Trauma Dental UNA SUS
Trauma Dental UNA SUS
Trauma Dental UNA SUS
NA ATENÇÃO BÁSICA
Trauma Dental
GOVERNO FEDERAL
Presidente da República
Ministro da Saúde
Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)
Diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES)
Coordenador Geral de Ações Estratégicas em Educação na Saúde
Responsável Técnico pelo Projeto UNA-SUS
COMITÊ GESTOR
Coordenadora de Produção de Material Elza Berger Salema Coelho
Coordenadora Interinstitucional Sheila Rubia Lindner
Coordenador de AVEA Antonio Fernando Boing
Coordenadora Acadêmica Kenya Schmidt Reibnitz
Coordenadora Executiva Rosângela Leonor Goulart
EQUIPE EAD
Douglas Kovaleski
Isabela Oliveira
Thays Berger Conceição
Carolina Carvalho Bolsoni
AUTORAS
Renata Goulart Castro
Ana Lúcia Schaefer Ferreira de Mello
REVISORES DE CONTEÚDO
Calvino Reibnitz Júnior
REVISOR EXTERNO
Eduardo Chaves de Souza
ASSESSORA PEDAGÓGICA
Marcia Regina Luz
Universidade Federal de Santa Catarina
EVENTOS AGUDOS
NA ATENÇÃO BÁSICA
Trauma Dental
Florianópolis
UFSC
2013
© 2013 todos os direitos de reprodução são reservados à Universidade Federal de Santa Catarina.
Somente será permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte.
ISBN – 978-85-8267-025-5
Ficha catalográfica elaborada pela Escola de Saúde Pública de Santa Catarina Bibliotecária responsável:
Eliane Maria Stuart Garcez – CRB 14/074
U588e Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Eventos Agudos
na Atenção Básica.
Eventos agudos na atenção básica [recurso eletrônico]: trauma dental / Universidade
Federal de Santa Catarina; Renata Goulart Castro; Ana Lúcia Schaefer Ferreira de Mello. —
Florianópolis : Universidade Federal de Santa Catarina, 2013.
31 p.
Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br
Conteúdo do módulo: Ações Preventivas. – Conceito e Classificação. – Avaliação Diagnós-
tica. – Abordagem Inicial e Atendimento Sequencial. – Resumo do Módulo.
ISBN: 978-85-8267-025-5
1. Atenção primária à saúde. 2. Prótese dentária. 3. Odontologia preventiva. 4. Trauma-
tismos dentários I. UFSC. II. Castro, Renata Goulart. III. Mello, Ana Lúcia Schaefer Ferreira
de. IV. Título.
CDU: 37.018.43:616.314
1. Introdução.............................................................................................................................................8
2. Ações Preventivas.............................................................................................................................8
2.1 Prevenção de traumas dentais................................................................................................................................................................................................8
2.2 Prevenção de fraturas de próteses dentárias..........................................................................................................................................................9
3. Conceito e Classificação...............................................................................................................9
3.1 Conceito e classificação de traumas dentais........................................................................................................................................................9
3.2 Conceito e classificação de fraturas de próteses dentárias.................................................................................................................10
4. Avaliação Diagnóstica..................................................................................................................11
4.1 Violência contra crianças.............................................................................................................................................................................................................12
6. Resumo do Módulo.........................................................................................................................17
Referências.........................................................................................................................18
Autoras.........................................................................................................................19
Anexos........................................................................................................................20
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO
Olá, caro aluno.
Este módulo trata sobre a abordagem do cirurgião-dentista na Atenção Básica em situações de traumatismo
dental, uma situação aguda que é cada vez mais frequente na clínica odontológica. Inicialmente são apresen-
tados conteúdos referentes à epidemiologia e à semiologia no trauma dentário, destacando as informações
importantes que devem ser coletadas a fim de que se estabeleça um diagnóstico correto. A partir dele, deve-se
elaborar um plano de tratamento da sessão e definir os encaminhamentos necessários. Assim, é fundamental
que os profissionais conheçam a classificação das lesões dentoalveolares, suas características, a extensão das
lesões à gengiva ou à mucosa oral, a ocorrência de traumatismos aos tecidos periodontais e as peculiaridades
das fraturas na dentição decídua.
Além disso, trataremos de conteúdos relacionados à abordagem das fraturas de próteses dentárias que, em
grande parte, são ocasionadas por acidentes. Para finalizar, você também verá procedimentos simplificados
de reparo e adição de elementos às próteses removíveis, além de recimentação de próteses fixas.
Bons estudos!
Objetivos de Aprendizagem
• Contextualizar os traumatismos dentários na perspectiva da etiologia, da epidemiologia e da semiologia.
• Diagnosticar, tratar ou encaminhar pacientes com traumatismos dentários.
• Conhecer os fundamentos básicos da assistência odontológica a fraturas de próteses dentárias, entendidas
como eventos agudos quando envolvem comprometimento grave de estética e função, e proceder ao devido
tratamento.
Carga Horária
30 horas
1. Introdução
As injúrias traumáticas geralmente são decorrentes 4 mm, mordida aberta anterior, lábio superior curto
de quedas, brigas, acidentes esportivos ou automobi- ou hipotônico e respiração bucal. Somam-se ainda
lísticos e de maus tratos. Elas influenciam a função e a fatores de enfraquecimento das estruturas dentárias,
estética bucal do indivíduo, podendo afetar também como amplas restaurações, lesões de cárie e dentes
o seu comportamento. A resolução desse agravo en- tratados endodonticamente. Em relação às avulsões
volve várias áreas do conhecimento da odontologia dentárias, a fragilidade do tecido ósseo infantil favo-
e, por essa razão, pode-se concluir a complexidade rece uma maior frequência nessa população do que
de seu tratamento e a fragilidade de seu prognóstico. na população adulta.
Observa-se uma grande variabilidade nos resulta- Ainda que sejam implementadas ações preventivas,
dos dos estudos epidemiológicos de traumas dentá- para alguns indivíduos e grupos, a perda dental e o
rios, existindo uma relação direta com fatores como consequente uso de próteses dentárias são condições
idade e gênero. Na população em geral, é observada prevalentes. No Brasil, a porcentagem de idosos que
uma prevalência que varia entre 4 a 30%, sendo que usam prótese fixa ou removível é de 66,54% na ar-
os indivíduos do gênero masculino e em idade escolar cada superior, e de 30,94% na arcada inferior. Com
são os mais acometidos. Com relação à dentição decí- relação à necessidade de prótese dentária nos idosos,
dua, pode-se observar a idade preferencial entre 2 e 3 32,40% necessitam de prótese superior e 56,06% de
anos, com prevalência de 31 a 40% em meninos e de inferior (BRASIL, 2004).
