Sentimento Nacional Existencia Coletiva

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Sentimento nacional e existência coletiva


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Quando, em 1434, D. Duarte encarregou Fernão Lopes da importante missão de es- NC
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crever a História de Portugal, proporcionou um grande avanço sobre a historiografia 2C
medieval. Uma das inovações da prosa de Fernão Lopes foi a capacidade de nos dar AP
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uma visão de conjunto da sociedade que descrevia. Segundo a Crónica de D. João I,
foi o
5 Povo quem salvou Portugal em 1383 e, num estilo quase épico, o povo anónimo (a

“ar- raia miúda”) torna-se o herói da Pátria livre. A ideia de pátria em Fernão Lopes
é dife- rente da dos seus antecessores: não é um espaço geográfico delimitado que é
necessário defender dos invasores, mas uma sociedade de abrigo, que gera, defende e
salva os seus habitantes. Uma salvação coletiva que se situa acima dos interesses
particulares e só
10 obedece a um imperativo de bem comum. A manta retalhada do domínio feudal dá

lugar à consciência nacional e a Nação já não pertence ao rei, mas o rei é que pertence
à Nação.
A ideia de nacionalidade foi recuperada pelo Romantismo, já no século XIX. Depois
da homogeneidade cultural francesa, no século XVIII, que tinha unificado cultural-
15 mente a Europa, os escritores românticos procuraram exaltar os elementos nacionais e
populares. Situando no período medieval a alma dos nacionalismos, o popular e o fol-
clórico adquirem grande prestígio cultural entre os românticos. Em Frei Luís de
Sousa, Almeida Garrett faz eco de um nacionalismo que vai buscar as suas raízes à
perda da independência, depois do desaparecimento de D. Sebastião na batalha de
Alcácer Qui-
20 bir, em 1578, que deu origem ao mito sebastianista, segundo o qual o jovem Rei
regres- saria quando Portugal mais necessitasse dele. Este mito tornou-se matéria-
prima recor- rente da literatura, sobretudo em momentos históricos em que era preciso
galvanizar o espírito nacionalista. Em Frei Luís de Sousa, a questão do nacionalismo
coloca-se na resistência dos portugueses à anexação de Portugal pela Espanha, no
qual o episódio
25 mais dramático e simbólico será o incêndio do palácio de D. Manuel e o refúgio na
an- tiga morada de D. João de Portugal

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