Concordância e Regência
Concordância e Regência
Concordância e Regência
Concordância Nominal
1. Substantivo + Substantivo... + Adjetivo
Quando o adjetivo posposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o último ou vai
facultativamente:
para o plural, no masculino, se pelo menos um deles for masculino;
para o plural, no feminino, se todos eles estiverem no feminino.
Exemplos:
Ternura e amor humano.
Amor e ternura humana.
Ternura e amor humanos.
Carne ou peixe cru.
Peixe ou carne crua.
Carne ou peixe crus.
Quando o adjetivo anteposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o mais próximo.
Exemplos:
Mau lugar e hora.
Má hora e lugar.
Quando dois ou mais adjetivos se referem a um substantivo, este vai para o singular ou plural.
Exemplos:
Estudo as línguas inglesa e portuguesa.
Estudo a língua inglesa e (a) portuguesa.
Os poderes temporal e espiritual.
O poder temporal e (o) espiritual.
Quando dois ou mais ordinais vêm antes de um substantivo, determinando-o, este concorda com o
mais próximo ou vai para o plural.
Exemplos:
A primeira e segunda lição.
A primeira e segunda lições.
Exemplo:
As cláusulas terceira, quarta e quinta.
6. Um e outro / Nem um nem outro + Substantivo
Quando as expressões "um e outro", "nem um nem outro" são seguidas de um substantivo, este
permanece no singular.
Exemplos:
Um e outro aspecto.
Nem um nem outro argumento.
De um e outro lado.
Exemplos:
Um e outro aspecto obscuros.
Uma e outra causa juntas.
8. "O (a) mais ... possível" - "Os (as) mais ... possíveis" - "O (a) pior ... possível" - "Os (as)
piores ..." - "O (a) melhor ... possível" - "Os (as) melhores ... possíveis"
O adjetivo "possível", nas expressões "o mais ...", "o pior ...", "o melhor ..." permanece no singular.
Com as expressões "os mais ...", "os piores ...", "os melhores ...", vai para o plural.
Exemplos:
Os dois autores defendem a melhor doutrina possível.
Estas frutas são as mais saborosas possíveis.
Eles foram os mais insolentes possíveis.
Comprei poucos livros, mas são os melhores possíveis.
9. Particípio + Substantivo
O particípio concorda com o substantivo a que se refere.
Exemplos:
Feitas as contas ...
Vistas as condições ...
Restabelecidas as amizades ...
Postas as cartas na mesa ...
Salvas as crianças ...
Observação:
"Salvo", "posto" e "visto" assumem também papel de conectivos, sendo, por isso, invariáveis:
Salvo honrosas exceções.
Posto ser tarde, irei.
Visto ser longe, não irei.
Exemplos:
Vão anexas as cópias.
Recebi bastantes flores.
Vão inclusos os documentos.
Cometeu um crime de lesa-pátria.
Cometeu um crime de leso-patriotismo.
Ele mesmo falou aquilo.
Ela mesma falou aquilo.
Elas próprias falaram aquilo.
Exemplos:
Meias medidas.
Meio litro.
Meia garrafa.
Exemplos:
Ela parecia meio encabulada.
Janela meio aberta.
Observações:
1. Na fala, observam-se exemplos do advérbio "meio" flexionado. Tal fato pode ser explicado pelo
fenômeno da "concordância atrativa", ou por influência do adjetivo a que se refere: "Ela está meia
cansada".
Dessa concordância existem exemplos entre os clássicos: "Uns caem meios mortos". (Camões)
2. Em "meio-dia e meia", "meia" concorda com a palavra "hora", oculta na expressão "meio-dia e
meia (hora)". Essa é a construção recomendada pela maioria dos manuais de cultura idiomática.
A construção "meio-dia e meio" também ocorre na fala; a forma "meio" permanece no masculino,
por atração ou influência da forma masculina "meio-dia".
Verbo transobjetivo é o verbo que pede, além de um complemento-objeto, uma qualificação para
esse complemento (= predicativo do objeto).
Nesse caso, o predicativo concorda com o(s) objetos.
