Bases Fisiológicas Do Movimento Humano: Fazemos Parte Do Claretiano - Rede de Educação

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BASES FISIOLÓGICAS DO

MOVIMENTO HUMANO

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


Claretiano – Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
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Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
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Meu nome é Euripedes Barsanulfo Gonçalves


Gomide. Sou graduado em Educação Física
pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais
(1998) e mestre em Ciências da Motricidade pela
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (2004). Atualmente, sou coordenador e
professor do Curso de Educação Física, com
Bacharelado nas modalidades presencial e a
distância. Tenho experiência na área de Fisiologia e
Fisiologia do Exercício, atuando principalmente nos
seguintes temas: velocidade crítica, performance, natação, limiar anaeróbio, consumo máximo
de oxigênio e economia do movimento. Ministro aula no curso de Educação Física.
E-mail: [email protected]
Euripedes Barsanulfo Gonçalves Gomide

BASES FISIOLÓGICAS DO
MOVIMENTO HUMANO

Batatais
Claretiano
2015
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação
Educacional Claretiana.

CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia
Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori
Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia
Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli • Simone
Rodrigues de Oliveira
Revisão: Cecília Beatriz Alves Teixeira • Eduardo Henrique Marinheiro • Felipe Aleixo • Filipi Andrade de Deus
Silveira • Juliana Biggi • Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni
• Sônia Galindo Melo • Talita Cristina Bartolomeu • Vanessa Vergani Machado
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Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires
Botta Murakami de Souza
Videoaula: Fernanda Ferreira Alves • José Lucas Viccari de Oliveira • Marilene Baviera • Renan de Omote
Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

612.044 G62b

Gomide, Euripedes Barsanulfo Gonçalves


Bases fisiológicas do movimento humano / Euripedes Barsanulfo Gonçalves
Gomide – Batatais, SP : Claretiano, 2015.
190 p.

ISBN: 978-85-8377-430-3

1. Fisiologia. 2. Exercício. 3. Energia. 4. Recuperação. 5. Trabalho. 6. Potência.


7. Respiratório. 8. Cardiovascular. 9. Oxigênio. 10. Lactato Sanguíneo. I. Bases
fisiológicas do movimento humano.

CDD 612.044

INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título:Bases Fisiológicas do Movimento Humano
Versão: dez./2015
Formato: 15x21 cm
Páginas: 190 páginas
SUMÁRIO

CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS................................................................................ 11
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE................................................................... 19
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 21

Unidade  1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO


1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 25
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.................................................................. 25
2.1. HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO ................................................ 25
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR..................................................................... 35
3.1. A EVOLUÇÃO DO TREINAMENTO FÍSICO.................................................... 35
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................ 35
5. CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 39
6. E-REFERÊNCIAS.................................................................................................. 39
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 40

Unidade  2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E


MENSURAÇÃO DE ENERGIA, TRABALHO E POTÊNCIA
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 43
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.................................................................. 44
2.1. FONTES DE ENERGIA.................................................................................. 44
2.2. RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO............................................................ 71
2.3. MENSURAÇÃO DE ENERGIA, TRABALHO E POTÊNCIA............................... 80
2.1. EFEITOS DO TREINAMENTO AERÓBIO DE ALTA INTENSIDADE SOBRE A
ECONOMIA DE CORRIDA EM ATLETAS........................................................ 94
2.2. DETERMINAÇÃO VISUAL DO COMPONENTE RÁPIDO DO EXCESSO DO
CONSUMO DE OXIGÊNIO APÓS O EXERCÍCIO............................................. 95
2.3. AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE FORÇA EXPLOSIVA EM VOLEIBOLISTAS... 96
3. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................ 96
4. CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 101
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 101

Unidade  3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR


1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 105
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.................................................................. 105
2.1. SISTEMA RESPIRATÓRIO............................................................................. 105
2.2. SISTEMA CARDIOVASCULAR....................................................................... 122
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR..................................................................... 137
3.1. REABILITAÇÃO PULMONAR E HIPERVENTILAÇÃO NOS EXERCÍCIOS........... 137
3.2. COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL E DA FREQUÊNCIA CARDÍACA
NOS TREINAMENTOS DE FORÇA................................................................. 138
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................ 140
5. CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 146
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 146

Unidade  4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO


SANGUÍNEO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 151
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.................................................................. 152
2.1. CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO (VO2MÁX.)......................................... 152
2.2. ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO............................................................ 169
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR..................................................................... 180
3.1. FATORES DETERMINANTES E LIMITANTES DO CONSUMO MÁXIMO DE
OXIGÊNIO (VO2MÁX.).................................................................................. 180
3.2. DETERMINAÇÃO DO CONSUMO MÁXIMO DO OXIGÊNIO E ANÁLISE DO
LACTATO SANGUÍNEO................................................................................. 181
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS............................................................................ 183
5. CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 189
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 190
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo
Fontes de energia; Recuperação após o Exercício; Mensuração de Energia,
Trabalho e Potência; Ventilação e Mecânica Pulmonares; Permuta e Transporte
dos Gases; Sistema Cardiovascular: Função e Respostas ao Exercício; Controle
Cardiorrespiratório. Métodos para Treinamento Anaeróbio e Respostas
Fisiológicas; Métodos para Treinamento Aeróbio e Respostas Fisiológicas;
Desenvolvimento de Força Muscular, Endurance e Flexibilidade; Consumo
Máximo de Oxigênio; Análise do Lactato Sanguíneo.

Bibliografia Básica
FOSS, M. L.; KETEYIAN, S. J. Fox – Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício – Energia, nutrição e
desempenho humano. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do Exercício – Teoria e aplicação ao
condicionamento e ao desempenho. 8. ed. Barueri: Manole, 2014.

Bibliografia Complementar
ACSM – AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Manual de pesquisa das diretrizes
do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003.
DENADAI, B. S.; GRECO, C. C. Prescrição do treinamento aeróbio: teoria e prática. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
DUFFIELD, R.; DAWSON, B.; GOODMAN, C. Energy system contribution to 100-m and
200-m track running events. Journal of Science and Medicine in Sport, Belconnen, v. 7,
n. 3, p. 302-313, 2004.

7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

______. Energy system contribution to 400-metre and 800-metre track running.


Journal of Sports Sciences, London, v. 23, n. 3, p. 299-307, 2005.
KENNEY, W. L.; WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 5.
ed. São Paulo: Manole, 2013.

É importante saber: –––––––––––––––––––––––––––––––––


Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que
deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes
necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os
principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os
procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua
origem?) referentes a um campo de saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente
selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou
disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos
Digitais Integradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do
Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência
de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto),
como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos
temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito
de avaliação.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

8 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO
Prezado aluno, seja bem-vindo!
Iniciaremos o estudo de Bases Fisiológicas do Movimento
Humano, em que você obterá as informações necessárias para o
embasamento teórico da sua futura profissão e para as atividades
que virão.
Na Unidade 1, vamos conhecer um pouco da história da
Fisiologia do Exercício, quais seus principais pesquisadores e
quais as principais descobertas que contribuíram para a evolução
da avaliação e prescrição da atividade física.
Na Unidade 2, forneceremos uma explicação sobre a
principal fonte de energia e quais as formas em que é encontrada,
quais sistemas produzem energia para a ressíntese de Adenosina
Trifosfato (ATP, do inglês Adenosine Triphosphate), e como é a
demanda energética no repouso e no exercício.
Ainda na Unidade 2, estudaremos as fontes de energia,
a recuperação após o exercício e a mensuração de energia,
trabalho e potência. Estes conteúdos foram elaborados para
que sua compreensão seja facilitada. É necessário, porém, que
você estude as referências básicas e complementares, para se
aprofundar nos conteúdos e aprender mais sobre a Fisiologia do
Exercício.
Em se tratando das fontes de energia, serão estudados a
ATP e os sistemas que produzem energia para a sua ressíntese.
Depois, serão abordados o sistema aeróbio e o metabolismo das
gorduras e das proteínas. No tópico Recuperação após o Exercício,
será definido o termo "oxigênio de recuperação" e como ele pode
ser calculado. Posteriormente, abordaremos os componentes
rápido e lento, explicando as diferenças entre eles e quais fatores

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 9


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

contribuem para esses componentes. Em seguida, trataremos da


restauração da fosfocreatina e do glicogênio muscular, de qual o
tipo de exercício realizado e de qual nutriente foi absorvido após
a alimentação.
E, no tópico Mensuração de Energia, Trabalho e Potência,
definiremos ergômetro e quais os principais tipos para a avaliação
e reavaliação de um indivíduo. Relataremos, também, o que é
trabalho e potência, como mensurar cada um e como calcular
o trabalho realizado em diferentes ergômetros. Em seguida,
trataremos da calorimetria direta e indireta e de como calcular
o gasto energético durante determinada atividade física. Para
finalizar esse assunto, será definido o Equivalente Metabólico
(MET, do inglês Metabolic Equivalente Task) e como calculá-lo.
Já na Unidade 3 estudaremos, inicialmente, o sistema
respiratório, abordando a função desse sistema, a definição
da ventilação pulmonar, dos volumes, capacidades e medidas
pulmonares durante o repouso e o exercício. Em seguida,
discutiremos a capacidade vital em sedentários e atletas, e
a importância do seu conhecimento na prática da atividade
física. Além disso, veremos o transporte de oxigênio e dióxido
de carbono no sangue durante o repouso e a atividade
física e, finalmente, em se tratando de sistema respiratório,
abordaremos as principais variações dos padrões respiratórios
normais. Após o estudo do sistema respiratório, iniciaremos o
estudo do sistema cardiovascular, explicando o comportamento
da pressão arterial no repouso e durante o exercício. Também
serão discutidos o ciclo cardíaco, o volume sistólico, a fração de
ejeção, a frequência cardíaca e o débito cardíaco no repouso e
no exercício, comparando indivíduos sedentários e treinados.

10 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Na última unidade, Unidade 4, serão estudados o consumo


máximo de oxigênio (VO2máx.) e a análise do lactato sanguíneo.
Esses dois índices são os principais e mais utilizados para avaliar
e prescrever o treinamento, objetivando melhora na aptidão
do componente cardiorrespiratório. Consequentemente, é
de extrema importância o seu aprendizado, já que a maioria
das atividades físicas praticadas tem predominância da
participação aeróbia, ou seja, depende da aptidão do sistema
cardiorrespiratório. Dessa forma, nessa unidade você aprenderá
sobre o conceito de VO2máx., os valores de VO2máx. em
indivíduos sedentários e em diferentes modalidades esportivas,
compreendendo quais são os efeitos do treinamento sobre o
VO2máx. Além disso, você estudará o débito cardíaco, a diferença
arteriovenosa de oxigênio e o duplo produto relacionado ao
VO2máx.
Para finalizar o estudo sobre o consumo máximo de
oxigênio, serão abordados os fatores que influenciam o efeito do
treinamento sobre o VO2máx., alguns aspectos do treinamento
concorrente: força e aeróbio, e uma aplicação prática para a
determinação do consumo máximo de oxigênio. Sobre a análise
do lactato sanguíneo, serão estudados a cinética e os fatores que
influenciam o metabolismo do lactato no exercício. Em seguida,
discutiremos sobre o limiar aeróbio e anaeróbio, e como esses
índices podem ser utilizados para prescrever a intensidade do
treinamento. Concluindo a nossa discussão, explicaremos os
efeitos do treinamento de resistência na remoção do lactato.

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida
e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 11


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de


conhecimento dos temas tratados.
1) Ação dinâmica: é qualquer ação muscular que produz
movimento da articulação (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
2) Ação concêntrica: é um encurtamento muscular
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
3) Ação excêntrica: é quando ocorre um alongamento do
músculo (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
4) Ação isométrica: é quando o músculo se contrai sem
mover-se, gerando força, enquanto seu comprimento
permanece inalterado (KENNEY; WILMORE; COSTILL,
2013).
5) Acetilcoenzima A (acetil-CoA): é um composto que
forma o ponto de entrada comum no Ciclo de Krebs
para a oxidação dos carboidratos e gorduras (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
6) Ácidos graxos livres: componentes da gordura
utilizados pelo corpo para o metabolismo (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
7) Adenosina Difosfato (ADP, de Adenosine Diphosphate):
composto de fosfato de alta energia, com base no qual
o ATP é formado (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
8) Adenosina Trifosfato (ATP, de Adenosine
Triphosphate): enzima que quebra o último grupo
fosfato do ATP, liberando grande quantidade de energia
e reduzindo o ATP em ADP e Pi (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
9) Adrenalina: catecolamina liberada pela medula
adrenal que, junto à noradrenalina, prepara o corpo

12 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

para a luta ou a resposta rápida (KENNEY; WILMORE;


COSTILL, 2013).
10) Aeróbio: na presença de oxigênio (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
11) Aminoácidos: principais componentes das proteínas
que são sintetizados pelas células vivas ou obtidos
pelo organismo mediante dieta (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
12) Anabolismo: é a formação de tecido corporal, ou seja, a
fase construtiva do metabolismo (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
13) Anaeróbio: na ausência de oxigênio (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
14) Bradicardia: é a frequência cardíaca de repouso inferior
a 60 batimentos cardíacos por minuto (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
15) Calorimetria direta: método de mensuração da
velocidade e da quantidade de produção de energia
pelo corpo mediante mensuração direta da produção
de calor corporal (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
16) Calorimetria indireta: método para estimar o
gasto energético mediante mensuração dos gases
respiratórios (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
17) Calorímetro: dispositivo para a mensuração do calor
produzido pelo corpo (ou por reações químicas
específicas) (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
18) Capacidade Pulmonar Total (CPT): soma da capacidade
vital e do volume residual (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 13


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

19) Capacidade Vital (CV): volume máximo de ar expirado


dos pulmões após uma inspiração máxima (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
20) Catabolismo: a degradação dos tecidos corporais – a
fase destrutiva do metabolismo (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
21) Catecolaminas: aminas biologicamente ativas
(compostos orgânicos derivados da amônia), como
a adrenalina e a noradrenalina, que possuem efeitos
potentes similares aos do sistema nervoso simpático
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
22) Ciclo cardíaco: período que inclui todos os eventos
entre dois batimentos cardíacos consecutivos (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
23) Ciclo de Krebs: séries de reações químicas que envolvem
a oxidação completa da acetil-CoA e produzem 2 mols
de ATP (energia) com hidrogênio e carbono, os quais
se combinam com o oxigênio para formar H2O e CO2
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
24) Consumo de oxigênio excessivo pós-exercício:
consumo elevado de oxigênio, acima dos níveis de
repouso, após o exercício. Durante certo período,
tal consumo foi denominado “débito de oxigênio”
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
25) Consumo máximo de oxigênio (VO2máx.): capacidade
máxima de consumo de oxigênio pelo corpo durante
esforço máximo. É também conhecido como potência
aeróbia, captação máxima de oxigênio, ingestão
máxima de oxigênio e capacidade de resistência
cardiorrespiratória (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).

14 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

26) Creatina: substância encontrada nos musculoesque-


léticos, mais comumente sob a forma de Creatina-
-Fosfato (CP). Os suplementos de creatina são utili-
zados como auxílios ergogênicos com frequência, pois
existem teorias de que eles aumentam as concentra-
ções de CP e melhoram, consequentemente, o sistema
energético ATP-CP, mantendo as concentrações de
ATP nos músculos em níveis mais elevados (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
27) Creatina-Fosfato (CP): composto rico em energia que
tem papel fundamental na sua reserva para a ação
muscular, mantendo a concentração de ATP (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
28) Débito Cardíaco (DC): o volume de sangue bombeado
pelo coração por minuto. O DC é igual à frequência
cardíaca pelo volume sistólico (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
29) Dor muscular aguda: ocorrida durante e imediatamente
após um período de exercícios (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
30) Dor muscular tardia: dor muscular ocorrida após um
ou dois dias de exercícios intensos (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
31) Endurance: capacidade de suportar a fadiga, incluindo
as resistências muscular e cardiorrespiratória (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
32) Esteroides anabolizantes: drogas controladas com
características anabolizantes (estimuladoras do
crescimento) da testosterona, utilizadas por alguns
atletas para aumentar o tamanho corporal e a massa
muscular (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 15


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

33) Exaustão: incapacidade de continuar o trabalho


(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
34) Fadiga: sensação geral de cansaço e concomitante
diminuição do desempenho muscular (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
35) Fisiologia do exercício: estudo de como a estrutura
e as funções corporais são alteradas pela exposição
a períodos agudos e crônicos de exercícios (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
36) Frequência cardíaca de repouso: é a frequência
cardíaca entre 60 e 80 batimentos cardíacos por
minuto (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
37) Frequência cardíaca do estado estável: é a frequência
cardíaca mantida constante nos níveis submáximos
do exercício, quando a taxa de trabalho também
permanece constante (KENNEY; WILMORE; COSTILL,
2013).
38) Frequência Cardíaca Máxima (FCM): o maior valor
da frequência cardíaca atingível durante um esforço
máximo até o ponto de exaustão (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
39) Glicogênese: é a conversão de glicose em glicogênio
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
40) Glicogênio: a forma de estocar carboidratos no corpo,
predominantemente encontrado no músculo e no
fígado (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
41) Glicólise: degradação da glicose em ácido pirúvico
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).

16 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

42) Gliconeogênese: conversão da proteína ou glicerol


da gordura em glicose (KENNEY; WILMORE; COSTILL,
2013).
43) Hemoglobina: pigmento do eritrócito que contém
ferro e que se liga ao oxigênio (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
44) Hipertensão: pressão arterial anormalmente elevada.
Nos adultos, a hipertensão é definida, em geral, como
a pressão sistólica superior a 140mmHg ou a pressão
diastólica acima de 90mmHg (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
45) Hipertrofia: aumento do tamanho ou da massa de um
órgão ou de um tecido corporal (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
46) Lactato: sal formado tomando por base o ácido lático
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
47) Limiar: quantidade mínima de estímulo necessário para
desencadear uma resposta. É, também, despolarização
mínima necessária para produzir um potencial de ação
nos neurônios (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
48) Limiar anaeróbio: o ponto em que as demandas
metabólicas do exercício não podem mais ser satisfeitas
pelas fontes aeróbias disponíveis e no qual ocorre um
aumento do metabolismo anaeróbio, refletido pelo
aumento da concentração sérica de lactato (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).
49) Manobra de Valsalva: processo de sustentação de uma
inspiração na tentativa de comprimir o conteúdo das
cavidades torácica e abdominal, provocando aumento
das pressões intra-abdominal e intratorácica (KENNEY;
WILMORE; COSTILL, 2013).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 17


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

50) Miosina: uma das proteínas formadoras dos filamentos


que produzem a ação muscular (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
51) Noradrenalina: catecolamina liberada pela medula
adrenal, que, com a adrenalina, prepara o corpo para a
luta ou a resposta rápida (KENNEY; WILMORE; COSTILL,
2013).
52) Potencial de ação: grande despolarização da
membrana de um neurônio ou de uma célula muscular
que é conduzida pela célula (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
53) Pressão arterial sistólica: a maior pressão arterial
resultante da sístole (fase de contração do coração)
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
54) Pressão arterial diastólica: a pressão arterial mais
baixa, resultante da diástole ventricular (a fase de
repouso) (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
55) Sistema ATP-PC: sistema energético anaeróbio
simples que funciona para manter as concentrações
de ATP. A degradação da fosfatocreatina libera P, que
se combina, então, com a ADP para formar o ATP
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
56) Sistema oxidativo: o sistema energético mais complexo
do organismo, o qual gera energia (em grande
quantidade), desmembrando substratos com o auxílio
do oxigênio (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).
57) Volume Corrente (VC): quantidade de ar inspirado
ou expirado durante um ciclo respiratório normal
(KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).

18 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

58) Volume de ejeção ou Volume Sistólico (VS): quantidade


de sangue ejetada do ventrículo esquerdo durante a
contração. Diferença entre o volume diastólico final e
o volume sistólico final (KENNEY; WILMORE; COSTILL,
2013).
59) Volume Diastólico Final (VDF): volume de sangue no
interior do ventrículo esquerdo no final da diástole,
antes da contração (KENNEY; WILMORE; COSTILL,
2013).
60) Volume Residual (VR): quantidade de ar que não
pode ser expirada dos pulmões (KENNEY; WILMORE;
COSTILL, 2013).
61) Volume Sistólico Final (VSF): volume de sangue que
permanece no ventrículo esquerdo no final da sístole,
após a contração (KENNEY; WILMORE; COSTILL, 2013).

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE


Qualquer atividade física necessita de contração
muscular, que depende de energia para ocorrer. Essa energia
é fornecida pelo ATP, que, por sua vez, pode ser ressintetizado
pelos sistemas anaeróbio alático, anaeróbio lático e aeróbio.
Independentemente do sistema predominante, os substratos
utilizados são transportados até as células musculares pelo
sistema circulatório. Quando é necessário o oxigênio, porém,
torna-se fundamental a participação do sistema respiratório, o
qual fornece o oxigênio de que a célula precisa para produzir
energia. Contudo, só o oxigênio não é suficiente para tal produção.
É importante que haja, também, os diferentes substratos, como,
por exemplo, carboidratos, proteínas e gorduras, os quais são
fornecidos pelo sistema digestório.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 19


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Apesar da participação dos sistemas circulatório, respiratório


e digestório no fornecimento de nutrientes, as concentrações de
água e eletrólitos são constantemente controladas pelo sistema
renal. Esse sistema regula a concentração de água e eletrólitos,
impedindo que ocorra um desequilíbrio homeostático no
meio. Para o controle de todos esses sistemas, é necessária a
participação do sistema endócrino, que faz um ajuste a longo
prazo, e do sistema nervoso, que controla, principalmente, os
músculos e as secreções exócrinas e endócrinas.
Todos esses processos não seriam possíveis se não fosse
a capacidade do sistema musculoesquelético de procurar ou
obter alimento para o fornecimento de energia para a contração
muscular e a manutenção da vida.
De qualquer forma, cada sistema contribui de acordo com
a sua função para a homeostasia ou o equilíbrio interno durante
o repouso ou a prática de atividade física.
O conhecimento de todos esses sistemas durante a prática
da atividade física é de extrema importância para entender todas
as alterações fisiológicas que ocorrem durante o exercício e com
o treinamento.
O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos
conceitos mais importantes deste estudo.

20 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Sistema 
Sistema
Circulatório

Sistema 
Sistema Digestório
Respiratório

ATIVIDADE FÍSICA
“CONTRAÇÃO 
MUSCULAR”

Sistema 
Sistema Endócrino
Musculoesquelético
q

Sistema Nervoso
Sistema Nervoso Sistema Renal

Esquema dos Conceitos-Chave da obra Bases Fisiológicas do Movimento Humano

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACSM – AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Manual de pesquisa das diretrizes
do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003.
DENADAI, B. S.; GRECO, C. C. Prescrição do treinamento aeróbio: teoria e prática. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
DUFFIELD, R.; DAWSON, B.; GOODMAN, C. Energy system contribution to 100-m and
200-m track running events. Journal of Science and Medicine in Sport, Belconnen, v. 7,
n. 3, p. 302-313, 2004.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 21


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

______. Energy system contribution to 400-metre and 800-metre track running.


Journal of Sports Sciences, London, v. 23, n. 3, p. 299-307, 2005.
FOSS, M. L.; KETEYIAN, S. J. Fox – Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
HILL, D. W. Energy system contributions in middle-distance running events. Journal of
Sports Sciences, Abingdon, v. 17, n. 17, p. 477-483, 1999.
KENNEY, W. L.; WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 5.
ed. São Paulo: Manole, 2013.
McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício – Energia, nutrição e
desempenho humano. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do Exercício – Teoria e aplicação ao
condicionamento e ao desempenho. 8. ed. Barueri: Manole, 2014.

22 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 1
BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO
EXERCÍCIO

Objetivos
• Refletir sobre os primeiros estudos sobre o funciona-
mento do corpo humano durante a prática de atividade
física.
• Conhecer os principais ganhadores do Prêmio Nobel,
cujo trabalho de pesquisa envolve a Fisiologia do
Exercício.
• Identificar os principais pesquisadores relacionados
com a prática de atividade física e o desempenho físico.

Conteúdos
• Breve histórico da Fisiologia do Exercício.
• Diferentes estudos sobre o funcionamento do organismo
humano.
• Ganhadores do Prêmio Nobel relacionados com a
prática de atividade física.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações
a seguir:

23
UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos


explicitados no Glossário e suas ligações pelo Esquema
de Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades
desta obra. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e
seu desempenho.
2) Pesquise em livros ou na internet o assunto abordado
nesta unidade e selecione as informações que considerar
interessantes e importantes, disponibilizando-as
para seus colegas na Lista. Lembre-se de que você é
protagonista do processo educativo.
3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares
descritos no Conteúdo Digital Integrador.

