Caderno Didático - Redação Web

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Instituto Federal do Maranhão

Francisco Roberto Brandão Ferreira


Reitor
Ximena Paula Nunes Bandeira Maia da Silva
Pró-reitora de Ensino
Natilene Mesquita Brito
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação
Fernando Antônio Carvalho de Lima
Pró-reitor de Extensão e Relações Institucionais
Washington Luis Ferreira Conceição
Pró-reitor de Administração
Carlos César Teixeira Ferreira
Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional
Gedeon Silva Reis
Diretor da Editora IFMA
©2017 dos autores
A reprodução ou transmissão desta obra, ou parte dela, por qualquer
meio, com propósitos de lucro e sem prévia autorização dos editores,
constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98).
Direitos Reservados desta edição
Editora IFMA
Revisão
Ana Kennya Félix
Projeto Gráfico e Diagramação
Jordan Silva Barros
C1144
Caderno Didático - Redação na WEB, Campus São Luís Monte Castelo. /
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão;
Organizadores Ana Kennya Félix Gutman, Arielson Tavares, José Emmanoel
Ferreira, Kerllen Miryan Portela de Paiva Norato, Maria Goreth Moraes, Paula
Francineti de Araujo Tavares, Sebastiana Sousa Reis Fernandes, Vilton Soares
de Souza, William Pereira dos Anjos. São Luís, MA: IFMA, 2020.

Caderno Didático
ISBN 978-65-5815-098-5
Recurso Eletrônico

1. Redação. 2. Caderno Didático. 3. Texto dissertativo-argumentativo. I.


Gutman, Ana Kennya Félix. II. Tavares, Arielson. III. Ferreira, Emmanoel. IV.
Norato, Kerllem. V. Moraes, Maria Goreth Gomes. VI. Tavares, Paula Francineti
de Araujo. VII. Fernandes, Sebastiana Sousa Reis. VIII. Soares, Vilton de Souza.
IX. Anjos, William Pereira dos. IX. Título.

CDU 806.90
Ficha Catalográfica elaborada por Michelle Silva Pinto - CRB 13/622
620
Por conta da paralisação das aulas devido ao COVID 19, e diante do processo
seletivo do Enem, oferecemos este curso de redação para que os alunos do 3º
do ensino médio, do Campus Monte Castelo, pudessem desenvolver as
habilidades sobre como se apropriar do gênero de texto Redação do Enem.
As aulas foram veiculadas no YouTube e, também, no Google Classroom
(https://classroom.google.com/c/ODU3MjI2MzE3NDla?cjc=tkvo2qw) para que
os alunos pudessem acessá-las em seu notebook, tablet ou smartphone, em
qualquer local ou hora.
Deixamos claro aos alunos que para obterem sucesso, era necessário que
fossem responsáveis consigo mesmos e agissem como se estivessem na
escola. A diferença é que o foco seriam eles e não nós.
Agora, apresentamos o fruto deste projeto coletivo no formato digital, com a
pretensão de ampliar seu acesso aos demais alunos de outros campi como
também ao público interessado, desenvolvido pelos professores Língua
Portuguesa do Departamento Acadêmico de Letras, Paula Francineti de Araujo
Tavares e Vilton Soares de Souza, responsáveis pela elaboração dos conteúdos;
Arielson Tavares, Ana Kennya Félix Gutman e Sebastiana de Sousa Reis
Fernandes, elaboradores das atividades; José Emmanoel Ferreira, Maria Goreth
Gomes Moraes e William Pereira dos Anjos, responsáveis pelo suporte técnico;
sob a coordenação da professora Kerllen Miryan Portela de Paiva Norato.
Este Caderno Didático está dividido em unidades de acordo com as cinco
competências requeridas no processo de avaliação de redação do Enem.
A primeira Unidade corresponde à primeira competência, nela revisamos alguns
conteúdos gramaticais como a nova norma ortográfica, regras de pontuação e
tipos de linguagem: formal e informal.
A segunda Unidade corresponde à segunda competência, nela abordamos os
níveis de textualização, apresentamos também os tipos de discurso e as
sequências textuais, mas nos concentramos de fato na infraestrutura do texto e
aos outros aspectos relacionados ao texto dissertativo-argumentativo.
A terceira Unidade corresponde à terceira competência, nela estudamos
pressupostos, tese, tipos de argumentos, as estratégias de argumentação, os
elementos linguísticos que contribuem para argumentação (operadores
argumentativos) e, além disso, o modo de selecionar, relacionar, organizar e
interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de
vista.
A quarta Unidade corresponde à quarta competência, nela estudamos os
recursos coesivos além de outros elementos gramaticais que influenciam na
articulação do texto dando-lhe continuidade e progressão.
A quinta Unidade corresponde à quinta competência, nela analisamos diversos
modelos de propostas de intervenção de temas já abordados em redações
passadas.
E por fim, apresentamos além das considerações finais, mais uma proposta de
redação.

Bom proveito!!!

https://www.youtube.com/watch?v=05C5gHoGDL8&t=11s&ab_channel=IFMACampusS%C3%A
3oLu%C3%ADsMonteCastelo
Sumário
Como planejar? .............................................................................................................................. 07
Unidade I – Fala e escrita, língua padrão e coloquial, gramática normativa ........................... 14
Unidade II – Níveis de textualização ............................................................................................. 46
Unidade III – Construção da argumentação ................................................................................ 92
Unidade IV – Os mecanismos de textualização ........................................................................ 113
Unidade V – Língua como atividade ética responsável ............................................................ 136
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 160
ANEXO ........................................................................................................................................... 161
GABARITOS .................................................................................................................................. 162
Proposta
Como dePlanejar?
Redação

Iniciamos nosso estudo, apresentando-lhe uma proposta de redação cujo tema é:


Democracia racial no Brasil: entre teoria e prática
Você deve estar pensando: “Poxa, mal começou o curso, ainda não estudamos nada,
e já estão pedindo que eu escreva!?”.
Sim. Porque a sua primeira produção funcionará como um teste diagnóstico, que
mostrará ao seu professor de português como está sua capacidade de linguagem, ou
seja, o que você já sabe, o que você necessita saber, para que possa escrever bem
uma dissertação-argumentativa.
De posse dessas informações, as aulas apresentadas aqui irão ajudá-lo (la) a
desenvolver melhor o seu texto. E, após estudar tudo o que você necessita saber,
você receberá de volta de seu professor a sua primeira produção para que reescreva.
Após reescrevê-la quantas vezes forem necessárias, a última, esta sim, será sua
produção final que deverá ser corrigida pelo seu professor(a) considerando os
mesmos critérios de avaliação do ENEM.
Tanto a proposta de redação como sugestões de leituras e filmes, estão
disponibilizados na nossa sala de aula no Google classroom. Entendido? Então,
sigamos em frente!!!
Mas antes de começar a escrever é preciso aprender a planejar.
Uma boa estratégia é ter respostas para as seguintes perguntas:
Você vai escrever sobre o quê? Qual o tema ou assunto?
- Para que você escreva uma boa redação no ENEM, primeiramente, deverá ler a
proposta de redação I e II e os textos motivadores.
Saiba que o tema não trata do gosto de um indivíduo (como veremos na unidade II),
mas de um problema relativo a toda uma sociedade. Passa-se do caráter individual
(assunto) para o caráter coletivo, da sociedade (tema).
Muitos candidatos fogem do tema porque não percebem que trataram apenas do
assunto, são demasiadamente individualistas nas suas opiniões, ou apenas
resumitivos, parafraseiam apenas os textos motivadores e ficam à margem do tema,
tangenciando-o com suas opiniões (opinião não é argumento, como veremos na
unidade III).

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O tema deve refletir não exclusivamente o seu “mundo”, mas a relação desse “mundo”
com os demais que estão na sociedade à espera de reflexão e, muitas vezes, de
solução.
Uma vez detectado qual é o tema, você deverá assumir uma das três posições: a) a
favor; b) contra; c) dialético (os prós e contras).
O que você pretende? Qual é o objetivo da sua escrita?
- Você deverá se preocupar, principalmente, em não se perder dentro do tema que lhe
será proposto. Manter-se fiel ao tema, produzir sentidos e mostrar sua relação com a
realidade (veremos na unidade II). A manutenção da unidade do texto e a produção
de sentidos só acontecerão se você souber argumentar (como veremos na unidade
III).
Caso você não conheça os fatos com propriedade, você poderá cair em contradição
e dizer coisa com coisa e seu texto poderá ser incoerente. Por isso, você deve ler
muito, deve estar inteirado sobre tudo que acontece na sociedade em que vive: leia
revistas, leia jornais, assista aos jornais (indicamos o da TV CULTURA, porque incita
sempre ao debate entre pontos de vista diferentes), a filmes de qualidade (históricos,
filosóficos) etc.
A quem dirige a escrita? Quem é o seu leitor?
- Você dirige a sua escrita a uma banca de corretores. Seu texto será avaliado por 1,
2, 3 corretores, e, em algumas vezes, por 4.
Em que situação você e seu leitor se encontram?
- Saiba que as condições de produção de uma redação do ENEM não são das
melhores. Você terá, em um prazo estipulado, de escrever sobre determinado assunto
que você só irá tomar conhecimento lá, na hora. Nesse espaço de tempo, você terá
que fazer um planejamento mental rápido de como irá apresentar o seu texto.
Qual é a situação que envolve você e o seu leitor (corretor)?
- Se o seu desejo for tirar uma nota máxima, você terá que escrever de forma coerente
a partir de um pressuposto claro e bem definido (como veremos na unidade III). Para
tanto, é necessário que você possua além de conhecimento de mundo muita, muita,
muita leitura. O corretor quer saber se você possui as capacidades de linguagem
desenvolvidas com relação à norma culta, à tipologia textual, às estratégias de
argumentação, à coesão e se sua proposta de intervenção é válida ou não.

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O que você sabe que o seu leitor (corretor) já sabe e, portanto, não precisa
explicitar?
- Ninguém deve escrever intempestivamente. Qualquer afirmação que você faça deve
resultar de um conhecimento partilhado com outras pessoas, senão você poderá
correr o risco de não ser compreendido. Se você não conhece os fatos com
propriedade, pode chegar à incoerência, cair em contradição.
Que gênero textual produzir pensando na situação comunicativa?
- Saiba que há textos que se ocupam de EXPOR com argumentos a solução de um
problema, que explica um fenômeno social (seriam, portanto, expositivos) e outros se
preocupam com EXPOR um ponto de vista sobre a realidade, sempre com base em
argumentos consistentes (seriam, portanto, argumentativos).
Os textos dissertativos podem ser expositivos ou argumentativos. O tipo de texto
solicitado no Enem é o dissertativo-argumentativo, e é este que você deverá
demonstrar à banca corretora que domina.
A dissertação-argumentativa pertence ao tipo de discurso teórico da ordem do EXPOR
e é constituído, predominantemente, por sequências argumentativas (veremos na
unidade II).
A sequência argumentativa tem algumas características que são fundamentais:
- é temática, ou seja, é dominantemente abstrata;
- não se ocupa de narrar um acontecimento nem de descrever um cenário, mas de
oferecer análises, interpretações, avaliações.
- organiza-se segundo uma cronologia, mas com base em relações lógicas:
pertinência, causalidade, implicação, correspondência.
- todos os tempos verbais podem ser utilizados, embora haja predominância do valor
onitemporal, ou presente atemporal, porque tem em vista expor verdades gerais, que
ultrapassam a ideia do aqui e agora.
-usa-se a 3ª pessoa, para se produzir o efeito de objetividade, garantindo menor
subjetividade assim como passar a ideia de neutralidade; mas também, usa-se a 1ª
pessoa do plural para gerar o efeito de aproximação (nós inclusivo: nós podemos
concluir...); para gerar efeito de distanciamento e de produção de uma verdade
científica (nós exclusivo: nós da comunidade científica, os cientistas, verificamos...).
Você verá que embora o discurso teórico e a sequência argumentativa sejam
dominantes no texto dissertativo-argumentativo, este pode não ser constituído

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puramente por eles; em geral, é mesclado: ora apresenta discurso teórico/sequência
explicativa, ora discurso narração/sequências descritivas e narrativas, ora discurso
teórico/sequência argumentativa, ora discurso teórico/sequência injuntiva etc.

Proposta de redação I

Democracia racial no Brasil: entre teoria e prática


A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos
ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade
escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “Democracia racial no Brasil: entre
teoria e prática”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e
fatos para defesa de seu ponto de vista.
Texto 1 - Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade negra no Brasil
Tem toda razão o autor da frase “tudo é história”, pois tudo tem uma história. Visto
desse ponto de vista, a identidade negra não surge da tomada de consciência de uma
diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre populações negras e
brancas e/ou negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que
começa com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus
habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que abriu o caminho
às relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão e enfim à
colonização do continente africano e de seus povos.
É nesse contexto histórico que devemos entender a chamada identidade negra no
Brasil, num país onde quase não se houve um discurso ideológico articulado sobre a
identidade “amarela” e a identidade “branca”, justamente porque os que coletivamente
são portadores das cores da pele branca e amarela não passaram por uma história
semelhante às dos brasileiros coletivamente portadores da pigmentação escura. Essa
história a conhecemos bem: esses povos foram sequestrados, capturados,
arrancados de suas raízes e trazidos amarrados aos países do continente americano,
o Brasil incluído, sem saber por onde estavam sendo levados e por que motivo
estavam sendo levados. Uma história totalmente diferente da história dos emigrados

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europeus, árabes, judeus e orientais que, voluntariamente, decidiram sair de seus
respectivos países, de acordo com a conjuntura econômica e histórica interna e
internacional que influenciaram suas decisões para emigrar. Evidentemente, eles
também sofreram rupturas que teriam provocado alguns traumas, o que explicaria os
processos de construção das identidades particulares como a “italianidade brasileira”,
a identidade gaúcha etc. Mas em nenhum momento a cor de sua pele clara foi objeto
de representações negativas e de construção de uma identidade negativa que,
embora inicialmente atribuída, acabou sendo introjetada, interiorizada e naturalizada
pelas próprias vítimas da discriminação racial.
[...]
MUNANGA, Kabengele. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade
negra no Brasil. In: RAMOS, Marise Nogueira e outros. (Orgs.). Diversidade na
educação: reflexões e experiências. Brasília: Secretaria de Educação Média e
Tecnológica, 2003. p.37.
Texto 2 - Preconceito racial não ficou no passado
Um apelido pejorativo, uma perseguição dentro do shopping e até mesmo uma
agressão física justificados pela cor da pele. Há quem diga que tudo isso é exagero,
coisa do passado, mas em pleno século XXI essa ainda é a realidade que grande
parte da população brasileira enfrenta diariamente. Presos a uma ideia
preconceituosa de negros como seres inferiores, muitas pessoas continuam
praticando, às vezes veladamente, atitudes raciais discriminatórias.
Enquanto a prática persiste, a Lei 7.716, que define os crimes resultantes de
discriminação e preconceito racial, completou 25 anos neste mês [jan. 2014]. Mas nem
mesmo a possibilidade de pena de reclusão tem conseguido frear os incontáveis
exemplos de atitudes racistas em todo o país.
[...] Nos últimos dias, porém, o debate tem voltado à tona, graças aos chamados
“rolezinhos” – encontros agendados pelas redes sociais que têm reunido jovens em
shoppings por todo o país. Em São Paulo, liminares da Justiça autorizaram os
estabelecimentos a proibir a entrada dos grupos, como ocorreu anteontem em
Contagem, na região metropolitana [de Belo Horizonte]. Menores só foram liberados
mediante a apresentação de documentos e acompanhados de pais ou responsáveis.
Na capital mineira, muitos adolescentes alegam ter sido revistados em função de sua
aparência. A polêmica ganhou corpo e foi noticiada, na semana passada, pelo jornal

11
francês “Le Monde”, que criticou o fato de o brasileiro se orgulhar de não ser racista,
mas fazer piadinhas com negros.
[...]
MUZZI, Luiza. Preconceito racial não ficou no passado. O Tempo, Belo Horizonte, 20
jan. 2014. Extraído do site: <www.otempo.com.br/cidades/ preconceito-racial-
n%C3%A3o-ficou-no-passado-1.775997>. Acesso em: 3 jun. 2014.
Texto 3 - ‘Somos todos primatas’: sobre a ciência, a polêmica e o racismo
A confusão entre primatas, homens e macacos é tão antiga quanto a própria Teoria
da Evolução, de Charles Darwin. Embora muitas vezes ela ocorra por falta de
conhecimento científico, outras tantas ela é evocada com o simples intuito de causar
confusão e polêmica. Há casos também em que a ideia é apenas ser racista mesmo,
como no caso do torcedor que jogou uma banana para o jogador Daniel Alves.
A campanha “Somos todos macacos”, criada por uma agência de publicidade
justamente para que os jogadores de futebol respondessem aos repetidos casos de
racismo em campo, foi lançada, aparentemente, em defesa de uma boa causa.
“Somos todos iguais”, “não há diferença entre negros e brancos”, parecia
evocar o seu slogan, que foi imediatamente apropriado por várias celebridades
posando com bananas e replicado pelas mídias sociais.
Muita gente, no entanto, logo protestou. “Somos todos humanos”, bradou a colunista
do GLOBO, Flávia Oliveira, em seu blog. “Eu não sou macaco”, muitos contestaram
nas redes sociais. E eles têm razão. E, não, não se trata de uma filigrana.
Os homens e os macacos (chimpanzés, orangotangos, gorilas e bonobos) são
mamíferos pertencentes à ordem dos primatas, que, por sinal, inclui ainda os lêmures.
Somos, portanto, todos primatas. Mas nem todos são macacos, alguns de nós somos
humanos. E há ainda os lêmures, não se esqueçam. A despeito das boas intenções
da campanha, argumentam muitos, quem sempre foi chamado de macaco da forma
mais pejorativa e racista possível, prefere não fazer eco à uma campanha que pode
acabar por confundir mais do que esclarecer. [...]
JANSEN, Roberta. ‘Somos todos primatas’: sobre a ciência, a polêmica e o racismo.
O Globo, Rio de Janeiro, 1 maio 2014. Extraído do site:
<http://oglobo.globo.com/sociedade/ somos-todos-primatas-sobre-ciencia-polemica-
o-racismo-12350519>. Acesso em: 3 jun. 2014.
Instruções:

12
O texto deve ser escrito à tinta e em até 30 linhas. A redação que apresentar cópia
dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas
desconsiderado para efeito de correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “insuficiente”; fugir ao tema ou
que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo; apresentar proposta de
intervenção que desrespeite os direitos humanos; apresentar parte do texto
deliberadamente desconectada com o tema proposto.

https://www.youtube.com/watch?v=EALyomfCtCs&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oLu%C3%
ADsMonteCastelo

Leituras Complementares

O mulato de Aluísio de Azevedo In:

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2024

O cortiço de Aluísio de Azevedo In:

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action&co_obra=1723

13
UNIDADE I – FALA E ESCRITA, LÍNGUA PADRÃO E COLOQUIAL,
GRAMÁTICA NORMATIVA

Nesta Unidade, iremos revisar alguns fatos da língua que quase todo falante do português
comete com frequência na fala (formal ou informal), mas que, por imposição social, os
corretores de redação do ENEM são orientados a considerá-los como inaceitáveis na escrita,
já que este exame exige como primeiríssimo critério o uso da variedade padrão.
O uso da língua, tanto na fala quanto na escrita, variará de acordo com a situação de interação:
roda de amigos, sala de aula, reunião de trabalho, entrevista de emprego, apresentação de
programa de TV, escrita de relatório, Enem etc. Essa adequação é essencial para a efetiva
interação entre quem escreve/fala e quem ler/escuta.
Portanto, cabe ao escritor/falante, a partir da situação de interação ou de comunicação na
qual se encontra, tomar um conjunto de decisões: escolher o gênero de texto mais adaptado
às características da situação comunicativa (no caso do Enem, o texto dissertativo-
argumentativo); e os recursos linguísticos que comporão o seu texto (tipos de discursos,
sequência, os mecanismos de textualização e os mecanismos enunciativos).
Como o objetivo desta unidade é o desenvolvimento da competência 1, “demonstrar
conhecimento da forma culta da língua”, relacionado à linguagem e à gramática, e como nosso
objeto de estudo é o texto escrito dissertativo-argumentativo, estudaremos, primeiramente,
algumas propriedades que diferenciam a fala da escrita, língua-padrão da coloquial e
gramática normativa.

14
Fala X Escrita

A língua escrita tem uma desvantagem em relação à língua falada: ela não dispõe de
recursos como expressões faciais, entonação, gestos, o que enriquece a língua oral.
Em um bom texto escrito, não podemos gaguejar e muito menos deixar o pensamento
pela metade, simplesmente porque o seu interlocutor, no caso, o corretor de sua
redação, não estará face a face com você, para que possa pedir para que você repita,
ou se explique, ou seja mais claro.
Do mesmo modo, na escrita as sentenças não precisam ser repetidas duas ou três
vezes – basta dar a informação uma vez, porque o que está escrito permanece no
papel, a palavra não se vai com o vento como acontece na linguagem oral.

Fala Escrita

Espontânea Monitorada

face a face interlocutor distante


controle das repetições, de
repetições, desvios, ausência de concordância e da organização
concordância sintática

15
Língua Padrão

Segundo Faraco, toda língua é um conjunto de variedades; uma dessas variedades,


ao longo da história, tornou-se a língua-padrão e passou a ser a forma socialmente
mais prestigiada da língua. Ela está, em parte, sistematizada em gramáticas
descritivas e normativas, que tentam unificá-la e é usada em praticamente tudo que
se escreve e se publica em livros, revistas, jornais (impressos ou digitais; orais ou
escritos), sendo assim, o meio mais completo de acesso à informação do mundo
moderno.
O bom domínio da língua-padrão lhe dará acesso à informação escrita, que é
indispensável para a qualidade da sua sobrevivência. Quem, por exemplo,
desconhece a forma cujo ou o sistema de concordância (nominal e verbal) e assim
por diante, terá dificuldades para compreender as estruturas dos textos escritos. Sem
acesso à informação escrita mais elaborada, tudo ficará mais complicado em sua vida,
desde passar no Enem até conseguir emprego.
Para a linguística, a ciência que estuda as línguas humanas, os sistemas de
organização são chamados de gramática. A gramática normativa é uma criação
humana que tenta descrever uma língua oficial padrão.

Gramática Normativa

Segundo Bagno, as gramáticas foram escritas para descrever e fixar como regras e
padrões as manifestações linguísticas usadas espontaneamente pelos escritores
considerados dignos de admiração, modelos a ser imitados. Ou seja, a gramática
normativa é decorrência da língua, é subordinada a ela, depende dela.
Porém, ao longo do tempo aconteceu uma inversão da realidade histórica: a língua
passou a ser subordinada e dependente da gramática. Ou seja, o que não está na
gramática normativa, cujos dogmas e cânones têm de ser obedecidos à risca (formas
como cujo, ajudá-lo, o uso de r nas formas verbais do infinitivo: fazer, correr, ou do s
em outras formas verbais: vamos, corremos; “não é português”.

16
O erro é uma noção, portanto, normativa, que diz respeito à obediência às regras da
chamada língua-padrão que ninguém usa o tempo todo e em todas as situações.
Mesmo assim, a gramática passou a ser instrumento de poder e de controle social,
de exclusão cultural, e seu domínio tornou-se indispensável para a inclusão social
das faixas da população economicamente menos favorecidas. E já que ela é um
poder, você precisa dominá-la para se defender dos que a dominam e têm os meios
de comunicação na mão, de acordo com Faraco.
Mas saiba, que a língua padrão não é, em si, nem melhor nem pior que a nossa fala
de todos os dias. Ela é simplesmente uma convenção, que se estabeleceu ao longo
dos séculos por todo um sistema de comunicação da escrita que se sustenta por esse
controle social e se reproduz pelo aprendizado sistemático dado nas escolas. Sendo
a mais cobrada em exames de qualquer natureza, o ENEM, por exemplo, no qual
desejamos que obtenha sucesso.
Saiba ainda, que para ler e escrever, é preciso ler e escrever, e não, decorar todas as
numerosas e confusas regras gramaticais, muitas vezes contraditórias; nem fazer
análise sintática e morfológica de frases soltas, artificiais que não contribuem para
nada.
É mais útil e relevante aprender a usar a língua, aprender a refletir sobre os fenômenos
da língua e da linguagem, a observar as regularidades do sistema linguístico, a
compreender como ele funciona segundo regras, que contribuem para construção de
um texto coerente e coeso, e não aprender sobre a língua.
Lembrando que, quanto mais você ler, mais fácil se tornará seu relacionamento com
a escrita. Ler bem é a primeira tarefa de quem quer escrever bem. Portanto, sugerimos
a leitura atenciosa de todos os textos e a realização de todas as tarefas que iremos
lhe disponibilizar nesta unidade.

17
Pontuação

Todo mundo aceita que ao homem


cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);

viva em ponto de interrogação


(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):
o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive
o inevitável ponto final.
(João Cabral de Melo Neto)

Pontuar é Preciso

Antes de começarmos a apresentar os sinais de pontuação existentes na gramática


da língua portuguesa, vamos a uma questão: Você já parou para pensar qual a
necessidade de usar sinal de pontuação quando escrevemos?
Para responder a essa pergunta, é necessário esclarecer uns pontos sobre algumas
das diferenças essenciais entre a modalidade oral e a modalidade escrita da
linguagem. Repare que, quando falamos, contamos com a possibilidade de usar o
ritmo e os contornos melódicos dos enunciados, assim como pausas (de duração
variada), em determinados pontos, para indicar limites de organização e unidades de
sentido, ou seja, a junção dos elementos de nossa língua que faz com que
entendamos um ao outro.
Os contornos melódicos são características comuns da fala do indivíduo, mas se
apresentam de forma diferente em cada falante. Assim, a “marcação” dos limites entre
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as palavras que vamos constituindo à medida que articulamos nossos enunciados
orais é feita por meio de recursos de natureza PROSÓDICA. Além desses recursos,
contamos com os nossos gestos para deixar claro o que queremos dizer. Em resumo,
quando falamos, a interação face a face que mantemos com quem falamos garante a
presença de elementos suficientes para a interpretação daquilo que dizemos.
Quando escrevemos, por outro lado, o tipo de interlocução que mantemos através dos
nossos textos é bastante diferente, em vários aspectos. Pelo fato de não mantermos
uma relação direta com quem estamos querendo nos comunicar, não podemos correr
o risco de que nossos enunciados não sejam entendidos. Diferentemente da
comunicação oral, não podemos, ao escrever, contar com os recursos prosódicos que,
dentre outras funções, servem para delimitar as unidades de forma/sentido na fala, ou
seja, unidades que apresentam uma determinada estrutura e representam um
significado na língua.
Por esse motivo, os chamados sinais de pontuação se desenvolveram no registro
escrito, desempenhando a função de demarcadores de unidades e de sinalizadores
de limites da estrutura das orações. Nesse caso, como os recursos comuns à fala
estão ausentes, a pontuação irá nos dizer exatamente em que sentido devemos
encaminhar nossa leitura, sinalizando as situações de pausa, respiração, entonação
etc., assim como onde termina uma ideia e começa uma outra. Ao longo desta aula,
iremos resgatar os conhecimentos que você já viu na escola. Vamos começar?
A pontuação é um sistema de sinais gráficos que indica, na escrita, uma pausa na
linguagem oral. Esse sistema se desenvolveu, ao longo dos anos, no uso literário das
línguas ocidentais, como, por exemplo, o português, o francês, o italiano etc.

Podemos dividir os sinais de pontuação em dois grandes grupos:

1. Sinais para pausas CONCLUSAS; 2. Sinais para pausas INCONCLUSAS;

Conclusa Inconclusas
Relativas à noção de Algo ainda não terminado,
finalização, algo já terminado,
que necessita de
concluído.
conclusão.

19
Os símbolos e seus usos em cada situação

Vamos, agora, discutir cada sinal de pontuação que você relembrou na seção anterior
e saber os lugares que eles ocupam dentro de uma frase ou texto.

Ponto (.)

O ponto é usado nas seguintes situações:


a. indicar o final de uma frase declarativa, ou seja, frases que informam ou declaram
alguma coisa. Essas frases podem ser afirmativas ou negativas;
Ex.: Lembro-me muito bem dele.
b. separar períodos entre si;
Ex.: Fica comigo. Não vá embora.
c. nas abreviaturas.
Ex.: Av.; V. Ex.ª

20
Dois-Pontos (:)

O dois-pontos é usado nas seguintes situações:


a. iniciar a fala dos personagens
Ex.: Então o padre respondeu:
– Parta agora.
b. antes de apostos ou orações apositivas,
enumerações ou sequência de palavras
que explicam e/ou resumem ideias anteriores.
Ex.: Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e Gilberto.
c. antes de citação.
Ex.: Como já dizia Vinícius de Moraes: “Que o amor não seja eterno posto que é
chama, mas que seja infinito enquanto dure.”

Reticências (...)

As reticências são usadas nas seguintes situações:


a. indicar dúvidas ou hesitação do falante.
Ex.: Sabe...eu queria te dizer que...esquece.
b. interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incompleta.
Ex.: – Alô! João está?
– Agora não se encontra. Quem sabe se ligar mais tarde...
c. ao fim de uma frase gramaticalmente completa, com a intenção de sugerir
prolongamento de ideia.
Ex.: “Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes
cor-de-rosa...” ("Cecília", José de Alencar).
d. indicar supressão de palavra(s) numa frase transcrita.
Ex.: “Quando penso em você (...) menos a felicidade” ("Canteiros", Raimundo
Fagner).

21
Parênteses ( )

Os parênteses são usados na seguinte situação: Isolar palavras, frases intercaladas


de caráter explicativo e datas.
Ex.: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreram inúmeras perdas humanas.
Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara
depois duma grande tormenta no fim do verão. (O milagre das chuvas no Nordeste,
Graça Aranha)
Importante: Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o travessão.
Ex.: Chovia (calmamente) enquanto os pássaros se escondiam nas copas das árvores
naquela tarde.

Ponto de Exclamação ( ! )

O ponto de exclamação é usado nas seguintes situações:


a. Após vocativo.
Ex.: “Parte, Heliel!” (As violetas de Nossa Sra, Humberto de Campos)
b. Após imperativo.
Ex.: Cale-se!
c. Após interjeição.
Ex.: Ufa! Ai!
d. Após palavras ou frases que denotem caráter emocional.
Ex.: Que pena!

Ponto de Interrogação ( ? )

O ponto de interrogação é usado nas seguintes situações:


a. Em perguntas diretas.
Ex.: Como você se chama?

22
b. Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação.
Ex.: – Quem ganhou na loteria?
– Você.
– Eu?!