Exemplos:
Maçã é bom para a saúde.
É preciso cautela.
É proibido entrada.
Observação:
Quando há determinação do sujeito, a concordância efetua-se normalmente:
É proibida a entrada de meninas.
Exemplos:
Sua Santidade está esperançoso.
Referindo-se ao Governador, disse que Sua Excelência era generoso.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
Na concordância nominal, deve haver concordância entre os nomes (substantivos) e as palavras que
com eles se relacionam (adjetivos, artigos, numerais, pronomes adjetivos, particípios). Observe os
casos gerais de concordância nominal:
Concordância Verbal
1. Sujeito Composto
Exemplo:
Exemplo:
de ditadura o
Um mês, um ano, uma década calou / calaram
não povo.
Verbo concordando com o
Palavras em gradação ou
núcleo
enumeração
mais próximo ou no plural
voltaremos voltareis/voltarão
Eu, tu e ele Tu e ele
logo logo
Sujeito composto de Sujeito composto de
pessoas diferentes, verbo na 1ª pessoas diferentes
verbo na 2ª ou 3ª p.p.
com p.p. sem
a presença da 1ª p. a presença da 1ª p.
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
b) Com (= em companhia de), realçando-se, mediante o verbo, a ação do antecedente = verbo concorda com o
antecedente;
O segmento introduzido por "com" fica, em geral, entre vírgulas.
Exemplo:
O diretor, com todos os professores, resolveu alterar as ementas.
2.3 "Ou"
a) quando a ação verbal se referir a todos os elementos do sujeto = verbo no plural.
Exemplo:
Laranja ou mamão fazem bem à saúde.
c) quando a ação verbal se aplicar a um dos elementos, com exclusão dos demais = verbo no singular.
Exemplo:
João ou Antônio chegará em primeiro lugar.
2.4 "Não só ..... mas também"; "Tanto ...... quanto"; "Não só ..... como"
= verbo no plural ou concordando com o núcleo mais próximo.
Exemplo:
Tanto João como Antônio participarm / participou do evento.
Exemplos:
3.4 "Quem"
= verbo na 3ª pessoa do singular ou concordando com o antecedente.
Exemplo:
3.5 "Que"
= verbo concorda com o antecedente.
Exemplo:
3.6 Coletivo
= verbo no singular.
Exemplo:
A multidão invadiu o campo depois do jogo.
Exemplos:
Exemplo:
Os Sertões glorificou ou glorificaram a literatura brasileira.
3.11 "A maioria de", "a maior parte de", "grande número de" + "nome no plural"
= verbo no singular ou no plural.
Exemplo:
3.12 "Mais de", "menos de", "cerca de", "obra de" + numeral
= verbo concordando com o numeral.
Exemplos:
Mais de um aluno se retirou.
Mais de dois alunos se retiraram.
4. Com verbos
4.1 verbo + se
4.1.1 Verbo intransitivo + se (= índice de indeterminação do sujeito)
= verbo no singular.
Exemplo:
? Riu-se muito.
verbo intransitivo + se
sujeito indeterminado
(índice de indeterminação do sujeito)
? Precisa-se de ferramentas.
verbo transitivo indireto + se
sujeito indeterminado objeto indireto
(índice de indeterminação do sujeito)
Observação:
A frase pode ser transformada na voz passiva analítica.
Exemplos:
Cometeram-se os mesmos erros.
(Os mesmos erros foram cometidos).
4.2.3 Verbos que fazem referência a tempo (haver, fazer, ir, estar, ser)
= verbo no singular.
Exemplos:
Há cinco meses que não aparece
Faz cinco meses que não aparece
É tarde.
Faz muito calor.
Fará invernos rigorosos.
Observação:
Nas locuções verbais, os verbos impessoais acima referidos transmitem sua impessoalidade ao verbo anterior,
chamado de auxiliar.
Exemplos:
Exemplos:
Observação:
Exemplo:
Iam dar duas horas.
locução verbal sujeito plural
4.4 Verbos "existir", "acontecer", "faltar", "sobrar", etc. (empregados normalmente com
sujeito posposto)
= verbo concorda com o sujeito posposto.
