Responsabilidade Civil

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Responsabilidade Civil

Professor Hamid

RESPONSABILIDADE CIVIL
Artigos 927 a 954 CC

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 – CULPA - e 187 – ABUSO DE
DIREITO), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.

Vínculo jurídico por meio do qual o credor pode exigir do devedor uma prestação,
decorrente de uma fonte, ou seja, há um acontecimento que gera uma obrigação (exemplo:
contrato).

Análise do prejuízo que uma pessoa suporta, gerando prejuízo, estabelece-se uma
obrigação.

Classificações
Objetiva
Subjetiva
Contratual
Extracontratual

Súmula 54: Os Juros Moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de


responsabilidade extracontratual.
Ou seja, no ilícito extraconstitucional, os juros de mora são calculados desde a data do
fato.

Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

Artigo 405 CC
Os juros de mora, em geral, são calculados desde a citação.

1. AÇÃO: não há responsabilidade civil sem uma ação (nem sempre humana)
2. DANO: sem dano, não há que se falar em responsabilidade civil
3. NEXO DE CAUSALIDADE: o dano precisa ter sido causado pela ação/omissão
4. VARIÁVEL: há culpa? É proprietário do imóvel (937)?

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Conceito de obrigação - Relação jurídica por intermédio da qual o credor pode exigir do
devedor uma determinada prestação, sob pena de invasão no patrimônio do devedor para
compelir este a cumprir o que não foi cumprido.

O elemento subjetivo da obrigação é a existência do credor e do devedor;


O elemento objetivo é a obrigação.

As fontes da obrigação são várias, tais como os contratos (exemplo: de compra e venda). A
fonte da obrigação estudada na disciplina é constituída de uma relação jurídica que surge
de um dano causado. Ou seja, o elo entre credor e devedor surge do próprio dano. 

Aqui, a origem da relação jurídica não é mais contratual, mas sim extracontratual. Como
afirma Silvio Venosa em seu Código Civil Interpretado (2013, p. 1107), "quando em
doutrina é feita referência singela à responsabilidade civil, devemos entender que se trata
de responsabilidade extracontratual."

Distinguir a relação jurídica contratual da extracontratual tem implicações práticas


importantes, conforme Súmula 54 do STJ (os juros da relação extracontratual nascem do
fato). Já os juros na relação jurídica contratual são contados desde a citação.

O ônus da prova também muda. Na relação contratual, o ônus da prova é daquele ao qual
se imputa a responsabilidade pelo prejuízo; já na relação extracontratual, o ônus da prova
é transferido para a vítima.

O conceito clássico de responsabilidade civil, que vem do Direito Romano, está baseado no
conceito de culpa, pois a ideia era punir quem causasse dano. No panorama da
responsabilidade civil atual, a responsabilidade civil sofreu uma modificação de
perspectiva. Antes, havia uma intenção punitiva na responsabilidade civil. Hoje, o enfoque
deixou de ser sancionador da culpa, passando pela ideia de evitar que alguém tenha
um prejuízo injusto ou injustificado.

Isso significa uma diminuição da predominância da responsabilidade subjetiva em


detrimento da responsabilidade objetiva. Deve-se pesquisar em cada caso concreto a
presença de quatro requisitos, sendo três fixos e um variável, a saber:

Os invariáveis são os seguintes: 


- Conduta
- Dano - Dizer o que é dano não é algo tão evidente. Há dificuldade de mensurar
indenização por lucros cessantes, por exemplo. O lucro hipotético não é indenizável. 
- Nexo de causalidade - É o elemento mais controvertido.
Não existe responsabilidade civil sem a presença cumulativa desses três elementos.

Requisito Variável:
A culpa é um dos possíveis requisitos variáveis, mas há outros. Na relação de consumo, a
responsabilidade civil é objetiva, conforme Art. 12, do CDC. O fabricante deve indenizar

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pelos danos causados pelo defeito do equipamento, independentemente de culpa. Quando


não se localizar uma hipótese de responsabilidade objetiva para um determinado fato, deve-
se buscar a culpa (responsabilidade subjetiva, conf. 927).

Conforme Art. 186 do CC, haverá ato ilícito na ação ou omissão voluntária (alguém agiu
voluntariamente para produzir o resultado lesivo, agindo com dolo), imprudência ou
imperícia. O art. 186, do CC, dispõe sobre a responsabilidade subjetiva.

Exemplo de omissão voluntária: médico que não quis atender o paciente.

Negligência, imprudência ou imperícia é culpa, sendo que a negligência é o centro da culpa.


Imperícia é a ação praticada por quem não tem a capacitação técnica exigida. Na
imprudência, deixa-se de evitar  algum prejuízo que se sabia que poderia acontecer.

Outro elemento importante para a identificação da culpa é a previsibilidade. Ou seja, a


culpa decorre do fato de se saber que o comportamento adotado poderia ter como resultado
o que ocorreu. Quem prevê tem discernimento (aptidão para compreender os fatos da
realidade, bem como o efeito de sua conduta).

O incapaz não tem discernimento. Quem responde pelos atos praticados pelo incapaz é seu
representante legal, mas sua responsabilidade é subsidiária. O CC criou uma regra, em seu
artigo 928, segundo a qual, se o responsável pelo incapaz não tiver patrimônio ou não for
obrigado a indenizar, o patrimônio do incapaz poderá ser atacado pela vítima que deseja ser
indenizada. Também se pode atacar o patrimônio do incapaz quando este for rico e o
responsável pelo incapaz for pobre. Portanto, a responsabilidade do artigo 928 é subsidiária
e por equidade. Exemplo de equidade: um incapaz causa um prejuízo de 1 milhão de reais,
e seu patrimônio é de 1 milhão de reais. O juiz poderá obrigá-lo a indenizar a vítima em
500 mil reais, para que o incapaz não fique sem condições de sobrevivência.

13 de fevereiro de 2017

CULPA
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

DOLO: Ação ou omissão voluntária. Ação em que se deseja produzir o resultado.

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CULPA (STRITO SENSO): Negligência, alguém deixa de ter uma conduta que evitaria o
dano.
Para haver culpa, a consequências da ação/omissão deve ser previsível ao “homem médio”,
que em tese, tem como prever o resultado.

Há casos em que o “homem médio” não serve de referência. Em algumas hipóteses não é o
comportamento padrão médio que vai estabelecer o requisito "previsibilidade".

Diante de uma situação específica. Em que a culpa exige levar em consideração


objetivamente quem está presente na situação específica, deve-se ter atenção à culpa
objetiva, ou seja, quando se compara a conduta não com o homem médio mas com as
peculiaridades de quem está na situação, ao contrário do critério geral da culpa.

Exemplo: homem simples vai pescar / médico vai pescar e para ajudar o amigo que se
machucou utilizou um pano sujo para estancar o sangue, agravando a lesão. Neste caso, o
que era previsível para um, não era para o outro.

1º - Identificação da culpa
2º - Gradação da culpa, onde culpa equipara-se ao dolo, gravíssimo e culpa leve.

Em todos os casos gera o dever indenizatório. O prejuízo é integralmente reparado.


Indiferente da gradação da culpa.

Culpa objetiva não se confunde com responsabilidade objetiva.


 Culpa objetiva
 Responsabilidade objetiva – responsabilidade que despreza a culpa. Utiliza-se um
critério para a apuração da culpa que leva em conta alguém específico para o caso
concreto.
 Responsabilidade subjetiva
O incapaz não prevê, logo, não pode ter culpa. Porém poderá causar dano, o artigo 933
atribui o dever de indenizar ao pai (no caso do filho menor) ou curador (no caso do incapaz
de seja responsável).

Em alguns casos, o incapaz deverá buscar em seu patrimônio valor da indenização.

Artigo 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

928: nos casos em que o responsável pelo dano for incapaz não tiver obrigação de indenizar
ou não tiver patrimônio, pode-se buscar indenização no patrimônio do próprio incapaz
(regra de responsabilidade subsidiária, supletiva).

ABUSO DE DIREITO
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Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Aquele que ao exercer um direito (titular de um direito) excede manifestamente a sua


finalidade econômica e social Pratica ato ilícito.

A ilicitude está no modo como exerço um direito, ao causar dano maior que o direito que
possui.

Exemplo:
Século XVIII – Inglaterra
Dois vizinhos de terras agrícolas brigaram, vale lembrar que nesta época a propriedade era
absoluta, não podendo ninguém restringir, um dos vizinhos usavam dirigíveis, enquanto o
outro colocou em seu terreno lanças pontiagudas, impedindo que o primeiro utilizasse os
dirigíveis.
O primeiro procura a justiça e narra os fatos, e o juiz defende o direito de propriedade
absoluto do vizinho 2. Até chegar na corte superior, onde os juízes, pela primeira vez,
trazem a ideia que o direito não pode ser exercido só com o propósito de prejudicar,
tornando ilícito (1228 CC).
O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-los do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

Com o passar dos anos, passou-se a adotar uma posição que colocou em conflito o espírito
emulativo [= inveja; rivalidade] do direito em relação a uma constatação objetiva. Ou seja,
mudou-se o enfoque do abuso de direito, chegando ao que é disposto no CC atual o qual se
afasta do espírito intencional. 

O artigo 187 afasta-se do elemento subjetivo e aproxima-se do elemento da


proporcionalidade. Ou seja, colocar lanças sem qualquer finalidade só para prejudicar o
vizinho é abuso de direito. Exige-se apenas a questão da intencionalidade e da
proporcionalidade.

 (Minoritária) Teoria Subjetiva (depende da intenção de prejudicar) do Abuso de


Direito

Compara-se a vantagem obtida pelo direito ao prejuízo de terceiro (excessiva desproporção).

 (Majoritária) Teoria Objetiva do abuso de Direito: mera comparação de dano causado


e vantagem obtida. Onde, se a vantagem é pequena, não há abuso de direito.
Dispensa a comprovação do espírito emulativo.

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Exemplo: Mariana é locatária há cinco anos, onde exerce sua profissão. Seu fiador é muito
rico. Nesses cinco anos, ela sempre cuidou do imóvel e nunca atrasou o pagamento do
aluguel. Depois desse tempo, o locador decidiu despejar a locatária. Ele está no seu direito,
mas a questão é saber qual será o benefício recebido pelo locador com esse despejo. Se o
locador não tiver vantagem alguma e apenas causar prejuízo à sua locatária que perderia
diversos clientes, ele se encaixará no artigo 187, do CC. Segundo a jurisprudência, o
exercício de despejar será ilícito se causar grande dano ao locatário, sem vantagem ao
locador. 