24 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

1. INTRODUÇÃO
O estudo da história da Fisiologia do Exercício é muito
importante, pois nos possibilita entender como foram iniciadas
as pesquisas científicas e quais contribuições elas deram para
a prática de atividade física. Com base no estudo dos nossos
antepassados, podemos entender o processo de transformação
e evolução de toda a estrutura relacionada à atividade física. O
acúmulo de conhecimentos proporciona mudanças substanciais
no modo de vida da humanidade e no próprio homem, além
de abrir horizontes de transformações e, em se tratando deste
estudo, contribuir para uma sociedade mais saudável e com
melhor qualidade de vida.
Então, vamos aos estudos!

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo
estudo do Conteúdo Digital Integrador.

2.1. HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

As Bases Fisiológicas do Movimento Humano tratam das


adaptações agudas e crônicas durante a prática de atividade
física. Vamos às suas definições.
A adaptação aguda ocorre quando o indivíduo está se
exercitando. Por exemplo: durante uma caminhada, a frequência
cardíaca aumenta para suprir a demanda de oxigênio e nutrientes

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 25


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

nas células musculares. Já a adaptação crônica acontece com


o decorrer do tempo (podem ser semanas, meses ou anos),
quando o indivíduo pratica a atividade física regularmente. Por
exemplo: a frequência cardíaca em repouso de maratonistas é
menor do que a frequência cardíaca em indivíduos sedentários.
Independentemente de qual conteúdo você estudará, é
importante conhecer e preservar a sua história. A história da
Fisiologia do Exercício possibilita ao aluno conhecer as suas
"raízes". A seguir, faremos um breve resumo dos acontecimentos
históricos relacionados à Fisiologia do Exercício.
Em 1789, Lavoisier (Figura 1) e Sequin (França) começaram
a observar a captação de oxigênio em um indivíduo em repouso
e durante a prática de atividade física.

Figura 1 Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794).

26 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

O francês François Magendie (Figura 2), em 1821, médico


e fisiologista experimental, escreveu a primeira revista sobre
o estudo da Fisiologia Experimental. Ele estudou a ação da
estricnina, do iodeto, do brometo, do ópio, da morfina etc.
Estudou, ainda, o nitrogênio e as funções motoras e sensoriais
dos nervos espinhais.

Figura 2 François Magendie (1783-1855).

Em 1822, o norte-americano William Beaumont estudou


os líquidos estomacais com a ingestão de diferentes alimentos.
O francês Jean-Baptiste Boussingault analisou, na década
de 30 (século 19), a nutrição animal, comparando-a com a
nutrição humana. Analisou os efeitos da ingestão de cálcio, ferro
e outros nutrientes. Estudou, também, a produção de dióxido de
carbono pelas plantas.
O alemão Hermann von Helmholtz (Figura 3), em 1847,
relatou sobre a lei de conservação da energia.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 27


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Figura 3 Hermann Ludwig Ferdinand von Helmholtz (1821-1894).

Em 1860 (século 19), Edward Hitchcock (Figura 4) foi


designado professor de Higiene e Educação Física e escreveu o
livro intitulado Anatomia e Fisiologia elementar para colégios,
academias e outras escolas. Além disso, estudou sobre a
composição corporal, força muscular, capacidade pulmonar e
pilosidade (quantidade de pelos).

Figura 4 Edward Hitchcock (1793-1864).

28 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

O francês Claude-Louis Berthollet (Figura 5) estudou sobre


a quantidade de calor eliminado pelo corpo e a relação com a
queima de carboidrato e gordura.

Figura 5 Claude-Louis Berthollet (1748-1822).

Em 1866, o norte-americano Austin Flint Jr. (Figura 6)


realizou várias pesquisas em Fisiologia Humana para investigar
a função do fígado e a produção de glicogênio. Escreveu várias
obras sobre a fisiologia do corpo humano.

Figura 6 Austin Flint Jr. (1836-1915).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 29


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Outro alemão, chamado Max Rubner (Figura 7), em


1894, realizou experiências com a utilização de um calorímetro
direto para observar o gasto de energia em cães. Essas
experiências, junto às dos norte-americanos Atwater e Benedict,
determinaram que é possível medir as taxas metabólicas no ser
humano, medindo o volume e a composição do ar expirado. O
que essas experiências têm a ver com o nosso dia a dia? São elas
que possibilitam medir as calorias dos carboidratos, gorduras
e proteínas, dos alimentos ingeridos. Além disso, foram a base
para, posteriormente, calcular o gasto calórico no repouso e
durante a prática de atividade física.

Figura 7 Max Rubner (1855-1949).

Otto Meyerhof (Figura 8) estudou a Bioenergética e


ganhou o Prêmio Nobel em 1923. Estudou, também, o sistema
enzimático que intensificava a formação de ácido lático a partir
do glicogênio.

30 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Figura 8 Otto Fritz Meyerhof (1884-1951).

Em 1929, Frederick Gowland Hopkins (Figura 9) ganhou


o Prêmio Nobel por estudar o aminoácido triptofano, também
pesquisando sobre a química muscular e a cinética do ácido
lático durante o repouso e a prática de atividade física.

Figura 9 Frederick Hopkins (1861-1947).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 31


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Os bioquímicos nascidos em Praga, na República Tcheca,


Carl Ferdinand Cori e sua esposa Gerty Cori (Figura 10), ganharam
o Prêmio Nobel de 1947 de Fisiologia por terem descoberto a
sequência da conversão do glicogênio para a regulação da glicose
sanguínea. Além disso, criaram o Ciclo de Cori (que leva os seus
nomes) para explicar a conversão de lactato a glicose no fígado.

Figura 10 Carl Ferdinand Cori (1896-1984) e Gerty Theresa Cori (1896-1957).

Claude Bernard (Figura 11), médico francês, foi aclamado


como o grande fisiologista do século 19 e originou o pensamento
sobre a Fisiologia Moderna. Por volta de 1860, denominou o
meio interno como milieu intérieur. Estudou o suco gástrico e
a sua ação na digestão dos alimentos, o fígado e a produção de
glicose, a secreção pancreática na digestão dos lipídios, bem
como a temperatura corporal e a ação do monóxido de carbono
na respiração.

32 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Figura 11 Claude Bernard (1813-1878).

A norte-americana Rosalyn Sussman Yalow (Figura 12)


ganhou o Prêmio Nobel em 1977 por ter estudado e desenvolvido
o Radioimunoensaio (RIA, do inglês Radio Imuno Assay), um
método que usa elementos radioativos para estudar doenças e
reações químicas, medindo substâncias químicas ou biológicas
como hormônios, vírus, vitaminas, enzimas e medicamentos.

Figura 12 Rosalyn Sussman Yalow (1921-2011).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 33


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Você, provavelmente, não está entendendo muito bem


todos esses “estudos” e as conquistas desses diversos fisiologistas
no decorrer dos séculos 19 e 20.
Quando você começar a estudar o próximo tópico e
prosseguir, perceberá que estes mesmos fisiologistas serão
citados no decorrer da leitura.
Por isso, não precisa ficar assustado com todas essas
terminologias mencionadas anteriormente. Você será capaz
de entendê-las e, assim, estará preparado para aplicar esses
conceitos na prática de atividade física com diferentes indivíduos
e populações.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer a leitura indicada no Tópico 3.1.
para compreender a evolução do treinamento físico através
da História.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone
Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível
de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo
(Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a
lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e
selecione: Bases Fisiológicas do Movimento Humano – Vídeos
Complementares – Complementar 1.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

34 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmente
os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. A EVOLUÇÃO DO TREINAMENTO FÍSICO

No artigo indicado a seguir, o conteúdo abordado é muito


importante para garantir o seu aprendizado com profundidade e
abrangência. Como você poderá constatar no referido artigo, a
evolução do treinamento físico se deu graças ao embasamento
da ciência do desporto. Para tanto, acesse o seguinte link:
• ALMEIDA, H. F. R.; ALMEIDA, D. C. M.; GOMES, A. C.
Uma ótica evolutiva do treinamento desportivo através
da história. Revista Treinamento Desportivo, Curitiba, v.
5, n. 1, p. 40-52, 2000. Disponível em: <https://www.
antoniocgomes.com/cms/pdf/28022011154104.pdf>.
Acesso em: 27 ago. 2015.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Lavoisier e Sequin (França) começaram, em 1789, a observar em indivíduos
no repouso e durante a prática de atividade física:
a) a captação de oxigênio num indivíduo em repouso e durante a prática
de atividade física.
b) o consumo máximo de oxigênio e a diferença arteriovenosa de oxigênio.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 35


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

c) o retorno venoso e a frequência cardíaca.


d) o débito cardíaco e o volume sistólico.
e) o distúrbio do meio interno e o estado estável.

2) Qual médico francês foi aclamado como o grande fisiologista do século


19 e originou o pensamento sobre a Fisiologia Moderna? Por volta de
1860, ele denominou o meio interno como milieu intérieur. Além disso,
estudou o suco gástrico e a sua ação na digestão dos alimentos; o fígado
e a produção de glicose; a secreção pancreática na digestão dos lipídios;
a temperatura corporal e a ação do monóxido de carbono na respiração.
a) Claude Bernard.
b) Lavoisier.
c) François Magendie.
d) William Beaumont.
e) Hermann von Helmholtz.

3) Em 1821, o francês François Magendie escreveu a primeira revista sobre o


estudo da Fisiologia Experimental. Ele estudou:
a) a ação muscular durante o exercício.
b) a ação da estricnina, do iodeto, do brometo, do ópio, da morfina; além
disso, estudou o nitrogênio e as funções motoras e sensoriais dos
nervos espinhais.
c) a frequência respiratória e o volume corrente.
d) o metabolismo corporal e o exercício na prevenção das doenças.
e) a retroalimentação negativa e o centro de integração.

4) Na década de 30 (século 19), o francês Jean-Baptiste Boussingault anali-


sou a nutrição animal, comparando-a com a nutrição humana. Analisou
também:
a) a homeostasia e o centro efetor.
b) a insulina e a glicemia.
c) os efeitos da ingestão de cálcio, ferro e outros nutrientes; estudou,
também, a produção de dióxido de carbono pelas plantas.
d) o aumento do desempenho e o distúrbio do meio interno.
e) a sacarose e a frutose.

36 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

5) Edward Hitchcock, na década de 60 (século 19), estudou:


a) os sítios ativos e as moléculas reagentes.
b) a fosforilação oxidativa e o sistema ATP-PC.
c) a degradação da glicose e a ressíntese de PC.
d) a composição corporal, a força muscular, a capacidade pulmonar e a
pilosidade (quantidade de pelos).
e) a fosfofrutoquinase e a creatina quinase.

6) O francês Claude-Louis Berthollet estudou a quantidade de calor eliminado


pelo corpo e a relação entre:
a) as proteínas e os carboidratos.
b) os carboidratos e o exercício de longa duração.
c) as enzimas oxidativas e a creatina quinase.
d) os íons hidrogênio e a acetil-CoA.
e) a queima de carboidratos e gorduras.

7) O norte-americano Austin Flint Jr., em 1866, escreveu sobre a fisiologia do


corpo humano e realizou várias pesquisas em Fisiologia Humana sobre:
a) a função do fígado e a produção de glicogênio.
b) a função dos pulmões e a produção da substância surfactante.
c) a função do cérebro e a produção de acetilcolina.
d) a função dos rins e a produção de renina.
e) a função do coração e a hipertensão.

8) Otto Meyerhof é reconhecido devido aos seus estudos relacionados ao


(à):
a) metabolismo das gorduras durante o repouso.
b) formação de ácido lático a partir do glicogênio.
c) consumo máximo de oxigênio.
d) metabolismo do ácido cítrico.
e) débito de oxigênio.

9) Hopkins, em 1929, ganhou o Prêmio Nobel por estudar o:


a) aminoácido triptofano.
b) aminoácido valina.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 37


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

c) aminoácido fenilalanina.
d) aminoácido aspartato.
e) aminoácido glutâmico.

10) Quem ganhou o Prêmio Nobel em 1947, na República Tcheca, por terem
descoberto a sequência da conversão do glicogênio para a regulação da
glicose sanguínea? Além disso, criaram o Ciclo de Cori para explicar a
conversão de lactato a glicose no fígado.
a) Max Rubner e Claude-Louis Berthollet.
b) Carl Ferdinand Cori e sua esposa Gerty Cori.
c) Claude Bernard e Rosalyn Sussman Yalow.
d) Frederick Gowland Hopkins e Edward Hitchcock.
e) Otto Meyerhof e Hermann von Helmholtz.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
Questões Resposta

1 A

2 A

3 B

4 C

5 D

6 E

7 A

8 B

9 A

10 B

38 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da primeira unidade, que abordou
brevemente o histórico da Fisiologia do Exercício. Nesta unidade,
você conheceu os principais ganhadores do Prêmio Nobel,
cujo trabalho de pesquisa abrangeu a Fisiologia do Exercício.
Além disso, você estudou sobre os principais pesquisadores
relacionados à prática de atividade física e ao desempenho físico.
Veja agora o Conteúdo Digital Integrador que ampliará o
seu conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, você
aprenderá sobre as fontes de energia, recuperação após o
exercício e mensuração de energia, trabalho e potência.

6. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794). Disponível em: <http://www.
grupoescolar.com/pesquisa/antoine-laurent-lavoisier-17431794.html>. Acesso em: 26
ago. 2015.
Figura 2 François Magendie (1783-1855). Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.
br/biografias/FrancoMa.htm>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Figura 3 Hermann Ludwig Ferdinand von Helmholtz (1821-1894). Disponível em:
<http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/HermnLud.html>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Figura 4 Edward Hitchcock (1793-1864). Disponível em: <https://blog.hmns.
org/2010/10/edward-hitchcock/>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Figura 5 Claude-Louis Berthollet (1748-1822). Disponível em: <http://educacao.uol.
com.br/biografias/claude-louis-berthollet.jhtm>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Figura 6 Austin Flint Jr. (1836-1915). Disponível em: <http://www.picturehistory.com/
product/id/10378>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Figura 7 Max Rubner (1855-1949). Disponível em: <http://www.hu-berlin.de/
ueberblick/geschichte/rektoren/rubner>. Acesso em: 26 ago. 2015.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 39


UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Figura 8 Otto Fritz Meyerhof (1884-1951). Disponível em: <http://www.jornallivre.


com.br/112818/biografia-otto-fritz-meyerhof.html>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Figura 9 Frederick Hopkins (1861-1947). Disponível em: <http://www.nobelprize.org/
nobel_prizes/medicine/laureates/1929/hopkins-bio.html>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Figura 10 Carl Ferdinand Cori (1896-1984) e Gerty Theresa Cori (1896-1957). Disponível
em: <http://www.chemheritage.org/discover/online-resources/chemistry-in-history/
themes/biomolecules/proteins-and-sugars/cori-and-cori.aspx>. Acesso em: 26 ago.
2015.
Figura 11 Claude Bernard (1813-1878). Disponível em: <http://www.cerebromente.
org.br/n06/historia/bernard.htm>. Acesso em: 26 ago. 2015.
Figura 12 Rosalyn Sussman Yalow (1921-2011). Disponível em: <http://www.ahistoria.
com.br/biografia-de-rosalyn-sussman-yalow/>. Acesso em: 26 ago. 2015.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENADAI, B. S. Índices fisiológicos de avaliação aeróbia: conceitos e aplicações.
Ribeirão Preto: B. S. D., 1999.
DENADAI, B. S.; GRECO, C. C. Prescrição do treinamento aeróbio: teoria e prática. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
DUFFIELD, R.; DAWSON, B.; GOODMAN, C. Energy system contribution to 100-m and
200-m track running events. Journal of Science and Medicine in Sport, Belconnen, v. 7,
n. 3, p. 302-313, 2004.
______. Energy system contribution to 400-metre and 800-metre track running.
Journal of Sports Science, London, v. 23, n. 3, p. 299-307, 2005.
FOSS, M. L.; KETEYIAN, S. J. Fox – Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
HILL, D. W. Energy system contributions in middle-distance running events. Journal of
Sports Sciences, Abingdon, v. 17, n. 17, p. 477-483, 1999.
PLATONOV, V. N. Tratado geral de treinamento desportivo. São Paulo: Phorte, 2008.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do Exercício – Teoria e aplicação ao
condicionamento e ao desempenho. 8. ed. Barueri: Manole, 2014.

40 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2
FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO
APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE
ENERGIA, TRABALHO E POTÊNCIA

Objetivos
• Compreender a explicação sobre a principal fonte de
energia e quais as formas encontradas.
• Conhecer quais sistemas produzem energia para a
ressíntese de ATP e como é a demanda energética no
repouso e no exercício.
• Definir oxigênio de recuperação, comportamento do
componente rápido e lento durante a recuperação, e os
componentes restaurados na recuperação.
• Definir o que é ergômetro e explicar quais os principais
tipos de ergômetros.
• Compreender como se mensuram trabalho e potência.
• Descrever o que é calorimetria direta tanto quanto
indireta e o que é Equivalente Metabólico.

Conteúdos
• Fontes de energia.
• Recuperação após o exercício.
• Mensuração de energia, trabalho e potência.

41
UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações
a seguir:
1) Tenha sempre à mão um dicionário para pesquisar
as palavras cujos significados você não saiba. Se for
necessário, pesquise na internet alguns conceitos para
compreender melhor o que você estiver estudando.
2) Lembre-se de que o nosso organismo age por
interação e modulação entre todos os sistemas; por
isso, conhecer bem cada um deles é muito importante.
3) Faça anotações de todas as suas dúvidas e tente
solucioná-las por meio do nosso sistema de
interatividade ou diretamente com o seu tutor.
4) Leia os livros da bibliografia indicada para ampliar seus
horizontes teóricos. Coteje com o material didático e
discuta a unidade com seus colegas e com o tutor.

42 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

1. INTRODUÇÃO
Na Unidade 1, você estudou, resumidamente, a história da
Fisiologia do Exercício. Já nesta segunda unidade, você aprenderá
sobre as fontes de energia, a recuperação após o exercício, a
mensuração de energia, trabalho e potência.
Com relação às fontes de energia, você estudará a
Adenosina Trifosfato (ATP, do inglês Adenosine Triphosphate),
ou trifosfato de adenosina, e os sistemas que produzem energia
para a sua ressíntese. Depois, abordaremos o sistema aeróbio
e o metabolismo das gorduras e das proteínas. Em seguida,
trataremos das demandas energéticas no repouso e no exercício.
Sobre a recuperação após o exercício, você aprenderá o que
significa o termo "oxigênio de recuperação" e como é importante
estudá-lo para conhecer como o indivíduo se recupera após
uma ou mais sessão de treinamento. Com este conhecimento,
você será capaz de prescrever corretamente a intensidade
do treinamento, com uma recuperação adequada entre uma
sessão e outra de exercício. Além disso, poderá orientar melhor
o indivíduo que está participando de alguma atividade onde a
intensidade é importante para um resultado final positivo.
Na mensuração de energia, trabalho e potência, será
definido o termo ergômetro, quais os principais tipos e,
como podemos calcular o trabalho realizado em diferentes
tipos de ergômetros. Para entender melhor a questão sobre
gasto energético no exercício, a aprender a calculá-lo, serão
abordados os termos: calorimetria direta e indireta. Finalmente,
abordaremos o termo Equivalente Metabólico, o que é e,
como podemos utilizá-lo para orientar diferentes indivíduos na
realização do exercício físico.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 43


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo
estudo do Conteúdo Digital Integrador.

2.1. FONTES DE ENERGIA

Antes de abordarmos as fontes de energia, é necessário


definir energia e trabalho. Energia é a capacidade de executar
um trabalho ou realizar alguma ação. Trabalho, por sua vez, é
uma medida da energia transferida de uma força ao longo de
uma distância. Portanto, energia e trabalho são inseparáveis.
Há, basicamente, seis formas de energia:
1) nuclear;
2) térmica;
3) luminosa;
4) química;
5) mecânica;
6) elétrica.
Todas as formas de energia podem ser transformadas de
uma para outra. Para o nosso entendimento em Bases Fisiológicas
do Movimento Humano, nós estudaremos a transformação de
energia química, presente nos alimentos que ingerimos, em
energia mecânica, para a realização de trabalho. Esse trabalho
pode ser uma atividade que executamos ou simplesmente o
trabalho de algum órgão interno, por exemplo, o funcionamento
do coração, fígado, pulmões e outros.

44 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Ciclo energético biológico e Adenosina Trifosfato (ATP)


A energia solar provém da energia nuclear. Essa energia
alcança a Terra em forma de energia térmica (por isso, sentimos
o calor do Sol) e luminosa (responsável pela claridade). Por
meio da fotossíntese, com a água e o dióxido de carbono, os
vegetais verdes utilizam a energia da luz, transformando-a em
energia química. Essa energia é utilizada para elaborar moléculas
alimentares de glicose, proteínas, lipídios e celulose. Os animais
alimentam-se dos vegetais verdes para se abastecer de energia.
Os seres humanos alimentam-se desses vegetais ou dos animais
para obter energia e, consequentemente, dependem da luz solar
para a sobrevivência.
Os alimentos que ingerimos junto ao oxigênio que
absorvemos são transformados em dióxido de carbono (CO2)
e água (H2O), sendo liberada grande quantidade de energia
química. Essas reações químicas recebem o nome de respiração.
Esta, por sua vez, fornece energia para a realização de trabalho.
Como já mencionado, o trabalho pode ser externo (correr, nadar,
pedalar etc.) e/ou interno (para o funcionamento dos órgãos).
Todo esse processo é conhecido como ciclo energético biológico
(Figura 1).

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UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Foss; Keteyian (2000, p. 19).


Figura 1 Ciclo energético biológico.

Infelizmente, não temos a capacidade de converter os


nutrientes (carboidratos, gorduras, proteínas) diretamente em
energia. Esses nutrientes que ingerimos durante a alimentação
são utilizados para produzir o composto denominado Adenosina
Trifosfato (ATP) (Figura 2).

46 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Powers; Howley (2014, p. 35).


Figura 2 Adenosina Trifosfato.

O ATP é composto por uma base denominada “adenina”


e um açúcar chamado “ribose”, que se unem para formar a
“adenosina”. Além disso, possui três grupos fosfatos. A ligação
entre esses grupos é rica em energia.
Para qualquer trabalho interno (funcionamento do corpo)
ou externo (prática de atividades físicas), a energia provém do ATP.
Quando este é utilizado, converte-se em difosfato de adenosina
(ADP, de Adenosine Diphosphate), ou Adenosina Difosfato, e
fosfato inorgânico (Figura 3). Para que essa reação química
ocorra, é necessária a água, sendo liberados, aproximadamente,
9 quilocalorias de energia. A enzima que participa dessa reação é a
Adenosinatrifosfatase (ATPase, do inglês Adenosinetriphosphatase).

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UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Kenney; Wilmore; Costill (2013, p. 120).


Figura 3 Separação do fosfato da molécula de ATP pela ação da enzima ATPase.

Nessa reação, é liberado íon hidrogênio em sua forma livre


(H+), que, por sinal, provoca acidez no interior celular. Observe
a presença de íons H+ na formação estrutural do trifosfato de
adenosina na Figura 4.

Fonte: Powers; Howley (2014, p. 35).


Figura 4 Formação estrutural do trifosfato de adenosina.

48 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

A quantidade de ATP no interior da célula muscular é


bastante limitada. Se uma pessoa correr na maior velocidade
(ou intensidade) possível, as suas reservas de ATP intramuscular
acabam em torno de 3 a 4 segundos.
Mas, e se a pessoa continuar correndo? Como poderia obter
mais energia? Lembre-se de que os seres humanos só podem
obter energia da desintegração do ATP e, como já mencionado,
ele é bastante limitado na célula muscular.
Ainda bem que há três vias (ou sistemas) que produzem
energia para formar novamente o ATP, ou seja, juntar o ADP
com o fosfato. Desse modo, a referida pessoa terá mais ATP para
obter mais energia e continuar realizando a sua atividade física.
Esses três sistemas são:
• Anaeróbio alático.
• Anaeróbio lático.
• Aeróbio.

Sistema anaeróbio alático ou sistema ATP-PC


Iniciaremos nossa discussão com este sistema porque ele
é mais simples e, assim, você poderá entender facilmente como
o ATP é formado novamente.
O sistema anaeróbio alático pode também ser denominado
como sistema ATP-PC ou ATP-CP ou, ainda, sistema dos
fosfagênios.
Recebe o nome de sistema ATP-PC ou CP porque nessa
reação química é utilizada a fosfocreatina. E o nome de sistema
dos fosfagênios é devido ao fato de que tanto o ATP quanto a PC
têm fosfato em suas ligações. Qualquer uma dessas terminologias
é válida, por isso devemos conhecê-las.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 49


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Uma grande vantagem desse sistema é que ele é muito


rápido, e a energia liberada é imediatamente utilizada para formar
novamente o ATP, porque a ligação entre o fosfato e a creatina é
muito simples. Por isso, ela é fácil de "quebrar" e liberar energia,
funcionando da seguinte maneira: após a formação de ADP, a
reação pode ser convertida para formar novamente o ATP. Tal
processo requer mais energia, que pode provir da fosfocreatina
(PC) armazenada nos músculos, como mostra a Figura 5.

