Ética Empresarial e Responsabilidade Social
Ética Empresarial e Responsabilidade Social
Ética Empresarial e Responsabilidade Social
Responsabilidade Social
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação................................................................................................................................... 5
Introdução...................................................................................................................................... 8
Unidade i
A Ética................................................................................................................................................ 9
capítulo 1
Moral e ética....................................................................................................................... 9
Capítulo 2
As éticas.............................................................................................................................. 11
Unidade iI
A Ética nas Organizações............................................................................................................. 17
Capítulo 1
Visão geral......................................................................................................................... 17
Capítulo 2
Histórico............................................................................................................................ 19
Capítulo 3
As empresas segundo sua ética........................................................................................ 23
Capítulo 4
Condutas antiéticas e dilema ético................................................................................. 27
Capítulo 5
Qualidade total e ética empresarial................................................................................. 30
Unidade iII
Código de Ética............................................................................................................................. 32
Capítulo 1
Visão geral......................................................................................................................... 32
Capítulo 2
Na prática........................................................................................................................... 34
Unidade iV
Responsabilidade Social................................................................................................................. 41
Capítulo 1
Visão geral......................................................................................................................... 41
Capítulo 2
Histórico............................................................................................................................ 43
Capítulo 3
Panorama Brasileiro......................................................................................................... 45
Capítulo 4
As normas na área de responsabilidade social............................................................. 48
Capítulo 5
Balanço Social e Indicadores Ethos.............................................................................. 50
Capítulo 6
Cases Brasileiros............................................................................................................... 52
referências..................................................................................................................................... 56
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
Os escândalos políticos, as fraudes empresariais, o culto às celebridades e o vale-tudo da vida
moderna demandam uma reflexão sobre dois caminhos: o que estamos seguindo e o que gostaríamos
de seguir.
Mais do que nunca, a questão Ética se faz necessária, pois sem ela não temos parâmetros para nos
guiar neste verdadeiro imbróglio em que se transformou a sociedade capitalista.
Embora ainda longe de unir discurso e prática, estas empresas veem se dando conta de que o modelo
predatório de negócios adotado até hoje precisa ser repensado, uma vez que ele não se sustenta
diante da crescente exigência de transparência nos negócios.
Como se dá esta virada? Que questões são importantes ter em mente? Como preparar o ambiente
empresarial, em termos éticos, para os novos tempos?
Objetivos
»» Identificar os diferentes tipos de Ética.
8
A Ética Unidade i
capítulo 1
Moral e ética
Há muitas definições para Ética e elas frequentemente se confundem com as definições de Moral.
A palavra Ética vem do grego ethos, que significa costume, e Moral vem do latim moris, que quer
dizer “maneira de se comportar regulada pelo uso”.
Moral
De uma maneira geral, podemos dizer que a Moral é um conjunto de regras de conduta que rege o
nosso comportamento individual, nos apontando o que é certo ou errado, justo ou injusto, bom ou
mau.
As normas estabelecidas pela Moral podem variar conforme o tempo e o espaço. Ou seja, de uma
época para outra ou de um determinado grupo social para outro. Certos valores morais do século
passado possivelmente ficaram caducos, e alguns dos costumes de outros povos podem nos chocar.
Cite um tipo de comportamento moral que era repudiado no início do século XX,
mas que hoje é aceito pela sociedade. Ou então um costume de outro país que não
condiz com os padrões morais do povo brasileiro.
Ética
Ética é a reflexão sobre nossas escolhas morais (Por que devo fazer isso? Quais as consequências do
meu ato?) e está intrinsecamente ligada ao nosso comportamento em relação ao outro, à sociedade,
ao coletivo.
Não é incomum as pessoas condenarem outras por tomarem atitudes moralmente erradas, mas
quando elas próprias têm atitudes semelhantes, não acham que fizeram nada de errado. É como se
houvesse dois pesos e duas balanças. O outro não pode, mas eu, sim. Neste momento há um conflito
ético.
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UNIDADE I │ A Ética
Em uma pesquisa realizada pelo jornal virtual Carreira & Sucesso, em junho de 2000,
96,3% dos respondentes disseram que, superfaturar uma despesa de viagem é
tolerável para si, mas para 92,1% se o outro fizer é condenável.
<http://www.youtube.com/watch?v=Z5ZYnyXJYgE>.
10
Capítulo 2
As éticas
A ideia de composto mercadológico foi enunciada no início dos anos 1960 pelo professor Jorome
McCathy, compreendendo a Ética Deontológica e a Ética Teleológica.
Para a Ética Teleológica, o que nos impulsiona é o resultado da ação, a finalidade à qual ela se
propõe, cujo propósito é sempre gerar o bem, seja para nós mesmos, seja para os outros. Na Ética
Teleológica, os fins justificam os meios.
A Ética Deontológica é a ética do dever, de fazer o que é certo, e foi defendida por filósofos como
Immanuel Kant (2008). Segundo esta teoria, a motivação das ações respondem a “imperativos
categóricos”, compostos por dois princípios:
2. Princípio dos fins: pressupõe tratar as pessoas como fins e não como meios.
Ou seja, a finalidade da ação não justifica que usemos as pessoas como meios para
atingir nossos propósitos.
Ética da virtude
A virtude é uma disposição para a prática do bem, e esta disposição se aperfeiçoa pelo hábito, pela
educação. Leva em consideração não só o que é bom para a felicidade do indivíduo, mas também
o que é bom e traz bem-estar para o mundo em que vive. Entende que trabalhar para combater
o excesso e a falta de determinadas virtudes é o meio termo ideal para se alcançar as finalidades
desejadas. Virtudes como a coragem e a justiça. (ARISTÓTELES, 2007)
Com efeito, a conduta ética das empresas é o reflexo da conduta de seus profissionais. Importa que
os homens de negócios sejam bem-formados, que os profissionais sejam treinados, pois o cerne da
questão está na formação pessoal.
