Qualidade Energia Fundamentos Basicos
Qualidade Energia Fundamentos Basicos
Qualidade Energia Fundamentos Basicos
Fundamentos B€sicos
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INTRODUÇÃO
A qualidade da energia elétrica constitui na atualidade um fator crucial para a
competitividade de praticamente todos os setores industriais e dos serviços. O setor
da energia elétrica encontra-se, sobretudo nas duas últimas décadas, a atravessar
profundas mudanças devido a um número considerável de fatores como (a) a
alteração da natureza de cargas consumidoras e da forma como a energia elétrica é
hoje utilizada, (b) a liberalização, desregulamentação (ou re-regulamentação) em
curso a nível mundial, (c) a proliferação de autoprodutores, (d) o aparecimento de
novas tecnologias de geração e (e) o peso crescente das questões ambientais
associadas às tecnologias de geração, têm provocado grandes alterações no modo de
funcionamento do setor.
1
pré-estabelecidos, podem causar operações incorretas de sensíveis equipamentos
elétricos nos diversos setores.
2
Para este contexto, cabe salientar que até bem pouco tempo atrás, a maioria
dos consumidores industriais entendia que gerenciar a energia elétrica significava
controlar a demanda, o fator de potência, e administrar os contratos junto à
concessionária. Pouco se falava em supervisão de grandezas como tensões, correntes,
potências e muito menos, em distorções harmônicas ou transientes. Alguns
especialistas garantem que nos próximos cinco anos, a evolução dos sistemas de
gerenciamento de energia será tão grande quanto foi nos últimos 30 anos. Por esta
razão, as empresas que hoje pretendem apenas acompanhar a tensão e a corrente em
tempo real logo manifestarão uma grande preocupação com o número de
interrupções no fornecimento, e o tempo médio destas interrupções. Pouco tempo
depois, estes mesmos usuários desejarão acompanhar a forma de onda da tensão
entregue pela concessionária, de modo a analisar, por exemplo, transitórios,
correntes harmônicas e afundamentos de tensão. No entanto, esta almejada análise
depende da definição apropriada de indicadores que representem o desempenho dos
serviços prestados pelas concessionárias envolvidas. No que segue, comentários
básicos que dizem respeito a uma “boa qualidade da energia” e sobre os índices de
continuidade associados ao assunto serão apresentados.
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de estamparia, por exemplo, o tecido seria refugado uma vez que a estampa ficaria
fora dos padrões. Nos processos de laminação de aço, quando as máquinas param, os
operários têm que "desentupir" o laminador, cortando os varões de aço com
maçaricos, além de manipulá-los sob altas temperaturas, etc. Como dado ilustrativo,
constata-se pelos registros dos eventos, que uma interrupção na energia elétrica ou
uma queda de 30% na tensão fornecida por um curto período pode zerar os
controladores programáveis acarretando em inúmeras situações não desejáveis ao
sistema integrado.
Em virtude destas interrupções operacionais, destaca-se então, uma das
principais razões para os estudos relacionados à QE: o valor econômico. Sendo que
há impactos econômicos consideráveis nas companhias, em seus
consumidores/clientes e fornecedores de equipamentos. No ramo industrial, sente-se
um impacto econômico direto já que, nos últimos tempos, houve uma grande
revitalização das indústrias com a automação e a inclusão de modernos
equipamentos.
Tem-se então que, para se estabelecer padrões de qualidade adequados é
necessário definir a real expectativa dos consumidores, isto é, identificar o quanto à
sociedade está disposta a pagar pelos custos dos mesmos, pois a melhoria do nível de
qualidade implica em aumento dos custos.
Cabe, para o momento, definirmos o que seria então um problema de QE.
Não existe uma convenção ou consenso sobre este conceito. Por causa da
rápida evolução dos sistemas nos últimos anos, este conceito também vem sofrendo
alterações periodicamente.
O conceito de “Qualidade da Energia” está relacionado a um conjunto de
alterações que podem ocorrer no sistema elétrico. Entre muitos apontamentos da
literatura, podemos então apresentar o assunto como qualquer problema manifestado
na tensão, corrente ou desvio de freqüência, que resulta em falha ou má operação de
equipamento dos consumidores (DUGAN et al., 19961). Tais alterações podem
ocorrer em várias partes do sistema de energia, seja nas instalações de consumidores
ou no sistema supridor da concessionária. Como causas mais comuns pode-se citar:
perda de linha de transmissão, saída de unidades geradoras, chaveamentos de bancos
1
Esta será a referência básica adotada no decorrer do trabalho. Quando conveniente outras referências
serão citadas.
4
de capacitores, curto-circuito nos sistemas elétricos, operação de cargas com
características não-lineares, etc.
Quanto ao nível da QE requerido, este é que possibilita uma devida operação
do equipamento em determinado meio para o qual foi projetado. Usualmente, há
padrão muito bem definido de medidas para a tensão, de onde convencionalmente
associa-se a QE à qualidade de tensão, já que o fornecedor de energia pode somente
controlar a qualidade da tensão, mas não tem controle sobre a corrente que cargas
particulares e ou específicas podem requerer. Portanto, o padrão aceito com respeito
à QE é direcionado a manter o fornecimento de tensão dentro de certos limites.
No passado, os problemas causados pela má qualidade no fornecimento de
energia não eram tão expressivos, visto que, os equipamentos existentes eram pouco
sensíveis aos efeitos dos fenômenos ocorridos e não se tinham instalados, em
grandes quantidades, dispositivos que causavam a perda da qualidade da energia.
Entretanto, com o desenvolvimento tecnológico, principalmente da eletrônica de
potência, consumidores e concessionárias de energia elétrica têm-se preocupado
muito com a qualidade da energia. Isto se justifica, principalmente, pelos seguintes
motivos:
• Os equipamentos hoje utilizados são mais sensíveis às variações na
qualidade da energia. Muitos deles possuem controles baseados em
microprocessadores e dispositivos eletrônicos sensíveis a muitos tipos de
distúrbios;
• O crescente interesse pela racionalização e conservação da energia elétrica,
com vistas a otimizar a sua utilização, tem aumentado o uso de
equipamentos que, em muitos casos, aumentam os níveis de distorções
harmônicas e podem levar o sistema a condições de ressonância;
• Maior conscientização dos consumidores em relação aos fenômenos ligados
à qualidade da energia, visto que aqueles, estão se tornando mais
informados a respeito de fenômenos como interrupções, subtensões,
transitórios de chaveamentos, etc., passando a exigir que as concessionárias
melhorem a qualidade da energia fornecida;
• Integração dos processos, significando que a falha de qualquer componente
tem conseqüências muito mais importantes para o sistema elétrico;
5
• As conseqüências da qualidade da energia sobre a vida útil dos
componentes elétricos.
A título de esclarecimento, a Figura 2 ilustra um levantamento feito nos EUA,
mostrando o crescimento das cargas eletrônicas em relação à potência instalada de
um sistema típico, com previsão até o ano 2000 [Projeto SIDAQEE2].
200
150
100
50
0
1960 1970 1980 1990 2000
Ano
Concessionária Cargas Eletrônicas
2
Todas as ilustrações apresentadas neste documento foram obtidas do projeto referenciado.
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Figura 3 - Custo estimado - Interrupção de até 1 min
7
1.3.1 Continuidade de fornecimento
Como anteriormente comentado, o controle da qualidade depende da
definição apropriada de indicadores que representem o desempenho dos serviços
prestados pelas concessionárias de energia. No que se refere à continuidade, os
indicadores utilizados permitem o controle e monitoração do fornecimento de
energia elétrica, a comparação de valores constatados ao longo de períodos
determinados e, a partir de metas de qualidade definidas, a verificação do resultados
atingidos.
Os indicadores, além de refletirem os níveis de qualidade, possibilitam a
imposição de limites aceitáveis de interrupção de fornecimento. Esses índices são
ainda utilizados pelas concessionárias de energia elétrica como valores de referência
para os processos de decisão nas etapas de planejamento, projeto, construção,
operação e manutenção do sistema elétrico de distribuição.
Em um contexto nacional, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica)
tem o papel de promover a qualidade da energia, regulamentar os padrões e garantir
o atendimento aos mesmos, estimular melhorias, zelar direta e indiretamente pela
observância da legislação, punir quando necessário, e também definir os indicadores
para acompanhamento do desempenho das concessionárias. Cabe também ao órgão
regulador estabelecer metas de melhoria de continuidade mediante contratos e/ou
negociação com as concessionárias.
A Portaria 046/78, do antigo DNAEE (Departamento Nacional de Águas e
Energia Elétrica), estabeleceu os primeiros dispositivos do controle da continuidade,
os quais, com a evolução do setor tornaram-se insuficientes. A implantação do novo
modelo do setor elétrico configurou um monopólio natural regulado no segmento de
distribuição, reforçando ainda mais a necessidade de apuração dos controles sobre a
qualidade. A regulação pelo preço em vigor incentiva a assimetria de informação,
pois as concessionárias não têm estímulos para fornecer dados relativos aos seus
custos. Como o nível de qualidade implica em custos, a tendência das
concessionárias é manter esse nível no menor patamar possível, de modo a
maximizar seus ganhos, correspondentes à margem entre o preço do serviço e o
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custo. Esses fatos, aliados à evolução dos recursos tecnológicos, tornaram imperativa
a revisão desta portaria.
Com a finalidade de atingir este objetivo foi editada a Resolução no 024/2000
da ANEEL, que introduziu novos avanços, e reformulou os procedimentos de
controle de qualidade sobre os aspectos da continuidade.
Entre as medidas mais significativas estão a criação de procedimentos
auditáveis, a uniformização do método de coleta de dados e registros dos mesmos, a
forma de apresentação e a periodicidade do envio destes a ANEEL, de modo a
possibilitar a análise e acompanhamento dos mesmos.
Outra melhoria foi à introdução dos indicadores individuais, que tornou
possível a avaliação das ocorrências de interrupção por unidade consumidora, o
acompanhamento da agência reguladora e também do próprio consumidor.
Atualmente esses índices podem ser solicitados às concessionárias. Entretanto, a
partir de janeiro de 2005 será obrigatório à inclusão destes dados na fatura.
A apuração dos dados de interrupção para os indicadores são realizadas com
periodicidade mensal, trimestral e anual.
Foram introduzidos novos critérios de formação de grupo de consumidores de
características semelhantes e contíguos, geralmente pertencentes a uma determinada
área de uma concessionária, que possibilitou o atendimento homogêneo. Esses
conjuntos foram propostos pelas concessionárias a ANEEL, que após análise e
aprovação, gerou uma resolução específica para cada concessionária com dados
validados.
Na resolução, estabeleceram-se padrões de referência baseados no
levantamento de dados históricos de cada concessionária e a comparação destes entre
as diversas empresas.
O desenvolvimento de técnicas de comparação de desempenho entre as
empresas de distribuição permitiu a formulação desses novos padrões e o
estabelecimento de metas de melhoria dos índices de continuidade.
As metas para os indicadores de continuidade individuais, coletivos (para
cada conjunto de unidades consumidoras), ou globais (para o total da concessionária)
foram definidas através de negociação entre as concessionárias e a ANEEL. Foram
estabelecidas por concessionárias, com base nos valores históricos dos indicadores
para os agrupamentos de consumidores, na análise comparativa de desempenho das
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empresas e nas metas de contratos de concessão, quando existentes. Essas metas são
possíveis de renegociação quando das revisões tarifárias.
Dos avanços obtidos pela resolução, podemos ainda ressaltar a exigência do
envio dos indicadores a ANEEL, a imposição de penalidade por descumprimento das
metas, o estabelecimento de prazos para o aviso de interrupção aos consumidores
com a antecedência necessária e a obrigatoriedade da informação dos indicadores na
fatura. Também se determinou a disponibilização do serviço de atendimento gratuito
e permanente para o registro de reclamações dos consumidores e as solicitações de
providências para serviços emergenciais.
Os índices de continuidade adotados pelo órgão regulador são:
A. Coletivos
a) DEC: Duração equivalente de interrupção por unidade
consumidora
b) FEC: Freqüência equivalente de interrupção por unidade
consumidora
B. Individuais
a) DIC: Duração de interrupção individual por unidade consumidora
b) FIC: Freqüência de interrupção individual por unidade
consumidora
c) DMIC: Duração máxima de interrupção contínua por unidade
consumidora
Os indicadores coletivos são particularmente úteis à agência reguladora para
atender suas necessidades de avaliação das concessionárias, enquanto os individuais
servem mais especificamente ao interesse dos consumidores para avaliar o seu
atendimento pela distribuidora.
Nas apurações dos indicadores acima todas as concessionárias devem
considerar interrupções iguais ou maiores que 3 (três) minutos, e quando já estiver
previsto no contrato de concessão, apuração com interrupções iguais ou maiores que
1 (um) minuto, será apurado das duas formas. A partir de 2005 todas as empresas
deverão considerar somente as interrupções com intervalos iguais ou maiores que 1
(um) minuto, isto permite uma adequação de todas as distribuidoras ao padrão único
de 1 (um) minuto no decorrer deste prazo, já que historicamente a maioria delas
trabalhavam com interrupções iguais ou maiores a 3 (três) minutos.
