A Igreja e A Pos Modernidade

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                                             A IGREJA NA PÓS-MODERNIDADE

Esta monografia é dedicada com muito amor e carinho à minha amada esposa Janice, que
sempre me apoiou e incentivou a estudar. Minha linda filha Camily, meus pais e todos os
discípulos da Igreja Batista Paz e Vida.

AGRADECIMENTOS
Quero primeiramente agradecer a Deus por ter me abençoado abrindo as portas para estudar e
por colocar pessoas em meu caminho que muito me ajudaram: à minha irmã Margarete que
durante certo período de tempo investiu em meu ministério. Agradeço à FATES onde fiz dois
anos de meu curso de bacharel em teologia. Agradeço ao STEB onde concluí o curso.
Agradeço em geral a todas as pessoas que oraram por mim, que sempre acreditaram no meu
chamado e apoiaram o meu ministério.

RESUMO
O presente trabalho “Igreja na pós-modernidade” visa mostrar ao leitor os perigos que rondam
as igrejas evangélicas do Brasil na atualidade. Mostra também as oportunidades que a pós-
modernidade oferece para a pregação do evangelho. No decorrer da monografia muitas
questões são levantadas, por exemplo: Como a Igreja pode ser relevante no mundo pós-
moderno, sem cair numa espécie de secularismo? A Igreja tem alguma resposta ao homem
pós-moderno? Quais são os desafios que a igreja tem de enfrentar nesse inicio de século?
Como criar um ambiente acolhedor e interessante para os jovens sem perder a essência do
evangelho? Qual deve ser a conduta do pastor diante dos novos desafios? Estas são
perguntas que o autor procura responder no desenvolvimento do trabalho. Ele usa uma
linguagem clara, simples e direta sem muitos rodeios, sempre procurando caminhar de forma
objetiva. O autor não se reserva apenas a criticar a mentalidade do mundo pós-moderno, bem
como a criticar a acomodação da igreja a esta nova maneira de pensar. Mas ele mostra
soluções para a igreja ser triunfante. Certamente que esse estudo pode ser um bom guia para
se formar um fórum de debate entre acadêmicos de teologia e professores, entre pastores e
líderes e entre os membros da igreja de forma geral, pois o assunto abordado nesse trabalho
ganha importância à medida que o tempo vai passando. 

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................10
2. O CIDADÃO PÓS-MODERNO...............................................................12
2.1. A mentalidade do cidadão pós-moderno...............................................13
2.2. Características do pós-modernismo que mais nos afetam...................15
3. DESAFIOS DA IGREJA NA PÓS-MODERNIDADE...............................19
3.1. Como pregar o evangelho numa sociedade pós-moderna?.................20
3.2. Igreja moderna: o desafio das crises ....................................................21
4. SOLUÇÕES PARA A IGREJA NA PÓS-MODERNIDADE.....................26
5. CONCLUSÃO.........................................................................................35
6. REFERÊNCIAS......................................................................................37
1. INTRODUÇÃO
Como a Igreja pode ser relevante no mundo pós-moderno sem cair numa espécie de
secularismo? Qual deve se a postura adotada pela nova geração de pastores que estão se
levantando? A Igreja tem alguma resposta ao homem pós-moderno? A resposta para estas
perguntas não são simples de serem respondidas. Há muitas questões em jogo. São vários os
desafios a serem enfrentados. 
Os objetivos no desenvolvimento do tema é identificar quais são esses desafios, as crises
geradas na cabeça dos cristãos, e as complexidades do homem pós-moderno. No
desenvolvimento também se procura apontar as possíveis soluções para a igreja ser saudável
em um mundo que está cada vez mais distante do criador.
O capítulo um trata das dificuldades que a igreja sempre enfrentou até chegar à era pós-
moderna, a nova mentalidade que esta se formando principalmente na cabeça dos mais jovens
e como somos afetados por esta nova maneira de pensar.
O capítulo dois aponta os desafios que os crentes têm de enfrentar para não se corromper
frente às muitas dificuldades diante de si. Como pregar o evangelho para uma sociedade cada
vez mais fechada? Também procura mostrar as várias crises que isto tem gerado no seio
familiar, na sociedade e até mesmo dentro da igreja.
O terceiro e último capítulo faz alguns apontamentos de possíveis soluções para a igreja
penetrar na vida cada vez mais privada do cidadão pós-moderno. Mostra igualmente a postura
que os lideres das igrejas precisam ter diante dos vários modismos lançados e ditados pela
mídia.
A razão de se fazer uma monografia sobre a igreja na pós-modernidade é por se tratar de um
assunto de suma importância primeiramente para os pastores e líderes. O pastor evangélico
sente na pele diariamente o desafio de pastorear na pós-modernidade. Sabe também de perto
o que é lidar com o homem pós–moderno e suas complexidades. Em segundo lugar, a razão
deste trabalho é porque ele se justifica por tratar-se de um tema da atualidade com grande
relevância para os evangélicos de modo geral e até mesmo pessoas de outros grupos
religiosos. O mundo vive um momento de grandes transformações e a igreja precisa estudá-lo
para entendê-lo. Daí a importância desse estudo.

2. O CIDADÃO PÓS-MODERNO

A igreja do Senhor Jesus desde a sua fundação no século I até a atualidade vem enfrentando
muitos desafios para sobreviver. Em determinados momentos, parecia que ela seria esmagada
pelo adversário de tão grande que eram as dificuldades. 
No século primeiro, por exemplo, os cristãos eram perseguidos, presos e muitos foram mortos.
Tiago, um dos apóstolos da igreja, morreu ao fio da espada. Estevão, um dos sete diáconos, foi
apedrejado sem misericórdia alguma. Pedro, Paulo e tantos outros cristãos foram mártires. Ser
crente nunca foi uma tarefa muito fácil. 
O próprio Jesus, nunca prometeu que as coisas seriam fáceis. “Tenho-vos dito isto, para que
em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo
16.33).
Ele disse também que seriamos perseguidos, injuriados por causa do seu nome. “Bem-
aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal
contra vós por minha causa” (Mt 5.11).
É verdade que a igreja nunca teve sossego e ninguém deve se iludir pensando que é possível
viver o céu aqui na terra. O descanso da igreja será apenas quando chegar ao céu. Aqui na
terra a igreja esta ainda militando, batalhando, lutando. Mas ninguém precisa desanimar. O
Senhor disse: “edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt
16. 18).
Talvez o primeiro século tenha sido a época de maior tribulação que a igreja já enfrentou. No
entanto, uma coisa é certa e todos concordam, foi a melhor fase da igreja espiritualmente. As
pessoas viviam a fé no Cristo ressurreto intensamente, mesmo sendo ameaçados pela prisão e
até mesmo pela morte não retrocederam. É impressionante o nível de unção derramado sobre
aquele povo. Eles com alegria buscavam o Senhor de todo coração, tinham comunhão uns
com os outros e falavam e mostravam o amor de Deus por onde passava (At 2.46).
No século XX, já na era moderna, a civilização teve muitos progressos, principalmente no
ocidente. Mas com o progresso, a tecnologia e a informatização, vieram também novos
problemas. No campo religioso, a igreja teve de enfrentar o racionalismo, o materialismo e uma
crescente onda de ateísmo. Isto obrigou a igreja a rever a sua apologética diante de novos
obstáculos. Hoje, olhando para trás, vemos que aquelas dificuldades já não representam
maiores perigos, podemos dizer seguramente que são desafios ultrapassados (GAMA FILHO,
2004, p. 34).
Porém foi no final do século XX que se iniciou uma nova era, como destaca Coelho Filho: 
Em 1989 o mundo foi sacudido de maneira como poucas vezes o fora anteriormente. Caiu o
muro de Berlim. Poucas pessoas entenderam que não era apenas um evento, mas uma nova
era na história da humanidade (2002, p. 12).