Vírgula ( , )

É usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos indicar que os
termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou
oração, não formam uma unidade sintática. Ex.: Lúcia, esposa de João, foi a
ganhadora única da Sena. Quando há uma relação sintática entre termos da oração,
não se pode separá-los por meio de vírgula. Vamos conhecer alguns desses casos?

Não se separam por vírgulas

a. predicado de sujeito.
Ex.: José, comprou um presente para seu pai. (errado)
José comprou um presente para seu pai. (correto)
b. objeto de verbo.
Ex.: Ela disse, que ligaria ontem. (errado)
Ela disse que ligaria ontem. (correto)
c. adjunto adnominal de nome.
Ex.: Nosso velho, mestre sempre nos voltava à mente. (errado)
Nosso velho mestre sempre nos voltava à mente. (correto)
d. complemento nominal de nome.
Ex.: A vitória, de um é a conquista de todos. (errado)
A vitória de um é a conquista de todos (correto)
e. predicativo do objeto do objeto.
Ex.: Os policiais pediram calma, absoluta. (errado)
Os policiais pediram calma absoluta. (correto)

23
f. oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem
apareça na ordem inversa).
Ex.: Interessa-me, que você compareça. (errado)
Interessa-me que você compareça. (correto)

A vírgula no interior da oração é utilizada


nas seguintes situações

a. separar o vocativo.
Ex.: Maria, traga-me uma xícara de café.
A educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.
b. separar alguns apostos.
Ex.: Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem.
c. separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado.
Ex.: Chegando de viagem, procurarei por você.
As pessoas, muitas vezes, são falsas.
d. separar elementos de uma enumeração.
Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestres-de-obras.
e. isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo.
Ex.: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para acertar a
viagem.
f. separar conjunções intercaladas.
Ex.: Não havia, porém, motivo para tanta raiva.
g. separar o complemento pleonástico antecipado.
Ex.: A mim, nada me importa.
No complemento pleonástico antecipado, há uma repetição de ideias, por isso
denominado ‘complemento pleonástico’. Observe que há uma redundância no que foi
dito; quando isso ocorre, o complemento é isolado por vírgula.
Ex.: Estas histórias, não as reconheço como as melhores de Clarisse.
h. isolar o nome de lugar na indicação de datas.
Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.

24
i. separar termos coordenados assindéticos; ou seja, separar termos que exercem a
mesma função sintática na oração, caso não estejam ligados por conjunção.
Ex.: “Lua, lua, lua, lua, por um momento meu canto contigo compactua...” (Caetano
Veloso)
j. marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo).
Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir).

Ponto e vírgula ( ;)

O ponto-e-vírgula é usado nas seguintes situações:


a. separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, de uma sequência etc.
Ex.: “Art. 127 – São penalidades disciplinares:
I - advertência;
II - suspensão;
III - demissão;
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V- destituição de cargo em comissão;
VI-destituição de função comissionada. (cap. V das penalidades Direito
Administrativo).
b. separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais
já tenha sido utilizada a vírgula.
Ex.: “O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era
pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a
bronquite crônica de que sofria desde moço se foi transformando em opressora asma
cardíaca; os lábios grossos, o inferior um tanto tenso (...)”. (O visconde de Inhomerim,
Visconde de Taunay).

Travessão ( - )

O travessão é usado nas seguintes situações:


a. dar início à fala de um personagem.

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Ex.: O filho perguntou:
– Pai, quando começarão as aulas?
b. indicar mudança do interlocutor nos diálogos.
Ex.: – Doutor, o que tenho é grave?
– Não se preocupe, é uma simples infecção. É só tomar um antibiótico e estará bom.
c. unir grupos de palavras que indicam itinerário.
Ex.: A rodovia Belém–Brasília está em péssimo estado.
Também pode ser usado em substituição à virgula em expressões ou frases
explicativas. Ex.: Xuxa – a rainha dos baixinhos – será mãe.

Aspas ( “ “ )

As aspas são utilizadas nas seguintes situações:


a. isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias,
estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões populares.
Ex.: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu admirador.
A festa na casa de Lúcio estava “chocante”.
Conversando com meu superior, dei a ele um “FEEDBACK” do serviço a mim
requerido.
b. indicar uma citação textual.
Ex.: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue
na face, desfiz e refiz a mala”. (O prazer de viajar, Eça de Queirós)
Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer necessário a utilização de
novas aspas, estas serão simples ( ‘ ‘ ).
Ex.: “Por falar em maluco, Nietzsche disse que ‘o cinismo é a única forma sob a qual
as almas vulgares se aproximam do que seja a honestidade.’” (Rubem Fonseca)
c. indicar o título de uma obra:
Ex.: Acabei de ler “Sonho de uma noite de verão”, de Shakespeare.
Obs.: Esta indicação também pode ser feita colocando o título da obra em itálico.
Ex.: Acabei de ler Sonho de uma noite de verão, de Shakespeare.

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%ADsMonteCastelo

ATIVIDADES

ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO
As questões que lhes apresento são itens de prova do ENEM, portanto, muita
atenção para respondê-las.

01) (Gam Filho-1997) "Lembrei, agora, sabe lá Deus por quê”


Apenas uma das orações abaixo será preenchida com por quê idêntico em ortografia
e de mesma classe gramatical que a expressão sublinhada no exemplo acima.
Assinale-a.
a) Ele abandonou a Faculdade, ________ ?
b) O motivo_______ ele abandonou o Curso de Letras é evidente.
c) Foi este o________ de ele ter desistido da Faculdade de Letras.
d) Ele não acabou o Curso_______ não quis.
e) ___________ele alegou motivos pessoais, abandonou a Faculdade de Letras.

02) (GV-2003) Assinale a alternativa em que não haja erro de grafia.

a) Não tinha feito a prova no dia regular nem tão pouco a substitutiva.
b) Afim de que as soluções pudessem ser adotadas por todos, José de Arimateia havia
distribuído cópias do relatório no dia anterior.
c) Porventura, meu Deus, estarei louco?
d) Assinalou com um asterístico a necessidade de notas informativas adicionais.
e) Com frequência, os médicos falam de AVC, Acidente Vascular Celebral. Por isso,
os próprios pacientes já estão familiarizados com esse termo.

03) (GV-2003) Assinale a alternativa em que a grafia de todas as palavras seja


prestigiada pela norma culta.

27
a) Auto-falante, bandeija, degladiar, eletrecista.
b) Advogado, frustado, estrupo, desinteria.
c) Embigo, mendingo, meretíssimo, salchicha.
d) Estouro, cataclismo, prazeiroso, privilégio.
e) Aterrissagem, babadouro, lagarto, manteigueira.

04) (IBMEC - SP-2007) Leia os enunciados a seguir:


I. Especialistas atribuem o alto número de casos de anorexia, em parte, à
............cultural por..............
II. A ............... de agentes da Polícia Federal teve grande .................. na imprensa.
As lacunas estão corretamente preenchidas em:
a) obseção, magresa, paralisação, repercução
b) obsessão, magreza, paralização, repercussão
c) obsceção, magreza, paralisação, repercussão
d) obssessão, magresa, paralização, repercução
e) obsessão, magreza, paralisação, repercussão

05) (ITA-1998) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.


I._______ os amigos, jamais ________ sua atenção e confiança.
II. _______dos políticos que dizem que os recursos públicos não ________do povo.
a) destratando - se granjeiam - divirjamos - provêm
b) distratando - se granjeiam - divirjamos - provêm
c) distratando - granjeamos - diverjamos - provêem
d) destratando - grangeamos - divirjamos - provêem
e) distratando - se granjeia - diverjamos – provêm

06) (Mack-1996) Assinale a alternativa que preenche com exatidão as lacunas:


Não poderia tratá-lo ______ com amabilidade, pois, ______ fosse ele, não poderia
analisar comparativamente as ideias ______ destas teorias, ______ de elaborar meu
trabalho.
a) senão - se não - a fins - afim
b) se não - senão - afins - a fim
c) senão - se não - afins - a fim

28
d) se não - senão - a fins - afim
e) senão - senão - afins - a fim

07) (Mack-1997) Analise as frases abaixo:


I - atraz - civilisar - decender - magestoso
II - atrazado - côncio - enchuto - mecher
III - cicatriz - extensão - discente – exceção
Quanto à ortografia, assinale:
a) se todas as afirmações estão incorretas
b) se apenas II está correta.
c) se apenas I está correta.
d) se todas estão corretas.
e) se apenas III está correta.

08) (PUCCamp-1998) A frase em que há ERROS de ortografia é:

a) De maneira suscinta orientava os usuários a retirarem as fixas nos guichês


indicados.
b) Como expoente na área, sua compreensão do fato só poderia ter sido aquela que
tantos quiseram rejeitar.
c) Espectador de tanto melodrama, o que sentia era um misto de desprezo e pena por
todos eles.
d) A excitação era tanta, e o fascínio dos holofotes era tão intenso, que a timidez de
alguns foi logo superada.
e) A pressão que o trabalho fazia em suas coxas não lhe permitia o acesso ao botão
de controle.

09) (PUC-RS-2001) Cientistas ________ buscando alternativas para uma tecnologia


que, concebida como solução para os problemas da humanidade, ________ hoje um
ecossistema ________ beira de um colapso inimaginável ________ algumas
décadas.
A alternativa cujos itens completam a frase acima, de acordo com a norma culta
do idioma é:

29
a) vêm - contabiliza - à - há
b) vem - contabilisa - à - há
c) vêm - contabilisa - a – à
d) vêm - contabiliza - à - a
e) vem - contabiliza - a – há

10) (UECE-1996) Preenchem-se os espaços de "________ meses que desejo tanto


que elas ________, que, daqui ________ pouco, irão para ________ Argentina", com:
a) faz, viagem, há, à.
b) faz, viajem, a, a.
c) fazem viagem, a, à.
d) fazem, viajem, há, a.
e) Nenhuma das alternativas anteriores

11) (UEL-1994) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase


apresentada.
Como há ........ de chuva, ........ a ........ do jogo.
a) espectativa - cogita-se - suspensão.
b) expectativa - cojita-se - suspensão.
c) espectativa - cojita-se - suspenção.
d) expectativa - cogita-se - suspensão.
e) espectativa - cogita-se - suspenção.

12) (UEL-1994) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase


apresentada...
...... de corretas, respostas ...... e apressadas ...... os examinadores.
a) Apesar - suscintas - decepicionaram.
b) Apesar - sucintas - decepcionaram.
c) Apezar - suscintas - decepcionaram.
d) Apesar - suscintas - decepcionaram.
e) Apezar - sucintas - decepicionaram.

30
13) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche
corretamente as lacunas da frase apresentada.
A argumentação foi ....... ......, mas ainda assim não convenceu o ............ .
a) zelosamente - construida - júri.
b) zelozamente - construída - juri.
c) zelosamente - construída - júri.
d) zelosamente - construida - juri.
e) zelozamente - construída - júri.

14) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche


corretamente as lacunas da frase apresentada.
Se minha conduta ...... dúvidas, que posso fazer para as ...... para afastar de mim tanta
....................?
a) suscita - dirimir - suspeição.
b) suscita - derimir - suspeição.
c) sucita - derimir - suspeissão.
d) sucita - dirimir - suspeição.
e) suscita - dirimir - suspeissão.

15) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche


corretamente as lacunas da frase apresentada.
Os turistas ....................... admiraram-se com o número de ........................ que havia
na aldeia.
a) recéns-chegados - artesãos.
b) recém-chegados - artesãos.
c) recém-chegados - artesães.
d) recém-chegado - artesãos.
e) recéns-chegados - artesães.

16) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche


corretamente as lacunas da frase apresentada.
As bandeiras .......................... agitavam-se, na comemoração pelos ..................
conquistados.

31
a) alviverdes - troféis.
b) alviverde - troféus.
c) alvis-verdes - troféus.
d) alviverdes - troféus.
e) alviverde - troféis.

17) (UEL-1996) Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche


corretamente as lacunas da frase apresentada.
Todo aquele que lhe .......... o caminho irrita-o, ainda que não ............. de forma
intencional.
a) obstrue - aja.
b) obstrui - haja.
c) obstrui - aja.
d) obstrue - haja.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

32
Crase

Caro aluno, mais importante do que decorar as regras da crase é compreender por
que acontece a crase.
Crase é a fusão do a preposição (exigido pelo nome ou pelo verbo) + a (s) [artigo
feminino - que antecede palavras femininas ou a inicial dos pronomes demonstrativos
AQUELE (S), AQUELA (S), AQUILO].
Exemplos: Vou à praia todos os finais de semana.
Vou àquela cidade do sul.

Não ocorre crase

Antes de substantivos masculinos:


Comprou suas roupas a prazo, mas os sapatos à vista.
OBS: Haverá crase diante de substantivo masculino, se houver palavra feminina
subentendida: Ex.: Comprou sapatos à Luís XV. (à moda de Luís XV)
Antes de verbos:
Ele se prontificou a ajudar em todos as etapas do trabalho.
Antes da maior parte dos pronomes:
Pedimos a todos que fizessem silêncio.
Recorri a ela nas minhas dificuldades.
Referi-me a quem não colaborou no trabalho.
Pronomes antes dos quais pode ocorrer crase.
Entregamos o presente à mesma criança.
Deu à própria filha o prêmio.
Remeti à senhora as correspondências.
Esta é a pessoa à qual me referi.
Em expressões com palavras repetidas:
Face a face, falamos as verdades.
Lado a lado, vencemos as batalhas.

33
Antes de palavras femininas no plural antecedidas pela preposição,
a não ser que estejam determinadas:
Não podemos ir a praias desertas.
Não podemos ir às praias desertas do Nordeste. (a -preposição + as – artigos
definidos)
Antes de numerais (exceto horas):
O mercado fica a quinhentos metros daqui.
Você deve chegar às dez horas.
Nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas: à tarde, à esquerda, à luz, à
frente, à custa de, à medida que, à proporção que,
À custa de muito trabalho, eu comprei uma linda casa.
À parte de tudo o que foi dito, os fatos negam a teoria.
O país é como um barco à deriva.
Antes da indicação exata e determinada de horas:
Todos os dias, às seis da manhã, eu acordo para trabalhar.
IMPORTANTE!
Não ocorre crase depois das preposições desde, para, após e entre.
Até as seis horas todos estarão livres.
Para as pessoas de boa fé, tudo parece justo.
Não ocorre crase diante da palavra terra como antônimo de bordo e
casa como sinônimo de lar.
Desceu a terra firme assim que o navio aportou.
OBS: Se terra estiver determinada ou indicando planeta, usa-se a crase:
Chegou à terra dos seus pais.
Desceu à Terra após navegar pelo universo).
Crase facultativa (pode ou não utilizar):
Antes de pronomes possessivos:
Resisti à minha tentação.
Antes de nomes próprios femininos:
Dei presentes a Letícia.

34
Em se tratando de personalidades ilustres, a norma padrão dispensa o artigo
definido.
Referiu-se a Clarice Lispector.

ATIVIDADES
CRASE
Leia o texto abaixo e responda à questão 1:
Por Redação O Sul/ 29 de junho de 2019

(Foto: Arquivo/Agência Brasil)


Vou a Brasília? Vou à Brasília? Nunca sei.
“A crase não foi feita pra humilhar ninguém.” A frase de Ferreira Gullar fez escola.
José Cândido de Carvalho adaptou-a para o sinalzinho de pontuação responsável por
um mar de vítimas. “A vírgula”, escreveu ele, “não foi feita pra humilhar ninguém”. É
verdade. Uma e outra têm papel definido. Contribuem para a clareza da mensagem.
Dois casos servem de exemplo.
Um
Circula na internet uma brincadeirinha divertida. Ela joga com os diferentes sentidos
decorrentes da presença ou da ausência da crase.
Veja:
Se você me desse à tarde, eu alegremente a trocaria por uma crase.

35
Do jeito que está, a tarde funciona como objeto direto. Ela completa o sentido do verbo
dar. A gente dá alguma coisa — dinheiro, presente, boa notícia. No caso, a pessoa dá
a parte do dia em que o Sol começa a voltar pra casa. Belo e poético presente. Mas o
receptor se dispõe a abrir mão dele. Prefere trocá-lo por algo que não está expresso,
mas apenas subentendido:
Se você me desse à tarde, eu alegremente a trocaria por uma crase.
À tarde, assim, com acentinho grave, muda o enredo da novela. Em vez de
complemento romântico, torna-se adjunto adverbial de tempo. O objeto fica em aberto,
entregue ao gosto do freguês. Marcelo Abreu comentou: “Como se diz no Maranhão,
é crase cheia de saliência. Com ela, a história mudaria completamente”.
Dois
O amor bate à porta
E tudo é festa.
O amor bate à porta
E nada resta.
(...)

1. Em relação aos sentidos do texto, identifique a opção que não corresponde a


uma interpretação coerente:

a) A afirmação do jornalista Marcelo Abreu a respeito dos sentidos assumidos pela frase,
caso a crase fosse empregada, considerando a expressão do falar maranhense “cheia
de saliência”, tem relação com a possível conotação sexual da expressão.
b) O trecho “A crase não foi feita pra humilhar ninguém.” A frase de Ferreira Gullar
fez escola. José Cândido de Carvalho adaptou-a para o sinalzinho de pontuação
responsável por um mar de vítimas. “A vírgula”, escreveu ele, “não foi feita pra
humilhar ninguém.” faz referência à dificuldade que os usuários da língua enfrentam
com respeito aos sinais de pontuação, devido às inúmeras regras.
c) Na quadra (texto 2), o piauiense, Cineas Santos, também brinca com as possibilidades
da língua. Os efeitos de sentido provocados pela presença ou ausência,
respectivamente, do sinal indicativo de crase nos versos se explicam pelo uso do
termo a porta como complemento verbal e à porta como adjunto adverbial.

36
d) No texto 2, os efeitos de sentido provocados pela presença ou ausência,
respectivamente, do sinal indicativo de crase nos versos se explicam pelo uso do
termo a porta como adjunto adverbial e à porta como complemento verbal.
e) A legenda da foto consiste em uma dúvida que costuma humilhar os usuários: “Vou
a Brasília? Vou à Brasília? Nunca sei”. Seguindo a norma padrão, não haveria crase
nesse caso.

2. Observe a charge abaixo e marque V ou F para as afirmações:

A crase antes da palavra SENHORA é facultativa. ( )


A crase antes da palavra SENHORA é incorreta, pois se trata de um pronome. ( )
Se suprimíssemos a palavra UMA, haveria crase antes de benzedeira. ( )
Se a palavra FALTA fosse trocada pela palavra EXCESSO, não haveria crase. ( )
Devido à falta de médicos, vou estar encaminhando à senhora uma benzedeira
aqui pertinho. Reescrita dessa forma, mantém-se o sentido original da charge. ( )
Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas:

a) F, F, V, V, F
b) F, F, F, V, V
c) F, V, F. F, V
d) V, V. F, F, V
e) V. V. F, F, V

37
3. No conto Missa do Galo, Machado de Assis faz vários usos do sinal indicativo
de crase. Assinale a opção em que a crase NÃO se justifica pela mesma razão
utilizada no trecho a seguir:

“Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao
teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta,
e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na
manhã seguinte. Mais tarde é que soube que o teatro era um eufemismo em ação.”

a) Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu
já devia estar em Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver "a missa do
galo na Corte". A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me na sala da
frente, vestido e pronto.
b) Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia.
Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao
teatro, pedi-lhe que me levasse consigo.
c) Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene,
enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artagnan...
d) ... trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras.
e) Preferia a solidão às falsas companhias.

38
4. A crase da tirinha de Hagar, o Horrível:

a) É facultativa, porque antecede pronome possessivo feminino MINHA.


b) É obrigatória, pois o verbo obedecer exige a preposição A e a palavra mãe é feminina.
c) É incorreta, pois o verbo obedecer não admite objeto preposicionado.
d) É facultativa, pois o verbo obedecer pode ter objeto com ou sem preposição.
e) É obrigatória, porque MÃE é palavra feminina.

5. Observe os textos quanto ao uso da crase:

39
Em qual das alternativas o uso da crase está de acordo com a norma padrão da
língua portuguesa?

a) Alternativa A (anúncio da Sadia)


b) Alternativas B (anúncio Karen Manica) e C (placa buffet)
c) Alternativa E (anúncio Citybank)
d) Alternativas A (anúncio da Sadia) e E (anúncio Citybank)
e) Alternativa C (placa buffet)

6. Leia os dois textos e assinale a opção INCORRETA quanto ao uso da CRASE:

Texto 1
De olho no combate às fake news
O que é fake news? De que forma lidam com a questão atores fundamentais,
como partidos, juízes, mídias sociais, legisladores, veículos tradicionais e agências de
checagem? Que impacto a ação desses atores pode causar à liberdade de
expressão? Esses são alguns dos temas que serão discutidos neste espaço, durante
a atual campanha eleitoral, por meio de artigos semanais produzidos pela equipe do
Intervozes.
Fonte: https://congressoemfoco.uol.com.br/de-olho-no-combate-as-fake-news/

Texto 2

40
a) Em De olho no combate às fake news a crase se justifica pela fusão do a preposição,
exigida pelo termo combate e o artigo as, que antecede o termo notícias falsas
(tradução de fake news), estando, portanto, de acordo com a regra.
b) No segundo texto, a ausência da crase configura desvio da norma padrão.
c) No segundo texto, a ausência da crase não configura desvio da norma padrão, porque
o termo fake News é usado em sentido genérico.
d) Que impacto a ação desses atores pode causar à liberdade de expressão? A crase
nessa pergunta se deve à preposição exigida pelo verbo e a artigo definido feminino
aceito pela palavra liberdade.
e) Tanto a crase na manchete do primeiro texto quanto a do segundo estão em acordo
com a norma padrão.

7. Quanto ao uso da crase no segundo quadro da tirinha “...DANOS À SOCIEDADE”,


identifique a afirmação CORRETA:

Fonte: https://miro.medium.com/max/1400/1*Y1yZMkhp3pQYsiZzPI0y-w.png

a) Se o termo sociedade fosse trocado por sociedades, não haveria crase,


obrigatoriamente, ficando assim: “... danos a sociedades modernas”.
b) Se o termo sociedade fosse trocado por sociedades modernas, haveria crase,
ficando assim: “... danos à sociedades modernas”.
c) Se o termo sociedade fosse trocado por sociedades modernas, haveria crase,
obrigatoriamente, ficando assim: “... danos às sociedades modernas”.
d) Se o termo sociedade fosse trocado por sociedades modernas, haveria crase,
facultativamente, ficando assim: “... danos às sociedades modernas” ou assim:
“danos a sociedades modernas”

41
e) Se o termo sociedade fosse trocado por sociedades modernas, haveria crase,
facultativamente, ficando assim: “... danos às sociedades modernas” ou assim:
“danos a sociedades modernas”

8. Na Carta do Descobrimento, de Pero Vaz de Caminha, encontramos a crase


antes da palavra TERRA no seguinte trecho:

Acabada a pregação, voltou o Capitão, com todos nós, para os batéis, com nossa
bandeira alta. Embarcamos e fomos todos em direção à terra para passarmos ao
longo por onde eles estavam indo, na dianteira, por ordem do Capitão Bartolomeu
Dias em seu esquife, com um pau de uma almadia que lhes o mar levara, para lho
dar; e nós todos, obra de tiro de pedra, atrás dele. Como viram o esquife de
Bartolomeu Dias, chegaram-se logo todos à água, metendo-se nela até onde mais
podiam. Acenaram-lhes que pousassem os arcos; e muitos deles os iam logo pôr em
terra; e outros não. ...
O uso da crase, no excerto, em relação à norma padrão vigente:
I. Está correto, pois a palavra terra está sendo usada como antônimo de bordo.
II. Está incorreto, pois a palavra terra está sendo usada como antônimo de bordo.
III. Está sujeito à mesma norma do trecho “chegaram-se logo todos à água”.
a) Estão corretas as afirmações I e II
b) Estão corretas as afirmações I, II, III
c) Somente a afirmação II está correta
d) Somente a afirmação I está correta
e) Somente a afirmação III está correta

9. Julgue CERTO ou ERRADO o uso da crase:

a) “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora
conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.” I Coríntios
capítulo 13 versículo 12 na Bíblia Online. ( )
b) “E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.”
Olavo Bilac ( )
42
c) “Quando à luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai, que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus
Só pra me provocar”
Tom Jobim ( )

d) ''E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho...''


Caetano Veloso ( )
e) “E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
...
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
...Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.”
Álvaro de Campos ( )

A) C, C, E, C, C
B) C, E, C, C, C
C) E, C, C, E, C
D) E, E, E, E, E
E) C, C, E, C, E

43
Construção Frasal

Agora, iremos apresentar algumas orientações, seguidas de exemplos, contendo


alguns fatos da língua que costumam ocorrer com frequência na fala informal (post e
comentários em whatsApp, facebook, twiter etc.), como já dissemos, mas inaceitáveis
na escrita, como na redação do Enem, em que é necessário o uso da variedade-
padrão.
Vejamos, primeiramente, alguns problemas relacionados à construção da frase.

Frases
a) longa

A frase longa dificulta a compreensão imediata, é mais difícil de ser pontuada


(principalmente, quanto à vírgula) e exige um cuidado maior com a concordância.

Em visto do fato de já ter dado notícias dos problemas existentes em nível de relatório,
mais da metade dos representantes efetivo deste comitê, decidimos só entregar o
referido relatório neste presente dia, apesar do fato de apresentar evidências
concretas e suas conclusões mostram haver sido consideravelmente verdadeiras.
Uma frase de boa extensão evita que você se perca. Seja objetivo.

Prefira
Por já ter notificado os problemas do relatório, a maioria dos representantes deste
comité decidiu só entregá-lo hoje, embora apresente evidências e conclusões
verdadeiras.
b) invertidas

Construir uma frase invertida não é erro, apenas dificulta a compreensão.

O relatório mal redigido, pelos diretores, estava prevista a sua apreensão.

44
Prefira a ordem direta (sujeito + verbo + complemento)

A apreensão dos relatórios mal redigidos estava prevista pelos diretores.

Nunca interrompa seu pensamento antes de pronomes relativos, gerúndios,


conjunções subordinativas.

Eu estava perdida em São Paulo. Mesmo consultando o mapa da cidade. Quando


você me telefonou.

Prefira
Eu estava perdida em São Paulo, mesmo consultando o mapa da cidade, quando
você me telefonou.

c) sonoras

Evite ecos, aliterações, assonâncias.


Não se realizará mais amanhã a caminhada divulgada nos jornais.

Prefira
Não se realizará mais amanhã a caminhada que os jornais divulgaram ontem.

d) ambíguas

A ambiguidade ocorre quando a construção da frase gera problemas de interpretação


e dificuldades de comunicação.

Encontramos a filha do fazendeiro que perdeu todo o dinheiro na Bolsa.

(Neste caso, o que pode se referir tanto à filha quanto ao fazendeiro)


Prefira
Encontramos a filha do fazendeiro a qual perdeu todo o dinheiro na Bolsa.

45
Também não abuse do que em suas frases. Isso torna o estilo pesado. Há muitos
recursos linguísticos para evitá-lo. Se for uma frase de boa extensão (duas ou três
linhas), repeti-lo mais de uma vez é exagerado. Há sempre uma forma de se chegar
à frase enxuta.

No decorrer dos últimos anos a violência doméstica cresceu muito, casos de pais que
bateram tanto em seus filhos que tiveram que ficar internados pela quantidade de
hematomas e feridas deixadas pelos pais e que em muitas vezes leva a morte da
criança.
Reescrita
No decorrer dos últimos anos, a violência doméstica cresceu muito. Sabe-se de casos
de pais que bateram tanto em seus filhos, e por esta razão foram internados devido à
quantidade de hematomas e feridas causadas pela agressão; em outros casos, muitas
vezes, levaram à morte da criança.

e) poluídas

Não escreva um texto “manchado”, cheio de travessões, aspas, exclamações,


interrogações.

Qualquer um, qualquer pessoa poderia ter ajudado. Com gestos simples. Um
cobertor? Abrigo? Ajuda? Tantas formas de ajudar, mas tudo passa de comoção
instantânea.
Reescrita
Qualquer um, qualquer pessoa poderia ter ajudado, com gestos simples: oferecendo
um abrigo ou uma ajuda. São tantas formas de ajudar, mas tudo não passa de
comoção instantânea.

46
f) complexas e/ou prolixas

Escreva com simplicidade. Não empregue palavras complicadas ou supostamente


bonitas.

É lamentável o quanto isso se tornou banal, ver uma pessoa, no chão, suja,
intuitivamente asseando ajuda.
Reescrita
É lamentável o quanto isso se tornou banal, ver uma pessoa, no chão, suja,
humildemente pedindo ajuda.

47
Tipos de Discursos

UNIDADE II – NÍVEIS DE TEXTUALIZAÇÃO

Iniciaremos esta aula com a definição de texto.


Texto é toda unidade de produção verbal (oral ou escrita) que veicula uma mensagem
linguisticamente organizada e que tende a produzir um efeito de coerência em seu
destinatário.
Os textos são produtos da atividade de linguagem em funcionamento permanente nas
formações sociais (escolas, empresas, instituições etc.). Essas formações sociais em
função de seus objetivos, interesses e questões específicas, elaboram diferentes espécies
de textos (redação escolar, notícia, reportagem, artigo de opinião, carta do leitor, ofício
etc.), que apresentam características relativamente estáveis chamadas de gêneros, ou seja,
todo texto pertence a um gênero de texto.
Um texto é organizado como um folhado constituído por três camadas superpostas: a
infraestrutura geral do texto, os mecanismos de textualização e os mecanismos
enunciativos.
A infraestrutura geral do texto é constituída:
- pelos tipos de discurso que comporta;
- pelas modalidades de articulação entre esses tipos de discurso; e
- pelas sequências textuais.
Nesta aula, estudaremos os tipos de discurso, as sequências textuais e suas modalidades
de articulação.

48 pertençam, eles são constituídos por


Qualquer que seja o gênero a que os textos
Qualquer que seja o gênero a que os textos pertençam, eles são constituídos por
segmentos de estatutos diferentes (segmento de narração, de relato, de diálogo e
de exposição teórica) nos quais podemos identificar regularidades de organização
e de marcações linguísticas chamadas tipos de discurso.
Os tipos de discurso constituem, como já dissemos, os elementos fundamentais da
infraestrutura geral dos textos.
São formas de organização linguística só identificáveis no texto, em número limitado,
que compõem, em diferentes modalidades, todos os gêneros de texto.
NARRAÇÃO: Aparece como tipo principal dos gêneros da ordem do NARRAR
(fictícios): crônica, conto, romance, novela etc. Caracteriza-se pela presença de:
- frases declarativas (afirmativas e negativas).
- organizadores temporais (advérbios, locuções adverbiais, conjunções adverbiais de
tempo) e espaciais (advérbio e locuções adverbiais de lugar).
- 2 tempos verbais dominantes: o pretérito perfeito (marca os acontecimentos) e o
imperfeito (descreve as situações, o cenário, os personagens).

