Dissertação Aline Miguel Versão Final
Dissertação Aline Miguel Versão Final
Dissertação Aline Miguel Versão Final
Ribeirão Preto
2018
Aline Angélica Miguel Leone
Ribeirão Preto
2018
Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento
Técnico da Biblioteca Central da UNAERP
À Deus, pela vida, pela oportunidade de realizar meus objetivos e sonhos, por todos os
momentos de alegria e conquistas.
A usina do presente estudo que em todos os momentos apoiou meu trabalho e concedeu todo o
subsídio para a realização desse projeto.
Ao Professor Dr. Luciano Farias de Novaes, pela confiança, amizade e por me orientar com
paciência e dedicação. Por toda a motivação necessário nos momentos da orientação,
principalmente no início quando mais precisei, pois houve a troca da minha orientadora.
Aos amigos da turma, pelos bons momentos compartilhados durante as aulas, laboratórios e
extraclasse. Em especial, agradeço minha amiga Tainara Biscola, pelo convívio, amizade,
ensinamentos, gentileza, atenção e caráter. Minha companheira de estrada, desde os tempos de
faculdade.
A minha família, meu marido e minhas duas filhas pelo amor, apoio, dedicação e torcida.
Sempre muito atenciosos e preocupados.
Aos meus pais, pelo apoio, carinho e incentivo. Eles que são minha base, meu orgulho e a razão
de eu conquistar tudo que eu tenho hoje.
RESUMO
A utilização de água em uma usina sucroalcooleira pode ocorrer de diversas formas tais como:
incorporação ao produto, lavagens de máquinas, tubulações e pisos, águas de sistemas de
resfriamento e geradores de vapor, águas utilizadas diretamente nas etapas do processo
industrial e para fins sanitários. O interesse crescente no reuso da água tem se fundamentado na
questão da escassez dos recursos hídricos que estamos vivendo. Diante desse cenário o presente
trabalho teve o objetivo de avaliar a possibilidade de reuso da água residuária de uma usina de
açúcar e etanol no interior do Estado de São Paulo nos diversos setores dentro da usina. Para
se conhecer a concentração da matéria orgânica na água residuária foi necessário realizar
amostragens durante o período da safra 2017/2018. A caracterização envolveu análises físico-
químicas para se conhecer as principais características da água residuária gerada na usina e foi
observado que houve uma grande variação da carga orgânica em termos de DQO durante o
período de cinco meses de amostragem em dias aleatórios, onde foi possível observar uma
grande variação da concentração da carga orgânica em termos de DQO que foram de 2.396,2 à
101.292,4 kg/dia. Na amostragem composta foi obtido a relação DQO solúvel / DQO de 75%,
representando que 75% da DQO estava sob a forma dissolvida e 25% na forma suspensa. A
DBO de 1.460 mg.L-1 quando comparada a 2.306 mg.L- 1 de DQO solúvel representou a relação
DBO / DQO solúvel de 63% e com isso foi possível concluir que o material que está dissolvido
de 63% é biodegradável, sendo assim fica evidente que um tratamento físico químico é
essencial para remover os sólidos suspensos e parte da DQO e que o tratamento biológico é a
melhor opção para a remoção da matéria orgânica. A escolha da melhor tecnologia de
tratamento de água residuária dependeu das características qualitativas da água que era utilizada
em cada setor na indústria e para se conhecer quais seriam os possíveis tratamentos físico-
químicos foram realizados ensaios de Jartestes para se verificar o melhor tratamento em termos
de custo benefício. A importância de se ter um tratamento para a água residuária gerada dentro
da usina é que pode - se reduzir a captação de água fazendo o reuso da água tratada em diversos
setores, sendo assim após os estudos realizados na água residuária gerada na usina foram
propostos dois tratamentos sendo eles um físico-químico apenas para usos em que a quantidade
de matéria orgânica não influencia e para usos mais exigentes foi proposto um tratamento físico-
químico seguido de um tratamento biológico anaeróbico UASB e na sequencia um tratamento
aeróbio em reatores de lodo ativado. Os pontos propostos para a reutilização da água residuária
tratada foram na embebição da cana-de-açúcar na moenda, na esteira metálica da moenda, na
embebição dos filtros à vácuo, na limpeza das caixas de evaporação e demais equipamentos na
indústria. Após a definição do tratamento e pontos propostos para reutilização, foram realizados
levantamentos dos custos com os tratamentos físico-químicos propostos. A necessidade do uso
a água é de acordo com a capacidade de produção da usina, ou seja, quando há o aumento da
produção maiores quantidades da água são requeridas e a forma mais sustentável de lidar com
a situação é o reuso do efluente gerado ao invés de se aumentar a outorga de captação dos
mananciais e dos poços subterrâneos.
Palavras chaves: Usina de açúcar e etanol, água residuária de usina de açúcar e etanol e reuso.
ABSTRACT
The use of water in a sugar-alcohol plant can occur in several ways such as: product
incorporation, machine washes, pipes and floors, water from cooling systems and steam
generators, waters used directly in the industrial process steps and for sanitary purposes. The
growing interest in water reuse has been based on the scarcity of water resources we are
experiencing. In view of this scenario the present work had the objective of evaluating the
possibility of reuse of wastewater from a sugar-alcohol plant in the interior of the State of São
Paulo in the various sectors within the plant. In order to know the concentration of organic
matter in the wastewater, it was necessary to perform samplings during the period of the
2017/2018 harvest. The characterization involved physico-chemical analyzes to know the main
characteristics of the wastewater generated in the plant and it was observed that there was a
great variation of the organic load in terms of COD during the period of five months of sampling
in random days, where it was possible to observe a large variation in the organic load
concentration in COD terms from 2,396.2 to 101,292.4 kg / day. In the composite sampling, the
COD / COD ratio of 75% was obtained, representing that 75% of the COD was in the dissolved
form and 25% in the suspended form. The BOD of 1460 mg.L-1 when compared to 2.306 mg.L-
1 of COD filtered represented the BOD / COD ratio of 63% and with this it was possible to
conclude that the material which is dissolved of 63% is biodegradable, being so it is evident
that a physical chemical treatment is essential to remove the suspended solids and part of the
COD and that the biological treatment is the best option for the removal of the organic matter.
The choice of the best wastewater treatment technology depended on the qualitative
characteristics of the water that was used in each sector in the industry and in order to know the
possible physical-chemical treatments, the Jartestes tests were carried out to verify the best
treatment in terms of cost benefit. The importance of having a treatment for the wastewater
generated inside the plant is that it can reduce the water abstraction by reusing the treated water
in several sectors, so after the studies carried out in the wastewater generated at the plant, two
treatments being physic-chemical only for uses in which the amount of organic matter does not
influence and for more demanding uses a physical-chemical treatment was proposed followed
by an anaerobic biological treatment UASB and in sequence an aerobic treatment in reactors of
activated sludge. The proposed points for the reutilization of treated wastewater were the
imbibition of sugarcane in the mill, in the metal conveyor of the mill, in the soaking of the
vacuum filters, in the cleaning of the evaporation boxes and other equipment in the industry.
After the definition of the treatment and proposed points for re-use, cost surveys were carried
out with the proposed physical-chemical treatments. The need to use water is in accordance
with the production capacity of the plant, that is, when there is increased production, larger
quantities of water are required and the most sustainable way of dealing with the situation is
the reuse of the generated effluent instead to increase the granting of abstraction of water
sources and underground wells.