Exemplo:
Observação:
Numa locução verbal, com verbos dessa natureza, o verbo auxiliar concorda com o sujeito posposto.
Exemplos:
Devem existir razões.
Podem faltar razões.
Devem sobrar razões.
Exemplo:
O tema da aula de hoje foram as figuras femininas da Renascença. (Cyro dos Anjos)
O pessoal da rua Nove era uns privilegiados, como os negros das senzalas. (J. L. do Rego)
4.6.5 "É muito", "é pouco", "é mais de", "é menos de", etc + preço, peso, quantidade
= verbo no singular
Exemplos:
Duas horas é muito.
Dois é bom, três é demais.
"Até hoje não foi possível aos gramáticos formular um conjunto de regras fizxas, pelas
quais se regesse o emprego de uma e outra forma [flexionada e não-flexionada]. A
cada passo infringem os escritores alguns preceitos tidos por definitivos; e isso porque,
ao lado das razões de ordem gramatical, e interferindo nelas, alçam-se ao primeiro
plano certas condições reclamadas pela clareza, ênfase e harmonia de
expressão (Gramática Normativa da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, José Olympio
Editora, 1972)
É por essa razão que o autor fala de "alguns conselhos para o uso do infinitivo".
Seguindo a lição das Gramáticas, apresenta-se aqui um único caso obrigatório de emprego do infinitivo pessoal
flexionado:
Exemplo:
Vi o melhor que pude, sem me faltarem amigos. (Machado de Assis)
De acordo com a advertência de Rocha Lima, essa regra não se aplica ao caso em que o sujeito do infinitivo é um
pronome pessoal átono, em uma oração introduzida por um dos cinco verbos: "ver", "ouvir", "deixar", "fazer" e "mandar".
Exemplos:
Viu-os chegar.
(Ele viu que eles chegaram.)
Deixei-os sair.
(Eu deixei que eles saíssem.)
Regência verbal e nominal
Chama-se regência à relação estabelecida, na oração, entre um termo regente e um termo regido. O
termo regente depende do termo regido, uma vez que o seu sentido permanece incompleto sem a
presença do termo regido.
De acordo com a natureza do termo regente, a regência pode ser classificada de regência verbal ou
regência nominal. Conforme o nome indica, na regência verbal o termo regente é um verbo e na
regência nominal o termo regente é um nome.
Regência verbal:
Termo regente: verbo
Termos regidos: objeto direto e objeto indireto
Regência nominal:
Termo regente: nome
Termo regido: complemento nominal
Regência verbal
Na regência verbal, se o verbo regente for transitivo direto, terá como termo regido um objeto direto
(não preposicionado). Se o verbo regente for transitivo indireto, terá como termo regido um objeto
indireto (preposicionado).
Exemplos de regência verbal não preposicionada
Leu o livro.
Comeu a sobremesa.
Bebeu o refrigerante.
Ouviu a notícia.
Estudou a lição.
Fez o recheio.
Exemplos de regência verbal preposicionada
Procedeu à construção de um novo prédio.
Pagou ao funcionário.
Desobedeceu aos pais.
Apoiou-se na parede.
Apaixonou-se por seu primo.
Meditou sobre o assunto.
Quando a regência verbal é estabelecida através de uma preposição, as mais utilizadas são: a, de,
com, em, para, por, sobre.
agradar a;
obedecer a;
assistir a;
visar a;
lembrar-se de;
simpatizar com;
comparecer em;
convocar para;
trocar por;
alertar sobre;
...
Regência nominal
Na regência nominal, o nome que atua como termo regente pode ser um substantivo, um adjetivo ou
um advérbio. Já o complemento nominal, que atua como termo regido, pode ser um substantivo, um
pronome ou um numeral.
Exemplos de regência nominal
acessível a todos;
diferente de mim;
amoroso com ambos;
perito em criminologia;
mau para a saúde;
ansioso por férias.
