9 - Isaac Newton

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ISAAC NEWTON (1642 – 1727)

• Autor do Philosophiae
Naturalis Principia Mathematica
(1686/7).
• Autor das leis conhecidas
atualmente como 3 Leis de
Newton.
• Conhecia os trabalhos de
Kepler, Galileu, Copérnico e
Descartes.
• Newton acreditava na
existência de átomos e do
espaço vazio. Por isso, a
posição de Descartes era sua
principal adversária.
• Em 1665, graduou-se como bacharel na Universidade de
Cambridge.

• Em seguida, volta para sua cidade natal devido a uma terrível peste
que atacou Londres, matando um grande número de pessoas.

• Newton passa os dois anos seguintes na fazenda de sua família.


Assim, em 1666, aos 24 anos, ele já havia desenvolvido (de acordo
com vários historiadores):

1-) seu teorema do binômio;

2-) sua fórmula de interpolação;

3-) um esboço medianamente completo do cálculo de fluxões, que


viria a ser o cálculo infinitesimal (cálculo diferencial e integral);

4-) pesquisas sobre a natureza da luz (decomposição da luz branca);

5-) uma formulação provisória de sua teoria da gravitação, pelo


menos como uma hipótese de trabalho razoável.
• Nos anos seguintes, Newton dedicou-se ao aprofundamento de
seu conhecimento em cada uma dessas áreas.

• Após 20 anos, Newton publica sua obra máxima, o Philosophiae


Naturalis Principia Mathematica (1686/7).

• Essa obra marcou profundamente toda a física que foi


construída nos dois séculos seguintes.

• Segundo Einstein:
“A importância dos trabalhos de Newton consiste principalmente
na criação e na organização de uma base utilizável, lógica e
satisfatória para a mecânica propriamente dita. Mas estes
trabalhos permanecem até o fim do século XIX o programa
fundamental de cada pesquisador, no domínio da física teórica.
Todo acontecimento físico deve ser traduzido em termos de
massa, e estes termos são redutíveis às leis do movimento de
Newton.”
OS “PRINCIPIA” DE NEWTON
• Livro 1: leis gerais do movimento dos corpos sujeitos à ação de
forças centrais. Aborda o movimento de um ou dois corpos no
vazio e o problema de três corpos.
(Problema de três corpos foi mal resolvido por Newton. Não é tão
simples quanto parece. Em 1885, Poincaré mostra que o problema
de três corpos pode apresentar caos.)

• Livro 2: estudo do movimento nos meios resistivos;


dependência da resistência com a velocidade; fundamentos da
hidrostática e corpos flutuantes; movimento do pêndulo
(fundamental para a compreensão de forças centrais e,
consequentemente, do movimento dos planetas ao redor do Sol);
movimento de líquidos em tubos e movimento de projéteis.

• Livro 3: o sistema de mundo, ou seja, o movimento dos


planetas, o movimento da Lua e suas anomalias, a aceleração da
força gravitacional, o problema das marés, etc.
• Segundo Newton, corpos lançados no ar não sofrem
nenhuma resistência além do ar. Retirando-se o ar (vácuo), a
resistência cessa e nesse vazio todos os corpos descem com a
mesma velocidade.

• Ele aplicava o mesmo argumento aos espaços celestiais


(acima da atmosfera da Terra). Dessa forma, os planetas e
cometas prosseguem constantemente suas revoluções em
órbitas dadas em espécie e posição, de acordo com as leis da
gravitação.

• Newton relacionava a força da gravidade com a massa dos


corpos e afirmava que essa força se propaga em todos os lados
a imensas distâncias, decrescendo sempre com o quadrado
das distâncias. Ele também percebeu que a força gravitacional
agia como se toda a massa dos corpos estivesse concentrada
em seu centro.
• Newton não sabia qual era a causa da gravidade. Mas
ele acreditava que o sistema solar, os planetas e cometas
só poderiam proceder do "conselho e domínio de um Ser
inteligente e poderoso" que governa todas as coisas.

• Os Principia de Newton marcaram a vitória do


paradigma iniciado com o De revolutionibus de Copérnico.

• Porém, mesmo após a publicação dos Principia, houve


forte oposição à nova ciência e à proposição gravitacional
de Newton, ou seja, à ideia de uma força de atração que
atua à distância, sem que os corpos materiais entrem em
contato.
AS TRÊS LEIS DE NEWTON
• Nos Principia, Newton apresenta os princípios fundamentais da
dinâmica, que hoje são conhecidos como as Três Leis de Newton:

• 1ª Lei de Newton (Lei da Inércia): Todo corpo persiste em seu estado de


repouso ou de movimento retilíneo uniforme, a menos que seja compelido
a modificar esse estado pela ação de forças impressas sobre ele.

