Deméter e Perséfone - Complexo Materno

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O mito de Deméter e Perséfone

O Complexo Materno

Prof.ª Luciana Antonioli


IJEP
Inconsciente...
• Como poderia ter ocorrido ao homem a idéia de dividir o cosmo, baseando-
se na analogia de dia e noite, verão e inverno, num mundo luminoso diurno
e um mundo obscuro noturno, cheio de entes fabulosos, se não tivesse
encontrado em si mesmo um modelo para isso na própria consciência e no
inconsciente atuante, embora invisível, isto é, incognoscível?

• A percepção originária dos objetos provém só parcialmente do


comportamento objetivo das coisas, mas em sua maior parte de fatos
intrapsíquicos, os quais tem relação com as coisas apenas mediante a
projeção.
(Jung , 2000, p. 108)
Nada dentro, nada fora;
Pois o que está dentro , está
fora.

(Goethe, in Jung, 2000 , p. 108)


Inconsciente coletivo: Arquétipos e instintos
• A alma do recém-nascido não nasce tabula rasa;
• Na medida em que a criança vem ao mundo com o cérebro diferenciado, predeterminado pela
hereditariedade e portanto individualizado, ela responde aos estímulos sensoriais externos, não
com quaisquer predisposições, mas sim com predisposições específicas, que condicionam uma
seletividade e organização da percepção que lhe são próprias (individuais).
• São instintos herdados e pré-formações.
• Sua presença imprime no mundo da criança e do sonhador o timbre antropomórfico.
• Trata-se dos arquétipos que determinam os rumos da atividade da fantasia, produzindo deste
modo nas imagens fantásticas dos sonhos infantis, bem como nos delírios esquizofrênicos,
surpreendentes paralelos mitológicos, como os que também encontramos de forma algo atenuada
nas pessoas normais e neuróticas.
• Não se trata portanto de idéias herdadas, mas de suas possibilidades. Não se trata também de
heranças individuais, mas gerais, como se pode verificar pela ocorrência universal dos arquétipos.
Desenvolvimento da psique:
• Há um fator apriorístico em todas as atividades humanas, que é a estrutura
individual inata da psique, pré-consciente e inconsciente. A psique pré-
consciente, como por exemplo a do recém-nascido, não é de modo algum um
vazio, ao qual, sob circunstâncias favoráveis, tudo pode ser ensinado. Pelo
contrário, ela é uma condição prévia tremendamente complicada e
rigorosamente determinada para cada indivíduo, que só nos parece um nada
escuro, porque não podemos ver diretamente.
• No entanto, assim que ocorrem as primeiras manifestações visíveis da vida
psíquica, só um cego não veria o caráter individual dessas manifestações, isto é,
a personalidade singular.
• Não podemos subestimar o alcance dessa constatação, pois ela significa nada
menos do que a presença, em cada psique, de disposições vivas inconsciente,
nem por isso menos ativas, de formas ou idéias em sentido platônico que
instintivamente pré-formam e influenciam seu pensar, sentir e agir.
( Jung, 2000, p. 89)
Inconsciente coletivo e pessoal
• O inconsciente coletivo é uma parte da psique que pode distinguir-se de um
inconsciente pessoal pelo fato de que não deve sua existência à experiência pessoal,
não sendo portanto uma aquisição pessoal.
• Enquanto o Inconsciente pessoal é constituído essencialmente de conteúdos que já
foram conscientes e no entanto desapareceram da consciência por terem sido
esquecidos ou reprimidos, os conteúdos do inconsciente coletivo nunca estiveram na
consciência e portanto não foram adquiridos individualmente, mas devem sua
existência apenas a hereditariedade.
• Enquanto o inconsciente pessoal consiste em sua maior parte de complexos , o
conteúdo do inconsciente coletivo é constituído essencialmente de arquétipos.
(Jung, 2000, p. 78)
Arquétipos
• Indica a existência de determinadas formas na psique, que estão
presentes em todo tempo e em todo lugar.

• O inconsciente coletivo não se desenvolve individualmente, mas é


herdado. Ele consiste de formas preexistentes, arquétipos, que só
secundariamente podem tornar-se conscientes, conferindo uma
forma definida aos conteúdos da consciência.
• Quando algo ocorre na vida que corresponde a um
arquétipo, este é ativado e surge uma compulsão que se
impõe a modo de uma reação instintiva contra toda a
razão e vontade, ou produz um conflito de dimensões
eventualmente patológicas, isto é, uma neurose.
(JUNG, 2000, p. 58)
• Uma vez que os arquétipos são relativamente autônomos
como todos os conteúdos numinosos, não se pode integra-los
simplesmente por meios racionais, mas requerem um
processo dialético, isto é, um confronto propriamente dito
que muitas vezes é realizado sob a forma de diálogo.

