Evangelho Sinóticos

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EVANGELHO SINÓTICOS

Ev. De S. Marcos -cap 2- (15/04/21)

Ritual não faz sentido depois de Jesus

Toda vez Marcos mostra um Jesus que “não quer que conte nada a ninguém, é porque Mc
quer chamar atenção dos leitores para algo importante. Essa passagem ajuda a conhecer um
pouco a imagem de Jesus, dessa identidade de Jesus. Convida os Leitores a prestar atenção
neste acontecimento, que não é um acontecimento banal.

No AT quem purifica os leprosos é somente Deus. Neste texto descobrimos a identidade


autêntica de Jesus, um tom de crítica.

O leproso descumpriu a norma de não ir ao sacerdote (Lv) para constatar se está ou não
curado.

*O sacerdote não cura, somente atesta se houve a cura (purificação) ou não.

A partir desse texto, e de todo capítulo segundo, veremos várias questões de polêmicas entre
Jesus e a religião de seu povo.

A imagem de Deus que Jesus apresenta não é uma de um Deus que se afasta, e sim um Deus
que se faz próximo, um Deus que sobretudo ama quem é último. E o leproso é o último a
sociedade da época.

Ato de Jesus dispensar o leproso pode significar que Jesus só basta? Não se pode afirmar, pois
o texto não diz. Marcos só insinua as coisas, e é o leitor que tem que descobrir as coisas.

O texto não diz, mas é de fácil conclusão que o leproso não foi ter com o sacerdote.

Mas o importante para o leproso foi o que conseguiu de Jesus. Jesus deu a cura e não apenas a
purificação. Conseguiu também a cura espiritual.

No capítulo 7 de Marcos tem outra polêmica sobre a regra de pureza.

Jesus ao dizer que o que sai do coração é que torna o homem impuro, torna claro que não
concorda com a lei da pureza. Existe em Marcos a intenção de polemizar com as regras de
pureza.

As regras de purezas são cruéis, pois divide a humanidade em duas categorias, os aptos e os
não aptos, os dignos e os não dignos.

Jesus apresenta um Deus que não é um Deus de merecimento, e a lei da pureza está ligada ao
mérito.

Marcos usa a palavra “purificar-me” e não “curar-me”. Pois o que Jesus fez vai além da cura
física.

“Tinha compaixão e curou”.

A grande divulgação foi a consequência da cura do leproso, motivando a fama de Jesus.


Dando-lhe o título de taumaturgo (quem opera milagres), que não era a forma mais correta de
se perceber a pessoa de Jesus.

No momento da cura só estava Jesus e o leproso.


A intenção do texto é puramente teológica de chamar a atenção para a realidade, para o que
Jesus faz.

Discipulado

Tema muito importante para o evangelista. Um tema que aparece com bastante frequência, e
possui um vocabulário próprio.

Os discípulos são caracterizados como “mateteis” (discípulos), esse termo nunca aparece fora
dos Evangelhos. Fora dos Evangelho os discípulos são chamados de Apóstolos.

A palavra Apóstolos é um pouco mais tardia, o que não significa que não se utiliza a palavra
Apóstolo no Evangelho. Em Mc 6,30 os discípulos são chamados de Apóstolos. Para não
confundir os discípulos de João com os de Jesus, o evangelista utiliza para diferenciar (ver v
29). São pouquíssimas vezes que eles são chamados de discípulos no Ev. De Mc.

No Ev.de Marcos os discípulos são chamados de “Mateteis” ou então os Doze.

Outra palavra que aparece com muita frequência no Ev. De Mc é o verbo seguir. Aparece com
muita frequência. Toda vez que aparece o termo discipulado, temos de modo específico o
termo “seguir”.

Temos a expressão “seguir depois de mim” ou “seguir atrás de mim”.

Essas três palavras são muito constantes em todos os textos quando se fala no tema do
discipulado no Ev. De Marcos.

Com relação aos Doze temos aspectos positivos e negativos (quando fala dos 12).

Os Doze são aqueles que demonstram disponibilidade de seguir Jesus, que acompanham, que
houve os Seus ensinamentos. Jesus quer estar a sós com seus discípulos, talvez para dar uma
melhor explicação do que Ele quer fazer.

Em Marcos também temos aspectos negativos em relação aos doze.

Aspectos negativos dos discípulos em Mc. – Coração endurecidos, parecem não querer
entender o que Jesus diz, possuem planos diferentes dos planos de Jesus, existe uma distância
entre Jesus e os discípulos.

Explicações possíveis para os aspectos negativos- Mc pode ter construído seu discurso, sua
história em cima do “justo sofredor” que é percebido e abandonado por todos, inclusive pelos
seus amigos. Temos diversos textos do AT (Jr, Is, Jó, Sb) que mostram esse justo que sofre e é
abandonado por tudo e por todos, até pelos seus amigos. Marcos tenha se inspirado nestes
textos para compor a sua história (explicação de alguns autores).