Há algumas controvérsias quanto ao comentário citado acima. Alguns pensam que a pós-
modernidade iniciou bem antes da queda do muro de Berlim. A questão maior é que todos os
pensadores concordam no fato de que estamos na pós-modernidade. 

2.1 A mentalidade do cidadão pós-moderno


Necessitamos saber agora como o mundo pensa e qual é a sua perspectiva de vida, para
poder comunicar o evangelho de modo eficiente. A mensagem nunca muda, ela é a mesma. O
apostolo Paulo disse que quem apresentar outro evangelho além do que ele apresentou seja
maldito (Gl 1.8,9). Isso não significa que os métodos tenham que ser os mesmos de sempre.
Método é algo flexivo, ele muda de acordo com o tempo, cultura e de acordo com as pessoas
que a igreja queira alcançar. O próprio Jesus se contextualizou com a cultura das pessoas para
se comunicar eficientemente. Quando ele falava com pescadores usava uma linguagem
comum aos pescadores, usando figuras de linguagem relacionadas ao peixe, às redes e ao
mar. Quando estava com agricultores falava em sementes, campos prontos para a ceifa, arado,
etc. Também sabia falar no nível dos mestres e doutores, como no caso de Nicodemos que era
considerado príncipe em Israel. Para cada tipo de pessoa Jesus sabia entrar e sair. Esta foi a
razão do seu sucesso entre as pessoas, principalmente entre as mais pobres e humildes. 
Jesus não é apenas o salvador que morreu na cruz por nossos pecados. Ele é também
exemplo, modelo e padrão de vida a seguir e os pregadores da atualidade precisam seguir o
exemplo de Jesus, estudando as pessoas para comunicar a mensagem da cruz com eficiência.
Porque querendo aceitar ou não, vivemos em um mundo novo, um mundo pós-moderno e com
ele o desafio de entender suas mudanças e como essas mudanças influenciam as pessoas no
seu modo de pensar, sentir e agir. Cabe à igreja compreender estas mudanças para que ela
possa assim contextualizar o seu modo de levar a mensagem de Deus.
Pós-modernidade não é apenas mais um modismo. É uma atitude cultural assumida por um
grupo cada vez maior de pessoas, nas mais diversas áreas da vida humana. É uma mudança
de hábitos que está a sepultar aquilo que conhecemos e praticamos. Um conjunto novo de
valores na música, na literatura, na arte, nos filmes, nas novelas, no modo de vestir e no trato
com as pessoas. Portanto, pós-modernismo é o nome aplicado às mudanças ocorridas nas
ciências, nas artes e nas sociedades avançadas (COELHO FILHO).
Já o pastor Alberto Pereira define a pós-modernidade da seguinte maneira:
Pós-modernidade é uma atitude intelectual que se expressa numa série de procedimentos
culturais que recusa os ideais, crítica ao modernismo e aos princípios e valores que constituem
o suporte da cultura ocidental moderna. É uma época que está emergindo, substituindo aquela
em que estamos inseridos, moldando cada vez mais a nossa sociedade (2004, p. 1).
As mudanças que vem ocorrendo na sociedade é algo completamente novo. O mundo tem se
afastado cada vez mais de Deus. O pecado tem se espalhado e multiplicado de maneira
avassaladora. No entanto, para o apostolo Paulo não era nenhuma novidade. O texto profético
de Paulo em (2Timóteo 3:1-5) revela o perfil dos homens dos últimos dias e este perfil se
encaixa perfeitamente no homem pós-moderno, vejamos: 
Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens
amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e
mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes,
cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos
deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela.
Destes afasta-te. 
É assombroso, mas temos de admitir que esse seja o tempo que se refere o texto sagrado
escrito pelo apostolo Paulo, pois as pessoas da nossa época atual têm o mesmo perfil das
pessoas citadas no texto bíblico acima. Isto faz com que a responsabilidade da nova geração
de pregadores frente ao mundo aumente mais ainda. A igreja não pode perder tempo e nem
recursos com coisas que não farão a diferença no Reino de Deus. É preciso investir o máximo
de esforço no trabalho de evangelização, porque Jesus está voltando, os sinais estão se
cumprindo e cada dia é precioso.
Júlio Paulo Tavares Zabatiero escreveu um artigo referindo-se à geração pós-moderna com o
título: A vida não refletida, apenas sentida. Ele acredita apropriadamente que uma das
características fundamentais da chamada pós-modernidade é o abandono da reflexão crítica
racional. Reconhecendo a incapacidade de a razão resolver todos os problemas humanos, as
pessoas que aderem ao novo modo de ser pós-moderno preferem levar a vida a partir dos
Sentimentos e desejos e não da reflexão, ou, em linguagem bíblica, do discernimento. Sentir é
mais importante do que saber, e, sentir-se bem é o que realmente importa para o indivíduo pós-
moderno.

