Resumo de Fisiologia Cardiovascular - Danilo Fernando
Resumo de Fisiologia Cardiovascular - Danilo Fernando
Resumo de Fisiologia Cardiovascular - Danilo Fernando
CARDIOVASCULAR
Danilo Fernando – Medicina UFRGS
Resumo baseado em anotações de aula e nos livros Fisiologia – Berne & Levy 6ª Ed, Fisiologia
Cardiovascular – David Mohrman 6ªEd, Tratado de Fisiologia – Guyton 12ª Ed, Fisiologia – Mar-
garida Aires 4ªEd, Fisiologia Humana Uma Abordagem Integrada – Dee Unglaub Silverthorn 5ª
Ed, ECG Essencial – M.Thaler 7ªEd, Fisiologia – Linda Constanzo 6ªEd, Tratado de Fisiologia Apli-
cada às Ciências Médicas – Douglas 6ªEd; Fisiologia Médica de Ganong 25ªEd, Fisiologia Básica –
Rui Curi e Fundamentos em Hematologia - Victor Hoffbrand 6ªEd.
1 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 1
2 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 2
Sumário
Introdução à Fisiologia do Sistema Cardiovascular .............................................................................................................. 4
Função .............................................................................................................................................................................. 4
Anatomia Fisiológica do Coração ..................................................................................................................................... 4
Ultraestrutura do Músculo Cardíaco .................................................................................................................................. 11
Organização Básica das Células Musculares Cardíacas .................................................................................................. 11
Propriedades Funcionais da Fibra Miocárdica .................................................................................................................... 13
Automatismo .................................................................................................................................................................. 13
Condutibilidade .............................................................................................................................................................. 14
Excitabilidade (Batmotropismo) ..................................................................................................................................... 15
Contratilidade (Inotropismo) .......................................................................................................................................... 15
Lusitropismo ................................................................................................................................................................... 16
Atividade Elétrica do Coração ............................................................................................................................................. 17
Características Gerais ..................................................................................................................................................... 17
Canais Iônicos no Músculo Cardíaco .............................................................................................................................. 17
Potenciais Rápidos.......................................................................................................................................................... 20
Potenciais Lentos ............................................................................................................................................................ 23
Sequência de Ativação Cardíaca ..................................................................................................................................... 26
Eletrocardiograma – ECG .................................................................................................................................................... 29
Introdução ...................................................................................................................................................................... 29
Derivações ...................................................................................................................................................................... 29
Registro .......................................................................................................................................................................... 30
Representação Vetorial .................................................................................................................................................. 32
Geração das Ondas do Eletrocardiograma ..................................................................................................................... 34
Informações Fornecidas Pelo ECG ...................................................................................................................................... 40
Frequência ...................................................................................................................................................................... 40
Ritmo .............................................................................................................................................................................. 40
Eixo ................................................................................................................................................................................. 41
Hipertrofia ...................................................................................................................................................................... 42
Infarto ............................................................................................................................................................................. 42
Propriedades Mecânicas do Coração.................................................................................................................................. 46
Ultraestrutura e Bioquímica da Contração ..................................................................................................................... 46
Acoplamento Excitação-Contração ................................................................................................................................ 49
Atividade Mecânica do Coração ......................................................................................................................................... 52
Tipos de Contração ......................................................................................................................................................... 52
Alça Pressão-Volume Ventricular ................................................................................................................................... 54
Ciclo Cardíaco ................................................................................................................................................................. 58
Regulação da Atividade Cardíaca ........................................................................................................................................ 62
3 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 3
Autorregulação ............................................................................................................................................................... 62
Regulação Nervosa ......................................................................................................................................................... 66
Regulação Humoral ........................................................................................................................................................ 68
Regulação Hormonal ...................................................................................................................................................... 68
Sangue – Hemostasia .......................................................................................................................................................... 70
Mecanismo da Hemostasia ............................................................................................................................................ 70
Componentes da Resposta Hemostática........................................................................................................................ 70
Condições Que Causam Sangramento Excessivo em Humanos ..................................................................................... 78
Condições Tromboembólicas no Ser Humano ............................................................................................................... 78
Anticoagulantes Para Uso Clínico ................................................................................................................................... 78
Fisiologia Circulatória .......................................................................................................................................................... 79
Generalidades ................................................................................................................................................................ 79
Leis Gerais da Circulação ................................................................................................................................................ 81
Circulação Arterial .......................................................................................................................................................... 81
Circulação Capilar ........................................................................................................................................................... 87
Circulação Linfática ......................................................................................................................................................... 90
Circulação Venosa .......................................................................................................................................................... 94
Contração do Músculo Liso Vascular .................................................................................................................................. 98
Visão Geral do Musculo Liso........................................................................................................................................... 98
Contração ....................................................................................................................................................................... 99
Relaxamento................................................................................................................................................................... 99
Alterações na Contração Vascular Devido a Fatores Químicos Teciduais Locais ......................................................... 100
Regulação Local do Fluxo Sanguíneo ................................................................................................................................ 101
Autorregulação do Fluxo Sanguíneo ............................................................................................................................ 101
Controle Neural do Tônus Arterial e Venoso ............................................................................................................... 104
Controle Humoral do Tônus Arterial e Venoso ............................................................................................................ 105
Controle Hormonal do Tônus Arterial e Venoso .......................................................................................................... 108
Distribuição Regional de Fluxo ..................................................................................................................................... 111
Débito Cardíaco, Retorno Venoso e a Curva de Função Vascular .................................................................................... 112
Débito Cardíaco e Retorno Venoso .............................................................................................................................. 112
Pressão Média de Enchimento Circulatório ................................................................................................................. 114
Controle da Pressão Arterial ............................................................................................................................................. 117
Pressão Arterial ............................................................................................................................................................ 117
Mecanismo Rápido (ou de Curto Prazo) ....................................................................................................................... 118
Mecanismo Lento (ou de Longo Prazo) ........................................................................................................................ 129
Resumo do Sistema Integrado e Multifacetado para a Regulação da PA .................................................................... 135
4 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 4
Tipos celulares:
(Itens abaixo conforme a imagem ao lado )
a) Miocárdio operacional: Formado por fibras
cilíndricas, com núcleo central e prolongamen-
tos formando um sincício.
- Sincício: Células interconectadas que se exci-
tam e permitem que os potenciais de ação se
propaguem para todas as outras células;
∟ Síncicio atrial: Forma a parede dos dois átrios Átrio separado do ventrículo por um tecido
∟ Sincício ventricular: Forma a parede dos ventrículos fibroso – P.A conduzido pelo feixe A-V (de His)
- Divisão em dois sincícios possibilita a contração dos átrios pouco antes da contração ventricular
Importante para a eficiência do bombeamento cardíaco.
Sistema de condução:
- Nodo sinoatrial (Nodo SA): Formado por células especializa-
das que funcionam como marca-passo cardíaco.
∟ Inicia o P.A que é conduzido ao longo do coração.
- Nodo atrioventricular (Nodo AV): Contém células de condu-
ção mais lentas que, em geral, criam um leve retardo na pro-
pagação do estímulo de contração entre o átrio e o ventrículo.
∟ Retardo é importante para que os átrios contraiam pouco
antes dos ventrículos; o retardo é dado pela disposição em
“trama” que diminui a velocidade de condução do P.A.
- Feixe atrioventricular (Feixe AV ou Feixe de His): Feixe por
onde o impulso segue com grande rapidez e atinge um seg-
mento que se divide em dois ramos (direito e esquerdo).
- Ramos Direito e Esquerdo do Feixe de His: Impulso segue
com grande rapidez em direção ao ápice do coração, acompa-
nhando o septo interventricular.
∟ No ápice do coração: Cada ramo segue em direção à base do coração, desta vez seguindo a pare-
de lateral de cada ventrículo.
6 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 6
∟ Cada ramo emite uma grande quantidade de ramificações quando chega ao ápice, as fibras de
Purkinje, que têm por finalidade otimizar a chegada dos impulsos, através da maior quantidade
possível, e no mais curto espaço de tempo possível, por todo o sincício ventricular.
∟ Com a chegada dos impulsos no sincício ventricular, rapidamente e com uma grande força, ocor-
re a contração de todas as suas fibras. A contração das câmaras ventriculares reduz acentuadamen-
te o volume das mesmas, o que faz com que um considerável volume de sangue seja ejetado, do
ventrículo direito para a artéria pulmonar e, do ventrículo esquerdo para a artéria aorta.
* Importante: A transmissão do potencial de ação pelas fibras de Purkinje é muito rápida devido à
grande quantidade de junções comunicantes nos discos intercalares entre as células condutoras.
• Endocárdio: Fina membrana endotelial que cobre as paredes internas das cavidades cardíacas,
formando conjunto de pregas nos orifícios, as válvulas cardíacas, sendo que cada unidade corres-
ponde a uma valva.
- As valvas cardíacas asseguram um fluxo unidirecional no coração.
Valvas atrioventriculares (valvas AV) esquerda (mitral ou bicúspide) e direita (tricúspide): Evi-
tam o refluxo de sangue dos ventrículos para os átrios durante as sístoles.
Valvas semilunares (pulmonar e aórtica): Impedem o refluxo da aorta e das artérias pulmonares
para os ventrículos durante a diástole.
∟ Se a valva abaular muito para trás durante a sístole, poderá permitir o refluxo de sangue. Isso
pode resultar em uma insuficiência cardíaca grave ou até mesmo na morte do indivíduo.
* Importante: Som das bulhas é decorrente dos fechamentos das valvas AV (1ª bulha) e semiluna-
res (2ª bulha). O som das bulhas NÃO resulta do batimento do coração contra a parede torácica!
8 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 8
Musculatura Cardíaca
• Musculatura dos átrios: Possuem duas camadas (conforme a imagem abaixo);
Formam uma fina camada – a parede do átrio é mais
escura devido ao fato de ser mais delgada (recebe a colora-
ção do sangue circulante).
Possuem os músculos pectinados (feixes internodais res-
ponsáveis pela condução do P.A)
- Possuem elevada quantidade de discos intercalados
Favorece o aumento da velocidade de condução do P.A
Os átrios são fracas bombas (“bomba de escorva”) e
Músculos pectinados
apenas auxiliam no enchimento dos ventrículos.
- Cerca de 20% do sangue que chega aos ventrículos são provenientes do bombeamento promovido
pelos átrios.
∟ Os 80% restantes fluem de forma contínua para os ventrículos, vindo das grandes veias para os
átrios, mesmo antes da contração atrial.
• As funções de cada um dos ventrículos podem ser explicadas pela Lei de Laplace:
𝑃. 𝑅
𝑇=
ℎ
{P} = Pressão; {R} = Raio do ventrículo; {h} = Espessura do ventrículo
{T} = Tensão Estresse de parede quando a espessura de parede é infinitamente delgada.
Tensão = força exercida em uma linha (dinas/cm)
Estresse = força exercida em uma área (dinas/cm2)
Tensão é o estresse promovido pelas forças que atuam sobre as paredes do ventrículo.
A Lei de Laplace afirma que a tensão (estresse) de parede, em qualquer dada pressão, é aumen-
tada se o raio aumentar ou vice-versa.
Também se pode reduzir o estresse com o aumento da espessura da parede ventricular.
- Na hipertrofia cardíaca, por exemplo, há ↑h (que equilibra o ↑P) Mantém a T constante.
- A estrutura cardíaca se adapta a diferentes pressões intraventriculares;
∟ Girafa (Psistólica >300mmHg) possui ventrículo longo e de paredes espessas – adaptação.
∟Anfíbio (Psistólica baixa) possui ventrículo esférico e de paredes finas – adaptação.
Hipertrofia Cardíaca
• Conceito de hipertrofia: Aumento do tamanho e do volume das células, sem aumento do núme-
ro de células. As células já existentes apenas aumentam de tamanho e volume.