Explicação do professor- Não vê como os autores acima.

Ele entende essa imagem positiva e negativa- Marcos apresenta essa imagem ambivalente dos
discípulos devido ao contexto das perseguições das quais muitos não resistiram e acabaram
apostatando. Se considerarmos que Mc foi escrito por volta do ano 68 aproximadamente, logo
após a perseguição de Nero, muitos cristãos sentiam-se pressionados e foram muitos os que
abandonaram o cristianismo. Era um ambiente de perseguição em que ou você renega sua fé,
ou você perde seus bens, na maioria dos casos você perde a sua vida. E é neste contexto de
perseguição e de martírio muitos apostatam.

Marcos pensa sempre no mesmo ambiente, no mesmo cenário quando se trata de discipulado-
AS MARGENS DO LAGO DA GALILEIA- JERUSALÉM

O Ev. De Mc é o mais duro, que apresenta uma proposta de discipulado mais dura de todos os
Ev.

Exemplos *Mc 1,16- O chamado de Marcos- Aqui há um processo, Jesus fará deles pescadores
de homens, observa-se que, apenas o fato de segui-lo não os tornam pescadores de homens.
Pode-se dizer que aqui se inicia uma etapa de formação com Jesus.

Pescar homens é uma imagem bastante interessante, porque no contexto bíblico o mar era
visto como algo negativo, uma força hostil a Deus. arrancar homens do mar significar arrancá-
los da morte. Pescar homens significa arrancá-los do poder da morte e trazê-los para a vida.
Essa imagem em que Jesus promete fazer dos discípulos pescadores de homens, mas é
interessante existe que não existe essa função de pescador na Igreja, existe a função de pastor.
Isso se dá por uma razão óbvia, o encontro do peixe com o pescador não é muito feliz (para o
peixe). A imagem do pescador é utilizada sobretudo para o contexto de missão, ou seja, aquele
que consegue lançar as redes e ajuntar.

O contexto de quem possui função e liderança dentro da igreja, que pressuponha um cuidado,
a imagem do pastor serve muito mais, principalmente para dizer os tipos de relacionamentos
que as lideranças devam ter com as pessoas. A imagem de pescador não foi utilizada para
caracterizar nenhum tipo de liderança na igreja.

No capítulo primeiro, Marcos nos fala da pregação bem genérica de Jesus

*Batismo de Jesus

*Tentação no deserto

*Jesus não fez nenhum milagre

*Aparentemente os discípulos não tiveram nenhum tipo de contato com Jesus, simplesmente
Ele passa por aquele caminho e a resposta é instantânea. Imediatamente, eles deixam as redes
e O SEGUIRAM.

Essa resposta imediata é muito importante.

Deixar as redes significa deixar o meio de subsistência, é sacrificar a sus segurança para estar
com Jesus.

Ainda no capítulo primeiro, um pouco mais adiante, o contexto é o mesmo, no Mar da Galileia.
Mc continua narrando a escolha do discipulado. Aqui temos novamente outra dupla de irmãos
que deixa tudo que tinham para seguir Jesus imediatamente.

Observa-se que Jesus quando chama não promete nada. Qual seria a recompensa dos
discípulos? Em Mc não se fala em vida eterna. A recompensa dos discípulos é estar com Jesus,
se isso não basta para o discípulo, em Marcos, então ele não é discípulo de verdade.

A recompensa para o discípulo é estar junto do Mestre. Jesus não oferece segurança, não dá
absolutamente nada. O que Ele pode dar é a sua convivência, segui-lo, acompanhá-lo.
No capítulo terceira quando Jesus instituiu os Doze (3,13), a característica fundamental dos
discípulos, ESTAR COM ELE (quem é o discípulo? Qual é a primeira função do discípulo?)

Esses textos de discipulado são muito importantes, sobretudo neste contexto do Ev. De Mc.

A comunicação entre Jesus e os Discípulos entre em um mistério teológico, pois os Discípulos


não o conheciam e nem possuíam informação sobre Jesus.

No Ev. de João o chamado para o Discipulado é bem diferente. Jesus é discípulo de João Batista
por um tempo e acompanham Jesus alguns discípulos de João Batista. Aqui João nos dá uma
imagem diferente de Jesus, e talvez essa imagem corresponda um pouco mais a realidade.

Marcos ao colocar no início do Ev esse chamado ao discipulado ele tem uma intenção
teológica. Tem a intenção de mostrar que esse chamado é algo fulminante na vida do
Discípulo. Você tem que estar pronto para dar essa resposta imediata e radical a Jesus.

O Discípulo tem que estar pronto, disponível para o SENHOR.