• 2ª Lei de Newton (Relação entre força e momento linear): A variação


temporal do momento linear é proporcional à força impressa (força
resultante sobre o corpo) e tem a direção e o sentido da força. Isso
significa que força e momento são grandezas vetoriais, isto é, possuem
módulo, direção e sentido.
dp
F  F  ma (quando a massa do corpo é constante)
dt

• 3ª Lei de Newton (Ação e reação): A toda ação corresponde uma


reação igual e contrária. As ações mútuas de dois corpos um sobre o
outro são sempre iguais em módulo e dirigidas em sentidos opostos.
FORÇA CENTRAL E 2ª LEI DE KEPLER
• A partir das duas primeiras leis de Kepler (Lei das
Órbitas e Lei das Áreas), Newton intuiu que o Sol deveria
ser responsável por algum tipo de ação mais direta sobre
os planetas.

• Pela 1ª Lei de Kepler, os planetas moviam-se em órbitas


elípticas. Isso significava, utilizando a 1ª Lei de Newton,
que alguma força era aplicada sobre o planeta para
desviá-lo da reta.

• Logo, os planetas estavam sendo continuamente


acelerados. Pela 2ª Lei de Newton, deveria haver uma
força na direção da aceleração. Mas qual seria esta força?
• Pela 2ª Lei de Kepler, a velocidade dos planetas varia com
a distância ao Sol. Portanto, Newton considerou que a
magnitude dessa força depende da distância do planeta ao
Sol.

• Utilizando a 3ª Lei de Kepler (Lei dos Períodos), Newton


concluiu que força exercida pelo Sol sobre os planetas é
inversamente proporcional ao quadrado da distância entre o
centro do Sol e o centro dos planetas.

• As duas primeiras leis de Kepler situam o Sol como ponto


preferencial da órbita elíptica dos planetas. Por isso, Newton
considerou o Sol como centro de ação dessa força. Em
particular, ele considerou uma força do tipo central.
• As hipóteses de Newton precisavam concordar com os resultados
encontrados por Kepler.

• Newton demonstrou que um corpo sujeito a uma força central


obedece à 2ª e à 3ª Leis de Kepler.

• Mas o que é uma força central? É uma força dirigida para o centro.

• Vários tipos de trajetória são possíveis


de acordo com a velocidade e a posição
iniciais do corpo: queda em direção ao
centro (corpos em queda livre, lançamento
oblíquo de projéteis, etc.), circunferência
(figura ao lado), elipse (órbita dos plane-
tas), parábola (alguns asteroides) e hipér-
bole (órbita de corpos muito rápidos), etc.

• Em um MCU (figura ao lado), a http://osfundamentosdafisica.blogsp


ot.com.br/2013/09/cursos-do-blog-
velocidade do corpo é perpendicular à mecanica_23.html
força central em todos os instantes.
PRINCÍPIO DA
GRAVITAÇÃO UNIVERSAL

• Corpo de massa m em
órbita circular de raio R
em torno do corpo de
massa M. A força de
atração gravitacional F
que atua sobre o corpo
de massa m é do tipo
centrípeta.

Luis Gregório Dias da Silva (IFUSP),


Notas de aula de Gravitação (2014)
• Para diversos planetas e a Lua, a excentricidade da órbita
elíptica é muito pequena, de modo que a aproximação por uma
órbita circular é muito boa.

(MCU demonstrado por


Luis Gregório Dias da Silva (IFUSP), C. Huygens em 1673)
Notas de aula de Gravitação (2014)
• Pela 2ª Lei de Newton tem-se:
R
| Fc |  m | ac |  4 m 2
2

T
• Pela 3ª Lei de Kepler (Lei dos períodos), tem-se:
R3
2
 C  const.
T
onde C tem o mesmo valor para todos os planetas.
• Combinando as duas expressões obtemos:
m
| Fc |  4 C 2
2

R
• Logo, a 3ª Lei de Kepler leva à conclusão de que a força
gravitacional varia inversamente com o quadrado da distância do
planeta ao Sol.
• Vemos também que a força gravitacional é proporcional à massa
m do planeta.
• Pela 3ª Lei de Newton, o planeta exerce uma força igual em
módulo e com sentido contrário sobre o Sol. A força exercida
sobre o Sol será proporcional à massa M do Sol.

• Dessa forma, Newton foi levado à seguinte expressão para a


força de atração gravitacional:
mM
Fgrav  G
R2
onde G seria agora uma “constante universal” característica da
força gravitacional.

• Esta é a Lei de Newton da Gravitação, também conhecida


como Princípio da Gravitação Universal.