10
1.3.2 Evolução do desempenho da continuidade
Em quatro anos de atuação da ANEEL, o padrão de continuidade do serviço
de energia elétrica apresentou um ganho de eficiência significativo. No Brasil, no
ano de 1997, registrou-se um DEC de 27,19% horas e um FEC de 21,68
interrupções. Em 2001, esses valores foram de 9,05 horas e de 7,86 interrupções.
Nas figuras 4 e 5 podem-se verificar as médias dos indicadores DEC e FEC
para o estado da Bahia (COELBA – Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia)
comparadas com os valores do Brasil. No Brasil, no período de 1996 a 2001, houve
uma redução dos DEC e FEC, em cerca de 65% horas e 64% interrupções, enquanto
na Bahia, neste mesmo período, a redução destes índices ficou em cerca de 25%
horas e 8% de interrupções.
É notória a ocorrência de uma redução acentuada nesses índices a partir da
introdução da resolução no 24/00. No Brasil, no período após a implantação da
ANEEL, até antes da vigência da referida resolução, ou seja, até o ano de 1999,
houve uma redução dos DEC e FEC em cerca de 27% e 19% respectivamente,
enquanto na Bahia, neste mesmo período, a redução destes índices ficou em cerca de
21% e 8%. Após a implantação da resolução, entre 2000 a 2001, no Brasil o DEC e
FEC ficaram com uma redução de 48%, e na Bahia uma redução no DEC de 13%,
porém com um ligeiro aumento no FEC de 4,83%.
A ANEEL vem implantando um sistema de monitoração da qualidade da
energia elétrica, que dará à agência acesso direto e automático às informações sobre
a qualidade no fornecimento, sem que dependa de dados encaminhados pelas
empresas. Por via telefônica o sistema permite imediata recepção dos dados sobre
interrupção e restabelecimento do fornecimento de energia elétrica e conformidade
dos níveis de tensão nos pontos em que os equipamentos de monitoração estão
instalados. Assim ele mede os indicadores da qualidade do serviço prestado pelas
concessionárias de energia.
Com o sistema, a ANEEL faz, numa determinada amostragem, o
acompanhamento da qualidade de modo mais eficaz, além de poder auditar os dados
fornecidos pelas concessionárias. Os indicadores apurados pelo sistema são: os de
interrupção (DEC, FEC, DIC e FIC) relativos à duração e a freqüência por conjunto
de consumidores e por consumidor individual e os dados de nível de tensão.
11
1.3.3 Comentários finais
A Resolução no 24 não esgota definitivamente o tema continuidade, devido à
abrangência e importância do assunto.
Encontram-se em fase de elaboração, através de consulta pública, uma minuta
de resolução com o objetivo de alterar e complementar a resolução em vigor,
considerando a necessidade de aperfeiçoar as regras estabelecidas.
É importante considerar o dimensionamento adequado do nível de qualidade
a ser alcançado, considerando o custo e o benefício dos investimentos que
certamente será bancado pela sociedade, no momento em que é preciso ponderar se a
prioridade é a melhoria dos índices de continuidade ou, por exemplo, a
universalização dos serviços de eletricidade.
É oportuno observar que o cenário do setor elétrico aponta para uma matriz
energética com uma maior participação de componentes de fonte de combustíveis
fósseis e fontes alternativas, que representam, inicialmente, maiores custos para a
sociedade. Vale considerar que para atender a universalização serão necessários
grandes esforços em termos de investimentos.
Na medida em que a regulamentação existente sinaliza a adoção de metas de
continuidade gradativamente mais exigentes, haverá sempre uma tendência das
concessionárias em adicionar aos investimentos uma sofisticação maior na qualidade
dos materiais e padrões de instalação, e isto principalmente na área rural, onde se dá
expansão das redes elétricas.
Certamente, todos os consumidores merecem o mesmo nível de qualidade.
Porém, cabe avaliar se num mesmo momento é melhor utilizar um padrão de
continuidade menos exigente, do que o prolongamento da exclusão dos benefícios da
energia elétrica de uma parcela da sociedade.
O desafio atual do setor elétrico, no que tange ao controle da qualidade de
distribuição, é encontrar padrões e metas para seus indicadores, que possam redundar
em melhoria nos serviços de distribuição, sem com isso criar barreiras à expansão do
setor.
12
1.4 Termos e definições
O objetivo desta seção é o de apresentar as definições aceitas para muitos dos
termos encontrados na literatura nacional e internacional relacionados à qualidade da
energia. Esta apenas se refere á definições básicas, tendo como intuito de apenas
despertar ou formar uma idéia inicial a respeito do assunto. Termos como os que
seguem são empregados em uma variedade de diferentes documentos e estão
freqüentemente sujeitos a confusões. Definições mais precisas, quando convenientes,
serão posteriormente apresentadas.
13
Ruído (Noise): qualquer sinal elétrico indesejado de alta freqüência que altera a
forma de tensão padrão (onda senoidal).
Sobretensão (Overvoltage): aumento do nível de tensão acima do normal (10% ou
mais), com duração superior a um minuto.
Subtensão (Drop ou Undervoltage): queda ou diminuição de tensão devido à partida
de grandes motores ou perda de alimentadores ou transformadores sob carga.
Algumas vezes é empregado para descrever afundamentos de tensão (voltage sags)
ou subtensões (undervoltages).
Tensão Nominal ou Normal (Nominal ou Normal Voltage): tensão nominal ou
normal contratada para um sistema de determinada classe de tensão.
Transitório (Transient, Spike ou Surge): um aumento inesperado no nível de tensão
que tipicamente permanece por menos do que 1/120 de um segundo.
14
Dos distúrbios originados de dentro das instalações dos usuários podemos
destacar como principais fontes:
a) nas instalações comerciais: os sistemas de aquecimento ou resfriamento
de motores; elevadores; refrigeradores, lâmpadas fluorescentes;
condutores inadequados e aterramentos impróprios; maquinário de
escritório (copiadoras, fax, impressoras a laser, etc.); circuitos
sobrecarregados e interferência magnética.
b) nas instalações industriais: reguladores de velocidade ajustável;
capacitores para correção do fator de potência; motores elétricos de
grande porte; geradores de emergência; condutores inadequados e
aterramentos impróprios; circuitos sobrecarregados e interferência
magnética.
15
TABELA 1 – Categorias de classificação dos distúrbios considerando-se o seu efeito,
duração e intensidade sobre determinado sistema
16
87% de todos os velocidade e/ou
distúrbios parada de
observados em motores
um sistema de
energia (de
acordo com
estudos do Bell
Labs).
17
A Tabela 2 mostra as categorias e características típicas de fenômenos
eletromagnéticos que contribuem para a perda da qualidade da energia em um
determinado sistema elétrico. Grande parte destes fenômenos já receberam
comentários iniciais quando da apresentação da Tabela 1. Esta Tabela (2) estará
referenciada a todos os demais capítulos que dizem respeito a cada fenômeno em
específico. A mesma é uma síntese de todos os distúrbio que eventualmente possam
a vir a ocorrer sobre determinado sistema elétrico, trazendo as principais
características pelas quais os fenômenos são definidos.
No que segue, todos estes distúrbios serão novamente apresentados,
procurando-se melhor caracterizá-los conforme o seu efeito, duração e intensidade
sobre determinado sistema elétrico.
18
Tabela 2 - Classes e características típicas de fenômenos eletromagnéticos nos
sistema elétricos
RP – Regime Permanente
19
2
TRANSITÓRIOS
20
comum de transitórios impulsivos é a descarga atmosférica. Devido à alta freqüência
do sinal resultante, a forma dos transitórios impulsivos pode ser alterada rapidamente
pelos componentes do circuito e apresentar características significantes quando
observadas de diferentes partes do sistema de energia.
21
• Elevação do potencial do terra local, em relação a outros terras, em vários
kV. Equipamentos eletrônicos sensíveis que são conectados entre duas
referências de terra, tal como um computador conectado ao telefone através
de um “modem”, podem falhar quando submetidos aos altos níveis de
tensão.
• Indução de altas tensões nos condutores fase, quando as correntes passam
pelos cabos a caminho do terra.
Em se tratando de descargas em pontos de extra alta tensão, o surto se
propaga ao longo da linha em direção aos seus terminais podendo atingir os
equipamentos instalados em subestações de manobra ou abaixadoras. Entretanto, a
onda de tensão ao percorrer a linha, desde o ponto de incidência até as subestações
abaixadoras para a tensão de distribuição, tem o seu valor de máximo
consideravelmente atenuado, e assim, consumidores ligados na baixa tensão não
sentirão os efeitos advindos de descargas atmosféricas ocorridas a nível de
transmissão. Contudo, os consumidores atendidos em tensão de transmissão e
supostamente localizados nas proximidades do ponto de descarga, estarão sujeitos a
tais efeitos, podendo ocorrer à danificação de alguns equipamentos de suas
respectivas instalações.
22
capacitores, que tipicamente resulta em uma tensão transitória oscilatória com uma
freqüência primária entre 300 e 900 Hz. O pico da magnitude pode alcançar 2,0 p.u.,
mas é tipicamente 1,3 a 1,5 p.u. com uma duração entre 0,5 e 3 ciclos dependendo do
amortecimento do sistema. A Figura 7 ilustra o resultado da simulação da
energização de um banco de 600 kVAr na tensão de 13,8 kV.
(V)
22.5k
20k
17.5k
15k
12.5k
10k
7.5k
5k
2.5k
-2.5k
-5k
-7.5k
-10k
-12.5k
0 5m 10m 15m 20m 25m 30m 35m 40m t(s)
(V) : t(s) (1)p2a
23
A Figura 8 ilustra o fenômeno da ferroressonância envolvendo um
transformador a vazio.
24
Figura 9 - Circuito equivalente para o estudo das tensões transitórias de
restabelecimento quando da eliminação de uma falta
25
freqüências, entre o sistema da concessionária e a indústria, e assim ocorrer uma
amplificação das tensões transitórias, bem superiores às citadas anteriormente,
podendo atingir níveis de 3 a 4 p.u.
Um procedimento comum para limitar a magnitude da tensão transitória é
transformar os bancos de capacitores do consumidor, utilizados para corrigir o fator
de potência, em filtros harmônicos. Uma indutância em série com o capacitor
reduzirá a tensão transitória na barra do consumidor a níveis aceitáveis. No sistema
da concessionária, utiliza-se o chaveamento dos bancos com resistores de pré-
inserção. Com a entrada deste resistor no circuito, o primeiro pico do transitório, o
qual causa maiores prejuízos, é significativamente amortecido.
Conforme apresentado, algumas técnicas podem ser utilizadas na tentativa de
se reduzir os níveis dos transitórios causados seja por chaveamentos ou por
descargas atmosféricas. Entretanto, em alguns casos, como por exemplo, os
transitórios oriundos de surtos de chaveamento em redes de distribuição, podem ter
seu grau de incidência e magnitudes reduzidas através de uma reavaliação das
filosofias de proteção e investimentos para melhorias nas redes. Esta última medida
visa o aumento da capacidade da rede, portanto, evitando que bancos de capacitores
venham a ser exigidos.
26
3
VARIAÇÕES DE LONGA DURAÇÃO NA TENSÃO
3.1 Sobretensão
Podemos designar uma sobretensão como sendo um aumento no valor eficaz
da tensão CA, maior do que 110% (valores típicos entre 1,1 e 1,2 p.u.) na freqüência
do sistema, por uma duração maior do que 1 min (Tabela 2). Sobretensões,
usualmente resultam do desligamento de grandes cargas ou energização de um banco
de capacitores. Taps dos transformadores incorretamente conectados também podem
resultar em sobretensões no sistema.
Geralmente, são instalados nas indústrias bancos de capacitores, normalmente
fixos, para correção do fator de potência ou mesmo para elevação da tensão nos
circuitos internos da instalação. Nos horários de ponta, quando há grandes
solicitações de carga, o reativo fornecido por estes bancos é desejável. Entretanto, no
horário fora de ponta, principalmente no período noturno, tem-se um excesso de
reativo injetado no sistema, o qual se manifesta por uma elevação da tensão.
Com relação às conseqüências das sobretensões de longa duração, estas
podem resultar em falha dos equipamentos. Os dispositivos eletrônicos podem sofrer
danos durante condições de sobretensões, embora transformadores, cabos,
disjuntores, TCs, TPs e máquinas rotativas, geralmente, não apresentam falhas
imediatas. Entretanto, tais equipamentos, quando submetidos a repetidas
sobretensões, poderão ter as suas vidas úteis reduzidas. Relés de proteção também
poderão apresentar falhas de operação durante as sobretensões. Uma observação
27
importante, diz respeito à potência reativa fornecida pelos bancos de capacitores, que
aumentará com o quadrado da tensão, durante uma condição de sobretensão.
Dentre algumas opções para a solução de tais problemas, destaca-se a troca
de bancos de capacitores fixos por bancos automáticos, tanto em sistemas das
concessionárias como em sistemas industriais, possibilitando um maior controle do
nível da tensão e a instalação de compensadores estáticos de reativos.
3.2 Subtensão
Já a subtensão apresenta características opostas, sendo que agora, um
decréscimo no valor eficaz da tensão AC para menos de 90% na freqüência do
sistema, também com uma duração superior a 1 min, é caracterizado (Tabela 1).
