Cartilha Plantio e Cultivo de Mariri e Chacronaa
Cartilha Plantio e Cultivo de Mariri e Chacronaa
Cartilha Plantio e Cultivo de Mariri e Chacronaa
2006
Há um bom tempo venho tentando concretizar um sonho de reunir informações e
experiências vividas sobre plantio de mariri e chacrona nesta nossa sagrada religião.
Estas experiências são frutos de experimentos e observações que fazemos
naturalmente quando nos dedicamos ao plantio de mariri e chacrona. Estes
Mestres, caboclos que vem ensinando na pratica o que cientistas comprovam em
Índice
suas pesquisas. As valorosas informações sobre pesquisa, de como encontrar o
mariri na floresta, quando e a forma de colher bem como identificar não estarão
contidas nesta cartilha, mas nosso objetivo é reunir informações sobre como 1 Plantio do Mariri e Chacrona____________________________________________00
plantar nossas plantas sagradas. 1.1 Plantio por parte vegetativa____________________________________________00
Dentro desta força de União, esta cartilha é uma reunião de informações colhidas 1.1.1 Mariri (Banisteriopsis caapi)__________________________________________00
ao longo dos anos de pesquisa, tendo como professores a Natureza e os caboclos-
1.1.1 Chacrona (Psychotria viridis)_________________________________________00
indios, Mestres que um dia me integraram nesta caminhada, na busca de luz dentro
desta sagrada religião do sentir. Também reuni aqui uma síntese das palestras
proferidas no encontro do Departamento de Pesquisa, Plantio e Cultivo de Mariri e
Chacrona realizado na cidade de Belém (PA), entre os dias 22 e 23 de setembro de
2006. Fazem parte destas desta cartilha informações dos departamentos do plantio
das Unidades Administrativas: Núcleos Rei Canaã e Jardim Florido, dos Pré-
Núcleos Castelo de Marfim e Príncipe Ram, bem como das extensões do N Rei
Canaã em Araguaina, Paruapebas e Itinga.
Este trabalho não seria possível sem as experiências trazidas com as pessoas que
iniciaram as atividades de plantio e do conhecimento adquirido com experimentos
feitos durante mais de 20 anos de atividades de plantio em nossa região. A estas
pessoas é que dedico esta apostilha como uma forma de deixar gravado um
conhecimento adquirido ao longo dos anos, mesmo sabendo que este
conhecimento ainda precisa ser aprimorado e adaptado as diferentes condições de
ambiente e clima desta nossa imensa Amazônia, em especial a nossa
diversificadissima 14º região.
5 6
Figura 4. Muda de Mariri
(pedaço de galho ou um fio) para desenvolvimento inicial plantas na forma horizontal
(deitada), ficando o pedaço
das mudas (Figura 4), e espalha-se novamente a matéria do Mariri enterrado junto
orgânica acima do solo. Quando a muda alcança os galhos com as raízes e a brotação
para fora com um tutor de
das árvores o tutor de madeira pode ser retirado. O Mariri madeira ou uma linha de
Caupuri encontrado na região de Belém não aceita que seja condução da brotação.
7 8
Figura 6. provenientes de plantas matrizes sadias com bom desenvolvimento em
Forma de enterrar
as folhas de Chacrona crescimento e adaptadas às condições locais.
para brotação pelo talo. É importante que as sementes sejam catalogadas com a procedência e época da
colheita. Quando for coletar as sementes deve-se fazer esta catalogação
individualmente, para cada uma das plantas matrizes e não misturar Mariris e nem
chacronas diferentes, ou de diferentes procedências.
Figura 7.
Germinação das
folhas de Chacronas
enterradas pelo talo.
9 10
É importante que a terra contenha uma árvores podem ser plantadas (Figura 13) a uma distancia de 1,5 m uma da outra e no
boa quantidade de argila, pois assim quando meio da linha (1,0 m da borda da floresta).
formos retirar a muda do saquinho para
plantar no local definitivo o torrão não se
desmanche.
As mudas devem ser mantidas em uma
área sombreada e perto de uma fonte de Árvores lenhosas
água. No período da seca a rega deve ser duas
vezes ao dia, de preferência pela manha e
pela tarde.