Gênero de texto crônica

Um dia o rei ficou surdo. Não como uma porta, mas como uma janela de dois
batentes. Ouvia tudo do lado esquerdo, do direito não ouvia nada.
A situação era incômoda. Só atendia aos Ministros que sentavam de um lado do
trono. Aos outros, nem respondia. E até mesmo de manhã, se o galo cantasse do
lado errado, Sua Majestade não acordava e passava o dia inteiro dormindo.
Foi quando mandou chamar o gnomo da floresta, e o gnomo, obediente, apareceu
na corte. Veio voando com suas asinhas, tão pequeno que, embora todos estivessem
avisados da sua chegada, quase o confundiram com um inseto qualquer.
(Marina Colasanti. As notícias e o mel. In: Mais de 100 histórias maravilhosas. São
Paulo: Global, 2015.

49
RELATO INTERATIVO - Aparece como tipo principal de gêneros de texto como
biografia, autobiografia, reportagens, notícia etc. Desenvolve-se em uma situação
de interação que pode ser real (e originalmente oral) ou posta em cena como o
romance, crônica, conto ou peça de teatro.
Caracteriza-se pela presença de:
- frases declarativas (afirmativas e negativas);
- 2 tempos verbais: pretérito perfeito e imperfeito, às vezes, associados às formas
verbais do mais-que-perfeito, futuro do presente e pretérito;
- de organizadores temporais (advérbios, locuções adverbiais, conjunções
subordinativas adverbiais de tempo) e espaciais (advérbios e locuções adverbiais).

Gênero de texto notícia

Pesquisadores da universidade Yale, nos EUA, fizeram com que células do cérebro
de porcos voltassem a funcionar horas após a morte. Não foi uma ressureição plena.
Não foi possível restabelecer, por exemplo, impulsos elétricos entre os neurônios,
algo essencial para devolver a consciência aos suínos. Mesmo assim, as células
recuperaram seu metabolismo, respondendo a estímulos – algo inédito. Para
alcançar esse efeito, os cientistas criaram um sistema chamado BrainEx, que
bombeava um fluido artificial no cérebro dos porcos já mortos. Esse fluido fazia o
papel de sangue, abastecendo as veias com oxigênio, açúcar e outros componentes
essenciais. Foram analisados cérebros de 32 porcos, que haviam sido abatidos
quatro horas antes para servir à indústria alimentícia [...]
(8 SUPER JULHO 2019)

INTERATIVO - Aparece como tipo principal do gênero conversação oral ou escrita


como diálogo, entrevista, peça de teatro e, também, como tipo secundário nos
gêneros romance, conto, novela, crônica etc.
Este tipo de discurso indica diretamente os interlocutores (emissor e receptor), o lugar
e o momento da interação, quer sejam reais, quer sejam encenados.
Caracteriza-se pela presença de
- presente do indicativo, indicando o momento da fala;
- trocas de turnos de fala (diálogos), ou não (monólogos),

50
- numerosas frases não declarativas (exclamativas, interrogativas e imperativas);
- unidades dêiticas espaciais (aqui, lá...); dêiticos temporais (agora, daqui a pouco);
ostensivos (isso, aí).

Gênero de texto entrevista

Qual é o risco das terapias alternativas?


Isso encoraja as pessoas a desconfiar de médicos, a ver a medicina convencional
como uma opção entre outras. Elas fazem com que as pessoas evitem ou atrasem
um tratamento real, o que pode ser perigoso.
(14 SUPERJANEIRO 2020)

DISCURSO TEÓRICO - Aparece como tipo principal dos gêneros dicionário,


dissertação, monografia, tese, redação do Enem etc., e como tipo secundário em
crônicas, reportagens etc.
Neste tipo de discurso os interlocutores da comunicação não são apresentados
concretamente e por conta disso as unidades que remetem a eles (ou seja, ao emissor
e receptor da mensagem) ou ao espaço-tempo da produção estão ausentes.
O discurso teórico se caracteriza pela presença:
- de frases declarativas (afirmativas e negativas);
- de 2 tempos verbais dominantes: o presente atemporal e/ou pretérito perfeito (de
valor genérico);
- de organizadores lógico-argumentativos (conjunções coordenativas e
subordinativas)
Na redação do Enem, este é o tipo que predomina.

51
Gênero de texto notícia

Em relação aos grandes símios, humanos parecem filhotes: têm menos músculos e
rosto arredondado. O mesmo acontece com cachorros em relação a lobos – e com
todos os animais domésticos. Aparentemente, não é coincidência. Um estudo da
Universidade de Barcelona revelou uma alteração do gene BAZ1B no Homo sapiens
que não acontecia entre neandertais nem grandes macacos. Esse gene é relacionado
à Síndrome de Williams, que gera traços excessivamente infantis. Conclusão: a
evolução nos programou para parecermos mais amigáveis.
(18 SUPER JANEIRO 2010)

Modalidade de articulação dos tipos de


discursos

Um texto pode ser composto de um só tipo de discurso, mas, frequentemente, é


constituído de vários tipos de discursos encaixados. Ou seja, em um texto, podemos
identificar um tipo de discurso dominante (ou tipo principal) e tipos de discurso
secundários (ou tipos menores).
Em um texto, podemos distinguir segmento teórico seguido de um segmento de
narração; ou um segmento relato interativo seguido de segmento teórico etc.
As articulações entre tipos de discurso podem tomar diferentes formas (fusões), como
neste último exemplo, em que o gênero de texto notícia é um misto relato interativo-
teórico, porque comporta além do discurso relato interativo, dois segmentos de
discurso teórico.
Na redação do Enem, o tipo principal é o teórico, podendo aparecer relato interativo
ou interativo.
Na aula que segue, estudaremos os diferentes tipos de sequência que também
funcionam na organização interna dos textos.

52
As sequências textuais (ou tipologias
Textuais)

As sequências textuais são os modos de organização da linguagem no interior de


um texto. Os textos não se apresentam segundo um tipo puro. Um mesmo texto ora
apresenta sequências ora expositivas, ora descritivas, ora argumentativas etc., e é
por conta dessa diversidade de sequências e da diversidade de suas modalidades de
articulação que decorre a heterogeneidade composicional da maioria dos textos.
Qualquer gênero de texto real (notícia, reportagem, biografia etc.), ficcional (romance,
conto, crônica), oficial (relatório, ata etc.), de opinião (redação do Enem, carta ao leitor,
carta de reclamação, artigo de opinião, editorial); todos eles são organizados em
partes, para que possamos expressar os nossos pensamentos e ideias de forma
sequencial ou linear.
Narrativa – aparece em dois contextos: ficcional ou real.
Narrativa ficcional – quando o emissor (narrador) visa a contar uma história fictícia
(romance, conto, crônica, novela etc.).

SEQUÊNCIA EFEITO PRETENDIDO FASES


Contar uma história Situação inicial
fictícia (romance, conto, Complicação
NARRATIVA crônica, novela etc.). É Ações
FICCIONAL estruturada sobre cinco Resolução
elementos principais: Situação final, podendo
narrador, personagens, ser acrescentadas uma
enredo ou trama e avaliação ou uma moral.
tempo/espaço.

É estruturada sobre cinco elementos principais:


Narrador – pode ser um dos personagens (narrador-personagem), expondo o que
presencia ao participar dos acontecimentos em primeira pessoa, ou, como quem
observa de fora (como uma câmera de cinema) – narrador – em terceira pessoa.

53
Personagens – um protagonista (personagem principal) e um antagonista
(personagem que tenta impedir o protagonista de realizar suas ações). Em algumas
histórias, protagonistas e antagonistas são grupos. Ao lado deles, agem os
personagens secundários (coadjuvantes).
Enredo ou trama: os acontecimentos.
Tempo/espaço: quando e onde se passa os acontecimentos.
A narrativa ficcional apresenta as seguintes fases:
Situação inicial (de exposição, ou de orientação) – é apresentado um “estado de
coisa”, estado esse que pode ser considerado “equilibrado”, até que no decorrer da
história surge uma perturbação.
Complicação (de desencadeamento, de transformação) – Por algum motivo,
acontece alguma coisa causando um desequilíbrio (uma perturbação) ou algum
personagem toma uma atitude que dará origem a transformações do estado de
equilíbrio inicial, expressas em um ou mais episódios. Encadeados, esses episódios
se sucedem, criando-se uma tensão, o clímax, o ponto da narrativa em que a ação
atinge seu momento crítico, tornando inevitável o desfecho;
Ações – são os acontecimentos desencadeados por essa perturbação que levam a
uma redução efetiva da tensão.
Situação final – explicita o novo estado de equilíbrio obtido por essa resolução. O
equilíbrio inicial é restabelecido, podendo haver espaço para uma avaliação, em que
se propõe um comentário relativo ao desenrolar da história e cuja posição parece ser
totalmente livre; e para moral, em que se explicita a significação global atribuída à
história, aparecendo geralmente no início ou no fim da sequência.
Narrativa real (script narrativo) – quando o emissor visa a relatar os fatos ocorridos
(notícia, reportagem, diário de viagem, biografia, autobiografia, memorial, relatório, ata
etc.).
SEQUÊNCIA EFEITO PRETENDIDO SCRIPT NARRATIVO
Relatar os fatos Caracteriza-se pela
ocorridos (notícia, presença dos seguintes
NARRATIVA REAL reportagem, diário de elementos: o quê? (o
viagem, biografia, fato);quando? (tempo
autobiografia, memorial, em que o fato ocorreu);
relatório, ata etc.). onde? (o lugar onde o

54
fato se deu); com
quem? (quem observou
ou participou do fato);
por quê? (o motivo que
determinou o fato);
como? (o modo como se
deu o fato); desfecho
(as consequências
provocadas pelo fato).

Caracteriza-se pela presença dos seguintes elementos:


o quê? (o fato)
quando? (tempo em que o fato ocorreu)
onde? (o lugar onde o fato se deu)
com quem? (quem observou ou participou do fato)
por quê? (o motivo que determinou o fato)
como? (o modo como se deu o fato)
desfecho (as consequências provocadas pelo fato)
Descritiva – aparece quando o emissor guia o olhar do destinatário, visando a fazê-
lo ver em detalhe os elementos do objeto de discurso (cenário, personagens,
situações etc.). Quase sempre é articulada a (ou inserida em) outras sequências
(narrativa, explicativa, argumentativa, dialogal), tornando-se secundárias ou
relacionadas a essas sequências.

SEQUÊNCIA EFEITO PRETENDIDO FASES


Guiar o olhar do Ancoragem
destinatário, visando a Aspectualização
DESCRITIVA fazê-lo ver com detalhe Relacionamento
os elementos do objeto
de discurso (cenário,
personagens, situações
etc.)

55
Injuntiva – aparece quando o emissor visa a fazer o destinatário a agir de um certo
modo ou ir a uma determinada direção (conselho, receita, manual etc.).

SEQUÊNCIA EFEITO PRETENDIDO FASES


Fazer o destinatário a Ancoragem
INJUNTIVA agir de um certo modo Aspectualização
ou ir a uma determinada Relacionamento
direção

Caracteriza-se pela presença de formas verbais no imperativo ou no infinitivo e vem


marcada por organizadores lógicos.
Dialogal: concretiza-se apenas nos segmentos de discursos interativos dialogados,
estruturados em turnos de fala, diretamente assumidos pelos agentes-produtores
envolvidos em uma interação verbal, no caso dos discursos interativos primários
(entrevista, peça teatral, bate-papo); atribuídos a personagens postos em cena no
interior de um discurso principal ou englobante, no caso dos discursos interativos
secundários (romance, conto, crônica).

SEQUÊNCIA EFEITO PRETENDIDO FASES


Dialogal Transcrever as falas Abertura
diretamente assumidas Transacional
pelos agentes- Encerramento
produtores ou atribuídas
a personagens.

56
Expositiva/explicativa: aparece quando o emissor visa a resolver um problema.
Explica ou interpreta ideias, sem tentar convencer o leitor. Nesse caso, o texto é
somente informativo.

SEQUÊNCIA EFEITO PRETENDIDO FASES


Explicar ou interpretar Constatação inicial
ideias, sem tentar Problematização
convencer o leitor. Resolução
Explicativa/expositiva Facilitar para o Conclusão/avaliação
destinatário a
compreensão de um
objeto do discurso
considerado
problemático de difícil
compreensão.

Argumentativa: aparece quando o emissor visa a convencer um aspecto do tema


(exposição ou defesa de ideias), que (a seu ver e/ou ao ver do destinatário) pode ser
contestável, por meio da utilização de argumentos (artigo de opinião, anúncio, carta
do leitor, carta de reclamação, redação do Enem etc.).

SEQUÊNCIA EFEITO PRETENDIDO FASES


Convencer um aspecto Premissas (ou dados)
do tema (exposição ou Argumentos
defesa de ideias), que Contra-argumentos
ARGUMENTATIVA (ao ver do agente- Conclusão
produtor e/ou ao ver do
destinatário) pode ser
contestável, por meio da
utilização de
argumentos.

57
A sequência argumentativa preocupa-se em explicar, analisar, classificar, avaliar a
realidade do mundo. É o tipo de sequência predominante nos discursos teóricos
(científicos, filosóficos, jornalísticos, publicitários etc.).
A sequência argumentativa tem algumas características que lhe são fundamentais:
são temáticas, ou seja, são predominantemente abstratas; não se ocupam de narrar
um acontecimento nem de descrever um cenário, mas de oferecer análises,
interpretações, avaliações por meio, muitas das vezes desses segmentos. O texto se
organiza com base em relações lógicas: pertinência, causalidade, implicação,
correspondência.
Na próxima aula, estudaremos o texto dissertativo-argumentativo para que você
possa conhecer como este tipo de texto se organiza.
https://www.youtube.com/watch?v=cQG8NB8gEZ4&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oLu%
C3%ADsMonteCastelo

ATIVIDADES

1. Leia os textos e diga quais são os tipos de discurso e as


sequências predominantes.
Texto 1
Não me venha falar na malícia Você sabe explicar
De toda mulher, Você sabe entender, tudo bem.
Cada um sabe a dor e a delícia Você está, você é, você faz,
De ser o que é. Você quer, você tem.
Não me olhe como se a polícia Você diz a verdade, a verdade
Andasse atrás de mim. É seu dom de iludir.
Cale a boca, e não cale na boca Como pode querer que a mulher
Notícia ruim. Vá viver sem mentir.
(Dom de iludir – Caetano Veloso)

58
Texto 2
“A depressão se manifesta de muitas maneiras diferentes. É um distúrbio do humor,
de modo que o estado de ânimo é afetado, mas a maneira como ele é afetado varia.
Alguns sentem um desespero inabalável; outros sofrem de intensa ansiedade, o que
causa sentimentos de ruína iminente e alarme. Outras pessoas não têm humor algum,
apenas se sentem vazias e insensíveis, não importa o que esteja acontecendo.
Algumas (na maioria homens) se tornam constantemente raivosas e inquietas”
(BURNETT, Dean. O cérebro que não sabia de nada: o que a neurociência explica sobre o misterioso,
inquieto e totalmente falível cérebro humano. São Paulo: Planeta, 2018).

Texto 3

(FEVEREIRO 2019 SUPER 79)

59
Texto 4

(JANEIRO 2019 SUPER 11)

Texto 5

60
Texto 6

Texto 7
“Abriu a porta e deu o último passo. Mais uma vez ela para, vira-se, e uma rajada de
vento sopra cabelos no rosto. O edifício lá está, opressivo apesar da fachada de vidro.
Tanto vidro, pensou Lynn há seis meses, quando viu o edifício pela primeira vez, tanto
vidro, e essas silhuetas de pássaros coladas nele: por que não paredes, pedra,
concreto? Ou grades? O ponto de ônibus não é longe dali. Um táxi seria caro demais.
E agora? Ela sabe para onde e não sabe. Sabe o que deve ser feito e não sabe. Segue
o caminho prescrito. Põe a mochila nos ombros, no ponto de ônibus tem que se sentar
na ponta do banco, caso contrário o espaço às suas costas não seria suficiente. Olha
para seus tênis, puídos, ergue os olhos, no ponto de ônibus pessoas que ela não
conhece estão à espera. Um homem suga vez por outra seu cigarro. Outro anda de
cá para lá em passo de gangorra. Uma velha estuda os itinerários no quadro de vidro
usando o dedo como auxiliar de leitura. Nos pontos de ônibus Lynn gostava de jogar
seu joguinho: como seria se? Imaginou: como seria se ninguém me notasse. Se as
pessoas não vissem ao redor de mim, vissem através de mim. Como se eu não
existisse. Seria ao mesmo tempo belo e horripilante” (ORTHS, Markus. A Camareira. Porto
Alegre: LPM, 2008).

Texto 8
Garibalda
Outro dia fui visitar uma escola e coincidiu com a hora do recreio.
Me lembrei dos meus tempos colegiais. Na hora do recreio, era uma barulheira só.
Meninos e meninas correndo, jogando bola, brincando de amarelinha e de bandeira,

61
trocando figurinhas, jogando a brincadeira das pedras, grupos lanchando e
conversando, alguns solitários, carentes de amizade.
Havia também grupinhos de jovens que se dedicavam a zombar dos outros, sobretudo
daqueles que tivessem alguma característica física ou psicológica diferente da
maioria. Naquela época não sabia, mas hoje sei que tais práticas, denominadas de
bulling, era a forma cruel e inconsequente que alguns jovens adotavam para se
autoafirmarem perante os colegas de turma, geralmente liderada por algum jovem mal
resolvido ou mal-amado.
Tive uma colega de classe que eu gostava de conversar porque ela era cheia de
tiradas engraçadas e eu me divertia muito em sua companhia. Como eu, fazia parte
do time de handbol da nossa série. Porém, por ser mais alta que todas e possuir um
cabelo um tanto diferente do padrão das outras meninas – hoje talvez fosse candidata
a top model –, era estigmatizada e motivo de chacota por alguns. Garibalda. Esse foi
o apelido que deram à coitada, porque na época havia um personagem fantasiado de
pássaro grande e desengonçado em um programa infantil na tevê com esse nome.
Resultado é que minha colega sofreu e, creio, ficou um tanto perturbada. Me parece
que, para superar a dificuldade, ela resolveu se reinventar: deixou de andar comigo,
abandonou o time, mudou o cabelo e se aliou a uma turma meio pesada. E de
hostilizada, ela passou a hostilizar colegas, a fumar, a achar tudo ridículo, a falar com
um sotaque estranho, enfim, tornou uma rebelde sem causa, tal qual eram os seus
zombadores.
Hoje não sei por onde anda essa minha colega, mas gostaria de revê-la. Espero que
ela tenha superado aquele momento difícil de sua juventude e tenha resgatado a
beleza e o bom humor que eu tanto admirava (PESSOA, Simone. Metacrônica. Fortaleza:
Armazém da Cultura, 2013).

Texto 9
Primeira parte
(1452- 140)
O pai
Quatro anos antes do seu nascimento, o pai, ser Piero, partiu em busca da glória e da
fortuna na capital toscana. No ano em que nasce seu filho natural, ele desposa uma
jovem de dezesseis anos, Albiera, bonita e muito bem dotada, que aos poucos será

62
deixada em Vinci na casa do pai. Como não consegue ter filhos, ela transfere seus
carinhos a Leonardo, à espera do dia em terá o seu. Porém, ela morrerá ao chegar
esse dia. Teria sido ela que inspirou a inacreditável juventude da Sant’Ana, reflexo
das estranhas relações de Leonardo com o trio de mulheres – mãe, avó, madrasta
que cuidam dele? (CHAUVEAU, Sophie. Leonardo da Vinci. Porto Alegre: LPM, 2010).

Texto 10
William Shakespeare nasceu e morreu em Stanfor-upon-Avon, Inglaterra, Poeta e
dramaturgo, é considerado um dos mais importantes autores de todos os tempos.
Filho de um rico comerciante, desde cedo Shakespeare escrevia poemas. Mais tarde
associou-se ao Globe Theatre, onde conheceu a plenitude da glória e do sucesso
financeiro. Depois de alcançar o triunfo e a fama, retirou-se para uma luxuosa
propriedade em sua cidade natal, onde morreu. Deixou um acervo impressionante, do
qual destacam-se clássicos como Romeu e Julieta, Hamlet, A megera domada, O rei
Lear, Macbeth, Otelo, Sonho de uma noite de verão, A tempestade, Ricardo III, Júlio
César, Muito barulho por nada etc.
(Shakespeare, William. Bem está o que bem acaba, Porto Alegre: LPM, 2016)

Texto 11

(140/claudia.com.br fevereiro 2019)

63
Texto 12
PRIMEIRO ATO
Cena 1 – NO PALÁCIO DO CONDE DE SOSSILLION
Entram o jovem Bertram (Conde de Rossillion), sua mãe (a Condessa), Helena e
Lorde Lafew, todos de preto.
Condessa – Ao entregar o meu filho para o mundo, estou enterrando um segundo
marido.
Bertram – E eu, ao partir, minha mãe, choro uma vez mais a morte de meu pai. Mas
preciso acatar as ordens de Sua Majestade, pois que agora estou sob a tutela do rei
e sou, portanto, mais do que nunca, seu súdito.
Lafew – A senhora verá que no rei passa a ter um marido, madame; e você, sir, um
pai. Ele, que, de modo geral e para o povo em geral, mostra bondade em todos os
momentos, deve necessariamente manter para com vocês sua conduta virtuosa como
a sua incentivaria no rei outras virtudes, caso ele não as tivesse, antes de incentivar
virtudes que ele tem em abundância (Shakespeare, William. Bem está o que bem
acaba, Porto Alegre: LPM, 2016).

64
Texto 13

Texto 14
Porém igualmente
É uma santa. Diziam os vizinhos. E D. Eulália apanhando.
É um anjo. Diziam os parentes. E D. Eulália sangrando.
Porém igualmente se surpreenderam na noite em que, mais bêbado que de costume,
o marido, depois de surrá-la, jogou-a pela janela, e D. Eulália rompeu em asas o voo
de sua trajetória (COLASANTI, Marina. Um espinho de marfim e outras histórias.
Porto Alegre: LPM, 1999).

65
2. Preencha os parênteses da segunda coluna com os números da primeira
coluna, identificando o gênero a que pertence cada texto.

1. Conto ( ) Texto 1
2. Instrução de Uso ( ) Texto 2
3. Peça teatral ( ) Texto 3
4. Receita ( ) Texto 4
5. Biografia ( ) Texto 5
6. Crônica literária ( ) Texto 6
7. Romance ( ) Texto 7
8. Tirinha ( ) Texto 8
9. Instruções ( ) Texto 9
10. Notícia ( ) Texto 10
11. Manual ( ) Texto 11
12. Romance científico ( ) Texto 12
13. Letra de música ( ) Texto 13
( ) Texto 14

3.Releia os textos. Aponte os domínios sociais de comunicação, e coloque o


respectivo número nos parênteses.
1. Cultura literária ficcional (___________________________________)
2. Documentação e memorização das ações humanas
(___________________________)
3. Discussão de problemas sociais controversos
(__________________________________)
4. Transmissão e construção de saberes
(_________________________________________)
5. Instruções e prescrições
(____________________________________________________)

66
Texto dissertativo-argumentativo

O texto dissertativo-argumentativo, pertence a ordem do EXPOR, relacionado ao


domínio social de comunicação do argumentar em torno de discussões de problemas
sociais controversos (ou conflito ou tema), que exige, de você, uma posição (ou tese)
a ser sustentada, refutada e negociada com argumentos válidos, para que possa
chegar, assim, a uma conclusão coerente.
Portanto, é preciso que você, antes de tudo, compreenda bem a proposta de redação,
e saiba diferenciar o que é tese, assunto e tema, para que você não fuja deste último.
Tese – é a posição que você apresenta em relação ao tema. Ao detectar qual o tema,
você deverá assumir uma das três posições seguintes:

a) a favor;
b) contra;
c) dialético (prós e contras).

Assunto – é um conjunto de frases que giram em torno de um mesmo campo


semântico, e que podem ser proferidos ou escritos sem necessidade de comprovação.
É aquilo que está sendo falado ou escrito. Assim, por exemplo, dois amigos falam
sobre política declarando seus partidos por questões ligadas ao gosto. Um gosta de
A, outro gosta de B. Quando alguém “defende” uma posição num juízo de gosto, está
falando sobre o assunto. Da mesma forma quando você resume o que está se
passando, está no campo do assunto.
Tema – é o subconjunto do assunto, não se trata do gosto de uma pessoa, mas de
um problema relativo a toda uma sociedade. O assunto é de caráter individual
enquanto o tema é de caráter coletivo, da sociedade. O tema gera um conflito ou uma
problemática, e, por isso, incita à reflexão, à apresentação de senso crítico que veja
algo que deva ser resolvido.
Um assunto não precisa ser resolvido e, muitas vezes, por isso, não requer reflexão,
senso crítico, somente boa observação.

67
O tema, ao contrário, além de boa observação exige senso crítico, e no caso da
redação do ENEM, uma solução (proposta interventiva) dada, como estudaremos
mais adiante, por meio de argumentação.
Muitos candidatos fogem do tema porque tratam apenas do assunto, ou sejam são
demasiadamente individualistas nas suas opiniões, ou apenas resumem os textos
motivadores, parafraseando-os, e ficam à margem do tema, tangenciando-os com
suas opiniões.
Você deve refletir não só sobre o “mundo” em que você vive, mas relacioná-lo com os
demais que estão na sociedade à espera de reflexão e, na maioria das vezes, de
solução.
O texto dissertativo-argumentativo pode ser:

a) Expositivo – ocupa-se de expor com argumentos a solução de um problema, que


explicam um fenômeno social;
b) Argumentativo – preocupa-se com expor um ponto de vista sobre a realidade,
sempre com base em argumentos consistentes.

Infraestrutura geral do texto

Em geral, um texto dissertativo-argumentativo deve ter entre três e cinco parágrafos,


em linguagem formal, e para tenha maior clareza quanto à exposição de um ponto de
vista, é necessário que ele contenha as seguintes partes: introdução,
desenvolvimento e conclusão (proposta de intervenção). Comporta o discurso
teórico (ou relato interativo-teórico) e é organizado principalmente por sequências do
tipo argumentativa e, por vezes, narrativa, explicativa e descritiva.
Como exemplo, vejamos a redação escrita por um ex-aluno do 3º ano.
Introdução: é a parte inicial do texto que tem como função delimitar o assunto,
apresentar os objetivos e situar o leitor quanto ao tema a ser desenvolvido no
parágrafo seguinte.

68
No mundo de hoje, os nossos valores estão trocados, o que vale é a aparência. Com
o passar do tempo estamos cada vez mais individualistas, pensando só em nós
mesmos, ignorando pessoas que realizam trabalhos considerados de “menor
importância”. Essas pessoas são vistas como inferiores pela sociedade em geral.
Isso causa um fenômeno chamado de invisibilidade social, que exclui e não enxerga
o ser humano como pessoa, e sim como uma coisa. Um simples instrumento do
trabalho braçal nessa engrenagem chamada de capitalismo.

Desenvolvimento: trata-se da parte principal do texto que consiste na exposição


detalhada do assunto. É onde o tema é desenvolvido.

Esse fenômeno afeta principalmente pessoas com baixo índice de escolaridade, que
ocupam cargos subalternos, e que devido a uma herança histórica, na maioria das
vezes, são pessoas negras e que habitam as periferias.
Isso pode ser constatado nos centros urbanos, onde as pessoas sofrem
discriminações e são ignoradas diariamente. Como se simplesmente nem existissem.
E foi justamente isso o que percebeu o psicólogo social Fernando Braga da Costa, ao
vestir o uniforme e trabalhar oito anos como gari varrendo ruas de São Paulo. Ali, ele
percebeu que os trabalhadores que fazem serviços manuais são vistos como “seres
invisíveis”. Conseguiu, assim, comprovar a existência da ‘invisibilidade pública’, uma
percepção humana totalmente deficiente e condicionada à divisão social do trabalho,
em que se enxerga somente a função e não a pessoa.

Conclusão: trata-se do fecho, que deverá ser coerente com o desenvolvimento, isto
é, com os argumentos apresentados e apresentar uma proposta de intervenção que
não fira os direitos humanos.

69
A invisibilidade social é um mal que todos os dias afeta milhares de pessoas, mas
pode ser remediada com atitudes simples de educação e respeito. Um simples “Bom
Dia” ou “Tudo bem com você?” já mudaria muito essa situação. Essas pessoas só
querem ser vistas como seres humanos e serem respeitadas pelo trabalho que
realizam. As pessoas têm que ser educadas desde crianças a respeitar e tratar com
educação a todos, independentemente de classe social, trabalho ou etnia. Só assim
formaremos cidadãos conscientes em relação aos valores humanos.

Infraestrutura do texto
Quanto aos aspectos relacionados à textualização, no texto dissertativo-
argumentativo você deverá:
- Escolher um plano de texto adaptado ao gênero redação do Enem, como acabamos
de ver;
- Definir a tese a defender, elaborar argumentos e agrupá-los por temas;
- Distinguir entre argumento/não-argumento e entre argumento contra/contra
argumento;
- Prever diferentes tipos de argumento e hierarquizá-los em função da finalidade a
atingir;
- Utilizar organizadores argumentativos marcando; refutação, concessão, oposição;
- Utilizar verbos declarativos, neutros, apreciativos, depreciativos;
- Utilizar fórmulas introduzindo citações.
Todos os conteúdos relacionados a esses aspectos que acabamos de mencionar,
estudaremos detalhadamente nas próximas seções.
Bom estudo!!

https://www.youtube.com/watch?v=cQG8NB8gEZ4&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oLu%
C3%ADsMonteCastelo

70
Construção de Parágrafos

Como já dissemos no início, antes de escrever é preciso planejar. E planejar envolve


não só a seleção de ideias, mas a estruturação delas dentro do texto que é organizado
em parágrafos, como é o caso do texto em prosa.
De modo geral, parágrafo é um conjunto de um ou mais períodos em que se
desenvolve uma ideia central - tópico frasal - aliada a ideias secundárias. Um tópico
frasal claro, objetivo, consistente é meio caminho andado para a obtenção de um
parágrafo bem redigido que atraia a atenção do leitor.
Geralmente, o tópico frasal vem no início do parágrafo, seguido de outros períodos
que explicam, comprovam, detalham, exemplificam.
Saiba, que a qualidade do parágrafo está relacionada ao bom desenvolvimento
dessas ideias. Dependendo do tema, você pode desenvolver o parágrafo das mais
variadas formas. Vejamos!!