As subtensões são decorrentes, principalmente, do carregamento excessivo de
circuitos alimentadores, os quais são submetidos a determinados níveis de corrente
que, interagindo com a impedância da rede, dão origem a quedas de tensão
acentuadas. Outros fatores que contribuem para as subtensões são: a conexão de
cargas à rede elétrica, o desligamento de bancos de capacitores e, conseqüentemente,
o excesso de reativo transportado pelos circuitos de distribuição, o que limita a
capacidade do sistema no fornecimento de potência ativa e ao mesmo tempo eleva a
queda de tensão.
A queda de tensão por fase é função da corrente de carga, do fator de potência
e dos parâmetros R e X da rede, sendo obtidos através da equação (1).
onde:
∆ V- queda de tensão por fase;
I - corrente da rede;
R - resistência por fase da rede;
X - reatância por fase da rede;
cos φ - fator de potência.
A partir da equação (1) pode-se concluir que aqueles consumidores mais
distantes da subestação estarão submetidos a menores níveis de tensão. Além disso,
28
quanto menor for o fator de potência, maiores serão as perdas reativas na
distribuição, aumentando a queda de tensão no sistema.
Para evidenciar a influência do fator de potência na tensão, a Figura 11 ilustra
o perfil de tensão ao longo de um alimentador.
Dentre os problemas causados por subtensões de longa duração, destacam-se:
• Redução da potência reativa fornecida por bancos de capacitores ao
sistema;
• Possível interrupção da operação de equipamentos eletrônicos, tais como
computadores e controladores eletrônicos;
• Redução de índice de iluminamento para os circuitos de iluminação
incandescente, conforme ilustra a Figura 12;
• Elevação do tempo de partida das máquinas de indução, o que contribui
para a elevação de temperatura dos enrolamentos e
• Aumento nos valores das correntes do estator de um motor de indução
quando alimentado por uma tensão inferior à nominal, como mostra a Figura 13.
Desta forma tem-se um sobreaquecimento da máquina, o que certamente reduzirá a
expectativa de vida útil da mesma.
V[%]
0
-2
-4
-6
-8
Distância
Fp. Médio=0.85 Fp. Médio=0.7
29
Potência Consumida [W]
120
100
80
60
40
20
0
Nominal Queda - 2.5% Queda - 5% Queda - 7.5% Queda - 10%
12
10
0
Queda - 5% Queda - 10% Queda - 15%
30
• mudar o transformador de serviço para um de capacidade maior reduzindo
assim a impedância Z; e
• instalar compensadores estáticos de reativos, os quais tem os mesmos
objetivos que os capacitores, para mudanças bruscas de cargas.
Existe uma variedade de dispositivos usados para regulação de tensão. Tais
dispositivos são tipicamente divididos em três classes:
• Transformadores de tap variável: Existem transformadores de tap variável
com acionamento mecânico ou eletrônico. A maioria destes são do tipo
autotransformador, embora existam numerosas aplicações de
transformadores de dois e três enrolamentos com comutadores de tap. Os
do tipo mecânico são para cargas que variam lentamente, enquanto que os
eletrônicos podem responder rapidamente às mudanças de tensão.
• Dispositivos de isolação com reguladores de tensão independentes:
Dispositivos de isolação incluem sistemas UPS (Uninterruptible Power
Supply), transformadores ferroressonantes (tensão constante), conjuntos
M-G, etc. Estes são equipamentos que isolam a carga da fonte de
suprimento através de algum método de conversão de energia. Assim, a
saída do dispositivo pode ser separadamente regulada e manter constante a
tensão, desprezando as variações provenientes da fonte principal.
• Dispositivos de compensação de impedância: Capacitores “shunt” ajudam
a manter a tensão pela redução da corrente de linha ou através da
compensação de circuitos indutivos. Estes capacitores podem ser fixos ou
chaveados dependendo do tipo e da necessidade do sistema. Capacitores
em série são relativamente raros, mas são muito úteis em algumas cargas
impulsivas como britadeiras, etc. Estes capacitores compensam grande
parte da indutância dos sistemas. Se o sistema é altamente indutivo, a
impedância é significativamente reduzida. Se o sistema não é altamente
indutivo, mas tem uma alta proporção de resistência, os capacitores série
não serão muito efetivos. Compensadores estáticos de reativos podem ser
aplicados tanto em sistemas das concessionárias como industriais. Eles
ajudam a regular a tensão pela rápida resposta ao suprir ou consumir
energia reativa. Existem três tipos principais de compensadores estáticos
31
de reativos: o reator controlado a tiristor, o capacitor chaveado a tiristor e
o reator a núcleo saturado. Estes equipamentos são muito usados em
cargas geradoras de oscilações (flicker), tais como fornos a arco e em
outras cargas que variam randomicamente.
32
A conseqüência de uma interrupção sustentada é o desligamento dos
equipamentos, exceto para aquelas cargas protegidas por sistemas “no-breaks” ou
por outras formas de armazenamento de energia. Como já foi colocado
anteriormente, no caso de interrupções de curta duração, o desligamento de
equipamentos acarreta grandes prejuízos às indústrias. No caso de interrupção
sustentada o prejuízo é ainda maior, visto que o tempo de duração da interrupção é
muito grande, comparado com o da interrupção de curta duração, retardando a
retomada do processo produtivo.
33
4
VARIAÇÕES DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO
34
ocorre no período de tempo entre o início de uma falta e a operação do dispositivo de
proteção do sistema. A Figura 14 mostra uma interrupção momentânea devido a um
curto-circuito, sendo precedida por um afundamento. Observa-se que a tensão cai
para um valor de 20%, com duração de 3 ciclos e, logo após, ocorre à perda total do
suprimento por um período de 1,8 s até a atuação do religador.
35
Isc 30 5 15 30
Ciclos Segundos Segundos Segundos
36
vezes antes da operação do dispositivo à jusante, geralmente, um fusível. Como pode
ser observado na Figura 16, nesta filosofia, todos os consumidores do alimentador
sentiriam as curtas interrupções, fazendo aumentar o índice de freqüência de
interrupção por consumidor (FEC), o qual é monitorado pelas concessionárias.
Ramal
Alim. Principal
Ramal
Defeituoso
37
A Figura 16 ilustra uma subtensão de curta duração típica, causada por uma
falta fase-terra. Observa-se um decréscimo de 80% na tensão por um período de
aproximadamente 3 ciclos, até que o equipamento de proteção da subestação opere e
elimine a corrente de falta. Neste caso, de acordo com a Tabela 2, a subtensão é de
caráter instantâneo. Entretanto, as características e o número de subtensões diante de
uma determinada falta dependem de vários fatores como: a natureza da falta, sua
posição relativa a outros consumidores ligados na rede e o tipo de filosofia de
proteção adotada no sistema.
38
Para ilustrar a subtensão causada pela partida de um motor de indução e
comparar com o caso anterior, tem-se a Figura 17. Como é de conhecimento, durante
a partida de um motor de indução, este absorve uma corrente de 6 a 10 vezes a
corrente nominal, resultando em uma queda significativa na tensão fornecida.
Observa-se que, neste caso, a tensão cai rapidamente para 0,8 p.u. e, num período de
aproximadamente 3 s, retorna ao seu valor nominal.
39
(American Nacional Standarsds Institute) e IEEE (Institute of Electrical and
Electronics Engineers) - (Projeto SIDAQEE):
a) Controladores de resfriamento
Estes apresentam uma sensibilidade muito grande as subtensões, quando
estas atingem níveis em torno de 80% da nominal, desconsiderando o
período de duração. Exemplos: torres de resfriamento e condensadores.
b) Testadores de “chips” eletrônicos
Estes são muito sensíveis às variações de tensão e, devido à complexidade
envolvida, freqüentemente requerem 30 minutos ou mais para reiniciarem a
linha de testes. Tais testadores, compostos de cargas eletrônicas tipo:
impressoras, computadores, monitores, etc., normalmente saem de operação
se a tensão excursionar abaixo de 85% da nominal.
c) Acionadores CC
São utilizados em grande escala em processos industriais, desta forma é
importante que se mantenha uma qualidade no suprimento de energia destas
cargas. A partir de resultados preliminares de monitorações, estes se
mostram sensíveis quando a tensão é reduzida para próximo de 88% da
nominal, ou seja, apresentam um alto nível de sensibilidade.
d) PLC’s
Controladores Lógicos Programáveis robustos, pertencendo, portanto, a uma
geração mais antiga, admitem zero de tensão por até 15 ciclos. Porém, os
mais modernos, dotados de uma eletrônica mais sofisticada, começam a
apresentar problemas na faixa de 50-60% da tensão nominal.
e) Robôs
Robôs geralmente requerem uma tensão estritamente constante, para
garantir uma operação apropriada e segura. Portanto, estes tipos de
máquinas são freqüentemente ajustadas para saírem de operação, ou
desconectadas do sistema de distribuição, quando a tensão atinge níveis de
90% da nominal.
f) Computadores
Conforme mencionado anteriormente, os computadores configuram-se a
principal fonte de preocupação no que se refere as subtensões, uma vez que
os dados armazenados na memória podem ser totalmente perdidos em
40
condições de subtensões indesejáveis. Assim, foi estabelecido pela
ANSI/IEEE, limites de tolerância para computadores relativos a distúrbios
no sistema elétrico. Estes trabalhos conduziram à Figura 18, onde os níveis
de tensão abaixo da nominal representam os limites, dentro dos quais, um
computador típico pode resistir a distúrbios de subtensões sem apresentar
falhas. Nota-se que a suportabilidade de um computador é grandemente
dependente do período de duração do distúrbio.
400
300
Tensão [%]
Envoltória da Tensão de
115% 106%
100 Tolerância do Computador
Falta de Energia de
87%
0 Armazenamento 30%
0.001 0.01 0.1 0.5 1.0 6 10 30 100 1000
Tempo em Ciclos (60 Hz)
41
100
Tensão (% da Nominal)
80
60
40
20
0
0.1 1 10 100 1000
Tempo em ciclos
Região de Má Operação:
VCR’s
Fornos de Microondas
Relógios Digitais
Figura 19 - Limiares de tensão para operação segura de vídeos, microondas e
relógios digitais
42
Figura 20 - Transformador ferroressonante
Sem
Com
43
Figura 21 - Melhoramento contra afundamentos através de um transformador
ferroressonante.
b) Utilização de UPS’s
Os tipos básicos de UPSs (Uninterruptile Power Supply) fundamentam-se
nas operações on-line e standby. A UPS híbrida, que corresponde a uma
variação da UPS standby, também pode ser usada para interrupções de
longa duração.
A Figura 22 mostra uma configuração típica de uma UPS on-line. Nesta
topologia, onde a carga é sempre alimentada através da UPS, à tensão CA
de entrada é convertida em tensão CC, a qual carrega um banco de baterias,
sendo esta então, invertida novamente para tensão CA. Ocorrendo uma falha
no sistema CA de entrada, o inversor é alimentado pelas baterias e continua
suprindo a carga.
44
Figura 23 - UPS Standby
Banco
45
vários locais nos EUA com resultados favoráveis. A Figura 25 mostra um
diagrama on-line deste dispositivo.
46
e/ou a duração de interrupções momentâneas e afundamentos, mas as faltas
nos sistemas das concessionárias nunca podem ser eliminadas
completamente.
47
pequeno ou nenhum aumento nas fases não faltosas porque o transformador da
subestação é usualmente conectado em delta-estrela, provendo um baixo caminho de
impedância de seqüência zero para a corrente de falta.
A duração da elevação está intimamente ligada aos ajustes dos dispositivos de
proteção, à natureza da falta (permanente ou temporária) e à sua localização na rede
elétrica. Em situações de elevações oriundas de saídas de grandes cargas ou
energização de grandes bancos capacitores, o tempo de duração das elevações
depende do tempo de resposta dos dispositivos reguladores de tensão das unidades
geradoras, do tempo de resposta dos transformadores de tap variável e da atuação
dos dispositivos compensadores de reativos e síncronos em sistemas de potência e
compensadores síncronos que porventura existam.
48
estas condições. Contudo, transformadores, cabos, barramentos, dispositivos de
chaveamento, TPs, TCs e máquinas rotativas podem ter a vida útil reduzida. Um
aumento de curta duração na tensão em alguns relés pode resultar em má operação
enquanto outros podem não ser afetados. Uma elevação de tensão em um banco de
capacitores pode, freqüentemente, causar danos no equipamento. Aparelhos de
iluminação podem ter um aumento da luminosidade durante uma elevação.
Dispositivos de proteção contra surto como um circuito de fixação da amplitude
(clamping circuit) podem ser destruídos quando submetidos a elevações que
excedam suas taxas de MCOV (Maximum Continuous Operating Voltage).
Dentro do exposto, a preocupação principal recai sobre os equipamentos
eletrônicos, uma vez que estas elevações podem vir a danificar os componentes
internos destes equipamentos, conduzindo-os à má operação, ou em casos extremos,
à completa inutilização. Vale ressaltar mais uma vez que, a suportabilidade de um
equipamento não depende apenas da magnitude da elevação, mas também do seu
período de duração, conforme ilustra a Figura 18, a qual mostra a tolerância de
microcomputadores às variações de tensão.
49
5
DESEQUILÍBRIO DE TENSÃO
50
circulação destas correntes, seja pela conexão estrela isolada ou em delta destes
motores.
Sabe-se que, quando tensões de seqüência negativa são aplicadas ao estator
do motor, surge um correspondente campo magnético que gira no sentido contrário
ao campo da seqüência positiva, ou seja, contrário ao sentido de rotação do rotor.
