Curativo de Ferida Cirúrgica Fechada

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

HOSPITAL DE CLÍNICAS
DIVISÃO DE ENFERMAGEM
SERVIÇO DE EDUCAÇÃO EM ENFERMAGEM

AULA: CURATIVO DE FERIDA CIRÚRGICA FECHADA

UBERABA- MG
2017
® 2017, Ebserh. Todos os direitos reservados
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh
www.Ebserh.gov.br

Material produzido pelo Serviço de Educação em Enfermagem (SEE) da Divisão de Enfermagem do


Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), administrado
pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins comerciais.

HC-UFTM, administrado pela Ebserh – Ministério da Educação

Material didático comentado sobre a aula: Curativo em Ferida


Cirúrgica Fechada – Divisão de Enfermagem/Serviço de Educação em
Enfermagem, Uberaba, 2017. 34p.

Palavras-chaves: 1 – Técnicas de fechamento de ferimentos; 2 –


Cuidados de enfermagem; 3 – Terapêutica
EXPEDIENTE

Serviço de Educação em Enfermagem do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do


Triângulo Mineiro

Produção

Elaborado por: Revisado por:


04/2017 04/2017
Lágila Cristina Nogueira Martins Thaís Santos Guerra Stacciarini
Enfermeira residente da saúde do adulto – RT Serviço de Educação em Enfermagem
RIMS/UFTM COREN –MG: 106.386
COREN –MG: 509.105

UBERABA- MG
2017
Sumário
INTRODUÇÃO................................................................................................................. 06
ESQUEMA CONCEITUAL............................................................................................. 07
PELE.................................................................................................................................. 08
Estruturas da pele............................................................................................................... 08
Funções da pele.................................................................................................................. 08
FERIDAS CIRÚRGICAS................................................................................................. 09
Classificação de Ferida Cirúrgica...................................................................................... 09
Quando ao potencial de contaminação..................................................................... 09
Quanto aos tipos de cicatrização............................................................................... 10
Quanto às fases da cicatrização................................................................................ 11
Avaliação da ferida cirúrgica em cada fase do processo de cicatrização................... 15
CRITÉRIOS GERAIS PARA REALIZAÇÃO DE CURATIVOS.................................... 18
Objetivos do curativo......................................................................................................... 18
Técnicas básicas................................................................................................................. 19
Aspectos a serem considerados na realização de um curativo............................................ 19
Observações importantes sobre a realização de curativo.................................................... 20
AVALIAÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA E PELE ADJACENTE................................. 24
Biossegurança e controle das infecções.............................................................................. 25
DIAGNÓSTICOS E PRESCRIÇÕES DE ENFERMAGEM NO AGHU......................... 26
FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE INFECÇÃO NO
CLIENTE COM FERIDAS............................................................................................... 27
Fatores que afetam a cicatrização da ferida........................................................................ 28
COMPLICAÇÕES DA CICATRIZAÇÃO DA FERIDA................................................. 29
REMOÇÃO DOS PONTOS DA FERIDA........................................................................ 31
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 33
Lista de Figuras

Figura 1: Estruturas da pele.......................................................................................... 08


Figura 2: Tipos de cicatrização de feridas..................................................................... 11
Figura 3: Fases da cicatrização..................................................................................... 13
Figura4: Fases do processo de cicatrização.................................................................. 13
Figura 5: Ferida cirúrgica na fase proliferativa............................................................. 17
Figura 6: Ferida cirúrgica na fase de maturação........................................................... 18
Figura 7: Cicatrização: fase inflamatória, proliferativa e de maturação........................ 18
Figura 8: Incisão cirúrgica com a presença de um dreno misto, tubular e de Penrose
com saída por contra-abertura à incisão cirúrgica.......................................... 20
Figura 9: Técnica correta de antissepsia da ferida cirúrgica.......................................... 22
Figura 10: Técnica correta de antissepsia do sítio de inserção do dreno.......................... 22
Figura 11: Precaução padrão.......................................................................................... 26
Figura 12: Modelo de deiscência e evisceração.............................................................. 30
Figura 13: Retirada de pontos......................................................................................... 31
Figura 14: Métodos de sutura......................................................................................... 32
Figura 15: Grampos cutâneos......................................................................................... 32
6

INTRODUÇÃO

As feridas cirúrgicas ou também chamadas de feridas intencionais são realizadas de


