Caderno Didático - Redação Web
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Caderno Didático
ISBN 978-65-5815-098-5
Recurso Eletrônico
CDU 806.90
Ficha Catalográfica elaborada por Michelle Silva Pinto - CRB 13/622
620
Por conta da paralisação das aulas devido ao COVID 19, e diante do processo
seletivo do Enem, oferecemos este curso de redação para que os alunos do 3º
do ensino médio, do Campus Monte Castelo, pudessem desenvolver as
habilidades sobre como se apropriar do gênero de texto Redação do Enem.
As aulas foram veiculadas no YouTube e, também, no Google Classroom
(https://classroom.google.com/c/ODU3MjI2MzE3NDla?cjc=tkvo2qw) para que
os alunos pudessem acessá-las em seu notebook, tablet ou smartphone, em
qualquer local ou hora.
Deixamos claro aos alunos que para obterem sucesso, era necessário que
fossem responsáveis consigo mesmos e agissem como se estivessem na
escola. A diferença é que o foco seriam eles e não nós.
Agora, apresentamos o fruto deste projeto coletivo no formato digital, com a
pretensão de ampliar seu acesso aos demais alunos de outros campi como
também ao público interessado, desenvolvido pelos professores Língua
Portuguesa do Departamento Acadêmico de Letras, Paula Francineti de Araujo
Tavares e Vilton Soares de Souza, responsáveis pela elaboração dos conteúdos;
Arielson Tavares, Ana Kennya Félix Gutman e Sebastiana de Sousa Reis
Fernandes, elaboradores das atividades; José Emmanoel Ferreira, Maria Goreth
Gomes Moraes e William Pereira dos Anjos, responsáveis pelo suporte técnico;
sob a coordenação da professora Kerllen Miryan Portela de Paiva Norato.
Este Caderno Didático está dividido em unidades de acordo com as cinco
competências requeridas no processo de avaliação de redação do Enem.
A primeira Unidade corresponde à primeira competência, nela revisamos alguns
conteúdos gramaticais como a nova norma ortográfica, regras de pontuação e
tipos de linguagem: formal e informal.
A segunda Unidade corresponde à segunda competência, nela abordamos os
níveis de textualização, apresentamos também os tipos de discurso e as
sequências textuais, mas nos concentramos de fato na infraestrutura do texto e
aos outros aspectos relacionados ao texto dissertativo-argumentativo.
A terceira Unidade corresponde à terceira competência, nela estudamos
pressupostos, tese, tipos de argumentos, as estratégias de argumentação, os
elementos linguísticos que contribuem para argumentação (operadores
argumentativos) e, além disso, o modo de selecionar, relacionar, organizar e
interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de
vista.
A quarta Unidade corresponde à quarta competência, nela estudamos os
recursos coesivos além de outros elementos gramaticais que influenciam na
articulação do texto dando-lhe continuidade e progressão.
A quinta Unidade corresponde à quinta competência, nela analisamos diversos
modelos de propostas de intervenção de temas já abordados em redações
passadas.
E por fim, apresentamos além das considerações finais, mais uma proposta de
redação.
Bom proveito!!!
https://www.youtube.com/watch?v=05C5gHoGDL8&t=11s&ab_channel=IFMACampusS%C3%A
3oLu%C3%ADsMonteCastelo
Sumário
Como planejar? .............................................................................................................................. 07
Unidade I – Fala e escrita, língua padrão e coloquial, gramática normativa ........................... 14
Unidade II – Níveis de textualização ............................................................................................. 46
Unidade III – Construção da argumentação ................................................................................ 92
Unidade IV – Os mecanismos de textualização ........................................................................ 113
Unidade V – Língua como atividade ética responsável ............................................................ 136
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 160
ANEXO ........................................................................................................................................... 161
GABARITOS .................................................................................................................................. 162
Proposta
Como dePlanejar?
Redação
7
O tema deve refletir não exclusivamente o seu “mundo”, mas a relação desse “mundo”
com os demais que estão na sociedade à espera de reflexão e, muitas vezes, de
solução.
Uma vez detectado qual é o tema, você deverá assumir uma das três posições: a) a
favor; b) contra; c) dialético (os prós e contras).
O que você pretende? Qual é o objetivo da sua escrita?
- Você deverá se preocupar, principalmente, em não se perder dentro do tema que lhe
será proposto. Manter-se fiel ao tema, produzir sentidos e mostrar sua relação com a
realidade (veremos na unidade II). A manutenção da unidade do texto e a produção
de sentidos só acontecerão se você souber argumentar (como veremos na unidade
III).
Caso você não conheça os fatos com propriedade, você poderá cair em contradição
e dizer coisa com coisa e seu texto poderá ser incoerente. Por isso, você deve ler
muito, deve estar inteirado sobre tudo que acontece na sociedade em que vive: leia
revistas, leia jornais, assista aos jornais (indicamos o da TV CULTURA, porque incita
sempre ao debate entre pontos de vista diferentes), a filmes de qualidade (históricos,
filosóficos) etc.
A quem dirige a escrita? Quem é o seu leitor?
- Você dirige a sua escrita a uma banca de corretores. Seu texto será avaliado por 1,
2, 3 corretores, e, em algumas vezes, por 4.
Em que situação você e seu leitor se encontram?
- Saiba que as condições de produção de uma redação do ENEM não são das
melhores. Você terá, em um prazo estipulado, de escrever sobre determinado assunto
que você só irá tomar conhecimento lá, na hora. Nesse espaço de tempo, você terá
que fazer um planejamento mental rápido de como irá apresentar o seu texto.
Qual é a situação que envolve você e o seu leitor (corretor)?
- Se o seu desejo for tirar uma nota máxima, você terá que escrever de forma coerente
a partir de um pressuposto claro e bem definido (como veremos na unidade III). Para
tanto, é necessário que você possua além de conhecimento de mundo muita, muita,
muita leitura. O corretor quer saber se você possui as capacidades de linguagem
desenvolvidas com relação à norma culta, à tipologia textual, às estratégias de
argumentação, à coesão e se sua proposta de intervenção é válida ou não.
8
O que você sabe que o seu leitor (corretor) já sabe e, portanto, não precisa
explicitar?
- Ninguém deve escrever intempestivamente. Qualquer afirmação que você faça deve
resultar de um conhecimento partilhado com outras pessoas, senão você poderá
correr o risco de não ser compreendido. Se você não conhece os fatos com
propriedade, pode chegar à incoerência, cair em contradição.
Que gênero textual produzir pensando na situação comunicativa?
- Saiba que há textos que se ocupam de EXPOR com argumentos a solução de um
problema, que explica um fenômeno social (seriam, portanto, expositivos) e outros se
preocupam com EXPOR um ponto de vista sobre a realidade, sempre com base em
argumentos consistentes (seriam, portanto, argumentativos).
Os textos dissertativos podem ser expositivos ou argumentativos. O tipo de texto
solicitado no Enem é o dissertativo-argumentativo, e é este que você deverá
demonstrar à banca corretora que domina.
A dissertação-argumentativa pertence ao tipo de discurso teórico da ordem do EXPOR
e é constituído, predominantemente, por sequências argumentativas (veremos na
unidade II).
A sequência argumentativa tem algumas características que são fundamentais:
- é temática, ou seja, é dominantemente abstrata;
- não se ocupa de narrar um acontecimento nem de descrever um cenário, mas de
oferecer análises, interpretações, avaliações.
- organiza-se segundo uma cronologia, mas com base em relações lógicas:
pertinência, causalidade, implicação, correspondência.
- todos os tempos verbais podem ser utilizados, embora haja predominância do valor
onitemporal, ou presente atemporal, porque tem em vista expor verdades gerais, que
ultrapassam a ideia do aqui e agora.
-usa-se a 3ª pessoa, para se produzir o efeito de objetividade, garantindo menor
subjetividade assim como passar a ideia de neutralidade; mas também, usa-se a 1ª
pessoa do plural para gerar o efeito de aproximação (nós inclusivo: nós podemos
concluir...); para gerar efeito de distanciamento e de produção de uma verdade
científica (nós exclusivo: nós da comunidade científica, os cientistas, verificamos...).
Você verá que embora o discurso teórico e a sequência argumentativa sejam
dominantes no texto dissertativo-argumentativo, este pode não ser constituído
9
puramente por eles; em geral, é mesclado: ora apresenta discurso teórico/sequência
explicativa, ora discurso narração/sequências descritivas e narrativas, ora discurso
teórico/sequência argumentativa, ora discurso teórico/sequência injuntiva etc.
Proposta de redação I
10
europeus, árabes, judeus e orientais que, voluntariamente, decidiram sair de seus
respectivos países, de acordo com a conjuntura econômica e histórica interna e
internacional que influenciaram suas decisões para emigrar. Evidentemente, eles
também sofreram rupturas que teriam provocado alguns traumas, o que explicaria os
processos de construção das identidades particulares como a “italianidade brasileira”,
a identidade gaúcha etc. Mas em nenhum momento a cor de sua pele clara foi objeto
de representações negativas e de construção de uma identidade negativa que,
embora inicialmente atribuída, acabou sendo introjetada, interiorizada e naturalizada
pelas próprias vítimas da discriminação racial.
[...]
MUNANGA, Kabengele. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade
negra no Brasil. In: RAMOS, Marise Nogueira e outros. (Orgs.). Diversidade na
educação: reflexões e experiências. Brasília: Secretaria de Educação Média e
Tecnológica, 2003. p.37.
Texto 2 - Preconceito racial não ficou no passado
Um apelido pejorativo, uma perseguição dentro do shopping e até mesmo uma
agressão física justificados pela cor da pele. Há quem diga que tudo isso é exagero,
coisa do passado, mas em pleno século XXI essa ainda é a realidade que grande
parte da população brasileira enfrenta diariamente. Presos a uma ideia
preconceituosa de negros como seres inferiores, muitas pessoas continuam
praticando, às vezes veladamente, atitudes raciais discriminatórias.
Enquanto a prática persiste, a Lei 7.716, que define os crimes resultantes de
discriminação e preconceito racial, completou 25 anos neste mês [jan. 2014]. Mas nem
mesmo a possibilidade de pena de reclusão tem conseguido frear os incontáveis
exemplos de atitudes racistas em todo o país.
[...] Nos últimos dias, porém, o debate tem voltado à tona, graças aos chamados
“rolezinhos” – encontros agendados pelas redes sociais que têm reunido jovens em
shoppings por todo o país. Em São Paulo, liminares da Justiça autorizaram os
estabelecimentos a proibir a entrada dos grupos, como ocorreu anteontem em
Contagem, na região metropolitana [de Belo Horizonte]. Menores só foram liberados
mediante a apresentação de documentos e acompanhados de pais ou responsáveis.
Na capital mineira, muitos adolescentes alegam ter sido revistados em função de sua
aparência. A polêmica ganhou corpo e foi noticiada, na semana passada, pelo jornal
11
francês “Le Monde”, que criticou o fato de o brasileiro se orgulhar de não ser racista,
mas fazer piadinhas com negros.
[...]
MUZZI, Luiza. Preconceito racial não ficou no passado. O Tempo, Belo Horizonte, 20
jan. 2014. Extraído do site: <www.otempo.com.br/cidades/ preconceito-racial-
n%C3%A3o-ficou-no-passado-1.775997>. Acesso em: 3 jun. 2014.
Texto 3 - ‘Somos todos primatas’: sobre a ciência, a polêmica e o racismo
A confusão entre primatas, homens e macacos é tão antiga quanto a própria Teoria
da Evolução, de Charles Darwin. Embora muitas vezes ela ocorra por falta de
conhecimento científico, outras tantas ela é evocada com o simples intuito de causar
confusão e polêmica. Há casos também em que a ideia é apenas ser racista mesmo,
como no caso do torcedor que jogou uma banana para o jogador Daniel Alves.
A campanha “Somos todos macacos”, criada por uma agência de publicidade
justamente para que os jogadores de futebol respondessem aos repetidos casos de
racismo em campo, foi lançada, aparentemente, em defesa de uma boa causa.
“Somos todos iguais”, “não há diferença entre negros e brancos”, parecia
evocar o seu slogan, que foi imediatamente apropriado por várias celebridades
posando com bananas e replicado pelas mídias sociais.
Muita gente, no entanto, logo protestou. “Somos todos humanos”, bradou a colunista
do GLOBO, Flávia Oliveira, em seu blog. “Eu não sou macaco”, muitos contestaram
nas redes sociais. E eles têm razão. E, não, não se trata de uma filigrana.
Os homens e os macacos (chimpanzés, orangotangos, gorilas e bonobos) são
mamíferos pertencentes à ordem dos primatas, que, por sinal, inclui ainda os lêmures.
Somos, portanto, todos primatas. Mas nem todos são macacos, alguns de nós somos
humanos. E há ainda os lêmures, não se esqueçam. A despeito das boas intenções
da campanha, argumentam muitos, quem sempre foi chamado de macaco da forma
mais pejorativa e racista possível, prefere não fazer eco à uma campanha que pode
acabar por confundir mais do que esclarecer. [...]
JANSEN, Roberta. ‘Somos todos primatas’: sobre a ciência, a polêmica e o racismo.
O Globo, Rio de Janeiro, 1 maio 2014. Extraído do site:
<http://oglobo.globo.com/sociedade/ somos-todos-primatas-sobre-ciencia-polemica-
o-racismo-12350519>. Acesso em: 3 jun. 2014.
Instruções:
12
O texto deve ser escrito à tinta e em até 30 linhas. A redação que apresentar cópia
dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas
desconsiderado para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “insuficiente”; fugir ao tema ou
que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo; apresentar proposta de
intervenção que desrespeite os direitos humanos; apresentar parte do texto
deliberadamente desconectada com o tema proposto.
https://www.youtube.com/watch?v=EALyomfCtCs&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oLu%C3%
ADsMonteCastelo
Leituras Complementares
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2024
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action&co_obra=1723
13
UNIDADE I – FALA E ESCRITA, LÍNGUA PADRÃO E COLOQUIAL,
GRAMÁTICA NORMATIVA
Nesta Unidade, iremos revisar alguns fatos da língua que quase todo falante do português
comete com frequência na fala (formal ou informal), mas que, por imposição social, os
corretores de redação do ENEM são orientados a considerá-los como inaceitáveis na escrita,
já que este exame exige como primeiríssimo critério o uso da variedade padrão.
O uso da língua, tanto na fala quanto na escrita, variará de acordo com a situação de interação:
roda de amigos, sala de aula, reunião de trabalho, entrevista de emprego, apresentação de
programa de TV, escrita de relatório, Enem etc. Essa adequação é essencial para a efetiva
interação entre quem escreve/fala e quem ler/escuta.
Portanto, cabe ao escritor/falante, a partir da situação de interação ou de comunicação na
qual se encontra, tomar um conjunto de decisões: escolher o gênero de texto mais adaptado
às características da situação comunicativa (no caso do Enem, o texto dissertativo-
argumentativo); e os recursos linguísticos que comporão o seu texto (tipos de discursos,
sequência, os mecanismos de textualização e os mecanismos enunciativos).
Como o objetivo desta unidade é o desenvolvimento da competência 1, “demonstrar
conhecimento da forma culta da língua”, relacionado à linguagem e à gramática, e como nosso
objeto de estudo é o texto escrito dissertativo-argumentativo, estudaremos, primeiramente,
algumas propriedades que diferenciam a fala da escrita, língua-padrão da coloquial e
gramática normativa.
14
Fala X Escrita
A língua escrita tem uma desvantagem em relação à língua falada: ela não dispõe de
recursos como expressões faciais, entonação, gestos, o que enriquece a língua oral.
Em um bom texto escrito, não podemos gaguejar e muito menos deixar o pensamento
pela metade, simplesmente porque o seu interlocutor, no caso, o corretor de sua
redação, não estará face a face com você, para que possa pedir para que você repita,
ou se explique, ou seja mais claro.
Do mesmo modo, na escrita as sentenças não precisam ser repetidas duas ou três
vezes – basta dar a informação uma vez, porque o que está escrito permanece no
papel, a palavra não se vai com o vento como acontece na linguagem oral.
Fala Escrita
Espontânea Monitorada
15
Língua Padrão
Gramática Normativa
Segundo Bagno, as gramáticas foram escritas para descrever e fixar como regras e
padrões as manifestações linguísticas usadas espontaneamente pelos escritores
considerados dignos de admiração, modelos a ser imitados. Ou seja, a gramática
normativa é decorrência da língua, é subordinada a ela, depende dela.
Porém, ao longo do tempo aconteceu uma inversão da realidade histórica: a língua
passou a ser subordinada e dependente da gramática. Ou seja, o que não está na
gramática normativa, cujos dogmas e cânones têm de ser obedecidos à risca (formas
como cujo, ajudá-lo, o uso de r nas formas verbais do infinitivo: fazer, correr, ou do s
em outras formas verbais: vamos, corremos; “não é português”.
16
O erro é uma noção, portanto, normativa, que diz respeito à obediência às regras da
chamada língua-padrão que ninguém usa o tempo todo e em todas as situações.
Mesmo assim, a gramática passou a ser instrumento de poder e de controle social,
de exclusão cultural, e seu domínio tornou-se indispensável para a inclusão social
das faixas da população economicamente menos favorecidas. E já que ela é um
poder, você precisa dominá-la para se defender dos que a dominam e têm os meios
de comunicação na mão, de acordo com Faraco.