Assim, tem-se estabelecido uma indesejável interação entre os dois campos, o que
resulta num conjugado pulsante no eixo da máquina.
A Figura 27 ilustra a curva do conjugado desenvolvido por um motor de
indução (20cv, 220V, Y), bem como a curva de conjugado de carga, quando
alimentado por tensões desequilibradas.
(N.m)
140
120
100 Conjugado
80
do motor
60
40
20
-20 Conjugado
da carga
-40
-60
-80
-100
-120
-140
0 200m 400m 600m 800m 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 t(s)
51
temperatura, tem-se a redução da expectativa de vida útil dos motores, visto que o
material isolante sofre uma deterioração mais acentuada na presença de elevadas
temperaturas nos enrolamentos.
80
60
40
20
0
0 2 3,5 5
Desequilíbrio [%]
Deseq. de Corrente Deseq. de Tensão
52
c) Retificadores: Uma ponte retificadora CA/CC, controlada ou não, injeta
na rede CA, quando esta opera sob condições nominais, correntes harmônicas
características (de ordem 5, 7, 11, 13, etc). Entretanto, quando o sistema supridor
encontra-se desequilibrado, os retificadores passam a gerar, além das correntes
harmônicas características, o terceiro harmônico e seus múltiplos.
A presença do terceiro harmônico e seus múltiplos no sistema elétrico é
extremamente indesejável, pois possibilita manifestação de ressonâncias não
previstas, visto que não é prática a instalação de filtros de terceiro harmônico em
instalações desta natureza e, isto pode causar danos a uma série de equipamentos.
A Figura 29 mostra o espectro harmônico de um conversor de 6 pulsos a
diodo, alimentado por tensões equilibradas e desequilibradas respectivamente.
Magnitude [%]
120
100
80
60
40
20
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Ordem Harmônica
Equil. Deseq.
53
6
DISTORÇÃO DA FORMA DE ONDA
Distorção da forma de onda é definido como um desvio da forma de onda
puramente senoidal na freqüência fundamental, que é caracterizado principalmente
pelo seu conteúdo espectral.
Há cinco tipos principais de distorções da forma de onda - Tabela 2:
a) nível CC;
b) harmônicos;
c) inter-harmônicas;
d) notching e
e) ruído.
6.1 Nível CC
A presença de um componente CC na tensão ou corrente em um sistema de
energia CA é denominado nível CC. Este pode ocorrer como resultado de um
distúrbio ou devido à operação ideal de retificadores de meia-onda.
O nível CC em redes de corrente alternada pode levar à saturação de
transformadores, resultando em perdas adicionais e redução da vida útil. Pode
também causar corrosão eletrolítica dos eletrodos de aterramento e de outros
conectores.
6.2 Harmônicos
Tecnicamente, um harmônico é um componente de uma onda periódica cuja
freqüência é um múltiplo inteiro da freqüência fundamental (no caso da energia
elétrica, de 60 Hz).
Harmônicos são fenômenos contínuos, e não devem ser confundidos com
fenômenos de curta duração, os quais duram apenas alguns ciclos. Distorção
harmônica é um tipo específico de energia suja, que é normalmente associada com a
crescente quantidade de acionamentos estáticos, fontes chaveadas e outros
dispositivos eletrônicos nas plantas industriais. Estas perturbações no sistema podem
normalmente ser eliminadas com a aplicação de filtros de linha (supressores de
54
transitórios). Um filtro de harmônicos é essencialmente um capacitor para correção
do fator de potência, combinado em série com um reator (indutor).
A Figura 30 mostra a tensão num barramento CA de alimentação de um
conversor de seis pulsos, na qual evidencia-se as deformações na forma de onda. A
distorção harmônica vem contra os objetivos da qualidade do suprimento promovido
por uma concessionária de energia elétrica, a qual deve fornecer aos seus
consumidores uma tensão puramente senoidal, com amplitude e freqüência
constantes. Entretanto, o fornecimento de energia a determinados consumidores que
causam deformações no sistema supridor, prejudicam não apenas o consumidor
responsável pelo distúrbio, mas também outros conectados à mesma rede elétrica.
A natureza e a magnitude das distorções harmônicas geradas por cargas não-
lineares dependem de cada carga em específico, mas duas generalizações podem ser
assumidas:
a) os harmônicos que causam problemas geralmente são os componentes de
números ímpares e
b) a magnitude da corrente harmônica diminui com o aumento da
freqüência.
Como comentado, altos níveis de distorções harmônicas em uma instalação
elétrica podem causar problemas para as redes de distribuição das concessionárias,
para a própria instalação e para os equipamentos ali instalados. As conseqüências
podem chegar até à parada total de importantes equipamentos na linha de produção
acarretando em prejuízos econômicos. Dentre eles, de maior importância estão a
perda de produtividade e de vendas devido a paradas de produção, causadas por
inesperadas falhas em motores, acionamentos, fontes ou simplesmente pelo "repicar"
de disjuntores.
Para a quantificação do grau de distorção presente na tensão e/ou corrente,
lança-se mão da ferramenta matemática conhecida por série de Fourier. As vantagens
de se usar a série de Fourier para representar formas de onda distorcidas é que, cada
componente harmônica pode ser analisada separadamente e, a distorção final é
determinada pela superposição das várias componentes constituintes do sinal
distorcido.
55
(V)
200
150
100
50
-50
-100
-150
-200
1. 55 1. 6 1. 65 1. 7 1. 75 1. 8 1. 85 1. 9 1. 95 1.5 1.505 t(s)
nmáx
∑ Vn2
DHVT = n >1 2 × 100(%) (1)
V1
nmáx
∑ I n2
DHI T = n >1 × 100(%) (2)
I12
onde:
56
DHVT = distorção harmônica total de tensão
DHIT = distorção harmônica total de corrente
Vn = valor eficaz da tensão de ordem n
In = valor eficaz da corrente de ordem n
V1 = valor eficaz da tensão fundamental
I1 = valor eficaz da corrente fundamental
n = ordem da componente harmônica
A “Distorção Harmônica Individual” é utilizada para a quantificação da
distorção individual de tensão ou corrente, ou seja, para determinar a porcentagem de
determinado componente harmônico em relação à sua componente fundamental. As
equações (3) e (4) expressam tais definições.
Vn
DHVI = x100 (%) (3)
V1
I
DHI I = n x100 (%) (4)
I1
onde:
DHVI - distorção harmônica individual de tensão.
DHII - distorção harmônica individual de corrente.
Para fins práticos, geralmente, os componentes harmônicos de ordens
elevadas (acima da 50ª ordem, dependendo do sistema) são desprezíveis para
análises de sistemas de potência. Apesar de poderem causar interferência em
dispositivos eletrônicos de baixa potência, elas usualmente não representam perigo
aos sistemas de potência.
No passado não havia maiores preocupações com harmônicos. Cargas com
características não lineares eram pouco utilizadas e os equipamentos eram mais
resistentes aos efeitos provocados por harmônicas. Entretanto, nos últimos anos, com
o rápido desenvolvimento da eletrônica de potência e a utilização de métodos que
buscam o uso mais racional da energia elétrica, o conteúdo harmônico presente nos
sistemas tem-se elevado, causando uma série de efeitos indesejáveis em diversos
57
equipamentos ou dispositivos, comprometendo a qualidade e o próprio uso racional
da energia elétrica. O problema é ainda mais agravado pela utilização de
equipamentos e cargas mais sensíveis à qualidade da energia.
Assim, é de grande importância citar aqui os vários tipos de cargas elétricas
com características não lineares, denominadas de “Cargas Elétricas Especiais”, que
têm sido implantadas em grande quantidade no sistema elétrico brasileiro. Estas, de
um modo geral, podem ser classificadas em três grupos básicos, a saber:
c) Reguladores
• fornos de indução controlados por reatores saturados;
• cargas de aquecimento controladas por tiristores;
• velocidade dos motores CA controlados por tensão de estator;
• reguladores de tensão a núcleo saturado;
• computadores;
• eletrodomésticos com fontes chaveadas, etc.
Como já foi dito, as distorções harmônicas causadas pela operação de tais
equipamentos e dispositivos, causam alguns efeitos indesejáveis ao sistema elétrico.
Estes efeitos podem ser divididos em três grandes grupos. Nos dois primeiros
58
estariam enquadrados, por exemplo, os problemas de perda da vida útil de
transformadores, máquinas rotativas, bancos de capacitores, etc. No terceiro grupo
estariam englobadas questões diversas que poderiam se traduzir numa operação
errônea ou na falha completa de um equipamento. Nesta categoria estariam incluídos
efeitos como: torques oscilatórios nos motores CA, erros nas respostas de
equipamentos, aumento ou diminuição do consumo de kWh, etc.
Para ressaltar tais efeitos, descreve-se abaixo como as distorções harmônicas
de tensão e corrente podem alterar a operação de alguns dispositivos comumente
encontrados nas redes elétricas.
Cabos
Dentre os efeitos de harmônicos em cabos destacam-se:
• Sobreaquecimento devido às perdas Joule que são acrescidas;
• Maior solicitação do isolamento devido a possíveis picos de tensão e
imposição de correntes pelas capacitâncias de fuga, provocando aquecimento
e conseqüentemente uma deterioração do material isolante.
Outro aspecto importante que deve ser destacado refere-se ao carregamento
exagerado do circuito de neutro, principalmente em instalações que agregam muitos
aparelhos eletrônicos, como microcomputadores, onde há uma predominância muito
grande do terceiro harmônico. Este se caracteriza por ser de seqüência zero, portanto,
propaga-se pelo neutro podendo dar origem a tensões perigosas quando estas
correntes circulam por malhas de terra mal projetadas.
Com relação ao nível de distorção de tensão, abaixo do qual os cabos não são
expressivamente afetados, este é dado pela equação (5).
∞
∑
n= 2
(Vn) 2 ≤ 10% (5)
Transformadores
Um transformador, quando submetido a distorções de tensão e corrente,
experimentará um sobreaquecimento causado pelo aumento das perdas Joulicas,
59
além de intensificar as fugas tradicionalmente manifestadas nos isolamentos. As
perdas Joulicas são dadas pela equação (6).
3
x10
70
60
50
40
30
20
10
0
0 6 12 18 24 30 36
Distorção Harmônica Total de Corrente (%)
60
∞
∑
n= 2
(Vn) 2 ≤ 5% (a plena carga) (7)
∞
∑
n= 2
(Vn) 2 ≤ 10% (a vazio) (8)
Motores de Indução
Um motor de indução, operando sob alimentação distorcida, pode apresentar,
de forma semelhante ao transformador, um sobreaquecimento de seus enrolamentos.
Este sobreaquecimento faz com que ocorra uma degradação do material isolante que
pode levar a uma condição de curto-circuito por falha do isolamento. A Figura 32
mostra uma estimativa do acréscimo das perdas elétricas num motor de indução, em
função da distorção total de tensão presente no barramento supridor.
61
material, ou em casos extremos, para altos valores de torques oscilantes, interrupção
do processo produtivo, principalmente em instalações que requerem torques
constantes como é o caso de bobinadeiras na indústria de papel-celulose e condutores
elétricos.
Com a utilização dos reguladores automáticos de velocidade, estes efeitos se
pronunciam com maior intensidade, pois os níveis de distorção impostos pelos
inversores superam os valores normalmente encontrados nas redes CA, muito
embora, hoje, com novas técnicas de chaveamento, estes níveis têm sido reduzidos
consideravelmente.
Os motores de indução, de acordo com o seu porte e impedância de seqüência
negativa, possuem um grau de imunidade aos harmônicos conforme sugere a
equação (9).
2
∞
Vn
∑ ≤ 1,3% a 3,5% (9)
n = 2 n
Máquinas Síncronas
Pelo fato de estarem localizados distantes dos centros consumidores, as
unidades geradoras, responsáveis por grandes blocos de energia, não sofrem de
forma acentuada as conseqüências dos harmônicos injetados no sistema. Entretanto,
em sistemas industriais dotados de geração própria, que operam em paralelo com a
concessionária, tem sido verificado uma série de anomalias no que se refere à
operação das máquinas síncronas. Dentre estes efeitos destacam-se:
• Sobreaquecimento das sapatas polares, causado pela circulação de correntes
harmônicas nos enrolamentos amortecedores;
• Torques pulsantes no eixo da máquina; e
• Indução de tensões harmônicas no circuito de campo, que comprometem a
qualidade das tensões geradas.
Assim, é importante que uma monitoração da intensidade destas anomalias
seja efetuada, com o propósito de assegurar operação contínua das máquinas
síncronas, evitando transtornos como perda de geração. No caso de instalações que
utilizam motores síncronos, as mesmas observações se aplicam.
62
De forma semelhante aos motores de indução, o grau de imunidade das
máquinas síncronas aos efeitos de harmônicos é função do porte da máquina e da
impedância de seqüência negativa. Esta condição pode ser assegurada quando
obedecida à equação (10).
2
∞
Vn
∑ ≤ 1,3% a 2,4% (10)
n = 2 n
Bancos de Capacitores
Relembramos que bancos de capacitores instalados em redes elétricas
distorcidas podem originar condições de ressonância, caracterizando uma
sobretensão nos terminais das unidades capacitivas.
Em decorrência desta sobretensão, tem-se uma degradação do isolamento das
unidades capacitivas, e em casos extremos, uma completa danificação dos capacitores.
