimologia,
reduzindo as oportunidades. Ao final desta seção levanta-se a existência de profissões que
aumentam os riscos de vitimização.
Na seção 3 apresenta-se a profissão policial militar, as normas que regulam suas atividades,
bem como os deveres, obrigações e riscos inerentes ao trabalho. Uma vez que esta profissão
busca preservar vidas de pessoas, é exposto o tipo de capacitação exigido para o exercício
profissional com vistas à atuação em situações que envolvam policiais militares, em
particular, durante a folga e em trajes civis. Ao final desta seção é apontada a vitimização
policial, apresentando-se os dados estatísticos de mortes de policiais militares causadas por
confrontos policiais durante o período de folga e em trajes civis, no Brasil e em Minas Gerais.
A seção 5 traz a interpretação e discussão dos dados estatísticos referentes a policiais militares
que morreram em confronto policial durante a folga e em trajes civis, no período de 2012 a
2017, bem como a análise do questionário aplicado aos policiais militares da ativa do Estado
de Minas Gerais. Com vistas ao referencial teórico e os dados trabalhados, foi possível
identificar a existência de medidas de autoproteção que policiais militares podem aplicar
durante a folga e em trajes civis.
Desde o século XlX, procura-se explicações a respeito das causas da criminalidade violenta.
Foram criadas teorias para tais esclarecimentos como as orientadas nas patologias individuais,
Teoria da Desorganização Social, Teoria Estrutural-Funcionalista do Desvio e da Anomia,
Teoria da Associação Diferencial e do Aprendizado Cultural, Teoria do Controle e Teoria da
Ecologia Humana. Santos (2016, p. 46) salienta que "essas teorias precisam ser analisadas
considerando-se o contexto histórico no qual foram elaboradas".
Ainda Santos (2016, p. 46) diz que "algumas explicações do crime recaem sobre o agressor,
outras na vítima, e outras correntes defendem que tanto o agressor como a vítima contribuem
para a ocorrência da delinquência".
Quanto à teoria orientada nas patologias individuais, Cerqueira e Lobão (2007) explicam o
comportamento criminoso a partir de patologias biológicas, psicológicas e psiquiátricas. Desta
teoria, se destaca o médico psiquiatra, antropólogo e criminologista Cesare Lombroso que, em
1875, defendeu a ideia do criminoso nato, possuidor de traços anatômicos e psicológicos que
o diferiam do homem de bem.
Cerqueira (2007, p. 20) exemplifica essa teoria nos seguintes termos: "eu gostaria de possuir
um carro, uma casa, um tênis da moda, etc., mas eu acho que não conseguiria dinheiro ou
condições para satisfazer tais aspirações".
Ainda Cerqueira (2007) assinala que em 1939, o sociólogo Edwin Sutherland desenvolveu a
Teoria da Associação Diferencial e do Aprendizado Cultural. Essa tese contrapõe a Teoria da
Anomia questionando a justificativa das classes média e rica para cometerem crimes.
Santos apud Cerqueira (2007) acrescenta que, de acordo com Edwin Sutherland, a família, a
comunidade, incluindo as amizades, possuem um papel fundamental para fazer o bem como
também para aprender métodos e técnicas criminosas. A família exerce grande influência na
socialização da criança, mas se torna segundo plano quando ela chega à pré-adolescência,
onde outros grupos sociais (escola, amigos, mídia, etc) atuam.
As teorias conceituadas servem de base para se conhecer a evolução das teorias do crime. O
presente trabalho se sustenta na Teoria do Controle, conforme explicado na sequência.
A Teoria do Controle, segundo Santos (2016), pressupõe que qualquer pessoa é um criminoso
em potencial. O que faz uma pessoa cometer o crime é a oportunidade de colocar em prática o
seu intento, se aproveitando das fragilidades. Ao passo que, o que impede o delito são as
estratégias de controle que possam frustrar o criminoso.
Dessa teoria, conforme Santos (2016), surgiram debates que consideram o fator espaço como
influência da criminalidade, gerando a Teoria das Atividades Rotineiras, Teoria das Janelas
Quebradas, Teoria da Escolha Racional e Teoria da Prevenção Situacional do Crime.
Cohen e Felson (1979) desenvolveram a Teoria das Atividades Rotineiras e afirmou que para
haver a ocorrência criminal, devem estar presentes três componentes: uma vítima, um
agressor em potencial e a presença ou ausência de elementos dissuasórios. Há de observar que
essa teoria não aborda o perfil do criminoso, mas sim as circunstâncias nas quais o crime
ocorre.
19
Felson e Clarke (1998, p. 229) escreveram dez princípios acerca desta teoria:
A Teoria das Janelas Quebradas, desenvolvida por Wilson e Kelling (1982), sinaliza que uma
simples janela quebrada demonstra a falta de preocupação ou cuidado com aquele imóvel.
Estes autores argumentam que os problemas devem ser corrigidos quando ainda estão no
começo (SANTOS, 2016).
A Teoria da Escolha Racional foi desenvolvida por Ronald Clarke em 1985, onde, conforme
Carvalho (2005), o criminoso avalia o custo-benefício do delito, após ter encontrado a
oportunidade para a consumação do crime.
Santos (2016, p. 62) acrescenta que "a população é o principal agente mantenedor da
prevenção dos crimes, criando em diferentes lugares do espaço urbano situações que
favoreçam a diminuição das ocorrências ao estabelecer meios de proteção [...]".
Cohen, Kluegel e Land (1981) fizeram um estudo da criminalidade colocando a vítima como
objeto de análise. Esse estudo objetivou investigar como o estilo de vida do indivíduo e as
oportunidades geradas por ele influenciam a probabilidade de vitimização, sendo essa relação
confirmada. Esse trabalho foi baseado nas teorias de "estilo de vida" (life-style models) e
"oportunidades" (opportunity models). Nesse viés, Beato (2004, p.76) explica que:
O modelo do estilo de vida foi desenvolvido por Hindelang et al. (1978). Peixoto (2007)
considera que a maneira pela qual um indivíduo aloca seu tempo entre atividades de lazer e
trabalho, está relacionada à sua probabilidade de estar no local e no momento mais propício à
ação criminal. A diferença no estilo de vida dos indivíduos afeta o tempo despendido em
interações com criminosos em potencial e/ou em situações nas quais existe um alto risco de
vitimização.
A partir dessas variáveis amparadas, principalmente, por Cohen, Kluegel e Land (1981) e
também por Beato (2004), este trabalho aborda as formas pelas quais a vítima, que no caso é o
policial militar em seu horário de folga e em trajes civis, pode se prevenir de crimes violentos
como roubo e latrocínio, mas também estabelecer medidas de autoproteção para fazer frente
caso não consiga preveni-lo.
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), no ano de 2010, escreveu
um manual contendo diretrizes de prevenção à criminalidade, cujo foco foi propor ações de
planejamento e estratégias para a prevenção do crime. Em uma das diretrizes é descrito que:
Para Rolim (2006) a prevenção situacional emprega estratégia de prevenção voltada para
ações dirigidas à redução das oportunidades da prática de crimes e violências na sociedade.
Nesse viés, Carvalho (2011) assevera que é possível antecipar vulnerabilidades para a
vitimização, assim como identificar medidas de redução de vulnerabilidade em um local e até
22
prevenir grupos de risco e alvos potenciais do crime, avaliando suas atividades rotineiras,
estilo de vida e ambiente em que estão inseridos.
Molina e Gomes (1997) orientam que se deve evitar frequentar certos lugares em
determinadas horas, instalar alarmes, utilizar equipamentos eletrônicos em carros, não expor
certos objetos de valor à vista, entre outros, e acrescenta que:
Segundo Persijn et al. (2006), existem várias técnicas alinhadas ao modelo situacional que
podem ser aplicadas, reduzidas em quatro vertentes:
2.3 Vitimologia
"Se nem todos os réus são culpados, nem todas as vítimas são
inocentes". Vasile Stanciu
O dicionário Michaelis define Vitimologia como o ramo da criminologia que se interessa pela
personalidade das vítimas de crimes ou delitos, por seu estatuto psicossocial.
O termo vitimologia, conforme Silva (2006), remonta a 1945, com o registro histórico de seu
surgimento ocorrido no pós-guerra, quando o professor de Criminologia Benjamim
Mendelson, da Universidade Hebraica de Jerusalém, expõe os primeiros estudos sobre a
matéria sendo considerado o fundador da vitimologia. Em seus estudos, ressaltava a
importância de estudar o comportamento da vítima.
O professor alemão Hans Von Henting, em 1941, propôs outra concepção da vítima, não mais
apenas como o sujeito passivo do crime, mas também sujeito ativo. Em 1973, foi realizado o
1º Simpósio internacional de vitimologia em Jerusalém. Hans Von Henting juntamente com
Benjamim Mendelson são considerados os pioneiros da vitimologia.
Durante muito tempo deu-se importância ao crime e ao criminoso, mas a vítima era esquecida
neste contexto. A abordagem da vitimologia traz relevância à vitima no processo
criminológico, bem como a assistência a quem tem direito (KOSOVSKI, 2008).
A vitimologia tem por objeto o estudo da vítima do crime, sua personalidade, características
psicológicas, morais e culturais, relações com o criminoso e outras condições que fazem com
que a vítima colabore para a realização do crime. Pode ser identificada como o “estudo
científico da vítima” (BRANCO, 2008).
Junior apud Machado (1985, p. 15) relata as consequências da participação da vítima em uma
ocorrência e afirma que:
Farias Júnior (1990, p. 78) acrescenta que "há ainda as vítimas inocentes que são as
verdadeiras vítimas, não sendo nem causa nem fator, isto é, não são provocadores, não tendo
culpa alguma na realização dos delitos, apenas sofrendo as suas consequências".
Ainda conforme Souza (1998), a interação entre criminoso e vítima pode ser determinante da
ocorrência do crime, dependendo da forma como se comporta o ofendido, podendo induzi-lo a
praticar a conduta criminosa ou facilitar o delito. Exemplos desse comportamento é a pessoa
que estaciona em local ermo e permanece no interior do veículo, aquele que anda pela rua
falando ao celular desatento ao que está ocorrendo a sua volta, ou mesmo o indivíduo que
deixa objetos de valor dentro do carro à vista do infrator.
O assunto ora apresentado reforça na área da vitimologia o fato de que a vítima pode
realizar papel principal que contribua para a realização de um crime ou acidente em seu
próprio dano. Em face disso, Moreira Filho (2008, p. 77) prescreve que:
Isto posto, observa-se que, para a vitimologia é essencial aprofundar a investigação sobre a
vida da vítima. Conhecer como, onde, quando e por que uma determinada vítima foi eleita é
válido para entender o agressor. A descrição física da vítima, seus hábitos e estilos de vida
25
devem ser considerados, pois podem transmitir mais ou menos riscos diante do criminoso.
Faz-se necessário acrescentar que algumas pessoas bem como certas profissões, em razão dos
riscos que o envolvem, têm predisposição a sofrer maiores efeitos da vitimização.
26
A profissão policial militar carrega características que a torna diferente das demais profissões,
bem como exige perfil de profissional incomum.
Uma das especificidades latentes na profissão policial militar, a disponibilidade, está prevista
no artigo 15 da Lei Estadual n° 5.301, de 16 de outubro de 1969, que contém no Estatuto dos
Militares do Estado de Minas Gerais (EMEMG):
Nesse mister, o inciso XIII do artigo 278 e o artigo 317 do Decreto nº 11.636, de 29 de janeiro
de 1969, que traz o Regulamento Geral da Polícia Militar de Minas Gerais prevê que:
Observa-se que o compromisso feito solenemente por todo policial militar contém o dever de
servir à sociedade, que é inerente à profissão policial militar, ainda que custe sua vida.
Observa-se aí que a condição policial militar exige um estilo de vida distinto tanto durante seu
serviço como no tempo de sua folga.