27 de fevereiro

Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 


I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de
remover perigo iminente. 

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites
do indispensável para a remoção do perigo. 

"Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não
forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram."

O artigo 929, do CC, destina-se a regulamentar as consequências de atos lícitos (não é o


caso do abuso de direito, que é um ato ilícito), quais sejam:

inciso I - legítima defesa real;


inciso II - estado de necessidade (tomado de empréstimo do Direito Penal).

Portanto, deve-se pagar indenização pela prática de um ato lícito.

Exemplo de estado de necessidade: A atropela B para não matar C. Portanto, o dever de


pagar indenização por ato lícito está presente no sistema jurídico pátrio.

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Na jurisprudência, existe um exemplo muito conhecido de estado de necessidade:


Duas pessoas trafegam em rua de mão dupla em sentidos contrários. Uma delas invade a
contramão, para não causar dano maior, e bate de frente no veículo que trafegava em
sentido contrário. Embora tenha agido sem culpa, o motorista que invadiu a contramão,
para não causar um dano maior deverá, sim, indenizar, podendo exercer seu direito de
regresso contra o autor do ato que o obrigou a invadir a contramão.

Mas isso não deve ser confundido com a legítima defesa putativa. Legítima defesa
putativa caracteriza-se pelo erro justificável pelas circunstâncias; ocorre quando o
agente repele aquilo que lhe parece ser uma agressão injusta e atual. Aquele que for
penalmente absolvido pela legítima defesa putativa ainda poderá ser obrigado a indenizar
na esfera cível. A legítima defesa real, que deve ser exercida no limite do necessário para
afastar o ataque, pode ser reconhecida, mas o que ultrapassar essa violência, ou seja, o
excesso, deverá ser indenizável. 

"Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra
este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao
lesado.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o
dano (art. 188, inciso I)."

A legítima defesa real de terceiro também é ato lícito que decorre do dever de solidariedade.

Exemplo: A defende B do ataque de C e atinge D. É possível pedir ressarcimento não só do


que atacou (C), mas também do que foi defendido, no caso, B. É preciso não perder de vista
que é um ato lícito que está provocando o dever de indenizar.

06 de março

Hipóteses de responsabilidade do artigo 932


Também são responsáveis pela reparação civil:
I. Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia;
II. O tutor e o curador, pelo pupilos e curatelados, que se acharem nas
mesmas condições;

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III. O empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos,


no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV. Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se
albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus
hóspedes, moradores e educandos;
V. Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a
concorrente quantia.

O Art. 932 traz uma hipótese de responsabilidade de outra pessoa, ou seja, alguém
responde por ato alheio. O rol do artigo 932 é taxativo. As cinco hipóteses previstas no
dispositivo são as seguintes:

Inciso I
O pai ou a mãe que responde pelo ato lesivo praticado por seu filho menor. Os dois
requisitos são: o filho menor deve estar sob sua autoridade parental e companhia. Há uma
corrente doutrinária para a qual essa companhia deve ser lida de modo amplo (corrente não
majoritária), ou seja, mesmo sem a companhia física, haverá responsabilidade dos pais pelo
ato lesivo do filho menor.
Há outra corrente doutrinária (majoritária) para a qual a responsabilidade dos pais não
depende de culpa, mas decorre do dever de zelar pela conduta dos filhos, evitando que essa
conduta seja prejudicial a terceiro. Portanto, para essa corrente, companhia significa,
necessariamente, presença física.

Exemplo: se o filho estiver na escola, o pai não responderá pelo ato lesivo praticado por seu
filho.

O problema se dá nas hipóteses em que o casal é separado, pois, nesse caso, um dos pais
tem o dever de cuidar (dever de zelo) e o outro não. Alguns doutrinadores entendem que os
dois respondem, pois, se não fosse assim, o pai ou a mãe que não respondesse seria
premiado.
A ideia predominante é: só responde aquele com quem o filho está quando pratica o ato
lesivo.

Existem a emancipação legal, que dispensa a manifestação de vontade dos pais (exemplo:
casamento; colação de grau em ensino superior; quando o filho provê o seu próprio
sustento por meio de estabelecimento comercial de sua propriedade ou relação de
emprego), e a emancipação voluntária (dada pelos pais aos filhos com 16 anos completos).

No caso da emancipação legal, os atos do emancipado saem do artigo 932, visto ser
considerado maior é capaz.

Mas e no caso da emancipação voluntária há 3 (três) correntes:

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1. os pais não mais respondem pelos atos dos filhos;


2. Quem foi emancipado voluntariamente não livra os pais do dever de indenizar ato
lesivo dos filhos a terceiros;
3. A emancipação é ato jurídico legal e, por consequência, os pais não deverão
responder pelos atos lesivos dos filhos, mas faz uma ressalva para o caso de ficar
demonstrado que a emancipação voluntária foi imprópria/incorreta.

ex.: quando o pai tinha razões para saber que não poderia emancipar o filho).

Conforme o Art. 928, se os pais não responderem, o patrimônio do incapaz responderá. Em


face de responsabilidade civil, a regra que valerá é a vigente no momento em que o dano
ocorreu.       

Inciso II
Curador/tutor por ato praticado pelo incapaz (curatelado/tutelado).

Aqui, a incapacidade decorre de desenvolvimento mental incompleto. Hoje, não se usa mais
o termo "interdição", termo considerado inadequado porque dá a ideia de limitação, sendo
substituído por curatela ou tutela. A responsabilidade civil do curador e do tutor (arts. 3o e
4o, do CC) ocorrem nas mesmas condições do inciso referente aos pais.

A condição de curador/tutor é um poder-dever, é um ato de solidariedade social, e não de


mera solidariedade. Essa responsabilidade é de natureza objetiva (conf. Art. 933 do CC).
Por isso, o curador/tutor responderá pelos atos lesivos praticados pelo
curatelado/tutelado, independentemente de culpa.

O processo de "interdição" tem por objeto gerar proteção para o incapaz. A sentença é
levada ao registro civil para dar publicidade à nomeação do curador/tutor cujo dever é o de
cuidar do curatelado/tutelado. Quando isso é tornado público, é possível pedir uma
certidão de nascimento do causador do dano na qual constará o nome do curador/tutor. 

Mas e se o incapaz deveria, mas não foi colocado sob curatela/tutela? Quem responderá é
aquele que teria o dever de se fazer nomear curador/tutor. Se não existir a figura do que
deveria se fazer nomear curador/tutor, ninguém responderá pelo ato lesivo praticado pelo
incapaz.  

Inciso III
Empregador que responde pelo ato lesivo praticado por seu empregado. 

No Direito Civil, a relação de emprego passou a depender cada vez menos da relação de
subordinação. Por isso, os dois responderão. Essa é uma discussão intensa e pouco
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explorada. Existe aplicação dessa regra na relação hospital-médico, pois se o médico


comete um erro, o hospital deverá responder.

E se o médico não for nada do hospital, mas apenas efetuar cirurgias no hospital por força
de uma Resolução do Conselho Federal de Medicina?
Essa Resolução volta-se contra o hospital que impede que médicos não pertencentes a seu
quadro clínico utilizem a infraestrutura hospitalar para realizar procedimentos cirúrgicos.

Nesse caso, aplicar-se-ia a Teoria dos Contratos Coligados que é o reconhecimento de que
alguns contratos, embora autônomos, têm vínculo inexorável. Por isso, em um contrato
coligado, haveria, sim, uma obrigação solidária de reparação do dano praticado pelo
médico.

Exemplo: O motorista de uma empresa era proibido de usar o carro da empresa fora do
horário de trabalho. Mas, em um final de semana, o motorista se embebedou, pegou o carro
da empresa, saiu  com ele da garagem da empresa e causou  um acidente. O Tribunal
condenou o empregador, por  entender que tudo que o empregado fizer em razão do
emprego gera dever de indenizar. Mas, nesse caso, houve uma ruptura do nexo causal, pois
foi a conduta ilícita do empregado e não o emprego que ocasionou o acidente perpetrado
pelo empregado. O limite deve ser sempre o nexo de causalidade.  

Inciso IV
Quem hospeda pelos atos praticados por seu hóspede.

Aquele que estiver hospedado e causar dano, o fundamento jurídico por esta
responsabilidade encontra-se no CDC que traz uma regra mais segura para se pedir
indenização. Bastando provar que há um defeito (exemplo: um hóspede bateu no seu carro,
te ofendeu, furtou seu celular) e a responsabilidade pela indenização será de quem
hospeda.

Esta previsão do inciso IV, é de pouca utilidade, pois é muito mais fácil discutir este tema a
luz do CDC.

O fato de haver relação de consumo entre o hotel e seus hóspedes caracteriza, pois, uma
relação de consumo. Se um hóspede causar dano a outro hóspede do mesmo hotel, o hotel
deverá indenizar, pois a responsabilidade do hotel é objetiva. Além disso, aplica-se ao caso
o Código de Defesa do Consumidor (CDC). Mas, nesse caso, o hotel poderá exercer ação de
regresso contra o hóspede que praticou o ato lesivo contra o outro hóspede.  

13 de março

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Inciso V
Prevê a responsabilidade de alguém que recebeu gratuitamente o produto de um crime, ou
seja, alguém que se beneficiou gratuitamente do produto de um crime.

Esta regra é chamada pela doutrina de "Regra Heterotópica", ou seja, uma regra fora do
lugar onde deveria estar.
Pois quando se diz que quem recebe um produto de crime gratuitamente terá que devolver,
não se trata de dever de pagar indenização, está fora da responsabilidade civil. Esta regra
simplesmente diz: não fique com uma vantagem à custa de uma pessoa que teve um
prejuízo injusto.
Portanto, esta regra estaria melhor colocada na parte que trata de enriquecimento sem
causa.

A pessoa que recebeu o bem não cometeu crime algum, se houvesse crime, seria o de
receptação que pode ser:
 Dolosa: quando alguém compra ou recebe sabendo ser produto de crime.
 Culposa: quando poderia saber, e não tomou os cuidados necessários.
E em qualquer das duas hipóteses teria praticado ato ilícito e assim, praticou ato criminoso
definido e não necessita desta regra para que deva indenizar.