Os diferentes tipos de tópicos frasais

1.Uma declaração (tema: declínio da inteligência humana)


A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer uma
declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

Discussões inúteis, intermináveis, agressivas. Gente defendendo as maiores


asneiras, e se orgulhando disso. Pessoas perseguindo e ameaçando as outras. Um
tsunami infinito de informações falsas. Reuniões, projetos, esforços que dão em nada.
Decisões erradas. Líderes políticos imbecis. De uns tempos para cá, parece que o
mundo está mergulhando na burrice. Você já teve essa sensação? Talvez não seja só
uma sensação. Estudos realizados com dezenas de milhares de pessoas, em vários
países, revelam algo inédito e assustador: aparentemente, a inteligência humana
começou a cair (26 SUPER outubro 2018).

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2.Definição (tema: clima)
A definição é uma forma simples e muito usada, sobretudo em textos dissertativo-
argumentativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o primeiro parágrafo.

Desigualdade social é um mal que afeta todo o mundo, em especial os países que
ainda se encontram em vias de desenvolvimento. A desigualdade pode ser medida
por faixas de rendas, em que são consideradas as médias dos mais ricos em
comparação às dos mais pobres
(https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/desigualdade-social.htm Acesso 25/02/2020).

3.Divisão (tema: exclusão social)


Neste exemplo, o redator ao dizer que há duas convicções errôneas, deixa logo clara
a direção que o parágrafo vai tomar, mas a explicita no período seguinte.

Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da


exclusão social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a
de que sua superação envolve muitos recursos e esforços extraordinários.
Experiências relatadas nesta Folha mostram que o combate à marginalidade social
em Nova York vem contando com intensivos esforços do poder público e ampla
participação da iniciativa privada (Folha de S. Paulo, 17 dez. 1996).

4.Alusão histórica (tema: declínio da inteligência)


O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é
situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.

Ao longo do século 20, o QI aumentou consistentemente no mundo todo – foram três


pontos a mais por década, em média [...] (28 SUPER outubro 2018).

5.Ilustração (tema: comportamento/tecnologia)


Você pode começar narrando um fato para ilustrar o tema. Veja que a coesão no final
do parágrafo se faz de forma fácil: a palavra respeito retoma a questão discutida
anteriormente.

72
Quem assistiu ao seriado Black Mirror, sucesso de audiência da Netflix, e considera
os episódios que dissecam a sociedade contemporânea e as consequências
imprevistas das novas tecnologias demasiado fantasiosos e improváveis para a nossa
realidade, pode repensar a respeito (ISTOÉ 6/2/2017, p. 63)

6.Oposição (tema: educação no Brasil)


Neste exemplo, o segundo enunciado cria uma oposição (mas) que estabelecerá o
rumo da argumentação.

As pessoas nunca leram e escreveram tanto; mas estão lendo e escrevendo coisas
curtíssimas, em seus smartphones. Um levantamento feito pela Nokia constatou que
os americanos checam o celular em média 150 vezes por dia. Dá uma vez a cada seis
minutos ou seja, é como se fosse um fumante emendando um cigarro no outro. E esse
dado é de 2013; hoje, é provável que o uso seja ainda maior. A onda já preocupa até
a Apple e o Google, que estão incluindo medidores de uso das novas versões do iOS
e do Android – para que você possa saber quantas vezes pega p seu smartphone, e
quanto tempo gasta com ele, a cada dia (30 SUPER outubro 2018).

Neste outro exemplo, as duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado... de
outro...) que estabelecerá o rumo da argumentação.

De um lado, professores mal pagos, desestimulados, esquecidos pelo governo. De


outro, gastos excessivos com computadores, antenas parabólicas, aparelhos de
videocassete. É este o paradoxo que vive hoje a educação no Brasil.

Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste exemplo em que
Feijó estabelece a oposição e logo depois explica os termos que a compõem.

Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau de envolvimento: raiva e
esperança. Explico-me por ver o quanto a cultura ainda é vista como artigo supérfluo em nossa
terra; esperança por observar quantos movimentos culturais têm acontecido em nossa
história, e quase sempre como forma de resistência e/ou transformação (FEIJÓ, Martin César,
O que é política cultural. São Paulo, Brasiliense, 1985, p.7).

73
7.Uma pergunta (tema: a saúde no Brasil)
A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor
para o tema e será respondida ao longo da argumentação.

Já esqueceu o que você almoçou ontem? A culpa pode ser das defesas do seu
organismo. Um estudo com camundongos descobriu que as micróglias, células do
sistema imunológico que atuam no cérebro, quebram sinapses entre grandes redes
de neurônios responsáveis por armazenar lembranças. Com esse rompimento, a
memória se perde [...]. (Março 2020 SUPER 11).

8.Uma frase nominal seguida de explicação (tema: invisibilidade social)


A frase, Um doutor inútil é explicada logo depois por meio da retomada A
autodefinição...

“Um doutor inútil”. A autodefinição do médico Alessandro de Franciscis é bem-


humorada como ele, e diz respeito à atividade principal desse pediatra e
epidemiologista: avaliar pacientes que já estão curados [...] (Novembro, 2019 SUPER 37).

9.Adjetivação (tema: educação no Brasil)


No exemplo que segue, a adjetivação inicial foi a base para desenvolver o tema. Nos
parágrafos seguintes, o autor explicará por que acha a política educacional
equivocada e pouco racional.

Equivocada e pouco racional. Esta é a verdadeira adjetivação para a política


educacional do governo (Anderson Sanches, Infocus, n. 5, ano 1, out. 1966, p. 2).

74
10.Citação (tema: destino)
A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela expressão
isso... no segundo período.

“Tudo está determinado, o começo e o fim, por forças sobre as quais não temos
controle. É determinado para um inseto, e para uma estrela. Seres humanos, verduras
ou poeira cósmica... todos nós dançamos uma música misteriosa, tocada à distância
por um músico invisível”. Quem disse isso foi Albert Einstein, numa entrevista
publicada em 26 de outubro de 1929 pelo semanal americano The Saturday Evening
Post (22 SUPER Março 2020).

11.Citação de forma indireta (tema: desigualdade social)


Esse recurso você deve usar quando não souber textualmente a citação. É melhor
citar de forma indireta que de forma errada.

Segundo Marx, a origem da desigualdade estava na relação de forças em que a


burguesia, mais forte e dona dos meios de produção, explorava o trabalho do
proletariado, classe social mais fraca e dona apenas de sua força de trabalho
expropriada pela burguesia (https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/desigualdade-social.htm
Acesso 25/02/2020).

12.Exposição de ponto de vista oposto (tema: fundamentalismo religioso)


No exemplo que segue, Baleiro, ao começar o texto com uma opinião contrária,
delineou, de imediato, a sua posição, para em seguida refutá-la numa espécie de
contra-argumentação.

Não creio em Deus. Pelo menos não da mesma forma que um cristão ou um muçulmano.
Tenho apreço pelos ritos católicos e curiosidade por vidas de santos, isso por ser um amor
aprendido na infância – e amores da infância são (quase) eternos. O “Deus” que me interessa
é um Deus mais “filosófico” (ou mesmo “teológico”) que um Deus santíssimo. Aí está a grande
questão. A filosofia é, grosso modo, a possibilidade de relativizar as coisas, e para as religiões
não há relativização possível. Ou é céu ou inferno, ou pecado ou virtude, ou Deus ou diabo,
bem ou mal (Zeca Baleiro. A rede idiota e outros textos. São Paulo: Reformatório, 2014).

75
13.Comparação (tema: comportamento/tecnologia)
Neste exemplo, o redator compara uma situação futura de uma sociedade vigiada com
o que acontece na ficção e com o que já acontece na China.

Imagine se tudo o que você falasse, comprasse e fizesse na internet fosse usado para
calcular uma nota medindo o seu valor como pessoa. É o que acontece num
episódio da série Black Mirror. E o que pode acontecer na China, onde o governo
anunciou planos de criar um “sistema de crédito social” para classificar os
cidadãos [...] (14 SUPER Janeiro 2018).

14.Retomada de um provérbio (tema: mídia e tecnologia)


Sempre que você usar esse recurso, não escreva o provérbio simplesmente. Faça um
comentário sobre ele para quebrar a ideia de lugar-comum que todos eles trazem. No
exemplo a seguir, Jayme diz ”o corriqueiro adágio” e assim demonstra que está
consciente de que está partindo de algo por demais conhecido.

O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com perfeição
na análise sobre o atual estágio da mídia; desconhecer ou tentar ignorar os incríveis
avanços tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não terão reflexos profundos
no futuro dos jornais é simplesmente impossível (Jayme Sirotsky, Folha de S. Paulo, 5 dez,
1995).

15.Uma sequência de frases nominais (frases em verbo) (tema: a impunidade no


Brasil)
O que você deve observar nesse tipo de introdução é que estrutura de cada frase
deve ser semelhante (paralelismo) a fim de dá equilíbrio às diversas frases nominais.

Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do Rio. Meia


centena de mortes numa clínica de hemodiálise em Caruaru, chacina de sem-terra em
Eldorado dos Carajás.
Muitos meses já se passaram e esses fatos continuam impunes.

76
16.Alusão a um romance, um conto, um poema, um filme (tema: desigualdade
social)
O resumo do filme Parasita serve de introdução para desenvolver o tema da
desigualdade de classes sociais. A coesão com o segundo período dá-se através do
pronome átono o, que sintetiza o enredo do filme contado no período inicial.

Parasita (2019) fez história como primeiro filme coreano a conquistar a Palma de Ouro
no Festival de Cannes. O que o torna ainda mais interessante é que se constitua como
uma crítica à naturalização da divisão entre classes sociais e, portanto, ao sistema
capitalista. (https://www.brasil247.com/blog/parasita-e-o-cheiro-fetido-do-sistema-capitalista Acesso
em 25/02/2020).

17.Descrição de um fato de forma cinematográfica


O parágrafo é desenvolvido por flashes, o que dá agilidade ao texto e prende a
atenção do leitor. Depois desses dois parágrafos, o autor vai propor um olhar literário
da política.
Ricardo II na Inglaterra, no século XIV, teve que renunciar ao trono, entregou a
coroa de ouro a Henrique IV. Foi saído da vida, assassinado. Dilma Rousseff no
Brasil, no século XXI, sofreu impeachment, tiraram-lhe a faixa verde amarela,
entregaram a Michel Temer. Foi, da Presidência, afastada.
Aqui, o importante não são os dados históricos, mas as possíveis similitudes vividas
por ambos, diante do impasse político que enfrentaram (Joaquim Falcão In: O mundo é um
palco: Shakespeare 400 anos: um olhar brasileiro, 2016)

18.Omissão de dados identificadores (tema: ética)


O primeiro período cria no leitor certa expectativa em relação ao tema que se mantém
em suspenso até o segundo período. Pode-se também construir todo o primeiro
parágrafo omitindo o tema, esclarecendo-o apenas no parágrafo seguinte.

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Finalmente o Maranhão conseguiu o que queria: virou notícia internacional. Não
da forma que se imaginava, por causa do nosso Patrimônio Arquitetônico, da
azulejaria importada e nem mesmo devido ao nosso folclore turístico. Viramos
notícia devido às cabeças cortadas expostas nas celas e pátios do presídio de
Pedrinhas depois de várias revoltas que seguem um modelo ao qual já nos
acostumamos (Eugênio Araujo, Acesso facebook 19/01/2018).

https://www.youtube.com/watch?v=cQG8NB8gEZ4&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oLu%C
3%ADsMonteCastelo

78
ATIVIDADES
Contextualizando:
O parágrafo é uma unidade de composição do texto cuja estrutura-padrão é: tópico
frasal (ou ideia principal), desenvolvimento (ideias secundárias que desenvolvem o
tópico frasal) e conclusão (que retoma e sintetiza o tópico frasal e o desenvolvimento).
Considerando o que se diz acima, leia e responda as questões que seguem:

01.Quanto à definição de tópico frasal, assinale a alternativa CORRETA.


a) Trata-se da palavra-chave inserida no início do texto.
b) Consiste no fechamento das ideias defendidas em todo o texto.
c) Corresponde à apresentação do tema no primeiro parágrafo.
d) É a ideia central ou nuclear presente em cada parágrafo.
e) Equivale ao tema escolhido e abordado na produção textual.

02.Marque a opção que caracteriza o tópico frasal em um texto dissertativo.


a) É o período síntese da ideia que será desenvolvida no parágrafo.
b) Geralmente é a primeira frase de cada parágrafo de argumentação.
c) Deve trazer um período que resume e antecipe para o leitor o conteúdo que será
abordado adiante.
d) O tópico frasal deve ser composto por um período apenas.
e) Todas as alternativas se completam.

Leia o texto que segue:


A comunicação produzida industrialmente para grandes massas tem normalmente a
função de captar suas fantasias, seus sonhos, seus desejos e “domesticá-los”, isto é,
desviá-los de sua satisfação com meras guloseimas. Em vez de atender, de satisfazer
nossos desejos e vontades, só recebemos dela alguns indícios: o perfume da flor e
não a flor, a emoção do prazer e não o prazer, a sensação da paz e não a paz. A
comunicação industrial nos seduz com vãs promessas, abandonando-nos sem
efetivamente nada nos dar.
(Ciro Marcondes Filho. Televisão, a vida pelo vídeo. São Paulo, Moderna, 1988, p.28)

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03.O tópico frasal deste texto é:
a) A comunicação industrial nos seduz com vãs promessas, abandonando-nos sem
efetivamente nada nos dar.
b) Em vez de atender, de satisfazer nossos desejos e vontades, só recebemos dela
alguns indícios.
c) A comunicação produzida industrialmente para grandes massas tem normalmente
a função de captar suas fantasias, seus sonhos, seus desejos e “domesticá-los”.
d) A comunicação produzida industrialmente para grandes massas ... com meras
guloseimas.
e) A comunicação industrial nada nos dá.

04. Os itens a seguir, apresentam os tipos de tópicos frasais. Marque a opção


cuja frase não classifica corretamente o tipo de tópico frasal.
a) Declaração inicial – Todo homem é machista. Desde pequeno se aprende na
família, na escola ...
b) Uma conceituação – A Renascença foi uma época de intensa produtividade nos
diversos ramos da vida cultural. Na literatura, nas artes plásticas, na filosofia e na
ciência, a produção foi cada vez maior.
c) Uma enumeração de detalhes - um signo é, antes de tudo, uma estrutura vazia.
d) Uma divisão – O problema da migração nordestina no Brasil é resultado de três
causas essenciais: as secas, a grande propriedade e a falsa propaganda de migração.
e) Uma interrogação – Será esta a maior das solidões? Realmente, o que pode existir
de pior que a impossibilidade de arrancar à morte o seu amado Orfeu descer aos
Infernos...
Para responder a próxima questão, leia atentamente as informações abaixo:
DISCURSO DIRETO
No discurso direto, o narrador dá uma pausa na sua narração e passa a citar fielmente
a fala do personagem. O objetivo desse tipo de discurso é transmitir autenticidade e
espontaneidade. Assim, o narrador se distancia do discurso, não se responsabilizando
pelo que é dito.
Ex: Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar:
— Alô, quem fala?

80
— Bom dia, com quem quer falar? — respondeu com tom de simpatia.

DISCURSO INDIRETO
No discurso indireto, o narrador da história interfere na fala do personagem preferindo
suas palavras. Aqui não encontramos as próprias palavras da personagem.
Ex: Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar. Cumprimentou e perguntou quem
estava falando. Do outro lado, alguém respondeu ao cumprimento e perguntou com
tom de simpatia com quem a pessoa queria falar.
DISCURSO INDIRETO LIVRE
No discurso indireto livre, há uma fusão dos tipos de discurso (direto e indireto), ou
seja, há intervenções do narrador bem como da fala dos personagens. Não existem
marcas que mostrem a mudança do discurso. Por isso, as falas dos personagens e
do narrador - que sabe tudo o que se passa no pensamento dos personagens - podem
ser confundidas.
Ex:
1.Fez o que julgava necessário. Não estava arrependido, mas sentia um
peso. Talvez não tenha sido suficientemente justo com as crianças…
2.O despertador tocou um pouco mais cedo. Vamos lá, eu sei que consigo!
3.Amanheceu chovendo. Bem, lá vou eu passar o dia assistindo televisão!
OBS: Nas orações destacadas os discursos são diretos, embora não tenha sido
sinalizada a mudança da fala do narrador para a do personagem.
Na produção de um texto narrativo, o autor pode reproduzir a fala da
personagem, empregando uma das seguintes possibilidades: discurso direto,
discurso indireto, discurso indireto livre.

História estranha
Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos
de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com ele mesmo
chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem
a menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o
banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia, ele estava jogando
bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e... O homem aproxima-

81
se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos.
Seus olhos se enchem de lágrimas. Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida.
Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram
limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas
abraça a si mesmo, longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para
trás. O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta. Também se reconheceu.
E fica pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como
eu vou ser sentimental! (Luís Fernando Verissimo, Comédias para se ler na escola).

05. Em qual dos itens abaixo o discurso indireto livre está empregado?
a) Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo.
b) Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga
lembrança daquela cena.
c) Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete
anos de idade.
d) O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça
a si mesmo, longamente.
e) O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta.
Leia o texto que segue e responda o que se pede.
Os meninos deitaram-se e pegaram no sono. Sinhá Vitória pediu a binga ao
companheiro e acendeu o cachimbo. Fabiano preparou um cigarro. Por enquanto,
estavam sossegados. O bebedouro indeciso tornara-se realidade. Voltaram a
cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se.
Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fábrica. Ia
morrer na certa, um animal tão bom. Se tivesse vindo com eles, transportaria a
bagagem. Algum tempo comeria folhas secas, mas além dos montes encontraria
alimento verde.
Infelizmente, pertencia ao fazendeiro – e definhava, sem ter quem lhe desse a ração.
Ia morrer o amigo, lazarento e com esparavões, num canto de cerca, vendo os urubus
chegarem banzeiros, saltando, os bicos ameaçando-lhe os olhos.
A lembrança das aves medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos os olhos
de criaturas vivas, horrorizou Fabiano. Se elas tivessem paciência, comeriam
tranquilamente a carniça.

82
Não tinham paciência, aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo
curvas.
– Pestes.

06. O discurso indireto livre está presente nesse fragmento de texto. Um


exemplo dele está em qual alternativa?
a) Os meninos deitaram-se e pegaram no sono.
b) Voltaram a cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-
se.
c) A lembrança das aves medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos os olhos
de criaturas vivas, horrorizou Fabiano.
d) Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fábrica.
e) Não tinham paciência, aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo
curvas.

07.Assinale a alternativa em que ocorra discurso indireto livre.


a) O pai chamou Pedrinho e perguntou: - Quem quebrou o vidro, meu filho?
b) Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar: — Alô, quem fala? — Bom dia, com
quem quer falar? — respondeu com tom de simpatia.
c) E continuou a andar. Com o jornal debaixo do braço. Mas sua vontade era voltar,
chamar o homem, devolver o jornal, readquirir o duzentão.
d) Os formados repetiam que iriam cumprir seus deveres e respeitar seus
semelhantes com firmeza e honestidade.
e) O menino disse: - Estou cansado.

08. (CEBRASPE/PGE-PE/ASSISTENTE/2019 - Adaptado)


“A modernidade é um contrato. Todos nós aderimos a ele no dia em que nascemos,
e ele regula nossa vida até o dia em que morremos. Pouquíssimos entre nós são
capazes de rescindi-lo ou transcendê-lo. Esse contrato configura nossa comida,
nossos empregos e nossos sonhos; ele decide onde moramos, quem amamos e como
morremos.
À primeira vista, a modernidade parece ser um contrato extremamente complicado,
por isso, poucos tentam compreender no que exatamente se inscreveram. É como se

83
você tivesse baixado algum software e ele te solicitasse assinar um contrato com
dezenas de páginas em “juridiquês”; você dá uma olhada nele, passa imediatamente
para a última página, tica em “concordo” e esquece o assunto. Mas, a modernidade,
de fato, é um contrato surpreendentemente simples. O contrato interno pode ser
resumido em uma única frase: humanos concordam em abrir mão de significado em
troca de poder.”
Yuval Noah Harari. Homo Deus: uma breve história do amanhã. São Paulo:
Companhia das Letras, 2016 (com adaptações).
Sobre o texto acima, podemos afirmar:
a. O texto apresenta estratégia argumentativa que visa aproximar o leitor das ideias
desenvolvidas pelo autor.
b. O conjunto textual pode ser caracterizado como uma sequência narrativa, pois há
seres que participam de eventos em determinado tempo e espaço.
c. O texto possui fatos descritivos, porque apresentamos uma série de características
de determinado ser/objeto/ espaço, formando na memória do leitor/ouvinte a imagem
do que está sendo descrito.
d. O texto tem passagens injuntivas, porque apresenta instruções a serem seguidas; que
são apresentadas em verbos no imperativo ou no infinitivo.
e. As alternativas A e D estão corretas.

09.Leia o texto abaixo:


“Passávamos férias na fazenda da Jureia, que ficava na região de lindas propriedades
cafeeiras. Íamos de automóvel até Barra do Piraí, onde pegávamos um carro de boi.
Lembro-me do aboio do condutor, a pé, ao lado dos animais, com uma vara: “Xô,
Marinheiro! Vâmu, Teimoso!”. Tenho ótimas recordações de lá e uma foto da qual
gosto muito, da minha infância, às gargalhadas, vestindo um macacão que minha
própria mãe costurara, com bastante capricho. Ela fazia um para cada dia da semana,
assim, eu podia me esbaldar e me sujar à vontade, porque sempre teria um macacão
limpo para usar no dia seguinte.”
Jô Soares. O livro de Jô: uma autobiografia desautorizada. São Paulo: Companhia
das Letras, 2017.
a. O texto é essencialmente descritivo, pois detalha lembranças acerca das viagens de
férias que a personagem e sua família faziam com frequência durante a sua infância.

84
b. O texto é predominantemente narrativo, tendo em vista que a função central é a de
apresentar eventos (no passado) em que personagens sofrem e ou praticam ações.
Há, nessa narração, partes descritivas, as quais possuem função secundária de
ilustrar personagens, locais, objetos etc.
c. O texto é essencialmente dissertativo-expositivo, pois apenas expõe um fato com o
objetivo de persuadir o leitor.
d. O texto é predominantemente narrativo com algumas passagens dissertativas, pois
há trechos que persuadem o leitor.
e. O texto tem passagens injuntivas, porque apresenta instruções a serem seguidas, que
são apresentadas em verbos no imperativo ou no infinitivo.

10.Leia o texto abaixo e marque a alternativa correta:


“O conceito de direitos humanos assenta em um bem conhecido conjunto de
pressupostos, todos eles tipicamente ocidentais: existe uma natureza humana
universal que pode ser conhecida racionalmente; a natureza humana é
essencialmente diferente e superior à restante realidade; o indivíduo possui uma
dignidade absoluta e irredutível que tem de ser defendida da sociedade ou do Estado;
a autonomia do indivíduo exige que a sociedade esteja organizada de forma não
hierárquica, como soma de indivíduos livres. Uma vez que todos esses pressupostos
são claramente ocidentais e facilmente distinguíveis de outras concepções de
dignidade humana em outras culturas, teremos de perguntar por que motivo a questão
da universalidade dos direitos humanos se tornou tão acesamente debatida.”
Boaventura de Sousa Santos. Por uma concepção multicultural dos direitos humanos.
Internet: (com adaptações).
a. O texto é essencialmente dissertativo-argumentativo e nele o autor expressa
sua opinião a respeito do assunto tratado.
b. No texto, predomina a tipologia textual expositiva, dado o seu objetivo
comunicativo de transmitir ao leitor um conjunto de informações.
c. A linguagem do texto apresenta elementos característicos de um nível de
linguagem mais informal com função comunicativa bem definida: estabelecer
uma aproximação com o leitor.
d. O texto apresentado combina elementos das tipologias expositiva e injuntiva.
e. O texto configura-se como uma narrativa de fatos históricos que comprovam os
efeitos negativos dos direitos humanos sobre o comportamento humano.
85
Leia atentamente a proposta de redação abaixo para responder às questões:

PROPOSTA DE REDAÇÃO – ENEM 2019

86
11.Em relação à proposta de REDAÇÃO ENEM – 2019, observe o recorte temático:
“Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na
internet.” A redação será considerada com abordagem completa quando:
a) Discorrer apenas sobre controle de dados.
b) Dissertar sobre controle de dados, manipulação do comportamento e o universo da
Internet.
c) Mencionar apenas a manipulação do comportamento.
d) Discorrer apenas sobre o universo da internet.
e) Dissertar apenas com os elementos temáticos: controle de dados e manipulação
do comportamento.

12.Em relação à segunda competência avaliada na REDAÇÃO – ENEM, temos:


“COMPREENDER A PROPOSTA DE REDAÇÃO E APLICAR CONCEITOS DAS
VÁRIAS ÁREAS DE CONHECIMENTO PARA DESENVOLVER O TEMA, DENTRO
DOS LIMITES ESTRUTURAIS DO TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO EM
PROSA.”
Fonte: (INEP, 2019, p.12)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019

O advento da internet possibilitou um avanço das formas de comunicação e permitiu


um maior acesso à informação. No entanto, a venda de dados particulares de usuários
se mostra um grande problema. Apesar dos esforços para coibir essa prática, o
combate à manipulação de usuários por meio de controle de dados representa um
enorme desafio. Pode-se dizer, então, que a negligência por parte do governo e a forte
mentalidade individualista dos empresários são os principais responsáveis pelo
quadro.

87
Em primeiro lugar, deve-se ressaltar a ausência de medidas governamentais para
combater a venda de dados pessoais e a manipulação do comportamento nas redes.
Segundo o pensador Thomas Hobbes, o Estado é responsável por garantir o bem-
estar da população, entretanto, isso não ocorre no Brasil. Devido à falta de atuação
das autoridades, grandes empresas sentem-se livres para invadir a privacidade dos
usuários e vender informações pessoais para empresários que desejam direcionar
suas propagandas. Dessa forma, a opinião dos consumidores é influenciada, e o
direito à liberdade de escolha é ameaçado.
Outrossim, a busca pelo ganho pessoal acima de tudo também pode ser apontado
como responsável pelo problema. De acordo com o pensamento marxista, priorizar o
bem pessoal em detrimento do coletivo gera inúmeras dificuldades para a sociedade.
Ao vender dados particulares e manipular o comportamento de usuários, empresas
invadem a privacidade dos indivíduos e ferem importantes direitos da população em
nome de interesses individuais. Desse modo, a união da sociedade é essencial para
garantir o bem-estar coletivo e combater o controle de dados e a manipulação do
comportamento no meio digital.
Infere-se, portanto, que assegurar a privacidade e a liberdade de escolha na internet
é um grande desafio no Brasil. Sendo assim, o Governo Federal, como instância
máxima de administração executiva, deve atuar em favor da população, através da
criação de leis que proíbam a venda de dados dos usuários, a fim de que empresas
que utilizam essa prática sejam punidas e a privacidade dos usuários seja
assegurada. Além disso, a sociedade, como conjunto de indivíduos que compartilham
valores culturais e sociais, deve atuar em conjunto e combater a manipulação e o
controle de informações, por meio de boicotes e campanhas de mobilização, para que
os empresários se sintam pressionados pela população e sejam obrigados a
abandonar a prática.
Afinal, conforme afirmou Rousseau: “a vontade geral deve emanar de todos para ser
aplicada a todos”.
Fonte: (INEP, 2019, p.33)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019

88
Sobre o texto acima, a alternativa INCORRETA é:
a. Em relação aos princípios da estruturação do texto dissertativo-argumentativo,
percebe-se que o participante apresenta uma tese, o desenvolvimento de justificativas
que comprovam essa tese e uma conclusão que encerra a discussão.
b. O participante apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo
e o tema é abordado de forma completa: já no primeiro parágrafo, o participante trata
do controle de dados na internet, por meio da venda de dados de usuários e da
manipulação destes.
c. Observa-se também que o participante usa, de forma produtiva, repertório
sociocultural pertinente à discussão no segundo parágrafo, ao relacionar um
pensamento de Thomas Hobbes à falta de atuação por parte do governo.
d. No terceiro parágrafo, o participante trabalha o pensamento marxista
relacionado à atuação das empresas que vendem os dados de seus usuários; e no
último parágrafo, traz uma citação de Rousseau que reforça uma de suas propostas
de intervenção.
e .O texto é tangente, pois discute apenas um elemento do recorte temático.

13. Complete os espaços com o termo adequado e depois marque a alternativa


correta:
Leia: “Considera-se _____________ ao tema uma abordagem parcial baseada
somente no assunto mais amplo a que o tema está vinculado, deixando em segundo
plano a discussão em torno do eixo temático objetivamente proposto. No Enem 2018,
foi configurado como _____________ ao tema o encaminhamento que tratou apenas
de assunto a ele relacionado, por exemplo, internet ou elemento do universo da
internet (rede, browser , navegador, plataforma virtual, sites , e-mail , WhatsApp,
Netflix, Spotify, hackers , haters , trolls , fake news etc.); a manipulação do
comportamento do usuário na e/ou pela internet, sem menção ao controle de dados;
controle de dados na internet, sem menção à manipulação do comportamento do
usuário.”
a. Repertório
b. Tangenciamento
c. Tipologia Textual
d. Recorte Temático

89
e. Argumentação

Fonte: (INEP, 2019, p.15)


CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019

14. Leia o fragmento abaixo e marque a alternativa correta:


“Em sua canção “Pela Internet”, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a quantidade de
informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. No
entanto, com o avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados
desenvolvidos por empresas de aplicativos e redes sociais, essa abundância vem
sendo restringida e as notícias e produtos culturais vêm sendo cada vez mais
direcionados – uma conjuntura atual apta a moldar os hábitos e a informatividade dos
usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento de usuários pela seleção
prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de enfrentamento.”
Fonte: (INEP, 2019, p.31)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019

Sobre o texto acima, podemos analisar:


a. O texto está estruturado na tipologia dissertativo-argumentativa.
b. Apresenta abordagem completa, pois há uma discussão sobre manipulação do
comportamento, filtragem de dados por meio dos algoritmos, que acontecem no
ambiente da internet.
c. O texto não apresenta abordagem completa, pois é discutida apenas a manipulação
do comportamento.
d. O texto é tangente, porque menciona apenas uma questão do recorte temático: a
internet.
e. As alternativas A e B estão corretas.