Figura 10. Germinação do Mariri na floresta.
11 12
2 Avaliando o estado nutricional das plantas compactação e perda de umidade por evaporação. Além do que, proporcionar
um abrigo para animais benéficos no combate de pragas e doenças bem como
Todas as plantas para crescerem precisam em doses ótimas de sol, agua e em alimento para as pragas das nossas plantas impedindo assim uma maior
nutrientes. As plantas absorvem energia, em forma de luz a partir do sol, e pressão sobre o nosso plantio;
convertendo-a em energia química. Este processo é denominado de fotossíntese.
• Para que este processo aconteça, um outro elemento que deve estar presente
é a água: todos os processos que envolvem organismos vivos necessitam de
2.1 E o que é a fotossíntese? água em condições ideais, portanto nossos plantios devem estar supridos de
A fotossíntese é transformação de água (H2O) e sais minerais (N, P, K, Mg, água na forma de irrigação ou na sua manutenção da água do solo;
etc.) na presença de CO2 e energia solar em carboidratos (Glicose = C6H12O6):
• Também é preciso nutrientes para o desenvolvimento: os nutrientes são
muito importante para o crescimento das plantas e para que estas construam
barreiras contra o ataque de pragas e doenças. Por exemplo, o N é responsável
pela coloração verde das plantas, sendo que os cloroplastos (estrutura de
6 CO2 + 6 H2O + Energia Solar C6H12O6 + 6 O2 coloração verde das plantas) são responsáveis pela captura da luz do sol dentro
das folhas, com isto uma deficiência de N pode acarretar em uma
Figura 14. Processo de utilização da luz do sol pelas plantas e enfraquecimento das plantas;
transformação desta energia luminosa em energia química,
denominado fotossíntese.
• Cuidados com pragas e doenças: as pragas e doença devem ser controladas
Este processo é a única forma com que a natureza criou para transformar a de uma forma que não agredimos o meio ambiente e nem a saúde humana.
energia do sol em energia orgânica nos vegetais.
2.3 Como podemos aproveitar da melhor forma possível
2.2 Como se pode utilizar ao máximo a luz do sol? o Sol, a água e os nutrientes?
As plantas precisam da energia do sol para crescer, com isto precisamos O jeito mais eficiente é tendo bastante vida no
encontrar uma maneira de fazer com que elas tenham condições ótimas para solo. Esta vida é dada pelos microorganismos,
crescerem. Nesta direção temos que levar em conta os seguintes itens: minhocas pequenos animais, besouros, larvas,
piolhos-de-cobra, centopéias, etc. (Figura 15). Todos
•Condições ótimas de funcionamento: cada planta tem uma condição ideal estes organismos têm uma função nos solos e são
de luz (energia solar), água e nutrientes. Por exemplo, as chacronas crescem extremante importantes para a vida das plantas.
melhor em uma condição de sombra e o mariri cresce melhor em condições de
pleno sol;
2.4 Indicadores Biológicos de
• Investir na possibilidade de outras espécies trabalharem captando a energia Fertilidade do Solo
do Sol (adubação verde): quanto mais plantas tivermos em uma mesma área Figura 15. Solo com vida e com
mais energia do sol estaremos captando e colocando na nossas áreas de plantio. saúde, ótimo para desenvolvi-
As espécies vegetais ou animais são importantes mento de nossas plantas.
Estas plantas, as quais têm como exemplo as gramas, mucuna, etc., podem nos
auxiliar na forma de adubo verde e como protetor do solo contra erosão, 9
É importante conviver com a praga e não exterminá-la, lembre-se que nós incentivamos a biodiversidade.
13 14
indicadoras das condições de fertilidade e de saúde dos nossos plantios (Figura 16). • aumenta significativamente a capacidade das raízes de absorver minerais do
Portanto, em um ambiente natural, todo ser vivo desempenha um papel na solo, quando se compara aos solos sem matéria orgânica;
comunidade da qual faz parte.
