12 - Paulo e Satanás em Tessalônica

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PAULO E SATANÁS EM TESSALÔNICA


1 Tessalonicenses 2.17-20

O apóstolo Paulo se viu confrontado diretamente por Satanás quando desejava


regressar à cidade de Tessalônica, onde havia deixado uma congregação de novos
convertidos. Satanás então lhe barrou o caminho. Ele narrou o incidente aos próprios
tessalonicenses, em sua primeira carta (1 Ts 2.17-19).

Paulo escreveu esta carta aos seus filhos na fé em Tessalônica com o propósito, entre
outros, de explicar por que estava demorando em regressar. Ele havia sido obrigado a
fugir da cidade por causa da perseguição dos judeus incrédulos (lTs 2.17-3.13; cf. At
17).

Ele explica que tentou voltar mais de uma vez, mas foi impedido por Satanás (lTs
2.17-20). Em seguida, o apóstolo passa a descrever as providências que tomou diante
da oposição satânica.

Primeiro, enviou Timóteo a Tessalônica, para confirmar e confortar os irmãos (3.1-8),


pois temia que o tentador viesse a desfazer sua obra ali (3.5).

Segundo, impedido de estar presente, ele havia se dedicado mais à oração pelos seus
convertidos (3.10-13). Ele orava para que Deus abrisse as portas para uma eventual
visita sua à cidade (3.10-11) e para que Deus, enquanto isso não ocorresse, os
fortalecesse e confirmasse (3.12-13).

1 - SATANÁS TRAZIA TESSALÔNICA CATIVA


Inquestionavelmente Satanás trazia cativa a cidade por meio da idolatria. Cidade
portuária, Tessalônica era aberta às novas influências trazidas pelos visitantes de
outros lugares, como as religiões de mistério importadas da Frísia, Síria, Pérsia e
Egito.

Entre as divindades mais populares estavam Demétrio, Cibele, Mitra, Isis e Osíris,
Baco, Afrodite e Eleusis. Essa união era alcançada somente pelos iniciados nos
"mistérios", os quais passavam por rituais secretos.

Além das religiões de mistério, havia ainda o culto ao imperador, promovido por Roma.
Ali havia um templo dedicado à adoração de César. Outra cidade daquela época,
Pérgamo, que havia se tornado o centro do culto ao imperador na província da Ásia,
foi considerada por Jesus como a anfitriã do "trono de Satanás" (Ap 2.13).

No século III, Tessalônica tornou-se a guardiã da estátua do imperador. Paulo sabia


muito bem que os demônios estavam por trás da idolatria, e que o culto aos ídolos
(quer gregos ou romanos) nada mais era que o culto aos demônios (ICo 10.20; Ap
9.20).

Assim, mediante os diversos cultos em Tessalônica envolvendo a adoração de ídolos,


os demônios perpetuavam a cegueira espiritual daquela gente e os mantinham cativos
(2Co 4.4; Ef 2.2).

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2 - O ATAQUE DE PAULO ÀS FORTALEZAS DO DIABO EM


TESSALÔNICA
Ao penetrar em Tessalônica, Paulo não trazia consigo senão a armadura de Deus (Ef
6.10- 20). Ele assaltou as fortalezas de Satanás, não por meio de correntes de oração,
nem de ordens aos demônios para que ficassem amarrados, desalojados e
repreendidos, muito menos decretando, pela fé, que o trono de Satanás em
Tessalônica estava derribado.

Em 2Coríntios 10.3-5 Paulo emprega linguagem militar para descrever seu ministério.
Essas foram as armas que ele usou para assaltar as fortalezas de Satanás e da
incredulidade e ignorância humanas em Tessalônica.

Ele sabia que à medida que as mentes daqueles idólatras e judeus incrédulos de
Tessalônica viessem cativas para a obediência a Cristo, elas seriam livres do cativeiro
do maligno, pois a verdade de Deus liberta.