Além disso, consumidores conectados no mesmo PAC (Ponto de Acoplamento
Comum) ficam submetidos a tensões perigosas, mesmo não sendo portadores de
cargas poluidoras em sua instalação, o que estabelece uma condição extremamente
prejudicial à operação de diversos equipamentos. Entretanto, mesmo que não seja
caracterizado uma condição de ressonância, um capacitor constitui-se um caminho de
baixa impedância para as correntes harmônicas, estando, portanto, constantemente
sobrecarregado, sujeito a sobreaquecimento excessivo, podendo até ocorrer uma
atuação da proteção, sobretudo dos relés térmicos.
Estes efeitos, isolados ou conjuntamente, resultam na diminuição da vida útil
do capacitor. Uma equação empírica (11) estima a vida útil de um capacitor.
7 , 45
1
VU = (11)
S ⋅ T
onde:
VU - vida útil em p.u.;
S - valor de pico da sobretensão em p.u.;
T - sobretemperatura em p.u.
De posse da equação (11) é possível traçar o comportamento da vida útil de
capacitores para vários valores de sobretensão e sobretemperatura. A Figura 33
ilustra a redução da vida útil dos capacitores em função da temperatura.
63
Figura 33 - Vida útil versus Sobretemperatura em capacitores
64
Figura 34 - Vida útil versus Distorção de Tensão em Capacitores
65
Figura 35 - Erro medido em função da corrente eficaz de um retificador controlado
Dispositivos de Proteção
Estes dispositivos, quando submetidos a sinais distorcidos, podem atuar de
maneira incorreta, não retratando a real condição operacional do sistema.
Uma recomendação para o limite de operação de relés quando submetidos a
sinais distorcidos é apresentado pela equação 14.
∞
∑
n= 2
(Vn) 2 ≤ 5% (14)
66
proporcionando um caminho de baixa impedância para as correntes
harmônicas. Podem ser utilizados para a melhoria do fator de potência,
fornecendo o reativo necessário ao sistema. Entretanto, existem alguns
problemas relacionados à utilização destes filtros, dentre os quais destacam-
se: o alto custo, a complexidade de sintonia e a possibilidade de ressonância
paralela com a impedância do sistema elétrico.
• Filtros ativos: um circuito ativo gera e injeta correntes harmônicas com
defasagem oposta àquelas produzidas pela carga não linear. Assim, há um
cancelamento das ordens harmônicas que se deseja eliminar. Embora bastante
eficientes, estes dispositivos apresentam custos elevados (superiores aos
filtros passivos), o que tem limitado a sua utilização nos sistemas elétricos.
• Compensadores eletromagnéticos e
• Moduladores CC.
Técnicas tais como eliminação por injeção de um componente de corrente
alternada ou pulsante, produzido por um retificador e aumento do número de pulsos
dos conversores estáticos também podem ser utilizados. Dentre estas, a última tem
sido mais usada e se enquadra dentro do contexto de equipamentos designados por
compensadores eletromagnéticos de harmônicos.
6.3 Interharmônicos
São formas de ondas de tensões e correntes que apresentam componentes de
freqüência que não são múltiplos inteiros da freqüência com a qual o sistema é
suprido e designado a operar (50 ou 60 Hz). Estas inter-harmônicas podem
aparecer como freqüências discretas ou como uma larga faixa espectral. Podem ser
encontradas em redes de diferentes classes de tensões. As principais fontes são os
conversores de freqüência estáticos, cicloconversores, motores de indução e
equipamentos a arco. Sinais “carrier” em linhas de potência também podem ser
considerados como interharmônicos.
Os efeitos deste fenômeno não são bem conhecidos, mas admite-se que os
mesmos podem afetar a transmissão de sinais carrier (portadores) e a induzir flicker
(oscilação) visual no display de equipamentos como tubos de raios catódicos.
67
6.4 Notching
Notching é um distúrbio periódico de tensão causado pela má operação dos
dispositivos eletrônicos quando a corrente é comutada de uma fase para outra.
Durante este período há um momentâneo curto circuito entre duas fases levando a
tensão próxima a zero tanto quanto é permitido pelas impedâncias do sistema.
Desde que ocorre continuamente, pode ser caracterizado pelo espectro
harmônico da tensão afetada. Os componentes de freqüência associados com o
fenômeno notching podem ser altos e não ser prontamente caracterizados pelos
equipamentos de medidas normalmente usados para análise de harmônicos. A Figura
30 mostra a forma com que o notching se manifesta.
6.5 Ruído
Com respeito aos ruídos, estes podem ser definidos como sinais elétricos não
desejáveis com um conteúdo do espectro abaixo de 200 kHz, superposto à tensão e
corrente do sistema de energia nos condutores de fase ou obtidos sobre os condutores
neutros, ou ainda, nos sinais da linha.
Pode ser causado em sistemas de energia por equipamentos eletrônicos,
circuitos de controle, equipamentos a arco, cargas com retificadores de estado sólido
e fontes chaveadas e, via de regra, estão relacionados com aterramentos impróprios.
O problema pode ser atenuado pelo uso de filtros, isolamento dos transformadores e
condicionadores de linha.
68
7
FLUTUAÇÃO DE TENSÃO
• Flutuações Aleatórias
A principal fonte destas flutuações são os fornos a arco, onde as amplitudes
das oscilações dependem do estado de fusão do material, bem como do nível de
curto-circuito da instalação.
• Flutuações Repetitivas
Dentre as principais fontes geradoras de flutuações desta natureza tem-se:
- Máquinas de solda;
- Laminadores;
- Elevadores de minas e
- Ferrovias.
69
Tensão [kV]
• Flutuações Esporádicas
A principal fonte causadora destas oscilações é a partida direta de grandes
motores. Os principais efeitos nos sistemas elétricos, resultados das oscilações
causadas pelos equipamentos mencionados anteriormente são:
- Oscilações de potência e torque das máquinas elétricas;
- Queda de rendimento dos equipamentos elétricos;
- Interferência nos sistemas de proteção e
- Efeito flicker ou cintilação luminosa.
Em relação aos efeitos em motores elétricos, o conjugado desenvolvido é
diretamente proporcional ao valor RMS da tensão e, estando os motores submetidos
a tensões flutuantes, estes passam a apresentar torques oscilantes no eixo. A Figura
37 mostra as curvas de conjugado eletromagnético e de carga de um motor de
indução quando da presença de tensões oscilantes aplicadas ao estator, onde se
verifica oscilações no conjugado motor, de amplitudes consideráveis.
70
(N.m)
140
120
Conjugado do
100
motor
80
60
40
20
0
Conjugado
-20
da carga
-40
-60
-80
-100
-120
-140
0 200m 400m 600m 800m 1 12 1.4 1.6 18 2 2.2 t(s)
71
Figura 38 - Limites da Percepção Visual para Flutuações de Tensão Associadas a
Ondas Senoidais e Quadradas
72
8
VARIAÇÕES NA FREQÜÊNCIA DO SISTEMA
73
9
AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA
QUALIDADE DE ENERGIA
74
custos totais da operação das várias soluções. Note que as soluções devem incluir
opções para melhorar o fornecimento do sistema da concessionária.
Melhorar o desempenho das instalações durante variações da qualidade da
energia pode resultar em significantes economias e pode apresentar vantagens
competitivas. Portanto, é importante para consumidores e fornecedores trabalharem
em conjunto para identificar a melhor alternativa para se alcançar os níveis de
desempenho requeridos.
A metodologia para a avaliação econômica descrita neste trabalho consiste
dos seguintes passos:
• caracterizar o desempenho da qualidade da energia no sistema;
• estimar os custos associados com as variações da qualidade da energia;
• caracterizar as soluções alternativas em termos de custos e eficácia e
• desenvolver a análise econômica comparativa.
75
(ou máxima) durante um afundamento (ou elevação). A duração do
distúrbio é usualmente de importância secundária para estes dispositivos.
• Equipamento sensível tanto à variação do valor rms na tensão (magnitude)
como da sua duração no sistema: este grupo praticamente inclui todos os
equipamentos que se utilizam do fornecimento eletrônico da energia. Tais
equipamentos apresentam uma má operação ou falham quando a tensão de
saída fornecida cai abaixo de valores específicos, permanecendo por um
período além do suportável ou pré-especificado.
• Equipamento sensível a outras características além da magnitude e
duração: alguns equipamentos são afetados por outras características de
variações rms tais como o desbalanço de fases durante o distúrbio, o ponto
do sinal analisado (forma da onda) onde se inicia a variação, ou qualquer
oscilação transitória ocorrendo durante o distúrbio. Estas variações são mais
delicadas do que a magnitude e duração e seus impactos são muito mais
difíceis de generalizar.
Nós usaremos o método padrão da indústria em caracterizar afundamentos de
tensão empregando a magnitude mínima de tensão e duração (tempo em que a tensão
esta abaixo de limiares especificados). A duração do afundamento é determinada
pelo espaço de tempo requerido para o dispositivo de proteção detectar a falta e
operar. Uma caracterização usual da duração é encontrada na norma padrão do IEEE
1159 (IEEE Standard 1159), Tabela 2.1, onde afundamentos de tensão com duração
entre 0,5 e 30 ciclos são identificados como “instantâneos”, outros entre 30 ciclos e 3
segundos são identificados como “momentâneos” e outros, com duração entre 3 s a 1
minuto são definidos como “temporários”. Em adição a magnitude e duração, é
freqüentemente importante identificar o número de fases envolvidas no evento
(afundamento), desde que isto pode afetar ambas a sensibilidade do equipamento e a
capacidade da solução tecnológica.
A magnitude da tensão em um dada instalação durante um evento de
afundamento de tensão irá depender da localização da instalação com respeito à
localização da falta sobre o sistema. Infelizmente, geralmente, faltas em qualquer
parte do sistema podem afetar a operação de uma instalação. Esta “área de alcance da
falta” é freqüentemente designada como “área de vulnerabilidade”, a qual define a
sensibilidade da instalação a determinado evento (afundamentos de tensão).
76
Uma vez que a área de vulnerabilidade é determinada para uma específica
avaliação, o número esperado de afundamentos de uma dada severidade pode ser
calculada baseada no desempenho esperado dos circuitos de transmissão e de
distribuição dentro da área de vulnerabilidade.
Claro que o modo mais fácil de caracterizar o desempenho é pelo
monitoramento da qualidade da energia. Os afundamentos de tensão podem ser
caracterizados sobre o tempo.
77
tecnologia de fornecimento contínuo de energia. Afundamentos de tensão e outras
variações na qualidade da energia sempre irão ter um impacto sobre alguma porção
associada ao encerramento total da atividade. A base de custo associada com uma
interrupção momentânea pode ser designada como Ci. Se um afundamento de tensão
de 40 % causa 80% do impacto econômico que uma interrupção momentânea causa,
então o fator de indenização para o afundamento de 40% poderá ser 0,8.
Similarmente, se um afundamento de 75% somente resulta em 10% dos custos que
uma interrupção causa, então o fator de indenização é 0,1.
Após os fatores de indenização serem aplicados a um evento, os custos de um
evento são expressos por unidade de custo momentâneo da interrupção. Os eventos
associados às indenizações podem então ser somados, sendo que o total é o custo de
todos os eventos expressos em um número de interrupções momentâneas
equivalentes.
A Tabela 3 provê um exemplo de fatores de indenizações que podem ser
usados para uma particular investigação. Os fatores de indenizações podem, além
destes, serem expandidos para diferenciar entre afundamentos que afetam todas as
três fases e afundamentos que afetam uma ou duas fases. A Tabela 4 combina as
indenizações com o desempenho esperado para determinar o custo total anual
associado com afundamentos de tensão e interrupções. O custo é 16,9 vezes o custo
total associado a uma interrupção. Se uma interrupção custa $ 40.000, o custo total
associado com afundamentos de tensão e interrupções deve ser $ 676.000 por ano.
Interrupção 1,0
Afund. com tensão mínima abaixo de 0,8
50%
Afund. com tensão mínima (50 e 70%) 0,4
Afund. com tensão mínima (70 e 90%) 0,1
78
Tabela 4 – Fatores de indenizações combinados com o número de eventos
esperados para determinar o custo total das variações na QE
Categoria Indenizações p/ a Número de Total interrupções
do evento análise econômica eventos por ano equivalente
Interrupção 1,0 5 5
Afund. com tensão 0,8 3 2,4
mínima abaixo de
50%
Afund. com tensão 0,4 15 6
mínima entre 50 e
70%
Afund. com tensão 0,1 35 3,5
mínima entre 70 e
90%
Total 16,9
79
disposição e/ou considerações para que agreguem valor na aplicação. Uma avaliação
completa deverá incluir custos menos óbvios tais como despesas de imobiliários ou
relacionadas ao espaço e impostos considerados. O custo da necessidade de espaço
extra pode ser incorporado como uma taxa de aluguel e incluída com outras despesas
anuais de operação. As considerações dos impostos podem ter vários componentes, e
os benefícios ao sistema ou custo podem ser incluídos em outra despesa anual de
operação. A Tabela 5 provê um exemplo dos custos iniciais e custos de operação
anual para algumas tecnologias gerais usadas para melhorar o desempenho frente a
afundamentos de tensão e interrupções. Estes custos são providos para uso ilustrativo
e não devem ser considerados como um indicativo de qualquer produto em
particular.