2.2. Características do pós-modernismo que mais nos afetam


Uma das características do pós-modernismo que mais nos afetam é o colapso das crenças.
Não há um conjunto de valores. O que se faz é desmantelar as regras e as estruturas. Cada
um acredita no que quer. Não importa se é certo ou errado. Se verdade ou mentira. Se moral
ou imoral. É o que eu penso. Quem se importa? O que os outros têm a ver com isso? É como
diz um refrão de uma música de funk, cada um no seu quadrado. Cada um faz a sua própria
regra, tem a sua própria verdade, diz o que é o seu certo ou o errado e não aceita que ninguém
dê opinião na sua vida. Afinal de contas, “se conselho fosse bom, ninguém daria, venderia”. 
Outra característica é a busca de novidades exóticas. Normalmente as novidades são contra o
estabelecido. Veja como a mídia cria mitos, cria conceitos, projeta sempre o que é contra o
estabelecido. Esta atitude surge, por causa das duas características seguintes: estilo de vida
individualista e falta de cosmovisão.
Um estilo de vida individualista, hedonista (doutrina filosófica que faz do prazer objeto de vida)
e narcisista (pessoa que pratica culto da sua própria pessoa). Os jovens de hoje são
individualistas, embora vivendo em "tribos". Não se espera deles patriotismo. São hedonistas,
vivendo em função do prazer, não necessariamente sexual, mas a busca do que lhes é
agradável. São narcisistas, no sentido de olharem mais para si que para o mundo. Isto não é
uma prerrogativa exclusiva deles, mas de toda a cultura pós-moderna. O social e o outro são
irrelevantes. O que vale é o próprio indivíduo.
Outra característica do pós-modernismo que mais nos afeta é a falta de uma cosmovisão. O
pós-moderno não tem uma cosmovisão nem mesmo posturas coerentes. É a pessoa que nega
a existência de Deus, mas que crê em energia vinda de um cristal. Que nega a historicidade de
Jesus, mas acredita em duendes. "Nenhuma certeza pode ser imposta a ninguém", diz o pós-
moderno (COELHO FILHO, 2002, p. 12).
O quadro abaixo dá uma visão geral das características do homem pós-moderno. 
Verdade Relativa e não absoluta
Instituições Falharam em promover um mundo melhor
Autoridade Sinônimo de opressão - crise de liderança
Valores Não há padrão de certo e errado - troca do ético pelo estético
Viver Individualista, hedonista, narcisista e secularizado
Religião Menos dogmática e mais experimental e pragmática
Ideologia Plural – todas têm suas verdades
Passatempo Buscar o novo 
Bênção É um produto conquistado
Pecado Não existe - não se sinta culpado liberte-se da culpa
Existência Preciso pertencer a algum grupo - as tribos urbanas
Princípios Devem ser politicamente corretos
Realidade È o que percebemos e o que sentimos
Progresso De maneira sustentável - forte apelo ecológico
Espiritualidade Mística e esotérica
In: PEREIRA, 2009
A descrença nas instituições e nas figuras de autoridade é mais uma característica do pó-
modernismo. As instituições sociais falharam em seu propósito de prover um mundo melhor.
Os governos, a família, a escola, todos eles falharam. O jovem não crê na declaração
romântica do educador de que está formando mente e educando para o futuro. Não vê o
professor encarar a profissão como uma vocação, mas como um ganha-pão somente. Não vê a
escola como um lugar agradável nem crê no seu discurso de que estudando a pessoa pode ter
oportunidades (AMORESE, 1998; p. 89).
A descrença nas instituições e nas figuras de autoridade acarretou no desenvolvimento trágico
de uma característica que tem trazido muito sofrimento para os jovens da atualidade: é o seu
espírito de rebeldia. John Stott (2003, p. 79), escritor inglês, em seu livro Eu creio na pregação,
nos relata:
Raras vezes, ou talvez nunca, na sua longa história, o mundo tem testemunhado semelhante
revolta autoconsciente contra a autoridade. Não é que o fenômeno do protesto e da rebelião
seja novidade. Rm 8.7., mas o que parece ser novidade hoje é tanto a escala mundial dessa
revolta, quanto os argumentos filosóficos com os quais essa é reforçada. Não pode haver
dúvida de que o século xx foi envolvido numa revolução global, condensadas nas duas guerras
mundiais. A velha ordem esta cedendo à nova ordem mundial. Todas as autoridades aceitas
(família, escola, universidade, estado, igreja, Bíblia, papa e Deus) estão sendo questionadas.
Certamente o que Sttot disse acima é verdadeiro e constitui um dos maiores desafios que a
igreja precisa vencer. Além de tudo, se quisermos alcançar o homem pós-moderno
precisaremos entendê-lo. Com a decepção da modernidade e a morte da razão o homem saiu
em busca de novos paradigmas buscando significado para a sua vida. 
No próximo capítulo veremos melhor as dificuldades e os desafios que a igreja precisa
enfrentar para alcançar o homem pós-moderno com o evangelho de salvação do Senhor Jesus.

3. DESAFIOS DA IGREJA NA PÓS-MODERNIDADE


A pregação do evangelho nunca foi tarefa fácil em nenhuma época, e, cada geração de
discípulos é responsável por conquistar sua própria geração. O tempo passa e as pessoas
mudam. Cada geração deve analisar e perceber quais são as barreiras que estão impedindo o
evangelho de avançar e alcançar as pessoas.
No meio evangélico há três tipos básicos de igrejas: primeiro a histórica, entre elas batistas,
presbiterianas, metodista, congregacionais e outras. O segundo grupo é formado pelos
pentecostais que são as Assembléias de Deus, Deus é Amor, Brasil para Cristo, Quadrangular,
etc. Já o terceiro grupo é o mais recente, chamado de neopentecostal, suas igrejas principais
são a Universal do reino de Deus, a Internacional da Graça e a Igreja Mundial do Poder de
Deus.
Os históricos e os pentecostais se divergem em muitos assuntos, mas são unânimes para
criticar os neopentecostais. Alguns crentes das igrejas chamadas históricas ou conhecidas
mais popularmente de tradicionais chegam a dizer que as igrejas neopentecostais não são
evangélicas, mas seitas heréticas.
Alguém pode argumentar que de fato existem algumas coisas em uma ou outra igreja
neopentecostal que são estranhas. Mas ninguém pode negar que justamente os
neopentecostais estão “acertando na mosca” quando a questão é alcançar as massas. É bem
verdade que são grupos que fazem bastante uso do pragmatismo, ou seja, pregam o que as
pessoas querem ouvir, mas seus objetivos são alcançados e os templos estão quase sempre
lotados. 
Outros pontos positivos dos neopentecostais é o seu sistema de governo centralizado. Isto faz
com que os esforços e os recursos da igreja sejam concentrados nos objetivos traçados por
seus líderes. Isto facilita muito realizar investimentos em propagandas, quase sempre usando a
figura do líder da igreja. O uso maciço da mídia faz com que o pastor da igreja possa entrar na
casa do indivíduo, quebrando uma barreira que talvez de outra maneira não fosse possível
quebrar. Nessa questão os neopentecostais estão de parabéns, ninguém pode negar sua
eficiência no uso da mídia.