acordo com a necessidade terapêutica, sob condições assépticas, com fundamentação técnica e
científica e com instrumentais apropriados que reduzem agressões à pele e tecidos e facilitam
a união das bordas e processo de cicatrização, diminuindo assim a possibilidade de
complicações (GEOVANINI, 2014).
As feridas cirúrgicas podem ser classificadas de diferentes formas: simples, superficiais,
profundas, contaminadas, entre outras. Além disso, a gravidade da ferida influenciará o tempo
de cicatrização, as possíveis complicações e uso de dispositivos como drenos e tubos e também
o grau da dor. As feridas cirúrgicas são consideradas agudas e geralmente cicatrizam-se por
primeira intenção (CRAVEN; HIRNLE, 2006).
Voltando-se para a assistência, A ENFERMAGEM é fundamental em todas as etapas
do tratamento do cliente com ferida cirúrgica, com ou sem dreno e fixadores externos.
No período pós-operatório, o enfermeiro assume a responsabilidade de assistir e auxiliar
o cliente na sua recuperação (PROENF, 2006), avaliando a ferida, proporcionando auxílio na
cicatrização da mesma, esclarecendo dúvidas e ouvindo as queixas e consequentemente
aprimorando a assistência de enfermagem prestada.
Este resumo abordará: as funções e estruturas da pele; classificação e cicatrização de
feridas cirúrgicas; os cuidados de enfermagem em feridas cirúrgicas com ou sem drenos e
fixadores externos e os fatores predisponentes às complicações em feridas cirúrgicas. Trata-se
de um material complementar e comentado sobre a aula presencial: curativo em ferida cirúrgica
fechada, elaborado a partir de livros e artigos que abordam o tema, afim de facilitar a
aprendizagem dos alunos no ambiente virtual de aprendizagem. O foco da aula são as feridas
cirúrgicas fechadas, e não aquelas com tecido desvitalizado, deiscência ou evisceração, essas,
portanto, não serão abordadas neste material.
Ao final da leitura deste resumo, espera-se que o profissional seja capaz de:
 Sistematizar conhecimentos sobre o processo de cicatrização fisiológica;
 Estar atualizado sobre as técnicas adequadas para a realização de curativo em
feridas cirúrgicas;
 Seguir corretamente os procedimentos operacionais padrão (POPs) da
instituição
 Colocar em prática as prescrições e cuidados de enfermagem discutidos.
7

ESQUEMA CONCEITUAL

Breve anatomia e fisiologia da pele

Processo de cicatrização

Fase inflamatória ou defensiva

Fase proliferativa ou fibroblástica

Fase de maturação ou remodelação

Processo de reparação

Cuidados de Primeira intenção


enfermagem aos
portadores de Segunda intenção
feridas
cirúrgicas Terceira intenção

Feridas cirúrgicas

Com ou sem drenos

Com fixadores externos

Procedimento Operacional Padrão - POP

Diagnósticos de enfermagem - AGHU

Prescrições de enfermagem - AGHU

Fatores de risco para complicações na Ferida Cirúrgica

Complicações na Ferida Cirúrgica

Retirada dos pontos


8

PELE

Estruturas da pele

A pele é o maior órgão do corpo e isola os componentes orgânicos do ambiente externo


(SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007). Formada por três camadas, uma superficial ou
externa, a epiderme, uma intermediária, a derme e uma mais profunda ou interna, a hipoderme.
A epiderme é a camada mais externa e especializa-se em formar os pêlos, unhas e estruturas
glandulares. A derme, camada mais espessa da pele, fica abaixo da epiderme, nela estão os
vasos linfáticos, glândulas sebáceas (produz sebo), glândulas sudoríparas (produz suor) e
fibroblastos. Já a hipoderme é formada por lóbulos de adipócitos, delimitados por septos de
colágeno com vasos sanguíneos. (CRAVEN; HIRNLE, 2006)

(Fonte: http://rede.novaescolaclube.org.br/planos-de-aula/cicatrizacao-e-regeneracao-da-pele)
Figura 1: Estruturas da pele

Funções da pele

A pele é um órgão vivo e em constante renovação, com diversas funções


(CRAVEN; HIRNLE, 2006), tais como:
9

 Barreira imunológica e proteção (protege o corpo contra as agentes físicos, químicos e


biológicos).
 Impermeabilidade à água.
 Termorregulação (a pele ajuda a regular a temperatura corporal e se ajusta às alterações
da temperatura externa através da dilatação e constrição dos vasos sanguíneos).
 Tamponante (quando exposta a substâncias ácidas ou básicas, a pele mantém seu pH
ácido normal).
 Sensação (a pele contém redes dos nervos que são sensíveis à dor, ao prurido, à vibração,
ao calor e ao frio).
 Metabolismo (a partir dos raios ultravioleta do sol, a pele sintetiza a vitamina D. A
vitamina D é necessária para a absorção eficiente de cálcio e fósforo).
Comunicação (a pele fornece um meio de comunicação através da expressão facial e
aparência física) (CRAVEN; HIRNLE, 2006).

FERIDAS CIRÚRGICAS

Classificação da Ferida Cirúrgica

Quanto ao potencial de contaminação:

 Limpa ou asséptica: Realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação,


sem indícios de sinais flogísticos. Criada sob condições assépticas, e que não entra nos
sistemas gastrointestinal, respiratório ou genitourinário. São feridas com baixo risco de
infecção (GEOVANINI, 2014; CRAVEN; HIRNLE, 2006).
 Limpa contaminada: Tecidos colonizados por flora bacteriana pouco numerosa, sem
processo infeccioso. Ex: acidente doméstico, situações cirúrgicas em que houve contato
com o sistema gastrointestinal, respiratório ou genitourinário. Risco de infecção é de 10%.
(GEOVANINI, 2014; TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
 Contaminada: São feridas traumáticas que permanecem abertas por tempo superior a
seis horas entre o trauma e o atendimento, apresentam microbiota bacteriana considerável,
mas não virulenta, além disso, as feridas cirúrgicas que ocorrem em tecidos ricos em flora
bacteriana residente e de difícil descontaminação (cavidade bucal, glândulas salivares, trato
10

respiratório alto, cólon, ânus, vulva e vagina), quando há quebra na assepsia ou quando a
cirurgia ultrapassa o limite de tempo com a cavidade aberta também podem ser
consideradas feridas cirúrgicas contaminadas (GEOVANINI, 2014; SILVA;
FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007; CRAVEN; HIRNLE, 2006).
 Infectada: São potencialmente colonizadas ou contaminadas por detritos ou
microrganismos, como parasitas, bactérias, vírus ou fungos, além da evidência de sinais de
infecção, como tecidos desvitalizados, exsudação purulenta e odor característico
(GEOVANINI, 2014; SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007; CRAVEN; HIRNLE,
2006).