15. Leia : “O segundo aspecto a ser avaliado no seu texto é a compreensão da


proposta de redação, composta por um tema específico a ser desenvolvido na forma
de texto dissertativo-argumentativo – ou seja, a proposta exige que o participante
escreva um texto dissertativo-argumentativo, que é o tipo de texto que demonstra, por
meio de argumentação, a assertividade de uma ideia ou de uma tese. É mais do que
uma simples exposição de ideias; por isso, você deve evitar elaborar um texto de
caráter apenas expositivo, devendo assumir claramente um ponto de vista. Além
90
disso, é preciso que a tese que você irá defender esteja relacionada ao tema definido
na proposta. É dessa forma que se atendem às exigências expressas pela
Competência 2 da matriz de avaliação do Enem. Trata-se, portanto, de uma
competência que avalia as habilidades integradas de leitura e de escrita. O tema
constitui o núcleo das ideias sobre as quais a tese se organiza e é caracterizado por
ser uma delimitação de um assunto mais abrangente. Por isso, é preciso atender ao
recorte temático definido para evitar tangenciá-lo ou, ainda pior, desenvolver um tema
distinto do determinado pela proposta.”
Fonte: (INEP, 2019, p.15)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019
Sobre o texto acima, é correto afirmar:
a. Na competência II, é avaliado apenas o tema.
b. Na competência II, tangenciar o tema é irrelevante.
c. Na competência II, são avaliados o tema, a tipologia textual e o repertório.
d. Na competência II, o tema é irrelevante para o desenvolvimento do texto.
e. Na competência II, não é avaliada a tese nem o repertório.

16.Leia:
“O texto dissertativo-argumentativo é aquele que se organiza na defesa de um ponto
de vista sobre determinado assunto. É fundamentado com argumentos, a fim de
influenciar a opinião do leitor, tentando convencê-lo de que a ideia defendida está
correta. É preciso, portanto, expor e explicar ideias. Daí a sua dupla natureza: é
argumentativo porque defende uma tese, uma opinião, e é dissertativo porque utiliza
explicações para justificá-la. O objetivo desse texto é, em última análise, convencer o
leitor de que o ponto de vista em relação à tese apresentada é acertado e relevante.
Para tanto, mobiliza informações, fatos e opiniões, à luz de um raciocínio coerente e
consistente.”
Marque a alternativa que exemplifica um texto dissertativo-argumentativo:
a. “No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado
como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar.”
b. “Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra
menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo.”

91
c. “Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu
recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas
ruas de Recife.”
d. “Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias
seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava,
andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.”
e. “De acordo com o pensamento marxista, priorizar o bem pessoal em detrimento do
coletivo gera inúmeras dificuldades para a sociedade. Ao vender dados particulares e
manipular o comportamento de usuários, empresas invadem a privacidade dos
indivíduos e ferem importantes direitos da população em nome de interesse
individuais.”

17. Em relação à Competência II, é INCORRETO afirmar:


a. Leia com atenção a proposta da redação e os textos motivadores, para compreender
bem o solicitado.
b. Reflita sobre o tema proposto para definir qual será o foco da sua discussão, isto é,
para decidir como abordá-lo.
c. Utilize informações de várias áreas do conhecimento, demonstrando que você está
atualizado em relação ao que acontece no mundo.
d. Mantenha-se dentro dos limites do tema proposto, tomando cuidado para não se
afastar do seu foco.
e. Elabore uma proposta de intervenção para a problemática discutida ao longo do texto.

18. Marque a alternativa que ilustra a pergunta: o que é não atender ao tipo
textual?
a. Não atende ao tipo textual a redação que esteja predominantemente fora do padrão
dissertativo-argumentativo, apresentando poucos ou nenhum indício de caráter
dissertativo.
b. Explicações, exemplificações, análises ou interpretações de aspectos dentro da
temática solicitada são estratégias argumentativas.
c. Defesa ou refutação de ideias dentro da temática solicitada faz parte do texto
dissertativo.
d. Desenvolver uma história em primeira pessoa do singular.
e. As alternativas A e D estão corretas.

92
19.Marque a alternativa INCORRETA:

a. TESE – É a ideia que você vai defender no seu texto. Ela deve estar relacionada ao
tema e apoiada em argumentos ao longo da redação.
b. ARGUMENTOS – É a justificativa para convencer o leitor a concordar com a tese
defendida. Cada argumento deve responder à pergunta “por quê?” em relação à tese
defendida.
c. ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS – São recursos utilizados para desenvolver os
argumentos, de modo a convencer o leitor.
d. REPERTÓRIO – É a legitimação das ideias, comprovada por meio de fatos
históricos, filosóficos, literários e científicos.
e. TEMA - É a parte que que deve tratar sobre a solução do problema discutido ao
longo do texto.

20. Leia o texto abaixo e marque a alternativa INCORRETA:


A Revolução Técnico-científico-informacional, iniciada na segunda metade do século
XX, inaugurou inúmeros avanços no setor de informática e telecomunicações. Embora
esse movimento de modernização tecnológica tenha sido fundamental para
democratizar o acesso a ferramentas digitais e a participação nas redes sociais, tal
processo foi acompanhado pela invasão da privacidade de usuários, em virtude do
controle de dados efetuado por empresas de tecnologia. Tendo em vista que o uso de
informações privadas de internautas pode induzi-los a adotar comportamentos
intolerantes ou a aderir a posições políticas, é imprescindível buscar alternativas que
inibam essa manipulação comportamental no Brasil.
A princípio, é necessário avaliar como o uso de dados pessoais por servidores de
tecnologia contribui para fomentar condutas intolerantes nas redes sociais. Em
consonância com a filósofa Hannah Arendt, pode-se considerar a diversidade como
inerente à condição humana, de modo que os indivíduos deveriam estar habituados à
convivência com o diferente. Todavia, a filtragem de informações efetivada pelas
redes digitais inibe o contato do usuário com conteúdos que divergem dos seus pontos
de vista, uma vez que os algoritmos utilizados favorecem publicações compatíveis
com o perfil do internauta. Observam-se, por consequência, restrições ao debate e à
confrontação de opiniões, que, por sua vez, favorecem a segmentação da
comunidade virtual. Esse cenário dificulta o exercício da convivência com a diferença,
93
conforme defendido por Arendt, o que reforça condutas intransigentes como a
discriminação.
Em seguida, é relevante examinar como o controle sobre o conteúdo que é veiculado
em sites favorece a adesão dos internautas a certo viés ideológico. Tendo em vista
que os servidores de redes sociais como “Facebook“ e “Twitter” traçam o perfil de
usuários com base nas páginas por eles visitadas, torna-se possível a identificação
das tendências de posicionamento político do indivíduo. Em posse dessa informação,
as empresas de tecnologia podem privilegiar a veiculação de notícias, inclusive
daquelas de procedência não confirmada, com o fito de reforçar as posições políticas
do usuário, ou, ainda, de modificá-las para que se adequem aos interesses da
companhia. Constata-se, assim, a possibilidade de manipulação ideológica na rede.
Portanto, fica evidente a necessidade de combater o uso de informações pessoais por
empresas de tecnologia. Para tanto, é dever do Poder Legislativo aplicar medidas de
caráter punitivo às companhias que utilizarem dados privados para a filtragem de
conteúdos em suas redes. Isso seria efetivado por meio da criação de uma legislação
específica e da formação de uma comissão parlamentar, que avaliará as situações do
uso indevido de informações pessoais. Essa proposta tem por finalidade evitar a
manipulação comportamental de usuários e, caso aprovada, certamente contribuirá
para otimizar a experiência dos brasileiros na internet.
Fonte: (INEP, 2019, p.35)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019
a) Em relação aos princípios da estruturação do texto dissertativo-argumentativo,
percebe-se que a participante apresenta uma tese, o desenvolvimento de justificativas
que comprovam essa tese.
b) Uma conclusão que encerra a discussão, ou seja, a participante apresenta excelente
domínio do texto dissertativo-argumentativo.
c) O tema é abordado de forma completa: ele é apresentado já no primeiro parágrafo,
no qual se aponta que os avanços tecnológicos são acompanhados pela invasão da
privacidade dos usuários da internet, que podem ser manipulados por meio do
controle de seus dados por empresas de tecnologia.
d) Observa-se que a participante usa, de forma produtiva, repertório sociocultural
pertinente à discussão tanto no primeiro parágrafo, ao contextualizar a atual situação
do controle de dados da internet a partir da revolução técnico-científico-cultural do
século XX, quanto no segundo, ao trazer o pensamento da filósofa Hannah Arendt
94
como argumento para reforçar a tese de que a filtragem de informações causa
malefícios para a sociedade.
e) O texto é tangente, pois não desenvolve o texto com todos os elementos do recorte
temático, como: controle de dados, manipulação do comportamento e universo da
internet.

95
UNIDADE III – CONSTRUÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO

A competência 3 trata da famosa argumentação.


Argumentar significa apresentar ideias, lógica, fatos e uma infinidade de recursos que
comprovem um ponto de vista.
Atente para a fundamentação dos argumentos dos quais emergem as relações entre as
ideias, informações, fatos e opiniões, para construir o ponto de vista pretendido. Elas
precisam estar bem integradas e em diálogo (evitando contradição), apresentando uma
relação de sentido entre si. Não se esqueça de que as ideias apresentadas devem ser
desenvolvidas.
Para tanto, é muito importante que você esboce e planeje seu texto antes de ser escrito,
mostrando e provando sua autoria. Aqui, é avaliado a existência e a qualidade do projeto de
texto.

96
Seleção, relação, organização e intepretação
de informações, de fatos, opiniões e
argumentos em defesa de um ponto de vista

Eis a importância que você tenha um esquema do texto, que pense no todo do texto
e, não perca de vista a tese que você pretende defender com os seus argumentos. É
bom estar atento aos tipos de argumento que o autor pretende formular (de
autoridade, por evidência, por comparação, por exemplificação, de princípio, por
causa e consequência), conforme estudaremos detalhadamente mais adiante.
Mesmo que todas essas habilidades estejam intimamente inter-relacionadas; apenas
para fins didáticos, vamos pensar em cada uma dessas habilidades.
a. Selecionar Ideia:

Sempre tenha em mente qual é a sua tese e qual é o esquema do seu texto; você
deve eleger informações que colaborem com a defesa da sua tese e com a
expressividade do seu repertório sociocultural. Ao esquematizar o seu texto em
defesa da sua tese, demonstre autoria e autonomia.
b. Relacionar Ideias:

Ao selecionar as informações, as ideias devem agora dialogar umas com as outras,


de acordo com os argumentos que você vai desenvolver. Não se esqueça de que aqui
você está sendo avaliado sobre ser coerente com a sua tese; e essa, com o que foi
proposto no tema da redação.
Cuidado na construção do tecido textual para não deixar pedaços de textos
isolados, dissociados. Os parágrafos devem estar urdidos sem perder de vista o
projeto dissertativo-argumentativo do seu texto.
c. Organizar as Ideias:

Todas essas habilidades estão intimamente relacionadas. Aqui, vamos pensar em


hierarquia, importância daquelas informações que foram selecionadas e que vão se
relacionar com outras. Em que momento os diferentes tipos de argumentos serão
apresentados?

97
d. Interpretar as Ideias:

É importante captar a tese dos textos motivadores, dos textos selecionado, para
direcionar a argumentação de forma eficiente ao tema proposto.
Na seção a seguir, estudaremos o que é tese e argumentação mais
detalhadamente. Bom estudo!!!

Pressupostos e Argumentos

O QUE VEM A SER PRESSUPOSTO?


Se por acaso o tema proposto for de natureza muito ampla como educação, a primeira
atitude que você deverá tomar é ter uma posição definida em relação ao assunto, criar
um pressuposto a partir do qual você irá encaminhá-lo, a fim de deixar bem claro seu
ponto de vista. Então, diante de um tema tão amplo como educação, por exemplo, a
primeira atitude que deverá tomar é recortá-lo, ou seja, delimitar o seu campo de
questionamento, cuja base estará no seu pressuposto.
O vocábulo pressuposto diz respeito a algo que se pressupõe, o que se pode
calcular de forma adiantada, aquilo que se supõe antecipadamente (pré + supor).
Ao escrever, você deve partir de um pressuposto bem formulado, que dê margem a
uma boa argumentação. Será muito difícil escrever sem que saiba de onde deverá
partir. E o ponto de partida deve ser sempre o pressuposto.
É preciso, pois, selecionar de acordo com o tratamento que você pretenda dar ao
assunto, os aspectos que mais lhe impressionam, os que você mais conhece e domina
e, assim, sobre eles, montar um texto objetivo e coerente.
Fazer uma pressuposição, por exemplo, é lançar uma hipótese ou uma suposição
de forma adiantada. É o modo como cada um de nós vê e problematiza um
determinado tema. O pressuposto deve dar margem a divergências, senão ficará difícil
argumentar.

98
Vejamos alguns exemplos de pressupostos dados pelo pesquisador Viana (1998):

O Brasil só resolverá seus problemas quando a educação for preocupação prioritária


do governo.

Não se pode pensar em desenvolvimento sem antes pensar em educação.

A ansiada passagem do Brasil para o Primeiro Mundo só se dará quando se


resolverem os problemas da educação.

A segunda etapa será procurar os argumentos que os sustentem. Para tanto, você
deve transformar o pressuposto em uma pergunta. Por quê? Ou Como?

Por que o Brasil só resolverá seus problemas quando a educação for preocupação
prioritária do governo?

Por que não se pode pensar em desenvolvimento sem antes pensar em educação?

Por que a ansiada passagem do Brasil para o Primeiro Mundo só se dará quando se
resolverem os problemas da educação?

As respostas serão seus argumentos, e cada uma delas servirá de base para a
construção dos parágrafos.
Uma argumentação sustenta-se basicamente em:

1.Argumentos de valor universal – aqueles que são irrefutáveis, com os quais


conquistamos a adesão imediata dos leitores. Se você diz, por exemplo, que sem
resolver os problemas da educação, não se resolverá os problemas de emprego no
Brasil, vai ser difícil alguém contradizê-lo. Trata-se de um argumento forte. Por isso,
evite afirmações baseadas em emoções, sentimentos, preconceitos, crenças, porque
são argumentos pessoais. Podem convencer algumas pessoas, mas não todas. Use
sempre argumentos relevantes, adequados à defesa de seu ponto de vista;

99
2.Dados colhidos na realidade – as informações têm de ser exatas e do
conhecimento de todos. Você não conseguirá convencer ninguém com informações
falsas, que não têm respaldo na realidade,
3.Citações de autoridades – procure ler os principais autores sobre o assunto que
você vai escrever. Ler revistas e jornais ajuda muito;
4.Exemplos e ilustrações – para fortalecer sua argumentação recorra a exemplos
conhecidos, a fatos que a ilustrem.

Análise de um texto dissertativo-


argumentativo

Pão e circo
Em tempos como este, em que crises abalam todos os setores do país, é comum
buscar soluções imediatistas para problemas complexos, ou mesmo transferir as
responsabilidades para um grupo ou classe. A pena de morte como solução da
criminalidade no país é um desses casos.
Proclamam os seus defensores que a pena de morte aplicada a um criminoso serviria
de exemplo para que outros não cometessem o mesmo erro. Todavia, já ficou provada
a ineficiência da pena, quando se visa a esse fim, na experiência de alguns estados
norte-americanos, no início do século XX. A adoção da pena coincidiu com um
aumento das agressões a policiais e não houve a desejada diminuição da
criminalidade.
Existe, ainda, uma incoerência fundamental nesse raciocínio. Pretende-se combater
o crime com a morte do criminoso, estabelecendo-se um círculo vicioso de violência,
além de significar a institucionalização do assassinato pelo estado, que passa a ter o
supremo poder de decisão sobre a vida ou morte do réu.
Outra justificativa absurda é a de que a eliminação dos criminosos pouparia os gastos
que o governo teria para sustentá-los. Ora, não se pode deixar de considerar que o
criminoso é o resultado de uma situação de miséria anterior a ele. Deve, então, a
sociedade expurgar todos os membros que considerar um peso ou ameaça – como
na Alemanha nazista – em vez de assumir sua total incompetência para reintegrar os
frutos de suas injustiças?
100
Num país em que o Judiciário não é eficiente o bastante para fazer cumprir a lei como
convém, em que o sistema penitenciário não cumpre com sua função de reformar os
indivíduos considerados perigosos e inaptos para a convivência social e em que a
corrupção e a incompetência permeiam quase todos os serviços públicos, seria difícil
encontrar pessoas isentas para condenar um réu à morte. Resta a dúvida: quem
seriam os “carrascos” indicados para tal função? Quem aceitaria sem hesitação a
incumbência?
A pena de morte não é solução para criminalidade. Ela atua como um mecanismo de
vingança da população contra os criminosos, como um paliativo para a sensação de
insatisfação, impotência e insegurança. Ao mesmo tempo, ressuscita a bem-sucedida
– em sua época – política romana do pão e do circo. Não há pão para todos, mas
haveria circo.
Não se pode permitir que a sociedade retroceda à brutalidade da lei de Talião apenas
por mostrar-se incapaz de resolver a crise em que se encontra. Numa era de tantas
conquistas no campo dos Direitos Humanos, é inconcebível que se cogite legalizar a
irracionalidade e a violência, deixando recair sobre alguns o ônus social que é de
todos.
Paula Pereira, A Imprensa, Faculdade Cásper Líbero, jun./jul. 1991.

Existem diversas maneiras de argumentar. O texto acima nos deu algumas pistas
sobre o processo de argumentação.
Primeiramente, vejamos qual o pressuposto de Paula Pereira para escrever seu
artigo. Para encontrarmos o pressuposto do qual ela partiu, lemos todo o texto e
descobrimos suas palavras-chave: pena de morte e criminalidade.
Assim, descobrimos o pensamento que ela já havia formulado mentalmente sobre o
assunto antes de começar o trabalho de redação propriamente dito.
Vamos nos colocar no lugar de Paula Pereira, em sua casa assistindo TV e ouvindo
uma notícia sobre a implantação da pena de morte no Brasil. Em certo momento, ela
chega à conclusão de que esta não seria uma solução sensata, visto que a pena de
morte fere um dos principais dos direitos humanos, o número 1, que é o “direito à vida”
e que em alguns estados norte-americanos onde este tipo de punição ainda existe, a
redução da criminalidade não aconteceu.

101
Ela então chega ao seu pressuposto:

Em tempos como este, em que crises abalam todos os setores do país, é comum
buscar soluções imediatistas para problemas complexos, ou mesmo transferir as
responsabilidades para um grupo ou classe. A pena de morte como solução da
criminalidade no país é um desses casos.

Construção dos argumentos


Após estabelecer seu pressuposto, para encontrar os argumentos que o sustentasse,
supomos que ela tenha feito a seguinte pergunta: Por que a criminalidade não deve
ser combatida com pena de morte?
Vejamos agora se os argumentos de Paula Pereira respondem a seu pressuposto
inicial.
Retomemos a pergunta:
Por que a criminalidade não deve ser combatida com pena de morte?
Porque...
1. ... já ficou provada a ineficiência da pena, quando se visa a esse fim, na
experiência de alguns estados norte-americanos, no início do século XX.
2. A adoção da pena coincidiu com um aumento das agressões a policiais e não
houve a desejada diminuição da criminalidade.
3. ... se estabelece um círculo vicioso de violência, além de significar a
institucionalização do assassinato pelo estado, que passa a ter o supremo poder de
decisão sobre a vida ou morte do réu.
4. ... não se pode deixar de considerar que o criminoso é o resultado de uma
situação de miséria anterior a ele.
5. ... seria difícil encontrar pessoas isentas para condenar um réu à morte (Num
país em que o Judiciário não é eficiente o bastante para fazer cumprir a lei como
convém, em que o sistema penitenciário não cumpre com sua função de reformar os
indivíduos considerados perigosos e inaptos para a convivência social e em que a
corrupção e a incompetência permeiam quase todos os serviços públicos).

Conclusão
Ela (a pena de morte) atua como um mecanismo de vingança da população contra os
criminosos, como um paliativo para a sensação de insatisfação, impotência e
102
insegurança. Ao mesmo tempo, ressuscita a bem-sucedida – em sua época – política
romana do pão e do circo. Não há pão para todos, mas haveria circo.
Não se pode permitir que a sociedade retroceda à brutalidade da lei de Talião apenas
por mostrar-se incapaz de resolver a crise em que se encontra. Numa era de tantas
conquistas no campo dos Direitos Humanos, é inconcebível que se cogite legalizar a
irracionalidade e a violência, deixando recair sobre alguns o ônus social que é de
todos.
Em linhas gerais, para escrever um texto você deve:
1. Ler tudo que for possível sobre o assunto;
2. Escolher um pressuposto como ponto de partida;
3. Escolher dois ou três argumentos fortes;
4. Não perder de vista as palavras-chave do pressuposto.
5. Orientar a argumentação para uma conclusão coerente com o pressuposto.

Tese e Argumentação

Uso de justificativas para defender uma tese.


Como já falamos, a tese central não é qualquer opinião. A tese é o ponto de vista
mais importante a que o autor pretende chegar. Para elaborar sua tese central, você
pode se valer de outras opiniões que irão se contrapor a outras.
Retornemos ao artigo Pão e Circo de Paula Pereira. Qual foi sua tese?

A pena de morte não é solução para criminalidade.

Para chegar a sua tese, o ponto de partida de Paula Pereira foi a informação, ainda
em seu estado “bruto”; a partir de algumas informações sobre o assunto, procurou dar
sentido a elas. Procurou dizer o que as informações significam ou a que conclusões
elas a levaram a assumir um ponto de vista.

ESTRATÉGIAS PARA DESENVOLVER UMA ARGUMENTAÇÃO


Só se constituem argumentos aqueles que estiverem relacionados à tese central.
Muitas vezes esses argumentos aparecem soltos, espalhados e desconectados da

103
tese central e quando isso acontece, as informações não se constituem argumentos;
para se constituírem em argumentos, os dados necessitam funcionar como prova.
Os argumentos devem ser organizados por ideias que se associam e dissociam,
tornando mais persuasivas as informações e opiniões acrescidas. Essas informações
e opiniões devem ser transformadas em dados ou argumentos, utilizando-se para
tantas definições, comparações, técnicas de inclusão de partes num todo,
cálculos de probabilidade, exemplos, ilustrações e analogias.

COMO FAZER ISSO?


Você pode desenvolver uma argumentação de muitas maneiras. Vejamos:
Fazendo pergunta e apresentando resposta.
Levantando o problema – apontando solução.
Indicando argumentos favoráveis x argumentos contrários.
Tecendo comparação.
Recorrendo à exemplificação.
Nem sempre podemos apresentar todos os tipos de argumentos em um único texto.
Por isso, a fim de exemplificá-los, extraímos alguns exemplos do artigo Pão e Circo e
outros dados pelo pesquisador Caetano.
Basicamente, serão argumentos válidos:
Responder por quê: tanto por que algo ocorre como por que algo foi dito (são porquês
causais ou explicativos, portanto).

A pena de morte não é solução para criminalidade (tese) porque já ficou provada a
ineficiência da pena... (argumento causal) quando se visa a esse fim, na experiência
de alguns estados norte-americanos, no início do século XX (argumento explicativo).

1) Raciocínio: o argumento baseado em raciocínio muitas vezes responde onde,


quando, como, o quê, quem, para quê. É um tipo de argumento descritivo, mas
que em muitos casos é válido.

A pena de morte não é solução para criminalidade (tese). Ela atua como um
mecanismo de vingança da população contra os criminosos, como um paliativo para
a sensação de insatisfação, impotência e insegurança.

104
2) Argumento de autoridade e/ou estatístico

Há uma grande desigualdade de renda no mundo moderno (tese). Segundo fontes do


BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), apenas 1% da população detém
96% das riquezas globais (argumento).

3) Uso de exemplificações/ilustrações

A pena de morte não é solução para criminalidade (tese). [...] ressuscita a bem-
sucedida – em sua época – política romana do pão e do circo (argumento). Não há
pão para todos, mas haveria circo

Deve, então, a sociedade expurgar todos os membros que considerar um peso ou


ameaça – como na Alemanha nazista – (argumento) em vez de assumir sua total
incompetência para reintegrar os frutos de suas injustiças?

4) Causa/consequência

Num país em que o Judiciário não é eficiente o bastante para fazer cumprir a lei como
convém, em que o sistema penitenciário não cumpre com sua função de reformar os
indivíduos considerados perigosos e inaptos para a convivência social e em que a
corrupção e a incompetência permeiam quase todos os serviços públicos (causas),
seria difícil encontrar pessoas isentas para condenar um réu à morte (consequência).

Outra justificativa absurda é a de que a eliminação dos criminosos pouparia os gastos


que o governo teria para sustentá-los (senso comum). Ora, não se pode deixar de
considerar que o criminoso é o resultado de uma situação de miséria anterior a ele
(refutação).

5) Relato de experiência calcada na sociedade (ou seja, não necessariamente a


sua experiência, mas a de alguma classe da sociedade).

[...] na experiência de alguns estados norte-americanos, no início do século XX. A


adoção da pena coincidiu com um aumento das agressões a policiais e não houve a
desejada diminuição da criminalidade.
105
RESUMINDO
Você deve organizar seu texto recorrendo a estratégias como:
- perguntar – responder;
- situar o problema – apontar solução;
- apresentar argumentos favoráveis e contrários para a tomada de posição sobre
assunto polêmicos;
- apontar semelhanças e diferenças na constituição de um quadro comparativo
analítico, exemplificar.

https://www.youtube.com/watch?v=5G9N4fH9kwU&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oLu%C3
%ADsMonteCastelo

ATIVIDADES
01. O terceiro aspecto a ser avaliado é a forma como você, em seu texto, seleciona,
relaciona, organiza e interpreta informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa
do ponto de vista escolhido como tese. É preciso, então, elaborar um texto que
apresente, claramente, uma ideia a ser defendida e os argumentos que justifiquem a
posição assumida por você em relação à temática da proposta de redação.
Sobre a terceira competência, é INCORRETO AFIRMAR:

a) A Competência três trata da inteligibilidade do seu texto, ou seja, de sua coerência e


da plausibilidade entre as ideias apresentadas, o que é garantido pelo planejamento
prévio à escrita, ou seja, pela elaboração de um projeto de texto.
b) A inteligibilidade do texto dissertativo-argumentativo depende, portanto, dos seguintes
fatores: seleção de argumentos e relação de sentido entre as partes do texto.
c) A Progressão temática adequada ao desenvolvimento do tema, revela que a redação
foi planejada e que as ideias desenvolvidas são, pouco a pouco, apresentadas de
forma organizada, em uma ordem lógica.
d) O desenvolvimento dos argumentos, com a explicitação da relevância das ideias
apresentadas, precisa se alinhar com a defesa do ponto de vista adotado no início do
texto.

106
e) Utilizar informações (repertório) de várias áreas do conhecimento, demonstrando o
que acontece no mundo é avaliado na Competência 03.

02. Leia o texto abaixo:


A ______________ se estabelece por meio das ideias apresentadas no texto e dos
conhecimentos dos interlocutores, garantindo a construção do sentido de acordo com
as expectativas do leitor. Está, pois, ligada ao entendimento e à possibilidade de
interpretação dos sentidos do texto. O leitor poderá compreender esse texto, refletir a
respeito das ideias nele contidas e, em resposta, reagir de maneiras diversas: aceitar,
recusar, questionar e até mesmo mudar seu comportamento em face das ideias do
autor, partilhando ou não da sua opinião.

Qual termo preenche adequadamente o espaço acima?


a) Coerência
b) Argumentação
c) Tipologia
d) Tese
e) Tangência

03.Sobre o PROJETO DE TEXTO, leia as sentenças abaixo e coloque V para as


Verdadeiras e F para as Falsas, depois marque a alternativa CORRETA.
I. ( ) Projeto de texto é o planejamento prévio à escrita da redação.
II. ( ) É o esquema que se deixa perceber pela organização estratégica dos
argumentos presentes no texto.
III. ( ) É nele que são definidos quais os argumentos que serão mobilizados para
a defesa de sua tese, quais os momentos de introduzi-los e qual a melhor
ordem para apresentá-los.
IV. ( ) É a garantia de que o texto final seja articulado, claro e coerente.

a) As alternativas I e II são falsas.


b) Todas as alternativas são verdadeiras.
c) Apenas as alternativas I e III são verdadeiras.
d) Apenas a alternativa IV é verdadeira.
e) As alternativas III e IV são falsas.

107
04. Leia o texto abaixo:
“Em sua canção “Pela Internet”, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a
quantidade de informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus
usuários. No entanto, com o avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados
desenvolvidos por empresas de aplicativos e redes sociais, essa abundância vem
sendo restringida e as notícias, e produtos culturais vêm sendo cada vez mais
direcionados – uma conjuntura atual apta a moldar os hábitos e a informatividade dos
usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento de usuários pela seleção
prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de enfrentamento.
Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de
limitar a própria cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso
do filósofo Jürgen Habermas, no qual ele conceitua a ação comunicativa: esta consiste
na capacidade de uma pessoa em defender seus interesses e demonstrar o que acha
melhor para a comunidade, demandando ampla informatividade prévia. Assim,
sabendo que a cidadania consiste na luta pelo bem-estar social, caso os sujeitos não
possuam um pleno conhecimento da realidade na qual estão inseridos e de como seu
próximo pode desfrutar do bem comum – já que suas fontes de informação estão
direcionadas –, eles serão incapazes de assumir plena defesa pelo coletivo. Logo, a
manipulação do comportamento não pode ser aceita em nome do combate, também,
ao individualismo e do zelo pelo bem grupal.
Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de
encontro à concepção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o
filósofo pós-estruturalista Stuart-Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado
de múltiplas identidades. Sendo assim, as preferências e ideias das pessoas estão
em constante interação, o que pode ser limitado pela prévia seleção de informações,
comerciais, produtos, entre outros. Por fim, seria negligente não notar como a tentativa
de tais algoritmos de criar universos culturais adequados a um gosto de seu usuário
criam uma falsa sensação de livre arbítrio e tolhe os múltiplos interesses e identidades
que um sujeito poderia assumir.
Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para tanto,
as instituições escolares são responsáveis pela educação digital e emancipação de
seus alunos, com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos utilizados pelas novas
tecnologias de comunicação e informação e torná-los mais críticos. Isso pode ser feito

108
pela abordagem da temática, desde o ensino fundamental – uma vez que as gerações
estão, cada vez mais cedo, imersas na realidade das novas tecnologias – de maneira
lúdica e adaptada à faixa etária, contando com a capacitação prévia dos professores
acerca dos novos meios comunicativos. Por meio, também, de palestras com
profissionais das áreas da informática que expliquem como os alunos poderão ampliar
seu meio de informações e demonstrem como lidar com tais seletividades, haverá um
caminho traçado para uma sociedade emancipada.”
Fonte: (INEP, 2019, p.31)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019

Sobre a análise do texto acima, é INCORRETO afirmar:

a) Percebe-se ao longo da redação, a presença de um projeto de texto estratégico, com


informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, desenvolvidos de forma
consistente e bem organizados em defesa do ponto de vista.
b) No primeiro parágrafo, é apresentado o problema da manipulação do comportamento
do usuário pelo controle de dados na internet, que, segundo a participante, além de
ser inconcebível, deve ser enfrentada.
c) Em relação aos princípios da estruturação do texto dissertativo-argumentativo,
percebe-se que o texto não apresenta uma tese e o desenvolvimento está sem
justificativas.
d) Ao longo do desenvolvimento, ela mostra como a seleção, por meio de algoritmos,
daquilo que é visto pelos usuários interfere em suas vidas, seja por limitar seu papel
como cidadãos como por limitar o acesso ao conhecimento.
e) São apresentadas propostas de intervenção articuladas ao problema discutido ao
longo do texto.