Certamente Paulo orava incessantemente à medida que pregava. E embora seja


perfeitamente possível que ele rogasse a Deus que impedisse Satanás de atrapalhar a
obra de evangelização, não foi "decretando" que os demônios estavam amarrados que
ele invadiu as fortalezas malignas e despojou os principados e potestades, tornando
libertos os que estavam cativos à vontade do diabo — mas foi pela pregação da cruz
de Cristo, no poder do Espírito Santo.

Somente pela pregação genuína da Palavra é que as pessoas podem ser libertadas
do erro, da superstição, da idolatria e, ao mesmo tempo, serem fortalecidas para
resistir às tentações e investidas do diabo.

Foi assim que o apóstolo entrou em Tessalônica. Lemos em Atos 17.1-5 que ele foi às
sinagogas arrazoar com os judeus, partindo das Escrituras, abrindo o sentido delas e
demonstrando por elas que Jesus era o Messias.

3 - O ATAQUE DE SATANÁS CONTRA A OBRA MISSIONÁRIA


EM TESSALÔNICA
A conversão de numerosos tessalonicenses pela pregação de Paulo representou uma
séria perda para Satanás. Muitos judeus creram em Cristo, bem como uma numerosa
multidão de gregos. Estes se voltaram para o Senhor deixando os ídolos (At 17.4; lTs
1.9).

Uma perseguição feroz se levantou contra Paulo e seus companheiros, movida pelos
judeus incrédulos e invejosos, assim como seus patrícios em Jerusalém haviam feito
com Jesus (At 17.5-9; Mt 27.18).

Paulo foi obrigado a deixar a cidade às pressas (At 17.10). Não é difícil perceber, à luz
do ensino mais amplo do Novo Testamento, que Satanás estava usando contra o
trabalho missionário de Paulo a mesma estratégia que havia usado contra Jesus.

Satanás conseguiu também impedir que Paulo retornasse à cidade para continuar os
labores pastorais entre seus novos convertidos. Várias vezes Paulo intentou regressar,
mas "Satanás barrou o caminho", revela ele em sua carta (lTs 2.18).

A palavra "barrou" que Paulo emprega aqui provinha do vocabulário militar da época.
Ela era usada para se referir ao cavar valetas na estrada para impedir o avanço do
inimigo. Não sabemos ao certo que tipo de dificuldades Paulo encontrou para voltar à
cidade.

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Talvez tenha ficado doente. Ou talvez os judeus de Tessalônica tivessem conseguido


dos magistrados da cidade uma ordem legal proibindo a entrada de Paulo. O fato é
que no momento ele não podia voltar. E ele percebeu, nessa impossibilidade, a mão
de Satanás.

E o que é pior ainda, Satanás tentava destruir a obra que Paulo havia deixado para
trás. O próprio apóstolo confessa seu receio de que Satanás tentasse os recém-
convertidos e que eles caíssem em pecado, tornando inútil o seu labor (lTs 3.5).

Paulo sabia que os propósitos de Deus jamais seriam frustrados. Ele percebia sinais
da eleição na vida da nova igreja (lTs 1.4). Por outro lado, Paulo não era onisciente.
Ele não sabia quem eram os eleitos. E zelava por todos eles, para que a fé dos
crentes não fosse corrompida por Satanás. Não sabemos exatamente o que Paulo
temia que ocorresse com seus convertidos durante a sua ausência.

O diabo certamente poderia desanimá-los com perseguições e tentá-los a voltar à


idolatria. Ou talvez pudesse corromper-lhes a fé por meio de falsos mestres.
Escrevendo aos Coríntios ele falou sobre isso (2Co 11.3).

Quando Paulo escreveu estas palavras ele estava preocupado com a infiltração de
falsos mestres na igreja de Corinto, que traziam um evangelho deturpado. Ele sabia
que Satanás, por meio de pes-soas cujas mentes estavam já corrompidas e
cauterizadas, poderia difundir o erro religioso e causar a confusão (lTm 4.1-3).

Aparentemente Satanás utilizou essa tática para atacar a igreja dos tessalonicenses.
Um falso ensinamento sobre a vinda de Cristo havia surgido na comunidade. De
acordo com esse falso ensino, Cristo já havia voltado (2Ts 2.2).