• Benefícios: Aumento da capacidade de trabalho ventricular e redução do estresse de parede;
• Pode ocorrer em resposta a:
a) Aumento de demanda metabólica;
b) Aumento de carga pressórica ou de volume;
*Importante: Hipertrofia ≠ hiperplasia
c) Mecanismos intrínsecos de natureza genética;
Hiperplasia = aumento do número de células
• Pode ter duas origens:
Hipertrofia patológica (p.e. hipertensão, valvopatias)
- Aumenta o risco de ocorrência de morte súbita, arritmias ventriculares, isquemia miocárdica e
disfunção ventricular;
Hipertrofia fisiológica (p.e. exercício físico)
- Apesar de não ser prejudicial como a patológica, também altera a estrutura muscular.
∟ O aumento da massa, por exemplo, pode aumentar o tempo de despolarização e a efetividade do
coração (maior ejeção de sangue).
10 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 10
(A imagem abaixo ilustra bem a integração dos componentes celulares – Em breve será abordado novamen-
te a importância do Ca2+ , porém adiantamos sua aplicabilidade para facilitar a compreensão)
• Mitocôndrias ocupam cerca de ⅓ do volume celular de uma fibra contrátil cardíaca, devido à
grande demanda energética dessa células.
13 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 13
Condutibilidade
• Propriedade de propagação de estímulos.
• Sequência da condução do P.A.
NSA NAV Feixe de His Fibras de Pur-
kinje.
- No NAV ocorre o retardo nodal (P.A sofre
atraso de 0,1s (100ms) devido à configuração
do NAV – Células de tamanho pequeno e dispostas em rede, além do reduzido número de gap junc-
tions que diminui a passagem de íons excitatórios de uma fibra condutora para a outra.
∟Tempo de despolarização total (átrios e ventrículos) de 0,06s a 0,10s.
• DROMOTROPISMO é o nome dado ao que relacionamos à velocidade de condução dos P.A.
Fatores que reduzem a velocidade de condução.
- Hipóxia, intoxicação, inflamação, etc.
15 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 15
Excitabilidade (Batmotropismo)
• Capacidade de resposta a estímulos, de fora do marca-passo, que excitam o coração.
Qualquer estímulo de fora do marca-passo (internos e externos ao corpo).
∟ Estímulos mecânicos (ex. pancada forte no tórax), elétricos (ex. choque elétrico), térmicos, quí-
micos (ex. fármacos) etc.
• Estímulos dependem de um limiar ou de um supralimiar – “Lei do tudo ou nada”.
Período de excitabilidade: Período refratário relativo (PRR) – Após ⅓ do início da diástole.
- Estímulos supralimiares no PRR geram uma sístole chamada “extrassístole” (sístole que foi ante-
cipada – é uma arritmia! – Ritmo do marca-passo não foi alterado).
- Importante: Extrassístole NÃO é uma nova sístole!
Quanto mais precoce for a extrassístole, maior será a potenciação que ocorre em seguida (po-
tenciação pós-extrassistólica).
- Em seguida à extrassístole há o chamado repouso compensador;
∟ Como a extrassístole ocorre após ⅓ do início da diástole, o coração não consegue encher total-
mente porque ela foi interrompida com a antecipação da sístole. Sendo assim, esse repouso se faz
necessário para que o coração se encha novamente.
Contratilidade (Inotropismo)
• É a capacidade intrínseca do músculo cardíaco de gerar força, em um determinado comprimento
muscular.
Está relacionada com a concentração intracelular de Ca2+
Agentes inotrópicos positivos: Produzem aumento da contratilidade.
Agentes inotrópicos negativos: Produzem diminuição da contratilidade.
- Inibição faz com que a [Na+] intracelular aumente Diminui gradiente de Na+ através da mem-
brana celular.
∟ Troca de Na+/Ca2+ (mecanismo que remove o Ca2+ da célula) depende da magnitude do gradiente
de Na+ e, portanto, está diminuída, produzindo aumento da [Ca2+] intracelular.
Agonistas dos canais de Ca2+: Aumentam a condutância ao cálcio.
- Inibidores da fosfodiesterase (PDE): Agonistas β–adrenérgicos e os ativadores da fosfoquinase-A
aumentam o nível de AMPc que, entre outros efeitos, é capaz de elevar o Ca2+ intracelular.
Lusitropismo
• Capacidade de relaxamento global do coração, quando cessada sua ativação elétrica e terminado
o processo de contração, levando ao fenômeno de relaxamento diastólico;
• Mecanismo também dependente de energia (Bomba SERCA – Ca2+).
Transporte de íons cálcio para fora da célula e para dentro do retículo sarcoplasmático;
• Alguns agentes são lusitrópicos e inotrópicos, simultaneamente;
β–adrenérgicos: Lusitrópico positivo (↓[Ca2+]i) e inotrópico positivo (↑[Ca2+]i).
17 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 17
- Responsável pela fase 0 do P.A. no tecido nodal e pela fase 2 (platô) nas células atriais e ventricu-
lares;
- Ativado e inativado em potenciais mais negativos;
∟ Ativados em torno de -30mV a -20mv e são inativados lentamente.
Tipo T – ICa(T): Abundantes nas células nodais (influenciam na gênese do P.A dos nodos) e tam-
bém são encontrados, em menores quantidades, nos miócitos ventriculares e fibras de Purkinje;
- Ativado em, aproximadamente, -60mV;
- É completamente inativado em potenciais não tão negativos (-50mV);
- Funcionalmente, os canais diferem do tipo T diferem do tipo L em relação à:
∟ Cinética (apresenta ativação e inativação mais rápidas);
∟ Farmacologia (são insensíveis à di-hidropiridinas);
Canais de K+
• As correntes repolarizantes, em sua maioria, originam-se de movimento de saída de íons K+, do
meio intracelular para o extracelular, através de canais de potássio.
Potenciais Rápidos
• Característico do miocárdio de trabalho atrial e ventricular e também do feixe de His e das fibras
de Purkinje.
21 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 21
(Preste atenção nas imagens, pois elas facilitarão a compreender o que está acontecendo na célula)
• Fase 0: Despolarização
Principal corrente despolarizante é a de Na+ voltagem-dependente – INa.
- Quando a onda de despolarização entra na célula contrátil através das junções comunicantes, o
potencial de membrana torna-se mais positivo.
- INa se abre Permite entrada de Na+ na célula Rápida despolarização.
- Potencial atinge em torno de +20 mV antes de os canais de Na+ se fecharem.
• Fase 2: Platô.
Correntes despolarizantes = correntes repolarizantes.
- Despolarizantes (influxo de Na+ e Ca2+) e repolarizantes (efluxo de K+ e influxo de Cl-)
∟ São pequenas e de amplitudes praticamente iguais (a soma das condutâncias ao Na + e Ca2+ prati-
camente se iguala à soma das condutâncias ao K+ e Cl-).
- Fluxo efetivo de cargas na fase 2 é muito pequeno.
Início das correntes despolarizantes ocorre com a abertura dos canais de Ca2+ tipo L (ICa,L) e inati-
vação de canais de Na+ (INa), além da corrente de influxo (despolarizante) carreada pelo antiporte
Na+/Ca2+.
Canal IK1 (canal repolarizante) fecha após a despolarização da fase 0 e permanece fechado du-
rante o platô Diminui corrente de efluxo (repolarizante) mantendo a membrana despolarizada.
Lembrando que a repolarização inicial é muito breve e, como consequência disso, o P.A se acha-
ta e forma um platô como resultado de dois eventos:
- Diminuição da permeabilidade ao K+ e aumento da permeabilidade ao Ca2+
Canais de Ca2+ controlados por voltagem ativados pela despolarização foram abertos lentamente
durante as fases 0 e 1.
Esse Ca2+ é o responsável pela
- Quando finalmente se abrem Entrada de Ca2+ na célula.
função contrátil; logo, somente a
- Simultaneamente, alguns canais rápidos de K+ fecham-se. partir da fase 2 que haverá con-
tração do músculo cardíaco.
22 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 22
Período Refratário
• Miocárdio apresenta o fenômeno da refratariedade Relacio-
na-se com a inativação dos canais iônicos (INa) responsáveis pela
despolarização do P.A.
• Período refratário absoluto (PRA): Período em que as células
se encontram durante a maior parte do P.A.
Não podem ser estimuladas a dispararem outro P.A;
Canal de Na+ (INa) encontra-se no estado inativado.
• Período refratário efetivo (PRE): Intervalo de tempo mínimo necessário para que dois P.A propa-
gados, sucessivos, possam ser estimulados com estímulo de intensidade limiar.
Canal de Na+ (INa) está no estado de inativo NÃO pode ser aberto por aumento de voltagem
(limiar ou supralimiar).
Evita a contração prolongada e tetânica do músculo cardíaco.
23 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 23
• Período refratário relativo (PRR): Período em que um estímulo com intensidade supralimiar é
capaz de estimular um segundo potencial de ação.
Na fase 3, a medida em que a célula se repolariza, os canais INa inativados começam a transição
para o estado de repouso Outro P.A pode ser gerado.
- Esse segundo P.A só será disparado após a ocorrência de, aproximadamente, metade da repolari-
zação do primeiro potencial.
Potenciais Lentos
• Ocorrem nos nodos sinoatrial (NSA) e atrioventricular (AV).
Possuem potencial de repouso instável Não ficam em repouso;
- Garante que o processo seja contínuo Função marca-passo.
IMPORTANTE
Canal “Funny” (If) – Chamado assim devido ao seu comportamento não usual (“engraçado”) – Canais
semelhantes ao ‘funny’ são encontrados em neurônios.
Canal do tipo voltagem-dependente e ligante-dependente.
Ativado pela hiperpolarização – Abre-se em potenciais negativos (-60mV).
- Possui permeabilidade ao Na+ e ao K+ Entrada de Na+ na célula é superior à saída de K+.
∟ Promove uma lenta despolarização das células autoexcitáveis.
∟ À medida que o potencial de membrana torna-se positivo, os canais If vão se fechando.
Estimulado pela ativação simpática e por agentes β-adrenérgicos.
Suprimido por estimulação vagal (ACh).
• Fase 0: Despolarização
Mediada por canais lentos de Ca2+ (ICa,L).
- Em razão de ser um canal lento, a propagação dos P.A nos dois nodos também é mais lenta (apro-
ximadamente 0,05m/s).
• Fase 1: Não está presente no potencial lento.
• Fase 2: Não está presente no potencial lento.
• Fase 3: Repolarização
Diretamente relacionada com o canal lento de K+ (IK) – subunidades IKs e IKr Influxo de K+
- IKs possui lenta inativação Ainda estão abertos na despolarização diastólica (fase 4).
• Fase 4: despolarização diastólica
Ativação dos canais funny (If) – Influxo de Na+ e efluxo de K+ If e ICa,T se opõe ao efeito
Ativação canais rápidos de Ca2+ (ICa,T) – Influxo de Ca2+ repolarizante do IKs
24 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 24
- ICa,T: Principal gênese do potencial marca-passo (são encontrados em maior densidade no NSA)
∟ Ativação em –60 mV Leva à despolarização adicional, na fase 0, abrindo os canais lentos de
Ca2+ (ICa,L).
(Observe a imagem abaixo, ela descreve resumidamente o que foi explicado acima)
• Repolarização atrial: Inicia de 150 a 200ms após sua despolarização, começando pelas regiões
mais próximas ao nodo SA – Na mesma sequência da despolarização.
Fenômeno mais lento que despolarização.
* O que foi estudado até agora nos permite associar os tipos de potenciais de ação (rápidos e len-
tos) com a sequência de ativação cardíaca e aplica-los ao próximo tópico (ECG).
É importante ressaltar:
- P.A. é um evento elétrico em
uma única célula, registrado por
um eletrodo intracelular.
- ECG é um registro extracelular
que representa a soma de múl-
tiplos potenciais de ação ocor-
rendo em muitas células muscu-
lares cardíacas.
Associação da sequência de
ativação cardíaca com o ECG
29 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 29
Eletrocardiograma – ECG
Introdução
• Walter Einthoven – Pai do ECG moderno.
Criou as ondas P,QRS, T e as derivações
I,II,III – Derivações obtidas no Triângulo de
Einthoven.
Registro do primeiro ECG a partir de um
galvanômetro de corda.
• Nobel de Medicina e Fisiologia (1924).
* Triângulo de Einthoven
- São colocados eletrodos nos braços e na
perna esquerda.