Fonte: Kenney; Wilmore; Costill (2013, p. 121).


Figura 5 Utilização da PC para ressíntese do ATP.

Uma desvantagem desse sistema é que as nossas reservas


de PC no músculo são bastantes limitadas. Por exemplo, se uma
pessoa corresse na maior intensidade possível, as suas reservas
musculares de PC depletariam (acabariam) em torno de 6 a 9
segundos.
Se você analisar o conteúdo citado, irá perceber que
o ATP depletaria em torno de 3 a 4 segundos e a PC, de 6 a 9
segundos. Isso corresponde ao total de 9 a 13 segundos de
atividade física máxima. Um bom exemplo de atividade que usa
predominantemente esse sistema é a prova de 100 metros no
atletismo ou a prova de 25 metros na natação. É importante

50 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

lembrar que ambas as provas devem ser realizadas na maior


intensidade possível.
Quando mencionamos a palavra “predominantemente”,
queremos dizer que esse é o principal sistema utilizado, mas
não o único. Os demais sistemas indicados a seguir participam
menos das atividades físicas.
Exemplos de atividades em que há participação
predominante do sistema ATP-PC:
1) Saltos em altura e a distância.
2) Corridas de 50 m e 100 m.
3) Levantamento e arremesso de peso.
4) Lançamento de disco, martelo etc.
O ATP vai sendo depletado e, ao mesmo tempo, a
fosfocreatina quebra e libera energia para a ressíntese do ATP.
Isso ocorre a todo momento até que as reservas de PC terminem.
Dessa maneira, as reservas de ATP vão acabando, pois não há
mais PC para ressintetizá-lo (Figura 6).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 51


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Kenney; Wilmore; Costill (2013, p. 121).


Figura 6 Utilização do ATP e da PC durante o exercício.

Sistema anaeróbio lático ou sistema glicolítico


Este “sistema” é chamado de “anaeróbio” porque o
oxigênio não participa das séries de reações químicas para
a produção de energia. E é “lático” porque um dos produtos
formados na reação é o ácido lático. É também denominado
“sistema glicolítico” porque utiliza a glicose ou o glicogênio.
Quando ingerimos carboidratos em nossa dieta, estes
são transformados em glicose durante o processo de digestão.
A glicose pode ir para a corrente sanguínea ou ser armazenada
no fígado ou no músculo sob a forma de glicogênio. Quando
necessário, o glicogênio pode ser transformado novamente em
glicose. Tal processo é denominado “glicogenólise”.

52 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Nesse sistema, o glicogênio ou a glicose passa por várias


sequências glicolíticas até formar o ácido pirúvico. Como não
há oxigênio, o ácido pirúvico, catalisado pela enzima Lactato
Desidrogenase (LDH, do inglês Lactate Dehydrogenase), é
convertido em acido lático (Figura 7).

Fonte: Powers; Howley (2014, p. 38).


Figura 7 Utilização do glicogênio e formação do ácido lático.

O sistema glicolítico ocorre no citoplasma da célula


muscular (denominado “sarcoplasma”) e produz energia para a
ressíntese de duas moléculas de ATP e duas moléculas de ácido
pirúvico ou ácido lático por molécula de glicose utilizada.
Esse sistema pode ser explicado detalhadamente da
seguinte maneira: a primeira fase, em que há investimento de
energia, sendo necessária a degradação de ATP, e a segunda
fase, de geração de energia, em que é liberada energia para a
ressíntese de ATP (Figura 8).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 53


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Powers; Howley (2014, p. 38).


Figura 8 Fase de investimento e fase de geração de energia.

A Figura 9 mostra, detalhadamente, em duas fases, esse


sistema e todas as enzimas que participam das reações químicas
até a formação do lactato.

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UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 37).


Figura 9 Fontes de ATP proveniente da glicólise anaeróbia.

Esse sistema não é tão rápido quanto o sistema anaeróbio


alático (sistema ATP-PC), mas consegue fornecer energia por mais

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UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

tempo. As maiores concentrações de ácido lático encontradas


nos músculos são aquelas que permitem que o indivíduo corra
(ou outra atividade física que envolva grande massa muscular)
entre 30 e 40 segundos, na maior intensidade possível.
Exemplos de provas em que esse sistema tem participação
predominante: dos 400 metros no atletismo e dos 100 metros
na natação.

Sistema aeróbio ou oxidativo


Este sistema pode utilizar a glicose (ou glicogênio), os ácidos
graxos e os aminoácidos para a produção de energia. Porém, são
utilizados, principalmente, a glicose e os ácidos graxos.
Para compreender o funcionamento desse sistema,
podemos dividi-lo em três partes:
1) Glicólise aeróbia.
2) Ciclo de Krebs.
3) Cadeia transportadora de elétrons.

Glicólise aeróbia
Glicólise é a quebra da glicose. Nesta fase, a glicose (ou
o glicogênio) é convertida em piruvato. A única diferença entre
a glicólise anaeróbia, vista anteriormente, e a glicólise aeróbia
é que nesta última não há a formação do ácido lático devido à
participação do oxigênio nas reações químicas (Figura 10).

56 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Foss; Keteyian (2000, p. 28).


Figura 10 Comparação entre a glicólise aeróbia e a glicólise anaeróbia.

Nessas reações, um mol de glicogênio é transformado em


2 moles de ácido pirúvico, com a liberação de energia para a
ressíntese de 3 moles de ATPs.

Ciclo de Krebs
Nesta etapa, o ácido pirúvico formado na glicólise aeróbia
continua sendo metabolizado nas mitocôndrias. Como resultado,
são produzidos hidrogênio, elétrons, dióxido de carbono e ATP.
Além disso, no Ciclo de Krebs, é liberada energia para a ressíntese
de 2 moles de ATPs (Figura 11).

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UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Powers; Howley (2014, p. 41).


Figura 11 Ciclo de Krebs.

58 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Sistema de transporte de elétrons (STE)


No sistema de transporte de elétrons, os íons hidrogênio
e elétrons formados no Ciclo de Krebs unem-se ao oxigênio que
respiramos para formar água. Nesse sistema, são produzidos 34
moles de ATPs (Figura 12).

Fonte: Powers; Howley (2014, p. 44).


Figura 12 Sistema de transporte de elétrons.

Exemplos de atividades em que há a participação


predominante do sistema aeróbio (Figura 13):
1) corridas de longa duração;
2) natação em águas abertas;
3) ciclismo de estrada;
4) ou qualquer atividade em que a execução ultrapassa 1
minuto de duração.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 59


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 111).


Figura 13 Participação dos sistemas durante o exercício.

Sistema aeróbio e metabolismo das gorduras


Enquanto os carboidratos podem ser metabolizados na
presença ou ausência de oxigênio, as gorduras só podem ser
metabolizadas na presença do oxigênio (Figura 14). A maior
diferença entre a metabolização das gorduras e a dos carboidratos
é que, para que as gorduras sejam utilizadas, são necessários 3,96
litros de oxigênio por mol de ATP ressintetizado, contrastando
com os 3,45 litros por mol de ATP ressintetizado, utilizando o
glicogênio. As gorduras, portanto, apesar de necessitarem de
mais oxigênio, produzem mais energia e são mais utilizadas em
atividades de baixa intensidade, tais como caminhada, natação,
pedalar etc.

60 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: adaptado de Powers; Howley (2014, p. 45).


Figura 14 Sistema de transporte de elétrons.

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UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Sistema aeróbio e metabolismo das proteínas


A participação das proteínas na produção de energia é
muito pequena, apenas entre 5% e 10% da energia total utilizada
ou até menos do que isso. Apenas em provas de ultraduração
(vários dias) ou em casos de inanição, como greve de forme, as
proteínas podem ter participação mais efetiva. Essa energia é
proporcionada pelo ciclo de glicose-alanina (Figura 15).

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 44).


Figura 15 Ciclo de glicose-alanina e Ciclo de Cori.

Comparação entre os sistemas


De maneira bastante resumida, podemos comparar os três
sistemas energéticos da seguinte forma:

62 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

• O sistema anaeróbio alático não utiliza oxigênio; a


velocidade de produção de energia é muito rápida;
e a quantidade de produção de ATP é muito baixa.
• O sistema anaeróbio lático não usa oxigênio; a velocidade
de produção de energia é rápida; e a quantidade de
produção de ATP é baixa.
• O sistema aeróbio utiliza oxigênio; a velocidade de
produção de energia é lenta; e a quantidade de produção
de ATP é alta.
No Quadro 1, mostramos as características gerais dos três
sistemas pelos quais o ATP é formado.

Quadro 1 Características gerais dos sistemas energéticos.


Produção
Combustível O2
Sistema Velocidade relativa
alimentar ou químico necessário
de ATP

Sistema Pouca;
Fosfocreatina Não Mais rápida
ATP-PC limitada

Sistema da Pouca;
Glicogênio ou glicose Não Rápida
glicólise limitada

Sistema Glicogênio, gorduras, Muita;


Sim Lenta
aeróbio proteínas ilimitada
Fonte: Foss; Keteyian (2000, p. 33).

Demandas energéticas no repouso e no exercício


No repouso, aproximadamente 65% da energia é obtida a
partir das gorduras e cerca de 35% dos carboidratos (Figura 16).

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UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Figura 16 Contribuição dos substratos durante o repouso.

Além disso, o sistema aeróbio é o responsável pela produção


de quase 100% da energia requerida. Consequentemente, as
concentrações de ácido lático no sangue são baixas (entre 0,8 e
1,2 milimol por litro).

Transição do repouso para o exercício


Se você está em repouso e vai iniciar um exercício, como
correr em uma velocidade de 12 km por hora, há aumento do
consumo de oxigênio até atingir um estado estável dentro de
1 a 4 minutos. Antes desse estado, a energia para o início do
exercício foi fornecida pelo sistema anaeróbio. Provavelmente,
no início do exercício, a energia foi suprida pelo sistema ATP-
PC e, em menor parte, pelo sistema glicolítico. Mesmo assim,
o sistema aeróbio é o principal fornecedor de energia para a
realização dessa atividade.
Observe, na Figura 17, o aumento da frequência cardíaca e
do consumo de oxigênio do repouso até atingir o estado estável.

64 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 19).


Figura 17 Aumento da frequência cardíaca e do consumo de oxigênio até atingir o
estado estável.

Como pode ser observado na figura anterior, demorou


quase 3 minutos para a frequência cardíaca e o consumo de
oxigênio atingirem um estado estável.

Exercício intenso de curta duração e alta intensidade


Como exemplos de exercícios intensos de curta duração e
alta intensidade, podemos citar os 100 e os 200 m no atletismo
e 25 m e 50 m na natação.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 65


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

O principal nutriente utilizado para a realização dos 100


m no atletismo ou dos 25 m na natação é o carboidrato, com a
gordura tendo uma pequena participação (Figura 18).

Figura 18 Contribuição dos substratos durante o exercício intenso de curta duração e


alta intensidade.

O sistema energético predominante é o ATP-PC.


Contudo, para correr os 400 m no atletismo ou nadar os 50
m, há participação do sistema ATP-PC, do sistema aeróbio e,
principalmente, do sistema anaeróbio lático. Para atividades
com duração acima de 5 a 6 segundos, portanto, a participação
do sistema anaeróbio lático é cada vez maior, até atingir o
ápice. Depois de, aproximadamente, 1 minuto de exercício, a
participação do sistema aeróbio passa a ser mais predominante.
Duffield, Dawson e Goodman (2004) analisaram a
contribuição energética nos 100 m e 200 m. Eles concluíram que
a participação do sistema anaeróbio é, respectivamente, de 79%
e 72%para os homens, de 75% e 67% para as mulheres.
Os mesmos autores citados anteriormente compararam
a contribuição dos sistemas energéticos nos 400 m e 800 m.

66 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Eles observaram que a contribuição do sistema anaeróbio era,


respectivamente, de 59% e 40% para os homens, de 55% e 30%
para as mulheres (Quadro 2).

Quadro 2 Contribuição em termos percentuais do sistema


anaeróbio para produção de energia em diferentes provas do
atletismo.
100 m 200 m 400 m 800 m 1.500 m

Homens 79% 72% 59% a 63% 39% a 40% 20%

Mulheres 75% 67% 55% a 62% 30% a 39% 17%

Hill (1999), após realizar um estudo com atletas corredores


de meia distância, mencionou que, para o sexo feminino, nos
400 m, 800 m e 1.500 m, a contribuição de energia advinda do
sistema anaeróbio era, respectivamente, de 62%, 33% e 17%, ao
passo que, para o sexo masculino, a contribuição era de 63%,
39% e 20%.
Após analisar os Quadros 1 e 2, podemos mostrar a
participação, em termos percentuais, dos sistemas anaeróbio
e aeróbio em diferentes provas do atletismo, como ilustra o
Quadro 3.

Quadro 3 Contribuição em termos percentuais do sistema


aeróbio para produção de energia em diferentes provas do
atletismo.
100 m 200 m 400 m 800 m 1.500 m

Homens 21% 28% 37% a 41% 60% a 61% 80%

Mulheres 25% 33% 38% a 45% 61% a 70% 83%

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 67


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

É interessante notar que, para a prova dos 400 m, cujo


tempo é de aproximadamente 45 segundos para os homens e de
50 segundos para as mulheres (alto nível) e, para a dos 800 m,
cujo tempo é de aproximadamente 1min45s para os homens e
de 1min55s para as mulheres, a participação aeróbia é próxima
ou levemente superior à participação anaeróbia.
Dessa forma, para provas com duração entre 45s e 50s, a
participação aeróbia fica entre 37% e 45% e, para provas com
duração entre 1min45s e 1min55s, ela mantém-se entre 60% e
70%.

Exercício prolongado
Para a realização de exercícios prolongados, ou seja,
exercícios com duração acima de 10 minutos, a predominância é
do sistema aeróbio. Para esses exercícios, a capacidade aeróbia
é imprescindível para um bom desempenho na atividade (Figura
19). Os principais nutrientes utilizados nesses exercícios são as
gorduras e, principalmente, os carboidratos.

Figura 19 Contribuição dos substratos durante o exercício intenso de curta duração e


alta intensidade.

68 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Dependendo da temperatura ambiente e da umidade rela-


tiva do ar ou da intensidade do exercício, o organismo não con-
segue ficar em "estado estável", ou seja, durante a realização da
prática esportiva, há aumento da frequência cardíaca e do con-
sumo máximo de oxigênio, devido ao aumento da temperatura
corporal e ao aumento dos hormônios adrenalina e noradrena-
lina (que você estudará adiante). Nesse tipo de exercício, há pou-
co acúmulo de ácido lático, em razão da pequena participação
do sistema anaeróbio lático.
Já o sistema anaeróbio alático (ATP-PC) participa somente
no início do exercício. Nas atividades com duração superior a uma
hora, começa a ocorrer uma depleção das reservas de glicogênio,
e a participação das gorduras como fonte de energia aumenta.
Porém, a participação dos carboidratos e das gorduras depende,
também, do nível de aptidão física, do estado de treinamento e
das reservas iniciais de glicogênio do indivíduo.
É comum, em provas de longa duração, os indivíduos, ao
estar próximo o término da prova, realizarem um sprint, ou seja,
aumentarem bastante a intensidade do exercício. Quando isso
acontece, aumenta a participação do sistema anaeróbio alático
e glicolítico e, consequentemente, diminui a participação do
sistema aeróbio.
Em provas com duração acima de 2 horas, os indivíduos
alcançam a fadiga devido aos seguintes fatores:
1) Diminuição das reservas de glicogênio hepático e mus-
cular, como também diminuição da glicose sanguínea.
A baixa concentração de glicogênio muscular está as-
sociada à queda do desempenho (Figura 20).
2) Perda de água e eletrólitos (desidratação).
3) Aumento da temperatura corporal.
4) Cansaço ou abatimento físico.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 69


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 123).


Figura 20 Diminuição do glicogênio muscular, taxa de percepção de esforço e da glicose
sanguínea durante o exercício.

70 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Com a leitura proposta no Tópico 3.1., você conhecerá


os efeitos do treinamento aeróbio de alta intensidade sobre
a economia de corrida em atletas. Antes de prosseguir para o
próximo assunto, realize a leitura indicada, procurando assimi-
lar o conteúdo estudado.

2.2. RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO

Todos nós já realizamos, em algum momento, uma atividade


física. Quando a intensidade dessa atividade física é alta, como
ao correr uma certa distância, percebemos que, mesmo após o
término do exercício, a nossa frequência cardíaca e respiratória
continua alta. Por que será que, mesmo parados, isso acontece?
É isto que iremos estudar neste tópico: a recuperação do nosso
organismo após o término do exercício.
Antes de iniciarmos a nossa discussão, é importante definir
o termo "oxigênio de recuperação".
O oxigênio de recuperação é a quantidade total de
oxigênio que consumimos após o término do exercício, além
daquela quantidade que consumimos em repouso (Figura 21).
Esse oxigênio de recuperação também pode ser denominado
como consumo excessivo de oxigênio após o exercício (EPOC, do
inglês Excess Post-exercise Oxygen Consumption).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 71


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 126).


Figura 21 Oxigênio de recuperação.

Para calcularmos o oxigênio de recuperação, é necessário,


em primeiro lugar, saber qual o consumo de oxigênio que estamos
utilizando no repouso. Em segundo lugar, é necessário saber
qual a quantidade de oxigênio total que estamos consumindo
após o término do exercício em determinado momento. E, assim,
utilizamos a seguinte fórmula:
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Oxigênio total da recuperação = consumo de oxigênio da recuperação –
consumo de oxigênio em repouso.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Por exemplo: vamos imaginar que você realizou uma
atividade física durante um minuto e, após o término dessa
atividade, o consumo total de oxigênio foi de 5 litros. É sabido
que, durante o repouso, nós consumimos, aproximadamente,
um litro de oxigênio. Então, vamos aos cálculos:

72 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Oxigênio total da recuperação = 5 litros – 1 litro.
Oxigênio total da recuperação = 4 litros.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
São necessários, portanto, 4 litros de oxigênio adicionais
para suprir o oxigênio, além do que é consumido normalmente.
De acordo com o exemplo, esse gasto de oxigênio corresponde a
1 minuto. Se você fizer 10 minutos de atividade, basta multiplicar
esse valor (4 litros) por 10. Então, haverá oxigênio total de
recuperação de 40 litros por 10 minutos de atividade.

Componentes rápido e lento


Como você pode observar na Figura 22, com o passar do
tempo, após o término do exercício, o consumo de oxigênio
diminui exponencialmente. No início, entre 2 e 3 minutos, essa
diminuição é muito acentuada. Depois, a diminuição é mais
gradativa.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 73


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Foss; Keteyian (2000, p. 28).


Figura 22 Consumo de oxigênio e componentes rápido e lento.

Essa diminuição acentuada é denominada "componente


rápido" e a diminuição mais gradativa, “componente lento”.
No componente rápido de recuperação, o consumo de
oxigênio supre as necessidades de energia após o término do
exercício para:
• refazer o oxigênio que estava na mioglobina muscular e
na hemoglobina sanguínea;

74 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

• fornecer oxigênio para a musculatura respiratória e


cardíaca que está consumindo oxigênio em um ritmo
acima do consumo durante o repouso;
• fornecer oxigênio para restaurar as reservas de PC que
foram depletadas durante o exercício.
No componente lento de recuperação, o consumo de
oxigênio acima daquele utilizado no repouso é fundamental
para:
1) fornecer oxigênio para a musculatura respiratória
e cardíaca que está em um ritmo de trabalho mais
intenso quando comparado com o repouso;
2) redistribuição iônica;
3) ajustar as demandas de oxigênio devido a uma
atividade metabólica mais alta;
4) contribuir para o fornecimento de energia devido ao
aumento das atividades da bomba de sódio e potássio;
ressíntese de glicogênio;
5) oxidação do ácido lático.
Resumindo, todos os sistemas do nosso corpo que
aumentaram o trabalho durante o exercício ainda ficam
"acelerados" durante a recuperação.
A quantidade de oxigênio de recuperação é diferente entre
os atletas (Figura 23).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 75


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 281).


Figura 23 Oxigênio de recuperação de diferentes atletas treinados.

Qual a importância de você saber por que o oxigênio está


sendo utilizado em uma intensidade maior após o término do
exercício? Porque, dependendo, principalmente, da intensidade
e duração do exercício, a recuperação tem que ser diferente para
o indivíduo estar novamente possibilitado a realizar o mesmo ou
outro tipo de exercício.
Por exemplo: se você deu um tiro de 100 m (correu 100 m
na maior intensidade possível), em quanto tempo você estaria
100% recuperado para dar outro tiro?
O conhecimento desse "tempo" é extremamente
importante para saber prescrever corretamente como o indivíduo

76 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

deve treinar, como também para aprimorar o funcionamento


dos sistemas energéticos (anaeróbio e aeróbio).
Em razão dessa importância, nós vamos agora explicar
como cada sistema se recupera após determinado exercício.

Restauração da PC
A energia para restaurar a PC provém do sistema aeróbio
(oxigênio) durante o componente rápido de recuperação.
Após a realização de um exercício de alta intensidade, por
exemplo, um tiro de 100 metros, 50% das reservas de PC são
reabastecidas em aproximadamente 30 segundos. No entanto,
para abastecer totalmente as reservas de PC, são necessários
entre 6 e 9 minutos.
Existe alguma maneira de melhorar o desempenho
em provas de alta intensidade e curta duração? A resposta é
sim! O indivíduo pode treinar e aumentar as suas reservas de
PC no músculo. Além disso, pode usar um suplemento com
creatina para aumentar essas reservas. Ainda, como o sistema
aeróbio é utilizado para fornecer energia para a ressíntese da
PC, aumentando a eficiência do sistema aeróbio, consegue-se
ressintetizar a PC mais rapidamente. Dessa forma, o indivíduo
estaria mais prontamente preparado para realizar outra
atividade.

Restauração do glicogênio muscular


Para que o glicogênio possa ser depletado, é importante
saber qual o tipo de exercício realizado e a quantidade de
carboidrato consumido durante a recuperação.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 77


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Tipo de exercício realizado


• Exercício contínuo de resistência: após a realização
de uma hora de um exercício contínuo de resistência,
apenas uma pequena quantidade de glicogênio é
ressintetizada nas duas primeiras horas. Para ressintetizar
totalmente as reservas de glicogênio, são necessárias,
aproximadamente, 48 horas de recuperação e uma
dieta rica em carboidratos. Se a dieta for pobre em
carboidratos, a ressíntese de glicogênio é muito menor
(Figura 24).

Fonte: Foss; Keteyian (2000, p. 53).


Figura 24 Ressíntese de glicogênio durante a recuperação, sem alimento, com uma
dieta rica em carboidrato e outra com gordura e proteína.

Dessa forma, se você fosse um treinador, e o seu atleta


utilizasse todas as reservas de glicogênio, o ideal seria que esse

78 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

atleta tivesse uma alimentação rica em carboidratos para que


sua recuperação fosse mais rápida.
• Exercício intermitente de curta duração: é importante
que você saiba, já de início, que exercício intermitente
é realizado com estímulos e pausas. Nesse tipo de
exercício, a ressíntese de glicogênio é muito mais
rápida e são suficientes entre 30 minutos e duas horas
de recuperação para reabastecer quase totalmente as
reservas de glicogênio. Em aproximadamente 5 horas,
todo o estoque de glicogênio é reabastecido. Para
essa ressíntese, não é necessária uma dieta rica em
carboidratos (Figura 25).

Fonte: Foss; Keteyian (2000, p. 53).


Figura 25 Ressíntese de glicogênio durante a recuperação, com uma dieta normal e rica
em carboidratos.

Após a explicação do componente rápido e lento e de como


ocorre a recuperação da PC tanto quanto do glicogênio muscular,
esperamos que você tenha compreendido a importância de

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 79


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

saber qual exercício está sendo realizado, qual a intensidade dele


e como deverá proceder para que o indivíduo se recupere mais
rápido e esteja preparado para um novo estímulo.

2.3. MENSURAÇÃO DE ENERGIA, TRABALHO E POTÊNCIA

Ergometria
O gasto energético durante o exercício é estudado
utilizando diferentes ergômetros. No entanto, você sabe o que
é um ergômetro?
Ergo = “trabalho”, e metro = “medida”. Consequentemente,
o ergômetro “mede o trabalho realizado”.
Quais os principais tipos de ergômetros encontrados?
• Esteira ergométrica (Figura 26).