A atividade dos Encarregados de Aplicação da Lei (EAL) é envolta de pressão e tensão, pois
não há margem para falhas (ROSÁRIO, 2017). Diante disto, o policial militar trabalha em
uma linha tênue, onde de um lado está a omissão e de outro o excesso policial, cabendo a esse
profissional tomar decisões acertadas, legais, proporcionais e necessárias, sob pena de ser
responsabilizado civil, administrativa, criminalmente e, em último grau, até com seu decesso.
28
O Código de Processo Penal em seu artigo 301 prevê que "qualquer do povo poderá e as
autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
flagrante delito" (BRASIL, 1941, p. 30). Sob essa ótica, Lima apud Rosário (2017, p. 26)
afirma que, "enquanto o cidadão civil procura sempre escapar de uma situação mortal, os
policiais têm a obrigação legal de adotar providências, ainda que isso coloque em risco a sua
vida".
Quanto à atividade policial militar, a Diretriz Geral para Emprego Operacional da Polícia
Militar de Minas Gerais (DGEOP) assegura que a atuação do profissional policial militar
requer um alto grau de treinamento e capacitação profissional de seus quadros, cuja
mobilidade lhe permita ser acionada, de imediato, no mínimo intervalo de tempo possível e no
necessário espaço geográfico a ser coberto (MINAS GERAIS, 2016, p. 15).
Corroborando este conceito, Assunção (2008, p. 35) menciona que o "treinamento de polícia
militar é a atividade de educação continuada, visa atualizar e modificar o comportamento dos
militares, no intuito de melhor capacitá-los para exercer sua função policial militar".
1
Manual Técnico-Profissional 3.04.01/2013-CG: trata da intervenção policial, processo de comunicação, uso da
força. Chamado também de Caderno Doutrinário nº 1, estabelece métodos e parâmetros que propiciam suporte à
sua prática profissional. Este manual tem a finalidade apresentar orientações básicas para a efetividade das
intervenções policiais e deve ser tomado como referencial.
29
Sob esse enfoque, vê-se que por meio do treinamento intenso e repetitivo, o policial militar
transforma seus conhecimentos e habilidades adquiridos em atitudes, até o ponto de adquirir
memória muscular, automatizando suas táticas para cada caso concreto.
Como forma de buscar a excelência através do treinamento com o fim de minorar o risco, o
Manual Técnico-Profissional 3.04.01 considera que:
Grossman (2004) expõe que o treinamento mental e prático é uma das formas de se inocular a
tensão, ou seja, experimentar durante o treinamento realístico as intempéries que poderão vir a
encontrar quando a situação real surgir. O treinamento efetivo também eleva o senso de
confiança da pessoa e evita alguma surpresa que é outro aspecto cognitivo de inoculação da
tensão. O senso de efetividade pessoal e autoconfiança, criados pelo treinamento realístico,
atuam muito como um redutor de tensão quando os músculos entram em piloto-automático.
treinamentos prevendo os dois cenários: o policial militar fardado em serviço e em trajes civis
de folga.
O policial poderá usar a força no exercício das suas atividades, não sendo
necessário que ele ou outrem seja atacado primeiro, ou exponha-se
desnecessariamente ao perigo, antes que possa empregá-la. O seu emprego
eficiente requer uma análise dinâmica e contínua sobre as circunstâncias
presentes, de forma que a intervenção policial resulte num menor dano
possível. Para tanto, é essencial que ele se aperfeiçoe, constantemente, em
procedimentos para a solução pacífica de conflitos, estudos relacionados ao
comportamento humano, conhecimento de técnicas de persuasão, negociação
e mediação, dentre outros que contribuam para a sua profissionalização
nesse tema (MINAS GERAIS, 2013, p. 75).
Ainda na mesma norma, o uso da força aplicada por um policial militar é caracterizado como
um ato discricionário, legal, legítimo e profissional. Pode e deve ser usada no cotidiano
operacional, sem receio das consequências advindas de seu emprego, desde que o policial
militar cumpra com os princípios éticos e legais que regem sua profissão (MINAS GERAIS,
2013, p. 76).
As atuações em situações que envolvam policiais militares estando de folga e trajes civis
necessitam de atenção por parte de todos os policiais militares. As intervenções de policiais
militares estando trajes civis, quando vítima de crimes como tentativa de roubo, homicídio ou
latrocínio precedem de treinamentos específicos e ações não rotineiras, a fim de solucionar a
ocorrência da melhor forma.
O policial militar fardado (ostensivo), com sua arma de porte, equipado com colete balístico,
instrumentos de menor potencial ofensivo, em supremacia de força, qualitativo e
quantitativamente, deve treinar exaustivamente e aplicar as técnicas, conforme cada caso já
positivado, nas diversas doutrinas da Polícia Militar de Minas Gerais como os manuais
31
Por outro lado, atuar em uma ocorrência estando em trajes civis e de folga, armado e sozinho,
é um cenário distinto. O policial pode ser confundido com o infrator ao realizar uma
abordagem em via pública ou, caso seja abordado pelo infrator, pode vir a ser submetido à
busca pessoal por este, que ao localizar a arma, pode utilizá-la contra o militar.
O policial militar deve estar consciente de que sua decisão de agir precisa se
fundamentar, ainda, na segurança de terceiros, já que a repressão a um
delito, nesses casos, não pode comprometer a vida de pessoas que no
momento dos fatos não tem como se proteger. Para os fins citados e para a
autoproteção, o porte e o uso de arma de fogo por policiais militares são
permitidos por lei, mesmo fora do serviço e à paisana. Contudo, a conduta
para atuação do policial militar, além de ser balizada pelos princípios básicos
do uso da força e da arma de fogo, deve atentar para alguns detalhes
específicos da atuação em situações em que estiver de folga e à paisana, tais
como o local e a maneira de portar sua arma, a forma e o momento de sacá-
la (MINAS GERAIS, 2014, p. 47).
Esta norma orienta o policial militar a agir de acordo com os preceitos vigentes, nos seguintes
termos:
2
Manual Técnico-Profissional nº 3.04.02/2013-CG: trata da tática policial, abordagem a pessoa e tratamento às
vítimas. Chamado também de Caderno Doutrinário nº 2, que descreve a aplicação da técnica e tática policial à
atividade fim.
32
A mesma norma ainda recomenda ao militar realizar treinamentos com base nas orientações
de segurança, bem como disseminá-las à tropa:
Observa-se a preocupação da Instituição com o policial militar que está na condição de vítima
em ocorrências de roubo à mão armada, estando de folga, em trajes civis, e é ferido por
disparos de arma de fogo. Essas ocorrências "são motivadas, em sua maioria, pela reação
precipitada frente a uma ação criminosa" (MINAS GERAIS, 2012, p. 1).
3
Treinamento Policial Básico: compreende o processo de atualização intensiva nas técnicas e doutrinas voltadas
à prática policial, e é executado, bienalmente, no Centro de Treinamento Policial da Academia de Policia Militar
de Minas Gerais, nas Companhias de Ensino e Treinamento ou Adjuntoria de Treinamento. Passam por este
treinamento todos os militares, independentemente da atividade que exerçam, com foco na assimilação dos
conhecimentos básicos ligados à atividade operacional, além de serem submetidos a testes físicos, provas de tiro,
além de prova escrita. O Guia de Treinamento do 7º Biênio: é um compêndio em forma de livro onde constam
todas os assuntos doutrinários abordados no Treinamento Policial Básico dos anos de 2014 e 2015 e que são
repassados à todo efetivo da PMMG.
33
constância de alguns erros de policiais militares que, se fossem evitados, poderiam resultar na
preservação da vida do policial militar e dos demais envolvidos (MINAS GERAIS, 2016).
Ainda, o Guia de Treinamento cita um julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) em
que se destaca que "o policial, mesmo fora do horário de sua jornada de trabalho, imputa-se a
obrigação de intervir em qualquer ocorrência policial (Código de Processo Penal, artigo 301),
exercendo função ininterrupta e contínua" (TJSP, 2010, p. 1). Ainda nesse julgado, constata-
se a obrigação do policial militar de agir mesmo nos horários de folga e em trajes civis.
Entretanto, para que o militar tenha plenas condições de cumprir seu dever, há a necessidade
de estar preparado, ter condições físicas e psicológicas de agir.
Há diversas formas que o policial pode portar sua arma de fogo estando se deslocando a pé ou
no interior de veículos, como: no tornozelo, de baixo da axila, na frente do tórax ou na
cintura. Entretanto, destaca-se que são formas errôneas o acondicionamento da arma de fogo
no interior do veículo deixando-a sobre o colo, entre as pernas, debaixo de uma das pernas ou
mesmo nos bolsos das portas da viatura (MINAS GERAIS, 2016). Ao mesmo tempo, esta
norma indica à guisa de exemplo que
O policial deve, durante o período de folga e em trajes civis, tirar proveito das circunstâncias
que o ambiente favorecer, a começar considerando a existência de outros infratores, além
daquele que esteja sendo visto ou que esteja executando a ação delituosa (MINAS GERAIS,
2016). Em síntese, o policial militar deve identificar e aproveitar as "janelas de
oportunidades".
O conhecimento das ações que podem ser colocadas em prática por meio do treinamento,
aproveitando das oportunidades, torna o policial mais capacitado a fim de diminuir as
possibilidades de se tornar uma vítima de roubo durante sua folga e em trajes civis e ter
condições de agir caso seja abordado pelo agressor.
Segundo Piedade Júnior (1993), o termo vitimização é entendido como um processo mediante
o qual alguém vem a ser vítima de sua própria conduta ou da conduta de terceiros, onde se
encontram de um lado, na segunda hipótese, o vitimizador (vitimário ou agente) e de outro a
vítima (paciente).
A palavra “vítima”, segundo dicionário Michaelis, deriva do latim victimia e victus, e dentre
vários conceitos, quer dizer pessoa contra quem se comete um crime ou qualquer ser ou coisa
que sofre algum tipo de prejuízo.
Vítima é a pessoa que sofreu alguma perda, dano ou lesão, seja em sua pessoa propriamente
dita, sua propriedade ou seus direitos humanos (PIEDADE JUNIOR, 1993).
Ainda que a profissão de policial envolva um risco maior do que outras profissões, é
sobremaneira alta a taxa de vitimização de policiais militares [...]. De um modo geral, os
policiais foram mais vitimados (mortos e feridos) durante a folga ou no desempenho de
atividades informais do que quando em serviço (MUNIZ; SOARES, 1998).
Reforçando a caracterização da profissão policial militar, Leal e Piedade Junior (2001, p. 237)
acentuam que "são vítimas os policiais que se arriscam em confrontos, frequentemente
inferiorizados em meios, e que sofrem também por suas famílias, quase sempre desprotegidas
enquanto estão no trabalho".
"A identidade profissional compele policiais a intervirem em crimes contra terceiros mesmo
quando se encontram em momentos de lazer ou descanso" (SOU DA PAZ4, 2017, p. 47).
Entretanto, Zanchetta (2011) diz que muitos policiais acreditam estar tão preparados para
enfrentar situações adversas em seus horários de folga quanto durante o exercício de suas
atividades, apesar de na folga não contarem com o reforço do efetivo, coletes balísticos, a
comunicação pela rede de rádio das viaturas policiais e o Centro de Operações da Polícia
Militar. Afirma ainda que policiais recém-formados são particularmente suscetíveis a esse
tipo de erro, pois tendem a acreditar demasiadamente em sua capacidade defensiva.
Para Minayo et al. (2007), o elevado grau de estresse associado à atividade policial leva-os a
assumir riscos, que um indivíduo não assumiria normalmente. Por exemplo, um policial em
seu horário de folga que reage a um assalto contra si ou contra terceiros sem que haja
4
O Instituto Sou da Paz é uma organização não governamental que há mais de quinze anos trabalha para reduzir
a violência no Brasil. Sua missão é contribuir para a efetivação de políticas públicas de segurança e prevenção da
violência que sejam eficazes e pautadas pelos valores da democracia, da justiça social e dos direitos humanos. O
Sou da Paz tem o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) concedido pelo
Ministério da Justiça.
