Sexualidade Gêneros Violência
Sexualidade Gêneros Violência
Sexualidade Gêneros Violência
Berenice Bento
SEXUALIDADE,
GÊNEROS E
VIOLÊNCIA
ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
Organização
Berenice Bento
SEXUALIDADES,
GÊNEROS E
VIOLÊNCIA
ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
Reitora
José Daniel Diniz Melo
Vice-Reitor
Henio Ferreira de Miranda
Conselho Editorial
Luis Álvaro Sgadari Passeggi (Presidente) Luciene da Silva Santos
Alexandre Reche e Silva Márcia Maria de Cruz Castro
Amanda Duarte Gondim Márcio Zikan Cardoso
Ana Karla Pessoa Peixoto Bezerra Marcos Aurélio Felipe
Anna Cecília Queiroz de Medeiros Maria de Jesus Goncalves
Anna Emanuella Nelson dos Santos Cavalcanti da Rocha Maria Jalila Vieira de Figueiredo Leite
Arrailton Araujo de Souza Marta Maria de Araújo
Carolina Todesco Mauricio Roberto Campelo de Macedo
Christianne Medeiros Cavalcante Paulo Ricardo Porfírio do Nascimento
Daniel Nelson Maciel Paulo Roberto Medeiros de Azevedo
Eduardo Jose Sande e Oliveira dos Santos Souza Regina Simon da Silva
Euzébia Maria de Pontes Targino Muniz Richardson Naves Leão
Francisco Dutra de Macedo Filho Roberval Edson Pinheiro de Lima
Francisco Welson Lima da Silva Samuel Anderson de Oliveira Lima
Francisco Wildson Confessor Sebastião Faustino Pereira Filho
Gilberto Corso Sérgio Ricardo Fernandes de Araújo
Glória Regina de Góis Monteiro Sibele Berenice Castella Pergher
Heather Dea Jennings Tarciso André Ferreira Velho
Jacqueline de Araujo Cunha Teodora de Araújo Alves
Jorge Tarcísio da Rocha Falcão Tercia Maria Souza de Moura Marques
Juciano de Sousa Lacerda Tiago Rocha Pinto
Julliane Tamara Araújo de Melo Veridiano Maia dos Santos
Kamyla Alvares Pinto Wilson Fernandes de Araújo Filho
SEXUALIDADES,
GÊNEROS E
VIOLÊNCIA
ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
Natal, 2019
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 8
Performatividades – paquera 19
entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
Conjugalidades dissidentes: um 84
olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
AUTORES/AS 340
APRESENTAÇÃO
Berenice Bento
9
SEXUALIDADE, GÊNEROS, VIOLÊNCIA: ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
10
SEXUALIDADE, GÊNEROS, VIOLÊNCIA: ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
11
SEXUALIDADE, GÊNEROS, VIOLÊNCIA: ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
12
SEXUALIDADE, GÊNEROS, VIOLÊNCIA: ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
13
SEXUALIDADE, GÊNEROS, VIOLÊNCIA: ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
14
SEXUALIDADE, GÊNEROS, VIOLÊNCIA: ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
15
SEXUALIDADE, GÊNEROS, VIOLÊNCIA: ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
16
SEXUALIDADE, GÊNEROS, VIOLÊNCIA: ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
17
CAPÍTULO I
O PODER DA
(IN)VISIBILIDADE
PERFORMATIVIDADES – PAQUERA
ENTRE HOMENS NO “FACE”1
Fabrício de Sousa Sampaio
INTRODUÇÃO
4 Termo utilizado por Crenshaw (2002) para se referir aos elementos dife-
renciais que se entrecruzam para produzir corpos ou sujeitos desiguais em
contextos sociais determinados.
5 Para manter o anonimato, seus nomes foram alterados.
20
Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
desse ritual interpessoal pode significar abertura para uma interação, como
por exemplo, uma paquera.
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
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Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
43
Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
24 O “fora” era uma espécie de “corte”, ou seja, uma negativa brusca de
abertura de encontro (GOFFMAN, 2010, p. 128).
44
Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
REFERÊNCIAS
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
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Performatividades – paquera entre homens no “face”
Fabrício de Sousa Sampaio
51
CIDADE ALERTA: O CASO
GENILDO – UM CRIME DE DOIS?25
Mikarla Gomes da Silva
INTRODUÇÃO
53
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
27 Embora utilize a proposta de Foucault (1996), não a faço como arqueologia.
Não tive espaço e nem tempo para fazer uma arqueologia minuciosa do que
estava por trás dos discursos trazidos pelos veículos midiáticos.
28 Segundo depoimento de policial no documentário Sangue do Barro,
Genildo teria dado um tiro em seu peito, mas quando a polícia chegou nele,
54
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
boatos que diziam que ele era gay. Logo, 22 de maio de 1997
é o dia em que Genildo Ferreira de França, também conhecido
como Neguinho, homem de 27 anos deixa de ser pai de 4 filhos,
casado, proprietário de um bar e pessoa de temperamento
tranquilo para uma vida transformada em espetáculo, passando
assim a ser visto como “louco”, “enrustido”, “gay”, “psicopata”
– um “monstro”, termos largamente utilizados pelos meios de
comunicação para significar o “personagem” Genildo.
Segundo os jornais, o que ocasionou o crime foi o sofri-
mento após morte de seu filho Yure, de quatro anos, que foi
atropelado por um caminhão em frente do seu comércio, logo
depois do ocorrido ele se separou da primeira mulher. Os jornais
relatam que após a perda do filho ele passou a apresentar sutis
sinais de “perturbação”, como a compra de um caixão e comen-
tários de que iria se vingar do motorista atropelador. Para
muitos, ele ainda tentou dar um rumo à sua vida, casou pela
segunda vez com Mônica Carlos de França, mas o casamento não
deu certo. Segundo informações reveladas pelos periódicos da
época e o documentário Sangue do Barro, os familiares de Mônica
afirmaram que havia muita briga e ele agredia a nova mulher
constantemente. Outro fator que aparece como motivação da
chacina atrelada à morte de Yure era o fato de que Mônica, para
tentar forçar uma separação, dizia a amigos que teria flagrado
o marido na cama com um homem.
A impressa afirma que ele culpava os parentes de sua
mulher que estariam espalhando a acusação de que ele era
homossexual para assim apressar a separação do casal. Os boatos
se espalharam na pequena comunidade de aproximadamente
ainda estaria vivo. “Cada um que chegasse fazia os seus tiros”, disse um
policial no documentário.
55
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
56
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
30 Após a morte de Mônica, em certo momento Genildo passou a levar como
refém a própria filha, Gislane, de apenas cinco anos.
31 Mais adiante refuto esta informação.
32 O caso Genildo foi construído midiaticamente sob os encalces de violência
– acesso de fúria descontrolada de Genildo.
33 Em alguns jornais, Mônica é apresentada como a primeira vítima.
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
“PALAVRAS AO VENTO”:
ESCRITOS DE UMA VÍTIMA
Eu espero que essa carta seja enviada para J. Gomes para que
ele divulgue para o público, e que aconselhe a todos a não
levantar falso do seu próximo.
