A Estrutura Fundamental Da Conduta Punível Reforcado Ustm 2020
A Estrutura Fundamental Da Conduta Punível Reforcado Ustm 2020
A Estrutura Fundamental Da Conduta Punível Reforcado Ustm 2020
Punível
1
A ilicitude e a culpa
O crime não é só a negação de valores, mas a negação de certos valores – os valores jurídicos
– criminais. A negação destes específicos valores jurídicos – criminais, ou seja, a
ilicitude é outro elemento da definição do crime que vamos analisar.
É por meio da ilicitude que vamos saber quais os comportamentos humanos são
objectos das reacções criminais e os respectivos sujeitos se deixam classificar como
criminosos; é crucial, porém, determinar o quadro daquelas específicas significações,
pondo os olhos nas quais é possível ao juiz atribuir ou negar dignidade penal às
actividades humanas submetidas ao seu julgamento.
2
A ilicitude e a culpa
Neles vasa a lei como em moldes os seus juízos valorativos, nelas formula de
maneira típica a antijuricidade, a ilicitude criminal. Depois uma vez formulados
esses tipos legais de crime, impõe – se ao juiz como quadros, a que este deve sempre
subsumir(*) os acontecimentos da vida para lhes poder atribuir a dignidade jurídico
– criminal.
Nisto consiste precisamente a chamada tipicidade, intimamente ligada ao princípio
“Nullum crimen sine lege”, que em alguns sistemas jurídicos, como o nosso,
alcançou força de garantia constitucional. Cfr. Art. 59 CRM.
Por este caminho se alcança uma notável clareza e segurança na determinação do
âmbito daquelas condutas humanas que pertencem ao domínio do direito criminal,
fixando-se assim como que a “ Magna Carta” do criminoso.
5
O tipo legal de crime como negação de valores, interesses
ou bens jurídicos
6
O tipo legal de crime como negação de valores, interesses ou
bens jurídicos
O tipo, seria, por outro lado, valorativamente neutro, inteiramente estranho a todo o
juízo de valor; e, por outro lado, mera descrição objectiva de um facto externo, tendo,
portanto, natureza puramente objectiva e descritiva.
Assim sendo, o tipo legal deixa de ser mera descrição objectiva e valorativamente
neutra, de um comportamento proibido, para se tornar no portador da valoração
jurídico – criminal que o juízo de ilicitude exprime.
7
O tipo objectivo: classificação dos tipos de crime em função
dos seus elementos
8
O agente: diferentes graus de determinação
Em primeiro lugar, um crime tem sempre um agente. Só que esse agente tanto pode
ser qualquer pessoa, isto é, um tipo de crime tanto pode partir de uma definição
deste género: “ aquele que fizer isto ou aquilo”, “qualquer pessoa que…”é punido com uma
certa pena, como pode restringir o âmbito possível dos agentes. Se virmos por
exemplo o art. 155 do C.P que define o crime de homicídio, por exemplo o art.178
que define o crime da castração e mutilação genital, por exemplo o art. 163 que
define o auxílio ao suicídio, todos geralmente começam por uma expressão do
género: “aquele que…”. Isto quer dizer que em princípio qualquer pessoa pode ser
agente de um destes crimes.
9
O agente: diferentes graus de determinação
Para além deste tipo de crimes que têm esta definição muito geral do agente do
crime, há alguns crimes que pressupõem não ainda uma pessoa qualificada por um
qualquer dever jurídico ou por uma qualquer situação juridicamente definida, mas
que pela própria definição do comportamento, delimitam os possíveis agentes do
crime: na definição do nosso C.P antigo, por exemplo, o crime de estupro e o
crime de violação* , pelo menos em autoria imediata, só podem ser praticados por
pessoas do sexo masculino (arts. 392º e 393º). É possível que uma mulher seja
autora mediata ou instigadora de um crime de violação, mas o autor imediato tem de
ser necessariamente um homem, quer dizer em relação ao estupro, quer em relação a
violação.
10
O agente: diferentes graus de determinação
11
Os crimes específicos próprios e impróprios
Mas, para além destes casos em que não há uma definição absolutamente geral do
agente, mas há esta limitação ainda não juridicamente muito nítida, há certos crimes em
relação aos quais os agentes são definidos fundamentalmente através da titularidade de
uma certa situação juridicamente definida.
Por exemplo: o art. 477 (Prevaricação), define o crime de prevaricação dizendo: “o juiz
que, por favorecimento ou por ódio, proferir sentença definitiva manifestamente injusta….” ( a ideia é
de que um juiz não faz objectivamente justiça num caso concreto, mas por favor ou por
ódio profere uma sentença injusta, tendo consciência disso e fazendo-o
intencionalmente) – aqui o agente do crime só pode ser um juiz.
É costume chamar em geral aos crimes de que não pode ser agente qualquer pessoa,
mas dos quais só pode ser agente uma pessoa com certas qualidades e principalmente
com qualidades que consistam na titularidade de uma situação juridicamente definida –
crimes específicos.