Embora não tenha praticado o ilícito, ela se beneficiou do ilícito praticado por outrem. Além
disso, praticou um ato de boa-fé (sem saber e sem poder saber) e de modo gratuito. E o
produto recebido criminosamente deu prejuízo a alguém, por isso deve ser devolvido. Entre
proteger quem deixa de ganhar ou proteger quem teve prejuízo, o legislador optou por
proteger quem teve prejuízo (nada mais justo!).

No entanto, quando o produto do crime é obtido mediante pagamento, o legislador optou


por proteger aquele que fez o último negócio, em nome da conservação/proteção da
segurança dos negócios jurídicos. 

O sujeito de que trata o inciso V, do artigo 932, só devolve aquilo que recebeu de boa-fé e
de modo gratuito, mas não indenizará os lucros cessantes os quais deverão ser indenizados
pelo autor do crime de apropriação indébita.

Exemplo: Um fornecedor rouba uma máquina e fala para o seu comprador que ganhou a
máquina e não tem interesse nela e doa para este, que aceita.
O comprador não praticou crime algum.

A vítima quer a máquina de volta. O comprador é obrigado a devolver a máquina, e não


deve mais nada. O fornecedor fica obrigado a pagar a indenização por demais danos, como
lucros cessantes, por exemplo.

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Responsabilidade Objetiva
Art. 933 - Aqui, consagra-se a responsabilidade objetiva das pessoas indicadas nos incisos
de I a V do Art. 932.

"Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja
culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos."

Ou seja, o Art. 933 trata dos sujeitos previstos nos incisos de I a V do Art. 932.

As pessoas do artigo 932 respondem objetivamente: não precisam ter culpa. Essas pessoas
têm obrigação sem culpa. Respondem pelo ilícito alheio, este sim deve ter culpa.

Essas hipóteses tiveram origem na hipótese de culpa (código de 1916), porque tanto os pais
quanto os empregadores só indenizavam quando tinham culpa. Em um primeiro momento,
a culpa era presumida, e a presunção era relativa. Em um momento posterior, com o
surgimento da sociedade industrial, a quantidade de danos causados. Pela ação dos
empregados aumentou muito e a jurisprudência e a doutrina acharam interessante que os
empregadores pagassem, pois "quem obtém o bônus tem que suportar o ônus". Passaram a
entender que se tratava de presunção absoluta da culpa.

A Súmula 341, do STF, foi editada para consagrar a responsabilidade presumida do


empregador pelo ato do empregado ("É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato
culposo do empregado ou preposto."). Portanto, partiu-se da presunção de culpa para o
conceito de responsabilidade sem culpa. Se a presunção é absoluta, a responsabilidade foi
transformada em hipótese de responsabilidade objetiva, que independe de culpa. E não só
do empregador, mas sim de todos os sujeitos previstos nos incisos de I a V, do Art. 932. 

Dizer que a responsabilidade é objetiva é dizer que independe de culpa, e não dizer que os
agentes não precisarão indenizar. Ou seja: dizer que a responsabilidade é objetiva é dizer
que independe de culpa e que os agentes precisarão indenizar.

Direito de Regresso
Art. 934 - "Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago
daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou
relativamente incapaz."

Ou seja, quem paga pode voltar-se ao causador direto do dano? Sim, pode, desde que
respeitada a ressalva presente na segunda parte do dispositivo. Ou seja, ascendente não
pode cobrar do descendente na via regressiva.

Se o causador do dano for descendente, o legislador entende que o pai não exerceu seu
dever de cuidado (aqui, é importante ver o Art. 928). Nesse caso, há uma corrente
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(minoritária) que defende a possibilidade de o filho contra o qual o pai não pôde voltar-se
poder ser colacionado pelos seus irmãos quando da partilha  (exemplo: "despesas com o
processo crime do filho").
Lembrando que colacionar significa restituir o herdeiro com os valores anteriormente
recebidos pelos demais herdeiros, para que haja igualdade nessa divisão. - Ou seja, os
irmãos poderiam colacionar as despesas com o processo crime do irmão contra o qual o pai
não pôde voltar-se quando da partilha, desde que este tivesse um grau de discernimento do
fato ilícito que cometeu.

O fundamento da exclusão é: o pai deve tomar conta dos atos do incapaz. Mas e se o filho
for empregado do pai, pois aqui não há conexão lógica com o argumento da exclusão. Nesse
caso, o pai poderia cobrar na via de regresso, só não podendo cobrar do filho na via de
regresso nos incisos I e II, do artigo 932. 

No caso do filho ser curador do pai incapaz, tutor ou curador, poderá regressar contra este.
Quem é pai, é pai porque quis e tem o dever de cuidar de seus filhos.

Reflexos da Decisão Penal


Na responsabilidade civil o objetivo é eliminar o prejuízo, não se trata de punição.
A decisão penal (punitiva) tem reflexos na decisão civil.

Art. 935 - "A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar
mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se
acharem decididas no juízo criminal."

A responsabilidade penal é independente da responsabilidade civil, mas, não se discute no


cível o fato e a autoria, não se discute mais no processo civil.

Pode haver sentença penal que reflita no processo civil ou não (c/c Art. 91 do CP).

São efeitos da condenação:


I. Tomar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;

A sentença civil independe da sentença penal. Ou seja, independentemente do que ocorra


no processo penal, o processo civil poderá terminar de outra maneira. No cível, ao contrário
do que ocorre no processo penal, quase nunca haverá finalidade punitiva, mas sim
finalidade de ressarcir o prejuízo provocado a alguém.

O reconhecimento da culpa no processo civil ensejará pagamento de indenização. Mas o


reconhecimento do fato e da autoria no processo penal repercutirá no processo civil, para
que não haja esse desgaste no processo civil.
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Quem pode executar ou impor o cumprimento de sentença é quem dispuser dos títulos
executivos judiciais, dentre os quais está a sentença penal condenatória, pois essa
sentença reconhece a existência do fato, bem como da autoria. Portanto, essa sentença, no
processo civil, constitui título executivo judicial.

Exemplos: Quem mata uma pessoa, fica obrigado a pagar alimentos para os filhos de sua
vítima. Só poderá discutir no processo civil o "quantum", mas não mais poderá discutir o
dever de indenizar (Liquidação de sentença, pois já a título executivo gerado pela
condenação na esfera penal).

Tendo sido absolvida no processo penal por falta de prova, não havendo decisão de
materialidade e autoria, poderá ser condenada no cível.

Sendo absolvida por atipicidade da conduta, não merecendo sanção, mas poderá ser
condenada no cível, pois não há decisão sobre materialidade e autoria.

Ficando provado que outra pessoa matou, nesse caso, não poderá ser condenada pois não
ocorreu a materialidade.

Absolvição por Legítima Defesa ou Estado de Necessidade (faz coisa julgada no cível):
Se em sua defesa, atinge outrem, esse terceiro pode ajuizar ação indenizatória.

Se houver uma sentença penal contra o empregado que matou alguém, essa sentença
poderá fazer coisa julgada contra o empregador que não se defendeu? Não, pois o
empregador não pôde exercer o contraditório. 

Quem for absolvido por falta de provas no processo penal poderá ser condenado no
processo civil? Sim, em razão da independência existente entre o processo penal e o
processo civil. 

É preciso analisar se o fato delituoso e a autoria foram ou não decididos.  Quem for
absolvido por legítima defesa ou por estado de necessidade (Art. 91 do CP) praticou ato
lícito; portanto, sendo lícito, se a vítima requerer indenização na área cível certamente
perderá a ação.

Lembrando que a legítima defesa em relação a terceiro é indiferente.

Exemplo: Um fazendeiro foi assassinado por seu vizinho. A família do morto ajuizou ação
contra o suposto assassino que foi condenado a pagar indenização à viúva e aos filhos na
área cível. Mas, tempos depois, na esfera penal, foi absolvido por legítima defesa real. O
STJ, em face do conflito de duas coisas julgadas, entendeu que a legítima defesa deveria
prevalecer e afastou o dever de indenizar, privilegiando o direito material. A legítima defesa
e o estado de necessidade, no processo civil, são indiferentes.
14
@priscilaridade
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Professor Hamid

20 de março

DANOS PROVOCADOS PELAS COISAS


E DANOS PROVOCADOS POR ANIMAIS

DANOS PROVOCADOS POR ANIMAIS


"Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar
culpa da vítima ou força maior."

- Atribui responsabilidade ao proprietário de animais (donos e guardiões), consagrando


uma responsabilidade objetiva. Ou seja, mesmo que não tenha havido uma falha de
cuidado, o proprietário de animal deve responder pelo ato do animal, só se livrando do
dever de indenizar em duas hipóteses, quais sejam:
 prova força maior
 culpa exclusiva da vítima

Exemplo: vítima, desrespeitando o alerta de existência de cão bravo, entra no terreno.

Prevê, portanto, duas excludentes.

A questão relativa à guarda do animal só tem um complicador que enseja dúvida: quando o


animal provocar o dano sob os cuidados do passeador. Aqui, o proprietário continua
responsável, por força do que foi visto na relação de emprego, embora não haja contrato
formal de prestação de serviço entre o proprietário e o passeador do animal (vide Art. 932,
inciso III, do CC).

Exemplo: dono de vacas de raça entrou com ação de indenização contra dono de touro de
raça ruim o qual quebrava a cerca e cobria suas vacas de raça. Ou seja,  só se exonera da
obrigação de indenizar, se provar força maior ou culpa da vítima.

Dispensa do dever de indenizar – Hipóteses

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@priscilaridade
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1. Culpa exclusiva da vítima.


2. O dono do animal rompe seu poder de controle sobre seu animal com a entrega do
animal a alguém profissionalmente habilitado a cuidar dele.
Nesse momento, a condição profissional (tecnicamente qualificado) do adestrador faz com
que o cuidado fique entregue em caráter superior ao profissional. Há uma ruptura da
guarda.
O mesmo vale quando se entrega o animal em Hotel para passar determinado período de
tempo.

Vale lembrar que a responsabilidade do proprietário não exclui outras possibilidades. Ao


entregar o animal ao passeador, não haverá a mesma ruptura que há quando se entrega ao
adestrador, pois o passeador não é especialista, e age de acordo com as ordens do
proprietário, vale dizer que faz o mesmo que o proprietário faria. Então o proprietário e o
passeador respondem, há solidariedade.

DANOS PROVOCADOS POR IMÓVEIS

Cuidam de danos relacionados a:


1. (937) Ruína do edifício
2. (938) Queda dos objetos da unidades habitadas

"Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua
ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta."