Keywords: Sugar and ethanol plant, wastewater from sugar and ethanol plants and reuse.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 18
2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 18
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................... 18
3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 19
3.1 USO DA ÁGUA EM USINAS DE SUCROALCOOLEIRAS ....................................... 19
3.1.1 Limite Estabelecido para o Consumo de Água no Setor Sucroalcooleiro ............... 21
3.2 GERAÇÃO DE EFLUENTE EM USINAS DE AÇÚCAR E ÁLCOOL ........................ 23
3.2.1 Características Físico-Químicas da Água Residuária ............................................ 24
3.3 REUSO DE EFLUENTE E AÇÕES AMBIENTAIS SUSTENTÁVEIS ........................ 25
3.4 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO BIOLÓGICO PARA ÁGUA RESIDUÁRIA .. 28
3.4.1 Processos Biológicos Aeróbios ............................................................................. 29
3.4.1.1 Filtração biológica ................................................................................................ 30
3.4.1.2 Filtros aeróbios submersos ................................................................................ 30
3.4.1.3 Lagoas de estabilização ........................................................................................ 31
3.4.1.4 Lodos ativados...................................................................................................... 33
3.4.2 Processos Anaeróbios.............................................................................................. 34
3.4.2.1 Reatores UASB .................................................................................................. 34
3.4.2.2 Filtros anaeróbios ................................................................................................. 35
3.4.2.3 Lagoa anaeróbia ................................................................................................... 36
3.5 TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO FÍSICO - QUÍMICO PARA ÁGUA
RESIDUÁRIA ...................................................................................................................... 37
3.5.1 Filtração Direta Descendente ................................................................................. 39
3.5.2 Tratamento Convencional ...................................................................................... 40
3.5.2.1 Método Jarteste .................................................................................................... 41
4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 43
4.1 DIAGNÓSTICO PARA IDENTIFICAR OS PONTOS DE GERAÇÃO DE ÁGUA
RESIDUÁRIA ...................................................................................................................... 43
4.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA RESIDUÁRIA GERADA ....................................... 44
4.3 PROPOSIÇÃO DE UMA TECNOLOGIA PARA TRATAMENTO DE ÁGUA
RESIDUÁRIA ...................................................................................................................... 45
4.3.1 Realização de ensaios de bancada do tipo Jarteste para simular um tratamento físico
– químico ........................................................................................................................... 47
4.4 PROPOSIÇÃO DE PONTOS DE REÚSO DENTRO DA INDÚSTRIA ....................... 48
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 50
5.1. DIAGNÓSTICO PARA IDENTIFICAR OS PONTOS DE GERAÇÃO DE ÁGUA
RESIDUÁRIA ...................................................................................................................... 50
5.1.1 Histórico da Empresa ............................................................................................... 50
5.1.2 Fluxograma das Etapas de Produção da Usina de Açúcar e Álcool ......................... 50
5.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA RESIDUÁRIA GERADA NA INDÚSTRIA
SUCROALCOOLEIRA ........................................................................................................ 56
5.3 PROPOSIÇÃO DE UMA TECNOLOGIA PARA TRATAMENTO DE ÁGUA
RESIDUÁRIA ...................................................................................................................... 61
5.3.1 Realização de Ensaio de Bancada do Tipo Jartete para Simular o Tratamento Físico-
Químico ............................................................................................................................. 63
5.4 PROPOSIÇÃO DE PONTOS DE REÚSO DENTRO DA INDÚSTRIA ....................... 74
6. CONCLUSÕES................................................................................................................... 88
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 90
ANEXO I ................................................................................................................................. 95
16
1. INTRODUÇÃO
uso de grandes quantidades de água que podem ser captadas dos mananciais e poços
subterrâneos.
A água residuária gerada pelo setor sucroalcooleiro deve ser tratada para poder
ser reutilizada e o seu tratamento é um desafio devido às características do efluente, que
pode variar no decorrer da safra. Além disso segundo a Resolução da Secretaria do Meio
Ambiente (SMA) número 88 de 2008, estabelece o limite máximo de 1 m³ (um metro
cúbico) de água por tonelada de cana moída para os novas Usinas de açúcar e etanol que
forem instaladas em áreas adequadas segundo o Zoneamento agroambiental (ETANOL
VERDE, 2018) e a apresentação de um plano de redução de consumo de água, com
cronograma de adequação para atingir limite máximo de 1 m³ por tonelada de cana moída
para ampliações de indústrias existentes, com isso para a redução do volume de água
captado pelas usinas existentes ou para novas unidades é necessário a reutilização da água
residuária gerada e consequentemente há a necessidade de se ter um tratamento que
garanta as característica e parâmetros ideais.
Diante deste fato um tratamento para água residuária de Usinas de açúcar e etanol
é um grande aliado ao atendimento da Resolução SMA 88 e também um ato de
responsabilidade ambiental, pois visa mitigar ações que reduzem drasticamente o
consumo de água no processo de produção, visto que se há o reuso de água, há redução
significativa na captação.
Desta forma, o presente trabalho visou selecionar uma tecnologia para o
tratamento da água residuária gerada por uma usina de açúcar e álcool situada no interior
do Estado de São Paulo, contribuindo desta forma para minimizar os impactos ao meio
ambiente e redução de custos com a captação de água utilizada no processo industrial.
18
2. OBJETIVOS
3. REVISÃO DE LITERATURA
A água entra nas usinas através de duas principais formas, uma com a cana – de –
açúcar, pois aproximadamente 70% do peso dos colmos são compostos por água e outra
com a captação superficial ou subterrânea para usos na indústria. A água captada é usada
em várias etapas do processo produtivo, em seguida uma parte é devolvida para os corpos
hídricos após os devidos tratamentos e a outra parte é destinada juntamente com a vinhaça
na agricultura. A diferença entre a água captada e a água lançada, é a água consumida
internamente (ELIA NETO, 2009).
A utilização de água de uma usina sucroalcooleira pode ocorrer de diversas formas
tais como: incorporação ao produto, lavagens de máquinas, tubulações e pisos, águas de
sistemas de resfriamento e geradores de vapor, águas utilizadas diretamente nas etapas do
processo industrial e atendimento higiênico e fisiológico dos funcionários (WILKIE et
al., 2000).
Além do uso industrial da água, há também os usos sanitários, sendo gerados os
esgotos que na maior parte das vezes são tratados internamente pela indústria, enviados
para tratamentos específicos ou tratados até mesmo nas etapas biológicas dos tratamentos
de efluentes industriais (VON SPERLING, 1997).
De acordo com Boldrin et al. (2004), pode-se observar que os cuidados ambientais
praticados por uma empresa, atualmente podem significar maior competitividade à
mesma, seja para atrair a atenção dos consumidores que se demonstram cada vez mais
conscientes, seja para adequar-se às especificações de mercados com maiores exigências
ambientais, tendo em vista o mercado interno e principalmente o mercado externo.
O interesse crescente no reuso da água se fundamenta na questão da escassez dos
recursos hídricos e nos custos crescentes da água potável tratada. Nesse sentido, tem-se
observado um aumento de pesquisas e relatos apontando para as iniciativas bem-
sucedidas de reuso da água no setor industrial (TUNDISI, 2014).
Segundo a SMA (2017), houve considerável redução no consumo de água das
usinas para o processamento industrial da cana-de-açúcar. Como pode ser observado na
Figura 1, há uma tendência de redução no consumo de água por tonelada de cana nas
Usinas. Em 2010 o consumo era de 1,52 m³/t sendo reduzido em 2017 para 0,91 m³/t, o
20
que acarretou em uma redução de 40% no consumo de água. Fato este importante, pois
nos próximos anos se a tendência persistir a redução tende a continuar.
1,6 1,52
1,45
1,4
1,26
1,18
1,2 1,12
m³ de água/ t cana processada
1,02
1 0,91
0,8
0,6
0,4
0,2
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
ano
Conforme pode ser observado na Tabela 2, Santos et al. (2010), obteve uma
relação DQO/DBO menor que 2,5 e esse resultado indicou que um tratamento biológico
seria indicado, no entanto para os resultados obtidos por Amaral et al. (2013) que obteve
a relação DQO/DBO maior que 2,5 o tratamento biológico não seria indicado e isso foi
comprovado, pois em seu estudo verificou que 40% da DQO estava nos materiais sólidos,
portanto o efluente teve baixa biotratabilidade e então sugeriu a conjugação do tratamento
físico-químico com o biológico.
Os pontos de uso e geração da água residual da usina de açúcar e álcool são
apresentados na Quadro 1.
Os benefícios que podem ser proporcionados pelo reuso da água podem ser
agrupados em ambientais, econômicos e sociais. Para o meio ambiente o reuso da água
contribui para a redução do lançamento de efluentes industriais em cursos d´água, redução
da captação de águas superficiais e subterrâneas e propiciar maiores quantidades de água
para usos mais exigentes, como abastecimento público, hospitalar, etc. (SILVA, 1977).
