Violência Conflitos e Técnicas Constitucionais em Segurança Pública
Violência Conflitos e Técnicas Constitucionais em Segurança Pública
Violência Conflitos e Técnicas Constitucionais em Segurança Pública
ESPÍRITO SANTO
1 SUMÁRIO
5 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 48
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1 VIOLÊNCIA, CRIME E CONTROLE SOCIAL
Fonte: blogdoenem.com.br
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"modernidade tardia", pois os laços de interação social são orientados por modos
violentos de sociabilidade, invertendo as expectativas do processo civilizatório
(Harvey, 1993:17). Afirma Sousa Santos (1994:271): "(...) o Estado perde o monopólio
da violência legítima que durante dois séculos foi considerada a sua característica
mais distintiva. (...) Em geral os Estados periféricos nunca atingiram na prática o
monopólio da violência, mas parecem estar hoje mais longe de o conseguirem do que
nunca". As raízes sociais desses atos de violência difusa parecem localizar-se nos
processos de fragmentação social, os quais refletem "a desagregação dos princípios
organizadores da solidariedade e a crise da concepção tradicional dos direitos sociais
em oferecer um quadro para pensar os excluídos". (Rosanvallon, 1995:9). Em outras
palavras, estamos diante de processos de massificação paralelos a processos de
individualização — "Somos células em uma sociedade de massas. A globalização é
celular", pois a "multidão solitária" vive em uma pluralidade de códigos de conduta
(Díaz, 1989:89-91). A cultura pós-moderna privilegia o acontecimento: "A realidade
pós-moderna assume a existência de conflitos irresolúveis" (Díaz, 1989:37).
Desenvolve-se a vivência de uma incerteza: "O mundo pós-moderno está se
preparando para a vida sob uma condição de incerteza que é permanente e
irredutível" (Bauman, 1998:32).
Esta é uma das facetas da lógica cultural do capitalismo avançado: a
pluralidade, a descontinuidade, a dispersão (Jameson,1996). Como evoca Díaz
(1989:17): "Nossa época, desencantada, se desembaraça das utopias, reafirma o
presente, resgata fragmentos do passado e não possui demasiadas ilusões a respeito
do futuro". As relações de sociabilidade passam por uma nova mutação, mediante
processos simultâneos de integração comunitária e de fragmentação social, de
massificação e de individualização, de ocidentalização e de desterritorialização (Ianni,
1996). Repõe-se o problema de qual é o lugar da alteridade cultural na sociedade em
processo de mundialização: "Nas sociedades do capitalismo tardio, o culto da
liberdade individual e o desdobramento da personalidade se reformam e se localizam
no centro mesmo das preocupações" (Díaz, 1989:17). Retoma-se uma inquietação
que estava presente nos primeiros sociólogos, pois: "O projeto sociológico nasceu de
uma inquietude sobre a capacidade de integração nas sociedades modernas: como
estabelecer ou restaurar os laços sociais em sociedades fundadas na soberania do
indivíduo?" (Schnapper, 1998: 15). Rompe-se a consciência coletiva da integração
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social, um "declínio dos valores coletivos e com o crescimento de uma sociedade
extremamente individualista" (Hobsbawm, 2000:136).
As questões sociais, desde o século XIX centradas em torno do trabalho
(Castel, 1998), tornam-se questões complexas e mundiais, pois várias são as
dimensões do social que passam a ser questionadas, entre elas a questão dos
vínculos sociais. Trata-se de uma ruptura do contrato social e dos laços sociais,
provocando fenômenos de "desfiliação" e de ruptura nas relações de alteridade,
dilacerando o vínculo entre o eu e o outro.
No limiar do século XXI, o panorama mundial é marcado por questões sociais
mundiais que se manifestam, de forma articulada e com distintas especificidades, nas
diferentes sociedades. Paradoxalmente, o internacionalismo está fundado em
problemas sociais globais, tais como a violência, a exclusão, as discriminações por
gênero, os vários racismos, a pobreza, os problemas do meio ambiente e a questão
da fome. As transformações do mundo do trabalho, mediante as mudanças
tecnológicas, com novas possibilidades de emprego em determinados setores as
quais vêm acompanhadas pela precarização do trabalho, pelo desemprego e pelo
processo de seleção/exclusão social (Laranjeira, 1999). Instaura-se um modo de
organização da produção pós-fordista, caracterizado pela desregulamentação, pela
crise do salariado: a precarização do assalariamento como princípio da conflitualidade
social, redução do mercado de emprego formal, provocando a "desfiliação" dos
trabalhadores em relação às estruturas coletivas do mundo do trabalho (Castel, 1998;
Taylor, 1999:224; Garland, 2001:81-82).
Conforme situa Hespanha (1999): "E não só as velhas desigualdades baseadas
nas diferenças de classes e de estatuto social em termos de rendimento, capital
educacional ou prestígio não desapareceram como emergiram (ou tornaram-se mais
visíveis) novas desigualdades baseadas em outros fatores de distinção como o sexo,
a etnia, a religião ou os modos de vida" (Hespanha, 1999:70). Neste contexto,
emergem diferentes formas de desigualdade e de subordinação, seja em trabalhos
temporários, seja pelo surgimento dos "novos pobres" ou pela vivência da "miséria do
mundo" (Taylor, 1999:12; Bourdieu, 1993).
Também são relevantes as mudanças no mundo rural, desde a questão global
da fome até as inovações tecnológicas, e as novas formas de organização produtiva,
como a agricultura familiar e as atuais lutas sociais pela terra em diferentes países. A
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importância para o futuro da relação do homem com a natureza, indicando a questão
ecológica, a discussão sobre as tecnologias intermediárias e a noção de
desenvolvimento com sustentabilidade (Sachs, 1993). Desencadeiam-se processo de
exclusão social: os "sem classe", "sem terra", aqueles que vivem a exclusão digital,
os "sem teto", aqueles que passam fome ou os "sem trabalho".