∟ Perna direita é conectada ao aterramento
com o objetivo de manter o ECG livre de ruí-
dos que podem atrapalhar a interpretação.
Derivações
Plano Frontal
• Derivações bipolares dos membros: Derivações definidas
por Einthoven (Observe a imagem ao lado).
∟ Chamada de bipolares porque o registro é feito com dois
eletrodos posicionados em lados diferentes do coração.
Derivação I: Terminal negativo do eletrocardiógrafo co-
nectado ao braço direito e o positivo ao esquerdo.
Derivação II: Terminal negativo do eletrocardiógrafo co-
nectado ao braço direito e o positivo à perna esquerda.
Derivação III: Terminal negativo do eletrocardiógrafo co-
nectado ao braço esquerdo e o positivo à perna esquerda.
Plano Horizontal
• Derivações unipolares precordiais: numeradas de V1 a V6
Registram grandes amplitudes.
V1 está localizado no 4º espaço intercostal direito Normalmente negativas
V2 está localizado no 4º espaço intercostal esquerdo Estão próximas da base
V3 está localizado no ponto médio entre V2 e V4
V4 está localizado no 5º espaço intercostal sobre a linha hemiclavicular
V5 está localizado no 5º espaço intercostal sobre a linha axilar anterior Normalmente positivas
V6 está localizado no 5º espaço intercostal sobre a linha axilar média Estão próximas do ápice
*Observação: V1 é o único eletrólito posicionado ao lado direito do esterno.
Registro
• Calibração: O aparelho faz uma onda quadrada de 1 mV – 10 quadradinhos pequenos (2 grandes).
É encontrada no início do ECG.
• Velocidade de 25 mm/s e amplificação de 1 mV/cm.
• Marcações no papel:
Horizontal (tempo ou duração) – Quadrado pequeno = 0,04s; Quadrado grande = 0,2s.
Vertical (intensidade) – Quadrado pequeno = 0,1mV; Quadrado grande = 0,5mV.
31 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 31
*Importante:
Segmento do Eletrocardiograma: Linha (normalmente isoelétrica) que une uma onda com outra
onda, sem incluir qualquer deles.
Intervalo do Eletrocardiograma: Porção do ECG que inclui um segmento e uma ou mais ondas.
Representação Vetorial
• Vetores: Representam a direção MÉDIA do fluxo
da corrente (despolarização e repolarização).
Vetor tem INTENSIDADE, DIREÇÃO e SENTIDO.
Somente haverá uma representação vetorial
quando ocorrer diferença de potencial.
- Sem diferença de potencial = Sem vetor!
- Aumento da diferença de potencial leva ao au-
mento do tamanho do vetor (imagem ao lado).
Pode-se representar um dipólo por um vetor
que, por convenção, é negativo na “cauda” e posi-
tivo na “cabeça”
Passo a passo:
1) Identificar em qual derivação temos uma onda isodifásica (ou mais próxima de ser isodifásica);
Lembrando que a onda isodifásica é resultado de um vetor que se encontra perpendicular (for-
ma ângulo 90º) com o vetor resultante No caso do exemplo acima é a derivação aVR.
- Em alguns ECG’s não há onda isodifásica, porém utilizamos a onda difásica (caso
exista mais de uma) que “mais se aproxima” de uma isodifásica.
2) Agora que já sabemos que existe um vetor que se encontra à 90º do vetor resultante, precisa-
mos analisar as outras derivações para determinar em qual quadrante esse vetor resultante pode
estar localizado.
Observe no Círculo de Einthoven que a derivação que forma 90º com aVR é D-III, porém só com
essa informação ainda não conseguimos determinar qual quadrante está (D-III à -60º ou à +120º).
- Para descobrir onde o vetor resultante estará, precisamos voltar ao ECG.
No ECG do exemplo, podemos observar que D-III tem onda positiva. Sen-
do assim, o vetor resultante estará a +120º.
Onda P
• Corresponde à despolarização dos átrios.
• Registro: Varia de 0,1 – 0,3 mV e leva em torno de 0,1s.
Pode ser prolongado por dilatação atrial e por aumento do retardo na
condução interatrial.
• Apresenta onda isodifásica em D-III e V1, negativa em aVR e positiva nas
demais derivações.
• Quando não tem onda P (ritmo não sinusal), é provável que impulso es-
teja se originando no nodo AV (ritmo nodal).
Pode gerar uma onda P retrógrada (imagem ao lado) –
Ocorre despolarização no sentido contrário nos átrios (poten-
cial gerado no NAV dispara potenciais em direção ao septo
ventricular e aos átrios).
- Contração dos ventrículos e dos átrios simultaneamente.
∟ Reduz a função do coração em 20% (referente à capacidade
de bomba dos átrios).
• Segmento PQ ou PR: Tempo necessário para o impulso pas-
sar para os ventrículos.
• Ondas F – fibrilação: Despolarização irregular.
Onda Ta
• Corresponde a repolarização atrial.
• Átrios se repolarizam de 0,15 a 0,20 s após sua
despolarização.
• Duração da repolarização é superior a da onda P
(despolarização atrial).
• Repolarização começa pelas regiões próximas ao
nodo SA.
Repolarização atrial tem vetor em sentido opos-
to ao da despolarização – Refletirá na onda negati-
va – oposta à P (Conforme a imagem ao lado).
• No ECG a onda Ta fica mascarada pelo Complexo QRS.
35 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 35
Complexo QRS
• Corresponde à despolarização dos ventrículos.
Possui sistema de condução mais eficiente –
Sistema His-Purkinje.
Endocárdio despolariza antes do epicárdio.
∟ Sistema His-Purkinje se origina das ramificações
periféricas dos ramos direito e esquerdo do feixe
de His, distribuindo-se pelo endocárdio em ambos
os ventrículos.
• Registro: 1mV (do topo de R ao fundo de S) e leva
em torno de 0,1s
Duração praticamente igual à onda P, apesar de
o ventrículo ter 5x mais massa (maior nº células).
∟ Possui sistema de condução mais eficiente – Sis-
tema His-Purkinje, que garante rápida despolariza-
ção, apesar do elevado número de células.
• Ativação ventricular é dada em 3 fases:
(conforme a imagem ao lado)
Ativação do septo – Q (12ms);
Ativação do ápice – R (48ms); Sequência de ativação
Ativação da base – S (60ms).
• Vetorcardiograma – Representa as alterações vetoriais durante as diferentes fases do ciclo cardí-
aco – registrado instantaneamente no osciloscópio de raios catódicos.
Posição pode variar de acordo com o indivíduo.
- Pessoas obesas Vetor resultante próximo de 0º Apesar da variação em graus do vetor resul-
tante, ainda está dentro da normalidade.
- Pessoas altas e magras Vetor resultante próximo de 90º
Onda T
• Corresponde à repolarização ventricular.
• Registro: Varia de 0,2 – 0,3mV e possui a duração mais
longa que QRS.
Duração está relacionada ao tempo de repolarização
ventricular, que é mais lenta que a despolarização
Formato da onda (arredondada) reflete a velocidade de
propagação (o mesmo acontece com a onda P, que tam-
bém tem uma velocidade baixa de propagação – também
é arredondada).
• Corresponde ao final da fase 2 (platô) e à fase 3 do P.A.
• Tem normalmente a mesma polaridade do QRS porque
as últimas áreas do ventrículo a se despolarizarem são as primeiras a repolarizarem.
Fibras do epicárdio ventricular tem duração de P.A menor que as fibras do endocárdio.
Epicárdio (último a se despolarizar) será o primeiro a repolarizar.
Vetores de despolarização e repolarização ventricular tem o mesmo sentido elétrico.
∟ Ambos os vetores apontam para o lado positivo – Vetor repolarização “volta de marcha ré”
(Observe na imagem abaixo: o vetor de repolarização volta “olhando” para o polo positivo, ou seja,
não há inversão Razão pela qual gera uma onda positiva)
- Sentido do complexo QRS e da onda T serão sempre o mesmo!
Onda U
• Pequena onda para cima após a onda T de origem incerta (Imagem ao lado)
Pode estar relacionada com a repolarização da rede de Purkinje que tem
platô maior que das fibras ventriculares.
Fenômeno de Reentrada
• É um distúrbio de condução – É uma das maiores causas de arritmias.
Ocorre quando a onda de despolarização é conduzida, aparentemente, em um circuito sem fim.
• Possui três pré-requisitos para ocorrer:
a) Circuito fechado de condução;
b) Região com bloqueio unidirecional (pelo menos momentaneamente);
c) Condução suficientemente lenta de P.A’s ao redor do circuito.
37 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 37
*Importante: Perigo da hipertrofia e da dilatação relaciona-se ao círculo longo, uma vez que o au-
mento da área e, consequentemente, de tempo de despolarização podem culminar em fibrilação.
Relação com tamanho do coração: Pequeno – menor risco de fibrilação (↓t despolarização)
Grande – maior risco de fibrilação (↑t despolarização)
• Fibrilação ventricular (imagem abaixo): Várias áreas do ventrículo são excitadas e contraem-se
assincronicamente Desorganiza o sincício.
∟ Algumas fibras estarão despolarizando, outras repolarizando Ondas caóticas no ECG!
Ventrículo está suscetível à fibrilação sempre que uma excitação prematura ocorre ao final da
onda T (repolarização ventricular) da excitação prévia – Quando a maioria das células ventriculares
está no “período vulnerável”.
• Fibrilação atrial (imagem abaixo): Perda completa de sincronia entre as fases de excitação e de
repouso das células atriais individuais.
Impulsos entram no nodo AV e alteram a frequência do ventrículo – Ficam irregulares.
- Pode ser bem tolerada pelo paciente – Contração atrial tem um papel pouco representativo no
enchimento ventricular – Desde que a frequência ventricular seja suficiente para manter o débito
cardíaco.
39 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 39
• Flutter ventricular: É uma arritmia extremamente grave, usualmente fatal em três a cinco minu-
tos, a menos que seja rapidamente corrigida.
Ocorre devido à múltiplos focos de disparo (focos
ectópicos) e movimento circular.
Exterioriza-se no ECG por oscilações alargadas, regu-
lares, uniformes, com frequência entre 150 e 300 bpm,
usualmente em torno de 200 bpm.
Em geral, é um ritmo pré-fibrilação ventricular.
- Imagem ao lado: Flutter ventricular que se transforma
em fibrilação ventricular.
ECG Normal
• O ECG normal possui as derivações bipolares do plano frontal positivas
(D-I, D-II e D-III) e as unipolares positivas, com exceção de AVR (negativa);
Também possui o vetor resultante situado entre 0º e +90º.
O registro abaixo é um exemplo de ECG situado dentro desse quadrante
de normalidade (entre 0º e +90º)
(Utilize o Círculo de Einthoven ao lado para determinar o vetor resultante).
40 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 40
Ritmo
• Ritmo sinusal é o ritmo determinado pelo nodo SA e represen-
ta a onda P no ECG.
No ritmo sinusal há 1 onda P para cada QRS.
• Ritmo nodal é o ritmo determinado pelo nodo AV;
Não há onda P que antecede o QRS.
• Arritmia sinusal: É uma condição fisiológica resultante de uma inspiração profunda.
Taquicardia que acompanha a inspiração;
- Inspiração Coração enche menos Circulação pulmonar é priorizada Reflexo nervoso para
compensar o pequeno déficit sanguíneo no coração Aumento da frequência cardíaca.
Bloqueios Atrioventriculares
• Acontece devido a processos fisiológicos, farmacológicos ou patológicos e podem impedir a
transmissão do impulso pelo nodo AV.
• Bloqueio de primeiro grau: Caracterizado por intervalo PR prolongado (>0,2s)
Bloqueio está localizado acima do feixe de His (nodo AV).
Apresenta uma onda P para cada complexo QRS.
41 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 41
• Bloqueio de segundo grau: Caracterizado por complexos QRS precedidos por ondas P, mas nem
todas as ondas P seguidas por complexo QRS.
Proporções de ondas P para cada QRS variam de 2:1, 3:1 ou 3:2.
• Bloqueio de terceiro grau: Caracterizado pelo bloqueio completo – Impulso é totalmente incapaz
de cruzar a via de condução AV dos átrios aos ventrículos.