• possui, na sua constituição, os macros e micronutrientes em quantidades
bem equilibradas, as quais as plantas absorvem conforme sua necessidade,
escolhendo a qualidade e a quantidade necessária;
15 16
(2:1). Aproveitamos o composto para enriquecer a mistura com alguns minerais (pó temperatura pode atingir limites
de rocha, MB4, calcário, farinha de osso e fosfato natural, pulverizados sobre a superiores a 80 ºC. A elevação da
mistura e em pouca quantidade). Desse modo, acima do adubo animal é temperatura acima de 70 ºC, por
importante colocar uma fina camada de adubos fosfatados como os pós de rocha muito tempo, pode provocar uma
(Iorim, Arad, MB4, rocha de Arachá). Para cada tonelada de composto devemos perda acentuada de nitrogênio, o que
colocar 1 kg de pó de rocha (0,1%). não é desejável. Entretanto, esta
elevação, em curtos períodos de tempo,
é importante para descontaminar a
composteira de agentes químicos ou
Figura 19. Pilha de composto pronta em local plano de pragas e doenças indesejáveis.
e próximo de uma fonte de agua.
Deve-se conservar, durante o período
de produção do composto, uma temperatura entre 50 a 60 ºC.
Para verificar a temperatura, um processo prático, mas viável para as condições
rurais, consiste em deixar mergulhado na composteira pedaços de cano ou
vergalhões de ferro. De quando em quando, retira-se o cano ou vergalhão e toca-se
com a costa da mão, pôr ser mais sensível ao calor.
Três condições podem ocorrer:
• Temperatura alta (mais de 60 ºC), a tendência é retirar de imediato à mão.
Nesse caso, deve-se diminuir a temperatura da composteira, verificando a umidade
do material, isto é, se estiver úmido, reduzir as condições de arejamento, por meio
de uma ligeira compactação da composteira; caso esteja seco, pode-se abaixar a
Tabela 1. Características de alguns adubos animais.
temperatura pela rega.
• Temperatura média, elevada, mas suportável ao contato. Significa que a
O uso de adubos minerais (pós de rocha) é muito importante para oferecer as decomposição ocorre normalmente.
plantas diversos microelementos de grande valor para o desenvolvimento das • Temperatura baixa, material sem aquecimento. Duas situações podem
plantas, tanto a nível nutricional como também para que as plantas possa criar suas acorrer ou o material já se encontra decomposto; ou, pôr falta de arejamento ou
fontes de defesa para resistir ao ataque da pragas e doenças. umidade, a temperatura não se elevou.
A cada camada concluída deve-se colocar água o suficiente para molhar a leira A primeira circunstância mostra que o
sem escorrer. Pelo menos uma vez por semana, deve-se verificar as condições de composto já se encontra em condições de ser
umidade e temperatura da composteira e, se necessário, irrigá-lo e/ou revira-lo. O usado, na segunda, recomenda-se provocar uma
composto esta em uma umidade ideal quando ao espremer uma quantidade nas redução da compactação da composteira, pôr
mãos nos sentimos o composto molhado mas este não deixa escorrer agua entre os meio do reviramento da leira (Figura 20), o que
dedos. facilitará o arejamento, conseqüentemente
A escolha do local onde será construído a composteira é extremamente haverá maior atividade microbiana e aumento
importante. Deve ser uma área plana, protegida de ventos e insolação direta, com da temperatura. O reviramento ou corte da
fácil acesso para a carga e descarga do material, e ter água disponível para irrigação leira, deve ser feito de cima para baixo, de modo
(Figura 19). Figura 20. Revolvimento da pilha de que o material que estava em cima fique
Uma vez pronta à leira, observa-se uma elevação de temperatura, logo nos composteira para diminuir o calor. embaixo e o que estava em baixo fique em cima.
primeiros dias, como conseqüência da atividade dos microorganismos. Essa
17 18
Normalmente são feitos 2 ou 3 reviramentos no composto (após 7, 15 e 25 quando vai ser utilizado no dia anterior, deve-se mexer apenas pela manhã e depois
dias), e o tempo total de decomposição está entre 2 a 3 meses. deixar em repouso durante o resto do dia para que se possa tirar apenas a parte
líquida que é o que será utilizado.