Paro aqui porque não tenho mais condições. Para todos desejo
uma vida de dignidade a qual eu não tive.
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
ADEUS
PARA
TODOS
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
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Mikarla Gomes da Silva
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
38 Grifos do autor, para enfatizar como o Genildo foi apresentado pela mídia
local.
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
40 Valdenice e Francisco Ramos, o Diá, são apresentados pela mídia como
cúmplices de Genildo. Porém, estes só participaram dos crimes por que foram
obrigados e ameaçados de morte. A mídia apresentou Valdenice também
como amante do Genildo. Ver: Sangue do Barro.
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
71
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
5, 2 anos.
Idade de Yure 4 anos,
Atropelado há
(filho de atropelado 2 anos
cerca de 1 ano
Genildo) há 5 anos
e meio
Plano
macabro;
Tragédia; guerrilha
urbana;
Chacina praça de guerra; “Fúria”
enrustido;
atrelada a: assassina
ato de
psicopata;
selvageria.
o louco de
Santo Antônio.
72
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
Ex-soldado Ex-soldado;
Ex-soldado
Genildo no campeão
premiado pelo Forças Ex-soldado
exército de tiro
exército. armadas.
norte-nordeste.
Desvio
psicológico,
Surto psicopata;
psicótico;
transtorno de
paranoide; personalidade;
Discurso Comportamento Indicação clara
caso psicótico- antissocial;
médico humano. de psicose.
delírio
conclusão do Itep
voltado para
de que Genildo
a temática
era psicopata;
sexual.
Fatores
psicopatológicos.
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
Comportamento
estranho
(segundo a sua
Excentricidade mãe);
e de certa
comportamento
forma
diferente desde
psicopata
a morte do filho
(depois da
Yure;
I Instinto chacina),
maquiavélico; instinto Homem comportamento
maquiavélico; atormentado; horrível, monstro
Personalidade comportamento
temperamento (tia de Mônica sua
agressivo após pessoa pacata,
tranquilo. ex-mulher);
morte do filho. introvertida
e de poucos operário meigo,
amigos; era chamado
de amor ( João
vivia para o seu
Batista,
trabalho (antes
da chacina). colega de
trabalho
– cerâmica
Samburá)
74
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
(continuação)
Francisco
– taxista,
Elias e Baltazar
(aparecem no
mesmo jornal em
Francisco – momento distinto
Mônica Ribeiro; taxista, Manoel como sendo o 2º,
Belarmino; assim em outro
Flávio;
João Maria, momento como
Francisco 3ª vítima);
– taxista; Mônica;
João Maria;
Baltazar; Baltazar;
Manoel
Edilson; Elias; Belarmino;
Tereza; Fernando; Edilson;
Fernando Tereza; Antônio
Ordem da
chacina Correia; Valdete; Josemberg;
Francisco de Francisca Edmilson;
Assis; Neide; Mônica (9ª e 10ª
Maria Valdete; Francisco vítima);
Assis;
Antônio Werner
Josemberg; Antônio (aparecera
Josemberg;, também como 9ª
Manoel
Flávio Silva; vítima);
Belarmino;
Werner; Tereza;
João Maria.
Edilson Veras. Francisca Neide;
Valdete,
Francisco;
Flávio;
Fernando.
Tiro no
Morte Suicídio Suicídio
peito- suicídio
(continuação)
76
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
42 Documentário Sangue do Barro foi produzido por Mary Land Brito e Fábio
de Silva 12 anos após o ocorrido. O documentário apresenta um sujeito dife-
rente do qual foi encenado nos jornais impressos e televisivos da época. Um
homem calmo, amável, admirado e querido pela comunidade.
77
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
Para quem não conhecia ia dizer que ele era louco, mas para
quem conhecia era uma pessoa muito dócil deve ter sido
algo que mexeu muito com o psicológico dele (Depoimento
extraído do documentário Sangue do Barro de uma mulher
ao referir-se a Genildo).
78
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
43 Antes de ter a carta em mãos, muitos outros boatos eram levados para
aquelas crianças. Motivo pelo qual caem no choro copioso ao saber a verdade.
79
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
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CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
REFERÊNCIAS
82
CIDADE ALERTA: o caso Genildo – Um crime de dois?
Mikarla Gomes da Silva
83
CONJUGALIDADES
DISSIDENTES: UM OLHAR
SOBRE A PRÁTICA DO SWING
INTRODUÇÃO
45 Utilizo aqui o mesmo sentido dos termos de Mary Douglas (1976).
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
85
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
47 Os termos swing e swingers são usados aqui como palavras nativas utili-
zadas pelos casais entrevistados para denominar a prática que realizam e
para se autoclassificarem.
48 Aqui foram feitas entrevistas semiestruturadas tanto presencialmente
quanto virtualmente.
49 http://www.swingreal.com
86
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
UM RETRATO DO SWING
50 A própria palavra swinging faz alusão a oscilar, balançar, poder ir e voltar.
51 http://www.portaldoscasais.com.br/swing-swingers.php
87
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
52 http://www.stylogyn.com.br/v2/outras-regioes.php
53 http://www.baladaliberalsp.com/
54 Fonte: Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/
Natal,_Rio_Grande_do_Norte
88
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
Mulheres 96 perfis
Transex 17 perfis
55 www.sexlog.com.br.
56 Selecionando todos os estados brasileiros, o número total de perfis
cadastrados neste site era de 124.392 mil.
89
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
57 Vale a pena mencionar que este padrão não se repete com os perfis de
casais mais novos, com idades entre 18 e 25, que normalmente continham
várias fotografias de ambos, tanto da esposa quanto do marido, tanto juntos
quanto sozinhos nas fotos.
58 www.meudiarioswing.blogspot.com
90
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
pelo apelido de Beto e Amelie. Nesse blog, com posts desde 2007,
o casal costuma relatar suas experiências no mundo swinger
e refletir sobre a prática. Mandei então uma mensagem para
o e-mail disponibilizado no blog, me identificando como estu-
dante de Ciências Sociais, fazendo um estudo sobre a prática
da troca de casais, explicando os interesses da minha pesquisa
e seu caráter puramente acadêmico. Não obtive nenhuma
resposta durante mais de uma semana. Continuei enviando
mensagens para outros casais que tinham seus e-mails dispo-
nibilizados em seus perfis, mas não recebia de volta nenhuma
resposta, por mais evasiva que fosse. Minha impressão era
que, acima de tudo, os casais swingers poderiam desejar
preservar suas identidades e permanecer no anonimato e que
esta poderia ser uma preocupação constante. Talvez eu fosse
um pesquisador querendo entrar em um ambiente no qual
muitos de seus integrantes não gostariam de ser pesquisados
(descobertos, revelados), ou ainda, por ser uma pessoa “fora
do meio”, minha presença ali, mesmo que em um ambiente
virtual, não era “autorizada”. Para minha surpresa, vários dias
depois de ter enviado a mensagem, recebo a resposta do casal
que mantinha o blog mencionado recentemente.