36
condições favoráveis para isso, como em uma situação em que os criminosos estejam em
vantagem numérica (INSTITUTO SOU DA PAZ, 2017).
5
Fórum Brasileiro de Segurança Pública: é uma organização sem fins lucrativos que tem por missão atuar como
um espaço permanente e inovador de debate, articulação e cooperação técnica para a segurança pública no
Brasil. Na prática, isso se traduz em um programa de trabalho pautado na circulação de dados e de conhecimento
acerca da realidade da área e, ainda, na aproximação e na construção de pontes de diálogo entre diferentes
segmentos que lidam cotidianamente com o tema (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA,
2017).
37
A pesquisa realizada em 2017 pelo Instituto Sou da Paz, com o tema vitimização e letalidade
policial na cidade de São Paulo, mostra que dos 243 policiais mortos na capital entre 2012 e
2016, 52 morreram em serviço e 191 no horário de folga. Isto é, oito a cada dez policiais
vítimas fatais de violência morreram em seu horário de folga, conforme consta da Tabela 1:
Conforme dados da CPM apresentados na Tabela 2, dos 37 policiais militares da ativa que
foram mortos em confronto, de 2012 a 2017, 60% foram vitimados enquanto estavam no
período de folga (trajes civis) e 40% durante o serviço. Esses números não fazem referência
às vítimas por acidente de trânsito, crimes passionais, ocorrências em razão de prestação de
serviços de segurança privada em horário de folga, suicídio ou outras causas.
38
Segundo Fernandes (2016), “para o policial militar, ser roubado vai além do prejuízo material,
mas diz a ele sobre sua derrota ante o oponente, razão pela qual a reação é, no seu julgamento,
a única resposta possível".
O Instituto Sou da paz (2017, p. 56) "recomenda à Secretaria da Segurança Pública, Comando
da Polícia Militar e Delegado(a) Geral a desenvolverem e divulgar procedimentos
operacionais claros voltados a policiais fora de serviço". Ocorre que essas técnicas na PMMG
ainda estão incipientes.
39
4 METODOLOGIA
O tipo de pesquisa quanto ao objeto foi explicativa e descritiva. O tipo de pesquisa segundo o
modelo conceitual operativo foi bibliográfica, documental, levantamento e pesquisa de
campo. A natureza da pesquisa foi quantitativa e qualitativa.
b) Questionário
Foi enviado um endereço eletrônico, que dá acesso ao formulário on-line, a todos os militares
através do Painel Administrativo6 de mensagens da Intranet bem como por meio do aplicativo
Whatsapp7.
6
Painel Administrativo de mensagens da Intranet: é uma espécie de correio eletrônico institucional.
7
Whatsapp: é um aplicativo que viabiliza troca de mensagens instantâneas entre os usuários por meio de
telefones celulares e computadores.
40
Foi obtida junto à Corregedoria da Polícia Militar de Minas Gerais a relação de todas as
ocorrências com respectivos números dos Registros de Eventos de Defesa Social8 (REDS)
alusivos a roubos e latrocínios que vitimaram fatalmente os policiais militares da ativa deste
Estado no período de 2012 a 2017.
A partir dessa relação, foi realizada a análise de conteúdo dos históricos de cerca de 400
REDS. As informações foram filtradas de forma a identificar as ocorrências que se tratavam
de policiais que claramente foram mortos em confronto policial durante o período de folga e
em trajes civis, entre os anos de 2012 e 2017. Foram desprezadas as ocorrências nas quais o
policial militar estava chegando ou retornando do trabalho fardado, as relacionadas a crimes
passionais ou com envolvimento de policiais militares que estão na inatividade.
Os dados foram categorizados por tópicos como dia do fato, hora, local, resumo da
ocorrência, número do REDS, tipos de local, armas envolvidas, locais do corpo atingidos,
dentre outros, com o auxilio de planilha eletrônica. Após a conferência dos dados, as
informações foram lançadas e apresentadas em gráficos para melhor visualização e
entendimento do trabalho.
8
Registro de Evento de Defesa Social: módulo informatizado desenvolvido para permitir o lançamento dos
registros de fatos policiais (da Polícia Militar e da Polícia Civil), de trânsito urbano e rodoviário, de meio-
ambiente, de Bombeiros e outros afins, independentemente da origem, forma de comunicação ou documento
inicial. Os registros efetuados no módulo REDS receberão uma numeração seqüencial única e anual.
41
As 1.793 respostas ao questionário foram tabuladas com o auxílio de uma planilha eletrônica
e dispostas em tabelas e gráficos, por sua vez, foram analisados, interpretados e discutidos.
Haja vista que a população é finita (menor de 100.000), será usada a fórmula predita por
Richardison (2015, p.169):
n= Z² . p . q . N
e² . ( N - 1) + Z². p . q
Traduzindo a fórmula, decidiu-se por conferir um nível de confiança (“Z”) de 99% e um erro
estimado permitido (“e”) de 3%. A proporção de ocorrência é desconhecida (“p” e “q”), sendo
que p = (100 - q) em percentagem. "N" refere-se ao tamanho da população. Daí, N = 41.000;
p = 50; q = 50; Z = 2,58; e = 3, logo:
.
n= (2,58)² . 50 . 50 . 41000 .. n= 1774
3² . (40999) + (2,58)² . 50 . 50
A pesquisa foi além do tamanho da população exigida dentro dos parâmetros estabelecidos
(1774), chegando a 1793 policiais militares.
42
É importante resolver a causa raiz dos acontecimentos por meio de informações confiáveis e
com o propósito de encontrar soluções aceitáveis para o problema. Nesse sentido, Francisco
Filho (2004, p. 27) esclarece que:
Os gráficos a seguir tratarão das 22 mortes de policiais militares de Minas Gerais causadas
por confronto policial durante a folga e em trajes civis, no período de 2012 a 2017, conforme
consta na Tabela 2.
Gráfico 2 - Causas das mortes dos policiais militares de Minas Gerais da ativa, no período de
2012 a 2017
Suicídio
6 5 32
54 Acidente (trânsito, helicóptero e
37 parapente)
Confronto policial
Conflito interpessoal
Afogamento
45
Disparo acidental com arma de fogo
Atropelamento
Fonte: Elaborado pelo autor, dados da Corregedoria da Policia Militar de Minas Gerais, 2018.
O Gráfico 2 mostra o confronto policial como a terceira maior causa de mortes de policiais
militares entre os anos de 2012 e 2017, o que corresponde a 25% do total das 152 mortes,
ficando atrás apenas do suicídio e acidente (trânsito, helicóptero e parapente). Em relação ao
número de mortes decorrentes de confronto policial, são contempladas apenas as ocorrências
43
6
5 5
5
4 4 4 4
4
3 3 Em serviço
3
2 2
2 De folga
1
1
0
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Elaborado pelo autor, dados da Corregedoria da Policia Militar de Minas Gerais, 2018.
Nos anos de 2013, 2015 e 2016 houve índices de mortes de policiais militares durante a folga
e em trajes civis maiores do que durante o serviço. Observa-se que entre os anos de 2012 e
2017, 60% das mortes de policiais militares ocorreram durante a folga e em trajes civis,
totalizando 22 óbitos dos 37 indicados nos Gráficos 2 e 3.
10
8
8
6 5
4
2 2
2 1 1 1 1 1
0
1 ª RPM 2º RPM 3ª RPM 4ª RPM 11ª RPM 12ª RPM 15ª RPM 17ª RPM 18ª RPM
Fonte: Elaborado pelo autor, dados da Corregedoria da Policia Militar de Minas Gerais, 2018.
Infere-se pelo Gráfico 4 que 36% das 22 ocorrências que vitimaram fatalmente o policial
durante a folga e em trajes civis aconteceram na 2ª RPM, seguido pela 1ª RPM. A partir dos
44
dados da pesquisa apurou-se que os fatos ocorreram nas seguintes cidades: 1ª RPM - Belo
Horizonte; 2ª RPM - Contagem, Betim, Esmeraldas e Ribeirão das Neves; 3ª RPM - Santa
Luzia e Itabirito; 4ª RPM - Juiz de Fora; 11ª RPM - Montes Claros; 12ª RPM - Santana do
Paraíso; 15ª RPM - Padre Paraíso; 17ª RPM - Pouso Alegre e Itapeva; 18ª RPM - Alpinópolis.
Gráfico 5 - Quantidade de policiais militares que estavam armados e que revidaram durante o
confronto de folga e em trajes civis, no período de 2012 a 2017
20 19
15
11
Sim
10 8
Não
5 2 3 Sem informações
1
0
PM estava armado ? PM revidou ?
Fonte: Elaborado pelo autor, dados da Corregedoria da Policia Militar de Minas Gerais, 2018.
Das 22 ocorrências que vitimaram fatalmente o policial militar durante a folga e em trajes
civis no período de 2012 a 2017, 86,3% estavam armados enquanto que apenas 10,5%
estavam desarmados e 3,2% não possuem informações suficientes no boletim de ocorrência
para qualquer afirmação.
Dos 19 militares que estavam armados, conforme informações do REDS fornecido pela
corregedoria, 11 militares (58%) não conseguiram ao menos disparar com sua arma de fogo e
apenas oito militares (42%) conseguiram revidar também com disparo de sua arma de fogo.
Dos oito militares que conseguiram revidar, conforme as informações das ocorrências
policiais analisadas, três (37,5%) policiais não conseguiram atingir o infrator, dois (25%)
policiais conseguiram atingi-lo e os três (37,5%) restantes não houve como confirmar pela
falta de informações na ocorrência.
Tendo em vista o alto percentual de militares que morreram no confronto portando arma de
fogo, paralelo ao baixo índice de revide, há necessidade de haver uma doutrina bem como
treinamento específico a respeito de condutas do policial militar, principalmente estando
armado, durante o período de folga e em trajes civis, como por exemplo, saque de arma,
identificação de abrigo, dentre outros.
45
Gráfico 6 - Relação entre o tipo de instrumento utilizado pelo infrator e pela vítima policial
militar em ocorrência que culminou na morte desta última, durante o confronto na
folga e em trajes civis, no período de 2012 a 2017
14
14 11
12 9
10
8 5
6 Tipo de arma da vítima
3
4 1 1 Tipo de arma do infrator
2 0
0
Pistola Revólver Barra de Sem
Ferro Informações
Fonte: Elaborado pelo autor, dados da Corregedoria da Policia Militar de Minas Gerais, 2018.
2 3
1 infrator
7
2 infratores
10 3 infratores
4 ou mais infratores
Fonte: Elaborado pelo autor, dados da Corregedoria da Policia Militar de Minas Gerais, 2018.
Face a esta constatação, o policial militar em um confronto durante a folga e em trajes civis
deve considerar haver mais de uma pessoa envolvida no delito, não podendo, pois, se
preocupar apenas com aquele agente que está sendo visto, mas também nos arredores a fim de
evitar ou mitigar os resultados de suas eventuais ações.
Gráfico 8 - Quantidade de ocorrência por tipo de local utilizado pelo autor no delito que
culminou na morte de policial militar no confronto durante a folga e em trajes
civis, no período de 2012 a 2017
4,5 4 4 4
4
3,5 3
3
2,5 2 2
2
1,5 1 1 1
1
0,5
0
Fonte: Elaborado pelo autor, dados da Corregedoria da Policia Militar de Minas Gerais, 2018.
9
O Guia de Treinamento do 9º Biênio: é um compêndio em forma de livro onde constam todas os assuntos
doutrinários abordados no Treinamento Policial Básico dos anos de 2018 e 2019 e que são repassados à todo
efetivo da PMMG.
47
Foi identificado a partir das informações dos boletins de ocorrência que os militares fizeram
uso de bebida alcoólica em seis das 22 ocorrências que os vitimaram fatalmente durante
confronto policial na folga e em trajes civis.
12
10
10
8
Ocorrências
8
6 6
6 5
4 3 3 3
2 1
0
Cabeça Tórax Abdome Costas Braço Ombro Pescoço Perna Nuca
Fonte: Elaborado pelo autor, dados da Corregedoria da Policia Militar de Minas Gerais, 2018.