Mas saiba, que a língua padrão não é, em si, nem melhor nem pior que a nossa fala
de todos os dias. Ela é simplesmente uma convenção, que se estabeleceu ao longo
dos séculos por todo um sistema de comunicação da escrita que se sustenta por esse
controle social e se reproduz pelo aprendizado sistemático dado nas escolas. Sendo
a mais cobrada em exames de qualquer natureza, o ENEM, por exemplo, no qual
desejamos que obtenha sucesso.
Saiba ainda, que para ler e escrever, é preciso ler e escrever, e não, decorar todas as
numerosas e confusas regras gramaticais, muitas vezes contraditórias; nem fazer
análise sintática e morfológica de frases soltas, artificiais que não contribuem para
nada.
É mais útil e relevante aprender a usar a língua, aprender a refletir sobre os fenômenos
da língua e da linguagem, a observar as regularidades do sistema linguístico, a
compreender como ele funciona segundo regras, que contribuem para construção de
um texto coerente e coeso, e não aprender sobre a língua.
Lembrando que, quanto mais você ler, mais fácil se tornará seu relacionamento com
a escrita. Ler bem é a primeira tarefa de quem quer escrever bem. Portanto, sugerimos
a leitura atenciosa de todos os textos e a realização de todas as tarefas que iremos
lhe disponibilizar nesta unidade.
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Pontuação
Pontuar é Preciso
Conclusa Inconclusas
Relativas à noção de Algo ainda não terminado,
finalização, algo já terminado,
que necessita de
concluído.
conclusão.
19
Os símbolos e seus usos em cada situação
Vamos, agora, discutir cada sinal de pontuação que você relembrou na seção anterior
e saber os lugares que eles ocupam dentro de uma frase ou texto.
Ponto (.)
20
Dois-Pontos (:)
Reticências (...)
21
Parênteses ( )
Ponto de Exclamação ( ! )
Ponto de Interrogação ( ? )
22
b. Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação.
Ex.: – Quem ganhou na loteria?
– Você.
– Eu?!
Vírgula ( , )
É usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os
termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou
oração, não formam uma unidade sintática. Ex.: Lúcia, esposa de João, foi a
ganhadora única da Sena. Quando há uma relação sintática entre termos da oração,
não se pode separá-los por meio de vírgula. Vamos conhecer alguns desses casos?
a. predicado de sujeito.
Ex.: José, comprou um presente para seu pai. (errado)
José comprou um presente para seu pai. (correto)
b. objeto de verbo.
Ex.: Ela disse, que ligaria ontem. (errado)
Ela disse que ligaria ontem. (correto)
c. adjunto adnominal de nome.
Ex.: Nosso velho, mestre sempre nos voltava à mente. (errado)
Nosso velho mestre sempre nos voltava à mente. (correto)
d. complemento nominal de nome.
Ex.: A vitória, de um é a conquista de todos. (errado)
A vitória de um é a conquista de todos (correto)
e. predicativo do objeto do objeto.
Ex.: Os policiais pediram calma, absoluta. (errado)
Os policiais pediram calma absoluta. (correto)
23
f. oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem
apareça na ordem inversa).
Ex.: Interessa-me, que você compareça. (errado)
Interessa-me que você compareça. (correto)
a. separar o vocativo.
Ex.: Maria, traga-me uma xícara de café.
A educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.
b. separar alguns apostos.
Ex.: Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem.
c. separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado.
Ex.: Chegando de viagem, procurarei por você.
As pessoas, muitas vezes, são falsas.
d. separar elementos de uma enumeração.
Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestres-de-obras.
e. isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo.
Ex.: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para acertar a
viagem.
f. separar conjunções intercaladas.
Ex.: Não havia, porém, motivo para tanta raiva.
g. separar o complemento pleonástico antecipado.
Ex.: A mim, nada me importa.
No complemento pleonástico antecipado, há uma repetição de ideias, por isso
denominado ‘complemento pleonástico’. Observe que há uma redundância no que foi
dito; quando isso ocorre, o complemento é isolado por vírgula.
Ex.: Estas histórias, não as reconheço como as melhores de Clarisse.
h. isolar o nome de lugar na indicação de datas.
Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.
24
i. separar termos coordenados assindéticos; ou seja, separar termos que exercem a
mesma função sintática na oração, caso não estejam ligados por conjunção.
Ex.: “Lua, lua, lua, lua, por um momento meu canto contigo compactua...” (Caetano
Veloso)
j. marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo).
Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir).
Ponto e vírgula ( ;)
Travessão ( - )
25
Ex.: O filho perguntou:
– Pai, quando começarão as aulas?
b. indicar mudança do interlocutor nos diálogos.
Ex.: – Doutor, o que tenho é grave?
– Não se preocupe, é uma simples infecção. É só tomar um antibiótico e estará bom.
c. unir grupos de palavras que indicam itinerário.
Ex.: A rodovia Belém–Brasília está em péssimo estado.
Também pode ser usado em substituição à virgula em expressões ou frases
explicativas. Ex.: Xuxa – a rainha dos baixinhos – será mãe.
Aspas ( “ “ )
26
https://www.youtube.com/watch?v=EALyomfCtCs&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oLu%C3
%ADsMonteCastelo
ATIVIDADES
ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO
As questões que lhes apresento são itens de prova do ENEM, portanto, muita
atenção para respondê-las.
a) Não tinha feito a prova no dia regular nem tão pouco a substitutiva.
b) Afim de que as soluções pudessem ser adotadas por todos, José de Arimateia havia
distribuído cópias do relatório no dia anterior.
c) Porventura, meu Deus, estarei louco?
d) Assinalou com um asterístico a necessidade de notas informativas adicionais.
e) Com frequência, os médicos falam de AVC, Acidente Vascular Celebral. Por isso,
os próprios pacientes já estão familiarizados com esse termo.
27
a) Auto-falante, bandeija, degladiar, eletrecista.
b) Advogado, frustado, estrupo, desinteria.
c) Embigo, mendingo, meretíssimo, salchicha.
d) Estouro, cataclismo, prazeiroso, privilégio.
e) Aterrissagem, babadouro, lagarto, manteigueira.
28
d) se não - senão - a fins - afim
e) senão - senão - afins - a fim
29
a) vêm - contabiliza - à - há
b) vem - contabilisa - à - há
c) vêm - contabilisa - a – à
d) vêm - contabiliza - à - a
e) vem - contabiliza - a – há
30
13) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche
corretamente as lacunas da frase apresentada.
A argumentação foi ....... ......, mas ainda assim não convenceu o ............ .
a) zelosamente - construida - júri.
b) zelozamente - construída - juri.
c) zelosamente - construída - júri.
d) zelosamente - construida - juri.
e) zelozamente - construída - júri.
31
a) alviverdes - troféis.
b) alviverde - troféus.
c) alvis-verdes - troféus.
d) alviverdes - troféus.
e) alviverde - troféis.
32
Crase
Caro aluno, mais importante do que decorar as regras da crase é compreender por
que acontece a crase.
Crase é a fusão do a preposição (exigido pelo nome ou pelo verbo) + a (s) [artigo
feminino - que antecede palavras femininas ou a inicial dos pronomes demonstrativos
AQUELE (S), AQUELA (S), AQUILO].
Exemplos: Vou à praia todos os finais de semana.
Vou àquela cidade do sul.
33
Antes de palavras femininas no plural antecedidas pela preposição,
a não ser que estejam determinadas:
Não podemos ir a praias desertas.
Não podemos ir às praias desertas do Nordeste. (a -preposição + as – artigos
definidos)
Antes de numerais (exceto horas):
O mercado fica a quinhentos metros daqui.
Você deve chegar às dez horas.
Nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas: à tarde, à esquerda, à luz, à
frente, à custa de, à medida que, à proporção que,
À custa de muito trabalho, eu comprei uma linda casa.
À parte de tudo o que foi dito, os fatos negam a teoria.
O país é como um barco à deriva.
Antes da indicação exata e determinada de horas:
Todos os dias, às seis da manhã, eu acordo para trabalhar.
IMPORTANTE!
Não ocorre crase depois das preposições desde, para, após e entre.
Até as seis horas todos estarão livres.
Para as pessoas de boa fé, tudo parece justo.
Não ocorre crase diante da palavra terra como antônimo de bordo e
casa como sinônimo de lar.
Desceu a terra firme assim que o navio aportou.
OBS: Se terra estiver determinada ou indicando planeta, usa-se a crase:
Chegou à terra dos seus pais.
Desceu à Terra após navegar pelo universo).
Crase facultativa (pode ou não utilizar):
Antes de pronomes possessivos:
Resisti à minha tentação.
Antes de nomes próprios femininos:
Dei presentes a Letícia.
34
Em se tratando de personalidades ilustres, a norma padrão dispensa o artigo
definido.
Referiu-se a Clarice Lispector.
ATIVIDADES
CRASE
Leia o texto abaixo e responda à questão 1:
Por Redação O Sul/ 29 de junho de 2019
35
Do jeito que está, a tarde funciona como objeto direto. Ela completa o sentido do verbo
dar. A gente dá alguma coisa — dinheiro, presente, boa notícia. No caso, a pessoa dá
a parte do dia em que o Sol começa a voltar pra casa. Belo e poético presente. Mas o
receptor se dispõe a abrir mão dele. Prefere trocá-lo por algo que não está expresso,
mas apenas subentendido:
Se você me desse à tarde, eu alegremente a trocaria por uma crase.
À tarde, assim, com acentinho grave, muda o enredo da novela. Em vez de
complemento romântico, torna-se adjunto adverbial de tempo. O objeto fica em aberto,
entregue ao gosto do freguês. Marcelo Abreu comentou: “Como se diz no Maranhão,
é crase cheia de saliência. Com ela, a história mudaria completamente”.
Dois
O amor bate à porta
E tudo é festa.
O amor bate à porta
E nada resta.
(...)
a) A afirmação do jornalista Marcelo Abreu a respeito dos sentidos assumidos pela frase,
caso a crase fosse empregada, considerando a expressão do falar maranhense “cheia
de saliência”, tem relação com a possível conotação sexual da expressão.
b) O trecho “A crase não foi feita pra humilhar ninguém.” A frase de Ferreira Gullar
fez escola. José Cândido de Carvalho adaptou-a para o sinalzinho de pontuação
responsável por um mar de vítimas. “A vírgula”, escreveu ele, “não foi feita pra
humilhar ninguém.” faz referência à dificuldade que os usuários da língua enfrentam
com respeito aos sinais de pontuação, devido às inúmeras regras.
c) Na quadra (texto 2), o piauiense, Cineas Santos, também brinca com as possibilidades
da língua. Os efeitos de sentido provocados pela presença ou ausência,
respectivamente, do sinal indicativo de crase nos versos se explicam pelo uso do
termo a porta como complemento verbal e à porta como adjunto adverbial.
36
d) No texto 2, os efeitos de sentido provocados pela presença ou ausência,
respectivamente, do sinal indicativo de crase nos versos se explicam pelo uso do
termo a porta como adjunto adverbial e à porta como complemento verbal.
e) A legenda da foto consiste em uma dúvida que costuma humilhar os usuários: “Vou
a Brasília? Vou à Brasília? Nunca sei”. Seguindo a norma padrão, não haveria crase
nesse caso.
a) F, F, V, V, F
b) F, F, F, V, V
c) F, V, F. F, V
d) V, V. F, F, V
e) V. V. F, F, V
37
3. No conto Missa do Galo, Machado de Assis faz vários usos do sinal indicativo
de crase. Assinale a opção em que a crase NÃO se justifica pela mesma razão
utilizada no trecho a seguir:
“Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao
teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta,
e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na
manhã seguinte. Mais tarde é que soube que o teatro era um eufemismo em ação.”
a) Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu
já devia estar em Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver "a missa do
galo na Corte". A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me na sala da
frente, vestido e pronto.
b) Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia.
Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao
teatro, pedi-lhe que me levasse consigo.
c) Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene,
enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artagnan...
d) ... trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras.
e) Preferia a solidão às falsas companhias.
38
4. A crase da tirinha de Hagar, o Horrível:
39
Em qual das alternativas o uso da crase está de acordo com a norma padrão da
língua portuguesa?
Texto 1
De olho no combate às fake news
O que é fake news? De que forma lidam com a questão atores fundamentais,
como partidos, juízes, mídias sociais, legisladores, veículos tradicionais e agências de
checagem? Que impacto a ação desses atores pode causar à liberdade de
expressão? Esses são alguns dos temas que serão discutidos neste espaço, durante
a atual campanha eleitoral, por meio de artigos semanais produzidos pela equipe do
Intervozes.
Fonte: https://congressoemfoco.uol.com.br/de-olho-no-combate-as-fake-news/
Texto 2
40
a) Em De olho no combate às fake news a crase se justifica pela fusão do a preposição,
exigida pelo termo combate e o artigo as, que antecede o termo notícias falsas
(tradução de fake news), estando, portanto, de acordo com a regra.
b) No segundo texto, a ausência da crase configura desvio da norma padrão.
c) No segundo texto, a ausência da crase não configura desvio da norma padrão, porque
o termo fake News é usado em sentido genérico.
d) Que impacto a ação desses atores pode causar à liberdade de expressão? A crase
nessa pergunta se deve à preposição exigida pelo verbo e a artigo definido feminino
aceito pela palavra liberdade.
e) Tanto a crase na manchete do primeiro texto quanto a do segundo estão em acordo
com a norma padrão.
Fonte: https://miro.medium.com/max/1400/1*Y1yZMkhp3pQYsiZzPI0y-w.png
41
e) Se o termo sociedade fosse trocado por sociedades modernas, haveria crase,
facultativamente, ficando assim: “... danos às sociedades modernas” ou assim:
“danos a sociedades modernas”
Acabada a pregação, voltou o Capitão, com todos nós, para os batéis, com nossa
bandeira alta. Embarcamos e fomos todos em direção à terra para passarmos ao
longo por onde eles estavam indo, na dianteira, por ordem do Capitão Bartolomeu
Dias em seu esquife, com um pau de uma almadia que lhes o mar levara, para lho
dar; e nós todos, obra de tiro de pedra, atrás dele. Como viram o esquife de
Bartolomeu Dias, chegaram-se logo todos à água, metendo-se nela até onde mais
podiam. Acenaram-lhes que pousassem os arcos; e muitos deles os iam logo pôr em
terra; e outros não. ...
O uso da crase, no excerto, em relação à norma padrão vigente:
I. Está correto, pois a palavra terra está sendo usada como antônimo de bordo.
II. Está incorreto, pois a palavra terra está sendo usada como antônimo de bordo.
III. Está sujeito à mesma norma do trecho “chegaram-se logo todos à água”.
a) Estão corretas as afirmações I e II
b) Estão corretas as afirmações I, II, III
c) Somente a afirmação II está correta
d) Somente a afirmação I está correta
e) Somente a afirmação III está correta
a) “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora
conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.” I Coríntios
capítulo 13 versículo 12 na Bíblia Online. ( )
b) “E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.”
Olavo Bilac ( )
42
c) “Quando à luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar”
Tom Jobim ( )
A) C, C, E, C, C
B) C, E, C, C, C
C) E, C, C, E, C
D) E, E, E, E, E
E) C, C, E, C, E
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Construção Frasal
Frases
a) longa
Em visto do fato de já ter dado notícias dos problemas existentes em nível de relatório,
mais da metade dos representantes efetivo deste comitê, decidimos só entregar o
referido relatório neste presente dia, apesar do fato de apresentar evidências
concretas e suas conclusões mostram haver sido consideravelmente verdadeiras.
Uma frase de boa extensão evita que você se perca. Seja objetivo.
Prefira
Por já ter notificado os problemas do relatório, a maioria dos representantes deste
comité decidiu só entregá-lo hoje, embora apresente evidências e conclusões
verdadeiras.
b) invertidas
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Prefira a ordem direta (sujeito + verbo + complemento)
Prefira
Eu estava perdida em São Paulo, mesmo consultando o mapa da cidade, quando
você me telefonou.
c) sonoras
Prefira
Não se realizará mais amanhã a caminhada que os jornais divulgaram ontem.
d) ambíguas
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Também não abuse do que em suas frases. Isso torna o estilo pesado. Há muitos
recursos linguísticos para evitá-lo. Se for uma frase de boa extensão (duas ou três
linhas), repeti-lo mais de uma vez é exagerado. Há sempre uma forma de se chegar
à frase enxuta.
No decorrer dos últimos anos a violência doméstica cresceu muito, casos de pais que
bateram tanto em seus filhos que tiveram que ficar internados pela quantidade de
hematomas e feridas deixadas pelos pais e que em muitas vezes leva a morte da
criança.
Reescrita
No decorrer dos últimos anos, a violência doméstica cresceu muito. Sabe-se de casos
de pais que bateram tanto em seus filhos, e por esta razão foram internados devido à
quantidade de hematomas e feridas causadas pela agressão; em outros casos, muitas
vezes, levaram à morte da criança.
e) poluídas
Qualquer um, qualquer pessoa poderia ter ajudado. Com gestos simples. Um
cobertor? Abrigo? Ajuda? Tantas formas de ajudar, mas tudo passa de comoção
instantânea.
Reescrita
Qualquer um, qualquer pessoa poderia ter ajudado, com gestos simples: oferecendo
um abrigo ou uma ajuda. São tantas formas de ajudar, mas tudo não passa de
comoção instantânea.