• Assim ele concretiza, sem o saber, a definição alquímica da


meditação, como diálogo interior com seu anjo bom.
• A saúde e a criatividade de todo ser humano dependem,
consideravelmente, do fato de sua consciência poder viver em
paz com essa camada do inconsciente, ou de consumir-se em
hostilidade contra a mesma.
(Neumann, 2006, p. 49)
Conceito do arquétipo da grande mãe
para Jung:
• O conceito da Grande Mãe provém da História das religiões e
abrange as mais variadas manifestações do tipo de uma Deusa-
Mãe.
• O símbolo é obviamente um derivado do arquétipo materno;
• Segundo Platão, em algum lugar, "em um lugar celeste" existe uma
imagem primordial da mãe, preexistente e supra-ordenada a todo
fenômeno do " maternal"( no mais amplo sentido da palavra)
• Mas é: quem vê, quem ouve, quem pensou?
(Jung, 2000, p. 87)
• Para mim é mais provável que a forma arquetípica do par divino
recubra e assimile a imagem dos pais verdadeiros, num primeiro
momento, até que, com o desenvolvimento da consciência, a forma
real dos pais seja percebida, não raro para o desapontamento da
criança.

• Ninguém sabe melhor do que o psicoterapeuta que a mitologização


dos pais se prolonga muito tempo através da idade adulta, e só é
abandonada após uma grande resistência.
(Jung, 2000, p. 79)
Imago parental
• Surgem nos estados iniciais de consciência, entre o primeiro e
quarto ano de vida, ou seja, numa fase em que a consciência
ainda não apresenta uma continuidade real, mas um caráter de
descontinuidade insular.
• A relação com o eu, indispensável para uma continuidade da
consciência, só existe parcialmente, de modo que grande parte da
vida psíquica naquele estágio se desenvolve num estado que só
podemos designar como relativamente inconsciente.
Grande Mãe:

• O termo "Grande Mãe", enquanto aspecto parcial do "Grande


Feminino", é uma abstração posterior, que já pressupõe a
existência de uma consciência especulativa altamente
desenvolvida.

• O arquétipo primordial pertence a uma consciência e a um ego


ainda incapazes de diferenciação.
(Neumann, 2006, p. 25)
• A imagem arquetípica da grande Mãe é viva tanto no indivíduo como
no grupo, tanto no homem como na mulher.

• Quando então falamos de um universo matriarcal anterior e de um


patriarcal posterior, não estaremos nos referindo a uma seqüência de
estruturas sociológicas distintas.

• O domínio do arquétipo da "Grande Mãe" constela a situação psíquica


humana original, em que a consciência desenvolve-se lentamente a
princípio e, num processo paulatino de autonomização, liberta-se
passo a passo do domínio dos processos direcionadores do
inconsciente.
(Neumann, 2006, p.85)
• Embora os momentos iniciais do período psicológico-matriarcal se
percam nas brumas da Pré-história, o seu fim, que se dá no
alvorecer de nosso período histórico, abre-se diante de nossos olhos
num movimento magnífico. Depois é substituído pelo mundo
patriarcal, onde o domínio cabe ao arquétipo do Grande Pai ou do
Grande Masculino, com seu próprio simbolismo, seus próprios
valores e tendências diferentes.
(Neumann, 2006, p. 26)
• As fases do desenvolvimento da consciência então ocorrem, uma após a outra, como o
embrião que está contido dentro da mãe, numa dependência infantil do materno, como
a relação do filho-bem-amado coma Grande Mãe, e finalmente como a luta gloriosa do
herói masculino contra a Grande Mãe.
• A relação dialética entre consciência e o inconsciente adquire forma simbólica e
mitológica de uma disputa entre o feminino-maternal e o filho masculino, em que a força
crescente do masculino corresponde ao poder cada vez maior da consciência, no
contexto da evolução da humanidade.
• Considerando que o processo de libertação dessa consciência masculina, do inconsciente
feminino, é uma luta penosa e amarga para toda a humanidade, é compreensível a razão
de o caráter elementar negativo do Feminino ter a sua origem não em um complexo de
ansiedade dos "homens", mas que expresse uma experiência arquetípica da espécie
humana inteira, homens mulheres igualmente.
Formas da Grande Deusa Mãe
• Com sua ênfase no impessoal e no transpessoal, são os tipos originais do caráter
elementar feminino. Em todas elas, é dominante o simbolismo do vaso redondo,
específico do caráter elementar.
• O ventre e os seios, geralmente imensos, são, portanto regiões centrais deste vaso-
tronco da feminilidade, a "única realidade". A fecundidade do feminino encontrou
nessas figuras uma expressão tanto pré-humana com sobre-humana.
• A cabeça não tem rosto e está inclinada para o meio do corpo; os braços são apenas
insinuados, mas também destacam o centro do corpo.
• As coxas e os quadris colossais terminam em prolongamentos delgados à guisa de
pernas; os pés, mesmo apresentados originalmente partidos, eram excessivamente
fracos e de forma nenhuma tinham a intenção de ser os suportes do corpo-vaso
gigantesco.
O Duplo caráter do feminino
• Caráter elementar: o aspecto do Feminino que, como o “Grande Círculo” e o
“Grande Continente”, demonstra a tendência de conservar para si aquilo a que
deu origem e envolve-lo como uma substância eterna. Tudo o que dele nasceu lhe
pertence, continua sujeito a ele e, mesmo quando o indivíduo se torna
independente.