Um novo espaço social mundial de conflitualidades está se desenhando nos
espaços e nos tempos da globalização (Ianni, 1996; Sousa Santos, 1994; Harvey,
1993; Giddens, 1991), com a predominância da mercantilização do social e a
destruição das sociabilidades coletivas, ou seja, "o mercado é agora a fundamental
força motor das práticas e discursos sociais e políticos contemporâneos", com o
"desenvolvimento de novas formas de desigualdade social (Taylor, 1999:54).
As instituições socializadoras vivem um processo de crise e
desinstitucionalização, a família, escola, processos de socialização, fábricas,
religiões, e o sistema de justiça criminal (polícias, tribunais, manicômios judiciários,
prisões).
A crise da família avoluma-se, seja pela desnaturação da ordem patriarcal
realizada pelo movimento feminista, a crítica da dominação masculina (Bourdieu,
1998), seja pelo registro da violência doméstica (Saffioti; Almeida, 1995; Gregori,
1992). Analisa Garland (2001:82-83): "A estrutura da família foi substancialmente
transformada. Houve um acentuado declínio (e concentração no tempo) da fertilidade,
com as mulheres se casando mais tarde, tendo poucos filhos e reentrando no trabalho
remunerado imediatamente após dar à luz. Houve também um súbito e notável
aumento dos divórcios". Também as dificuldades da identidade de gênero (Taylor,
1999:37-41) e as transformações da posição das mulheres na sociedade
contemporânea.
A crise da família cristaliza tais mudanças nos laços sociais, pois as funções
sociais desta unidade social marcada por relações de parentesco — assegurar a
reprodução da espécie, realizar a socialização dos filhos, garantir a reprodução do
capital econômico e da propriedade do grupo, assegurar a transmissão e reprodução
do capital cultural — estão atualmente ameaçadas.
Por um lado, em decorrência da própria diversidade de tipos de família no Brasil
atual — família nuclear, família extensa em algumas áreas rurais, famílias
monoparentais, famílias por agregação. Por outro, os tipos de relações de
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sociabilidade que nela se realizam são variadas, marcadas originalmente pela
afetividade e pela solidariedade, agora reaparecem como largamente conflitivas,
como o demonstram os fenômenos da violência doméstica. Finalmente, as funções
de socialização são compartilhadas pela escola e pelos meios de comunicação. Dessa
forma, identifica-se uma desorganização do grupo familiar, com as funções de
reprodução econômica ameaçadas pela crise do emprego assim como pelos efeitos
da crise do Estado-Providência.
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serviços básicos tais como lojas, empregos e bom transporte público" (Garland,
2001:84-85).
Produziu-se uma urbanização sociopática, com espaços urbanos fragmentados
e segmentados, seguindo um mesmo padrão geral: centros deteriorados e bairros
periféricos carentes, habitados por populações vulneráveis; bairros de populações de
altas rendas, com forte presença de segurança privada assim como a implementação
de condomínios fechados (Caldeira, 2000); territórios controlados pelo "crime
organizado"; espaços privados de comércio, com controle social por segurança
privada; desigualdade social e espacial; violência cotidiana nas ruas; e violência no
espaço escolar (Taylor, 1999:110). Em suma, a falência do poder público regulatório.
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contemporâneas, pois nos encontramos diante da mundialização da violência e da
injustiça (Tavares dos Santos, 2002a).
Na sociedade brasileira, a Constituição de 1988, denominada de Constituição
Cidadã, representou a instauração do Estado Democrático de Direito, com inúmeras
possibilidades de aumento no acesso à Justiça, abrindo um processo de
informalização da Justiça (Azevedo, 2000). Entretanto, foi escassa a discussão sobre
o direito à segurança, prevalecendo o ponto de vista dos comandos das Polícias
Militares estaduais, o qual garantiu a definição constitucional dessas polícias como
força auxiliar das forças armadas (Constituição Federal de 1988, art. 144) (Caldeira,
2000).
As forças sociais democráticas vinham fazendo a denúncia de graves violações
de direitos humanos desde os anos de "chumbo" da ditadura militar. Por um lado, os
liberais consideravam que o Estado de Direito superaria tanto a violência do Estado
quanto a criminalidade. Por outro, as forças de esquerda falavam em violência
estrutural do modo de produção capitalista, considerando o crime um epifenômeno
das relações de exploração. Poucos percebiam as relações entre cultura e violência
como estratégia de sobrevivência para algumas camadas populares (Oliven, 1982).
Somente nos anos 90, a violência veio a tornar-se um problema social e uma
questão sociológica. Os estudos sobre o crime já estavam presentes na historiografia
brasileira (Bretas, 1991), os processos da violência política rural já vinham sendo
analisados, com larga tradição nos estudos sociológicos (Tavares dos Santos, 1991),
e a denúncia da violência contra os trabalhadores rurais e camponeses passou a ser
sistemática (CPT, 1989a-2002). A noção de "criminalidade violenta" passou a ser um
instrumento chave para explicar a junção do crime com a violência, inaugurando uma
larga série de pesquisas e estudos de caso (Adorno, 1993; Zaluar, 1999; Kant de Lima
et al., 2002). Em outras palavras, a publicação de uma série de resenhas sobre o
estado da arte dos estudos sociológicos sobre crime e violência, incluindo os estudos
sobre as polícias, a segurança pública, o poder judiciário penal, as prisões e os
fenômenos de violência na escola (Sposito, 2001). A diversidade regional dos estudos
já possibilita também uma visão comparativa entre cidades e Estados, acrescendo a
visibilidade social e a compreensão sociológica das conflitualidades na sociedade
brasileira.
