Análise de Alternativas de Traçado de Um Gasoduto Utilizando
Análise de Alternativas de Traçado de Um Gasoduto Utilizando
Análise de Alternativas de Traçado de Um Gasoduto Utilizando
RESUMO
A utilização de SIG para estudos ambientais no Brasil já acumula alguns anos de
experiência, mas apenas recentemente análises relacionadas a empreendimentos que
irão afetar o ambiente têm sido contempladas. Quando feitas, na maior parte das
vezes essas análises adotam critérios rígidos, que resultam na simples inclusão ou
exclusão de uma área para um determinado propósito. A introdução de rotinas de
apoio à decisão em SIG possibilita uma maior flexibilidade em análises de impactos,
aptidão ou viabilidade, permitindo o estabelecimento de margens de risco para uma
determinada decisão de forma que um fator favorável compense outro desfavorável
para obter um resultado ponderado. O presente trabalho apresenta um exemplo de
aplicação de ferramentas de apoio à decisão para auxiliar na avaliação de alternativas
de traçado de um gasoduto. A área de estudo localiza-se no município de Uruguaiana,
no Estado do Rio Grande do Sul, na divisa internacional com a Argentina, e
compreende uma área de 350,95 km2 entre as coordenadas UTM (zona 21) 482.400 m
e 502.500m em X e 6.698.000 m e 6.715.460 m em Y. O gasoduto vindo da Argentina
necessita cruzar o rio Uruguai, limite entre os dois paíxes, para chegar na usina
termoelétrica de Uruguaiana, do lado brasileiro . A base cartográfica digital utilizada foi
obtida a partir das cartas da Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) do Exército em
escala 1:50.000, usando-se o software Tosca para a digitalização. O processamento e
análise das informações espaciais foi realizado no software IDRISI(Clark
University). Como variáveis foram utilizados um mapa de uso atual do solo e um mapa
de áreas de preservação permanente. Foram elaborados dois cenários, envolvendo a
possibilidade de estabelecimento de um pontos fixo de chegada do gasoduto na
margem brasileira do rio Uruguai e também a possibilidade de optar pelo melhor local
sobre uma faixa de localização possível na margem do rio. O resultado das duas
simulações efetuadas constitui subsídio importante à tomada de decisão sobre o
melhor traçado, possibilitando uma maior racionalização dos recursos públicos que
serão empregados para tal fim, bem como uma redução nos impactos ambientais do
empreendimento.
INTRODUÇÃO
A utilização de SIG para estudos ambientais no Brasil já acumula alguns anos de
experiência, mas no que se refere a análises relacionadas a empreendimentos que irão
afetar o ambiente o uso dessa tecnologia já é bem mais recente. Além disso, na maior
parte das vezes essas análises são executadas adotando-se critérios rígidos, que
resultam
na simples classificação de uma área em apropriada ou inapropriada para um
determinado propósito. Esse tipo de abordagem, todavia, frequentemente exclui
opções altamente aptas na maioria dos critérios mas inaptas por uma estreita margem
em um ou alguns deles. A introdução de rotinas de apoio à decisão para auxiliar
análises em SIG possibilita uma maior flexibilidade, liberando a análise dentro de
margens de risco estabelecidas para uma
determinada decisão, permitindo que um critério favorável compense outro
desfavorável para obter um resultado ponderado (Eastman et al, 1993). As rotinas de
apoio à decisão implementadas em SIG abrangem métodos já explorados no campo
das ciências econômicas, com a vantagem de que não reduzem as variáveis a um
simples número. Ao contrário, os dados são tratados no domínio espacial, preservando