16 a 30% em meninas. Quanto à dentição permanente,
A confecção de próteses dentárias no Sistema Úni-
os percentuais são de 12 a 33% em meninos e de 4 a
co de Saúde (SUS) ainda é bastante limitada. Poucos
19% em meninas e, preferencialmente, nas faixas etá-
são os municípios que oferecem esse procedimento
rias entre 7 a 10 anos e 15 a 17 anos respectivamente.
levando em consideração a Atenção Básica. Alguns,
Essa diferença entre gêneros é estatisticamente signi-
perante incentivo Federal, optam por estruturar
ficativa e pode ser explicada pelo maior envolvimen-
serviços de Laboratórios de Próteses Dentárias (pró-
to dos meninos em jogos e esportes de contato.
prios ou conveniados) para confecção de próteses
Os dentes mais acometidos por traumatismos dentá- removíveis. Entretanto, os procedimentos mais sim-
rios são os incisivos centrais e laterais, isso em am- ples de reparo de próteses removíveis fraturadas e
bas as dentições. Alguns fatores podem aumentar a recimentação de próteses fixas podem atender à ne-
predisposição dos indivíduos a essas injúrias, como cessidade dos usuários que estão em situação aguda
oclusão do tipo classe II de Angle, overjet maior que de comprometimento estético e funcional, ainda que
sejam considerados provisórios.
2. AÇÕES PREVENTIVAS
Os traumas dentais são, em sua maioria, eventos cau- • Informar a comunidade sobre como proteger os
sados por acidentes no cotidiano, envolvendo situ- elementos dentais. Esse trabalho pode ser realiza-
ações passíveis de prevenção. Mesmo as fraturas de do por professores, funcionários de escolas, espor-
próteses, em algumas situações, podem ser preveni- tistas, policiais e socorristas, inclusive enquanto
das pela implementação de ações simples de cuidado prestam socorro a um trauma dessa natureza.
no dia a dia. Nesta perspectiva, a ideia é promover
um ambiente seguro para crianças, adolescentes e • Utilizar protetores bucais e faciais adequados a
idosos, visto que são os grupos etários mais acometi- cada esporte durante a atividade física.
dos por esses agravos.
• Evitar hábitos deletérios como roer unhas, mor-
2.1 Prevenção de traumas dentais der objetos, usar piercing oral ou morder gelo ou
A prevenção de traumas dentais está relacionada ao alimentos muito duros – tais como milho de pipo-
ambiente – meio onde vivem e circulam os indiví- ca – que podem gerar sobrecarga e fratura do ele-
duos das comunidades – e à proteção dos elementos mento dental.
dentais. Portanto, são recomendadas as seguintes
• Realizar correção ortodôntica.
medidas preventivas (LEVIN; ZADIK, 2012):
• Promover a adequação das condições físicas dos Sendo assim, como você pode perceber, as ações pre-
locais de circulação da comunidade, incluindo ventivas relacionadas aos traumas dentais podem
principalmente os espaços coletivos como cre- ser realizadas tanto no âmbito individual quanto no
ches, escolas, instituições de longa permanência, coletivo.
centros de saúde e calçadas.
TRAUMA DENTAL 8
2.2 Prevenção de fraturas de próteses dentárias As próteses devem ser sempre acondicionadas em
um recipiente plástico, com tampa, identificado e
Uma das situações mais comuns que resulta na fra-
exclusivo para este fim.
tura de próteses removíveis é a queda durante os
procedimentos de limpeza. Desse modo, as quedas, Quando a fratura de prótese é ocasionada devido ao
e as consequentes quebras, podem ser evitadas pelo desenho inadequado, à construção malfeita ou ao
manejo atento e zeloso das próteses. uso de materiais inadequados, a prevenção está di-
retamente relacionada a um bom planejamento rea-
Deve-se orientar os usuários de próteses, ou seus cui-
bilitador, à realização adequada de técnicas clínicas
dadores, a realizar a higiene das próteses (escovação)
e laboratoriais, como também à boa qualidade dos
na pia, submergida em água ou protegida por um
materiais empregados em sua confecção.
pano ao fundo. Esse cuidado pode evitar o choque da
prótese com o material rígido da pia ou da bancada, e
mesmo a queda ao chão.
3. CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO
A seguir, abordaremos o conceito e a classificação dos traumas dentais, como lesões dentoalveolares e de
mucosa oral, cujo diagnóstico e tratamento variam de acordo com as estruturas afetadas. Além disso, estuda-
remos os tipos de fraturas de próteses de acordo com a região onde se localizam.
Classificação das lesões dentoalveolares e de mucosa oral proposta por Andreasen e Andreasen (2001)
Fratura incompleta de esmalte: lesão na estrutura dental sem perda de estrutura.
Fratura de esmalte: lesão na estrutura dental com perda de estrutura restrita apenas ao esmalte dentário.
Fratura não complicada de coroa: lesão com perda de estrutura envolvendo esmalte e dentina sem expo-
sição do complexo pulpar.
Lesões aos tecidos Fratura complicada de coroa: lesão com perda de estrutura envolvendo esmalte e dentina com exposição
do complexo pulpar.
duros dos dentes
Fratura corono-radicular: lesão com perda de estrutura envolvendo esmalte, dentina e o cemento sem
e à polpa
exposição do complexo pulpar.
Fratura complicada de coroa e raiz: lesão com perda de estrutura envolvendo esmalte, dentina e cemen-
to, com exposição do complexo pulpar.
Fratura radicular: lesão envolvendo cemento, dentina e polpa identificada que pode ser classificada de
acordo com o deslocamento do fragmento coronário em cervical, média ou apical.
Concussão: lesão às estruturas de suporte dentário, sem mobilidade ou deslocamento anormal do dente,
mas com aumentada sensibilidade à percussão.
Subluxação: lesão às estruturas de suporte dentário, com mobilidade anormal, mas sem deslocamento dentário.