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No início do século XXI, a questão das conflitualidades — das formas de
violência, das metamorfoses do crime, da crise das instituições de controle social e
dos conflitos sociais — configura-se pela emergência de novas modalidades de
conflitos sociais: "Estamos em presença de um social heterogêneo, no qual nem
indivíduos nem grupos parecem reconhecer valores coletivos. Esse contexto dá
origem a múltiplos arranjos societários, a múltiplas lógicas de condutas.
Predominando tal situação é válido falar em sociedade fragmentada, plural,
diferenciada, heterogênea" (Grossi Porto, 1994). Conformam-se novas questões
sociais mundiais, seja porque "os processos de transformação pelas quais vem
passando o trabalho afetam sua característica de integração social, com uma
configuração fundamentalmente marcada pela fragmentação" (Grossi Porto, 1994),
seja pela expansão dos fenômenos da violência difusa, para cuja explicação poderia
ser útil uma microfísica da violência (Tavares dos Santos, 2002). Retomamos esta
definição de violência difusa: as diferentes formas de violência presentes em cada um
dos conjuntos relacionais que estruturam o social podem ser explicadas se
compreendermos a violência como um ato de excesso, qualitativamente distinto, que
se verifica no exercício de cada relação de poder presente nas relações sociais de
produção do social. A ideia de força, ou de coerção, supõe um dano que se produz
em outro indivíduo ou grupo social, seja pertencente a uma classe ou categoria social,
a um gênero ou a uma etnia, a um grupo etário ou cultural. Força, coerção e dano, em
relação ao outro, enquanto um ato de excesso presente nas relações de poder. Pode-
se verificar empiricamente na sociedade brasileira a seletividade social das vítimas:
trabalhadores urbanos, moradores de bairros populares, pais, crianças, mulheres,
jovens, negros, índios. Do sexo masculino: acidentes de trânsito, homicídios, armas
de fogo; jovens e adolescentes: abuso sexual; violência doméstica (contra crianças,
idosos, mulheres): contra crianças, castigos corporais e maus-tratos; violência sexual
contra as mulheres e o aumento do registro da violência doméstica.
A violência como nova questão social global está provocando mudanças nos
diferentes Estados, com a configuração de Estado de Controle Social repressivo: em
outras palavras, estamos diante de formas contemporâneas de controle social, com
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as características de um Estado repressivo acompanhando a crise do Estado-
Providência. Alguns elementos possibilitam caracterizar este estado penal:
- O discricionarismo e a violência policial aparecem como umas das novas
questões sociais globais, em grande parte ainda impensada pela sociologia, na
perspectiva da conflitualidade. Na última década, a questão policial tornou-se mais
complexa, seja pela suposta ineficácia e ineficiência frente ao crescimento e
diferenciação das ações sociais socialmente criminalizadas, seja pelos novos
fenômenos criminalizados na "modernidade tardia" nos países centrais do mundo
capitalista (Young, 1999). Expande-se, pelo planeta, a opção pelo crescimento das
funções de controle social repressivo da polícia, com o apelo sistemático ao uso da
violência ilegal e ilegítima.
- O controle social do crime não é mais apenas das agências estatais, mas
também das polícias privadas, formais ou precárias, configurando um "complexo de
serviços privados de segurança".
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- O encarceramento dos "consumidores falhos", pois "a busca da pureza pós-
moderna expressa-se diariamente com a ação punitiva contra os moradores das ruas
pobres e das áreas urbanas proibidas, os vagabundos e os indolentes" (Bauman,
1998:26). Consolidou-se a indústria carcerária: "Durante os últimos vinte e cinco anos,
a população de encarcerados e de todos os que obtêm a sua subsistência da indústria
carcerária — a polícia, os advogados, os fornecedores de equipamento carcerário —
tem crescido constantemente. O mesmo aconteceu com a população de ociosos —
exonerados, abandonados, excluídos da vida econômica e social.
Consequentemente, como seria previsível, aumentou o sentimento popular de
insegurança" (Bauman, 1998:49; Wacquant, 2000). Finalmente, a barbárie das
prisões enquanto depósito de "hombres infames", nas quais passa a predominar uma
orientação repressiva, aumenta a duração das penas privativas de liberdade,
restringindo-se a vida dos apenados nos presídios de segurança máxima, com o
abandono dos ideais "correcionais" da época anterior.
Em síntese, o Estado do controle social penal apresenta as seguintes
características: a polícia repressiva, o Judiciário penalizante, a privatização do
controle social, fazendo com que o crescimento das polícias privadas e das prisões
privadas seja acompanhado pelo "complexo industrial-policial", ou todos os ramos
industriais envolvidos com equipamentos e instalações de prevenção e repressão ao
crime, tais como seguros, segurança privada, viaturas, equipamentos de
comunicação, sistemas de informação, etc. (Taylor, 1999:213-222).
As dificuldades políticas advindas dos processos de transição democrática na
América Latina, nos últimos 20 anos, pois não só permanece o desconhecimento e a
surpresa, em face da expansão dos fenômenos de violência, como nos esforços de
reconstrução institucional visando a plenitude do Estado de Direito não foi colocada
em questão várias dimensões do controle social institucional, em particular, a situação
das prisões e os modos de funcionamento das polícias. Cabe salientar as dificuldades
de acesso à justiça, a seletividade social da justiça penal e a perda de legitimidade
das instituições de controle social.
As lutas sociais contra a violência expressam as possibilidades de uma
governamentalidade, fundada na sociedade civil e na construção social da cidadania,
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buscando-se a reconstrução das relações de sociabilidade mediante outras bases da
solidariedade social.