46
f) complexas e/ou prolixas
É lamentável o quanto isso se tornou banal, ver uma pessoa, no chão, suja,
intuitivamente asseando ajuda.
Reescrita
É lamentável o quanto isso se tornou banal, ver uma pessoa, no chão, suja,
humildemente pedindo ajuda.
47
Tipos de Discursos
Um dia o rei ficou surdo. Não como uma porta, mas como uma janela de dois
batentes. Ouvia tudo do lado esquerdo, do direito não ouvia nada.
A situação era incômoda. Só atendia aos Ministros que sentavam de um lado do
trono. Aos outros, nem respondia. E até mesmo de manhã, se o galo cantasse do
lado errado, Sua Majestade não acordava e passava o dia inteiro dormindo.
Foi quando mandou chamar o gnomo da floresta, e o gnomo, obediente, apareceu
na corte. Veio voando com suas asinhas, tão pequeno que, embora todos estivessem
avisados da sua chegada, quase o confundiram com um inseto qualquer.
(Marina Colasanti. As notícias e o mel. In: Mais de 100 histórias maravilhosas. São
Paulo: Global, 2015.
49
RELATO INTERATIVO - Aparece como tipo principal de gêneros de texto como
biografia, autobiografia, reportagens, notícia etc. Desenvolve-se em uma situação
de interação que pode ser real (e originalmente oral) ou posta em cena como o
romance, crônica, conto ou peça de teatro.
Caracteriza-se pela presença de:
- frases declarativas (afirmativas e negativas);
- 2 tempos verbais: pretérito perfeito e imperfeito, às vezes, associados às formas
verbais do mais-que-perfeito, futuro do presente e pretérito;
- de organizadores temporais (advérbios, locuções adverbiais, conjunções
subordinativas adverbiais de tempo) e espaciais (advérbios e locuções adverbiais).
Pesquisadores da universidade Yale, nos EUA, fizeram com que células do cérebro
de porcos voltassem a funcionar horas após a morte. Não foi uma ressureição plena.
Não foi possível restabelecer, por exemplo, impulsos elétricos entre os neurônios,
algo essencial para devolver a consciência aos suínos. Mesmo assim, as células
recuperaram seu metabolismo, respondendo a estímulos – algo inédito. Para
alcançar esse efeito, os cientistas criaram um sistema chamado BrainEx, que
bombeava um fluido artificial no cérebro dos porcos já mortos. Esse fluido fazia o
papel de sangue, abastecendo as veias com oxigênio, açúcar e outros componentes
essenciais. Foram analisados cérebros de 32 porcos, que haviam sido abatidos
quatro horas antes para servir à indústria alimentícia [...]
(8 SUPER JULHO 2019)
50
- numerosas frases não declarativas (exclamativas, interrogativas e imperativas);
- unidades dêiticas espaciais (aqui, lá...); dêiticos temporais (agora, daqui a pouco);
ostensivos (isso, aí).
51
Gênero de texto notícia
Em relação aos grandes símios, humanos parecem filhotes: têm menos músculos e
rosto arredondado. O mesmo acontece com cachorros em relação a lobos – e com
todos os animais domésticos. Aparentemente, não é coincidência. Um estudo da
Universidade de Barcelona revelou uma alteração do gene BAZ1B no Homo sapiens
que não acontecia entre neandertais nem grandes macacos. Esse gene é relacionado
à Síndrome de Williams, que gera traços excessivamente infantis. Conclusão: a
evolução nos programou para parecermos mais amigáveis.
(18 SUPER JANEIRO 2010)
52
As sequências textuais (ou tipologias
Textuais)
53
Personagens – um protagonista (personagem principal) e um antagonista
(personagem que tenta impedir o protagonista de realizar suas ações). Em algumas
histórias, protagonistas e antagonistas são grupos. Ao lado deles, agem os
personagens secundários (coadjuvantes).
Enredo ou trama: os acontecimentos.
Tempo/espaço: quando e onde se passa os acontecimentos.
A narrativa ficcional apresenta as seguintes fases:
Situação inicial (de exposição, ou de orientação) – é apresentado um “estado de
coisa”, estado esse que pode ser considerado “equilibrado”, até que no decorrer da
história surge uma perturbação.
Complicação (de desencadeamento, de transformação) – Por algum motivo,
acontece alguma coisa causando um desequilíbrio (uma perturbação) ou algum
personagem toma uma atitude que dará origem a transformações do estado de
equilíbrio inicial, expressas em um ou mais episódios. Encadeados, esses episódios
se sucedem, criando-se uma tensão, o clímax, o ponto da narrativa em que a ação
atinge seu momento crítico, tornando inevitável o desfecho;
Ações – são os acontecimentos desencadeados por essa perturbação que levam a
uma redução efetiva da tensão.
Situação final – explicita o novo estado de equilíbrio obtido por essa resolução. O
equilíbrio inicial é restabelecido, podendo haver espaço para uma avaliação, em que
se propõe um comentário relativo ao desenrolar da história e cuja posição parece ser
totalmente livre; e para moral, em que se explicita a significação global atribuída à
história, aparecendo geralmente no início ou no fim da sequência.
Narrativa real (script narrativo) – quando o emissor visa a relatar os fatos ocorridos
(notícia, reportagem, diário de viagem, biografia, autobiografia, memorial, relatório, ata
etc.).
SEQUÊNCIA EFEITO PRETENDIDO SCRIPT NARRATIVO
Relatar os fatos Caracteriza-se pela
ocorridos (notícia, presença dos seguintes
NARRATIVA REAL reportagem, diário de elementos: o quê? (o
viagem, biografia, fato);quando? (tempo
autobiografia, memorial, em que o fato ocorreu);
relatório, ata etc.). onde? (o lugar onde o
54
fato se deu); com
quem? (quem observou
ou participou do fato);
por quê? (o motivo que
determinou o fato);
como? (o modo como se
deu o fato); desfecho
(as consequências
provocadas pelo fato).
55
Injuntiva – aparece quando o emissor visa a fazer o destinatário a agir de um certo
modo ou ir a uma determinada direção (conselho, receita, manual etc.).
56
Expositiva/explicativa: aparece quando o emissor visa a resolver um problema.
Explica ou interpreta ideias, sem tentar convencer o leitor. Nesse caso, o texto é
somente informativo.
57
A sequência argumentativa preocupa-se em explicar, analisar, classificar, avaliar a
realidade do mundo. É o tipo de sequência predominante nos discursos teóricos
(científicos, filosóficos, jornalísticos, publicitários etc.).
A sequência argumentativa tem algumas características que lhe são fundamentais:
são temáticas, ou seja, são predominantemente abstratas; não se ocupam de narrar
um acontecimento nem de descrever um cenário, mas de oferecer análises,
interpretações, avaliações por meio, muitas das vezes desses segmentos. O texto se
organiza com base em relações lógicas: pertinência, causalidade, implicação,
correspondência.
Na próxima aula, estudaremos o texto dissertativo-argumentativo para que você
possa conhecer como este tipo de texto se organiza.
https://www.youtube.com/watch?v=cQG8NB8gEZ4&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oLu%
C3%ADsMonteCastelo
ATIVIDADES
58
Texto 2
“A depressão se manifesta de muitas maneiras diferentes. É um distúrbio do humor,
de modo que o estado de ânimo é afetado, mas a maneira como ele é afetado varia.
Alguns sentem um desespero inabalável; outros sofrem de intensa ansiedade, o que
causa sentimentos de ruína iminente e alarme. Outras pessoas não têm humor algum,
apenas se sentem vazias e insensíveis, não importa o que esteja acontecendo.
Algumas (na maioria homens) se tornam constantemente raivosas e inquietas”
(BURNETT, Dean. O cérebro que não sabia de nada: o que a neurociência explica sobre o misterioso,
inquieto e totalmente falível cérebro humano. São Paulo: Planeta, 2018).
Texto 3
59
Texto 4
Texto 5
60
Texto 6
Texto 7
“Abriu a porta e deu o último passo. Mais uma vez ela para, vira-se, e uma rajada de
vento sopra cabelos no rosto. O edifício lá está, opressivo apesar da fachada de vidro.
Tanto vidro, pensou Lynn há seis meses, quando viu o edifício pela primeira vez, tanto
vidro, e essas silhuetas de pássaros coladas nele: por que não paredes, pedra,
concreto? Ou grades? O ponto de ônibus não é longe dali. Um táxi seria caro demais.
E agora? Ela sabe para onde e não sabe. Sabe o que deve ser feito e não sabe. Segue
o caminho prescrito. Põe a mochila nos ombros, no ponto de ônibus tem que se sentar
na ponta do banco, caso contrário o espaço às suas costas não seria suficiente. Olha
para seus tênis, puídos, ergue os olhos, no ponto de ônibus pessoas que ela não
conhece estão à espera. Um homem suga vez por outra seu cigarro. Outro anda de
cá para lá em passo de gangorra. Uma velha estuda os itinerários no quadro de vidro
usando o dedo como auxiliar de leitura. Nos pontos de ônibus Lynn gostava de jogar
seu joguinho: como seria se? Imaginou: como seria se ninguém me notasse. Se as
pessoas não vissem ao redor de mim, vissem através de mim. Como se eu não
existisse. Seria ao mesmo tempo belo e horripilante” (ORTHS, Markus. A Camareira. Porto
Alegre: LPM, 2008).
Texto 8
Garibalda
Outro dia fui visitar uma escola e coincidiu com a hora do recreio.
Me lembrei dos meus tempos colegiais. Na hora do recreio, era uma barulheira só.
Meninos e meninas correndo, jogando bola, brincando de amarelinha e de bandeira,
61
trocando figurinhas, jogando a brincadeira das pedras, grupos lanchando e
conversando, alguns solitários, carentes de amizade.
Havia também grupinhos de jovens que se dedicavam a zombar dos outros, sobretudo
daqueles que tivessem alguma característica física ou psicológica diferente da
maioria. Naquela época não sabia, mas hoje sei que tais práticas, denominadas de
bulling, era a forma cruel e inconsequente que alguns jovens adotavam para se
autoafirmarem perante os colegas de turma, geralmente liderada por algum jovem mal
resolvido ou mal-amado.
Tive uma colega de classe que eu gostava de conversar porque ela era cheia de
tiradas engraçadas e eu me divertia muito em sua companhia. Como eu, fazia parte
do time de handbol da nossa série. Porém, por ser mais alta que todas e possuir um
cabelo um tanto diferente do padrão das outras meninas – hoje talvez fosse candidata
a top model –, era estigmatizada e motivo de chacota por alguns. Garibalda. Esse foi
o apelido que deram à coitada, porque na época havia um personagem fantasiado de
pássaro grande e desengonçado em um programa infantil na tevê com esse nome.
Resultado é que minha colega sofreu e, creio, ficou um tanto perturbada. Me parece
que, para superar a dificuldade, ela resolveu se reinventar: deixou de andar comigo,
abandonou o time, mudou o cabelo e se aliou a uma turma meio pesada. E de
hostilizada, ela passou a hostilizar colegas, a fumar, a achar tudo ridículo, a falar com
um sotaque estranho, enfim, tornou uma rebelde sem causa, tal qual eram os seus
zombadores.
Hoje não sei por onde anda essa minha colega, mas gostaria de revê-la. Espero que
ela tenha superado aquele momento difícil de sua juventude e tenha resgatado a
beleza e o bom humor que eu tanto admirava (PESSOA, Simone. Metacrônica. Fortaleza:
Armazém da Cultura, 2013).
Texto 9
Primeira parte
(1452- 140)
O pai
Quatro anos antes do seu nascimento, o pai, ser Piero, partiu em busca da glória e da
fortuna na capital toscana. No ano em que nasce seu filho natural, ele desposa uma
jovem de dezesseis anos, Albiera, bonita e muito bem dotada, que aos poucos será
62
deixada em Vinci na casa do pai. Como não consegue ter filhos, ela transfere seus
carinhos a Leonardo, à espera do dia em terá o seu. Porém, ela morrerá ao chegar
esse dia. Teria sido ela que inspirou a inacreditável juventude da Sant’Ana, reflexo
das estranhas relações de Leonardo com o trio de mulheres – mãe, avó, madrasta
que cuidam dele? (CHAUVEAU, Sophie. Leonardo da Vinci. Porto Alegre: LPM, 2010).
Texto 10
William Shakespeare nasceu e morreu em Stanfor-upon-Avon, Inglaterra, Poeta e
dramaturgo, é considerado um dos mais importantes autores de todos os tempos.
Filho de um rico comerciante, desde cedo Shakespeare escrevia poemas. Mais tarde
associou-se ao Globe Theatre, onde conheceu a plenitude da glória e do sucesso
financeiro. Depois de alcançar o triunfo e a fama, retirou-se para uma luxuosa
propriedade em sua cidade natal, onde morreu. Deixou um acervo impressionante, do
qual destacam-se clássicos como Romeu e Julieta, Hamlet, A megera domada, O rei
Lear, Macbeth, Otelo, Sonho de uma noite de verão, A tempestade, Ricardo III, Júlio
César, Muito barulho por nada etc.
(Shakespeare, William. Bem está o que bem acaba, Porto Alegre: LPM, 2016)
Texto 11
63
Texto 12
PRIMEIRO ATO
Cena 1 – NO PALÁCIO DO CONDE DE SOSSILLION
Entram o jovem Bertram (Conde de Rossillion), sua mãe (a Condessa), Helena e
Lorde Lafew, todos de preto.
Condessa – Ao entregar o meu filho para o mundo, estou enterrando um segundo
marido.
Bertram – E eu, ao partir, minha mãe, choro uma vez mais a morte de meu pai. Mas
preciso acatar as ordens de Sua Majestade, pois que agora estou sob a tutela do rei
e sou, portanto, mais do que nunca, seu súdito.
Lafew – A senhora verá que no rei passa a ter um marido, madame; e você, sir, um
pai. Ele, que, de modo geral e para o povo em geral, mostra bondade em todos os
momentos, deve necessariamente manter para com vocês sua conduta virtuosa como
a sua incentivaria no rei outras virtudes, caso ele não as tivesse, antes de incentivar
virtudes que ele tem em abundância (Shakespeare, William. Bem está o que bem
acaba, Porto Alegre: LPM, 2016).
64
Texto 13
Texto 14
Porém igualmente
É uma santa. Diziam os vizinhos. E D. Eulália apanhando.
É um anjo. Diziam os parentes. E D. Eulália sangrando.
Porém igualmente se surpreenderam na noite em que, mais bêbado que de costume,
o marido, depois de surrá-la, jogou-a pela janela, e D. Eulália rompeu em asas o voo
de sua trajetória (COLASANTI, Marina. Um espinho de marfim e outras histórias.
Porto Alegre: LPM, 1999).
65
2. Preencha os parênteses da segunda coluna com os números da primeira
coluna, identificando o gênero a que pertence cada texto.
1. Conto ( ) Texto 1
2. Instrução de Uso ( ) Texto 2
3. Peça teatral ( ) Texto 3
4. Receita ( ) Texto 4
5. Biografia ( ) Texto 5
6. Crônica literária ( ) Texto 6
7. Romance ( ) Texto 7
8. Tirinha ( ) Texto 8
9. Instruções ( ) Texto 9
10. Notícia ( ) Texto 10
11. Manual ( ) Texto 11
12. Romance científico ( ) Texto 12
13. Letra de música ( ) Texto 13
( ) Texto 14
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Texto dissertativo-argumentativo
a) a favor;
b) contra;
c) dialético (prós e contras).
67
O tema, ao contrário, além de boa observação exige senso crítico, e no caso da
redação do ENEM, uma solução (proposta interventiva) dada, como estudaremos
mais adiante, por meio de argumentação.
Muitos candidatos fogem do tema porque tratam apenas do assunto, ou sejam são
demasiadamente individualistas nas suas opiniões, ou apenas resumem os textos
motivadores, parafraseando-os, e ficam à margem do tema, tangenciando-os com
suas opiniões.
Você deve refletir não só sobre o “mundo” em que você vive, mas relacioná-lo com os
demais que estão na sociedade à espera de reflexão e, na maioria das vezes, de
solução.
O texto dissertativo-argumentativo pode ser:
68
No mundo de hoje, os nossos valores estão trocados, o que vale é a aparência. Com
o passar do tempo estamos cada vez mais individualistas, pensando só em nós
mesmos, ignorando pessoas que realizam trabalhos considerados de “menor
importância”. Essas pessoas são vistas como inferiores pela sociedade em geral.
Isso causa um fenômeno chamado de invisibilidade social, que exclui e não enxerga
o ser humano como pessoa, e sim como uma coisa. Um simples instrumento do
trabalho braçal nessa engrenagem chamada de capitalismo.
Esse fenômeno afeta principalmente pessoas com baixo índice de escolaridade, que
ocupam cargos subalternos, e que devido a uma herança histórica, na maioria das
vezes, são pessoas negras e que habitam as periferias.
Isso pode ser constatado nos centros urbanos, onde as pessoas sofrem
discriminações e são ignoradas diariamente. Como se simplesmente nem existissem.
E foi justamente isso o que percebeu o psicólogo social Fernando Braga da Costa, ao
vestir o uniforme e trabalhar oito anos como gari varrendo ruas de São Paulo. Ali, ele
percebeu que os trabalhadores que fazem serviços manuais são vistos como “seres
invisíveis”. Conseguiu, assim, comprovar a existência da ‘invisibilidade pública’, uma
percepção humana totalmente deficiente e condicionada à divisão social do trabalho,
em que se enxerga somente a função e não a pessoa.
