Resumo Patologia - Acumulos Intracelulares, Morte Celular e Envelhecimento - 15 - 12 0edit

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Patologia Geral

Professor: Rafael Petito


I.Docência: Maíra Ingrid Leite Vitorino

Resumo aula :Acúmulos intracelulares, Morte celular e envelhecimento

Tópico 1: Acúmulos

As células sob certas circunstâncias podem acumular quantidades anormais de várias


substâncias endógenas ou exógenas, que podem ser inofensivas ou associadas a
vários graus de lesão.

Essas substâncias podem se localizar no citoplasma, no interior de organelas ou no


núcleo e eles podem ocorrer por diversos motivos, tais como:

1) produção de substância normal ou anormal em uma taxa normal ou aumentada, porém


sem a taxa metabólica adequada para removê-la. Ex: Degeneração gordurosa do fígado
2) Defeitos adquiridos no dobramento, empacotamento, transporte e secreção de
substância endógena normal ou anormal.
3)Enzimas defeituosas que resultam em uma deficiência em degradar metabólitos
4) Quando a célula não possui maquinaria enzimática para degradar ou habilidade
para transportar para outros locais substâncias exógenas anormais. Ex: O fumo causa
depósito de carbono e outras substâncias no pulmão de fumantes.

Os acúmulos:

Degeneração Gordurosa(Esteatose):
Acúmulo de triglicerídeos dentro das células do parênquima.
Ocorre principalmente no fígado(por ser o órgão envolvido no metabolismo de
gordura), coração, músculo esquelético, rim e outros órgãos.
Pode ser causada por toxinas(Ex: álcool, alteram a função das mitocôndrias e do REA
inibindo a oxidação dos ácidos graxos) , desnutrição protéica ( diminuem a síntese de
proteínas), anóxia(inibe a oxidação de ácidos graxos), diabetes melito e obesidade.

A degeneração gordurosa pode ser reversível ou progredir para casos mais severos
como a esteato-hepatite não alcoólica.

Colesterol e ésteres de colesterol


Células fagocíticas sobrecarregadas com lipídeos, tais como triglicerídeos, colesterol e
ésteres de colesterol, são preenchidas com vacúolos de lipídio revestidos por
membrana, o que confere uma aparência espumosa ao citoplasma dessas células.
Ex1:Ateroesclerose

Proteínas:
Podem ocorrer porque as células sintetizam quantidades excessivas de proteínas ou
um excesso é apresentado a ela. Ex1: Alzheimer- Os emaranhados neurofibrilares
encontrados no cérebro são uma agregação de inclusões protéicas, contendo
neurofilamentos e proteínas associadas a microtúbulos. Ex2: Síndrome nefrótica –
albumina.

Giclogênio:
Associa-se esse tipo de depósito a anormalidades no metabolismo de glicose ou do
glicogênio.
Ex1: Diabetes mellitus pouco controlada: O glicogênio se acumula no epitélio dos
túbulos renas, nos miócitos cardíacos e nas células beta das ilhotas de langerhans.
Ex2: Distúrbios genéticos: defeitos enzimáticos na síntese ou degradação do
glicogênio que resultam em acumulo maciço → lesão → morte celular.

Pigmentos:
Podem ser endógenos ou exógenos.

Antracose: Exógeno. Carbono (poeira de carvão, fumo, poluíção), fagocitado por


macrófagos alveolares, o agregados do pigmento escurecem e os linfonodos e o
parênquima pulmonar. Acúmulos maiores podem induzir enfisema ou pneumoconiose.

Lipofucsina: "pigmento do desgaste", castanho amarelado, acumula-se em uma


variedade de tecidos tais como fígado, coração e cérebro como consequência do
envelhecimento ou da atrofia. Derivada da peroxidação de lipídios poliinsaturados de
membranas celulares. Não é nocivo a célula , e é um importante marcador de lesão
antiga por radical livre.

