Análise de Alternativas de Traçado de Um Gasoduto Utilizando

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ANÁLISE DE ALTERNATIVAS DE TRAÇADO DE UM GASODUTO UTILIZANDO

ROTINAS DE APOIO À DECISÃO EM SIG


Heinrich Hasenack; Eliseu Weber
SIGMAP Geoprocessamento Ltda
Av. Assis Brasil, 3.316/606
91010-003 Porto Alegre - RS
Tel/fax: (051) 348-2896
e-mail: [email protected]

RESUMO
A utilização de SIG para estudos ambientais no Brasil já acumula alguns anos de
experiência, mas apenas recentemente análises relacionadas a empreendimentos que
irão afetar o ambiente têm sido contempladas. Quando feitas, na maior parte das
vezes essas análises adotam critérios rígidos, que resultam na simples inclusão ou
exclusão de uma área para um determinado propósito. A introdução de rotinas de
apoio à decisão em SIG possibilita uma maior flexibilidade em análises de impactos,
aptidão ou viabilidade, permitindo o estabelecimento de margens de risco para uma
determinada decisão de forma que um fator favorável compense outro desfavorável
para obter um resultado ponderado. O presente trabalho apresenta um exemplo de
aplicação de ferramentas de apoio à decisão para auxiliar na avaliação de alternativas
de traçado de um gasoduto. A área de estudo localiza-se no município de Uruguaiana,
no Estado do Rio Grande do Sul, na divisa internacional com a Argentina, e
compreende uma área de 350,95 km2 entre as coordenadas UTM (zona 21) 482.400 m
e 502.500m em X e 6.698.000 m e 6.715.460 m em Y. O gasoduto vindo da Argentina
necessita cruzar o rio Uruguai, limite entre os dois paíxes, para chegar na usina
termoelétrica de Uruguaiana, do lado brasileiro . A base cartográfica digital utilizada foi
obtida a partir das cartas da Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) do Exército em
escala 1:50.000, usando-se o software Tosca para a digitalização. O processamento e
análise das informações espaciais foi realizado no software IDRISI(Clark
University). Como variáveis foram utilizados um mapa de uso atual do solo e um mapa
de áreas de preservação permanente. Foram elaborados dois cenários, envolvendo a
possibilidade de estabelecimento de um pontos fixo de chegada do gasoduto na
margem brasileira do rio Uruguai e também a possibilidade de optar pelo melhor local
sobre uma faixa de localização possível na margem do rio. O resultado das duas
simulações efetuadas constitui subsídio importante à tomada de decisão sobre o
melhor traçado, possibilitando uma maior racionalização dos recursos públicos que
serão empregados para tal fim, bem como uma redução nos impactos ambientais do
empreendimento.