Gráfico 10 - Dia da semana e hora por tipo de local da ocorrência que culminou em morte de
policial militar durante o confronto na folga e em trajes civis, no período de
2012 a 2017
Fonte: Elaborado pelo autor, dados da Corregedoria da Policia Militar de Minas Gerais, 2018.
No que tange ao tipo de local que o policial foi abordado, os bares e restaurantes foram alvos
entre 22h às 6h, com dias variados na semana. Os eventos em outros estabelecimentos como
postos de combustíveis, supermercado, casa lotérica e oficina mecânica ocorreram no período
entre 15h às 20h, de terça à sexta-feira, no horário comercial. Nas ocorrências que os policiais
militares foram vítimas transitando na rua ou chegando em casa, nota-se a incidência maior no
período noturno, de 22h às 3h.
49
4,5
4 4
4
3,5
3 3
3
Subtenente
2,5
2 2 Sargento
2
1,5 Cabo
1 1 1 1
1 Soldado
0,5
0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
0 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 20 anos 21 a 25 anos
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
Percebe-se pelo Gráfico 11 que dos 22 policiais militares mortos durante confronto policial na
folga e em trajes civis, no período de 2012 e 2017, nove eram Cabos, sete Soldados, cinco
Sargentos e um Subtenente, não havendo oficiais mortos no período. Destaca-se a quantidade
de militares mortos na graduação de Cabo. Dentre as faixas de tempo de serviço, a maior
concentração se deu entre os 16 e 20 anos, com 31,81%. Nota-se também que 45,45% do total
desses policiais mortos durante a folga e em trajes civis neste período tinham até 10 anos de
serviço na PMMG. Todos eram do sexo masculino.
7%
Sim
Não
93%
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
50
O Gráfico 12 teve como finalidade identificar aqueles militares que já fizeram o treinamento
policial básico no ano 2018, que no caso é de 7% (128 militares). O treinamento policial
básico do ano de 2018 traz algumas discussões sobre o assunto 'medidas de autoproteção',
incluindo algumas práticas por meio de oficinas. O intuito foi desprezar neste trabalho as
respostas desses 7% para que o resultado não seja tendencioso. Os 93% representam as 1.793
respostas ao questionário, as quais foram trabalhadas e estão apresentadas a seguir.
8%
Homem
Mulher
92%
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
Pelo Gráfico 13, dos 1.793 policiais militares de Minas Gerais que responderam ao
questionário, 1.658 (92%) são do sexo masculino e 135 (8%) são do sexo feminino.
Interessante acrescentar que essa proporção de homens e mulheres na corporação está de
acordo com o efetivo da PMMG, atualizado até 2017, data que envolve a pesquisa. Rosário
(2017, p, 76) traz uma tabela que dispõe o efetivo existente por postos, graduações e gênero
na Polícia Militar de Minas Gerais no ano de 2017, onde 10% do número total de policiais da
ativa são do sexo feminino e 90 % dos integrantes são do sexo masculino. Ou seja, a relação
entre a quantidade de respostas e o gênero é bem fiel à realidade da PMMG.
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
51
O Gráfico 14 a mostra que dos 1.793 policiais militares que responderam ao questionário, há
mais militares entre 31 e 35 anos de idade e pelo Gráfico 14 b há mais policiais militares entre
11 e 15 anos de serviço. Percebe-se que o público que respondeu ao questionário está bem
proporcional e contempla todas as faixas de idade e tempo de serviço.
Gráfico 15 - Percentual de policiais militares que se deslocam armados durante a sua folga e
em trajes civis
28%
Sim
72% Não
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
O Gráfico 15 mostra que a maioria dos policiais militares se desloca armada durante a folga e
em trajes civis. A necessidade de orientar o policial militar quanto ao que, como e quando
fazer o uso da arma de fogo nas condições de folga e em trajes civis é real. O policial deve ser
treinado a fim de minimizar os riscos à sua integridade física e vida, quando estiver na sua
folga e em trajes civis portando arma de fogo. Isso vai desde saber conduzi-la junto ao corpo
optando pelo local mais apropriado, não deixando sua arma exposta ou com volume
exagerado, chamando atenção de um possível infrator, ou até decidir se deve ou não estar
armado em determinadas ocasiões.
Gráfico 16 - Percentual de policiais militares, por posto/graduação, que portam arma de fogo
durante a folga e em trajes civis
90 84%
77% 77% 74%
80 71%
63% 67% 67% 65%
70
56%
60
50 43%
40
30
20
10 0 4%
0
Cel Ten Maj Cap 1 º Ten 2º Ten Cad Sub 1º Sgt 2º Sgt 3º Sgt Cb Sd
Cel Ten
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
52
Pelo Gráfico 16 fica evidente que, percentualmente, a maior parte dos militares que portam
armas são Praças, destacando a graduação de Cabo, seguido de 3º Sargento, 2º Sargento,
Soldado e Subtenentes.
Note-se que no período estudado (2012 a 2017), conforme apresentado no Gráfico 11, o maior
percentual de morte ocorreu na graduação de Cabo. Pelo Gráfico 16, é nessa mesma
graduação onde há o maior percentual de militares que portam arma de fogo durante o período
de folga e em trajes civis.
35%
Sim
65%
Não
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares .
Pelo Gráfico 17, quando se fala em deslocar-se armado no momento em que se está junto da
família o percentual diminui 7% em relação a se deslocar quando se está só ou com outras
pessoas, conforme o Gráfico 15 apresentou. Apesar de que pelo Gráfico 17, ainda a maioria
dos policiais militares portam arma de fogo durante a folga e em trajes civis quando estão
com sua família.
Ao comparar o Gráfico 15 com o Gráfico 17, verifica-se que dos 72% de militares que portam
armas, 9,7% não se deslocam armados quando estão com suas famílias. Aferiu-se ainda que
dos militares que portam armas, 1,4% somente se deslocam armados quando estão com suas
famílias. A questão a se levantar é se esse policial está ciente desta decisão de portá-la nesta
situação ou se está apenas usando de um automatismo e simplesmente colocando-a junto ao
corpo, inconsciente dos riscos.
53
Gráfico 18 - Percentual de policiais militares, por local de porte da arma de fogo, durante o
deslocamento a pé na folga e em trajes civis
0%1% 1%
2% 4%
4% Atrás da cintura
32% Bolsa/Pochete
Debaixo da axila
Frente da cintura
Lateral da cintura
56%
Frente do Tórax
Tornozelo
Outros
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
O Gráfico 18 retrata que a maioria dos policiais militares (56%), quando estão se deslocando
a pé durante a folga e em trajes civis, porta sua arma de fogo na frente da cintura. 32% portam
a arma na lateral da cintura. Apesar de ser em menor percentual, alguns militares portam suas
armas dentro de bolsas ou pochetes (4%). Ocorre que segundo o Guia de Treinamento Policial
Básico do 7º biênio - 2014/2015, "os movimentos finos para abrir a bolsa, por exemplo,
estarão prejudicados pelo estresse e pela carga de adrenalina que seu organismo recebeu"
(MINAS GERAIS, 2014, p. 61).
Armas acondicionadas em bolsas, mochilas e pochetes que não foram feitas para este fim não
só dificultam uma reação da vítima, mas também facilitam a ação delituosa por parte do
criminoso. O objeto mais visado pelo criminoso, no caso a bolsa onde contém a arma de fogo,
será sua primeira investida, impedindo ou dificultando o policial militar de sacá-la.
rápido, confortável, contudo deve-se usar camisas maiores e mais largas a fim de não
aparentar o volume da arma. O porte da arma atrás da cintura também oferece boa discrição
durante o deslocamento a pé.
Já o porte da arma de fogo debaixo da axila e no tórax, durante o deslocamento a pé, não
proporciona saque fácil, tampouco rápido. Contudo o porte debaixo da axila é mais discreto,
devendo ser usado com uma jaqueta. O porte no tornozelo também é discreto, porém além de
necessitar de uma calça mais larga, é desconfortável durante o deslocamento a pé, tendo em
vista o peso e dimensão da arma.
Gráfico 19 - Percentual de policiais militares, por local de porte da arma de fogo, durante o
deslocamento de carro como condutor, na folga e em trajes civis
Frente da cintura
1% 0%
1% Lateral da cintura
8%
4% 1% 27% Debaixo da perna
6% Entre as pernas
Debaixo do banco
16% Atrás da cintura
19% Bolsa/Polchete
Tornozelo
17%
Debaixo da axila
Frente do tórax
Outros
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
O Gráfico 19 mostra que há predominância da escolha pelo porte da arma na frente da cintura
(27%) quando o militar está dirigindo o seu veículo durante a folga e em trajes civis. Em
segundo lugar está a preferência pelo porte da arma de fogo na cintura. Observa-se que 39%
portam a arma debaixo da perna, debaixo do banco ou entre as pernas. Ocorre que,
Nesse viés de colocar a arma entre as pernas ou de baixo de uma delas, o policial militar ou
acha que está pronto para o confronto antecipando à abordagem do infrator ou o faz pelo
automatismo de uso da mesma prática quando está fardado, dentro da viatura. Acontece que
segundo os resultados do Gráfico 7, o infrator em regra não age sozinho. Logo, mesmo se o
policial militar conseguir antecipar à ação do infrator e revidar com disparo da sua arma de
fogo, ainda terá muita chance de ser atingido por um possível comparsa do infrator.
Na mesma situação, se esse policial estiver portando sua arma entre ou debaixo das pernas, na
porta do veículo, debaixo do banco, etc, e for abordado pelo autor de roubo, sendo-lhe
mandado descer do veículo, sua arma ficará dentro deste. Se esse mesmo agente, ao anunciar
o roubo, visualizar a arma de fogo do policial militar, por vontade ou susto, poderá disparar
sua arma contra o militar.
Agora se, caso o policial militar opte por manter a arma no cós, na parte de
trás da cintura, ele sairá armado do veículo e terá uma chance maior de se
defender. Caso contrário, se sua arma for avistada ainda no interior do
veículo, a chance de ter prejuízo em relação à sua segurança será maior
(MINAS GERAIS, 2014, p. 60).
Há ainda 8% que portam a arma de fogo em outros locais como "entre os bancos do motorista
e passageiro, console do carro, na porta do carro, fixada no assoalho, direita ou entre as
pernas; espaço próprio, do lado do conector do cinto; afixada abaixo do volante, entre o banco
e o freio de mão; uma no assoalho traseiro e a outra na cintura; embaixo do banco do
passageiro, debaixo do tapete do motorista, porta copos entre os bancos, abaixo do volante
com imã e porta malas".10
Destaque-se que todos os militares indicaram a opção 'outros' no questionário para onde
transportam suas armas quando estão em seus veículos, a colocam em lugares que não junto
ao corpo.
10
Estes locais foram indicados pelos militares que responderam ao questionário em campo próprio para indicar
locais diversos das opções apresentadas no questionário.
56
Gráfico 20 - Percentual de policiais militares que já foram vítimas de roubo durante a folga e
em trajes civis
10%
Sim
Não
90%
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
O Gráfico 20 expõe que 10% dos policiais militares que responderam ao questionário já
foram vítimas de roubo durante o período de folga e em trajes civis.
Esse é um número relativamente alto ao se tratar de um público (policial militar) que em tese
é preparado tecnicamente e emocionalmente para lidar preventivamente com esse tipo de
crime durante o serviço operacional. Há, portanto, necessidade de incentivar o uso de medidas
de autoproteção que sejam suficientes ao policial militar para evitar ou minimizar a chance de
ser vítima de roubo durante o período de folga e em trajes civis.
25
21%
20 18% 18%
16%
15 13%
9% 9% 8%
10 7% 7%
4% 3%
5
0
0
Cel Ten Maj Cap 1 º Ten 2º Ten Cad Sub 1º Sgt 2º Sgt 3º Sgt Cb Sd
Cel Ten
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
A partir do Gráfico 21 vê-se que o posto de Capitão é o que possui maior percentual entre
todos os postos e graduações. Entre as praças, a graduação de 3º Sargento é a que mais
sobressai.