De acordo com a ÚNICA (2017) a redução do uso de água na usina é essencial
para a sustentabilidade do agronegócio de açúcar e etanol. Assim ao empregar sistemas
de água em circuitos fechados fazendo unicamente a reposição das perdas de água no
26
A água residual oriunda dos processos de fabricação de açúcar e álcool devem ser
tratadas antes de serem enviadas para o meio ambiente (ROSA E MARTINS, 2013).
Atualmente a disposição da vinhaça nas usinas de açúcar e álcool é sua aplicação
na fertirrigação dos canaviais, pois é aplicada no solo com o objetivo de irrigar e fertilizar
as lavouras de cana-de-açúcar (GOMES et al., 2011).
A legislação para aplicação da água residuária no solo juntamente com a vinhaça
é a Norma Técnica da CETESB P 4.231, que tem como objetivo estabelecer os critérios
e procedimentos para o armazenamento, transporte e aplicação da vinhaça, gerada pelas
usinas de açúcar e etanol durante o processamento de cana-de-açúcar, no solo do Estado
de São Paulo. Nessa legislação são descritos todos os parâmetros que devem ser
verificados na água residuária e assim como a vinhaça o principal parâmetro é o teor de
potássio, porém há o monitoramento de outros parâmetros como:
• pH;
• resíduo não filtrável total;
• dureza;
• condutividade elétrica;
• nitrogênio nitrato;
• nitrogênio nitrito;
• nitrogênio amoniacal;
• nitrogênio Kjeldhal;
• sódio;
• cálcio;
• potássio;
• magnésio;
• sulfato;
• fosfato total;
• DBO e
• DQO.
A aplicação de vinhaça que atualmente é um aliado na fertilização dos solos e traz
benefícios para o mesmo, pois contem nutrientes que são necessários para o solo, porém
a sua aplicação deve ser monitorada. Entretanto segundo os resultados obtidos no trabalho
de Ramalho e Sobrinho (2001), a aplicação de vinhaça no solo não altera os teores de
metais pesados presentes no mesmo.
28
Tratamento Físico-
Tratamento químico
Tratamento
Aeróbio Anaeróbio
Exemplos
Filtração Tratamento
Biomassa Biomassa Biomassa Biomassa direta convencional
dispersa aderida dispersa aderida
A eficiência das lagoas aeradas de modo geral está entre 60 e 90%, porém segundo
Jordão e Pessôa (2011) a lagoa aerada facultativa pode ter a eficiência de até
aproximadamente 99%.
Os reatores UASB tem sido utilizado para tratar diversos tipos de águas
residuárias, por ser capaz de tratar muitos tipos de águas e ter também como vantagem
uma menor produção de lodo em comparação com os reatores aerados (ESPANÃ-
GAMBOA, et al., 2012).
É de conhecimento que os microrganismos requerem condições adequadas em
relação a fatores ambientais e de alimento, bem como em relação a própria geometria e
características do reator. Esses parâmetros aliados ao conceito de tempo de detenção de
sólidos biológicos, ou idade do lodo na terminologia inglesa Solids Retention Time
(SRT), e de tempo de detenção hidráulico Hydraulic Retention Time (HRT), são
parâmetros fundamentais. Na verdade, é desejado que se tenha um alto SRT para se ter
um baixo HRT para tornar mais econômica a fabricação do reator (JORDÃO e PESSÔA,
2005).
O reator UASB contém uma câmara de digestão inferior onde se localiza o leito
de lodo (manta de lodo) e onde se processa a digestão anaeróbica. O efluente sanitário a
ser tratado entra no reator passando por esta manta e prossegue em fluxo ascendente, neste
processo parte da matéria orgânica fica retida na manta onde ocorre o processo de
digestão anaeróbia. O reator possui um separador de fases, que fisicamente caracteriza
uma zona de sedimentação e uma câmara de coleta de gases, que possui a função de
separar a fase sólida da câmara de digestão da líquida e gasosa, que funciona na verdade
como um defletor de gases (ESPANÃ-GAMBOA et al., 2012).
É importante ressaltar que alguns pré-tratamentos do efluente são necessários
como a remoção de sólidos grosseiros e flutuantes e remoção de areia, pois podem causam
vários problemas dentro do reator UASB. A presença de areia acumulada no interior do
reator traz consequências mais graves ainda, entupindo orifícios e ramais de distribuição
do esgoto. Isso é devido a uma limitação do reator UASB devido a interferências de
sólidos em sua performance (ANGENENT, et al., 2004).
Elevada Gasto
Baixa demanda Elevada demanda Elevada demanda
Energia elétrica demanda Baixa demanda energética considerável de Baixa demanda energética Elevada demanda energética
energética energética energética
energética energia
Geração de gases
Há geração Não há Há a geração Há a geração Há a geração Não há - Há a geração
com odor
Geração de lodo Baixa Alta Há a geração Baixa Baixa Alta Há a geração
Eficiência
Remoção de DBO
50% a 60% Entre 60 e 70% Entre 80 e 90% Entre 80 e 90% Entre 45 e 85% Entre 80 e 90% aproximada de até Entre 85 e 95%
(%)
96%
Tempo de
3a5 3a4 10 a 50 0,5 - 4 0,25 - 0,375 0,5 - 4 0,5 - 4 3a4
detenção (dias)
Custo operacional Baixo Considerável Baixo Considerável Baixo Considerável Considerável Considerável
Odores
Colmatação
desagradáveis, Escuma, florescimento de Excesso de sólidos
Ocorrência de progressiva dos
proliferação de algas, odores desagradáveis, Risco de suspensos e agentes
fatores - - filtros, exige -
insetos e proliferação de insetos e entupimentos tóxicos prejudicam sua
prejudiciais retirada de excesso
crescimento de crescimento de vegetais eficiência
de biomassa
vegetais
Vantagens Desvantagens
O investimento inicial é menor A tecnologia não é eficiente para o tratamento de água com valores
(redução entre 30 e 70%) elevados de turbidez e/ou cor verdadeira
O consumo de energia elétrica e O tratamento deve ser monitorado continuamente, considerando que o
de produtos químicos tempo de detenção da água no sistema é relativamente curto para que o
(coagulante e alcalinizante) é operador perceba qualquer mudança na qualidade da água bruta ou
inferior filtrada
A tecnologia facilita o
A técnica pode apresentar paralisações temporárias devido a erros na
tratamento de água com baixa
dosagem de produtos químicos (coagulantes e alcalinizantes)
turbidez
Segundo Liu et al. (2017) a água residuária para que possa ser reutilizada pela indústria,
necessita apresentar características e parâmetros físico-químicos adequados para poder ser
utilizada sem causar danos ao processo de produção. Para se conhecer e estudar quais
tratamentos físico-químicos e quais condições ambientais são mais adequadas ao tratamento de
água ou efluente existe o método chamado de Teste de Jarros – (Jarteste) conforme é mostrado
na Figura 5, que é um procedimento de bancada muito utilizado em estações de tratamento de
água, para a determinação das dosagens ótimas dos coagulantes a serem empregados no
tratamento da água. Através desse método pode-se realizar ensaios de simulação de tratamento
da água utilizando-se de diferentes tipos de produtos químicos, podendo variar a dosagem do
alcalinizante e do coagulante até que seja possível descobrir qual é a dosagem ideal para a
planta. Esse método vem sendo muito utilizado também para a determinação de parâmetros
para a realização de projetos de estações de tratamento de água.
Conforme Di Bernardo e Dantas (2005), a realização de ensaios de tratabilidade da água
possibilita verificar a dosagem ótima de produtos químicos como coagulantes, alcalinizantes e
acidificantes, onde é possível encontrar os melhores resultados para as faixas de pH de acordo
com cada tipo de produto químico utilizado. Através dos ensaios de Jarteste também é possível
verificar quais são os melhores gradientes de velocidade e tempos de mistura rápida e lenta,
bem como verificar as velocidades de sedimentação viáveis para o tratamento da água,
determinar as condições da filtração e ainda é possível ponderar as particularidades dos resíduos
gerados.