3.1. Como pregar o evangelho numa sociedade pós-moderna?


Um dos desafios da igreja hoje é penetrar na vida das pessoas. Porque o cidadão moderno não
consegue e não deseja abrir mão de seu conforto privado. Não deseja abrir mão de sua forma
de pensar e de agir. Isso seria abrir mão de sua privacidade. O individualismo faz com que hoje
em dia não haja sansões para as leis morais. Já descriminalizaram o adultério, querem
descriminalizar o aborto, legalizar o casamento homossexual. Palavrão já não choca ninguém;
os incomodados que se mudem. Por quê? Porque valores morais são coisas privadas e
ninguém tem nada que ver com isso, “contanto que eu fique dentro do meu quadrado”.
Os dois maiores desafios da modernidade, portanto, são o individualismo e a desmoralização
de nossa sociedade. Sem falar do relativismo, a visão de que não há ponto de referência fixo
pelo qual a moralidade possa ser julgada. Todas as culturas e, em última instância, todos os
estilos de vida, têm suas particularidades e em grande parte, muito além de qualquer avaliação.
(LUTZER, 2007, p. 36). Essa é uma tendência que vem crescendo e tomando forma na
sociedade nesse início do século XXI. 
Já os métodos utilizados para evangelizar nos anos 70 e 80 não dão muitos resultados hoje em
dia. Na verdade precisamos rever completamente nossos métodos e nos adequar para sermos
mais eficientes na evangelização. A opinião de Isaltino Coelho Filho (2002, p. 11) é bem válida
nessa questão: 
Não podemos esquecer que temos valores eternos como cristãos que somos. Há valores
temporários, locais e mutáveis. Há valores inegociáveis. O pregador e o pastor necessitam ter
uma cosmovisão cristã completa, saber de sua fé e de seus valores e vivê-los. Muitos pastores
não têm uma visão global do mundo, e, o que é pior, muitos não tem sequer uma visão global
de sua fé, sabendo encaixar o mundo nela, analisando o mundo por ela. Sua fé é de pequenos
credos, sem uma visão ampla do evangelho. Isto é trágico para um pastor. Sem uma visão
global do evangelho fica difícil analisar o mundo. 
Mas infelizmente, é esta a realidade de boa parte de nossos pastores. Há uma crise nos
púlpitos evangélicos. Em alguns pastores falta caráter, base sólida familiar, senso crítico,
conhecimento bíblico/teológico e conhecimento filosófico. Por outro lado, alguns que têm estas
coisas não têm unção, poder, amor pelas pessoas, piedade, vida de oração.
Na opinião do Bispo Robinson Cavalcanti o grande desafio teológico e pastoral da pós-
modernidade é que passamos a viver uma era de incertezas. As pessoas perderam suas
convicções. Não há mais paradigma seguro do que é certo ou errado. Infelizmente cada um
tem a sua própria verdade. Tudo isto leva as pessoas a viverem em meio a muitas incertezas.
É por esta razão que é necessário levantar a voz profética na igreja. 
Deus levantou João Batista como profeta em Israel depois de aproximadamente quatrocentos
anos de silêncio profético. Foi uma época muito difícil em Israel. Roma tinha o domínio e o
povo vivia oprimido pelos romanos aguardando a vinda do Messias libertador. Surgiu então
uma voz que ecoou do deserto. João batista, o profeta, levanta a sua voz profética com uma
dura mensagem de arrependimento. “Apareceu João batizando no deserto, e pregando o
batismo de arrependimento, para remissão dos pecados” (Mc 1.4).
Segundo José Luiz Martins Carvalho, a influência dos perigos e desafios da pós-modernidade
pode ser vislumbrada facilmente na vida da Igreja. Muitas igrejas evangélicas, consciente ou
inconscientemente, têm até mesmo adotado modelos eclesiásticos e pastorais que carregam
em si a marca clara do mundo pós-moderno.