Ritmos atriais e ventriculares são completamente independentes.
- ECG apresenta ondas P e complexo QRS dissociados.
Ritmo ventricular torna-se lento Volume bombeado pelo coração pode ser ineficiente.
Eixo
• Eixo elétrico médio: Orientação do dipolo cardíaco
(vetor resultante) durante a fase mais intensa da
despolarização ventricular (i.e. no instante em que a
onda R atinge seu pico).
Utiliza-se o Círculo de Einthoven (da mesma forma
que era utilizada anteriormente).
* Exemplo: Na imagem ao lado temos um desvio de eixo para a direita (entre +90º a ±180º)
- Vetor resultante sobre D-III (+120º)
42 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 42
Hipertrofia
• Hipertrofia: Aumento de massa cardíaca.
• ECG não é o exame mais indicado para a análise de hipertrofia.
Exames mais indicados para tal objetivo são os exames de imagem (p.e. ecocardiograma).
• Hipertrofia e dilatação: Aumenta tanto a amplitude quanto o tempo de despolarização e repola-
rização Devido à maior massa para ser despolarizada e repolarizada (observe a imagem abaixo).
• Pode ocorrer desvio do eixo elétrico médio devido a massa cardíaca aumentada.
Gera uma corrente de despolarização maior no sentido hipertrofiado;
Possui um tempo de despolarização maior, atraindo o vetor médio de despolarização.
• As causas mais comuns de hipertrofia:
Ventrículo esquerdo: Hipertensão (aumento da pressão sanguínea
arterial) e estenose da valva aórtica;
- Hipertrofia do VE nem sempre causa desvio de eixo!
Ventrículo direito: Estenose da valva pulmonar.
- Hipertrofia de VD gera desvio de eixo mais facilmente.
Infarto
• Infarto: Lesão isquêmica do músculo car- Isquemia Infarto
díaco (miocárdio) que se deve à falta de oxi-
gênio e nutrientes.
Ocorre devido a obstrução total de uma
das artérias coronárias.
- Obstrução parcial é denominada isquemia.
(observe a diferença nas imagens ao lado).
43 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 43
Ponto J: Ponto exato em que a onda de despolarização acaba de completar sua passagem pelo co-
ração (Ocorre no final do complexo QRS).
Todas as partes dos ventrículos tornam-se despolarizadas, inclusive as partes lesadas.
- Não existe, nesse momento, fluxo de corrente em volta do coração.
- Mesmo a corrente de lesão desaparece nesse ponto.
É traçada uma linha horizontal em cada derivação no nível do ponto J – Nível de potencial zero.
Ondas T: Refletem isquemia miocárdica (Falta de fluxo sanguíneo adequado para o miocárdio).
- Agudização da onda T: Ocorre durante o infarto – É potencialmente reversível.
∟ Se o fluxo sanguíneo for restaurado ou as demandas de O2 forem reduzidas, as ondas T irão vol-
tar ao normal.
Inversão simétrica da onda T: Ocorre com a morte das célu-
las miocárdicas – irreversível.
- Onda T invertida pode persistir por meses ou anos.
Acoplamento Excitação-Contração
• O acoplamento entre os processos de excitação e contração dependem basicamente do Ca 2+.
∟ Cálcio é chamado de íon mercurial devido sua rapidez em se difundir.
Ca2+ é um mensageiro carreador de sinal que, em resposta à excitação elétrica, ativa o processo
contrátil – Tem início com a entrada de Ca2+ durante o platô pelo canal lento de Ca2+ (ICa,L).
- [Ca2+]Intracelular inferior à 10-7M (repouso) – Relaxamento muscular.
- [Ca2+]Intracelular superior à 10-5M – Contração muscular (Houve aumento de 100x de Ca2+).
• Ca2+ é compartimentalizado em diversos locais dentro e fora da célula (conforme imagem abaixo).
* Reserva cálcio intracelular: Sítios aniônicos (sítios B e D) – Bloqueados por cobalto e lantânio;
50 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 50
• Acoplamento excitação-contração: Mecanismo pelo qual o P.A provoca contração das miofibrilas
(observe a imagem abaixo).
Resposta contrátil inicia logo após a despolarização e dura 1,5x mais tempo que o P.A;
- Contração inicia a 40 ms, mas cálcio leva 100 ms para chegar no meio das miofibrilas;
P.A. é transmitido às miofibrilas pelo sistema T, disparando a liberação de cálcio do RS;
A despolarização do túbulo T ativa o RS via receptores di-hidropiridina, que são canais de Ca2+
voltagem-dependentes na membrana do túbulo T – São canais lentos de Ca2+.
Canal de Ca2+ do RS (Receptor de rianodina) é um canal de Ca2+ ligante-dependente RyR2
- Rianodina possui 2 isoformas:
∟ Ryr1: Ativado por despolarização – Predominante no músculo esquelético.
∟ Ryr2: Ativado por ligação de Ca2+ – Predomínio no músculo cardíaco.
Cálcio liberado induz liberação adicional de cálcio (Liberação de cálcio cálcio-induzida).
51 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 51
Tipos de Contração
• Nas imagens abaixo temos três situações, com três comprimentos iniciais diferentes.
Observe nos gráficos que houve variação da tensão, porém o comprimento não se alterou.
- Situação (1 e 2): Pequeno estiramento do sarcômero – Pouca força.
- Situação (3 e 4): Estiramento ótimo
do sarcômero – Força máxima!
- Situação (5 e 6): Grande estiramen-
to do sarcômero – Pouca força.
53 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 53
Volume residual: Proporção do volume diastólico que não chega a ser expulso na sístole.
𝑉𝐹𝑆
𝐹𝑅(%) = . 100
𝑉𝐷𝐹
* Como calcular? Alça #1 – Dados: VFS=50mL; VDF=120mL, DS: 70mL
Alça #2 – Dados: VFS=150mL; VDF=220mL, DS: 70mL
120−50
Alça #1 – FE (%) = . 100 = 58,33% (normal)
120
50
FR (%) = . 100 = 41,66%
120
220−150
Alça #2 – FE (%) = . 100 = 31,81% (IC)
220
150
FR (%) = . 100 = 68,18%
220
56 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 56
(A): Controle
- Linha laranja = Inotropismo
- Linha azul = Lusitropismo
(B): Inotropismo positivo
- Linha laranja deslocada para a es-
querda.
(C): Inotropismo negativo
- Linha laranja deslocada para a di-
reita.
(D): Lusitropismo positivo
- Linha azul desloca para baixo
(E): Lusitropismo negativo
- Linha azul desloca para cima.
• Dividido em períodos (sístole atrial, sístole ventricular e diástole ventricular) e fases (pré-sístole,
fase isométrica sistólica, fase de ejeção – máxima e reduzida, fase isométrica diastólica e fase de
enchimento – rápido e lento).
Sístole atrial – Pré-sístole: No início as 4 câmaras estão relaxadas e as valvas átrio ventriculares
estão abertas.
- Fase isométrica sistólica: Ocorre o fechamento das valvas atrioventri-
culares; as valvas semilunares permanecem fechadas. Ocorre a contra-
ção isométrica As câmaras ventriculares se contraem, mas o volume
Sístole ventricular não varia.
• 2ª bulha (55Hz): Ocorre com o fechamento abrupto das valvas seminulares (pulmonar e aórtica).
Após a 2ª bulha há um grande silencio – 0,48s (tempo até a 1ª bulha).
* Esquema para memorizar: 1ª bulha 2ª bulha.
{M} – Valva mitral {P} – Valva pulmonar
𝑀𝑇 𝑃𝐴 𝐴𝑃 𝑇𝑀 {T} – Valva tricúspide {A} – Valva aórtica
{f} – Fechamento {a} – Abertura
𝑓 𝑎 𝑓 𝑎
Desdobramento fisiológico da 2ª bulha: Ocorre durante a inspiração – O som da 2ª bulha será
dividida em dois componentes: Primeiro, da valva aórtica; segundo, da valva pulmonar.
- Contração do diafragma ↑Pabdominal e ↓Ptorácica.
∟Inspiração cria gradiente de pressão que favorece o ↑Retorno venoso.
- Maior irrigação sanguínea para os pulmões (Lembrar que está havendo
trocas gasosas e, por isso, terá maior quantidade de sangue na circulação
pulmonar).
- Maior volume no ventrículo direito fará com que, durante a sístole, a valva
pulmonar se feche depois da valva aórtica.
∟ Motivo: Maior quantidade de sangue no VD está sendo bombeada para os
pulmões – Valva pulmonar ficará mais tempo aberta para ejetar todo o san-
gue. Esse sangue estará em maior quantidade nos pulmões (Estarão reali-
zando as trocas gasosas). Sendo assim, uma quantidade menor do que a
normal estará disponível para o ventrículo esquerdo. Dessa forma, haverá
menor quantidade de sangue ejetado – Valva aórtica fechará antes.
• 3ª bulha: Pode ocorrer em crianças durante o enchimento rápido ventrículo (início diástole).
Crianças possuem a parede torácica mais fina e mais elástica.
- É fisiológico em crianças e patológico em adultos (p.e. insuficiência ventricular esquerda).
• 4ª bulha: Pode ocorrer na pré-sístole.
Autorregulação
• Mecanismo intrínseco ao coração.
a) Estimulação α e β-adrenérgica;
Agonistas β-adrenérgicos: ↑AMPc Ativação da Proteinoquinase A (PKA) ↑Fosforilação de
canais de Ca2+ e ↑Fosforilação do fosfolambam ↑Entrada de Ca2+ (efeito inotrópico positivo) e
↑Recaptação de Ca2+ (efeito lusitrópico positivo).
- Também exerce efeito dromotrópico positivo (↑Velocidade de condução) e cronotrópico positivo
(↑Frequência cardíaca).
Agonistas α-adrenérgicos: Aumentam o cálcio intracelular e também aumentam a afinidade do
sistema contrátil ao Ca2+.
d) pH intracelular;
Acidose (↑H+): Ocorre diminuição da força média produzida pelas pontes e do número de pon-
tes cruzadas;
- H+ compete pelo mesmo sítio de Ca2+ na troponina C (Lembrar que essa ligação de Ca2+ é necessá-
ria para mudar a conformação da tropomiosina e permitir a interação da cabeça da miosina com a
actina).
65 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 65
e) Hipóxia e isquemia;
Ocorre devido ao aumento da [Ca2+] subsequente à acidose – H+ compete pelo sítio do Ca2+
- Hipóxia e isquemia desenvolvem acidose.
Há alteração também nos níveis intracelulares de Pi, fosfocreatina, ATP e ADP.
Regulação Nervosa
• Regulação nervosa – Observe a distribuição das fibras sim-
páticas e parassimpáticas sobre o coração na imagem ao lado.
Divisão Simpática
• Neurônios pré-ganglionares localizam-se na medula, no
corno intermédio lateral (IML) e na substância branca do funí-
culo lateral adjacente – Segmentos torácicos e lombares altos
da medula.
Receptores α e β:
→ Coração: Predomínio de β – Noradrenalina
Contração cardíaca
α em menor quantidade – Adrenalina
→ Circulação: Predomínio de α – Vasoconstrição.
β em menor quantidade – Vasodilatação.
Adrenalina e noradrenalina são capazes de ligar tanto nos receptores α quanto nos β
Divisão Parassimpática
• Neurônios pré-ganglionares localizam-se no bulbo, no centro vagal.
Motoneurônios vagais localizados no núcleo dorsal motor do vago (DMV) e núcleo ambíguo (NA)
NC X direito: Inerva o Nodo SA
- Estimulação: ↓FC – bradicardia. NC X (nervo vago) inerva apenas o átrio direito;
NC X esquerdo: Inerva o Nodo AV Estimulação intensa pode levar à parada cardíaca.
- Estimulação: Bloqueio AV.
Regulação Humoral
• Óxido nítrico (NO): Inibe a atividade do coração e realiza vasodilatação – ↓PA
Análogo à ACh – Diminui a contração e a frequência cardíaca.
- NO atua sobre o GMPC e reduz a contratilidade do músculo cardíaco.
Produzido pelas células endoteliais do endocárdio (Possui proximidade com o sítio de ligação –
miocárdio).