Beto e Amelie formam um casal que mora na cidade
do Rio de Janeiro. Ambos com 34 anos. Em reposta ao meu
primeiro contato, eles falaram que nunca participaram de
uma entrevista antes, mas que gostaram do tema da minha
pesquisa. Mencionaram ainda que em conversa com outros
casais, chegaram a falar que seria interessante “participar
de algum estudo sobre o meio swinger59, seja para revistas ou
59 Aqui, o termo meio swinger é uma categoria nativa que se refere a um
cenário em que o estilo de vida swinger se desenrola.
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
não apenas por realizar minha primeira entrevista, mas por não
saber exatamente como eu estava sendo percebido pelo casal
e, sobretudo, se minha postura como pesquisador estava clara
para eles. Don Kulick (1995), ao refletir sobre a sexualidade
no trabalho de campo em antropologia, se pergunta como a
sexualidade do antropólogo é percebida pelas pessoas ou pelos
grupos os quais ele está pesquisando, e os motivos pelos quais
estas vivências não são “sexualizadas” nos textos antropológicos.
Numa terça-feira à tarde, recebo uma mensagem de
texto do Carlos informando que eles ficariam a noite no hotel
porque fizeram um passeio pelas dunas durante o dia e estavam
cansados para sair e que seria, portanto, interessante se a entre-
vista fosse realizada por lá. Respondi sugerindo um horário
e combinamos de nos encontrar no restaurante do hotel.
A entrevista com o Casal 02 durou, aproximadamente, 2 horas.
Ambos são de Brasília, servidores públicos e a renda do casal
é cerca de R$ 18.000,00. Carlos tem 41 e Carla tem 34 anos. São
casados há 10 anos e praticam swing há 5 anos e meio. Quando
perguntei de quem foi a iniciativa para se iniciar no swing,
o Carlos respondeu: “Dela, ela é a culpada”. Em meio às risadas,
a Carla deu o seguinte depoimento:
96
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
97
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
Carlos: “Era... Nos outros sites, abertos, tinha muito cara que
se passava por casal e no CRS não, a gente sabe que quem tá
ali é real, não tem fake...”.
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
Carlos: “Não, como assim... Mas ele não é do swing, não pode
(risos)”.
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
66 Vale a pena ressaltar que, mesmo estando falando em termos de “pessoas
solteiras”, no discurso dos casais fica claro que a fala está direcionada para
as pessoas de sexo masculino, uma vez que “são eles, os homens, que não
sabem se comportar em casas de swing ao abordar um casal”. Ao contrário
dos homens, que têm sua entrada em casas de swing geralmente dificultada
102
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
Olha, mas tem muito casal que diz lá que não curte ménage
masculino, que não procuram homem solteiro, mas sai
mais com homens do que com casais e mulheres. Eles não
colocam lá no perfil porque os homens caem em cima, ficam
insistindo, mandando recadinhos toda hora, aí é chato. Tem
casal amigo da gente que prefere sair procurando um perfil
interessante, sair com um cara legal, mas nem colocam fotos,
para não chamar atenção de outros homens. Então eu diria
para você que tem muito mais casal saindo com homem do
que com mulher, até porque mulher é muito difícil de se
encontrar aqui pra marcar pra sair. (Carlos, Casal 02)
103
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
69 Sobre a construção das identidades de gênero e sua relação com práticas
sexuais ver Heilborn (1993) e Bento (2006).
113
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
REFERÊNCIAS
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
118
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
119
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
GIDDENS, A. A transformação da
intimidade. São Paulo: Unesp, 1992.
120
Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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Conjugalidades dissidentes: um olhar sobre a prática do swing
Daniel Bruno de Melo Oliveira
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AMORES E DESEJOS INVÍSIVEIS:
A (IN)FIDELIDADE CONJUGAL
EM CONTEXTO DAS
MÚLTIPLAS IDENTIDADES70
Denise Pimentel
INTRODUÇÃO
124
AMORES E DESEJOS INVÍSIVEIS: A (IN)FIDELIDADE CONJUGAL
EM CONTEXTO DAS MÚLTIPLAS IDENTIDADES
Denise Pimentel
RELACIONAMENTO “LÍQUIDO”,
IGUALITARISMO E AS RELAÇÕES DE GÊNERO
Nem sempre o amor teve uma única fase e/ou face, mas
sim diversos significados e representações ao longo dos séculos.
Este amor no sentido de representar a busca da felicidade
completa em um casamento nem sempre foi assim. O conceito
de amor romântico que conhecemos que parte da premissa de
um amor afetivo ligado à satisfação sexual foi um valor cons-
truído entre os séculos XVIII e XIX.
125
AMORES E DESEJOS INVÍSIVEIS: A (IN)FIDELIDADE CONJUGAL
EM CONTEXTO DAS MÚLTIPLAS IDENTIDADES
Denise Pimentel
71 O termo “traição” será colocado entre aspas para mostrar o distancia-
mento da pesquisadora em relação à ideia que a palavra remete.
126
AMORES E DESEJOS INVÍSIVEIS: A (IN)FIDELIDADE CONJUGAL
EM CONTEXTO DAS MÚLTIPLAS IDENTIDADES
Denise Pimentel
127
AMORES E DESEJOS INVÍSIVEIS: A (IN)FIDELIDADE CONJUGAL
EM CONTEXTO DAS MÚLTIPLAS IDENTIDADES
Denise Pimentel
128
AMORES E DESEJOS INVÍSIVEIS: A (IN)FIDELIDADE CONJUGAL
EM CONTEXTO DAS MÚLTIPLAS IDENTIDADES
Denise Pimentel
129
AMORES E DESEJOS INVÍSIVEIS: A (IN)FIDELIDADE CONJUGAL
EM CONTEXTO DAS MÚLTIPLAS IDENTIDADES
Denise Pimentel
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AMORES E DESEJOS INVÍSIVEIS: A (IN)FIDELIDADE CONJUGAL
EM CONTEXTO DAS MÚLTIPLAS IDENTIDADES
Denise Pimentel
131
AMORES E DESEJOS INVÍSIVEIS: A (IN)FIDELIDADE CONJUGAL
EM CONTEXTO DAS MÚLTIPLAS IDENTIDADES
Denise Pimentel
Estado civil
Nome “Orientação ou em um
Idade
fictício sexual” relacionamento
estável (RE)
RE - 1 ano e 10
Rafael Homossexual 21 anos
meses
Paulo Homossexual RE - 1 amo e 1 mês 21 anos
Tell Homossexual Solteiro 20 anos
RE - com homem
Patrícia Bissexual 23 anos
há 4 anos
Loretta Heterossexual Solteira 20 anos
132
AMORES E DESEJOS INVÍSIVEIS: A (IN)FIDELIDADE CONJUGAL
EM CONTEXTO DAS MÚLTIPLAS IDENTIDADES
Denise Pimentel
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AMORES E DESEJOS INVÍSIVEIS: A (IN)FIDELIDADE CONJUGAL
EM CONTEXTO DAS MÚLTIPLAS IDENTIDADES
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seu parceiro for com outro homem, no sentido de ser algo mais
difícil de ser superado. Já no caso de Patrícia, que comentou que
o seu namorado não perdoaria se ela viesse a “ficar” com outro
homem, este a perdoou quando ela “ficou” com uma mulher.