• Exercício: Refaça a demonstração procurando compreender


todas as etapas. Quanto vale C, a constante da 3ª Lei de Kepler?
• A demonstração dos slides anteriores foi feita para uma órbita
circular.

• Entretanto, Newton seguiu o mesmo raciocínio para órbitas


elípticas (bem mais complicado) e demonstrou que a força
centrípeta é inversamente proporcional ao quadrado da distância
do corpo ao foco da elipse.

• Ele postulou que a força gravitacional entre quaisquer duas


massas (e não apenas entre os planetas e o Sol) é proporcional ao
inverso do quadrado da distância entre elas.

• Newton incluía neste postulado a interação entre a


Terra e qualquer corpo próximo a sua superfície.

• Newton também postulou que "a gravidade ocorre em todos os


corpos e é proporcional à quantidade de matéria (massa) existente
em cada um".
QUE VALOR DE R UTILIZAR?
• Lei de Newton da Gravitação:

m1m2
Fgrav  G
R2
• Newton não conhecia o valor de G nem as massas dos planetas, da
Lua ou do Sol.

• Outra dificuldade bastante séria era saber que valor de R poderia ser
utilizado na expressão acima. Por exemplo, no caso da atração
gravitacional entre a Terra e um corpo próximo à sua superfície, parte da
Terra está bem próxima ao corpo enquanto outras partes estão a grandes
distâncias do mesmo.

• Newton afirmava que para efeito do cálculo da força gravitacional,


pode-se considerar toda a massa concentrada no centro dos corpos.

• Dessa forma, quando os corpos possuem densidades homogêneas,


considera-se R como sendo a distância entre seus centros.
ÓRBITA DA LUA EM TORNO DA TERRA
• Depois de inferir a forma de sua força gravitacional, Newton
precisava testá-la e compará-la com resultados conhecidos.
• Um dos testes foi feito para explicar o movimento da Lua
em órbita em torno da Terra.
• Há muito tempo conhecia-se o período de translação da
Lua em torno da Terra: TL = 27,3 dias.
• Dessa forma, Newton utilizou sua expressão da Lei da
Gravitação para calcular o período de translação da Lua:
mT mL
FTL  G 2
RTL

• onde mT é a massa da Terra, mL é a massa da Lua e RTL é a


distância entre os centros da Terra e da Lua.
• As grandezas G, mT e mL não eram conhecidas por Newton e,
portanto, precisavam ser substituídas por grandezas conhecidas.

• Galileu descobriu que todos os corpos próximos à superfície da


Terra, em queda livre, possuem a mesma aceleração g. Além
disso, Newton afirmava que a força que atua sobre esses corpos é
a força de atração gravitacional da Terra. Dessa forma, aplicamos
a 2ª Lei de Newton e o Princípio da Gravitação Universal:
mmT
Fqueda livre  Fgrav  mg  G 2
RT
onde m é a massa do corpo, mT e RT são a massa e o raio da Terra.

• Substituindo a igualdade acima na expressão para a força


gravitacional entre a Lua e a Terra temos:
RT2
FTL  gmL 2
RTL
• A órbita da Lua em torno da Terra é praticamente circular.
Portanto, podemos estudá-la como um movimento circular
uniforme e valem as fórmulas apresentadas nos slides anteriores
para a força e a aceleração centrípetas:
2
 2 
Fc  mL ac  mL RTL
2
L   mL RTL
 TL 
• A força centrípeta é provocada pela força de atração
gravitacional entre a Terra e a Lua:
2
R 2
 2 
FTL  Fc  gmL T
2
  mL RTL
R TL  TL 
• Logo, o período de translação da Lua ao redor da Terra será
2 3
RTL
TL 
RT g
• Nessa expressão, todas as grandezas eram conhecidas à
época de Newton: o valor de g foi determinado por Galileu, RT
era conhecido desde Eratóstenes e RTL foi determinado por
Hiparco:

g  9,8 m / s 2 ; RT  6400 km ; RTL  60  6400 km

• Utilizando esses valores, Newton obteve TL = 27,3 dias,


reproduzindo o valor já conhecido.
Exercício: Refaça os cálculos e verifique o resultado.

• Este resultado foi um dos primeiros a confirmar a validade


do Princípio da Atração Gravitacional de Newton.
• Além disso, ele confirma a hipótese de que a queda da
maçã e o movimento da Lua têm a mesma origem.
• Exercício: Outra prova de que a queda da maçã e o movimento da
Lua têm a mesma origem.

Calcule a aceleração da Lua em direção à Terra por dois métodos


diferentes.

1-) Modo dinâmico: aceleração centrípeta sofrida pela Lua em seu


movimento aproximadamente circular e uniforme em torno da Terra.