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Classificação das lesões dentoalveolares e de mucosa oral proposta por Andreasen e Andreasen (2001)
Laceração da gengiva ou da mucosa oral: lesão rasa ou profunda na mucosa resultante de um corte, geral-
mente produzida por um objeto pontiagudo.
Lesões na gengiva ou Contusão da gengiva ou da mucosa oral: contusão geralmente produzida por impacto com objeto rombo,
não acompanhada de rompimento da mucosa e com hemorragia submucosa.
na mucosa oral
Abrasão da gengiva ou da mucosa oral: lesão superficial produzida por atrito da mucosa, que deixa uma
superfície exposta e com sangramento.
Fonte: Elaborado com base em Andreasen e Andreasen (2001).
3.2 Conceito e classificação de fraturas de próte- • soltura ou deslocamento de próteses fixas (uni-
ses dentárias tárias ou parciais).
Devido ao quadro epidemiológico relacionado às Em relação às próteses removíveis, podemos clas-
perdas dentárias no Brasil, é comum nos depararmos sificar as fraturas de acordo com o tipo e a causa da
com adultos e idosos utilizando próteses dentárias ocorrência. Observe:
fixas ou removíveis, confeccionadas em caráter pro-
visório ou definitivo, como resultado de doenças ou • Quebra de braço de grampo – pode ser resul-
agravos bucais que culminaram com a perda dentá- tado de uma flexão repetida, motivada pela entra-
ria. Em geral, os objetivos de uma reabilitação pro- da e saída numa área altamente retentiva. A falha
tética – ou seja, da utilização de próteses dentárias no metal ocorre antes do suporte periodontal ser
– convergem para os seguintes pontos: abalado. Pode ocorrer a quebra devido a uma fa-
lha estrutural do próprio braço do grampo (na es-
• repor dentes perdidos; pessura, na fundição ou na etapa de polimento).
O manuseio descuidado pelo paciente pode provo-
• favorecer e recuperar aspectos estéticos; car a quebra do grampo, caso seja submetido a um
esforço abusivo. A causa mais comum de falha de
• consolidar e manter a saúde periodontal;
um braço de grampo fundido é a distorção causada
• manter uma oclusão estável; pela quebra acidental na pia, no momento da lim-
peza. No caso de grampos feitos com fio maleável,
• reduzir a mobilidade aumentada ou progressiva a causa mais comum é o ajuste repetido feito em
de dentes; razão de o paciente retirar a prótese de maneira
inapropriada ou devido a defeito na sua confecção.
• recuperar as funções orais básicas, como fona-
ção, mastigação e deglutição; e • Apoios oclusais fraturados – a quebra do apoio
oclusal sempre ocorre no ponto onde ele cruza a
• possibilitar a socialização dos indivíduos na co- crista marginal, que constitui a região mais frágil.
munidade. A causa geralmente está relacionada à inadequa-
ção da profundidade do preparo dos nichos oclu-
As fraturas de próteses dentárias, que podem ser oca- sais. Além disso, o apoio oclusal pode ficar mais
sionadas tanto por acidentes ou como consequência fino e fragilizado devido aos ajustes realizados na
de padrões inadequados de confecção, quando im- boca para impedir interferências oclusais.
possibilitam ou limitam a possibilidade da peça pro-
tética cumprir estes objetivos são entendidas como • Distorção e quebra dos outros componentes
Eventos Agudos, principalmente por envolverem da prótese (conexões) – considerando-se que es-
comprometimento grave da estética e da função oral. ses componentes possuem volume mais espesso,
a distorção e a quebra são menos comuns, geral-
Nesse sentido, as fraturas de próteses dentárias ne-
mente acidentais ou provocadas por mau uso. Es-
cessitam de pronta assistência odontológica para sua
ses componentes podem também, caso não tenha
resolução, ainda que o procedimento realizado na
havido um planejamento adequado da prótese,
Atenção Básica seja considerado provisório. Geral-
traumatizar a mucosa. Se for necessário um ajuste,
mente, os casos mais comuns nos quais os pacientes
este deve ser feito com cautela para não enfraque-
procuram os serviços de Atenção Básica com proble-
cer os componentes.
mas em suas próteses são relacionados à:
• fratura de próteses removíveis, tanto parciais
como totais; e
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• Perda de dentes (ou dentes não incluídos como • Outros tipos – a substituição de um dente que-
suporte ou retenção de próteses removíveis) – brado ou perdido; o reparo da base da resina que-
geralmente, a perda de dentes ocorre por fratura brada; ou o acoplamento de uma base de resina
total ou parcial do elemento dentário, ocasionada que se tornou mal adaptada à armação metálica.
acidentalmente por trauma ou por deslocamento A quebra é ocasionada, muitas vezes, devido ao
completo do dente da base da prótese, devido à desenho inadequado, à construção malfeita ou ao
inadequação na técnica de prensagem da prótese. uso de materiais inadequados, mas pode também
ocorrer por acidente (trauma). No caso de aciden-
• Perda de um dente de suporte (em próteses tes, o reparo e a substituição geralmente são sufi-
removíveis) que necessita não só da substitui- cientes. Entretanto, se a fratura ocorreu devido a
ção, mas também da substituição de um novo causas estruturais ou se ela já é reincidente, então
conjunto de grampos – essa situação ocorre ge- alguma modificação deverá ser feita no desenho
ralmente em dentes adjacentes ao dente de apoio da prótese.
da prótese. Esses dentes podem ser perdidos por
comprometimento periodontal. • Traumas no tecido – geralmente são ocasiona-
dos por componentes das próteses indevidamente
aliviados ou devido à construção inapropriada da
fundição da parte metálica.
4. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Abordaremos, nesse tópico, os elementos fundamen- Além da anamnese, deve-se proceder à limpeza da
tais a serem conhecidos pelo cirurgião-dentista para região traumatizada para que se possa visualizar me-
que seja realizado um adequado diagnóstico nos ca- lhor a extensão das lesões.
sos de Trauma Dental.
Já com conhecimento da origem do trauma e do his-
Para a realização da avaliação diagnóstica, é impor- tórico médico do paciente, e após a verificação da
tante saber qual é a origem do trauma dental. Por- área lesionada, deve-se proceder ao exame clínico,
tanto, o atendimento deve iniciar com a anamnese, como mostra o quadro a seguir:
atentando-se aos dados gerais do paciente e de seu Quadro 2 – O que deve ser avaliado durante o exame clínico
histórico médico, e buscando-se, cuidadosamente,
todas as alterações sistêmicas.