O autor cita o exemplo dos bancos suíços que, durante muito tempo, guardaram a sete chaves a
identidade de seus clientes, alegando que a proteção de privacidade era uma questão ética. Mas,
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UNIDADE I │ A Ética
uma vez que se tornou evidente que boa parte do dinheiro protegido era obtido de forma desonesta,
os países interessados em rastrear a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e de outros negócios
escusos começaram a questionar esta ética absoluta dos bancos suíços, até que, finalmente,
conseguiram que estas instituições financeiras revelassem a origem dos depósitos.
Já a Ética Privada, nos ensinamentos de Peces-Barba (1995), é um conjunto de preceitos que devem
ser seguidos para o indivíduo alcançar a felicidade, o bem, a salvação. As religiões e os dogmas
religiosos são exemplos de preceitos que compõem uma Ética Privada.
Ética da discussão
Existe, aqui, a argumentação, o debate sobre o dilema ético, sendo possível se fazer concessões e a
tomada de decisão ser ética para todos.
Ética profissional
Qualquer atividade profissional implica a convivência entre indivíduos – prestador de serviço/
cliente, empregado/patrão ou até mesmo profissional/beneficiário (em se tratando de trabalho
voluntário ou humanitário). Como qualquer relacionamento humano, essa convivência deve estar
atenta às responsabilidades que as ações de um tem sobre o outro.
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A Ética │ UNIDADE I
Ética Utilitarista
Uma ação é útil e, portanto, justa, ética e correta quando traz mais felicidade do que sofrimento aos
atingidos. Deste modo, o prejuízo de alguns poderia ser justificado pelo benefício de outros, desde
que estes estivessem em maior número (cálculo de maximização do bem).
Texto 1
“São outros que merecem a excomunhão e nosso perdão, não os que lhe permitiram
viver e a ajudarão a recuperar a esperança e a confiança, apesar da presença do
mal e da maldade de muitos”, escreveu em artigo publicado pelo jornal da Santa Sé,
o Osservatore Romano, segundo a BBC Brasil. Monsenhor Fisichella é considerado
um dos mais próximos colaboradores do papa Bento XVI e a maior autoridade do
Vaticano em bioética.
Ele justificou a atitude dos médicos que, em sua opinião, merecem respeito profissional.
“Como agir nesses casos? É uma decisão difícil para os médicos e para a própria lei
moral. Não é possível dar parecer negativo sem considerar que a escolha de salvar
13
UNIDADE I │ A Ética
uma vida, sabendo que se coloca em risco uma outra, nunca é fácil. Ninguém chega
a uma decisão dessas facilmente, é injusto e ofensivo somente pensar nisso.”
Arcebispo?
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Médico?
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Vaticano?
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Texto 2
Esta notícia está relacionada com o recente caso da italiana Eluana Englaro. Ela
passou 17 anos em coma vegetativo e morreu no dia 9 de fevereiro de 2009, depois
que a família obteve autorização para suspender sua alimentação e hidratação.
Preencha as lacunas, a seguir, com os tipos de ética que você acredita que foram
citadas nesta notícia.
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A Ética │ UNIDADE I
em relação aos procedimentos médicos que ele aceita receber em caso de doenças,
lesões cerebrais irreversíveis ou que causem invalidez e obriguem tratamentos
permanentes com aparelhos. Na carta, o premier pede que os senadores examinem
a questão com delicadeza e ajustem a ética da____________________________
com a da________________________________ “O objetivo desta carta é assinalar a
importância e o significado político da votação”, afirmou.
[...] Para o premier, o projeto de lei sobre o testamento biológico “conjuga o direito à
vida com a liberdade de tratamento e diz não à eutanásia e à obstinação terapêutica”.
Justificativa da resposta:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Texto 3
O caso a seguir fala sobre a conduta de jogadores do time holandês Ajax. Leia o
texto e responda ao enunciado.
Todos, incluindo o jogador que, sem querer, fez o gol, ficaram atrapalhados. Mas o
árbitro corretamente considerou o gol válido!
A bola voltou ao centro do campo para o jogo ser retomado com aquele injusto resultado.
Foi nesse momento que os jogadores do Ajax, com grande espírito desportivo,
rapidamente tomaram uma resolução: ficarem todos quietos para permitir que
os adversários – os de amarelo – fizessem também um gol para repor a justiça no
resultado. E foi isso que aconteceu!!!
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UNIDADE I │ A Ética
a. Ética da Virtude
b. Ética Relativa
c. Ética Pública
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Texto 4
Que éticas podem estar implicadas na linha A e na linha B do texto abaixo? Complete
as lacunas com as éticas que você considera cabíveis nesta situação.
Michael era o prefeito de uma cidade onde um grupo religioso queria abrir um asilo
para portadores de HIV. Há uma forte oposição local, que pressiona Michael a não
permitir a abertura do asilo. Embora acreditasse que o grupo religioso estivesse, de
fato, trabalhando para o bem da comunidade, ele também se sentia compromissado
com os seus outros eleitores, que eram oponentes do projeto.
Resolveu, então, pedir ao grupo religioso para expor melhor o projeto à comunidade
e explicou aos que protestavam que não havia riscos para a saúde relacionados ao
asilo e pediu que reavaliassem, objetivamente, os planos apresentados.
Fonte: MARINOFF, Lou. Mais Platão Menos Prozac. Tradução: Ana Luiza Borges.
Editora Record. 2a ed. RJ / SP. 2001.