OBEDECER = ESCUTAR- TER OUVIDOS PRONTOS (LATIM)

= OUVIR - MANTER OS OUVIDOS BAIXOS (GREGO)

OBEDIÊNCIA = PRECISO PRESTAR ATENÇÃO NO QUE O OUTRO DIZ.

*Quem é esse outro? É DEUS.

TODOS NÓS DEVEMOS ESCUTAR E DISCERNIR A VOZ DE DEUS.

OBEDIÊNCIA É A MORTE DA SUA VONTADE, MUITAS VEZES É A MORTE DA SUA INTELIGÊNCIA,


É SAGRIFÍCIO. O QUE NÃO QUER DIZER QUE VOCÊ DEVA SE ANULAR COMPLETAMENTE.

EM NOME DA OBEDIÊNCIA EU DEVO MANIFESTAR A MINHA OBJEÇÕES DE CONFIANÇA. POIS


CORREMOS O PERIGO DO FANATISMO.

OBEDECER É SERVIÇO!

Filho de Deus (13/04/21)


O Filho do Homem está a direta de Deus.

O Filho do Homem perdoa os pecados, coisa não vista no AT.

Mc dá um novo sentido para essa terminologia.

*Ler o texto do Batismo de Jesus.

Batismo de Jesus- O Pai apresenta como Filho, porém apresentando o que ele já é. Constata
uma realidade que nos é apresentado neste momento.

*Heresias- acreditar que Jesus se tornou filho de Deus no momento do Batismo.

*Heresia Adocionista- uma heresia antiga na Igreja, que falava de Jesus como filho adotado por
Deus no momento do Batismo.

*Jesus não se torna, pois já é, ao contrário de nós que nos tornamos filhos de Deus depois do
Batismo.

*FILHO DE DEUS* Um título importantíssimo para Mc, de modo particular, pois parece ser o
que mais consegue definir a essência de Jesus em seu Evangelho.

No Evangelho de Mc há outros títulos aplicados a Jesus, como por exemplo MESSIAS

O título Messias também recebe bastante destaque dentro do Evangelho de Mc

MESSIAS = CRISTO

MESSIAS = HEBRAICO =UNGIDO

MESSIAS = GREGO = UNGIDO

A palavra Cristo só tem significado no contexto judaico. No contexto pagão não tem
significado.

Observando os Livros do AT percebe-se que se tem um tipo padrão de Messias.

Ex. “Jesus vem satisfazer todas as expectativas messiânicas de Seu Povo”. – É como se Jesus
tivesse que se encaixar no conceito de Messias, o que não possui respaldo na realidade porque
os textos do AT que falam sobre o Messias, em primeiro lugar, são de gêneros bastante
diferentes.

Imagem do Messias no AT – temos de modo particular três imagens difundidas-

 PROVENIENTE DE LINHAGEM SACERDOTAL – imagem bastante difundida- Deus haveria


de estabelecer a linhagem sacerdotal, incorruptível, no qual a Salvação viria através da
renovação do Culto.
 PROFÉTICA – DT 18,15 (texto mais importante) Deus promete a Moisés que haveria um
Profeta semelhante a ele a frente do Povo de Israel.
 DAVÍDICO – Messias Rei. Baseado na profecia de Natan (2Sm 7,15).

IMAGENS MESSIÂNICAS EVIDENTE NO AT= SACERDOTE – PROFETA – REI


Dentre as três imagens se destaca a figura da descendência davídica.
Esse título, Messias, para Mc é tão importante a ponto de utilizá-lo em momentos chaves do
seu Evangelho.
Já no Prólogo temos a primeira afirmação Cristo Filho de Deus, que serve de chave de leitura.
Os dois títulos apresentado por Mc em 1,1 reaparecerá em alguns momentos.
*Mc 8,27 – Cristo- nos lábios de Pedro
*Mc 8,15 – Filho de Deus
Esses dois títulos, Cristo e Filho de Deus, Mc propositalmente coloca como palavras chaves
para identificar Jesus.
*Na primeira metade do Evangelho – Jesus é Cristo
* Na segunda metade do evangelho – Jesus é o Filho de Deus
Portanto existe uma esquematização do Ev. neste sentido.

Muitas vezes o conceito que que temos de Cristo, pensamos no Salvador Escatológico, que
vem redimir os pecados. Mas a imagem de Cristo que veneramos não se assemelha a essa
imagem que conhecemos. Esse tipo de Messias não existe no AT.
Se observarmos o AT não encontraremos nenhuma imagem de um Messias que realizasse
milagres, ou a remissão dos pecados. Talvez um Messias profeta que repetisse os mesmos
sinais de Moisés.
Messias, Filho de Deus, seria um personagem humano, que haveria de desempenhar um papel
neste terreno (papel de liderança, de conduzir o Povo as pessoas para a Vontade de Deus, para
a liberdade, libertação de seus inimigos).
Na literatura intertestamentária (literatura extrabíblica) também vamos encontrar um cenário
variado. Têm vários grupos com expectativas messiânicas bastante diferente.
Exemplo- Qunram * Nos textos de Qunram encontramos textos com expectativas de mais de
um Messias. Um Messias de Aarão- sacerdote e outro de Davi- Rei.
Os Sl de Salomão (17 - escritos apócrifos), textos do séc I a.C, fala da expectativa de um
Messias dravídico, que não seria um guerreiro, seria um santo que interpretaria de maneira
autêntica a Lei de Deus, traria a paz com as palavras em seus lábios. O Messias que
encontramos em Mc possui um perfil bastante diferente diferente do Messias que esse grupo
esperava.

