Sentimento Nacional Existencia Coletiva
Sentimento Nacional Existencia Coletiva
Sentimento Nacional Existencia Coletiva
“ar- raia miúda”) torna-se o herói da Pátria livre. A ideia de pátria em Fernão Lopes
é dife- rente da dos seus antecessores: não é um espaço geográfico delimitado que é
necessário defender dos invasores, mas uma sociedade de abrigo, que gera, defende e
salva os seus habitantes. Uma salvação coletiva que se situa acima dos interesses
particulares e só
10 obedece a um imperativo de bem comum. A manta retalhada do domínio feudal dá
lugar à consciência nacional e a Nação já não pertence ao rei, mas o rei é que pertence
à Nação.
A ideia de nacionalidade foi recuperada pelo Romantismo, já no século XIX. Depois
da homogeneidade cultural francesa, no século XVIII, que tinha unificado cultural-
15 mente a Europa, os escritores românticos procuraram exaltar os elementos nacionais e
populares. Situando no período medieval a alma dos nacionalismos, o popular e o fol-
clórico adquirem grande prestígio cultural entre os românticos. Em Frei Luís de
Sousa, Almeida Garrett faz eco de um nacionalismo que vai buscar as suas raízes à
perda da independência, depois do desaparecimento de D. Sebastião na batalha de
Alcácer Qui-
20 bir, em 1578, que deu origem ao mito sebastianista, segundo o qual o jovem Rei
regres- saria quando Portugal mais necessitasse dele. Este mito tornou-se matéria-
prima recor- rente da literatura, sobretudo em momentos históricos em que era preciso
galvanizar o espírito nacionalista. Em Frei Luís de Sousa, a questão do nacionalismo
coloca-se na resistência dos portugueses à anexação de Portugal pela Espanha, no
qual o episódio
25 mais dramático e simbólico será o incêndio do palácio de D. Manuel e o refúgio na
an- tiga morada de D. João de Portugal