O que deve ser avaliado durante o exame clínico
Em outras palavras, avalie onde e como o aciden-
Avalie a extensão e a profundidade da le-
te ocorreu, com o intuito de definir a possibilidade Tecidos moles são, pois existe a possibilidade de presença
de contaminação e os locais lesionados. As reações de corpos estranhos.
posteriores ao trauma – como presença de edema,
Busque por trincas, fraturas, exposição
sangramento em demasia e alteração comportamen- Tecido dentário
pulpar e luxações.
tal – devem ser consideradas, assim como a presen-
Mobilidade: avalie o afrouxamento. Se
ça de alguma intervenção anterior no local da lesão.
for de um elemento dentário, maior será
Lembre-se de que a história prévia de traumatismos a probabilidade de rompimento do feixe
dentários deverá ser levada em conta! vascular. A mobilidade em um grupo de
elementos dentários indica fratura alveolar.
Procure saber, também, qual foi o tempo decorrido Tecido de
sustentação Sensibilidade à percussão: verifique a
desde o momento do trauma até o atendimento. Afi- dentária sensibilidade ao toque. Se houver, indica
nal, essa informação influenciará diretamente o pla- lesão ao ligamento periodontal. Nos casos
de travamento dentário no tecido ósseo,
no de tratamento e o prognóstico do caso. possivelmente por luxação lateral ou
intrusiva, o som à percussão evidenciará
Importante: um tom metálico.
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Além das avaliações e dos testes realizados durante que ela possa realmente acontecer. O diagnóstico é
o exame clínico, recomenda-se a realização de exa- um difícil exercício emocional e intelectual que re-
mes complementares. Exames radiográficos são quer tempo e experiência.
fundamentais para definir os procedimentos subse-
A complexidade da situação requer uma abordagem
quentes, porém cabe ao profissional avaliar a dispo-
interdisciplinar, com envolvimento não apenas do
nibilidade de acesso a tais exames. A radiografia de
sujeito agredido, mas também do agressor. Neste
tecidos moles é útil para a investigação da presença
contexto, a agressão física pode ser a oportunidade
de corpos estranhos, como, por exemplo, fragmentos
de identificação deste.
de dentes. Já o uso de radiografia oclusal fornece uma
ótima visualização de luxações laterais, fraturas api- Conforme mostra o quadro a seguir, são sete os indi-
cais e do terço médio e alveolares. No caso do uso de cadores clássicos para o diagnóstico:
radiografia periapical, indica-se a realização de três Quadro 3 – Sete indicadores clássicos de violência contra a criança
Após seguir esses passos, você terá elementos sufi- 2. História do acidente vaga, com ausência de detalhes e variá-
vel durante a repetição.
cientes para a definição do diagnóstico e, consequen-
temente, da conduta clínica e do prognóstico do caso. 3. Relato da causa provável incompatível com a lesão observada.
4.1 Violência contra crianças 4. Alteração de humor dos responsáveis, que se mostram preo-
cupados apenas com seus problemas.
A violência contra crianças é um problema muito
5. Alteração de comportamento dos responsáveis, que muitas
grave e que pode ser detectado pelo cirurgião-den- vezes apresentam-se hostis.
tista durante uma avaliação diagnóstica, ao atender
um evento agudo de trauma dental. Muitas vezes, 6. Criança aparentemente triste e com pouca interação com
seus responsáveis.
a anamnese e o exame clínico podem indicar que
o caso não foi decorrente de um acidente, mas sim 7. História contada pela criança pode ser diferente daquela
de um ato deliberado de agressão contra a criança. contada pelos pais.
Dessa forma, os profissionais de saúde não devem Dentre os tipos de lesões frequentes estão as contu-
excluir esta possibilidade, investigando mais profun- sões. Elas geralmente acometem nádegas e parte in-
damente a situação e, se for o caso, realizando os en- ferior das costas, genitais e parte interna das coxas,
caminhamentos pertinentes. face, lóbulo da orelha, lábio e freio labial superior e
pescoço. Abrasões e lacerações também podem ser
Vale lembrar que estamos tratando aqui do caso de vio- observadas em locais como palato, assoalho de boca
lência contra crianças, mas que as indicações que você e vestíbulo, geralmente causadas por utensílios do-
verá a seguir se aplicam também à parte da população mésticos. Além disso, podem também ser vistas na
idosa, principalmente aquela mais fragilizada. Assim região facial e comumente são causadas por anéis
como no caso de crianças, os idosos dependentes podem
não apresentar condições para verbalizarem os atos de ou pelas unhas do agressor. Raramente esse tipo de
agressão sofridos, e caberá aos profissionais de saúde lesão está restrito à região orofacial. Queimaduras,
perceber o problema e tomar as atitudes necessárias. marcas de mordida, traumatismos dentais, lesões nos
olhos e fraturas ósseas também são observados.
Para ser considerado violento, um ato precisa preen- As lesões resultantes de agressões na região orofa-
cher três requisitos mínimos: (1) fazer uso de força cial podem ser identificadas pelo cirurgião-dentista,
física ou psíquica; (2) ser intencional; e (3) ir contra por ser este, muitas vezes, o primeiro profissional
a livre e espontânea vontade de quem é objeto do a abordar a criança agredida. O papel do cirurgião-
dano. Considera-se vítima de agressão o indivíduo -dentista, efetivamente, é o de reconhecer a possibi-
que é tratado de forma inadequada em uma determi- lidade de agressão, fornecer a assistência odontológi-
nada cultura, num determinado momento. ca adequada, e informar as autoridades responsáveis,
A violência contra crianças tem sido constatada em seguindo os protocolos municipais, quando já insti-
diferentes culturas, e numa mesma cultura em dife- tuídos. Todos os membros da Equipe de Saúde da Fa-
rentes épocas, desde o início da civilização. No Brasil, mília (ESF) devem ser informados e o caso deve ser
é apontada como uma das principais causas de mor- discutido em conjunto, de forma multiprofissional. A
bimortalidade, e envolve principalmente os setores abordagem interdisciplinar, juntamente com o apoio
de saúde, de assistência social e de educação. dos profissionais da assistência social e da psicologia,
se faz necessária. Assim, todos são responsáveis pela
O passo mais importante para o profissional de saúde garantia da integridade da criança e do cuidado fami-
que se depara com uma situação suspeita é acreditar liar, incluindo pais e responsáveis.