Quanto aos tipos de cicatrização:

 Primeira intenção: Caracterizada por bordas aproximadas, tecido de granulação não


visível, e cicatrização geralmente mínima. Ocorre nos casos de feridas sem perda tissular
ou com perda mínima, nas quais as bordas não são muito afastadas, como por exemplo as
incisões cirúrgicas, sem infecção e pouco edemaciadas (CRAVEN; HIRNLE, 2006;
GEOVANINI, 2014; SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007).
 Segunda intenção: nos casos em que a cicatrização por primeira intenção não é
possível. Geralmente são feridas com perda tissular significativa, como por exemplo,
lacerações profundas, queimaduras e lesões por pressão, além de apresentarem bordas
irregulares que não se aproximam, com ou sem infecção. Nestes casos, as lesões devem ser
mantidas abertas, deixando-as fecharem por epitelização e contração. O risco de infecção
é maior, já que a ferida fica aberta por mais tempo, tornando-se colonizada por
microrganismos (CRAVEN; HIRNLE, 2006; GEOVANINI, 2014; SILVA;
FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007).
 Terceira intenção: Esse tipo de cicatrização também é conhecido como fechamento
primário tardio. Ocorre em feridas profundas que não são suturadas de imediato, seja
propositalmente ou pela presença de infecção (CRAVEN; HIRNLE, 2006; GEOVANINI,
2014; SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007).

Nos casos de cicatrização por segunda ou terceira intenção é comum uma cicatriz mais
profunda e ampla (CRAVEN; HIRNLE, 2006).
11

(Fonte: CRAVEN; HIRNLE, 2006)


Figura 2: Tipos de cicatrização de feridas

Quanto às fases da cicatrização:

O tempo de cicatrização depende da localização e da extensão da ferida, da capacidade


de regeneração das células lesionadas e da saúde geral do cliente. (CRAVEN; HIRNLE, 2006;
GEOVANINI, 2014; SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007; TAZIMA; VICENTE;
MORIYA, 2008).
O processo de cicatrização de feridas é composto pelas seguintes fases: inflamatória;
proliferativa e de maturação.
 Fase inflamatória ou defensiva: é a primeira fase da cicatrização, que começa no
momento da lesão e dura aproximadamente 4 dias. Envolve reações neurológicas,
vasculares, humorais e celulares, responsáveis pelo controle do sangramento, destruição do
agente lesivo e substituição de células danificadas por células sadias. A princípio ocorre
vasoconstrição, afim de reduzir a perda sanguínea na área atingida. Além do
desencadeamento da cascata de coagulação em que o fibrinogênio é convertido em fibrina,
formando assim um coágulo de plaqueta e fibrina que além de inibir a perda sanguínea,
também protege a lesão da contaminação. A lesão ou ferida provoca liberação de
histamina, serotonina, bradicinina e prostaglandinas, que causam vasodilatação e
12

consequentemente aumentam o fluxo sanguíneo para a região, ocasionando os sinais


flogísticos (dor, calor, rubor, edema). O edema é ocasionado pela maior permeabilidade
capilar, que aumenta o extravasamento de líquidos do meio intra para o extracelular. Na
fase inflamatória, os monócitos e os neutrófilos são responsáveis pela fagocitose de corpos
estranhos. Posteriormente os macrófagos eliminam da ferida todo material não eliminado
até então pelos neutrófilos, inclusive os neutrófilos mortos. Com o fim desta fase, a
atividade fagocitária vai chegando ao fim, há redução dos sinais inflamatórios e inicia-se a
fase proliferativa. (CRAVEN; HIRNLE, 2006; GEOVANINI, 2014; SILVA;
FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007; TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
 Fase proliferativa ou fibroblástica: Inicia 72 horas após a lesão e prolonga-se por até 2
a 3 semanas, geralmente do 5º ao 14º dia de pós-operatório. A fase proliferativa é
caracterizada, inicialmente, pela reparação epitelial (do fundo para a superfície e das bordas
para o centro da lesão) e origem do tecido de granulação. No tecido de granulação ocorre
intensa proliferação de novos vasos sanguíneos (angiogênese), e de fibroblastos, que são
células responsáveis pela produção e degradação de colágeno, que por sua vez, é o material
que dá sustentação e força tensil à cicatriz. Também é nesta fase que iniciado a contração
da ferida. Na medida em que a cicatriz vai se formando, o número de fibroblastos na ferida
é reduzido gradativamente, até o seu desaparecimento, o que caracteriza o final dessa fase
e início da fase de maturação. (CRAVEN; HIRNLE, 2006; GEOVANINI, 2014; SILVA;
FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007; TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
 Fase de maturação ou remodelação: é o estágio final da cicatrização, ocorre a partir do
15º dia até um ou dois anos após a cirurgia. Nesta fase, ocorre a formação da cicatriz
resultante da proliferação progressiva de fibroblastos e consequente deposição de colágeno.
No início da terceira semana do processo de cicatrização, há um equilíbrio entre a produção
e a degradação de fibras de colágeno. Caso ocorra um desequilíbrio nessa fase, formam-se
cicatrizes queloidianas ou hipertróficas. Com o tempo, a cicatriz reduz de tamanho, afina-
se e perde o tom de vermelho intenso em decorrência da regressão capilar. Após um ano, a
força tênsil é estabilizada, mas essa fase permanece por todo o período de existência da
ferida. (CRAVEN; HIRNLE, 2006; GEOVANINI, 2014; SILVA; FIGUEIREDO;
MEIRELES, 2007; TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
13