• Determinante maternal: lado conservador, estável e imutável;


• Função de conter;
• Positivo : Provedor de alimentos, de proteção e de calor;
• Negativo: Repúdio e privação.
• Situação original da psique.
• Caráter de transformação: Enfatiza-se o elemento dinâmico da
psique, coloca em movimento algo já existente e leva a uma
modificação.

• Encontra-se no domínio anterior do caráter;


• Atua no feminino-maternal (Gestação e na parturição da criança)
• Preservar o que existe ou na amplificação do ser e em sua
modificação;
• Atua a impelir o movimento e inquietação;
O arquétipo com referência especial ao
conceito de anima
• Para o filho, a anima oculta-se no poder dominador da mãe e a ligação sentimental com ela
dura às vezes a vida inteira, prejudicando gravemente o destino do homem ou,
inversamente, animando a sua coragem para os atos mais arrojados.
• Para o homem da antigüidade a anima aparece sob a forma de deusa ou bruxa;
• Para o homem medieval substitui a deusa pela Rainha do Céu e pela Mãe Igreja;
(JUNG, 2000, p. 39)
A figura da anima que conferia à mãe, na ótica do filho, um brilho sobrenatural é
desfeita gradualmente pela banalidade cotidiana, voltando para o inconsciente, sem
que com isso perca sua tensão originária e instintividade.
(Jung, 2000, p.81)
• O avanço da consciência masculina e da
autonomia do princípio espírito-sol requer o
"assassino simbólico" da Grande Mãe e o
apoio do pai celestial para o princípio filial,
que se tornou independente da Mãe Terra.

• Sempre que a viagem noturna pelo mar em


perseguição do sol for empreendida pelos
deuses ou pela alma humana, ela significa
esse desenvolvimento rumo a independência
relativa ao ego, dotado de atributos. Tais
como o livre arbítrio.
O simbolismo central do feminino
• Desde os primórdios da evolução até seus estágios mais
recentes, encontramos o VASO como a essência do Feminino

MULHER = CORPO = VASO = MUNDO


DESENVOLVIMENTO
ARQUETIPICO
As esferas funcionais do feminino
• anima passa por vários estágios e abarca um amplo leque de fatos psicológicos. Jung
disse que há quatro imagens principais da anima: Eva, Helena, Maria e Sofia, a sabedoria
de Deus.
• Eva seria a mulher biológica; quando aparece como anima de um homem ela implica
sexo biológico, atração física, maternidade, a imagem comum de mulher atraente.
Helena está num estágio mais elevado. Ela representa a hetaira dos gregos, ou a gueixa:
mulheres cultivadas com quem se pode ter não apenas uma aventura sexual, mas
também falar de poesia e filosofia. Ela seria a companheira espiritual — sem excluir sexo
romântico. O próximo estágio é o da figura da anima no Cristianismo. Ela é a Virgem
Maria, forma suprema de espiritualidade, mas unilateralmente elevada demais. Falta-lhe
o lado escuro, o lado Eva das mulheres, o lado terreno e sombrio, mais biológico, mais
amplo, mais natural da anima. Ela é um pouco elevada e idealizada demais. Portanto, o
quarto estágio, a sabedoria de Deus, como Jung notava sorrindo, é uma descida, porque
a sabedoria não é uma espiritualidade tão virtuosa assim. A sabedoria está mais perto da
vida. Ela está presente quando um homem sabe como amar as mulheres e como se
relacionar com elas; ao mesmo tempo, tem uma sabedoria que o protege do seu lado
devorador. A forma mais elevada de amor não deixa de ter um grão de sal.