• No plantio o Biogeo deve ser aplicado nas horas mais frescas do dia, isso tanto
2.7 Como fazer um biofertilizante? para folha quanto para solo. Se o plantio estiver limpo não se deve usar o Biogeo.
• Se as plantas estiverem floridas não deve ser aplicado o Biogeo, pois os insetos
Os biofertilizantes são preparados biológicos que são usados como adubo foliar que são responsáveis pela polinização podem fugir.
ou no solo, para ativação celular e nutricional das plantas. Este é constituído de • A caixa contendo o Biogeo deve ser mantida sempre destampada e no sol
rumem de boi (esterco verde novo), rocha fosfatada, matéria orgânica, cinza e (Figura 22). É importante que seja abrigado
restos de frutas e legumes não cozidos, sendo este derradeiro aplicados no inicio e da chuva quando esta aparecer.
periodicamente para alimentar as bactérias. • O Biogeo pode durar até mesmo anos
O Biogeo é uma criação de microrganismos que quando colocados sobre a terra e para mantê-lo vivo é preciso estar sempre
devolvem a vida para ela e aceleram a decomposição do mato que foi roçado. Já nas cuidando dele com restos de frutas e
folhas das plantas, o Biogeo funciona como um revitalizante aumentando a sua verduras, e acrescentando água.
capacidade de buscar nutrientes na terra. • Para pulverizar a terra coloca-se 18L
de água e 2L de Biogeo. E para usar
2.7.1 Preparo do Biogeo diretamente nas folhas, diluir 250mL de
Biogeo em 20L de água.
Uma dica muito interessante é que Figura 21. Biogeo sendo preparado e mexido.
• 30% de esterco verde para 70% de água. Caso não tenha o esterco verde, pode
sementes podem ser inoculadas com o
ser usado 20% de capim de bucho de boi e 80% de água. Misturar bem.
Biogeo e assim germinam muito mais rápido
• Depois, acrescentar 10 a 20L de serrapilheira da mata (de preferência, tirar as
e vigorosas. Para a inoculação das sementes
folhas secas de cima e pegar a terra gorda, úmida e com mofo) para 400L de Biogeo.
deve ser feito o seguinte processo: deixar a
• Assim que começar a fermentar, tratar com restos orgânicos (cascas de
semente de molho por 2 minutos (somente
verduras, frutas, legumes, etc.). Esses restos orgânicos não podem estar temperados
2 minutos) no Biogeo puro. A quantidade de
ou cozidos;
Biogeo utilizada deve ser o suficiente para
• Para que o pH não aumente muito é bom adicionar um pouco de laranja ou
cobri-las. Depois é só plantar!
limão para controlar esta elevação;
O Biogeo pode ser colocado no plantio
• Adicionar 100g de farinha de rocha ou pó de pedra para cada 100 litros de
todo mês até que a vida retorne a terra,
Biogeo.
ficando mais fofa, úmida e apareçam plantas
Figura 22. Local coberto, mas com incidência
espontâneas e bichos num ambiente de luz para preparação do Biogeo.
2.7.2 Alguns cuidados que devemos ter com o Biogeo semelhante ao da floresta.
• O Biogeo quando é feito pela primeira vez fica pronto em torno de 45 dias. A
melhor maneira de saber se já está pronto são as moscas e marimbondos que 2.8 Vantagens de uso do composto orgânico e
começam a rodear a caixa. Além disso, você pode ver a sua imagem refletindo na biofertilizantes
água como se fosse um espelho.
• O Biogeo deve ser mexido todos os dias pelo menos três vezes (Figura 21). Mas
• aumenta o pH do solo tornando o solo menos acido
12
Esterco verde é aquele ainda fresco se estar duro e seco. • diminui os elementos tóxicos do solo
19 20
• aumenta a disponibilidade de nutrientes
• libera gradualmente seus nutrientes
• aumenta a absorção de fósforo (P) pelas plantas
• aumenta a eficiência na fotossíntese F
• aumenta a resistência à praga e doenças No começo, a folha só perde a cor entre as veias, estas desbotando depois.