No ambiente do primeiro século, quando a expectativa do retorno iminente de Cristo


saturava a atmosfera da igreja, alguns se deixaram levar pelo entusiasmo e passaram
a afirmar que Jesus já havia voltado, e que a ressurreição dos mortos já havia
ocorrido. Este tipo de ensinamento pervertia a fé das pessoas (2Tm 2.17-18).

Esse tipo falso de escatologia "realizada" brotou também na igreja de Tessalônica. A


linguagem de Paulo deixa a entender que tudo começou com uma profecia
possivelmente proclamada durante o culto (2Ts 2.2). Nessa passagem ele adverte aos
crentes a que não se deixem enganar "quer por espírito, quer por palavra, quer por
epístola como se procedesse de nós".

Logo após corrigir a ideia estranha de que Cristo já havia voltado (2Ts 2.3-6), Paulo
passa a alertar aos tessalonicenses que o aparecimento futuro do anticristo será
marcado por manifestações miraculosas produzidas pelo diabo, para dar aspecto de
verdade às suas mentiras — na realidade, diz o apóstolo Paulo, esse mistério já opera
no presente, e muitos estão sendo enganados por esses sinais (2.7-11).

Paulo está perfeitamente consciente de que Satanás é capaz de produzir fenômenos


sobrenaturais com o propósito de induzir os crédulos, os inconstantes e os que
rejeitam a verdade, a crerem na mentira, que finalmente os arrastará para a perdição
(Mt 24.24; Ap 13.11-14; 16.13-14). Ele temia que isso ocor-resse com os crentes em
Tessalônica.

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4 - COMO PAULO ENFRENTOU SATANÁS


O apóstolo não se deixou intimidar por essas coisas. Ele estava consciente de que o
Senhor, que é fiel, haveria de confirmar e guardar os tessalonicenses do maligno (2Ts
3.3).

a) Paulo passou a perseverar em oração dia e noite para que Deus dirigisse o seu
caminho até os tessalonicenses (lTs 3.10-11). Embora ele orasse com o "máximo
empenho", não fez qualquer reivindicação a Deus, nem lhe deu ordens, nem decretou
na oração que o caminho estava aberto. Ele simplesmente se submeteu à vontade
soberana de Deus quanto ao tempo e ao modo de voltar a ver seus queridos filhos na
fé (Ec 8.5).

b) Paulo orou com igual fervor para que, durante a sua ausência, o Senhor fizesse
crescer o amor deles uns para com os outros e os preservassem irrepreensíveis na
santidade (lTs 3.12-13).

c) Paulo enviou Timóteo a Tessalônica. Já que ele não podia ir, talvez Timóteo
conseguisse chegar até a igreja. A missão de Timóteo era lhes fortalecer o ânimo e
dar notícias de Paulo (lTm 3.1-5).

Timóteo conseguiu furar o bloqueio satânico, esteve com os irmãos em Tessalônica e


regressou trazendo boas notícias a Paulo (lTs 3.6-8).

d) O apóstolo escreveu duas cartas para fortalecer o ânimo deles, para desmascarar o
falso ensinamento que havia surgido, para preveni-los contra os prodígios de mentira e
para responder às perguntas que eles haviam enviado por Timóteo.

CONCLUSÃO
Expelir demônios, repreendê-los, amarrá-los, decretar sua derrota — estas coisas não
são o modo habitual e normal da igreja de Cristo ajudar as pessoas que estão aflitas
pelo poder maligno.

Na realidade, nós, crentes comuns, nem mesmo temos exemplos ou instruções nas
Escrituras para fazer disto um ministério habitual e reconhecido. Queira Deus nos dar
lucidez neste assunto tão importante.

APLICAÇÃO
Não tema pregar o evangelho, pois não existe poder, sabedoria ou entendimento que
possa enfraquecer o poder da graça de Deus. Anuncie Jesus, fale dele aos seus
colegas de trabalho, faculdade ou parentes.

AUTOR: MAURO FILGUEIRAS1

1
Lições adaptadas de O que você precisa saber sobre batalha espiritual, de Augustus
Nicodemos, e Confrontos de Poder, de David Powlisom – ambos livros da Editora Cultura
Cristã.

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