INTRODUÇÃO
A utilização de SIG para estudos ambientais no Brasil já acumula alguns anos de
experiência, mas no que se refere a análises relacionadas a empreendimentos que irão
afetar o ambiente o uso dessa tecnologia já é bem mais recente. Além disso, na maior
parte das vezes essas análises são executadas adotando-se critérios rígidos, que
resultam
na simples classificação de uma área em apropriada ou inapropriada para um
determinado propósito. Esse tipo de abordagem, todavia, frequentemente exclui
opções altamente aptas na maioria dos critérios mas inaptas por uma estreita margem
em um ou alguns deles. A introdução de rotinas de apoio à decisão para auxiliar
análises em SIG possibilita uma maior flexibilidade, liberando a análise dentro de
margens de risco estabelecidas para uma
determinada decisão, permitindo que um critério favorável compense outro
desfavorável para obter um resultado ponderado (Eastman et al, 1993). As rotinas de
apoio à decisão implementadas em SIG abrangem métodos já explorados no campo
das ciências econômicas, com a vantagem de que não reduzem as variáveis a um
simples número. Ao contrário, os dados são tratados no domínio espacial, preservando
sua variabilidade, abrangência e intensidade. No contexto do geoprocessamento, o
processo de análise de decisão envolve vários conceitos. Uma decisão, por exemplo,
pode ser definida como uma escolha entre alternativas baseada em algum critério. Um
critério é alguma base mensurável e avaliável para uma decisão, e pode ser um fator
ou uma restrição. Um fator realça ou ameniza a aptidão de uma alternativa específica
para um propósito determinado e uma restrição constitui um limite rígido para as
alternativas em consideração. Uma regra de decisão é o procedimento pelo qual os
critérios selecionados são combinados para uma determinada avaliação que visa um
objetivo específico. Essa avaliação pode ser feita por critérios múltiplos ou com
múltiplos objetivos, sendo que os objetivos podem ser complementares ou
conflitantes.O presente trabalho apresenta um exemplo de aplicação de ferramentas
de apoio à decisão para auxiliar na avaliação de alternativas de traçado de um
gasoduto. A área de estudo localiza-se no município de Uruguaiana, no Estado do Rio
Grande do Sul, na divisa internacional com a Argentina, e compreende uma área de
350,95 km2
entre as coordenadas UTM (zona 21) 482.400 m e 502.500m em X e 6.698.000 m e
6.715.460 m em Y. O gasoduto vindo da Argentina necessita cruzar o rio Uruguai,
limite entre os dois paíxes, para chegar na usina termoelétrica de Uruguaiana, do lado
brasileiro (figura 1). Constituiu o objetivo do trabalho avaliar as possibilidades de
traçado da usina até a margem do rio Uruguai, estabelecendo-se como opções de
chegada do gasoduto a ponte internacional Uruguaiana - Paso de los Libres e qualquer
ponto da margem brasileira do rio Uruguai. Para cada opção, o traçado deve ter a
menor extensão e atingir a menor porção de áreas de preservação permanente
possível, além de passar por fora da área urbana de Uruguaiana.

MATERIAL E MÉTODOS
O material e equipamentos utilizados no desenvolvimento do presente trabalho foram
os seguintes:
cartas planialtimétricas do mapeamento sistemático em escala 1:50.000, elaboradas
pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército, 1ª DL, quais sejam Uruguaiana (MI-
2958/4), Foz do Imbaá (MI-2958/4), Ventenas (MI-2959/3) e São Marcos (MI-2959/1) ;
1 imagem de satélite TM LANDSAT 5, bandas 3, 4 e 5, órbita 225/081, com data de
aquisição de 17/12/1996, fornecida pelo INPE em CD-ROM em formato TIFF e nível de
correção 4;
software de digitalização e edição vetorial TOSCA v. 2.12;
software de geoprocessamento IDRISI for Windows v. 2.0;
aparelhos receptores GPS (Global Positioning System) de navegação;
microcomputadores Pentium e periféricos

O primeiro passo do trabalho foi estruturar a base cartográfica digital. As informações


relativas às curvas de nível, rede viária e rede hidrográfica das cartas da Diretoria de
Serviço Geográfico (DSG) do Exército em escala 1:50.000 foram digitalizadas em
planos de informação individuais usando-se o software Tosca v.2.12 (Clark University).
Depois de editados, os arquivos vetoriais oriundos da digitalização foram processados
no softwareIDRISI for Windows v. 2.0 (Clark University).
O segundo passo consistiu em eleger os critérios a utilizar para avaliar as alternativas
de traçado. A análise de possíveis alternativas de traçado foi efetuada basicamente
sobre informações de meio físico, procurando-se contemplar principalmente as
exigências ambientais relacionadas ao empreendimento. Assim, foram escolhidos
como critérios o uso/cobertura atual do solo e as áreas de preservação permanente, os
quais tiveram de ser transformados em mapas. a seguir segue uma descrição da
metodologia empregada na geração desses mapas e na análise de decisão com o
IDRISI.
Uso/cobertura atual do solo
O mapa de uso atual do solo foi gerado através do processamento e classificação da
imagem orbital LANDSAT TM, que envolveu várias etapas:

a) Georreferenciamento da imagem
O georreferenciamento de uma imagem consiste num conjunto de operações
numéricas que modificam ou alteram sua geometria de maneira a ajustá-la a um
sistema de coordenadas geográficas considerado como referência (Phillips & Swain,
1988; Schowengerdt, 1983). O procedimento detalhado para esse processo no
software IDRISI é descrito no manual do sistema (Eastman, 1997).
Para o georreferenciamento da imagem empregada neste trabalho foram utilizados 13
Page 3 of 12]pontos de controle identificáveis tanto nas cartas-base (sistema de
coordenadas UTM -]Universal Transversa de Mercator) quanto na imagem, obtendo-se
assim 13 pares de dados. Estes pares de dados foram as variáveis utilizadas no
modelo de registro, no presente caso um polinômio de primeiro grau. A imagem
georreferenciada compreendeu uma área de 350,95 km2 quilômetros quadrados com
uma resolução de 30 metros (582 linhas x 670 colunas), compreendida entre as
coordenadas UTM 482.400 m e 502.500m em X e 6.698.000 m e 6.715.460 m em Y.
Em função da área de estudo situar-se no limite entre duas órbitas, uma pequena
porção dessa área não é coberta pela imagem de satélite, mas não há prejuízo para a
análise já que a localização dessa porção está fora da área de interesse. O erro médio
de georreferenciamento obtido foi de 19,87 metros, o que, considerando-se um pixel
de 30 metros, é satisfatório pois representa cerca de 2/3 de pixel. Foram
georreferenciadas as três bandas individuais (3, 4 e 5) e a composição
colorida RGB 543. A precisão do registro foi verificada sobrepondo-se à imagem
georreferenciada alguns elementos das cartas, como as redes hidrográfica e viária, as
quais ajustaram-se adequadamente (figura 1).
Figura 1: Composição colorida (RGB 543) da imagem LANDSAT-5 TM de 17/12/1996,
órbita 225 ponto 081, georreferenciada ao sistema UTM, correspondente aos limites
da
área de estudo, município de Uruguaiana, RS.

b) Classificação da imagem
A classificação da imagem digital envolveu duas etapas. Uma classificação preliminar
serviu para visualizar a distribuição das principais classes espectrais e orientar a
definição de áreas de treinamento para a classificação definitiva. Na classificação
definitiva cada classe de uso e cobertura do solo encontrada na área de estudo na data
da imagem (17/12/1996) foi discriminada, cartografada e teve sua área calculada.

Classificação preliminar: para a classificação preliminar utilizou-se um algoritmo de


classificação não supervisionada baseado em análise de agrupamento, empregando-se
a rotina CLUSTER do sistema IDRISI. Essa rotina utiliza a técnica do pico do histograma
numa análise de agrupamento sobre as bandas que originaram uma composição
colorida falsa cor. O método equivale a identificar os picos de um histograma
unidimensional, sendo o pico definido como um valor de maior frequência que a de
seus vizinhos. Uma vez identificados os picos, todos os valores possíveis são
assinalados ao pico mais próximo e a divisão entre as classes cai no ponto médio entre
os picos. No presente caso foi utilizado um histograma tridimensional, já que utilizou-
se três bandas (Eastman, 1997).

Trabalho de campo: a área de estudo foi percorrida e, em vários pontos escolhidos


pela ampla visão do entorno que ofereciam, foram determinadas as coordenadas
geográficas através da utilização de GPS, procurando-se localizar tipos específicos de
cobertura do solo. Foram também efetuadas anotações sobre as imagens com a
classificação preliminar impressas em papel. Os dados levantados em campo serviram
de auxílio à definição e
confirmação das classes finais de cobertura do solo identificadas através da
classificação
da imagem de satélite.