3.2. Igreja moderna: o desafio das crises 


A primeira crise que vamos considerar é a crise moral. Uma das causas do enfraquecimento
dos valores morais tradicionais é o processo de fragmentação da consciência do homem
moderno. Não há um conjunto de valores em que ele se baseie (MACARTHUR, 1998, p. 221).
A crise moral de nosso tempo se manifesta de forma ambígua. Por um lado, aqueles valores
aprendidos dos nossos avós ainda estão lá, porque nunca foi negados explicitamente e
certamente nunca o serão; por outro lado, eles não têm mais forças sobre as pessoas. Por
exemplo, uma jovem de nosso tempo é capaz de verbalizar em um programa de auditório que
abomina uma “cantada” grosseira ou a abordagem indecorosa do chefe. No entanto, ela se
veste e se porta de tal forma que indica por todas as hermenêuticas da linguagem não verbal
que deseja ser abordada e conquistada (LUTZER, 2007, p. 37).
Ainda se requer das pessoas, na vida prática, no dia a dia, por exemplo, que sejam
verdadeiras, que digam a verdade. Ninguém gosta de ser enganado nem que lhe mintam. Mas
repare que uma pessoa verdadeira, isto é, que sempre diz a verdade, que nunca mente, não é
incentivada, encorajada, elogiada. Não há um consenso prático sobre esse valor. (AMORESE,
1998, p. 119)
A segunda crise é a crise intelectual. No que diz respeito à igreja, a crise intelectual resulta na
desvalorização de se formar pessoas que pensam. Não há interesse nas pessoas pelo estudo
bíblico. Elas não querem pensar, querem sentir. Não querem buscar, porque buscar dá
trabalho, querem receber. Se me sinto bem numa igreja fico nela. Se me sinto bem com a
pregação, esse “pregador é de Deus”, se não senti nada, então Deus não esta aqui. 
O homem pós-moderno tem preguiça de pensar. É por essa razão que estamos perdendo o
senso crítico. Aceitamos ideologias, filosofias e novos conceitos sem fazer a menor análise.
Sem ao menos parar e pensar. É por essa razão que os cursos nas áreas de ciências humanas
nas faculdades estão sendo cada vez menos procurados. É por causa disso que os alunos das
escolas públicas e privadas preferem apenas “passar um olho” numa apostila bem condensada
ao estudar um livro. É mais fácil decorar o questionário do que realmente aprender.
A terceira crise é a Crise de caráter. Onde há crise moral certamente também haverá uma crise
de caráter. A moralidade humana é a base de um bom caráter. Talvez este seja o maior desafio
da igreja na pós-modernidade: levar as pessoas a serem transformadas pelo poder de Deus no
seu caráter. A igreja é um instrumento de Deus para transformar pessoas egoístas, avarentas,
amantes de si mesma em autênticos adoradores do Deus vivo. Quanto a este assunto há ainda
um problema que criamos. Rubens Amorese (ano 1998, p. 125) relata muito bem:
A conseqüência imediata para a igreja se dá via cavalo de tróia. Trazemos o inimigo para
dentro de casa. Para adaptar nossa mensagem, nosso discurso interno, nossa liturgia, nossa
celebração, enfim, a essa nova realidade, criamos um cristo que salva mas não transforma;
que tem poder, mas não convence. Que convence, mas não converte. Anunciamos um
evangelho que propõe, mas não confronta (politicamente correto). 
Esta é a infeliz realidade da maioria das igrejas brasileiras. Isto vem acontecendo cada vez
com maior freqüência porque a igreja vem perdendo a unção. Raramente se ouve dos púlpitos
mensagens condenando o pecado, falando de arrependimento e da necessidade de confissão.
Falta como já foi dito anteriormente a “voz profética”. As mensagens que descem dos púlpitos
já não estão mais tão ungidas, porque os discursos estão carregados de teor psicológicos em
vez de serem ungidas pelo Espírito Santo.
Podemos considerar também como aspectos da crise, a Crise da graça e cultura de mercado.
A cultura da graça nos diz que recebemos o que não merecíamos. Por isso, damos graça.
Nosso coração se enche de gratidão por havermos recebido algo que absolutamente jamais
poderíamos exigir nem reivindicar. A cultura do mercado diz que ainda não recebemos tudo o
que merecíamos. Devemos exigir sempre mais pelo que pagamos. Afinal, você merece.
A propaganda vem e lhe ensina que o melhor motivo para comprar aquele produto caro é você
mesmo. Afinal, se você não acha que merece o melhor, quem lhe dará o devido valor? Além
disso, como conseqüência, você passa a ser avaliado pelo que tem. Na cultura de mercado,
ninguém presta atenção em alguém com o carrinho vazio no supermercado. Mas se o seu
carrinho estiver cheio de produtos caros, terá seu momento de glória, mesmo que não passe
pelo caixa e saia de fininho, quando ninguém estiver vendo. Há pessoas que moram mal,
comem mal em casa e possuem carros luxuosos porque querem a admiração e o aplauso das
pessoas, mesmo que para alcançar tal objetivo contraiam muitas dívidas. 
As pessoas não te valorizam pelo que você é, mas por aquilo que você tem. Isto significa que
os menos favorecidos serão cada vez menos valorizados e cada vez mais esquecidos.
A igreja e os seculares meios de comunicação de massa não têm um relacionamento muito
amistoso. O item ‘ibope’ é um fator problematizado. A lógica do mercado sobre a arte, a moral
ou a religião produz o “efeito ibope”. Só existem, só tem validade, só são dignas de
consideração, se “dão ibope”, ou seja, se há quem as consuma. Por exemplo: uma música
bonita para um adolescente passa a ser aquela que todo mundo está cantando. Não importa se
fala de suicídio, se vai mandar todo mundo para o inferno, se manda “segurar o tcham” ou se
vai “testar o sexo de uma garota com ar de professor”. A atitude mais correta, mais nobre,
diante de uma dada situação não é mais aquela recebida da herança cultural, mas o que todo
mundo faz (ou a que todo mundo diz que faz; ou melhor, ainda, que a mídia diz que todo
mundo faz).
É impressionante como a mídia manipula a opinião das pessoas, fazendo assim surgir em cena
uma nova personagem, uma entidade moderna, chamada “opinião pública”. Personagem
criada pela mídia e controlada por ela, a opinião pública, na maioria das vezes não tem opinião
nem é pública. Mas, por meio de algumas entrevistas, a mídia é capaz de criar uma impressão
de consenso sobre o que desejar. Daí, ter-se tornado no que se convencionou chamar de
“quarto poder do Estado”. Esse poder tenta, hoje em dia, assumir o controle sobre os demais,
elegendo pessoas nos outros três poderes, por meio da manipulação da opinião pública
(AMORESE, 1998, p. 162; 164).
Individualmente, o cristão deve desenvolver sua capacidade crítica em relação aos meios de
comunicação. Deve se perguntar se poderia ler esta revista, ver este filme, assistir a esta
novela em companhia de Jesus? Deve se perguntar se o Espírito Santo o acompanha em sua
programação de lazer, qualquer que seja. 
A ausência desse senso crítico é o que enfraquece o cristão diante das tentações. Ele precisa
fazer um esforço consciente para viver uma vida agradável a Deus. 
Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede
conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso
entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus
(Rm 12.1,2).
A Bíblia diz que o reino de Deus é tomado à força (Lc 16.16). Portanto, para não ser engolido
pelo invertido sistema de valores do mundo é necessário um grande esforço mental e
emocional no sentido de nunca aceitar qualquer coisa passivamente. Antes de qualquer
decisão é preciso pensar com cuidado, buscando enxergar com clareza. A melhor maneira de
fazer isso é analisar tudo sempre à luz da Palavra de Deus. A Palavra é luz que ilumina o
nosso caminho nas trevas (Sl 119. 115). O cristão que quer viver para o agrado de Deus
precisa guardar essa palavra em seu coração, ter a Bíblia como seu manual de vida e prática,
ou ele será engolido pelo sistema que conspira contra Deus e seu povo. (CAIRNS, 1995, pag.
185)

