Guia para Fazer Calculos de Custos
Guia para Fazer Calculos de Custos
Guia para Fazer Calculos de Custos
CANOAS, 2010
MÁRCIO DOS REIS
CANOAS, 2010
MÁRCIO DOS REIS
AVALIADOR:
________________________________________________________
Prof. M.e João José Ferreira Filho
Unilasalle
Dedico este trabalho:
à Deus, que sempre iluminou meus caminhos até
aqui e a quem devo tudo que sou; em especial a
minha família, que sempre apoiou-me nas horas
mais difíceis da minha vida e sempre estará ao meu
lado.
AGRADECIMENTOS
Agradecimento especial ao meu orientador, Prof. M.e João José Ferreira Filho,
pela disponibilidade de orientação, pelas proveitosas sugestões e pela atenção
dispensada ao longo do período de elaboração deste trabalho, paciência e
tranqüilidade na condução dos estudos.
Ao curso de Ciências Contábeis e a todos os seus professores, por
possibilitarem um aprendizado multidisciplinar nesse curso de graduação.
Ao coordenador do curso de ciências contábeis do Unilasalle, Prof.Ms. Marino
da Silva Siqueira por toda dedicação, motivação e entusiasmo com que desenvolve
e conduz suas atividades de coordenação.
À minha esposa, Jaqueline, que sempre está presente ao meu lado, em todos
os momentos, pela compreensão, carinho, dedicação, amizade e pelo
companheirismo dedicado às nossas vidas.
Ao meu filho, Gabriel, por ser um presente de Deus e ser o principal
responsável pela motivação e determinação com que sigo a vida, a ele dedico minha
vida.
Aos meus familiares, meus irmãos Marcelo e Rodrigo, meu pai Gilberto por ser
exemplo de hombridade e conduta e minha mãe Leonir, pelo incentivo e
compreensão dispensados no período de estudo.
À minha mãe, Leonir, e meu pai Gilberto, por todo o apoio desde a infância,
compreensão, incentivos, oportunidades e, acima de tudo, pela vida, por terem me
tornado o homem que sou.
À empresa Exatech Indústria e Comércio Ltda. que possibilitou tornar-me o
profissional que sou hoje, por reconhecimento e possibilidade de crescimento.
Á todos os seus colaboradores, que me acolheram de braços abertos há 10
anos dando todo apoio, incentivo e oportunidades para desenvolvimento e
crescimento profissional, em especial a Sra. Rosane Amorim por compartilhar todo o
seu conhecimento, ao Sr. Nilso Marchezzi Diretor-executivo, responsável principal
pela disponibilidade dos dados utilizados como base para este trabalho
Aos sócios Iliana Georgiadis e Dimitrios Georgiadis, de forma direta ou indireta,
contribuíram para meu desenvolvimento e confiança no profissional que me tornei.
Enfim, a toda a equipe administrativa, da qual faço parte como membro dessa
família, o meu muito obrigado pelos momentos de compreensão, pelas trocas de
idéias, pelas sugestões, incentivos e pelo prazer proporcionado pela companhia de
todos vocês.
Por fim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização
deste sonho, meus profundos e sinceros agradecimentos.
“Não precisamos realizar grandes obras a fim de
mostrarmos um grande amor por Deus e pelo próximo. É a
intensidade do amor que colocamos em nossos gestos que
os torna algo especial para Deus e para os homens.”
(Madre Tereza de Calcutá)
RESUMO
This paper presents a project to establish a system of costs in the company Exatech
Indústria e Comércio Ltda., which makes laparoscopic instruments, seeking grants to
help reduce the tax burden. At first, it presents the need for companies to have a
system integrated with cost accounting for better results given the standards and
accounting principles and existing laws. Soon after develops a theoretical framework
to support studies of the researcher. Through this survey, you can take note of the
emergence of cost accounting, objectives of cost systems, terminology, principles,
classifications, main costing methods, cost accumulation processes, the functioning
of cost accounting, valuation of stocks, departmentalization , the apportionment
criteria, applications of indirect costs, cost-volume-profit. Secondly, we present the
company's characterization and describes the production process in the manufacture
of components of laparoscopic instruments until the final process of finishing and
assembly. Soon after, analyzes the data collection undertaken to support the
proposed objectives, demonstrating the costs throughout the production process of
the company for a proper valuation of stocks and consequently a reduced tax
burden. Ends to search the maps showing the allocation of costs and the difference
found in the values of stocks calculated by the cost of production and by law. Finally,
we conclude that the goals were achieved in a way that shows the great advantage
when choosing stocks by calculating the production cost, reducing the tax burden of
the company.