Parece se tratar de uma hipótese de responsabilidade subjetiva, baseada na Culpa


(necessidade manifesta).
A interpretação prevalente é que esta regra deve ser lida como uma hipótese de
responsabilidade objetiva. Pois quando o legislador dia "necessidade manifesta"não quis
dizer que era preciso que o proprietário percebesse, mas sim, que precisava de reparos e
pois esse motivo ruiu.

Necessidade Manifesta: o legislador quer dizer que, por necessitar de reparos, ruiu.

Exemplo:
Ao cair um prédio, não se isenta de responsabilidade aquele proprietário que provar que
cuidava da estrutura do imóvel. Pois, não se trata de responsabilidade subjetiva, mas
responsabilidade objetiva.

A vítima poderá acionar a construtora, se o proprietário é mais pobre, por exemplo. A


construtora também responde:
Solidariamente: perante a vítima
16
@priscilaridade
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Professor Hamid

Regressivamente: perante o proprietário (quando este for acionado e pagar a indenização).

Em que consiste a ruína de edifício? Queda de parede, queda de telhado, constituem ruína
de edifício. Mas a expressão ruína teve seu conteúdo ampliado pela doutrina e
jurisprudência, com sentido finalístico, procedendo a um deslocamento do foco da
responsabilidade civil: primeiro, visava-se punir quem causou o dano; depois, passou-se a
olhar sob o ponto de vista da vítima.

O defeito em escada rolante passou a ser admitido como ruína. Esta escada machucou
alguém, responderá o proprietário do imóvel, ou o fabricante da escada rolante, bem como
aquele responsável pela manutenção.

O exemplo mais significativo é o do defeito em elevador: o proprietário do edifício ou o


condomínio responderá pelo defeito do elevador, poderia ajuizar a ação também em face do
fabricante do elevador.

É uma responsabilidade de natureza objetiva (vide a obra Da inexecução das obrigações, de


A. Alvim). Passou-se a achar que a responsabilidade era de natureza objetiva, porque se
não necessitasse de reforma, não teria ocorrido dano algum.

Quem responde pela ruína do edifício, será sempre o proprietário, esse dever de reparar o
dano é do dono do imóvel.

O inquilino do edifício que ruir, com base na responsabilidade objetiva, o inquilino, não
presente no artigo 937 mas que tinha conhecimento do problema que causou o dano,
poderá responder pela regra da responsabilidade subjetiva (fundamento jurídico: 927 e
186) e então caberá prova de reforma para se isentar da culpa.

"Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das
coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido."

1. A quem a regra se dirige


2. Tipo de objeto tratado
3. Responsabilidade Coletiva

A quem a regra se dirige


Ocupante do imóvel, que não necessariamente o proprietário, como o inquilino, filho do
proprietário, ou o comodatário.
O ponto de responsabilidade é quem está no imóvel.

Trata de dano relativo a um imóvel, e há uma regra relativa à um dano vinculado à um


imóvel.
Caberá ao ocupante do imóvel o pagamento da indenização.
- Cuida da queda de objetos colocados em unidades habitáveis. 
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@priscilaridade
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Professor Hamid

Trata-se de coisas não aderidas à construção. Quem pagará pelo prejuízo não poderá ser o
proprietário, pois não necessariamente é o proprietário quem habita o imóvel.

Objeto
Objeto colocado e não inerente ao imóvel. Algo que não aderiu à construção.

Responsabilidade Objetiva:
O responsável pelo imóvel (ocupante), indeniza.

Portanto, a responsabilidade será do habitante, independentemente de ser ou não


proprietário do imóvel. 

Responsabilidade Coletiva
O problema surge quando não é possível identificar de onde caiu o objeto (Teoria da
Responsabilidade Coletiva).

O Direito Romano usava a ideia da responsabilidade coletiva para a corrida de bigas. Como
era impossível identificar qual dos corredores fora responsável pela morte do animal, todos
os participantes da corrida seriam devedores solidários, exatamente como ocorre nos
chamados "rachas" de carros, e ainda, no jogo de futebol de rua, por exemplo.
Na impossibilidade de identificar o responsável, ou ninguém indenizaria, ou todos
responderiam. Surgindo a responsabilidade coletiva. Se há uma atividade coletivamente
realizada, é um dos membros causam um dano, todos respondem solidariamente.

Nesse caso, o condomínio, que é parte passiva ilegítima, é que deverá pagar pelo dano, pois
é caso de responsabilidade coletiva.

O condomínio terá direito de regresso, desde que consiga identificar quem foi o causador
direto do dano. Se o condomínio fosse divido entre lado ímpar e lado par, e o vaso (ou outro
objeto) tivesse caído do lado ímpar, somente os condôminos que habitassem o lado ímpar
pagariam pelo dano causado contra a vítima da queda do vaso.

"Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as
empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos
em circulação."

- Trata de responsabilidade pelos danos causados pelas coisas (artigo deslocado no CC). Quem
coloca um produto em circulação (o fabricante e o comerciante) fica obrigado a pagar pelos

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@priscilaridade
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Professor Hamid

danos causados pelo produto. Mas o dispositivo não estabelece complemento algum, faltando-
lhe a palavra "defeito" (vide o Art. 12, do CDC):

"Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador


respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos." [= responsabilidade objetiva]

Voltando ao Código Civil, o artigo 931 não é inútil porque ele socorre, por exemplo, uma
compra de máquina por uma indústria. O Art. 12 do CDC diz que o fabricante responderá,
independentemente de culpa, pelos danos causados pelo defeito no produto (aqui, também é
caso de responsabilidade objetiva). A diferença entre o Art. 931, do CC, e o Art. 12, do CDC, é
que o Art. 12 não colocou o comerciante, colocando-o no Art. 13 e criando as hipóteses
previstas nos três incisos do Art. 13, que dispõem sobre a responsabilidade supletiva do
comerciante:
"I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou
importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis."
Voltando ao CC, neste, a responsabilidade não é supletiva. O Art. 931, do CC, revogou o Art.
13, do CDC? O entendimento majoritário é o de que revogou.

Da Indenização Proveniente do Pagamento de Ações


"Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em
que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a
descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro."

- Trata da primeira hipótese de cobrança equivocada de dívida (cobrança de dívida antes da


data de vencimento). Há quem entenda que não poderá haver aproveitamento dos atos
processuais, mas, de qualquer maneira, o credor perderia os juros. Os artigos 939 e 940
não cuidam de indenização de prejuízos. São artigos cujo conteúdo é punitivo.

O legislador pune quem cobra a dívida em juízo antes do vencimento. Este artigo não exclui
a possibilidade de mandar pagar indenização. Indenização cabe.

Este artigo se destina a criar uma punição, uma pena civil. Duas penas haverá para a
hipótese de cobrar antes do vencimento:

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@priscilaridade
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Professor Hamid

1. Quem cobra judicialmente um dívida não vencida, fica obrigado a esperar o


vencimento. A ação será extinta e deverá ajuizar nova ação após o vencimento.
2. Não repara nenhum prejuízo do réu, mas impõe um prejuízo punitivo para o credor
que cobrar antes do vencimento: perda, pelo credor, dos direitos aos juros devidos
entre a data cobrança equivocada e o vencimento correto.

"Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as
quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no
primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele
exigir, salvo se houver prescrição."

Aquele que cobrar dívida em juízo, que já foi paga, fica obrigado a devolver o valor que já foi
pago, em dobro.

- Exige que haja uma cobrança judicial, ou seja, cobrança mediante ação distribuída. Aqui,
a regra tem natureza de punição de quem cobra uma dívida indevida com a intenção de
lesar quem já pagou-a. A sanção é devolver o valor pago pela segunda vez em dobro. É uma
punição bastante intensa, razão pela qual a jurisprudência resiste na aplicação desse
dispositivo, entendendo que essa regra só será cabível em caso de dolo ou má-fé.

O Código de Defesa do Consumidor não requer propositura de ação (Art. 42, § único). No
CDC, o legislador não previu má-fé, mas a jurisprudência passou a adotar a mesma regra
prevista no Art. 940, do CC. No Código Civil, a possibilidade de se aplicar a regra está
ligada apenas ao prévio pagamento. No CDC, a ilegalidade do segundo pagamento não
necessariamente decorre do primeiro pagamento.

Exemplo: pagamento de taxa indevida. Aqui, a ilegalidade está na própria cobrança da taxa
que não deveria ter sido cobrada. Portanto, no CDC, qualquer pagamento indevido está
sujeito à aplicação da regra do pagamento em dobro. 

Nos dois casos, precisa haver má-fé, mas no CC precisa haver ajuizamento de ação, e no
CDC não precisa haver ajuizamento de ação. Ser "negativado" (palavra horrível!) por uma
dívida já paga enseja danos morais, o que não exclui as penas dos artigos 939 e 940 do CC.

Súmula 159 STF


Cobrança excessiva, mas de boa-fé, não dá lugar às sanções do artigo 1.531 do CC (1916 =
940 CC atual).

Art. 941. Se o autor cobrou dívida já paga, o réu contesta provando que pagou e o autor
desistir da cobrança, está liberado da punição.

Ou seja, a sanção caberá apenas quando houver má-fé.

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@priscilaridade
Responsabilidade Civil
Professor Hamid

Existe uma regra paralela à esta, no artigo 42 do CDC, que só se aplica às relações de
consumo.

Diferenças:
1. Só se aplica a consumidores
2. Não depende do ajuizamento da ação de cobrança
3. Ao contrário do que ocorrendo no artigo 940, é obrigatório que o consumidor tenha
pago o que não deve (duas vezes a mesma dívida, fraude no cartão de crédito,
cobrança de empréstimo não contratado, por exemplo)
4. Pelo que pagou a mais, o fornecedor te pagará em dobro.
5. O fornecedor não pagará: se provar engano justificado. (Justificado engano ≠ Má-fé)

27 de março

Até agora, foram vistas as hipóteses de responsabilidade civil. Os arts. 942 e 943 trazem as
regras de fechamento do capítulo.

Responsabilidade Solidária
"Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam
sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente
responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932."

Se o dano tiver mais de um causador, todos serão solidários para a sua reparação. Atenção!
Só existe solidariedade no caso em que a lei definir, ou se expresso em contrato.

Exceção: Os incapazes não são devedores solidários com seus responsáveis. A


responsabilidade é subsidiária, neste caso.