Tell não concordou de ter que atribuir um “peso maior” (no
sentido negativo), “caso o homem esteja em um relacionamento
heterossexual ficar com outro homem”, ele interpreta a situação
como se estivesse colocando a mulher em um “status maior”
e o homem em uma situação de inferioridade. Neste ponto,
observamos a recusa de uma visão hierárquica entre os gêneros,
mas a busca da igualdade, atribuir “pesos” diferentes nessas
situações seria o mesmo que colocar valores hierárquicos por
causa do desejo sexual masculino ter sido um ato homossexual.
Sabemos que nos estudos sobre masculinidade e feminili-
dade, as leituras que fazemos da situação das mulheres sempre
foram de uma relação de submissão em relação aos homens.
Interessante que nesse caso, o homem reivindica a mesma
igualdade em relação à infidelidade homossexual, no aspecto
de que é possível um homem que está em uma relação conjugal
com uma mulher poder desejar sexualmente e afetivamente
outro homem, sem que, para isso, seja visto com “maus olhos”,
ao contrário, da mulher que, na maioria das vezes, é perdoada
pelo seu companheiro por ter se relacionado com outra mulher,
sendo a principal justificativa o suposto fetiche masculino de
consumar uma relação sexual com duas mulheres ao mesmo
tempo. Este conflito também remete a mesma situação do caso
vivenciado pelo ex-namorado bissexual de Tell, mencionado
anteriormente. “[...] Essas oposições, que perpassam cada indi-
víduo e os indivíduos de cada sexo, são geralmente apresentadas
como uma divisão entre os sexos, justificada em termos de
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Estado civil
Nome “Orientação ou em um Grau de
Idade
fictício sexual” relacionamento escolaridade
estável (RE)
Superior
Pedro Homossexual 25 Solteira
completo
Casada (4 anos e Superior
Laura Heterossexual 34
4 meses) incompleto
Relacionamento
Superior
Jéssica Bissexual 28 c/ mulher (1 ano e
completo
11 meses)
Superior
Henrique Heterossexual 30 Solteiro
completo
Superior
Juliana Lésbica 25 RE (4 anos)
incompleto
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO II
ENTRE O DESEJO E A
PATOLOGIZAÇÃO
Relações familiares das pessoas trans:
problematizando questões morais
a partir de um estudo de caso
Marcos Mariano Viana da Silva
INTRODUÇÃO
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QUESTÕES MORAIS A PARTIR DE UM ESTUDO DE CASO
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83 Em seu estudo sobre os desviantes, Goffman não chegou a analisar espe-
cificamente as pessoas trans, mas podemos fazer uso de suas reflexões para
ponderar como o estigma é formado em relação às travestis e transexuais
e como a identidade social pode ser problematizada de um ponto de vista
moral.
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QUESTÕES MORAIS A PARTIR DE UM ESTUDO DE CASO
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84 Goffman (1998) não apresenta nessa obra uma visão crítica sobre o
conceito de homossexualismo. É importante ressaltar que o sufixo “ismo”
refere-se à patologização das identidades das pessoas homossexuais e não é
o conceito adotado nessa pesquisa. Consideramos mais apropriado a adoção
do termo homossexualidade para falar sobre o desejo das pessoas que se
reconhecem como homossexuais de maneira não patologizada.
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Marcos Mariano Viana da Silva
Angel: É! Isso. Então... (ela para de chorar) O que mais me doeu foi
assim, sair de casa... porque, tipo, eu era... Das minhas irmãs eu
era a que... Tanto é que eu fui a que deu mais tarde, que perdeu a
virgindade mais tarde, não engravidei, né? Como as minhas irmãs
engravidaram cedo, minhas irmãs engravidaram cedo, as minhas
irmãs fumavam na escola, usavam drogas. Assim, minhas irmãs
não tinham notas boas... São seis irmãos, só três terminaram
o ensino médio e eu sou a única numa faculdade federal em um curso
altamente concorrido que é psicologia. Na época (que ela ingressou
na universidade) era o segundo curso mais concorrido, eu passei
e eu sou de escola estadual, entendeu? Então, assim, é muito doloroso
ainda quando eu penso que eu saí da minha casa não porque eu quis,
mas porque eu não era mais bem-vinda, sabe? E isso dói porque
eu sempre fui aquela menina tão quieta, eu sempre era a melhor
da turma, tirava dez em tudo, sabe? Eu era líder da turma, eu era
muito estudiosa, Marcos, muito estudiosa, sempre fui, até hoje eu
sou muito estudiosa, eu tenho facilidade para aprender as coisas
e essa foi a minha mágoa. Eu acho que até hoje, eu tenho mágoa com
a minha mãe porque... Com meu pai também, porque assim, por que
eu tive que sair de casa? Só porque eu era travesti? Sabe? Por quê?
Eu não fumava, eu não me prostituía, eu não fazia nada e na época
eu já ‘tava’ na Universidade Federal, né? Então, eu saí expulsa de
casa, então eu acho que... tanto que eu fiquei perdida no mundo, eu
era aquela menina que não conhecia o mundo, então não sabia fazer
nada, sabe? Aí tipo assim, eu sabia cozinhar, sabia passar, mas, tipo,
eu não sabia viver no mundo e aí eu fui morar com pessoas estranhas
que nem conhecia porque, tipo, ou era morar com essas pessoas ou
era ficar na rua, sabe?
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por um tempo, mas relata que não gostava por não se sentir
à vontade e também por a mãe dessa amiga ser muito descon-
fiada em relação a ela, não a deixando em momento algum que
Angel permanecesse em casa sozinha, por exemplo. Depois,
Angel passou um período morando com a irmã e a sobrinha
até conseguir uma vaga na residência feminina da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Porém, Angel narra que na
relação com a mãe havia uma ambiguidade no que se refere a
sua identidade, pois antes da transformação, a mãe de Angel
comprava adereços cor de rosa para ela, nas palavras de Angel
era como se fosse uma aceitação ambígua.
Angel: Isso. Depois disso, mas na verdade antes disso eu já tava com
ódio da minha mãe porque assim antes de eu fazer a transformação,
eu já tinha um jeito muito feminino, muito mesmo, todo mundo
comentava: “ai, esse menino é afeminado, esse menino não é gay
não, Dona Lourdes?” O nome da minha mãe é Lourdes. “Esse menino
não é gay não? E não sei o quê, não sei o quê”, e então a minha mãe
começou a me agredir, ela me agredia verbalmente, “esse viado não
sei o quê”, apesar que de certa forma ela comprava lençol rosa pra
mim, mosqueteiro rosa pra mim, era como se fosse uma aceitação
ambígua, sabe? Odiava, mas em casa aceitava, mas quando saia de
casa ficava com raiva, entendeu? E aí, eu tinha muito ódio porque
minha mãe me agredia, me xingava, minha mãe não me entendia.