16
A Ética nas Unidade iI
Organizações
Capítulo 1
Visão geral
Uma empresa é formada por um conjunto de profissionais de diferentes áreas que trabalham
em prol de um mesmo objetivo. Mas ter um objetivo em comum não significa, necessariamente,
uma padronização no modo de pensar e agir. Significa que a responsabilidade individual aumenta
exponencialmente, haja vista que o comportamento profissional de cada um afetará um número
muito maior de pessoas.
Se a convivência entre duas pessoas está sujeita a conflitos constantes, o que dizer, então, da
convivência de funcionários dentro de uma empresa? As organizações empresariais costumam ser
um terreno fértil para conflitos de naturezas diversas e, por isso, é primordial definir caminhos para
preveni-los.
Missão e valores
Antes de mais nada, a empresa deve ter bem-definida a sua missão. Para onde está indo? Qual é o
propósito de seu negócio?
O segundo passo é listar seus valores e suas crenças. E o terceiro é mapear a Cultura Organizacional.
Como são resolvidas as questões do dia a dia? Uma das definições mais utilizadas para a cultura
organizacional é a de Schein (1984):
Além de definir missão, valores, crenças e cultura organizacional, a empresa deve prever as
punições cabíveis para as práticas que não estejam de acordo com aquelas preconizadas pela
organização, bem como garantir sigilo absoluto no caso de denúncias de atividades ilegais dentro
da corporação.
17
UNIDADE II │ A Ética nas Organizações
Ética do lucro
No início do século XX, a Ética do Lucro era a dominante, a que pautava, em grande parte, o
comportamento das empresas. No entanto, por volta dos anos 1960, com os grandes desastres
ecológicos e a pressão para que as corporações revissem seus papéis, a Ética do Lucro teve de ser
revista.
A função da empresa, seu objetivo essencial, não é o lucro, mas prestar serviços para atender aos seus
clientes, razão primeira da empresa existir. O lucro é o resultado dessa prestação de serviço. Para
evitar que ele se transforme no objetivo maior da empresa e termine por canibalizar a organização,
faz-se necessário adotar uma outra Ética do Lucro, que, segundo Matos (2005), pressupõe quatro
condições essenciais:
O lucro também não é necessariamente um motivador forte para o empregado, mesmo quando ele
participa formalmente dos resultados, pois fica sempre a suspeita de que os donos da empresa é que
são realmente os beneficiários do negócio. O que motiva as pessoas é saber que estão comprometidas
com um projeto profissional, com valores, sentimentos e ideias.
18
Capítulo 2
Histórico
Anos 1960
»» Foi na década de 1960 que as questões ligadas à Ética Empresarial passaram a ter
repercussão, em boa parte por pressão dos movimentos de defesa dos consumidores,
cujo marco histórico foi a mensagem enviada ao Congresso norte-americano pelo
Presidente John Kennedy, em 15 de março de 1962, na qual ele defendia quatro
direitos fundamentais: o direito à segurança (proteção contra a comercialização dos
produtos perigosos à saúde); direito à informação (sobre os produtos); direito à
opção de escolha (contra os monopólios) e o direito a ser ouvido (as reivindicações
seriam levadas em consideração nas políticas governamentais e nos procedimentos
de regulamentação).
Anos 1970
»» Com o avanço das telecomunicações permitindo uma troca de informações mais
dinâmica, os consumidores de países menos desenvolvidos, como Brasil, Argentina,
Filipinas, Bangladesh e outros, começam a formar grupos de apoio. Logo questões
como o comportamento ético das empresas viram tema de discussão desses grupos.
Anos 1980
A Ética Corporativa começa a ser discutida de forma mais profissional.
19
UNIDADE II │ A Ética nas Organizações
Anos 1990
»» As faculdades de Administração comprometem-se a seguir a instrução do MEC que
sugere que incluam a disciplina de Ética tanto em seus cursos de graduação quanto
nos de pós-graduação.
»» É criado o Instituto Ethos, que vem a se tornar uma das principais referências do
país em termos de informações e estudos não só sobre Ética, mas também sobre
Responsabilidade Social e Sustentabilidade.
Situação Atual
No início de 2000, os EUA assistiram a várias fraudes corporativas, como as das empresas Enron
e Worldcom. E no final do ano passado, a irresponsabilidade generalizada do mercado financeiro
provocou a maior crise econômica já vista desde o crash da Bolsa de Nova York, em 1929.
A crescente valorização dos imóveis naquele país estimulou a concessão de empréstimos ao mercado
subprime, formado por pessoas que não têm como comprovar renda – e, por isso mesmo, com alto
risco de tornarem-se inadimplentes –, para que financiassem a compra da casa própria.
Em tese, a valorização dos imóveis seria a hipotética garantia do lucro. Então, vislumbrando
uma ótima oportunidade, os bancos começaram a negociar no mercado financeiro os chamados
derivativos – contratos que definem pagamentos futuros baseados no valor de um ativo; que neste
caso teriam como base o valor dos imóveis.
Só que a inadimplência bateu à porta, levando todo o sistema financeiro a um estado de caos
generalizado.
20
A Ética nas Organizações │ UNIDADE II
Mas não havia quem avaliasse esses riscos? Sim, havia. Mas assim como os demais agentes do sistema,
as agências de avaliação de risco também foram irresponsáveis dando seu aval para os derivativos que
acabaram virando papéis “podres”.
A falta de regulação/fiscalização do mercado foi apontada como sendo um dos principais motivos
da situação ter chegado ao ponto em que chegou. Depois disso, o FED, ou Federal Reserve, o banco
central norte-americano, se disse pronto a exercer um papel mais ativo na regulamentação de
empréstimos e, recentemente, aprovou um plano que reforça as cláusulas de proteção aos devedores.
E a Securities and Exchange Commission (SEC) – órgão regulador e fiscalizador mercado de capitais
norte-americano – equivalente, no Brasil, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – prometeu
tomar algumas providências.