sua variabilidade, abrangência e intensidade. No contexto do geoprocessamento, o
processo de análise de decisão envolve vários conceitos. Uma decisão, por exemplo,
pode ser definida como uma escolha entre alternativas baseada em algum critério. Um
critério é alguma base mensurável e avaliável para uma decisão, e pode ser um fator
ou uma restrição. Um fator realça ou ameniza a aptidão de uma alternativa específica
para um propósito determinado e uma restrição constitui um limite rígido para as
alternativas em consideração. Uma regra de decisão é o procedimento pelo qual os
critérios selecionados são combinados para uma determinada avaliação que visa um
objetivo específico. Essa avaliação pode ser feita por critérios múltiplos ou com
múltiplos objetivos, sendo que os objetivos podem ser complementares ou
conflitantes.O presente trabalho apresenta um exemplo de aplicação de ferramentas
de apoio à decisão para auxiliar na avaliação de alternativas de traçado de um
gasoduto. A área de estudo localiza-se no município de Uruguaiana, no Estado do Rio
Grande do Sul, na divisa internacional com a Argentina, e compreende uma área de
350,95 km2
entre as coordenadas UTM (zona 21) 482.400 m e 502.500m em X e 6.698.000 m e
6.715.460 m em Y. O gasoduto vindo da Argentina necessita cruzar o rio Uruguai,
limite entre os dois paíxes, para chegar na usina termoelétrica de Uruguaiana, do lado
brasileiro (figura 1). Constituiu o objetivo do trabalho avaliar as possibilidades de
traçado da usina até a margem do rio Uruguai, estabelecendo-se como opções de
chegada do gasoduto a ponte internacional Uruguaiana - Paso de los Libres e qualquer
ponto da margem brasileira do rio Uruguai. Para cada opção, o traçado deve ter a
menor extensão e atingir a menor porção de áreas de preservação permanente
possível, além de passar por fora da área urbana de Uruguaiana.
MATERIAL E MÉTODOS
O material e equipamentos utilizados no desenvolvimento do presente trabalho foram
os seguintes:
cartas planialtimétricas do mapeamento sistemático em escala 1:50.000, elaboradas
pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército, 1ª DL, quais sejam Uruguaiana (MI-
2958/4), Foz do Imbaá (MI-2958/4), Ventenas (MI-2959/3) e São Marcos (MI-2959/1) ;
1 imagem de satélite TM LANDSAT 5, bandas 3, 4 e 5, órbita 225/081, com data de
aquisição de 17/12/1996, fornecida pelo INPE em CD-ROM em formato TIFF e nível de
correção 4;
software de digitalização e edição vetorial TOSCA v. 2.12;
software de geoprocessamento IDRISI for Windows v. 2.0;
aparelhos receptores GPS (Global Positioning System) de navegação;
microcomputadores Pentium e periféricos
a) Georreferenciamento da imagem
O georreferenciamento de uma imagem consiste num conjunto de operações
numéricas que modificam ou alteram sua geometria de maneira a ajustá-la a um
sistema de coordenadas geográficas considerado como referência (Phillips & Swain,
1988; Schowengerdt, 1983). O procedimento detalhado para esse processo no
software IDRISI é descrito no manual do sistema (Eastman, 1997).
Para o georreferenciamento da imagem empregada neste trabalho foram utilizados 13
Page 3 of 12]pontos de controle identificáveis tanto nas cartas-base (sistema de
coordenadas UTM -]Universal Transversa de Mercator) quanto na imagem, obtendo-se
assim 13 pares de dados. Estes pares de dados foram as variáveis utilizadas no
modelo de registro, no presente caso um polinômio de primeiro grau. A imagem
georreferenciada compreendeu uma área de 350,95 km2 quilômetros quadrados com
uma resolução de 30 metros (582 linhas x 670 colunas), compreendida entre as
coordenadas UTM 482.400 m e 502.500m em X e 6.698.000 m e 6.715.460 m em Y.