42
4. MATERIAL E MÉTODOS
A coleta da água residuária gerada foi feita na usina onde foram coletadas cinco
amostras por dia nos seguintes horários: 08:00, 10:00, 12:00, 14:00 e 16:00h. Os dias da coleta
foram escolhidos aleatoriamente e o ponto de amostragem foi o local onde todas as águas dos
diferentes setores da usina são unidas por uma tubulação e nesta tubulação tem um medidor de
vazão instalado. As amostras foram coletadas exclusivamente durante o dia, porém foram feitas
duas coletas no período da noite as 00:00.
No momento de cada coleta foi anotado o valor da vazão, o horário e o data da coleta.
Após a coleta as amostras foram encaminhadas para o laboratório da Usina e em seguida
guardada em geladeira até o dia em que foram levadas para o laboratório de Recursos Hídricos
da UNAERP;
A quantificação foi feita utilizando-se a carga de DQO em função da vazão em cada
horário como é mostrado na Equação 1.
𝐶𝑖 = 𝐷𝑄𝑂𝑖 ∗ 𝑄𝑖 (1)
- Após obtenção das cargas em cada horário nos dias amostrados foi realizada a média
ponderada e os desvios padrões de todos os dias em todos os horários amostrados.
45
A partir destas cargas médias definidas em cada horário foi realizada a quantificação do
volume a ser amostrado em cada horário a partir da Equação 2.
𝑐𝑖
𝑉𝑖 = ∗𝑉 (2)
∑c𝑖
Onde:
V = volume total de amostra em mL
Vi = volume a ser coletado em cada horário mL
Logo após a quantificação do volume a ser amostrado em cada horário, foi realizada a
coleta com os volumes ideais previstos nos cálculos das Equações 1 e 2 para compor a amostra
a qual foi coletada e encaminhada para o laboratório da Usina em estudo, em seguida as
amostras foram guardadas em geladeira até o dia seguinte para então serem levadas para o
laboratório de Recursos Hídricos da UNAERP onde foram feitas as análises físico químicas de
acordo com a Tabela 3.
As amostras de água residuária foram caracterizadas através dos parâmetros físico-
químicos, sendo eles, temperatura, pH, série de sólidos, nitrogênio, fósforo, Demanda
Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio (DQO), Carbono Orgânico
Total (COT) e amônia. As análises realizadas nas amostras de água residuária coletadas na
usina em estudo foram feitas no laboratório de Recursos Hídricos da UNAERP de acordo com
o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, AWW, WEFF,
2005).
4.3.1 Realização de ensaios de bancada do tipo Jarteste para simular um tratamento físico –
químico
180
Rotação das paletas do equipamento
160
140
120
Jarteste (rpm)
100
80
60
40
20
0
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540 600 660 720 780 840 900 960 1020108011401200
Tempo (S)
Rotação
A proposição de pontos de reuso dentro da usina em estudo foi feita após a realização
de um diagnóstico dos principais pontos de uso de água. A verificação foi feita durante as visitas
49
na usina onde todos os pontos no processo de fabricação de açúcar e etanol foram levantados e
avaliados a qualidade mínima exigida para cada reuso.
Para a estimativa de custos foi realizada a cotação dos preços dos produtos químicos
utilizados para o tratamento da água de estudo que apresentaram melhores resultados de custo
benefício. A cotação dos preços foi feita diretamente com os fornecedores dos determinados
produtos e como referência uma ETE hipotética com vazão de água residuária de 124,7 m³/h
que foi a média vazão apresentada na usina em estudo na safra de 2018. Os cálculos realizados
foram para prever o custo por metros cúbicos de água residuária tratada com os produtos
químicos utilizados no tratamento para a ETE.
50
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 11: Medidor de vazão eletromagnético do tipo carretel na usina de açúcar e álcool
Os setores que geram água residuária da usina em estudo são mostrados nas Figuras 12
e 13, em alguns pontos a água residuária é descartada porém as águas utilizadas para o
resfriamento dos equipamentos na usina estão em circuito fechado como por exemplo a água
residuária de resfriamento dos mancais, trocadores de calor, turbinas, turbo geradores e no
sistema de sulfitação no tratamento de caldo. As águas que estão em circuito fechado são
reutilizadas, no entanto é necessário a reposição no sistema, pois há significativa perda água
por evaporação.
Foi observado no reservatório de sedimentação existente na usina em estudo que o
tempo de residência não é suficiente, pois há o acumulo de terra no reservatório de equalização
e também neste ponto há uma sistema de amostrador contínuo de água residuária para a análise
de perdas de açúcares realizada no laboratório da usina e antes do amostrador há um filtro
justamente para evitar a entrada de sólidos, porém foi verificado que há frequentes
entupimentos no filtro durante devido a quantidade de sólidos que é enviado para o mesmo. Foi
relatado durante o estudo que periodicamente é feita a retirada de terra do reservatório de
sedimentação para liberar espaço no mesmo para a entrada de água residuária.
54
Figura 12: Localização dos pontos de geração de água residuária na fabricação de açúcar
Recepção / Amostragem /
Descarregamento
Aquecimento do xarope
bruto / Flotação
Expedição do açúcar
Saída do efluente em estudo
Figura 13: Localização dos pontos de geração de água residuária na fabricação de etanol
Água de limpeza do
piso da fermentação
Mosto
Água de lavagem das (Retorna na volante)
dornas de fermentação
(Retorna na volante) Dornas de Fermento tratado
Fermentação
CO2
Dorna pulmão Produção de
Levedura seca Dispersante Água de
lavagem
das cubas
Lavador de (Retorna na
Gases volante)
Centrífugas Fermento
Cuba
Água
Antimicrobianos
Vinho centrifugado
Água de
Volante de
limpeza do
piso da Vinho
destilaria
Coluna A
Coluna B
Tanque de Coluna C
Etanol
Hidratado
Tanques
Medição
Legenda
Tabela 4: Geração mensal em m³/h de água residuária na usina em estudo nos anos de 2017 e
2018 durante o período de safra
2017 2018
DQO Vazão DQO Vazão DQO Vazão DQO Vazão DQO Vazão
Data 08:00 08:00 10:00 10:00 12:00 12:00 14:00 14:00 16:00 16:00
(m³/h) (m³/h) (m³/h) (mg.L-1) (m³/h) (m³/h)
(mg.L-1) (mg.L-1) (mg.L-1) (mg.L-1)
25/05/2017 4.620 230,0 4.080 258,0 4.810 166,0 2.800 235,0 2.790 243,0
03/06/2017 2.550 251,7 6.230 249,0 2.780 255,0 3.240 250,3 2.900 245,8
08/06/2017 2.720 252,6 3.350 257,0 3.230 245,0 2.590 251,8 2.860 256,6
22/06/2017 2.350 247,3 2.590 250,7 1.870 235,0 2.330 210,0 2.840 253,0
05/07/2017 1.528 237,7 1.776 193,4 1.780 178,8 1.880 155,9 1.646 184,2
13/07/2017 3.270 111,0 2.240 247,3 1.662 155,6 2.920 184,6 2.760 81,7
19/07/2017 2.340 205,3 1.502 262,3 1.920 167,4 2.000 126,0 1.880 145,0
22/07/2017 5.090 225,1 2.830 208,7 1.482 245,3 4.010 237,5 3.160 234,7
26/07/2017 1.522 65,6 4.360 217,3 1.350 248,4 2.480 251,2 4.410 190,6
27/07/2017 3.860 189,0 2.493 263,0 2.840 259,7 3.090 254,8 2.910 256,4
16/08/2017 4.350 161,3 5.220 173,3 4.010 113,6 2.310 171,2 4.760 147,3
17/08/2017 4.100 163,3 2.300 114,7 7.450 143,0 7.980 231,1 5.000 229,5
22/08/2017 5.640 189,2 7.190 159,6 5.650 100,4 3.480 103,6 4.820 132,2
23/08/2017 6.480 180,3 3.230 244,0 2.660 242,5 5.180 238,4 5.440 267,9
24/08/2017 6.570 222,0 6.580 240,7 7.390 238,6 4.440 107,3 6.360 214,2
30/08/2017 4.410 251,1 4.840 195,1 8.610 216,9 5.970 207,6 8.250 219,8
31/08/2017 7.150 204,7 3.080 199,6 4.370 216,0 5.240 171,3 6.190 249,6
04/09/2017 6.620 229,6 6.590 222,6 5.360 209,7 7.390 205,3 8.160 212,3
05/09/2017 6.930 221,1 5.330 178,2 5.150 183,6 6.540 190,5 5.970 216,6
13/09/2017 11.100 223,0 4.890 162,7 6.020 174,3 8.880 125,8 8.800 242,9
14/09/2017 7.790 82,5 5.320 181,9 7.350 174,2 8.500 209,7 5.640 239,1
19/09/2017 5.300 244,6 4.750 235,7 7.890 240,3 10.100 241,4 18.850 223,9
20/09/2017 17.250 223,4 4.780 240,6 5.890 235,2 7.620 238,3 3.690 230,4
27/09/2017 9.210 245,6 8.750 180,2 2.830 145,2 3.070 152,5 14.060 151,2
28/09/2017 5.890 154,4 4.720 120,6 4.950 127,7 8.000 92,4 6.470 102,6
05/10/2017 5.180 105,4 3.050 155,5 7.150 124,8 3.330 158,0 7.950 123,2
10/10/2017 6.780 242,6 5.350 231,5 6.260 242,2 3.950 238,0 5.270 237,7
11/10/2017 5.070 256,0 8.800 244,1 7.140 87,6 4.910 246,9 5.040 147,4
14/10/2017 5.010 151,7 4.140 170,9 18.250 120,4 3.600 138,7 3.140 139,3
16/10/2017 4.380 245,8 6.110 167,8 4.190 196,8 4.540 178,7 10.020 185,3
25/10/2017 4.520 234,6 4.600 289,7 3.950 232,4 5.860 183,0 4.410 232,6
26/10/2017 5.970 248,1 5.470 241,1 4.680 236,8 4.450 246,1 7.330 230,0
Fonte: Autor, 2018.