Classificação definitiva: a classificação definitiva foi conduzida com base na


classificação
preliminar e nos dados auxiliares obtidos em trabalho de campo, com apoio de GPS,
citados no item anterior. Também serviram como auxílio as redes hidrográfica e viária
extraídas das cartas da DSG.
Foi efetuada uma classificação supervisionada baseada na máxima verossimilhança
gaussiana, utilizando-se a rotina MAXLIKE do sistema IDRISI. Este algoritmo avalia uma
função de densidade de probabilidade multidimensional (baseada no número de
bandas utilizadas) para determinar a probabilidade com que determinado pixel é
atribuído a cada uma das classes especificadas, associando-o àquela cujo valor de
probabilidade calculado for maior (Swain & Davis, 1988). A obtenção dos estimadores
dos parâmetros estatísticos a utilizar no algoritmo classificador (vetor de médias e
matriz de variâncias-covariâncias de cada classe nas várias bandas) foi feita a partir de
áreas de treinamento identificadas em campo. Optou-se por um número de 8 classes,
escolhido em função das diferenças de assinatura espectral dos vários tipos de
uso/cobertura do solo nas três bandas e em função dos dados auxiliares disponíveis.
Utilizou-se na definição das áreas de treinamento para essas classes uma composição
colorida falsa cor RGB 543 (figura 1), além da banda 3 original, com ampliação de
contraste.
Após a classificação o número de classes foi reduzido mediante o agrupamento
daquelas que representavam o mesmo tema em termos de cobertura do solo. A classe
correspondente à área urbana foi a última a ser introduzida na imagem classificada,
tendo sido delimitada manualmente por interpretação visual da banda 3 com realce de
contraste.
Esse procedimento foi adotado devido ao fato de que essa classe não pôde ser
satisfatoriamente discriminada pela classificação automática. A elaboração do mapa
final de uso e cobertura do solo (figura 2) da área de estudo, após a classificação
definitiva da imagem e os ajustes finais da classificação, envolveu uma série de
operações no sistema
IDRISI, com a finalidade de dar acabamento à imagem classificada e de quantificar a
área ocupada pelas classes de uso/cobertura do solo (tabela 1).
Tabela 1. Área absoluta e proporcional das classes de cobertura do solo da área de
estudo obtidas a partir da classificação da imagem LANDSAT-5 TM de 17/12/1996.

Áreas de preservação permanente:


As áreas de preservação permanente, de acordo com o que é determinado pelo Código
Florestal, foram derivadas da rede hidrográfica obtida das cartas da DSG. Para isso o
arquivo vetorial foi convertido para formato raster e então submetido ao cálculo de
faixa tampão com a rotina BUFFER do IDRISI. Essa rotina isola uma faixa contínua ao
longo de uma feição com a largura determinada. No presente caso, a largura dessa
faixa foi determinada em função da largura de cada curso d’água de acordo com o
Código Florestal.
Depois de concluída a geração do mapa de áreas de preservação o mesmo foi
sobreposto ao mapa de uso/cobertura do solo, como forma de se reunir numa única
imagem todos os elementos da superfície a serem considerados na valiação dos
traçados.
Classe de cobertura
Área (ha)
Água
2.732,31
Mata nativa
2.202,30
Vegetação paludosa
596,79
Campo sujo
8.015,58
Campo limpo
12.937,77
Arroz
2.456,46
Solo exposto
3.548,79
Área urbana
1.847,61
Não Classificada
(sem imagem)
756,99
TOTAL
35.094.60
Figura 2: Mapa de cobertura do solo da área de estudo, município de Uruguaiana, RS,
obtido da classificação da imagem LANDSAT-5 TM de 17/12/1996.

