Teste Camões Lírico e Lusíadas VERSÃO 1

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 5

Versão 1 TESTE DE AVALIAÇÃO

PORTUGUÊS – 10ºANO
Ano Letivo: 2020/2021 Professora: Clara Neves
Aluno - _________________________________________ Nº ________ Curso- ____________

Grupo I
Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta a nota apresentada.

Os grandes temas camonianos

O amor
O amor é, de facto, o principal tema de toda a lírica camoniana – como é, n’Os Lusíadas, uma das
grandes linhas que movem, organizam e dão sentido ao universo, elevando os heróis à suprema dignidade
de, através dele, atingirem a divinização.
Na Lírica de Camões, o amor é, contudo, fonte de contradições vivamente sentidas: ele é sucessivamente
5 «fogo que arde sem se ver», «ferida que dói e não se sente», «contentamento descontente» – daí que ele
dificilmente possa trazer consigo a alegria e a paz. É algo de indefinível ou, nas próprias palavras do Poeta,
«um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como e dói não sei porquê.» (…)

A mulher amada: a natureza


Ligado ao tema do Amor, encontramos, como vimos, o tema da mulher amada, entendida como ser
celestial – «celeste formosura» – ou como fera, Circe 1; da ausência da mulher amada, vivida como ocasião
10 de purificação do amor, ou como mágoa e saudade; o da morte da amada, encarada com mágoa serena e
resignação cristã (soneto «Alma minha gentil que te partiste») ou como mágoa revoltada, impotente e, esta
sim, «sem remédio» (sonetos Quando de minhas mágoas a comprida ou O céu, a terra, o vento sossegado).
É bom de ver que estas visões contrastantes da amada, da sua ausência ou morte, têm a ver com a dupla
visão do amor, atrás referida.
15 Mas o entendimento amoroso exige um enquadramento natural. A natureza aparece-nos na poesia
camoniana, na lírica como na épica, como uma natureza alegre (Alegres campos, verdes arvoredos), serena,
luminosa, perfumada, em que avultam o verde, o cristal das águas límpidas, os frutos saborosos, as flores.
Neste cenário se vivem sentimentos amorosos – e se a natureza, por vezes, fica indiferente (soneto O céu, a
terra, o vento sossegado), de outras vezes ela compartilha da tristeza dos amantes (Aquela triste e leda
20 madrugada).

O «desconcerto do mundo»
Experiência amorosa e experiência de vida colocam Camões perante uma constatação: a de que no mundo a
realidade é absurda e domínio do «desconcerto», em que se premeiam os maus e se castigam os bons. Esta
constatação deixou marcas amargas n’Os Lusíadas – e deixou-as na Lírica, em poemas de revolta, de
queixa, desengano, perplexidade angustiada. (…).
25 A mudança, que é a condição de tudo, para ele fez-se sempre para pior. Por isso se sente com o direito de
se interrogar se o bem passado foi de facto bem ou se já era prenúncio do mal presente.

Amélia Pinto Pais, Eu cantarei de amor – lírica de Luís de Camões, Porto, Areal Editores, 2007, pp. 27-29.
(Texto adaptado)

Nota
1
feiticeira, na mitologia grega; modelo de maldade

Página 1 / 5
1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a opção que permite obter uma afirmação correta.

1.1 A frase que melhor sintetiza os dois primeiros parágrafos é


(A) O amor é o tema central da obra de Luís de Camões; mas apresenta faces diferentes, conforme se
trate da poesia lírica ou da poesia épica.
(B) O amor é o grande tema da obra de Luís de Camões; na poesia lírica apresenta-se como um
fenómeno contraditório.
(C) O amor é o grande tema da obra de Luís de Camões, apresentando, na poesia épica, um caráter de
sentimento pleno de dignidade.
D) O amor é o tema central da obra de Luís de Camões; apresenta faces diferentes, sendo valorizado na
poesia épica.

1.2 De acordo com o segundo parágrafo, o sentimento amoroso expresso por Camões na poesia lírica
caracteriza-se por ser de natureza
(A) contraditória.
(B) problemática.
(C) pessimista.
(D) injusta.

1.3 A «mulher amada» é apresentada por Camões como


(A) um ser angélico e formoso.
(B) um ser diabólico e feroz.
(C) um misto de bom e de mau.
(D) um ser ora bom ora mau.

1.4 A natureza apresenta-se, na poesia lírica de Camões,


(A) sem ligação com os estados de alma dos amantes.
(B) por vezes como confidente dos amantes.
(C) por vezes tomando parte nos estados de alma dos amantes.
(D) enquadrando os estados de alma dos amantes.

1.5 De acordo com o último parágrafo do texto, o tema camoniano do desconcerto do mundo tem na origem
(A) a constatação de que o mundo se caracteriza pela diversidade.
(B) a verificação de que o mundo se caracteriza pela contradição.
(C) a constatação de que o mundo é ilógico.
(D) a verificação de que o mundo se caracteriza pela mudança contínua.

1.6 Na frase “…se a natureza, por vezes, fica indiferente…” (l.18), o vocábulo sublinhado tem a função
sintática de
(A) predicativo do complemento direto.
(B) complemento direto.
(C) modificador do nome.
(D)predicativo do sujeito.

1.7 O pronome presente no segmento “através dele” (l.3) tem como referente
(A) Camões.
(B) o amor.
(C) o universo.
(D) tema.