Melanina: Endógeno, preto acastanhado. Sintetizado exclusivamente pelos


melanócitos localizados na epiderme e atua como protetor contra a radiação
prejudicial ultravioleta. Embora sejam a única fonte de melanina os queratinócitos
basais adjacentes, da pele podem acumular o pigmento como ocorre nas sardas.

Hemossiderina: endógeno, amarelo castanho- dourado, derivado da hemoglobina, o


ferro pode acumular-se devido à destruição excessiva de hemácias e pela absorção
excessiva de ferro pelo intestino. Primeiro os macrófagos fagocitam todo o ferro
extravasado no local a fim de recuperá-lo para a circulação, após a fração heme é
convertida a bilirrubina, paralelamente o ferro liberado é incorporado a ferritina e
finalmente a hemossiderina.
Ex1: Tecidos após trauma que leva a hemorragia

Tópico 2: Calcificações Patológicas

Processo comum em uma variedade de estados de doença.

Decorrem da deposição anormal nos tecidos de sais de cálcio juntamente com


quantidades menores de ferro, magnésio e outros minerais. Pode ser classificada em
calcificação distrófica (quando ocorre em tecidos mortos ou que estão morrendo) ou
calcificação metastática ( ocorre em tecidos normais e quase sempre refletem alguns
distúrbio no metabolismo de cálcio)

Calcificação distrófica: é encontrada em áreas de necrose, e quase sempre


está presente nos ateromas em estágio avançado. Pode se desenvolver em valvas
cardíacas envelhecidas ou danificadas. Seu aspecto macroscópicosé constituído
porgrumos brancos finos e palpáveis como depósitos arenosos pela formação de
fosfato de cálcio cristalino.
íon cálcio + fosfolipídeos de membrana ->fostato +íons cálcio -> grupamentos
se agrupam = rearranjo estrutural formando um microcristal que pode propagar-se.
Calcificação metastásica:
Pode ocorrer em tecidos normais sempre que há hipercalcemia. As quatro
principais causas da hipercalcemia são (1) aumento da secreção de paratormônio
devido a tumores das paratireoides (2) destruição óssea devida aos efeitos do turnover
ósseo acelerado (p. ex., doença de Paget), imobilização ou tumores (aumento do
catabolismo ósseo decorrente de mieloma múltiplo, leucemia ou metástases
esqueléticas difusas); (3) distúrbios relacionados à vitamina D, incluindo a intoxicação
por vitamina D e sarcoidose (na qual os macrófagos ativam um precursor da vitamina
D); e (4) insuficiência renal, na qual a retenção de fosfato leva ao hiperparatireoidismo
secundário.

Tópico 3: Lesão celular

Ocorre quando os limites de adaptação celular são ultrapassados em função de


um estresse excessivo, de agentes lesivos ou de fatores intrínsecos que prejudiquem
seu funcionamento.
Estímulos leves ou transitórios causam alterações celulares reversíveis desde que
o estímulo seja removido, caso ele persista, ou seja, insidioso desde o inicio as
alterações celulares alcançam um ponto de irreversibilidade.

As principais causas de lesão celular são:

• Privação de oxigênio: hipóxia ou anóxia;


• Agentes físicos: traumas, raios UV, temperaturas extremas, alterações bruscas
na pressão atmosférica, choque elétrico;
• Agentes químicos: drogas de abuso, venenos, herbicidas;
• Agentes infecciosos: vírus, bactérias, fungos, rickétsias, parasitos, vermes;
• Reações imunológicas: doenças autoimunes e alergias
• Desequilíbrios nutricionais: hipernutrição, hiponutrição, deficiência protéico-
calóricas.
• Defeitos genéticos: translocações, inversões.

Alterações morfológicas na lesão celular

Após a célula sofrer um estresse ou estímulo lesivo, as primeiras alterações a


surgir são a nível molecular e as alterações morfológicas demoram um tempo para
serem visualizadas.