Von Franzs p. 62
Aspectos psicológicos
Arquétipo materno
• Como todo arquétipo, o materno também possui uma
variedade incalculável de aspectos. Menciono apenas
algumas das formas mais características:
• a própria mãe e a avó;
• a madrasta e a sogra;
• uma mulher qualquer com a qual nos relacionamos, bem
como a ama-de-leite ou ama-seca, a antepassada e a mulher
branca;
• no sentido da transferência mais elevada, a deusa,
especialmente a mãe de Deus, a Virgem (enquanto mãe
rejuvenescida, por exemplo Demeter e Core), Sofia (enquanto
mãe que é também a amada, eventualmente também o tipo
Cibele- Átis, ou enquanto filha-amada (mãe rejuvenescida);

• a meta da nostalgia da salvação (Paraíso, Reino de Deus,


Jerusalém Celeste);
• em sentido mais amplo, a Igreja, a Universidade, a cidade
ou país, o Céu, a Terra, a floresta, o mar e as águas
quietas;

• a matéria, o mundo subterrâneo e a Lua; em sentido


mais restrito, como o lugar do nascimento ou da
concepção, a terra arada, o jardim, o rochedo, a gruta, a
árvore, a fonte, o poço profundo, a pia batismal, a flor
como recipiente (rosa e lótus); como círculo mágico (a
mandala como padma) ou como cornucopia;
Maternal
 A mágica autoridade do feminino;
 A sabedoria e a elevação espiritual além da
razão;
 O bondoso, o que cuida, o que sustenta, o
que proporciona as condições de
crescimento, fertilidade e alimento;
 Lugar da transformação mágica, do
renascimento;
 Instinto e impulso favoráveis;
• O secreto, o oculto, o obscuro, o abissal;
• O mundo dos mortos;
• O devorador;
• Sedutor e venenoso;
• Apavorante e fatal.

“Não é apenas da mãe pessoal que provêm todas as


influências sobre a psique infantil descritas na literatura,
mas é muito mais o arquétipo projetado na mãe que outorga
à mesma um caráter mitológico e com isso lhe confere
autoridade e até mesmo numinosidade”
(JUNG, 2006, p. 93)
FEMININO – MÃE – TERRA

Funções Básicas do Feminino:

"nutrir", dar calor, proteger e amparar, sem


mencionar as funções do dar vida e do parir

caráter de "grandeza"

“Grande Mãe”
Deméter

 Filha de Reia e Cronos;


 4ª esposa de Zeus;
 Mãe de Core;
 Deméter é a deusa e mãe da terra cultivada;
 O sofrimento de Deméter constitui o mito
central;
Hades

 Irmão de Zeus e Deméter;


 Senhor dos mundos subterrâneos;
 Um Deus poderosíssimo, mas infeliz;
 Hades apaixona-se.
O rapto de Core

 Narciso de “cem ramos”;


 Abismo;
 Carro de Hades puxado por seus cavalos
imortais;
 Grito de Core.
A dor de Deméter

 Nove dias e nove noites;


 O encontro com Hécate;
 Revelação de Hélio;
 A revolta de Deméter;
 Cuidando de Demofonte.
Seu plano é descoberto:

“Homens ignorantes, insensatos, que não sabem


discernir o que há de bom ou de mal em vosso
destino. Eis que tua loucura te levou à mais
grave das faltas...”
Deméter entrega-se à saudade da filha
A seca se abate sobre a terra
O retorno de Perséfone

 Zeus envia Hermes ao Hades;


 Sementes de romã;
 O reencontro de Deméter e Perséfone;
 Conflito: Olimpo X Mundo avernal;
 Decisão dos deuses;
 Estações do ano .
Mistérios de Elêusis

 Morte e ressurreição da semente;

 Viver e morrer.
Perséfone
 Rainha do inferno;
 Perséfone vira mãe.
Deméter:
 símbolo de fertilidade e fartura
 terra cultivada
Perséfone:
 o novo, o começo
 o grão do trigo
Os Mistérios de Deméter

“Celebravam a solidariedade entre três


gerações de mulheres, a continuidade por
rituais na morte e renascimento da donzela
dos cereais e de sua mãe pesarosa,
personificando os ciclos da terra e das
estações. Mãe e filha estão unidas numa
seqüência natural e cíclica de morte e
ressurreição, de transformação”.
Mulher Deméter

• Arquétipo materno
– Nutre, zela e provê subsistência
– Carinho de mãe, doadora
– Regida pelo Amor

“Vive para o outro, se dá para o outro, se


perde no outro. O outro é a fonte da sua
plenitude, não ela mesma, o outro é um ser
amado criança.”
Mulher Perséfone

 Relação com os homens:


- Transformação
- Casamento

 O trabalho: Core X Perséfone


 Depressão
 Aprendizado
Complexo materno na filha
• Hipertrofia do aspecto maternal
• Exacerbação do eros
• Identificação com a mãe.
• Defesa contra a mãe
Hipertrofia do aspecto maternal
• Intensificação de todos os instintos femininos, em primeiro lugar do
instinto materno.
• O aspecto negativo é representado por uma mulher cuja única meta é
parir;
• Sua própria personalidade também é de importância secundária;
• Tal como Deméter extorque dos deuses um direito de propriedade sobre a
filha;
• Seu instinto materno impõem-se brutalmente até conseguir o
aniquilamento da própria personalidade e da de seus filhos.
• Recordações mais comoventes e inesquecíveis, raiz secreta de todo vir a
ser e de toda transformação, regresso ao lar...
Exacerbação do eros
• Acontece na filha uma extinção completa do instinto materno e uma
exacerbação do erros que leva quase invariavelmente a uma relação
incestuosa com o pai;
• Este tipo resulta, de uma reação a uma mãe puramente física e instintiva e,
por isso, devoradora.
• A mulher fulmina com o raio quente do seus erros um homem que vive a
sombra do materno assim provocando um conflito moral.
• A mulher enquanto elemento perturbador, é perturbada; como elemento
transformador, ela mesma se transforma em clarão do fogo que acende
ilumina e clareiatodas as vítimas da confusão.
Identificação com a mãe
• Se não ocorrer uma exacerbação do eros no complexo materno feminino,
produzir-se-á uma identificação com a mãe e um bloqueio da própria
iniciativa feminina;
• Projeção da personalidade da filha sobre a mãe;
• A filha contenta-se em depender da mãe, de um modo desinteressado e
inconscientemente ela se esforça contra sua vontade a ascender pouco a
pouco a uma posição de tirana da própria mãe.
• Vive uma existência de sombra, muitas vezes visivelmente sugada pela mãe,
cuja vida ela prolonga como que através de uma permanente transfusão de
sangue.
• O vazio é um grande segredo feminino, é o absolutamente
estranho ao homem, o oco, o outro abissal, o yin. Infelizmente essa
nulidade que suscita compaixão é o mistério poderoso da
inacessibilidade do feminino.
• Uma tal mulher é pura e simplesmente destino.
Defesa contra a mãe
• Qualquer coisa menos ser como a mãe!
• Exemplo típico do complexo materno negativo!
• Trata-se por um lado, de um fascínio que no entanto nunca se torna uma
identificação, e, por outro lado, de uma exacerbação do eros que se esgota
porém numa resistência ciumenta contra a mãe.
• Tal filha sabe tudo o que não quer ser, mas em geral não tem clareza acerca do
que imagina ser seu próprio destino.
• A resistência contra a mãe, enquanto uterus, manifesta-se através de
distúrbios da menstruação, dificuldade para engravidar, horror da gravidez,
hemorragias e vômitos durante a gravidez , partos prematuros e etc.
Complexo Materno no filho

• Homossexualidade: componente
heterossexual fica preso à figura da mãe, de
modo inconsciente;
• Ou uma diferenciação do eros;
desenvolvimento do bom gosto e da
estética; tato feminino
• Donjuanismo: a mãe é procurada inconscientemente “em
cada mulher”; ou uma masculinidade arrojada, uma
ambição por metas supremas, além de uma violência
frente a toda estupidez, obstinação, injustiça e preguiça;
sacrifica-se pelo que reconhece; perseverança,
inflexibilidade e tenaz força de vontade; uma curiosidade
que não se assusta diante dos enigmas do mundo;
espirito revolucionário, que constrói uma morada para
seus semelhantes ou renova a face do mundo.

• Impotência.
Individuação
• Este processo corresponde ao decorrer natural de uma vida, em que o
indivíduo se torna o que sempre foi. E porque o homem tem consciência, um
desenvolvimento desta espécie não decorre sem dificuldades;
• O método terapêutico da psicologia complexa consiste por um lado numa
tomada de consciência, o mais completa possível, dos conteúdos
inconscientes constelados, e por outro lado numa síntese dos mesmos com a
consciência através do ato cognitivo.
• O conhecimento por si mesmo não basta, nem implica alguma força moral.
Nestes casos vemos claramente como a cura da neurose é um problema
moral.
(JUNG, 2000, p. 49)
Referências

• JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo.


Petrópolis: Vol IXEd. Vozes, 2000.
• NEUMANN, Erich. A grande mãe. São Paulo: Ed. Cultrix, 2006.
-------------------------- Historia da origem da consciência.

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