57
Conforme dados constantes do Gráfico 16, os Oficiais percentualmente portam menos arma
de fogo durante a folga e em trajes civis, entretanto ostentam os maiores percentuais de
vitimização por roubo. Uma hipótese para explicar essa afirmação é que ao permanecer
desarmado durante a folga e em trajes civis, os Oficiais se colocam em uma condição de
estado relaxado, deixando de observar medidas que poderiam tem impedido de ser tornar uma
vítima. Há que se constar, todavia, de acordo com o Gráfico 11, que todos os policiais
militares mortos em confronto durante a folga e em trajes civis entre o ano de 2012 e 2017
eram praças.
Gráfico 22 - Quantidade de policiais militares, por tempo de serviço, que já foram vítimas de
roubo durante o período de folga e em trajes civis
450
389
400
350 304 302 291
300
250 215
200 Sim
150 110 Não
100 47
33 41 36
50 10 15
0
1 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 20 anos 21 a 25 anos 26 ou mais
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
Percebe-se pelo Gráfico 22 que a maior relação em número absoluto entre os militares que
durante a folga e em trajes civis já foram vitimas de roubo e aquelas que não o foram ocorre
na faixa de 16 a 20 anos de serviço. Na sequência vem a faixa de 21 a 25 anos de serviço, 26
ou mais, seis a dez anos, 11 a 15 anos e por último de um a cinco anos.
Ou seja, essas informações querem dizer que os militares com mais de 16 anos de serviço são
mais propensos a serem vítimas de roubo durante a folga e em trajes civis.
58
Gráfico 23 - Percentual de policiais militares que durante o período de folga e em trajes civis
foram feridos em razão de confronto policial quando vítimas de roubo
3%
Sim
Não
97%
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
Pelo Gráfico 23, observa-se que apenas 3% dos policiais militares que foram vítimas de roubo
durante a folga e em trajes civis sofreram algum tipo de ferimentos por algum instrumento.
Gráfico 24 - Percentual de policiais militares que estavam armados quando foram vítimas de
roubo durante o período de folga e em trajes civis
48%
52% Sim
Não
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
O Gráfico 24 retrata que quase a metade dos policiais que foram vítimas de roubo durante o
período de folga e em trajes civis estavam armados, o que indica estar armado ou desarmado
não necessariamente interfere na chance de se tornar vítima de roubo.
3%
9%
5% Arma de fogo
7%
Simulacro
Força Física
76%
Faca
Outros
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
59
12%
Sim
Não
88%
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
Apesar de o Gráfico 26 mostrar que a grande maioria dos policiais militares que foram
vítimas de roubo consideraram que agiram correndo o menor risco, mais de 10%
consideraram que não. O conhecimento e treinamento a respeito de condutas válidas para
mitigação dos erros durante um assalto pode minorar esse percentual.
Homem Mulher
24% 38%
Sim Sim
Não 62% Não
76%
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
60
Pelo Gráfico 27 a, verifica-se que a maioria dos policiais militares do sexo masculino portam
arma de fogo durante a folga e em trajes civis. Por outro lado, pelo Gráfico 27 b, a minoria
das policiais do sexo feminino se deslocam armadas durante a folga e em trajes civis.
Homem Mulher
0%
7% 16%
18% 14%
4% 35%
20% 10%
13%
26%
37%
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
Os Gráficos 28 a e b mostram que por tempo de serviço, o maior percentual entre policiais
militares que portam arma de fogo durante a folga e em trajes civis é entre homens com 11 a
15 anos de serviço (26%), e mulheres com 6 a 10 (37%) e 1 a 5 anos de serviço (35%).
Gráfico 29 - Percentual de policiais militares do sexo masculino, por local de porte da arma de
fogo, durante o deslocamento a pé, na folga e em trajes civis
1% 0%2% Homem
2% Na frente da cintura
1%
4% Na lateral da cintura
Atrás da cintura (costas)
32%
Bolsa/Polchete
58%
Tornozelo
Debaixo da Axila
No tórax
Outros
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
61
O Gráfico 29 expõe que a maioria dos policiais militares do sexo masculino utilizam suas
armas na frente da cintura e em segundo lugar, na lateral da cintura, totalizando a soma de
90% dos militares. Esses resultados são semelhantes aos resultados do Gráfico 18, que se
referem ao total dos militares.
Gráfico 30 - Percentual de policiais militares do sexo feminino, por local de porte da arma de
fogo, durante o deslocamento a pé, na folga e em trajes civis
0% Mulher Bolsa/Pochete
0%
Na lateral da cintura
6% 4% 2%
Na frente da cintura
11%
Debaixo da Axila
51%
Atrás da cintura (costas)
26% No tórax
Tornozelo
Outros
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
O Gráfico 30 retrata que a maioria das policiais militares do sexo feminino (51%) portam suas
armas de fogo na bolsa ou pochete. Destaque-se que, conforme já tratado, o uso da arma de
fogo em bolsas ou pochetes que não foram feitas para tal se torna desvantajoso. A segunda
opção mais indicada pelas policiais do sexo feminino foi portar a arma na lateral da cintura
(26%).
Gráfico 31 - Percentual de policiais militares do sexo masculino, por local de porte da arma de
fogo, durante o deslocamento de carro como condutor, na folga e em trajes civis
1% 0% 0% Homem
1% 0% Na frente da cintura
4% Na lateral da cintura
9%
27% De baixo da perna
6% Entre as pernas
De baixo do banco do carro
15% Atrás da cintura (costas)
Tornozelo
20%
Bolsa/Polchete
17%
Debaixo da Axila
No tórax
Outros
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
62
Quanto ao porte da arma de fogo no interior do carro, os policiais militares do sexo masculino
preferem, conforme o Gráfico 31, colocar a arma na frente (27%) ou na lateral da cintura
(20%). Destaca-se porém, que 32% colocam suas armas de fogo embaixo ou entre as pernas
enquanto está dirigindo. 6% a colocam debaixo do banco.
Gráfico 32 - Percentual de policiais militares do sexo feminino, por local de porte da arma de
fogo, durante o deslocamento de carro como condutora, na folga e em trajes
civis
Mulher
Entre as pernas
0%
4% 2% Bolsa/Pochete
8% De baixo da perna
6% 21%
Na frente da cintura
6% Na lateral da cintura
10% Atrás da cintura (costas)
19%
De baixo do banco do carro
10% Debaixo da Axila
14% No tórax
Tornozelo
Outros
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
Quanto ao porte da arma de fogo no interior do carro, o maior percentual das policiais
militares do sexo feminino, conforme o Gráfico 32, colocam suas armas de fogo entre as
pernas (21%), seguido de na bolsa/pochete (19%) e debaixo da perna (14%). A soma desses
três percentuais alcança 54%. Ou seja, a maioria das mulheres portam, conforme já explicado
no Gráfico 18, suas armas em locais desaconselhados pela doutrina da PMMG.
Gráfico 33 a e b - Percentual de policiais militares, por sexo, que já foram vítimas de roubo
durante o período de folga e em trajes civis
Homem Mulher
9% 13%
Sim Sim
Não Não
91% 87%
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
63
A partir do questionário aplicado, foi verificado que desses vitimados por roubo, cinco foram
feridos, sendo que três com emprego arma de fogo, um com força física e um com emprego
de garrafa de vidro quebrada. Dos cinco, todos consideram que se o policial militar aplicar
algumas medidas de autoproteção, durante sua folga e em trajes civis, poderá diminuir as
chances de ser morto, em razão de algum crime.
Destes cinco, dois estavam armados. A maioria dos militares feridos não estavam portando
arma de fogo, levando a explicar que o militar reagiu de maneira errada ou não reagiu,
ficando à mercê do criminoso.
Gráfico 34 - Percentual de policiais militares que foram vítimas de roubo durante a folga e em
trajes civis, por sexo e meio utilizado pelo criminoso
100
80%
80
60
39% Homem
40
22% Mulher
17%
20 11% 9% 11%
5% 4% 2%
0
Arma de Fogo Simulacro Força Física Faca Outras
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
O Gráfico 34 mostra que em ambos os sexos, prevalece a arma de fogo como meio utilizado
pelo criminoso (80% no caso do militar do sexo masculino). Já no que se refere à policial do
sexo feminino, há diversificação dos meios utilizados, mas a arma de fogo representa 39%.
64
Gráfico 35 - Percentual de policiais militares que, durante sua formação (CFSD, CFS, CEFS,
CFO, CHO), já receberam algum tipo de treinamento de como deve agir durante
a folga e em trajes civis
35%
Sim
65% Não
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
O Gráfico 35 mostra que a 65% dos policiais militares nunca receberam nenhum tipo de
treinamento de como deve agir durante a folga e em trajes civis.
Considerando que o policial não está a todo o momento de posse de colete balístico, viatura
policial, em supremacia de força e fardado, conforme ocorre no serviço operacional, se torna
necessário treinamento e condutas específicos para quando estiver de folga e em trajes civis.
Gráfico 36 - Percentual de policiais militares que se sentem preparados para enfrentar uma
ameaça de roubo durante a folga e em trajes civis
34%
Sim
66%
Não
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
O Gráfico 36 indica que 66% dos policiais militares se sentem preparados para enfrentar uma
ameaça de roubo durante a folga e em trajes civis. Essa informação vai de encontro às
apresentadas pelo Gráfico 35 e corrobora o que foi citado por Zanchetta (2011) quando diz
que muitos policiais acreditam, erroneamente, estar tão preparados para enfrentar situações
durante o serviço quanto na folga. Ou seja, apesar da maioria não ter tido nenhum tipo de
treinamento de como deve agir durante a folga e em trajes civis, se sentem preparados para
enfrentar uma ameaça de roubo.
65
4%
Sim
Não
96%
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
Pelo Gráfico 37, quase que a totalidade (96%) dos policiais militares que responderam ao
questionário considera que o número de policiais mortos em confronto durante a folga e em
trajes civis pode ser diminuído se houver alguma disciplina, curso ou treinamento sobre o
tema 'medidas de autoproteção'. O índice de aceitação e convicção a respeito deste assunto na
PMMG é bem alto, o que torna o momento favorável para incluí-lo nas grades curriculares
dos cursos de formação da instituição.
2000
1588
1500 1286
1000 Sim
507
500 205 Não
0
Já planejou o que fazer Já orientou sua família
Fonte: elaborado pelo próprio autor a partir do questionário enviado aos policiais militares.
Os dados apresentados no Gráfico 38 mostram que a maior parte dos policiais já planejaram o
que fazer para se antecipar à ação do agressor. O resultado é vantajoso pois o bom preparo
mental fornece possíveis soluções aceitáveis, aumentando as chances de sucesso.
66
O mesmo gráfico mostra que a maioria dos policiais militares já orientou suas famílias quanto
aos procedimentos de segurança que podem ser adotados para quando estiverem juntos. Isso é
útil porque caso o policial seja assaltado juntamente com sua família, o risco de uma
fatalidade diminui, pois cada um deles saberá o que fazer e o que não fazer.
O questionário do trabalho, além das questões do tipo “múltipla escolha”, se compôs de mais
três perguntas, a saber:
24ª - Quais medidas o policial considera adequadas, estando armado ou desarmado, para se
PREVENIR (ou diminuir a probabilidade) de se tornar vítima de um crime de roubo enquanto
estiver andando a pé pela rua ?
A postura corporal mais ereta ou mais curva, a velocidade lenta ou rápida, o caminhar firme
ou descontraído com que o policial se desloca na rua, influencia sobremaneira na escolha da
vítima pelo criminoso. Segundo o guia de treinamento policial 9º biênio (2018),
11
Síntese dos principais pontos apresentados espontaneamente pelos militares que responderam ao questionário.
67
dotadas de luzes colocadas nos pontos de junção do corpo. Com isso foi possível ver apenas o
movimento da pessoa, sem identificar qualquer outra coisa – como rosto ou dimensão do
corpo.