Entre os agentes da transformação, podemos identificar as instituições da
sociedade civil que promoveram tais lutas: a campanha de Hélio Bicudo contra os
"grupos de extermínio" em São Paulo, nos anos 70; a campanha pela Anistia, de 1975
a 1979; o grupo ecumênico, católico, luterano e judeu, do movimento "Tortura Nunca
Mais", no início dos anos 80; a Campanha Nacional contra a Violência, levada adiante
pela OAB; e a Campanha sobre a Violência contra a Criança, organizada pela
Confederação Nacional dos Bispos do Brasil — CNBB, Igreja Evangélica de Confissão
Luterana do Brasil — IECLB e Comissão Pastoral da Terra — CPT.
Nos anos 90, assistimos a sucessivas campanhas contra a violência no campo,
protagonizadas pela Comissão Pastoral da Terra, da CNBB, Confederação dos
Trabalhadores na Agricultura — Contag e Instituto Brasileiro de Análise Sociais e
Econômicas — Ibase, desde 1985; as Comissões de Direitos Humanos; as ONG,
como o Movimento Viva Rio; as campanhas contra a violência à mulher; os
movimentos de homossexuais denunciando a violência contra gays, lésbicas e
travestis; as lutas do movimento negro, e tantas outras.
Também as campanhas contra a violência nos presídios, levadas adiante pela
Comissão de Justiça e Paz Teotônio Vilela, da Arquidiocese de São Paulo; a
mobilização pela desmilitarização das polícias militares estaduais, capitaneada por
Hélio Bicudo e pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP, dirigido por Paulo Sérgio
Pinheiro; a Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados, as Comissões
de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (Relatório Azul,
1994-2002); e a Campanha pela Paz nas Escolas, capitaneada pela Unesco.
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mundialização da questão dos direitos humanos, desde a II Conferência Internacional
de Direitos Humanos, reunida em Viena, em 1995.
Estamos, desde 2001, em um período de proposições para "um outro mundo
possível", como aconteceu durante o Fórum Social Mundial de Porto Alegre, nos anos
de 2001, 2002 e 2003. Entretanto, se muito se discutiu sobre a violência, em particular
a violência doméstica e a violência contra os jovens, o debate sobre a questão da
segurança foi escasso, e sobre a questão da reforma das polícias foi nulo.
Assistimos a uma virtual impossibilidade do ofício de policial, seja pelas
dificuldades em garantir a ordem pública, por ela estar internacionalizada e
privatizada, seja pelas limitações em contribuir à construção do consenso, pois as
bases da comunidade não mais existem em sociedades complexas e com o mundo
do trabalho desestruturado. A análise de várias situações reais pode levar a perceber
a vigência, na sociedade brasileira, de uma representação social baseada em
tecnologias de poder repressivas, mas também cabe salientar a emergência de ações
coletivas e de trabalhos institucionais enquanto expressões de um movimento contra
a violência.
Tal movimento de reforma do trabalho policial tem sido, por um lado, marcado
por uma colaboração entre universidades e escolas de Polícia, em vários estados
brasileiros, nos últimos anos, que tem sido franca e profícua, indicando um movimento
de transformação de currículos, de conteúdos e de concepção do ofício de policial (em
Minas Gerais, a UFMG e a Fundação João Pinheiro; no Rio Grande do Sul, a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desde 1992; no Rio de Janeiro, a UERJ
e a Universidade Federal Fluminense; em São Paulo, a USP; na Bahia, a UFBA; em
Pernambuco, a UFPE; no Pará, a Universidade Federal do Pará, no Ceará, a
Universidade Federal do Ceará).
Na mesma perspectiva, estão as experiências e as discussões acerca do
modelo da polícia comunitária, ou da polícia de proximidade, mediante a análise das
experiências no Canadá, na França, na Espanha, nos Estados Unidos e na Inglaterra,
assim como em São Paulo, no Rio de Janeiro, na Bahia, no Amapá, no Espírito Santo
e no Rio Grande do Sul (Mesquita Neto, 1998; Muniz, 1997). Também está em curso,
no Brasil, uma discussão sobre a reforma das polícias estaduais, tendo sido lançado,
em dezembro de 1999, um projeto de emenda constitucional que propõe um "novo
modelo de polícia no Brasil", com os seguintes itens: unificação das polícias civis e
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militares em cada estado; extinção dos tribunais militares estaduais; eliminação do
inquérito policial; e controle externo das polícias por ouvidorias.
Desta forma, para responder a tais processos sociais planetários, impõe-se
propor uma diversificação nas alternativas de desenvolvimento para as sociedades
contemporâneas, tanto no centro como na periferia do sistema global. Contra essa
sociedade normalizadora e programada, efeito de uma tecnologia de poder centrada
na vida, e de um Estado orientado para o controle social penal emergem, aparecem,
no jovem século XXI, forças sociais de resistência, novos movimentos sociais, a crítica
aos processos sociais de construção da violência simbólica e das "representações
sociais da insegurança" e as concepções de uma polícia cidadã orientada para a
mediação de conflitos.
Seria, então, possível, pensar a construção de uma cidadania transnacional ou
mundial, marcada pela criação institucional e pela difusão e comunicação de práticas
sociais, jurídicas e simbólicas, inovadoras e globais, no âmbito da sociedade civil: "É
no âmbito da sociedade civil mundial, vista como o novo palco da história, que os
indivíduos e as coletividades, as classes e os grupos, os gêneros e as etnias, as
línguas e as religiões adquirem outros e novos significados, envolvendo movimentos
de integração e fragmentação, acomodação e contradição, reforma e revolução"
(Ianni, 2003:129).
Por um lado, a reinvenção das formas de solidariedade; por outro, a redefinição
do trabalho, em múltiplas relações sociais, tanto no espaço rural como no espaço
urbano; enfim, a prevenção e erradicação das formas de violência social; e a
construção de um outro tipo de trabalho policial.