O Art. 942 dispõe que os participantes do ato lesivo terão responsabilidade solidária pela
indenização. Ou seja, mesmo que haja vários participantes do ato lesivo, isso não significa
que haverá uma divisão de valores entre eles, quando o tema for considerado sob a
perspectiva da vítima. A obrigação solidária está regida nos arts. 264 a 285 do CC. Deve-se
olhar para qualquer um dos devedores solidários como se ele fosse o único, com o devedor
solidário devendo pagar a integralidade do prejuízo e restando-lhe, apenas, contestar isso
na via de regresso. Se há solidariedade, ela existe para ampliar a via de crédito para o
credor. Nesse caso, normalmente, o credor acionará o devedor com maior patrimônio.

21
@priscilaridade
Responsabilidade Civil
Professor Hamid

Transmissão Por Morte


"Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a
herança."

Trata da transmissão por morte do crédito indenizatório ou do débito indenizatório. Súmula


54 STJ.

Dano moral é a violação do direito de personalidade. O direito de personalidade é


intransferível, no entanto, se a ofensa à honra gera o direito de indenização em dinheiro,
sendo o dinheiro transmissível, poderão os herdeiros mover ação de indenização por dano
moral.

O Art. 943 cuida da transmissão das obrigações: o direito de receber a indenização e o


dever de pagar a indenização transmitem-se aos sucessores. Os filhos poderão cobrar
indenização por ofensa à moral do pai? Os direitos de personalidade não se transmitem
para os herdeiros, mas alguns deles se projetam para além da morte, tais como a honra e a
moral. O Art. 12, parágrafo único, do CC, dispõe sobre isso:

"Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e
reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista
neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o
quarto grau."

As ações poderão ser propostas por cônjuge, ascendentes, descendente, colateral até o 4º
grau.

Observação: o dinheiro é de quem moveu a ação.


Todos podem propor a ação de indenização.

O momento em que o ilícito é praticado é o momento em que o dano surge, nascendo o


direito de obter a reparação. O dano moral é ressarcido em dinheiro. Portanto, os herdeiros
serão titulares do crédito decorrente do dano moral. Lembrando que, no caso dos filhos do
devedor, a dívida não ultrapassará o patrimônio do pai falecido. Mas de quem será o
dinheiro? Embora haja várias correntes, prevalece a corrente cujo entendimento é o de que
o dinheiro será daquele que propuser a ação.

02 teorias para definir a Teoria do Risco


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@priscilaridade
Responsabilidade Civil
Professor Hamid

Teoria do Risco Proveito: quem tem o bônus paga pelo ônus.

No entanto, o que o legislador quis foi anotar a Teoria do Risco Criado: basta ter criado o
risco.

Observação: a atividade tal como normalmente desenvolvida de forma lícita.

Que risco é esse?


É o risco típico da atividade. Exemplo: índices estatísticos da possibilidade de acontecer o
fato. Em outras situações não requer índices estatísticos, dada a própria natureza da
atividade.

Exemplo: sequestro de gerente de bando. Há índices existentes feitos pela polícia.

 
Dano
Teoria da Equivalência das Condições
Qualquer fato que tenha interferido no resultado teria nexo de causalidade com o
resultado. Exemplo: fabricante das facas amontoando, teria responsabilidade em qualquer
crime causado com o uso faça. Teoria não aceita!

Teoria da Causalidade Adequada


Considera que há nexo se o fato por si só tem capacidade para alcançar o resultado.
O nexo de causalidade funciona como um filtro. Se não houver decorrência lógica e
previsível da conduta, não haverá nexo de causalidade (assim afasta a obrigação
indenizatória).

Teoria dos danos diretos e imediatos


Ainda que responda afirmativamente para a teoria da causalidade adequada, pode afastar o
nexo nesta teoria.
Entre a causa adequada e o resultado, tem que haver proximidade física e temporal e não
pode haver um elemento externo que interfira no resultado.

Nexo de causalidade Fática X Nexo de Causalidade Adequada

"Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado."

23
@priscilaridade
Responsabilidade Civil
Professor Hamid

As perdas e danos devem considerar: danos emergentes (o que o credor perdeu; valor
necessário para voltar ao "status quo ante" [= situação anterior]) e lucros cessantes (o que o
credor deixou de ganhar/lucrar). Os lucros cessantes precisam ser diferenciados dos lucros
hipotéticos. No estudo da responsabilidade civil, é preciso estabelecer limites para o valor
indenizatório, sobretudo agora em que a culpa ficou em segundo plano. Os lucros
cessantes são aqueles que o sujeito vinha tendo, mas foram interrompidos. Os lucros
hipotéticos podem ser exemplificados com a situação de um sujeito que teve seu carro
destruído antes de começar a trabalhar como taxista.

Caso clássico de lucro hipotético indenizável na jurisprudência da década de 1950: criança


assassinada com dois anos de idade.

Correção monetária, aqui, significa a correção do valor da moeda; os juros, que são frutos
civis, são a remuneração de algo que é de minha propriedade e está sendo usado por
outrem. Os juros, que são frutos civis, na relação entre iguais (art. 406, do CC), têm como
taxa a SELIC (que afasta a correção monetária porque já a contém) ou têm como taxa 1%
ao mês (com correção monetária), correspondente ao Código Tributário Nacional. Qual dos
dois é melhor? Depende da época.

A última verba que aparece no Art. 389, do CC, são os honorários de advogado. Para uma
corrente, esses honorários correspondem à verba de sucumbência. Para o professor, essa
posição é equivocada, porque esses honorários foram colocados no CC para remunerar os
honorários contratuais, e não os honorários de sucumbência. Portanto, para o professor,
esses honorários são os contratuais. No entanto, esse tema não foi pacificado até hoje.

"Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano,


poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização."

Se não houver nexo de causalidade entre a conduta e o dano, não haverá o dever de
indenizar.

Dano Emergente: valor que você precisa para retornar à situação anterior. Exemplo:
patrimônio de R$ 100, após o dano passa a valer R$ 80,00, assim o dano será de R$ 20,00.

Lucros Cessantes (artigo 423)


Lucros hipotéticos não são indenizáveis.

A jurisprudência com o apoio da doutrina tem indenizado alguns casos de lucro hipotético,
por estar muito perto de se realizarem.

Antes da CF/88 não havia danos Morais, considerava-se aviltante, desrespeitoso parear e
quantificar o sofrimento de alguém.

24
@priscilaridade
Responsabilidade Civil
Professor Hamid

A jurisprudência aceita o lucro hipotético no caso da família quer tem filho menor que sofre
dano.
No caso do atraso da entrega do imóvel: dano moral pelo atraso e o aluguel.

Abre o estudo dos danos. A vítima nunca receberá além do valor do prejuízo. Essa regra
não se aplica aos danos morais porque esses não têm mensuração, não se podendo dizer
qual é o seu limite. Ou seja, a culpa pode ser pequena, mas o prejuízo decorrente dela pode
ser grande.  Equidade = justiça. Portanto, o juiz tem aqui a possibilidade de mandar pagar
menos, abaixo do prejuízo.

Se a responsabilidade independer da culpa, sendo objetiva, não se aplica o parágrafo único


do Art. 944. Esse parágrafo único só se aplica à hipótese de responsabilidade subjetiva.

Trata de dano material, só pode ser aplicada esta regra da desproporção nos casos de
responsabilidade subjetiva.
Essa regra existe para estimular a cautela das pessoas. Trata-se de uma regra de exceção,
pois há dever de indenizar, vai pagar indenização, mas há um bônus para quem te vê
pouca culpa.

Deve-se atentar para a avaliação da previsibilidade e da conduta adotada para evitar o


dano, quando se deseja verificar o grau de gravidade da culpa (quanto mais previsível e
quanto maior a possibilidade de se evitar o dano, maior será a culpa).

E se aquele que tem uma culpa pequena for milionário? Nesse caso, deve-se ou não aplicar
a regra da equidade? Não, pois a regra da equidade deve ser aplicada apenas em face
daquele que ficará em situação de penúria econômica em razão do pagamento pelo dano
provocado por ele. A culpa é sempre ligada à ideia da previsão, bem como à
negligência, imprudência e imperícia. Ser negligente é prever o resultado e deixar de
tomar medidas que poderiam evitar o dano. Segundo Silvio Venosa, "culpa é a
inobservância de um dever que o agente devia conhecer e observar" (CC Interpretado, 2013,
p. 1108).

08 de maio

Dano por Ricochete


Quando morre uma pessoa, haverá a indenização do artigo 948, que se refere ao dano por
ricochete, ou seja, lesão que uma pessoa sofre como vítima indireta de um dano causado a
outra pessoa.

25
@priscilaridade
Responsabilidade Civil
Professor Hamid

Exemplo: ao matar um pai de família, seus filhos e cônjuge é que ficaram sem meios de
sustento. O artigo 948 propõe um critério para fixação da indenização a ser paga a família
do morto.

O artigo 948 é usado como critério para o pagamento da indenização à família do morto.

"Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a
duração provável da vida da vítima."

Lógica Geral
- A verba alimentar, disposta no Art. 948, inciso II, não é igual aos alimentos do Direito de
Família. Não se aplicam aos valores de natureza alimentar os mesmos critérios de fixação e
regras do Direito de Família (possibilidade de quem paga é necessidade de quem recebe),
não estando essa verba alimentar sujeita à prisão nem à ação revisional de alimentos. 

É uma verba alimentar de natureza indenizatória que é fixada no momento da morte e paga
em uma única vez. Não está sujeita aos critérios de indenização do Direito de família, que
são: possibilidade de quem paga é necessidade de quem recebe, aqui, na verba
indenizatória não se utiliza esse critério, pois aqui calcula-se o máximo de ganho do
falecido e mandar pagar apara quem tem o direito de receber a verba.
Uma vez que o valor máximo será pago, não haverá melhora neste valor.

Essa verba será paga para quem o falecido devia alimentos. Basicamente: cônjuge,
descendentes, ascendentes e ainda, colaterais (irmãos).

Exclui as pessoas que recebem valores do morto a título de mera liberalidade.

Haverá possibilidade de discutir o valor da indenização fixado na sentença. Não é preciso


que o falecido esteja pagando alimentos, mas sim que o dependente tenha o direito de os
exigir. Mas só pode ser exigido do homicida o valor dos alimentos juridicamente exigíveis.

Mera Liberalidade
Não se trata de custear a sobrevivência.