Conclusão: trata-se do fecho, que deverá ser coerente com o desenvolvimento, isto
é, com os argumentos apresentados e apresentar uma proposta de intervenção que
não fira os direitos humanos.
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A invisibilidade social é um mal que todos os dias afeta milhares de pessoas, mas
pode ser remediada com atitudes simples de educação e respeito. Um simples “Bom
Dia” ou “Tudo bem com você?” já mudaria muito essa situação. Essas pessoas só
querem ser vistas como seres humanos e serem respeitadas pelo trabalho que
realizam. As pessoas têm que ser educadas desde crianças a respeitar e tratar com
educação a todos, independentemente de classe social, trabalho ou etnia. Só assim
formaremos cidadãos conscientes em relação aos valores humanos.
Infraestrutura do texto
Quanto aos aspectos relacionados à textualização, no texto dissertativo-
argumentativo você deverá:
- Escolher um plano de texto adaptado ao gênero redação do Enem, como acabamos
de ver;
- Definir a tese a defender, elaborar argumentos e agrupá-los por temas;
- Distinguir entre argumento/não-argumento e entre argumento contra/contra
argumento;
- Prever diferentes tipos de argumento e hierarquizá-los em função da finalidade a
atingir;
- Utilizar organizadores argumentativos marcando; refutação, concessão, oposição;
- Utilizar verbos declarativos, neutros, apreciativos, depreciativos;
- Utilizar fórmulas introduzindo citações.
Todos os conteúdos relacionados a esses aspectos que acabamos de mencionar,
estudaremos detalhadamente nas próximas seções.
Bom estudo!!
https://www.youtube.com/watch?v=cQG8NB8gEZ4&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oLu%
C3%ADsMonteCastelo
70
Construção de Parágrafos
71
2.Definição (tema: clima)
A definição é uma forma simples e muito usada, sobretudo em textos dissertativo-
argumentativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o primeiro parágrafo.
Desigualdade social é um mal que afeta todo o mundo, em especial os países que
ainda se encontram em vias de desenvolvimento. A desigualdade pode ser medida
por faixas de rendas, em que são consideradas as médias dos mais ricos em
comparação às dos mais pobres
(https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/desigualdade-social.htm Acesso 25/02/2020).
72
Quem assistiu ao seriado Black Mirror, sucesso de audiência da Netflix, e considera
os episódios que dissecam a sociedade contemporânea e as consequências
imprevistas das novas tecnologias demasiado fantasiosos e improváveis para a nossa
realidade, pode repensar a respeito (ISTOÉ 6/2/2017, p. 63)
As pessoas nunca leram e escreveram tanto; mas estão lendo e escrevendo coisas
curtíssimas, em seus smartphones. Um levantamento feito pela Nokia constatou que
os americanos checam o celular em média 150 vezes por dia. Dá uma vez a cada seis
minutos ou seja, é como se fosse um fumante emendando um cigarro no outro. E esse
dado é de 2013; hoje, é provável que o uso seja ainda maior. A onda já preocupa até
a Apple e o Google, que estão incluindo medidores de uso das novas versões do iOS
e do Android – para que você possa saber quantas vezes pega p seu smartphone, e
quanto tempo gasta com ele, a cada dia (30 SUPER outubro 2018).
Neste outro exemplo, as duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado... de
outro...) que estabelecerá o rumo da argumentação.
Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste exemplo em que
Feijó estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a compõem.
Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau de envolvimento: raiva e
esperança. Explico-me por ver o quanto a cultura ainda é vista como artigo supérfluo em nossa
terra; esperança por observar quantos movimentos culturais têm acontecido em nossa
história, e quase sempre como forma de resistência e/ou transformação (FEIJÓ, Martin César,
O que é política cultural. São Paulo, Brasiliense, 1985, p.7).
73
7.Uma pergunta (tema: a saúde no Brasil)
A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor
para o tema e será respondida ao longo da argumentação.
Já esqueceu o que você almoçou ontem? A culpa pode ser das defesas do seu
organismo. Um estudo com camundongos descobriu que as micróglias, células do
sistema imunológico que atuam no cérebro, quebram sinapses entre grandes redes
de neurônios responsáveis por armazenar lembranças. Com esse rompimento, a
memória se perde [...]. (Março 2020 SUPER 11).
74
10.Citação (tema: destino)
A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela expressão
isso... no segundo período.
“Tudo está determinado, o começo e o fim, por forças sobre as quais não temos
controle. É determinado para um inseto, e para uma estrela. Seres humanos, verduras
ou poeira cósmica... todos nós dançamos uma música misteriosa, tocada à distância
por um músico invisível”. Quem disse isso foi Albert Einstein, numa entrevista
publicada em 26 de outubro de 1929 pelo semanal americano The Saturday Evening
Post (22 SUPER Março 2020).
Não creio em Deus. Pelo menos não da mesma forma que um cristão ou um muçulmano.
Tenho apreço pelos ritos católicos e curiosidade por vidas de santos, isso por ser um amor
aprendido na infância – e amores da infância são (quase) eternos. O “Deus” que me interessa
é um Deus mais “filosófico” (ou mesmo “teológico”) que um Deus santíssimo. Aí está a grande
questão. A filosofia é, grosso modo, a possibilidade de relativizar as coisas, e para as religiões
não há relativização possível. Ou é céu ou inferno, ou pecado ou virtude, ou Deus ou diabo,
bem ou mal (Zeca Baleiro. A rede idiota e outros textos. São Paulo: Reformatório, 2014).
75
13.Comparação (tema: comportamento/tecnologia)
Neste exemplo, o redator compara uma situação futura de uma sociedade vigiada com
o que acontece na ficção e com o que já acontece na China.
Imagine se tudo o que você falasse, comprasse e fizesse na internet fosse usado para
calcular uma nota medindo o seu valor como pessoa. É o que acontece num
episódio da série Black Mirror. E o que pode acontecer na China, onde o governo
anunciou planos de criar um “sistema de crédito social” para classificar os
cidadãos [...] (14 SUPER Janeiro 2018).
O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com perfeição
na análise sobre o atual estágio da mídia; desconhecer ou tentar ignorar os incríveis
avanços tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não terão reflexos profundos
no futuro dos jornais é simplesmente impossível (Jayme Sirotsky, Folha de S. Paulo, 5 dez,
1995).
76
16.Alusão a um romance, um conto, um poema, um filme (tema: desigualdade
social)
O resumo do filme Parasita serve de introdução para desenvolver o tema da
desigualdade de classes sociais. A coesão com o segundo período dá-se através do
pronome átono o, que sintetiza o enredo do filme contado no período inicial.
Parasita (2019) fez história como primeiro filme coreano a conquistar a Palma de Ouro
no Festival de Cannes. O que o torna ainda mais interessante é que se constitua como
uma crítica à naturalização da divisão entre classes sociais e, portanto, ao sistema
capitalista. (https://www.brasil247.com/blog/parasita-e-o-cheiro-fetido-do-sistema-capitalista Acesso
em 25/02/2020).
77
Finalmente o Maranhão conseguiu o que queria: virou notícia internacional. Não
da forma que se imaginava, por causa do nosso Patrimônio Arquitetônico, da
azulejaria importada e nem mesmo devido ao nosso folclore turístico. Viramos
notícia devido às cabeças cortadas expostas nas celas e pátios do presídio de
Pedrinhas depois de várias revoltas que seguem um modelo ao qual já nos
acostumamos (Eugênio Araujo, Acesso facebook 19/01/2018).
https://www.youtube.com/watch?v=cQG8NB8gEZ4&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oLu%C
3%ADsMonteCastelo
78
ATIVIDADES
Contextualizando:
O parágrafo é uma unidade de composição do texto cuja estrutura-padrão é: tópico
frasal (ou ideia principal), desenvolvimento (ideias secundárias que desenvolvem o
tópico frasal) e conclusão (que retoma e sintetiza o tópico frasal e o desenvolvimento).
Considerando o que se diz acima, leia e responda as questões que seguem:
79
03.O tópico frasal deste texto é:
a) A comunicação industrial nos seduz com vãs promessas, abandonando-nos sem
efetivamente nada nos dar.
b) Em vez de atender, de satisfazer nossos desejos e vontades, só recebemos dela
alguns indícios.
c) A comunicação produzida industrialmente para grandes massas tem normalmente
a função de captar suas fantasias, seus sonhos, seus desejos e “domesticá-los”.
d) A comunicação produzida industrialmente para grandes massas ... com meras
guloseimas.
e) A comunicação industrial nada nos dá.
80
— Bom dia, com quem quer falar? — respondeu com tom de simpatia.
DISCURSO INDIRETO
No discurso indireto, o narrador da história interfere na fala do personagem preferindo
suas palavras. Aqui não encontramos as próprias palavras da personagem.
Ex: Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar. Cumprimentou e perguntou quem
estava falando. Do outro lado, alguém respondeu ao cumprimento e perguntou com
tom de simpatia com quem a pessoa queria falar.
DISCURSO INDIRETO LIVRE
No discurso indireto livre, há uma fusão dos tipos de discurso (direto e indireto), ou
seja, há intervenções do narrador bem como da fala dos personagens. Não existem
marcas que mostrem a mudança do discurso. Por isso, as falas dos personagens e
do narrador - que sabe tudo o que se passa no pensamento dos personagens - podem
ser confundidas.
Ex:
1.Fez o que julgava necessário. Não estava arrependido, mas sentia um
peso. Talvez não tenha sido suficientemente justo com as crianças…
2.O despertador tocou um pouco mais cedo. Vamos lá, eu sei que consigo!
3.Amanheceu chovendo. Bem, lá vou eu passar o dia assistindo televisão!
OBS: Nas orações destacadas os discursos são diretos, embora não tenha sido
sinalizada a mudança da fala do narrador para a do personagem.
Na produção de um texto narrativo, o autor pode reproduzir a fala da
personagem, empregando uma das seguintes possibilidades: discurso direto,
discurso indireto, discurso indireto livre.
História estranha
Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos
de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com ele mesmo
chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem
a menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o
banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia, ele estava jogando
bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e... O homem aproxima-
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se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos.
Seus olhos se enchem de lágrimas. Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida.
Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram
limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas
abraça a si mesmo, longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para
trás. O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta. Também se reconheceu.
E fica pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como
eu vou ser sentimental! (Luís Fernando Verissimo, Comédias para se ler na escola).
05. Em qual dos itens abaixo o discurso indireto livre está empregado?
a) Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo.
b) Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga
lembrança daquela cena.
c) Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete
anos de idade.
d) O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça
a si mesmo, longamente.
e) O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta.
Leia o texto que segue e responda o que se pede.
Os meninos deitaram-se e pegaram no sono. Sinhá Vitória pediu a binga ao
companheiro e acendeu o cachimbo. Fabiano preparou um cigarro. Por enquanto,
estavam sossegados. O bebedouro indeciso tornara-se realidade. Voltaram a
cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se.
Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fábrica. Ia
morrer na certa, um animal tão bom. Se tivesse vindo com eles, transportaria a
bagagem. Algum tempo comeria folhas secas, mas além dos montes encontraria
alimento verde.
Infelizmente, pertencia ao fazendeiro – e definhava, sem ter quem lhe desse a ração.
Ia morrer o amigo, lazarento e com esparavões, num canto de cerca, vendo os urubus
chegarem banzeiros, saltando, os bicos ameaçando-lhe os olhos.
A lembrança das aves medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos os olhos
de criaturas vivas, horrorizou Fabiano. Se elas tivessem paciência, comeriam
tranquilamente a carniça.
82
Não tinham paciência, aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo
curvas.
– Pestes.
83
você tivesse baixado algum software e ele te solicitasse assinar um contrato com
dezenas de páginas em “juridiquês”; você dá uma olhada nele, passa imediatamente
para a última página, tica em “concordo” e esquece o assunto. Mas, a modernidade,
de fato, é um contrato surpreendentemente simples. O contrato interno pode ser
resumido em uma única frase: humanos concordam em abrir mão de significado em
troca de poder.”
Yuval Noah Harari. Homo Deus: uma breve história do amanhã. São Paulo:
Companhia das Letras, 2016 (com adaptações).
Sobre o texto acima, podemos afirmar:
a. O texto apresenta estratégia argumentativa que visa aproximar o leitor das ideias
desenvolvidas pelo autor.
b. O conjunto textual pode ser caracterizado como uma sequência narrativa, pois há
seres que participam de eventos em determinado tempo e espaço.
c. O texto possui fatos descritivos, porque apresentamos uma série de características
de determinado ser/objeto/ espaço, formando na memória do leitor/ouvinte a imagem
do que está sendo descrito.
d. O texto tem passagens injuntivas, porque apresenta instruções a serem seguidas; que
são apresentadas em verbos no imperativo ou no infinitivo.
e. As alternativas A e D estão corretas.
84
b. O texto é predominantemente narrativo, tendo em vista que a função central é a de
apresentar eventos (no passado) em que personagens sofrem e ou praticam ações.
Há, nessa narração, partes descritivas, as quais possuem função secundária de
ilustrar personagens, locais, objetos etc.
c. O texto é essencialmente dissertativo-expositivo, pois apenas expõe um fato com o
objetivo de persuadir o leitor.
d. O texto é predominantemente narrativo com algumas passagens dissertativas, pois
há trechos que persuadem o leitor.
e. O texto tem passagens injuntivas, porque apresenta instruções a serem seguidas, que
são apresentadas em verbos no imperativo ou no infinitivo.
86
11.Em relação à proposta de REDAÇÃO ENEM – 2019, observe o recorte temático:
“Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na
internet.” A redação será considerada com abordagem completa quando:
a) Discorrer apenas sobre controle de dados.
b) Dissertar sobre controle de dados, manipulação do comportamento e o universo da
Internet.
c) Mencionar apenas a manipulação do comportamento.
d) Discorrer apenas sobre o universo da internet.
e) Dissertar apenas com os elementos temáticos: controle de dados e manipulação
do comportamento.
87
Em primeiro lugar, deve-se ressaltar a ausência de medidas governamentais para
combater a venda de dados pessoais e a manipulação do comportamento nas redes.
Segundo o pensador Thomas Hobbes, o Estado é responsável por garantir o bem-
estar da população, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Devido à falta de atuação
das autoridades, grandes empresas sentem-se livres para invadir a privacidade dos
usuários e vender informações pessoais para empresários que desejam direcionar
suas propagandas. Dessa forma, a opinião dos consumidores é influenciada, e o
direito à liberdade de escolha é ameaçado.
Outrossim, a busca pelo ganho pessoal acima de tudo também pode ser apontado
como responsável pelo problema. De acordo com o pensamento marxista, priorizar o
bem pessoal em detrimento do coletivo gera inúmeras dificuldades para a sociedade.
Ao vender dados particulares e manipular o comportamento de usuários, empresas
invadem a privacidade dos indivíduos e ferem importantes direitos da população em
nome de interesses individuais. Desse modo, a união da sociedade é essencial para
garantir o bem-estar coletivo e combater o controle de dados e a manipulação do
comportamento no meio digital.
Infere-se, portanto, que assegurar a privacidade e a liberdade de escolha na internet
é um grande desafio no Brasil. Sendo assim, o Governo Federal, como instância
máxima de administração executiva, deve atuar em favor da população, através da
criação de leis que proíbam a venda de dados dos usuários, a fim de que empresas
que utilizam essa prática sejam punidas e a privacidade dos usuários seja
assegurada. Além disso, a sociedade, como conjunto de indivíduos que compartilham
valores culturais e sociais, deve atuar em conjunto e combater a manipulação e o
controle de informações, por meio de boicotes e campanhas de mobilização, para que
os empresários se sintam pressionados pela população e sejam obrigados a
abandonar a prática.
Afinal, conforme afirmou Rousseau: “a vontade geral deve emanar de todos para ser
aplicada a todos”.
Fonte: (INEP, 2019, p.33)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019
88
Sobre o texto acima, a alternativa INCORRETA é:
a. Em relação aos princípios da estruturação do texto dissertativo-argumentativo,
percebe-se que o participante apresenta uma tese, o desenvolvimento de justificativas
que comprovam essa tese e uma conclusão que encerra a discussão.
b. O participante apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo
e o tema é abordado de forma completa: já no primeiro parágrafo, o participante trata
do controle de dados na internet, por meio da venda de dados de usuários e da
manipulação destes.
c. Observa-se também que o participante usa, de forma produtiva, repertório
sociocultural pertinente à discussão no segundo parágrafo, ao relacionar um
pensamento de Thomas Hobbes à falta de atuação por parte do governo.
d. No terceiro parágrafo, o participante trabalha o pensamento marxista
relacionado à atuação das empresas que vendem os dados de seus usuários; e no
último parágrafo, traz uma citação de Rousseau que reforça uma de suas propostas
de intervenção.
e .O texto é tangente, pois discute apenas um elemento do recorte temático.
89
e. Argumentação
16.Leia:
“O texto dissertativo-argumentativo é aquele que se organiza na defesa de um ponto
de vista sobre determinado assunto. É fundamentado com argumentos, a fim de
influenciar a opinião do leitor, tentando convencê-lo de que a ideia defendida está
correta. É preciso, portanto, expor e explicar ideias. Daí a sua dupla natureza: é
argumentativo porque defende uma tese, uma opinião, e é dissertativo porque utiliza
explicações para justificá-la. O objetivo desse texto é, em última análise, convencer o
leitor de que o ponto de vista em relação à tese apresentada é acertado e relevante.