Estamos no limiar de um processo político no qual a questão da segurança
retoma as origens da polis e da politeia, como conjunto das instituições necessárias
ao funcionamento e à conservação da cidade, incluindo-se o direito coletivo da
segurança dos cidadãos e cidadãs.
Em outras palavras, a emergência de uma noção de segurança cidadã, na
perspectiva da mundialização, supõe a construção social de controle social
democrático, mediante o qual tanto as instituições de socialização — a família, a
escola, as associações locais, os meios de comunicação — quanto as organizações
do controle social formal — as polícias, o sistema judiciário, as instituições prisionais
— reconstruam o objetivo de uma governamentalidade preocupada com as práticas
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de si, emancipatórias, dos conjuntos de cidadãos e cidadãs em suas vidas cotidianas,
em suas trajetórias sociais e em seus sonhos de sociedade. Tais possibilidades estão
presentes nas lutas sociais mundiais pela construção de uma sociedade democrática,
com novas modalidades de controle social orientadas pelo respeito à dignidade
humana.1
Fonte: www.informeblumenau.com
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pelos manifestantes, mas a convocação da Força Nacional carrega uma carga
simbólica digna de nota ao movimento.
Para os manifestantes, a Força Nacional pode ser entendida como um
grupamento formado por policiais militares de todos os estados da federação que
passaram por treinamento especial e são convocados em ocasiões especiais, mas,
ainda assim, são policiais militares, tal qual os grevistas que se encontram do outro
lado deste pêndulo. Uma das principais diferenças em relação à Força Nacional é o
fato de que os policiais militares que servem neste grupamento vivem destacados para
outras regiões e complementam, portanto, seus salários com as diárias recebidas por
estes deslocamentos. O montante empreendido no custeio de longos deslocamentos
a este grupamento especial por diferentes regiões do país pode ser ponto passível de
discussão junto ao poder estadual, uma vez que onera os cofres públicos e, assim,
contribui para alguns dos principais argumentos que barram as propostas de
elevação/equiparação de salários policiais.
Para evitar a propagação nacional da greve, ações no âmbito federal foram
também tomadas e a Polícia Federal foi acionada, através do Comando de Operações
Táticas da Polícia Federal – COTE, para cumprir os 12 mandados de prisão expedidos
pela Justiça para os comandantes da paralisação no estado.
A greve na Bahia já acabou, mas não restam dúvidas que outras surgirão. A
insatisfação geral das polícias militares não vai acabar. O uso da Força Nacional foi
um duro golpe, pois colocou policiais da mesma força uns contra os outros. A prisão
dos líderes pode dar ainda mais força ao movimento, pois esses homens passam a
ser considerados heróis da causa.
A habilidade de negociação das diversas instâncias do governo falhou. Acordos
que poderiam ter sido feitos não foram nem sequer discutidos. A gestão de segurança
pública foi levada ao limite de uma ação drástica que não abrevia uma solução.
Homens e mulheres das forças policiais de todo Brasil arriscam diuturnamente
suas vidas pelo dever de “proteger e servir”. Levam seu dever de ofício às últimas
instâncias e todos os dias vemos relatados casos de algum deles que tombaram em
serviço, no cumprimento de suas obrigações.
Para além da isonomia dos salários e da aprovação da PEC 300, é preciso
discutir a falta de efetivo, a carência de equipamentos de proteção individual, o
provimento de boas condições de trabalho, entre outros.
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Novas políticas para gestão dos profissionais de segurança pública precisam
ser adotadas, um estudo íntimo da situação de cada estado faz-se necessário e deve
ser encabeçado pela instância federal, como forma de superar a inabilidade manifesta
das instâncias estaduais em lidar com esses profissionais.
Enquanto o atual cenário de gestão das políticas de segurança pública e de
suas forças perdurar, não veremos solução próxima para as demandas das polícias
estaduais e teremos que aprender a gerir seus conflitos.2
Fonte:www.mtitecnologia.com.br
Observador de tiros
Infelizmente em grandes cidades tem se tornado cada vez mais troca de tiros
entre policiais e bandidos. A sociedade toda acaba se tornando refém de sua própria
ineficiência na hora de atuar na direção de corrigir os problemas sociais e votar em
governantes comprometidos com este tema, e nessa guerra não tão silenciosa, muitos
inocentes perdem a vida.
Está chegando ao Brasil um sistema desenvolvido nos Estados Unidos e que
promete reduzir em até 40% a taxa de homicídios e em mais de 70% a troca de tiros
em áreas públicas, possibilitando assim revisão e reordenação das políticas públicas
para a área de segurança.
Este é o Sistema de Detecção de Disparos de Armas de Fogo (SDD) que
através de um sistema acústico com sensores de áudio camuflados instalados em
diversas regiões de áreas urbanas, captará as ondas e identificará de onde tiros são
disparados. O sistema é inteligente e possui mecanismos de assinaturas acústicas
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para distinguir disparos de armas de fogo de outros barulhos “semelhantes”, como
fogos de artifício.
O sistema é simples: em caso de disparo dentro do perímetro coberto pelo
captador de áudio, o barulho do tiro é captado e então é a central telefônica da polícia
ou de qualquer outro órgão de segurança pré-programado é acionada.
A utilidade deste equipamento está justamente no fato de permitir uma ação
rápida da polícia, pois o local do disparo é conhecido no momento em que ele
acontece. Deste modo encurta-se o caminho entre a central de polícia e o local de
onde partiu o projétil, pois um simples contato com uma viatura próxima pode
surpreender e evitar uma série de contratempos.
Escolhas e estratégias
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porque esta é a principal via que estes encontram para chegar àquelas pessoas que
podem partilhar os seus valores, e partir daí, atuar na consciência da sociedade.