Avaliação das alternativas de traçado


a) Geração do mapa de atrito
Um mapa ou superfície de atrito constitui uma superfície que descreve o grau de
dificuldade de transposição oferecido por cada pixel a um movimento que ocorre
sobre ele. Os valores de atrito são sempre estimados em relação a um valor básico
previamente fixado, geralmente igual a 1. Embora os valores do atrito possam ser
expressos em termos de tempo de viagem (no qual eles representam quanto tempo
seria necessário para cruzar áreas com determinados atributos), eles podem
representar também equivalentes energia, onde eles seriam proporcionais ao total de
combustível gasto ao viajar de um pixel determinado até a feição mais próxima.
Valores de atrito no IDRISI são especificados como números reais para permitir valores
fracionários, podendo assumir valores entre 0 e 1,0 1037
. Os atritos raramente são especificados com valores inferiores a 1,0 (o custo básico)
porque um valor de atrito inferior a 1 representa uma aceleração ou força que atua
como auxílio ao movimento (Eastman, 1997).
Como base para geração da superfície de atrito utilizou-se a imagem com as classes
de uso/cobertura do solo e com as áreas de preservação permanente. A cada classe foi
estabelecido um valor de atrito correspondente à sua influência relativa em termos de
favorecimento ou limitação à passagem do gasoduto. Isto foi efetuado através da
rotina de
atribuição de valores ASSIGN.
A superfície em torno do local de implantação da futura usina não é homogêneo,
conforme mostrado no mapa de cobertura do solo. Os atritos foram estabelecidos
procurando-se atender os requisitos mais importantes para o traçado do gasoduto
(tabela 1). Assim, os corpos d’água e as áreas de preservação permanente
(preocupações de ordem ambiental) e a área urbana (preocupação com a segurança da
população e custo de desapropriação) receberam um atrito extremamente alto para
forçar o traçado para fora dessas áreas. Um valor de atrito elevado não quer dizer que
a eventual transposição de uma dessas classes seja impossível, mas deve ser evitada
ao máximo, de forma que o traçado somente passe por elas quando não houver
nenhuma outra alternativa, e se isso acontecer o impactato
seja o mínimo possível. A mata nativa e a vegetação paludosa receberam um atrito
relativamente bem mais baixo, mas também estabelecido com o intuito de forçar com
que fossem preservadas, enquanto as áreas de campo nativo ou agricultadas
receberam um atrito unitário. Com estes atritos, busca-se obter um traçado que agrida
o mínimo possível as classes de uso/cobertura do solo de maior interesse de
preservação ou cuja transposição é indesejável.
Tabela 1. Classes de cobertura do solo e respectivos atritos utilizados.
b) Geração do mapa de distâncias de custo
Classe
Grau de atrito
Água
1000
Mata nativa
10
Vegetação paludosa
8
Campo sujo
1
Campo limpo
1
Arroz
1
Solo exposto
1
Área urbana
1000
Áreas de preservação
permanente
1000
Com base na superfície de atrito foi calculado um mapa de distâncias de custo a partir
da localização da usina termelétrica usando-se a opção "esforço de custo" do módulo
COST do IDRISI. COST requer uma imagem de entrada a partir da qual as distâncias são
calculadas e uma imagem de atrito que indica o custo relativo do deslocamento
através de cada célula. O resultado é uma imagem contínua conhecida como superfície
de distâncias
de custo. O termo custo aqui empregado não representa valores monetários, mas o
esforço necessário para transpor cada pixel em função dos pesos adotados
inicialmente, tendo-se como ponto de partida a usina. Por exemplo, como o gasoduto
não deve cruzar a cidade, todos os pixels daquele tipo de cobertura receberam um
grau de atrito igual a 1000
(tabela 1). Caso haja algum tipo de cobertura do solo nas proximidades que ofereça
um grau de atrito menor, a cidade será evitada.
Independente do esquema usado para representar os atritos, a imagem de distâncias
de custo resultante irá incorporar os efeitos da distância percorrida e do atrito
encontrado ao longo do caminho. Além disso, como os valores de atrito são sempre
usados para calcular a distância de custo, esta será sempre relativa ao valor de atrito
ou custo básico. Por
exemplo, se para uma célula é atribuído o valor 5,25, isto indica que custa cinco vezes
e um quarto mais do que o custo básico chegar a esta célula a partir da feição mais
próxima de onde partiu o cálculo do custo. Em outras palavras, para chegar a esta
célula custa o mesmo que cruzar cinco células e um quarto com valor de atrito básico.
Os valores de distância de custo podem ser transformados em valores monetários
atuais, em tempo ou em outras unidades multiplicando-se a superfície de distâncias
de custo por um valor escalar equivalente à unidade final desejada.