Hoje eu entendo que ela não entendia, ela não sabia que a filha dela
não era um menino porque ela criou um bebê, pra ela ter um pênis
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Angel: Meu pai, meu pai foi militar. Meu pai era daqueles que falava
que se tivesse um filho gay matava. Meu pai até hoje não disse um A
comigo. Sabe o que meu pai disse? Olha, eu nunca esqueci. Meu pai
nunca tinha me visto de menina e aí eu fui lá, eu tenho que mostrar
pra o meu pai que eu sou menina porque meu pai morava em São
Paulo, veio pra cá e não tinha me visto de menina, eu tinha que
mostrar pra o meu pai. Eu cheguei em casa assim, ó! Eu me tremia,
eu ‘tava’ cagando nas calças. Meu pai deitado assim na rede, me
viu entrar e eu pensava que meu pai já ia me dar o sermão. Meu pai
pegou me olhou e fez assim: “oi, pelado!”, que é o meu apelido que
ele me deu desde pequena porque eu não tinha cabelo na cabeça até
os três anos. Então, ele só me chama assim e eu nunca me senti mal.
Aí ele olhou pra mim e falou: “oi, pelado!” e cheirou minha cabeça
e me abraçou e fez: “você tá bem?”, eu fiquei assim, gente, eu me
tremendo e assim: “meu pai não vai me xingar? Não vai falar que sou
a vergonha da família? Aí beleza, eu cheguei, sentei e fiquei sentada
na sala com ele, aí ele começou a assistir o programa dele, aí minha
mãe fazendo comida e meu pai assim: “vá ajudar a sua mãe”, aí
depois falou assim do nada: “olhe, eu não tenho nada contra você,
você quer vir com suas roupinhas desse jeito”, eu toda de menina
maquiada, “você quer vir, venha, pode vir, aqui é a sua casa. Venha
visitar a gente, se precisar de alguma coisa, fale comigo, eu sou seu
pai, eu não vou lhe botar no inferno não, agora uma coisa eu não
aceito”, bem assim, aí eu: “ai meu deus e agora?”, “eu só quero que
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Angel: Eu não gosto dos meus irmãos, sou muito sincera. Eu não
gosto dos meus irmãos homens, né? Gênero homem, porque eu
não gosto nem de usar gênero feminino e masculino porque eu
acredito que há mulheres masculinas e há homens femininos. Eu
gosto de usar gênero como homem e mulher, enfim... Meus irmãos
eu não gosto porque assim, meus irmãos são falsos moralistas, um
é evangélico e assim, tipo, traiu a esposa, fez um monte de coisa
e quer dá uma de: “Ah, mas isso é pecado”, aí olhei pra ele falei: “eu
acho que pecado é a gente fazer mal às outras pessoas como você fez
a sua esposa que nunca lhe fez nada, que era mãe dos seus filhos,
dona de casa, extremamente voltada pra ele e ele transou com sei
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RELAÇÕES FAMILIARES DAS PESSOAS TRANS: PROBLEMATIZANDO
QUESTÕES MORAIS A PARTIR DE UM ESTUDO DE CASO
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quantas mulheres e assim passou chifre, fez um mal muito mal a ela,
abandonou as filhas”. Eu falei: “feio é isso”, porque assim, a minha
transformação não faz mal a ninguém, às vezes faz mal só a mim,
pelo preconceito que eu sofro, mas qual é o mal que eu te faço? E meu
outro irmão, eu não gosto muito dele porque assim, ele quer ser um
machão, tal... Que eu tenho um irmão dois anos mais novo que eu e
é engraçado que eu já sei que ele já ficou com gay, já teve relações
homoeróticas, né? E ele pousa de machão e tal, não sei... Pra mim
um homem que fica com outro homem isso não faz ele gay porque
uma homoafetividade é muito mais do que uma relação sexual, mas
ele teve um contato com outro homem e assim... Com os amigos dele,
minha mãe já chegou a brigar com os amigos dele porque eles ‘tavam’
rindo e ele não falou nada. Passei e os amigos dele soltando piada,
inclusive, um me chamando de gostosa, um que sempre quis ficar
comigo, um nojento, ‘véio’! Tenho nojo dele! E assim, minha mãe já
chegou a brigar e ele simplesmente nem aí, sabe? Tipo, ao invés de
me defender, inclusive, minha mãe falou: “olha, é seu sangue! Não
importa o que ela seja é seu sangue! Ela podia ser até marginal, mas
ela ia ser seu sangue, tem que defender, é família!”. [...] Já, minhas
irmãs eu amo, que as minhas irmãs sempre me trataram assim, bem,
sempre fui muito aceita pelas minhas irmãs, a mais velha, ela falava,
quando eu me transformei, ela falava: “já sabia! Você brincava com
as minhas barbies, vestia as minhas roupas. Já sabia!”, ela fazia
chuquinha em mim assim, sabe? Ela falava: “Eu já sabia!”, tanto que
ela foi umas pessoas que falou assim: “mãe, deixa ela! É o jeito dela!”.
Ela falou assim: “Eu não queria que você fosse assim, mas se você
é assim eu não vou lhe perturbar, deixa você ser assim, viva a sua
vida!”, sabe? Eu sei que ela não queria, nem meu pai, nem ninguém,
mas se eu sou assim, vai fazer o quê? Vai me matar? Não! Me deixa
viver, me deixa gerir a minha vida porque afinal a vida é minha. Mas
assim, minhas irmãs, super de boa, a minha outra irmã mais nova,
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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consigo mesmo, sabe? Tipo, você acredita em algo, mas você não faz
aquele algo porque você tem medo disso ou daquilo ou você critica
alguém porque uma pessoa está fazendo e você faz pior. Então, pra
mim, isso é ser imoral. [...] Eu acho que moralidade tem a ver com ser
desonesto com os outros, consigo mesmo, porque tipo, eu não acho
que seja imoral fumar droga, se você tem uma relação com aquilo,
se você consegue lidar com aquilo. Não acho que seja imoral você se
prostituir porque muitas minhas se prostituem e aí eu falo assim pra
mim: “Eu não quero esse destino” e as pessoas ficam assim: “ah, você
‘tá’ sendo higienista, mas não é que esteja sendo higienista, mas é
que eu não me vejo fazendo isso. [...] Agora eu entendo que ser imoral
também... Eu acho que violência é uma forma de ser imoral, quando
você não respeita a integridade do outro, não respeita a humanidade
do outro você acaba sendo imoral. [...] É muito difícil, o que é imoral?
É muito relativo, depende do ponto de vista de cada pessoa porque
pra as pessoas eu viver assim é imoral. [...] É muito relativo, mas eu
acho que a questão de ser desonesto mesmo, assim, de acreditar em
algo e não ir atrás ou de mentir pra si mesmo e ‘tá’ fazendo, sabe?