LISTA DE MAPAS
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................14
1.1 Contextualização...............................................................................................15
1.2 Definição do problema......................................................................................16
1.3 Objetivos ............................................................................................................16
1.3.1 Objetivo geral ...................................................................................................16
1.3.2 Objetivos específicos........................................................................................17
1.4 Delimitação do estudo ......................................................................................17
1.5 Relevância do estudo........................................................................................17
1.6 Estrutura do estudo ..........................................................................................18
2 CONTABILIDADE DE CUSTOS OU SISTEMAS DE CUSTOS ............................19
2.1 História ...............................................................................................................19
2.1.1 Surgimento da contabilidade de custos............................................................19
2.1.2 O trabalho da contabilidade de custos .............................................................20
2.1.3 Da contabilidade de custos à contabilidade gerencial......................................21
2.2 Objetivos dos sistemas de custos...................................................................22
2.2.1 Avaliação de estoque .......................................................................................22
2.2.2 Auxílio ao controle ............................................................................................23
2.2.3 Auxílio à tomada de decisões...........................................................................24
2.3 Terminologias aplicadas a contabilidade de custos......................................25
2.3.1 Terminologias em custos industriais ................................................................25
2.3.2 Terminologias em entidades não industriais ....................................................27
2.4 Princípios aplicados a contabilidade de custos.............................................27
2.4.1 Princípio da realização da receita ....................................................................28
2.4.2 Princípio do custo histórico como base de valor ..............................................29
2.4.3 Princípio da competência .................................................................................30
2.4.4 Princípio da consistência ou uniformidade .......................................................31
2.4.5 Princípio do conservadorismo ou prudência.....................................................32
2.4.6 Princípio da materialidade ou relevância..........................................................32
2.5 Classificações dos custos................................................................................33
2.5.1 Classificações pela variabilidade......................................................................33
2.5.2 Classificações pela facilidade de alocação ......................................................34
2.5.3 Classificações pelo auxílio à tomada de decisões ...........................................36
2.5.4 Classificações pela facilidade de eliminação....................................................36
2.6 Principais métodos de custeio.........................................................................37
2.6.1 Custeios por absorção integral.........................................................................37
2.6.2 Custeios variáveis e diretos..............................................................................38
2.6.3 Custeios por absorção ideal .............................................................................39
2.6.4 Custeios baseado em atividades (ABC) ...........................................................40
2.7 Processos de acumulação dos custos............................................................41
2.7.1 Sistemas de produção......................................................................................41
2.7.2 Equivalência de produção ................................................................................42
2.8 Funcionamento da contabilidade de custos...................................................45
2.8.1 Separações entre custos e despesas ..............................................................45
2.8.2 A apropriação dos custos diretos inteiramente aos produtos ...........................46
2.8.3 A apropriação dos custos indiretos ..................................................................47
2.8.4 Contabilizações dos custos ..............................................................................48
2.9 Avaliação dos estoques....................................................................................49
2.9.1 Base legal.........................................................................................................50
2.9.2 Legislação societária ........................................................................................51
2.10 Departamentalização.......................................................................................52
2.10.1 Por que departamentalizar? ...........................................................................52
2.10.2 O que é departamento e como se classifica?.................................................53
2.10.3 Departamento e centro de custo ....................................................................54
2.11 Critérios de rateio dos custos indiretos........................................................56
2.11.1 Análise dos critérios de rateio – custos comuns.............................................57
2.11.2 Rateio dos custos dos departamentos ...........................................................57
2.11.3 Influência dos custos fixos e dos custos variáveis .........................................58
2.12 Aplicações de custos indiretos de produção ...............................................59
2.12.1 Previsões da taxa de aplicação dos custos indiretos de produção ................59
2.12.2 Contabilizações dos custos indiretos de produção aplicados.........................60
2.12.3 Uso dos custos indiretos de produção aplicados durante o exercício ............61
2.12.4 Considerações acerca da previsão do volume...............................................62
2.13.Análise de custo-volume-lucro ......................................................................62