- Também é produzido pelas células endoteliais, células do músculo liso, células inflamatórias etc.
Regulação Hormonal
a) Catecolaminas : Efeitos na sensibilidade ao cálcio.
Aumentam o inotropismo (↑PKA e fosforila ICa,L)
Cronotropismo (efeito sobre a fosforilação do canal responsável pela corrente marca-passo If).
- Aumentam a hidrólise de ATP (↑isoenzima rápida “α” da miosina) e a recaptação de Ca 2+ pelo RS.
- Aumentam o inotropismo e o cronotropismo, por modularem a expressão gênica de várias proteí-
nas, como as proteínas contráteis Melhoram o manuseio do cálcio.
*Importante: Mulher em idade fértil tem menor chance de desenvolver problemas cardiovascula-
res. No climatério, no entanto, iguala-se ao homem devido à queda da produção de estrógenos.
*Curiosidade: Reposição de estrogênio após o climatério pode ser negativa, podendo levar ao au-
mento de riscos cardiovasculares – “Paradoxo do estrogênio”. Também há risco de câncer.
f) Glucagon: Efeito semelhante às catecolaminas – Ativa a adenilato ciclase por mecanismo diferen-
te – Aumenta a contratilidade.
g) Hormônios da hipófise anterior: Hormônio do crescimento tem pouco efeito sobre o coração.
Em alguns casos de insuficiência cardíaca pode aumentar o DC e a contratilidade cardíaca.
70 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 70
Sangue – Hemostasia
• Hemostasia: Conjunto de mecanismos que previne o extravasamento de sangue (hemorragia)
para fora do sistema circulatório quando há ruptura do vaso.
Hemorragia: Altera a hemodinâmica e o fornecimento de O2 e nutrientes aos tecidos.
- Objetivo primário da hemostasia é deter o extravasamento de sangue!
• Mecanismos hemostáticos: Constrição vascular, formação de tampão de plaquetas, formação de
coágulo sanguíneo, como resultado da coagulação do sangue e eventual crescimento de tecido fi-
broso no coágulo para o fechamento permanente no orifício do vaso.
Mecanismo da Hemostasia
• Hemostasia primária: Engloba componentes do endotélio vascular e plaquetas, resultando na
formação do tampão plaquetário, cujo efeito hemostático é temporário;
• Em seguida, na Hemostasia Secundária, as proteínas da coagulação formarão fibrina, que refor-
çará este trombo primário.
• E por fim, na Fibrinólise (lise do coágulo) o sistema fibrinolítico irá dissolver o trombo gradual-
mente, a fim de restaurar o fluxo sanguíneo normal.
• Vasoconstrição: Após lesão vascular, fatores neuro-humorais locais induzem vasoconstrição tran-
sitória.
• Hemostasia primária: Processo de formação do tampão plaquetário no local da lesão.
Ocorre dentro de poucos segundos após uma injúria endotelial e é de suma importância para
interrupção da perda sanguínea.
A hemostasia primária exige três eventos fundamentais: Aderência plaquetária, liberação dos
grânulos e agregação plaquetária.
Embora a hemorragia cesse devido à hemostasia primária, a força do fluxo sanguíneo geralmen-
te é suficiente para desfazer o tampão primário/plaquetário. Daí a importância do sistema da coa-
gulação para a formação de um coágulo estável de fibrina, ou tampão hemostático.
• Hemostasia secundária: Consiste nas reações plasmáticas dos sistemas de coagulação, anticoagu-
lação e fibrinólise. Esses sistemas irão atuar no trombo para torná-lo estável.
Contração Vascular
• Reduz de forma instantânea o fluxo de sangue pelo vaso lesado – diminui a luz do vaso.
Segmento arterial: Elasticidade das artérias atua na redução da luz do vaso.
Segmento venoso: Colabamento das veias atua na redução da luz do vaso.
- As veias superficiais possuem musculatura lisa mais desenvolvida que as outras veias e podem
sofrer espasmos vasculares – culmina em venoconstrição.
• Contração resulta de:
a) Espasmo miogênico local;
71 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 71
• Função coagulante:
Vasoconstrição;
Ativação de plaquetas e fatores de coagulação pelo colágeno e fibronectina (glicoproteína);
Síntese do fator de Von Willebrand pelas células endoteliais, permitindo a adesão plaquetária.
* Fator de Von Willebrand:
– Sintetizado na célula endotelial e armazenado nos corpos de Weibel–Palade;
– Sintetizado no megacariócito e armazenado nos grânulos α-plaquetário;
– Responsável pela adesão e agregação plaquetária;
– Possuem domínios para a Glicoproteína GpIb, GpIIb e IIIa, Fator VIII e Colágeno;
– Estabilizam o Fator VIII, evitando sua proteólise no plasma;
– São secretados quando houver estímulos por stress, trombina, fibrina, hipóxia e histamina.
Plaquetas (Trombócitos)
• São formadas na medula óssea a partir dos megacariócitos (células hematopoiéticas da medula) e
possuem tamanho de 1µm a 4µm de diâmetro – são bem menores que os eritrócitos.
Principal regulador da produção de plaquetas é a trombopoietina – Produzida pelo fígado e pe-
los rins.
• Concentração normal de plaquetas no sangue é de 1,5.105 a 4.105/µL
[Plaqueta] < 1,5.105 /µL = Dificuldade de coagulação – Aumenta a probabilidade de hemorragia.
72 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 72
• Reação de liberação e amplificação das plaquetas: Ativação primária por vários agonistas induz
sinalização intracelular, levando à liberação do conteúdo dos grânulos α.
ADP liberado dos grânulos densos desempenha importante papel de realimentação (feedback)
do estímulo à ativação plaquetária – Realiza o recrutamento plaquetário por quimiotaxia.
74 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 74
Coagulação do Sangue
• Coagulação do sangue envolve um sistema biológico de am-
plificação.
Realizada uma cascata de proteínas precursoras circulantes
(os fatores enzimáticos da coagulação), culminando na geração
de trombina (Observe a imagem ao lado).
- Trombina converte o fibrinogênio em fibrina.
Fibrina converte os tampões primários e instáveis de pla-
quetas em tampões hemostáticos firmes, definitivos e estáveis.
- Forma um emaranhado de plaquetas, células sanguíneas e
plasma para formar o coágulo.
• Coágulo começa a se desenvolver entre 15 a 20s se o trauma da parede for grave e, entre 1 a 2
minutos, se o trauma for pequeno.
Vitamina K
• Os fatores da coagulação que dependem da vitamina K são: a protrombina II, X, IX e VII.
Falta da vitamina K e doença hepática: Pode resultar em aumento da tendência ao sangramento.
Proteína C e Proteína S
• São inibidores dos cofatores de coagulação V e VIII - São proteínas anticoagulantes.
• São dependentes da proteína K para destruir os fatores Va e VIIIa – Evita formação trombina.
• Via extrínseca pode ser explosiva – Uma vez que é iniciada, sua velocidade até a formação do co-
águlo final só é limitada pela quantidade de fator tecidual liberado pelos tecidos traumatizados e
pelas quantidades dos fatores X, VII e V no sangue – Em um trauma grave pode coagular em até
15s.
Via intrínseca prossegue muito mais lentamente – Leva de 1 a 6min.
78 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 78
Fibrinólise
• Fibrinólise: Dissolução da fibrina pela plasmina.
A medida que a parede do vaso danificado lentamente se repara, a fibrinólise ajuda a remover o
coágulo.
• Quando o coágulo se forma, ele incorpo-
ra moléculas de plasmina, a semente de
sua própria destruição (Imagem ao lado).
Plasmina: Enzima gerada a partir do
plasminogênio pela trombina e pelo ativa-
dor tecidual do plasminogênio (t-PA).
- Plasmina degrada os polímeros de fibrina
formando fragmentos de fibrina.
- Também degrada outras proteínas coagulantes como o fibrinogênio, o Fator V, o Fator VIII, a pro-
trombina e o Fator XII – Pode causar hipocoagubilidade do sangue.
Fisiologia Circulatória
Generalidades
• Funções da circulação: Transporte de materiais (imagem ao lado)
Nutrientes, gases e água que entram no corpo;
Materiais que se movem de célula para célula;
Resíduos que as células eliminam.
*Observe na imagem acima que o leito vascular (área de secção) aumenta conforme se aproxima
dos capilares e diminui conforme chega nas extremidades (veias ou artérias).
Circulação Arterial
Considerações Anatômicas
• Adventícia: Tecido conjuntivo, fibras elásticas (mai-
or proporção nas grandes artérias);
• Média: Músculo liso circular; inervação autonômica
(Papel principal da divisão simpática);
• Íntima: Tecido endotelial
Produção de fatores derivados do endotélio – “En-
dothelium-derived ____ factors (ED_Fs)”
- EDRFs (relaxantes), EDCFs (constritores), EDHFs (hi-
perpolarizantes).
• As paredes da aorta e de outras artérias de grande diâmetro contêm uma quantidade relativa-
mente grande de tecido elástico, localizado principalmente nas lâminas interna e externa.
São distendidas durante a sístole e recuam de volta sobre o sangue durante a diástole.
As paredes das arteríolas possuem menos tecido elástico e mais músculo liso.
82 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 82
Considerações Biofísicas
• Fluxo sanguíneo é determinado por dois fatores:
a) ΔP entre as duas extremidades do vaso – Gradiente
de pressão (Imagem ao lado).
Sem diferença de pressão NÃO há fluxo!
b) Impedimento ao fluxo sanguíneo pelo vaso – Resis-
tência vascular.
Fluxo é inversamente proporcional à resistência.
- Aumento da resistência = Diminuição do fluxo;
- Redução da resistência = Aumento do fluxo.
Resistência (R) é determinada por três fatores:
a) Comprimento do tubo (L);
b) Raio do tubo (r);
c) Viscosidade (“espessura”) do líquido (ɳ).
Fluxo turbulento (C): Sangue flui de modo desordenado, correndo em todas as direções do vaso
e se misturando continuamente em seu interior.
- Fluxo turbulento significa que o sangue flui na direção longitudinal e na direção perpendicular,
geralmente formando “redemoinhos”
∟ Provoca resistência ao fluxo sanguíneo.
∟ Provoca ruídos cardíacos (p.e. sopro cardíaco).
Velocidade: Valores altos na sístole (120 cm/s) e valores extremamente baixos na diástole.
- Velocidade média = 40 cm/s.
- Tem efeito importante sobre a pressão dentro do vaso.
∟ Alta velocidade na sístole causa a expansão elástica da aorta e a retração elástica na diástole, que
atua como reservatórios elásticos
84 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 84
Pressão Sanguínea
• Pressão sanguínea: Diminui continuamente à medida
que o sangue flui pelo sistema circulatório.
Maior pressão: Ocorre na aorta (120mmHg) – Pressão
sistólica (PS) – Pressão que se desenvolve durante a eje-
ção.
- Determinada pelo volume sistólico do VE, velocidade de
ejeção e a resistência da aorta.
Menor pressão: Ocorre nas artérias (80mmHg) – Pres-
são diastólica (PD) – Deve-se ao esvaziamento da árvore arterial para a rede capilar durante a diás-
tole.
- Depende do nível de pressão durante a sístole, resistência periférica e a duração da diástole (Fre-
quência cardíaca)
- Pressão relativamente elevada devido a capacidade desses vasos de capturar e armazenar energia
nas suas paredes elásticas.
• Pressão de pulso (PP) (ou diferencial): Diferença entre a pressão sistólica e a pressão diastólica.
𝑃𝑃 = 𝑃𝑆 − 𝑃𝐷
• Pressão arterial média (PAM): Utilizada pelo fato de a pressão arterial ser pulsátil.
(𝑃𝑃)
𝑃𝐴𝑀 = 𝑃𝐷 +
3
- Exemplo: Pessoa com pressão sistólica de 120mmHg e pressão diastólica de 80mmHg;
(𝑃𝑃) 40
𝑃𝐴𝑀 = 𝑃𝐷 + → 𝑃𝐴𝑀 = 80 + → 𝑃𝐴𝑀 = 93𝑚𝑚𝐻𝑔
3 3
PAM é mais próxima da PD do que da PS porque a diástole dura quase 2x o tempo da sístole.