Falar que uma pessoa não pode, mas tipo, fazer igual. Na minha
casa tem muito disso, minha irmã chegou a falar: “ah, se o pai aceita
Angel desse jeito, então vai me aceitar”, e isso, tipo, eu nunca dei
trabalho na minha casa, eu saí muito cedo, eu não fumo, não bebo,
tudo o que as pessoas consideram imoral pra família tradicional
eu não faço. Essa minha irmã, ela, tipo, vive pegando cara casado,
engravidou de pai solteiro, tipo, mentia pra minha mãe, enganava
minha mãe, já apanhou de homem, ‘ta’ lá na casa da minha mãe
dando trabalho, fica bebendo o tempo todo... E aí eu pergunto: “quem
é mais imoral nessa história?”, porque ela vem dizer que meu pai
tem que aceitar porque eu fui mais imoral e ela não? Aí eu boto na
balança, é mais fácil aceitar uma filha trans que tem uma vida toda
regrada, de certa forma eu estou pondo até um conceito de moral aí,
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RELAÇÕES FAMILIARES DAS PESSOAS TRANS: PROBLEMATIZANDO
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né? Uma filha toda regrada ou uma filha toda destrambelhada que é
cis? “ah, ela cumpriu o padrão da cisnormatividade, ‘tá’ tudo de boa,
mas a outra que é trans, só porque ela é trans, ela vai ser o demônio
encarnada na terra, entende?”(Entrevista realizada em 26/11/2015).
87 Uma referência à música de Mário Lago e Ataulfo Alves: “Ai que saudades
da Amélia”, a letra fala de uma mulher que não fazia muitas exigências ao
companheiro, era comportada e não pensava em luxo e riqueza, “Amélia não
tinha a menor vaidade, Amélia que era mulher de verdade”.
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Marcos Mariano Viana da Silva
isso não afeta? Afeta a moral cristã, você nasce homem, você tem um
pênis, a porra de um pênis, você é homem, eu transgredi isso, então
a moral também afeta isso porque as pessoas ficam assim: “ai, eu
posso até aceitar, mas pela minha crença você é um homem” e hoje
quem fizer isso vai tomar um processo lindo, né? Porque eu tenho
uma certidão maravilhosa que diz que eu sou mulher (Entrevista
realizada em 26/11/2015).
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RELAÇÕES FAMILIARES DAS PESSOAS TRANS: PROBLEMATIZANDO
QUESTÕES MORAIS A PARTIR DE UM ESTUDO DE CASO
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REFERÊNCIAS
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QUESTÕES MORAIS A PARTIR DE UM ESTUDO DE CASO
Marcos Mariano Viana da Silva
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DO NOME SOCIAL AO NOME
CIVIL: PARADOXOS E LACUNAS
DE ASSEGURAMENTO DA
CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro 88
INTRODUÇÃO
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
AS NARRATIVAS DE JOICE
ACERCA DO NOME SOCIAL
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
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Tarcísio Dunga Pinheiro
Joice: Logo no começo, minha mãe não viu com bons olhos a ideia
de eu ser uma mulher trans. Disse que não iria me ajudar. Não iria
comprar hormônio nem nada. Ela foi contra. [...] Aí eu peguei e fui
falar com a minha tia. Essa minha tia é como se fosse uma mãe,
ajudou a me criar desde eu era pequena.
Tia veio falar comigo. Ela veio falar comigo e na época ela estava no
primeiro ano de psicologia, se eu não me engano, e hoje em dia ela
já está no terceiro ano. Aí, ela tem um professor chamado Vladimir
e ela foi pedir ajuda a ele, perguntando o que ela tinha que fazer.
Ele falou: -Dê total apoio! O que você puder fazer para ajudar, ajude!
(Entrevista realizada em 20 de novembro de 2015).
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
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Tarcísio Dunga Pinheiro
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
apreensiva, aí falei: “Mainha, não é bem assim não.” [...] Eu sei que
ela falou que não iria me ajudar. [...] Foi a primeira vez que em senti
que eu não era uma cidadã normal e que nem se quer meu nome ia
ser respeitado. Se em casa foi assim, imagine na rua. Foi a primeira
vez que eu vi que ter cidadania para mim seria diferente do que
para os outros. (Entrevista realizada em 20 de novembro de 2015).
Joice: Eu fiquei louca, bicha! Mesmo depois que ela tomou a atitude
eu disse: “Não, mainha, eu vou continuar tomando meus hormônios
e a senhora precisa começar a me chamar pelo nome feminino”. Eu
sou assim, não vou mudar. [...] Aí, eu peguei e fui falar com minha
tia e ela disse que iria me ajudar. Eu faço faxina na casa dela faz dois
anos e aí o dinheiro que eu ganho eu compro hormônio.
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
Joice: Hoje em dia, mainha já me ajuda. Ela que aplica meus hormô-
nios. Enfim, foi uma transformação. Porque, na cabeça de mainha,
ela achava que eu iria parar de estudar, que eu ia me prostituir, como
todo mundo acha. Aí, ela foi vendo que não era isso. Por falar nisso,
antes eu comprava meus hormônios à vista, no dinheiro, agora,
para o dinheiro durar mais [risos], eu compro no cartão e parcelo.
O cartão é dela e ela me empresta. Hoje em dia, ela já aplica minhas
injeções, já fez uma tabelinha lá para saber quais os dias que eu
tenho que tomar, como ela é enfermeira, ela sabe mais. Hoje em dia
ela me chama pelo nome social, as vezes troca, se confunde, mas se
corrige. [...] Hoje ela até me defende, explica para as pessoas o que
é [a transexualidade], enfim, ajuda. (Entrevista realizada em 20 de
novembro de 2015)
“Eu mudei de escola por causa do meu direito!”: sobre usos e desusos
do nome social
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
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LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
Joice: Não. Ainda bem que você falou sobre isso. Eu acho assim, se
é para ajudar, ajude 100%, entendeu? No ENEM, beleza, conseguimos
usar o nome social, mas eu acho assim, é muita coisa, muito trabalho.
Quando você pede para usar o nome social [no ENEM], você tem que
mandar uma foto atual da sua identidade, uma foto sua normal
e assinar um documento. Ou seja, eu acho que não tem para quê tudo
isso, entendeu? Porque que tipo de pessoa cisgênera vai querer se
passar por uma pessoa trans? E, tipo, ela sendo cis, as pessoas vão
ver, entendeu? Não tem para quê você provar um monte de coisa,
essa burocracia todinha. [...] Isso é tudo para deslegitimar a gente.
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
Joice: Tipo assim, hoje eu tenho menos medo da sociedade, sabe como
é? Hoje eu já me aceito e sei dos meus direitos. E também Regina
disse que eu poderia tentar fazer isso lá [No ENEM] porque uma
colega dela de outra cidade fez ano passado e deu certo. Eu não
tinha nadinha a perder, o máximo que podia acontecer era não
respeitarem meu nome social. Mas se eu não fizesse nada o povo
ia me chamar pelo outro nome [de registro], então arrisquei. Ainda
bem que deu certo, né? Já estou até pensando em fazer isso ano que
vem novamente. [risos] Se bem que eu posso entrar logo de primeira,
né?! Do vestibular que eu estou falando. (Entrevista realizada em 20
de novembro de 2015).