(Fonte:http://www.plasticaplexus.com.br/new/cicatrizacao.php#sthash.16C8TxPF.dpbs)
Figura 3: Fases da cicatrização

FASES DO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO

(Fonte:https://www.mundoestetica.com.br/esteticageral/entendendo-o-processo-de-cicatrizacao/)
Figura 4: Fases do processo de cicatrização
14
FERIDA CIRÚRGICA – LESÃO DO TECIDO

FASE INFLAMATÓRIA

Hemostasia Ocorrem simultaneamente Inflamação

Os vasos cortados se Liberação de bradicinina,


contraem histamina, serotonina,
prostaglandinas
Coágulos de plaquetas e fibrina se
formam Vasodilatação e aumento da
permeabilidade dos capilares

Contração do coágulo
Migração de leucócitos

FASE PROLIFERATIVA

Fibroblastos penetram na ferida

Síntese de coágulos

Novos vasos sanguíneos e linfáticos se formam

Proliferação e migração epitelial

FASE DE MATURAÇÃO

 Remodelação das fibras de colágeno


 Aumento da resistência tensional

Retração da ferida

CICATRIZAÇÃO
(Fonte: POTTER; PERRY, 2009)
15

Avaliação da ferida cirúrgica em cada fase do processo de cicatrização

 Avaliação da Ferida Cirúrgica na fase inflamatória (entre o 1° e 4° dia do pós-


operatório)
(Produzido por: Thaís Santos Guerra Stacciarini, Fonte: FERREIRA; ANDRADE, 2006)
Mensuração do Resultados normais Resultados anormais
resultado
Cor e margem da incisão Vermelho claro para rosa, com Tensão evidente na linha de
bordas aproximadas sem incisão
nenhuma tensão.
Inflamação do tecido Tumefação, eritema, ou Nenhum sinal de
adjacente despigmentação da pele; quente inflamação presente,
ao toque, dor e edema nenhuma tumefação,
formação de hematoma
Tipo de drenagem Sanguinolenta, progredindo para Secreção purulenta
serosa
Quantidade de drenagem De moderada a mínima Em excesso
Material de sutura Presente. Podem ser suturas, Não se aplica
grampos ou cola biológica
Novo tecido Presente por volta do 4º dia ao Ausente ao longo de toda a
(reepitelização) longo de toda incisão incisão

 Avaliação da Ferida Cirúrgica na fase proliferativa (5° e 14° dia do pós-operatório)


(Produzido por: Thaís Santos Guerra Stacciarini, Fonte: FERREIRA; ANDRADE, 2006)
Mensuração do Resultados normais Resultados anormais
resultado
Cor e margem da incisão Vermelha, progredindo para rosa As margens não estarem
claro (tonicidade da pele) bem aproximadas e com
tensão evidente na linha de
incisão entre 5° e 9° dia e as
bordas da ferida
permanecerem vermelhas,
progredindo para rosa claro
entre 10° e 14°.
Inflamação do tecido Ausente Resposta inflamatória
adjacente prolongada e entre o 5° e 9°
dia formação de
hematoma.
Tipo de drenagem Ausente Qualquer tipo de
drenagem. Tingida de
vermelho/ amarelo ou pus.
16

Quantidade de drenagem Ausente Entre 5° e 9° dia: apresentar


drenagem de quantidade
moderada a mínima
Entre 10° e 14° dia:
apresentar drenagem em
qualquer quantidade
Materiais de sutura Indicação de remoção da sutura Presença ou não indicação
entre o sétimo e décimo dia, de de remoção de suturas ou
acordo com prescrição médica e fitas externas
protocolo institucional, levando
em consideração a situação
clínica do cliente e a localização
topográfica do sítio cirúrgico.
Novo tecido Presente ao longo de toda incisão Ausente ao longo de toda a
incisão. Entre 10ₒ e 14ₒ dia
abertura da linha de incisão
Cicatrização das bordas Presente por volta do 9° dia ao Ausente ao longo de toda a
longo de toda a incisão incisão. Entre 10° e 14° dia
abertura da linha de incisão

 Avaliação da Ferida Cirúrgica na fase de maturação/remodelamento (15° e 1, 2 anos


do pós-operatório)
(Produzido por: Thaís Santos Guerra Stacciarini, Fonte: FERREIRA; ANDRADE, 2006)
Mensuração do Resultados normais Resultados anormais
resultado
Cor da incisão Rosa-pálido, progredindo para Formação de novo tecido,
branco ou prata em clientes com queloide ou formação de
pele clara, rosa-pálido, cicatriz hipertrófica
progredindo para mais escuro do
que a cor normal da pele ou de
pálido para branco em clientes
com pele escura.
Inflamação do tecido Ausente Estagnação do processo de
adjacente cicatrização

Tipo de drenagem Ausente Qualquer tipo de drenagem


presente
Quantidade de drenagem Ausente Qualquer quantidade
presente
17

Material de sutura Ausente Presença de sutura e no


caso de cicatrização por
segunda intenção é
anormal a ferida não se
contrair ou as bordas não se
aproximarem
Novo tecido Presente Ausente ou pele de
aparência anormal, tais
como queloide ou cicatriz
hipertrófica
Cicatrização das bordas Presente Formação de abscesso com
ferida aberta para cicatrizar
por segunda intenção

(Fonte: PROENF, Ciclo1, módulo 2, 2006)


Figura 5: Ferida cirúrgica na fase proliferativa
18

(Fonte: PROENF, Ciclo1, módulo 2, 2006)


Figura 6: Ferida cirúrgica na fase de maturação

(Fonte: SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007)

Figura 7: Cicatrização: fase inflamatória, proliferativa e de maturação.