58
É válido ressaltar que a vazão verificada em cada horário de coleta é medida quando a
bomba de sucção entra em operação, ou seja, a vazão sofre variações durante o dia, pois há
momentos que a bomba fica desligada.
As concentrações de DQO em função da vazão resultaram em uma determinada carga
em cada horário, que são apresentadas nas Tabela 6.
Tabela 6: Carga orgânica média medida em cada horário na água residuária da usina
Número de
Carga 08:00 Carga 10:00 Carga 12:00 Carga 14:00 Carga 16:00
Data dias
(kg/dia) (kg/dia) (kg/dia) (kg/dia) (kg/dia)
amostrados
25/05/2017 25.502,4 25.263,4 19.163,0 15.792,0 16.271,3 1
03/06/2017 15.404,0 37.230,5 17.013,6 19.463,3 17.107,7 2
08/06/2017 16.489,7 20.662,8 18.992,4 15.651,9 17.613,0 3
22/06/2017 13.947,7 15.583,5 10.546,8 11.743,2 17.244,5 4
05/07/2017 8.716,9 8.243,5 7.638,3 7.034,2 7.276,6 5
13/07/2017 8.711,3 13.294,8 6.206,6 12.936,8 5.411,8 6
19/07/2017 11.529,6 9.455,4 7.713,8 6.048,0 6.542,4 7
22/07/2017 27.498,2 14.174,9 8.724,8 22.857,0 17.799,6 8
26/07/2017 2.396,2 22.738,3 7.040,5 14.951,4 20.173,1 9
27/07/2017 17.509,0 15.735,8 17.701,2 18.896,0 17.907,0 10
16/08/2017 16.839,7 21.711,0 10.932,9 9.491,3 16.827,6 11
17/08/2017 16.068,7 6.331,4 25.568,4 44.260,3 27.540,0 12
22/08/2017 25.610,1 27.540,6 13.614,2 8.652,7 15.292,9 13
23/08/2017 28.040,3 18.914,9 15.481,2 29.637,9 34.977,0 14
24/08/2017 35.005,0 38.011,3 42.318,1 11.433,9 32.695,5 15
30/08/2017 26.576,4 22.662,8 44.820,2 29.744,9 43.520,4 16
31/08/2017 35.126,5 14.754,4 22.654,1 21.542,7 37.080,6 17
04/09/2017 36.478,8 35.206,4 26.975,8 36.412,0 41.576,8 18
05/09/2017 36.773,4 22.795,3 22.693,0 29.900,9 31.034,4 19
13/09/2017 59.407,2 19.094,5 25.182,9 26.810,5 51.300,5 20
14/09/2017 15.424,2 23.225,0 30.728,9 42.778,8 32.364,6 21
19/09/2017 31.113,1 26.869,8 45.503,2 58.515,4 101.292,4 22
20/09/2017 92.487,6 27.601,6 33.247,9 43.580,3 20.404,2 23
27/09/2017 54.287,4 37.842,0 9.862,0 11.236,2 51.020,9 24
28/09/2017 21.826,0 13.661,6 15.170,8 17.740,8 15.931,7 25
05/10/2017 13.103,3 11.382,6 21.415,7 12.627,4 23.506,6 26
10/10/2017 39.475,9 29.724,6 36.388,1 22.562,4 30.064,3 27
11/10/2017 31.150,1 51.553,9 15.011,1 29.094,7 17.829,5 28
14/10/2017 18.240,4 16.980,6 52.735,2 11.983,7 10.497,6 29
16/10/2017 25.838,5 24.606,2 19.790,2 19.471,2 44.560,9 30
25/10/2017 25.449,4 31.982,9 22.031,5 25.666,8 24.618,4 31
26/10/2017 35.547,8 31.651,6 26.597,4 26.283,5 40.461,6 32
Fonte: Autor, 2018.
59
Como pode ser verificado na Tabela 6, há uma grande variação da carga orgânica em
termos de DQO durante o período de amostragem, como por exemplo nos dias 26/07/2017 e
19/09/2017, onde foram obtidos os resultados para concentração da carga orgânica de 2.396,2
e 101.292,4 kg/dia respectivamente.
Após a verificação das cargas em cada horário foi realizada uma média aritmética dos
dias coletados em seus respectivos horários para a determinação dos volumes a serem coletados
em cada horário, como é mostrado na Tabela 7. O volume total amostrado foi de 5.000 mL.
Figura 14: Carga orgânica medida na água residuária coletada na usina em cada horário
Na Figura 14 foi verificar no gráfico que a variação da carga orgânica durante o período
de amostragem como pode ser observado há a variação da carga orgânica, que pode ir desde
2.396,2 kg/dia a 101.292,4 kg/dia. A variação da carga orgânica em função do horário coletado
também pode ser verificada na Figura 15.
61
100.000
Carga orgânica (kg/dia)
80.000
60.000
40.000
20.000
0
24/05/2017 13/06/2017 03/07/2017 23/07/2017 12/08/2017 01/09/2017 21/09/2017 11/10/2017
Data
Carga 08:00 Carga 10:00 Carga 12:00 Carga 14:00 Carga 16:00
(kg/dia) (kg/dia) (kg/dia) (kg/dia) (kg/dia)
Na Figura 15 pode ser observado que a variação da carga orgânica ocorre desde o início
do período amostrado, porém no final da safra 2017/2018 a concentração da matéria orgânica
foi bem mais expressiva, ou seja, há maiores variações com picos maiores de concentração,
sendo o maior dele no valor de 101.292,4 kg/dia, conforme também foi verificado na Figura
14.
Como pode ser observado na Tabela 9 a DQO é bem maior na vinhaça do que nos
demais efluentes, já para a água residuária da usina de açúcar e álcool, da indústria moveleira e
da indústria de celulose os valores para DQO são mais próximos.