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LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
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LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
202
DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
Érica: Não dá para falar do meu processo civil, sem falar daquilo
que me fez despertar para a ideia de que eu era diferente. Na minha
família foi uma relação muito caótica, no sentido de que meus pais
não aceitaram, como eu já relatei várias vezes no Tirésias eu cheguei
a ser agredida fisicamente, né... Eu apanhei com uma raquete,
fiquei até com oito pontos no meu braço, tenho a cicatriz até hoje e
apanhei com um cabo de vassoura, tendo o dedo mindinho da mão
esquerda quebrado. Eu tive que sair de casa porque ter uma filha
travesti era uma coisa impensável, ainda mais porque meus pais
são de base evangélica. Meu pai nem morava com a gente, era mais
minha mãe, mas, assim, se tornou muito caótico, eu sofria muito,
muita transfobia, muita agressão verbal, física e psicológica. Quando
eu vim para cá foi muito incrível! Eu encontrei pessoas que me
acolheram, encontrei o Núcleo Tirésias e a professora Berenice Bento
foi a primeira pessoa que me acolheu, né!? Ela e a professora Janeusa
foram as duas principais pessoas da minha acolhida na UFRN. [...]
Depois que cheguei aqui fui tendo algumas conquistas. Primeiro a
utilização do nome social na universidade e depois consegui uma
vaga para moradia da residência estudantil feminina.
Pesquisador: Depois que passou essa fase, o que te fez despertar para
iniciar o processo de retificação do registro civil?
203
DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
204
DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
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DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
não quer ser igual a todo mundo e sim que nos respeitem e que
respeitem nossa identidade”.
211
DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
212
DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
213
DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
214
DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
REFERÊNCIAS
215
DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
216
DO NOME SOCIAL AO NOME CIVIL: PARADOXOS E
LACUNAS DE ASSEGURAMENTO DA CIDADANIA TRANS
Tarcísio Dunga Pinheiro
217
MUDANÇAS NA
ABORDAGEM PSIQUIÁTRICA
DA TRANSEXUALIDADE: AS
DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO
DE GÊNERO ENTRE DUAS
EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
INTRODUÇÃO
219
MUDANÇAS NA ABORDAGEM PSIQUIÁTRICA DA TRANSEXUALIDADE: AS
DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
101 The term includes most of the cases formerly classed as “psychopathic
personality with pathologic sexuality.” The diagnosis will specify the type
of the pathologic behavior, such as homosexuality, transvestism, pedophilia,
fetishism and sexual sadism (including rape, sexual assault, mutilation) (APA,
1952, p. 39).
102 As parafilias são descritas enquanto comportamentos sexuais que
implicam atividades, objetos ou situações consideradas incomuns ou
220
MUDANÇAS NA ABORDAGEM PSIQUIÁTRICA DA TRANSEXUALIDADE: AS
DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
RESPOSTAS ÀS CRÍTICAS DA
PATOLOGIZAÇÃO DA TRANSEXUALIDADE
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
REFERÊNCIAS
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DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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MUDANÇAS NA ABORDAGEM PSIQUIÁTRICA DA TRANSEXUALIDADE: AS
DIFERENÇAS NA CONCEPÇÃO DE GÊNERO ENTRE DUAS EDIÇÕES DO DSM
Igor Fidelis Maia
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REIVINDICAÇÃO DOS CORPOS,
DISPUTA DE PODER/SABER
E O “LOUCO INFRATROR”
INTRODUÇÃO
108 Antes de mais nada, é relevante ressaltar que muitas terminologias que
utilizarei neste estudo estão vinculadas a forma que determinados autores
abordaram a temática, bem como as próprias legislações pertinentes ao
tema. No caso do uso de aspas indicará que tal terminologia deriva de uma
verdade imposta por outros, por terceiros, por um sistema.
109 Sujeitos com doença mental ou capacidade psíquica parcialmente
desenvolvida, julgados incapazes de compreender o ato em si cometido, as
suas consequências e ilicitude.
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
Maria Mayara de Lima
110 Palavra que significa embarcação utilizada por Foucault (1978) em sua
obra História da Loucura na Idade Clássica.
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
Maria Mayara de Lima
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
Maria Mayara de Lima
111 No início da obra História da Loucura (1978), Foucault faz essa alusão da
substituição da “demanda” de leprosos pelos “insanos”, apontando, contudo,
as particularidades que envolvem esse último, como esclarecido nessa
mesma citação.
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
Maria Mayara de Lima
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
Maria Mayara de Lima
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
Maria Mayara de Lima
[...] era possível alguém ser culpado e louco; quanto mais louco,
tanto menos culpado; culpado, sem dúvida, mas que deveria
ser enclausurado e tratado, e não punido; culpado, perigoso,
pois manifestamente doente [...]. (FOUCAULT, 2013, p. 24).
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
Maria Mayara de Lima
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
Maria Mayara de Lima
Estas são, pelo que nos é referido do juízo dos médicos, as duas únicas
alusões ao destino social reservado para Pierre Rivière se ele for
reconhecido como doente mental. Nenhuma palavra sobre a even-
tualidade de uma cura, nem mesmo de um tratamento. Este silêncio,
aparentemente espantoso da parte de terapeutas, ligado ao cuidado
que eles têm em lembrar que a imputação de loucura não acarreta
o abandono dos procedimentos sociais de controle com relação a um
indivíduo perigoso, permite caracterizar as finalidades reais destes
empreendimentos de patologização de um setor da criminalidade
do qual o “caso Riviere” representa um episódio particularmente
significativo. (CASTEL, 1977, p. 259, grifos do autor).
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
Maria Mayara de Lima
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Reivindicação dos corpos, disputa de poder/saber e o “louco infratror”
Maria Mayara de Lima
REFERÊNCIAS
272
CAPÍTULO III
AGÊNCIA E
DESLOCAMENTOS
DOS GÊNEROS?
DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS
DIREITOS DAS MULHERES ÀS
ARTIMANHAS DOS GÊNEROS115
INTRODUÇÃO
115 Essa pesquisa foi realizada sob a coordenação da Professora Dra. Iara
Maria de Araújo, que na Universidade regional do Cariri, dirige núcleo de
pesquisa voltado para os estudos de gênero e violência e foi minha orienta-
dora durante a graduação.
DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
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MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
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Antônia Eudivania de O. Silva
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MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS
DIREITOS DAS MULHERES
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MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
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MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
mas não quer entrar com uma ação judicial, com procedimento
jurídico, ela não quer, é coisa dela. Ela quer que o marido venha,
ela quer tentar ainda salvar o casamento (Mediador, entrevista
realizada em novembro de 2011).
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DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
Você paga a pensão direitinho, não paga? (ele responde que sim).
Olhe essa sua ex é louca e essa infeliz aqui está sofrendo. Vou falar
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DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
Mercedes diz que tem uma casinha e que ele está termi-
nando a dele, “não posso deixar tudo que tenho assim!” Esse
caso se diferencia das outras duas não só por não está sendo
agredida pelo companheiro, mas por ter um trabalho formal
com carteira assinada que, segundo ela, a ajudou a ser quem
é. “Mãe, solteira e dona de minha própria vida”. Mesmo assim
o mediador insiste:
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DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
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DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
É verdade? Se for, seja homem, diga que é e pronto. Não gosta num
é da outra? Olhe, eu estou dizendo isso, porque justiça só quebra nos
filhos. Você tem uma responsabilidade enorme nas costas (diz para
Lourdes), porque esse menino é responsabilidade sua agora. Arrume
um emprego, porque o juiz vai determinar uma pensão que é muito
pouco, não ajuda em nada, e você tem que ter em mente que seu
filho depende de você, só de você. Nós homens não gostamos de filho
não, só gostamos enquanto gostamos da mulher. (mediador, setor de
conciliação em janeiro de 2012).