A lesão reversível é caracterizada por tumefação generalizada das células e


de suas organelas, formação de bolhas na membrana celular, destacamento dos
ribossomos no retículo endoplasmático e aglomeração da cromatina nuclear, essas
alterações morfológicas estão associadas com a depleção nos níveis de ATP, perda
da integridade da membrana, defeitos na síntese de proteínas, danos ao citoesqueleto
e danos ao DNA. Dentro de alguns limites a célula pode reparar esses distúrbios se o
estímulo for reduzido, retornando assim a normalidade.
Na lesão irreversível a morte celular pode ocorrer por duas vias distintas a
apoptose e a necrose.

NECROSE:
É a via mais comum a vários estímulos fisiológicos e patológicos e é
desencadeada quando a integridade da membrana celular não é mantida e há uma
degradação generalizada dos componentes intracelulares e das células adjacentes, o
que ativa o sistema imunológico causando inflamação.
Necrose
A desnaturação de proteínas intracelulares e a digestão enzimática das células
lesadas conferem o padrão morfológico da necrose. Como as células necróticas não
conseguem manter a integridade de sua membrana celular, seus conteúdos
intracelulares sempre extravasam e podem iniciar um processo inflamatório no tecido
afetado, além de lesar as células adjacentes com seu conteúdo lisossomal no meio
intersticial.

A necrose pode apresentar padrões morfológicos distintos e seu


reconhecimento nos fornece informações importantes sobre sua causa:

• Necrose de coagulação:Arquitetura do tecido é preservada por alguns dias.


Proteínas estruturais e enzimáticas são desnaturadas. Infartos;

• Necrose liquefativa: é caracterizada pela digestão das células mortas pelas


enzimas lisossômicas, por este motivo não há preservação do tecido. O
material necrótico tem um aspecto amarelo viscoso em função da presença de
leucócitos mortos e é chamado de pus.

• Necrose gangrenosa: Não é um padrão específico de morte celular, mas é um


termo muito utilizado na prática clinica que serve para designar a necrose de
todo um membro que acomete várias camadas da pele,

• Necrose caseosa: é muito encontrada em focos de tuberculose e apresenta


uma aparência esbranquiçada, com aspecto de queijo.

Necrose gordurosa: Presença de triglicerídeos e sabões de cálcio> lipases > tecido


adiposo >pâncreas, peritônio e mamas.
enzimática levando a um processo inflamatório que é típico da necrose.

APOPTOSE
A apoptose é um tipo de morte celular programada que pode ser
desencadeada tanto por fatores patológicos quanto por fatores fisiológicos,
sendo este último mais comum.
Comum durante o desenvolvimento e ao longo de toda vida, sua função
é eliminar células indesejáveis, que já cumpriram sua função ou
potencialmente perigosas sem ativação do sistema imunológico.

Exemplos de apoptose fisiológica: morte celular durante a


embriogênese, morte de linfócitos autorreativos, controle da proliferação e da
diferenciação celulares, eliminar células alteradas (ex. câncer)
Exemplos de apoptose patológica: lesão de DNA por fatores
exógenos, acúmulo de proteínas anormalmente dobradas, apoptose mediada
por linfócitos T citotóxicos, atrofia patológica (parênquima de órgãos)

Morfologicamente as principais características de uma célula apoptótica


é a retração celular, a condensação da cromatina, formação de bolhas
citoplasmáticas e de corpos apoptóticos contendo fragmentos celulares.
Bioquimicamente os processos que são a base das alterações morfológicas
incluem ativação das caspases que são proteínas que executam e
desencadeiam a apoptose, a quebra do DNA e de proteínas, alterações na
membrana que promovem o reconhecimento do sistema fagocitário.

O processo de apoptose pode ser dividido em duas fases:

1) fase de iniciação que é a fase de ativação das caspases;


2)fase de execução: as caspases iniciam a degradação de componentes
celulares críticos.