2.13.1 As decisões de curto prazo ............................................................................62
2.13.2 Margem de contribuição .................................................................................64
2.13.3 Alavancagem operacional ..............................................................................65
2.13.4 Análise com fator limitante .............................................................................65
2.13.5 Ponto de equilíbrio .........................................................................................66
2.13.6 Pontos de equilíbrio contábil, econômico e financeiro....................................67
2.13.7 Margem de segurança....................................................................................69
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...............................................................70
3.1 Delineamentos da pesquisa .............................................................................70
3.1.1 Quanto aos objetivos........................................................................................70
3.1.2 Quanto à abordagem .......................................................................................71
3.1.3 Quanto aos procedimentos ..............................................................................71
3.2 Coletas de dados...............................................................................................72
3.2.1 Período utilizado como base ............................................................................73
3.2.2 Aplicação dos procedimentos...........................................................................73
3.3 Limitações do método ......................................................................................73
4 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................75
4.1 Identificação da empresa..................................................................................75
4.2 História ...............................................................................................................77
4.3 Estrutura organizacional ..................................................................................78
4.4 Descrições da atividade operacional ..............................................................80
4.5 Coletas de dados...............................................................................................81
4.5.1 Apresentação dos dados coletados .................................................................82
4.5.2 Coleta de dados da mão-de-obra.....................................................................82
4.5.3 Coleta de dados da depreciação, área, kw instalados .....................................84
4.5.4 Coleta de dados dos gastos gerais de fabricação............................................87
4.5.5 Mapa de rateio dos custos indiretos de fabricação ..........................................87
4.5.6 Apropriação dos custos de fabricação dos componentes ................................90
4.5.7 Apropriação dos custos de fabricação dos produtos........................................92
4.5.8 Comparativo dos valores dos estoques............................................................94
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................96
REFERÊNCIAS.........................................................................................................98
ANEXO A – Folha 01 do balancete abril 2010 .....................................................100
ANEXO B – Folha 02 do balancete abril 2010 .....................................................101
ANEXO C – Folha 03 do balancete abril 2010 .....................................................102
ANEXO D – Folha 04 do balancete abril 2010 .....................................................103
ANEXO E – Folha 05 do balancete abril 2010 .....................................................104
ANEXO F – Folha 08 do balancete abril 2010......................................................105
ANEXO G – Folha 10 do balancete janeiro 2010.................................................106
ANEXO H – Folha 97 do registro de inventário abril 2010 .................................107
ANEXO I – Folha 98 do registro de inventário abril 2010...................................108
ANEXO J – Folha 99 do registro de inventário abril 2010..................................109
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
1.3 Objetivos
Para que o objetivo geral acima exposta seja alcançado, a pesquisa explora os
seguintes caminhos:
a) Desenvolver uma metodologia de apropriação dos custos de produção,
diretos e indiretos, para uma melhor valorização dos estoques;
b) Demonstrar de forma clara a alteração que a carga tributária do imposto de
renda e contribuição social sofrerá com a alteração do procedimento de
avaliação dos estoques;
c) Desenvolver um estudo comparativo da tributação com a valorização dos
estoques pela legislação tributária vigente, com a avaliação dos estoques
pelo sistema de apropriação dos custos.
Algumas dúvidas são comumente dirimidas por meio de uma ligeira análise
histórica da contabilidade de custos; esta, ao explicar cronologicamente o
aparecimento de cada expressão e a razão de seu uso, acaba por dar-mos uma
visão mais ampla dos conceitos em questão. Por isso, e para podermos também
saber o porque de muitos dos principios utilizados na Contabilidade de custos,
faremos um breve retrospecto histórico, terminologias utilizadas, objetivos da
contabilidade de custos, suas classificações, alguns métodos de custeio, critérios de
rateios, departamentalização e algumas análises utilizadas com os dados extraidos
da contabilidade de custos.
2.1 História
Estoques Iniciais
(+) Compras
(-) Estoques Finais
(=) Custo das Mercadorias Vendidas
Segundo Leone,
economia: “É o valor dos fatores de produção consumidos por uma firma para
produzir ou distribuir produtos ou serviços, ou ambos” (THE MCGRAW-HILL
DICTIONARY OF MODERN ECONOMICS apud LEONE, 2000, 121).
GASTOS: “compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício
financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado por entrega ou
promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro).” (MARTINS, 2009, p. 24).
Para este, as despesas são todos os gastos que são feitos para se obter em
troca uma receita. Na verdade, os dois conceitos acabam sendo iguais
(LEONE, 2000, p. 32).
E ainda:
Custos fixos são aqueles gastos que tendem a se manter constantes nas
alterações de atividades operacionais, independentemente do volume de
produção. São os custos que têm seu montante fixado não em função de
oscilações na atividade, ou seja, sem vínculo com o aumento ou diminuição
da produção (WERNKE, 2004, p. 14).
diretamente aos produtos, enquanto que os indiretos são ligados aos produtos
através de rateios.