80
* Incorpora um microprocessador para monitorar a linha para condições de
afundamento. O processador detecta quando a linha está fora do limite e controla
uma chave estática, que insere um conversor e filtros em série com a linha durante o
evento.
** Reguladores Dinâmicos de Tensão (Dynamic Voltage Regulators) e Reguladores
Série de Tensão (Series Voltage Regulators): para afundamentos de tensão de até
50%.
Junto ao custo, a eficácia da solução de cada alternativa deve ser quantificada
em termos do melhoramento do desempenho que deve ser alcançado. A eficácia da
solução, como custos da qualidade da energia, tipicamente irá variar com a
severidade do distúrbio da qualidade da energia. Esta relação pode ser definida por
uma matriz de valores em “% de afundamentos evitados”.
81
energia associados com condições de mercado, que podem grandemente afetar os
custos da qualidade da energia, poderiam tipicamente justificar a necessidade para
avaliações sensitivas.
82
10
MEDIÇÕES E MONITORAMENTO DA
QUALIDADE DA ENERGIA
83
a) sinais transitórios sobrepostos ao sinal de freqüência fundamental;
b) variações momentâneas de tensão;
c) interrupções momentâneas (continuidade);
d) desequilíbrio de tensão/corrente;
e) variações de freqüência;
f) distorção da forma de onda (harmônicos) e
g) flutuação de tensão/cintilação.
O volume de dados necessário para a análise de cada um destes fenômenos
leva em consideração a sua característica e duração. Para os fenômenos que
necessitam de um grande volume de dados para a sua caracterização, geralmente
adota-se uma abordagem de registros periódicos de eventos. No caso de fenômenos
lentos (“quase permanente”), cuja caracterização necessite de um pequeno volume de
dados, utiliza-se uma estratégia de medição contínua (histórico).
Ao contrário dos Registradores Digitais de Perturbações (RDPs), os quais já
possuem um conjunto de funcionalidades muito bem definidas e consolidadas, os
Registradores de parâmetros para análise da Qualidade da Energia Elétrica (RQEE)
ainda se encontram em fase de consolidação, quanto aos recursos disponíveis,
capacidades de memória, capacidades de comunicação, protocolos de medição e até
mesmo quanto ao preço básico desses instrumentos.
A fronteira que separa um RDP de um RQEE é bastante tênue e muitas vezes
não parece estar bem clara para os usuários (e mesmo para alguns fabricantes) destes
dois equipamentos.
De um forma geral, as características básicas de um RQEE compreende:
• a monitoração de um conjunto de parâmetros cujo escopo é bem maior
do que o do RDP.
• Normalmente monitoram um único circuito (4 correntes e 4 tensões);
• realizam muitos cálculos sobre os sinais monitorados.
• É configurado por uma série de triggers (disparos) associados aos
problemas de QEE (o que normalmente exclui os triggers digitais).
• Gera registros estatísticos de eventos aos quais podem estar associados
a dados fasoriais (valores de módulo e ângulo medidos a cada ciclo) e
também a dados oscilográficos.
84
• Gera registros históricos (medição contínua).
• A sincronização temporal não é tão relevante embora necessária.
• Grava normalmente um grande número de eventos, sendo grande a
preocupação com estratégias que minimizem o volume de dados
armazenados.
• Os dados são lidos e analisados com uma filosofia voltada para o
tratamento estatístico dos eventos ocorridos em um certo período de
tempo. Registros oscilográficos concomitantes com os eventos são
disponibilizados para permitir uma melhor visualização dos
fenômenos.
• Podem ser instalados em TPs e TCs que alimentam os sistemas de
medição.
As características comuns aos dois registradores constituem-se
fundamentalmente pelo hardware e aquisição dos sinais de corrente e tensão, sendo
que o escopo do RQEE é muito mais abrangente do que a do RDP. No entanto,
existem muitas funcionalidades no RDP que são realizadas pelo RQEE, tais como a
localização de defeitos e geração de triggers digitais.
Alguns parâmetros da QEE, principalmente os associados às variações
momentâneas de tensão e interrupções, podem ser facilmente registradas com o
auxílio de um RDP. No entanto, o volume de dados armazenados é normalmente
excessivo, tornando o tratamento dos mesmos muito trabalhoso, uma vez que muitas
das etapas não são realizadas de forma automática.
A medição de fenômenos de natureza “quase-permanente” (harmônicos, por
exemplo) pode ser realizada através de disparos oscilográficos em intervalos de
tempo periódicos. Esse tipo de registro, no entanto, além de gerar um grande volume
de dados, normalmente não atende totalmente aos protocolos de medição usualmente
empregados. Alguns fenômenos que dependem de protocolos de medição bastante
específicos (como por exemplo, a medição de cintilação) normalmente não podem
ser realizados por meio de um RDP.
Sendo assim, pelos apontamentos já apresentados, temos que o uso de RQEEs
ainda é incipiente, sendo que os próprios equipamentos e softwares associados
encontram-se em uma fase de maturação e grande aprimoramento. A tendência é de
85
que os RQEEs sejam utilizados principalmente nos pontos de conexão entre os
diversos agentes do setor elétrico com o objetivo de se fazer um acompanhamento
contínuo da QEE na fronteira entre as empresas, sendo que os consumidores
industriais já começam a instalar seus próprios medidores.
Desta forma, o que se visualiza para a próxima década é o desenvolvimento de
equipamentos mais poderosos que tenderão a agrupar simultaneamente as duas
funções (oscilografia e qualimetria), e que irão realizar a monitoração de
praticamente toda a rede de transmissão e distribuição de energia elétrica.
DEFINIÇÕES:
86
Índice de Unidades Consumidoras com Tensão Crítica (ICC): percentual da
amostra com transgressão de tensão crítica.
87
um PC com um software direcionado a conversores digitais para analógicos. Saídas
típicas são ±10 V.
Características do distúrbio
Monitores
88
corrente com a forma de onda da saída do gerador. A Tabela 6 lista os vários
distúrbios e os tipos de amplificadores empregados para recriá-los. Um dispositivo
trifásico necessitará de três amplificadores, um por fase.
89
magnético que gera a EMI é produzido pela corrente, então, uma específica forma de
onda de corrente é necessária para gerar o campo magnético. A corrente pode passar
diretamente por uma bobina Helmholtz para criar um campo uniforme ou por um, ou
mais condutores em um feixe para criar interferência em condutores próximos.
Alguns dispositivos irão requerer ambos os amplificadores de fontes de
tensão e corrente. Um medidor de wattt-hora é um exemplo, com ambas as bobinas
sensíveis à tensão e a corrente. Um relé de distância trifásico requer três fontes de
tensão e corrente. O gerador de forma de onda arbitrário, neste caso, deve gerar seis
formas de ondas.
90
gera uma alta tensão estática e então descarrega no equipamento sob teste. A tensão
estática produzida é controlável.
Muitos dispositivos que estão em uso hoje podem emitir radiação de alta
freqüência podendo causar problemas para alguns tipos de equipamentos. Em
particular a controles de baixa tensão e linhas de comunicação. Tal teste é
usualmente feito por um laboratório comercial especializado em testes de alta
freqüência EMI.
~ Dispositivo
Autotransformador
variável
sob teste
91
10.1.6 Cargas de laboratório
Cargas elétricas ou mecânicas controláveis são necessárias no laboratório
para testes da qualidade da energia. Quando motores são testados, por exemplo, o
motor deve estar sob carga para realizar trabalho. A carga mecânica é usualmente um
dinamômetro, o qual provê velocidade e torque de carga variável para o motor.
Contudo o sistema supridor de energia e os retificadores necessitam
experimentar cargas elétricas quando testados. Cargas elétricas lineares incluem
resistores variáveis, indutores e capacitores que podem ser combinados em série ou
paralelo para produzir uma desejada impedância. Cargas não lineares podem ser
freqüentemente simuladas por um retificador em ponte com cargas lineares variáveis
conectadas ao seu lado CC.
92
10.1.8 Protocolos de teste
Testes da QE podem ser feitos para determinar como um dispositivo responde
a uma particular forma de onda ou distúrbio. Estes são geralmente executados
quando um dispositivo não trabalha adequadamente. Neste caso, um monitoramento
da QE é realizada em campo para determinar quais distúrbios estão presentes. Estas
características dos distúrbios são então reproduzidas em laboratório e aplicadas ao
equipamento sob teste.
Testes da QE são freqüentemente usados para caracterizar a resposta de um
dispositivo a um específico conjunto de distúrbios da QE. Isto permite aos
fabricantes e usuários verificar como o dispositivo se comportará quando em
operação. Um número de protocolos de testes foram desenvolvidos com este
objetivo. Exemplos incluem os protocolos de testes desenvolvidos pelo Electric
Power Research Institute (EPRI), Power Electronics Application Center em
Knoxville, Tennesee.
93
11
CARACTERIZAÇÃO DE EVENTOS DA QUALIDADE
DA ENERGIA UTILIZANDO FERRAMENTAS
COMPUTACIONAIS MODERNAS
94
capacitores e indutores; bobinas mutuamente acopladas, tais como transformadores;
linhas de transmissão e de distribuição; fontes de tensão e corrente; chaves e
disjuntores; diodos e tiristores; funções de controle analógico e digital; máquinas
CA; medidores de tensão e corrente; transformadores de potência; inserção de
bancos de capacitores, etc.
95
particulares apresentam ligações delta-estrela, com resistência de aterramento de
zero ohm. Além destes, três bancos de capacitores (um de 1200 kVAr e dois de 600
kVAr cada) estão instalados ao longo do sistema (BC 1, 2 e 3). O alimentador
principal é constituído por cabo nu CA-477 MCM em estrutura aérea convencional, e
seus trechos são representados por elementos RL acoplados.
13,8 kV
Alimentador 01
Alimentador 02
Fonte
60 Hz 138 kV Alimentador 03
Trafo Trafo
Trafos Distr. Trafo Trafos Trafo Distr. Trafos Trafo
~ 1e2 3 Part 1 4, 5, 6 e 7 Part 2 13 8, 9 e 10 Part 3
Sistema
equivalente
Transformador da Trafo
subestação Part 4 Trafos
138/13,8 kV BC1 BC2 BC3 11, 12 e 14
15/20/25 MVA
∆ carga carga
*
96
Afundamento de tensão
Dependendo da localização da falta e das condições do sistema, a falta pode
causar um decréscimo temporário de 10-90% no valor eficaz da tensão do sistema,
permanecendo este distúrbio por um período de meio ciclo até 1 min. Afundamentos
de tensão são usualmente associados com faltas no sistema (curtos-circuitos
ocorridos nas redes de distribuição), mas podem também ser causadas pela
energização de grandes cargas ou a partida de grandes motores e pela corrente de
magnetização de um transformador (Figura 42).
15000
10000
5000
Tensão (V)
-5000
-10000
-15000
Tempo (s)
Elevação de tensão
Outro distúrbio pode ser caracterizado por um aumento da tensão eficaz do
sistema (entre 10-80% da tensão, na freqüência da rede, com duração de meio ciclo a
1 min) e freqüentemente ocorre nas fases sãs de um circuito trifásico, quando ocorre
um curto circuito em uma única fase (Figura 43).
97
20000
15000
10000
5000
Tensão (V)
0
-5000
-10000
-15000
-20000
Tempo (s)
Interrupção
Uma interrupção ocorre quando o fornecimento de tensão ou corrente de
carga decresce para um valor menor do que 0,1 p. u. por um período de tempo que
não excede 1 min (Figura 44). As interrupções podem ser resultantes de faltas no
sistema de energia, falhas nos equipamentos e mal funcionamento de sistemas de
controle. As interrupções são medidas pela sua duração desde que a magnitude da
tensão é sempre menor do que 10% da nominal.
15000
10000
5000
0
Tensão (V)
-5000
-10000
-15000
-20000
Tempo (s)
98
Ruído
Com respeito aos ruídos, estes podem ser definidos como sinais elétricos não
desejáveis com um conteúdo do espectro abaixo de 200 kHz, superposto à tensão e
corrente do sistema de energia nos condutores de fase ou obtidos sobre os condutores
neutros, ou ainda, nos sinais da linha (Figura 45).
15000
10000
5000
Tensão (V)
-5000
-10000
-15000
0.00 0.05 0.10 0.15
Tempo (s)
Oscilação transitória
Também como para os casos anteriores, um transitório oscilatório é uma
súbita alteração não desejável da condição de regime permanente da tensão, corrente
ou ambas, onde as mesmas incluem valores de polaridade positivos ou negativos. É
caracterizado pelo seu conteúdo espectral (freqüência predominante), duração e
magnitude da tensão. Estes transitórios são decorrentes da energização de linhas,
corte de corrente indutiva, eliminação de faltas, chaveamento de bancos de
capacitores e transformadores, etc.
99
tipicamente resulta em uma tensão transitória oscilatória com uma freqüência
primária entre 300 e 900 Hz. O pico da magnitude pode alcançar 2,0 p. u. , mas é
tipicamente 1.3 a 1.5 p. u. com uma duração entre 0,5 e 3 ciclos dependendo do
amortecimento do sistema. A Figura 46 ilustra o resultado da simulação de
energização de dois bancos de 600 kVAr na tensão de 13,8 KV (Figura 41, BC 2 e
3).