Pressão arterial é um balanço entre o fluxo sanguíneo para dentro das artérias e o fluxo sanguí-
neo para fora das artérias.
- Fluxo para dentro > Fluxo para fora – Sangue acumula nas artérias (↑Resistência) = ↑PAM.
- Fluxo para dentro < Fluxo para fora – Sangue transita melhor nas artérias (↓Resistência) = ↓PAM.
Fluxo sanguíneo para dentro da aorta é igual ao débito cardíaco (DC) do ventrículo esquerdo.
Fluxo sanguíneo para fora das artérias sofre influência da resistência periférica.
𝑃𝐴 = 𝐷𝐶. 𝑅𝑃𝑇
• Registro da pressão arterial
Variações cardíacas;
Variações respiratórias;
Variações vasomotoras.
85 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 85
Manguito é colocado no braço, sobre a artéria braquial, e é inflado até exercer uma pressão
mais alta do que a pressão sistólica que impulsiona o sangue arterial.
Quando a pressão do manguito excede a pressão arterial, o fluxo sanguíneo é interrompido (a).
Conforme a pressão do manguito é gradualmente diminuída, a pressão no manguito cai abaixo
da pressão sanguínea arterial sistólica Sangue volta a fluir pela artéria braquial, ainda comprimi-
da, e um ruído bem definido (som de Korotkoff – Devido ao turbilhonamento do fluxo sanguíneo)
poderá ser escutado a cada onda de pressão (b).
- O primeiro som escutado representa a pressão mais alta na artéria e é registrado como pressão
sistólica – Pressão que se desenvolve durante a ejeção.
- O ponto no qual o som desaparece é a pressão mais baixa na artéria e é registrado como pressão
diastólica – Pressão exercida pela resistência da rede arterial.
Quando a pressão no manguito não comprimir mais a artéria, o som desaparece (c).
* Importante: Por convenção, aferimos a pressão com o paciente sentado. Por essa razão, deve-se
evitar os efeitos da gravidade sobre a postura;
- Se a pressão for aferida com o paciente deitado, a pressão será maior.
- Se a pressão for aferida com o paciente em pé, a pressão será menor.
86 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 86
• Caso clínico: Um paciente de 75 anos está alerta com queixas de fadiga geral. Sua frequência car-
díaca é 90bpm e sua pressão arterial 140/50 mmHg. Não foram detectadas anormalidades no ECG.
O cateterismo cardíaco indica que a pressão no ventrículo esquerdo (VE) é 140/20 mmHg e a pres-
são atrial esquerda é 10/3 mmHg – Representam o pico sistólico e o diastólico final.
Pressão de pulso (PP): PP = PS-PD PP = 140 – 50 = 90mmHg (PP muito elevada!)
Paciente não é hipertenso (Hipertensão caracteriza-se como PS > 140mmHg e PD > 90mmHg)
Pressão do ventrículo esquerdo = 140mmHg = Pós-carga (Elevada)
- Pressão arterial elevada e pós-carga elevada Redução da complacência arterial (idade elevada).
87 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 87
Circulação Capilar
Diâmetro do capilar é pouco maior do que um eritrócito Eritrócitos transitam em fila única.
Junções celulares presentes entre as células endoteliais variam de acordo com o tecido e deter-
minam a permeabilidade do capilar – Determinam os tipos de capilares.
c) Sinusóides (ou capilares descontínuos): Possuem camada endotelial com grandes fendas (são
até cinco vezes mais largos que um capilar), de modo que quase todas as substâncias plasmáticas,
inclusive proteínas, conseguem passar pelos poros.
Localizado no fígado, baço e medula óssea.
* Curiosidade: No fígado, o endotélio sinusoidal não tem uma lâmina basal Facilita as trocas.
• Como calcular a taxa de filtração? (Considere a imagem abaixo para um mesmo “k”)
Extremidade arteriolar:
PEF = (PH,C – PH,I) – (πC – πI)
PEF = (37 – 1) – (25 – 0) (Lembrar que πI é irrisório)
PEF = 11mmHg (PEF positivo = Filtração)
Extremidade venosa:
PEF = (PH,C – PH,I) – (πC – πI)
PEF = (17 – 1) – (25 – 0) (Lembrar que πI é irrisório
PEF = -9mmHg (PEF negativo = Reabsorção).
Circulação Linfática
• Representa a via pela qual moléculas grandes
reingressam na circulação sanguínea.
Linfáticos transportam para fora dos espaços
teciduais proteínas e grandes partículas que não
podem ser removidas por absorção direta pelos
capilares sanguíneos.
Evita que essas partículas se acumulem
no espaço intersticial;
- Se houvesse acúmulo no interstício: ↑πI Aumento da filtração Edema.
Efluxo excede influxo através das paredes capilares, este excedente entra nos linfáticos e volta
ao sangue.
• Fatores que determinam o fluxo linfático: Pressão do líquido intersticial e a atividade da bomba
linfática.
Pressão do líquido intersticial: Qualquer fator que aumente a pressão do líquido intersticial
também aumenta o fluxo linfático.
- Fatores: ↑Permeabilidade dos capilares, ↑PH,C, ↑πI, ↓πC ↑Volume e ↑Pressão linfática.
• Bomba linfática: Cada segmento do vaso linfático entre válvulas sucessivas funciona como uma
bomba automática isolada Pequeno enchimento já provoca contração (bombeamento).
Sequência repete-se a cada segmento até chegar na circulação sanguínea.
Em seguimentos grandes (p.e. ducto torácico) essa bomba linfática pode gerar grandes pressões
de 50mmHg a 100mmHg.
Fatores externos também influenciam no bombeamento linfático:
- Contração dos músculos esqueléticos circundantes;
- Movimento de partes do corpo;
- Pulsações de artérias adjacentes aos linfáticos;
- Compressão dos tecidos por objetivos externos ao corpo (p.e. “meias de compressão”).
Bomba linfática é bastante ativa durante os exercícios (cerca de 10 a 30 vezes mais ativa);
- Em períodos de repouso o fluxo é quase nulo.
Edema
• Edema: Acúmulo de fluido no espaço intersticial.
Consequência imediata: Retardo na troca de nutrientes e
metabólitos entre a célula e o plasma;
• Pode aparecer quando: Fluido intersticial se acumula em al-
gumas partes do corpo pela ação da gravidade, obstrução veno-
sa, imobilidade, anormal retenção de sal e de água, inadequada
drenagem linfática, mastectomia radical ou em caso de filariose.
Observe a imagem ao lado: Edema nos pés devido a ação da
gravidade e a ausência de locomoção (p.e. em uma longa via-
gem de avião).
93 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 93
• Prática clínica: Locais mais comuns para ocorrer edema são o tecido subcutâneo (edema periféri-
co) e o pulmão (edema pulmonar).
Edema periférico: Não é fatal, porém tem efeitos indesejáveis, tais como deficiência na nutrição
celular (decorrente do aumento da distância difusional), ulceração da pele, deformidade, descon-
forto e dificuldade de locomoção.
Edema pulmonar: Causado pela insuficiência ventricular esquerda, que eleva a pressão de en-
chimento esquerda e consequentemente a pressão venosa pulmonar.
- Pulmão edematoso apresenta dificuldade de se insuflar, diminui as trocas gasosas.
- Se o edema intersticial passar para o espaço alveolar e o inundar, pode ser fatal.
Circulação Venosa
Considerações Anatômicas
• Parede venosa possui três camadas:
Adventícia: Camada mais desenvolvida das veias, possui pouco
tecido elástico – Não são vasos elásticos!
Média: Possui pouco músculo liso circular.
- Membros inferiores e veias superficiais possuem musculatura
lisa mais desenvolvida – Podem sofrer espasmos vasculares
(em menor intensidade que as arteríolas) caso haja ruptura do vaso – Realiza vasoconstrição.
Íntima: Composta pelo endotélio.
• Camadas adventícia e média das grandes veias há presença de vasa vasorum (vaso dos vasos).
São arteríolas e vênulas que se ramificam e desempenham função nutridora dessas camadas.
- Metabólitos não chegam por difusão a partir do lúmen do vaso devido a espessura da parede;
∟ Também estão presentes nas artérias, porém são mais frequentes nas veias – Acredita-se que
seja decorrente da pobreza de nutrientes do sangue venoso em relação ao arterial.
Valvas Venosas
• São formadas pelo endotélio – Camada íntima das veias é dobrada em intervalos
para formar as valvas venosas que previnem o fluxo retrógrado.
Garantem o fluxo unidirecional em sentido do coração.
Se as veias não tivessem valvas, o efeito gravitacional faria com que a pressão
nos pés fosse SEMPRE superior à 90mmHg no adulto em posição ortostática.
• Não há valvas nas grandes veias, nas veias muito pequenas e nas veias do
cérebro e vísceras;
São mais desenvolvidas nos membros inferiores.
* Juntando as informações:
Observe a imagem ao lado e considere as informações abaixo
Indivíduo A está imóvel e em posição ortostática.
- Pressão venosa é maior nos membros inferiores devido a
ação da gravidade.
- Caso permaneça na mesma posição por muito tempo, pode
haver aumento da pressão venosa devido ao não-
funcionamento da bomba muscular, que culminará no au-
mento da pressão capilar, podendo originar edema.
Indivíduo B está em atividade muscular (exercício físico)
- Bomba muscular reduz a pressão nos membros inferiores
devido a compressão/relaxamento do músculo, associado às
valvas venosas que impedem o refluxo sanguineo, isto é,
mantém o fluxo unidirecional – Em direção ao coração.
Pulso Venoso
• A maioria das veias, ao penetrar na cavidade torácica, está
comprimida pelos tecidos circunjacentes Fluxo sanguíneo fica
comprometido nesses pontos (Imagem ao lado).
Amortece as pulsações antes que possam ser transmitidas às
veias periféricas;
Reduzida quantidade de tecido elástico das veias garante que
o vaso seja bastante complacente e contribua no amortecimento
das pulsações.
• Quando a pressão atrial é alta, as veias ficam bem preenchidas
de sangue e podem transmitir as pulsações mais facilmente;
Insuficiência cardíaca congestiva: Pressão venosa elevada –
Possível detectar pulso venoso no pescoço (veia jugular).
Flebograma
• Registro da pressão venosa.
Onda “a”: Causada pela contração atrial; algum sangue é re-
gurgitado para as veias; desaparece na fibrilação atrial.
Onda “c”: Ocorre quando os ventrículos começam a se con-
trair; causada por dois fatores:
a) Ligeiro refluxo de sangue para os átrios no início da contração
ventricular;
b) Abaulamento das valvas AV em direção aos átrios, em virtude
da pressão crescente nos ventrículos.
- Onda c muito grande Insuficiência valvular tricúspide.
∟ Aumento de pressão no átrio devido ao refluxo intenso.
Onda “v”: Ocorre perto do final da contração ventricular –
Quando a contração termina, as valvas AV se abrem Entrada de sangue para os ventrículos
Desaparecimento da onda v.
98 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 98
Contração
• Inicia-se com a sinalização de Ca2+
Ca2+ proveniente do LEC e do retículo sarcoplasmático.
• Músculo liso NÃO tem troponina Sinal de Ca2+ inicia uma cas-
cata que termina com a fosforilação da miosina.
Depende da calmodulina (proteína ligadora encontrada no cito-
sol que possui capacidade para 4Ca2+) – Estimula a cinase da cabe-
ça leve da miosina (MLCK), desencadeando na ativação da cinase
que ↑Atividade da ATPase da miosina Leva a força muscular.
Relaxamento
• Retirada do Ca2+ do citosol pela Bomba SERCA para o RS e pelo
antiporte Na+/Ca2+ e outra bomba de cálcio para o LEC.
Retirada de Ca2+ leva a inativação da cinase Desencadeia na
ativação da fosfatase da miosina Desfosforilação da cadeia leve
da miosina ↓Força (*).
100 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 100
Teoria Miogênica
• Mecanismo independente do endotélio (funciona mesmo com o endotélio removido!).
• Envolve uma propriedade intrínseca do músculo liso arterial.
Músculo contrai ou relaxa em resposta a um respectivo aumento ou queda da tensão da parede
vascular.