4. SOLUÇÕES PARA A IGREJA NA PÓS-MODERNIDADE


Vimos nos capítulos anteriores que o homem pós-moderno e suas vertentes representam um
grande desafio para a igreja contemporânea. São muitas as crises alistadas. Às vezes somos
tentados a imaginar que essas coisas todas nada têm que ver com a igreja. Mas o nosso alerta
é exatamente no sentido contrário. Aos poucos, vamos incorporando essa ou aquela atitude
sem perceber. Tornamo-nos cínicos, para podermos sobreviver; consentimos, por falta de
diálogo ou medo de magoar nossos jovens e perder importante fatia no mercado evangélico
(AMORESE, 1998, p. 170).
A intenção desse capítulo não é oferecer soluções finalizadas para a igreja ser uma maravilha.
A proposta é apresentar algumas sugestões para melhorar a situação da igreja brasileira. São
idéias para se pensar um pouco, refletir, meditar. Sabemos, no entanto, que não podemos ser
apenas seres pensantes e contemplativos, assim, é preciso ação e esforço, muito esforço, no
sentido de procurar viver no centro da vontade de Deus (LUTZER, 2007, p. 58).
Em relação aos nossos cultos dominicais, o problema é que ninguém conversa com ninguém a
respeito de si próprio, a não ser para contar vantagens. Há igrejas que seus cultos mais
parecem desfiles de moda. E o que mais se fala quando chegam a casa é quem estava mais
bem vestido, em vez de falarem como foi abençoado o culto. 
Uma boa sugestão para resolver esse problema é a realização de reuniões nos lares. Não para
estudos bíblicos, nos quais uma pessoa fica encarregada de expor as Escrituras enquanto os
demais tentam aprender a Palavra. Nem tão pouco para conversa fiada, sem sentido. Mas para
contar histórias, trocar experiências, valores que valham a pena socializar. Mas não se iluda
achando que formar grupos pequenos na igreja é fácil. Geralmente, as pessoas são aversas a
este tipo de iniciativa. A maioria não quer se expuser porque é muito melhor e mais cômodo
para elas participar de um grupo grande, onde possa ficar anônimas, sem ninguém perceber
sua presença. 
As células familiares trabalham na contramão do individualismo da pós-modernidade. Seu
estilo e natureza trás o convívio social para dentro da igreja; que esta cada vez mais difícil. O
pastor da igreja deve pregar valores que reforcem essa visão de grupos pequenos. Deve orar
com instância resistindo os espíritos contrários e deve se posicionar de maneira firme diante da
congregação (STTOT, 2003, p. 141).
Normalmente as pessoas querem optar pela sua “preferência” religiosa sem ser importunadas
por opiniões contrárias. Os critérios que orientam essas escolhas são todos íntimos e
subjetivos. Semelhantemente, também não tentarão impor sua nova opção de fé a ninguém. 
Na Igreja, o que antes era convicção, hoje é opção. Os mandamentos divinos passaram a ser
sugestões divinas. A igreja é orientada por aquilo que dá certo e não por aquilo que é certo.
Isto é algo extremamente perigoso para a integridade da igreja, e, os líderes e os membros
precisam estar atentos porque o mais importante para a igreja é a sua fidelidade a Deus.
Sucesso e crescimento são os resultados que a igreja alcança por viver saudavelmente. A
Bíblia diz que a igreja quando começou no primeiro século era fiel ao Senhor. Os discípulos
viviam em oração e ardente comunhão uns com os outros “e o senhor acrescentava os que iam
sendo salvos” (At 2.47).
Nossa tarefa apologética para esta era pós-moderna é restaurar a confiança na verdade. A
Bíblia continua sendo a Palavra de Deus. A Bíblia é um documento inspirado da revelação
divina, quer este ou aquele indivíduo receba ou não o seu testemunho. Devemos, pois, respeito
e obediência à Bíblia, não por ser letra fixa e estática, mas porque, sob a orientação do Espírito
Santo, essa letra é a Palavra viva do Deus vivo dirigida não só ao crente individual, mas à
Igreja em geral.
Infelizmente, vivemos um paradoxo: por um lado, nunca se produziu tantos exemplares de
Bíblias como temos na atualidade. É a Bíblia da mulher, da família, do ministro, do jovem, do
adorador e até de quem não tem tempo para ler a Bíblia (Bíblia resumida). Por outro lado, as
pessoas lêem pouquíssimo o Livro Sagrado. Há inclusive uma grande parcela de pastores que
só lêem a Bíblia no dia em que vão pregar. Se aqueles que estão liderando as ovelhas têm
esse nível de compromisso com a leitura da Bíblia, então o que podemos esperar do povo
comum?
Mas isso ainda não é o pior. Cresce no meio evangélico algumas idéias inadequadas
relacionadas à Bíblia. São teorias da teologia liberal que devastou completamente as igrejas da
maior parte da Europa e deixou marcas terríveis nos Estados Unidos. 
Esses mestres negam a inspiração divina das Escrituras, querem negar a divindade de Cristo,
a sua ressurreição corpórea e alegorizar a volta de Jesus. 
A igreja de Jesus jamais pode abrir mão da verdade absoluta, da verdade bíblica. Mesmo que
seja criticada, ridicularizada, zombada, injuriada e maltratada. Verdade para os seguidores de
Cristo não é uma questão relativa, é uma questão de vida e morte. O seguidor verdadeiro de
Jesus Cristo não negocia a sua fé. Ele esta firmado em Cristo, tem certeza da sua salvação,
sabe que os seus pecados foram perdoados. Esta é a verdade que ele não abre mão. 
A palavra doutrina é muito confundida nos círculos evangélicos. Principalmente no meio
pentecostal. Alguns pensam que doutrina é o mesmo que usos e costumes, ou uma série de
preceitos éticos regionais. Na verdade, doutrina é muito mais que isso. São ensinamentos
teológicos fundamentados na Bíblia, que não estão condicionados ao tempo, cultura ou espaço
geográfico.
O pastor Hernandes Dias Lopes, da primeira igreja presbiteriana de Vitória (2005, p. 20.) fez
um comentário interessante a esse respeito: 
No mundo pós-moderno, não faz sentido discutir doutrina e teologia. Onde não existe verdade
absoluta, não há espaço para a discussão de temas religiosos. Esse assunto deve ser
empurrado para a lateral da vida e para fora da agenda da igreja. As pessoas não se
interessam por doutrina, porque pensam que doutrina divide. Elas preferem temas mais
amenos. Mas não há prática cristã sem doutrina. Antes de Paulo exortar a igreja, ele ensinava
sobre doutrina. A doutrina é a base da moral. A teologia é a mãe da ética. O colapso moral
presente na sociedade e na igreja é a ausência da doutrina bíblica.
Os apóstolos diferentemente do que acontece hoje evangelizavam com temas doutrinários.
Pedro por exemplo, em seu primeiro sermão, faz uma exposição concisa da doutrina da
ressurreição. Como resultado, mais de três mil pessoas se converteram a Cristo.
A igreja não pode perder a visão do Reino de Deus. Não pode perder a sua identidade cristã.
Ela tem que ter uma visão bem clara e definida de quem ela é. Efésios (5.27) nos mostra este
quadro: “Para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível”.
Todos nós gostaríamos de saber onde esta essa igreja. Parece que Jesus tem uma igreja
dentro da igreja! Mas, como pode ser isto? É verdade, porque quando nos referimos à igreja de
Jesus, a noiva de Cristo, estamos nos referindo ao corpo místico de Cristo, e não a uma
instituição chamada de igreja. (CAIRNS, 1995, pag. 322)
A pós-modernidade apresenta à Igreja problemas e oportunidades imensas. Para superar os
problemas e aproveitar as oportunidades de crescimento, precisamos do discernimento do
Espírito Santo e da compaixão de Jesus. Por isso, o principal desafio da missão da Igreja na
pós-modernidade é a qualificação da Igreja como povo de pessoas cheias do Espírito Santo. 
Ser cheio do Espírito é uma questão de sobrevivência praticamente. Ou a igreja é composta de
pessoas cheias da unção do Espírito para avançar contra o império das trevas, ou ela será
engolida. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de
Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder (Lc 24.49).
O revestimento de poder é algo imprescindível sobre os discípulos de Jesus para fazer a obra
de Deus. Se o próprio Cristo realizou o seu ministério na unção do Espírito, quanto mais nós.
Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou
fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele (At 10.38).
A missão da igreja é testemunhar o que Cristo fez e ainda faz por onde ela passar e em
qualquer lugar que estiver, conforme At 1.8. Nesta missão, há a promessa de que a presença
de Jesus estaria com eles, veja Mateus 28.18-20:
E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que
eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.
A igreja como um organismo vivo crescerá naturalmente, desde que esteja saudável. Esse é o
tema mais discutido atualmente: o crescimento numérico da igreja. Nunca se produziu tantos
livros, nunca se realizou tantos seminários e tantos congressos como nos últimos vinte anos
sobre o crescimento da igreja. São temas que tratam de igrejas em células, igrejas com
propósitos, rede ministerial, etc.
De acordo com Rick Warren, uma das maiores autoridades na atualidade em crescimento da