TRAUMA DENTAL 12
5. Abordagem inicial e atendimento sequencial
A seguir você conhecerá, primeiramente, a sequência de procedimentos clínicos para o atendimento de le-
sões traumáticas envolvendo dentes naturais, tecidos periodontais e mucosa oral. Em seguida, abordaremos
o atendimento inicial aos casos de fraturas de próteses dentárias. Acompanhe!
5.1 Lesões envolvendo dentes naturais, tecidos apical a ela. Nestes casos, o encaminhamento para
periodontais e mucosa oral terapia endodôntica e posterior tração ortodôntica
produz bons resultados.
A partir de agora, você verá qual deve ser a aborda-
gem inicial nos casos de lesões aos tecidos duros dos
dentes e à polpa, nos casos de lesões aos tecidos pe- Para os casos anteriormente descritos pode-se optar
riodontais, bem como nos casos de lesões na gengiva pela prescrição de medicação analgésica quando da pre-
sença de sintomatologia dolorosa. Nos casos de dores le-
ou na mucosa oral. Além disso, trataremos da abor-
ves a moderadas são indicados os analgésicos não-opio-
dagem inicial quando o quadro for de fratura na den- ides com ação basicamente sobre a dor como dipirona e
tição decídua. Para finalizar, faremos a descrição dos paracetamol.
procedimentos clínicos indicados para as situações A prescrição medicamentosa sugerida esta detalhada no
mencionadas. Acompanhe! Anexo A.
Luxação intrusiva: nos casos de rizogênese incom- 5.1.4 Casos de fraturas na dentição decídua
pleta, realizar acompanhamento até a reerupção da
reerupção dentária, com radiografias periódicas e Fraturas que envolvam somente o esmalte ou o
encaminhamento para tração ortodôntica nos casos esmalte e a dentina sem exposição pulpar: o tra-
de rizogênese completa. Por apresentar risco de rea- tamento indicado nesses casos é plastia de esmalte
bsorção da superfície radicular, há necessidade de 5 (regularização) ou restauração direta em resina com-
anos de acompanhamento. posta. O controle radiográfico está indicado na sexta
semana após o trauma.
Avulsão: nestes casos, se houver uma pessoa que tenha
conhecimento para proceder à primeira intervenção Fratura de esmalte e dentina com exposição pul-
no indivíduo que sofreu a avulsão, ela deverá tentar par: quando a exposição pulpar ocorre, podem ser
reposicionar o dente afetado dentro do alvéolo, desde realizados capeamento pulpar e/ou pulpotomia,
que não haja risco de o paciente aspirá-lo ou engoli-lo. desde que o referido dente não esteja no período de
Nos casos de impossibilidade de reposicionamento no esfoliação. Deve-se realizar acompanhamento perió-
alvéolo, o dente pode ser mantido em leite ou soro fi- dico da evolução do caso.
siológico, podendo ser reimplantado até 6 horas após
o trauma. Caso o dente tenha caído fora da cavidade Fraturas corono-radiculares: o tratamento de elei-
bucal, deve-se apenas lavá-lo com soro fisiológico. Não ção nesses casos é a exodontia.
se deve limpar a superfície dentária com gaze ou qual-
Fraturas radiculares: nos casos de fraturas radi-
quer instrumental cortante. Logo que possível, o pa-
culares segue-se a mesma orientação recomendada
ciente deverá ser encaminhado ao cirurgião-dentista
para os dentes permanentes. Entretanto, se houver
para estabilização do dente e tratamento endodôntico
indicação de exodontia, o fragmento apical não deve-
(curativo com hidróxido de cálcio).
rá ser removido e a contenção poderá ser dispensada.
Nos casos de avulsão dentária deve ser considerada a Concussão e subluxação: a conduta clínica é o
imunização contra o tétano, principalmente quando do acompanhamento do caso com controle clínico após
reimplante dental. A terapia antimicrobiana também o primeiro e o segundo mês, e proservação por 1 ano.
esta indicada.
Veja as diferentes opções para prescrição dos medica- Extrusão: geralmente a exodontia é o tratamento de
mentos sugeridos acessando o Anexo A e Anexo B. escolha nesses casos.
A profilaxia do tétano pode ser vista acessando o Anexo C.
Luxação intrusiva e lateral: realiza-se o acompa-
nhamento do reposicionamento natural do dente
5.1.3 Lesões na gengiva ou na mucosa oral traumatizado. Nos casos de suspeita de envolvimento
com o germe dental permanente, é indicada a extra-
Em todos os casos de lesões na gengiva ou na mucosa ção do dente decíduo. Indica-se controle radiográfico
oral, deve-se proceder à limpeza e à antissepsia da após o primeiro e o segundo mês e acompanhamento
região, à remoção de fragmentos dentários e corpos por um ano.
estranhos, ao reposicionamento dos tecidos e à sutu-
ra, quando necessário.
TRAUMA DENTAL 14
5.1.5.3 Restauração direta em resina
A prescrição medicamentosa segue roteiro semelhante ao
utilizado para traumatismos na dentadura permanente, Quando o fragmento não é encontrado ou não se con-
entretanto a posologia deve sofrer adequação de acordo segue uma boa adaptação ao remanescente dental,
com idade e peso da criança. pode-se optar pela reconstrução do tecido dentário
Você deve acessar o Anexo D para ter detalhes sobre a faltante por meio de restaurações diretas em resina.
prescrição medicamentosa em odontopediatria.