Em função da área de estudo situar-se no limite entre duas órbitas, uma pequena
porção dessa área não é coberta pela imagem de satélite, mas não há prejuízo para a
análise já que a localização dessa porção está fora da área de interesse. O erro médio
de georreferenciamento obtido foi de 19,87 metros, o que, considerando-se um pixel
de 30 metros, é satisfatório pois representa cerca de 2/3 de pixel. Foram
georreferenciadas as três bandas individuais (3, 4 e 5) e a composição
colorida RGB 543. A precisão do registro foi verificada sobrepondo-se à imagem
georreferenciada alguns elementos das cartas, como as redes hidrográfica e viária, as
quais ajustaram-se adequadamente (figura 1).
Figura 1: Composição colorida (RGB 543) da imagem LANDSAT-5 TM de 17/12/1996,
órbita 225 ponto 081, georreferenciada ao sistema UTM, correspondente aos limites
da
área de estudo, município de Uruguaiana, RS.
b) Classificação da imagem
A classificação da imagem digital envolveu duas etapas. Uma classificação preliminar
serviu para visualizar a distribuição das principais classes espectrais e orientar a
definição de áreas de treinamento para a classificação definitiva. Na classificação
definitiva cada classe de uso e cobertura do solo encontrada na área de estudo na data
da imagem (17/12/1996) foi discriminada, cartografada e teve sua área calculada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise de possíveis alternativas de traçado foi efetuada basicamente sobre
informações de meio físico, procurando-se contemplar principalmente as exigências
ambientais relacionadas ao empreendimento, mas considerando-se também restrições
ligadas a custos e outros fatores, como a passagem do gasoduto por fora da área
urbana. Como o ensaio tinha caráter exploratório, não foi levada em conta nenhuma
consideração específica sobre aspectos técnicos ou valores financeiros pertinentes à
obra. Mesmo assim, o resultado das duas simulações efetuadas constitui subsídio
importante à eventual tomada de decisão sobre o melhor traçado, possibilitando uma
maior racionalização dos recursos públicos empregados para tal fim.
A alternativa de traçado 2, por permitir maior liberdade na escolha do local de chegada
do gasoduto junto ao rio Uruguai do que a alternativa de traçado 1, tem impacto
menor sobre as classes de interesse de conservação, como áreas de preservação
permanente, matas e banhados. Por outro lado, observando-se a margem argentina do
rio Uruguai, esta sofrerá maior impacto com a alternativa 2. Isto sugere a necessidade
de uma complementação dos dados para uma definição de traçado mais abrangente e
completa.
Os sistemas de informação geográfica são bastante ágeis na geração de cenários de
alternativas a partir de critérios pré-definidos. Esta agilidade é útil especialmente
quando
Tipo de cobertura
Traçado 1
Traçado 2
Água
3,11
0,52
Mata nativa
10,38
0,00
Vegetação paludosa
1,04
0,52
Campo sujo
16,96
30,57
Campo limpo
50,87
59,07
Arroz
0,69
4,66
Solo exposto
12,80
4,66
Área urbana
0,00
0,00
Áreas de preservação.permanente
4,15
0,00
se faz necessário oferecer alternativas a partir da inclusão de novas variáveis, bastando
fornecer os novos dados para a obtenção de um novo resultado, praticamente
instantâneo.
No presente estudo não se dispunha de dados relativos ao projeto do gasoduto
propriamente dito mas, de posse deles, poder-se-ia considerar também aspectos
geotécnicos ou até mesmo relativos a custos de construção da obra.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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University.
Eastman, R.; Kyem, P.A.K.; Toledano, J.; JIN, W. 1993. GIS and decision making.
Geneva, UNITAR.
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Prentice.
Phillips, T. L.; Swain, T. H. 1988. Data processing methods and systems. In: SWAIN,
P. H.; DAVIS, S. M. (ed.) 1988. Remote sensing: the quantitative approach. New
York, McGraw Hill.
Schowengert, R. A. 1983. Techniques for image processing and classification in
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Swain, P. H.; Davis, S. M. (ed.) 1988. Remote sensing: the quantitative approach.
New York, McGraw Hill.
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