Para tanto, mobiliza informações, fatos e opiniões, à luz de um raciocínio coerente e
consistente.”
Marque a alternativa que exemplifica um texto dissertativo-argumentativo:
a. “No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado
como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar.”
b. “Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra
menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo.”
91
c. “Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu
recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas
ruas de Recife.”
d. “Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias
seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava,
andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.”
e. “De acordo com o pensamento marxista, priorizar o bem pessoal em detrimento do
coletivo gera inúmeras dificuldades para a sociedade. Ao vender dados particulares e
manipular o comportamento de usuários, empresas invadem a privacidade dos
indivíduos e ferem importantes direitos da população em nome de interesse
individuais.”
18. Marque a alternativa que ilustra a pergunta: o que é não atender ao tipo
textual?
a. Não atende ao tipo textual a redação que esteja predominantemente fora do padrão
dissertativo-argumentativo, apresentando poucos ou nenhum indício de caráter
dissertativo.
b. Explicações, exemplificações, análises ou interpretações de aspectos dentro da
temática solicitada são estratégias argumentativas.
c. Defesa ou refutação de ideias dentro da temática solicitada faz parte do texto
dissertativo.
d. Desenvolver uma história em primeira pessoa do singular.
e. As alternativas A e D estão corretas.
92
19.Marque a alternativa INCORRETA:
a. TESE – É a ideia que você vai defender no seu texto. Ela deve estar relacionada ao
tema e apoiada em argumentos ao longo da redação.
b. ARGUMENTOS – É a justificativa para convencer o leitor a concordar com a tese
defendida. Cada argumento deve responder à pergunta “por quê?” em relação à tese
defendida.
c. ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS – São recursos utilizados para desenvolver os
argumentos, de modo a convencer o leitor.
d. REPERTÓRIO – É a legitimação das ideias, comprovada por meio de fatos
históricos, filosóficos, literários e científicos.
e. TEMA - É a parte que que deve tratar sobre a solução do problema discutido ao
longo do texto.
95
UNIDADE III – CONSTRUÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO
96
Seleção, relação, organização e intepretação
de informações, de fatos, opiniões e
argumentos em defesa de um ponto de vista
Eis a importância que você tenha um esquema do texto, que pense no todo do texto
e, não perca de vista a tese que você pretende defender com os seus argumentos. É
bom estar atento aos tipos de argumento que o autor pretende formular (de
autoridade, por evidência, por comparação, por exemplificação, de princípio, por
causa e consequência), conforme estudaremos detalhadamente mais adiante.
Mesmo que todas essas habilidades estejam intimamente inter-relacionadas; apenas
para fins didáticos, vamos pensar em cada uma dessas habilidades.
a. Selecionar Ideia:
Sempre tenha em mente qual é a sua tese e qual é o esquema do seu texto; você
deve eleger informações que colaborem com a defesa da sua tese e com a
expressividade do seu repertório sociocultural. Ao esquematizar o seu texto em
defesa da sua tese, demonstre autoria e autonomia.
b. Relacionar Ideias:
97
d. Interpretar as Ideias:
É importante captar a tese dos textos motivadores, dos textos selecionado, para
direcionar a argumentação de forma eficiente ao tema proposto.
Na seção a seguir, estudaremos o que é tese e argumentação mais
detalhadamente. Bom estudo!!!
Pressupostos e Argumentos
98
Vejamos alguns exemplos de pressupostos dados pelo pesquisador Viana (1998):
A segunda etapa será procurar os argumentos que os sustentem. Para tanto, você
deve transformar o pressuposto em uma pergunta. Por quê? Ou Como?
Por que o Brasil só resolverá seus problemas quando a educação for preocupação
prioritária do governo?
Por que não se pode pensar em desenvolvimento sem antes pensar em educação?
Por que a ansiada passagem do Brasil para o Primeiro Mundo só se dará quando se
resolverem os problemas da educação?
As respostas serão seus argumentos, e cada uma delas servirá de base para a
construção dos parágrafos.
Uma argumentação sustenta-se basicamente em:
99
2.Dados colhidos na realidade – as informações têm de ser exatas e do
conhecimento de todos. Você não conseguirá convencer ninguém com informações
falsas, que não têm respaldo na realidade,
3.Citações de autoridades – procure ler os principais autores sobre o assunto que
você vai escrever. Ler revistas e jornais ajuda muito;
4.Exemplos e ilustrações – para fortalecer sua argumentação recorra a exemplos
conhecidos, a fatos que a ilustrem.
Pão e circo
Em tempos como este, em que crises abalam todos os setores do país, é comum
buscar soluções imediatistas para problemas complexos, ou mesmo transferir as
responsabilidades para um grupo ou classe. A pena de morte como solução da
criminalidade no país é um desses casos.
Proclamam os seus defensores que a pena de morte aplicada a um criminoso serviria
de exemplo para que outros não cometessem o mesmo erro. Todavia, já ficou provada
a ineficiência da pena, quando se visa a esse fim, na experiência de alguns estados
norte-americanos, no início do século XX. A adoção da pena coincidiu com um
aumento das agressões a policiais e não houve a desejada diminuição da
criminalidade.
Existe, ainda, uma incoerência fundamental nesse raciocínio. Pretende-se combater
o crime com a morte do criminoso, estabelecendo-se um círculo vicioso de violência,
além de significar a institucionalização do assassinato pelo estado, que passa a ter o
supremo poder de decisão sobre a vida ou morte do réu.
Outra justificativa absurda é a de que a eliminação dos criminosos pouparia os gastos
que o governo teria para sustentá-los. Ora, não se pode deixar de considerar que o
criminoso é o resultado de uma situação de miséria anterior a ele. Deve, então, a
sociedade expurgar todos os membros que considerar um peso ou ameaça – como
na Alemanha nazista – em vez de assumir sua total incompetência para reintegrar os
frutos de suas injustiças?
100
Num país em que o Judiciário não é eficiente o bastante para fazer cumprir a lei como
convém, em que o sistema penitenciário não cumpre com sua função de reformar os
indivíduos considerados perigosos e inaptos para a convivência social e em que a
corrupção e a incompetência permeiam quase todos os serviços públicos, seria difícil
encontrar pessoas isentas para condenar um réu à morte. Resta a dúvida: quem
seriam os “carrascos” indicados para tal função? Quem aceitaria sem hesitação a
incumbência?
A pena de morte não é solução para criminalidade. Ela atua como um mecanismo de
vingança da população contra os criminosos, como um paliativo para a sensação de
insatisfação, impotência e insegurança. Ao mesmo tempo, ressuscita a bem-sucedida
– em sua época – política romana do pão e do circo. Não há pão para todos, mas
haveria circo.
Não se pode permitir que a sociedade retroceda à brutalidade da lei de Talião apenas
por mostrar-se incapaz de resolver a crise em que se encontra. Numa era de tantas
conquistas no campo dos Direitos Humanos, é inconcebível que se cogite legalizar a
irracionalidade e a violência, deixando recair sobre alguns o ônus social que é de
todos.
Paula Pereira, A Imprensa, Faculdade Cásper Líbero, jun./jul. 1991.
Existem diversas maneiras de argumentar. O texto acima nos deu algumas pistas
sobre o processo de argumentação.
Primeiramente, vejamos qual o pressuposto de Paula Pereira para escrever seu
artigo. Para encontrarmos o pressuposto do qual ela partiu, lemos todo o texto e
descobrimos suas palavras-chave: pena de morte e criminalidade.
Assim, descobrimos o pensamento que ela já havia formulado mentalmente sobre o
assunto antes de começar o trabalho de redação propriamente dito.
Vamos nos colocar no lugar de Paula Pereira, em sua casa assistindo TV e ouvindo
uma notícia sobre a implantação da pena de morte no Brasil. Em certo momento, ela
chega à conclusão de que esta não seria uma solução sensata, visto que a pena de
morte fere um dos principais dos direitos humanos, o número 1, que é o “direito à vida”
e que em alguns estados norte-americanos onde este tipo de punição ainda existe, a
redução da criminalidade não aconteceu.
101
Ela então chega ao seu pressuposto:
Em tempos como este, em que crises abalam todos os setores do país, é comum
buscar soluções imediatistas para problemas complexos, ou mesmo transferir as
responsabilidades para um grupo ou classe. A pena de morte como solução da
criminalidade no país é um desses casos.
Conclusão
Ela (a pena de morte) atua como um mecanismo de vingança da população contra os
criminosos, como um paliativo para a sensação de insatisfação, impotência e
102
insegurança. Ao mesmo tempo, ressuscita a bem-sucedida – em sua época – política
romana do pão e do circo. Não há pão para todos, mas haveria circo.
Não se pode permitir que a sociedade retroceda à brutalidade da lei de Talião apenas
por mostrar-se incapaz de resolver a crise em que se encontra. Numa era de tantas
conquistas no campo dos Direitos Humanos, é inconcebível que se cogite legalizar a
irracionalidade e a violência, deixando recair sobre alguns o ônus social que é de
todos.
Em linhas gerais, para escrever um texto você deve:
1. Ler tudo que for possível sobre o assunto;
2. Escolher um pressuposto como ponto de partida;
3. Escolher dois ou três argumentos fortes;
4. Não perder de vista as palavras-chave do pressuposto.
5. Orientar a argumentação para uma conclusão coerente com o pressuposto.
Tese e Argumentação
Para chegar a sua tese, o ponto de partida de Paula Pereira foi a informação, ainda
em seu estado “bruto”; a partir de algumas informações sobre o assunto, procurou dar
sentido a elas. Procurou dizer o que as informações significam ou a que conclusões
elas a levaram a assumir um ponto de vista.
103
tese central e quando isso acontece, as informações não se constituem argumentos;
para se constituírem em argumentos, os dados necessitam funcionar como prova.
Os argumentos devem ser organizados por ideias que se associam e dissociam,
tornando mais persuasivas as informações e opiniões acrescidas. Essas informações
e opiniões devem ser transformadas em dados ou argumentos, utilizando-se para
tantas definições, comparações, técnicas de inclusão de partes num todo,
cálculos de probabilidade, exemplos, ilustrações e analogias.
A pena de morte não é solução para criminalidade (tese) porque já ficou provada a
ineficiência da pena... (argumento causal) quando se visa a esse fim, na experiência
de alguns estados norte-americanos, no início do século XX (argumento explicativo).
A pena de morte não é solução para criminalidade (tese). Ela atua como um
mecanismo de vingança da população contra os criminosos, como um paliativo para
a sensação de insatisfação, impotência e insegurança.
104
2) Argumento de autoridade e/ou estatístico
3) Uso de exemplificações/ilustrações
A pena de morte não é solução para criminalidade (tese). [...] ressuscita a bem-
sucedida – em sua época – política romana do pão e do circo (argumento). Não há
pão para todos, mas haveria circo
4) Causa/consequência
Num país em que o Judiciário não é eficiente o bastante para fazer cumprir a lei como
convém, em que o sistema penitenciário não cumpre com sua função de reformar os
indivíduos considerados perigosos e inaptos para a convivência social e em que a
corrupção e a incompetência permeiam quase todos os serviços públicos (causas),
seria difícil encontrar pessoas isentas para condenar um réu à morte (consequência).
https://www.youtube.com/watch?v=5G9N4fH9kwU&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oLu%C3
%ADsMonteCastelo
ATIVIDADES
01. O terceiro aspecto a ser avaliado é a forma como você, em seu texto, seleciona,
relaciona, organiza e interpreta informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa
do ponto de vista escolhido como tese. É preciso, então, elaborar um texto que
apresente, claramente, uma ideia a ser defendida e os argumentos que justifiquem a
posição assumida por você em relação à temática da proposta de redação.
Sobre a terceira competência, é INCORRETO AFIRMAR:
106
e) Utilizar informações (repertório) de várias áreas do conhecimento, demonstrando o
que acontece no mundo é avaliado na Competência 03.
107
04. Leia o texto abaixo:
“Em sua canção “Pela Internet”, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a
quantidade de informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus
usuários. No entanto, com o avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados
desenvolvidos por empresas de aplicativos e redes sociais, essa abundância vem
sendo restringida e as notícias, e produtos culturais vêm sendo cada vez mais
direcionados – uma conjuntura atual apta a moldar os hábitos e a informatividade dos
usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento de usuários pela seleção
prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de enfrentamento.
Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de
limitar a própria cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso
do filósofo Jürgen Habermas, no qual ele conceitua a ação comunicativa: esta consiste
na capacidade de uma pessoa em defender seus interesses e demonstrar o que acha
melhor para a comunidade, demandando ampla informatividade prévia. Assim,
sabendo que a cidadania consiste na luta pelo bem-estar social, caso os sujeitos não
possuam um pleno conhecimento da realidade na qual estão inseridos e de como seu
próximo pode desfrutar do bem comum – já que suas fontes de informação estão
direcionadas –, eles serão incapazes de assumir plena defesa pelo coletivo. Logo, a
manipulação do comportamento não pode ser aceita em nome do combate, também,
ao individualismo e do zelo pelo bem grupal.
Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de
encontro à concepção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o
filósofo pós-estruturalista Stuart-Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado
de múltiplas identidades. Sendo assim, as preferências e ideias das pessoas estão
em constante interação, o que pode ser limitado pela prévia seleção de informações,
comerciais, produtos, entre outros. Por fim, seria negligente não notar como a tentativa
de tais algoritmos de criar universos culturais adequados a um gosto de seu usuário
criam uma falsa sensação de livre arbítrio e tolhe os múltiplos interesses e identidades
que um sujeito poderia assumir.
Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para tanto,
as instituições escolares são responsáveis pela educação digital e emancipação de
seus alunos, com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos utilizados pelas novas
tecnologias de comunicação e informação e torná-los mais críticos. Isso pode ser feito
108
pela abordagem da temática, desde o ensino fundamental – uma vez que as gerações
estão, cada vez mais cedo, imersas na realidade das novas tecnologias – de maneira
lúdica e adaptada à faixa etária, contando com a capacitação prévia dos professores
acerca dos novos meios comunicativos. Por meio, também, de palestras com
profissionais das áreas da informática que expliquem como os alunos poderão ampliar
seu meio de informações e demonstrem como lidar com tais seletividades, haverá um
caminho traçado para uma sociedade emancipada.”
Fonte: (INEP, 2019, p.31)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019
109
não seja exatamente assim, que brasileiros leem, sim, só que leem livros que as
pesquisas tradicionais não levam em conta. E, também de um tempo para cá, políticas
educacionais têm tomado a peito investir em livros e em leitura.
LAJOLO, M. Disponível em: www.estadao.com.br. Acesso em: 2 dez. 2013 (fragmento).
Os falantes, nos textos que produzem, sejam orais ou escritos, posicionam-se
frente a assuntos que geram consenso ou despertam polêmica. No texto, a
autora:
a) Ressalta a importância de os professores incentivarem os jovens às práticas de
leitura.
b) Critica pesquisas tradicionais que atribuem a falta de leitura à precariedade de
bibliotecas.
c) Rebate a ideia de que as políticas educacionais são eficazes no combate à crise
com a leitura.
d) Questiona a existência de uma crise de leitura com base nos dados de pesquisas
acadêmicas.
e) Atribui a crise da leitura à falta de incentivos e ao desinteresse dos jovens por livros
de qualidade.
110
IV. discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
V. utiliza, com reserva, a denominação “ciências sociais”.
07. (MACKENZIE, 2013) “Acho que não pode haver discriminação racial e religiosa
de espécie alguma. O direito de um termina quando começa o do outro. Em todas as
raças, todas as categorias, existe sempre gente boa e gente má. No caso particular
dessa música, não posso julgar, porque nem conheço o Tiririca. Como posso saber
se o que passou na cabeça dele era mesmo ofender os negros? Eu, Carmen Mayrink
Veiga, não tenho ideia. Mas o que posso dizer é que se os negros acharam que a
música é uma ofensa, eles devem estar com toda razão.” (Revista Veja) Escolha uma:
a) O discurso, altamente assumido pelo enunciador, a ponto de autocitar-se sem pejo,
ataca rebeldemente a hipocrisia social, que mascara os preconceitos.
b) A argumentação revela um senso crítico e reflexivo, uma mente que sofre com os
preconceitos e, principalmente, com a própria impotência diante deles.
c) Impossível conceber, como desse mesmo enunciador, essa frase: “Sempre
trabalhei como uma negra”, publicada semanas antes na mesma revista.
d) A argumentação, partindo de visões inusitadas, mas abalizadas na realidade
cotidiana, aponta para a total solidariedade com os negros e oprimidos.
e) A argumentação, desenvolvida por meio de clichês, subentende um distanciamento
entre o eu/enunciador e o ele/negros.
111
Secular, a união não ruirá do dia para a noite. Mas o divórcio virá, certo como o pôr-
do-sol a cada fim de tarde.
O texto mantinha com o papel uma relação de dependência. A perpetuação da escrita
parecia condicionada à produção de celulose.
Súbito, a palavra descobriu um novo meio de propagação: o cristal líquido. Saem as
árvores. Entram as nuvens de elétrons.
A mudança conduz a veredas ainda inexploradas. De concreto, há apenas a
impressão de que, longe de enfraquecer, a ebulição digital tonifica a escrita.
E isso é bom. Quando nos chega por um ouvido, a palavra costuma sair por outro.