Os passos clínicos são:
1. Seleção de cor da resina.
5.1.5 Descrição dos procedimentos clínicos 2. Isolamento do campo operatório.
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Os motivos mais frequentes para reparo em próteses resina devem ser feitas por palatino/lingual para se
removíveis são acidentais – por quedas ou traumas – preservar ao máximo a borda vestibular. Para man-
mas também podem ocorrer por defeitos na sua con- ter o dente em posição, pode-se utilizar uma guia de
fecção ou por alteração na relação oclusal. Por isso, o cera enquanto ele é fixado com resina acrílica qui-
reparo e a adição de elementos dentais em próte- micamente ativada. Tanto a prótese quanto os den-
ses removíveis, que substituem dentes perdidos ou tes devem ser umedecidos previamente com líqui-
fraturados, são as condutas clínicas a serem adotadas do acrílico. Outra possibilidade que facilita o ajuste
na Atenção Básica. oclusal é, durante a ativação da resina, o paciente co-
locar a prótese e manter oclusão habitual. Aos pou-
Mesmo sabendo que a confecção de próteses dentá-
cos, com o uso de espátula, o cirurgião-dentista vai
rias não é atribuição corrente do cirurgião-dentista
removendo os excessos de resina. Após o completo
que atua na Atenção Básica, os usuários buscam ao
endurecimento da resina, procede-se aos ajustes fi-
menos um primeiro atendimento, uma resposta ain-
nos e ao polimento.
da que provisória, até que se possa, num momento
posterior, realizar o conserto definitivo ou mesmo a Fraturas de pequenas áreas de resina em próteses totais ou
substituição completa da prótese. parciais removíveis
5.2.1 Procedimentos clínicos para confecção dos reparos e Pequenas áreas de fratura da base de resina de pró-
adição de novos elementos em próteses removíveis teses totais ou parciais removíveis podem ocasionar
dificuldade ou impossibilidade do uso da prótese, por
Os procedimentos clínicos indicados para realização causar desconforto, dor, feridas na mucosa ou mes-
dos reparos e adições de novos elementos protéticos mo instabilidade da prótese.
no âmbito da Atenção Básica, segundo a situação que
a prótese removível do paciente apresenta, são: Procedimento: reembasamento direto da região fra-
turada. Apesar de já existirem materiais apropriados
Substituição de um braço de grampo quebrado por um braço – como as resinas condicionadoras de tecido –, em
retentivo confeccionado em fio maleável casos de urgência, e em caráter provisório, pode-se
lançar mão da resina acrílica quimicamente ativada,
Um braço de grampo retentivo quebrado, a despeito que é mais rígida. Alguns inconvenientes dessa téc-
do seu tipo, pode ser substituído por um braço reten- nica são as sensações de ardor e calor intraoral, con-
tivo confeccionado em fio maleável, incluído numa sequências do processo de polimerização da resina,
base de resina. Um fio de aço é utilizado para substi- que pode ser um tanto quanto desagradável para o
tuir o braço de grampo original. paciente. É importante proteger a mucosa do pacien-
Procedimento: quando existe uma base de resina te e os dentes adjacentes, com vaselina. A vantagem
acrílica na prótese, o fio pode ser incluído nesta base é o tempo de polimerização, que é curto.
com resina quimicamente ativada. A parte restante
Reparo de próteses totais superiores ou inferiores em caso de
do braço do grampo original é cortada rente ao seu
fratura na linha média
ponto de origem. Faz-se um furo com broca logo
abaixo do dente artificial, tão próximo quanto pos- A fratura na linha média de próteses totais é um
sível da conexão menor da qual o grampo quebrado evento relativamente comum, que impossibilita o
se originava. Esse furo deve ter angulação para baixo uso da prótese pelo paciente.
até o lado oposto, emergindo aproximadamente até
a porção média da base da resina. A partir desse ori- Procedimento: deve-se limpar os bordos fraturados
fício corta-se uma fenda na base da resina, suficien- da prótese, removendo restos de alimentos ou outros
temente longa para acomodar o comprimento do fio materiais adesivos. Em seguida, una as partes para
maleável para que este tenha retenção adequada. observar o encaixe. Posicione uma haste rígida (feita
com palito ou fio grosso metálico reto) do molar es-
Adição de dentes em próteses querdo ao molar direito e fixe a haste com cera. Tome
cuidado para que a cera não alcance a área a ser con-
Quando um dente se desloca ou sofre fratura próxi- sertada. Forre o interior da prótese com papel alumí-
mo à base da prótese, ainda pode ser possível reapro- nio. O próximo passo é espatular uma quantidade de
veitá-lo. Caso contrário, deve-se optar por um novo gesso comum e posicionar no interior da prótese, na
dente de estoque, o mais semelhante possível aos de- área da linha de fratura, sem deixar áreas retentivas.
mais em relação à forma, ao tamanho e à cor. Após a presa, deve-se separar a prótese do modelo.
Procedimento: os restos do dente fraturado são re- Com uma fresa – de preferência, use o formato cha-
movidos com fresa e, em seguida, é preparado um ma de vela –, abra uma canaleta, eliminando toda a
nicho para receber de volta o dente fraturado ou um linha de fratura e tornando a superfície áspera cerca
novo dente. Principalmente em se tratando de den- de 0,5 cm ao redor da área da canaleta. Adapte a pró-
tes anteriores, quaisquer modificações ou adição de tese ao modelo e prepare uma porção de resina qui-
TRAUMA DENTAL 16
micamente ativada em pote Dappen. Aguarde a eva- sário proceder ao reembasamento direto, com resina
poração superficial do monômero da massa acrílica e acrílica quimicamente ativada.
realize o preenchimento da fratura. Alise a superfície
Seleção do agente cimentante – de acordo com
da resina com monômero, utilizando um pincel. Pro-
Mesquita, Ce e Taddeu Filho (2008), deve-se levar em
ceda aos desgastes e ao polimento final.
conta o grau de retenção e de mobilidade dos den-
tes pilares, o tempo de permanência na boca, a ex-
Para os reparos mencionados anteriormente, serão ne- tensão e o material de confecção da prótese, além da
cessários, no mínimo, os seguintes materiais: micromo- necessidade de ação medicamentosa sobre a polpa.
tor e peça reta, fio de aço inoxidável de 0,7 a 1,0 mm de Com relação aos agentes cimentantes, esses autores
diâmetro, alicate, resina acrílica quimicamente ativada
(pó + líquido), fresa, discos ou borrachas de acabamento, indicam o cimento de fosfato de zinco, por ser mais
gesso comum, pote Dappen, pincéis comuns e espátula resistente à infiltração marginal. Nos casos de neces-
metálica (Lecron). sidade de ação medicamentosa, os cimentos de hi-
dróxido de cálcio podem ser utilizados.