25ª Quais medidas o policial considera adequadas, estando armado ou desarmado, para se
PREVENIR (ou diminuir a probabilidade) de se tornar vítima de um crime de roubo enquanto
estiver dirigindo o seu veículo (carro ou moto) ?
As respostas à 25ª pergunta estão descritas no Anexo B deste trabalho. Cabe destacar algumas
medidas de autoproteção que foram escritas por diversos policiais como: "transitar com vidros
fechados e portas travadas; colocar películas escuras nos vidros do carro a fim de dificultar a
visualização dos ocupantes do veículo; evitar o uso de eletrônicos; atentar ao transito,
veículos, principalmente motos e pedestres que se aproximam, em especial na chegada e saída
de casa; atentar aos pontos de parada; não ficar dentro do veículo estacionado; evitar parar em
locais ermos e abandonados; escolher locais e horários seguros para frequentar; evitar deixar a
68
arma embaixo da perna ou debaixo do banco do carro; orientar a família para, caso sejam
rendidos, descerem do veículo, se afastarem o mais rápido possível e buscarem um local
seguro (comércio, residência "idônea", etc.); treinar técnica para o desembarque dissimulado.
Caso seja rendido, desembarcar de forma a proteger o lado que está a arma, bem como não
ficar parado em pé na porta do veículo impedindo-o de entrar no veículo; caso seja abordado,
observar a presença de escolta o que hoje é uma rotina; entrar com o carro na garagem de ré e
farol alto, após o portão estar aberto, dente outros".12
Nuseg (2009) recomenda manter o carro à direita da via ou na faixa central quando o sinal
estiver vermelho, evitando a calçada, pois geralmente os ladrões atacam pelo lado esquerdo.
Além de reduzir a velocidade, à noite, a fim de passar pelo semáforo quando já estiver verde.
26ª Quais medidas o policial considera adequadas, estando armado ou desarmado, para se
PREVENIR (ou diminuir a probabilidade) de se tornar vítima de um crime de roubo enquanto
estiver no interior de um estabelecimento (restaurante, casa lotérica, posto de combustível,
correio, etc) ?
As respostas à 26ª pergunta estão descritas no Anexo B deste trabalho. Quanto às medidas de
autoproteção mais citadas pelos policiais militares para quando estiver no interior de um
estabelecimento estão: "fazer leitura de ambiente antes de entrar, observar o semblante de
funcionários e clientes; ter atenção a quem adentra ao local, visualizar o comportamento das
pessoas, bem como volume na região da cintura; se posicionar de costas para alguma parede e
de frente para a porta; ficar próximo a locais que ofereçam cobertura e abrigo e pontos de
saída rápida; não agir como se estivesse fardado; no caso de filas em banco por exemplo,
sempre dar as costas para o início da fila; em casa lotérica, preferir local mais vazio e não
ficar próximo da porta; no caso de abastecer em postos, desembarcar do veículo e se
posicionar próximo de abrigos; dar preferência ao uso de aplicativo do banco ao invés de ir in
loco nestes estabelecimentos; não conversar assuntos policiais em tons elevados de voz, não
deixar objetos a amostra; verificar sempre a existência de comparsas, que possam dar
cobertura aos infratores; manter a calma; se estiver armado tomar cuidado para que o volume
da arma não denuncie a minha condição de militar; em caso de roubo, verificar a
conveniência e a oportunidade de sacar a arma de fogo, a fim de não aumentar o risco para si,
para sua família e para eventuais terceiros".13
12
Síntese dos principais pontos apresentados espontaneamente pelos militares que responderam ao questionário.
13
Síntese dos principais pontos apresentados espontaneamente pelos militares que responderam ao questionário.
69
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa teve por objetivo identificar se existem medidas que podem ser adotadas
pelo policial militar de folga e em trajes civis adequadas para minimizar ou evitar a
vitimização em ocorrências, cuja causa presumida é o roubo e o latrocínio. O trabalho
apresentou como referencial teórico a evolução do fenômeno criminal, as causas da
criminalidade violenta e em especial aquelas voltadas para a vitimologia, explicando não
apenas o porquê um indivíduo comete crime, mas como o policial militar pode evitar se tornar
uma vítima.
Como forma de apresentar as teorias do crime, a começar das mais antigas, foram trazidos
autores como Cerqueira e Lobão (2007), que explicam a Teoria da Desorganização Social,
Teoria Estrutural-Funcionalista do Desvio e da Anomia, Teoria da Associação Diferencial e
do Aprendizado Cultural. Essas teorias explicam o comportamento criminoso buscando as
causas pelas quais uma pessoa comete crime.
Por outra perspectiva, de forma a demonstrar a evolução das teorias do crime, Santos (2016)
expõe a Teoria do Controle, que pressupõe que qualquer pessoa pode ser um criminoso em
potencial, bastando a oportunidade para colocá-la em prática. A partir da Teoria do Controle,
Cohen e Felson (1979), Felson e Clarke (1998) desenvolveram a Teoria das Atividades
Rotineiras, Carvalho (2005) descreveu a Teoria da Escolha Racional, e Freitas (2004), a
Teoria da Prevenção Situacional. Todas com o foco não no criminoso, mas nas oportunidades
em que a vítima influencia no cometimento do delito. Clarke (1998), além de reforçar a
oportunidade como a causa do crime, incluiu a utilização de medidas de prevenção a fim de
levar à redução da vitimização. Molina (1997), Beato (2004), Rolim (2006) e Persijn (2006)
apontam a necessidade de estratégias de prevenção voltadas à redução das oportunidades
como mudança de hábitos e costumes dos indivíduos e organizações.
Em normas como o Estatuto dos Militares do Estado de Minas Gerais e o Regulamento Geral
da Polícia Militar, buscou-se mostrar quais são as características da profissão policial militar e
as peculiaridades a que estão submetidos. Estas normas exigem do policial estar pronto a
qualquer hora do dia ou da noite, devendo atuar mesmo de folga e em trajes civis.
Piedade Junior (1993), Minayo et al. (2007), Rosário (2017), Leal e Piedade Junior (2001),
conceituaram a vitimização e vitimização policial, bem como caracterizaram a atividade
policial quanto a suscetibilidade de ser tornarem vítimas.
Encontrou-se então, que o policial militar traz em sua profissão um risco muito alto, sendo
obrigado por lei a agir, não apenas durante o serviço fardado mas também durante o período
de folga e em trajes civis. Ocorre que a estatística mostrou que morrem três vezes mais
policiais militares no Brasil em confronto durante o período de folga e em trajes civis do que
em serviço e fardado. Em Minas Gerais esse comparativo chega quase ao dobro.
Tomando-se por base os dados fornecidos pela CPM e as respostas do questionário aplicado,
apurou-se que o confronto policial foi a terceira maior causa de mortes de policiais militares
de Minas Gerais, entre os anos de 2012 e 2017, o que comprova o risco da profissão policial
militar. Denota, portanto, a importância da discussão teórica e prática do tema 'medidas de
autoproteção', bem como suscita providências no sentido de adotar medidas que possam
diminuir esse número de mortes na Polícia Militar de Minas Gerais.
71
Entre os anos de 2012 e 2017, 22 (60%) das 37 mortes de policiais militares de Minas Gerais
em confronto ocorreram durante a folga e em trajes civis.
Dos 22 policiais militares que morreram em confronto durante a folga e em trajes civis, 19
(86,3%) estavam armados. Desses, 11 militares (58%) sequer conseguiram disparar com sua
arma de fogo. Dos oito que conseguiram revidar, apenas dois policiais conseguiram atingir o
agressor.
Constatou-se que em 19 (86%) das 22 ocorrências que vitimaram fatalmente o policial militar
houve o envolvimento de pelo menos dois infratores. Os instrumentos empregados para o
delito foram, a rigor, pistola e revólver.
Foi identificado que os locais onde mais ocorreram o delito contra o policial militar foram no
interior de estabelecimentos comerciais, seguido da rua e em veículos (carro e moto).
Verificou-se que em dez (45,45%) das 22 ocorrências constam perfuração de disparo de arma
de fogo na cabeça do policial militar durante o confronto. Houve freqüência de disparos pelo
infrator em locais do corpo do militar de maior volume como tórax, abdome e costas.
Os finais de semana no período noturno foram identificados como os dias e horários de maior
incidência de crimes contra policiais militares.
Constatou-se pela análise das 22 ocorrências que vitimaram fatalmente os policiais militares
durante confronto policial na folga e em trajes civis, que em seis, o militar havia feito uso de
bebida alcoólica.
Dos policiais militares que responderam ao questionário, constatou-se que a maioria (72%) se
desloca armada durante a folga e em trajes civis, porém o percentual diminui quando estão
com sua família (65%).
Quanto ao perfil dos Oficiais, estes são a minoria dentre aqueles que portam armas durante o
período de folga e em trajes civis, entretanto estão entre os maiores percentuais de policiais
militares que já foram vítimas de roubo. As Praças, em contrapartida, estão entre os militares
que percentualmente mais portam arma de fogo durante a folga e em trajes civis e que
também percentualmente, menos foram vítimas de criminosos em crimes de roubo.
No tocante ao local de porte da arma de fogo pelos policiais militares durante a folga e em
trajes civis quando estão se deslocando a pé, a maioria (56%) porta sua arma de fogo na frente
e na lateral da cintura (32%). Porém, há aqueles que portam suas armas dentro de bolsas ou
pochetes (4%), locais desaconselhados. A maioria das policiais militares do sexo feminino
(51%) portam suas armas de fogo na bolsa ou pochete. Quando estão dirigindo seus carros,
predomina o uso na frente da cintura (27%) e na lateral da cintura (19%). Todavia, 39%
portam a arma debaixo da perna, debaixo do banco ou entre as pernas, considerada uma
prática errônea.
Observou-se que 10 % dos policiais militares já foram vítimas de roubo durante a folga e em
trajes civis, sendo o posto de Capitão o que possui maior percentual entre todos os postos e
graduações. Entre as praças, a graduação de 3º Sargento é a que mais sobressai. Desses, 3%
foram feridos em razão do confronto. A maioria (88%) dos militares vítimas de roubo
considerou ter agido correndo o menor risco possível. Constatou-se ainda que a maior relação,
em número absoluto, entre os militares que já foram vitimas de roubo e aquelas que não o
foram, ocorre entre 16 e 20 anos de serviço.
A metade dos policiais que foram vítimas de roubo durante o período de folga e em trajes
civis estava armada. A arma de fogo foi o principal instrumento para o cometimento do delito
contra o policial militar.
73
Quanto ao treinamento obtido pelo policial militar em sua carreira, a maioria (65%) nunca
recebeu nenhum tipo de treinamento de como deve agir durante a folga e em trajes civis.
Todavia, 66% dos policiais militares se sentem preparados para enfrentar uma ameaça de
roubo durante a folga e em trajes civis. Além disso, a maior parte dos policiais já planejou o
que fazer e já orientaram sua família para se antecipar à ação do agressor.
Dos policiais militares que responderam ao questionário, 96% consideram que o número de
policiais mortos em confronto durante a folga e em trajes civis pode ser diminuído se houver
alguma disciplina, curso ou treinamento sobre o tema 'medidas de autoproteção'.
Foi descoberto nesta pesquisa várias medidas autoprotetivas que podem ser aplicadas pelo
policial militar aptas a minimizar ou evitar a vitimização em ocorrências, cuja causa
presumida é o roubo. Essas medidas de autoproteção estão constantes ao longo desta pesquisa,
mais detalhadamente nos Anexos A e B.
