RESENHA - Teologia Do Século 20

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A Teologia do Século 20 e os anos Críticos do século 21 – Deus e o Mundo

numa era líquido1

BARBOSA, Weber de Brito (E. T. C. S.).2

GRENZ, Stanley J. e OLSON, Roger E. HENDRICKS, Howard G, A Teologia do Século

20 e os anos Críticos do século 21 – Deus e o Mundo numa era líquido ,


Tradução de Susana Klassen. 2.ed. 2013. São Paulo: Cultura Cristã, 2013. 464 p.

GRENZ, nasceu em 7 de janeiro de 1950 em Alpena, Michigan. Grenz se formou na


Universidade do Colorado em 1973. Ele então obteve um mestrado em Divindade pelo
Denver Seminary em 1976. Grenz obteve seu doutorado em Teologia na Universidade de
Munique, na Alemanha, sob a supervisão do teólogo Wolfhart Pannenberg. Ele foi ordenado
ao ministério pastoral em 13 de junho de 1976. Mais tarde trabalhou no contexto da igreja
local como diretor juvenil e pastor assistente na Northwest Baptist Church, Denver, Colorado,
1971-1976, e pastor em Rowandale Baptist Church, Winnipeg, Manitoba, 1979-1981, e pastor
interino em várias ocasiões. Atuou em muitos conselhos e agências batistas e também como
editor de consultoria do Cristianismo Hoje.
Roger E. Olson é um teólogo arminiano e professor de teologia no Seminário
Teológico George W. Truett, Universidade Baylor, em Waco, Texas, EUA. Olson nasceu em
Des Moines, Iowa, e estudou no Open Bible College em Des Moines, Seminário Batista
Norte-Americano, e na Universidade Rice. Ele também é um pastor batista ordenado. É
casado e tem dois filhos. Sendo um arminiano de cinco pontos, escreveu um livro Contra o
Calvinismo, 2011 argumentando a favor desta escola de teologia.
Os altores lançam as bases para o desenvolvimento do pensamento teológico no século
vinte, fazendo uma apresentação geral do grande movimento histórico conhecido como
iluminismo, foi nesse grande movimento de iluminação da razão que grandes pensadores em
varias instâncias da organização social, política, filosófica e religiosa trouxeram para a
superfície novos sistemas de compreensão do mundo ao seu redor.
Este movimento, que foi profundamente crédulo na capacidade humana de
compreender o mundo a sua volta pela observação de leis fixas existente e recentemente
descobertas, elevou o homem a pensar sobre qual seria o papel de Deus para a vida desse
1
Resenha acadêmica produzida como requisito parcial para a obtenção da aprovação na disciplina de Teologia
Contemporânea ministrado pelo Prof. RESTES, Filipe no semestre 2021.1.
2
Aluno do Curso Livre de Teologia da Escola Teológica Charles Spurgeon (ETCS).
novo homem. Muitas informações sobre a espiritualidade foram esvaziadas ou transferidas
para o campo da natureza, psiquê ou mesmo da razão, o censo de revelação e o de percepção
ou compreensão do divino foi se distanciando até que se perdeu, pois agora a razão estava
liberta do obscurantismo imposto pela opressão da igreja e de um estado imperial, totalitário
Nomes com o de Immanuel Kant renegaram a possibilidade de a razão humana ter um
conhecimento objetivo sobre qualquer coisa que não ocupe o espaço e o tempo, pois são
dentro desses limites que a ração pode formular seus postulados, sendo assim Deus foi posto
em uma transcendência super valorizada e de onde a razão não pode se aproximar.
Kant, constrói a partir daí uma religião moral e sobre as bases da ética; a groso modo
pode se dizer que, aquilo que não se pode compreender com a razão, ou seja, Deus o espírito,
e o bem, são encarnados nas ações práticas dos homens. Kant estava tentando equilibrar a
transcendência e a imanência dentro de seu sistema filosófico de compreensão do mundo.
Um outro expoente na evolução do argumento para equilibrar a transcendência e a
imanência foi Schleiemacher, ele entendia que a devoção é uma expressão cultural inerente
aos seres humanos que participam de certa consciência ou sentimento. De certa forma o que
Schleiemacher está afirmando é que a cultura é até certo ponto formada por uma devoção que
surge de alguma consciência ou sentimento transcendente, e que está presente em todo
agrupamento humano. Desta forma os dogmas são apenas reflexo da devoção encontrada na
consciência desse senso de transcendência que por sua vez, forma a cultura que em um
processo cíclico produzirá dogmas e devoção e cultura.
Um terceiro nome de muita importância nesse período; onde havia uma forte tentativa
de ajustar transcendência e imanência, foi o de Albrecht Ritschl, que compeendeu o cerco de
onde se encontrava a teologia tradicional, ou seja, entre o materialismo o positivismo e os
novos métodos de investigações cientificas, propôs então uma abordagem distinta e um
campo de separação entre eles. O que Ritschl estava propondo era que existem fundamentos
de interesse distintos entre as ciências e a teologia, enquanto a ciência se ocupa com o