igreja, em seu excelente livro Igreja com propósitos (1997, p. 112), uma das maiores barreiras
para o crescimento da igreja é a cegueira cultural. E a melhor maneira de conhecer a cultura, o
pensamento e o estilo de vida das pessoas é conversando com elas.
Não há como haver interação entre as pessoas se elas não conviverem juntas. A igreja precisa
sair das quatro paredes e ir ao encontro das pessoas. É preciso romper a barreira da
indiferença, do comodismo, da apatia e da frieza espiritual. O povo de Deus precisa despertar
do sono e avançar na conquista das nações com a pregação do evangelho de salvação de
Jesus Cristo.
Nossas comunidades (igrejas locais), não podem ficar apenas na mesmice. Devem ser
comunidades calorosas, sadias e acolhedoras. As pessoas devem ser ouvidas e levadas a
sério. Deve haver seriedade no trato, disciplina com amor e respeito. O jovem continua
necessitando de balizas, de um norte. Busca um guia, um líder confiável. O que leva os jovens
a se envolverem com seitas exóticas e com alguns líderes que promovem a autolatria? É que
esses líderes os aceitam e lhes servem de referencial. Nossas igrejas podem oferecer este
ambiente ao jovem? Ela é agradável ou é um fardo? O pastor pode ser um referencial, no
sentido de ser uma pessoa que sabe o que quer e para onde vai? O estilo de vida do pastor é
inspirador? Ou ele é um desanimado e desencorajado peregrino?
Toda mudança precisa passar primeiramente pela liderança. A conscientização precisa partir
daqueles que estão à frente das ovelhas do Senhor. A Bíblia diz que a quem mais é dado, mais
lhe será cobrado (Lc 12.48). Há pessoas que querem ser pastor porque acham bonito, mas
desconhecem a imensa responsabilidade que tem diante de Deus. Um dia, todos teremos que
prestar contas a Deus no dia do juízo.
O ministro cristão para desempenhar o seu ministério com eficiência precisa ter várias
qualidades. Coerência é uma delas, apesar de existir uma crise de coerência lá fora. Porém, no
ministério ela é fundamental. (COELHO FILHO, 2002, p. 12) nos assegura que os jovens de
hoje não querem simplesmente mestres, querem testemunhas. Querem pessoas que creiam
nos valores que propagam. O pastor digno do nome é alguém que busca ser modelo. Há
pastores que não amam as pessoas, mas o seu ministério, o seu trabalho, sua filosofia
ministerial e, algumas vezes, o reino de Deus. Isto não é errado, mas se não ama gente terá
grandes dificuldades em seu trabalho. Outros têm o ministério apenas como ganha-pão.
Tratam as pessoas como se fossem coisas e dão personalidade às idéias e conceitos. "Vem
para o meio", disse Jesus ao homem da mão mirrada. O educador e o líder cristão que se
prezam colocam a pessoa no centro. Amamos nossos templos, nossos prédios, nossas
instituições. Mas e as ovelhas? É apenas um detalhe aborrecedor e irritante? Há líderes
apaixonados por si e com comichão nos ouvidos e também na língua. Mas não ligam para as
pessoas. Elas apenas fazem parte do seu trabalho, do seu ministério. Isto é grave. As pessoas
sabem quando são usadas e manipuladas e sabem quando são aceitas e amadas, mesmo que
discordemos delas.
Precisamos amar o que fazemos. Uma das questões mais atacadas pela pós-modernidade é
exatamente a hipocrisia dos líderes. As pessoas possuem valor enquanto ser humano e lidar
com pessoas pressupõem amá-las. Pastorear pressupõe amar o trabalho que se faz. 
As perguntas que se seguem elaboradas pelo professor Isaltino Coelho Filho tem o objetivo de
levar a liderança das igrejas a refletir o seu papel. (COELHO FILHO, 2002, p. 14) Tenho a
preocupação de cuidar, de marcar a vida das pessoas, de deixar lembranças positivas, ou vejo
meu ministério apenas pelo aspecto de cumprir uma missão?
O ministério pastoral antes de qualquer coisa implica no cuidado com as ovelhas. Jesus
quando se encontrou com Pedro após a sua ressurreição perguntou-lhe: você me ama? Então
apascenta as minhas ovelhas (Jo 21:16, 17). O líder é um influenciador e como tal deve se
conscientizar da oportunidade e responsabilidade que tem de deixar marcas positivas na vida
das pessoas que estão sob o seu cuidado.
Considero-me, como pastor, um produto acabado ou procuro entender meu tempo? De que
forma o faço? Que evidência tenho para provar isso?
Pastor nenhum na face da terra é um produto acabado. O dia que o pastor se considerar um
produto acabado ele estará de fato acabado. Sócrates, o grande filósofo, disse que sábio é
aquele que sempre procura mais sabedoria. O rei Salomão disse algo bem oportuno sobre
isso. “Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal” (Pv 3.7). O
pastor na realidade é uma ovelha como as outras, um ser humano com as mesmas carências,
fraquezas e necessidades. Isto significa que ele também vive um processo de crescimento que
não pode parar (LUTZER, 2007, p. 81).
Que características do pós-modernismo estou a ver em minhas ovelhas, mais comumente? E
na minha conduta?
Essa é uma questão que vai exigir do pastor observação. O pastor inteligente ficará atento nas
oscilações de comportamento do seu rebanho. E mais importante ainda, deverá ficar atento na
própria conduta. É sempre essencial para o líder cristão fazer constantes comparações entre o
perfil de um homem de Deus apresentado nas Escrituras e o seu comportamento no cotidiano. 
Estou na pós-modernidade, com o peso da velha autoridade da modernidade? Como reajo a
esta constatação e como me situo para responder aos desafios pós-modernos?
Esta é mais uma boa pergunta que exige reflexão. Na era moderna, em meados dos anos 70 e
inicio dos anos 80 era bem mais fácil exercer a liderança. O líder se apoiava sobre o seu poder
e raramente alguém ousava desafiar e questionar a sua autoridade. As coisas estão bem
diferentes na atualidade. Agora, o líder que insiste em um modelo de liderança baseado na
força dificilmente sobreviverá por muito tempo. As pessoas da pós-modernidade querem um
líder que as conquistem. Somente depois elas reconhecerão e se submeterão à sua autoridade
(WARREN, 1997, p. 253).
O que está no centro de minha visão pastoral?
A visão pastoral deve ser absolutamente acima de qualquer interesse terreno. O pastor tem
que ter uma visão do Reino de Deus. Ele precisa encarar a igreja local da qual pastoreia como
uma agência do Reino de Deus. Isto significa que tudo que o pastor leva a igreja a realizar
deve estar relacionado com os interesses do Reino. Tendo os interesses do reino de Deus
norteando a sua visão, o pastor pode então desenvolver o seu ministério para a glória de Deus,
sabendo que tudo quanto ele fizer será bem sucedido aos olhos do seu Senhor.
Qual a minha visão de Igreja e qual o uso do púlpito que faço?
Quanto à igreja, a primeira coisa que jamais poderá esquecer é que ela não é sua propriedade,
como um negócio particular. Não é meramente o seu ganha pão, embora tenha direito a ser
sustentado pelos dízimos e ofertas dos fiéis. Não é também o seu império, onde ele possa
mandar e desmandar como bem entender. O pastor precisa saber que a igreja é de Deus; uma
comunidade de pessoas salvas pelo precioso sangue de Jesus, que deve ser treinada e
equipada para alcançar o mundo com a mensagem da cruz. Em relação ao púlpito, o pastor
deve fazer uso dele com temor, tremor e reverência. Púlpito não é lugar de desabafo, mas de
proclamação da verdade de Deus. Púlpito não é palanque de político, nem muito menos lugar
de discursos vazios e sem sentido. Púlpito é o altar do Senhor, lugar onde o pastor se coloca
como porta-voz do Senhor. Púlpito é lugar de se fazer ouvir a voz profética de Deus. (STTOT,
2003, p. 114).
O líder evangélico não pode ser alguém levado por qualquer idéia facilmente. Sua mensagem
deve estar fundamentada na Palavra de Deus; por isto, é imprescindível que ele sature a sua
mente com as Escrituras sagradas e se dedique o máximo à oração. Ele deve ser uma pessoa
reflexiva. Pastor tem que ser um pensador, um formador de opinião, um influenciador. E como
tal, deve levar a igreja a dar respostas relevantes para a vida real das pessoas. A mensagem
precisa despertar o interesse das pessoas. Ela deve ser bíblica, trazendo as respostas das
questões pertinentes ao homem pós-moderno.
A fé precisa ser viva numa igreja. Parece banal, mas isto tem nexo. A igreja não basta ter o
nome de cristã, isso apenas não muda a vida das pessoas. Ela deve expressar o caráter
cristão nas suas relações e no seu ambiente. O pós-moderno necessita ver uma igreja séria,
espiritual, coerente em sua fé. As pessoas estão cansadas de tanta hipocrisia. De pessoas que
discursam bem, mas que não praticam nada do que falam (MACARTHUR, 1998, p. 287).
Se o mundo mudou e as pessoas mudaram, a liderança cristã precisa mudar a sua maneira de
interagir com aqueles que são objeto do amor de Deus. Não que isso signifique que devemos
mudar o evangelho ou barganhá-lo, definitivamente não. Mas o que devemos mudar é nossa
estratégia, nossa liturgia, nossa linguagem, ou seja, o nosso modus operandi, pois a igreja não
pode mais pensar com a cabeça do século XX.