Para os casos em que há necessidade de maior reten-
5.2.2 Procedimentos clínicos para recimentação de próteses ção nos dentes pilares ou maior mobilidade dos mes-
fixas mos, são indicados os cimentos de zinco e eugenol,
uma vez que apresentam efeito sedativo sobre a den-
Na recimentação de próteses fixas, unitárias ou par- tina hipersensível e propriedades antibacterianas. Os
ciais, alguns aspectos devem ser observados: cimentos de ionômero de vidro também podem ser
utilizados quando se deseja um maior tempo de per-
Condição da prótese a ser cimentada – caso a pró-
manência da peça protética.
tese esteja com seus contornos indefinidos e com a
altura de margem gengival inadequada, faz-se neces-
6. RESUMO DO MÓDULO
Caro aluno.
Neste módulo, você aprendeu que os traumas dentários ocorrem em decorrência de quedas, brigas, acidentes
esportivos ou automobilísticos, e de maus tratos. Os indivíduos do gênero masculino e em idade escolar são
os mais acometidos. Medidas coletivas e individuais podem ser utilizadas para a prevenção dos traumas den-
tários. A origem do trauma, os dados gerais e a história médica deverão ser investigados. No exame clínico,
os tecidos moles, os tecidos dentários e de sustentação dentária deverão ser analisados. A conduta clínica
dependerá do tipo de lesão diagnosticada, bem como do intervalo, do tempo de preservação e do prognóstico
do caso. Atenção deve ser dada aos sinais de violência contra crianças.
Além disso, você aprendeu que as fraturas de próteses geralmente são decorrentes de acidentes por queda ou
trauma. Consertos de grampos de retenção de próteses removíveis, recolocação de dentes e reparo de porções
de resina acrílica fraturadas e cimentação de coroas protéticas podem ser realizados com materiais como fio
de aço, resina acrílica, dentes de estoque, cimento de fosfato de zinco ou de ionômero de vidro, mesmo que de
maneira temporária, até que o paciente consiga acessar o tratamento definitivo.
Tenha uma boa avaliação!
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REFERÊNCIAS
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AUTORES
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Universidade Federal de Santa Catarina
EVENTOS AGUDOS
NA ATENÇÃO BÁSICA
Trauma Dental
Anexos
Prescrição de medicamentos em Trauma Dental
Autor: Rubens Rodrigues Filho
Florianópolis
UFSC
TRAUMA DENTAL - ANEXOS
2013 20
ANEXO A
Você acabou de obter informações a respeito de vá- b) Derivados da pirazolona (atividade basica-
rios tipos de lesões envolvendo tecidos duros dos mente analgésica)
dentes e a polpa. Muitas vezes é necessário o uso de
Os derivados da pirazolona apresentam atividade ba-
medicamentos sistêmicos que podem ser basicamen-
sicamente analgésica. Observe a prescrição medica-
te analgésicos, ou seja, com ação restrita a dor; aque-
mentosa para usuários adultos:
les capazes de atuar sobre o processo inflamatório,
Quadro 2 – Especialidade farmacêutica com base em derivados da pirazolona*
onde a dor também está presente, mas você também
pode prescrever associações de analgésicos opioides
com não opioides. Estes últimos indicados principal-
Especialidades farmacêuticas com base em derivados da
mente para os casos de dor intensa, mas que também pirazolona
podem ser usados na dor de intensidade moderada
Dosagem e administração
quando a mesma não responde aos analgésicos não
opioides administrados. Abaixo apresentamos uma Comprimidos de 500mg.
série de opções para a prescrição, você pode escolher Administrar 1 comprimido por via oral a cada 4 horas.
uma delas, todas são indicadas. Lembre sempre que * Todos os medicamentos deste quadro são dipirona. A concentração padrão é de
nenhum dos medicamentos listados soluciona todos 500mg podendo ser ajustada de acordo com a sintomatologia e dose máxima.
os casos, havendo em algumas situações a necessida-
c) Associações de analgésicos
de de trocas ou ajustes de doses.
Aqui temos outra opção terapêutica importante
a) Derivados do paraminofenol ou do acetami- para os casos em que o paracetamol ou a dipirona
nofeno não controlam a dor. A prescrição deve ser feita em
receituário de controle especial (duplo carbonado).
Os derivados do paraminofenol ou do acetaminofe-
Observe agora a prescrição medicamentosa para usu-
no apresentam atividade basicamente analgésica.
ários adultos:
Observe a prescrição medicamentosa para usuários
Quadro 3 – Especialidades farmacêuticas com base em associações de analgésicos
adultos:
Quadro 1 – Especialidade farmacêutica com base em derivados do paraminofenol
ou do acetaminofeno* Especialidades farmacêuticas com base em associações
de analgésicos
Especialidades farmacêuticas com base em derivados do
paraminofenol ou do acetaminofeno
Medicamento Dosagem e administração
Propoxifeno 50mg + Cápsulas de 50mg.
Dosagem e administração Ácido acetilsalicílico Administrar 1 cápsula por via oral
325mg de 4 em 4 horas.
Comprimidos de 500mg ou 750mg.
Administrar por via oral 1 comprimido de 4 em 4 horas ou de 6 Comprimidos de 30mg.
Paracetamol* 750mg +
em 6 horas, respectivamente. Codeína 30mg Administrar 1 comprimido por via
oral a cada 4 horas.
Comprimidos de 50mg.
Codeína* 50mg + Diclo-
fenaco sódico 50mg Administrar 1 comprimido por via
oral de 8 em 8 horas.
* Somente paracetamol e codeína constam na Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais – Rename, do Ministério da Saúde
Drágeas de 50mg.
Benzidamina
Administrar 1 drágea por via oral a cada 6 ou 8 horas.
Comprimidos de 500mg.
Ácido mefenâmico
Administrar 1 comprimido por via oral de 8 em 8 horas.
Comprimidos de 50mg.
Administrar 1 comprimido por via oral de 6 em 6 ou de 8 em 8 horas.
Comprimidos de 20mg.
Piroxicam
Administrar por via oral 1 comprimido ao dia.
Injetável, 20mg/mL.
Administrar 1 vez ao dia por via intramuscular
Comprimidos de 100mg.
Nimesulide
Administrar 1 comprimido por via oral a cada 12 horas.
Comprimidos de 100mg.
Aceclofenaco
Administrar 1 comprimido por via oral a cada 12 horas.