A regência nominal é estabelecida através de uma preposição, sendo a, de, com, em, para, por as
preposições mais utilizadas:
inerente a;
idêntico a;
livre de;
seguro de;
descontente com;
interesse em;
pronto para;
respeito por;
...
REGÊNCIA
A regência enfoca o relacionamento entre os termos da oração, verificando o nível de dependência entre eles.
Chama-se regente o termo que exige complemento e regido o termo complementar (Ninguém assistiu – termo regente
– ao formidável enterro – termo regido).
Na regência verbal podem ocorrer os seguintes casos:
Verbos que requerem uma ligação direta do complemento. São os VTD ou VL, que dispensam auxílio
de preposição (Ver filmes. Parecer cansado.);
Verbos que requerem complemento sempre com a mesma preposição. São os VTI (Depender do
carro. Incorrer em erro.);
Verbos cujo complemento pode variar de preposição, sem alterar o sentido. São também VTI
(Contentar-se de ser feliz – Contentar-se com ser feliz);
Verbos cujo sentido varia conforme o complemento – com ou sem preposição (Aspirar ao cargo –
Desejar o cargo / Aspirar o pó – Sugar o pó).
Na regência nominal, alguns nomes (substantivo, adjetivo, advérbio) podem apresentar mais de uma
regência, como acontece com os verbos (Estava ansioso para ouvi-lo./ Estava ansioso por ouvi-lo./
Estava ansioso de ouvi-lo.).
Crase
A crase é, na língua portuguesa, a contração de duas vogais iguais, sendo
representada com acento grave. A contração mais comum é a da preposição a com o
artigo definido feminino a (a + a = à). Existem outras contrações muito utilizadas,
como as contrações da preposição a com os pronomes demonstrativos a, aquele,
aquela e aquilo (a + aquele = àquele, a + aquela = àquela, a + aquilo = àquilo).
Exemplos:
Mais importante do que decorar regras de quando usar ou não usar crase, o correto
uso da crase depende de um bom conhecimento estrutural da língua e de uma
capacidade de análise do enunciado frásico, sendo importante compreender que não
acorre crase se houver apenas a preposição a, ou apenas o artigo definido a ou apenas
o pronome demonstrativo a. Para que haja crase, é preciso que haja uma sequência de
duas vogais iguais, que sofrem contração, formando crase.
Exemplos:
Vou à praia.
Vou ao parque.
Vale a pena.
Vale o sacrifício.
A dúvida entre o uso ou não do acento indicador de crase ocorre frequentemente com
substantivos e adjetivos que pedem a preposição a e com verbos cuja regência é feita
com a preposição a, indicando a quem algo se refere, como: agradecer a, pedir a,
dedicar a,…
Exemplos:
Aquele aluno nunca está atento à aula.
Estudei a distância.
Estudei à distância.
Há crase
- Em diversas expressões adverbiais, locuções prepositivas e locuções
conjuntivas: à noite, à direita, à toa, às vezes, à deriva, às avessas, à parte, à luz, à
vista, à moda de, à maneira de, à exceção de, à frente de, à custa de, à semelhança de,
à medida que, à proporção que,…
Meu filho mais velho está completamente à deriva: não estuda, não trabalha,
não faz nada.
Nota: Pode ocorrer crase antes de um substantivo masculino desde que haja uma
palavra feminina que se encontre subentendida, como no caso das locuções à moda
de e à maneira de.
Nota: Com as preposições para, desde, após e entre, não ocorre crase.
Não há crase
- Antes de substantivos masculinos:
- Antes de verbos:
Vim da Bahia.
Estou na Bahia.
Vim de Brasília.
Estou em Brasília.
- Antes da palavra terra: Ocorre crase apenas com o sentido de Planeta Terra e de
localidade, se esta estiver determinada. Com o sentido de chão, estando
indeterminado, não ocorre crase.
O astronauta regressou à Terra trinta dias após sua partida. (Planeta Terra)
- Antes da palavra casa: Ocorre crase apenas quando a palavra casa está
determinada com um adjunto adnominal. Sem a determinação de um adjunto
adnominal não há crase.
Regresso à casa de meus pais sempre que posso. (Com adjunto adnominal)
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