Todos esses escândalos têm feito crescer o interesse da mídia e do mercado editorial sobre o tema,
e têm sido objeto de constantes debates entre os executivos e os estudiosos de Ética, que procuram
mostrar aos primeiros o quanto ser ético nos negócios é importante para a sustentabilidade de uma
corporação.
SEC é em boa parte responsável pela crise que os investimentos em derivativos [...]
provocaram.
21
UNIDADE II │ A Ética nas Organizações
Filme:
Vídeo:
<http://www.youtube.com/watch?v=JU2hV-tGiZU>.
22
Capítulo 3
As empresas segundo sua ética
Para ilustrar como as empresas brasileiras lidam com a questão ética, vamos nos basear em alguns
exemplos.
Para começar, selecionamos um trecho do artigo “Ética nas Organizações: Realidade ou Utopia?”
de Sérgio Leme Beniamino, que classifica, de forma peculiar, as empresas brasileiras segundo seus
diversos comportamentos éticos.
Segundo Sérgio, alguns fatores podem influenciar a aplicação da Ética nas empresas, como, por
exemplo, a natureza do negócio, que pode apresentar uma frequência indesejável de práticas não
recomendáveis (como subornos) ou um sistema de remuneração que estimula altos níveis de
ambição.
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UNIDADE II │ A Ética nas Organizações
Como a sua empresa vem se comportando em termos éticos? Propomos que você
tente descobrir por meio do teste “Ética no Trabalho”, elaborado pelo advogado
Joaquim Manhães Moreira, autor do livro A Ética empresarial no Brasil (São Paulo:
Editora Pioneira, 1999).
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
24
A Ética nas Organizações │ UNIDADE II
Globalização
O efeito da globalização pode ser comparado com o Efeito Borboleta, que integra a Teoria do Caos1,
segundo o qual, metaforicamente, o bater de asas de uma simples borboleta pode mudar o curso
natural das coisas, podendo causar, por exemplo, um tufão no outro lado do mundo.
A globalização tornou claro que as empresas deveriam tomar mais cuidado com seus negócios,
observando um possível Efeito Borboleta. Afinal, um número maior de pessoas passa a ser
influenciado por suas atividades e qualquer deslize pode, no dia seguinte, virar manchete nos jornais
do mundo todo.
A expansão das multinacionais na década de 1970 também mostrou a estas empresas que as diferenças
da cultura organizacional entre um país e outro implicam, muitas vezes, posturas éticas diferentes, o
que pode representar um problema.
Para preveni-los recomenda-se o treinamento dos executivos transnacionais para a nova cultura,
transmitindo-lhes informações sobre o sistema político do país, as taxas ou impostos cobrados
e mostrando a importância de ouvir os gerentes locais a fim de que conheçam melhor os seus
costumes.
As empresas japonesas, por exemplo, são conhecidas por sua cultura de cooperação, enquanto nas
companhias americanas o clima de competitividade reflete a forma pela qual se norteia a economia
dos Estados Unidos.
As corporações que atuam fora de seu país de origem podem optar por manter a ética de seu país ou
a adaptá-las às condições locais, de acordo com as situações que se apresentem.
No Brasil, a despeito das dimensões geográficas do país, existe uma cultura que pode ser percebida
em boa parte das empresas: a do jeitinho brasileiro, que tanto pode significar uma forma sutil de
transgressão das leis instituídas quanto inventividade e criatividade para lidar com as situações difíceis.
Jeitinho
O brasileiro é muito tolerante com a corrupção. Veja só: 24% das pessoas ouvidas
numa pesquisa da Fundação Ford, coordenada pelo cientista político Alberto
Almeida, da FGV, dizem que faz parte do jeitinho brasileiro um funcionário público
receber presente de uma empresa que ajudou a ganhar um contrato do governo. Só
48% (é pouco) chamam isso pelo verdadeiro nome: corrupção.
25
UNIDADE II │ A Ética nas Organizações
Em janeiro de 2009, a consultoria especializada em ética Covalence, de Genebra (Suíça), lançou seu
ranking anual de ética das multinacionais, que cobriu 541 empresas de todo o mundo e teve como
base 45 critérios; entre eles: política de direitos humanos e política anticorrupção.
As 10 empresas apontadas como as mais éticas foram, na ordem: em primeiro lugar o HSBC, seguido
da Intel (2o), Unilever (3o), Marks & Spencer (4o), Xerox (5o), Alcoa (6o), Rio Tinto (7o), General
Electric (8o), Dell Computer (9o), DuPont (10o). Grande parte delas com presença no Brasil.
Alguns Exemplos
Hewlett Packard
Distribui aos funcionários um questionário com dilemas morais, e aqueles que demostram conhecer
bem os princípios, recebem uma Certificação de Conduta nos negócios.
26
Capítulo 4
Condutas antiéticas e dilema ético
Condutas antiéticas
As antitudes antiéticas, sejam elas quais forem – desde causar danos ao meio ambiente a discriminar
um colega por razões raciais – têm trazido sérias consequências para as empresas. Primeiro porque
quando elas vêm à tona trazem prejuízos, às vezes irreparáveis, à imagem da organização e criam
uma má impressão generalizada, principalmente junto aos clientes, que podem decidir substituir os
produtos e(ou) serviços daquela empresa pelos de outra mais confiável.
Em segundo lugar, porque existe a forte possibilidade de correrem processos judiciais e pedidos de
indenização que, como todos sabem, costumam ser polpudos.
Segundo Carole Bennet (2008), as preocupações em relação à ética nas empresas podem ser
agrupadas em quatro áreas.
Conflito de interesses
Existe quando um indivíduo tem que escolher se atende a seus interesses pessoais, aos da empresa ou aos
de algum outro grupo.