Primeira imagem ilustra uma lesão traumática, na fase inflamatória, com pequenas áreas que devem ser removidas.
A segunda, é a mesma lesão na fase proliferativa avançada, com fibrina em bordas, tecido de granulação no centro
da ferida e diminuição das bordas. E a terceira, corresponde a lesão em fase avançada de remodelamento, com
pequena quantidade de tecido de granulação ao centro e extensa área com tecido cicatricial (processo de maturação
avançado)

CRITÉRIOS GERAIS PARA REALIZAÇÃO DE CURATIVOS

Objetivos do curativo

 Promover a limpeza da ferida.


 Prevenir infecção.
 Absorver o exsudato.
 Aliviar a dor.
 Promover proteção contra traumas mecânicos.
 Promover conforto, bem-estar e segurança.
 Oferecer imobilização e sustentação à ferida.
19

 Favorecer o processo de cicatrização.

Técnicas básicas

O curativo pode ser realizado sob duas diferentes técnicas básicas, a estéril e a limpa.
 Técnica estéril: Utilizada em ambiente hospitalar ou em outra instituição de saúde, com
o uso de material esterilizado, como pinças ou luvas para manejo do material, e solução
fisiológica a 0,9% para higienização e hidratação, além de cobertura estéril (BRASIL, 2009).

 Técnica limpa: Utilizada em ambiente domiciliar pelo responsável/ familiar ou até


mesmo pelo próprio indivíduo. O ambiente e o material devem estar limpos; podem ser
utilizadas: água corrente, água destilada ou solução fisiológica a 0,9%. E a cobertura também
deverá ser estéril. (BRASIL, 2009).

Aspectos a serem considerados na realização de um curativo

Os princípios básicos para a realização de um curativo estão presentes nos


Procedimentos Operacionais Padrões: Curativo em Ferida Cirúrgica Fechada e Curativo em
Ferida Cirúrgica com Fixadores Externos, disponibilizado no tópico anterior desta aula. Por
isso, solicitamos que os mesmos sejam estudados e seguidos criteriosamente na prática, uma
vez que contém a técnica que deve ser realizada, os diagnósticos e prescrições de enfermagem
presentes no AGHU e também algumas informações adicionais importantes para a avaliação da
ferida e da pele adjacente.
20

(Fonte: CRAVEN; HIRNLE, 2006)


Figura 8: Incisão cirúrgica com a presença de um dreno misto, tubular e de
Penrose com saída por contra-abertura à incisão cirúrgica.

Observações importantes sobre a realização de curativos:

 Sempre higienizar as mãos, antes e após lidar com o cliente;


 Sempre utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), para proteção do
profissional e do cliente;
 Na ausência de bandeja de curativo, utilizar luvas de procedimento para retirar o
curativo anterior e luvas esterilizadas para a realização do novo curativo;
 Sempre limpar e secar a ferida cirúrgica em sentido único, do menos contaminado para
o mais contaminado, utilizando todas as faces das gazes esterilizadas;
 Na presença de mais de uma ferida, sempre iniciar o curativo pela ferida mais limpa;
 No sítio de inserção do dreno, a limpeza deve ser feita eu movimentos circulares, da
inserção à pele adjacente, utilizando todas as faces das gazes esterilizadas;
 Identifique o seu curativo, com nome, data e horário.
 Realize as anotações de enfermagem, especificando todo o procedimento, os materiais
utilizados, a presença de ocorrências adversas e as medidas tomadas.
 Realize os curativos após o banho, pelo menos a cada 24 horas, se limpos e secos.
 Feridas com cicatrização por primeira intenção deverão ter a indicação de curativo
estéril por um período total de 48 horas após a síntese da ferida, depois deste período, se a ferida
21