05. ENEM (2016): Leia o texto abaixo:


Censura moralista
Há tempos que a leitura está em pauta. E, diz-se, em crise. Comenta-se esta crise,
por exemplo, apontando a precariedade das práticas de leitura, lamentando a falta de
familiaridade dos jovens com livros, reclamando da falta de bibliotecas em tantos
municípios, do preço dos livros em livrarias, num nunca acabar de problemas e de
carências. Mas, de um tempo para cá, pesquisas acadêmicas vêm dizendo que talvez

109
não seja exatamente assim, que brasileiros leem, sim, só que leem livros que as
pesquisas tradicionais não levam em conta. E, também de um tempo para cá, políticas
educacionais têm tomado a peito investir em livros e em leitura.
LAJOLO, M. Disponível em: www.estadao.com.br. Acesso em: 2 dez. 2013 (fragmento).
Os falantes, nos textos que produzem, sejam orais ou escritos, posicionam-se
frente a assuntos que geram consenso ou despertam polêmica. No texto, a
autora:
a) Ressalta a importância de os professores incentivarem os jovens às práticas de
leitura.
b) Critica pesquisas tradicionais que atribuem a falta de leitura à precariedade de
bibliotecas.
c) Rebate a ideia de que as políticas educacionais são eficazes no combate à crise
com a leitura.
d) Questiona a existência de uma crise de leitura com base nos dados de pesquisas
acadêmicas.
e) Atribui a crise da leitura à falta de incentivos e ao desinteresse dos jovens por livros
de qualidade.

6. (Fuvest – 2013 - Adaptado) A essência da teoria democrática é a supressão de


qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou na crença de que os conflitos
e problemas humanos – econômicos, políticos, ou sociais – são solucionáveis pela
educação, isto é, pela cooperação voluntária, mobilizada pela opinião pública
esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos
melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das
ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais ampla, a
mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a
mais imparcial e em termos que os tornem acessíveis a todos.
(Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.)

No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” indica


que o autor:
I. vê nas “ciências sociais” uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade.
II. considera utópicos os objetivos dessas ciências.
III. prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”.

110
IV. discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
V. utiliza, com reserva, a denominação “ciências sociais”.

Marque a alternativa CORRETA:


Todas as alternativas estão corretas.
Estão corretas I e V.
Apenas a alternativa V está correta.
Estão corretas I, II e III.
Estão corretas III, IV e V.

07. (MACKENZIE, 2013) “Acho que não pode haver discriminação racial e religiosa
de espécie alguma. O direito de um termina quando começa o do outro. Em todas as
raças, todas as categorias, existe sempre gente boa e gente má. No caso particular
dessa música, não posso julgar, porque nem conheço o Tiririca. Como posso saber
se o que passou na cabeça dele era mesmo ofender os negros? Eu, Carmen Mayrink
Veiga, não tenho ideia. Mas o que posso dizer é que se os negros acharam que a
música é uma ofensa, eles devem estar com toda razão.” (Revista Veja) Escolha uma:
a) O discurso, altamente assumido pelo enunciador, a ponto de autocitar-se sem pejo,
ataca rebeldemente a hipocrisia social, que mascara os preconceitos.
b) A argumentação revela um senso crítico e reflexivo, uma mente que sofre com os
preconceitos e, principalmente, com a própria impotência diante deles.
c) Impossível conceber, como desse mesmo enunciador, essa frase: “Sempre
trabalhei como uma negra”, publicada semanas antes na mesma revista.
d) A argumentação, partindo de visões inusitadas, mas abalizadas na realidade
cotidiana, aponta para a total solidariedade com os negros e oprimidos.
e) A argumentação, desenvolvida por meio de clichês, subentende um distanciamento
entre o eu/enunciador e o ele/negros.

08. (UFMG) Leia o texto abaixo:


A revolução digital
Texto e papel. Parceiros de uma história de êxitos. Pareciam feitos um para o outro.
Disse “pareciam”, assim, com o verbo no passado e já me explico: estão em processo
de separação.

111
Secular, a união não ruirá do dia para a noite. Mas o divórcio virá, certo como o pôr-
do-sol a cada fim de tarde.
O texto mantinha com o papel uma relação de dependência. A perpetuação da escrita
parecia condicionada à produção de celulose.
Súbito, a palavra descobriu um novo meio de propagação: o cristal líquido. Saem as
árvores. Entram as nuvens de elétrons.
A mudança conduz a veredas ainda inexploradas. De concreto, há apenas a
impressão de que, longe de enfraquecer, a ebulição digital tonifica a escrita.
E isso é bom. Quando nos chega por um ouvido, a palavra costuma sair por outro.
Vazando-nos pelos olhos, o texto inunda de imagens a alma.
Em outras palavras: falada, a palavra perde-se nos desvãos da memória; impressa,
desperta o cérebro, produzindo uma circulação de ideias que gera novos textos.
A Internet é, por assim dizer, um livro interativo. Plugados à rede, somos autores e
leitores. Podemos visitar as páginas de um clássico da literatura. Ou simplesmente
arriscar textos próprios.
Otto Lara Resende costumava dizer que as pessoas haviam perdido o gosto pela troca
de correspondências. Antes de morrer, brindou-me com dois telefonemas. Em um
deles prometeu: “Mando-te uma carta qualquer dia desses”.
Não sei se teve tempo de render-se ao computador. Creio que não. Mas, vivo, Otto
estaria surpreso com a popularização crescente do correio eletrônico.
O papel começa a experimentar o mesmo martírio imposto à pedra quando da
descoberta do papiro. A era digital está revolucionando o uso do texto. Estamos
virando uma página. Ou, por outra, estamos pressionando a tecla “enter”.
SOUZA, Josias de. A revolução digital. Folha de São Paulo, São Paulo, 6 de maio de 1996. Caderno
Brasil, p. 2.

09.Com base na leitura feita, é correto afirmar que o objetivo do texto é:


a) Defender a parceria entre o papel e o texto como uma história de êxitos.
b) Discutir as implicações da era digital no uso da escrita.
c) Descrever as vantagens e as desvantagens da internet na atualidade.
d) Narrar a história do papel e do texto desde a antiguidade.
e) Afirmar que o meio digital não substituiu, de forma alguma, os textos de papel.

112
10. Para responder as questões que virão após, leia, primeiramente, o texto a
seguir:

Opinião não é argumento


Um argumento busca a verdade. Uma opinião manifesta uma ideia que reflete a
crença. O pior ocorre quando crenças se materializam em opinião e são usadas para
substituir argumentos.
Walter Carnielli*
Aqui está uma história que pode ser verdadeira no contexto atual do Brasil. Um jovem
professor de filosofia, instruindo seus alunos à filosofia da religião, introduz, à maneira
que a filosofia opera há séculos, argumentos favoráveis e contrários à existência de
Deus. Um dos alunos se queixa, para o diretor e também nas onipresentes redes
sociais, de que suas crenças religiosas estão sendo atacadas. “Eu tenho direito às
minhas crenças”. O diretor concorda com o aluno e força o professor a desistir de
ensinar filosofia da religião.
Mas o que é exatamente um “direito às minhas crenças”? O professor poderia, por
exemplo, estar dando um curso sobre “O golpe de 2016”, e o ministro da Educação
poderia estar fazendo o papel de diretor, vetando o curso para proteger os “ofendidos”
por ele. O direito à crença, nesse caso, poderia ser visto como o “direito evidencial”.
Alguém tem um direito evidencial à sua crença se estiver disposto a fornecer
evidências apropriadas em apoio a ela. Mas o que o estudante conservador, o diretor
e o ministro da Educação estão reivindicando e promovendo não parece ser esse
direito, pois isso implicaria precisamente a necessidade de pôr as evidências à prova.
Parece que o estudante está reivindicando outra coisa, um certo “direito moral” à sua
crença, como avaliado pelo filósofo americano Joel Feinberg, que trabalhou temas da
ética, teoria da ação e filosofia política. O estudante está afirmando que ele tem direito
moral de acreditar no que quiser, mesmo em crenças falsas.
Muitas pessoas acham que, se têm um direito moral a uma crença, todo mundo tem
o dever de não privá-las dessa crença, o que envolve não criticá-la, não mostrar que
é ilógica ou que lhe falta apoio evidencial. O problema é que (sobretudo na atual
conjuntura brasileira, às portas das eleições) essa é uma maneira cada vez mais
comum de pensar sobre o direito de acreditar. E as grandes perdedoras são a
liberdade de expressão e democracia.

113
Qualquer que seja sua crença, desde pensar que armar a população vai resolver o
problema da violência urbana, ou que a terra é plana, você não pode exigir que outro
sacrifique a própria crença para salvaguardar o direito à sua. A defesa de sua crença
está restrita ao uso de métodos que pertencem ao espaço das razões – argumentação
e persuasão, em vez de força. Você tem o direito de avançar sua crença na arena
pública usando os mesmos métodos de que seus oponentes dispõem para dissuadi-
lo.
O pior acontece quando crenças se materializam em opinião, e são usadas como
substitutas de argumentos, quando o “Eu tenho direito às minhas crenças” se
transforma em “Eu tenho direito à minha opinião”. Crenças e opiniões não são
argumentos. Mais precisamente, crenças diferem de opiniões, que diferem de fatos,
que diferem de argumentos. Um fato é algo que pode ser provado verdadeiro. Por
exemplo, é um fato que Júpiter é o maior planeta do sistema solar tanto em diâmetro
quanto em massa. Esse fato pode ser provado pela observação ou pela consulta a
uma fonte fidedigna.
Uma crença é uma ideia ou convicção que alguém aceita como verdadeira, como
“passar debaixo de uma escada dá azar”. Isso certamente não pode ser provado (ou
pelo menos nunca foi). Mas a pessoa ainda pode manter sua crença, como vimos, se
não pelo “direito evidencial”, apelando para o “direito moral”. Ou ainda, pelo mesmo
“direito moral”, deixar de acreditar no que ela própria pensa serem evidências, como
no caso do famoso dito (atribuído a Sancho Pança) “Não creio em bruxas, ainda que
existam”.
Já uma opinião é uma declaração ou manifestação de uma ideia que reflete a crença.
A crença é de foro íntimo; a opinião manifesta a crença. Por fim, o mais importante:
um argumento não é uma luta ou um debate, nem um desacordo entre as pessoas.
Um argumento é uma busca pela verdade. A dificuldade surge por sempre haver uma
tensão entre verdade e persuasão. Assim, se o argumento é o processo de persuadir
uma audiência através da verdade, a retórica, no sentido contemporâneo, é o
processo de convencê-la. Pronto. A verdade aí é um elemento secundário: a
propaganda, o discurso político e sobretudo as fake News estão nesse
compartimento.
Mas, se crenças, ainda que verdadeiras e embasadas em evidências, não se
confundem com opiniões, com fatos ou com argumentos, o que dizer de crenças

114
falsas? Como elas são engendradas? Entra em cena o já quase famoso “viés de
confirmação”, a tendência das pessoas de acolher informações que apoiem suas
crenças e rejeitar informações que as contradigam. Das muitas formas de pensamento
defeituoso já identificadas, o viés de confirmação está entre os mais bem catalogados.
Mesmo após a evidência de que suas crenças foram totalmente refutadas, os
indivíduos em geral não conseguem fazer revisões apropriadas em certas crenças.
Um aliado perverso do viés de confirmação é a “ilusão de profundidade explicativa”:
as pessoas acreditam que sabem muito mais do que realmente sabem, e o que lhes
permite persistir nessa crença é a ressonância em outras pessoas – dificilmente
sabemos dizer onde o nosso entendimento termina e o do outro começa. Essa
confusão de fronteiras, usada de forma positiva, parece ser crucial para o que
consideramos progresso. Mas, como regra geral, sentimentos fortes sobre questões
candentes não surgem de uma compreensão profunda, e mais se parecem com os de
uma torcida organizada.
Duas metáforas recentes tentam explicar mais metodologicamente esses fenômenos:
a ideia da “bolha epistêmica” e a da “câmara de eco”. Um estudo publicado na revista
Proceedings, da Academia Nacional de Ciências (“The spreading of misinformation
online”, https://doi.org/10.1073/pnas.1517441113), examinou dados sobre temas
discutidos em redes sociais 2010 e 2014. O estudo constatou que os usuários tendem
a se agregar em comunidades de interesse, o que causa reforço e promove vieses de
confirmação, segregação e polarização. Uma “bolha epistêmica” se forma em grupos
(redes sociais, igrejas ou tendências políticas), nos quais vozes discordantes são
excluídas por omissão, de maneira inadvertida ou proposital, pelo mecanismo de viés
cognitivo. Isso acontece quando redes construídas por motivos eminentemente
sociais começam a ser usadas como fontes de informação. No segundo caso, uma
“câmara de eco” é uma estrutura social na qual vozes discordantes são ativamente
desacreditadas. Numa bolha epistêmica, vozes destoantes não são ouvidas; numa
câmara de eco, essas vozes são sabotadas. A prisão de Lula pode ser vista como um
episódio de perseguição judicial ou como um exemplo de avanço no combate à
corrupção no país. Mas quem já tentou discutir com qualquer dos lados, penetrando
numa bolha epistêmica através das redes sociais, sentiu o que é uma câmara de eco
– cujo nome nada tem a ver com o conhecido escritor italiano.

115
Não é necessariamente verdade, como disse Umberto Eco, que “as redes sociais
deram voz a uma legião de imbecis”. Basta que milhões de pessoas instantaneamente
conectadas caiam vítimas do viés de confirmação e da ilusão de profundidade
explicativa, e teremos o cenário pronto para a agressividade e polarização nas redes,
cujo efeito, ou parte da causa, se vê no Judiciário, na imprensa e em outras
instituições.
O que o diretor e o ministro da Educação deveriam ter reconhecido ao estudante e
aos ofendidos com o curso “O golpe de 2016” é que, sim, eles têm um direito moral à
sua crença. E têm o direito moral de não ter essa crença arrancada à força. Mais nada.
A filosofia da religião permanece no programa do curso vigente.
*Walter Carnielli é matemático e professor titular de lógica e filosofia da ciência do
Centro de Lógica e do Departamento de Filosofia da Unicamp, em Campinas. (Fonte:
Época, 18 de abril 2018).
a. Em que veículo o texto foi publicado?
b. É bastante conhecido do público?
c. Além do nome de quem escreveu, há mais informações sobre o autor?
d. Além do nome, há mais informações sobre ele?
e. Qual o tema que o artigo discute?
f. Com que finalidade esse assunto foi abordado?
g. Para que tipo de leitor este artigo se dirige?
( 1 ) estudantes
( 2 ) intelectuais
( 3 ) leitores da revista
h. Que aspectos do texto remetem ao destinatário?
(1) Qualquer que seja sua crença, desde pensar que armar a população vai
resolver o problema da violência urbana, ou que a terra é plana, você não pode
exigir que outro sacrifique a própria crença para salvaguardar o direito à sua. A
defesa de sua crença está restrita ao uso de métodos que pertencem ao espaço
das razões – argumentação e persuasão, em vez de força. Você tem o direito
de avançar sua crença na arena pública usando os mesmos métodos de que
seus oponentes dispõem para dissuadi-lo.
(2) O pior acontece quando crenças se materializam em opinião, e são usadas
como substitutas de argumentos, quando o “Eu tenho direito às minhas

116
crenças” se transforma em “Eu tenho direito à minha opinião”. Crenças e
opiniões não são argumentos. Mais precisamente, crenças diferem de opiniões,
que diferem de fatos, que diferem de argumentos. Um fato é algo que pode ser
provado verdadeiro. Por exemplo, é um fato que Júpiter é o maior planeta do
sistema solar tanto em diâmetro quanto em massa. Esse fato pode ser provado
pela observação ou pela consulta a uma fonte fidedigna.
i. A qual (quais) fato (s) (atuais) está relacionado?
j. Considerando que se trata de um texto de opinião, que ideia ou tese o autor
parece defender?
( 1 ) Temos o direito moral de defender nossas crenças mesmo elas sendo
ilógicas.
( 2 ) A opinião, que reflete crenças, não é a mesma coisa de argumento, que
busca a verdade.
( 3 ) As crenças se materializam em opinião e podem ser usadas como
argumentos.
k. Que argumentos foram utilizados pelo autor para defender e/ou fundamentar
sua tese?

https://www.youtube.com/watch?v=5G9N4fH9kwU&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oL
u%C3%ADsMonteCastelo

117
UNIDADE IV – OS MECANISMOS DE TEXTUALIZAÇÃO

Nesta Unidade, iremos estudar os conteúdos referentes à competência 4, que


corresponde aos conhecimentos dos mecanismos de textualização responsáveis pela
organização geral do texto.
Enquanto os erros gramaticais e ortográficos, que estudamos na Unidade I, não
influenciam a compreensão do texto, os de coesão textual tornam a leitura muitas vezes
impossível. Podemos citar como exemplos: colocar uma frase toda fora de ordem, deixar
as ideias soltas pelo texto, deixar o raciocínio incompleto etc.
Por isso, é muito importante que você compreenda além das regras de pontuação, de
acentuação, a importância também dos mecanismos de textualização.

118
Os mecanismos de textualização

De modo geral é bem comum os textos terem sua qualidade prejudicada por conta da
falta de parâmetros úteis aos aspectos relacionados aos fatores de textualidade:
continuidade, progressão, não-contradição e articulação.
Seu avaliador ao ler seu texto, irá buscar saber se:
- a continuidade é garantida pela retomada de elementos e ideias no decorrer do
texto;
- a progressão é obtida a partir da adesão de novos conceitos e informações a
respeito dos elementos retomados. São esses acréscimos que fazem o sentido do
texto progredir;
- a não-contradição trata do respeito aos princípios lógicos elementares para o texto
ser internamente coerente e das relações do texto com o mundo (real ou fictício) a
que se refere ser externamente coerente. Por exemplo, em um texto dissertativo-
argumentativo não é válido que você defenda um ponto de vista em um determinado
momento e depois negá-lo sem justificar a mudança de seu posicionamento.
- a articulação se refere à maneira como os fatos e conceitos apresentados no texto
se encadeiam e se organizam, ou seja, como se relacionam uns com os outros.
Este último fator corresponde aos mecanismos de textualização, e é sobre eles que
passaremos a tratar.

Conexão

Os mecanismos de textualização podem ser reagrupados em três grandes


conjuntos: a conexão, a coesão nominal e a coesão verbal.
Os mecanismos de conexão contribuem para marcar as grandes articulações da
progressão temática e são realizados por um subconjunto de unidades chamadas
de organizadores textuais.
Esses organizadores podem assinalar a passagem entre os tipos de discursos que
constituem o texto, entre as fases de uma sequência e as articulações mais locais
entre frases.

119
Os organizadores textuais marcam as transições entre:
- os tipos de discurso constitutivos de um texto: função de segmentação;
- as fases de uma sequência ou de uma outra forma de planificação: função de
demarcação ou balizamento;
- as frases sintáticas: articulação de duas ou várias frases sintáticas em uma só frase
gráfica: função de ligação ou justaposição (coordenação); função de
encaixamento (subordinação).
As unidades ou grupos de unidades que podem ser considerados como organizadores
textuais são:
a) advérbios ou locuções adverbiais (outro dia, após, logo no início, depois de)
b) sintagmas preposicionais (para manter as massas, dependendo de, acredito
na)
c) conjunções coordenativas (e, mas, por isso, assim)
d) conjunções subordinativas (se, quando, embora, que)

Os organizadores do tipo a) e b) podem marcar tanto a segmentação quanto o


balizamento das fases de uma forma de planificação, e alguns deles (depois, então,
após etc.) podem também explicitar o tipo de relação existente entre frases individuais
e assegurar uma função de empacotamento.
Os organizadores do tipo c) são essencialmente destinados às funções de
empacotamento e/ou de ligação, mesmo que alguns deles possam às vezes,
assumir uma função de balizamento (mas, é então que etc.)
Os organizadores do tipo d) assumem necessariamente uma função de
encaixamento.
Vejamos:
A) Função de segmentação - marcação das articulações entre segmentos de
discursos:
As articulações entre tipos de discurso podem tomar diferentes formas. No texto “A
vida após a morte”, você poderá distinguir no segundo parágrafo um segmento de
discurso relato-interativo (1) no qual se encaixa algumas partes de discurso interativo
(2), marcado com aspas e algumas de discurso interativo (3).

120
(1)Outro dia, um amigo biólogo me perguntou se eu gostaria de conviver com bilhões
de anos ao lado dos ectoplasmas de macaco, camundongo, besouro e formiga,
trilhões de trilhões de vidas após a morte. (2) “Você vai passar a eternidade
perguntando: ‘É você, mamãe’, até finalmente encontrá-la” (3) Não somos
biologicamente tão superiores aos animais como imaginávamos 2.000 anos atrás. (2)
“É uma arrogância humana”, continuou meu amigo biólogo, “achar que só nós
merecemos uma segunda vida”.
(KANITZ, Stephen. A vida após a morte. Veja, São Paulo, ed. 2061, ano 41, n.20, p. 18, 21 maio 2008).

Função de demarcação ou balizamento - marcação das articulações entre fases de


sequência
- balizamento (de sequência argumentativa)
No início do § 4, onde anuncia uma argumentação de raciocínio/reflexiva.
Onde eu quero chegar é que, dependendo de sua resposta a essa questão, seu
comportamento em terra será criticamente diferente.
No início do §5, Mais interessante ainda continua com uma argumentação de
raciocínio.
Mas interessante ainda, seus genes serão lentamente misturados, através do
casamento de filhos e netos, com praticamente os de todos os outros seres humanos
da Terra.
- balizamento (de sequência descritiva)
Em nosso exemplo, destacamos os organizadores textuais (primeiro e depois) que
marcam a articulação entre o segmento de discurso relato-interativo (1); quando que
marca o segmento de discurso teórico (2) e ao final do período que marca o
segmento relato-interativo (3.)
(1)Primeiro, os bichinhos foram geneticamente modificados para que seus neurônios
respondessem a pulsos de luz. (1) Depois, cientistas da Universidade de Oregon
implantaram fibras ópticas no cérebro dos ratos: (2) quando ligada, as fibras emitiam
luz, e isso aumentava as ondas elétricas theta (que os humanos também apresentam,
quando dormem ou meditam). Os ratinhos foram submetidos à “meditação elétrica”
durante 20 dias, meia hora por dia. (3) Ao final do período, eles tinham se tornado
menos ansiosos do que os outros camundongos.
Fonte: Experiência faz ratos “meditarem” MAIO 2017 SUPER.

121
c)Função de ligação ou justaposição (coordenação); função de encaixamento
(subordinação).
- coordenação
Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, mas nunca à custa de
nossos filhos, deixando um planeta poluído, cheio de dívidas públicas e
previdenciárias para eles pagarem. Estamos deixando um mundo pior para nós
mesmos, são nossos genes que viverão nesse futuro. Inferno nessa concepção é
deixar filhos drogados, sem valores morais, sem recursos, desempregados, sem uma
profissão útil e social [...]
- subordinação
Inferno nessa concepção é deixar filhos drogados, sem valores morais, sem recursos,
desempregados, sem uma profissão útil e social. Se não transmitirmos uma ética
robusta a eles, nosso DNA terá curta duração.

Coesão Nominal

Ao lado da coerência, a coesão corresponde ao emprego de determinados


elementos da língua que garantem a textualidade, ou seja, é responsável pela boa
formação de um texto, tornando-o compreensível. Se pensarmos o texto como uma
rede de pescar tecida com “nós” que se conectam para ser o que é, a coesão será o
elemento responsável pela amarração dos nós.
É bom lembrar que os fatores que garantem a coerência atravessam o texto, mas vêm
do exterior, dos cuidados que precisamos tomar para que nosso texto possa garantir
eficácia e surtir efeito. A coesão, por sua vez, é interna ao texto e refere-se a
elementos linguísticos propriamente ditos, utilizados e manifestados no texto. Há
fatores de coerência que estão implícitos no texto, mas os elementos de coesão
encontram-se, sempre, explicitados.
Trataremos agora dos fenômenos de coesão, para que você possa a estruturar bem
o seu texto, impondo-lhe ordem e articulação.
Resumindo, podemos dizer que a coerência tem a ver com o texto em seu todo. A
coerência é o resultado das relações estabelecidas entre o emissor, o receptor e o
texto propriamente dito.
122
A coesão, por sua vez, embora também esteja ligada ao todo e às relações
autor/texto/receptor, é um fenômeno localizado, explícito, com marcas linguísticas
evidentes, fáceis de serem apontadas. Diz respeito à ligação das partes de um texto,
às relações entre seus segmentos.
Uma das maiores preocupações, quando escrevemos um texto, é de como amarrar a
frase ou parágrafo seguinte à/ao anterior. O importante é cada enunciado estabelecer
relações estreitas com os outros a fim de tornar sólida a estrutura do texto. A cada
frase enunciada devemos ver se ela mantém um vínculo com a anterior ou anteriores
para não perdermos o fio do pensamento.
Os mecanismos de coesão nominal introduzem os argumentos e organizam sua
retomada na sequência do texto; são realizados por um subconjunto de unidades que
chamamos de anáforas e podem ser: pronomes pessoais, relativos,
demonstrativos e possessivos, e, também, alguns sintagmas nominais (adjuntos,
complementos nominais).
Vamos ver como a coesão acontece no texto a seguir:

Ulysses era impressionante sob vários aspectos, o primeiro e mais óbvio dos quais
era a própria figura. Contemplado de perto, cara a cara, ele tinha a oferecer o
contraste entre as longas pálpebras, que subiam e desciam pesadas como cortinas
de ferro, e os olhos claríssimos, de um azul leve como o ar. As pálpebras anunciavam
profundezas insondáveis. Quando ele as abria parecia estar chegando de regiões
inacessíveis, a região dentro de si onde guardava sua força.
(Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 21 out. 1992).

Este trecho de reportagem gira em torno de Ulysses Guimarães, que é sua palavra-
chave. É retomada direta ou indireta do nome de Ulysses que dá estabilidade ao texto,
encaminhando-o numa só direção: fazer uma descrição precisa desse político
brasileiro. Além disso, as frases estão bem amarradas porque seu redator soube usar
com precisão alguns dos recursos de coesão textual, tanto dentro da frase, quanto ao
passar de uma frase para outra. A coesão interna é tão importante quanto a externa.
Vejamos em primeiro lugar os recursos de que Roberto Pompeu se utiliza para manter
a coesão dentro de cada frase.

123
Na primeira frase, vários aspectos projeta o texto para adiante. A palavra aspectos
é retomada pelo segmento o primeiro e mais óbvio dos quais era a própria figura;
Na segunda frase, o pronome relativo que retoma as longas pálpebras: que (as
quais) subiam e desciam;
O relativo onde mantém o elo coesivo com a região dentro de si onde (na qual)
guardava sua força;
E os pronomes si (dentro de si) e sua (sua força) reportam-se ao sujeito ele de quando
ele as abria.
Agora vamos ver como se realiza a coesão de frase para frase:
o ele da segunda frase retoma o nome Ulysses, enunciado logo no início da primeira;
as pálpebras da terceira frase retoma as longas pálpebras da segunda;
Na última frase, o sujeito ele (quando ele as abria) refere-se mais uma vez a Ulysses
e o pronome as retoma pálpebras da frase anterior.

Referência

Pronomes
Vitaminas fazem bem à saúde. Mas não devemos tomá-las ao acaso.
O colégio é um dos melhores da cidade. Seus dirigentes se preocupam muito com a
educação integral.
Aquele político deve ter um discurso muito convincente. Ele já foi eleito seis vezes.
Há uma grande diferença entre Paulo e Maurício. Este guarda rancor de todos,
enquanto aquele tende a perdoar.
Numerais
Não se pode dizer que toda turma esteja mal preparada. Um terço pelo menos parece
estar dominando o assunto.
Recebemos dois telegramas. O primeiro confirmava a sua chegada; o segundo dizia
justamente o contrário.
Advérbios pronominais (aqui, ali, lá, aí)
Não podíamos deixar de ir ao Louvre. Lá está a obra-prima de Leonardo da Vinci: a
“Mona Lisa”.

124
Substituição

Epíteto é a palavra ou frase que qualifica pessoa ou coisa.


Glauber Rocha fez filmes memoráveis, pena que o cineasta mais famoso do cinema
brasileiro tenha morrido tão cedo.
Glauber rocha foi substituído pelo qualificativo o cineasta mais famoso do cinema
brasileiro.
Metonímia é o processo de substituição de uma palavra por outra, fundamentada
numa relação de contiguidade semântica.
O governo tem-se preocupado com os índices de violência. O Planalto diz que não
aceitará mais cidadãos comuns portarem armas militares como os fuzis.
Santos Dumont chamou a atenção de toda Paris. O Sena curvou-se diante de sua
invenção.
Na associação, uma palavra retoma outra porque mantém com ela, em determinado
contexto, vínculos precisos de significação.
São Luís tem sido vítima de enchentes no inverno. Os alagamentos prejudicam o
trânsito provocando engarrafamentos quilométricos.
A palavra alagamentos foi usada por estar associada a enchentes. Mas poderia ter
sido usada uma outra como transtornos, acidentes, transbordamentos no Mercado
Central etc.
Nominalização quando se emprega um substantivo que remete a um verbo
enunciado anteriormente.
Eles foram testemunhar sobre o caso. O juiz disse, porém, que tal testemunho não
era válido por serem parentes do assassino.
Pode também ocorrer o contrário: um verbo retomar um substantivo já enunciado.
Ele não suportou a desfeita diante de seu próprio filho. Desfeitear um homem de bem
não era coisa para se deixar passar em branco.

125
Elipse

O ministro foi o primeiro a chegar. (Ele) Abriu a sessão às oito em ponto e (ele) fez
então seu discurso emocionado.

Conjunção

Permite estabelecer relações significativas específicas entre elementos ou orações do


texto. Tais relações são marcadas por meio dos diversos tipos de conectores e
partículas de ligação como e, mas, depois, assim etc. As principais conjunções são a
aditiva, a adversativa, a causal, a temporal.
Uma grande paz seguiu-se ao violento tumulto.
Após o violento tumulto, houve uma grande paz.
Houve um violento tumulto. Logo depois, seguiu-se uma grande paz.
Depois que terminou o violento tumulto, houve uma grande paz.
Houve uma grande paz, depois de haver terminado o violento tumulto.

