Métodos Da Sociolinguística

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 22

MÉTODOS DA

SOCIOLINGUÍSTICA
Labov
Tarallo
Görski et al.
Araújo
Paiva
Guy; Zilles
• A Teoria da Variação e Mudança Linguística é um
modelo teórico e metodológico;
• É também conhecida como Sociolinguística
Quantitativa:
 Opera com números e tratamento estatístico dos
dados coletados;
 Os resultados obtidos nesse tipo de análise
propiciarão a formulação de regras gramaticais,
regras estas que são variáveis, pois o
favorecimento de uma ou de outra dependerá de
motivações intra e extralinguísticas adequadas à
aplicação de uma determinada regra;
 Trata-se de um sistema linguístico de
probabilidades.
• Objetivo: avaliar o quanto cada categoria em
análise pode contribuir para a realização de uma
ou outra variante das formas “em competição”.
• No uso real da língua, os fatores que podem
atuar sobre as variantes estão sempre
conjugados, isto é, agindo simultaneamente.
• Desafio: isolar e medir separadamente o efeito
de cada fator, mesmo este fator nunca
aparecendo isoladamente nos dados.
• Propósito da metodologia quantitativa:
 Organizar um grande número de dados, com o
objetivo de torná-los manejáveis ao tornar
possível a identificação de tendências e
padrões gerais (GUY; ZILLES),
 Isso nos permite testar hipóteses e interpretar
resultados ao encontrarmos parâmetros
numéricos capazes de quantificar a relevância e
a direção de vários tipos de efeitos.
 Buscar explicar quais contextos são mais
favoráveis e quais são menos favoráveis ao
processo em questão, ou seja, procura indicar
os grupos sociais ou os estilos de fala que
favorecem ou desfavorecem uma determinada
variável (GUY; ZILLES).
• As probabilidades e os pesos obtidos fazem
parte da gramática mental dos falantes, pois a
regra variável pode ser aprendida por ele como
se aprende qualquer outro elemento da
linguagem:
Os valores de determinado falante são
semelhantes aos valores dos conhecidos,
familiares e vizinhos, e grupos sociais que falam
mais entre si (como comunidades de fala, classes
sociais, faixas etárias etc.) terão valores
semelhantes no uso das variáveis (deixando de
lado casos de falantes atípicos em comparação
com seus pares sociais). (GUY; ZILLES).
• Para lidar com a língua, é necessário olhar para
os dados da fala cotidiana o mais próximo e
diretamente possível;
• Vernáculo:
 Estilo de fala em que se presta o mínimo de
atenção ao monitoramento da fala; a partir da
observação desse estilo, podemos coletar dados
mais sistemáticos para a análise da estrutura
linguística.
• Para Labov ([1972]2008), a única maneira de
obtermos esses dados em quantidade suficiente
é através da entrevista individual, gravada.
→ Comente, em linhas gerais, cada uma destas
etapas: (uma por equipe)
Algumas etapas da pesquisa (caps. 5 e 6):
• Seleção dos informantes;
• Metodologia de coleta de dados;
• Transcrições.
1. Seleção dos informantes:
• Para neutralizar a interferência de falares de
outras comunidades:
 Lugar onde o falante nasceu ou aonde ele foi
morar com, no máximo, cinco anos de idade;
 Origem de seus pais ou de seus cuidadores;
 Se ele nunca se ausentou desse lugar por um
período superior a dois anos consecutivos;
 Se ele mantém residência fixa nesse lugar.
• Tamanho e estratificação da amostra:
 Ex.: O NORPOFOR é composto por 198
informantes estratificados de acordo com o sexo
(masculino e feminino), a faixa etária (I-15 a 25
anos; II-26 a 49 anos; e III-a partir dos 50 anos),
a escolaridade (A-0 a 4 anos; B-5 a 8 anos; e
C-9 a 11 anos) e o tipo de registro (Diálogo entre
Informante e Documentador-DID; Diálogo entre
dois Documentadores-D2; e Elocução Formal-
EF).
2. Metodologia de coleta de dados:
• Para fazer as entrevistas sociolinguísticas:
 Marcar um dia, horário e local mais conveniente ao
entrevistado;
 Antes do início da gravação, o documentador pode
preencher uma ficha para descrever as
características socioeconômicas do informante, com o
objetivo de verificar a adequação deste aos critérios
exigidos e para facilitar o início da entrevista;
 Inicialmente, é importante que o entrevistado não
saiba que a sua fala é que será objeto de estudo, pois
isso poderá intimidá-los e até mesmo monitorar o seu
discurso (obstáculo já imposto pelo gravador);
 Ressaltar que a identidade do falante será mantida
em sigilo.
• Perguntas curtas e claras, com a finalidade de
fazer com que o entrevistado fale o máximo
possível;
• Elas podem ser feitas no decorrer da entrevista.
• Os relatos de assuntos que mais interessem ao
entrevistado podem ser bastante explorados
pelo documentador, fazendo com que o
informante acabe esquecendo que sua fala está
sendo gravada e se sinta mais à vontade:
 Ex.: p. (25) (Tarallo).
Outras formas de coletar os dados:
• D2:
 Gravação de diálogos produzidos entre dois
informantes (D2), também monitorados, só que
mais à distância, pelo pesquisador;
 São feitos entre duas pessoas que já se
conhecem e possuem certo grau de intimidade,
possuem faixa etária e níveis de escolaridade
semelhantes, fatos que eliminam boa parte do
monitoramento na fala delas.
• EF:
 Em ambientes mais formais, como palestras,
aulas, pregações.
3. As transcrições:
• Objetivo básico: transpor o discurso falado da
forma mais fiel possível, para registros gráficos
mais permanentes, necessidade que decorre do
fato de que não conseguimos estudar o oral
através do próprio oral. (PAIVA, 2003, p. 136)
• Exigem, além de muito tempo, uma série de
decisões do pesquisador.
• “Qualquer sistema de transcrição só pode ser
definido em função dos seus objetivos e das
suas finalidades.” (PAIVA, 2003, p. 137)
4 e 5. Envelope de variação e levantamento de questões e
hipóteses:
• Propriedades recomendadas por Labov (2008 [1972], p.
26) para selecionar uma variável linguística que sirva de
foco para o estudo de uma comunidade de fala:
a) Buscar um item que seja frequente, em especial durante
uma conversação natural espontânea, mesmo em uma
entrevista curta;
b) Esse item deve ser estrutural, ou seja, ele deve estar
integrado num sistema mais amplo de unidades
funcionais;
c) A distribuição do traço deve ser altamente estratificada,
isto é, as investigações preliminares devem sugerir uma
distribuição assimétrica em várias faixas etárias ou em
variados estratos ordenados da sociedade.
• Envelope de variação: descrição detalhada das
variantes.
Ex.:
Variável dependente: a realização variável da
fricativa /v/:
a) Manutenção [v] b) Glotalização [h]