O processo de transformação
Ações coletivas
O uso de dispositivos móveis, tal como câmera de vídeo, feita pelos cidadãos,
são fundamentais para aumentar ainda mais a relação da população com os órgãos
públicos, devido ao acesso à internet e contribui para o empoderamento da sociedade.
Um dos modelos de inovações para a segurança pública, são os aplicativos de
smartphones que são desenvolvidos com o objetivo de melhorar a comunicação entre
o cidadão e os órgãos governamentais para gerar um melhor atendimento à
população.
Já a algum tempo a polícia europeia e norte-americana, repensou as suas
atribuições como a formação e o planejamento de suas estratégias de acordo com o
relacionamento com as comunidades.
30
Essa mudança aconteceu não apenas pelo fracasso dos modelos que eram
adotados anteriormente e considerados reativos, mas também pelas descobertas
científicas e muitas evidências sobre o assunto, como o sistema chamado de polícia
comunitária, com a finalidade de mapear o crime e a violência.
Isso é possível aliando os recursos tecnológicos que permitem uma boa
evolução para a segurança pública com novas técnicas de controle, investigação e
perícia contra o crime, como por exemplo o uso de câmeras em espaços públicos,
softwares de reconhecimento visual e voz, satélites para rastreamento e utilizando o
DNA como produção de provas, entre outros.
No Brasil alguns dos recursos e técnicas falados acima, estão sendo
empregados pela polícia, ainda que de forma parcial e/ou como projeto-piloto. O nosso
país está reconhecendo que inovações tecnológicas na segurança pública são
importantes e a implementação desta inovação está acontecendo pela comprovação
dos seus benefícios, e também pelo entendimento de que a mudança na segurança
pública é necessária.
Atualmente existe uma série de inovações práticas para a segurança pública
na prevenção e redução de violência na América Latina, que são implementadas pelo
governo e cidadãos, com o objetivo de diminuir ou acabar com a violência ligada ao
crime organizado e a gangues envolvidas com narcóticos.
Essas inovações são feitas através de estudos na América Latina e em outras
regiões da África (África do Sul e Quênia), da Ásia (Singapura e Tailândia) e do Oriente
Médio, que comprovam que as novas tecnologias de informação e comunicação,
através dos dispositivos móveis, as câmaras de vídeo e o fácil acesso à internet, são
utilizadas para dar voz a cidadãos e aprimorar a segurança pública.
O uso da tecnologia como aliada da segurança da população no Brasil ainda
precisa crescer, mas existe um grande avanço no desenvolvimento do combate à
violência e na parceria entre sociedade e os órgãos públicos para atender a
necessidade da população, e lutar por uma sociedade organizada e segura.
Podemos concluir que as inovações tecnológicas auxiliam a promover a
segurança pública, pois há um grande desenvolvimento da parceria entre a sociedade
e órgãos públicos em diversos países devido aos estudos que comprovam este fato.5
Nos últimos tempos, infelizmente, o assunto violência não tem saído dos
noticiários. Dia após dia, as estatísticas mostram que são crescentes os casos de
assaltos a mão armada, crimes contra a mulher e contra os patrimônios públicos e
privados e, em grande parte das cidades, é crescente o número de homicídios.
Neste contexto, não faltam discussões entre os poderes públicos e a sociedade
civil organizada para encontrar soluções que se mostrem eficientes para combater a
criminalidade. Entre elas, está a importância do uso da tecnologia como uma das
ferramentas essenciais para amenizar este problema.
De acordo com o sócio fundador da Mooh Tech, Everton Cruz, cada vez mais,
os três níveis de governos no Brasil e a sociedade civil vêm buscando maneiras de
aproveitar a revolução digital a fim de desenvolver abordagens inovadoras e
dinâmicas para resolver esta questão. “E as novas Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) têm sido utilizadas para dar voz aos cidadãos e aprimorar as
práticas das instituições”, complementa.
Segundo Cruz, entre as novas TICs estão os dispositivos móveis, como, por
exemplo, as câmeras de vídeo e os tão conhecidos smartphones. E, sem deixar de
considerar, claro, o devido acesso à internet. “As TICs têm sido fundamentais para
estreitar ainda mais a relação entre a população e os órgãos governamentais. Elas
também têm contribuído para o empoderamento da sociedade civil em locais onde o
poder público está distante dos cidadãos”, diz.
INOVAÇÕES
Fonte:fbsp.memoriaseguranca.org.br
I - polícia federal;
IV - policias civis;
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Temos então elencados aí os integrantes das Forças de Segurança Pública, e
mesmo não estando elencado expressamente, o agente de presídio tão é um
colaborador desta, exercendo de fato uma atividade policial no desenvolver de suas
atribuições diárias, coibindo as ações de organizações criminosas e combatendo os
tumultos diários das unidades prisionais.
Ressaltemos que o termo polícia abrange ainda uma vasta gama de atividades
estatais, conforme De Freitas, 1987, vejamos:
Segundo De Freitas (1987), o termo polícia abrange a atividade estatal voltada
para a defesa dos interesses da coletividade concernentes à tranquilidade, segurança
e salubridade pública. É o poder assegurado por lei ao Estado para defesa do
interesse coletivo, condicionando ou restringindo o uso e gozo de direitos individuais
que afetem o bem-estar social em um sentido mais amplo. No Brasil, a expressão
Poder de Polícia teve seu primeiro conceito no Código Tributário Nacional.
Temos então, a efetivação de mais uma força para auxiliar as forças de
segurança, os agentes de presídio, que passaram a ser responsáveis pelas ações de
contenção imediata destes tumultos, sendo, no entanto, capacitados desde o início
para terem suas atuações voltadas para o uso das tecnologias não-letais, visto que
seu contato é muito direito com multidões em tumulto e a utilização de forças letais
poderia ter resultados catastróficos.