não apresentar complicações, poderá ser mantida aberta. Essa informação também vale para
cesáreas.
 Sempre avaliar as características da ferida e da pele adjacente: presença de exsudato e
outros sinais flogísticos, avaliar as margens e tensão, e reações ocasionadas pelo material de
sutura, quando existirem.
 Avaliar o sítio de inserção do dreno e a pele adjacente através da inspeção e palpação;
 Trocar o curativo do dreno, pelo menos a cada 24 horas, se limpo e seco, também após
o banho;
 Utilizar bolsa coletora, se o volume drenado for maior que 50 mL em 24 horas;
 Avaliar as características e mensurar a secreção drenada;
 Manter o frasco de drenagem com selo d´água abaixo do nível do tórax. Clampear os
drenos na troca do selo d´água e sempre que o frasco de drenagem estiver posicionado acima
do nível do tórax. Não clampear o dreno de tórax durante o transporte do cliente. Não deixar o
dreno de tórax apoiado no chão. Desprezar a secreção drenada pelo dreno de tórax a cada 24
horas, desde que o volume não ultrapasse dois terços da capacidade volumétrica máxima.
Trocar selo d´água diariamente. Utilizar sistema de aspiração contínua quando for preciso
drenar grandes volumes de ar ou líquidos;
 Desprezar o efluente drenado pelo “portovac” a cada 6 horas, desde que o volume não
ultrapasse dois terços da capacidade volumétrica máxima. Clampear a extensão e abrir o dreno
de “portovac” para desprezar o seu efluente. Depois de desprezado o efluente, comprimir a
bolsa sanfonada, fechar o dreno e desclampear a extensão. Observar presença de coágulos ou
fibrina na extensão do dreno de “portovac”, quando houver interrupção ou diminuição súbita
do débito. Tentar deslocar o coágulo/fibrina para o coletor. Comunicar ao médico, se o fluxo
não for restabelecido;
 No caso do sistema de Derivação Ventricular Externa, manter a bolsa coletora de líquor
posicionada sempre à altura do ventrículo lateral, ou seja, à nível do pavilhão auricular (nível 0
ou 10), durante a troca de curativo ou de quaisquer outros procedimentos que manipulem o
cliente ou que movimentem a altura ou cabeceira da cama;
 Realizar o curativo no sítio de inserção dos fixadores externos a cada 24 horas, desde
que esteja limpo e seco, com técnica asséptica, após o banho. Utilizar soro fisiológico 0,9%
para a limpeza; álcool 70% para a antissepsia, gazes ou compressas esterilizadas para a oclusão
e atadura ou fita adesiva para fixação. Realizar a limpeza diária dos fixadores com álcool 70%.
Observar a presença de sinais flogísticos ao redor da inserção dos pinos do fixador externo.
Manter o membro elevado, para prevenir ou reduzir o edema.
22

 Manter tração contínua, alinhada e com peso prescrito para garantir tratamento
adequado.
 Observar regularmente a perfusão periférica, pulso, sensibilidade e edema.

(Fonte: POTTER; PERRY, 2009)


Figura 9: Técnica correta de antissepsia da ferida cirúrgica

(Fonte: POTTER; PERRY, 2009)


Figura 10: Técnica correta de antissepsia do sítio de inserção do dreno
23

Produzido por: Thaís Santos Guerra Stacciarini


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AVALIAÇÃO DA FERIDA CIRÚRGICA E PELE ADJACENTE


Produzido por: Thaís Santos Guerra Stacciarini
Ferida cirúrgica
Exsudato  Aspecto: seroso; sanguinolento; purulento; fibrinoso; serossanguinolento
 Quantidade: pouco; médio e grande
 Coloração: translúcida; amarelada; esverdeada, achocolatada, avermelhada
 Odor: sem odor ou fétido
Integridade  Sem alterações
da linha de  Bordas desalinhadas
sutura  Tensão na linha de sutura
Halo  Presente (fase proliferativa)
cicatricial  Ausente
Dor Classificação Escore Intervenção
Ausente 0 Sem intervenções
Leve 1-2Dor sem demanda de analgésico
Moderada 3-4Dor com demanda de analgésico relativo
Forte 5-6Dor com demanda de analgésico em horários
específicos
Muito forte 7-8 Neurocirurgia intervencionista, bloqueios
analgésicos, cirurgia funcional, analgésicos fortes
+ adjuvantes em horários específicos.
*A mensuração do nível de dor poderá ser obtida por meio das escalas de faces ou
numérica para clientes conscientes
Escala de faces da dor:

0–sem dor 1 a 2–dor leve 3 a 4–moderada 5 a 6–forte 7 a 8–muito forte 9 a 10–insuportável

Escala numérica:

0–sem dor 1 a 2–dor leve 3 a 4–moderada 5 a 6–forte 7 a 8–muito forte 9 a 10–insuportável

*Para clientes inconscientes ou impossibilitados de se expressarem verbalmente de forma


efetiva, utiliza-se o BPS
Escala Behavioural Pain Scale (BPS)

Expressão facial Relaxada 1


Relaxada Parcialmente tensa (por exemplo, abaixa a sobrancelha) 2
Totalmente tensa (por exemplo, fecha os olhos) 3
Faz careta: presença de sulco perilabial, testa franzida e
pálpebras ocluídas 4
Membros superiores Sem movimento 1
Com flexão parcial 2
Com flexão total e flexão de dedos 3
Com retração permanente: totalmente contraído 4
Adaptação à ventilação Tolera movimentos 1
mecânica Tosse com movimentos 2
Briga com o ventilador 3
Incapaz de controlar a ventilação mecânica 4
Total Pontuação total varia de 3 (sem dor) a 12 pontos (dor
máxima)
25

Pele Adjacente
Aspecto  Pele íntegra; macerada; endurecida

Coloração  Hiperemiada; esbranquiçada ou sem alterações

Edema Escore Intensidade


1+/4+ Leve
2+/4+ Moderado
3+/4+ Intenso
4+/4+ Muito intenso

Flutuação  Sim (Na palpação da pele observa-se aspecto de líquido espesso)


 Não
Temperatura  Normal; quente; fria

Biossegurança e controle das infecções

Biossegurança corresponde a um conjunto de ações que visam a prevenção,


minimização ou eliminação de riscos que comprometem a saúde humana, animal e o meio
ambiente. Além do conjunto de procedimentos que buscam evitar ou controlar riscos
provocados por agentes químicos, físicos e biológicos (SILVA et al., 2010; GEOVANINI,
2014).
Para que ocorra controle das infecções relacionadas à assistência à saúde são necessárias
mudanças comportamentais dos profissionais que prestam assistência aos clientes. Dessa
forma, torna-se de extrema importância o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), e
outros procedimentos, como higienização das mãos antes e após o contato com o cliente
(mucosas, secreções, soluções de continuidade), antes de iniciar o turno de trabalho, quando
estiverem visivelmente sujas, no preparo de medicações, e antes de procedimentos especiais, já
que essas correspondem às principais vias de transmissão de doenças. A higienização simples
das mãos deve ser realizada por 40 a 60 segundos. E a higienização antisséptica se difere da
simples pelo tipo de sabonete utilizado e pelo tempo da técnica que varia entre 2 a 5 minutos
(GEOVANINI, 2014).
Considera-se como EPI: jaleco de mangas longas, luvas de procedimento e luvas
estéreis, avental, gorros, máscaras e óculos de proteção.