Todos os custos que podem ser apropriados de forma direta aos produtos com
facilidade de identificação e objetividade de seu consumo nessa fabricação são
denominados de custos diretos, conforme Wernke:
Custos indiretos são os gastos que não podem ser alocados de forma direta
ou objetiva aos produtos ou a outro segmento ou atividade operacional, e
caso sejam atribuídos aos produtos, serviços ou departamentos, serão
mediante critérios de rateio (WERNKE, 2004, p. 14).
Todos os gastos que não são considerados diretos são classificados como
indiretos. São os gastos que não podem ser alocados de forma direta ou
objetiva aos produtos ou a outro segmento ou atividade operacional e, caso
sejam atribuídos aos produtos, serviços ou departamentos, esses gastos o
serão por meio de critérios de distribuição (rateio alocação, apropriação são
outros termos utilizados) (PADOVEZE, 2006, p. 42).
Padoveze( 2006, p.78) complementa que os custos variáveis são aqueles onde
o custeio dos produtos é realizado apenas para os gastos diretos a cada um dos
produtos e serviços de uma empresa.
Todos os custos são alocados aos produtos, apenas não são alocados ao
custo dos produtos, os custos utilizados de forma não eficiente ou incorreta para que
o custo seja mais preciso.
Existem dois fatores que determinam o tipo de custeio, se for por ordem ou
por processo (contínuo) e a forma da empresa trabalhar e a conveniência
contábil-administrativa. Quanto à forma, principal responsável pela
distinção, basta lembrar que se a empresa trabalha produzindo produtos
iguais de forma contínua (um ou vários), fundamentalmente para estoque,
isto é, para venda terá já caracterizada sua natureza. Se produzir
atendendo as encomendas dos clientes ou, então, produz também para
venda posterior, mas de acordo com determinações internas especiais, não
42
Para Vanderbeck e Nagy a diferença está nos pontos focais de cada tipo de
processo, como segue:
não têm tratado de forma convincente essa questão específica, ou seja, a grande
maioria propõe o uso do grau de acabamento, mas não indica uma metodologia
objetiva para o seu cálculo.
Li (1981, p. 107) advoga que “o grau de acabamento para os custos indiretos
de fabricação e de mão de obra deve ser salvo indicação ao contrário, sempre 50%.”
Tendo em vista que a contabilidade de custos das empresas, com raras
exceções, é processada analiticamente em nível de estágio, porque demanda
informações e controles analíticos nem sempre disponíveis, é necessário esse
cálculo do grau de acabamento em nível de planta fabril ou da empresa como um
todo. Nesse aspecto, Martins observa que:
Para de calcular o custo por unidade produzida será necessário utilizar o valor
integral para as unidades produzidas e acabadas, e utilizar a seguinte metodologia
para valorizar as unidades que ainda estão em processamento, portanto ainda estão
semi acabadas. Verifica-se a quantidade de unidades que estão semi acabadas e
cada uma desta unidades receberá a metade do valor do processamento, isto
significa que se todo o custo fosse aplicado nessas unidades para início e término
de outro lote, ter-se-ia conseguido iniciar e acabar a metade desta quantidade, logo
o equivalente em unidades acabadas é exatamente a metade das unidades semi
acabadas.
45
Na prática, entretanto, uma séria de problemas aparece pelo fato de não ser
possível a separação de forma clara e objetiva. Por exemplo, é comum
encontrar-se uma única administração, sem a separação da que realmente
pertence à produção; surge daí a prática de se ratear o gasto geral da
administração, parte para despesa e parte para custo, rateio esse sempre
arbitrário, pela dificuldade prática de uma divisão científica. Normalmente, a
divisão é feita em função da proporcionalidade entre número de pessoas na
fábrica e fora dela, ou com base nos demais gastos, ou simplesmente em
porcentagens fixadas pela diretoria.
Em suma, só devem ser rateados e ter uma parte atribuída aos custos de
produção e outra às despesas do período os valores relevantes que
visivelmente contêm ambos os elementos e podem, por critérios não
excessivamente arbitrários, ser divididos nos dois grupos (MARTINS, 2009,
p. 40).
Essa apropriação é mais fácil e adequada, para gerar essa informação não é
necessário nenhum tipo de aproximação ou julgamento sobre qual produto consome
qual parcela de recursos, ou seja, como se nenhum tipo rateio. Esse tipo de custo,
por isso, é mais exato por representar de forma mais objetiva e fidedigna a realidade
sobre o consumo dos recursos.