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policial ou de terceiros, diante de uma ação deliberada do infrator. A verbalização deve
ser mantida sempre no sentido de desencorajar o comportamento do agressor.
Temos daí que a utilização das forças não-letais passa ainda por um sistema
de uso progressivo, até chegar a seu uso, fato este que preserva de maneira efetiva
os princípios constitucionais e as garantias legais do cidadão.
Enfim, podemos observar então que a tendência é a adoção da força não-letal,
sendo usada não somente para contenção de rebeliões em presídios, mas em
diversas outras situações como as que envolvem suspeitos armados, controle de
manifestações, suspeitos entrincheirados, sendo adotado pelas policias dos mais
diversos países.
Cumpre mencionar aqui rapidamente os dizeres de Alexander (2003),
mencionado por Wilquerson Felizardo Sandes, que endossa o fato de que as
tecnologias não-letais são utilizadas pelas mais diversas policias e ainda demonstra e
explica alguns tipos de equipamentos desta ramificação, vejamos:
(...) armas não-letais já são usadas por órgãos policiais de vários países,
principalmente em situações envolvendo: suspeitos armados; controle de
manifestações; rebeliões prisionais; suspeitos entrincheirados; prisões de alto risco;
libertação de reféns; combate às drogas; e também “suicídio-via-policial”, quando o
suspeito deseja morrer, mas quer que isso aconteça pelas mãos do policial. Conforme
o autor, existem várias opções em conceitos e aplicações tecnológicas em armas não-
letais: o “laser atordoante” utiliza luzes brilhantes que ofuscam a visão
temporariamente na direção geral do laser iluminado. A aplicação original visa
perturbar e desorientar suspeitos há cerca de 17 metros. O equipamento ainda está
restrito ao uso militar; o “feixe de energia direcionada” atua por ondas que causam dor
no suspeito. O uso é muito polêmico devido ao fato de feixe de radiofrequência causar
o aquecimento da área em exposição; a “arma eletrônica de atordoamento (Taser)”,
projetada em 1960 e empregada pelo Departamento de Polícia de Los Angeles desde
1980, incapacita pelo descontrole eletromuscular, por meio de lançamento de dardos
conectados à facão da arma de ar comprimido. Esta arma é utilizada em vários
departamentos de polícia. Um microchip registra todas as ocasiões em que a arma é
testada ou disparada, evitando, assim, o uso criminoso; os “lançadores de bean bag
(saco de feijão) ” utilizam armas com calibre 12, que disparam pequenos pacotes de
malha com carga de projeção dentro. Possui baixa energia cinética que tende a causar
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ferimento não-letal; os “sistemas pepperball” são armas de gás comprimido que
arremessam projéteis fragmentáveis de plástico, do tamanho de uma bola de gude,
carregados de gás de pimenta, atingindo o alvo até dez metros. Além do impacto de
baixa energia cinética, libera pó químico que produz uma pequena nuvem de poeira
fortemente irritante (ALEXANDER, 2005); Os “Sistemas Acústicos” visam assustar,
irritar e surpreender um sujeito-alvo provocando alguma dor no sistema auditivo e
causando vibração física. As frequências operam em infrassom, som audível e
ultrassom. Conforme Alexander, as armas não-letais não têm o papel de substituir
totalmente as armas letais, mas sua principal finalidade é permitir o uso da força em
uma escalada sem produzir mortes. Não deve restar dúvida na mente do agressor
sobre a existência de força suficiente para cumprir a missão que a situação exigir. Um
contraponto em relação ao emprego de armas não-letais surge do argumento de que
tais equipamentos podem ser letais ou usados para tortura, o que talvez não tenha
relação com o instrumento, mas sim com despreparo para o uso e a intenção de
emprego. O fato de equipamentos serem mal-empregados não é razão suficiente para
bani-los. Uma solução para controlar o uso criminoso da força constitui-se no
treinamento constante e na supervisão adequada. No Brasil, o Ministério da Justiça
lançou o Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), que, entre as
diversas ações, prevê, a partir de 2008, três milhões de reais para capacitação de 600
policiais em tecnologias não-letais em um período de quatro anos. Talvez a iniciativa
tenha contribuição do seminário internacional de armas não-letais ocorrido no Brasil
em 2006, com um amplo debate sobre o tema e consolidação de propostas. Esta
temática já está sendo objeto dos cursos de educação à distância do Ministério da
Justiça via Secretaria Nacional de Segurança Pública. A abordagem sobre o assunto
continua sendo apenas em ações sócio educativas. Recursos também precisam ser
destinados para a construção de uma política sobre o uso da força e desenvolvimento
de produtos e serviços inovadores, em parceria com outras áreas científicas.
Por fim, observamos então que as tecnologias não-letais estão substituindo o
uso das armas letais nas atuações penitenciárias e nas atuações das policias do Brasil
e do mundo, dando-se isto pelo fato de que a aplicação destes objetos tem sido muito
eficaz na solução dos conflitos, principalmente na área penitenciária onde temos que
atualmente quase todas, senão todas, as forças penitenciárias brasileira utilizam desta
tecnologia na contenção dos tumultos diários entre os internos, tendo como fim
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principal a preservação da dignidade dos mesmos e acima de tudo a manutenção da
vida destes, garantindo ainda a ordem e a disciplina na unidade prisional.7
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4.4 Polícia comunitária
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Se o profissional de segurança não conhece a comunidade à qual está
servindo, e senão conhece, principalmente, seus problemas, não atenderá aos
princípios do programa comunitário. Os Conselhos Comunitários de Segurança
funcionam com esse intuito, a comunidade se reúne com representantes da polícia
para explanar suas opiniões a respeito do trabalho policial e ajudar a polícia em
soluções para os problemas do bairro. Observa-se valorização da dignidade humana,
efetivação de cidadania e expressão democrática.