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 57).


Figura 26 Esteira ergométrica.

80 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

• Bicicleta ergométrica ou cicloergômetro (Figura 27).

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 57).


Figura 27 Bicicleta ergométrica.

• Ergômetro de natação (Figura 28).

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 60).


Figura 28 Ergômetro de natação.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 81


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

• Ergômetro para esqui (Figura 29).

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 57).


Figura 29 Ergômetro para esqui.

• Ergômetro para remar (Figura 30).

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 57).


Figura 30 Ergômetro para remar.

82 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

• Ergômetro step (Figura 31).

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 57).


Figura 31 Ergômetro step.

Mensuração de trabalho e potência


Para iniciar o nosso estudo sobre mensuração de trabalho,
potência e energia, é necessário conhecermos algumas
definições.
Trabalho é a aplicação de uma força por uma distância.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Trabalho = força x distância.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Por exemplo: se você levantar um peso de 10 kg em uma
distância vertical de 1 metro, o trabalho realizado será:

Trabalho = 10 kg ⋅ 1 m = 10 kgm

Potência é a realização de um trabalho num determinado


tempo.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 83


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
T
Potência =
t
P = Potência; T = Trabalho; t = Tempo.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Utilizando o exemplo anterior, qual a potência para levantar
um peso de 10 kg em uma distância vertical de 1 metro, em meio
segundo?

T
Potência =
t
10
Potência =
0,5
Potência = 20 kgm / s

Banco de step
O banco de step é um ergômetro muito utilizado devido ao
seu baixo custo e à facilidade de operação.
Para calcular o trabalho realizado, basta o indivíduo subir e
descer do step. Exemplo:
• Um indivíduo do sexo masculino, com 60 kg de peso
corporal, sobe e desce de um step de 0,30 metro (30
cm) de altura, durante 20 minutos, em um ritmo de 30
passos por minuto.

84 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

O trabalho realizado é calculado da seguinte maneira:


––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Força = 60 kg (é o peso do indivíduo).
Distância = 0,30 metro (é a altura do step) x 30 (passos por minuto) x 20
(tempo realizado do exercício).
O trabalho realizado é:
T = 60 ⋅ 0,30 ⋅ 20 ⋅ 30 = 10800 kpm
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Como você pôde observar, o resultado foi expresso em


kpm, porque kg é uma medida de massa e kp, de força. Em
outras palavras, 1 kp é a força que atua sobre a massa de 1 kg na
aceleração normal da gravidade. O correto, portanto, é expressar
o resultado em kpm.

Bicicleta ergométrica
A bicicleta ergométrica é um dos ergômetros mais utilizados
para avaliar a eficiência do componente cardiorrespiratório do
indivíduo. Exemplo:
• Um indivíduo pedala durante 20 minutos, com uma
resistência contra o volante de 1,5 kp. A distância
percorrida por rotação do pedal é de 6 m, e a velocidade
de pedalagem, 60 rpm.
O trabalho total realizado é, portanto:
1,5 kp ⋅ 6 ( metros por rotação ) ⋅ 60 ( RPM ) ⋅ 20 ( minutos ) =
= 10800 kpm

Para calcular a potência, basta dividir o trabalho total


realizado pelo tempo:

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 85


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

10800
Potência =
20 minutos
Potência
= 540 kpm ⋅ min −1

Você pode transformar o resultado em kpm para watts.


Para isso, basta consultar o Quadro 4 a seguir:

Quadro 4 Tabela de conversão.


Termo Abreviatura Tabela de conversão

Watt W −1
1 W 6,12 kpm ⋅ min
=

Kilopond-metro.min-1 Kpm.min-1 −1
1 kpm ⋅ min =
0,163 W
Fonte: adaptado de McArdle, Katch e Katch (2008, p. 232).

Dessa forma: 540 kpm ⋅ min −1 =


88,12 W .

Esteira ergométrica
Com a esteira na horizontal, não é possível calcular facilmente
o trabalho realizado. Isso ocorre porque o deslocamento vertical
do centro de gravidade do corpo não é facilmente mensurado.
Portanto, para calcular o trabalho realizado, é necessário que a
esteira esteja inclinada.

86 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Geralmente, a inclinação da esteira é expressa em graus de


inclinação. Por exemplo: se um indivíduo caminha na esteira com
10% de grau de inclinação, isso quer dizer que ele percorre 10
metros verticalmente para cada 100 metros de deslocamento.
Vamos aprender a calcular o trabalho total realizado
utilizando o exemplo a seguir:
• Um indivíduo do sexo masculino, de 60 kg de peso
corporal, caminha na esteira numa velocidade de 180
mmin-1, durante 20 minutos, com uma inclinação da
10%
esteira de 10% ( = 0,10 como grau funcional).
100

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Peso corporal do indivíduo = 60 kg (massa utiliza 60 kp).
Velocidade da esteira = 180 mmin-1.
Ângulo da esteira = 0,10.
Tempo de exercício = 20 minutos.

= 180 mmin −1 ⋅ 0,10


Distância vertical total percorrida
= ⋅ 20 360 m .

Portanto, o trabalho realizado


=60 kp ⋅ 360 m =21600 kpm .
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Você sabe transformar esse resultado em watts?


Para isso, basta pegar o resultado e dividir por 6,12
(observe o Quadro 1 já mostrado anteriormente no subtópico
Sistema aeróbio e metabolismo das proteínas).

realizado 21600
Trabalho= = kpm 3529, 41 W .

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 87


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Mensuração direta de energia: produção de calor


É muito importante saber qual o gasto de energia quando
estamos no repouso ou realizando algum tipo de exercício. Com
o conhecimento desse conteúdo, você será capaz de saber qual
o gasto calórico em determinada atividade e como o indivíduo
deverá realizar para diminuir (ou, se for o caso, aumentar) o
percentual de gordura corporal.
Além disso, você poderia indicar qual o trabalhador está
mais apto a realizar alguma atividade específica em determinado
local.
Quando o nosso corpo gasta energia, é produzido calor.
Essa energia provém dos alimentos que ingerimos. Para saber
a quantidade de energia gasta em determinada atividade,
portanto, basta saber a quantidade de calor liberada.
Essa afirmação é confirmada pela primeira lei da ter-
modinâmica, cujo enunciado é: "a energia mecânica transforma-
da em energia térmica, ou a energia térmica transformada em
energia mecânica, é constante".
Existem dois tipos de determinação do gasto energético
humano: calorimetria direta e calorimetria indireta. Vamos a
elas!
Calorimetria direta é o processo de mensuração da taxa
metabólica, tendo como referência a produção de calor.
Durante a realização de trabalho, é liberado calor. A
liberação de calor pelas células do nosso corpo ocorre por
meio da denominada "respiração celular", como mostrado no
esquema a seguir:

Alimento + oxigênio (O2) ATP + calor.

88 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Dessa forma, a taxa de produção de calor é proporcional


à taxa metabólica. Portanto, conhecendo a produção de calor,
podemos calcular a taxa metabólica.
Uma caloria (cal) é definida como a quantidade de calor
necessária para elevar a temperatura de um grama de água em
1 grau Celsius.
Geralmente é mais comum a utilização da quilocaloria
(kcal), que é igual a 1.000 calorias.
Nessa técnica, é colocado um animal, ou até mesmo um
ser humano, em uma câmera totalmente fechada denominada
calorímetro, permitindo apenas a troca livre de O2 por CO2
(Figura 32).

Fonte: Foss; Keteyian (2000, p. 72).


Figura 32 Calorímetro para medir a energia térmica.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 89


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

A temperatura do corpo dentro da câmara aumenta a


temperatura da água que circula em volta. Podemos calcular o
aumento da temperatura corporal, observando o aumento da
temperatura da água e a quantidade circulante.
Calorimetria indireta: “todas as reações que liberam
energia no corpo dependem essencialmente da utilização de
oxigênio” (McARDLE; KATCH; KATCH, 2008, p. 185).
A calorimetria indireta não mensura a produção de calor
diretamente. A mensuração de calor pode ser explicada pela
relação a seguir:

Nutriente + O2 Calor + CO2 + H2O.

Como você pode observar, há uma relação direta entre o


oxigênio (O2) consumido e o dióxido de carbono (CO2) eliminado.
Diante disso, basta analisar o consumo de O2 e a produção de
CO2 para analisar a taxa metabólica.
Para relacionar o O2 consumido com o calor produzido,
é necessário saber qual alimento (carboidrato, gordura ou
proteína) foi metabolizado.
Quando a gordura é o único nutriente metabolizado, a
energia liberada é de 4,74 kcal. Se for metabolizado carboidrato,
a energia liberada é de 5,05 kcal. Caso seja proteína, a energia
liberada é de 4,46 kcal.
Para facilitar os cálculos para determinar o gasto calórico,
quando um carboidrato, gordura ou proteína é utilizado para
produção de energia, o rendimento energético é de aproximada-
mente 5 kcal para cada litro de oxigênio consumido (kcal/l).

90 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Para calcular o gasto calórico em determinada atividade


física, siga o exemplo a seguir:
Um indivíduo está se exercitando em determinada
intensidade e consumindo 3,0 litros de oxigênio por minuto (3,0
l.min-1).
3, 0 l ⋅ 5 kcal =
15 kcal de energia gastas por minuto.
Espirometria de circuito aberto é o método mais comum
para medir o consumo de oxigênio (Figura 33).

Fonte: Robergs; Roberts (2002, p. 57).


Figura 33 Análise do consumo de oxigênio.

Nesse método, são medidas a quantidade de oxigênio


absorvida e a quantidade de dióxido de carbono produzida.
Resumidamente, o consumo de oxigênio (VO2) é calculado da
seguinte maneira:

VO2 = (volume de O2 inspirado) – (volume de O2) expirado).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 91


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

Para expressar o custo energético de uma atividade


ou exercício em uma unidade simples e de fácil cálculo, foi
desenvolvido o termo "Equivalente Metabólico", que hoje é
denominado MET (do inglês Metabolic Equivalent Task). Um
MET é igual ao consumo de oxigênio (VO2) de repouso, que é de
aproximadamente 3,5 ml.kg-1·min-1. Portanto, o gasto energético
na atividade física ou exercício pode ser descrito em múltiplos
de METs.
Por exemplo: se você está fazendo uma atividade física
que tem um consumo de oxigênio 10 vezes superior ao que você
consome no repouso, isso representa um consumo de oxigênio
de 35 ml.kg-1·min-1.
Observe o cálculo a seguir:

−1 −1
Atividade física =10 ⋅ 3,5 ml ⋅ kg ⋅ min
−1 −1
Atividade física = 35 ml ⋅ kg ⋅ min .

Para calcular quantas calorias o indivíduo está gastando


durante uma atividade física, basta seguir o que ensinamos
anteriormente. Só para lembrar: para cada litro de oxigênio
consumido, serão gastas aproximadamente 5 kcal.
Por exemplo: suponhamos que um indivíduo com 70
kg de peso corporal esteja se exercitando em intensidade
correspondente a 8 METs durante 30 minutos.
Inicialmente, você deve calcular quanto será consumido de
oxigênio:

92 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

VO
= 2 8 METs ⋅ 3,5 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 ⋅ 70 kg ⋅ 30 min

VO 2 = 58800 ml ou 58,8 l .

58,8 l ⋅ 5 kcal ( por litro de oxigênio ) =


Kcal = 294 kcal

Portanto, esse indivíduo gasta 294 kcal de energia para se


exercitar durante 20 minutos.
A realização desses cálculos é muito importante quando o
indivíduo tem como objetivo diminuir o percentual de gordura
corporal ou se deseja saber qual o gasto calórico de determinada
atividade. Porém, é preciso praticá-los para conseguir fazê-los
com facilidade e destreza.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras indicadas nos Tópicos
3.2. e 3.3., para compreender como se dá a determinação
visual do componente rápido do excesso do consumo de
oxigênio após o exercício e a avaliação da resistência de força
explosiva em voleibolistas mediante testes de saltos verticais.

Vídeo complementar ..................................................................

Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.


• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone
Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível
de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo
(Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a
lista de vídeos.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 93


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e


selecione: Bases Fisiológicas do Movimento Humano – Vídeos
Complementares – Complementar 2.
......................................................................................................

CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmente
os conteúdos apresentados nesta unidade.

2.1. EFEITOS DO TREINAMENTO AERÓBIO DE ALTA INTENSI�


DADE SOBRE A ECONOMIA DE CORRIDA EM ATLETAS

Os conteúdos abordados nesta unidade estão relacionados


com a transformação de energia de uma forma para outra, com
a recuperação e utilização de diferentes substâncias após o
término do exercício tanto quanto com a mensuração de energia,
trabalho e potência. Esses conteúdos são muito importantes
para a sua formação e devem ser estudados com bastante
dedicação e entusiasmo. Por isso, nós indicamos aqui alguns
artigos relacionados a esses conteúdos.
Em se tratando de energia, apresentamos um artigo que
relata os efeitos do treinamento aeróbio de alta intensidade
sobre a economia de corrida em atletas de resistência.
Esse artigo analisa os efeitos de dois tipos de programas de
treinamento de alta intensidade, para verificar qual é o mais
eficiente em proporcionar um menor gasto energético para
o atleta. Geralmente, os alunos da Graduação têm certa
dificuldade para ler e entender alguns artigos. Porém, para
superar essa dificuldade, é preciso continuar lendo para, com o

94 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

tempo, compreender cada vez mais o que os autores pretendem


informar aos seus leitores.
Para facilitar a leitura e a compreensão de um artigo, é
preciso ter em mãos um dicionário (pode ser on-line). Agora,
acesse o link indicado a seguir para ler o referido artigo:
• ORTIZ, M. J. et al. Efeitos do treinamento aeróbio de alta
intensidade sobre a economia de corrida em atletas de
endurance. Revista Brasileira de Ciência e Movimento,
Brasília, v. 11, n. 3, p. 53-56, jul./set. 2003. Disponível
em: <http://www.arturmonteiro.com.br/wp-content/
uploads/2009/09/treinamento-de-corrida.pdf>. Acesso
em: 2 set. 2015.

2.2. DETERMINAÇÃO VISUAL DO COMPONENTE RÁPIDO DO


EXCESSO DO CONSUMO DE OXIGÊNIO APÓS O EXERCÍCIO

No segundo artigo indicado, abordamos a determinação


visual do componente rápido do excesso do consumo de
oxigênio após o exercício. Neste artigo, os autores analisam a
validade, a reprodutibilidade e a objetividade do método de
inspeção visual durante a identificação da fase rápida do excesso
do consumo de oxigênio após o exercício. Como mencionamos
anteriormente, não é tão fácil entender o artigo em sua íntegra,
mas é muito importante continuar se esforçando para ampliar os
seus conhecimentos. Veja agora o referido artigo:
• BERTUZZI, R. C. M. et al. Determinação visual do
componente rápido do excesso do consumo de oxigênio
após o exercício. Revista Brasileira de Medicina do
Esporte, São Paulo, v. 16, n. 2, mar./abr. 2010. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v16n2/13.pdf>.
Acesso em: 2 set. 2015.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 95


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

2.3. AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE FORÇA EXPLOSIVA EM


VOLEIBOLISTAS

No último artigo proposto, abordamos a avaliação da


resistência de força explosiva em voleibolistas mediante testes
de saltos verticais. Nele, você pode estudar a variação entre os
testes de salto vertical contínuo (sem parar) e o teste intermitente
(com intervalos). Este artigo é de fácil compreensão e auxilia
na compreensão de métodos de avaliação para determinar a
potência na prática esportiva.
• HESPANHOL, J. E. et al. Avaliação da resistência de força
explosiva em voleibolistas através de testes de saltos
verticais. Revista Brasileira de Medicina do Esporte,
São Paulo, v. 13, n. 3, maio/jun. 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbme/v13n3/v13n3a10.
pdf>. Acesso em: 2 set. 2015.

3. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Para realizar qualquer atividade física, a célula muscular precisa contrair-
-se. A energia necessária para essa contração é oriunda:
a) do ATP.
b) dos carboidratos.
c) das gorduras.
d) das proteínas.
e) dos minerais.

96 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

2) São as principais fontes de energia:


a) energia nuclear.
b) energia térmica e luminosa.
c) energia elétrica.
d) energia química e mecânica.
e) todas as alternativas anteriores estão corretas.

3) O(s) sistema(s) que produz (em) energia para a ressíntese de ATP é (são):
a) sistema anaeróbio alático.
b) sistema anaeróbio lático.
c) sistema aeróbio.
d) todas as alternativas anteriores estão corretas.
e) todas as alternativas anteriores estão incorretas.

4) Uma modalidade esportiva cuja predominância é do sistema anaeróbio


alático é:
a) prova de atletismo de 100 metros rasos.
b) prova de 400 metros livres na natação.
c) prova de triatlo.
d) prova de maratona.
e) prova de 100 metros livres na natação.

5) O sistema anaeróbio lático é utilizado predominantemente em qual


modalidade?
a) prova de atletismo de 100 metros rasos.
b) prova de atletismo de 400 metros.
c) prova de triatlo.
d) prova de maratona.
e) prova de 1.500 metros livres na natação.

6) O sistema aeróbio utiliza o oxigênio para produzir energia. Uma prova cuja
predominância é do sistema aeróbio é:
a) prova de atletismo de 100 metros rasos.
b) prova de 100 metros livres na natação.
c) prova de arremesso de peso.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 97


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

d) prova de lançamento de disco.


e) prova de 1.500 metros livres na natação.

7) Em se tratando de nutrientes utilizados no repouso, a predominância é:


a) de carboidratos.
b) de proteínas.
c) de gorduras.
d) de minerais.
e) de eletrólitos.

8) Na prova dos 1.500 metros no atletismo, a contribuição do sistema anae-


róbio é de aproximadamente:
a) 60%.
b) 20%.
c) 5%.
d) 100%.
e) 90%.

9) A quantidade total de oxigênio que consumimos após o término do exer-


cício, além daquela quantidade que consumimos em repouso, é definida
como:
a) componente lento de recuperação.
b) componente rápido de recuperação.
c) oxigênio consumido no repouso.
d) oxigênio de recuperação.
e) crédito de oxigênio.

10) Após o término do exercício, o consumo de oxigênio diminui exponencial-


mente. No início, entre 2 e 3 minutos, essa diminuição é muito acentuada,
sendo definida como:
a) componente lento de recuperação.
b) componente rápido de recuperação.
c) oxigênio consumido no repouso.
d) oxigênio de recuperação.
e) crédito de oxigênio.

98 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

11) Após a realização de um exercício de alta intensidade, por exemplo, um


tiro de 100 metros, 50% das reservas de PC são reabastecidas em, aproxi-
madamente, 30 segundos. No entanto, para abastecer totalmente as re-
servas de PC, são necessários(as) entre:
a) 1 e 2 minutos.
b) 50 e 60 minutos.
c) 10 e 20 segundos.
d) 6 e 9 minutos.
e) 1 e 2 horas.

12) Para ressintetizar totalmente as reservas de glicogênio, são necessários(as),


aproximadamente, _________ de recuperação e uma dieta rica em
carboidratos.
a) 5 minutos.
b) 30 minutos.
c) 8 horas.
d) 12 horas.
e) 48 horas.

13) Se você levantar um peso de 10 kg em uma distância vertical de 2 metros,


o trabalho realizado será:
a) 10 kgm.
b) 20 kgm.
c) 30 kgm.
d) 40 kgm.
e) 50 kgm.

14) Um indivíduo do sexo masculino, com 60 kg de peso corporal, sobe e des-


ce de um step de 0,30 metro (30 cm) de altura, durante 20 minutos, em
um ritmo de 30 passos por minuto. O trabalho realizado é:
a) 10.800 kpm.
b) 24.000 kpm.
c) 50.000 kpm.
d) 100.000 kpm.
e) 200.000 kpm.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 99


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

15) O processo de mensuração da taxa metabólica, tendo como referência a


produção de calor, é denominado:
a) calorimetria direta.
b) calorimetria indireta.
c) calorímetro bomba.
d) calorímetro anaeróbio.
e) calorímetro direto.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
Questões Resposta

1 A

2 E

3 D

4 A

5 B

6 E

7 C

8 B

9 D

10 B

11 D

12 E

13 B

14 A

15 A

100 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

4. CONSIDERAÇÕES
Com o término desta unidade, na qual abordamos a energia,
a recuperação após o exercício e a mensuração de energia,
trabalho e potência, queremos lembrá-lo de que os estudos
devem prosseguir. Até agora, tudo o que você viu é apenas o
começo para realmente tornar-se qualificado nesta área. Desta
forma, é necessária a contínua aquisição de conhecimentos para
destacar-se no mercado de trabalho.
Neste momento, recorra aos artigos apontados no
Conteúdo Digital Integrador, a fim de solidificar o seu aprendizado
e adquirir novos conhecimentos na área. Na próxima unidade,
você estudará os sistemas respiratório e cardiovascular.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENADAI, B. S.; GRECO, C. C. Prescrição do treinamento aeróbio: teoria e prática. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
DUFFIELD, R.; DAWSON, B.; GOODMAN, C. Energy system contribution to 100-m and
200-m track running events. Journal of Science and Medicine in Sport, Belconnen, v. 7,
n. 3, p. 302-313, 2004.
______. Energy system contribution to 400-metre and 800-metre track running.
Journal of Sports Sciences, London, v. 23, n. 3, p. 299-307, 2005.
FOSS, M. L.; KETEYIAN, S. J. Fox – Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
HILL, D. W. Energy system contributions in middle-distance running events. Journal of
Sports Science, Abingdon, v. 17, n. 17, p. 477-483, 1999.
KENNEY, W. L.; WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 5.
ed. São Paulo: Manole, 2013.
McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício – Energia, nutrição e
desempenho humano. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do Exercício — Teoria e aplicação ao
condicionamento e ao desempenho. 8. ed. Barueri: Manole, 2014.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 101


UNIDADE 2 – FONTES DE ENERGIA, RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO E MENSURAÇÃO DE ENERGIA,
TRABALHO E POTÊNCIA

ROBERGS, R. A.; ROBERTS, S. O. Princípios fundamentais de Fisiologia do Exercício para


aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Phorte Editora, 2002.

102 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3
SISTEMAS RESPIRATÓRIO E
CARDIOVASCULAR

Objetivos
• Conhecer e discutir sobre ventilação pulmonar, volume,
capacidades e medidas pulmonares.
• Compreender e explicar diferentes volumes e capacida-
des durante o repouso e o exercício.
• Definir as variações dos padrões respiratórios normais.
• Descrever o transporte de oxigênio e dióxido de carbo-
no no sangue durante o repouso e o exercício.
• Discutir as alterações de pressão durante o exercício.
• Explicar as alterações cardiovasculares durante o
exercício.

Conteúdos
• Ventilação e mecânica pulmonares.
• Permuta e transporte dos gases.
• Sistema cardiovascular: função e respostas ao exercício.
• Controle cardiorrespiratório.

103
UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações
a seguir:
1) Se precisar, anote a frase ou parte do texto que você
não entendeu, envie para o seu tutor a distância e peça
para que ele explique o conteúdo de outra maneira.
2) Lembre-se de que sua participação pode significar a
diferença entre apenas ler conteúdos ou transformar
conhecimentos em qualidade profissional. Por isso,
não deixe de interagir com seus colegas de turma e o
tutor.
3) Se encontrar dificuldade, não desanime! Não se
esqueça de acessar a Sala de Aula Virtual (SAV)!
Interaja, pois, dessa maneira, você ampliará seus
conhecimentos.

104 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

1. INTRODUÇÃO
No início desta unidade, estudaremos a função do sistema
respiratório, a definição da ventilação pulmonar, dos volumes,
das capacidades e das medidas pulmonares durante o repouso
e o exercício. Em seguida, examinaremos a capacidade vital em
sedentários e atletas e a importância do seu conhecimento na
prática da atividade física.
Além disso, abordaremos o transporte de oxigênio e dióxido
de carbono no sangue durante o repouso e a atividade física e,
finalmente, em se tratando de sistema respiratório, analisaremos
as principais variações dos padrões respiratórios normais.
Após o estudo do sistema respiratório, iniciaremos o estudo
do sistema cardiovascular, explicando o comportamento da
pressão arterial no repouso e durante o exercício. Discutiremos,
também, o ciclo cardíaco, o Volume Sistólico, a fração de ejeção,
a frequência cardíaca e o Débito Cardíaco no repouso e no
exercício, comparando indivíduos sedentários e treinados.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo
estudo do Conteúdo Digital Integrador.