Todos os gastos que a empresa incorre para a produção e que não estejam
enquadrados como gastos com material direto ou mão de obra direta, são
denominados custos indiretos de fabricação. Há outras denominações tais
como: despesas gerais de produção, despesas gerais de fabricação,
despesas indiretas de fabricação, gastos gerais de fabricação, custos gerais
de fabricação, custos gerais de produção e outras. Em nosso entender, a
denominação mais correta é mesmo o GGF (as expressões custos gerais
de fabricação ou custos gerais de produção também, estão corretas). Sendo
gastos na produção não devem ser chamados de despesas; por outro lado,
há GGF que são diretos e, por isso, não é coerente denominá-los de custos
indiretos. É o caso, por exemplo, da energia elétrica despendida numa
máquina que possui um medidor e na qual a empresa faz verificações de
quanto foi consumido em cada produto. Entretanto, a grande maioria dos
GGF não são diretamente atribuíveis aos produtos e precisam de critérios
de rateio para sua alocação a cada um deles (VICECONTI, 2008, p. 84).
As pessoas jurídicas que utilizam o lucro real como base de tributação devem
escriturar o livro de inventário no final de cada período, podendo ser trimestral ou
51
A lei das sociedades por ações através do art.183 aborda os critérios básicos
de avaliação dos estoques, como segue:
As matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado serão
avaliados pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo
ao valor de mercado, quando esse for inferior.
Desde 1996 , o art. 13 da Lei n. 9.249/95 (inciso I), proibe as deduções de
provisões, exceto aquelas destacadas em ressalva, entre estas ressalvas não estão
inclusas as provisões para ajuste de estoque ao valor de mercado.
2.10 Departamentalização
Podem também ser criados centros de custos para acumular gastos comuns a
todos os departamentos de uma fábrica, como por exemplo: aluguéis, energia
elétrica, telefones, etc. (A margem de erro na atribuição dos CIP é menor quando se
adota o custo departamental).
Para que se rateiem os custos indiretos de fabricação gerados nos
departamentos de serviços, existem vários métodos que podem ser adotados, mas
entre eles o que é mais utilizado é o método da hierarquização ou dos degraus.
Método da hierarquização ou dos degraus: consiste em fixar uma ordem de
prioridade entre os departamentos de serviços; a partir dessa hierarquização
rateiam-se os custos gerados nos departamentos de serviços entre eles. Por este
método, o departamento que tiver seus custos transferidos não receberá custos de
outros departamentos, ainda que tenha sido beneficiado pelos serviços de alguns
deles. Assim o departamento que recebe mais custos por transferência é o que
menos transfere.
Passos da hierarquização dos departamentos de serviços:
1° - Administração Geral
2° - Manutenção
3° - Almoxarifado
4° - Controle de qualidade
56
Pela própria definição, custos indiretos são aqueles que não podem ser
mensurados aos produtos, podendo, portanto ser apropriados somente de forma
indireta , mediante uma estimativa de gasto.
Para essa apropriação é necessário verificar então quais são as bases mais
adequadas. O mesmo vai acontecer quando da apropriação dos custos dos
departamentos de produção para os produtos.
“Nem sempre o rateio dos CIF (ou GGF) é feito diretamente aos produtos. Nas
empresas que usam custeio por departamentalização, os CIF são primeiramente
alocados aos departamentos e somente depois atribuídos aos produtos.”
(VICECONTI, 2008, p. 84).
As estimativas feitas para apropriar esses custos aos departamentos contêm
certo grau de subjetividade, dependendo do critério utilizado para distribuí-lo, para
Viceconti,
58
Para efetuar o rateio dos CIF que são indiretos em relação aos
departamentos e dos que representam custos comuns a todos eles, cada
empresa deve estudar a sua situação específica para escolher critérios
adequados que efetivamente reflitam a carga de custos que devam ser
descarregados em cada um deles (VICECONTI, 2008, p. 107).
O resultado da empresa pode ser alterado, para mais ou para menos, com a
mudança de critério ou utilização inadequada de algum critério.
Terá ela que prever quais custos indiretos de produção ocorrerão, como
serão distribuídos pelos diversos departamentos e como serão alocados aos
produtos. Precisa antecipar o que fará até o final do período para trabalhar
durante ele com essa previsão. São necessárias, portanto:
a) estimativa do volume de produção;
b) estimativa do valor dos custos indiretos; e
c) fixação do critério de apropriação dos custos indiretos aos departamentos
e aos produtos. (MARTINS, 2009, p. 105)
prazo, sendo esta uma característica do custeio variável, em concordância com isto
Padoveze explica:
Esta análise é um instrumento utilizado para projetar o lucro que seria obtido
a diversos níveis possíveis de produção e vendas, bem como para analisar
o impacto sobre o lucro de modificações no preço de venda, nos custos ou
em ambos. Ela é baseada no custeio variável e, através dela, também se
pode estabelecer qual a quantidade que a empresa deverá produzir e
vender para que não incorra em prejuízo (VICECONTI; SILVÉRIO, 2008, p.