Vazando-nos pelos olhos, o texto inunda de imagens a alma.
Em outras palavras: falada, a palavra perde-se nos desvãos da memória; impressa,
desperta o cérebro, produzindo uma circulação de ideias que gera novos textos.
A Internet é, por assim dizer, um livro interativo. Plugados à rede, somos autores e
leitores. Podemos visitar as páginas de um clássico da literatura. Ou simplesmente
arriscar textos próprios.
Otto Lara Resende costumava dizer que as pessoas haviam perdido o gosto pela troca
de correspondências. Antes de morrer, brindou-me com dois telefonemas. Em um
deles prometeu: “Mando-te uma carta qualquer dia desses”.
Não sei se teve tempo de render-se ao computador. Creio que não. Mas, vivo, Otto
estaria surpreso com a popularização crescente do correio eletrônico.
O papel começa a experimentar o mesmo martírio imposto à pedra quando da
descoberta do papiro. A era digital está revolucionando o uso do texto. Estamos
virando uma página. Ou, por outra, estamos pressionando a tecla “enter”.
SOUZA, Josias de. A revolução digital. Folha de São Paulo, São Paulo, 6 de maio de 1996. Caderno
Brasil, p. 2.
112
10. Para responder as questões que virão após, leia, primeiramente, o texto a
seguir:
113
Qualquer que seja sua crença, desde pensar que armar a população vai resolver o
problema da violência urbana, ou que a terra é plana, você não pode exigir que outro
sacrifique a própria crença para salvaguardar o direito à sua. A defesa de sua crença
está restrita ao uso de métodos que pertencem ao espaço das razões – argumentação
e persuasão, em vez de força. Você tem o direito de avançar sua crença na arena
pública usando os mesmos métodos de que seus oponentes dispõem para dissuadi-
lo.
O pior acontece quando crenças se materializam em opinião, e são usadas como
substitutas de argumentos, quando o “Eu tenho direito às minhas crenças” se
transforma em “Eu tenho direito à minha opinião”. Crenças e opiniões não são
argumentos. Mais precisamente, crenças diferem de opiniões, que diferem de fatos,
que diferem de argumentos. Um fato é algo que pode ser provado verdadeiro. Por
exemplo, é um fato que Júpiter é o maior planeta do sistema solar tanto em diâmetro
quanto em massa. Esse fato pode ser provado pela observação ou pela consulta a
uma fonte fidedigna.
Uma crença é uma ideia ou convicção que alguém aceita como verdadeira, como
“passar debaixo de uma escada dá azar”. Isso certamente não pode ser provado (ou
pelo menos nunca foi). Mas a pessoa ainda pode manter sua crença, como vimos, se
não pelo “direito evidencial”, apelando para o “direito moral”. Ou ainda, pelo mesmo
“direito moral”, deixar de acreditar no que ela própria pensa serem evidências, como
no caso do famoso dito (atribuído a Sancho Pança) “Não creio em bruxas, ainda que
existam”.
Já uma opinião é uma declaração ou manifestação de uma ideia que reflete a crença.
A crença é de foro íntimo; a opinião manifesta a crença. Por fim, o mais importante:
um argumento não é uma luta ou um debate, nem um desacordo entre as pessoas.
Um argumento é uma busca pela verdade. A dificuldade surge por sempre haver uma
tensão entre verdade e persuasão. Assim, se o argumento é o processo de persuadir
uma audiência através da verdade, a retórica, no sentido contemporâneo, é o
processo de convencê-la. Pronto. A verdade aí é um elemento secundário: a
propaganda, o discurso político e sobretudo as fake News estão nesse
compartimento.
Mas, se crenças, ainda que verdadeiras e embasadas em evidências, não se
confundem com opiniões, com fatos ou com argumentos, o que dizer de crenças
114
falsas? Como elas são engendradas? Entra em cena o já quase famoso “viés de
confirmação”, a tendência das pessoas de acolher informações que apoiem suas
crenças e rejeitar informações que as contradigam. Das muitas formas de pensamento
defeituoso já identificadas, o viés de confirmação está entre os mais bem catalogados.
Mesmo após a evidência de que suas crenças foram totalmente refutadas, os
indivíduos em geral não conseguem fazer revisões apropriadas em certas crenças.
Um aliado perverso do viés de confirmação é a “ilusão de profundidade explicativa”:
as pessoas acreditam que sabem muito mais do que realmente sabem, e o que lhes
permite persistir nessa crença é a ressonância em outras pessoas – dificilmente
sabemos dizer onde o nosso entendimento termina e o do outro começa. Essa
confusão de fronteiras, usada de forma positiva, parece ser crucial para o que
consideramos progresso. Mas, como regra geral, sentimentos fortes sobre questões
candentes não surgem de uma compreensão profunda, e mais se parecem com os de
uma torcida organizada.
Duas metáforas recentes tentam explicar mais metodologicamente esses fenômenos:
a ideia da “bolha epistêmica” e a da “câmara de eco”. Um estudo publicado na revista
Proceedings, da Academia Nacional de Ciências (“The spreading of misinformation
online”, https://doi.org/10.1073/pnas.1517441113), examinou dados sobre temas
discutidos em redes sociais 2010 e 2014. O estudo constatou que os usuários tendem
a se agregar em comunidades de interesse, o que causa reforço e promove vieses de
confirmação, segregação e polarização. Uma “bolha epistêmica” se forma em grupos
(redes sociais, igrejas ou tendências políticas), nos quais vozes discordantes são
excluídas por omissão, de maneira inadvertida ou proposital, pelo mecanismo de viés
cognitivo. Isso acontece quando redes construídas por motivos eminentemente
sociais começam a ser usadas como fontes de informação. No segundo caso, uma
“câmara de eco” é uma estrutura social na qual vozes discordantes são ativamente
desacreditadas. Numa bolha epistêmica, vozes destoantes não são ouvidas; numa
câmara de eco, essas vozes são sabotadas. A prisão de Lula pode ser vista como um
episódio de perseguição judicial ou como um exemplo de avanço no combate à
corrupção no país. Mas quem já tentou discutir com qualquer dos lados, penetrando
numa bolha epistêmica através das redes sociais, sentiu o que é uma câmara de eco
– cujo nome nada tem a ver com o conhecido escritor italiano.
115
Não é necessariamente verdade, como disse Umberto Eco, que “as redes sociais
deram voz a uma legião de imbecis”. Basta que milhões de pessoas instantaneamente
conectadas caiam vítimas do viés de confirmação e da ilusão de profundidade
explicativa, e teremos o cenário pronto para a agressividade e polarização nas redes,
cujo efeito, ou parte da causa, se vê no Judiciário, na imprensa e em outras
instituições.
O que o diretor e o ministro da Educação deveriam ter reconhecido ao estudante e
aos ofendidos com o curso “O golpe de 2016” é que, sim, eles têm um direito moral à
sua crença. E têm o direito moral de não ter essa crença arrancada à força. Mais nada.
A filosofia da religião permanece no programa do curso vigente.
*Walter Carnielli é matemático e professor titular de lógica e filosofia da ciência do
Centro de Lógica e do Departamento de Filosofia da Unicamp, em Campinas. (Fonte:
Época, 18 de abril 2018).
a. Em que veículo o texto foi publicado?
b. É bastante conhecido do público?
c. Além do nome de quem escreveu, há mais informações sobre o autor?
d. Além do nome, há mais informações sobre ele?
e. Qual o tema que o artigo discute?
f. Com que finalidade esse assunto foi abordado?
g. Para que tipo de leitor este artigo se dirige?
( 1 ) estudantes
( 2 ) intelectuais
( 3 ) leitores da revista
h. Que aspectos do texto remetem ao destinatário?
(1) Qualquer que seja sua crença, desde pensar que armar a população vai
resolver o problema da violência urbana, ou que a terra é plana, você não pode
exigir que outro sacrifique a própria crença para salvaguardar o direito à sua. A
defesa de sua crença está restrita ao uso de métodos que pertencem ao espaço
das razões – argumentação e persuasão, em vez de força. Você tem o direito
de avançar sua crença na arena pública usando os mesmos métodos de que
seus oponentes dispõem para dissuadi-lo.
(2) O pior acontece quando crenças se materializam em opinião, e são usadas
como substitutas de argumentos, quando o “Eu tenho direito às minhas
116
crenças” se transforma em “Eu tenho direito à minha opinião”. Crenças e
opiniões não são argumentos. Mais precisamente, crenças diferem de opiniões,
que diferem de fatos, que diferem de argumentos. Um fato é algo que pode ser
provado verdadeiro. Por exemplo, é um fato que Júpiter é o maior planeta do
sistema solar tanto em diâmetro quanto em massa. Esse fato pode ser provado
pela observação ou pela consulta a uma fonte fidedigna.
i. A qual (quais) fato (s) (atuais) está relacionado?
j. Considerando que se trata de um texto de opinião, que ideia ou tese o autor
parece defender?
( 1 ) Temos o direito moral de defender nossas crenças mesmo elas sendo
ilógicas.
( 2 ) A opinião, que reflete crenças, não é a mesma coisa de argumento, que
busca a verdade.
( 3 ) As crenças se materializam em opinião e podem ser usadas como
argumentos.
k. Que argumentos foram utilizados pelo autor para defender e/ou fundamentar
sua tese?
https://www.youtube.com/watch?v=5G9N4fH9kwU&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oL
u%C3%ADsMonteCastelo
117
UNIDADE IV – OS MECANISMOS DE TEXTUALIZAÇÃO
118
Os mecanismos de textualização
De modo geral é bem comum os textos terem sua qualidade prejudicada por conta da
falta de parâmetros úteis aos aspectos relacionados aos fatores de textualidade:
continuidade, progressão, não-contradição e articulação.
Seu avaliador ao ler seu texto, irá buscar saber se:
- a continuidade é garantida pela retomada de elementos e ideias no decorrer do
texto;
- a progressão é obtida a partir da adesão de novos conceitos e informações a
respeito dos elementos retomados. São esses acréscimos que fazem o sentido do
texto progredir;
- a não-contradição trata do respeito aos princípios lógicos elementares para o texto
ser internamente coerente e das relações do texto com o mundo (real ou fictício) a
que se refere ser externamente coerente. Por exemplo, em um texto dissertativo-
argumentativo não é válido que você defenda um ponto de vista em um determinado
momento e depois negá-lo sem justificar a mudança de seu posicionamento.
- a articulação se refere à maneira como os fatos e conceitos apresentados no texto
se encadeiam e se organizam, ou seja, como se relacionam uns com os outros.
Este último fator corresponde aos mecanismos de textualização, e é sobre eles que
passaremos a tratar.
Conexão
119
Os organizadores textuais marcam as transições entre:
- os tipos de discurso constitutivos de um texto: função de segmentação;
- as fases de uma sequência ou de uma outra forma de planificação: função de
demarcação ou balizamento;
- as frases sintáticas: articulação de duas ou várias frases sintáticas em uma só frase
gráfica: função de ligação ou justaposição (coordenação); função de
encaixamento (subordinação).
As unidades ou grupos de unidades que podem ser considerados como organizadores
textuais são:
a) advérbios ou locuções adverbiais (outro dia, após, logo no início, depois de)
b) sintagmas preposicionais (para manter as massas, dependendo de, acredito
na)
c) conjunções coordenativas (e, mas, por isso, assim)
d) conjunções subordinativas (se, quando, embora, que)
120
(1)Outro dia, um amigo biólogo me perguntou se eu gostaria de conviver com bilhões
de anos ao lado dos ectoplasmas de macaco, camundongo, besouro e formiga,
trilhões de trilhões de vidas após a morte. (2) “Você vai passar a eternidade
perguntando: ‘É você, mamãe’, até finalmente encontrá-la” (3) Não somos
biologicamente tão superiores aos animais como imaginávamos 2.000 anos atrás. (2)
“É uma arrogância humana”, continuou meu amigo biólogo, “achar que só nós
merecemos uma segunda vida”.
(KANITZ, Stephen. A vida após a morte. Veja, São Paulo, ed. 2061, ano 41, n.20, p. 18, 21 maio 2008).
121
c)Função de ligação ou justaposição (coordenação); função de encaixamento
(subordinação).
- coordenação
Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, mas nunca à custa de
nossos filhos, deixando um planeta poluído, cheio de dívidas públicas e
previdenciárias para eles pagarem. Estamos deixando um mundo pior para nós
mesmos, são nossos genes que viverão nesse futuro. Inferno nessa concepção é
deixar filhos drogados, sem valores morais, sem recursos, desempregados, sem uma
profissão útil e social [...]
- subordinação
Inferno nessa concepção é deixar filhos drogados, sem valores morais, sem recursos,
desempregados, sem uma profissão útil e social. Se não transmitirmos uma ética
robusta a eles, nosso DNA terá curta duração.
Coesão Nominal
Ulysses era impressionante sob vários aspectos, o primeiro e mais óbvio dos quais
era a própria figura. Contemplado de perto, cara a cara, ele tinha a oferecer o
contraste entre as longas pálpebras, que subiam e desciam pesadas como cortinas
de ferro, e os olhos claríssimos, de um azul leve como o ar. As pálpebras anunciavam
profundezas insondáveis. Quando ele as abria parecia estar chegando de regiões
inacessíveis, a região dentro de si onde guardava sua força.
(Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 21 out. 1992).
Este trecho de reportagem gira em torno de Ulysses Guimarães, que é sua palavra-
chave. É retomada direta ou indireta do nome de Ulysses que dá estabilidade ao texto,
encaminhando-o numa só direção: fazer uma descrição precisa desse político
brasileiro. Além disso, as frases estão bem amarradas porque seu redator soube usar
com precisão alguns dos recursos de coesão textual, tanto dentro da frase, quanto ao
passar de uma frase para outra. A coesão interna é tão importante quanto a externa.
Vejamos em primeiro lugar os recursos de que Roberto Pompeu se utiliza para manter
a coesão dentro de cada frase.
123
Na primeira frase, vários aspectos projeta o texto para adiante. A palavra aspectos
é retomada pelo segmento o primeiro e mais óbvio dos quais era a própria figura;
Na segunda frase, o pronome relativo que retoma as longas pálpebras: que (as
quais) subiam e desciam;
O relativo onde mantém o elo coesivo com a região dentro de si onde (na qual)
guardava sua força;
E os pronomes si (dentro de si) e sua (sua força) reportam-se ao sujeito ele de quando
ele as abria.
Agora vamos ver como se realiza a coesão de frase para frase:
o ele da segunda frase retoma o nome Ulysses, enunciado logo no início da primeira;
as pálpebras da terceira frase retoma as longas pálpebras da segunda;
Na última frase, o sujeito ele (quando ele as abria) refere-se mais uma vez a Ulysses
e o pronome as retoma pálpebras da frase anterior.
Referência
Pronomes
Vitaminas fazem bem à saúde. Mas não devemos tomá-las ao acaso.
O colégio é um dos melhores da cidade. Seus dirigentes se preocupam muito com a
educação integral.
Aquele político deve ter um discurso muito convincente. Ele já foi eleito seis vezes.
Há uma grande diferença entre Paulo e Maurício. Este guarda rancor de todos,
enquanto aquele tende a perdoar.
Numerais
Não se pode dizer que toda turma esteja mal preparada. Um terço pelo menos parece
estar dominando o assunto.
Recebemos dois telegramas. O primeiro confirmava a sua chegada; o segundo dizia
justamente o contrário.
Advérbios pronominais (aqui, ali, lá, aí)
Não podíamos deixar de ir ao Louvre. Lá está a obra-prima de Leonardo da Vinci: a
“Mona Lisa”.
124
Substituição
125
Elipse
O ministro foi o primeiro a chegar. (Ele) Abriu a sessão às oito em ponto e (ele) fez
então seu discurso emocionado.
Conjunção
Coesão Lexical
126
Reiteração
Por meio de repetição da mesma palavra, quando não for possível substituí-la por
outra, ou através de sinônimos, hiperônimos (que designa o gênero de uma espécie)
e nomes genéricos (coisa, negócio, criatura, fato, acontecimento, fenômeno etc.).
A presidenta viajou para o exterior. A presidenta levou consigo uma grande comitiva.
A propaganda, seja ela comercial ou ideológica, está sempre ligada aos objetivos e
aos interesses da classe dominante. Essa ligação, no entanto, é ocultada por uma
inversão: a propaganda sempre mostra que quem sai ganhando com o consumo de
tal ou qual produto ou ideia não é o dono da empresa, nem os representantes do
sistema, mas, sim, o consumidor. Assim, a propaganda é mais um veículo da
ideologia dominante.
Uma menininha correu ao meu encontro. A garota parecia assustada.
Os quadros de Van Gogh não tinham nenhum valor em sua época. Houve telas que
serviram até de porta de galinheiro.
O avião ia levantar voo. O aparelho fazia um ruído ensurdecedor.
Todos ouviram um rumor de asas. Olharam para o alto e viram a coisa se
aproximando.
Colocação ou contiguidade consiste no uso de termos pertencentes a um mesmo
campo significativo.
Houve um grande acidente na estrada. Dezenas de ambulâncias transportaram os
feridos para os hospitais da cidade mais próxima.
Um termo-síntese
O país é cheio de entraves burocráticos. É preciso preencher um sem-número de
papéis. Depois, pagar uma infinidade de taxas. Todas essas limitações acabam
prejudicando o importador.
Todas essas limitações resumem o que foi dito antes.