A fase de ativação pode ocorrer por duas vias distintas: a via intrínseca e a
extrínseca:
• Via intrínseca: Ocorre em função do aumento da permeabilidade
mitocondrial que permite o extravasamento de proteínas pró-apoptoticas e
citocromo c para o citossol. Fatores de crescimento e sinais de
sobrevivência estimulam a produção de proteínas anti-apoptóticas, a
ausência destes sinais ativam sensores de lesão e estresse da família Bcl
(BIM, BId,) estes por sua vez ativam proteínas efetoras (Bax, Bak) que
formam oligômeros e inserem na membrana mitocondrial criando poros de
comunicação entre o citossol e o conteúdo interno da mitocôndria, estes ao
extravasarem para o citossol ativam a caspase 9 que inicia o processo
apoptótico.
• Via extrínseca: ocorre através da marcação celular com receptores de
morte da família TNF, por exemplo, o Fas. O receptor Fas presente nas
membranas celulares tem seu receptor presente nas membranas dos
linfócitos o FasL, assim se houver a ligação entre o ligante e seu receptor,
outros domínios Fas se acoplam a primeira molécula de Fas formando um
sítio de ligação para uma proteína que contém o domínio de morte e ativa
as caspases 8 e 10.

A fase executora se inicia após as caspases desencadeantes 8, 9 e 10


serem ativadas pelas vias pelas vias extrínseca ou intrínseca elas ativam
rapidamente as caspases que vão executar efetivamente a degradação dos
componentes celulares.

Uma apoptose defeituosa aumenta o tempo de sobrevida celular e pode permitir o


desenvolvimento de um câncer ou a manutenção de células autorreativas causando
doenças autoimunes.
O aumento da taxa apoptótica leva a uma degradação demasiada de células e
pode causar doenças neurodegenerativas, por exemplo.
Apoptose x Necrose

Tópico 4: Envelhecimento celular

O envelhecimento celular é o resultado do declínio progressivo do tempo de vida e da


capacidade proliferativa das células e dos efeitos da exposição contínua a fatores
exógenos que causam acúmulos de lesões moleculares e celulares.

Lesão ao DNA: Pode acontecer durante a replicação normal do DNA e pode ser
exarcebada pelos radicais livres. Apesar de a maioria das lesões de DNA ser reparada
pelas enzimas de reparo, algumas persistem e se acumulam quando as células
envelhecem.

Descréscimo da replicação celular: Conhecido por senescência replicativa, está


diretamente relacionado com o encurtamento dos telômeros.
Como a enzima telomerase está inativa nas células somáticas dos adultos, a cada
divisão os telômeros ficam menores, até que o cromossomo é percebido como DNA
fragmentado e leva ao fim do ciclo celular. A telomerase só está ativa em células
germinativas, em níveis mais baixos nas células tronco e patologicamente em células
tumorais.

Capacidade regenerativa reduzida das células troncos nos tecidos: Estudos


recentes sugerem que com o envelhecimento a proteína p16(CDKN2A) se acumula
nas células-tronco, fazendo com que elas percam progressivamente a capacidade de
autorrenovação. A p16 é um inibidor fisiológico da progressão do ciclo celular.

Acúmulos de lesões metabólicas: resultado da exposição à radiação ionizante, o


que aumenta a liberação de ERO's, gerando um desequilíbrio entre a formação de
Espécies Reativas de Oxigênio (ERO's) e a sua neutralização pelos mecanismos
antioxidantes de defesa.
Progeria: Síndrome de Hutchinson-Guilford
 Desordem genética progressiva e extremamente rara.
 Caracteriza-se pelo envelhecimento rápido da criança, começando nos
primeiros dois anos de vida, ou até mesmo ao nascimento.
 A progeria se trata de uma doença genética e não hereditária, agressivamente
progressiva e sem cura.

Bibliografia

KUMAR V, ABBAS AK, FAUSTO N. Robbins & Cotran: Bases Patológicas das
Doenças. 8ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

www.tuasaude.com

http://patogeralpunf.wix.com/punfuff

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