2.1. SISTEMA RESPIRATÓRIO

A função básica do sistema respiratório é ofertar oxigênio


ao organismo e remover o gás carbônico. Essa ação ocorre por
meio da respiração pulmonar.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 105


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

O sistema respiratório é de extrema importância na


manutenção da homeostasia, regulando as concentrações de O2
e CO2 no corpo durante a atividade física.
Neste tópico, você compreenderá o comportamento do
sistema respiratório durante a prática de atividade física.

Ventilação pulmonar, volumes, capacidades e medidas pulmonares


Antes de iniciarmos a nossa discussão sobre ventilação
pulmonar, é necessário que você relembre alguns conceitos
relacionados ao sistema respiratório:
1) Ventilação pulmonar: é a entrada e a saída de ar dos
pulmões (Quadro 1).
2) Volume Corrente (VC): é a quantidade de ar que entra
ou que sai das vias respiratórias em cada inspiração ou
expiração, respectivamente.
3) Frequência respiratória (f): é o número de incursões
respiratórias por minuto, ou seja, o número de vezes
que inspiramos ou expiramos por minuto.
4) Volume minuto respiratório: é a quantidade total de
novo ar que entra nas vias respiratórias por minuto.
Veja o Quadro 1 a seguir.

Quadro 1 Valores típicos da ventição pulmonar durante o


repouso e os exercícios moderado e intenso.
VC (l/incursão Ventilação
Condição FR (incursões/min)
respiratória) pulmonar (l/min)
Repouso 12 0,5 6
Exercício
30 2,5 75
moderado
Exercício intenso 50 3,0 150
Fonte: McArdle, Katch e Katch (2008, p. 269).

106 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

O volume minuto respiratório (VMR) é o produto da


frequência respiratória (f) pelo volume corrente. O VC é de
cerca de 500 ml, enquanto a f é de, aproximadamente, 12
incursões respiratórias por minuto. Portanto, o VMR é de,
aproximadamente, 6.000 ml ou 6 litros por minuto:

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
V VC ⋅ f
=

V 500 ⋅ 12
=

V = 6000 ml ou 6 l / min
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Antes de iniciar um exercício, há um pequeno aumento


do VMR. Esse aumento ocorre devido ao estímulo proveniente
do córtex cerebral agindo sobre o bulbo (área de controle
respiratório).
Durante o exercício máximo, a ventilação pulmonar pode
atingir algo próximo de 180 litros por minuto (Figura 1), com
frequência respiratória de, aproximadamente, 50 incursões por
minuto e volume corrente de 3,6 litros. Já que o VMR é de cerca
de 6 litros por minuto, isso quer dizer que, durante o exercício
máximo, há o aumento de 30 vezes em relação ao valor de
repouso.
Observe a Figura 1 a seguir.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 107


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Fonte: Robergs e Roberts (2002, p. 162).


Figura 1 Aumento da ventilação com o aumento da intensidade do exercício (VO2).

108 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Nos primeiros segundos após o início do exercício, há o


aumento muito rápido do VMR. Depois de alguns segundos,
a elevação do VMR torna-se mais lenta. Se o exercício não for
muito intenso (submáximo), a tendência é o VMR alcançar um
estado estável (steady-state). Porém, se o exercício for mais
intenso (máximo), o VMR continuará aumentando até o término
do exercício.
O aumento do VMR é proporcional aos aumentos do
consumo de oxigênio e da produção de dióxido de carbono pelos
músculos ativos.
Paralelamente a esse aumento da ventilação pulmonar, há
o aumento proporcional do fluxo sanguíneo para os pulmões.
Mas, como os vasos sanguíneos pulmonares suportam
um aumento tão grande? Os vasos sanguíneos pulmonares
suportam esse grande aumento do fluxo sanguíneo devido à
diminuição da resistência dos vasos pulmonares ocasionada pela
distensão dos vasos e pelo aumento dos capilares utilizados para
enviar o sangue aos músculos em atividade. Essa diminuição
da resistência dos vasos pulmonares, com o aumento do fluxo
sanguíneo pulmonar, se dá sem que haja o aumento significativo
da pressão arterial pulmonar.
Geralmente, o VMR não limita a capacidade de exercitar
em uma intensidade máxima. Porém, em alguns atletas de elite,
o sistema pulmonar pode limitar o desempenho no exercício
máximo. Isso pode ocorrer devido à diminuição da velocidade
com que as hemácias podem fluir pelos vasos capilares
pulmonares.
No Quadro 2, você verá as alterações dos diferentes
volumes e capacidades durante o exercício.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 109


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Quadro 2 Diferentes volumes e capacidades durante o exercício.


Volume ou Valores
Alteração no
capacidade Definição em
exercício
pulmonar repouso

Volume Corrente Volume de ar inspirado ou


600 ml Aumento
(VC) expirado a cada respiração.

Volume máximo de ar
Volume de Reserva
inspirado após uma inspiração 3.000 ml Diminuição
Inspiratório (VRI)
normal.

Volume máximo de ar
Volume de Reserva
expirado após uma expiração 1.200 ml Diminuição
Expiratório (VRE)
normal.

Volume de ar que permanece


Volume Residual Pequena
nos pulmões após uma 1.200 ml
(VR) diminuição
expiração máxima.

Capacidade
Volume de ar nos pulmões Pequena
Pulmonar Total 6.000 ml
após uma inspiração máxima. diminuição
(CPT)

Volume máximo de ar
Capacidade Vital Pequena
expirado após uma inspiração 4.800 ml
(CV) diminuição
máxima.

Volume máximo de ar
Capacidade
inspirado após uma expiração 3.600 ml Aumento
Inspiratória (CI)
normal.
Fonte: McArdle, Katch e Katch (2008, p. 265).

Os valores indicados no Quadro 2 são médios. Isso quer


dizer que cada indivíduo apresenta determinado valor. Além
disso, geralmente, as mulheres possuem valores que são,
aproximadamente, 20% inferiores aos homens.
A Capacidade Vital (CV) é a soma do Volume Corrente (VC),
do Volume de Reserva Inspiratório (VRI) e do Volume de Reserva
Expiratório (VRE).

110 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Geralmente, a CV é de, aproximadamente, 5,0 litros nos


homens e de cerca de 4,0 litros nas mulheres. Indivíduos mais
altos podem atingir a CV de 7,0 litros. Porém, em atletas de alto
nível, a CV pode atingir, aproximadamente, 8,0 litros (Figura 2).

Fonte: Robergs e Roberts (2002, p. 168).


Figura 2 Capacidades e volumes pulmonares.

Por que alguns atletas apresentam um valor de CV tão alto?


É provável que nesses atletas a genética e o tamanho
corporal influenciem os grandes volumes pulmonares alcançados.
Em atletas maratonistas e outros atletas de resistência,
foi observado que, durante o exercício máximo, a CV era de,
aproximadamente, 90% do seu valor máximo.
Além disso, têm sido observados valores semelhantes
da função pulmonar no repouso e no exercício em indivíduos
sedentários e altamente treinados (Quadro 3).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 111


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Quadro 3 Função pulmonar e ventilação/minuto no repouso.


FUNÇÃO PULMONAR E VENTILAÇÃO/MINUTO NO REPOUSO

Função pulmonar Corredores Controle

CV (litros) 5,13 5,34


CPT (litros) 6,91 7,13
Fonte: McArdle, Katch e Katch (2008, p. 269).

Com as afirmações anteriores, podemos concluir que


o treinamento não modifica consideravelmente os volumes
pulmonares.
No entanto, existem algumas exceções. Na natação e
no mergulho, os músculos inspiratórios trabalham contra a
resistência da água. Com isso, há um grande estímulo para
fortalecer os músculos respiratórios e aumentar os volumes
pulmonares no repouso, acima dos valores médios normais,
resultando, então, em uma maior CV.
A frequência respiratória (f) no repouso é próxima de 15
incursões respiratórias por minuto. Porém, no exercício máximo,
esse valor pode alcançar algo próximo de 45 incursões por
minuto.
Atletas de resistência podem alcançar uma f próxima de 70
vezes por minuto. Além desse número de f, esses atletas podem
alcançar um VC de acima de 2,0 litros. O aumento da FR e do
VC eleva a ventilação por minuto para até 200 litros por minuto.
Esse valor é mais de 30 vezes maior do que o valor da ventilação
por minuto no repouso.
Apesar desses grandes aumentos da ventilação por
minuto, o VC em indivíduos sedentários e treinados geralmente
não ultrapassa 60% da CV.

112 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

A Ventilação-Perfusão (VP) é a relação entre a quantidade


de O2 que chega aos alvéolos e passa para os capilares pulmonares
(Figura 3).

Fonte: McArdle, Katch e Katch (2008, p. 281).


Figura 3 Permuta gasosa entre o capilar e o alvéolo.

No repouso, aproximadamente, 6,0 litros de ar chegam


aos alvéolos por minuto. Já nos capilares pulmonares, passam,
aproximadamente, 5 litros de sangue por minuto. Dessa forma,
a relação entre ventilação alveolar e fluxo sanguíneo pulmonar
(VP) é igual a 1,2. Essa relação significa que a ventilação alveolar
de 1,2 litro corresponde a cada litro de fluxo sanguíneo pulmonar.
No exercício de baixa intensidade, a VP ainda permanece
próxima de 1,2 litro. Porém, no exercício de alta intensidade, a
VP pode ultrapassar 5,0 litros por minuto, ofertando uma grande
quantidade de oxigênio para a musculatura ativa.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 113


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Transporte de oxigênio (O2) no sangue


Da quantidade total de O2 transportado pelo sangue,
aproximadamente 99% é transportado pelos glóbulos vermelhos
(Figura 4).

Fonte: McArdle, Katch e Katch (2008, p. 289).


Figura 4 Transporte de oxigênio pelos glóbulos vermelhos ligados à hemoglobina.

No repouso, o sangue deixa os pulmões com uma


pressão de oxigênio (PO2) de 100 mmHg. Nessa pressão, 97%
da hemoglobina está combinada com o oxigênio. Quando esse
sangue passa pelos capilares dos tecidos próximos às células, a
pressão do oxigênio cai para cerca de 40 mmHg. Nessa pressão,
apenas 70% da hemoglobina está combinada com o oxigênio.
Dessa forma, aproximadamente, 27% da hemoglobina perde seu
oxigênio para as células teciduais. Depois, ao retornar para os
pulmões, combina-se com novo oxigênio e o transporta, mais
uma vez, para as células dos tecidos (Figura 5).

114 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Fonte: Guyton (1988, p. 107).


Figura 5 Transporte de oxigênio pelos glóbulos vermelhos ligados à hemoglobina.

Durante o exercício, a pressão de oxigênio (PO2) do


sangue, quando retorna das células, pode chegar a algo
próximo de 18 mmHg. Isso quer dizer que as células extraíram,
aproximadamente, 90% do O2 transportado pela hemoglobina.
Se você prestar bastante atenção no que foi explicado
anteriormente, no repouso a célula "aproveita", aproximadamente,
27% do oxigênio ligado à hemoglobina. Quanto mais intenso
o exercício, maior é esse percentual de "aproveitamento",
podendo chegar até 90%. Esse valor é alcançado com o indivíduo
realizando um exercício de intensidade máxima.
Esse transporte de oxigênio pode ser aumentado ou
diminuído pela alteração da acidez e da temperatura corporal.
O aumento da acidez (diminuição do pH sanguíneo)
diminui a força de ligação entre o oxigênio e a hemoglobina,

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 115


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

como também aumenta a liberação de oxigênio para os tecidos


(efeito Bohr). Isso pode ocorrer no exercício de alta intensidade,
devido ao acúmulo de lactato no sangue.
Durante o exercício, ocorre aumento da temperatura
corporal devido à produção de calor pelos músculos ativos.
Esse aumento da temperatura corporal facilita o transporte de
oxigênio para as células.
Após passar pela corrente sanguínea, o O2 deve penetrar
nas células e chegar até as mitocôndrias. A mioglobina (proteína)
se liga ao oxigênio e "lança" o O2 da membrana da célula muscular
para as mitocôndrias.
Em geral, a mioglobina tem quantidade significativa de
oxigênio, o qual é utilizado, principalmente, no início do exercício,
já que, nesse momento, há atraso do sistema cardiorrespiratório
em aumentar o transporte de oxigênio para o músculo ativo.

Transporte de dióxido de carbono (CO2) no sangue


O transporte de CO2 no sangue é realizado das seguintes
maneiras:
• Como gás carbônico em solução, sob a forma de íon
bicarbonato (HCO3–), e combinado com a hemoglobina
(Hgb.CO2).
Cerca de 7% do gás carbônico é transportado no sangue
em solução.
Aproximadamente 93% difunde-se do plasma para o
glóbulo vermelho, reagindo com a água para formar ácido
carbônico. O ácido carbônico nas células reage imediatamente
com os tampões ácido-básicos dessas células, transformando-se,
principalmente, em íon bicarbonato (HCO3‑).

116 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Cerca de 23% do gás carbônico que penetra no glóbulo


vermelho combina-se com a hemoglobina para formar
a carbamino-hemoglobina). O local em que ocorre essa
combinação é diferente do local onde o oxigênio se combina com
a hemoglobina. Dessa forma, o oxigênio e o dióxido de carbono
podem ser combinados com a hemoglobina no mesmo instante
(Figura 6).

Fonte: Guyton (1988, p. 527).


Figura 6 Transporte de gás carbônico.

A troca gasosa é muito rápida nos pulmões. Por isso, o


equilíbrio nos gases entre os alvéolos e os capilares pulmonares
ocorre em cerca de 0,25 segundo. Durante um exercício progressivo
em que a intensidade aumenta gradativamente, a quantidade
de sangue nos capilares pulmonares é, aproximadamente,
três vezes maior quando comparada à do repouso. Com isso,
a velocidade do fluxo sanguíneo praticamente não se altera.
Durante o exercício de alta intensidade, a velocidade da hemácia
no interior dos capilares pulmonares não chega a ser 50% maior
em relação ao repouso.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 117


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Variações dos padrões respiratórios normais


Como já observado, geralmente os padrões respiratórios
não afetam o desempenho durante o exercício. Porém, em
determinados casos, algumas respostas pulmonares afetam
negativamente o desempenho durante a prática da atividade
física.

Hiperventilação
A hiperventilação, comumente denominada "respiração
forçada", é o aumento da ventilação pulmonar que ultrapassa o
consumo de oxigênio e a eliminação de dióxido de carbono pela
musculatura ativa.
Essa respiração forçada elimina rapidamente o dióxido de
carbono dos pulmões e do líquido extracelular. Quando o dióxido
de carbono é eliminado, carrega consigo íons H. Com isso, há
queda da concentração de H e elevação do pH plasmático.
Consequentemente, o indivíduo pode apresentar vertigem e até
inconsciência.

Dispneia
É a falta de ar excessiva ou uma angústia ao respirar.
Principalmente em indivíduos destreinados, a sensação de
"não conseguir respirar" durante o exercício, geralmente, é
acompanhada pelo aumento do dióxido de carbono e pelos
íons H arteriais elevados. O aumento do dióxido de carbono e
dos íons H excita os centros respiratórios, localizados no bulbo,
aumentando a frequência e a profundidade da respiração. Isso,
geralmente, ocorre quando a capacidade cardiorrespiratória e/
ou a musculatura ventilatória do indivíduo é descondicionada.

118 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Manobra de Valsalva
É a exalação forçada do ar com os lábios e o nariz fechados,
impelindo-o em direção aos ouvidos. Essa manobra aumenta a
pressão intratorácica para mais de 150 mmHg acima da pressão
atmosférica. Relacionada com a prática de atividade física, essa
manobra geralmente é utilizada durante o treinamento com
pesos (Figura 7), durante as subidas ou descidas em serras,
montanhas ou picos ou no mergulho. Essa manobra estabiliza
as cavidades abdominal e torácica, aumentando a eficiência da
ação muscular.
Observe a Figura 7 a seguir.

Fonte: McArdle, Katch e Katch (2008, n. p.).


Figura 7 Manobra de Valsalva.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 119


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Durante a Manobra de Valsalva, há queda brusca


da pressão arterial porque há maior pressão intratorácica
diminuindo a pressão do sangue venoso e, consequentemente,
as veias torácicas sofrem colapso, diminuindo o fluxo sanguíneo
para o coração (retorno venoso). Com menor retorno venoso,
há diminuição do Volume Sistólico e, consequentemente, queda
brusca na pressão arterial. Se isso acontecer, o cérebro pode
receber menor fluxo sanguíneo, e o indivíduo pode ser acometido
por vertigens, manchas nos olhos e até desmaiar.
Além disso, imediatamente após o término da Manobra de
Valsalva, quando a glote abre e a pressão intratorácica volta ao
normal, o fluxo sanguíneo é restabelecido e a pressão arterial
aumenta muito (Figura 8).

Fonte: McArdle, Katch e Katch (2008, p. 273).


Figura 8 Variação da pressão durante a Manobra de Valsalva.

120 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Como pode ser observado na Figura 8, na Fase I, no início


da Manobra de Valsalva, a pressão do pulso aórtico sobe um
pouco, provavelmente devido ao efeito mecânico da pressão
intratorácica aumentada que estimula a saída de sangue do
ventrículo esquerdo para a artéria aorta. Na Fase II (a), durante
aproximadamente seis batimentos cardíacos, há grande redução
da pressão de pulso aórtico. Logo após, na Fase II (b), ocorre
pequeno aumento da pressão e, rapidamente, pequeno aumento
(Fase III). Na Fase IV, após o término da Manobra de Valsalva, a
pressão arterial aumenta muito rápido e ultrapassa o valor de
repouso.

Tosse pós-exercício
Após o término de uma atividade física, principalmente
quando o clima está frio, a garganta pode ficar ressecada e
desencadear a tosse. Isso ocorre porque o sistema respiratório
perde uma quantidade significativa de água para umidificar o ar
antes que ele chegue até os alvéolos, causando desconforto no
ato de respirar e provocando a tosse.

Com a leitura proposta no Tópico 3.1., você estudará


sobre reabilitação pulmonar e hiperventilação nos exercícios.
Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize a leitura
indicada, procurando assimilar o conteúdo estudado.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 121


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

2.2. SISTEMA CARDIOVASCULAR

O coração é formado por duas bombas diferentes. Uma


bombeia o sangue para os pulmões, e a outra, o que sai dos
pulmões para o nosso corpo.
Durante o exercício, a demanda de oxigênio pode ser
de 15 a 20 vezes maior do que no repouso. O maior desafio à
homeostase é fornecer os nutrientes e o oxigênio necessários
para a provisão de energia para o exercício, principalmente o de
alta intensidade.
Para que o oxigênio seja fornecido às células durante o
exercício, são necessários o aumento do Débito Cardíaco e a
redistribuição do fluxo sanguíneo dos órgãos inativos para a
musculatura ativa.
O objetivo deste tópico é descrever o comportamento do
sistema cardiovascular durante o exercício. Então, vamos lá!

Pressão arterial
Imediatamente após o ventrículo esquerdo contrair, o
sangue é forçado a passar pelas artérias sistêmicas, criando, com
isso, uma pressão interna denominada “pressão arterial”.

Pressão arterial sistólica


É a maior pressão alcançada no interior da artéria aorta
logo após a sístole ventricular. Em repouso, em indivíduos
normotensos, a maior pressão alcançada fica em torno de 120
mmHg durante a sístole ventricular.

122 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Pressão arterial diastólica


É a menor pressão alcançada no interior da artéria aorta
durante a diástole. Em repouso, a menor pressão alcançada fica
em torno de 80 mmHg.
Como pode ser observado na Figura 9, no repouso, o tempo
para a diástole é maior do que o tempo da sístole. Já durante o
exercício, quanto maior a intensidade (mostrada pela frequência
cardíaca), menor o tempo da sístole e da diástole. Porém, como
a diminuição da diástole é maior, em uma alta intensidade de
exercício (com frequência de 180 bpm), o tempo da diástole
chega a ser menor do que o tempo da sístole.

Fonte: ACSM (2003, p. 143).


Figura 9 Relação dos tempos da sístole e diástole, durante o repouso e o exercício.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 123


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Pressão arterial média


Como relatamos anteriormente, a pressão arterial sistólica
fica em torno de 120 mmHg, e a pressão arterial diastólica,
aproximadamente, 80 mmHg em indivíduos adultos saudáveis.
Apesar de parecer, a pressão arterial média não é a média das
pressões arteriais sistólica e diastólica. O seu valor é um pouco
mais baixo pelo fato de o coração permanecer em diástole por
mais tempo.
Observe, na Figura 10, os valores das pressões arterial
sistólica, diastólica e média.

Fonte: Robergs e Roberts (2002, p. 18).


Figura 10 Variação da pressão arterial sistólica, diastólica e média.

Para calcular o valor da pressão arterial média, utilizamos


o seguinte cálculo:
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
PAM =PAD + 0,333 ⋅ ( PAS – PAD ) 
, na qual:

124 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

PAM = Pressão Arterial Média.


PAS = Pressão Arterial Sistólica.
PAD = Pressão Arterial Diastólica.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Por exemplo: uma pessoa com PAS de 120 mmHg e PAD de


80 mmHg tem a PAM de:
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
80 + [0,333 ⋅ (120 – 80 )
PAM =

80 + ( 0,333 ⋅ 40 )
PAM =
PAM =+
80 13,32 =
93,32 mmHg
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Portanto, essa pessoa tem a PAM de 93,32 mmHg.


Porém, a pressão arterial pode variar de acordo com o tipo
do exercício.

Exercício de resistência
O exercício de resistência é conhecido também como
treinamento de força. Nessa modalidade, a tensão é maior na
fase concêntrica (em que ocorre encurtamento do músculo)
em relação à fase excêntrica (em que ocorre alongamento do
músculo). Na fase concêntrica, há compressão dos vasos arteriais
periféricos da musculatura ativa. Com isso, ocorre aumento da
atividade simpática, do Débito Cardíaco e da pressão arterial
média. Essa estimulação aumenta a pressão arterial sistólica.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 125


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Exercícios que recrutam uma grande massa muscular


com sobrecarga de trabalho alta aumentam drasticamente a
pressão arterial sistólica. Esse aumento da pressão arterial pode
ser prejudicial para indivíduos destreinados e com doenças
cardíacas.

Exercício contínuo
Dependendo da intensidade, em exercícios contínuos,
como natação, ciclismo ou corrida, a pressão arterial sistólica
aumenta até alcançar um valor estável próximo de 140 a 160
mmHg, mas pode diminuir gradativamente, devido ao contínuo
aumento da vasodilatação das arteríolas da musculatura ativa. A
pressão arterial diastólica se mantém relativamente constante
durante todo o exercício.
A Figura 11 mostra a alteração da pressão arterial sistólica
com o exercício.

Fonte: McArdle, Katch e Katch (2008, p. 328).


Figura 11 Alteração da pressão arterial com o exercício.

126 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Exercício incremental máximo


Durante um exercício em que há aumento da intensidade
até o indivíduo chegar à exaustão, a pressão arterial sistólica
aumenta até chegar a um valor máximo, próximo ao término do
exercício. A pressão arterial diastólica pode estabilizar ou sofrer
uma pequena diminuição.

Ciclo cardíaco
O ciclo cardíaco é compreendido pela sístole (contração) e
pela diástole (relaxamento).
No repouso, a contração ventricular que ocorre durante
a sístole envia, aproximadamente, 70% do sangue para a
circulação, e ainda permanece no seu interior cerca de 30%. Essa
quantidade de sangue ejetada pelo coração a cada contração é
denominada volume de ejeção.

Volume Sistólico (ou volume de ejeção)


Quando mencionarmos o Volume Sistólico (VS), é
importante que você o relacione com o volume de sangue
ejetado pelo ventrículo esquerdo a cada sístole. O VS em
repouso, para indivíduos do sexo masculino destreinados, é
de, aproximadamente, 70 a 90 ml por contração (ou batimento
cardíaco). Porém, em indivíduos treinados, esse valor pode
ultrapassar 110 ml por contração. As mulheres destreinadas
possuem o valor de VS de, aproximadamente, 50 a 70 ml por
contração, mas pode ultrapassar 80 ml por contração em
mulheres altamente treinadas.
Para calcularmos o VS, podemos utilizar a seguinte
equação:

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 127


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Volume Sistólico = volume diastólico terminal – volume sistólico terminal.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O volume diastólico terminal é a quantidade de sangue
que permanece no ventrículo no final da diástole, e o volume
sistólico terminal, a quantidade de sangue que permanece no
ventrículo no final da sístole.
Para entendermos melhor o conceito de volume de ejeção,
sigamos o exemplo a seguir:
• Um indivíduo do sexo masculino com o volume diastólico
terminal de 120 ml e o volume sistólico terminal de 50
ml possui qual valor de volume de ejeção?
Seguindo a equação precedente, obtemos:
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Volume de ejeção = 120 ml – 50 ml .

Volume de ejeção = 70 ml .