Honestidade e Justiça
A honestidade refere-se à veracidade, integridade e probidade. Justiça é a qualidade de ser justo,
equitativo e imparcial.
Comunicação
Refere-se à transmissão de informações e à partilha de significado. As comunicações que são falsas
ou enganosas podem destruir a confiança que os consumidores têm na organização. Mentir é uma
grande questão ética.
Relacionamentos organizacionais
Diz respeito a como os funcionários de uma empresa se relacionam com os consumidores,
fornecedores, subordinados, superiores e outros colegas.
27
UNIDADE II │ A Ética nas Organizações
Para auxiliar na adoção de condutas éticas, algumas perguntas devem ser feitas, como as propostas
pelo Teste da Ética, que consta do Código de Ética do Grupo JBS-Friboi, multinacional brasileira
de alimentos:
Quando você se deparar com um problema ou com uma situação confusa, responder a essas
perguntas o ajudará a tomar uma decisão:
»» Teste da Política
»» Teste da Lei
»» Teste da Imprensa
›› O que pensarão meu gerente, meu supervisor, meus colegas de trabalho e minha
família do que estou planejando fazer?
»» Teste do Espelho
Dilema ético
O dilema ético pode ser ilustrado com um ditado dos antigos: “o que é bom para a leoa não é para
a gazela, e o que é bom para a gazela, fatalmente, não é bom para a leoa”. Achar o equilíbrio nesta
equação é o caminho ético.
28
A Ética nas Organizações │ UNIDADE II
Background e conflito
Em primeiro lugar, reúna a maior quantidade de detalhes possível e leve em consideração a história
das pessoas envolvidas. Identifique qual é o dilema.
Filmes:
»» O Informante.
»» Erin Brokovich.
»» A Firma.
Vídeo:
Resultado
Identifique todas as possíveis decisões que podem ser tomadas e tente determinar os resultados de
cada uma delas. Qual será o efeito sobre cada pessoa envolvida?
Peso
Pese cada possível decisão. Quais são as consequências em curto e longo prazos? Onde ocorrerão
menos prejuízos?
29
Capítulo 5
Qualidade total e ética empresarial
Isso porque os programas de Qualidade Total proporcionam um modelo para a criação de empresas
com responsabilidades sociais, que incorporam expectativas éticas.
Como esses programas derrubam barreiras organizacionais, por meio de mudanças estruturais, há
um ganho em termos de comunicação e senso de comunidade.
As premissas da Qualidade Total que podem resultar em melhoria tanto da excelência dos processos
de manufatura de produtos e serviços quanto da cultura ética da organização são as seguintes:
»» Foco no cliente.
»» Empowerment: deve-se dar aos funcionários autonomia para tomar decisões, seja
em relação a reclamações de clientes seja a dilemas éticos, como a segurança do
produto. Em uma montadora da Toyota, no Japão, por exemplo, cada trabalhador
ao longo da linha de produção tem autoridade para suspendê-la se surgirem
problemas de qualidade.
Sei que um colega será demitido por corte de custos. Devo contar antes do
comunicado oficial? E se o demitido for meu subordinado?
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30
A Ética nas Organizações │ UNIDADE II
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(O exercício acima tem como base o texto “Questões de Ética”, publicado pelo site Planeta
Sustentável em ago/2007)
31
Código de Ética Unidade iII
Capítulo 1
Visão geral
Há várias formas por meio das quais a empresa pode mostrar seu compromisso ético (MATOS, 2005).
Vejamos algumas delas:
Ombudsman: ouvidores ao alcance dos clientes para atenderem aos seus reclamos.
Programas Educacionais: aproximação da empresa com seus públicos mediante iniciativas que
eduquem.
A melhor forma para começar a desenvolver um trabalho relacionado à Ética dentro da empresa
é formulando um Código de Ética.
Para se ter noção da importância deste documento, basta dizer que as empresas brasileiras que
desejam negociar suas ações na Bolsa de Valores de NY têm de apresentar um Código de Ética. (Na
Bovespa, esse Código ainda não é pré-requisito).
»» Seu texto deve ser constantemente revisado, de forma a se manter atualizado com a
cultura organizacional da empresa.
»» Como cada empresa tem uma realidade diferente, códigos de outras empresas
podem servir de referência, mas não podem ser copiados.
»» Por meio do contrato de trabalho, o funcionário deve atestar que está ciente sobre
o Código de Ética.
32
Código de Ética │ UNIDADE III
33
Capítulo 2
Na prática
Nada mais arriscado do que criar um Código de Ética inatingível ou longe demais da realidade
empresarial. Por isso, o ideal é que ele seja elaborado por um Comitê de Ética, composto
por funcionários de diferentes departamentos e não apenas pelo de Recursos Humanos, como é o
mais comum, ou pela gerência de Responsabilidade Social.
É primordial que haja comprometimento do alto escalão com a elaboração e aplicação do Código
de Ética.
Qual é a natureza de seu negócio, para que ela existe/onde ela pretende chegar,
quais são suas metas.
Esses valores são compartilhados por todos os funcionários, inclusive pelo alto
escalão? As práticas da empresa estão de acordo com esses valores?
Os 10 Mandamentos da Ética:
Não apadrinharás.
Não subornarás.
Não poluirás.
Não fraudarás.
Não discriminarás.
Fonte: Matéria “A vez da ética nas empresas”, publicada na revista Veja, em 11/10/2000, disponível
em: <http://veja.abril.com.br/111000/p_154.html>.
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Código de Ética │ UNIDADE III
O treinador de polo aquático Roberto Chiappini foi pego de surpresa ao saber de sua
demissão do cargo de técnico da seleção brasileira feminina pela internet. Segundo
ele, que estava de férias com a família no Guarujá, o corte foi comunicado por um
repórter de um site especializado em polo. “Foi estranha minha saída. Eu devia
pelo menos ter sido informado pelos responsáveis”, declarou o ex-comandante do
esquete nacional.