15000
10000
5000
Tensão (V)
-5000
-10000
-15000
Tempo (s)
100
analisados e interpretados pelo nosso sentimento e uma representação dos sinais é
conseguida dessa análise e enviada para nosso cérebro. Este é o processo usado, por
exemplo, na percepção de cores e sons.
Sons, cores, e outros elementos que interagimos com nosso cotidiano, são
caracterizados por funções. Para cada ponto no espaço, e para cada instante de tempo
a função produz uma certa saída a qual nós somos capazes de detectá-las. Estas
funções são usualmente chamadas de sinais.
A melhor maneira de se analisar as características de um sinal é estudando
suas freqüências (GOMES et al., 1997). Em sinais de áudio, por exemplo, as
freqüências são responsáveis pelo o que nós estamos acostumados a identificar como
som grave ou agudo. Além disso, a distinção entre verde e vermelho é capturado na
freqüência de uma associada onda eletromagnética. Desta forma, no que segue,
veremos algumas das possíveis representações que podemos utilizar na análise de
determinadas funções ou formas de ondas.
101
representações de Fourier, como são geralmente chamadas, são úteis em
processamento de sinais por duas razões básicas. A primeira é que para sistemas
lineares esta representação é muito conveniente para determinar a resposta para uma
superposição de senóides ou exponenciais complexas. A segunda razão é que a
representação de Fourier freqüentemente serve para estabelecer certas propriedades
do sinal que podem ser obscurecidas ou menos evidenciadas no sinal original
(RABINER & SCHAFER, 1978).
Embora a transformada de Fourier trabalhe bem para o caso infinito no tempo
de um sinal estacionário, ela é incapaz de resolver qualquer informação temporal
associada com estas oscilações. Se a amplitude de um sinal harmônico oscila com o
tempo, a transformada de Fourier não pode ser usada sem modificação (PORTNOFF,
1980). Logo, a série de Fourier, requer periodicidade no tempo de todas as funções
envolvidas. A informação da freqüência do sinal calculado pela clássica
Transformada de Fourier (TF) é uma média sobre a duração total do sinal em
análise. Então, se há um sinal transitório local, definido em um pequeno intervalo de
tempo sobre o sinal em análise, o seu transitório será considerado pela TF, mas a sua
localização sobre o eixo do tempo será perdida.
Uma técnica comumente usada é janelar o sinal em uma seqüência de
intervalos, onde cada seqüência sendo suficientemente pequena de maneira que a
forma de onda seja aproximada a uma onda estacionária (quase estacionária). Esta
técnica é chamada de Transformada de Fourier Janelada (TFJ).
A idéia básica da TFJ consiste na multiplicação de um sinal de entrada f(t)
por uma dada função janela W(t) cuja posição varia no tempo, isto é, dividindo o
sinal em pequenos segmentos no tempo. Deste modo, cada espectro de freqüência
mostra o conteúdo de freqüência durante um curto tempo. A totalidade de tais
espectros contém a evolução do conteúdo de freqüência com o tempo de todo sinal
em análise (JARAMILLO et al., 2000).
Proposta por DENNIS GABOR, o autor afirma que a TFJ permite uma
análise da freqüência do sinal localmente no tempo (MISITI et al., 1997). Neste
caso, uma janela de observação é deslocada no domínio do tempo, em uma técnica
chamada de análise do sinal por janelas, e a TF é calculada para cada posição da
janela, como mostra a Figura 47, mapeando o sinal original em uma função
bidimensional de tempo e freqüência.
102
Figura 47 – Transformada de Fourier Janelada
103
Figura 48 – Janela da Incerteza
Em geral a cor cinza é associada para cada cela para indicar sua energia na
decomposição. Considere a Figura 49 abaixo.
104
Análise dos distúrbios utilizando a transformada de Fourier janelada
Apesar de poderem causar interferências em dispositivos eletrônicos de baixa
potência, geralmente, as componentes harmônicas de ordens elevadas (acima da 25a
a 50a ordem, dependendo do sistema) são desprezíveis para análises de sistemas de
potência (DUGAN et al., 1996). Serão consideradas, para fins de estudos neste
trabalho, as componentes harmônicas até a 50a ordem.
No trabalho de HENSLEY et al., (1999), tem-se que janelas de 1 ciclo
fornecem resultados satisfatórios para análise do conteúdo de freqüências de sinais
com distúrbios relacionados à QE. Desta forma, para uma melhor compreensão dos
tipos de distúrbios citados, utilizamos janelas de 1 ciclo, a qual totaliza 128 amostras
por ciclo. A taxa amostral utilizada na simulação dos distúrbios, como visto, foi de
7,68 kHz, e a freqüência fundamental do sistema é de 60 Hz. Portanto, a análise do
conteúdo de freqüência de cada janela estará, obviamente, relacionada a 1 ciclo
completo. Após o janelamento do sinal em análise, cada janela é analisa pela TRF, a
qual fornecerá informações em freqüência do sinal em análise. O avanço da janela
para esse estudo é realizado de meio em meio ciclo como mostra a Figura 51.
105
Figura 51 – Esquema de janelamento do sinal em análise para a aplicação da
TRF
11.2.2 A transformada Wavelet
A análise por Wavelet transpõe as limitações dos métodos de Fourier pelo
emprego de funções de análise que são locais, ambas no tempo e na freqüência. Uma
Wavelet é uma pequena wave, a qual possui sua energia concentrada no tempo,
possibilitando assim a análise de fenômenos transitórios, não estacionários ou
variantes no tempo. A mesma ainda possui característica oscilatória, mas também
tem a habilidade de permitir a análise tanto no tempo quanto na freqüência,
simultaneamente.
A TW é muito bem aceita para uma ampla faixa de sinais que não são
periódicos e que podem conter ambos os componentes senoidais e de impulso, como
é típico nos transitórios de sistemas de potência. Em particular, a habilidade de
Wavelet em se concentrar em pequenos intervalos de tempo, para componentes de
alta freqüência, e em longos intervalos de tempo, para componentes de baixa
freqüência, melhora a análise com impulsos e oscilações localizadas, particularmente
na presença da componente fundamental e dos componentes harmônicos de baixa
ordem. Para esta análise em específico, a TW pode apresentar uma janela que
automaticamente se ajusta para proporcionar a resolução desejada.
106
A análise de Wavelet emprega um protótipo de função chamado Wavelet mãe.
Matematicamente, a Transformada Contínua de Wavelet (TCW) de um dado sinal
x(t) com respeito a Wavelet mãe g(t) é genericamente definida como:
1 ∞ t −b
TCW (a, b ) = ∫ x(t )g a dt (1)
a −∞
onde a é a dilatação ou fator de escala e b é o fator de translação, e ambas as
variáveis são contínuas. É claro da equação 1 que o sinal original no domínio do
tempo x(t), com uma dimensão, é mapeado para uma nova função no espaço, de
dimensão dois, através dos coeficientes de escala e de translação pela TW. O
coeficiente da TW, em uma particular escala e translação - TCW(a,b), representa
quão bem o sinal original x(t) e a Wavelet mãe escalada e transladada se combinam.
Então, o conjunto de todos os coeficientes TCW(a,b) associados a um particular sinal
é a representação do sinal original x(t) com respeito a Wavelet mãe g(t).
Podemos visualizar a Wavelet mãe como uma função associada ao tamanho
da janela de dados. O fator de escala a e o tamanho da função associada à janela são
interdependentes, isto é, pequenas escalas implicam em pequenas janelas.
Conseqüentemente, podemos analisar componentes com pequenas faixas de
freqüência de um sinal com um pequeno fator de escala e componentes com largas
faixas de freqüência com um grande fator de escala, capturando, portanto, todas as
características de um sinal em particular.
A TW engloba um infinito conjunto de Wavelet devido à necessidade da
Análise de Multiresolução (AMR). Na AMR, as funções Wavelets são usadas para
construir blocos para decompor e construir o sinal em diferentes níveis de resolução.
A função Wavelet gerará uma versão detalhada do sinal decomposto e a função
escalamento gerará uma versão aproximada do sinal decomposto. Há muitos tipos de
Wavelets mães que podem ser empregadas na prática. Uma Wavelet mãe muito
empregada para uma grande faixa de aplicações é a Daubechies Wavelet. Esta é
idealmente aceitável para detectar um sinal com baixa amplitude, curta duração e
com rápido decaimento e oscilação, típico dos sinais encontrados em sistemas de
energia.
Análoga à relação existente entre a transformada contínua de Fourier e a
Transformada Discreta de Fourier (TDF), a Transformada Contínua Wavelet tem
107
uma versão digitalmente implementável, denotada como Transformada Discreta
Wavelet (TDW) que é definida como segue:
k − nb a m
TDW (m, k ) = ∑ x(n )g
1 o o
(2)
m m
ao n ao
onde g(.) é a Wavelet mãe e os parâmetros de escala e de translação a e b são funções
de um parâmetro inteiro m, isto é, a = a om e b = nbo aom , que permite uma expansão da
família originada pela Wavelet mãe, gerando as Wavelets filhas. Nesta equação, k é
uma variável inteira que se refere a um número particular de amostra de um
determinado sinal de entrada. O parâmetro de escala permite o aumento da escala
geométrica, isto é, 1, 1/ao, 1/ao2, ... A saída da TDW pode ser representada em duas
dimensões de maneira similar a TDF, mas com divisões muito diferentes no tempo e
na freqüência.
Pela simples troca entre as variáveis n e k e rearranjando TDW temos:
y (n ) = ∑ x(k )h(n − k )
1
(4)
c
onde h(n-k) é a resposta ao impulso do filtro FIR. Comparando-se as duas últimas
equações, é evidente que a resposta ao impulso do filtro na equação de TDW é
( )
g a o− m n − bo k .
108
Similar a TDF, a TDW pode ser representada em um plano com uma
dimensão, mas com diferentes divisões no tempo e na freqüência. Por exemplo, se o
sinal original está sendo amostrado em Fs (Hz), então a maior freqüência de
amostragem que o sinal pode representar é Fs/2 (baseado no teorema de Nyquist).
Esta pode ser vista como a saída do filtro passa alto, que é o primeiro detalhe do
sinal decomposto, sendo capturada, neste, a banda de freqüências entre Fs/2 e Fs/4.
Da mesma maneira, o segundo detalhe captura a banda de freqüência entre Fs/4 e
Fs/8, e assim por diante.
Associado com a análise Wavelet, ambas as principais características em alta
e baixa freqüência nos diferentes níveis de detalhes são claramente evidenciadas. Isto
é obtido aplicando-se a TDW a um determinado número de ciclos do sinal
transitório.
Finalmente, deve ser mencionado que, para os interessados em aplicar a
Transformada Wavelet na análise de sinais transitórios, a ferramenta está disponível
como parte de pacotes computacionais, como a MATLAB e MATHEMATICA,
amplamente empregados e de fácil acesso.
Cabe novamente, relembrar a principal razão do crescente número de
trabalhos relacionados à TW, que é devido a sua habilidade de não somente
decompor o sinal em seus componentes de freqüência, mas também, ao contrário da
Transformada de Fourier (TF), prover uma divisão não uniforme no domínio da
freqüência, por meio do qual focaliza-se em pequenos intervalos de tempo para
componentes de alta freqüência e longos intervalos de tempo para baixas
freqüências. Esta característica em se adequar à resolução de freqüência pode
facilitar a análise do sinal e a detecção de peculiaridades do sinal, os quais podem
ser úteis para caracterizar a fonte de transitórios e/ou o estado de pós-distúrbio dos
sistemas.
A TW normalmente usa ambos os pares de análise e síntese wavelet. A
síntese é usada para reconstruir a forma de onda. O sinal original é decomposto em
suas sub-bandas ou níveis. Cada destes níveis representam parte do sinal original
ocorrendo em um dado tempo e em uma particular faixa de freqüência. Estas bandas
particulares de freqüência são espaçadas logaritmicamente a contrário da TF. Os
sinais decompostos possuem uma poderosa propriedade de localização “tempo-
109
freqüência”, a qual é a principal vantagem provida pela TW. O sinal resultante pode
então ser analisado em ambos os domínios do tempo e da freqüência.
A análise multiresolução se refere ao procedimento de se obter aproximações
passa-baixa e detalhes passa-banda dos sinais originais. Uma aproximação é uma
representação de baixa resolução do sinal original, enquanto que um detalhe é a
diferença entre duas sucessivas representações de baixa resolução. Uma aproximação
contêm a tendência geral do sinal original, enquanto que um detalhe engloba o
conteúdo de alta freqüência do sinal original. Aproximações e detalhes são obtidos
por sucessivos processos de convolução. O sinal original é dividido em diferentes
escalas de resolução, ao invés de diferentes freqüências, como no caso da análise de
Fourier.
O algoritmo da análise multiresolução é ilustrado na Figura 50, onde três
níveis de decomposição são tomados como um exemplo para ilustração. Os detalhes
e as aproximações do sinal original S são obtidos passando-se o mesmo por um
banco de filtros, o qual consiste de filtros passa baixa e alta. O filtro passa-baixa
remove os componentes de alta freqüência, enquanto que o filtro passa alta destaca o
conteúdo de alta freqüência do sinal em análise. Com referência a figura, os
procedimentos de multiresolução são definidos como:
D j (n ) = ∑ h(k )A j −1 (n − k )
k
A j (n ) = ∑ l (k )A j −1 (n − k )
k
onde l e h são vetores dos filtros passa baixa e alta respectivamente. D1 e Aj são os
detalhes e as aproximações na resolução j, j =1, 2, ..., J. Aj-1 é a aproximação do nível
imediatamente acima do nível j, k =1, 2, ..., K, onde K é o comprimento do vetor
filtro.