Exemplo: Avô assassinado que pagava a escola de natação do neto. Esse valor não é
juridicamente exigível, porque não é uma verba compulsória, mas sim ligada à liberalidade
do avô. Se o falecido pagasse alimentos aos filhos menores e à ex-mulher, a ex-mulher
poderia pedir verba de indenização ao homicida do ex-marido. Se o falecido tiver
ascendente cujo sustento era provido por ele, o ascendente também poderá pedir a verba de
indenização ao homicida. 
26
@priscilaridade
Responsabilidade Civil
Professor Hamid

Decreto de Prisão
A verba tem natureza alimentar, mas tem cunho indenizatório, ou seja, embora tenha
natureza alimentar, por não ser verba de alimentos de família não autoriza decreto de
prisão.
Mas nada impede que o juiz impeça o devedor de usar meios coercitivos para o fim de obter
o pagamento, inclusive de verbas pecuniárias (Artigo139).

Lógica por membro da família


Quando um pai de família morre, deixa à mulher e aos filhos uma pensão por morte. Para
haver responsabilidade civil, é preciso que existam quatro requisitos e um deles é a
existência do dano. Na pensão por morte, não há dano. O problema é: diante do
recebimento da pensão por morte, quem matou continua devendo pagar a verba
indenizatória de caráter alimentar? Sim, pois a pensão por morte existe em razão do
trabalho do pai que morre. O STJ entende que seria injusto que o assassino deixasse de
pagar a pensão às custas do esforço do falecido. Por isso, a jurisprudência opta pelo
enriquecimento da família. O INSS começou a ajuizar ações contra o causador da morte do
pai de família, em razão da antecipação do pagamento da pensão por morte à viúva. Alguns
poucos Acórdãos já decidiram em favor do INSS, mandando que o assassino indenizasse o
INSS. Mas ainda não se sabe como a jurisprudência resolverá essa questão. Portanto, o
tempo dirá qual dos dois raciocínios deverá prevalecer: se o pagamento da verba
indenizatória à família do falecido ou se o pagamento de indenização ao INSS, uma vez que
o assassino não pode ser obrigado a pagar as duas indenizações.

Valor da Indenização:

O valor é calculado sobre o valor da renda de quem morreu.


Se a renda for fixa, será fácil de verificar o salário na data da morte;

Se a renda for variável, deve-se obter a renda média dos últimos três anos;

Se não ganhava nada (trabalhador informal), o valor será calculado sobre o salário mínimo.

Se não ganhava nada (comprovadamente), não há indenização.

No caso do profissional liberal (médico, por exemplo) utiliza-se os dados do Imposto de


renda.
Podendo provar que este ganhava mais que declarava.

Quem recebe
A verba alimentar indenizatória será dividida entre os filhos menores e os credores
(cônjuge, ascendente).

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Professor Hamid

SEMPRE Podem exigir alimentos: cônjuge (dever recíproco de prover sustento) e filhos
menores (porque o poder familiar obriga o pai a sustentar os filhos menores).
O pagamento será feito na proporção do valor que ganhava. Não será o valor inteiro que
ganhava que será pago aos cônjuge e descendentes, pois supõe-se que ele iria gastar
consigo parte deste valor. Esta despesa que consome com sua sobrevivência é estimada em
1/3 do que ganhava, assim, o valor da pensão devida será de 2/3 do valor da renda do
falecido.

Eles serão indenizados na seguinte proporção:


½ para o cônjuge
½ dividido entre os filhos menores

Se estava separado do cônjuge, continua a pagar o valor fixado e o restante vai para os
filhos menores.

Se o cônjuge sobrevivente vem a falecer, sua metade não deixa de ser paga, pela regra do
"direito a acrescer", significa que o valor que deixa de ser utilizado por um passa a acrescer
a pensão dos demais.

Até quando?
Cônjuge:
1. Até a morte
2. Novo casamento (união estável), pois não se admite ao adultério no Brasil, de modo
que, se surge outra pessoa com o dever de prover o sustento desta, não pode manter
o anterior.
3. Prazo máximo: data em que se supõe que o falecido morreria de morte natural:

A verba alimentar indenizatória deverá ser paga até a data em que se supõe que o falecido
viveria se não tivesse sido assassinado. Hoje, a expectativa de vida gira em torno de 73
anos de idade. 

Filhos Menores:
1. Até os 24 anos, pois supõe que os filhos viveriam por conta própria Ou até a
conclusão da faculdade.
2. Casamento
3. Expectativa de vida

Observação: Se o sujeito morrer no topo da expectativa de vida, aumentar-se-á em cinco


anos essa expectativa para o recebimento da verba alimentar indenizatória.

Art. 533, § 3o, do CPC/2015, dispõe que, presentes determinadas circunstâncias, o juiz
poderá alterar a sentença, a qual não faz coisa julgada apenas e tão somente em relação ao
valor.
Se sobrevier modificação após a sentença, pode reclamar uma revisão da sentença.

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@priscilaridade
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Professor Hamid

Pensão do INSS

A jurisprudência, já pacificada, entende serem as verbas cumuláveis quando o falecido já


era aposentado. Isso porque o assassino não pode usar o esforço de sua vítima em benefício
próprio. Ademais, a indenização por morte e a pensão por morte têm naturezas jurídicas
diferentes. Mas o INSS tem proposto ação de indenização em face do assassino, em razão
de ter de pagar à viúva a pensão por morte, devido ao assassinato praticado por ele.
Pode cumular essa pensão.

Qual é a segunda figura que deve ser estudada? A figura da mãe de família. A mãe de
família encaixa-se na mesma situação do pai de família.

Se a mãe não trabalhar fora nem dentro de casa, a perda dessa mãe não gerará prejuízo
material, mas poderá gerar dano moral. Pode-se, inclusive, pensar em dano moral periférico
(ex.: gastos com psicólogo), mas não será verba de natureza alimentar, porque ela não tinha
renda.

Já para uma mãe que faz o trabalho doméstico, a perda material será o custo de uma
empregada doméstica, embora também enseje dano moral. Nesse caso, pode ter algo a
mais? Sim, pois essa mãe podia fazer outras coisas além do trabalho doméstico.

Aqui, a remuneração é integral para os filhos até que eles saiam de casa (situações
presumíveis). Para o marido, a pensão pela morte da esposa que não trabalha fora é
indenizável até o momento em que o marido se casar novamente, podendo durar até a
morte efetiva do marido que não voltar a casar-se. Vale aplicar aqui o direito de acrescer,
ou seja, o serviço que era remunerado para o pai, passa a ser para os filhos. Aqui, não se
aplica o raciocínio geral. Lembrando que tudo o que se disse sobre o casamento é válido
para a união estável.

Atenção: no caso do trabalho doméstico, não será 2/3 e sim integral.

Em relação ao filho com menos de 18 anos, a morte do filho tem dano moral e, em regra,
corresponde ao maior valor que se arbitra. Antes de 1988, não havia pagamento de dano
moral no Brasil a não ser para crimes contra a honra. Matar uma criança não ensejava
indenização por dano moral nem por dano material, porque a criança não trabalhava
(e lucro hipotético não é indenizável).

29
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Isso incomodava a jurisprudência que fez uma espécie de "gambiarra" que se sustenta até
hoje: aos 14 anos a criança começaria a trabalhar e ganharia um salário mínimo até os 24
anos, dando 2/3 desse salário para os pais.

Com a previsão expressa do dano moral pela CF/1988, isso começou a ser questionado.
Hoje, o STJ não tem dado dano material para morte de criança nos casos de família de
classe média para cima, porque a suposição de que a criança de classe média começaria a
trabalhar aos 14 anos de idade é absolutamente falsa.

Mas diante da hipótese de família de baixa renda, o STJ continua a aplicar essa lógica, pois
as famílias de baixa renda geralmente contam com o dinheiro ganho pelas crianças. O STJ
determinará o pagamento dessa pensão (2/3 da renda do filho morto) até que o filho morto
completasse 24 anos e 1/3 da renda daí em diante até a morte dos pais do filho morto ou
até a data em que ocorreria a morte presumida do filho morto (teoria inviável, pois a data
presumida da morte do filho ultrapassa em muito a data da morte dos pais). Essa é a lógica
em relação à morte do filho. Relativamente aos ascendentes e parentes colaterais, só haverá
dever indenizatório se surgir uma ação jurídica (previsão de pagamento de verba alimentar).
Mas a obrigação indenizatória só tem sentido mediante o reconhecimento de um dever
jurídico. Se for por liberalidade, não haverá dever indenizatório.

Até 24 anos
Trabalha: tem o dever de colaborar , esse auxílio, 2/3 até a data quando completaria 24
anos.
A jurisprudência: aos 24 anos sairá de casa. Mas não é possível dizer que deixaria de
ajudar os pais. Logo, pagará 2/3 até 24 anos e reduzirá para 1/3.

Até 14 anos
Não tem indenização por dano material (classe média).

15 de maio

Indenização por Perda de capacidade para o trabalho


Artigos 949 e 950

"Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum
outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido."

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@priscilaridade
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Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas
do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que
ele sofreu.
 
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada
e paga de uma só vez. 

Lesão que acarreta:


Necessidade de Tratamento para recuperação: o causador da lesão pagará as despesas
médicas.
Depois de recuperada, a vítima pode continuar com reflexos do dano.

Indenização correspondente à uma diminuição de capacidade de trabalho da vítima.

Jurisprudência:
Elevação da lesão – eleva-se a indenização.
Diminuição da Lesão – (CPC - artigo 533, §3º): prevê a possibilidade de modificação da
mesma maneira que prevê para a elevação. A jurisprudência não admite a utilização desta
regra, pois presume-se que a vítima faz um esforço extra para se recuperar, e o esforço da
vítima não pode beneficiar quem indeniza.

Crítica: aparentemente há um equívoco, pois o esforço extra que a vítima faz já é


remunerado por quem indeniza.

É possível cumular, assim como no caso da morte, com o auxílio acidente do INSS (pode,
pois quem custeia é a própria vítima).

Parágrafo Único: quando se pede o pagamento a vista, o juiz vai nesse caso, arbitrar o
valor. Não há um critério tecnicamente previsto.
Para os casos de indenização por morte:
1. O parágrafo único está ligado ao caput, e este, só se refere à indenização pela perda
de capacidade para o trabalho. Do ponto de vista sistemático, só se aplica para esses
casos. Porém este, é um ponto de vista arriscado. O STJ passou a dizer que em
alguns casos, pagar à vista para vítima de indenização por perda de capacidade que
não tem capacidade para administrar o dinheiro, fazendo falta para o seus sustento
ao longo dos anos. Hoje, pode aplicar o p.único do 950 para os casos do 948 como
uma regra de aplicação analógica para situações equivalentes. Levando em conta a
perspectiva da garantia sobrevivência de quem recebe.