Página 2 / 5
2. Responde, de forma correta, aos itens apresentados.

2.1 Transcreve, do primeiro parágrafo, a oração subordinada adjetiva relativa restritiva.

2.2 Indica a função sintática da expressão «os heróis», l. 2.

2.3 Seleciona, no quarto parágrafo do texto, três nomes que possam integrar o campo lexical da Natureza.

GRUPO II

Texto A
Lê com atenção o texto.

1. Relaciona o sentido do mote com o conteúdo das voltas.


2. Caracteriza a figura feminina explicitando a sua relação com a natureza.
3. Interpreta o sentido dos versos 22 a 24 do poema.
4. Classifica este poema e apresenta as suas características formais, no que diz respeito a: estrofe;
métrica e rima.

Página 3 / 5
Texto B

Lê as seguintes estâncias do Canto VIII de Os Lusíadas de Luís de Camões. Se necessário, consulta as


notas.
98
96
Este rende munidas fortalezas;
Nas naus estar se deixa, vagaroso,
Faz trédoros5 e falsos os amigos;
Até ver o que o tempo lhe1 descobre;
Este a mais nobres faz fazer vilezas,
Que não se fia já do cobiçoso
E entrega Capitães aos inimigos;
Regedor, corrompido e pouco nobre.
Este corrompe virginais purezas,
Veja agora o juízo curioso
Sem temer de honra ou fama alguns perigos;
Quanto no rico, assi como no pobre,
Este deprava às vezes as ciências,
Pode o vil interesse e sede imiga
Os juízos cegando e as consciências.
Do dinheiro, que a tudo nos obriga.

99
97
Este interpreta mais que sutilmente
A Polidoro2 mata o Rei Treício,
Os textos; este faz e desfaz leis;
Só por ficar senhor do grão tesouro;
Este causa os perjúrios entre a gente
Entra, pelo fortíssimo edifício,
E mil vezes tiranos torna os Reis.
Com a filha de Acriso3 a chuva d' ouro;
Até os que só a Deus omnipotente
Pode tanto em Tarpeia4 avaro vício
Se dedicam, mil vezes ouvireis
Que, a troco do metal luzente e louro,
Que corrompe este encantador, e ilude;
Entrega aos inimigos a alta torre,
Mas não sem cor6, contudo, de virtude!
Do qual quási afogada em pago morre.
Luís de Camões, Os Lusíadas,
prefácio de Costa Pimpão, 4.ª ed., Lisboa, MNE, Instituto Camões, 2000, p. 365.

1
a Vasco da Gama. 2 Príamo, rei de Troia, confiou o seu filho Polidoro a Polimnestor, rei da Trácia (o rei Treício). Depois da queda de Troia,
Polimnestor, para se apoderar do oiro, que teria vindo com o filho de Príamo, matou Polidoro e atirou o seu cadáver ao mar. 3 Acriso, pai de Dánae,
encerrou a sua filha numa torre de bronze para impedir o cumprimento da profecia de que seria morto pelo filho que dela nascesse. Mas Júpiter
entrou na torre sob a forma de uma chuva de oiro e tornou Dánae mãe de Perseu, que mais tarde veio a matar Acriso. 4 Tarpeia, filha de Spurius
Tarpeius, entregou a cidadela de Roma (o Capitólio) aos Sabinos sob promessa de eles lhe darem o que traziam no braço esquerdo (bracelete de
oiro). Tácio, rei dos Sabinos, consentiu, mas, ao entrar na cidadela, atirou-lhe não só a bracelete, mas o escudo que tinha no mesmo braço. Os
soldados fizeram o mesmo e Tarpeia ficou esmagada. 5 traidores. 6 disfarçado.

1. Identifica e delimita os planos narrativos presentes e justifica a sua interdependência.

2. Apresenta a perspetiva do poeta face ao dinheiro, transcrevendo versos/expressões justificativas.

3. Refere três dos exemplos a que recorre o poeta para ilustrar o seu ponto de vista, comprovando
devidamente a tua resposta.

4. Completa as afirmações, selecionando a opção adequada a cada espaço.

Nas estâncias 98 e 99, estão presentes vários recursos expressivos, salientando-se a _(a)_ , através da
repetição inicial da palavra _(b)_. Deste modo, consegue demonstrar-se a capacidade corruptora _(c)_.

a. b. c.
1. anáfora 1. que 1. da lei
2. hipérbole 2. mas 2. da gente
3. personificação 3. este 3. do ouro

Página 4 / 5
Grupo III

Elabora uma apreciação crítica do cartoon abaixo apresentado, da autoria de David Vela Cervera.

Redige um texto correto e coerente, contendo entre 120-250 palavras, respeitando as seguintes orientações:

Introdução

– Descrição objetiva da imagem, referindo aspetos relevantes.

Desenvolvimento

- comentário crítico da imagem (situação real representada pela imagem; interpretação da mensagem que se
se pretende transmitir; exemplos…)

Conclusão

– síntese da informação mais importante.

Deves utilizar conectores apropriados e vocabulário valorativo.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única
palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2015/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de cento e vinte e um máximo de cento
e cinquenta palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto
produzido;
− um texto com extensão inferior a cinquenta palavras é classificado com zero pontos.

Bom trabalho!

A professora: Clara Neves

Página 5 / 5

Você também pode gostar