110
S
Sinal original
H L
2 2
D1 A1
Nível 1
H L
2 2
D2 A2
Nível 2
H L
2 2
D3 A3
Nível 3
111
Embora haja muitas aplicações de TW em sistemas de energia, será
apresentado neste trabalho somente alguns casos ilustrativos como, a localização e
proteção contra faltas em um sistema de energia, a detecção de distúrbios na
qualidade da energia e a análise de um fenômeno de disparo parcial em uma
subestação isolada a gás (Gas Insulated Substations – GIS). Ênfase particular é
direcionada a considerações práticas que dizem respeito à TW incluindo: a seleção
de uma adequada wavelet mãe, seleção das características mais relevantes, análise
multiresolução e, finalmente, uma avaliação do desempenho.
112
baixa – é novamente decomposto, resultando em dois novos sinais detalhados e
atenuados, em níveis de freqüência diferentes, estes fornecem informações diretas,
relativas ao sinal original, no domínio da freqüência e do tempo (GOMES &
VELHO, 1998).
Neste trabalho utiliza-se como wavelet mãe a família das Daubechies, mais
precisamente a daubechies de ordem 4, ou db4. Conforme mostrado em ARRUDA et
al. (2002) e também em muitos artigos desta área, esta wavelet mãe é bastante
adequada para decomposição dos distúrbios mencionados.
20
0 (a)
-20
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
1
0 (b)
-1
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
2
0 (c)
-2
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
1
0 (d)
-1
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
113
Uma visão geral do trabalho
Pela aplicação da TW, podemos constantemente monitorar o sistema, através
dos seus valores amostrados de tensões, a uma freqüência de 7,68 kHz. Tal valor foi
respeitado devido à freqüência de amostragem usualmente empregada pelos
instrumentos de medição e obtenção de dados, como por exemplo, o BMI (Basic
Measuring Instrument) Model 7100, que apresenta um valor em torno de 7,7 kHz.
Com uma janela de dados móvel, a ferramenta poderá, com um alto índice de
precisão, detectar uma descontinuidade nos sinais, contendo a janela de dados 64
amostras de pré e 64 amostras de pós-fenômeno, ou seja, com meio ciclo de pré e
meio ciclo de pós-fenômeno em análise. A Figura 53 ilustra uma das possíveis
situações, onde, claramente pode-se verificar a presença de uma descontinuidade do
sinal em análise a 0,0487s. O primeiro gráfico representa a janela do sinal em
análise e o segundo a primeira decomposição do mesmo pela ARM.
114
4
x 10
1.5
Tensão (kv)
0.5
-0.5
-1
0.04 0.042 0.044 0.046 0.048 0.05 0.052 0.054 0.056 0.058
tempo (s)
2000
1000
amplitude
-1000
-2000
0.04 0.042 0.044 0.046 0.048 0.05 0.052 0.054 0.056 0.058
tempo (s)
115
instalados ao longo do sistema (BC 1, 2 e 3). O alimentador principal é constituído
por cabo nu CA-477 MCM em estrutura aérea convencional, e seus trechos são
representados por elementos RL acoplados.
Deve ser ressaltado que a modelagem deste sistema de distribuição primária
faz parte de uma situação real encontrada junto a CPFL e que a mesma, na medida do
possível, apresenta grande semelhança com o encontrado na prática. Inúmeras
considerações práticas foram adotadas até a obtenção e teste do mesmo, em um
trabalho conjunto entre as partes interessadas.
Etapas na análise
Para uma melhor compreensão e definição dos principais termos empregados
que se referem ao assunto delineado, apresentam-se a seguir os fenômenos
caracterizados e analisados no decorrer deste trabalho (DUGAN et al., 1996).
Afundamento de tensão: Dependendo da localização da falta e das condições
do sistema, a falta pode causar um decréscimo temporário de 10-90% no valor
eficaz da tensão do sistema, permanecendo este distúrbio por um período de meio
ciclo até 1 min.
Elevação de tensão: Outro distúrbio que pode ser caracterizado por um
aumento da tensão eficaz do sistema (aumento entre 10-80% da tensão, com duração
116
de meio ciclo a 1 min) e que freqüentemente ocorre nas fases sãs de um circuito
trifásico, quando ocorre um curto circuito em uma única fase.
Interrupção: Uma interrupção ocorre quando o fornecimento de tensão ou
corrente de carga decresce para um valor menor do que 0,1 p.u., por um período de
tempo que não excede 1 min.
Ruído: Com respeito aos ruídos, estes podem ser definidos como sinais
elétricos não desejáveis com um conteúdo do espectro abaixo de 200 kHz,
superposto à tensão e corrente do sistema de energia. Geralmente a amplitude típica é
menor que 1% da tensão fundamental.
Oscilação transitória: É uma súbita alteração não desejável da condição de
regime permanente da tensão, corrente ou ambas, onde as mesmas incluem valores
de polaridade positivas ou negativas. É caracterizada pelo seu conteúdo espectral
(freqüência predominante), duração e magnitude da tensão.
117
Figura 55 – Primeiro detalhe para o regime permanente e os distúrbios em estudo: (a)
regime permanente, (b) afundamento e (c) elevação de tensão, (d) ruídos,
(e) oscilações transitórias e (f) interrupção momentânea.
118
Figura 56 – Fluxograma da AQL proposta.
119
Seguindo a metodologia acima apresentada, efetuou-se de forma
automatizada a classificação dos distúrbios pertencentes a um conjunto de teste
formado por 30 diferentes situações. Destas, 8 situações referem-se a afundamentos e
6 a elevações de tensão, 4 a interrupções, 8 a ruídos e 4 a oscilação transitória. O
algoritmo apresentou um índice de 100% de acerto para todos os casos, como pode
ser observado na Tabela 7. Além do conjunto de teste, foram também analisadas 42
novas situações que corresponderão ao conjunto de treinamento a ser empregado no
Módulo Inteligente (MI), que será apresentado a seguir (item 11.3.2.6). Cabe
adiantar que estas diferentes situações caracterizam 8 situações de afundamentos de
0,1 a 0,9 p. u., 8 de elevações de 0,1 a 0,8 p. u., 8 de interrupções momentâneas, 10
de ruídos (freqüência de 0,8 a 1,2 kHz) e 8 de oscilações transitórias, devido ao
chaveamento de bancos de capacitores sobre o sistema (Figura 54). Todos os
fenômenos foram caracterizados tomando-se como ângulos de incidência/inserção 0
e 90o.
Nos casos analisados, a estimação da duração dos distúrbios de
afundamento, elevação de tensão e interrupção momentânea apresentou um nível de
acerto expressivo, com erro médio de 5,5%, para todos os casos testados. Na quarta
coluna da Tabela 7, apresenta-se o Erro Médio na Estimação da Duração dos
Distúrbios (EMEDD). Cabe explicar que o erro foi calculado considerando-se a
diferença entre o Valor Estimado e o Valor Referencial dividindo-a pelo Valor
Referencial. Afirma-se também que o erro proporcionado para cada fenômeno
apresenta um valor máximo e constante, que por sua vez será tanto menor quanto
maior a duração do distúrbio.
Ressalta-se também que, considerando todos os casos analisados, o algoritmo
apresentou um erro médio de ±4% na estimação da amplitude dos distúrbios de
afundamento e elevação de tensão, juntamente com os casos de interrupção
momentânea.
120
Fenômeno Número de Índice de EMEDD
casos Acertos %
%
Afundamento 8 100% ± 4.2
Elevação 6 100% ± 6.9
Interrupção 4 100% ±4.9
Ruído 8 100% -
Osc. Trans. 4 100% -
121
Elevação 0 1 0
Interrupção 0 1 1
Ruído 1 0 0
Osc. Trans. 1 0 1
Conclusões
Neste trabalho, abordou-se o emprego da técnica de Análise de Resoluções
Múltiplas (ARM) para detectar, localizar e classificar o distúrbio agregado às formas
de ondas de tensão. Além do exposto, os fenômenos delineados também foram
classificados segundo a sua natureza, utilizando-se de uma arquitetura de Rede
Neural Artificial (RNA).
O emprego da RNA vêm validar os resultados observados na Análise
Quantitativa do Limiar (AQL) no que diz respeito à classificação dos fenômenos.
Como justificado, os módulos MC (Módulo Completo - AQL) e MI (Módulo
Inteligente - RNA) desempenharão suas funções em paralelo. Em primeira instância,
com apenas meio ciclo de pós-fenômeno, teremos a detecção do distúrbio (ARM) e a
classificação do mesmo (MI). Assim, as medidas preventivas ou paliativas ao
122
ocorrido poderão ser tomadas. O MC poderá então analisar o sinal como um todo e
relatar os instantes de inserção e extinção, além da classificação do fenômeno sobre o
sistema (tempo de análise pós-fenômeno: 10 ciclos). Pelos resultados observados,
com respeito à classificação, ambas as abordagens apresentaram um índice de 100%
de acertos. Novos e mais aprofundados estudos estão sendo realizados para
aprimorar, tanto o algoritmo, ainda em fase de implementação, como a saída e
análise dos resultados desejados.
Basicamente, grande parte dos fenômenos/distúrbios relacionados aos
assuntos delineados já foram estudados, mas, por mais amplas que tenham sido estas
novas situações, específicas características ainda devem ser incluídas e trabalhadas
no sentido de se alcançar uma implementação prática e confiável ao que foi proposto.
123
uma análise do sistema) e por uma série de conclusões (resultados das medições - por
exemplo, limites máximos ou mínimos de tensão observados). A partir das medições
realizadas, o sistema pode automaticamente inferir quais, entre os transformadores
não medidos, se encontram em situação crítica. Como todos os sistemas neuroniais,
das vantagens desta aplicação, destaca-se a capacidade de aprendizado do sistema
inteligente sendo a sua confiabilidade melhorada com o aumento das informações
disponibilizadas pelas medições.
124
Neste trabalho é realizado inicialmente uma revisão sobre redes neurais,
dando maior enfoque a teoria do Adaline. Também é apresentado um panorama geral
sobre qualidade da energia. Em seguida, exemplos numéricos são apresentados à
Adaline, avaliando o algoritmo utilizando sinais gerados pelo software Matlab.
Desta aplicação, analisá-se a sensibilidade do Adaline considerando os seguintes
parâmetros: taxa de aprendizagem e número de entradas do algoritmo. Para validação
dos resultados encontrados o modelo é exposto a um sistema do IEEE de distribuição
industrial de 13 barras. Este sistema foi testado com diferentes tipos de cargas
lineares e não lineares, analisando-o em duas situações: uma para detectar a
ocorrência de afundamentos no sinal de tensão acrescido de componentes
harmônicos, e outra para a ocorrência de transitórios oscilatórios no sinal de tensão
também acrescido de componentes harmônicos.
Para esta aplicação observou-se que a rede Adaline obteve sucesso na
detecção exata dos distúrbios mais comuns relacionados à qualidade da energia. O
modelo analisado mostrou-se bastante sensível tanto para o número de entradas
atrasadas quanto ao valor da taxa de aprendizagem. Uma pequena taxa de
aprendizagem pode conduzir a uma redução da velocidade do tempo de
convergência, enquanto uma taxa de aprendizagem maior pode levar o modelo a
perder a habilidade de localizar o sinal de energia.
125
aplicações on-line. Sendo assim, procura-se modelar o sistema obtendo-se um
balanço entre a simplicidade e a generalidade, assegurando que os resultados sejam
significativos para a aplicação em específico.
Para o desenvolvimento deste trabalho, os sinais analógicos provenientes do
sistema elétrico são convenientemente digitalizados formando um banco de dados
que servirá como parâmetro para o algoritmo. Este banco será formado pelo
componente CC e a magnitude da tensão dos termos seno e co-senos do componente
fundamental e de cada harmônico em específico. Esta aplicação resume-se então em
encontrar uma estimativa dos parâmetros referentes ao componente CC, ao
componente fundamental e componentes harmônicos do sinal em análise,
minimizando o erro entre o vetor de ruído desconhecido e o real, através da teoria de
AGs.
Estudos iniciais referentes aos AGs mostram que estes podem identificar os
componentes harmônicos para qualquer forma de onda distorcida proveniente de um
SEP, independente da presença ou não do CC. Isto dá a um método que empregue
AG vantagens adicionais quando comparado à utilização da TDF ou à utilização de
filtros dinâmicos. Cabe relembrar que no caso da TDF, o seu comportamento pode
ser influenciado pela presença do componente CC, e os filtros dinâmicos por sua vez,
necessitam de reajustes em seus parâmetros. Cabe ainda citar o ótimo desempenho
do Filtro de Kalman nesta estimação dos componentes harmônicos, que em
contrapartida, necessita de uma detalhada análise estatística do sinal a ser analisado.
Ressalta-se que uma técnica baseada em AGs que atue de maneira ótima na
estimação de harmônicos em um SEP pode ainda ser empregada como um filtro
digital.
Cabe destacar que investigações podem ser realizadas com relação à
possibilidade de aplicações on-line ligadas à proteção digital do sistema, o que
certamente traria vantagens adicionais à precisão dos cálculos realizados pela
mesma.
126
12
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