Para o tratamento de efluentes gerados em cabines de pintura de uma indústria moveleira
Santos et al. (2010) propôs tratamento biológico aeróbio de lodo ativado e anaeróbio UASB. O
principal motivo que o levou a escolha do tratamento biológico foi a relação DQO / DBO menor
que 2,5. Os ensaios de biotratabilidade da água residuária industrial foram feitos em reator
UASB de bancada com operação à temperatura ambiente e tempo de detenção hidráulica de 10
horas, a alimentação do reator UASB foi feita somente com água residuária gerada na indústria
moveleira que mostrou que após 25 dias de operação, surgiram alguns sinais de inibição
microbiana com acúmulo de ácidos graxos voláteis e redução da eficiência de remoção de DQO
para aproximadamente 44%, causada presumivelmente pela deficiência nutricional. Em
contrapartida uso de um reator aeróbio de mistura completa com tempo de detenção hidráulica
de 48 horas, operado à temperatura ambiente e alimentado com o efluente do sistema de
tratamento anaeróbio de fluxo ascendente, aumentou a eficiência global de remoção de DQO
para 88%, mostrando que a utilização de processos combinados anaeróbio-aeróbio podem ser
uma ótima opção de tecnologia para o efetivo tratamento das águas residuárias das cabines de
pintura de indústrias moveleiras, visto que o tratamento indicado é o biológico.
Em contrapartida conforme os resultados obtidos por Amaral et al. (2013) para
biotratabilidade do efluente de branqueamento de polpa celulósica por processos aeróbios e
63
Tabela 10: Relação entre DBO e DBO solúvel realizadas na amostra de água residuária
Na Tabela 10 pode ser observado a relação DQO solúvel/ DQO foi de 75% e isso
significa que 75% da DQO estava de forma dissolvida e 25% estava na forma suspensa, sendo
assim a DBO de 1.460 mg.L-1 quando comparada a 2.306 mg.L- 1 de DQO solúvel representou
que a relação DBO / DQO solúvel foi de 63%, sendo assim o material dissolvido obtido foi
63% biodegradável, sendo assim um tratamento físico-químico se faz necessário antecedendo
o tratamento biológico.
5.3.1 Realização de Ensaio de Bancada do Tipo Jarteste para Simular o Tratamento Físico-
Químico
Figura 16: Ensaio de Jarteste com água residuária bruta coletada na usina em estudo
Figura 17: Ensaio de Jarteste com a água residuária coletada na usina em estudo antes
(a) e após (b) o tratamento com o uso de polímero catiônico
a b
a b
Figura 19: Ensaio de Jarteste com a água residuária coletada na usina antes (a) e após (b) o
tratamento com o uso de policloreto de alumínio
a b
Tabela 11: Resultados dos ensaios de Jartestes realizados em água residuária coletada na usina
utilizando polímero catiônico
NaOH 1N
Jarro Polímero catiônico (mL) pH Turbidez (NTU)
(mL)
1 20 1,4 7,31 112
2 25 1,4 10,32 10,2
3 30 1,4 11,16 2,19
1 25 1,4 11,33 4,89
2 27,5 1,4 11,41 3,05
3 30 1,4 11,51 4,24
1 12 1,2 10,67 22
2 15 1,2 10,86 8,23
3 20 1,2 11,34 3,25
1 20 1,2 11,29 2,72
2 25 1,2 11,58 2,12
3 25 1,4 11,57 1,88
Fonte: Autor, 2018.
Na Tabela 11 foi possível observar que foram obtidos pH em torno de 10,67 para
turbidez de 22,0 aproximadamente nas amostras após a realização dos ensaios. O uso de
polímero catiônico exige para melhor eficiência na clarificação, pHs mais altos, pois a ação
desse polímero ocorre quando se tem pH de aproximadamente 10 e isso pode ocasionar um
consumo maior de alcalinizante quando comparado ao uso de polímeros aniônicos. É valido
66
ressaltar que o consumo de alcalinizante utilizado nos ensaios foram altos e essa necessidade
de maiores quantidades dosadas encarece o tratamento.
Os resultados para os ensaios de Jarteste realizados com a dosagem de polímero
aniônico são apresentados na Tabela 12.
Tabela 12: Resultados dos ensaios de Jartestes realizados em água residuária coletada na usina
utilizando polímero aniônico
Polímero aniônico A
Turbidez
Jarro NaOH 1N (mL) concentração de 0,005% pH (-)
(NTU)
(mL)
1 15 5 4,32 396
2 20 5 4,33 290
3 25 5 4,33 284
1 10 2 6,5 11,1
2 10 3 7,74 16,6
3 15 5 9,65 7
1 10 1 9,12 25,4
2 15 1 10,3 6,21
3 20 1 11,2 2,45
1 10 1 7,19 49,5
2 15 1 9,75 8,39
3 17 1 10 5,6
Fonte: Autor, 2018.
Tabela 13: Resultados dos ensaios de Jartestes realizados em água residuária coletada na usina
utilizando policloreto de alumínio
Tabela 14: Resultados obtidos com o Jarteste em água residuária coletada na usina em estudo
com tratamento de polímero aniônico A
De acordo com os resultados mostrados na Tabela 14, foi possível observar que a melhor
opção de dosagem no tratamento da água residuária utilizando o polímero aniônico A foi de 10
mL de cal a 5% com posterior dosagem de 1 mL de polímero aniônico A. Os resultados da água
residuária tratada foram pH de 10,26, turbidez de 11,1 e sólidos suspensos de 20 mg/L.
A amostra de água residuária coletada na usina utilizada para os ensaios de Jarteste a
seguir, estava com 5,60 de pH, 530 mg/L de sólidos suspensos e turbidez de 444 NTU. Na
Figura 20 são mostradas as condições do efluente antes do tratamento.
Figura 20: Ensaio de Jarteste em água residuária coletada na usina antes (a) e após (b) o
tratamento utilizando o polímero aniônico A.
a b
Tabela 15: Jarteste realizado em água residuária coletada na usina em estudo utilizando o
polímero aniônico B e o coagulante B a 0,05%
Polímero
Cal a Coagulante Sólidos
aniônico B pH Turbidez
Jarro 5% B 0,05% Suspensos
concentração final (NTU)
(mL) (mL) (mg/L)
0,1% (mL)
3 10 1 40 6,74 95 48,6
1 10 0,5 - 9,73 45 34
2 10 0,5 - 9,58 36 36
3 10 0,5 40 9,9 5 5
Fonte: Autor, 2018.
Figura 21: Ensaio de Jarteste em água residuária coletada na usina em estudo antes (a) e após
(b) o tratamento utilizando o polímero aniônico B a 0,1% e o coagulante B.
a b
Para os próximos ensaios que foram realizados para testar as dosagens dos demais
produtos, foi realizada uma nova coleta de água residuária. A amostra coletada estava com 4,31
de pH, 569 mg/L de sólidos suspensos e turbidez de 645 NTU. Na Figura 22 são mostradas as
condições do efluente antes do tratamento. Como pode ser observado nas Figuras 21 e 22 há
variação da água residuária coletada nos paramentos de pH (5,60 e 4,31 respectivamente), e
turbidez (444 e 645 NTU respectivamente) e uma variação maior ainda na amostra coletada
apresentada na Figura 16, que possuía um pH de 4,89 e turbidez de 2.313 NTU. Esses resultados
confirmam a variação da carga orgânica presente durante o período da amostragem da água
residuária na safra de 2017.
Tabela 16: Jarteste realizado em água residuária coletada na usina em estudo utilizando o
polímero aniônico B a 0,1% e o coagulante B 0,05%
Figura 23: Ensaio de Jarteste em água residuária coletada na usina em estudo antes (a) e após
(b) o tratamento utilizando o polímero aniônico B a 0,1% e o coagulante B
a b
Hídricos da UNAERP para a realização das análises cujos resultados são apresentados na
Tabela 17.
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 17 foi possível verificar que o teor
de óleos e graxas ou substâncias solúveis em n-hexano, o teor de cobre e chumbo são baixos e
que quando a água residuária for agregada às águas de vapores condensados que atualmente é
agregada à água para o uso na embebição na moenda, na esteira metálica da moenda, nos filtros
a vácuo, na limpeza das caixas de evaporação do caldo e de demais equipamentos na usina em
estudo, os valores podem ficar até menores que o exigido na Portaria de Consolidação Nº 5, de
28 de Setembro de 2017 que é de 2 mg/L de cobre e 0,01 mg/L de chumbo.