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UNIDADE III │ Código de Ética
[...] Gary, diretor de tecnologia de uma organização sem fins lucrativos, foi totalmente
contra quando o CEO assistente quis usar uma mala direta que um novo funcionário
tinha surrupiado do seu antigo empregador. Mas Gary – que não quis divulgar seu
sobrenome – não impediu seu chefe de instalar software não licenciado em PCs por
um curto período de tempo, embora se recusasse a fazê-lo pessoalmente.
“A questão é: até que ponto vai afetar as pessoas? Ainda teríamos 99,5% de softwares
legais. Por mim, tudo bem.” Gary desinstalou-o assim que pôde – uma semana depois
– com a aprovação do chefe.
Northcutt argumenta que a profissão de TI deveria ter dois recursos que outras
profissões, como advocacia e contabilidade, possuem há anos: um código de ética
e padrões de práticas. Assim, quando as políticas de uma empresa são inexistentes
ou obscuras, os profissionais de TI ainda podem contar com o código de ética e os
padrões. [...]
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Código de Ética │ UNIDADE III
Cases
Unibanco
No Unibanco, que instalou um comitê de ética recentemente, o resultado é a proteção da imagem.
No ramo financeiro, nenhum cuidado é considerado exagero. “A instalação da minha área teve um
custo muito alto”, diz Márcia Klinke, diretora adjunta de Legal Compliance do Unibanco, que lida
com risco reputacional. Mas vale a pena? “Lógico que vale. Estamos protegendo um bem caríssimo
à empresa, que é a sua imagem. Estamos no mercado há 80 anos, e queremos permanecer”, afirma
Márcia.
Método
Na empresa de engenharia Método, o código de ética foi estendido a toda a cadeia de valor. O
documento foi negociado e assinado por todos os fornecedores. “A expectativa é que a gente comece
a trabalhar sob a óptica da confiança”, diz Hugo Marques da Rosa, presidente da Método. “Isso
elimina muitos custos, porque os sistemas de controle são caros”.
NÚMEROS GLOBAIS
A cada ano, percebemos que o número de empresas que toma a decisão de elaborar,
adotar e divulgar seus Códigos de Ética no website nacional vem aumentando.
Atualmente, mais de 41% das 500 maiores empresas em atuação no País já tornaram
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UNIDADE III │ Código de Ética
Fonte: <www.pesquisacodigodeetica.org.br>.
Organização Stakeholders
Banco 1 (Banco Privado) Comunidade, empregados, clientes, acionistas, governo, fornecedores, concorrentes
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Código de Ética │ UNIDADE III
Organização Stakeholders
( ) Sim ( ) Não
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Oportunidades de negócio:
Assinale, abaixo, em qual área você julga que essa norma está mais fortemente
referenciada:
c. Conflito de interesses.
d. Comunicação de transgressões.
4. Estudo de caso:
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UNIDADE III │ Código de Ética
_____________________________________________________________________
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Responsabilidade Unidade iV
Social
Capítulo 1
Visão geral
Definição
A Responsabilidade Social Empresarial é uma filosofia e um modelo de gestão que:
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UNIDADE IV │ Responsabilidade Social
Uma boa opção é escolher um programa que tenha a ver com o core business da empresa. Exemplo:
empresas de tecnologia da informação podem promover cursos gratuitos de capacitação em
informática para a comunidade carente do entorno.
Confusão de conceitos
Muitas empresas ainda confundem Responsabilidade Social com Filantropia e Investimento Social
Privado. Essas duas iniciativas são braços da Responsabilidade Social que têm como beneficiários
um público externo à empresa.
Filantropia
São doações (dinheiro, bolsas de estudo, produtos ou materiais e serviços) que podem ou não ser
sistemáticas. Não tem vínculo mais efetivo com os beneficiários da doação.
Sustentabilidade
O conceito de Sustentabilidade leva em consideração o triple bottom line: o econômico, o social
e o ambiental. Na verdade, tudo isso significa ser responsável. E na evolução do conceito de
Responsabilidade Social estão inclusas as preocupações Econômicas e o Meio Ambiente.
Governança corporativa
Conjunto de práticas de gestão que envolve o relacionamento entre acionistas, conselho de
administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal, com o objetivo de promover
a transparência dos negócios, principalmente para os acionistas (a Governança Corporativa só
pode ser praticada por empresas de capital aberto). Um de seus pilares é a garantia de tratamento
igualitário a acionistas minoritários e majoritários.
42
Capítulo 2
Histórico
O despertar do que hoje chamamos de Responsabilidade Social teve início após a Segunda Guerra
Mundial, quando as empresas perceberam que os governos, sozinhos, não iriam dar conta de
reverter o cenário de destruição resultante do conflito e resolveram oferecer apoio.
A crise do petróleo na década de 1970 foi um marco importante para o debate sobre o uso racional
de energia e de combustíveis menos poluentes. A consciência sobre a finitude dos recursos naturais
começava a se formar.
Uma amostra da ainda incipiente preocupação com o planeta foi o Relatório Brundtland, elaborado
pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, da ONU, que ficou conhecido como
“Nosso Futuro Comum”. O documento, lançado em 1987, apresentava a ideia de Desenvolvimento
Sustentável, entendido como aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a
capacidade de as gerações futuras suprirem suas próprias necessidades.
Outras iniciativas se juntaram a esta, como a segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente
e Desenvolvimento, também conhecida como ECO 92, realizada no Rio de Janeiro. A partir dela,
surge uma série de documentos sobre o clima e o meio ambiente pelos quais os países participantes
do encontro deveriam nortear suas ações.