Coesão Lexical

Repetição do nome próprio (ou parte dele)


Manuel da Silva Peixoto foi um dos ganhadores do maior prêmio da loto. Peixoto
disse que ia gastar todo o dinheiro na compra de uma fazenda e em viagens ao
exterior.
Lygia Fagundes Telles é uma das principais escritoras brasileiras da atualidade. Lygia
é autora de “Antes do baile verde”, um dos melhores livros de contos de nossa
literatura.

126
Reiteração
Por meio de repetição da mesma palavra, quando não for possível substituí-la por
outra, ou através de sinônimos, hiperônimos (que designa o gênero de uma espécie)
e nomes genéricos (coisa, negócio, criatura, fato, acontecimento, fenômeno etc.).
A presidenta viajou para o exterior. A presidenta levou consigo uma grande comitiva.
A propaganda, seja ela comercial ou ideológica, está sempre ligada aos objetivos e
aos interesses da classe dominante. Essa ligação, no entanto, é ocultada por uma
inversão: a propaganda sempre mostra que quem sai ganhando com o consumo de
tal ou qual produto ou ideia não é o dono da empresa, nem os representantes do
sistema, mas, sim, o consumidor. Assim, a propaganda é mais um veículo da
ideologia dominante.
Uma menininha correu ao meu encontro. A garota parecia assustada.
Os quadros de Van Gogh não tinham nenhum valor em sua época. Houve telas que
serviram até de porta de galinheiro.
O avião ia levantar voo. O aparelho fazia um ruído ensurdecedor.
Todos ouviram um rumor de asas. Olharam para o alto e viram a coisa se
aproximando.
Colocação ou contiguidade consiste no uso de termos pertencentes a um mesmo
campo significativo.
Houve um grande acidente na estrada. Dezenas de ambulâncias transportaram os
feridos para os hospitais da cidade mais próxima.
Um termo-síntese
O país é cheio de entraves burocráticos. É preciso preencher um sem-número de
papéis. Depois, pagar uma infinidade de taxas. Todas essas limitações acabam
prejudicando o importador.
Todas essas limitações resumem o que foi dito antes.

Operadores Argumentativos

Dando continuidade ao estudo dos mecanismos de textualização, agora,


estudaremos especificamente os operadores argumentativos.
Para se defender ou para atacar uma ideia, um ponto de vista qualquer, em um texto
como o dissertativo-argumentativo é necessário, como já vimos, o uso da

127
argumentação. Ou seja, é necessário que você saiba estabelecer as relações
lógicas entre uma coisa e outra.

Como se concretiza essas relações?

A gramática possui certos elementos que têm por função indicar ou mostrar a força
argumentativa dos enunciados, a direção ou o sentido para o qual apontam, razão
pela qual são denominados operadores ou marcadores argumentativos. Esses
elementos linguísticos além de contribuir para a argumentação, visto que orientam a
conclusão e a organização do texto, assumem função relevante no estabelecimento
da coesão e da coerência do texto.
Vejamos como Othon Garcia construiu a argumentação ao escrever o texto
dissertativo argumentativo “Comunicação em prosa moderna”:

1. Conclusão – Logo, portanto, pois, por isso, conseguinte, em decorrência etc.


2. Comparação – pode indicar igualdade, inferioridade ou superioridade.

No primeiro parágrafo do texto, observa-se, no segundo enunciado, o operador pois


de valor conclusivo em relação à tese enunciada anteriormente, seguido do operador
de valor comparativo de igualdade assim como.
Aprender a escrever é, em grande parte, se não principalmente, aprender a pensar,
aprender a encontrar ideias e a concatená-las (tese), pois, assim como não é
possível dar o que não se tem, não se pode transmitir o que a mente não criou ou não
aprisionou.
3. Temporalidade – é construída de várias formas. Pode indicar simultaneidade,
anterioridade, posterioridade, continuidade ou progressão.

Tempo exato, pontual: quando, mal, assim que, nem bem logo que, no momento em
que
Tempo anterior – antes que
Tempo posterior – depois que
Tempo simultâneo – enquanto
Tempo progressivo – à medida que, à proporção que etc.

128
O segundo parágrafo é introduzido por um operador temporal quando seguido do
elemento retórico quase sempre que reforça a relação de tempo exato e pontual.

Quando professores, nos limitamos a dar aos alunos temas para redação sem lhes
sugerirmos roteiros ou rumos para fontes de ideias, sem, por assim dizer, lhes
“fertilizarmos” a mente. O resultado é quase sempre desanimador: um aglomerado
de frases desconexas, mal redigidas, mal estruturadas, um acúmulo de palavras que
se atropelam sem sentido e sem propósito; frases em que procuram fundir ideias que
não tinham ou que foram mal pensadas ou mal digeridas.

4. Oposição, contraste de argumentos – porém, todavia, contudo, entretanto,


no entanto, embora, ainda que, apesar de (que)
No terceiro parágrafo, observa-se no primeiro enunciado o operador mesmo
que se contrapondo ao que foi enunciado no parágrafo anterior.

Não podiam dar o que não tinham, mesmo que dispusessem de palavras-palavras,
quer dizer, palavras de dicionário, e de noções razoáveis sobre a estrutura da frase.
É que palavras não criam ideias; estas, se existem, é que forçosamente, acabam
corporificando-se naquelas, desde que se aprenda como associá-las e concatená-
las, fundindo-as em moldes frasais adequados. Quando o estudante tem algo a dizer,
porque pensou, e pensou com clareza, sua expressão é geralmente satisfatória.

5. Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões


contrárias.

Todos reconhecemos ser ilusão supor – como já dissemos – que se está apto a
escrever quando se conhecem as regras gramaticais e suas exceções. Há
evidentemente um mínimo de gramática indispensável (grafia, pontuação, um pouco
de morfologia e um pouco de sintaxe), mínimo suficiente para permitir que o estudante
adquira certos hábitos de estruturação de frases modestas mas claras, coerentes,
objetivas.

129
OPERADORES ARGUMENTATIVOS

IDEIA SIMPLES COMPOSTO


porque, pois, por, por causa de, devido a/à/ ao, em
Causa porquanto, dado, visto, vista de, em virtude de, em face de,
como em razão de, já que, visto que, uma
vez que, dado que
tão, tal de modo que, de forma que, de
Consequência maneira que, de sorte que, tanto
imprevista que
logo, portanto assim sendo, por consequência,
Consequência lógica por conseguinte
para, porque para que, a fim de que, a fim de,
Finalidade com o propósito de, com a intenção
de, com o intuito de
se, caso, mediante, sem, contanto que, a não ser que, a
Condição salvo menos que, exceto se
mas, porém, contudo, no entanto
Oposição branda todavia, entretanto
malgrado, embora, muito embora, apesar de, a
conquanto despeito de, não obstante, sem
Oposição embargo de, se bem que, em que
pese, porto que, por mais que, por
muito que
como, qual do mesmo modo que, como se,
Comparação assim como, tal como
enquanto, quando, logo que, antes que, depois que,
Tempo apenas, ao, mal desde que, cada vez que, todas as
vezes que, sempre que, assim que
Proporção - à proporção que, à medida que
segundo, conforme, de acordo com, em conformidade
Conformidade consoante, como com
Alternância ou nem/nem, ou/ou, ora/ora,
quer/quer, seja/seja
Adição e não só/ mas também, tanto/como,
não apenas/como

130
Restrição - nem que
6. Comparação de inferioridade

A experiência nos ensina que as falhas mais graves das redações dos nossos colegiais
resultam menos das incorreções gramaticais do que da falta de ideias ou da sua má
concatenação.

7. Explicação/justificativa -pois, porque, que

Soma – e, também, não só... mas também, tanto...como, além de, além disso, ainda
(= e não), nem mesmo
No parágrafo 6, observar-se o operador porque iniciando um argumento com relação
ao que foi dito anteriormente seguido de operadores que ligam enunciados cujos
argumentos apontam para uma mesma conclusão.

Escreve realmente mal o estudante que não tem o que dizer porque não aprendeu a
pôr em ordem seu pensamento, e porque não tem o que dizer, não lhe bastam as
regrinhas gramaticais, nem mesmo o melhor vocabulário de possa dispor.

8. Conclusão – portanto, logo, por isso, por conseguinte, consequentemente,


então. O último parágrafo é introduzido por um o operador de valor conclusivo
portanto que retoma a tese inicial.

Portanto, é preciso fornecer-lhe os meios de disciplinar o raciocínio, de estimular-lhe


o espírito de observação dos fatos e ensiná-lo a criar ou aprovisionar ideias: ensinar,
enfim, a pensar.

Coesão Verbal / Correlação Verbal

Os mecanismos de coesão verbal dependem dos tipos de discurso em que


aparecem mais do que os dois outros mecanismos de textualização. Eles servem para
assegurar a organização temporal e são realizados pelos tempos verbais em interação
com outras unidades que têm valor temporal (advérbios e organizadores textuais,
principalmente).

131
A escolha e a combinação dos tempos verbais em uma situação comunicativa devem
estar em perfeita sintonia para que o texto forme um todo articulado. No caso do texto
dissertativo-argumentativo, como já vimos, o tipo de discurso é o teórico,
pertencente à ordem do EXPOR no qual o tempo dominante ou tempo de base é o
presente.
Os tempos, os modos e os aspectos dos verbos são responsáveis pela unidade de
sentido, pela interação entre os períodos coordenados, subordinados e entre uma
enunciação e outra. A isso dá-se o nome de correlação verbal.
A correlação verbal diz respeito à relação harmoniosa que se estabelece entre as
formas verbais expressas num dado enunciado linguístico, de modo a tornar os
enunciados mais precisos, mais inteligíveis.
Na língua falada, é muito comum atropelos linguísticos que promovem dissonâncias
entre o que se pretende dizer e o que de fato se diz.
Vejamos alguns exemplos:
“Você quer que eu faço isso ainda hoje?’’ propõem, equivocadamente, uma noção de
certeza – estabelecida pelo emprego do presente do indicativo (faço) – no lugar da
hipótese, sugerida pela intenção do falante. A simples substituição do modo indicativo
pelo subjuntivo garante a unidade discursiva “Você quer que eu faça isso ainda hoje?’’.
Neste outro exemplo “Se eu fosse você, farei isso”, é bem possível perceber a
desarticulação (ausência de correlação) dos períodos estabelecida pelas formas
verbais ‘fosse’ (no pretérito imperfeito do subjuntivo), indicador de dúvida no passado,
e ‘farei’ (no futuro do presente do indicativo), indicador de certeza no futuro atrelado a
um fato presente. A correlação adequada seria com o verbo ‘fazer’, flexionado no
futuro do pretérito do indicativo para que a unidade temporal esteja perfeitamente
sintonizada, uma vez que ‘faria’ é uma ação futura que depende da concretização de
um fato hipotético no passado (fosse). “Se eu fosse você, faria isso”.
Nos dois outros exemplos seguintes “Se eu tivesse dinheiro, eu viajava” ou “Se eu
fosse você, só usava Valisére” (slogan de uma famosa marca de lingerie que virou
bordão), temos uma discrepância, pois as ações dos períodos estão todas no passado
‘tivesse/fosse’ (imperfeito do subjuntivo) e ‘viajava/usava’ (imperfeito do indicativo),
muito embora no português de Portugal essa correlação seja recorrente e alguns
teóricos a legitimem.

132
Os modos verbais indicam a atitude do emissor em relação ao fato, à ação expressa
pelo verbo. Assim, o Indicativo expressa certeza; o Subjuntivo expressa
possibilidade, incerteza, hipótese; e o Imperativo expressa ordens ou pedidos.
Quanto aos tempos, estes localizam o fato numa linha cronológica em relação ao
momento da fala, da enunciação. Assim temos:
a. Presente: fato ocorre no momento da fala (às vezes há outros empregos, como o
presente indicando um fato atemporal, ou um futuro próximo)
b. Pretérito: fato ocorreu antes do momento da enunciação:
c. Perfeito – indica ação concluída no passado;
d. Imperfeito – indica ação repetida no passado;
e. Mais que Perfeito: indica ação concluída antes de outra já passada
f. Futuro: ação projetada para um momento após a enunciação:
g. do Presente: projeção a partir de um momento presente
h. do Pretérito: projeção a partir de um momento hipotético no pretérito.

As correlações verbais mais frequentes

• Presente do modo indicativo + pretérito perfeito composto do modo subjuntivo:


Creio que ela tenha dito tudo a ele.
• Pretérito imperfeito do modo indicativo + mais-que-perfeito composto do modo
subjuntivo:
Gostaria que ela tivesse dito tudo a ele.
• Futuro do subjuntivo + futuro do presente do modo indicativo:
Se você disser tudo a ele eu me sentirei aliviado.
• Futuro do subjuntivo + futuro do presente composto do indicativo:
Quando você disser tudo a ele, ficarei aliviado.
• Presente do modo indicativo + presente do modo subjuntivo:
Quero que você diga tudo a ele.
• Futuro do subjuntivo + futuro do presente do modo indicativo:
Quando você disser tudo a ele, eu me sentirei aliviado.
• Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo + futuro do pretérito composto do
indicativo:
Se você tivesse dito tudo a ele, eu teria ficado aliviado.

133
• Pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito do subjuntivo:
Pedi que ela dissesse tudo a ele.
• Pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito do indicativo:
Se você dissesse tudo a ele, eu me sentiria aliviado.

https://www.youtube.com/watch?v=LyrSCN6FYcQ&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3o
Lu%C3%ADsMonteCastelo

ATIVIDADES

01.Sobre a quarta Competência, o participante deve: DEMONSTRAR


CONHECIMENTO DOS MECANISMOS LINGUÍSTICOS NECESSÁRIOS PARA A
CONSTRUÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO. Analise as proposições abaixo e marque a
alternativa CORRETA.
I. Os aspectos a serem avaliados nesta Competência dizem respeito à
estruturação lógica e formal entre as partes da redação.
II. A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam entre
si uma relação que garanta a sequenciação coerente do texto e a
interdependência das ideias.
III. Essa articulação é feita mobilizando-se recursos coesivos, em especial, os
operadores argumentativos, que são responsáveis pelas relações semânticas
construídas ao longo do texto, por exemplo, relações de igualdade,
adversidade, causa, consequência, conclusão etc.
IV. Preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais são responsáveis
pela coesão do texto porque estabelecem uma inter-relação entre orações,
frases e parágrafos.
V. Cada parágrafo será composto por um ou mais períodos também articulados;
cada ideia nova precisa estabelecer relação com as anteriores.

Marque a alternativa CORRETA:


a) Todas as alternativas estão corretas.
b) Todas as alternativas estão corretas, exceto a I.
c) Estão incorretas apenas III e IV.

134
d) Estão incorretas I e II.
e) Estão corretas apenas as alternativas I e V.

02.Leia o texto abaixo:


Em sua canção “Pela Internet”, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a quantidade de
informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. No
entanto, com o avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados
desenvolvidos por empresas de aplicativos e redes sociais, essa abundância vem
sendo restringida e as notícias, e produtos culturais vêm sendo cada vez mais
direcionados – uma conjuntura atual apta a moldar os hábitos e a informatividade dos
usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento de usuários pela seleção
prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de enfrentamento.
Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz
de limitar a própria cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o
discurso do filósofo Jürgen Habermas, no qual ele conceitua a ação comunicativa:
esta consiste na capacidade de uma pessoa em defender seus interesses e
demonstrar o que acha melhor para a comunidade, demandando ampla
informatividade prévia. Assim, sabendo que a cidadania consiste na luta pelo bem-
estar social, caso os sujeitos não possuam um pleno conhecimento da realidade na
qual estão inseridos e de como seu próximo pode desfrutar do bem comum – já que
suas fontes de informação estão direcionadas –, eles serão incapazes de assumir
plena defesa pelo coletivo. Logo, a manipulação do comportamento não pode ser
aceita em nome do combate, também, ao individualismo e do zelo pelo bem grupal.
Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de
encontro à concepção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o
filósofo pós-estruturalista Stuart-Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado
de múltiplas identidades. Sendo assim, as preferências e ideias das pessoas estão
em constante interação, o que pode ser limitado pela prévia seleção de informações,
comerciais, produtos, entre outros. Por fim, seria negligente não notar como a
tentativa de tais algoritmos de criar universos culturais adequados a um gosto de seu
usuário criam uma falsa sensação de livre arbítrio e tolhe os múltiplos interesses e
identidades que um sujeito poderia assumir.
Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para
tanto, as instituições escolares são responsáveis pela educação digital e
135
emancipação de seus alunos, com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos
utilizados pelas novas tecnologias de comunicação e informação e torná-los mais
críticos. Isso pode ser feito pela abordagem da temática, desde o ensino fundamental
– uma vez que as gerações estão, cada vez mais cedo, imersas na realidade das
novas tecnologias – , de maneira lúdica e adaptada à faixa etária, contando com a
capacitação prévia dos professores acerca dos novos meios comunicativos. Por
meio, também, de palestras com profissionais das áreas da informática que expliquem

como os alunos poderão ampliar seu meio de informações e demonstrem como lidar
com tais seletividades, haverá um caminho traçado para uma sociedade emancipada.
Fonte: (INEP, 2019, p.31)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019
Sobre os termos destacados, podemos afirmar que:
a) Funcionam como operadores argumentativos, estabelecendo a coesão e
coerência ao longo do conjunto textual.
b) Funcionam como Coesão Interparágrafo, ou seja, estabelecem uma relação de
sentido e de ligação na mudança de parágrafos.
c) Funcionam como Coesão Intraparágrafo, ou seja, estabelecem uma relação de
sentido e de ligação dentro do parágrafo e entre os períodos.
d) Em relação à coesão, encontra-se, nessa redação, um repertório diversificado
de recursos coesivos, sem inadequações. Há articulação tanto entre os
parágrafos (“Em segundo lugar”, “Portanto”).
e) Todas as alternativas estão corretas.

03.Leia o texto abaixo:


“A princípio, é necessário avaliar como o uso de dados pessoais por servidores de
tecnologia contribui para fomentar condutas intolerantes nas redes sociais. Em
consonância com a filósofa Hannah Arendt, pode-se considerar a diversidade como
inerente à condição humana, de modo que os indivíduos deveriam estar habituados à
convivência com o diferente. Todavia, a filtragem de informações efetivada pelas
redes digitais inibe o contato do usuário com conteúdos que divergem dos seus pontos
de vista, uma vez que os algoritmos utilizados favorecem publicações compatíveis
com o perfil do internauta. Observam-se, por consequência, restrições ao debate e à
confrontação de opiniões, que, por sua vez, favorecem a segmentação da

136
comunidade virtual. Esse cenário dificulta o exercício da convivência com a diferença,
conforme defendido por Arendt, o que reforça condutas intransigentes como a
discriminação.”
Fonte: (INEP, 2019, p.35)
CARTILHA PARTICIPANTE – ENEM 2019

Pela ordem em que os termos destacados aparecem no texto, eles estabelecem


relação de:
a) Conclusão, adversidade e causa.
b) Conformidade, adversidade e causa.
c) Causa, conformidade e adversidade.
d) Conclusão, adversidade e conformidade.
e) Causa, finalidade e adversidade.

04. (ENEM-2015-Adaptado)
Pela leitura, o bebê pode desenvolver a capacidade de se desligar de outras fontes
de estímulo, mantendo-se concentrado em uma só atividade por períodos mais
longos. No entanto, vale lembrar que bebês ou crianças muito pequenas
normalmente têm um período de atenção curto. Para driblar essa dispersão, os
movimentos de leitura devem ser dinâmicos e envolventes e, por isso, a escolha do
livro apropriado é fundamental.
Revista Língua Portuguesa. Edição 74. p. 23 (janeiro de 2019).

Os elementos de coesão são mecanismos linguísticos capazes de estabelecer


relações de sentido entre as partes de um texto. Os conectivos destacados no
texto estabelecem, respectivamente, relações de:
a) oposição, condição e consequência.
b) tempo, oposição e causa.
c) oposição, finalidade e conclusão.
d) concessão, oposição e finalidade.
e) tempo, finalidade e consequência.

05.Questão de ENEM
O Flamengo começou a parede no ataque enquanto o Botafogo procurava fazer uma
forte marcação no meio campo e tentar lançamentos para Victor Simões, isolado entre
os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse de bola, o time dirigido por Cuca

137
tinha grande dificuldade de chegar à área alvinegra por causa do bloqueio montado
pelo Botafogo na frente da sua área.
No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o gol. Após cruzamento da direita
de Ibson, a zaga alvinegra rebateu a bola de cabeça para o meio da área. Kléberson
apareceu na jogada e cabeceou por cima do goleiro Renan. Ronaldo Angelim
apareceu nas costas da defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em cima
da linha: Flamengo 1 a 0.
Disponível em http//momentodofutebol.blogsport.com (adaptado)

O texto, que narra uma parte do jogo final do Campeonato carioca de futebol,
realizado em 2009, contém vários conectivos, sendo que:

a) após é conectivo de causa, já que apresenta o motivo de a zaga alvinegra


ter rebatido a bola de cabeça.
b) enquanto tem um significado alternativo, porque conecta duas opções
possíveis para serem aplicadas no jogo.
c) no entanto tem significado de tempo, porque ordena os fatos observados
no jogo em ordem cronológica de ocorrência.
d) mesmo traz ideia de concessão, já que “ com mais posse de bola”, ter
dificuldade não é algo naturalmente esperado.
e) por causa de indica consequência, porque as tentativas de ataque do
Flamengo motivaram o Botafogo a fazer um bloqueio.

06.Texto do ENEM – 2011


Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco
de infarto, mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que
manter uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente já reduz,
por si só, as chances de desenvolver vários problemas. Além disso, é importante
para o controle da pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no sangue.
Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a capacidade física, fatores que,
somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com
acompanhamento médico e moderação, é altamente recomendável.
ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009.

138
As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam
na construção do sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que
a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias ditas anteriormente.
b) o conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste.
c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma
generalização.
d) o termo “Também” exprime uma justificativa.
e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no
sangue”.

07.Em relação ao trecho: "A reação dos moradores foi tão chocante como as brutais
mutilações", é possível afirmar que a conjunção COMO estabelece o sentido de:
a) causa.
b) comparação.
c) consequência.
d) concessão.
e) conformidade.

08. SOBRE OS PERIGOS DA LEITURA


Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente da
comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o que é um
sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra é uma responsabilidade dolorida da qual
não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20 minutos de conversa, decidir
sobre a vida de uma pessoa amedrontada? Mas não havia alternativas. Essa era a
regra. Os candidatos amontoavam-se no corredor recordando o que haviam lido da
imensa lista de livros cuja leitura era exigida. Aí tive uma ideia que julguei brilhante.
Combinei com os meus colegas que faríamos a todos os candidatos uma única
pergunta, a mesma pergunta. Assim, quando o candidato entrava trêmulo e se
esforçando por parecer confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas:
“Fale-nos sobre aquilo que você gostaria de falar!”. [...]
A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o oposto: pânico.
Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles gostariam de falar, lhes fosse
totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear os pensamentos dos outros,

139
tudo bem. Para isso, eles haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar,
a partir da infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos – ah, isso não lhes tinha
sido ensinado!
Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse se interessar
por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado pela cabeça que os
seus pensamentos pudessem ser importantes.
(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado)

No terceiro parágrafo do texto de Rubem Alves, alguns elementos retomam, por meio
da referenciação anafórica, o termo “os candidatos”. São eles:
a) nunca, alguém, pensando.
b) eles, lhes, sua.
c) aquilo, eles, seus.
d) eles, isso, próprios.
e) eles, outros, próprios.

140
UNIDADE V – LÍNGUA COMO ATIVIDADE ÉTICA RESPONSÁVEL

Mobilizar conhecimentos para elaborar proposta de intervenção cidadã em sintonia com os


Direitos Humanos e com a diversidade cultural é

Uma capacidade de agir em um determinado tipo de situação, apoiada


em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. Para enfrentar uma
situação da melhor maneira possível, deve-se, via de regra, pôr em ação
e em sinergia vários recursos cognitivos complementares, entre os
quais estão os conhecimentos.
No sentido comum da expressão, estes são representações da
realidade, que construímos e armazenamos ao sabor de nossa
experiência e de nossa formação. Quase toda ação mobiliza alguns
conhecimentos, algumas vezes elementares e esparsos, outras vezes
complexos e organizados em rede (PERRENOUD, 1999).

Na competência 5 do ENEM, é avaliado se você é capaz de, para além do seu


posicionamento crítico e sua argumentação a favor de um ponto de vista, propor uma
intervenção para solucionar o problema abordado (de ordem social, científica, cultural ou
política), respeitando os Direitos Humanos e a Constituição Federal de 1988. Portanto,
vemos que, nessa competência, o avaliador espera comprovar se o você construiu o pleno
desenvolvimento para o exercício da cidadania.
Na seção a seguir, vamos relembrar o que é cidadania?

141
O que é cidadania?

O conceito contemporâneo de cidadania se estendeu em direção a uma perspectiva


na qual cidadão não é apenas aquele que vota, mas aquela pessoa que tem meios
para exercer o voto de forma consciente e participativa. Portanto, cidadania é a
condição de acesso aos direitos sociais (educação, saúde, segurança,
previdência) e econômicos (salário justo, emprego) que permite que o cidadão
possa desenvolver todas as suas potencialidades, incluindo a de participar de
forma ativa, organizada e consciente, da construção da vida coletiva no Estado
democrático” (BONAVIDES, MIRANDA, AGRA, 2009, p.7).

Essa interrelação entre a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição


Federal de 1988 também aparece de forma transparente na fundamentação teórico-
metodológica do ENEM, sobretudo nesta competência, uma vez que, nesta
competência, espera-se a sua “capacidade de agir sobre e nessa realidade” (BRASIL,
2005, p. 94). Mais detalhadamente, é da realidade que estamos falando e de como e
para que agir sobre e nessa realidade.
Ao propor a intervenção, você deve alinhar-se aos valores éticos de cidadania e
mobilizar todas as outras competências que estão voltadas para a formação intrínseca
do ser, instrumentalizando-se para o exercício da cidadania, que alcançará a sua
plenitude nesta competência com a atuação criativa e ética na transformação do
mundo em que vivemos.
Dessa forma, mesmo que você apresente mais de uma proposta de intervenção em
seu texto, será avaliada a mais completa a partir de 5 elementos básicos: a ação, o
agente, o modo/meio de execução dessa ação, seu efeito e o detalhamento.
É importante destacar, ao ler o quadro abaixo, que a competência 5 estabelece íntima
relação com as competências 2 e 3, pois deve primar pelo conceito de unidade
textual e de clareza do tema, com os quais se relacionará a proposta de intervenção.
Apesar do diálogo estabelecido entre as competências 3 e 5 por meio da articulação
da proposta de intervenção com a discussão desenvolvida no texto, a articulação já
é avaliada na competência 3. Portanto, o que o avaliador espera de você na

142
competência 5 é o diálogo entre a intervenção proposta por você com algo maior, o
tema, que é o sentido que emerge do conjunto total do texto.
Ao esclarecer como seria uma intervenção ao problema apresentado pelo tema da
redação, destacamos que uma intervenção pode ser vista como uma sugestão de
combate ou uma solução efetiva. Em geral, os temas de redação do ENEM abordam
problemas sociais complexos e, portanto, de difícil resolução.
Contudo, você deve apresentar, com clareza, a sua intenção de intervenção. Daí, a
mobilização e seleção das estruturas que explicitam esse projeto de interferir no
problema em questão. É importante deixar traços intervencionistas no texto por
meio dessas estruturas. A exemplo do verbo modalizador “dever”; verbo ser + adjetivo
como em “é necessário”, “é preciso”, “é importante” etc.; que marcam a intenção clara
de sua autoria de intervenção.
Dependendo do estilo de alguns autores, a proposta de intervenção pode constituir-
se tanto em um parágrafo específico de conclusão-solução, como também vir ao
longo da argumentação em vários parágrafos.
A proposta de intervenção ao problema apresentado no tema da redação deve ser
clara em sua forma da apresentação. Uma proposta muito bem avaliada apresenta
cinco elementos:
1. Ação (O que deve ser feito?): Trata-se da atividade a ser praticada pelo agente e
que manifesta a sua intenção de propor uma intervenção (“deve criar campanhas”,
“aumentar ou diminuir impostos”, debater, educar, orientar, conscientizar, respeitar,
criar etc.);
2. Agente (Quem executa?): Ator social apontado para executar a ação que se
propõe. É importante destacar que esses atores sociais podem ser considerados de
acordo com o tema e a intervenção: individual, militar, comunitário, social, político,
governamental e mundial.
3. Modo/meio (Como se executa? Por meio do que?): Recursos que serão
utilizados para praticar a ação. Atentar para a exequibilidade, concretude e
interventividade da ação. Algumas estruturas indicativas de modo/meio: “por meio de
campanhas”, “através do fomento de debates sobre”, “por intermédio de” etc.;
4. Efeito (Para quê?): Tem que ficar claro textualmente o objetivo da ação, os
resultados pretendidos, mesmo que possa parecer óbvio para o autor da redação. São
estruturas indicativas de efeito: “a fim de que”, “no intuito de”, “espera-se que” etc.

143
5. Detalhamento (Que outra informação sobre esses elementos foi acrescentada
pelo participante?): É o elemento que acrescenta informações à ação, ao agente, ao
modo/meio ou ao efeito e manifesta-se de forma variada, podendo ser uma
exemplificação, explicação, justificativa ou contextualização. São exemplos: “como
por exemplo: sites, livros, jornais e etc.”, como exemplificação; “O Estado, na condição
de garantidor dos direitos individuais, ...”, especificação do detalhamento do agente;
“..., uma vez que tais plataformas padecem de fiscalizações efetivas, ...”,
detalhamento em justificativa do modo/meio; “..., diminuindo assim as influências e
manipulações pelo controle de dados”, exemplo do detalhamento do efeito.
De acordo com o quadro o quadro abaixo, os níveis de nota nessa competência ligam-
se à qualidade do que é elaborado, de acordo com elementos supracitados.
COMPETÊNCIA V
Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos
humanos
0 Não apresenta proposta de intervenção ou apresenta proposta não relacionada
ao tema ou ao assunto
1 Apresenta proposta de intervenção vaga, precária ou relacionada apenas ao
assunto
2 Elabora, de forma insuficiente, proposta de intervenção relacionada ao tem, ou
não articula coma discussão desenvolvida no texto.
3 Elabora, de forma mediana, proposta de intervenção relacionada ao tema e
articulada à discussão desenvolvida no texto
4 Elabora bem proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à
discussão desenvolvida no texto.
5 Elabora muito bem proposta de intervenção, detalhada, relacionada ao tema e
articulada à discussão desenvolvida no texto.

As referências que dão sustentação a essa competência emergem dos documentos:


(a) Diretrizes para a Educação em Direitos Humanos (Resolução No 01, de 30 de maio
de 2012);
(b) Declaração Universal dos Direitos Humanos;
(c) Carta da ONU;
(d) Declaração de Durban.