A portaria de Consolidação Nº 05 é para a Qualidade da Água para Consumo Humano
e seu Padrão de Potabilidade e é valido ressaltar que o uso da água na usina em estudo nos
pontos propostos é para fins industriais, pois não entra em contato diretamente com o produto
final, porém mesmo assim os resultados podem atender a legislação de potabilidade da água.
Tabela 17: Resultados das amostras de água residuária coletadas na usina em estudo e
amostras da água residuária tratada com os produtos testados
Água utilizada
na embebição Água tratada
Água tratada
Parâmetros Água na moenda, nos com polímero
Unidade polímero
analisados bruta filtros e na aniônico B e
aniônico A
limpeza das coagulante B
caixas
pH Adimensional 4,3 6,9 10,82 10,58
Resíduos
mL/L.h 4 <0,1 <0,1 <0,1
sedimentáveis
DQO mg/LO2 16.933 139 12.175 15.466
DBO5dias,20ºC mg/LO2 10.000 67 8.516 9.850
DQO / DBO - 1,69 2,07 1,43 1,57
OD mg/LO2 1,8 0,8 1 2,2
COT mg/L C 4.152 154 3.717 3.973
NTK mg/L N-NH3 15 2,87 6,59 7,28
Nitrogênio
mg/L N-NH3 1,04 0,1 2,45 1,56
Amoniacal
Fósforo total mg/L P 1,3 0,4 0,2 0,2
Óleos e Graxas ou
Substâncias solúveis mg/L 157 <10 61 60
em N-hexano
Chumbo mg/L Pb 0,017 <0,001 0,023 0,028
Cobre mg/L Cu 1,09 0,37 0,01 0,01
Obs.: (1) Foi utilizado no tratamento 10 mL de CaO a 5%.
Fonte: Autor, 2018.
73
A seguir são apresentados os principais pontos de reuso que foram verificados na usina
em estudo.
- No resfriamento ou aquecimento de caldo e demais materiais nos trocadores de calor
do tipo casco tubos e a placas conforme Figura 25, e em outros equipamentos como no sistema
de resfriamento do óleo nas turbinas, resfriamento do óleo das turbinas e turbo geradores, no
resfriamento do óleo dos mancais, no resfriamento do óleo dos casquilhos de bronze da moenda
e na condensação do vapor de escape na geração de energia. Esses equipamentos usam a água
das torres de resfriamento em circuito fechado (Figura 26) diminuindo assim drasticamente o
consumo de água, no entanto nos sistemas da torre de resfriamento há uma perda significativa
de água por evaporação, sendo assim se faz necessária sua reposição continuamente. A água
utilizada para a reposição nas torres de resfriamento deve ser tratada para minimizar
incrustações, processos de corrosão dos equipamentos e para controlar o desenvolvimento
microbiológico.
- Na embebição da cana na moenda (Figura 29) a água consumida nos últimos 5 anos, foi
em média de 0,267 m³ por tonelada de cana na usina em estudo e este ponto também pode ser
reutilizada a água residuária tratada. Além da embebição da cana-de-açúcar na moenda, essa
mesma água é utilizada na esteira metálica (Figura 29), embebição nos filtros prensa de lodo à
vácuo, na destilaria para limpeza de equipamentos e na lavagem das caixas de evaporação do
caldo. A água utilizada para esses fins deve ser isenta ou ter níveis baixos de sólidos suspensos
como o bagacilho e outras impurezas. Foi verificado na usina que a água disponível para esses
usos é a água das torres de resfriamento da destilaria misturada com água condensada, que
possui pH de 7,78, turbidez de 49,7 NTU e sólidos suspensos de 61 mg/L. A quantidade de
DBO e DQO não é mensurada atualmente, pois a carga orgânica não interfere na embebição.
78
- Nos sistemas de lavagem dos gases das caldeiras (Figura 30), onde há o consumo
ininterrupto de água para a lavagem dos gases gerados pelas caldeiras. Neste ponto a exigência
da qualidade da água é bem menor, sendo necessário a remoção parcial de sólidos.
- Para o preparo de leite da cal (Figura 30) e polímeros e lavagem da torta também são
locais onde é de suma importância se reutilizar a água, pois são sistemas que exigem o uso
contínuo de água na usina que funciona 24 horas por dia durante o período de safra.
- Nas caldeiras (Figura 31) de alta ou baixa pressão que requerem água de melhor
qualidade para a geração de vapor com o objetivo de preservação dos equipamentos do sistema.
O objetivo das caldeiras na usina é a geração de vapor para a sua conversão em energia elétrica
nos geradores e para isso há o uso de água no sistema. Este ponto em específico de uso de água
tem exigências maiores que os demais, pois a água deve ser desmineralizada com a finalidade
de evitar incrustações devido às altas temperaturas nas fornalhas que aquecem as tubulações de
água.
destilaria para limpeza de equipamentos e na lavagem das caixas de evaporação do caldo, onde
a qualidade da água exigida apresentam características análogas, sendo assim o tratamento
físico - químico para remoção de sólidos suspensos realizados nos ensaios de Jarteste
apresentaram resultados para turbidez, pH e sólidos suspensos suficientes para a reutilização da
água residuária nesses pontos, pois apresentou a qualidade compatível com a atual água que é
utilizada atualmente na usina.
Conforme a caracterização da água residuária antes e após o tratamento físico – químico
realizado nos ensaios de Jarteste apresentada na Tabela 17 não há contaminantes químicos que
possam oferecer risco ao processo, pois a água residuária gerada é composta de material
orgânico proveniente da limpeza e purga dos equipamentos. Conforme é apresentado na Tabela
18 pode ser verificado que o volume necessário para a embebição da cana – de-açúcar - moenda
é maior que o volume gerado na água residuária (Tabela 19), diante deste cenário 100% da água
gerada na usina em estudo e tratada será reutilizada na moenda, porém caso seja sobre ou seja
necessário o uso na embebição nos filtros prensa de lodo à vácuo, na destilaria para limpeza e
na lavagem das caixas de evaporação do caldo, também poderá ser utilizada.
A reutilização da água residuária tratada possibilitara a redução volume de água
superficial captada pela usina em estudo, diante do atual cenário que se encontra com a cobrança
do valor de R$0,01/m³ de água captada o maior benefício é para o meio ambiente e demais usos
do corpo hídrico. Caso seja necessário aumentar a capacidade de produção que está diretamente
relacionada com o aumento do consumo de água utilizada no processo de fabricação, o
propósito do presente trabalho desenvolvido, o qual visou também a redução de custos, porém
principalmente o desenvolvimento de tecnologia que possibilite manter a sustentabilidade e o
meio ambiente reduzindo assim o volume de captação de água superficial ou ainda evitar o
aumento de sua captação. A estratégia foi tratar a água residuária para reuso dentro da usina já
pensando na possibilidade de futuras ampliações e também na escassez desse recurso tão
precioso para a humanidade.
82
Cana de açúcar
dedeaçúcar Hilo - Descarregamento de
cana
Mesa alimentadora
Impureza Mineral
Impureza Vegetal /
Peneiramento Impureza Mineral Limpeza de Cana
Rotativo
Nivelador
Preparo de Cana
Espalhador
(descarte)
Tabela 18: Volume de água utilizada no processo de embebição da cana na moenda da usina
em estudo entre os anos de 2014 a 2018
Conforme pode ser verificado na Tabela 19, o volume de água residuária gerada
reduziu de 633.126 m³ na safra de 2017 para 500.021 m³ na safra de 2018, representado
133.105 m³ de água residuária gerada a menos.
Tabela 19: Volume de água residuária gerado na usina em estudo nos anos de 2017 e 2018
2017 2018
Data Volume água residual Volume água residual
(m³) (m³)
Maio 78.814 93.835
Junho 118.593 89.702
Julho 120.326 103.919
Agosto 80.451 93.733
Setembro 78.925 75.102
Outubro 80.599 73.629
Novembro 67.059 -
Dezembro (1) 8.359 -
Acumulado 633.126 500.021
(1) – No mês de dezembro de 2017 foram apenas 15 dias de uso, porém houve
apenas cogeração, pois, a safra havia terminado.
Fonte: Autor (2018).