5. CONCLUSÃO
Rubens Amorese em seu livro Icabode: da mente de Cristo à consciência moderna comenta
que não há como negar que existe uma guerra para ver quem vai impor a sua realidade, o seu
mundo sobre a civilização. É também verdade que essa guerra vai além do tempo e do espaço.
Ela se estende às regiões celestiais.
Que o inimigo é incansável e faz de tudo para destruir a igreja não é novidade para ninguém.
No entanto, a igreja de Jesus precisa cumprir a sua missão apesar de toda luta, de toda
perseguição e de todas as investidas de Satanás. Ela não pode se encolher nesse momento
tão decisivo.
Vimos que os desafios são imensos, mas não insuperáveis. São muitos, mas não impossíveis
de serem vencidos. A noiva de Cristo pode ser perseguida, maltratada e ter alguns de seus
membros até mortos, mas ela jamais será destruída. Jamais será aniquilada e jamais será
extinta da face da terra como foi pretendida pelo inimigo. Desafios existem para ser superados
e vencidos, essa deve ser a mentalidade do povo de Deus. 
Um dos desafios da igreja hoje é penetrar na vida das pessoas. Porque o cidadão moderno não
consegue e não deseja abrir mão de seu conforto privado. Não deseja abrir mão de sua forma
de pensar e de agir; isso seria abrir mão de sua privacidade.
A conclusão desse trabalho consiste em afirmar que é possível ser uma igreja bíblica e
relevante num mundo pós-moderno. No entanto, é necessário muito esforço e empenho. A
Bíblia diz que o Reino de Deus é tomado a força, e hoje, a igreja precisa reafirmar
constantemente sua fidelidade ao Senhor. Os valores do Reino de Deus devem ser enfatizados
firmemente para que as ovelhas não caiam no engano do diabo.
O resultado desse estudo nos leva a um interesse ainda maior pelo tema. Estudar o homem no
seu aspecto filosófico sempre constituiu ponto de interesse para qualquer acadêmico de
teologia ou teólogo. O pastor não pode parar de pesquisar esse assunto; mesmo porque a
civilização está em constantes transformações e mudanças. O pregador do evangelho deve ter
uma mensagem relevante para as pessoas, trazendo do trono de Deus respostas para os
maiores anseios do coração do homem.

6. REFERÊNCIAS
AMORESE, Rubens Martins. Icabode: da mente de Cristo à consciência moderna. Viçosa:
Ultimato, 1998
Bíblia de Estudo Genebra. São Paulo: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999
CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. São Paulo:
Vida Nova, 1995
FILHO, Tácito da Gama. Apologética: o cristianismo em questão. Goiânia: Editora Ceteo, 2004
LUTZER, Erwin E. Cristo entre outros deuses: Uma defesa da fé cristã numa era de tolerância.
Rio de Janeiro: Casa Publicadora Assembléia de Deus, 2007
MACARTHUR, Jr. John. Redescobrindo o ministério pastoral. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Assembléia de Deus, 1998
STTOT, John. Eu creio na pregação. São Paulo: Editora Vida, 2003
WARREN, Rick. Igreja com propósitos. São Paulo: Editora Vida, 1997
. Acesso em 1 de dezembro de 2009, citação de PEREIRA, Alberto 
. Acesso em 10 de dezembro de 2009, citação de LOPES, Hernandes Dias
. Acesso em 4 de dezembro de 2009
. Acesso em 27 de novembro de 2009
. Acesso em 10 de dezembro 2009
. Acesso em: 12 de dezembro de 2009, citação de COELHO FILHO, Isaltino
. Acesso em: 9 de dezembro de 2009
. Acesso em 25 de no novembro de 2009

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