A globalização expande o conceito do que são os ativos e passivos das empresas. Assim, os danos
ao meio ambiente causados por uma empresa ou pelo governo passaram a ser passivos altamente
condenáveis, e a percepção que a sociedade tem de uma marca pode ser o seu ativo mais
importante.
Cases
McDonald´s
A cadeia de fast food McDonald’s costuma ser alvo de críticas por seu cardápio “politicamente
incorreto” e até um documentário foi feito para provar o quanto esse tipo de alimentação era
responsável por um dos maiores problemas de saúde dos EUA, que é a obesidade.
43
UNIDADE IV │ Responsabilidade Social
Seis semanas após o lançamento do documentário, o McDonald’s anunciou que iria eliminar as
opções gigantes, nas quais um refrigerante pode chegar a 2 litros e, entre outras medidas, incluir no
cardápio novos produtos como saladas e iogurtes. Os advogados do McDonald’s afirmaram que a
decisão não estava relacionada ao filme.
Wal-Mart
Outro caso interessante é o da maior cadeia varejista do mundo, o Wal-Mart, popular em todo o
mundo por ter preços baixos. No Brasil, a rede é a terceira maior do setor supermercadista, com
vendas de mais de R$ 11 bilhões, empregando cerca de 54 mil pessoas.
Nos EUA, é uma das corporações que mais emprega pessoas pertencentes a minorias (deficientes,
americanos de origem asiática e latina, afro-americanos). Frequentemente é acusada de desrespeitar
as leis trabalhistas e, por causa de mídia negativa, vinha perdendo, nos últimos anos, de 2% a 8% de
seus consumidores.
Filmes:
44
Capítulo 3
Panorama brasileiro
Podemos dizer que, de uns dez anos pra cá, o mercado apresentou um certo amadurecimento em
relação à Responsabilidade Social. Um bom exemplo é o Índice de Sustentabilidade Empresarial
(ISE), criado pela Bolsa de Valores de São Paulo e composto por ações de empresas que se destacam
em responsabilidade social e sustentabilidade. A iniciativa foi baseada em experiências como o
Índice Dow Jones de Sustentabilidade, o primeiro desse tipo de nível internacional.
O interesse das organizações pelo tema pode ser exemplificado por meio de pesquisas, como
“Prátricas e Perspectivas da Responsabilidade Social Empresarial no Brasil 2008”, uma publicação
do Instituto Ethos, do Instituto Akatu e do Ibope Inteligência.
45
UNIDADE IV │ Responsabilidade Social
A seguir, um dos gráficos da pesquisa, que mostra a distribuição porcentual das empresas conforme
as práticas implementadas.
Mantém programa específico para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Tem critérios formais para definir seu financiamento ou apoio a candidatos de cargos
públicos.
O gráfico a seguir, que consta no Relatório ‘Responsabilidade Social das Empresas – Percepção
do Consumidor Brasileiro, Pesquisa 2006/2007’ (Pesquisa do Instituto Akatu, Ethos e a Market
Analysis), ilustra o que os cidadãos entendem por Responsabilidade Social e por Responsabilidade
Operacional, ou seja, a que está diretamente relacionada ao core business da empresa.
46
Responsabilidade Social │ UNIDADE IV
Outra pesquisa, a “Sustentabilidade Hoje ou Amanhã?”, realizada pelo Ibope em 2007, revela
que, mesmo que o cenário esteja apontando para um maior envolvimento das organizações
corporativas com a Responsabilidade Social, a população não está convencida de que haja um
real comprometimento das empresas com esse modelo de gestão. Segundo o documento, 49% dos
cidadãos acreditam que as marcas que fazem algo pela sociedade e meio ambiente o fazem somente
como ação de marketing.
Esse ceticismo indica um desafio importante para as empresas engajadas de fato nas ações de
Responsabilidade Social, qual seja estabelecer uma comunicação que ajude o consumidor a
distinguir o joio do trigo, isto é, as reais responsáveis das marqueteiras.
47
Capítulo 4
As normas na área de responsabilidade
social
A adoção de normas de Responsabilidade Social não garante que a organização seja ética: “Se a
empresa usa a certificação para fins como promoção, imagem e redução de problemas, ela move
sua percepção da ética de uma dimensão deontológica para uma dimensão teleológica, pois a
preocupação do valor moral das ações cedem espaço para seus efeitos”. (ORIBE, 2005)
Ainda estabelece requisitos para: Saúde Ocupacional e Segurança; Liberdade de Associação e Direito
à Negociação Coletiva; Práticas Disciplinares; Horário de Trabalho; Remuneração e Sistemas de
Gestão.
48
Responsabilidade Social │ UNIDADE IV
Uma característica importante desta norma é ser multistakeholder, ou seja, envolve vários
stakeholders (consumidores, empresas, governos, trabalhadores, ONGs etc.) algo inédito dentro
da ISO.
49
Capítulo 5
Balanço Social e Indicadores Ethos
Modelos
Ibase
É o mais popular no país. Criado em 1997 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, ele consiste
numa tabela de uso gratuito, onde os empresários quantificam, de forma simples, o que fazem em
prol dos colaboradores, fornecedores, meio ambiente e entorno social.
As empresas que estão começando a praticar a Responsabilidade Social costumam seguir o modelo
Ibase.
Indicadores Ethos
Elaborado pelo Instituto Ethos <www.ethos.org.br>, considerado referência em Responsabilidade
Social no Brasil, os Indicadores Ethos é uma ferramenta que permite avaliar em que nível uma
empresa está em relação aos seus Valores, Transparência e Governança e aos seus stakeholders.