• reduz a perda de água nas plantas e no solo pela transpiração Folhas maduras não afetadas, não há folhas mortas. Comum em ilhas calcareas 3
• aumenta o desenvolvimento radicular ou de coral, solos de deserto. A planta toma um tom amarelado (Veja também J).
• melhora a produtividade das planta Veias continuam verdes, áreas desbotadas menos amareladas, muitas vezes
embranquecidas ou sem cor.
G
21 22
Amarelamento entre as veias, parecido com deficiência de N. Folhas velhas
manchadas, veias de verde claro, as margens das folhas enroladas, alcançando
Elementos ou ações que se fazem
progressivamente as folhas mais novas. As margens das folhas podem até morrer,
deixando os tecidos centrais; couve-flor não forma cabeça. Comum em solos ácidos
10 necessários dentro dos plantios.
ou alcalinos lixiviados, como dunas. Dificuldade em estabelecer leguminosas.
Número
L da tabela Elemento/ação
anterior
As margens das folhas são marrons, queimadas, pode ser ligeiramente enrolada
para baixo, manchas de tecido morto nas folhas; manchas tem centros escuros, 1 Aplicação de Enxofre
margens amareladas; aparência geralmente irregular em cor. Crescimento 2 Aplicação de Cobre. (em forma de rocha ou sulfato de cobre)
reduzido, primeiro nas folhas novas maduras, depois nas folhas mais velhas 11 Aplicação de Ferro. Aplique enxofre primeiro para ver se resolve.
finalmente nas folhas novas. Pode aparecer tarde no crescimento da planta, se
for cultura de raiz (o K pode ser translocado para as raízes). Solos argilosos ácidos 3 Se necessário acrescente sulfato de ferro ou adubo foliar a base
lixiviados; as margens da folha do tomateiro são pálidas. de ferro. (Enterre pedaços de ferro velho perto das árvores).
4 Aplicação de Manganês.
As folhas ficam murchas, morrem nas pontas ou nas margens: excesso de sódio.
As folhas não têm brilho, verde escuro ou arroxeadas, especialmente na face inferior 5 Aplicação de Zinco.
e nas veias. As veias e os talos também roxos, crescimento reduzido. Comum em 12 6 Aplicação de Boro.
solos que são muito ácidos. Alcalinos secos frios ou de trufa.
7 Aplicação de Cálcio.
As pontas das folhas murcham conforme que o solo seque, depois ficam de cor
8 Aplicação de Nitrogênio.
bronze e morrem. Não é comum. Verifique a água e o teor de sal no solo.
Excesso de cloro 9 Aplicação de Magnésio.
13
M 10 Aplicação de Molibdênio.
Frutas ásperas, rachadas, manchadas, poucas flores. Solos ácidos, areias lixiviadas, 11 Aplicação de Potássio. Utilize cinzas, chá de confrei e urina diluída.
solos ricos em húmus. Brotos terminais podem morrer, com posterior
desenvolvimento lateral. As folhas no topo ficam grossas, podem se enrolar 6 12 Aplicação de Fósforo. Farinha de osso, ou fosfato em rocha.
da ponta até a base. Envenenamento por Cloro. Processe o município, ou deixe a água de
13 torneira descansar com um punhado de calcário.
Frutas apodrecem a partir do fundo ou mostram áreas escuras neste local. 7
N
Morte interna, ou áreas encharcadas na fruta, desigual na forma (beterrabas,
nabos, se o solo for ácido, lixiviado, ou com calcaria livre).
6 4 Plantas indicadoras
Cavidades no centro da raiz, a parte exterior entra em colapso, comum em
cenouras em solos ácidos e lixiviados. As raízes podem rachar por inteiro. 7
Em um ecossistema natural todo ser vivo, seja ele vegetal ou animal, tem um
O papel a desempenhar (um serviço a prestar) para a comunidade da qual faz parte.
As áreas afetadas são acidas: os solos podem ser arenosos; pH<5,5. Ácido: Além de, obviamente, contribuir para a manutenção de sua própria espécie.