173).
O fator que limita a capacidade pode ser o mesmo durante um longo período
de tempo, ou ser temporário, por isso Padoveze explica:
Pode ocorrer que existam num mesmo período diversos fatores limitando a
capacidade da empresa, como Bornia complementa:
CF
Q ( PE ) =
MCun.
Figura 7 - Fórmula do PE
Fonte: Bornia, 2004, p.75
O ponto em que contabilmente não haveria nem lucro nem prejuízo ( supondo
produção igual à venda), esse ponto denomina-se: “O ponto de equilibro contábil
(PEC) é a quantidade que equilibra a receita total com a soma dos custos e
despesas relativos aos produtos vendidos.” (VICECONTI; SILVÉRIO, 2008, p. 179).
No ponto de equilibrio contábil nulo significa que a empresa está perdendo ao
menos o juros do capital próprio investido pois, “No ponto de equilíbrio contábil, são
levados em conta todos os custos e despesas contábeis relacionados com o
funcionamento da empresa, por isto não deve ser nulo em nenhuma hipótese.”
(BORNIA, 2004, p. 79).
68
CF
Ponto de Equilibrio Contábil = PEC =
MC un.
Figura 9 - Fórmula do PEC
Fonte: Martins, 2009, p.261
Bornia complenta,
CF + Lucro
Ponto de Equilibrio Econômico = PEE =
MC un.
Figura 10 - Fórmula do PEE
Fonte: Martins, 2009, p.261.
CF − Não monetários
Ponto de Equilibrio Financeiro = PEF =
MC un.
Figura 11 - Fórmula do PEF
Fonte: Martins, 2009, p.261.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
utilizadas apenas 04 linhas de produtos como base para cálculo dos custos de
produção.
75
- Pinça de Apreensão 5 mm
- Trocater 5 mm
- Bainha com válvula de 10 mm
- Cânula ângulo reto
Linhas de Produtos: - Pinça
- Cânula
- Bainha
- Aplicador de clips
- Trocater
- Sitracc
- Afastador
Mercado: - Nacional
- Internacional
Clientes: - Clínicas
- Médicos
- Ministério da Saúde
- Hospitais Particulares
Concorrentes: - Bhio Suplly
- Storz
- Johnson & Johnson
Principais Fornecedores: - Inabor – Silicone
- Ferramentas Gerais – ferramentas
- Ensinger – plásticos
- Servtubi – tubos de aço
- Metalinox - Aço
Certificações de qualidade: EN ISO 9000:2008, EN ISO 13485:2007, diretiva
CE HD600115120001, diretiva 93/42/EEC e RDC n° 59 – Boas praticas de
fabricação de produtos médicos de 27/06/2000 (ANVISA).
Negócio: Prover soluções em instrumentais de videolaparoscopia que
atendam as necessidades do mercado.
Visão: Referência mundial em produtos para cirurgias vídeolaparoscópicas.
Missão: Produzir e distribuir instrumentais videolaparoscópicos com qualidade
superior, para o mercado nacional e internacional, gerando satisfação dos clientes e
lucro a seus acionistas.
77
4.2 História
Departamentos de Vendas:
- Almoxarifado de produtos prontos
- Expedição
- Assistência Técnica
Departamentos Administrativos:
- Recursos humanos
- Contabilidade
- Finanças
- Engenharia
Produção de componentes
Departamento Produtivo
- Usinagem
Departamento Auxiliar
- PPCP
- Compras
- Almoxarifado de matéria-prima
- Almoxarifado de componentes
- Controle de qualidade
Com base no período de ABRIL de 2010 para a coleta de dados, dá-se início à
pesquisa qualitativa, buscando conhecer os dados apurados pela contabilidade, a
fim de alocá-los de forma correta aos produtos, conforme exposto nos quadros
abaixo, os valores são para a produção total da empresa, mas será utilizado para
análise apenas os gastos e as horas relativas a produção das seguintes linhas de
produtos Trocater ponta piramidal de 5mm, Bainha tipo janela de 10mm, Agulha de
veress de 150mm e extrator de apêndice.
aos departamentos produtivos, após transferido seus custos não receberá custos de
outros departamentos.
Passos da hierarquização dos departamentos de serviços:
1° - Compras
2° - Almoxarifado
3° - Qualidade
4° - PCP
89
Para fins de melhor entendimento da alocação dos custos diretos e indiretos aos departamentos, conforme Mapa 1.