Operadores Argumentativos
127
argumentação. Ou seja, é necessário que você saiba estabelecer as relações
lógicas entre uma coisa e outra.
A gramática possui certos elementos que têm por função indicar ou mostrar a força
argumentativa dos enunciados, a direção ou o sentido para o qual apontam, razão
pela qual são denominados operadores ou marcadores argumentativos. Esses
elementos linguísticos além de contribuir para a argumentação, visto que orientam a
conclusão e a organização do texto, assumem função relevante no estabelecimento
da coesão e da coerência do texto.
Vejamos como Othon Garcia construiu a argumentação ao escrever o texto
dissertativo argumentativo “Comunicação em prosa moderna”:
Tempo exato, pontual: quando, mal, assim que, nem bem logo que, no momento em
que
Tempo anterior – antes que
Tempo posterior – depois que
Tempo simultâneo – enquanto
Tempo progressivo – à medida que, à proporção que etc.
128
O segundo parágrafo é introduzido por um operador temporal quando seguido do
elemento retórico quase sempre que reforça a relação de tempo exato e pontual.
Quando professores, nos limitamos a dar aos alunos temas para redação sem lhes
sugerirmos roteiros ou rumos para fontes de ideias, sem, por assim dizer, lhes
“fertilizarmos” a mente. O resultado é quase sempre desanimador: um aglomerado
de frases desconexas, mal redigidas, mal estruturadas, um acúmulo de palavras que
se atropelam sem sentido e sem propósito; frases em que procuram fundir ideias que
não tinham ou que foram mal pensadas ou mal digeridas.
Não podiam dar o que não tinham, mesmo que dispusessem de palavras-palavras,
quer dizer, palavras de dicionário, e de noções razoáveis sobre a estrutura da frase.
É que palavras não criam ideias; estas, se existem, é que forçosamente, acabam
corporificando-se naquelas, desde que se aprenda como associá-las e concatená-
las, fundindo-as em moldes frasais adequados. Quando o estudante tem algo a dizer,
porque pensou, e pensou com clareza, sua expressão é geralmente satisfatória.
Todos reconhecemos ser ilusão supor – como já dissemos – que se está apto a
escrever quando se conhecem as regras gramaticais e suas exceções. Há
evidentemente um mínimo de gramática indispensável (grafia, pontuação, um pouco
de morfologia e um pouco de sintaxe), mínimo suficiente para permitir que o estudante
adquira certos hábitos de estruturação de frases modestas mas claras, coerentes,
objetivas.
129
OPERADORES ARGUMENTATIVOS
130
Restrição - nem que
6. Comparação de inferioridade
A experiência nos ensina que as falhas mais graves das redações dos nossos colegiais
resultam menos das incorreções gramaticais do que da falta de ideias ou da sua má
concatenação.
Soma – e, também, não só... mas também, tanto...como, além de, além disso, ainda
(= e não), nem mesmo
No parágrafo 6, observar-se o operador porque iniciando um argumento com relação
ao que foi dito anteriormente seguido de operadores que ligam enunciados cujos
argumentos apontam para uma mesma conclusão.
Escreve realmente mal o estudante que não tem o que dizer porque não aprendeu a
pôr em ordem seu pensamento, e porque não tem o que dizer, não lhe bastam as
regrinhas gramaticais, nem mesmo o melhor vocabulário de possa dispor.
131
A escolha e a combinação dos tempos verbais em uma situação comunicativa devem
estar em perfeita sintonia para que o texto forme um todo articulado. No caso do texto
dissertativo-argumentativo, como já vimos, o tipo de discurso é o teórico,
pertencente à ordem do EXPOR no qual o tempo dominante ou tempo de base é o
presente.
Os tempos, os modos e os aspectos dos verbos são responsáveis pela unidade de
sentido, pela interação entre os períodos coordenados, subordinados e entre uma
enunciação e outra. A isso dá-se o nome de correlação verbal.
A correlação verbal diz respeito à relação harmoniosa que se estabelece entre as
formas verbais expressas num dado enunciado linguístico, de modo a tornar os
enunciados mais precisos, mais inteligíveis.
Na língua falada, é muito comum atropelos linguísticos que promovem dissonâncias
entre o que se pretende dizer e o que de fato se diz.
Vejamos alguns exemplos:
“Você quer que eu faço isso ainda hoje?’’ propõem, equivocadamente, uma noção de
certeza – estabelecida pelo emprego do presente do indicativo (faço) – no lugar da
hipótese, sugerida pela intenção do falante. A simples substituição do modo indicativo
pelo subjuntivo garante a unidade discursiva “Você quer que eu faça isso ainda hoje?’’.
Neste outro exemplo “Se eu fosse você, farei isso”, é bem possível perceber a
desarticulação (ausência de correlação) dos períodos estabelecida pelas formas
verbais ‘fosse’ (no pretérito imperfeito do subjuntivo), indicador de dúvida no passado,
e ‘farei’ (no futuro do presente do indicativo), indicador de certeza no futuro atrelado a
um fato presente. A correlação adequada seria com o verbo ‘fazer’, flexionado no
futuro do pretérito do indicativo para que a unidade temporal esteja perfeitamente
sintonizada, uma vez que ‘faria’ é uma ação futura que depende da concretização de
um fato hipotético no passado (fosse). “Se eu fosse você, faria isso”.
Nos dois outros exemplos seguintes “Se eu tivesse dinheiro, eu viajava” ou “Se eu
fosse você, só usava Valisére” (slogan de uma famosa marca de lingerie que virou
bordão), temos uma discrepância, pois as ações dos períodos estão todas no passado
‘tivesse/fosse’ (imperfeito do subjuntivo) e ‘viajava/usava’ (imperfeito do indicativo),
muito embora no português de Portugal essa correlação seja recorrente e alguns
teóricos a legitimem.
132
Os modos verbais indicam a atitude do emissor em relação ao fato, à ação expressa
pelo verbo. Assim, o Indicativo expressa certeza; o Subjuntivo expressa
possibilidade, incerteza, hipótese; e o Imperativo expressa ordens ou pedidos.
Quanto aos tempos, estes localizam o fato numa linha cronológica em relação ao
momento da fala, da enunciação. Assim temos:
a. Presente: fato ocorre no momento da fala (às vezes há outros empregos, como o
presente indicando um fato atemporal, ou um futuro próximo)
b. Pretérito: fato ocorreu antes do momento da enunciação:
c. Perfeito – indica ação concluída no passado;
d. Imperfeito – indica ação repetida no passado;
e. Mais que Perfeito: indica ação concluída antes de outra já passada
f. Futuro: ação projetada para um momento após a enunciação:
g. do Presente: projeção a partir de um momento presente
h. do Pretérito: projeção a partir de um momento hipotético no pretérito.
133
• Pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo:
Pedi que ela dissesse tudo a ele.
• Pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito do indicativo:
Se você dissesse tudo a ele, eu me sentiria aliviado.
https://www.youtube.com/watch?v=LyrSCN6FYcQ&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3o
Lu%C3%ADsMonteCastelo
ATIVIDADES
134
d) Estão incorretas I e II.
e) Estão corretas apenas as alternativas I e V.
como os alunos poderão ampliar seu meio de informações e demonstrem como lidar
com tais seletividades, haverá um caminho traçado para uma sociedade emancipada.
Fonte: (INEP, 2019, p.31)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019
Sobre os termos destacados, podemos afirmar que:
a) Funcionam como operadores argumentativos, estabelecendo a coesão e
coerência ao longo do conjunto textual.
b) Funcionam como Coesão Interparágrafo, ou seja, estabelecem uma relação de
sentido e de ligação na mudança de parágrafos.
c) Funcionam como Coesão Intraparágrafo, ou seja, estabelecem uma relação de
sentido e de ligação dentro do parágrafo e entre os períodos.
d) Em relação à coesão, encontra-se, nessa redação, um repertório diversificado
de recursos coesivos, sem inadequações. Há articulação tanto entre os
parágrafos (“Em segundo lugar”, “Portanto”).
e) Todas as alternativas estão corretas.
136
comunidade virtual. Esse cenário dificulta o exercício da convivência com a diferença,
conforme defendido por Arendt, o que reforça condutas intransigentes como a
discriminação.”
Fonte: (INEP, 2019, p.35)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019
04. (ENEM-2015-Adaptado)
Pela leitura, o bebê pode desenvolver a capacidade de se desligar de outras fontes
de estímulo, mantendo-se concentrado em uma só atividade por períodos mais
longos. No entanto, vale lembrar que bebês ou crianças muito pequenas
normalmente têm um período de atenção curto. Para driblar essa dispersão, os
movimentos de leitura devem ser dinâmicos e envolventes e, por isso, a escolha do
livro apropriado é fundamental.
Revista Língua Portuguesa. Edição 74. p. 23 (janeiro de 2019).
05.Questão de ENEM
O Flamengo começou a parede no ataque enquanto o Botafogo procurava fazer uma
forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre
os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca
137
tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio montado
pelo Botafogo na frente da sua área.
No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita
de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson
apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim
apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima
da linha: Flamengo 1 a 0.
Disponível em http//momentodofutebol.blogsport.com (adaptado)
O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato carioca de futebol,
realizado em 2009, contém vários conectivos, sendo que:
138
As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam
na construção do sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que
a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias ditas anteriormente.
b) o conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste.
c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma
generalização.
d) o termo “Também” exprime uma justificativa.
e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no
sangue”.
07.Em relação ao trecho: "A reação dos moradores foi tão chocante como as brutais
mutilações", é possível afirmar que a conjunção COMO estabelece o sentido de:
a) causa.
b) comparação.
c) consequência.
d) concessão.
e) conformidade.
139
tudo bem. Para isso, eles haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar,
a partir da infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos – ah, isso não lhes tinha
sido ensinado!
Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse se interessar
por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado pela cabeça que os
seus pensamentos pudessem ser importantes.
(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado)
No terceiro parágrafo do texto de Rubem Alves, alguns elementos retomam, por meio
da referenciação anafórica, o termo “os candidatos”. São eles:
a) nunca, alguém, pensando.
b) eles, lhes, sua.
c) aquilo, eles, seus.
d) eles, isso, próprios.
e) eles, outros, próprios.
140
UNIDADE V – LÍNGUA COMO ATIVIDADE ÉTICA RESPONSÁVEL
141
O que é cidadania?
142
competência 5 é o diálogo entre a intervenção proposta por você com algo maior, o
tema, que é o sentido que emerge do conjunto total do texto.
Ao esclarecer como seria uma intervenção ao problema apresentado pelo tema da
redação, destacamos que uma intervenção pode ser vista como uma sugestão de
combate ou uma solução efetiva. Em geral, os temas de redação do ENEM abordam
problemas sociais complexos e, portanto, de difícil resolução.
Contudo, você deve apresentar, com clareza, a sua intenção de intervenção. Daí, a
mobilização e seleção das estruturas que explicitam esse projeto de interferir no
problema em questão. É importante deixar traços intervencionistas no texto por
meio dessas estruturas. A exemplo do verbo modalizador “dever”; verbo ser + adjetivo
como em “é necessário”, “é preciso”, “é importante” etc.; que marcam a intenção clara
de sua autoria de intervenção.
Dependendo do estilo de alguns autores, a proposta de intervenção pode constituir-
se tanto em um parágrafo específico de conclusão-solução, como também vir ao
longo da argumentação em vários parágrafos.
A proposta de intervenção ao problema apresentado no tema da redação deve ser
clara em sua forma da apresentação. Uma proposta muito bem avaliada apresenta
cinco elementos:
1. Ação (O que deve ser feito?): Trata-se da atividade a ser praticada pelo agente e
que manifesta a sua intenção de propor uma intervenção (“deve criar campanhas”,
“aumentar ou diminuir impostos”, debater, educar, orientar, conscientizar, respeitar,
criar etc.);
2. Agente (Quem executa?): Ator social apontado para executar a ação que se
propõe. É importante destacar que esses atores sociais podem ser considerados de
acordo com o tema e a intervenção: individual, militar, comunitário, social, político,
governamental e mundial.
3. Modo/meio (Como se executa? Por meio do que?): Recursos que serão
utilizados para praticar a ação. Atentar para a exequibilidade, concretude e
interventividade da ação. Algumas estruturas indicativas de modo/meio: “por meio de
campanhas”, “através do fomento de debates sobre”, “por intermédio de” etc.;
4. Efeito (Para quê?): Tem que ficar claro textualmente o objetivo da ação, os
resultados pretendidos, mesmo que possa parecer óbvio para o autor da redação. São
estruturas indicativas de efeito: “a fim de que”, “no intuito de”, “espera-se que” etc.
143
5. Detalhamento (Que outra informação sobre esses elementos foi acrescentada
pelo participante?): É o elemento que acrescenta informações à ação, ao agente, ao
modo/meio ou ao efeito e manifesta-se de forma variada, podendo ser uma
exemplificação, explicação, justificativa ou contextualização. São exemplos: “como
por exemplo: sites, livros, jornais e etc.”, como exemplificação; “O Estado, na condição
de garantidor dos direitos individuais, ...”, especificação do detalhamento do agente;
“..., uma vez que tais plataformas padecem de fiscalizações efetivas, ...”,
detalhamento em justificativa do modo/meio; “..., diminuindo assim as influências e
manipulações pelo controle de dados”, exemplo do detalhamento do efeito.
De acordo com o quadro o quadro abaixo, os níveis de nota nessa competência ligam-
se à qualidade do que é elaborado, de acordo com elementos supracitados.
COMPETÊNCIA V
Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos
humanos
0 Não apresenta proposta de intervenção ou apresenta proposta não relacionada
ao tema ou ao assunto
1 Apresenta proposta de intervenção vaga, precária ou relacionada apenas ao
assunto
2 Elabora, de forma insuficiente, proposta de intervenção relacionada ao tem, ou
não articula coma discussão desenvolvida no texto.
3 Elabora, de forma mediana, proposta de intervenção relacionada ao tema e
articulada à discussão desenvolvida no texto
4 Elabora bem proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à
discussão desenvolvida no texto.
5 Elabora muito bem proposta de intervenção, detalhada, relacionada ao tema e
articulada à discussão desenvolvida no texto.
144
Com base nas Diretrizes para a Educação em Direitos Humanos, encontramos no
Artigo 3o as principais diretrizes:
A Constituição Federal de 1988 deve ser lida na sua integralidade. Os destaques de
partes do Artigo 50 nos parece importante para alertar os estudantes quando a
possíveis formulações de propostas de intervenção.
Dignidade humana;
Igualdade de direitos;
Reconhecimento e valorização das diferenças e diversidades;
Laicidade do Estado;
Democracia na Educação;
Transversalidade, vivência e globalidade;
Sustentabilidade socioambiental.
Portanto, o que seriam considerados desrespeito aos direitos humanos? Propostas
de intervenção que incitam à tortura, ao cárcere privado, ao controle em massa de
dados para manipulação, à vigilância e à censura; à proibição de acesso a informação
e a comunicação; em resumo, que neguem quaisquer direitos humanos a qualquer
pessoa.
Com foco na Constituição Federal de 1988, Título II “Dos Direitos e Garantias
Fundamentais”, Capítulo I “Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos” vale a pena
destacar alguns pontos do Artigo 5o que, ligados a temas atuais, precisam ser
relembrados ou conhecidos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I
– homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
145
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual;
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional;
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito
à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores
e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático;
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
146
A Constituição Federal de 1988 deve ser lida na sua integralidade. Os destaques de
partes do Artigo 50 nos parece importante para alertar os estudantes quando a
possíveis formulações de propostas de intervenção.
https://www.youtube.com/watch?v=2V3R2fQzbXk&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oL
u%C3%ADsMonteCastelo
Considerações finais
Chegamos à reta final do nosso curso de Redação e você deve ter percebido que nós
apresentamos aqui detalhadamente os critérios de avaliação da redação do ENEM
que se baseiam em 5 competências.
Em cada uma das unidades, trabalhamos os principais aspectos de cada competência
e para finalizar, gostaríamos de mencionar outros elementos que merecem um olhar
especial, inclusive, chamando a sua atenção para o que pode zerar uma redação.
Todas essas informações foram extraídas da Cartilha do Participante, disponibilizada
pelo INEP em 2019.
1- Como é o processo de avaliação das redações?
Sua redação será avaliada por, no mínimo, dois professores, sem que um tenha
conhecimento da nota que o outro professor atribuiu ao seu texto.
Cada um desses avaliadores atribuirá de 0 a 200 pontos para cada competência,
sendo que a soma de pontos das 5 competências vai compor a nota de cada avaliador,
a qual pode chegar ao máximo de 1000 pontos. Para atribuir a nota final da redação,
é feita a média aritmética entre as duas notas atribuídas pelos dois avaliadores.
Caso haja divergência nas notas em mais de 100 pontos no total ou se houver
divergência de mais de 80 pontos em qualquer uma das competências, será feita uma
avaliação por uma terceira pessoa e a nota final será extraída da média aritmética
entre as duas notas que mais se aproximarem.
Se, ainda assim, a discrepância persistir, haverá uma banca de três professores para
atribuir a nota final da redação.
147
2- O que zera uma redação?
148
d) Copiar qualquer trecho da Prova de Redação (textos motivadores) ou do
Caderno de Questões:
Isso é considerado plágio e demonstra que não houve a compreensão correta sobre
o papel dos textos motivadores e ainda que você não tem repertório suficiente para
escrever um texto de autoria própria.