conhecimento objetivo das coisas, sua estrutura, forma, densidade, peso e massa, a teologia
ocupa-se com ou conhecimento religioso, ou seja, é o julgamento de valor que as coisas ou os
seres possuem para atingir uma elevação ou um bem maior no indivíduo que passa a ser
portadores do conhecimento.
Essa nova abordagem tornou-se uma escola de pensamento que renegou a
transcendência em detrimento de uma poderosa imanência, pois para Ritschl e sua escola o
fundamento primário é a impressão ou o juízo de valor que a reflexão sobre Deus causa no
homem e não a própria pessoa de Deus.
Todos os dogmas foram redefinidos e reinterpretados tendo o homem como juiz e
mediador de seus efeitos. Uma explicação muito simplória sobre o que essa escola de
pensamento estabeleceu pode ser feita que a maior importância na reflexão teologia está no
efeito prático do estabelecimento do reino de Deus que fora proclamado e que se estabelece
na vida dos que fazem juízo de valor da mensagem e buscam sempre o bem maior. Deus está
agindo nos homens à medida que eles vão tomando consciência do seu reino, Deus age por
meio da história e não acima dela, fica assim aclaro o conceito de Imanência na escola de
pensamento Liberal inaugurada por Ritschl.
Um movimento de revolta se instalou anos depois do grande sucesso do pensamento
Liberal, esse movimento veio a ser conhecido como neo-ortoxia, e foi inaugurado por um
pastor Suíço chamado Karl Barth, que buscava acima de tudo restaurar a transcendência
divina que á muito se perdera nos discursos e ensinos de seus professores Liberais.
Para Barth não se podia falar de uma teologia natural ou de um conhecimento de Deus
que estivesse plenamente perceptível na história na razão ou mesmo no processo natural de
fazer juízo de valor sobre as coisas de Deus, Para Barth Deus se revela em sua palavra e
encontra o homem para transmitir sua vontade em um tríplice processo, onde a vida de Jesus e
toda a história dos atos de Deus para manifestar Jesus o Cristo dão início ao processo, o
segundo estágio pode ser encontrado nas escrituras, que contém o registro privilegiado de
toda a revelação divina, e pro fim a proclamação do evangelho que é feita pela igreja.
Depois das reformulações de Barth, e de outros nomes como Bultmann, Bruner e
Reinold Niebulhr, um novo movimento de retorno aos postulados liberais começou a ganhar
espaço, era uma tentativa de aprofundar a imanência novamente como antes se tinha visto na
escola liberal de Ritschl, é provável que dentre os pensadores e teólogos que mais se
destacaram nessa abordagem tenha sido Paul Tillich.
Tilliche construiu um sistema que segundo lhe parecia era apto para responder de
forma cabal as perguntas fundamentais que a humanidade estava fazendo e cujo movimento
teológico clássico nunca havia feito. Na verdade, Tillich entendia que a teologia clássica
assim como as propostas de Barth, tentava formular respostas inapropriadas para a finitude
humana; que na visão de Tillich, eram o cerne de todo o drama humano.
Seu método de correlação deu a filosofia um estatuo de proeminência sobre a teologia,
pois segundo Tillich, eram as perguntas feitas pela filosofia que a teologia deveria responder,
e isso mudou a direção da escola de Barth que tinha um enfoque na Transcendência, para uma
profunda imanência do divino, o apresentando dentro das categorias de necessidades, e de
conflito que os humanos possuem.
Muitos outros movimentos foram se desenvolvendo ao longo dos anos que compõem o
século XX, e todos eles surgiram dentro dessa tenção entre a imanência e a transcendência de
Deus, movimentos com a teologia do processo que aproximaram tanto Deus de sua Criação
que o tornaram limitado e dependente da sua própria criação, ou como o movimento radical
que entendia o efeito transformador da mensagem Cristã como ponto de partida na vida cristã,
é logico que a pratica Cristã é fundamental, entretanto não é a pratica que nos fornece o
correto discernimento sobre a reflexão sobre Deus, mais o contrário, são as reflexões sobre as
Escrituras e sobre Deus que nos fornecem uma sobrea conduta cristã.
Por fim ao final das 200 páginas sugeridas para a resenha do livro, A teologia do
Século 20, a sensação que fica é de um pessimismo sobre a reflexão teológica desse período e
sobre a herança que nos foi legada por todos esses gigantes da reflexão acadêmica. Contudo
não acredito que havia um sentimento leviano ou uma postura rebelde nestes homens para
produzir tais sistemas teológicos, na verdade o que nos fica claro, é uma forte tentativa de
produzir uma resposta plausível sobre a fé para o novo momento em que a sociedade moderna
vivia, e com isso muitos desse homens acabaram sucumbindo aos postulados ofertados pela
razão ao invés das certezas da fé.

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