• Existe uma resposta imediata e transitória, durante a qual uma elevação da pressão de perfusão é
seguida por um aumento do raio vascular, determinando que o fluxo sanguíneo se eleve.
• Mecanismo miogênico se baseia na lei de Laplace, que estabelece a relação entre a tensão na
parede do vaso (T), o raio vascular (R) e a pressão transmural (ΔP), sendo T = R x ΔP.
Mecanismo: ↑PA ↑PIntravascular e ↑tensão.
- ↑Tensão desencadeia contração da musculatura lisa arteriolar, com redução do raio.
• A contração das arteríolas (induzida pelo estiramento da parede vascular) envolve a abertura de
canais de cátions, não-seletivos, sensíveis ao estiramento, presentes na membrana celular do mús-
culo liso da parede vascular (Observe a imagem a seguir).
Influxo celular de cátions, despolariza a membrana das células, provocando influxo celular de
Ca2+ por canais sensíveis à voltagem. A entrada de cálcio nas células dispara o processo contrátil
com redução do diâmetro das arteríolas.
• A queda da pressão arterial produz um efeito contrário, com aumento do raio das arteríolas.
102 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 102
Teoria Metabólica
• Fluxo sanguíneo em um determinado tecido é governado pela sua atividade metabólica (consumo
de O2 e nutrientes).
• Musculatura lisa dos vasos pré-capilares se encontra parcialmente contraída quando o tecido está
em repouso (com tônus basal elevado).
Aumento do metabolismo tecidual é sempre acompanhado por queda acentuada da resistência
local e por grande aumento do fluxo sanguíneo Aumento da perfusão para o tecido.
103 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 103
*Os fatores acima podem ser exemplificados quando a musculatura esquelética passa do estado de
repouso (com vasoconstrição em presença de baixa concentração de CO2 e de produtos do metabo-
lismo e pequeno consumo de O2) para atividade muscular (com vasodilatação concomitante à re-
dução da disponibilidade de O2, aumento de produtos do metabolismo, do K+ extracelular e da os-
molaridade), conforme a imagem abaixo.
** Importante destacar o exemplo a musculatura esquelética: Devemos lembrar que o músculo
esquelético possui elevado metabolismo, porém tem falta de perfusão – Quando temos atividade
física há aumento da perfusão.
104 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 104
• Estresse de cisalhamento ou “Shear stress” também faz com que haja liberação de substâncias,
os chamados fatores derivados do endotélio (Endothelium-Derived “________” Factors) – EDRFs
(relaxantes), EDCFs (constritores) e EDHFs (hiperpolarizantes);
Ocorre devido ao atrito do sangue com as paredes do vaso – Atrito com o endotélio (camada
que fica exposta ao fluxo sanguíneo);
- Aumento do shear stress: Libera fatores vasodilatadores (EDRF).
- Diminuição do shear stress: Libera fatores vasoconstritores (EDCF).
Variação dos fatores relaxantes (EDRF) e constritores (EDCF) determinam o tônus vascular.
106 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 106
Regulação do tônus basal: Arteríolas de um indivíduo saudável e em repouso fica entre o com-
pleto relaxamento e uma máxima contração possível – Equilíbrio de “forças” (Imagem abaixo).
- Tônus basal das arteríolas ao longo do todo o corpo contribui, coletiva e diretamente, para a resis-
tência periférica total (RPT) e, consequentemente, para a pressão arterial.
* Importante: Utilizamos a arteríola como referência pois, conforme destacado no início desse capí-
tulo, a variação de seu calibre constitui o principal mecanismo de ajuste momentâneo da resistên-
cia vascular e, consequentemente, do fluxo sanguíneo regional, da filtração capilar, do retorno ve-
noso e, em última análise, da pressão arterial.
Endotelina-1 (ET-1)
• Endotelina: É o mais potente fator vasoconstritor liberado pelo endotélio, sendo capaz de indu-
zir contração lenta, porém sustentada (mais de 1 hora) – É um EDCF.
Formada por 21 aminoácidos, produzido e liberado pelas células endoteliais quando estimuladas
via tensão de cisalhamento, hipóxia, angiotensina II, trombina, adrenalina e vasopressina (ADH).
Isoformas da endotelina: ET- 1 ,ET-2, ET-3 e VIC (constritor intestinal vasoativo);
- Endotélio vascular é capaz de sintetizar somente a ET- 1;
Prostaglandinas (PG)
• São derivados de ácidos graxos poli-insaturados da membrana (ácido araquidônico).
Fazem parte da família dos eicosanoides (20 carbonos).
Incluem os produtos da ação das lipoxigenases (leucotrienos), epoxigenases (epoxiácidos) e ci-
cloxigenases (prostaglandinas e tromboxanos);
Histamina
• Produzida e armazenada, principalmente, pelos mastócitos – Atua sobre os receptores H2.
• Secretada localmente nos tecidos, durante injúria tecidual, inflamação e reações alérgicas.
Determina intensa dilatação das arteríolas e aumento de fluxo local, com simultânea indução
da contração das vênulas Induz aumento da permeabilidade capilar e causa extravasamento de
líquidos dos capilares para o interstício, gerando a formação de edema local.
Na pele: Causa rubor e ede-
ma local causados por aumento
do fluxo subcutâneo e retenção
de líquido extracelular.
No tecido muscula esqueléti-
co: São quiescentes, mas en-
tram em atividade quando há
retirada do tônus simpático,
contribuindo à vasodilatação
local e a própria inibição da
transmissão adrenérgica.
(Observe a imagem ao lado)
108 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 108
Bradicinina
• Bradicinina (Br): Produzida por glândulas exócrinas (sudoríparas, salivares)
Pode ser inativada por carboxipeptidase ou ECA;
• Tem ação potente, mas fugaz, induzindo vasodilatação associada à venoconstrição e aumento da
permeabilidade capilar, contribuindo para a vasodilatação colinérgica – Libera EDRF.
• Importante regulador local de fluxo nas coronárias.
Sua ação relaxante sobre os vasos sanguíneos se faz via ação em receptores B2, localizados no
endotélio Induz a liberação de óxido nítrico e produz vasodilatação – de curta duração.
Serotonina (5-HT)
• Substância vasoativa encontrada em muitos tecidos e, particularmente, nas plaquetas.
Liberada durante a agregação plaquetária (na fase inicial da hemostasia), sendo importante para
a vasoconstrição e redução do sangramento subsequente à lesão vascular.
• Ação mediada por receptores (5-HT1) localizados no endotélio Desencadeiam a liberação de
fatores contráteis (como endotelina e angiotensina II), os quais induzem constrição no músculo liso
vascular – Libera EDCF.
Catecolaminas Adrenais
• Adrenalina (em maior proporção) e a noradrenalina são sintetizadas na medula adrenal e lança-
das à circulação.
• São liberadas particularmente no exercício, estresse mental, hipoglicemia, hemorragia;
• Receptores α e β na circulação:
Predomínio de receptores α – Vasoconstrição.
Receptores β em menor quantidade – Vasodilatação.
* Importante: Adrenalina e noradrenalina são capazes de ligar tanto nos receptores α quanto nos β.
109 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 109
Angiotensina II
• É um dos mais importantes vasoconstritores – Tem importante ação vasoconstritora sistêmica.
• É formada pelo seguinte mecanismo (Observar imagem baixo):
Fígado produz angiotensinogênio, que é lançado no plasma.
Renina, uma enzima proteolítica, é produzida pelas células granulares nos rins – Ela atua na cli-
vagem do angiotensinogênio em Angiotensina I.
Angiotensina I sobre ação da enzima conversora da angiotensina I (ECA), presente no endotélio
dos vasos sanguíneos (produzida, principalmente, no endotélio dos vasos pulmonares), forma a
Angiotensina II (hormônio biologicamente ativo) – É um EDCF.
- Inibidores da ECA (p.e. Captopril) – Utilizados para reduzir a pressão arterial.
- Importante ressaltar que, isoladamente, renina e angiotensina I não exercem funções fisiológicas.
• Rins e coração possuem mecanismo intrínseco do sistema renina-angiotensina que atuam local-
mente nesses órgãos.
• Ação sobre receptores AT-1 (receptor presente no endotélio do músculo liso vascular que desen-
cadeia reações que culminam na vasoconstrição);
• Atua indiretamente estimulando a síntese e liberação de NAdr e aldosterona (reabsorção de só-
dio no túbulo distal) pela adrenal;
• Aumenta reabsorção de NaCl pelo túbulo proximal;
• Potente vasoconstritor das arteríolas → ↑RPT ↑PA.
• Estimula a sede e a secreção de ADH através do hipotálamo.
• Efeito inotrópico positivo;
110 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 110
• Retorno venoso (RV): Volume sanguíneo que retoma pelas veias ao átrio direito.
A longo prazo, o RV tem que ser igual ao DC, denotando um íntimo acoplamento dessas variá-
veis hemodinâmicas.
DC e RV são, simplesmente, termos que designam o fluxo sanguíneo total em torno de um circui-
to fechado – No equilíbrio, esses dois fluxos são iguais.
* Guarde essa informação, porque ela será útil para entender o gráfico da curva de função venosa –
Que ora utiliza as grandezas retorno venoso/PAD ora débito cardíaco/PAD.
Alterações agudas na contratilidade miocárdica, na resistência periférica total ou no volume
sanguíneo podem, transitoriamente, afetar o DC e/ou o RV diferentemente.
* Importante: VDF determina o DC e este depende do retorno venoso, que determina a pressão do
átrio direito (PAD).
• Pressão do átrio direito (PAD): Regulada pelo balanço entre a quantidade de sangue que chega ao
coração e a quantidade de sangue que o coração consegue bombear para a circulação pulmonar.
Pressão no átrio direito é de 0 – 2mmHg – Favorece o retorno venoso.
- Aumento da PAD reduz o retorno venoso;
- Em condições normais, PAD > 7mmHg não há retorno venoso, pois há acúmulo de sangue nas veias
- Pode estar elevada (20 a 30 mmHg) em transfusões maciças de sangue ou na IC congestiva.
Não existe barreira mecânica entre o AD e as veias.
- Qualquer fator que afete a pressão atrial direita (PAD), afeta a pressão venosa em qualquer parte
do corpo.
114 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 114
* Análise gráfica das alterações no débito cardíaco, retorno venoso e pressão atrial direita, em dife-
rentes intervalos de tempo após o início de um exercício físico moderado (Imagem abaixo)
No exercício físico de intensidade moderada ambas as curvas sofrem profundas modificações,
ampliando suas faixas de operação, pro-
gressivamente, para níveis mais elevados
(pontos B, C e D).
Motivos do ↑DC e ↑RV nos primeiros
minutos (até atingir valores da ordem de 12
a 15L/min):
a) Efeito de compressão extrínseca da con-
tração muscular esquelética sobre os vasos,
causando ↑PMEC (de 7 para 10mmHg),
com consequente crescimento do RV e DC
(ponto B);
b) Efeito da intensa estimulação simpática
sobre o coração, vigente no exercício físico, aumentando a eficiência inotrópica e a frequência car-
díaca, deslocando a curva de função cardíaca para cima (ponto C);
c) Efeito do tônus simpático vasomotor aumentado, que, ao acarretar venoconstrição, eleva ainda
mais a pressão média de enchimento circulatório (de 10 para 12 mmHg) e desloca a curva de retor-
no venoso ainda mais para cima aumento adicional do RV (ponto D).
d) Efeito da vasodilatação metabólica dos músculos ativos, principalmente no exercício aeróbico,
que pode reduzir a resistência periférica total, sem alterar a pressão média de enchimento circula-
tório, e favorecer um aumento adicional do RV (ponto D).
Essa análise gráfica também pode ser empregada para a compreensão de várias situações fisio-
patológicas, como a insuficiência cardíaca, o choque circulatório, a fístula arteriovenosa etc.
117 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 117
• Eferentes: Controle da atividade cardíaca e vascular mediado pelo SNA por meio de seus compo-
nentes parassimpático e simpático.
Eferentes parassimpáticos: No coração é realizado pelos eferentes vagais.
- Os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares vagais localizam-se no bulbo, no núcleo dorsal
motor do vago (DMV) e no núcleo ambíguo (NA).