O uso correto dos EPIs e a higienização das mãos são os meios mais simples de
prevenção de infecções relacionadas à assistência à Saúde. Porém, infelizmente, nem todos os
profissionais fazem uso do EPI, seja por falta de conhecimento sobre a sua importância, por
desconforto, por descuido ou esquecimento, ou por falta de recursos materiais, por isso a
26

necessidade de cada setor sensibilizar seus funcionários sobre a importância da higienização


das mãos e do uso de Equipamentos de Proteção Individual e mais que isso, não deixar que
esses materiais faltem no ambiente de trabalho. Mas lembre-se, o uso de luvas não substitui a
higienização das mãos e as luvas devem ser retiradas imediatamente após o procedimento

realizado no cliente (GEOVANINI, 2014).


(Fonte: GEOVANINI, 2014)
Figura 11: Precaução padrão

DIAGNÓSTICOS E PRESCRIÇÕES DE ENFERMAGEM NO AGHU

 Feridas cirúrgicas com ou sem dreno


 Integridade da Pele Prejudicada
 Integridade Tissular Prejudicada
 Dor Aguda
 Risco de Infecção

 Feridas cirúrgicas com fixadores externos


 Integridade da Pele Prejudicada
 Integridade Tissular Prejudicada
 Perfusão Tissular ineficaz: periférica
 Dor Aguda
 Risco de Infecção

 Prescrições
 Avaliar aspecto da ferida operatória
 Avaliar dor utilizando escala de intensidade
 Comunicar/ Avaliar condições circulatórias
 Implementar cuidados com dreno de tórax em aspiração
 Implementar cuidados com dreno de tórax em selo d´água
 Implementar cuidados com drenos
 Implementar cuidados com tração
 Manter curativo externo limpo e seco
 Manter membro elevado
27

 Medicar para dor antes dos procedimentos


 Observar condições de sutura
 Orientar cliente/ família sobre alternativas para alívio da dor
 Realizar curativos
 Registrar aspecto da lesão

FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE INFECÇÃO NO CLIENTE


COM FERIDAS

Uma série de fatores de risco é responsável pela ocorrência de infecções, e estes fatores
estão relacionados não somente ao ambiente de cuidado, como também à suscetibilidade do
paciente e à natureza da lesão.

Fatores relacionados ao Fatores relacionados ao Fatores relacionados à lesão


cliente ambiente de cuidado
 Imunossupressão  Ambiente para curativos  Feridas agudas
inadequado, falta de
 Desnutrição, anemia planejamento e  Cirurgias contaminadas,
equipamentos longa duração, traumas,
 Uso de medicamentos presença de tecido
(corticoides e  Superlotação, distância necrótico ou corpo
imunossupressores) entre os leitos, espaços estranho
reduzidos
 Redução da perfusão  Feridas crônicas
tecidual por hipóxia  Relação profissionais de
enfermagem-pacientes  Úlceras profundas e/ou
 Doenças crônicas, inadequada extensas, tecido necrótico
arterial, metabólica, ou corpo estranho,
cardíaca, respiratória,  Falta de adesão à localização próxima a
anemia higienização das mãos áreas potencialmente
contaminadas
 Institucionalização  Uso incorreto ou
prolongada incompleto de  Diagnósticos clínico e
equipamento de proteção laboratorial imprecisos
 Higiene precária individual e/ou tardios

 Hábitos alimentares,  Uso indiscriminado de  Colonização e infecção


tabagismo, obesidade, antimicrobianos e por microrganismos
alcoolismo multirresistência multirresistentes

 Atividades  Falta de insumos básicos,  Disseminação,


ocupacionais de risco como curativos e luvas osteomielite e sepse.

 Higiene ambiental
precária
(Fonte: GEOVANINI, 2014)
28

Fatores que afetam a cicatrização da ferida

Fatores sistêmicos (CRAVEN; HIRNLE, 2006).


 Nutrição – As deficiências nutricionais podem retardar a cicatrização da ferida ao inibir
a síntese de colágeno e a epitelização, bem como ao reduzir a atividade das células que são
importantes para o processo da cicatrização.
 Circulação e oxigenação – a cicatrização da ferida lentifica-se sempre que o fluxo
sanguíneo local é reduzido. A diminuição da pressão de oxigênio arterial altera tanto a
síntese de colágeno quanto a formação das células epiteliais.
 Função celular imune – os medicamentos imunossupressores e as terapias podem afetar
a função celular imune e, subsequentemente, a cicatrização da ferida.

Fatores individuais (CRAVEN; HIRNLE, 2006).