Logo, quando o coração se contrai, são enviados 70 ml de sangue para a


circulação.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Em homens e mulheres treinados ou destreinados, o VS


aumenta com o aumento da intensidade do exercício até alcançar
o seu valor máximo. Depois, para aumentar o Débito Cardíaco, há
estagnação do aumento do VS e aumento da frequência cardíaca
(Figura 12).

128 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Fonte: Powers e Howley (2014, p. 200).


Figura 12 Aumento do Volume Sistólico, da frequência cardíaca e do Débito Cardíaco
durante o exercício.

Como podemos observar na Figura 12, o VS aumenta até


aproximadamente 40% do consumo máximo de oxigênio (VO2
máx.). Depois, há estabilização do VS, mesmo que a intensidade
do exercício continue aumentando.
Geralmente, o volume de ejeção nas mulheres é menor do
que nos homens. Isso ocorre devido ao menor volume cardíaco
nas mulheres.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 129


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Fração de ejeção
Fração de ejeção é o percentual relativo à quantidade
de sangue total do ventrículo esquerdo ejetada a cada sístole
(Figura 13).

Fonte: Foss; Keteyian (2000, p. 207).


Figura 13 Volume diastólico terminal, volume sistólico terminal e volume de ejeção.

Em repouso, a fração de ejeção fica em torno de 58%.


Porém, durante o exercício de alta intensidade, esse valor pode
aumentar até aproximadamente 75%.
A fração de ejeção pode ser calculada da seguinte maneira:
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Fração de ejeção = volume diastólico terminal − volume sistólico terminal ⋅100
volume diastólico terminal
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

130 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Utilizando os valores do exemplo anterior para calcular o


volume de ejeção, obtemos:

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
120 − 50 ⋅ 100
Fração de ejeção =
120

Fração de ejeção = 58,33%


––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Por que a fração de ejeção aumenta com o aumento da


intensidade do exercício?
Cada vez que a intensidade do exercício aumenta, é
necessário maior fornecimento de sangue contendo oxigênio e
nutrientes necessários às células musculares que estão sendo
utilizadas durante o exercício.
Para aumentar esse fluxo sanguíneo, há aumento do
volume diastólico terminal e diminuição do volume sistólico
terminal. Em outras palavras, podemos afirmar que, antes de
o coração contrair-se, há maior quantidade de sangue no seu
interior e, após a contração, resta quantidade menor de sangue.
Com isso, a quantidade de sangue ejetada na circulação torna-se
cada vez maior.

Frequência cardíaca (FC)


Frequência cardíaca é o número de batimentos cardíacos
por minuto.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 131


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Em repouso, esse valor costuma ficar entre 60 e 80


batimentos por minuto (bpm).
Durante o exercício, há aumento da frequência cardíaca
e, consequentemente, diminuição do tempo despendido na
sístole e na diástole. Essa diminuição é maior na diástole quando
comparada com a sístole.
Com o aumento da intensidade do exercício, há aumento
linear da frequência cardíaca (Figura 14).
No exercício máximo, a frequência cardíaca, denominada
Frequência Cardíaca Máxima (FCM), pode ultrapassar 200 bpm.

Fonte: Powers e Howley (2014, p. 200).


Figura 14 Aumento da frequência cardíaca durante o exercício.

Em indivíduos treinados, a frequência cardíaca no repouso


é menor do que em indivíduos destreinados. Isso acontece
porque, em indivíduos treinados, o VS é maior e, além disso,
bombear, aproximadamente, 5,0 litros de sangue para o corpo
com VS maior permite que a frequência cardíaca seja menor.
Em outras palavras, quanto maior o VS no repouso, menor
a frequência cardíaca.

132 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Imediatamente após o término do exercício, a frequência


cardíaca diminui com muita rapidez. Após 2 a 3 minutos, ela
diminui mais lentamente, até alcançar os valores de repouso.
A diminuição rápida da frequência cardíaca após o término
da atividade física indica que o organismo é eficiente, ou seja, tal
processo acontece em indivíduos treinados.
A frequência cardíaca pode ser determinada palpando a
artéria radial superficial e contando quantos pulsos acontecem
por minuto. Porém, após o término do exercício, a frequência
cardíaca diminui rapidamente. É interessante mensurar a
frequência cardíaca durante 15 ou 20 segundos e multiplicar o
resultado por quatro ou três, respectivamente.
Por exemplo:
• Um indivíduo parou o exercício e imediatamente você
palpou a artéria radial superficial por 20 segundos e
mensurou 40 pulsos.
Dessa forma, obtemos:

FC 40 pulsos=
= ⋅ 3 120 bpm

Assim, esse indivíduo exercitava-se em uma intensidade de


exercício com frequência cardíaca de 120 bpm.
Por que estamos relatando a FC de um indivíduo durante
determinado exercício?
De acordo com o ACSM – American College of Sports
Medicine (2003), existem alguns fatores imprescindíveis para
melhorar a aptidão cardiorrespiratória, tais como:

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 133


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

1) Frequência semanal: é recomendável que o indivíduo


realize de 3 a 5 sessões por semana.
2) Intensidade: esta é a variável mais importante para a
realização da atividade física com o propósito de me-
lhorar o condicionamento cardiorrespiratório. De acor-
do com o ACSM, a intensidade deve estar entre 65% e
90% da FCM.
3) Tempo: a recomendação é a de que a atividade dure
entre 20 e 60 minutos.
4) Tipo: o sistema energético predominante é o aeró-
bio (atividades como caminhada, corrida, ciclismo e
natação).
5) Divertimento: a atividade deve ser realizada com en-
tusiasmo e alegria, ou seja, deve ser agradável.

Débito Cardíaco (DC)


O DC, ou seja, a quantidade de sangue ejetada pelo
ventrículo esquerdo por minuto, é o produto da frequência
cardíaca pelo VS, ilustrado na Figura 15.

Fonte: Powers e Howley (2014, p. 197).


Figura 15 Débito Cardíaco, volume de ejeção e frequência cardíaca.

134 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Estando um indivíduo em repouso, com frequência cardíaca


de 70 bpm e VS de 72 ml por contração, podemos calcular o DC
da seguinte forma:
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Débito cardíaco
= FC ⋅ VS

Débito cardíaco = 70 ⋅ 72 = 5040 ml ou, aproximadamente, 5,0 litros


de sangue por minuto.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Como mostrado no exemplo anterior, o DC no repouso é


próximo de 5,0 litros por minuto. Esse valor é muito semelhante
entre pessoas destreinadas e treinadas.
Com o aumento da intensidade do exercício, há também
aumento do DC até alcançar o seu valor máximo.
Para indivíduos destreinados, esse valor pode ser de,
aproximadamente, 20 litros por minuto. Para indivíduos
treinados, esse valor pode ser próximo de 40 litros por minuto.
Geralmente, quanto maior o DC, maior é a capacidade de se
exercitar em intensidades maiores.
Durante o exercício, o aumento do DC acontece devido ao
aumento da frequência cardíaca e do volume de ejeção (Figura
16).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 135


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Fonte: Powers e Howley (2014, p. 200).


Figura 16 Aumento do Volume Sistólico, frequência cardíaca e Débito Cardíaco durante
o exercício.

Como mostrado na Figura 16, o DC aumenta linearmente


até cerca de 40% do VO2 máx.

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras indicadas no Tópico
3.2., para compreender melhor o comportamento da pressão
arterial e da frequência cardíaca nos treinamentos de força.

136 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone
Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível
de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo
(Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a
lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e
selecione: Bases Fisiológicas do Movimento Humano – Vídeos
Complementares – Complementar 3.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmente
os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. REABILITAÇÃO PULMONAR E HIPERVENTILAÇÃO NOS


EXERCÍCIOS

Os conteúdos desta unidade estão relacionados com o


funcionamento dos sistemas respiratório e circulatório durante o
repouso e a atividade física, comparando indivíduos sedentários
com treinados.
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre o sistema
respiratório, discutiremos o artigo indicado a seguir. Esse artigo
trata de alguns fatores que interferem no treinamento físico em
pacientes que se encontram na fase de reabilitação pulmonar.
• MOREIRA, M. A. C.; MORAES, M. R.; TANNUS, R. Teste
da caminhada de seis minutos em pacientes com DPOC
durante programa de reabilitação. Jornal Brasileiro de

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 137


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

Pneumologia, São Paulo, v. 27, n. 6, nov./dez. 2001.


Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jpneu/
v27n6/a02v27n6.pdf>. Acesso em: 8 set. 2015.
Recomendamos, também, a leitura de outro artigo, o
qual aborda a hiperventilação nos exercícios. Esse artigo analisa
os efeitos da alcalose respiratória, induzida pela ventilação
voluntária, no tempo de corrida dos 400 metros no atletismo.
Leia-o a seguir.
• SANTOS, G. M.; PIRES-NETO, C. S. Efeitos da alcalose
respiratória, induzida por hiperventilação voluntária, no
tempo de corrida dos 400 metros rasos. Revista Kinesis,
Santa Maria, n. 13, p. 27-37, jan./jun. 1994. Disponível
em: <http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.
php/kinesis/article/view/8350/5032>. Acesso em: 8
set. 2015.

3.2. COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL E DA FREQU�


ÊNCIA CARDÍACA NOS TREINAMENTOS DE FORÇA

Em se tratando do comportamento da pressão arterial


durante o treinamento de força, indicamos a leitura do artigo a
seguir. Por meio dessa leitura, você poderá aprender mais sobre
a frequência cardíaca e o duplo-produto em séries sucessivas do
exercício de força, com diferentes intervalos de recuperação.
• POLITO, M. D. et al. Pressão arterial, frequência cardíaca
e duplo-produto em séries sucessivas do exercício
de força com diferentes intervalos de recuperação.
Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, v. 4, n. 3,
p. 7-15, 2004. Disponível em: <http://www.proac.uff.
br/lace/sites/default/files/ac_2004_rev_port_cien_
desp_pressao_arterial_frequencia_cardiaca_e_duplo-

138 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

produto_em_series_sucessivas_do_exercicio_de_
forca_com_diferentes_intervalos_de_recuperacao.
pdf>. Acesso em: 8 set. 2015.
O próximo artigo discute o duplo-produto como preditor
indireto do consumo de oxigênio do miocárdio. Os autores deste
artigo observam o comportamento da frequência cardíaca, da
pressão sistólica e diastólica, tanto quanto o duplo-produto
durante a realização de exercícios dinâmicos contrarresistência
e aeróbio contínuo:
• FARINATTI, P. T. V.; ASSIS, B. F. C. B. Estudo da frequência
cardíaca, pressão arterial e duplo-produto em exercícios
contrarresistência e aeróbio contínuo. Revista Brasileira
Atividade Física & Saúde, v. 5, n. 2, p. 5-16, 2000.
Disponível em: <http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/
index.php/RBAFS/article/viewFile/994/1146>. Acesso
em: 8 set. 2015.
A frequência cardíaca é um índice que tem sido bastante
utilizado para prescrever a intensidade com que o indivíduo
deve realizar uma atividade a fim de melhorar a eficiência do
componente cardiorrespiratório. Dessa forma, é indicada a
leitura do artigo a seguir, que relata a resposta da frequência
cardíaca de modo a contribuir para a interpretação clínica,
epidemiológica e para a prescrição da atividade física:
• ALMEIDA, M. B. Frequência cardíaca e exercício: uma
interpretação baseada em evidências. Revista Brasileira
de Cineantropometria & Desempenho Humano,
Florianópolis, v. 9, n. 2, p. 196-202, 2007. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/rbcdh/article/
view/4063/3438>. Acesso em: 8 set. 2015.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 139


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Assinale qual das opções completa corretamente a sentença a seguir:
A função básica do sistema respiratório é ofertar __________ ao
organismo e remover o _____________. Essa ação ocorre por meio da
___________________.
a) oxigênio/gás carbônico/respiração pulmonar.
b) gás carbônico/oxigênio/respiração pulmonar.
c) gás carbônico/oxigênio/contratilidade cardíaca.
d) oxigênio/gás carbônico/contratilidade cardíaca.
e) oxigênio/gás carbônico/troca gasosa.

2) A quantidade de ar que entra ou que sai das vias respiratórias em cada


inspiração ou expiração, respectivamente, é denominada:
a) volume minuto respiratório.
b) volume corrente.
c) volume de reserva inspiratório.
d) volume de reserva expiratório.
e) capacidade inspiratória.

3) O número de incursões respiratórias por minuto, ou seja, o número de


vezes que inspiramos ou expiramos por minuto é denominado:
a) frequência respiratória.
b) capacidade vital.
c) incursão respiratória.
d) volume minuto respiratório.
e) volume corrente.

140 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

4) Durante o exercício máximo, a ventilação pulmonar pode atingir algo pró-


ximo de:
a) 600 litros por minuto.
b) 4 litros por minuto.
c) 180 litros por minuto.
d) 36 litros por minuto.
e) 18 litros por minuto.

5) Denominada “respiração forçada”, é um aumento da ventilação pulmonar


que ultrapassa o consumo de oxigênio e a eliminação de dióxido de carbo-
no pela musculatura ativa. Estamos nos referindo à:
a) dispneia.
b) hipertensão.
c) Manobra de Valsalva.
d) hiperventilação.
e) Tetralogia de Fallot.

6) A falta de ar excessiva ou uma angústia ao respirar, principalmente em


indivíduos destreinados, a sensação de “não conseguir respirar” durante
o exercício geralmente é acompanhada pelo aumento do dióxido de car-
bono e pelos íons H arteriais elevados. Ela é denominada:
a) dispneia.
b) hipertensão.
c) Manobra de Valsalva.
d) hiperventilação.
e) Tetralogia de Fallot.

7) A exalação forçada do ar com os lábios e o nariz fechados, impelindo o ar


em direção ao ouvido, é denominada:
a) dispneia.
b) hipertensão.
c) Manobra de Valsalva.
d) hiperventilação.
e) Tetralogia de Fallot.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 141


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

8) Após o término de uma atividade física, principalmente quando o clima


está frio, a garganta pode ficar ressecada e desencadear a tosse. Isso ocor-
re porque o sistema respiratório perde uma quantidade significativa de
água para umidificar o ar antes que ele chegue até os alvéolos, causando
um desconforto no ato de respirar e provocando a:
a) dispneia.
b) hipertensão.
c) Manobra de Valsalva.
d) hiperventilação.
e) tosse pós-exercício.

9) Durante o exercício, o aumento da frequência cardíaca é obtido


principalmente:
a) pela diminuição do tempo consumido na diástole.
b) pelo aumento do tempo consumido na diástole.
c) pela diminuição do tempo consumido na sístole.
d) pelo aumento do tempo consumido na sístole.
e) pelo aumento do tempo consumido na sístole e na diástole.

10) O aumento do DC ocorre principalmente devido ao:


a) aumento da frequência cardíaca e da diferença arteriovenosa de
oxigênio..
b) aumento da frequência cardíaca e do volume de ejeção.
c) aumento do volume corrente e da frequência cardíaca.
d) aumento do VS e do DC.
e) aumento do retorno venoso e da diferença arteriovenosa de oxigênio.

11) O principal fator que determina o volume diastólico final é:


a) o retorno venoso.
b) a pré-carga.
c) a pós-carga.
d) o VS.
e) o DC.

142 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

12) O aumento do trabalho do coração durante o exercício pode ser mais bem
estimado por meio:
a) do duplo-produto.
b) da frequência cardíaca.
c) do retorno venoso.
d) do DC.
e) do VS.

13) Os atletas que praticam exercícios de longa duração apresentam um maior


volume ventricular esquerdo devido:
a) ao aumento do retorno venoso.
b) ao aumento do miocárdio.
c) ao aumento da frequência cardíaca.
d) à estimulação parassimpática.
e) à diminuição do retorno venoso.

14) A maior pressão alcançada no interior da artéria aorta logo após a sístole
ventricular é chamada de:
a) pressão arterial sistólica.
b) pressão arterial diastólica.
c) pressão arterial máxima.
d) pressão arterial média.
e) pressão de pulso.

15) A menor pressão alcançada no interior da artéria aorta durante a diástole


é chamada de:
a) pressão arterial sistólica.
b) pressão arterial diastólica.
c) pressão arterial máxima.
d) pressão arterial média.
e) pressão de pulso.

16) Para calcularmos o VS, podemos utilizar a seguinte equação:


a) Volume sistólico = volume diastólico terminal + volume sistólico
terminal.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 143


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

b) Volume sistólico = volume diastólico terminal – volume sistólico


terminal.
c) Volume sistólico = volume diastólico terminal – Volume Sistólico.
d) Volume sistólico = volume diastólico terminal + Volume Sistólico.
e) Volume sistólico = volume de ejeção – volume sistólico terminal.

17) O percentual relativo à quantidade de sangue total do ventrículo esquerdo


ejetada a cada sístole é denominado:
a) retorno venoso.
b) pré-carga.
c) pós-carga.
d) fração de ejeção.
e) DC.

18) Assinale qual das opções completa corretamente a sentença a seguir:


Em indivíduos treinados, a frequência cardíaca no repouso é ______ do
que em indivíduos destreinados. Isso acontece porque, em indivíduos
treinados, o VS é _______, e bombear, aproximadamente, 5,0 litros
de sangue para o corpo com volume sistólico _______ permite que a
frequência cardíaca seja _______.
a) menor/maior/maior/maior.
b) menor/menor/maior/maior.
c) menor/maior/menor/maior.
d) menor/maior/maior/menor.
e) maior/maior/maior/maior.

19) A intensidade é a variável mais importante para a realização da atividade


física com o propósito de melhorar o condicionamento cardiorrespirató-
rio. De acordo com o ACSM, a intensidade deve estar entre qual percen-
tual da FCM?
a) De 40% a 70%.
b) De 20% a 30%.
c) De 90% a 100%.
d) De 65% a 90%.
e) De 60% a 70%.

144 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

20) Assinale qual das opções completa corretamente a sentença a seguir:


O DC é o produto da frequência cardíaca pelo VS. Para indivíduos
destreinados, o valor do DC máximo pode ser de, aproximadamente, ____
litros por minuto. Para indivíduos treinados, esse valor pode ser próximo
de ___ litros por minuto.
a) 10/20.
b) 20/40.
c) 30/60.
d) 40/80.
e) 50/100.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
Questões Resposta
1 A
2 B
3 A
4 C
5 D
6 A
7 C
8 E
9 A
10 B
11 A
12 A
13 A
14 A
15 B
16 B
17 D
18 D
19 D
20 B

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 145


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

5. CONSIDERAÇÕES
Esta unidade está sendo finalizada. Porém, para estar
apto a compreender e discutir sobre a fisiologia dos sistemas
respiratório e circulatório aplicada aos exercícios, é necessário
que você continue pesquisando sobre esses temas. Além
disso, esses conteúdos são de extrema importância para dar
prosseguimento aos estudos de outros conteúdos, tais como:
disfunções orgânicas, treinamento, avaliação física etc.
Lembre-se de ler os artigos indicados no Conteúdo Digital
Integrador e responder às questões autoavaliativas. Com tais
conhecimentos, você poderá estudar, na próxima unidade, o
consumo máximo de oxigênio e a análise do lactato sanguíneo.
Até lá!

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACSM — AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Manual de pesquisa das diretrizes
do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003.
DENADAI, B. S.; GRECO, C. C. Prescrição do treinamento aeróbio: teoria e prática. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
DUFFIELD, R.; DAWSON, B.; GOODMAN, C. Energy system contribution to 100-m and
200-m track running events. Journal of Science and Medicine in Sport, Belconnen, v. 7,
n. 3, p. 302-313, 2004.
______. Energy system contribution to 400-metre and 800-metre track running.
Journal of Sports Science, London, v. 23, n. 3, p. 299-307, 2005.
FOSS, M. L.; KETEYIAN, S. J. Fox – Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
GUYTON, A. C. Fisiologia humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2011.

146 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 3 – SISTEMAS RESPIRATÓRIO E CARDIOVASCULAR

HILL, D. W. Energy system contributions in middle-distance running events. Journal of


Sports Science, Abingdon, v. 17, n. 17, p. 477-483, 1999.
KENNEY, W. L.; WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. 5.
ed. São Paulo: Manole, 2013.
McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício – Energia, nutrição e
desempenho humano. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do Exercício – Teoria e aplicação ao
condicionamento e ao desempenho. 8. ed. Barueri: Manole, 2014.
ROBERGS, R. A.; ROBERTS, S. O. Princípios fundamentais de Fisiologia do Exercício para
aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Phorte Editora, 2002.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 147


© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO
UNIDADE 4
CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E
ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Objetivos
• Compreender o conceito de consumo máximo de
oxigênio.
• Identificar valores de VO2máx. em indivíduos sedentários
e treinados.
• Compreender os mecanismos que provocam os efeitos
do treinamento no VO2máx.
• Analisar e compreender a relação entre consumo de
oxigênio e duplo-produto.
• Compreender os fatores que influenciam a cinética do
lactato no exercício.
• Identificar os limiares aeróbio e anaeróbio.
• Compreender os efeitos do treinamento de resistência
na remoção do lactato.

Conteúdos
• Conceito e determinação do consumo máximo de
oxigênio.
• Valores do consumo em indivíduos sedentários e
treinados.

149
UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

• Efeitos do treinamento no consumo máximo de oxigênio.


• Consumo máximo de oxigênio e duplo-produto.
• Fatores limitantes que influenciam o efeito no consumo
máximo de oxigênio.
• Análise do lactato sanguíneo.
• Cinética do lactato no exercício.
• Fatores que influenciam o metabolismo do lactato no
exercício.
• Efeito do treinamento de resistência na remoção do
lactato.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações
a seguir:
1) Sua formação é essencial, pois ela determinará
escolhas no desenvolvimento de sua prática. Invista em
você, faça da pesquisa e da interação com seus colegas
de curso e seu tutor hábitos que poderão ajudá-lo a
ampliar seus conhecimentos.
2) Organize seu cronograma para não atrasar a entrega
das atividades. Essa dica vale para todo o curso.
3) Ao se aproximar do final deste material, lembre-se de
que você terá uma visão geral do que estudou. Retome,
então, os principais pontos analisados até agora.

150 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

1. INTRODUÇÃO
Nesta unidade, estudaremos o consumo máximo de
oxigênio (VO2máx.) e como fazer a análise do lactato sanguíneo.
Esses dois índices são os principais e mais utilizados para
avaliar e prescrever o treinamento para melhorar a aptidão
do componente cardiorrespiratório. Consequentemente, é
de extrema importância o seu aprendizado, já que na maioria
das atividades físicas praticadas há predominância aeróbia,
ou seja, essas atividades dependem da aptidão do sistema
cardiorrespiratório.
Você aprenderá, também, sobre o conceito de VO2máx., os
valores de VO2máx. em indivíduos sedentários e em diferentes
modalidades esportivas, compreendendo quais os efeitos
do treinamento sobre o VO2máx. Além disso, estudaremos
o Débito Cardíaco, a diferença arteriovenosa de oxigênio e o
duplo-produto relacionado ao VO2máx.
Para finalizar o estudo sobre o consumo máximo de
oxigênio, abordaremos os fatores que influenciam o efeito do
treinamento sobre o VO2máx., alguns aspectos do treinamento
concorrente (força e aeróbio) e uma aplicação prática para a
determinação do consumo máximo de oxigênio. Sobre a análise
do lactato sanguíneo, trataremos da cinética e dos fatores que
influenciam o metabolismo do lactato no exercício. Em seguida,
discutiremos o limiar aeróbio e anaeróbio e como esses
índices podem ser utilizados para prescrever a intensidade do
treinamento. Concluindo a nossa discussão, explicaremos os
efeitos do treinamento de resistência na remoção do lactato.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 151


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo
estudo do Conteúdo Digital Integrador.

2.1. CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO (VO2MÁX.)

Para o indivíduo realizar atividades de longa duração,


como a natação, o ciclismo e a corrida, a energia é fornecida
principalmente pelo sistema aeróbio, ou seja, com a participação
do oxigênio. Um dos métodos mais utilizados para mensurar a
eficiência do sistema aeróbio é o consumo máximo de oxigênio
(VO2máx.).
O VO2máx. no repouso é bastante parecido entre indivíduos
destreinados e treinados. Porém, durante o exercício máximo, o
VO2máx. em atletas de elite pode ser até duas vezes maior do
que em indivíduos sedentários.
Dessa forma, o VO2máx. pode ser utilizado para analisar
o desempenho dos indivíduos que praticam atividade física de
longa duração e servir como parâmetro para avaliar e prescrever
o treinamento.