296
DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
Seja humano rapaz, você teve uma educação religiosa, você é pai,
e não vai ser solteiro nunca mais, porque solteiro não é estar num bar
com quatro quengas não, é não ter filho. Seja homem, o que ela faz
ou deixa de fazer é ruim para ela enquanto mulher, e ela vai ter que
se respeitar, porque mulher inteligente não se junta com o primeiro
homem que acha não, ela tem que se valorizar e se respeitar como
mulher (mediador, setor de conciliação em janeiro de 2012).
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DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
Eu atendi uma senhora que veio aqui com o marido e este perguntou
para mim e para ela, o que ele estava fazendo aqui? Ai, a mulher disse
assim: olhe, realmente você é um pai pra mim, você é maravilhoso.
Mas você está aqui por que eu não o amo mais. Eu estou sofrendo
por ter encontrado um homem como você e eu tenho medo de fazer
alguma coisa que desonre o seu nome ou o meu e dos meus filhos!
Ai, o homem chorou, pediu pra ela, mas não dava. Então eu tentei
explicar aquele chavão: amor não se pede, não se dá, não se compra,
não se obriga. Eu disse a ele que entendesse, que podia ser só uma
fase, foi essa a maneira que encontrei para contornar a situação.
Até por que a mulher estava muito consciente, decidida e eu achei
muito bonita a atitude dela, de respeitar-se como mulher, honesta,
forte (mediador, observações em outubro de 2011).
298
DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
Aqui chega casais que um homem num sabe nem o que é uma
mulher, nem fisicamente, entende? Que dirá de entender o que
é ou a importância de uma família. Olhe, aqui chega neto roubando
e batendo em mãe, em vó velhinha, pai usando filha para prosti-
tuição sem nenhum receio, de nada. Por isso que hoje tudo é assim
desmantelado, ninguém tem mais respeito por nada. (mediador,
observações em janeiro de 2012).
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DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
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DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
REFERÊNCIAS
302
DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
303
DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS DAS
MULHERES ÀS ARTIMANHAS DOS GÊNEROS
Antônia Eudivania de O. Silva
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A COR DO DESEJO E AS
INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO
E CLASSE EM CONTEXTO
DE TURISMO SEXUAL NA
PRAIA DE PIPA/RN
Mikelly Gomes da Silva
INTRODUÇÃO
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
Mikelly Gomes da Silva
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
Mikelly Gomes da Silva
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
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CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
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CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
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- [Por quê?]
123 Rose diz não precisar, pois acredita que a vida para o morador de Pipa
não tem custo alto. E afirma que eles preferem fazer atividades que tenham
contato direto com estrangeiros. No mais, em entrevista com Rubinho,
funcionário de Rose, que viveu sua infância e adolescência em Pipa e retornou
para o vilarejo em 2012. Ele diz que muitas famílias ganharam um bom
dinheiro, venderam suas casas, terrenos e sobrevivem de forma satisfatória
na praia. Ao caminhar pela cidade encontramos a população local espremida
nos pequenos becos de ladeiras íngremes enquanto os estabelecimentos de
sucesso estão nas ruas de mais fácil acesso.
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
Mikelly Gomes da Silva
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
Mikelly Gomes da Silva
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
Mikelly Gomes da Silva
Ele começou a sair com uma gringa, nem gostava dela. Ela já estava
apaixonada, dava de tudo para ele. Ela era bonita, podia ter quem
quisesse, mas gostava dele. Viajaram para o país de origem dela,
a Finlândia [quando disse o nome do país ela ficou assustada, foi
como se tivesse dizendo o nome das pessoas envolvidas, percebia
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
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CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
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Para a autora:
Essas relações que, nas leituras locais, não são vistas como
prostituição, têm conotações de sexo transacional (Hunter,
2002). Esse termo foi utilizado ao analisar os intercâmbios
sexuais e econômicos nos quais se envolvem, no Caribe,
jovens das classes trabalhadoras com homens e mulheres
mais velhos/as. São trocas que não tem lugar em espaços
destinados à prostituição e não apresentam uma negociação
explícita de sexo por dinheiro, mas possibilitam a aquisição
de roupas à moda, tratamentos para o cabelo, usufruir
o status econômico de pessoas que ostentam carros caros,
pagam viagens e presentes luxuosos (Kempadoo, 2004).
Não apenas o sexo, mas também os casamentos podem ser
transacionais, quando possibilitam ou oferecem a ilusão
de viabilizar a obtenção de benefícios econômicos e/ou de
migrar para algum país rico (Brennan, 2004). Esse tipo de
trocas é amplamente difundido em diversas partes do Brasil,
principalmente envolvendo homens, geralmente mais velhos,
e mulheres. Ele é frequentemente traduzido na expressão
“ajuda”. (PISCITELLI, 2010, p. 92).
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
Mikelly Gomes da Silva
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
Mikelly Gomes da Silva
E ainda:
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
Mikelly Gomes da Silva
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A COR DO DESEJO E AS INTERSEÇÕES ENTRE GÊNERO E CLASSE EM
CONTEXTO DE TURISMO SEXUAL NA PRAIA DE PIPA/RN
Mikelly Gomes da Silva
124 Não quero dizer que em Pipa o corpo feminino em intercursos sexuais
é exclusividade de mulheres “negras”, “mulatas” e mestiças. Na pesquisa
identifiquei mulheres brancas nas “negociações de possíveis intercursos”
intercursos também.
125 Refiro-me a uma masculinidade híbrida, apresentada anteriormente
como entrelaçamentos de elementos do feminino e masculino.
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MARCAS CORPORAIS E O
“NEGÓCIO” DO DESEJO
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127 Pela forma que interagiram entre si, a moça loura não parecia conhecer
o rapaz. Aparentemente, este foi o primeiro contato entre eles.
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Saí com algumas hospedes para dar uma volta, eles (caça-gringas) já
me conhecem, sabem quando são hospedes. Quando eu passo sozinha
dificilmente falam comigo, mas quando estou acompanhada sempre
param para me cumprimentar e os cumprimentos são estendidos
a elas. Eles não apertam as mãos não, quando é beijo no rosto já
considero um avanço. Dão mesmo é um abraço apertado. Estabelecem
contato. Eu não gosto muito, acho invasivo. Têm garotas (hóspedes)
que não estão acostumadas com isso. Vem de uma cultura diferente,
é muita intimidade. As israelenses, por exemplo, não se sentem
à vontade. Elas sabem qual o tipo de interesse dele e não agrada
muito. (Entrevista com Rose - Janeiro de 2013).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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Autores/as
Berenice Bento
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SEXUALIDADE, GÊNEROS, VIOLÊNCIA: ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
Denise Pimentel
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SEXUALIDADE, GÊNEROS, VIOLÊNCIA: ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
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SEXUALIDADE, GÊNEROS, VIOLÊNCIA: ESTUDOS SOCIOLÓGICOS
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Este livro foi produzido pela
equipe editorial da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.