MAPA DE RATEIO DOS CUSTOS INDIRETOS DE ABRIL 2010
FABRICAÇÃO
Produção de Componentes Produção de Produtos Prontos
Número de Funcionários 14 1 1 1 1 6 12 36
Mão-de-Obra + Encargos R$ 44.116,86 R$ 4.274,00 R$ 1.906,00 R$ 7.567,00 R$ 3.051,59 R$ 22.941,06 R$ 45.754,49 R$ 129.611,00
Serviços de Terceiros R$ 3.410,09 R$ - R$ - R$ 1.251,50 R$ - R$ 372,75 R$ 19.710,93 R$ 24.745,27
Fretes e Carretos R$ - R$ - R$ 808,40 R$ - R$ - R$ - R$ - R$ 808,40
Portes telegramas e telefones R$ - R$ 198,25 R$ - R$ - R$ 32,76 R$ - R$ - R$ 231,01
Conservação de prédios R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ 103,15 R$ - R$ 103,15
Conservação de equipamentos industriais R$ 2.481,93 R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ 480,00 R$ 2.961,93
Conservação de equipamentos escritório R$ - R$ - R$ - R$ 1.480,00 R$ - R$ - R$ - R$ 1.480,00
Conservação de Instalações fábrica R$ 320,33 R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ 320,33
Energia elétrica R$ 1.219,40 R$ 198,88 R$ 449,17 R$ 484,58 R$ 372,53 R$ 309,70 R$ 168,19 R$ 3.202,45
Transporte dos funcionários R$ 4.427,41 R$ 316,24 R$ 316,24 R$ 316,24 R$ 316,24 R$ 1.897,46 R$ 3.794,92 R$ 11.384,75
Custo com refeições R$ 2.181,14 R$ 155,80 R$ 155,80 R$ 155,80 R$ 155,80 R$ 934,77 R$ 1.869,55 R$ 5.608,65
Material de limpeza e proteção R$ 205,76 R$ 6,10 R$ 47,71 R$ 15,16 R$ 30,61 R$ 34,34 R$ 54,51 R$ 394,19
Conservação e manutenção de sistemas R$ 89,21 R$ 6,37 R$ 6,37 R$ 6,38 R$ 6,37 R$ 38,23 R$ 76,46 R$ 229,40
Aluguel de prédio R$ 5.504,36 R$ 163,06 R$ 1.276,28 R$ 405,78 R$ 818,78 R$ 918,71 R$ 1.458,20 R$ 10.545,17
Despesas de condomínio R$ 364,67 R$ 10,80 R$ 84,55 R$ 26,88 R$ 54,25 R$ 60,87 R$ 96,61 R$ 698,63
Custos Operacionais diversos R$ 562,00 R$ 104,24 R$ 286,26 R$ 107,36 R$ 102,13 R$ 102,26 R$ 102,26 R$ 1.366,51
Depreciação R$ 10.076,28 R$ 67,68 R$ 114,94 R$ 863,92 R$ 143,90 R$ 557,20 R$ 140,57 R$ 11.964,50
Os valores das horas por departamento será utilizado nos mapas seguintes
para calcular o custo de cada lote de produção de instrumentais de
videolaparoscopia após passar em cada um dos departamentos produtivos.
Custos diretos
Corpo R$ - R$ - R$ 156,68 R$ R$
- 156,68
Luva R$ - R$ - R$ 93,73 R$ R$
- 93,73
Porca da Agulha R$ - R$ - R$ 22,58 R$ R$
- 22,58
Contra Porca R$ - R$ - R$ 76,20 R$ R$
- 76,20
Porca da válvula R$ - R$ - R$ 45,38 R$ R$
- 45,38
Arruela R$ - R$ - R$ 30,22 R$ R$
- 30,22
Mola da Porca R$ - R$ - R$ 0,90 R$ R$
- 0,90
Mola da Agulha R$ - R$ - R$ 1,20 R$ R$
- 1,20
Tubo Externo R$ - R$ - R$ 48,12 R$ R$
- 48,12
Tubo Interno R$ - R$ - R$ 57,65 R$ R$
- 57,65
Cone de Vedação R$ - R$ - R$ 46,52 R$ R$
- 46,52
Manivela R$ - R$ - R$ 15,97 R$ R$
- 15,97
Flange R$ - R$ - R$ - R$ R$
413,22 413,22
Tubo R$ - R$ - R$ - R$ R$
344,65 344,65
Vedante R$ - R$ - R$ - R$ R$
33,90 757,87
Corpo R$ - R$ 423,80 R$ - R$ R$
- 423,80
Prolongador R$ - R$ 301,33 R$ - R$ R$
- 301,33
Suporte R$ - R$ 519,28 R$ - R$ R$
- 519,28
Tubo R$ - R$ 184,36 R$ - R$ R$
- 184,36
Janela R$ - R$ 365,95 R$ - R$ R$
- 365,95
Tampão R$ - R$ 108,68 R$ - R$ R$
- 108,68
Mola R$ - R$ 9,24 R$ - R$ R$
- 9,24
Vedante t/copo R$ - R$ 60,20 R$ - R$ R$
- 60,20
Vedante t/anel 10MM R$ - R$ 31,36 R$ - R$ R$
- 31,36
Vedante Arruela R$ - R$ 57,40 R$ - R$ R$
- 57,40
Pino R$ - R$ 31,42 R$ - R$ R$
- 31,42