 Idade – as alterações que fazem parte do processo de envelhecimento normal podem
prejudicar a cicatrização de feridas. A circulação lentifica-se um pouco, comprometendo o
aporte de oxigênio para a ferida.
 Obesidade – como o tecido adiposo é relativamente avascular, ele fornece apenas uma
defesa débil contra a invasão microbiana e prejudica a liberação de nutrientes para a ferida.
 Tabagismo - nos fumantes, os níveis funcionais da hemoglobina diminuem, ocorre
vasoconstrição e a oxigenação tissular é comprometida, ou seja, alterações fisiológicas que
prejudicam a cicatrização da ferida.
 Medicamentos – anticoagulantes, fornecidos para diminuir a potencial formação de
trombo, aumentam o potencial para o sangramento dentro da ferida.
 Estresse – os estresses físico e emocional deflagram a liberação das catecolaminas,
causando a vasoconstrição e, por fim, diminuindo o fluxo sanguíneo para a ferida.

Fatores locais (CRAVEN; HIRNLE, 2006).


 Natureza da lesão – geralmente, uma ferida cirúrgica feita com técnica asséptica
cicatriza mais rápido que uma ferida embebida com resíduos causada por um acidente
traumático.
 Presença de infecção – quando quantidades suficientes de patógenos estão presentes
para produzir a infecção clínica, a cicatrização da ferida é retardada.
29

 Ambiente local da ferida – pH, crescimento bacteriano, tensão ou estresse sobre a ferida
são fatores que afetam a cicatrização.

As infecções ou outras complicações na ferida cirúrgica não necessariamente estão relacionadas


somente com o período pós-operatório, mas também com o período pré e intra operatório. No
período pré-operatório são considerados fatores predisponentes à complicações da ferida
cirúrgica, o preparo inadequado da pele, como banho com produto e tempo não indicado,
tricotomia com lâminas e/ou com tempo superior a duas horas, antibioticoprofilaxia tardia e
longos períodos de internação hospitalar. No intra-operatório são agravantes: o uso de materiais
e soluções contaminadas; preparo e limpeza inadequados da sala operatória; erro na técnica
estéril; assepsia inadequada, tempo cirúrgico elevado, cirurgias de emergência e má técnica
cirúrgica (CRAVEN; HIRNLE, 2006).
Infecção na ferida cirúrgica acarreta prejuízos tanto para o cliente como para a Instituição de
saúde, como exemplo, interferência na cicatrização da ferida e consequente surgimento de
outras complicações (hematoma, hemorragia, dor, deiscência, evisceração); sofrimento para o
cliente; aumento do tempo de internação; uso de medicações adicionais; aumento dos custos
com o tratamento (CRAVEN; HIRNLE, 2006; TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
Por isso, a importância de tanto os clientes como os profissionais da saúde seguirem
técnicas adequadas antes, durante e após a cirurgia, evitando assim complicações e
consequentemente prejuízo do tratamento.

COMPLICAÇÕES DA CICATRIZAÇÃO DA FERIDA


 Hemorragia e perda de líquido intersticial
 Hematomas
 Infecção
 Deiscência
 Evisceração
 Fistulas
30

(Fonte: CRAVEN; HIRNLE, 2006)


Figura 12: Modelo de deiscência e evisceração

Produzido por: Thaís Santos Guerra Stacciarini


31

REMOÇÃO DOS PONTOS DA FERIDA

Assim que ocorre a cicatrização completa da ferida, há indicação da retirada dos pontos, o
que varia de sete a dez dias. Isso depende da localização, eficiência da irrigação sanguínea dos
tecidos, tipo de cicatrização (primeira, segunda ou terceira intenção) e evolução do processo
cicatricial. As suturas feitas em áreas com adiposidades tendem a demorar mais para
cicatrizarem, por isso permanecem mais tempo com os pontos de sutura (GEOVANINI, 2014).

Antes da retirada dos pontos, é necessário observar se todos eles estão secos e cicatrizados.
No caso de sinais flogísticos, os pontos não devem ser retirados; necessitando de uma nova
avaliação (GEOVANINI, 2014).

As suturas podem ser contínuas, iniciando a retirada dos pontos por uma das extremidades
da incisão, ou suturas não contínuas, e neste caso inicia-se a retirada pelo ponto central,
extraindo os demais pontos de forma intercalada. A quantidade de pontos precisa ser contada
antes e após a remoção para certificar-se de que todos os pontos foram retirados (GEOVANINI,
2014).

Para a remoção de pontos em suturas não contínuas: limpe a cicatriz com clorexidina aquosa
a 4%; fixe a ponta solta do fio de sutura com uma pinça, levantando-o para que o mesmo se
eleve da superfície da pele; faça um leve movimento para mobilizar o ponto no interior da sutura
e evitar que ocorra sangramento quando o mesmo for removido. Com a tesoura, corte a linha
abaixo do nó, deixando os pontos retirados reservados para realização de contagem ao final do
procedimento (GEOVANINI, 2014).

(Fonte: GEOVANINI, 2014)


Figura 13: Retirada de pontos
32

A B C D
(Fonte: POTTER; PERRY, 2009)
Figura 14: Métodos de sutura. A, Intermitente. B, Contínuo. C, Contínuo de cobertura. D, Retenção

(Fonte: POTTER; PERRY, 2009)


Figura 15: Grampos cutâneos
33

REFERÊNCIAS
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externo em membros inferiores: série de casos. Estima. Distrito Federal, v. 11, n. 3, 2013.

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168p.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Higienização das mãos em serviços de


Saúde. Brasília: ANVISA, 2007.

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relacionada à assistência à saúde. Série Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de
Saúde. 2017, 201p.

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tumorais e úlceras por pressão no câncer avançado. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde,
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CRAVEN, R. F.; HIRNLE, C. J.. Fundamentos de Enfermagem: Saúde e Função Humanas.


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34

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