84
Os parâmetros atuais na usina em estudo para a água utilizada para embebição da cana
- de – açúcar, na esteira metálica da moenda, na embebição nos filtros prensa de lodo à vácuo,
na destilaria para limpeza e na lavagem das caixas de evaporação do caldo na usina em estudo
são apresentados na Tabela 20.
Tabela 20: Parâmetros apresentados na água utilizada para embebição da cana - de – açúcar
na moenda, na esteira metálica da moenda, na embebição nos filtros prensa de lodo à vácuo,
na destilaria para limpeza e na lavagem das caixas de evaporação do caldo na usina
Água de embebição da
Resultados
moenda
pH 7,78
Tabela 21: Resultados obtidos para os ensaios de Jarteste na água residuária da usina
Como pode ser observado na Tabela 20, os valores para sólidos suspensos de
61,0 mg/L e turbidez de 49,7 NTU encontrados na água utilizada na usina para os processos
85
propostos são maiores que os resultados encontrados na água residuária tratada nos ensaios de
Jarteste com os polímeros aniônicos A e B, ou seja, o maior valor obtido de sólidos suspensos
e de turbidez conforme foi mostrado na Tabela 21, foram de 22 mg/L e 25,4 mg/L
respectivamente. Em relação ao pH alcalino encontrado na água após o tratamento foi positivo,
pois pHs ácidos causam corrosão nos equipamentos. Esses resultados apresentados reafirmaram
que a água residuária tratada nos ensaios de Jarteste atendem os atuais parâmetros utilizados
para a água nos locais propostos para reuso na usina.
Tabela 22: Comparativo de custos com produtos químicos para o tratamento de água
residuária na usina em estudo
Custo com *Custo com Custo com insumos *Custo com insumos
insumos em insumos em em R$/mês de água em U$/mês de água
Insumo R$/m³ de água U$/m³ de água residuária tratada residuária tratada
residuária residuária com vazão média com vazão média de
tratada tratada de 124,7m³/h 124,7m³/h2
Polímero aniônico B
0,1 0,026 7.936,6 2.029,8
+ coagulante B
Polímero aniônico A
1,135 0,291 101.719,0 26.015,1
+ cal
Polímero aniônico B
1,235 0,317 108.943,6 27.862,8
+ coagulante B
*Cotação do dólar em 18 de dezembro de 2018.
Fonte: Autor, 2018.
Tabela 23: Comparativo de quantidades específicas e mensais com produtos químicos para o
tratamento de água residuária na usina
Como pode ser visto na Tabela 23 o insumo utilizado em maiores quantidades no tratamento
foi o alcalinizante, pois para se obter a eficiência requerida foi necessário ter pH entre 9 e 10,
em razão, dessa ser a faixa de pH ótima para a ação dos polímeros utilizados.
88
6. CONCLUSÕES
A água residuária gerada na usina de açúcar e álcool em estudo possui uma vazão média
de 124,7 m³/h e é agregada junto à vinhaça para sua disposição final, conforme a normativa de
lançamento de vinhaça no solo conforme a Norma CETESB P 4.231.
A amostragem realizada durante a safra 17/18 e 18/19 permitiu conhecer o efluente nas
diversas etapas da safra, início, meio e fim, o que possibilitou entender o comportamento e a
variação da carga orgânica no decorrer do tempo amostrado.
Foi possível observar que agregada a água residuária que é gerada em todos os setores
da usina, durante o dia em horários variados também há o descarte esporádico de água de alguns
sistemas em circuito fechado como: água de cinzas dos lavadores de gases das caldeiras que e
descarte de lodo dos decantadores de água da estação de tratamento da água.
Os resultados da caracterização físico-química da água residuária da usina de açúcar e
álcool em estudo indicaram um teor elevado de matéria orgânica. A relação DQO solúvel /
DQO de 75% representou que 75% da DQO estava sob a forma dissolvida e 25% estava na
forma suspensa. A DBO de 1.460 mg.L-1 quando comparada a 2.306 mg.L- 1 de DQO solúvel
representou a relação DBO / DQO solúvel de 63% e com isso foi possível concluir que o
material que estava dissolvido era 63% biodegradável, sendo assim fica evidente que um
tratamento físico químico é essencial para remover os sólidos suspensos e parte da DQO e que
o tratamento biológico é a melhor opção para a remoção da matéria orgânica.
A partir do presente estudo foi possível concluir que a atual demanda de utilização de
água para a fabricação dos produtos pode ser drasticamente reduzida se haver um tratamento
que possa conferir a qualidade necessária para o reuso no processo.
O possível ponto para reutilização da água residuária de acordo com o diagnóstico
realizado na usina em estudo é na embebição da cana-de-açúcar na moenda, na esteira metálica
da moenda, embebição nos filtros à vácuo e enxague das caixas de evaporação do caldo, onde
apenas o tratamento físico-químico atende as exigências da qualidade da água requerida.
Com o estudo apresentado foi possível concluir que há duas opções de tratamento da
água residuária, sendo um tratamento físico químico apenas ou tratamento um físico químico
seguido por um tratamento biológico e a escolha pelo tratamento mais adequado depende do
ponto onde será feito o reuso.
A melhor tecnologia de tratamento para a remoção da carga orgânica é um sistema de
tratamento anaeróbio UASB seguido de um tratamento biológico aeróbico de lodo ativado. O
tratamento anaeróbico do tipo UASB, além de remover a carga orgânica, promove uma menor
89
geração de lodo e minimiza o uso de energia que será necessária para o tratamento aeróbio no
reator de lodo ativado.
O insumo mais viável em relação a custo benefício foi o polímero aniônico A com a cal
dolomítica como alcalinizante, devido ao polímero aniônico B ter a necessidade de ser dosado
em conjunto com o coagulante B, porém sugere-se que outros produtos químicos sejam testados
para que o tratamento se torne viável e que sejam realizados ensaios de bancada para se avaliar
a eficiência dos tratamentos biológicos após o tratamento físico-químico.
90
REFERÊNCIAS
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95
ANEXO I
Tabela 23: Vazão de água residuária nos anos de 2017 e 2018 na usina em estudo
Vazão de água Vazão de água Vazão de água Vazão água
Data residuária (m³/dia) residuária (m³/h) residuária (m³/dia) residuária (m³/h)
2017 2017 2018 2018
04/mai 2736 114 2999 125
05/mai 3661 153 3613 151
06/mai 2878 120 3397 142
07/mai 3828 160 3137 131
08/mai 4162 173 3195 133
09/mai 3904 163 2910 121
10/mai 4864 203 2777 116
11/mai 3919 163 3404 142
12/mai 4543 189 3340 139
13/mai 3145 131 2148 90
14/mai 2963 123 3096 129
15/mai 2931 122 5065 211
16/mai 2900 121 4076 170
17/mai 2850 119 2716 113
18/mai 2900 121 4028 168
19/mai 2461 103 3043 127
20/mai 1783 74 2774 116
21/mai 2098 87 3311 138
22/mai 1043 43 2918 122
23/mai 523 22 2896 121
24/mai 3066 128 2707 113
25/mai 3153 131 2649 110
26/mai 3593 150 2213 92
27/mai 3404 142 2684 112
28/mai 3449 144 2460 103
29/mai 3220 134 1811 75
30/mai 3080 128 2739 114
31/mai 1148 48 2807 117
01/jun 3214 134 2518 105
02/jun 3276 137 2625 109
03/jun 3226 134 2099 87
04/jun 3057 127 2533 106
05/jun 2491 104 2386 99
06/jun 3215 134 2574 107
07/jun 2493 104 1898 79
08/jun 3911 163 2739 114
09/jun 3548 148 3193 133
10/jun 3407 142 3247 135
Continua ...
96
Tabela 23: Vazão de água residuária nos anos de 2017 e 2018 na usina em estudo (continuação)
Tabela 23: Vazão de água residuária nos anos de 2017 e 2018 na usina em estudo (continuação)
Tabela 23: Vazão de água residuária nos anos de 2017 e 2018 na usina em estudo (continuação)
Continua...
99
Tabela 23: Vazão de água residuária nos anos de 2017 e 2018 na usina em estudo (continuação)