2-) Modo gravitacional: aceleração da gravidade da Lua com relação


à Terra obtida a partir da expressão para o Princípio da Gravitação
Universal. Dica: Utilize a relação Fqueda livre=Fgrav dos slides anteriores.

Utilize: g  9,8 m / s ; RT  6400 km ; RTL  60 RT ; TL  27,3 dias


2

• Newton obteve o mesmo resultado para a aceleração da Lua a partir


dos dois métodos.

• Dessa forma, ele acrescentou mais um ponto favorável à sua


hipótese gravitacional.
FENÔMENO DAS MARÉS
• Kepler supunha que a Lua exercia alguma ação sobre as águas
dos oceanos, embora não possuísse uma concepção gravitacional.

• Newton formulou uma primeira explicação científica convincente


do fenômeno das marés, atribuindo seu efeito principalmente à
atração gravitacional da Lua sobre os mares.

• Modelo de Newton
para as marés:

Adaptado de
http://www.if.ufrgs.br/~lang/fisica
%20geral.html
• Parte sólida da Terra: força exercida pela Lua sobre a parte sólida da
Terra pode ser considerada proporcional ao inverso de (60 RT)2 (para o
cálculo da força gravitacional, pode-se considerar toda a massa sólida da
Terra concentrada em seu centro).
• Lado da Terra voltado para a Lua: a força gravitacional da Lua sobre as
águas do mar é inversamente proporcional a ~(59 RT)2. Essa força é
maior do que a força exercida pela Lua sobre a parte sólida da Terra.
É como se as águas do mar fossem puxadas para fora da Terra.
• Lado contrário da Terra com relação à Lua: a força gravitacional da Lua
sobre as águas do mar é aproximadamente inversamente proporcional a
(61 RT)2. Essa força é menor do que a força gravita-cional da Lua sobre a
parte sólida da Terra.
É como se a Terra fosse puxada para fora das águas do mar. Por isso, as
águas ficam mais elevadas nessa parte da superfície terrestre.
• Dessa forma, o modelo de Newton previa duas marés simultâneas nos
lados opostos da Terra, o que se verifica na realidade.
• Além disso, devido à rotação da Terra em torno de seu eixo, tais
fenômenos voltam a se repetir 12 horas depois.
• Newton também atribuiu ao Sol certa influência sobre as marés, mas
com uma magnitude bem menor que aquela desempenhada pela Lua.
• Por esse motivo, Newton concluiu que as maiores marés ocorriam
durante a Lua cheia e a Lua nova.
OUTROS RESULTADOS
OBTIDOS POR NEWTON
• Newton mostrou como era possível calcular as massas
dos planetas em termos da massa da Terra;

• Calculou o achatamento da Terra devido à sua rotação.


Na ausência de rotação, a Terra deveria ser esférica.
Entretanto, as “forças centrífugas” produzidas pela rotação
levam a um achatamento nos polos e alargamento no
equador;

• Explicou como esse achatamento provoca o movimento


de precessão da Terra e calculou a taxa de precessão em
excelente acordo com os dados experimentais (um dos
resultados mais notáveis descritos nos “Principia”);
• Calculou as variações locais da aceleração da
gravidade devidas à forma da Terra;

• Discutiu as perturbações do movimento da Lua


devidas à ação do Sol;

• Considerou explicitamente a possibilidade da


existência de satélites artificiais da Terra.
Segundo Newton, os corpos lançados como uma
velocidade inicial suficientemente grande “descreveriam
arcos concêntricos com a Terra, ou de excentricidades
várias, e continuariam circulando nos céus nessas
órbitas como fazem os planetas em suas órbitas”;
• Newton calculou as órbitas dos cometas como sendo elipses extrema-
mente elongadas, com excentricidade próxima de 1 (as órbitas da maioria
dos planetas do Sistema Solar possuem excentricidade próxima de 0).

http://www.harding.edu/lmurray/11
3_files/html/i_debris/sld032.htm
LEGADO DE NEWTON
• Newton realizou uma síntese múltipla da física de sua época.

• Ele uniu num mesmo princípio universal fenômenos terrestres


(queda dos corpos, lançamento de projéteis, etc.) e fenômenos
celestes (órbita da Lua e dos planetas, etc.).

• Além disso, ele foi bem sucedido na aplicação de sua teoria


gravitacional para resolver uma série de problemas da época.

• Seu livro "Philosophiae Naturalis Principia Mathematica" é muitas


vezes considerado como a obra científica mais importante e de
maior influência até hoje escrita.

• Por isso, Alexander Pope (1688-1744) escreveu sobre Newton:


“A natureza e as leis da natureza jazem escondidas na noite;
Deus disse: “Faça-se Newton” e tudo foi luz.”

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