Conceito de VO2máx.
O VO2máx., ou potência aeróbia máxima, pode ser
definido como a mais alta captação de oxigênio alcançada por
um indivíduo utilizando grandes grupos musculares. Em outras
palavras, podemos afirmar que o VO2máx. está diretamente
relacionado com a capacidade do sistema cardiorrespiratório de

152 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

enviar sangue oxigenado para a musculatura ativa durante uma


atividade física.
O VO2máx. pode ser expresso em valores relativos ou
absolutos em relação à massa corporal total. Em valores relativos,
−1 −1
o resultado é expresso em ml ⋅ kg ⋅ min . Por exemplo: um
indivíduo adulto, do sexo masculino, destreinado e saudável
−1 −1
possui valores de VO2máx. próximos de 40 ml ⋅ kg ⋅ min . Já
maratonistas de alto nível possuem valores de VO2máx. próximos
−1 −1
de 85 ml ⋅ kg ⋅ min .
Em valores absolutos, o resultado é expresso em litros
por minuto. Por exemplo: nos indivíduos exemplificados
anteriormente, o VO2máx. em valores absolutos é de,
aproximadamente, 2,8 l/min no destreinado e de 6,0 litros por
minuto no treinado.
É vantajoso expressar o VO2máx. em valores relativos à
massa corporal total, porque, em esportes em que o peso corporal
influencia o desempenho, como na corrida, a comparação entre
indivíduos de diferentes pesos corporais é mais precisa.
Por exemplo: comparando dois indivíduos, o primeiro
apresenta peso corporal de 70 kg e VO2máx. de 3,0 l/min, e o
segundo, peso corporal de 80 kg e o mesmo valor de VO2máx.
Qual dos dois indivíduos poderia teoricamente ter
desempenho melhor em atividades de longa duração, como a
corrida?
Para isso, basta transformar o VO2máx. em valor absoluto
para valor relativo.
Vamos fazer isso com os dados referentes aos indivíduos
mencionados:

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 153


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Indivíduo 1:
Peso: 70 kg.
VO 2 máx. ( absoluto ) = 3, 0 l / min
1000
VO 2 máx. (=
relativo ) 3, 0 l / min ⋅
70
VO 2 máx. ( relativo
= ) 42,86 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1

Indivíduo 2:
Peso: 80 kg.
VO 2 máx. ( absoluto ) = 3, 0 l / min
1000
( relativo ) 3, 0 l / min ⋅
VO 2 máx.=
80
VO 2 máx. ( relativo=
) 37,5 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Observando o VO2máx. relativo dos dois indivíduos,


podemos notar que o segundo apresenta valor de VO2máx.
significativamente menor quando comparado ao primeiro
indivíduo.
Teoricamente, o primeiro indivíduo, que apresenta VO2máx.
relativo maior, terá melhor desempenho durante a prova de
resistência. Porém, existem outros fatores que determinam
o sucesso em determinada prova e, em alguns casos, mesmo
tendo VO2máx. relativo maior, o desempenho pode ser inferior
ao de outro indivíduo que apresenta valor de VO2máx. relativo
menor.

154 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Um desses fatores é a massa corporal empregada no


exercício. O VO2máx. é maior quanto maior for a massa muscular
empregada, até atingir um "ponto ótimo" de massa muscular, ou
seja, depois de alcançado esse ponto ótimo, qualquer aumento
da massa muscular poderá refletir em menor VO2máx. (Figura 1).

Fonte: Robergs e Roberts (2002, p. 114).


Figura 1 Aumento do VO2máx., com o aumento da massa muscular empregada, até
atingir um "ponto ótimo".

Valores de VO2máx. em sedentários e em diferentes modalidades


esportivas
A variação do VO2máx. é muito grande. Podemos encontrar
valores baixos, próximos de 15 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 , por exemplo,
em indivíduos com pneumopatias, e valores tão altos como
85 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 , como os dos corredores de alto nível.
Veja o Quadro 1 a seguir.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 155


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Quadro 1 Valores de VO2máx. em sedentários e em diferentes


modalidades esportivas.
GRUPO OU
IDADE (ANOS) HOMENS MULHERES
ESPORTE

10-19 47-56 38-46


20-29 43-52 33-42
30-39 38-49 30-38
Sedentários
40-49 36-44 26-35
50-59 34-41 24-33
60-69 28-35 20-27

Fisiculturistas 20-30 38-52 -

Basquetebol 18-30 40-60 43-60

Voleibol 18-22 43-60 40-56

Futebol 20-32 42-60 40-53

Natação 15-25 50-70 40-60

Ciclismo 18-26 62-74 47-57

Corrida 18-35 60-85 50-75


Fonte: Denadai (1999, p. 5).

Como observamos no Quadro 1, em alguns atletas ou


em modalidades, como fisiculturistas e voleibol, os valores do
VO2máx. são próximos dos valores de indivíduos sedentários.
Isso ocorre porque nessas modalidades esportivas a eficiência
do sistema aeróbio não é tão importante para o sucesso no
esporte. Porém, em atividades de longa duração, como a
natação, o ciclismo e a corrida, os valores de VO2máx. são altos
porque nessas modalidades a eficiência do sistema aeróbio é
imprescindível para o grande desempenho no esporte.

156 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Efeitos do treinamento no VO2máx.


Para a obtenção de melhorias no VO2máx., é necessário
que o indivíduo participe de treinamento abrangendo grandes
grupos musculares em exercícios dinâmicos. Por exemplo:
natação, ciclismo, corrida ou qualquer outra atividade que dure
entre 20 e 60 minutos, com frequência de 3 a 5 vezes por semana
e intensidade entre 50 e 85% do VO2máx.
Indivíduos destreinados e com valores baixos de VO2máx.
que treinam por 2 a 3 meses podem melhorar o VO2máx. em,
aproximadamente, 30%. Porém, para indivíduos treinados e com
valores altos de VO2máx., a melhoria pode ser apenas de 2% a 3%.
O treinamento realizado por um período maior (2 a 3 anos)
ou a realização do treinamento intervalado pode melhorar o
VO2máx. em, aproximadamente, 45%.
Observe o Quadro 2 a seguir.

Quadro 2 Valores de VO2máx. em diferentes populações.


−1 −1
VALORES DE VO2MÁX. (em ml ⋅ kg ⋅ min )
EM POPULAÇÕES SAUDÁVEIS E DOENTES

População Homens Mulheres

Corredores de longa distância 83 62


Sedentários jovens 45 38
Sedentários adultos de meia-idade 35 30
Pacientes em pós-infarto do miocárdio 22 18
Pacientes com doença pulmonar grave 13 13
Fonte: adaptado de Powers e Howley (2014, p. 280).

Como observamos no Quadro 2, pacientes pós-infarto


do miocárdio e aqueles com doença pulmonar grave podem
apresentar valores de VO2máx. próximos e inferiores a

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 157


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

20 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 . Já os corredores de longa distância podem ter


−1 −1
valores de VO2máx. próximos de 80 ml ⋅ kg ⋅ min . Além disso,
é importante que você perceba que as mulheres apresentam
valores inferiores aos dos homens (Figura 2).

Fonte: Robergs e Roberts (2002, p. 412).


Figura 2 Diferenças entre homens e mulheres em relação ao VO2máx. expresso em
termos absolutos ou relativos à massa muscular.

158 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Os valores superiores de VO2máx. apresentados pelos


corredores de longa duração devem-se, sobretudo, ao fator
genético e ao treinamento. Somente o fator genético pode
contribuir com 40% a 66% do valor do VO2máx.
Para determinar se o VO2máx. foi atingido durante um teste
de esforço máximo, são utilizados, principalmente, os seguintes
parâmetros:
−1 −1
• Estabilização do VO2 ( < 150 ml ⋅ kg ⋅ min ou
< 2,1 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 ).
• Concentração de lactato maior do que 8 moles/litro.
• Frequência cardíaca máxima prevista para a idade.
Na determinação do VO2máx., porém, não se espera que
todos esses critérios sejam atingidos.
Geralmente os valores do VO2máx. são maiores quando
se avalia o indivíduo que corre em esteira ergométrica com
inclinação. Valores gradativamente menores são apresentados,
respectivamente, por indivíduos que fazem caminhadas em
esteira ergométrica com inclinação e por indivíduos que pedalam
em bicicleta ergométrica.
Os valores apresentados por indivíduos que pedalam
em bicicleta ergométrica podem ser, aproximadamente, 10%
menores do que os valores de VO2máx. apresentados por
indivíduos que correm em esteira com inclinação.
Devido a essas diferenças, foi estabelecido que os valores
apresentados por indivíduos que praticam corrida em esteira
sejam chamados VO2máx., e valores encontrados em indivíduos
que fazem caminhadas, pedalam em bicicletas ou utilizam
ergômetros de braço sejam chamados de “consumo de oxigênio
pico” (VO2pico).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 159


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Esses termos, porém, podem não ser devidamente


aplicados quando se avaliam atletas do ciclismo que apresentam
valores de VO2máx. maiores ao pedalarem em bicicleta em
comparação com os atletas que praticam corrida.
A avaliação precisa do VO2máx. pode ser utilizada para as
seguintes finalidades:
• Determinação do nível de condicionamento físico do
indivíduo.
• Prescrição do volume e da intensidade do treinamento.
• Avaliação dos efeitos do treinamento ou do grau de
destreinamento.
Assim, como você acabou de ler, a determinação do
VO2máx. tem várias implicações. Dessa forma, é imprescindível
que você continue estudando o que trataremos adiante.

VO2máx.: Débito Cardíaco e a diferença arteriovenosa de O2


O VO2máx. é o produto do Débito Cardíaco Máximo (DCM)
pela diferença máxima arteriovenosa de oxigênio (dif. art-vem.
O2máx.). Como visto na unidade anterior, o DC (Débito Cardíaco) é
o produto da FC (Frequência Cardíaca) pelo VS (Volume Sistólico).
Podemos, então, calcular o VO2máx. da seguinte maneira:
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
VO 2 máx. = FCM ⋅ VSM ⋅ dif . art − ven O 2 máx.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Observe o Quadro 3 a seguir.

160 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Quadro 3 Relação das variáveis obtidas.


DIFERENÇAS DO VO2MÁX. ENTRE INDIVÍDUOS TREINADOS E DESTREINADOS

VO 2máx. ( ml / min
= ) FC ( bpm ) ⋅ VS ( l / bat.) ⋅ dif . art − ven O 2máx.
Atletas 6.250 = 190 ⋅ 0, 205 ⋅ 160
Ativos 3.500 = 195 ⋅ 0, 112 ⋅ 160

Fonte: adaptado de Powers e Howley (2014, p. 282).

Como podemos observar no Quadro 3, comparando


indivíduos fisicamente ativos com atletas, o VO2máx. nos atletas
é maior devido, principalmente, ao maior VS.
Apesar de ser observado um valor um pouco menor em
atletas, alguns estudos demonstram um pequeno aumento, e
outros, nenhuma modificação na frequência cardíaca máxima
com o treinamento.
Além disso, em alguns indivíduos que treinam por um
período maior, aumenta o VO2máx. devido ao aumento do VS
e da dif. art-ven. de O2. Logo, a grande questão é: quais fatores
contribuem para o aumento do VS e da dif. art-ven. de O2?
No treinado, o volume diastólico final é maior devido ao
aumento do ventrículo esquerdo e do retorno venoso. Com
isso, há aumento da contratilidade cardíaca e diminuição da
resistência ao fluxo sanguíneo.
Já o aumento da diferença arteriovenosa de oxigênio deve-
se, principalmente, ao aumento da densidade capilar e, um pouco
menos, ao aumento do tamanho e do número de mitocôndrias.
De fato, em indivíduos treinados, o número de capilares
é, aproximadamente, de 5 a 7 capilares por fibra muscular,

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 161


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

enquanto em indivíduos destreinados esse número é de cerca


de 3 capilares por fibra muscular.
A Figura 3 resume os fatores que determinam maior
VO2máx.:

Figura 3 Resumo dos fatores que causam aumento do VO2máx. com o treinamento.

VO2máx. e duplo-produto
Como você estudou em Fisiologia Humana, o duplo-
produto é calculado multiplicando a FC pela pressão arterial
sistólica, ou seja:
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Duplo-produto = Frequência Cardíaca x pressão arterial sistólica.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Com o aumento da intensidade do exercício, há aumento
na FC e na pressão arterial sistólica. Com isso, há também
aumento na sobrecarga de trabalho do coração.
Observe o Quadro 4 a seguir:

162 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Quadro 4 Alterações do duplo-produto durante um teste de


esforço progressivo.
PRESSÃO SISTÓLICA DUPLO-
CONDIÇÃO FC (bpm)
(mmHg) PRODUTO

Repouso 75 110 8.250


Exercício a:
25% do VO2máx. 100 130 13.000
50% do VO2máx. 140 160 22.400
75% do VO2máx. 170 180 30.600
100% do VO2máx. 200 210 42.000

Como observamos no Quadro 4, durante o exercício a


100% do VO2máx., o duplo-produto é, aproximadamente, 5 vezes
maior do que o duplo-produto no repouso. Com isso, o trabalho
cardíaco aumenta em cerca de 500% em relação ao repouso.
Em que ponto queremos chegar com essas informações?
É que o duplo-produto pode ser utilizado para direcionar
a intensidade do exercício em pacientes com obstrução
coronariana. Por exemplo: um paciente apresenta angina (dor
torácica) em determinada intensidade de exercício em que o
duplo-produto é igual a 30.000.
Com isso, observando o Quadro 4 anteriormente mostrado,
esse paciente deveria se exercitar em intensidade de exercício
igual ou inferior a 75% do VO2máx. Essa ação é importante para
reduzir o risco de o paciente apresentar dor torácica durante o
exercício.

Fatores limitantes do VO2máx.


Inúmeras bibliografias relatam que o sistema respiratório
não limita o VO2máx. A justificativa para tal afirmação é que a
ventilação pulmonar alcançada no exercício máximo é inferior
aos volumes de reserva inspiratório e expiratório. Dessa forma, o

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 163


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

indivíduo poderia atingir a intensidade máxima do exercício sem


o sistema respiratório atingir o seu limite.
Em alguns atletas de alto nível, porém, com o aumento da
intensidade do exercício, há deficiência do sistema respiratório
em enviar o ar para os alvéolos pulmonares, resultando em
menor saturação arterial de oxigênio, ou seja, apresentando
menor pressão de oxigênio nos capilares pulmonares e,
consequentemente, menor valor de VO2máx.

Fatores que influenciam o efeito do treinamento sobre o


VO2máx.
Os fatores que influenciam o VO2máx. são: genética, nível
inicial de condicionamento e especificidade do treinamento.
• Genética: se você prescrever o treinamento para duas
pessoas aparentemente idênticas, poderá observar, com
o tempo, que cada uma delas responde diferentemente
ao treinamento determinado. Por isso, a prescrição da
atividade física tem que ser individualizada. Além disso,
o treinamento deve ser acompanhado de perto, porque
cada indivíduo responde diferentemente à execução da
carga de trabalho.
• Nível inicial de condicionamento: se você está
pretendendo iniciar a prescrição do treinamento, inicie
com um indivíduo de baixo nível de condicionamento
físico. É estranho ler essa afirmativa anterior? O fato é
que quanto mais o indivíduo é destreinado, maior será a
chance de esse indivíduo melhorar o condicionamento.
O oposto também é verdadeiro, ou seja, indivíduos com
alto nível de condicionamento conseguem apenas uma
pequena melhora do desempenho com o treinamento.

164 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Dessa forma, a chance de o indivíduo sedentário


melhorar o desempenho é grande, enquanto a
chance de o indivíduo altamente treinado melhorar o
desempenho é muito menor.
• Especificidade do treinamento: a melhoria do VO2máx.
é altamente específica. Isso quer dizer que, se você
pretende melhorar o VO2máx. em indivíduos que
treinam corrida, avalie e prescreva o treinamento na
corrida. Se outro pretende pedalar melhor, avalie e
prescreva o treinamento no ciclismo.
Quanto maior a massa muscular empregada na atividade
física, maior pode ser o valor do VO2máx. alcançado.
Porém, se um indivíduo que corre for avaliado na
bicicleta ergométrica, poderá apresentar valores de
VO2máx. menores do que os alcançados na esteira. Tal
fato também pode acontecer em outras modalidades
esportivas.
Desse modo, concluímos que a avaliação e a prescrição
da atividade física têm que ser o mais próximo possível da
modalidade esportiva (ou prova) em que se pretende melhorar.

VO2máx. e treinamento concorrente: força e resistência


Geralmente as pessoas acreditam que o treinamento de
força influencia negativamente no treinamento de resistência.
Esse pensamento é devido ao fato de que o treinamento de
resistência provoca algumas adaptações fisiológicas contrárias ou
inversas às adaptações ocasionadas pela prática do treinamento
de força. No entanto, o treinamento de força e o de resistência
concomitantes promovem o mesmo aumento do VO2máx.,
quando comparados ao treinamento isolado de resistência, e
ainda aumentam a força muscular. Além disso, o treinamento de

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 165


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

força e o de resistência podem aumentar o tempo de exercício


realizado em determinada intensidade.
De qualquer forma, a intensidade, o volume e a frequência
semanal podem influenciar nos ganhos de força e resistência
obtidos com o treinamento combinado.

Como se determina o VO2máx.?


A determinação do consumo máximo de oxigênio pode ser
realizada indiretamente utilizando esteira ergométrica, bicicleta
ergométrica, bancos próprios, pista de atletismo ou, até mesmo,
uma rua sem movimento ou qualquer espaço medido no qual o
indivíduo pode caminhar e/ou correr para ser avaliado.

Exemplo de teste indireto para determinação do VO2máx.

Teste de caminhada ou corrida de Cooper (2.400 minutos).–––


Neste teste, o indivíduo deve caminhar ou correr o mais rápido que conseguir
na distância de 2.400 metros. Você deve cronometrar o teste e aplicar o
resultado na seguinte fórmula:

VO 2 máx. ( ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 ) =
( D ⋅ 60 ⋅ 0, 2 ) + 3,5
Duração em segundos

D = distância percorrida.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Vamos calcular o VO2máx. tendo como exemplo um
indivíduo do sexo masculino com 25 anos de idade e que
percorreu os 2.400 metros em 12 minutos. O primeiro passo
é transformar o tempo de minutos em segundos. Logo,

166 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

12 minutos ⋅ 60 = 720 segundos . Depois, devemos aplicar este


valor na fórmula dada:
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
( 2400 ⋅ 60 ⋅ 0, 2 ) + 3,5
VO 2 máx. ( ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 ) =
720

= 40, 0 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1
VO 2 máx.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Você pode comparar esse resultado com o Quadro 5 a
seguir para classificar o condicionamento cardiorrespiratório do
indivíduo:

Quadro 5 Nível de Capacidade Aeróbia para Homens – Teste de


Cooper de 2.400 metros.
VALORES DE CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO

(VO2máx. em ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 )
Faixa Muito
Fraca Regular Boa Excelente Superior
etária fraca

35,1 - 51,0 -
38,4 - 45,2 -
38,3 55,9
45,1 50,9
33,1 - 46,5 -
13 - 19 36,5 - 42,5 -
- 35,0 36,4 52,4 > 56,0
20 - 29 42,2 46,4
- 33,0 31,6 - 45,0 - > 52,5
30 - 39 35,5 - 41,0 -
- 31,5 35,4 49,4 > 49,5
40 - 49 40,9 44,9
- 30,2 30,3 - 43,8 - > 48,1
50 - 59 33,6 - 39,0 -
- 26,1 33,5 48,0 > 45,4
Mais 38,9 43,7
26,2 - 41,0 -
de 60 31 - 35,7 35,8 -
- 20,5 30,9 45,3 > 44,3
anos 40,9
26,1 -
20,6 - 36,5 -
32,2 32,3 - 44,
26,0 44,2
Fonte: Marins e Giannichi (1998, p. 155).

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 167


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Quadro 6 Nível de Capacidade Aeróbia para Mulheres – Teste de


Cooper de 2.400 metros.
VALORES DE CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO

(VO2máx. em ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 )
Faixa Muito
Fraca Regular Boa Excelente Superior
etária fraca

13 - 19
- 25,0 25,1-30,9 31,0-34,9 35,0-38,9 39,0-41,9 > 42
20 - 29
- 23,6 23,7-28,9 29,0-32,9 33,0-36,9 37,0-40,9 > 41
30 - 39
- 22,8 22,9-26,9 27,0-31,4 31,5-35,6 35,7-40,0 > 40,1
40 - 49
- 21,0 21,1-24,4 24,5-28,9 29,0-32,8 32,9-36,9 > 37,0
50 - 59
- 20,2 20,3-22,7 22,8-26,9 27,0-31,4 31,5-35,7 > 35,8
Mais
de 60
- 17,5 17,6-20,1 20,2-24,4 24,5-30,2 30,3-31,4 > 31,5
anos
Fonte: Marins e Giannichi (1998, p. 155).

Como você pode observar no Quadro 5, um indivíduo


de 25 anos do sexo masculino que corre 2.400 metros, em
12 minutos, apresenta uma classificação regular de aptidão
cardiorrespiratória.
É muito importante que você fique atento às diferentes
tabelas existentes na literatura para determinar o VO2máx.
Essas tabelas devem ser utilizadas com cuidado porque podem
subestimar, ou seja, atribuir um valor ao VO2máx. menor do que
o real, ou superestimar o VO2máx., ou seja, atribuir um valor ao
VO2máx. maior do que o indivíduo apresenta.
Além disso, alguns indivíduos destreinados que apresentam
valores de VO2máx. baixos, mesmo após o treinamento, não
conseguem apresentar valores altos de VO2máx. Ao contrário,
indivíduos treinados que têm valores altos de VO2máx., mesmo
destreinados, continuam a apresentar valores altos de VO2máx.

168 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Tal fato ocorre porque, como já explicado, o componente


genético pode influenciar bastante na alteração do VO2máx.
Fizemos somente uma demonstração prática da
determinação indireta do VO2máx. Caso você deseje aplicar o
teste, deverá estudar todas as implicações para a sua realização.
Qualquer prescrição de atividade física tem que ser muito bem
planejada e orientada para prevenir qualquer tipo de prejuízo ao
avaliado.

Com a leitura proposta no Tópico 3.1., você estudará


sobre os fatores determinantes e limitantes do consumo
máximo de oxigênio (VO2máx.) Antes de prosseguir para
o próximo assunto, realize a leitura indicada, procurando
assimilar o conteúdo estudado.

2.2. ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Como abordado anteriormente, o sistema anaeróbio


lático, ou sistema glicolítico, utiliza a glicose e/ou o glicogênio
para a produção de energia para a ressíntese do ATP. Porém, um
dos produtos finais dessa reação é o ácido lático nos músculos.
Este, por sua vez, é convertido em lactato e entra na corrente
sanguínea.
Devemos lembrar que esta unidade visa explicar a cinética
do lactato sanguíneo e como podemos, por meio desta análise,
avaliar e prescrever tanto a intensidade quanto o volume de
treinamento em diversas modalidades esportivas. Antes de
iniciar a nossa discussão sobre a cinética do lactato no exercício,

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 169


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

é prudente fazermos uma explanação sobre as diferenças entre


ácido lático e lactato.

Ácido lático ou lactato?


Em vários momentos, quando estamos lendo sobre o ácido
lático, deparamo-nos com a palavra lactato. Será que ácido lático
e lactato são a mesma coisa? É claro que não, pois o ácido lático
e o lactato são moléculas diferentes.
Vamos explicar: durante o exercício de alta intensidade,
a célula muscular pode produzir grandes quantidades de ácido
lático. Rapidamente após essa produção, o ácido lático é ionizado,
liberando um íon hidrogênio. Esse acúmulo de H+ provoca a
acidez muscular, resultando na chamada acidose metabólica e,
consequentemente, diminuindo o pH intracelular.
A molécula restante é denominada lactato. Quando nos
referimos à célula muscular, expressamos ácido lático, e quando
analisamos o sangue, a denominação correta é lactato. Porém,
alguns fisiologistas utilizam qualquer um dos termos de maneira
intercambiável.

Cinética do lactato no exercício


No repouso, a concentração do lactato sanguíneo fica entre
0,8 mmol/l e 1,2 mmol/l. No início do exercício, existe pouco (ou
nenhum) aumento da concentração de lactato no sangue. Porém,
à medida que a intensidade do exercício aumenta e ultrapassa,
aproximadamente, de 50% a 70% do VO2máx., a concentração
de lactato aumenta de modo exponencial. Esse aumento reflete
as modificações plasmáticas no pH tanto nas concentrações de

170 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

bicarbonato e dos íons H quanto na produção de dióxido de


carbono por meio do tamponamento.
Durante o exercício, a musculatura ativa produz ácido lático
e libera-o no sangue, e na musculatura inativa, o fígado, coração
etc. removem o lactato. Portanto, a concentração de ácido lático
no sangue pode ser expressa da seguinte maneira (Figura 4):


Figura 4 Concentração sanguínea de ácido lático.