- As fibras pré-ganglionares (colinérgicas) projetam-se diretamente ao coração, fazendo sinapses
intramurais com as fibras pós-ganglionares (também colinérgicas) – Inerva os nodos sinoatrial (SA)
e atrioventricular (AV) e os átrios.
- ACh combina-se com receptores muscarínicos pós-sinápticos, determinando inotropismo negativo
nos átrios e redução da velocidade de despolarização diastólica Ocorre ↓FC e ↓DC, com conse-
quente ↓PA.
- Nos vasos: Só com raras exceções há inervação colinérgica.
∟ Áreas são muito restritas e praticamente não contribuem para a variação da RPT.
Eferentes simpáticos: Inervação bastante extensa no sistema cardiovascular.
- Corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares simpáticos (SPN) estão localizados na coluna
intermediolateral (IML) e na substância branca do funículo lateral adjacente, nos segmentos toráci-
co e lombar alto da medula espinal.
∟ Neurotransmissor dos SPN é a acetilcolina (ACh) e dos pós-ganglionares é a noradrenalina (NAdr).
- Terminais simpáticos distribuem-se extensamente por todo o coração (nódulos SA e AV, átrios,
ventrículos, coronárias) e por todas as artérias, arteríolas, vênulas e veias dos diferentes territórios.
∟ Além da NAdr, os terminais também podem liberar ATP e o neuropeptídio Y Vasoconstrição.
- No coração: Estimulação simpática causa aumento da velocidade de despolarização diastólica com
aumento da atividade do nodo SA, maior velocidade de condução no AV e aumento do inotropismo
cardíaco;
- Nos vasos de resistência: Aumento da RPT por vasoconstrição sistêmica, e, nos vasos complacen-
tes há intensa venoconstrição com queda da complacência venosa e aumento do RV;
- Essas alterações levam ao ↑DC e ↑RPT ↑PA.
Núcleo do trato solitário (NTS): Recebe as informações (aferência) continuamente dos grupa-
mentos neuronais que geram o tônus vagal (DMV e NA) e o tônus simpático (BLVc e BLVr).
- NTS é uma estrutura alongada, localizada central e dorsalmente em toda a extensão do bulbo.
∟ Desempenha papel fundamental na regulação cardiovascular Local de convergência das afe-
rências periféricas e distribuidor das informações aferentes aos núcleos bulbares de integração
primária (DMV e NA; BVLc) e às áreas de modulação suprabulbar do controle cardiovascular.
- Aferentes periféricos ao NTS bem como os neurônios de projeção do NTS ao DMV/NA e ao BVLc,
utilizam como neurotransmissor essencialmente o aminoácido excitatório glutamato.
*
121 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 121
- Ilustração das
terminações ner-
vosas de um aferente mielinizado (M) e de três aferen-
tes não mielinizados (U) (Imagem ao lado).
A transdução mecanoelétrica envolve canais iônicos
mecanossensíveis (DEG/ENaC) presentes nas termina-
ções nervosas, cuja abertura é proporcional à magnitu-
de da deformação (depende da PA). Despolarizações
acima do limiar evocam potenciais de ação, na zona de
iniciação de potenciais, que são transmitidos pela fibra
nervosa aos centros de integração e cuja frequência é
proporcional à magnitude da despolarização (Observe a
imagem a seguir).
122 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 122
Observe que na situação controle os disparos do nervo depressor aórtico (NDA) encontra-se
normal, conforme observado anteriormente.
Após o aumento da PA, os barorreceptores começam a disparar intensamente, enviando aferên-
cias em altas frequências, conforme o demostrado na imagem acima.
Após um período de estimulação constante dos barorreceptores, os estímulos passam a ser in-
terpretados pelo SNC como “normais” e a frequência de disparos adapta-se como se a PA estivesse
normal – adaptação pressorreceptora Novas mudanças na PA fazem com que o barorreceptor
atue reflexamente para regular a pressão de acordo com a adaptação vigente Se numa hiperten-
são há ↑PA(> 200/160mmHg), o barorreceptor atuará para retornar a PA aos 200/160mmHg.
No gráfico à direita (B) demonstra o mecanismo de adaptação da PA;
- Observe que na resposta inicial a PA aumenta conforme aumenta a atividade aferente dos recep-
tores, porém, durante ao período de adaptação essa atividade diminui SEM queda da PA.
• Aferências: Barorreceptores possuem neurônios bipolares cujos corpos celulares estão no:
Gânglio nodoso: Comunica o nervo depressor aórtico (ou de Cyon) (Ramo do nervo vago [NC X])
ao NTS – Via aferente do barorreceptor aórtico.
Gânglio petroso: Comunica o nervo sinusal (ou de Hering) (Ramo do nervo glossofaríngeo ([NC
IX]) ao NTS – Via aferente do barorreceptor carotídeo.
Essas aferências chegam ao NTS, onde realizam sinapses glutamatérgicas (excitatórias).
123 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 123
• Os estímulos que provocam descarga nervosa simpática disseminada (como na hipotensão he-
morrágica), também induzem liberação de Adr e NAdr (medula adrenal), vasopressina (AVP) (neu-
ro-hipófise) e renina (rim) Intensifica e prolonga as respostas por minutos a horas;
• Até o momento foi trabalhado situações em que envolviam inervação; porém, o que ocorre
quando há desnervação? A desnervação sinoaórtica provoca oscilações bruscas da PA basal, porém
‘normaliza’ após alguns dias (conforme a imagem abaixo).
- Animais SHR (espontaneamente hipertensos) apresentam redução do fluxo sanguíneo para o cor-
po carotídeo, decorrente de arteriosclerose na carótida.
- Ratos SHR (espontaneamente hipertensos) apresentam maior volume minuto respiratório que
ratos normotensos. A hiperatividade dos quimiorreceptores periféricos induz hiperventilação.
• Desnervação do quimiorreceptor
Franchini e Krieger (1992) – Realizaram uma ligadura da artéria que irriga o corpúsculo carotí-
deo, cujo resultado foi pequena redução da pressão arterial, mas mantida cronicamente
Sugere efeito excitatório tônico dos quimiorreceptores arteriais sobre o tônus simpático vaso-
motor.
Reflexos Ventriculares
• São terminações de fibras C (fibras não-mielinizadas e de baixa velocidade de condução – NC X).
• Aferentes vagais dos receptores projetam-se no bulbo;
Sua distensão intensa provoca hipotensão e bradicardia.
• Função: Proteção do organismo.
Aferências quimiossensíveis seriam estimuladas por mediadores inflamatórios liberados durante
a isquemia do miocárdio, gerando sensações dolorosas.
• Quimiorreceptores sensíveis à substâncias como serotonina, veratridina, capsaicina, fenildiguani-
da, entre outras, bem como por ação de hipóxia ventricular, desencadeia o Reflexo de Bezold Ja-
risch – Quimiorreflexo coronariano;
128 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 128
∟“Reflexo inicialmente descrito por von Bezold e Hirt (1867): Observaram o efeito depressor promo-
vido pela injeção sistêmica dos alcaloides do veratrum. Mais tarde, Jarisch e Richter (1939) localiza-
ram os receptores”
Deve-se à estimulação principalmente de receptores na região ínfero-posterior do ventrículo
esquerdo (conforme demostrado na imagem anterior).
Resposta reflexa: Hipotensão e bradicardia.
- A bradicardia pode ser atenuada por bloqueio muscarínico (receptor de ACh).
- A vagotomia bilateral abole as respostas cardiovasculares decorrentes deste reflexo.
Existe também uma via aferente simpática, contendo tanto projeções mielinizadas quanto não-
mielinizadas.
REAÇÃO DE CUSHING
• É um tipo especial de resposta isquêmica do SNC, resultante do aumento da pressão do líquido
cefalorraquidiano (LCR) ao redor do cérebro;
• O traumatismo craniano aumenta a pressão intracraniana;
Pressão do líquor aumenta até se igualar à pressão arterial e todo o cérebro fica comprimido,
bloqueando o suprimento sanguíneo cerebral;
Desencadeia a resposta isquêmica do SNC, elevando a pressão arterial, o que faz o sangue no-
vamente fluir pelos vasos cerebrais;
- PA deve ser superior à LCR para garantir o fluxo sanguíneo.
Importância: Esta reação ajuda a proteger os centros vitais do encéfalo da falta de nutrição em
casos de elevação excessiva da pressão no LCR
- Excesso de pressão do LCR comprime as artérias cerebrais.
129 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 129
- O balanço negativo não cessará até que a pressão caia até atingir o equilíbrio;
∟ Isso ocorre mesmo quando há aumento de 1mmHg acima do ponto de equilíbrio!
Se a PA cair abaixo do ponto de equilíbrio, a ingestão de água e sal passa a ser maior que o débi-
to até que a pressão se eleve novamente até o ponto de equilíbrio.
Princípio do ganho infinito: Retorno da pressão arterial SEMPRE ao ponto de equilíbrio através
da resposta por feedback.
Sistema Renina-Angiotensina
• Componentes do sistema Renina-Angiotensina
Renina: Enzima proteica liberada pelos rins quando
a PA cai para níveis muito baixos.
- Age sobre o angiotensinogênio, produz Angiotensina I
Angiotensina I: Não tem função fisiológica signifi-
cante para a regulação da pressão.
- Convertida pela enzima conversora da angiotensina
(ECA) em Angiotensina II – Ocorre principalmente nos
pulmões;
Angiotensina II: Vasoconstritor extremamente po-
tente, porém permanece na circulação por pouco tem-
po (cerca de 1 a 2 minutos) e é degradado pela angio-
tensinase.
* Importante: Observe no gráfico anterior que o sistema renina-angiotensina leva cerca de 20 mi-
nutos para ser ativado – Controle da PA é mais lento que os reflexos nervoso e o sistema simpático
noradrenalina-adrenalina.
132 Danilo Fernando FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR MED UFRGS 132
• Efeito da Angiotensina II, nos rins, causando retenção de sal e água – Principais meios:
a) Secreção de aldosterona pelas glândulas adrenais
Aldosterona promove a reabsorção de água e sal pelos túbulos renais.
- A regulação pela aldosterona fica para os segmentos finais do néfron O efeito acontece no tú-
bulo distal e no ducto coletor – Realiza reabsorção de sódio, que cria um gradiente osmótico
Água é reabsorvida por osmose (graças ao gradiente osmótico criado pelo NaCl).
- Reabsorção de sal e água Aumento do volume do LEC Promove, a longo prazo, ↑PA.
* Sistema muito sensível – mudanças pequenas na osmolaridade plasmática (tão pequenas quanto uma
alteração de 1%) acima do limiar osmótico de água produzem aumentos significativos na liberação de
ADH.
- ADH tem o papel específico de, no tubo contorcido distal e no ducto coletor, aumentar a expressão de
aquaporinas (AQP) – canais de água – estimulando a reabsorção de água livre, tendendo a diluir o plasma
e reequilibrar a osmolaridade.
• ( Imagem ao lado)
Em um indivíduo saudável, mecanismos de controle da sede e
ADH atuam paralelamente Controle da osmolaridade do LEC e
do Na+
Alta ingestão de Na+ Sistema de feedback mantém a osmo-
laridade plasmática em nível quase constante.
Figura ao lado: ↑6x o normal, de consumo de sódio, resulta
em pequeno efeito sobre a concentração plasmática desse íon;
- Desde que os mecanismos de ADH e da sede estejam funcio-
nando!
∟ Na falha de ambos os mecanismos, não existe outro mecanis-
mo de feedback que consiga regular adequadamente a osmolari-
dade plasmática e a [Na+] no plasma.
* Controle da PA inicia com medidas emergências pelos mecanismos nervosos, continua com as
características de sustentação pelos controles intermediários da pressão e por fim é estabilizado
pelo mecanismo rim-líquidos corporais no nível da PA a longo prazo.
- Mecanismo de longo prazo Possui múltiplas interações com o sistema renina-angiotensina-
aldosterona, com o sistema nervoso e com muitos outros fatores.
* Esses mecanismos são ativados depois de 30 minutos a várias horas Durante esse tempo, os
mecanismos nervosos ficam mais eficazes.