Experimentar aplicar calcário. É a análise de qual papel que determinada espécie vegetal desempenha, no
Áreas da cultura são alcalinas: pH > 7,5: experimentar aplicar enxofre. nicho ecológico no qual momentaneamente está se sobressaindo, que nos leva ao
Áreas profundas do solo são manchadas com cheiro de enxofre, encharcadas. conceito de plantas indicadoras. Se as encararmos como daninhas e buscarmos sua
Melhore a drenagem. erradicação, estaremos perdendo uma preciosa fonte de informações, que nos
As folhas são rasgadas e a coroa da planta está morrendo. Ventos salgados: auxiliariam nas tomadas de decisão em relação ao nosso manejo.
Providencie abrigo. Se, ao contrário, as vemos como indicadoras, poderemos utilizar não só as
informações que ela nos trazem, como também manejarmos sua presença. Desta
13
Importante elemento para construir órgãos de defesa dos organismos vivos.
23 24
forma permitiremos que elas cumpram sua função para a comunidade vegetal da
qual fazem parte.
Plantas companheiras são plantas que indicam características do solo e Capim amoroso Solo depauperado e
deficiências de algum tipo de nutriente. Portanto, ao mesmo tempo em que estas ou carrapicho muito duro, pobre em
Cenchrus ciliatus Cálcio, e pH baixo.
indicam certa deficiência em nutrientes as mesma são concentradoras destes
nutrientes podendo ser usadas para isto quando fazemos atividade de cobertura
morta:
25 26
Planta Nome popular Modo de
companheira Utilização
Solo com problemas e científico preparar
Papua de drenagem e falta
Brachiaria plantaginea de Zinco como
micronutriente. Cravo da Índia Combate o Diluição de 20 a 30 g de
(Syzygium crescimento cravo da Índia em 10 a
aromaticum) de fungos 20 litros de água
Bouganvile;
Primavera Combate fungos
Extrato aquoso de
de antracnose e
(Bougainvilea folhas e ramos secos
vírus do Mosaico
Urtiga spectabilis)
Excesso de Nitrogênio
Urtiga urens livre, carência em Cobre.
Mistura de óleo 250 ml em
Copaíba Podridão de frutos, 500 ml de água, para
(Copaifera ataque de fungos melhor homogeneização do
langsdorfii) e bactérias óleo em água adicionou-se
detergente neutro.
Camada estagnante
Maria mole ou Berneira em 40 a 50 cm de
Senecio brasiliensis profundidade, Podridão de frutos, Pulverizar 0,06 ml de óleo/cm2
de área. Usar na diluição de 50
falta Potássio. Pimenta longa vassoura de bruxas, g de óleo para 1 litro de água.
fungos patógenos Se extraído em metanol ou
(Piper aduncum)
de sementes, acaricida, água deve aumentar a
bactericida concentração dez vezes
29 30
6.1 Manipueira água), ou 100 ml de manipueira por cova.
No terreno: Diluição aquosa de 1:1, aplicar de 4 a 6 litros
A Manipueira é um liquido de aspecto leitoso de coloração amarelo-clara que desta diluição por m2 de terreno. Deixar o solo em
escorre das raízes de mandioca (Manihot esculenta), por ocasião da prensagem. A repouso por 8 dias e antes de plantar dar uma revolvida.
produção no geral é de 3:1 (3 kg de mandioca para 1 litro de manipueira) No sulco: Usar a manipueira em diluição aquosa, na
Ela pode ser usada como fertilizante natural, seja foliar ou no solo, isto devido a proporção de 1:1. Aplicar, no mínimo 2 litros dessa
sua notada concentração de elementos químicos (macros e micronutrientes) diluição por m2 de sulco. Deixar o solo em repouso por 8 Figura 23. Nematóide atacando a
necessários ao bom desenvolvimento das plantas. dias e antes de plantar dar uma revolvida. raiz de uma planta e em detalhe
como os identificamos nas raízes.