144
Com base nas Diretrizes para a Educação em Direitos Humanos, encontramos no
Artigo 3o as principais diretrizes:
A Constituição Federal de 1988 deve ser lida na sua integralidade. Os destaques de
partes do Artigo 50 nos parece importante para alertar os estudantes quando a
possíveis formulações de propostas de intervenção.
Dignidade humana;
Igualdade de direitos;
Reconhecimento e valorização das diferenças e diversidades;
Laicidade do Estado;
Democracia na Educação;
Transversalidade, vivência e globalidade;
Sustentabilidade socioambiental.
Portanto, o que seriam considerados desrespeito aos direitos humanos? Propostas
de intervenção que incitam à tortura, ao cárcere privado, ao controle em massa de
dados para manipulação, à vigilância e à censura; à proibição de acesso a informação
e a comunicação; em resumo, que neguem quaisquer direitos humanos a qualquer
pessoa.
Com foco na Constituição Federal de 1988, Título II “Dos Direitos e Garantias
Fundamentais”, Capítulo I “Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos” vale a pena
destacar alguns pontos do Artigo 5o que, ligados a temas atuais, precisam ser
relembrados ou conhecidos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I
– homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;

145
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual;
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional;
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito
à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores
e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático;
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

146
A Constituição Federal de 1988 deve ser lida na sua integralidade. Os destaques de
partes do Artigo 50 nos parece importante para alertar os estudantes quando a
possíveis formulações de propostas de intervenção.

https://www.youtube.com/watch?v=2V3R2fQzbXk&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oL
u%C3%ADsMonteCastelo

Considerações finais

Chegamos à reta final do nosso curso de Redação e você deve ter percebido que nós
apresentamos aqui detalhadamente os critérios de avaliação da redação do ENEM
que se baseiam em 5 competências.
Em cada uma das unidades, trabalhamos os principais aspectos de cada competência
e para finalizar, gostaríamos de mencionar outros elementos que merecem um olhar
especial, inclusive, chamando a sua atenção para o que pode zerar uma redação.
Todas essas informações foram extraídas da Cartilha do Participante, disponibilizada
pelo INEP em 2019.
1- Como é o processo de avaliação das redações?

Sua redação será avaliada por, no mínimo, dois professores, sem que um tenha
conhecimento da nota que o outro professor atribuiu ao seu texto.
Cada um desses avaliadores atribuirá de 0 a 200 pontos para cada competência,
sendo que a soma de pontos das 5 competências vai compor a nota de cada avaliador,
a qual pode chegar ao máximo de 1000 pontos. Para atribuir a nota final da redação,
é feita a média aritmética entre as duas notas atribuídas pelos dois avaliadores.
Caso haja divergência nas notas em mais de 100 pontos no total ou se houver
divergência de mais de 80 pontos em qualquer uma das competências, será feita uma
avaliação por uma terceira pessoa e a nota final será extraída da média aritmética
entre as duas notas que mais se aproximarem.
Se, ainda assim, a discrepância persistir, haverá uma banca de três professores para
atribuir a nota final da redação.

147
2- O que zera uma redação?

A) Fugir totalmente do tema proposto:


Isso acontece quando nem o tema e nem mesmo o assunto (de caráter mais amplo)
são desenvolvidos ao longo da redação. Por exemplo, no ENEM de 2018, cujo tema
foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na Internet”,
as redações que foram anuladas por fugirem ao tema não abordaram nenhum
elemento ligado ao universo da internet.
b) Não obedecer à estrutura da tipologia textual pedida, a saber, o texto
dissertativo-argumentativo:
Quando a redação apresentar poucos ou nenhum traço de caráter dissertativo como
explicar, exemplificar, analisar ou interpretar diante da temática proposta ou ainda
apresentar poucos ou nenhum traço argumentativo como defender ou refutar ideias a
partir do tema em questão.
De acordo com o INEP (2019), se sua redação apresenta fuga ao tema ou não
obedece à estrutura do texto dissertativo-argumentativo, seu texto não será avaliado
em nenhuma das competências.
IMPORTANTE!
Não se esqueça de que um texto dissertativo-argumentativo é construído a partir
de uma tese, que é o posicionamento assumido diante de um tema (introdução), e
essa tese precisa ser justificada por meio de dois ou três argumentos
(desenvolvimento) e retomada no último parágrafo do texto por meio de uma proposta
de intervenção que respeite os Direitos Humanos (conclusão).
Então, você jamais deverá produzir um texto de qualquer outro gênero (poema, texto
narrativo ou um relato de experiência) na redação do ENEM
c) Escrever até 7 linhas:
Essa quantidade de linhas é insuficiente para um texto dissertativo-argumentativo
completo. O ideal é utilizar, se possível, as 30 linhas disponíveis para que você
consiga discorrer detalhadamente sobre o tema proposto, utilizando todos os
elementos que compõem a redação do ENEM.

148
d) Copiar qualquer trecho da Prova de Redação (textos motivadores) ou do
Caderno de Questões:
Isso é considerado plágio e demonstra que não houve a compreensão correta sobre
o papel dos textos motivadores e ainda que você não tem repertório suficiente para
escrever um texto de autoria própria.
Aqui, cabe uma ressalva: para zerar a redação, é necessário que o seu texto contenha
apenas cópias dos textos mencionados anteriormente ou tenha no máximo 7 linhas
de sua autoria. A partir de 8 linhas autorais, os trechos copiados são considerados
como linhas não escritas e não entram na correção dos avaliadores. Além disso, sua
nota não passa de 80 pontos e você fica retido nas competências 2 e 3,
Mesmo com essa ressalva, não pratique a cópia, pois isso, mesmo que não zere sua
redação, prejudicará muito o seu desempenho no exame.
e) Discursos ofensivos ou desenhos na folha de redação:
Por razões óbvias, você não deve utilizar, em seu texto dissertativo-argumentativo,
nenhum elemento que não faça parte desse gênero textual, uma vez que tal atitude
demonstra que o candidato não compreende a seriedade do exame.
f) Números ou sinais gráficos fora de contexto e sem nenhuma função:
Pelas mesmas razões apontadas no tópico anterior, é vetado o uso de elementos que
fogem à proposta.
g) Qualquer parte desconectada propositalmente do tema:
A redação do ENEM não é o espaço adequado para refletir sobre o seu processo de
escrita ou sobre o seu desempenho no exame, nem para dirigir um recado à banca
examinadora, nem ainda para mensagens de cunho político ou de protesto ou
qualquer outro elemento estranho ao gênero proposto como orações, frases fora de
contexto, letras de música, hinos, poemas que fujam da argumentação construída ao
longo da redação.
h) Assinar, usar nome, apelido, codinome ou uma rubrica fora do local
especificado para a assinatura do participante:
Você deve utilizar o espaço reservado para a assinatura e preencher com seu nome
completo.
i) Escrever o texto predominantemente em uma língua estrangeira:
Isso é inadequado, já que o exame pede que se utilize a língua portuguesa em sua
variedade padrão.

149
j) Entregar a Folha de Redação em branco, mesmo com o texto escrito na Folha
de Rascunho:
Isso impede que você seja avaliado, pois a Folha de Redação é o documento que
será corrigido pelos avaliadores.
A respeito da impossibilidade de copiar trechos dos textos motivadores ou das
questões do ENEM, precisamos falar sobre três situações diferentes envolvendo o
uso do discurso de outrem.

Plágio X Citação X Paráfrase

O plágio ocorre toda vez em que há a apropriação total ou parcial do discurso de


outrem, sem que a fonte seja referenciada. O autor do texto age como se aquele
discurso fosse de sua autoria e, no Brasil, existe um mecanismo legal de proteção aos
direitos autorais, que é a Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998. Dessa forma, a prática
de plágio constitui um crime.
Para Moraes (2004), o plágio consiste em uma imitação fraudulenta de uma obra, que
é protegida pela lei autoral, o que configura um atentado aos direitos morais do autor
no que tange à sua paternidade e à integridade de sua criação.
O plágio pode ocorrer com a cópia integral daquele texto, palavra por palavra, sem
que a fonte original seja especificada. Pode ocorrer também em forma de paráfrase,
quando o autor do texto transcreve com suas palavras a ideia de outrem sem
acrescentar nenhuma ideia original e não explicita a fonte daquele discurso.
Sabe-se que esse problema aparece em textos de muitos estudantes, que alteram
algumas palavras do texto fonte a fim de que o avaliador encontre mais dificuldades
para identificar o trecho copiado.
Dados de pesquisas precisam ter a fonte mencionada para não se configurar como
plágio, uma vez que esse dado é fruto do trabalho de algum pesquisador ou entidade.
Outra situação recorrente é o chamado “mosaico de plágios”, no qual o autor do texto
compila trechos de diferentes fontes, a fim de mascarar a cópia.
E por fim, pode acontecer de o candidato simplesmente inventar uma fonte para
justificar aquela informação no seu texto. O autor pode atribuir o discurso a um

150
pensador ou escritor famoso ou ainda inventar dados estatísticos na hora de produzir
a redação.
Então, já que eu não posso plagiar, o que eu faço quando precisar utilizar o
discurso de outrem na minha redação?
Para evitar o plágio em sua redação ou em qualquer situação de escrita, você pode
lançar mão de dois recursos que possibilitam utilizar autores para embasar o texto que
você está construindo sem fazê-lo de forma inadequada ou criminosa.
O primeiro recurso é a citação, que como já vimos nas aulas anteriores, pode ser feita
de forma direta ou indireta.
A citação direta deve ser feita quando você for capaz de escrever o texto citado
exatamente com as palavras daquele autor e deve ser colocado entre aspas.
A citação indireta, por sua vez, ocorre quando você não lembra exatamente as
palavras daquele autor, então você escreve com suas próprias palavras e menciona
a fonte.
Outro recurso importante é a paráfrase, que consiste em usar as suas próprias
palavras para discorrer a respeito de um tema. Essa é uma prática fundamental para
que você aprenda a verbalizar qualquer tipo de conhecimento estabelecendo uma
autoria e desenvolvendo, inclusive, seu próprio estilo de escrita. Só não se esqueça
de mencionar a fonte original desse discurso!
Muitas vezes, é difícil praticar a paráfrase porque, infelizmente, muitos alunos fazem
trabalhos e pesquisas escolares utilizando apenas a cópia e, como essa prática, na
maioria das vezes não é tolhida pelo professor, torna-se um hábito extremamente
nocivo para o estudante. E quando chega o momento de exercer uma escrita autoral,
o aluno encontra inúmeros obstáculos.
Outras considerações:
- Utilize uma letra legível para escrever a sua redação, a fim de que não haja dúvidas
para o avaliador quando ele for corrigir o seu texto. As redações que apresentam uma
escrita ilegível não serão avaliadas.
- Você pode escolher se vai ou não dar um título a sua redação, uma vez que ele é
considerado como linha escrita, mas não é avaliado como nenhuma competência. O
título é apenas uma oportunidade de dar um nome criativo ao seu texto e já prender a
atenção do avaliador para a sua redação.

151
Na Cartilha do Participante 2019, estão elencados alguns exemplos de redação nota
1000. Recomendamos a leitura desses textos a fim de que você possa observar
atentamente como construir um texto dissertativo-argumentativo que aborde o tema
proposto de maneira eficiente, ou seja, apresentando uma tese clara, seguida de
argumentos coerentes que a justifiquem e finalizando com uma conclusão que retome
o tema e a tese, apresentando uma proposta de intervenção que respeite os Direitos
Humanos.
E assim, finalizamos o nosso Curso de Redação na WEB! Esperamos que você tenha
aproveitado ao máximo todas as ferramentas que foram disponibilizadas nas
videoaulas em nosso canal no Youtube, bem como os textos e atividades da sala do
Google Classroom.
Desejamos sucesso em sua trajetória nessa nova etapa da vida que se descortina
com a sua entrada na Universidade!

https://www.youtube.com/watch?v=d5UIEY_E77o&ab_channel=IFMACampusS%C3%A3oL
u%C3%ADsMonteCastelo

MORAES, Rodrigo. Plágio na pesquisa acadêmica: a proliferação da desonestidade


intelectual. Revista Diálogos Possíveis, Bahia, ano 3, n. 01, p.91-109. Jan./jun. 2004.
Disponível em:

http://www.rodrigomoraes.adv.br/arquivos/downloads/Plagio_na_pesquisa_academica___Rodrigo_
Moraes.pdf

Proposta de redação II

Os efeitos do comportamento dos jovens


nas redes sociais
Para abordar este tema e perceber as tensões e riscos que certos comportamentos
em redes sociais podem provocar e considerando a complexidade e as diversas
variáveis que interferem e perpassam a temática, vamos levantar algumas noções
envolvidas.

152
A pandemia da COVID-19 isolou fisicamente as pessoas umas das outras e as obrigou
a uma vida híbrida, dividida: de um lado, pela realidade física de um pequeno grupo
familiar e de poucos; e de outro, por um enorme tempo dedicado ao mundo virtual,
aos estudos on-line, aos trabalhos remotos e às redes sociais digitais.
Interessa-nos refletir sobre os possíveis riscos ligados ao comportamento dos jovens
nas redes sociais digitais.
A organização das redes sociais digitais impacta na organização social vigente, não
só ao possibilitar experienciar relações distintas daquelas vividas na vida cotidiana,
como também ao desestabilizar as hierarquias conhecidas na organização social.
Esse raciocínio encontra subsídio nos textos de Manuel Castells (2003):

A elasticidade da Internet a torna particularmente suscetível a


intensificar tendências contraditórias presentes em nosso mundo.
Nem utopia nem distopia, a Internet é a expressão de nós mesmos
através de um código de comunicação específico, que devemos
compreender se quisermos mudar nossa realidade. [...] [A invenção da
Internet] reforça também a ideia de que a cooperação e a liberdade de
informação podem ser mais propícias à inovação do que a competição
e os direitos de propriedade (CASTELLS, 2003, p. 75)

Essa citação prenuncia e profetiza o que de fato aconteceu com a chegada das redes
sociais digitais. Com a chegada delas, a nova geração da internet imprimiu uma
característica mais interativa de uso coletivo e aberto, onde qualquer pessoa pode
inserir, criar e retirar conteúdos, o que exige um comportamento ético e cauteloso.
Esse processo interativo é potencializado pela mediação das tecnologias digitais entre
o sujeito e o mundo, em interações on-line, com perfis criados pelos sujeitos no intuito
de serem “curtidos”, “comentados” e “compartilhados”. É assim que vemos esses
sujeitos sob relações dialógicas sustentadas por laços sociais (RECUERO, 2014).
O verbo-visual nas redes sociais digitais
Do ponto de vista de quem cria uma postagem em uma rede social digital é fácil
perceber que os elementos visuais vão se articulando aos verbais de maneira
diferente em cada uma das postagens e as imagens vão interferindo na forma de
composição, no estilo e, consequentemente, nos sentidos gerados ao final daquela
postagem que interpretamos como um enunciado. É assim que consideramos que há
um projeto de construção intencional que guia as escolhas verbais e visuais gerando
assim, um conhecimento verbo-visualmente constituído.

153
É importante perceber que a imagem, muitas vezes, pode negar, desmentir, contestar
o verbal e construir efeitos de sentido como ironia e/ou provocação, dentre outros.
Apresentamos um exemplo conhecido das artes visuais: a imagem do quadro de
René Magritte que, ao mostrar a imagem de um cachimbo, flutuando no ar,
acompanha a imagem com a frase, em francês, “Isto não é um cachimbo”. Muito já se
falou e escreveu sobre esse quadro, que aponta a relação polêmica e irônica entre a
imagem e a frase que a desconstrói.

René Magritte (1898-1967)


Percebemos que o sentido extrapola o linguístico e o visual, isoladamente. O(s)
sentido(s) só emergem quando lemos a verbo-visualidade, compreendemos o
contexto histórico 1928/1929, a escolha do cachimbo, da escrita da frase
desconstruindo a imagem, escrita em francês, das cores etc.
Como seres humanos concretos, inteiros, situados sócio historicamente e percebendo
o mundo de um lugar único, os jovens nas redes sociais estão em situação
permanente de interação, diante de enunciados que provocam, que indagam, que
pedem respostas etc.
Na perspectiva dialógica, de onde vemos e compreendemos a linguagem como um
fenômeno social disposto em um continuum comunicativo, no qual “cada enunciado é
um elo na corrente complexamente organizada de outros enunciados” (BAKHTIN,
2016, p. 26); concordamos que é nessa cadeia ininterrupta de discursos verbais que
vivemos e construímos conhecimento e sentidos. É importante destacar que cada um
dos posts, isto é, dos enunciados verbo-visuais, imbricam-se na constituição dos
sentidos e não se interligam de forma mecânica nem em relações de causa-efeito.

154
Todos esses elementos imbricados constituem o que se enuncia, o sentido; assim
como o que é enunciado, joga luz e constitui todos esses elementos.
O contexto extra verbal da enunciação é composto de três aspectos: (1) um horizonte
espacial compartilhado pelos falantes (a unidade do visível); (2) o conhecimento e a
compreensão comum da situação, igualmente compartilhada; e (3) a valoração
compartilhada pelos falantes, na situação.
Portanto, é nesse visto conjuntamente, sabido conjuntamente e avaliado
conjuntamente que a enunciação se apóia. Desse modo, a enunciação da vida real
compõe-se de: (a) uma parte realizada verbalmente e (b) do subentendido.
Portanto, é na relação entre o dito do que se é enunciado por meio da verbo-
visualidade, e a situação extraverbal dos valores das redes sociais, o subentendido
que (não) é compartilhando com os interlocutores (des)conhecidos que floresce uma
das tensões que geram risco e se constitui em ameaça para os enunciados em redes
sociais.

Recomendações

É importante ter em mente que ao ler e/ou produzir textos, enunciados, há três
dimensões que aparecem por meio de perguntas que você mesmo pode se fazer :
uma instância situacional, que situa sócio historicamente o texto; uma instância
composicional, que joga luz nas estruturas e na sua relação íntima com a construção
do sentido final; e uma instância axiológica, que aponta para os valores e efeitos que
você quer imprimir naquele enunciado.

155
Veja os três quadros abaixo:
Categorias de análise da instância situacional

Categorias de análise Elementos observados

Que circunstâncias motivam a produção do texto


Finalidade
que pretendo produzir? Que objetivo ou objetivos o
comunicativa
texto pretende alcançar?
De que assunto ou tema trata o texto? Que
Conteúdo temático conhecimentos são necessários e envolvem a
situação de interação nesse texto?
Espaço/Meio de Onde esse texto é produzido? Onde circula e quem
Produção tem acesso? Onde ele é veiculado?
Momento de Quando é produzido? Trata-se de apenas um nessa
produção temática ou uma série?
Quem o produz? Que papel social ele ocupa na
Locutor interação? Sob que relações esse sujeito se
encontra?
Quem recebe o texto? Qual é a sua função na
interação? Que papel social ele ocupa? Como se
Interlocutor
constituem as relações de poder dele com os demais
envolvidos?
Fonte: Adaptado de Souza, 2019.

Categorias de análise da instância composicional

Categorias de análise Elementos observados

Descrição dos
Qual é a função desempenhada pelas porções
padrões de
textuais? Quais movimentos são obrigatórios,
organização textual
opcionais, recursivos ou ordenados no gênero?

Descrição das Que aspectos lexicais, sintáticos, semânticos,


regularidades lexicais, estilísticos, coesivos, textuais (narrativos,
gramaticais e textuais descritivos, argumentativos, injuntivos, ...) são

156
recorrentes nesse texto? E que significação essas
escolhas assumem?

Fonte: Adaptado de Souza, 2019.

Categorias de análise da instância axiológica

Categorias de análise Elementos observados

Representação da Como esse texto representa a realidade da qual ele


esfera faz parte e a qual ele constitui? Que valores e
ideologias eles veiculam?

Relações e papéis Que tipo de relação social esse texto reflete ou


Sociais estabelece?

Fonte: Adaptado de Souza, 2019.

Essas perguntas podem servir de princípios norteadores para nos ajudar a


compreender as interações da linguagem nas esferas reais e virtuais.
Introduzindo a atividade proposta
Depois dessa introdução que aponta alguns elementos para as reflexões a seguir,
propomos uma produção textual motivada pelo que se apresenta:
a) Você tem o hábito de publicar fotos nas redes sociais? Gosta de tirar selfies?
(fotografia do tipo auto retrato, tirada com celular smartphone ou webcam).

157
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-45750323

b) Veja essa selfie real (photobomb)

Fonte: Selfie de mergulhador e tubarão. (Foto: Reprodução/Twitter/Gareth Brown)

1. Leitura de fotografia (Atividade preparatória)


2. - Como você descreveria os seres, os elementos da natureza e os objetos que
constituem a imagem fotográfica?

158
3. - O que o tubarão parece fazer? Você considera que se trata de uma fotografia
real ou uma fotomontagem, recurso muito usado nas redes sociais?
4. - Se você fosse o mergulhador, que frase você escreveria para acompanhar a
publicação desta fotografia em sua página pessoal de uma rede social?
5. Perceba as tensões e os possíveis riscos, a mudança de sentido ao ter o seu
enunciado verbo-visual deslocado de uma esfera a outra, ou citado e
ressignificado por outrem. Reflita também sobre os possíveis riscos das redes
sociais digitais. Veja o texto abaixo:

Fonte : http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2015/03/tubarao-intrometido-invade-selfie-de-mergulhador.html

6. Leitura da notícia. (Atividade preparatória)


7. - Descreva os elementos verbais e visuais que compõem a página do site em que
a notícia é publicada.
8. - Explique qual é a relação entre a fotografia e o texto.

159
A partir dos textos motivadores a seguir e com base nos conhecimentos construídos
ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade
escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Os efeitos do comportamento dos
jovens nas redes sociais”, apresentando proposta de intervenção que respeite os
direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

Texto Dissertativo-Argumentativo

TEXTO MOTIVADOR I
Jovens brasileiros são os mais dependentes das redes sociais
Dentre os aplicativos, os brasileiros também são os maiores usuários do Facebook
(94%), Youtube (85%) e WhatsApp (84%)
Os adolescentes brasileiros passam cada vez mais tempo hipnotizados pelos
dispositivos móveis. Uma pesquisa realizada pela Amdocs em dez países aponta que
os jovens entre 15 e 18 anos do país não desgrudam do celular: 64% costumam
checar as redes sociais assim que acordam.
“O brasileiro é um povo que gosta muito de novidade. Hoje, os jovens têm mais
opções, já que existem várias plataformas diferentes. A gente vê um movimento de
crescimento, que só tem aumentado”, afirma Kan Wakabayashi, diretor da Amdocs
Brasil.
Dentre os entrevistados no Brasil, 55% acreditam que seu smartphone os tornam mais
espertos e legais. Dentre os aplicativos, os brasileiros também são os maiores
usuários do Facebook (94%), Youtube (85%) e WhatsApp (84%). O levantamento foi
realizado com 4.250 jovens, entre 15 e 18 anos, dos Estados Unidos, Canadá, Reino
Unido, Alemanha, Rússia, Índia, Cingapura, Filipinas, México e Brasil. [...]

https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/jovens-brasileiros-sao-os-mais-dependentes-das-
redes-sociais/

160
TEXTO MOTIVADOR II
Instagram é a pior rede para a saúde mental dos adolescentes
Estudo britânico atribui a pior nota ao aplicativo por sua capacidade de gerar
ansiedade entre os jovens
As redes sociais mais populares são fonte de inumeráveis benefícios e vantagens
para seus usuários, mas também geram efeitos colaterais pouco saudáveis. Um novo
estudo, realizado entre jovens britânicos, aborda um problema muito particular: o bem-
estar e a saúde mental dos usuários de tais serviços. Segundo esse trabalho, o
Instagram poderia acabar sendo a rede social mais nociva entre os adolescentes, por
seu impacto na saúde psicológica dessa faixa etária mais vulnerável. Atrás dele,
embora também com notas negativas, estariam Snapchat, Facebook e Twitter. A
única rede avaliada positivamente é o Youtube, o portal de vídeos da gigante
Alphabet.
“Os jovens que passam mais de duas horas por dia em redes sociais como Facebook,
Twitter e Instagram estão mais propensos a sofrerem problemas de saúde mental,
sobretudo angústia e sintomas de ansiedade e depressão”, diz o estudo, realizado
pela Real Sociedade de Saúde Pública do Reino Unido e pela Universidade de
Cambridge. [...]
Foram levados em conta 14 fatores, tanto positivos como negativos, nos quais as
redes sociais poderiam impactar a vida dessa faixa etária, na qual a personalidade
ainda está em formação. O Instagram foi reprovado em sete desses aspectos, pois os
jovens reconhecem que esse aplicativo de compartilhamento de fotos afeta muito
negativamente a sua autoestima (imagem corporal), as horas de sono (algo associado
a vários transtornos decorrentes de dormir pouco) e seu medo de ser excluído de
eventos sociais (conhecido pela sigla inglesa FoMO). [...]

https://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/19/tecnologia/1495189858_566160.html

161
TEXTO MOTIVADOR III

162
https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,estudos-ligam-uso-inadequado-de-redes-sociais-a-
depressao-entre-adolescentes,70002942161

163
REFERÊNCIAS

164
ALADIM, Débora. Redação infalível: e outras dicas para você arrasar nas provas. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2019.
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico. São Paulo: Parábola, 2015.

BRONCKART, J-PAUL. Atividades de linguagem: por um interacionismo


sociodiscursivo. São Paulo: Educ, 2007.
KOCH, Ingedore V. Coesão textual. São Paulo: Contexto, 2016.

BONAVIDES, Paulo; MIRANDA, Jorge; AGRA, Walber de Moura. Comentários à


Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009. p. 7. BRASIL.
Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Câmara dos Deputados,
1988. ________. Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): Fundamentação Teórico
Metodológica. Brasília: O Instituto, 2005. Disponível em:
http://portal.inep.gov.br/documents/186968/484421/ENEM+-
+Exame+Nacional+do+Ensino+Médio+fundamentação+teóricometodológica/449eea
9e-d904-4a99-9f98-da804f3c91f5?version=1.1
_______. Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. Ministério da
Educação. Conselho Nacional de Educação. 2012. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rcp001_12.pdf Organização das Nações
Unidas. Carta das Nações Unidas. 1945. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-
content/uploads/2017/11/A-Carta-das-Nações-Unidas.pdf
__________________________. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948.
Disponível em: https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/Language.aspx?LangID=por
__________________________. Conferência Mundial contra o Racismo,
Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata. 2001. Disponível em:
https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2015/03/durban-2001.pdf
CAETANO, Marcelo Moraes. Caminhos do texto: produção textual. Rio de Janeiro:
Editora Ferreira, 2010.
CAVALCANTE, Mônica M. Os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2012.

FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Oficina de texto. Petrópolis-RJ: Vozes,


2003.
FOLHA DE SÃO PAULO. Manual da Redação. São Paulo: Publifolha, 2011.
KOCH, Ingedore V.; ELIAS, Vanda E. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto,
2016.
MEDEIROS, João Bosco. Como escrever textos: gêneros e sequências textuais.
São Paulo: Atlas, 2017.
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. São
Paulo: Mercado de Letras, 2004.

VIANA, Antônio Carlos. Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo:


Editora Scipione, 1998.

165
ANEXOS

166
GABARITOS
GABARITOS

167
Gabarito Unidade I – Página 27

Quest/Altern. a b c d e

01 X

02 X

03 X

04 X

05 X

06 X

07 X

08 X

09 X

10 X

11 X

12 X

13 X

14 X

15 X

16 X

17 X

168
Gabarito Unidade I – Página 35

Quest/Altern. a b c d e

01 X

02 X

03 X

04 X

05 X

06 X

07 X

08 X

09 X

169
Gabarito Unidade II – Página 58

1)
Texto 1 – Discurso interativo/sequências dialogal e injuntiva
Texto 2 – Discurso teórico/sequência expositiva
Texto 3 – Discurso teórico/sequência injuntiva
Texto 4 – Discurso relato interativo-teórico/sequências narrativa
e expositiva
Texto 5 – Discurso teórico/sequência injuntiva
Texto 6 – Discurso interativo/sequência dialogal
Texto 7 – Discurso narração/sequências narrativa e descritiva
Texto 8 – Discurso narração/sequências narrativa e descritiva
Texto 9 – Discurso Relato interativo/sequências narrativa e
descritiva
Texto 10 – Discurso Relato interativo/sequências narrativa e
descritiva
Texto 11 – Discurso teórico/sequência injuntiva
Texto 12 – Discurso narração/sequências narrativa e dialogal
Texto 13 – Discurso teórico/sequência injuntiva
Texto 14 – Discurso narração/sequências narrativa e descritiva

2) 13- 12-11-10-2-8-7-6-5-5-4-3-2-1

3)
1. (1- 6-7-8)
2. (5-10)
3. (-)
4. (12)
5. (2-11)

170
Gabarito Unidade II – Página 79

Quest/Altern. a b c d e
01 X
02 X
03 X
04 X
05 X
06 X
07 X
08 X
09 X
10 X
11 X
12 X
13 X
14 X
15 X
16 X
17 X
18 X
19 X
20 X

171
Gabarito Unidade III – Página 106

Quest/Altern. a b c d E
01 X
02 X
03 X
04 X
05 X
06 X
07 X
08 X
09 X
10 X
a) Revista Época
b) Sim. Trata-se de uma revista publicada semanalmente nos
formatos impresso e digital e distribuída para todo o país.
c) Walter Carnielli é matemático e professor titular de lógica e
filosofia da ciência do Centro de Lógica e do Departamento
de Filosofia da Unicamp, em Campinas.
d) A diferenciação entre opinião e argumento
e) A finalidade do assunto abordado é o de explicar, por meios
de conceitos, a diferença entre opinião e argumento.
f) 2
g) “Um fato é algo que pode ser provado verdadeiro. Por exemplo, é
fato que Júpiter é o maio planeta do sistema solar tanto em
diâmetro quanto em massa” (argumento do tipo exemplificação
de conhecimento universal irrefutável).
“Um estudo publicado na revista Proceedings da Academia
Nacional de Ciências [...] (argumento citação de autoridade)
examinou dados sobre temas discutidos em redes sociais 2010 e
2014. O estudo constatou que os usuários tendem a se agregar

172
em comunidades de interesse, o que causa reforço e promove
vieses de confirmação, segregação e polarização” (argumento
em dados colhidos na realidade)
[...] como disse Umberto Eco, que ‘as redes sociais deram vozes
a uma legião de imbecis” (argumento de autoridade).

h) Leitores da revista
i) 1
j) À polarização política nas redes sociais

Gabarito Unidade IV – Página 134

Quest/Altern. a b c d e
01 X
02 X
03 X
04 X
05 X
06 X
07 X
08 X

173
174

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