50
Responsabilidade Social │ UNIDADE IV
Para isso, as empresas respondem a um questionário, cujas respostas são avaliadas pelo Instituto, e
é esta avaliação que vai mostrar às empresas o seu nível de Responsabilidade Social.
É crescente o número de países latino-americanos que vêm adaptando os Indicadores Ethos de RSE
à realidade de seus países.
51
Capítulo 6
Cases brasileiros
Souza Cruz
Natura
[...] Para a gerente de projetos da Natura, Cláudia Nóbrega, uma empresa deve buscar aperfeiçoamento,
qualidade das relações, comprometimento empresarial ético, produtos inovadores, sem perder a
qualidade. E na Natura, crenças sem conceitos não fazem parte dos produtos, segundo ela.
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Responsabilidade Social │ UNIDADE IV
A empresa possui programas como Carbono Neutro, que visa eliminar os poluentes. Em seus
compostos, utiliza produtos orgânicos e vegetais. Os negócios são voltados para sustentabilidade,
assim a empresa busca resultado econômico, social e ambiental.
Existem algumas limitações que podem fazer um produto sair de linha. Por exemplo, o fim da
matéria--prima, como aconteceu com a linha Pitanga, que não está mais em catálogo; ou mesmo
proibição da comercialização, rejeição e algumas tendências de moda.
Um desafio futuro é recolher as embalagens utilizadas, mesmo as de refil, que a empresa foi a
pioneira em implantar. Para famílias e comunidades onde são cultivadas as matérias-primas, há
incentivo à educação e cuidados com a natureza.
Vivo
“A ideia de voluntariado partiu dos funcionários e depois foi incluída na política de investimentos
sociais da empresa”, diz Karinna Bidermann, gerente de responsabilidade socioambiental da
operadora Vivo. Em 2002, um grupo de funcionários da antiga Telesp Celular começou a organizar-se
para trabalhar com entidades de apoio a pessoas com deficiência visual, como Laramara e Fundação
Dorina Nowill, de São Paulo.
A ideia tomou força e foi incorporada à atual estratégia de responsabilidade social da Vivo, que
acaba de colocar no mercado celulares adaptados com um software em braile. Hoje, o instituto
ligado à empresa mantém o foco nesse público e criou dois centros, em São Paulo e no Rio, voltados
a funcionários que querem realizar trabalho voluntário. Os locais contam com impressoras de
texto em braile, onde são impressas publicações de interesse para pessoas cegas. Os voluntários
podem trabalhar na revisão de textos e na gravação de “audiolivros”, recurso usado para deficientes
53
UNIDADE IV │ Responsabilidade Social
não alfabetizados em braile. “Já conseguimos mobilizar 600 voluntários em todo o País. Isso é
importante do ponto de vista estratégico, pois torna mais palpável a política social da empresa.
E isso é percebido pela opinião pública”, diz Marcelo Alonso, que responde pela área de relações
institucionais da operadora.
b. Compliance.
c. Filantropia Estratégica.
No final dos anos 1980, a prática da criação de valor em favor do acionista começou
a se impor. Esse conceito, que leva o nome, em inglês, de shareholder value, não
só transformou por completo a organização e o funcionamento tradicional das
empresas como também alterou a coesão social da quase totalidade dos países
industrializados.
[...]
54
Responsabilidade Social │ UNIDADE IV
“Daqui para a frente, vocês trabalharão unicamente para o acionista!” É assim que a
executiva comercial de uma multinacional da indústria farmacêutica se recorda da
apresentação feita por seus dirigentes sobre o conceito da criação de valor. “Isso me
causou um choque! Depois, eles nos explicaram que nós, os funcionários, também
seríamos beneficiados com isso, uma vez que, se enriquecêssemos o acionista,
receberíamos prêmios e aumentos.”
[...]
Resposta:
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( ) Ética deontológica.
( ) Ética teleológica.
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referências
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Porto Alegre, 2007.
ARRUDA, Maria Cecília Coutinho. WHITAKER, Maria do Carmo; RAMOS, José Maria Rodriguez
Fundamentos de ética empresarial e econômica. São Paulo: Atlas, 2001.
BENIAMINO, Sérgio Leme. Ética nas Organizações: Realidade ou Utopia? (publicado no site da
Geo Soluções Empresariais).
BENNET, Carole. Ética Profissional. São Paulo: Editora Cengage Learning, 2008.
CHEN, Al Y.S., SAWYERS, Roby B.; WILLIAMS, Paul. O novo caminho da ética (artigo). Revista
HSM Management nov-dez/1998.
MATOS, Francisco Gomes de. Ética Empresarial e Responsabilidade Social. Revista Recre@
rte no 3 Junho de 2005, disponível em: <http://www.iacat.com/Revista/recrearte/recrearte03/
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MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1974.
371 p.
MORAES, Maria Cristina Pavan de; BENEDICTO, Gideon Carvalho de. Uma abordagem da
importância da Ética nas Organizações. Campinas: Cadernos da FACECA, 2003.
NUNES, Angela. Matéria. A vez da ética nas empresas, publicada na revista Veja, em 11/10/2000,
disponível em: <http://veja.abril.com.br/111000/p_154.html>.
ORIBE, Claudemir Y. A Relação entre a SA 8000 E AA1000 com o marco referencial da Ética dos
Negócios: um entendimento necessário. In: Revista Qualypro, ano VX, no 160. Belo Horizonte,
2005.
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Referências
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Campus-Elsevier, 2009.
WEBER, Max. Ciência e Política, duas vocações. São Paulo: Cultrix, 2002.
WHITAKER, Maria do Carmo. Ética na vida das Empresas. Depoimentos e Experiências. São Paulo:
DVS Editora, 2007.
PESQUISAS
Pesquisa Código de Ética Corporativa 2010. Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios.
Disponível em: <http://www.pesquisacodigodeetica.org.br/>.
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