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@priscilaridade
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Professor Hamid

O Art. 950, parágrafo único, dispõe sobre o pagamento à vista e por equidade. Verificando
quantos meses seriam pagos para a vítima, o juiz calcula um valor a ser pago à vista que
será arbitrado por equidade. 

Quando a perda da capacidade o incapacitar para o trabalho, ainda que não perdendo
100% da sua capacidade, paga-se 100%. Deve-se analisar cada caso específico.

Exemplo: Cai um vaso no braço de um transeunte que leva a uma perda de sua capacidade
de trabalho de 20%. O responsável pelo acidente deverá pagar 20% sobre o valor do salário
do acidentado até a morte deste.

Aqui, não haverá expectativa de vida que só é válida para quem está morto. Esse valor é
pago para a própria vítima e não para sua família (dano direto). Mas se o acidentado não
mais conseguir trabalhar, a indenização deverá ser de 100%.

Imaginando que o sujeito acidentado perdeu 20%, mas que depois essa perda se agravou,
subindo para 40%, o que aconteceria? Nesse caso, dever-se-á aumentar para 40%, nos
termos do Art. 533, § 3o, do CC (fato superveniente que altere a situação existente à época
da prolação da sentença).

        

Ofensa à Honra
952, 953 e 954

Lesão pela perda de bem material, perda da liberdade e ofensa à honra (Arts. 952 a 954).
Perda da liberdade - Exemplo: cárcere privado. O CC dispõe que haverá indenização
correspondente aos lucros cessantes por conta desse fato.

A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas
resulte ao ofendido.
 
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar,
eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso. 

Quando se tratar de ofensa à honra, a indenização será equivalente ao prejuízo material,


mas será arbitrada pela equidade se não houver prova de dano material. Até a CF/88, não
se indenizavam danos morais no Direito brasileiro, mas, a partir daí, os danos morais
sempre serão cabíveis.

Nem toda ofensa à honra tipifica um crime, nesses casos, pode haver indenização também.
Essa lesão pode ser que provoque dano material.
32
@priscilaridade
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Professor Hamid

Como uma ofensa à honra poderá gerar dano material? Digamos que um veterinário
comece a ser difamado por ex-cliente e consiga provar que essas ofensas lhe ocasionaram
prejuízos econômicos. Nesse caso, as duas verbas serão cumulativas, pois uma não exclui
a outra.

O parágrafo diz: se o bem não puder ser recuperado, a vítima poderá receber o valor do
bem mais o preço de afeição (= valor afetivo), se este não se avantajar ao valor material. Ou
seja, o preço não poderá ultrapassar o preço do valor material.

Esse parágrafo deve ser lido levando-se em conta a época em que esse artigo nasceu.
Exemplo: Um rapaz tinha uma única foto em companhia de seu pai. Levou essa foto a uma
empresa para fazer uma reprodução, mas a empresa perdeu a foto. Quanto vale essa
perda? Esse parágrafo hoje não pode mais ser aplicado por duas razões: ou porque a CF
passou a permitir danos morais para tudo; ou porque é uma regra de natureza punitiva,
nada impedindo que haja punição e dano moral. 

Art. 927, parágrafo único será visto posteriormente. 


Art. 403 - Dispõe sobre o nexo de causalidade. O nexo de causalidade é o reconhecimento
de que foi o fato o causador do dano. O nosso sistema difere do sistema anglo-saxão, pois o
nosso sistema trabalha com a lógica da solidariedade. Pela Teoria da Equivalência das
Condições, todo fato que participou da cadeia que desencadeou o dano tem nexo de
causalidade, ou seja, está ligado ao nexo de causalidade. Carlos Roberto Gonçalves assim
explica essa teoria: "Pela teoria da equivalência das condições, toda e qualquer
circunstância que haja concorrido para produzir o dano é considerada como causa." (p.
360) Para que se verifique isso, deve-se apagar o fato e verificar se, apagando-se o fato, o
dano teria ou não ocorrido. Por essa teoria, o nexo de causalidade iria até ao infinito.
Exemplo: O fabricante da arma poderia ser acionado pelos assassinatos com arma de fogo.
Pela Teoria da Causalidade Adequada, considera-se somente o fato com força suficiente
para ocasionar o dano. Essa teoria "somente considera como causadora do dano a condição
por si só apta a produzi-lo" (Op. cit., p. 361). Essa segunda liga-se à terceira teoria. A
terceira, que é a Teoria dos Danos Diretos e Imediatos é um amálgama das anteriores. Ela
defende que os danos decorrem do fato de forma direta e imediata. Ou seja, entre o fato e o
dano surgiram outros elementos que intervieram na cadeia com mais eficácia e força e
provocaram aquele dano. Nosso CC, conforme disposto no Art. 403, adota a Teoria dos
Danos Diretos e Imediatos. "Requer ela haja, entre a conduta e o dano, uma relação de
causa e efeito direta e imediata" (Op. cit., p. 361). Cada agente responde somente pelos
danos resultantes direta e imediatamente de sua conduta. Exemplo: Um ônibus cheio
perde o freio em uma descida. Um passageiro, em desespero, abra a janela e pula. Mas,
durante a descida, o freio voltou a funcionar e somente o passageiro que pulou da janela
morreu. Nesse caso, há nexo de causalidade entre a perda do freio e a morte do passageiro?
Por três a dois, o STJ entendeu ter havido culpa concorrente, o que reduziu a indenização.
Vale aqui a prognose retrospectiva (= adivinhação ao contrário). Deve-se colocar
mentalmente antes do fato para se perguntar: o dano está no desdobramento lógico? Se a

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resposta for "sim, estava", haverá nexo de causalidade. O elemento aqui é a previsibilidade,
mas, atenção, porque essa previsibilidade é diferente da previsibilidade da culpa. Outro
exemplo: um atropelado foi para o hospital e morreu em decorrência de erro médico. Nesse
caso, o Acórdão decidiu que não havia nexo de causalidade. Mais um exemplo: um rapaz
que ficara muito tempo internado em clínica de desintoxicação, tempos depois da alta,
brigou no trânsito, ficou internado por um período, devido à surra que levara do
caminhoneiro e seu ajudante, e, seis meses depois desse incidente, suicidou-se. Nesse
caso, não há nexo de causalidade jurídico, porque não está no desdobramento lógico do
fato, ou seja, foi um fato imputado exclusivamente ao suicida que lhe ocasionou a morte.
Último exemplo: um preso fugiu do presídio e, 10 meses depois, na companhia de três
comparsas, praticou crime de estupro seguido de morte. A família da vítima ajuizou ação
contra o Estado, ganhou a ação, mas o Estado não pagou. No entanto, um famoso civilista
- Moreira Alves - entendeu não ter havido nexo de causalidade devido ao surgimento de um
fato externo que interferiu na ruptura do nexo (presença de outros comparsas e distância
temporal). A prognose retrospectiva deve estar ligada ao desdobramento natural do fato
causador do dano. Portanto, o chamado dano remoto não é indenizável nem se indenizam
"esperanças desfeitas, nem danos potenciais, eventuais, supostos ou abstratos" (Op. cit, p.
363). As principais excludentes da responsabilidade civil são: estado de necessidade,
legítima defesa, culpa da vítima, caso fortuito ou força maior e cláusula de não indenizar.
As concausas preexistentes, que já existiam quando da conduta do agente, não eliminam a
relação causal. Exemplo: condições de saúde preexistentes da vítima, ainda que agravem o
resultado, em nada diminuem a responsabilidade do agente. Ocorre o mesmo em relação à
causa concomitante e à causa superveniente. Esta só terá relevância quando, rompendo o
nexo causal anterior, erigir-se em causa direta e imediata do novo dano.       

954
.....

CAUSAS EXCLUDENTES DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR


Segundo o professor, essa expressão é pouco precisa. A responsabilidade civil está ligada à
presença dos quatro requisitos: conduta, dano, nexo de causalidade e culpa. O requisito
mais complexo é o nexo de causalidade. Causa excludente significa que não há nexo de
causalidade; logo, falta um dos quatro requisitos.

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Professor Hamid

A primeira causa excludente é a culpa da vítima. Pela teoria dos danos diretos e imediatos,
o fato que surge entre a conduta e o dano capaz de romper o nexo é a atuação da vítima .
Ou seja, quando o evento danoso acontecer por culpa exclusiva da vítima, desaparecerá a
responsabilidade do agente. Aqui, o fato que interveio foi oriundo do comportamento da
própria vítima. A culpa exclusiva da vítima exclui o dever indenizatório; já a culpa
concorrente da vítima não exclui, mas diminui o valor a ser indenizado. Ou seja, quanto
maior for a culpa da vítima, tanto menor será o valor a ser indenizado. Isso porque o
partilhamento dos danos deve ocorrer na proporção da gravidade da culpa da cada agente,
nos termos do artigo 945, do CC. Olhando para o caso concreto, muitos percentuais
poderão ocorrer. Existem vários Acórdãos que tratam de acidentes com motociclistas que
são atropelados e machucam a cabeça por estarem sem o capacete. Não tendo o capacete, o
dano é maior. Em casos como esses, a jurisprudência deduz 20% do montante gasto com o
tratamento, porque houve culpa concorrente. Segundo Carlos Roberto Gonçalves:
“Quando a vítima do atropelamento for criança, que sobrevive ao acidente, não há como
falar-se em concorrência de culpas, se os autos revelam alguma parcela de culpa do
condutor do veículo. A culpa de terceiro, no caso, culpa ‘in vigilando’, dos pais da criança,
não pode opor-se aos direitos desta.” (In: Direito Civil Brasileiro. Vol. IV. p. 475.)
Atenção - Quando se fala em culpa da vítima, deve-se fazer uma ligação com o Código de
Defesa do Consumidor no qual há dois artigos que tratam de Responsabilidade Civil, o Art.
12 e o Art. 14. Uma das hipóteses do CDC fala em culpa exclusiva da vítima, nos termos do
art. 12, § 3º, inciso III. Mas mesmo nas relações de consumo, quando o dano for
proveniente de defeito, a culpa da vítima reduzirá o dever de indenizar. Isso ocorre porque
não se pode permitir que  o consumidor use o produto com total negligência ou
imprudência.
A segunda hipótese de excludente é a que trata de culpa de terceiro e força
maior. Conforme disposto nos arts. 929 e 930, do CC, e segundo Carlos Roberto Gonçalves,
“predomina o princípio da obrigatoriedade do causador direto em reparar o dano. A culpa
de terceiro não exonera o autor direto do dano do dever jurídico de indenizar” (Op. Cit., p.
476). Caberá, no entanto, ação de regresso contra o terceiro que criou a situação de perigo,
para reaver a importância gasta no ressarcimento do dano. O agente somente se eximirá da
responsabilidade de indenizar quando o ato de terceiro for causa exclusiva o prejuízo, pois,
nesse caso, desaparecerá a relação de causalidade entre a ação ou omissão do agente e o
dano. Carlos Roberto Gonçalves afirma:
“A exclusão da responsabilidade se dará porque o fato de terceiro se reveste de
características semelhantes à do caso fortuito, sendo imprevisível e inevitável. (...) somente
quando o fato de terceiro se revestir dessas características, e, portanto, equiparar-se ao
caso fortuito ou à força maior, é que poderá ser excluída a responsabilidade do causador
direto do dano.” (Op. cit., p. 476). 
Se um motorista estava em alta velocidade em via que lhe era preferencial e foi abalroado
por outro veículo que desrespeitou o sinal de "Pare", a culpa do primeiro só será excludente
quando a culpa do segundo for integral; quando a culpa for concorrente, não haverá
ruptura do nexo de causalidade nem exclusão do dever de indenizar. O que é força maior?
O Código Civil define, no parágrafo único do Art. 393, o que é força maior e caso fortuito. A
doutrina não faz mais a distinção entre caso fortuito e força maior, pois essa classificação é
inútil para o sistema jurídico. Ser imprevisível não é o marco da definição; o marco da