12
O tipo legal de crime como negação de valores, interesses ou
bens jurídicos
O tipo, seria, por outro lado, valorativamente neutro, inteiramente estranho a todo o
juízo de valor; e, por outro lado, mera descrição objectiva de um facto externo, tendo,
portanto, natureza puramente objectiva e descritiva.
Assim sendo, o tipo legal deixa de ser mera descrição objectiva e valorativamente
neutra, de um comportamento proibido, para se tornar no portador da valoração
jurídico – criminal que o juízo de ilicitude exprime.
7
Os crimes específicos próprios e impróprios
Simplesmente, se uma pessoa não é funcionário público praticar actos idênticos a estes
tipos de crime, não é condenada, porque não pode ser, por peculato e concussão, mas
pode ser condenada por crimes que são idênticas a estes, embora punidos com uma
pena diferente, que em relação à concussão é o crime de extorsão (art.301) e ao
peculato é o abuso de confiança (art.302). No primeiro caso, há um crime dito
extorsão, que é um crime não específico – qualquer pessoa o pode praticar e há depois
uma autonomização da extorsão com outro crime chamado aqui concussão para os
empregados públicos. Daí que se diga que estes crimes (peculato e concussão) são
crimes específicos impróprios. Impróprios porque não existem apenas para aquelas
pessoas definidas naquele tipo de crime; são apenas variantes de um crime fundamental
que pode ser praticado por qualquer pessoa.
14
ANÁLISE DOS TIPOS LEGAIS DE CRIMES
É claro que num certo sistema jurídico, enformado pelo princípio “nullum crimen sine
lege”,terão de ser delineados tantos tipos legais de crimes quantos os específicos
valores jurídicos que o direito criminal quer proteger.
O estudo da tipicidade coincide, pois com o estudo da parte especial dos códigos
criminais.
Podemos dizer que, todo o tipo legal contém a descrição de um facto
criminoso. Este facto criminoso pode consistir:
15
ANÁLISE DOS TIPOS LEGAIS DE CRIMES
18
Crimes formais e materiais
19
Crimes formais e materiais
20
O agente: diferentes graus de determinação
Para além deste tipo de crimes que têm esta definição muito geral do agente do
crime, há alguns crimes que pressupõem não ainda uma pessoa qualificada por um
qualquer dever jurídico ou por uma qualquer situação juridicamente definida, mas
que pela própria definição do comportamento, delimitam os possíveis agentes do
crime: na definição do nosso C.P antigo, por exemplo, o crime de estupro e o
crime de violação* , pelo menos em autoria imediata, só podem ser praticados por
pessoas do sexo masculino (arts. 392º e 393º). É possível que uma mulher seja
autora mediata ou instigadora de um crime de violação, mas o autor imediato tem de
ser necessariamente um homem, quer dizer em relação ao estupro, quer em relação a
violação.
10
Crimes de perigo e crimes de dano
Não é porém rigoroso ou exacto equiparar os crimes de perigo, concreto ou abstracto, aos
crimes formais ou mera actividade, e daí concluir a impossibilidade da figura da frustração ou
da tentativa naquelas hipóteses.
É que a situação ou facto donde resulta perigo de lesão de um objecto ou bem jurídico pode
esgotar-se numa mera actividade ou omissão, ou pode exigir, também, uma modificação do
mundo exterior, um evento por ela causado.
Neste caso, o crime de perigo não é pois como tal um crime formal, mas um crime material
de resultado. Ou melhor, é um crime formal considerado o resultado final que se pretende
evitar, mas é um crime material considerado o facto (modificação exterior) que põe em
perigo.
22
Crimes de perigo e crimes de dano
Exemplo disto é a punição do crime de moeda falsa. A lei pune o fabrico de moeda
falsa (art.525 C.P ), e pune-o na medida em que isso constitui um perigo de ulterior
resultado – passar-se essa moeda falsa.
Considerada esta actividade e os interesses que representa, é o referido tipo legal,
pois, um crime formal. Mas o facto em si exige a produção de um certo resultado,
subsequente à acção do agente, que é a produção de moeda falsa.
Considerada pois esta, relativamente à actividade do agente, está-se em face de um
crime material. Pelo que será possível neste crime de perigo falar de uma autonomia
da frustração ou tentativa relativamente à consumação.
23
Crimes de perigo e crimes de dano
Isto mostra, por outro lado, que a distinção entre crimes formais e materiais não
pode fazer-se naturalisticamente, mas supõe sempre uma atitude referencial ou
teleológico, ou seja, exige que se parta sempre, considerando o tipo legal de crime, de
um certo resultado.
24
Bibliografia
Legislação
1. Código Penal Português – Decreto de 16 de Setembro de 1886;
3. Código Penal – Lei nº 35/2014, de 31 de Dezembro.
25
O NOSSO LEMA
26