Portanto, verifica-se que todos os objetivos propostos para essa pesquisa foram alcançados e
hipótese confirmada. A partir dos resultados obtidos, apresentam-se as seguintes sugestões:
b) Conscientizar o policial militar quanto ao risco de portar a arma de fogo durante a folga e
em trajes civis, sem se colocar no mínimo no estado de atenção, considerando a
possibilidade de uma abordagem por infratores ou necessidade de intervenção;
d) Continuação da temática 'Medidas de Autoproteção', que deu início no ano de 2018, nos
próximos TPBs, com atualização constante da grade curricular;
74
f) Conscientizar os policiais militares para que não estejam armados quando da ingestão de
bebida alcoólica;
Cabe ressaltar que este tema está alinhado com um dos objetivos do plano estratégico 2016-
201914 da PMMG, que é 'promover o bem-estar dos servidores', ao se preocupar com a
segurança do policial militar não apenas durante o serviço, mas também no momento de sua
folga e junto da sua família.
O estudo, por fim, não esgota o assunto, mas abre maior leque para estudos mais específicos e
aprofundados com a finalidade de fornecer ao policial militar vantagens técnicas e táticas para
fazer frente ao seu dever constitucional, que é servir a sociedade a qualquer hora do dia ou da
noite.
14
Plano estratégico: 2016-2019 é um documento que visa à formulação de objetivos para a seleção de programas
de ação da PMMG, adequando às mudanças, anseios e demandas da sociedade mineira para o período dos anos
de 2016 a 2019.
75
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fevereiro de 2008. Disponível<www.ambitojuridico.com.br/site/em:?n_link=
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_______ Autodefesa contra o crime e a violência: um guia para civis e policiais. São Paulo:
Barúna, 2015.
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80
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WILSON, J. Q.; KELLING, G. L. Broken Windows. Atlantic Monthly, p. 29-38, mar. 1982.
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO - CESP
Considera-se o termo Medidas de Autoproteção como sendo ações preventivas e reativas que
o policial militar pode aplicar, a fim de evitar ou diminuir a probabilidade de se tornar vítima
de crimes, principalmente aqueles econômicos como o roubo. São exemplos de Medidas de
Autoproteção: evitar passar por locais desertos e/ou pouco iluminados, dirigir seu carro com
os vidros fechados e portas trancadas, olhar para o arredores antes de entrar, estacionar ou sair
com o seu veículo, dentre outros.
1. Sexo:
( ) Masculino
( ) Feminino
2. Faixa de idade:
( ) até 25 anos
( ) 26 a 30 anos
( ) 31 a 35 anos
( ) 36 a 40 anos
( ) 41 a 45 anos
( ) 46 ou mais
( ) 6 a 10 anos
( ) 11 a 15 anos
( ) 16 a 20 anos
( ) 21 a 25 anos
( ) 26 ou mais
4. Posto/Graduação:
( ) Cel
( ) Ten Cel
( ) Maj
( ) Cap
( ) 1º Ten
( ) 2º Ten
( ) Cadete
( ) Al CHO
( ) Sub Ten
( ) 1º Sgt
( ) 2º Sgt
( ) 3º Sgt
( ) Cb
( ) Sd
6. Se desloca armado durante sua folga e em trajes civis quando está com sua família?
( ) Sim
( ) Não
Caso NÃO se desloca durante a folga e em trajes civis ARMADO, responder "Não
permaneço armado quando estou andando a pé/dirigindo seu carro/Não porto arma durante a
folga e em trajes civis).
7. Em qual local porta sua arma quando está andando a pé (durante a folga e em trajes civis) ?
( ) Na frente da cintura
( ) Atrás da cintura (costas)
( ) Na lateral da cintura
( ) No tórax
( ) Debaixo da axila
( ) Tornozelo
( ) Bolsa/pochete
( ) Não permaneço armado quando estou andando a pé
( ) Outros. Especificar:___________________________
8. Em qual local porta sua arma quando está dirigindo o seu carro (durante a folga e em trajes
civis) ?
( ) Na frente da cintura
( ) Atrás da cintura (costas)
( ) Na lateral da cintura
83
( ) No tórax
( ) Debaixo da axila
( ) Tornozelo
( ) Bolsa/pochete
( ) Entre as pernas
( ) Debaixo da perna
( ) Debaixo do banco do carro
( ) Não permaneço armado quando estou andando a pé
( ) Outros. Especificar:___________________________
9. Utiliza coldre quando está portando sua arma (durante a folga e em trajes civis) ?
( ) Sim
( ) Não
10. Considera que se o policial militar aplicar algumas medidas de autoproteção, durante sua
folga e em trajes civis, poderá diminuir as chances de ser morto, em razão de algum crime ?
( ) Sim
( ) Não
11. Conhece alguma norma da PMMG que trata sobre medidas ou formas como o policial
militar deve proceder quando à paisana e de folga ?
( ) Não
( ) Sim. O Guia de Treinamento Policial Básico (TPB)
( ) Sim. Outras normas da PMMG
14. Já orientou sua família quanto aos procedimentos de segurança que podem ser adotados,
para quando estiverem juntos ?
( ) Sim
( ) Não
15. Se sente preparado tecnicamente para enfrentar uma ameaça de roubo durante sua folga e
em trajes civis ?
( ) Sim
( ) Não
16. Considera que se houver alguma disciplina, curso ou treinamento sobre o tema 'Medidas
de Autoproteção', poderá diminuir o número de policiais que morrem em confronto durante
sua folga e em trajes civis ?
( ) Sim
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( ) Não
17. Já planejou o que fazer, a fim de se antecipar de uma possível ação de um agressor contra
você, sua família ou terceiros, durante a folga e em trajes civis?
( ) Sim
( ) Não
22. Considera que agiu correndo o menor risco possível para essa ocorrência ?
( ) Sim
( ) Não
23. Quais poderiam ter sido as ações aplicadas para ter diminuído os riscos?
( ) Colocado a arma em outro lugar
( ) Observado os arredores
( ) Observado os arredores antes de entrar/sair no carro/moto/casa
( ) Ter-se abrigado
( ) Observado os arredores à procura de mais algum infrator
( ) Não ter sacado a arma
( ) Apenas ligado para 190
( ) Ter ficado dentro do carro
( ) Fechado os vidros
( ) Trancado as portas do carro
( ) Corrido
( ) Ficado parado aguardando ordem do criminoso
( ) Posicionado melhor dentro do estabelecimento
( ) Evitado frequentar aquele tipo de local (rua, estabelecimento, etc)
( ) Outras. Citar_________________________________
24. Quais medidas considera adequadas, estando armado ou desarmado, para se PREVENIR
(ou diminuir a probabilidade) de se tornar vítima de um crime de roubo enquanto: ESTIVER
ANDANDO A PÉ PELA RUA ?
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25. Quais medidas considera adequadas, estando armado ou desarmado, para se PREVENIR
(ou diminuir a probabilidade) de se tornar vítima de um crime de roubo enquanto: ESTIVER
DIRIGINDO O SEU VEÍCULO (carro ou moto) ?
26. Quais medidas considera adequadas, estando armado ou desarmado, para se PREVENIR
(ou diminuir a probabilidade) de se tornar vítima de um crime de roubo enquanto: ESTIVER
NO INTERIOR DE UM ESTABELECIMENTO (restaurante, casa lotérica, posto de
combustível, correio, etc) ?
Fique à vontade caso queira acrescentar alguma medida de autoproteção que considere útil
seja transitando a pé, de carro, dentro de um estabelecimento ou em qualquer outro local.
OBRIGADO !!!
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ANEXO A
Nos semáforos, fique alerta à aproximação de estranhos, mesmo que não lhe
pareçam suspeitos. Utilize sempre os retrovisores, visando perceber a
aproximação de pessoas suspeitas atrás do veículo;
No período noturno, ajuste a velocidade de seu veículo nas áreas de
cruzamentos, reduzindo a velocidade de forma que você não precise parar no
cruzamento e também não cometa uma infração de trânsito passando no sinal
vermelho;
Evite a primeira fila de veículos e as faixas das extremidades, especialmente
da esquerda. Preferencialmente, pare nas faixas centrais. Isso dificulta a fuga
do criminoso caso tente roubar o veículo. Caso tenha que parar nas
extremidades, não deixe espaço para que motos passem ao seu lado
(esquerdo);
Mantenha distância mínima do veículo da frente para possibilitar sua saída
em casos de emergência;
Procure não deixar espaços para passagem ou circulação do lado esquerdo
do seu veículo;
Chegue ao cruzamento com atenção, identificando pessoas suspeitas e
demonstrando estar atento;
Verifique constantemente a presença de suspeitos ao redor de seu veículo,
inclusive motociclistas;
Evite a distração com celulares, rádios, etc;
Mantenha portas e vidros travados;
Não deixe objetos (bolsas, celulares) em locais visíveis do veículo.
Não pare para auxiliar outros motoristas em locais isolados, mal iluminados,
em horas avançadas da noite e que lhe pareça algo estranho;
Evite colocar em seu veículo adesivos e outros símbolos que possam o
identificar como policial militar;
Ao passar por lombadas, verifique, antes de reduzir a marcha, se há
aproximação de pessoas suspeitas e deixe distância suficiente do veículo à
sua frente para poder desviar, caso ele pare, tentando bloquear seu caminho;
Evite permanecer no interior de um carro estacionado na via pública. Esta é
uma ótima oportunidade para você ser surpreendido. Se isso for necessário,
faça-o em local que permita sua ampla visão para todos os lados e esteja
alerta à aproximação de estranhos;
Se for obrigado a estacionar na via pública, procure fazê-lo em locais
movimentados e bem iluminados. Não deixe objetos à vista. Não deixe sua
arma dentro do carro;
Cultive o hábito de “olhar” ao redor, antes de aproximar-se de seu carro
estacionado ou mesmo antes de estacionar;
No ato de estacionar, bem como no momento em que retornar para apanhar o
carro, esteja atento para a presença de indivíduos suspeitos nas
proximidades. Na dúvida pare em outro local ou dê uma volta antes de entrar
em seu carro. Essa é uma das formas mais freqüentes de abordá-lo;
Verifique o interior antes de entrar. Um infrator pode estar atrás dos bancos;
Não abra os vidros para vendedores ambulantes, que muitas vezes podem ser
assaltantes disfarçados;
Não demore nem permaneça em veículo estacionado;
Se visualizar um roubo acontecendo, avalie se irá intervir diretamente ou
ligará para o "190" repassando as características/rota de fuga. Lembre-se que
é muito comum que a prática do roubo ou furto seja feita com pessoas
fazendo a “cobertura” em locais estratégicos de quem anuncia o assalto (eles
quase nunca estão sozinhos).
ANEXO B
Este anexo se refere à 24ª, 25ª e 26ª respostas discursivas do questionário aplicado aos
policiais militares de Minas Gerais, além de algumas considerações elencadas por esses
profissionais.
24ª. Quais medidas considera adequadas, estando armado ou desarmado, para se PREVENIR
(ou diminuir a probabilidade) de se tornar vítima de um crime de roubo enquanto: ESTIVER
ANDANDO A PÉ PELA RUA ?
Sempre estar atento ao que acontece ao redor e aos que se aproximam, como carro estranho ou pessoas
em atitude suspeita;
Atentar para locais com baixa iluminação, degradados e próximo a bocas de fumo;
Não ser surpreendido;
Ficar atento para antecipar a ação do infrator;
Evitar transitar em locais ermos;
Saber com exatidão a localização da arma;
Utilizar a arma com um cartucho na câmara;
Não ostentar pertences de valor à mostra;
Identificar possíveis ameaças;
Deslocar-se contra o fluxo de veículos;
Observar as pessoas que estão ao seu redor, não se distrair com uso de telefones celulares e fones de
ouvido;
Manter-se no estado de atenção;
Escolher locais e horários seguros para frequentar;
Andar em locais iluminados e de grande movimentação.