6.2.6 Pragas e doenças podem ser controladas pelos 6.3.2 Leite em pó instantâneo
• Controle de antracnose em frutos (Figura 29)
extratos de Nim Posologia: Diluir 20g de Leite em pó instantâneo em um (01) litro de água
6.4 Preparo e uso da Calda Bordalesa. Tabela indicando a 6.5.3 Preservação ou criação de inimigos naturais das formigas
doença e o tipo de As galinhas comuns e de angola (Figura 31), pássaros, tatus, tamanduás os
calda mais indicada
para uso. quais controlam ate 90% das revoadas. É interessante o uso
A calda bordalesa é
de Galinha de Angola pelo fato delas não terem o hábito de
recomendada para o controle, SULFATO de CAL ÁGUA
DOENÇAS COBRE VIRGEM (Litros) ciscarem, evitando o espalhamento do adubo nas plantas.
entre outras doenças e parasitas,
Míldio 1.000g 1.000g 100
de míldio e alternaria da couve e
Requeima,
do repolho, alternaria do Pinta Preta 1.000g 1.000g 100
6.5.4 Controle de Colônias
chuchu, antracnose do feijoeiro, Pinta Preta, Para adotar medida de controle eficaz, é importante
Podridões 800g 400g 100 lembrar que as formigas cortadeiras não se alimentam
pinta preta e queima do tomate, Míldio,
murchadeira da batata, queima Antracnose 300g 300g 100 diretamente das folhas cortadas, e sim da massa de fungos
das folhas da cenoura etc. Ferrugem, que cresce sobre as folhas armazenadas no ninho. Alguns
Manchas 1.500g 1.500g 100
Também é usada em Bacteriose,
métodos de controle das colônias que podem ser usados: Figura 31. Galinha de
Angola.
frutíferas, como figueira, Verrugose 400g 400g 100
parreira, macieira etc. Na Sarna, Método Físico: São ações diretas sobre os formigueiros como:
Podridões 400g 800g 100
diluição a 1% acima descrita, seu • Uso de agua quente: para formigueiros pequenos e próximos de casa;
Manchas,
uso é recomendado para plantas Entomosporiose 800g 800g 100
• Inundação: para formigueiros maiores, quando houver condições de desviar
adultas. Verrugose, água de um canal ou acesso com uso de mangueira;
Em mudas pequenas e em Melanose, • Fumaça de escapamento: dirigir o escamento de motores para a entrada
Rubelose 600g 300g 100
brotações novas, deve-se aplicar Antracnose; (olheiro) do formigueiro, tapando as saídas de fumaça, provocando a afixia
essa calda mais diluída, Podridões 800g 800g 100 das formigas, pela ação do gás carbônico.
37 38
Métodos Biológicos: Aplicação de calda microbiológica: 5. Precipitação desejada ou calculada (em mm). Normalmente a precipitação
• Usar 2 a 4 laranjas ou limões mofados, moídos; é calculada pelo projetista, que leva em conta os dados climatológicos da região
• Deixar fermentar 4 a 5 dias em agua, com um pouco de melado de açúcar. em que será instalado o equipamento, a cultura a ser irrigada e o equipamento a
• Diluir a 10% em agua (100 ml por litro de agua) e aplicar em todos os ser utilizado.
olheiros;
• Depois de uma semana, repetir a aplicação 6. Horas de funcionamento desejado por dia: máximo de horas de
funcionamento possível.
Observação: As laranjas ou limões mofados possuem os fungos Penicilium
digitatum e P. italicum, que causam o mofo verde e azul respectivamente, os 7. Desnível entre a água e o local de motor em metros: este dado é de suma
quais destroem o fundo criado pelas formigas para se alimentar. importância para o dimensionamento correto da bomba, pois cada motor
apresenta uma altura máxima de sucção.
6.5.5 Cultivo de Plantas Atrativas e Tóxicas
8. Desnível entre o local do motor e o ponto mais alto do terreno em metros.
Neste caso o Gergelim (Figura 32) é a melhor opção, pois
suas folhas contem uma substancia chamada sesamina, que é
9. Quantidade e qualidade da água disponível na estação seca:
fungicida. Geralmente as formigas só carregam folhas
a. Se a água for captada numa fonte de água corrente (rio, riacho, canal, etc.)
inofensivas ao formigueiro, mas o gergelim é uma exceção, pois
determinar a sua vazão em litros/segundo ou metros cúbicos/hora;
é uma das folhas preferidas pelas saúvas, mas mata o fungo que
b. Se a captação for feita em um reservatório (represa, açude, etc.) determinar
serviria de alimento a rainha e as larvas.