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Professor Hamid

definição é ser inevitável. A ação humana também pode ser inevitável, a exemplo dos
roubos a empresas de transporte de valores. Fortuito interno é quando algo é inevitável em
determinadas atividades, a exemplo de saques feitos por hackers em contas
correntes. Logo, fortuito interno é o inevitável usado em uma determinada cadeia
produtiva. Esse fortuito interno não exclui o dever de indenizar. Em regra, o fortuito
interno ocorre em atividades de risco. Existe um fortuito interno que está fora da atividade
de risco, mas que, ainda assim, não exclui o dever de indenizar: acidente de trânsito
ocasionado por defeito mecânico do carro. Isso decorre de não haver regra específica pela
guarda do bem móvel inanimado. Há regra para bens imóveis, mas não para bens móveis.
Por isso, a jurisprudência entendeu haver presunção de culpa absoluta, mesmo que o
motorista prove ter feito a revisão do carro na semana anterior. Esse é o entendimento
atual da jurisprudência. Há uma excludente em razão de ter havido prescrição. A
prescrição está no Art. 205 e Art. 206 do CC, os demais dispositivos tratam da decadência.
Qual o prazo de prescrição para a responsabilidade civil decorrente de dano? É de três
anos. Mas há uma "pegadinha". A "pegadinha" diz respeito ao fato de que se pode ter dano
de relação extracontratual ou contratual. A prescrição de três anos só se aplica aos casos
de dano extracontratual, porque a jurisprudência e a doutrina consideram que, para dano
proveniente de relação contratual, o prazo é de dez anos que corresponde ao prazo geral do
Art. 205 (lembrar que o acessório segue o principal). Pela teoria do dever de mitigar o dano,
quem foi vítima de dano tem o dever de agir para não fazer com que o causador do dano
pague mais do que o necessário, para estabelecer o "status quo ante". Exemplo: dono de
carro envolvido em acidente que deixa o carro abandonado por uma semana antes de tomar
as providências devidas. 

RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO DE FAMÍLIA


Há três situações que ensejam a responsabilidade civil no Direito de Família: ruptura do
noivado; desfazimento de casamento ou união estável; abandono do filho. Romper o
noivado é lícito e, além disso, é o exercício de um dever. O que justifica a indenização na
ruptura do noivado é o rompimento do noivado de maneira a constranger o outro. Exemplo:
rompimento do noivado após compra de móveis, pagamento de bufê, distribuição de
convites. Na ruptura do casamento, a palavra-chave é direito potestativo que independe da
concordância do outro, ainda que envolva adultério, pois as relações afetivas são livres. A
jurisprudência entende que, nas relações de casamento, os cônjuges estão em posição de
igualdade (risco da atividade). Na hipótese de abandono de filho, não há relação entre
iguais. No abandono de filho, há o descumprimento de um dever. No Brasil, há dois
Acórdãos do STJ que negaram o direito de indenização dos filhos contra os pais que os
abandonaram afetivamente, sob o argumento de que isso criaria uma dificuldade na
retomada da relação entre filhos e pais (vide artigo de Maria Celina Bodin).

TEORIA DO RISCO DA ATIVIDADE


Art. 927, parágrafo único, do CC - Quando se fala nessa teoria, está-se falando do
parágrafo único do artigo 927, do CC. O primeiro artigo tratado no curso foi o caput desse

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artigo segundo o qual a responsabilidade civil está centrada na responsabilidade subjetiva


(art. 186, que trata da culpa; art. 187, que trata do abuso de direito). Cláusula geral remete
a artigo cujas expressões são vagas (vacuidades semântica) e serão preenchidas pela
aplicação do direito. Essa teoria dispõe sobre uma ação que potencializa a ocorrência de
dano ou lesão. A atividade, aqui, é a atividade regular. O parágrafo único não trata do risco
proveito, mas do risco criado, ou seja, basta criar risco, não sendo preciso que a atividade
referida no parágrafo único vise lucro. Exemplo: banco é atividade de risco. No nosso
sistema, o perigo não é a única modalidade de risco existente. Em nosso sistema, a teoria
do risco da atividade existe, mesmo que não haja culpa. Segundo o Código italiano, a
indenização não será cabível se o explorador da atividade perigosa conseguir provar que fez
tudo para evitar o dano. Mesmo o risco inevitável se incorporado à atividade desenvolvida
(fortuito interno) não exclui o dever de indenizar, a exemplo de hacker que invade o sistema
do banco. Os Arts. 734 e 735, do CC, dispõem que o transportador tem o dever de
indenizar, porque a colisão é fortuito interno de sua atividade. Cabe, portanto, à
jurisprudência avaliar o que é uma atividade de risco, haja vista que esse não é um
conceito simples. O sentido do parágrafos único do art. 927 diz que, se o risco da atividade
for tão regular, e a empresa assumir esse risco, a empresa deverá ser obrigada a indenizar.
Se a família de uma gerente de banco for mantida como refém para que ela ajude os ladrões
a roubarem os cofres do banco, ela poderá propor ação judicial em face do banco pelo risco
da atividade? Sim, porque caracteriza risco da atividade, conforme jurisprudência
predominante do TST. A abertura de conta corrente por estelionatário é risco da atividade.
O conceito de risco está ligado a serviço e não a produto, pois para este o CDC tem uma
regra específica. A Teoria do Risco não implica necessariamente atividade e empresa. Se
uma tutela de urgência for revogada, quem pediu a tutela e perdeu a ação precisará
indenizar os prejuízos causados pela concessão da tutela. Portanto, existe um risco nessa
atuação. Isso revela que o risco não é só da atividade empresária.
DANO MORAL
O dano moral ou extrapatrimonial deve ser examinado pelo conceito e pelo valor. Uma
teoria, considerada inútil pelo professor, diz que é dano moral o que não é dano material. O
melhor conceito é o que diz ser o dano moral um dano decorrente da violação de um direito
da personalidade. A doutrina define direito da personalidade como o direito subjetivo que
tem por objeto a saúde, a imagem e os aspectos emocionais e intelectuais da pessoa
humana. Significa que, para existir o dever de indenizar, é preciso que um desses
elementos tenham sido violados. Mas não é qualquer violação a direito de personalidade
que autoriza o dano moral, havendo um certo grau de tolerância para dano moral. A
doutrina nega dano moral para quem fica em fila por horas, para quem é barrado em porta
giratória de banco, para quem fica horas no telefone tentando cancelar um serviço. Se o
fato for de interesse público relevante, a proteção da imprensa tem preferência sobre a
proteção da imagem. O  dano decorrente da negativação de dívida paga gera dever de
indenizar. A indenização por morte implica a necessidade de proximidade do grau de
parentesco, sendo cabível, via de regra, para cônjuge, filho e pai. Como se estimar o valor
da indenização por danos morais? Para negativação indevida, a jurisprudência estima entre
R$5.000,00 e R$20.000,00. Na indenização por morte, o STJ fixa em 500 salários mínimos,
mas esse valor, que costuma ser um teto, varia de acordo com a condição econômica de
quem morreu e de quem paga e com o grau de culpa do agente. Esses parâmetros variam

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de caso a caso. Para se chegar ao teto, é preciso ter havido culpa intensa, com grande
sofrimento para a vítima. O dano moral por morte não permite que se reestabeleça o
"status quo ante". O que o dano moral por morte faz é uma compensação. É por isso que
ninguém pode enriquecer por meio do dano moral. O último critério é o caráter punitivo do
dano moral. Essa é a questão mais polêmica, porque, pelo princípio da legalidade, não se
pode punir sem prévia previsão legal (ver artigo de Maria Celina Bodin). O caráter punitivo
do dano moral considera que, assim, a vítima se sente mais compensada. 
Dano moral provocado pelo descumprimento de contrato - O mero descumprimento
contratual não gera direito de indenizar. Exemplo: atraso em entrega de produto ou de
imóvel. Isso porque, quando se faz um contrato, existe a possibilidade de descumprimento
do contrato pactuado. No entanto, há que se avaliar o caso concreto. Depois de 30 dias de
internação em hospital psiquiátrico, se o plano de saúde se recusar a pagar, estará
procedendo a um exercício de direito, visto que, depois desse período, os contratos mais
recentes estabelecem que haveria obrigação de coparticipação. Mas a cláusula que limita a
internação em UTI é abusiva, conforme a jurisprudência. Cabe indenização por dano moral
a pessoas jurídicas, sempre que forem compatíveis os direitos de personalidade das pessoas
físicas e das pessoas jurídicas, embora uma corrente doutrinária critique isso, por
considerar que essa indenização deve ser por danos patrimoniais que não podem ser
provados. Para essa corrente, a dignidade da pessoa humana não se equipara à pessoa
jurídica. 

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@priscilaridade

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