Comprimidos de 90mg.
Arcóxia
Administrar 1 comprimido por via oral a cada 24 horas.
Cápsulas de 200mg.
Fenoprofeno
Administrar 1 cápsula a cada 6 horas.
Comprimidos de 10mg.
Cetorolaco de trometamina
Administrar 1 comprimido por via sublingual a cada 6 ou 8 horas.
* Somente ibuprofeno consta na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – Rename, do Ministério da Saúde.
Quando se trata de lesões aos tecidos periodontais devemos considerar a possibilidade de infecção principal-
mente quando se trata da avulsão seguida do reimplante do dente avulsionado. Além disso, como podemos ter
processo inflamatório relacionado a aquelas lesões, medicamentos com atividade analgésica como dipirona
ou paracetamol, associações de analgésicos ou ainda antiinflamatórios não esteroidais podem ter indicação
terapêutica (veja as indicações presentes no Anexo A). Abaixo você vai encontrar vários opções de antibióticos.
Penicilinas
Constituem-se como a primeira opção diante de infecções odontogênicas. No entanto, você deve ficar atento,
pois existem outras opções que podem ser a solução quando o usuário relata ser alérgico a penicilina.
Quadro 5 – Especialidades farmacêuticas – Penicilinas V
Cápsulas de 500mg.
Adultos: 1 cápsula de 8 em 8 horas.
Metampinicilina
Injetável, 500mg.
Adultos: 1 ampola via intramuscular a cada 8 horas.
Profilaxia Antibiótica
Quadro 11 – Profilaxia da infecção pós operatória
Cápsulas de 300mg.
Adultos: administrar 2 cápsulas (600mg) por via oral 1h antes do procedimento.
Clindamicina
Injetável: 600mg (4mL).
Adultos: administrar 1 ampola por via intramuscular ou intravenosa 30min antes do procedi-
mento.
Comprimidos 1000mg.
Azitromicina
Adultos: administrar, por via oral 2g em dose única 1 hora antes do procedimento.
Obs: Não esqueça que em pacientes alérgicos a penicilina você tem como opção Azitromicina ou Clindamici-
na. Como na avulsão o dente deve ser reposicionado no menor tempo possível, talvez não tenhamos tempo
suficiente para fazer profilaxia antibiótica, assim, os antibióticos acabam sendo prescritos após a realização
do reimplante dentário.
6. Outro ponto que precisa ser discutido é quanto a prevenção do tétano, uma vez que a avulsão normal-
mente é acidental, e o dente pode ser reposicionado com contaminação.
A imunidade permanente é conferida pela vacina Obs. De um intervalo de 60 dias entre as doses ou pelo
com 3 doses e reforço a cada 5 ou 10 anos. Normal- menos 30 dias entre elas.
mente as crianças tomam a vacina (tríplice) ou ape- Reforços: 1 dose a cada 10 anos, exceto em caso de
nas contra difteria e tétano. Se tudo for feito de modo ferimento grave; antecipar o reforço se a última dose
correto é possível que a criança com dente avulsiona- foi há mais de 5 anos.
do esteja imunizada contra o tétano. É possível ainda
combater o tétano pela administração do soro antite- Recomendações para Soroterapia
tânico (SAT) e a himunidade dura 14 dias, em média
1 semana, ainda é possível obter imunidade pelo uso • O soro antitetânico (SAT) é indicado para a pre-
da imunoglobulina humana antitetânica que dura de venção e tratamento do tétano. A indicação de-
duas a quatro semanas, em média 14 dias. pende do tipo e das condições do ferimento, bem
como das informações relativas ao uso do pró-
Recomenda-se o esquema vacinal completo contra prio SAT e do número de doses da vacina contra
o tétano a todas as pessoas ainda não vacinadas ou o tétano recebido anteriormente.
aquelas com esquema incompleto, independente da
idade e sexo. Como o bacilo encontra-se no meio am- • A dose e o volume do SAT dependem do motivo
biente, a exposição acidental ao mesmo através de que justificou sua vacinação. A dose profilática é
um ferimento é universal. Você está vendo que é pos- de 5000 UI (para crianças e adultos) e a dose tera-
sível que o indivíduo com dente avulsionado já esteja pêutica é de 20.000 UI. A administração é intra-
imunizado como já tinha comentado. O esquema de muscular. Este soro pode ser usado em conjunto
vacinas no nosso caso se torna complicado, pois não com a vacina dT.
temos tempo para fazer todas as doses necessárias. • A imunoglobulina humana hiperimune antite-
Assim temos que lanças mão de medidas mais rápi- tânica é indicada para o tratamento de casos de
das para combater o bacilo caso ele se instale na fe- tétano, em substituição ao SAT. Temos frasco
rida. Na sequência veremos a prevenção pelo uso de ampola de 1mL e 2 mL contendo 250 UI. A admi-
vacinas que poderá ser iniciado como indicado. nistração é intramuscular.
Não só a dentição permanente pode ser alvo de traumatismo dental mas também a dentição mista e decídua
podem ser afetadas. Assim, é importante que se tenha conhecimento de como medicar uma criança. Qual a
dose deste ou daquele medicamento; eu corro risco por prescrever. São angustias que o cirurgião dentista
tem quando se depara com uma criança. Normalmente quando a criança tem peso igual ou inferior a 30
Kg recomenda-se que se faça o cálculo da dose baseada no peso corporal. Quando o peso é superior a 30 Kg
recomenda-se a dose preconizada para o adulto. A dose calculada para uma criança não pode ser maior do que
a dose preconizada para o adulto. As mesmas classes de medicamentos usados no trauma dental em adultos
podem ser usadas quando temos uma dentição mista ou decídua, portanto em uma criança. Veja os detalhes
nos quadros abaixo.
Quadro 12 – Especialidade farmacêutica com base em derivados do paraminofenol ou do acetaminofeno
Obs: 1 gota = 25 mg; 20 gotas = 1 mL (após calcular a dose em função do peso faça uma regra de três para calcular quantas gotas ou mL você deve administrar).
- As associações de analgésicos opioides com não opioides não tem indicação para uso em crianças.
Obs. Quando for indicado que o valor calculado é para a dose do dia não esqueça de dividi-lo pelos intervalos de administração.
Profilaxia Antibiótica
Quadro 20 – Profilaxia da infecção pós operatória