Aqui, cabe uma ressalva: para zerar a redação, é necessário que o seu texto contenha
apenas cópias dos textos mencionados anteriormente ou tenha no máximo 7 linhas
de sua autoria. A partir de 8 linhas autorais, os trechos copiados são considerados
como linhas não escritas e não entram na correção dos avaliadores. Além disso, sua
nota não passa de 80 pontos e você fica retido nas competências 2 e 3,
Mesmo com essa ressalva, não pratique a cópia, pois isso, mesmo que não zere sua
redação, prejudicará muito o seu desempenho no exame.
e) Discursos ofensivos ou desenhos na folha de redação:
Por razões óbvias, você não deve utilizar, em seu texto dissertativo-argumentativo,
nenhum elemento que não faça parte desse gênero textual, uma vez que tal atitude
demonstra que o candidato não compreende a seriedade do exame.
f) Números ou sinais gráficos fora de contexto e sem nenhuma função:
Pelas mesmas razões apontadas no tópico anterior, é vetado o uso de elementos que
fogem à proposta.
g) Qualquer parte desconectada propositalmente do tema:
A redação do ENEM não é o espaço adequado para refletir sobre o seu processo de
escrita ou sobre o seu desempenho no exame, nem para dirigir um recado à banca
examinadora, nem ainda para mensagens de cunho político ou de protesto ou
qualquer outro elemento estranho ao gênero proposto como orações, frases fora de
contexto, letras de música, hinos, poemas que fujam da argumentação construída ao
longo da redação.
h) Assinar, usar nome, apelido, codinome ou uma rubrica fora do local
especificado para a assinatura do participante:
Você deve utilizar o espaço reservado para a assinatura e preencher com seu nome
completo.
i) Escrever o texto predominantemente em uma língua estrangeira:
Isso é inadequado, já que o exame pede que se utilize a língua portuguesa em sua
variedade padrão.
149
j) Entregar a Folha de Redação em branco, mesmo com o texto escrito na Folha
de Rascunho:
Isso impede que você seja avaliado, pois a Folha de Redação é o documento que
será corrigido pelos avaliadores.
A respeito da impossibilidade de copiar trechos dos textos motivadores ou das
questões do ENEM, precisamos falar sobre três situações diferentes envolvendo o
uso do discurso de outrem.
150
pensador ou escritor famoso ou ainda inventar dados estatísticos na hora de produzir
a redação.
Então, já que eu não posso plagiar, o que eu faço quando precisar utilizar o
discurso de outrem na minha redação?
Para evitar o plágio em sua redação ou em qualquer situação de escrita, você pode
lançar mão de dois recursos que possibilitam utilizar autores para embasar o texto que
você está construindo sem fazê-lo de forma inadequada ou criminosa.
O primeiro recurso é a citação, que como já vimos nas aulas anteriores, pode ser feita
de forma direta ou indireta.
A citação direta deve ser feita quando você for capaz de escrever o texto citado
exatamente com as palavras daquele autor e deve ser colocado entre aspas.
A citação indireta, por sua vez, ocorre quando você não lembra exatamente as
palavras daquele autor, então você escreve com suas próprias palavras e menciona
a fonte.
Outro recurso importante é a paráfrase, que consiste em usar as suas próprias
palavras para discorrer a respeito de um tema. Essa é uma prática fundamental para
que você aprenda a verbalizar qualquer tipo de conhecimento estabelecendo uma
autoria e desenvolvendo, inclusive, seu próprio estilo de escrita. Só não se esqueça
de mencionar a fonte original desse discurso!
Muitas vezes, é difícil praticar a paráfrase porque, infelizmente, muitos alunos fazem
trabalhos e pesquisas escolares utilizando apenas a cópia e, como essa prática, na
maioria das vezes não é tolhida pelo professor, torna-se um hábito extremamente
nocivo para o estudante. E quando chega o momento de exercer uma escrita autoral,
o aluno encontra inúmeros obstáculos.
Outras considerações:
- Utilize uma letra legível para escrever a sua redação, a fim de que não haja dúvidas
para o avaliador quando ele for corrigir o seu texto. As redações que apresentam uma
escrita ilegível não serão avaliadas.
- Você pode escolher se vai ou não dar um título a sua redação, uma vez que ele é
considerado como linha escrita, mas não é avaliado como nenhuma competência. O
título é apenas uma oportunidade de dar um nome criativo ao seu texto e já prender a
atenção do avaliador para a sua redação.
151
Na Cartilha do Participante 2019, estão elencados alguns exemplos de redação nota
1000. Recomendamos a leitura desses textos a fim de que você possa observar
atentamente como construir um texto dissertativo-argumentativo que aborde o tema
proposto de maneira eficiente, ou seja, apresentando uma tese clara, seguida de
argumentos coerentes que a justifiquem e finalizando com uma conclusão que retome
o tema e a tese, apresentando uma proposta de intervenção que respeite os Direitos
Humanos.
E assim, finalizamos o nosso Curso de Redação na WEB! Esperamos que você tenha
aproveitado ao máximo todas as ferramentas que foram disponibilizadas nas
videoaulas em nosso canal no Youtube, bem como os textos e atividades da sala do
Google Classroom.
Desejamos sucesso em sua trajetória nessa nova etapa da vida que se descortina
com a sua entrada na Universidade!
https://www.youtube.com/watch?v=d5UIEY_E77o&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oL
u%C3%ADsMonteCastelo
http://www.rodrigomoraes.adv.br/arquivos/downloads/Plagio_na_pesquisa_academica___Rodrigo_
Moraes.pdf
Proposta de redação II
152
A pandemia da COVID-19 isolou fisicamente as pessoas umas das outras e as obrigou
a uma vida híbrida, dividida: de um lado, pela realidade física de um pequeno grupo
familiar e de poucos; e de outro, por um enorme tempo dedicado ao mundo virtual,
aos estudos on-line, aos trabalhos remotos e às redes sociais digitais.
Interessa-nos refletir sobre os possíveis riscos ligados ao comportamento dos jovens
nas redes sociais digitais.
A organização das redes sociais digitais impacta na organização social vigente, não
só ao possibilitar experienciar relações distintas daquelas vividas na vida cotidiana,
como também ao desestabilizar as hierarquias conhecidas na organização social.
Esse raciocínio encontra subsídio nos textos de Manuel Castells (2003):
Essa citação prenuncia e profetiza o que de fato aconteceu com a chegada das redes
sociais digitais. Com a chegada delas, a nova geração da internet imprimiu uma
característica mais interativa de uso coletivo e aberto, onde qualquer pessoa pode
inserir, criar e retirar conteúdos, o que exige um comportamento ético e cauteloso.
Esse processo interativo é potencializado pela mediação das tecnologias digitais entre
o sujeito e o mundo, em interações on-line, com perfis criados pelos sujeitos no intuito
de serem “curtidos”, “comentados” e “compartilhados”. É assim que vemos esses
sujeitos sob relações dialógicas sustentadas por laços sociais (RECUERO, 2014).
O verbo-visual nas redes sociais digitais
Do ponto de vista de quem cria uma postagem em uma rede social digital é fácil
perceber que os elementos visuais vão se articulando aos verbais de maneira
diferente em cada uma das postagens e as imagens vão interferindo na forma de
composição, no estilo e, consequentemente, nos sentidos gerados ao final daquela
postagem que interpretamos como um enunciado. É assim que consideramos que há
um projeto de construção intencional que guia as escolhas verbais e visuais gerando
assim, um conhecimento verbo-visualmente constituído.
153
É importante perceber que a imagem, muitas vezes, pode negar, desmentir, contestar
o verbal e construir efeitos de sentido como ironia e/ou provocação, dentre outros.
Apresentamos um exemplo conhecido das artes visuais: a imagem do quadro de
René Magritte que, ao mostrar a imagem de um cachimbo, flutuando no ar,
acompanha a imagem com a frase, em francês, “Isto não é um cachimbo”. Muito já se
falou e escreveu sobre esse quadro, que aponta a relação polêmica e irônica entre a
imagem e a frase que a desconstrói.
154
Todos esses elementos imbricados constituem o que se enuncia, o sentido; assim
como o que é enunciado, joga luz e constitui todos esses elementos.
O contexto extra verbal da enunciação é composto de três aspectos: (1) um horizonte
espacial compartilhado pelos falantes (a unidade do visível); (2) o conhecimento e a
compreensão comum da situação, igualmente compartilhada; e (3) a valoração
compartilhada pelos falantes, na situação.
Portanto, é nesse visto conjuntamente, sabido conjuntamente e avaliado
conjuntamente que a enunciação se apóia. Desse modo, a enunciação da vida real
compõe-se de: (a) uma parte realizada verbalmente e (b) do subentendido.
Portanto, é na relação entre o dito do que se é enunciado por meio da verbo-
visualidade, e a situação extraverbal dos valores das redes sociais, o subentendido
que (não) é compartilhando com os interlocutores (des)conhecidos que floresce uma
das tensões que geram risco e se constitui em ameaça para os enunciados em redes
sociais.
Recomendações
É importante ter em mente que ao ler e/ou produzir textos, enunciados, há três
dimensões que aparecem por meio de perguntas que você mesmo pode se fazer :
uma instância situacional, que situa sócio historicamente o texto; uma instância
composicional, que joga luz nas estruturas e na sua relação íntima com a construção
do sentido final; e uma instância axiológica, que aponta para os valores e efeitos que
você quer imprimir naquele enunciado.
155
Veja os três quadros abaixo:
Categorias de análise da instância situacional
Descrição dos
Qual é a função desempenhada pelas porções
padrões de
textuais? Quais movimentos são obrigatórios,
organização textual
opcionais, recursivos ou ordenados no gênero?
156
recorrentes nesse texto? E que significação essas
escolhas assumem?
157
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-45750323
158
3. - O que o tubarão parece fazer? Você considera que se trata de uma fotografia
real ou uma fotomontagem, recurso muito usado nas redes sociais?
4. - Se você fosse o mergulhador, que frase você escreveria para acompanhar a
publicação desta fotografia em sua página pessoal de uma rede social?
5. Perceba as tensões e os possíveis riscos, a mudança de sentido ao ter o seu
enunciado verbo-visual deslocado de uma esfera a outra, ou citado e
ressignificado por outrem. Reflita também sobre os possíveis riscos das redes
sociais digitais. Veja o texto abaixo:
Fonte : http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2015/03/tubarao-intrometido-invade-selfie-de-mergulhador.html
159
A partir dos textos motivadores a seguir e com base nos conhecimentos construídos
ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Os efeitos do comportamento dos
jovens nas redes sociais”, apresentando proposta de intervenção que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.
Texto Dissertativo-Argumentativo
TEXTO MOTIVADOR I
Jovens brasileiros são os mais dependentes das redes sociais
Dentre os aplicativos, os brasileiros também são os maiores usuários do Facebook
(94%), Youtube (85%) e WhatsApp (84%)
Os adolescentes brasileiros passam cada vez mais tempo hipnotizados pelos
dispositivos móveis. Uma pesquisa realizada pela Amdocs em dez países aponta que
os jovens entre 15 e 18 anos do país não desgrudam do celular: 64% costumam
checar as redes sociais assim que acordam.
“O brasileiro é um povo que gosta muito de novidade. Hoje, os jovens têm mais
opções, já que existem várias plataformas diferentes. A gente vê um movimento de
crescimento, que só tem aumentado”, afirma Kan Wakabayashi, diretor da Amdocs
Brasil.
Dentre os entrevistados no Brasil, 55% acreditam que seu smartphone os tornam mais
espertos e legais. Dentre os aplicativos, os brasileiros também são os maiores
usuários do Facebook (94%), Youtube (85%) e WhatsApp (84%). O levantamento foi
realizado com 4.250 jovens, entre 15 e 18 anos, dos Estados Unidos, Canadá, Reino
Unido, Alemanha, Rússia, Índia, Cingapura, Filipinas, México e Brasil. [...]
https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/jovens-brasileiros-sao-os-mais-dependentes-das-
redes-sociais/
160
TEXTO MOTIVADOR II
Instagram é a pior rede para a saúde mental dos adolescentes
Estudo britânico atribui a pior nota ao aplicativo por sua capacidade de gerar
ansiedade entre os jovens
As redes sociais mais populares são fonte de inumeráveis benefícios e vantagens
para seus usuários, mas também geram efeitos colaterais pouco saudáveis. Um novo
estudo, realizado entre jovens britânicos, aborda um problema muito particular: o bem-
estar e a saúde mental dos usuários de tais serviços. Segundo esse trabalho, o
Instagram poderia acabar sendo a rede social mais nociva entre os adolescentes, por
seu impacto na saúde psicológica dessa faixa etária mais vulnerável. Atrás dele,
embora também com notas negativas, estariam Snapchat, Facebook e Twitter. A
única rede avaliada positivamente é o Youtube, o portal de vídeos da gigante
Alphabet.
“Os jovens que passam mais de duas horas por dia em redes sociais como Facebook,
Twitter e Instagram estão mais propensos a sofrerem problemas de saúde mental,
sobretudo angústia e sintomas de ansiedade e depressão”, diz o estudo, realizado
pela Real Sociedade de Saúde Pública do Reino Unido e pela Universidade de
Cambridge. [...]
Foram levados em conta 14 fatores, tanto positivos como negativos, nos quais as
redes sociais poderiam impactar a vida dessa faixa etária, na qual a personalidade
ainda está em formação. O Instagram foi reprovado em sete desses aspectos, pois os
jovens reconhecem que esse aplicativo de compartilhamento de fotos afeta muito
negativamente a sua autoestima (imagem corporal), as horas de sono (algo associado
a vários transtornos decorrentes de dormir pouco) e seu medo de ser excluído de
eventos sociais (conhecido pela sigla inglesa FoMO). [...]
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/19/tecnologia/1495189858_566160.html
161
TEXTO MOTIVADOR III
162
https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,estudos-ligam-uso-inadequado-de-redes-sociais-a-
depressao-entre-adolescentes,70002942161
163
REFERÊNCIAS
164
ALADIM, Débora. Redação infalível: e outras dicas para você arrasar nas provas. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2019.
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico. São Paulo: Parábola, 2015.
165
ANEXOS
166
GABARITOS
GABARITOS
167
Gabarito Unidade I – Página 27
Quest/Altern. a b c d e
01 X
02 X
03 X
04 X
05 X
06 X
07 X
08 X
09 X
10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
16 X
17 X
168
Gabarito Unidade I – Página 35
Quest/Altern. a b c d e
01 X
02 X
03 X
04 X
05 X
06 X
07 X
08 X
09 X
169
Gabarito Unidade II – Página 58
1)
Texto 1 – Discurso interativo/sequências dialogal e injuntiva
Texto 2 – Discurso teórico/sequência expositiva
Texto 3 – Discurso teórico/sequência injuntiva
Texto 4 – Discurso relato interativo-teórico/sequências narrativa
e expositiva
Texto 5 – Discurso teórico/sequência injuntiva
Texto 6 – Discurso interativo/sequência dialogal
Texto 7 – Discurso narração/sequências narrativa e descritiva
Texto 8 – Discurso narração/sequências narrativa e descritiva
Texto 9 – Discurso Relato interativo/sequências narrativa e
descritiva
Texto 10 – Discurso Relato interativo/sequências narrativa e
descritiva
Texto 11 – Discurso teórico/sequência injuntiva
Texto 12 – Discurso narração/sequências narrativa e dialogal
Texto 13 – Discurso teórico/sequência injuntiva
Texto 14 – Discurso narração/sequências narrativa e descritiva
2) 13- 12-11-10-2-8-7-6-5-5-4-3-2-1
3)
1. (1- 6-7-8)
2. (5-10)
3. (-)
4. (12)
5. (2-11)
170
Gabarito Unidade II – Página 79
Quest/Altern. a b c d e
01 X
02 X
03 X
04 X
05 X
06 X
07 X
08 X
09 X
10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
16 X
17 X
18 X
19 X
20 X
171
Gabarito Unidade III – Página 106
Quest/Altern. a b c d E
01 X
02 X
03 X
04 X
05 X
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a) Revista Época
b) Sim. Trata-se de uma revista publicada semanalmente nos
formatos impresso e digital e distribuída para todo o país.
c) Walter Carnielli é matemático e professor titular de lógica e
filosofia da ciência do Centro de Lógica e do Departamento
de Filosofia da Unicamp, em Campinas.
d) A diferenciação entre opinião e argumento
e) A finalidade do assunto abordado é o de explicar, por meios
de conceitos, a diferença entre opinião e argumento.
f) 2
g) “Um fato é algo que pode ser provado verdadeiro. Por exemplo, é
fato que Júpiter é o maio planeta do sistema solar tanto em
diâmetro quanto em massa” (argumento do tipo exemplificação
de conhecimento universal irrefutável).
“Um estudo publicado na revista Proceedings da Academia
Nacional de Ciências [...] (argumento citação de autoridade)
examinou dados sobre temas discutidos em redes sociais 2010 e
2014. O estudo constatou que os usuários tendem a se agregar
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em comunidades de interesse, o que causa reforço e promove
vieses de confirmação, segregação e polarização” (argumento
em dados colhidos na realidade)
[...] como disse Umberto Eco, que ‘as redes sociais deram vozes
a uma legião de imbecis” (argumento de autoridade).
h) Leitores da revista
i) 1
j) À polarização política nas redes sociais
Quest/Altern. a b c d e
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