c) Definição de opções de chegada do gasoduto junto ao rio Uruguai


O gasoduto necessita cruzar o rio Uruguai, limite internacional entre Brasil e Argentina,
para chegar na usina termoelétrica de Uruguaiana, do lado brasileiro. No presente
estudo foram estabelecidas duas alternativas de chegada do gasoduto na margem
brasileira do rio Uruguai, ao norte da área urbana de Uruguaiana, quais sejam:
1. passagem do gasoduto junto à ponte internacional;
2. chegada do gasoduto em qualquer local ao longo da margem brasileira do rio
Uruguai contido na área de estudo.
A rotina PATHWAY do IDRISI foi utilizada para definir o melhor traçado para cada uma
das opções. Ela busca, a partir do mapa de localização da usina e do mapa de
distâncias de custo, o trajeto de menor esforço de custo entre a usina e as opções de
chegada oferecidas como opção (figura 3).
Quando se opta por um ponto fixo de chegada, a rotina que procura o caminho de
menor custo é forçada sempre a chegar neste ponto, escolhendo o melhor traçado
entre a usina e o ponto de chegada fixo. Quando opta-se por uma linha, como a
margem do rio Uruguai, por exemplo, a rotina pode ter um maior conjunto de opções
para escolher o melhor traçado e o ponto de chegada de traçado mais curto na
margem do rio que atende os critérios especificados.

Figura 3: Traçados do gasoduto com as duas alternativas de chegada, juntamente com


o
mapa de uso/cobertura e áreas de preservação permanente.
d) Cálculo da área da faixa de domínio para cada traçadoA faixa de domínio dos dois
traçados é de 10 metros para cada lado do eixo do gasoduto, de forma que torna-se
necessário calcular a área ocupada pela faixa de domínio de cada traçado e o
percentual dessa área ocupada por cada classe de cobertura do solo e áreas de
preservação permanente atingidas. Como a imagem de satélite e o mapa de cobertura
do solo resultante de sua classificação têm uma resolução de 30 metros, o cálculo teve
de ser feito para uma faixa de domínio com essa mesma largura. Esta faixa sobreposta
à imagem classificada permitiu o cálculo das áreas abrangidas por cada tipo de
cobertura em
cada uma das opções de traçado, através do módulo AREA do IDRISI.
A área total da faixa de domínio da alternativa de traçado 1, saída na usina e chegada
na ponte Uruguaiana-Paso de los Libres é de 26,01 hectares, enquanto a área total da
faixa de domínio relativa a alternativa de traçado 2 é de 17,37 hectares (tabela 2).

Tabela 2. Percentual de cada classe de cobertura do solo afetada pelo traçado em


relação à área ocupada pela faixa de domínio

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise de possíveis alternativas de traçado foi efetuada basicamente sobre
informações de meio físico, procurando-se contemplar principalmente as exigências
ambientais relacionadas ao empreendimento, mas considerando-se também restrições
ligadas a custos e outros fatores, como a passagem do gasoduto por fora da área
urbana. Como o ensaio tinha caráter exploratório, não foi levada em conta nenhuma
consideração específica sobre aspectos técnicos ou valores financeiros pertinentes à
obra. Mesmo assim, o resultado das duas simulações efetuadas constitui subsídio
importante à eventual tomada de decisão sobre o melhor traçado, possibilitando uma
maior racionalização dos recursos públicos empregados para tal fim.
A alternativa de traçado 2, por permitir maior liberdade na escolha do local de chegada
do gasoduto junto ao rio Uruguai do que a alternativa de traçado 1, tem impacto
menor sobre as classes de interesse de conservação, como áreas de preservação
permanente, matas e banhados. Por outro lado, observando-se a margem argentina do
rio Uruguai, esta sofrerá maior impacto com a alternativa 2. Isto sugere a necessidade
de uma complementação dos dados para uma definição de traçado mais abrangente e
completa.
Os sistemas de informação geográfica são bastante ágeis na geração de cenários de
alternativas a partir de critérios pré-definidos. Esta agilidade é útil especialmente
quando

Tipo de cobertura
Traçado 1
Traçado 2
Água
3,11
0,52
Mata nativa
10,38
0,00
Vegetação paludosa
1,04
0,52
Campo sujo
16,96
30,57
Campo limpo
50,87
59,07
Arroz
0,69
4,66
Solo exposto
12,80
4,66
Área urbana
0,00
0,00
Áreas de preservação.permanente
4,15
0,00
se faz necessário oferecer alternativas a partir da inclusão de novas variáveis, bastando
fornecer os novos dados para a obtenção de um novo resultado, praticamente
instantâneo.
No presente estudo não se dispunha de dados relativos ao projeto do gasoduto
propriamente dito mas, de posse deles, poder-se-ia considerar também aspectos
geotécnicos ou até mesmo relativos a custos de construção da obra.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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24/10/2003
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