Vedante t/anel 5MM R$ - R$ 31,36 R$ - R$ R$
- 31,36
Manipulo R$ 167,45 R$ - R$ - R$ R$
- -
Ponteira R$ 229,04 R$ - R$ - R$ R$
- -
Tubo R$ 182,84 R$ - R$ - R$ R$
- -
Total dos custos diretos R$ 579,33 R$ 2.124,37 R$ 595,16 R$ 791,77 R$ 4.090,63
Custos indiretos
Horas trabalhadas
Polimento 5,00 12,60 3,50 5,00 26,10
Montagem 15,00 16,33 10,00 2,50 43,83
Custo da hora
Polimento R$ 36,06 R$ 36,06 R$ 36,06 R$
36,06
Montagem R$ 43,07 R$ 43,07 R$ 43,07 R$
43,07
Total dos custos R$ 826,36 R$ 513,74 R$ 179,27 R$ 287,97 R$ 1.807,33
indiretos
Custo total (CI+CD) R$ 1.405,69 R$ 2.638,11 R$ 774,43 R$ 1.079,74 R$ 5.897,97
Quantidade produzida 30 28 10 30 98
Custo unitário R$ 46,86 R$ 94,22 R$ 77,44 R$ 35,99
QUADRO COMPARATIVO
Linha de Produtos Trocater Ponta Piramidal 5mm Bainha Tipo janela 10mm Agulha de Veress 150mm Extrator de Apêndice Total
5 CONCLUSÃO
estoques pela legislação tributária vigente, com a avaliação dos estoques pelo
sistema de apropriação dos custos, verificou-se uma grande diferença nos valores e
por conseqüência o objetivo foi alcançado que era demonstrar essa discrepância.
Em relação aos objetivos específicos, de desenvolver uma metodologia de
apropriação dos custos de produção, diretos e indiretos, para melhor valorização dos
estoques, demonstrar de forma clara a alteração que a carga tributária de impostos e
contribuições sofrerá com a alteração do procedimento de avaliação dos estoques,
conclui-se que faltam mecanismos que hoje obrigam a valorização dos estoques
pela legislação tributária como, por exemplo, a contabilidade de custos integrada à
contabilidade, outro fator é a falta de comprometimento dos colaboradores para
tratar esse assunto de forma adequada.
Com isso conclui-se que, pela amostragem realizada dos processos produtivos
de trocater ponta piramidal de 5 mm, bainha tipo janela de 10 mm, agulha de veress
de 150 mm e extrator de apêndice que a valorização dos estoques pelo custo de
produção é muito mais vantajoso para a empresa, mas para poder utilizar-se desses
benefícios precisa fazer investimentos na estrutura da empresa, criação do
departamento de contabilidade de custos, alteração da forma de tributação da
empresa para Lucro Real, e se este trabalho contemplasse um universo maior de
produtos as diferenças seriam mais relevantes ainda.
Através do estudo aplicado, fica a conclusão que a alteração da forma de
valorização dos estoques pode resultar na redução da carga tributária, e com isto a
empresa Exatech Indústria e Comércio Ltda., podem ter melhores resultados.
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REFERÊNCIAS
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2002. 192 p.
LI, David H. Contabilidade de custo. Rio de Janeiro: Interamericana, 1981. xi, 207
p.
MARION, Jose Carlos; DIAS, Reinaldo; TRALDI, Maria Cristina. Monografia para
os cursos de administração, contabilidade e economia. São Paulo: Atlas, 2002.
136 p.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 376 p.
PADOVEZE, Clovis Luiz. Curso básico gerencial de custos. 2. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2006. 410 p.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de custos. São Paulo: Saraiva 2009. 517 p.
VANDERBECK, Edward J.; NAGY, Charles F.. Contabilidade de custos. 11. ed.
São Paulo: Thomson, 2003. 456 p.