Manter distância de suspeitos;
Permanecer atento ao ambiente, principalmente quando estiver com sua família;
Guardar a carteira funcional em local de difícil visualização;
Intensificar o treinamento e parecer o menos possível policial;
Portar a arma no mesmo lugar a fim de gerar memória muscular para posição e saque;
Selecionar pontos de abrigo;
Andar mais próximo da guia do passeio;
Verificar se há volume na cintura de algum suspeito;
Decorar nome de ruas ou pontos de referência fáceis para solicitar apoio em caso de emergências;
Estar atento a veículos que transitam próximo ao passeio e com velocidade diminuída;
Manter celular carregado e com chip de 2 operadoras diferentes para facilitar comunicação;
Ao perceber um suspeito olhá-lo nos olhos fixamente;
Evitar andar sozinho;
Andar sempre do lado onde estão instalados os postes de iluminação pública para se abrigar;
Ficar atentos a indivíduos á pé é de motocicleta que circulam na via;
Quando estiver chegando em casa, averiguar algum veículo por perto;
Não entrar com a frente do carro na garagem;
Estar atento em todo o deslocamento, olhar para trás de vez enquanto e tentar perceber as pessoas que
estão circulando aí seu redor;
Evitar andar próximo a muros;
Evitar ajeitar a arma na cintura;
Ter atenção às roupas que veste para não deixar o volume da arma ficar evidente, assim como evitar
blusas curtas que deixem a arma, ou se estiver usando coldre, o clipe de sustentação na calça;
Se possível, ter conhecimento do local onde está se deslocando;
90
Não demonstrar em publico ou em locais de aglomeração de pessoas, que está portando dinheiro ou
outros bens que representa valores consideráveis;
Se antecipar e atravessar a rua caso de visualizar algum suspeito;
Se antecipar ao suspeito o enquadrando antes de ser abordado;
Se possível abrigar-se ao visualizar um suspeito em potencial, sacando sua arma veladamente e o
monitorando até que a ameaça passe;
Estar atento nos arredores quando estiver em deslocamento para o veículo estacionado;
Treinar a família como se portar num possível assalto ou troca de tiros;
Não ingerir bebida alcoólica quando estiver armado;
Não reagir de imediato ao ser surpreendido. Tentar observar e entender a cena na qual ocorre o assalto,
coisas como nr de infratores, se estão armados, se há algum local pra abrigo e reação. De início,
cooperar com o infrator pra ter prazo de analisar as circunstâncias, tentando criar uma distração do autor
do roubo;
Não parar o veículo em frente o portão enquanto ele abre, aguardar no sentido da calçada para que haja
possibilidade de deixar o local, se necessário;
A primeira ação, em caso de se deparar com algum roubo, sendo vítima ou não, é se ABRIGAR e
depois fazer a leitura do cenário;
Manter-se atento à motos garupadas e algum suspeito;
Observar o rosto da pessoa que se aproxima e de quem possivelmente está em sua companhia para
antecipar uma agressão e antecipar o saque da arma;
Treinar alguma arte marcial;
Manter a arma o mais dissimulada possível, preferencialmente na lateral do corpo, usar camisas mais
folgadas, evitar ajeitar a arma constantemente, usar um coldre que a fixe bem;
Estar atento a grupos ou pessoas paradas ou encostadas em muros ou paredes, atravessar a rua ou mudar
de direção ao perceber pessoas em atitude suspeita ou dentro de veículo estacionado;
Evitar ficar parado por muito tempo no mesmo local, usar equipamento de qualidade (coldre, arma,
cinto...);
Manter sempre sua arma bem manutenida;
Planejar o trajeto a ser percorrido, antes de iniciar o deslocamento;
Colocar bolsas na frente do corpo;
Evitar olhar vitrines do lado fora;
Prestar atenção suspeitos em bando (arrastão);
Esperar o ônibus encostado no muro e nunca sentado de forma dispersa.
25ª. Quais medidas considera adequadas, estando armado ou desarmado, para se PREVENIR
(ou diminuir a probabilidade) de se tornar vítima de um crime de roubo enquanto: ESTIVER
DIRIGINDO O SEU VEÍCULO (carro ou moto) ?
Realizar treinamento de saque para caso seja necessário reagir e efetuar um disparo estando dentro do
veículo ou em motocicleta;
Colocar películas escuras nos vidros do carro a fim de dificultar a visualização dos ocupantes do
veículo;
Mudar o itinerário ao ir para casa;
Evitar deixar a arma embaixo da perna;
Evitar ruas pouco movimentadas à noite;
Parar nas faixas centrais quando o semáforo estiver vermelho;
Evitar ficar dentro do veículo quando estiver estacionado;
Orientar a família para, caso serem rendido, descerem do veículo, se afastarem o mais rápido possível e
buscarem um local seguro (comércio, residência "idônea", etc.);
Olhar os arredores antes de entrar e observar aproximação de pessoas;
Evitar parar próximo ao canteiro central de avenidas;
Treinar técnica para o desembarque dissimulado. Caso seja rendido, desembarcar de forma a proteger o
lado que está a arma, bem como não ficar parado em pé na porta do veículo impedindo-o de entrar no
veículo;
Caso seja abordado, observar a presença de escolta o que hoje é uma rotina;
Entrar com o carro na garagem de ré e farol alto, após o portão estar aberto;
Não demorar a descer do veículo ao estacionar;
Nunca parar no destino sem antes observar a existência de suspeitos nas proximidades, etç;
Evitar ouvir música/rádio com som alto;
Não esboçar reação de imediato sem antes fazer uma leitura do ambiente;
Não parar para desconhecidos;
Ao estacionar o veículo não ficar organizando/pegando objetos em seu interior, pois isso possibilita a
abordagem do infrator; treinar saque da arma utilizando cinto de segurança;
Andar sempre pela faixa da direita perto ao acostamento pra evitar enquadramento por infratores;
Não reagir se estiver com sua família no interior do veículo, a probabilidade dela ser atingida é muito
grande;
Não ficar namorando dentro de carro;
Não ficar dentro do carro ou em cima da moto estacionado aguardando alguém ou falando ao celular;
Ficar atento a motocicleta com dois ocupantes;
Observar motos que chegam pela esquerda;
Evitar andar com objetos de valores expostos pelo corpo e no interior do veículo;
Evitar acender a luz interna a noite, para dificultar quantos estão no veículo;
Não deixar a arma exposta no interior de veículos;
Não parar o veiculo caso note alguma situação suspeita;
Antecipar agressão quando em cima da moto: solta lá ao solo;
Sempre portar a arma junto ao corpo, nunca em alguma parte do veiculo;
Evitar parar em rodovias quando houver suspeição de que infratores estejam forjando avarias de
veículos;
Antecipar a abordagem do agressor, se não for possível esperar a próxima janela de oportunidade para
uma possível reação, primando sempre pela segurança;
Ao ser abordado estando em cima da moto, descer sempre do lado contrário ao do infrator, deixando a
moto cair ao solo;
Ligar 190, assim que possível, sempre que o risco for eminente ou quando a situação gerar suspeição de
que pode chegar a tal;
Estar no estado de atenção (Amarelo);
Treinar a melhor posição com saques constantes, e preparo mental no caso de confronto;
Agir como cidadão comum, aparentar medo. Não demonstrar atitudes que o identifique como PM;
Evitar sair armado com a família e portar documento de identificação militar;
Não deixar a passagem pela esquerda livre próximo de cruzamentos e paradas obrigatórias para
motociclistas;
Pensar taticamente, ensaiando, de acordo com a vivência operacional, as possíveis situações e reações;
Não esperar dentro do carro e sim desembarcar e deslocar-se para o outro lada do rua de forma que
consiga manter a vigilância e observar a aproximação de estranhos, bem como verificar se alguém se
aproxima do carro;
Procurar ambiente que possui estacionamento pago e com segurança e que possua sistema de câmeras
de vigilância (dificulta surpresas no estacionamento).
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26ª. Quais medidas considera adequadas, estando armado ou desarmado, para se PREVENIR
(ou diminuir a probabilidade) de se tornar vítima de um crime de roubo enquanto: ESTIVER
NO INTERIOR DE UM ESTABELECIMENTO (restaurante, casa lotérica, posto de
combustível, correio, etc) ?
Em caso de roubo, verificar a conveniência e a oportunidade de sacar a arma de fogo, a fim de não
aumentar o risco para si, para sua família e para eventuais terceiros.
Fique à vontade caso queira acrescentar alguma medida de autoproteção que considere útil
seja transitando a pé, de carro, dentro de um estabelecimento ou em qualquer outro local.
OBRIGADO !!!
O policial militar deve sempre que possível treinar o saque de sua arma quando estiver à paisana, deixar
sua arma sempre em condições de uso, fazer a manutenção preventiva do armamento e principalmente
estar sempre atento, ter em mente que o pior pode acontecer a qualquer momento, ter sempre o
pensamento tático, elaborar maneiras de agir, antecipar as ações;
Mesmo a paisana, e de folga, nunca deixamos de ser policiais militares, então nunca fique no estado
relaxado, sempre transite com atenção a pessoas seja a pé ou em veículos, procurando sempre antever
situações;
Sugiro incluir no TPB pelo menos uma disciplina pratica no sentido de treinar o policial militar para
esses momentos;
Não reagir, isso também é uma medida de autoproteção pois protege a própria vida, apesar que não
reagir para um policial é difícil;
Maior treinamento sobre o tema;
Mantenho aplicativos de localização funcionando em meu celular, programados para que alguém de
confiança (marido ou pais/irmãos) consigam verificar meu posicionamento exato caso tenham
suspeição de que eu possa estar exposta a alguma situação de risco;
Seria muito interessante treinamentos de autoproteçao;
Muito boa essa implementação!;
Uso de armamentos e munições simulacros tornariam um melhor treinamento aproximando da
realidade;
Pesquisa extremamente interessante que vai contribuir sensivelmente para a tropa;
Nas cidades do interior o.melhor é sair armado, pois a maioria dos criminosos nos conhecem;
Parabéns pela iniciativa;
Treinamento específico para porte, saque e uso de armamento em trajes civis;
Nos dias de hoje não tem como previnir ser vítima de roubo. A partir do momento que está em via
pública ou qualquer lugar fora de sua residência, estamos sujeitos a ser vítimas. O que podemos fazer é
estar sempre preparado para tal ocasião. Se estivermos armados, a probabilidade de sermos
reconhecimentos como PM e sermos mortos é muito grande se não houver uma resposta imediata à
ação. Por isso é necessário treinamento e técnicas, para reagir conforme a lei. Quando estamos com
familiares, dificulta muito psicologicamente, a reação, já que estamos não somente protegendo nossa
vida e sim vidas importantes;
A melhor auto proteçao é a prevençao!;
Já intervi num roubo a transeunte em andamento quando eu estava a pé e à paisana. O que me ajudou
muito na minha atuação exitosa foi verificar se o autor estava com cobertura. Esperei o momento mais
oportuno e agi prendendo o suspeito e apreendendo a arma de fogo dele;
O policial deve se preocupar com seu treinamento,não deve ficar aguardando apenas cursos da PM para
se condicionar para tal evento;
Ter a oportunidade de treinar mais com armamento só o TPB não considero eficiente pra estar sempre
preparado quando se fala em autoproteção;
Um curso de autoprotecao seria uma boa para o TPB;
Muito importante a PM criar uma doutrina para auxiliar o público interno sobre medidas de
autoprotecao em horários de folga e a paisana;
Queria uma pesquisa bem fundamentada onde a partir de estudos de casos, poderíamos concluir onde há
maiores chances de proteger a nós e nossas famílias estando com uma arma de fogo ou sem, já que são
muitos os casos que estar armado não ajudou ou até aumentou os riscos;
Preocupação por parte da instituição com treinamento adequado, incluindo atividades físicas com lutas;
Ótima iniciativa, que sirva para um melhor preparo da tropa;
Em sua, teremos uma chance bem maior quando estivermos atentos para não sermos surpreendidos,
mas sim, antecipar a ação delituosa , não tendo condições para tal ação, agir somente quando houver
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uma janela de oportunidade em que o agressor abriu a guarda se distraindo por qualquer outro motivo
ou até mesmo uma janela criada pelo próprio policial;
Estar preparado mentalmente para perder bens materiais ou para morrer caso necessário (estupro seu ou
de familiar por exemplo) . O medo de morrer também mata;
Que se faca estudo dos casos ocorridos e leve ao conhecimento da tropa em forma de orientação.