Variáveis independentes: /v/ início e /v/ intervocálico


Linguísticas:
a) Contexto fonológico precedente. Ex: [a] – na /v/ida,
chega/v/a; Consoante – às /v/eiz∅, sir/v/iço.
b) Contexto fonológico subsequente. Ex.: [ɔ] – /v/olta,
de/v/óve.
c) Tipo de sílaba. Ex: Travada – la/v/ei; Não-travada –
/v/ida.
d) Tonicidade. Ex.: Tônica – /v/amo; Pretônica – e/v/itá; Postônica
– leva/v/a.
e) Status morfológico do segmento. Ex: Morfema lexical – la/v/á;
Morfema gramatical – gosta/v/a.
f) Dimensão do vocábulo. Ex: Monossílabo – /v/ai; Dissílabo –
ti/v/é; Trissílabo ou maior – /v/iolência.
g) Classes de palavras. Ex.: Nomes – cutu/v/elo; Verbos – /v/ô;
Outros – /v/ixe, A/v/e Maria.
h) Grupo fônico. Ex.: Palavras com /ava/ (verbos e não-verbos) –
pega/v/a, ca/v/alo; Palavras sem /ava/ (verbos e não-verbos) –
ti/v/esse, cutu/v/elo.
i) Frequência de uso do segmento. Ex.: Termo extremamente
usual – /v/ai, ta/v/a; Termo muito usual – /v/ê, no/v/o; Termo
usual – /v/iu, chega/v/a; Termo pouco usual – /v/iolência,
no/v/ela; Termo pouquíssimo usual – /v/inho; chu/v/a.
Extralinguísticas:
a) Gênero/Sexo: Masculino e Feminino.
b) Faixa etária: 15-25, 26-49, 50 anos ou mais.
c) Escolaridade: 0-4 e 9-11 anos.
d) Monitoramento estilístico: DID e D2.
6. Codificação de dados e análise estatística:
• Cada um dos fatores deve ser codificado com
símbolos diferentes em cada grupo. Ex.:
 Gênero: masculino (H), feminino (F); faixa etária:
15-25 anos (J), 26-49 anos (A), mais de 50 anos
(I);
 Anos de escolarização: 0 a 4 anos (P) e 9 a 11
anos (M).
• Depois disso, os dados devem ser submetidos
ao programa de análise estatística (Goldvarb X).
• Versão do Goldvarb X:
• Elaborada por Sankoff, Tagliamonte e Smith
(2005).
• Esse programa fornece o número de
ocorrências das variantes analisadas para cada
fator, o percentual de aplicação da regra e o
peso relativo (P.R.).
• P.R.: “o efeito [...] pode ser neutro (0,50),
favorecedor (acima de 0,50) ou desfavorecedor
(abaixo de 0,50) em relação à aplicação da
regra em estudo.” (GUY; ZILLES).
• Vídeo: Série do Jornal Hoje aborda a língua
portuguesa coloquial falada nas ruas:
“A Língua Que A Gente Fala” (2015):
http://g1.globo.com/jornal-
hoje/noticia/2015/03/serie-do-jornal-hoje-fala-
sobre-lingua-coloquial-falada-nas-ruas.html

Você também pode gostar