Figura 32. Planta de o seu volume em metros cúbicos (m3).
Gergelim (Sesamum Se estas medições foram feitas na época de chuvas, deve-se coletar junto aos
indicum).
7 Irrigação moradores vizinhos à variação que as mesmas sofrem na época da seca.
c. Qualidade da água: presença de sólidos em suspensão, ferro, manganês,
carbonatos, coliformes, etc.
Para a elaboração de um projeto de irrigação, seja por aspersão, localizada ou
por superfície, são necessários à coleta de alguns dados na área a ser irrigada.
10. Tipo de acionamento que prefere para a bomba:
Esses dados são:
a. Elétrico: voltagem e fases;
b. Diesel
1. Área a ser irrigada em hectares, alqueires ou m2.
c. Trator: marca, modelo e potência
d. Outros
2. Espécie de cultura plantada ou a ser plantada e o espaçamento entre
Caso já haja bomba centrífuga e ou motor para acionamento, especificar
plantas e entre linhas.
todos os dados disponíveis tais como: Marca; Modelo; Potência; Rotação; Vazão;
Altura de sucção de recalque; Diâmetro dos rotores; etc.
3. Tipo de solo:
a. Quanto à sua textura: argilosa, arenosa ou textura média.
11. Sistema de irrigação que pretende utilizar ou as alternativas possíveis.
b. Quanto à sua permeabilidade: muito permeável, meio permeável ou pouco
permeável.
12. Se possível, anexar uma planta plani-altimétrica ou planimétrica da área a
ser irrigada. Para irrigação localizada acrescentar curva de nível de metro em
4. Topografia do terreno: plana, suavemente ou fortemente ondulada (planta
metro e locação das linhas de plantio.
plani-altimétrica).
Caso não haja a planta, fazer um croqui da área com as seguintes indicações:
39 40
a. Formato de área com suas dimensões; necessárias para o equipamento escolhido;
b. Aonde se localiza o ponto mais alto do terreno e a distância entre este e 6. Dimensionamento do conjunto motobomba: o dimensionamento deste
o ponto de captação de água. conjunto também baseia-se na vazão, na altura manométrica e na potência
c. Localizar o ponto de captação da água e a distância entre o início da área necessária. Na escolha da bomba, além dos itens anteriormente citados, deve-se
a ser irrigada. atentar para que a bomba escolhida trabalhe no ponto de máximo rendimento
d. Demarcar estradas, grotas, espigões, linhas de força, etc. ou próximo possível dele, e para a sua altura máxima de sucção;
7. Elaboração de planta ou croqui: efetuados os cálculos deve ser elaborada
13. Se possuir, anexar os dados climatológicos da região, tais como: Chuva; uma planta ou croqui, onde são locados o ponto de captação, a linha mestra, as
Evaporação do Tanque Classe A; Evapotranspiração; Velocidade do vento; linhas laterais, os acessórios e o posicionamento do equipamento;
Temperatura média; Umidade relativa. 8. O roteiro prossegue com a análise econômica do projeto e outros itens, tais
Com base no levantamento de dados da área a ser irrigada, elabora-se o como custos, receitas, fluxo de caixa, comercialização, etc., conforme a exigência
projeto de irrigação mais viável, técnica e economicamente. da situação.
A irrigação por superfície ou aspersão para solos siltosos ou argilosos pode ser
feita em intervalos máximos de 12 dias para regiões semi-áridas e 18 dias para
regiões úmidas. A irrigação por aspersão em solos franco-arenosos e arenosos
pode ser feita em intervalos máximos de 7 dias em regiões semi-áridas e 10 dias
em regiões úmidas.
A irrigação localizada, seja por gotejamento, microaspersão ou equivalente
deve ser feita em intervalos máximos de três dias para regiões úmidas e solos
com teores de argila acima de 30%, e pelo menos duas vezes por dia em solos
arenosos (areia franca e areia).
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Agradecimentos
Para elaboração desta cartilha sou grato pelo auxilio e incentivo das pessoas
relacionadas abaixo, sem as quais grande parte disto não seria possível:
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