Isso quer dizer que o aumento do lactato sanguíneo não


reflete apenas a produção do ácido lático na célula muscular,
mas também a capacidade dos nossos tecidos de remover o
ácido lático produzido. Logo, a concentração de lactato depende
da capacidade de o organismo produzir e remover o ácido lático.
Enfim, a elevação do ácido lático durante o exercício
incremental, ou seja, no qual ocorre aumento das velocidades,
pode ser resultado do aumento da produção de ácido lático e da
diminuição da capacidade de o organismo removê-lo.
Geralmente, no início do exercício, as concentrações de
lactato não se alteram devido à capacidade de os nossos tecidos
removerem o ácido lático formado.
Mesmo em intensidades maiores, quando a liberação de
lactato pelo músculo pode ser de 3 a 4 vezes maior se comparada
à do repouso, a concentração de lactato no sangue pode não se
alterar devido à capacidade de o organismo remover o lactato
formado.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 171


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Fatores que influenciam o metabolismo do lactato no exercício

Idade
Durante a realização de determinado exercício, as crianças
apresentam menor concentração de lactato sanguíneo, quando
comparadas aos adultos. É provável que isso ocorra porque as
crianças não possuem o sistema anaeróbio lático tão desenvolvido
como os adultos. Dessa forma, durante determinado exercício, as
crianças devem utilizar mais o sistema aeróbio e menos o sistema
anaeróbio lático, quando comparadas aos adultos, e, com isso,
a concentração de lactato sanguíneo é menor. Por essa razão,
quando analisamos as concentrações de lactato das crianças,
devemos empregar a terminologia apropriada, de acordo com a
faixa etária e o nível de maturação sexual.

Tipo de fibra muscular


As fibras lentas ou do tipo I utilizam melhor o sistema
aeróbio para a produção de energia, quando comparadas com
as fibras rápidas ou do tipo II. Como as fibras I utilizam mais
o sistema aeróbio, recrutam, consequentemente, menos o
sistema anaeróbio lático. Com isso, as concentrações de lactato
sanguíneo em indivíduos que têm predominância de fibras lentas
são menores do que as concentrações de lactato em indivíduos
que apresentam percentual maior de fibras rápidas.

Disponibilidade de substrato
A quantidade de glicose (ou glicogênio) e de ácidos graxos
interfere no desempenho e na quantidade de lactato sanguíneo
formado. Portanto, antes de realizar a análise do lactato
sanguíneo, é importante ficar atento à dieta do indivíduo e se
este se recuperou dos treinamentos e/ou das competições.

172 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Limiar aeróbio e limiar anaeróbio


Apesar de existirem inúmeras definições e terminologias
para identificar o aumento da concentração de lactato no sangue,
abordaremos dois termos muito utilizados na análise do lactato
sanguíneo: o limiar aeróbio e o limiar anaeróbio.

Limiar aeróbio
O limiar aeróbio é definido como a intensidade do exercício
correspondente à concentração de 2,0 mmol de lactato no
sangue. Por exemplo: um indivíduo começa a correr na esteira
e, a cada três minutos de exercício, aumenta a velocidade em
um quilômetro por hora. No início do exercício, a concentração
de lactato pode permanecer inalterada. Porém, depois de alguns
estágios, a concentração de lactato aumenta acima do valor de
repouso. Quando a concentração de lactato sanguíneo atinge 2,0
mmol, é encontrado o limiar aeróbio (Figura 5).

Figura 5 Relação entre a intensidade do exercício e o limiar aeróbio.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 173


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Geralmente, os indivíduos sedentários apresentam o limiar


aeróbio em intensidades em torno de 50% a 60% do VO2máx.
Já os indivíduos treinados em atividades de longa duração, tais
como corrida, ciclismo e natação, apresentam tal limiar entre
65% e 80% do VO2máx.
Com qual finalidade podemos utilizar o termo limiar
aeróbio?
A intensidade do exercício correspondente ao limiar
aeróbio é a menor intensidade em que o indivíduo deve se
exercitar para conseguir alguma melhora na aptidão do sistema
cardiovascular, ou seja, se você pretende iniciar um programa de
atividade física, a intensidade correta é aquela correspondente
ao limiar aeróbio.

Limiar anaeróbio
O limiar anaeróbio é definido como a intensidade do
exercício correspondente à concentração de 3,5 mmol de
lactato no sangue. Utilizando o mesmo exemplo anterior para
a determinação do limiar aeróbio, imagine um indivíduo que
começa a correr na esteira e, a cada três minutos de exercício,
aumenta a velocidade em um quilômetro por hora. Quando a
concentração de lactato sanguíneo atinge 3,5 mmol, é encontrado
o limiar anaeróbio (Figura 6).

174 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Figura 6 Relação entre a intensidade do exercício e o limiar anaeróbio.

Com qual finalidade podemos utilizar o limiar anaeróbio?


O limiar anaeróbio é um dos melhores indicadores do
ritmo que o atleta deve impor durante as provas de resistência
na corrida, no ciclismo e na natação. Além disso, muitos
indivíduos atingem no limiar anaeróbio a máxima capacidade
de produção e remoção do lactato. Isso quer dizer que se você
se exercitar acima da intensidade correspondente ao limiar
anaeróbio, as concentrações de lactato sanguíneo aumentarão
mais intensamente até você entrar em fadiga, devido à grande
concentração de ácido lático na célula muscular.
Atletas de resistência conseguem se exercitar em
intensidades entre 80 e 90% de sua capacidade máxima em
estado estável. Provavelmente, nessa intensidade de exercício,
há equilíbrio entre a produção e a remoção do lactato sanguíneo.
Dessa forma, podemos afirmar que o indivíduo está exercitando-
se na intensidade correspondente ao limiar anaeróbio.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 175


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Como determinar o limiar aeróbio e o limiar anaeróbio?


Para a determinação do limiar aeróbio e anaeróbio, o
indivíduo deve realizar um teste incremental na esteira, iniciando
com uma caminhada e, a cada três minutos, aumentando a
velocidade da esteira em 1 quilômetro por hora.
Ao término de cada estágio, há uma pausa de, no máximo,
30 segundos. Durante essa pausa, são coletados 25 µl de sangue,
e é verificada a velocidade de corrida na esteira e a FC atingida
ao término do estágio.
Dependendo do local de coleta da amostra de sangue para
analisar a concentração de lactato, os valores obtidos podem
ser diferentes. Isso ocorre devido ao fato de que o lactato é
principalmente produzido e liberado pela musculatura ativa, mas
pode ser removido pelo fígado, pelo coração, pela musculatura
inativa e pela própria musculatura ativa.
Diante disso, o local de coleta do sangue deve ser sempre
o mesmo, no mesmo indivíduo ou em indivíduos diferentes
que possam efetivamente ser comparados. Portanto, com os
valores obtidos nas amostras de sangue, podemos calcular, por
interpolação, o limiar aeróbio e anaeróbio. Além disso, com a
obtenção da FC e da velocidade correspondente ao limiar aeróbio
e anaeróbio, podemos prescrever a intensidade e/ou o volume
do treinamento.

O ácido lático causa dor muscular?


É muito comum as pessoas perguntarem se a dor causada
de 24h a 48h e até 72 horas após o exercício é devida ao acúmulo
de ácido lático no músculo. Contudo, este não é o causador da
dor muscular tardia. Mesmo acumulando-se uma concentração

176 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

muito alta de ácido lático na musculatura ativa, a remoção


do músculo e corrente sanguínea é muito rápida. Em outras
palavras, o ácido lático é convertido em ácido pirúvico e utilizado
como substrato pelo coração e pelo musculoesquelético. Estima-
se que, aproximadamente, 70% do ácido lático formado durante
o exercício é oxidado, enquanto 20% é convertido em glicose e
10%, em aminoácidos.
Durante o exercício, parte do ácido lático produzido passa
pela corrente sanguínea e chega ao fígado. Nesse local, o ácido
lático pode ser convertido em glicose pela gliconeogênese.
Esta, por sua vez, sintetiza a glicose, principalmente no fígado, a
partir dos aminoácidos, do glicerol, piruvato e lactato. A glicose
sintetizada utilizando o lactato é transportada pela corrente
sanguínea, de volta para os musculoesqueléticos, para produzir
energia durante o exercício. Esta transformação do lactato em
glicose no fígado e o transporte aos músculos são denominados
Ciclo de Cori (Figura 7).

Fonte: Foss e Keteyian (2000, p. 71).


Figura 7 Ciclo de Cori.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 177


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Essa remoção do lactato pode ocorrer entre 1 e 2


horas após o término do exercício. Depois do aumento de,
aproximadamente, 12 vezes em relação ao valor de repouso, o
ácido lático pode ser removido e retornar aos valores de repouso
em cerca de 40 minutos.
Observando ainda a Figura 7, se, após o término do
exercício, o indivíduo se exercitar em intensidades baixas, entre
30% e 40% do VO2máx., a recuperação poderá ser mais rápida.
É provável que, para indivíduos treinados, a intensidade da
recuperação ativa deva ser maior quando comparada com a de
indivíduos destreinados.

Efeito do treinamento de resistência na remoção do lactato


O treinamento de resistência provoca o aumento da
densidade e do número de capilares que irrigam a musculatura
esquelética. Esse aumento favorece o transporte de oxigênio
para a musculatura e, particularmente, para as mitocôndrias,
porque há diminuição da distância entre o capilar e a mitocôndria,
como também diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo nos
capilares teciduais. Com essas alterações, a difusão de oxigênio
e o tempo para que ocorra tal difusão para as mitocôndrias
aumentam. Consequentemente, o trabalho do fluxo sanguíneo
para os músculos é menor em indivíduos treinados (Figura 8).

178 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Figura 8 Efeito do treinamento de resistência sobre a redistribuição do fluxo sanguíneo e


a remoção de lactato durante o exercício submáximo.

Os músculos conseguem utilizar mais oxigênio com menor


fluxo sanguíneo. Se o músculo tem menor fluxo sanguíneo, os
fígados e rins recebem fluxo sanguíneo maior (Figura 8). Como o
fígado remove o lactato pela gliconeogênese, o nível sanguíneo
de lactato é menor após um programa de treinamento de
resistência.
Indivíduos destreinados atingem o limiar de lactato
em intensidades do VO2máx. menores (aproximadamente
50% do VO2máx.) do que os indivíduos treinados (cerca de
75% do VO2máx.). É importante relatar que este é apenas
o comportamento do VO2máx. e do lactato sanguíneo de
determinado indivíduo. Dessa forma, cada indivíduo apresenta
determinado valor de lactato sanguíneo quando comparado
com o percentual do VO2máx.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 179


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Antes de realizar as questões autoavaliativas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras indicadas no Tópico
3.2. para compreender melhor a determinação do consumo
máximo do oxigênio e a análise do lactato sanguíneo.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone
Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível
de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo
(Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a
lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e
selecione: Bases Fisiológicas do Movimento Humano – Vídeos
Complementares – Complementar 4.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmente
os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. FATORES DETERMINANTES E LIMITANTES DO CONSUMO


MÁXIMO DE OXIGÊNIO (VO2MÁX.)

O consumo máximo de oxigênio (VO2máx.) pode ser


determinado por diversos fatores. Dentre eles, destacamos
o fator genético, a idade, o sexo e o treinamento. Além disso,

180 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

existem alguns fatores que limitam o VO2máx, tais como a


ventilação pulmonar, a difusão alveolocapilar de O2, o sistema
de transporte de O2 e a diferença arteriovenosa de O2. Para
compreender os referidos fatores, sugerimos a leitura do artigo
descrito a seguir:
• DENADAI, B. S. Consumo máximo de oxigênio:
fatores determinantes e limitantes. Revista
Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 1, n. 1, p.
85-94, 1995. Disponível em: <http://periodicos.
ufpel.edu.br/ojs2/index.php/RBAFS/article/
viewFile/454/498>. Acesso em: 11 set. 2015.
O consumo máximo de oxigênio também pode ser utilizado
para predizer a velocidade de corrida em adultos jovens? Para
responder a essa pergunta, leia o artigo descrito a seguir:
• MACHADO, F. A.; GUGLIELMO, L. G. A.; DENADAI,
B. S. Velocidade de corrida associada ao consumo
máximo de oxigênio em meninos de 10 a 15 anos.
Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São
Paulo, v. 8, n. 1, p. 1-6, jan./fev. 2002. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbme/v8n1/v8n1a01.
pdf>. Acesso em: 11 set. 2015.

3.2. DETERMINAÇÃO DO CONSUMO MÁXIMO DO OXIGÊNIO E


ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Uma questão bastante discutida no meio acadêmico é


“Qual índice é melhor: o consumo máximo de oxigênio ou a
análise do lactato sanguíneo?” O autor Benedito Sérgio Denadai
(1999) discute esses dois índices no artigo relacionado a seguir.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 181


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

É muito interessante essa discussão, e você deve fazer a leitura


deste artigo para ampliar os seus conhecimentos.
• DENADAI, B. S. Determinação da intensidade
relativa de esforço: consumo máximo de oxigênio
ou resposta do lactato sanguíneo. Revista Brasileira
de Atividade Física e Saúde, v. 4, n. 2, p. 77-81,
1999. Disponível em: <http://www.periodicos.
ufpel.edu.br/ojs2/index.php/RBAFS/article/
viewFile/1055/1220>. Acesso em: 11 set. 2015.
A determinação do consumo máximo de oxigênio e a
análise do lactato sanguíneo são métodos caros e que exigem um
profissional qualificado para aplicá-los e analisar os resultados.
Dessa forma, são muito oportunos os métodos indiretos que
possam ser utilizados com menor custo e maior facilidade de
aplicação. Com essa finalidade, os autores indicados a seguir
publicaram o artigo que aborda tal proposta.
• MAHSEREDJIAN, F.; BARROS NETO, T. L.; TEBEXRENI,
A. S. Estudo comparativo de métodos para predição
do consumo máximo de oxigênio e limiar anaeróbio
em atletas. Revista Brasileira de Medicina do
Esporte, v. 5, n. 5, set./out. 1999. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbme/v5n5/a02v5n5.
pdf>. Acesso em: 11 set. 2015.
Os artigos anteriormente indicados podem não ser de
fácil compreensão, porém, é necessário que você persista em
sua leitura e continue sempre pesquisando mais artigos que
tratam de assuntos do seu interesse. Somente dessa forma você
poderá superar as suas dificuldades e compreender melhor o
que os autores propõem. Assim, desejamos que a leitura desses
artigos seja um incentivo para os estudos no decorrer de sua vida
acadêmica e profissional.

182 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Para o indivíduo realizar atividades de longa duração, como a natação, o
ciclismo e a corrida, a energia é fornecida principalmente pelo sistema:
a) anaeróbio alático.
b) anaeróbio lático.
c) aeróbio.
d) aeróbio alático.
e) aeróbio lático.

2) A mais alta captação de oxigênio alcançada por um indivíduo utilizando


grandes grupos musculares pode ser definida como:
a) lactato sanguíneo.
b) consumo máximo de oxigênio.
c) limiar aeróbio.
d) limiar anaeróbio.
e) anaerobiose.

3) Assinale qual das opções completa corretamente a sentença a seguir:


O VO2máx. pode ser expresso em valores _________ ou _________ em
relação à massa corporal total.
a) relativos/absolutos.
b) definidos/indefinidos.
c) totais/parciais.
d) altos/baixos.
e) somados/subtraídos.

4) É vantajoso expressar o VO2máx. em valores relativos à massa corporal


total porque, em esportes nos quais o peso corporal influencia no desem-

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 183


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

penho, como a corrida, a comparação entre indivíduos de diferentes pesos


corporais é mais precisa?
a) Sim.
b) Não.
c) Às vezes.
d) Nunca.
e) Nem sempre.

5) Assinale qual das opções completa corretamente a sentença a seguir:


O VO2máx. é _____ quanto _____ for a massa muscular empregada, até
atingir um “ponto ótimo” de massa muscular, ou seja, depois de alcançado
esse ponto ótimo, qualquer aumento da massa muscular poderá refletir
em um _____ VO2máx.
a) maior/maior/maior.
b) menor/maior/menor.
c) menor/menor/menor.
d) maior/maior/menor.
e) menor/menor/maior.

6) Assinale qual das opções completa corretamente a sentença a seguir:


A variação do VO2máx. é muito grande. Há valores baixos, próximos de
________________, como em indivíduos com pneumopatias, e valores
tão altos como ________________, que podem ser encontrados em
corredores de alto nível.

a) 35 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 / 95 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 .
b) 55 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 / 35 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 .
c) 65 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 /105 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 .
d) 15 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 / 25 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 .
e) 15 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 / 85 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 .

184 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

7) Assinale qual das opções completa corretamente a sentença a seguir:


Para se obter melhorias no VO2máx., é necessário que o indivíduo
participe de treinamento abrangendo grandes grupos musculares, em
exercícios dinâmicos. Por exemplo: natação, ciclismo, corrida ou qualquer
outra atividade que dure entre ____________, com frequência semanal
de __________ por semana e intensidade entre __________ do VO2máx.
a) 20 e 30 minutos/3 a 5 vezes/50% e 85%.
b) 50 e 90 minutos/3 a 5 vezes/50% e 85%.
c) 20 e 30 minutos/5 a 7 vezes/50% e 85%.
d) 20 e 60 minutos/3 a 5 vezes/50% e 85%.
e) 10 e 60 minutos/3 a 5 vezes/10% e 60%.

8) A quantidade de ácido lático produzida durante o exercício depende da:


a) massa muscular envolvida.
b) intensidade do exercício.
c) duração do exercício.
d) todas as alternativas anteriores estão corretas.
e) todas estão incorretas.

9) Assinale qual das opções completa corretamente a sentença a seguir:


Indivíduos que iniciam um programa de treinamento de resistência com
altos valores de consumo máximo de oxigênio apresentam melhorias na
faixa de __________, após dois ou três meses.
a) 2%-3%.
b) 5%-20%
c) 20%-30%.
d) 30%-50%.
e) 50%-70%.

10) Assinale qual das opções completa corretamente a sentença a seguir:


Indivíduos que iniciam um programa de treinamento de resistência com
baixos valores de consumo máximo de oxigênio apresentam melhorias na
faixa de __________, após dois ou três meses.
a) 2%-3%.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 185


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

b) 5%-20%.
c) 10%-20%.
d) 30%-50%.
e) 50%-70%.

11) Qual dos valores do consumo máximo de oxigênio a seguir é representati-


vo de um maratonista de alto nível?

a) 15 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 .
b) 25 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1
c) 35 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 .
d) 45 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 .
e) 85 ml ⋅ kg −1 ⋅ min −1 .
12) Qual das fórmulas a seguir poderia ser utilizada para calcular o consumo
máximo de oxigênio?

a) FC máx. ⋅ VS máx. ⋅ diferença arteriovenosa de oxigênio máxima .

b) FC ⋅ VS máx. ⋅ diferença arteriovenosa de oxigênio máxima .

c) FC máx. ⋅ VS ⋅ diferença arteriovenosa de oxigênio máxima .

d) FC máx. ⋅ VS máx. ⋅ diferença arteriovenosa de oxigênio .

e) FC. ⋅ VS. ⋅ diferença arteriovenosa de oxigênio máxima .

13) O produto do DCM pela diferença máxima arteriovenosa de oxigênio (dif.


art-ven. O2máx.) é denominado:
a) consumo máximo de oxigênio.
b) limiar aeróbio.
c) limiar anaeróbio.

186 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

d) máxima fase estável.


e) platô de oxigênio.

14) Assinale qual das opções completa corretamente a sentença a seguir:


No treinado, o volume diastólico final é _____ devido a um(a) _______
do ventrículo esquerdo e do retorno venoso. Com isso, há um(a) _______
da contratilidade cardíaca e um(a) ________ da resistência ao fluxo
sanguíneo.
a) maior/aumento/aumento/aumento.
b) maior/aumento/diminuição/diminuição.
c) maior/aumento/aumento/diminuição.
d) maior/diminuição/aumento/diminuição.
e) menor/aumento/aumento/diminuição.

15) Qual das alternativas a seguir provoca um aumento do volume de ejeção?


a) um aumento do volume diastólico final.
b) um aumento da contratilidade cardíaca.
c) uma diminuição da pós-carga.
d) todas as alternativas anteriores estão corretas.
e) todas estão incorretas.

16) Acredita-se que o aumento da capacidade de o músculo extrair O2 após


um programa de treinamento de resistência deva-se principalmente ao:
a) aumento da densidade capilar.
b) aumento do número de mitocôndrias.
c) aumento do tamanho das mitocôndrias.
d) aumento do retículo endoplasmático.
e) aumento do complexo de Golgi.

17) Resumidamente, quais são os fatores que determinam maior consumo


máximo de oxigênio?
a) Aumento do DCM e aumento dos capilares.
b) Aumento da diferença arteriovenosa de oxigênio e aumento das
mitocôndrias.
c) Aumento do VS e aumento do fluxo sanguíneo.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 187


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

d) Todas as alternativas anteriores estão corretas.


e) Todas estão incorretas.

18) Com o aumento da intensidade do exercício, há aumento na FC e na pres-


são arterial sistólica. Com isso, há aumento na sobrecarga de trabalho do
coração. O duplo-produto é calculado multiplicando:
a) DC x pressão arterial sistólica.
b) VS x pressão arterial sistólica.
c) FC x DC.
d) FC x VS.
e) FC x pressão arterial sistólica.

19) Quais fatores influenciam o metabolismo do lactato no exercício?


a) Idade, tipo de fibra muscular e disponibilidade de substrato.
b) Tipo de fibra muscular e sexo.
c) Disponibilidade de substrato e condicionamento físico.
d) Idade, condicionamento físico e disponibilidade de substrato.
e) Sexo, disponibilidade de substrato e idade.

20) Assinale qual das opções completa corretamente a sentença a seguir:


O _______________ é definido como a intensidade do exercício correspondente
à concentração de 2,0 mmol de lactato no sangue. O _______________ é
definido como a intensidade do exercício correspondente à concentração de
4,0 mmol de lactato no sangue.
a) limiar aeróbio/limiar anaeróbio.
b) limiar anaeróbio/limiar aeróbio.
c) limiar aeróbio/limiar aeróbio.
d) limiar anaeróbio/limiar anaeróbio.
e) lactato mínimo/limiar aeróbio.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:

188 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Questões Resposta
1 C
2 B
3 A
4 A
5 D
6 E
7 D
8 D
9 A
10 D
11 E
12 A
13 A
14 C
15 D
16 A
17 D
18 E
19 A
20 A

5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao término da quarta e última unidade de Bases
Fisiológicas do Movimento Humano. Seria muita pretensão de
nossa parte acreditar que este material é completo e possibilita
a você excelente conhecimento sobre a Fisiologia do Exercício.
Muito longe disso! Para bom conhecimento nesta área, é
importante que você consulte várias referências bibliográficas e
artigos científicos relacionados aos assuntos aqui tratados. Com
o decorrer dos seus estudos, você perceberá que o aprendizado
é contínuo, isto é, as pesquisas são infindáveis.

© BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO 189


UNIDADE 4 – CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E ANÁLISE DO LACTATO SANGUÍNEO

Desejamos que este conteúdo possa ter despertado o


seu interesse e prazer pela leitura, como também seja apenas o
início de muitos anos de dedicação e entusiasmo pela Fisiologia
do Exercício.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DENADAI, B. S. Índices fisiológicos de avaliação aeróbia: conceitos e aplicações.
Ribeirão Preto: B. S. D., 1999.
DENADAI, B. S.; GRECO, C. C. Prescrição do treinamento aeróbio: teoria e prática. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
DUFFIELD, R.; DAWSON, B.; GOODMAN, C. Energy system contribution to 100-m and
200-m track running events. Journal of Science and Medicine in Sport, Belconnen, v. 7,
n. 3, p. 302-313, 2004.
______. Energy system contribution to 400-metre and 800-metre track running.
Journal of Sports Science, London, v. 23, n. 3, p. 299-307, 2005.
FOSS, M. L.; KETEYIAN, S. J. Fox – Bases fisiológicas do exercício e do esporte. 6. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
HILL, D. W. Energy system contributions in middle-distance running events. Journal of
Sports Science, Abingdon, v. 17, n. 17, p. 477-483, 1999.
MARINS, J. C. B.; GIANNICHI, R. S. Avaliação e prescrição de atividade física: guia
prático. 2. ed. Rio de Janeiro: Shape, 1998.
McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício – Energia, nutrição e
desempenho humano. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do Exercício – Teoria e aplicação ao
condicionamento e ao desempenho. 8. ed. Barueri: Manole, 2014.
ROBERGS, R. A.; ROBERTS, S. O. Princípios fundamentais de Fisiologia do Exercício para
aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Phorte Editora, 2002.

190 © BASES FISIOLÓGICAS DO MOVIMENTO HUMANO

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