As comunidades compõem-se cada uma em sua complexidade, o
policiamento comunitário leva em consideração essas questões e acredita que modelo
de patrulhamento deve ser adaptado as necessidades de cada localidade. A proposta
de descentralização do comando leva em consideração as diferenças que
cada comunidade possui. Assim o comandante subordinado que tem liberdade
para coordenar de acordo com as prioridades que lhes são apresentadas poderá
adaptar de melhor forma o programa comunitário da área na qual atua.
A efetiva ação está no dia a dia, conhecendo as dificuldades e problemas da
comunidade, diferente do comando centralizado que se mantém distante e,
consequentemente, o atendimento se torna insuficiente. Assim Skolnick; Bayley
declaram que “a descentralização do comando é necessária para ser aproveitada a
vantagem que traz o conhecimento particular, obtido e alimentado pelo maior
envolvimento da polícia na comunidade”.
Resumidamente, polícia comunitária é a filosofia teórica de estudar o problema
e buscar soluções junto à comunidade; policiamento comunitário é a filosofia em ação
de buscar soluções para prevenir o problema antes que aconteça, também com apoio
da comunidade.
Polícia comunitária é uma filosofia nova no Brasil. A implantação do programa
busca resgatar a tão manchada história das forças de segurança no país, que por
erros do passado e também recorrentes nos dias de hoje prejudicou o contato com o
cidadão. Pelo fato de em outros países a iniciativa ter tido sucesso, o Brasil adotou a
implantação em todas as polícias do país. No Distrito Federal os Postos Comunitários
são a expressão mais latente de policiamento comunitário, entre outras iniciativas da
polícia como, teatro nas escolas e incentivo a esportes nas regiões mais pobres e
violentas da capital.
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A relação entre polícia e direitos humanos está centrada nas noções de
proteção e respeito, e pode ser uma relação muito positiva. De fato, é função da polícia
a proteção dos direitos humanos. Tal proteção se faz de maneira genérica, mantendo
a ordem social, de modo que todos os direitos humanos, de todas as categorias
possam ser gozados. Quando há uma quebra na ordem social, a capacidade e
habilidade do Estado em promover e proteger os direitos humanos são
consideravelmente diminuídos ou destruídos. Ainda, é parcialmente por meio da
atividade policial que o Estado atinge suas obrigações legais de proteger alguns
direitos humanos específicos – o direito à vida, por exemplo.
Dentre as profissões públicas pode-se dizer que a polícia é uma das que possui
maior responsabilidade em relação à imagem do Estado. É necessário que os agentes
públicos de segurança resgatem os anos perdidos de autoritarismo e
distanciamento da sociedade brasileira. A história da origem policial no Brasil explica
o porquê de seus traços de violência.
Tendo em vista esse histórico, cada policial ao entrar na corporação deve estar
consciente de que a polícia não é mais a mesma, agora mais que nunca; deve-se
fortalecer o sentido de fazer de sua missão um ato nobre. Policiais devem respeitar
os direitos humanos no desenvolvimento de suas atividades profissionais. Em outras
palavras, considerando que é função da polícia a proteção dos direitos humanos, o
requisito de respeito a esses direitos afeta diretamente o modo como a polícia
desempenha todas as suas funções.
Diante dos anos que macularam a imagem policial as instituições de
segurança pública e as políticas governamentais acenam para mudança nas diretrizes
de policiamento em todo Brasil, seguindo assim uma tendência mundial. Os cursos
de integração das normas de direitos humanos na atividade policial são de extrema
importância, pois conscientiza o profissional policial de que o poder a ele atribuído
deve ser utilizado sempre em benefício da sociedade.
Quanto ao programa de policiamento comunitário, sua efetivação
depende do entendimento de que a ideia é que haja a participação da comunidade
nas formulações, implementações e avaliações das políticas de segurança pública e
estratégias de policiamento. A instalação de cada Posto Comunitário de Segurança
pode tornar-se um instrumento avançado entre o relacionamento da Polícia Militar e
comunidade na redução dos índices de criminalidade, no aumento da confiança dos
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serviços prestados, maior eficácia nas ações e adoção de estilo de gerenciamento
participativo.
Diante do exposto conclui-se que a formação dos profissionais da Segurança
Pública é fundamental para a qualificação das polícias brasileiras e o ensino dos
Direitos Humanos no Curso de Formação de policiais é uma alternativa que se
apresenta adequada, uma vez que propicia a percepção dos policiais como sujeitos e
defensores dos Direitos Humanos garantindo a efetiva aplicabilidade do conhecimento
desenvolvido na prática policial.8
BENGOCHEA, Jorge Luiz Paz. Et al. A transição de uma polícia de controle para
uma polícia cidadã. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, vol. 18(1), p. 119-131,
2004.Disponível emwww.scielo.br/pdf/ssp/v18n1/22234.pdf. Acesso em 28/09/2017.
BRITO, Daniel Chaves de; BARP, Wilson José (orgs). Violência e Controle Social:
reflexões sobre políticas de segurança pública. Belém: UFPA, 2005.Acesso em
28/09/ 2017.
FRANCO, Paulo Ricardo Pinto. Técnicas Policiais -Uma questão de segurança. Porto
LIMA, Renato Sérgio de. PAULA, Liana de. (Organizadores). Segurança pública e
violência: o Estado está cumprindo seu papel? 1 ed. 1 reimpressão. São Paulo:
Contexto, 2008. Acesso em 28/09/2017.
48
MICHAUD, Yves. A violência. São Paulo: Ed. Ática, 1989. Acesso em 28/09/2017.
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