#OS JUDEUS NÃO ACEITARAM JESUS PORQUE ELE NÃO SE ENCAIXA EM NENHUMA
ESPECTATIVA MESSIÂNICA JUDAICA.#

Quando Mc aplica e emprega para Jesus o título de Cristo, não estava pensando em nenhum
tipo específico de Messias que iremos encontrar no AT ou em nenhum outro texto judaico.
Mc ressignifica o conceito de Messias. Ele pega um conceito que já existia e de certa forma
aplica novos conteúdos a esse conceito de Cristo.
RECORDANDO- HAVIA VÁRIOS GRUPOS DE JUDEUS, CADA UM ESPERA UM MESSIAS COM
UMA DETERMINADA CARACTERISTICA, E AINDA TINHA OUTRO GRUPO QUE NÃO ESPERAVA
MESSIAS NENHUM.
A CRENÇA OU A NECESSIDADE DE UM MESSIAS NÃO ERA UNIVERSALMENTE ACEITA NO
JUDAISMO NO SEC. I.

Devemos olhar com maturidade para entendermos o conceito de Mc em relação ao Messias


ANÁLISE DO CAPÍTULO 6 DO EVANGELHO DE Mc
 É um bloco chamado “sessão dos pães” – nos cap 6 e 8 a palavra pão aparecerá 18x
no Ev. de Mc.
 Antes apareceu 2x em Mc 3 e depois do cap. 8, só aparecerá NA Última Ceia uma única
vez.
 A palavra pão aparece com frequência.
 Mc quer trabalhar nesses dois capítulos o tema da identidade de Jesus. – Quem é ele?
Pergunta de fundo.
 V.14- esse não é o Herodes da Paixão de Cristo e sim o Herodes Grande.
 A fama de Jesus já está se espalhando, e o povo e as autoridades têm curiosidade de
saber quem é Jesus.
 No versículo 14 associa a Pessoa de Jesus a três figuras – Ele é Elias, João Batista.
 V. 16 – para Herodes, o Grande, Jesus era João Batista. Tinha uma opinião formada
mesmo nunca tendo conhecido Jesus. (um grande perigo - superficialidade daquele
que quer conhecer Jesus.)
 As opiniões sobre a identidade de Jesus são bastante diversas.
 Jesus de Mc é completamente diferente das figuras do passado.
 É a partir desse capítulo que a questão da identidade de Jesus começa a ser
trabalhada.
 Mc esquematiza essa sessão dos pães em duas sequências idênticas de
acontecimentos.
 Temos a partir do v.30 um episódio de multiplicação de pães. (30-44)
 V. 45-52 – Jesus sobre as águas.
 V.53- curas diversas.

MULTIPLICAÇÃ ------ 1° EPISÓDIO SOBRE AS ÁGUAS -------- CURAS

A mesma sequência encontramos no capítulo 8.


 Segunda multiplicação – v. 10 – sobe em um barco / o diálogo entre os Discípulos
acontece sobre as águas.
 V.22- cura de um cego. – mesmo esquema, não é um acaso.
 A esquematização deste bloco feito por Mc tem uma intenção teológica.
 A multiplicação dos pães que começou no cap. 6.
 Entendemos o que Jesus faz a partir do envio dos 12.
 V.8 envio
O tempo precisa passar, então Mc introduz o relato da Morte do João Batista para dar tempo
dos discípulos irem anunciar Jesus e realizarem a Missão.
Aqui é a primeira e única vez que o verbo “ensinar” vem como sujeito não aplicado a Jesus,
mas aos discípulos. Pois para Mc o único que ensina é Jesus.
Por ordem de Jesus, os Discípulos não ensinavam, eles pregavam. Daí vem a palavra
“Querigma”.
(6,7 – Missão dos Doze)
No v.40 os Apóstolos diziam que ensinavam
Jesus percebe a agitação dos Seus Discípulos no v.31, por isso teve a intenção de se afastar das
multidões, mas o povo sabia para onde eles estavam indo e chegaram antes.
A intensão de se afastar fracassou.
O verbo compadecer aparece 4x no Evangelho de Mc.
 Na parábola do leproso. – 1,40
 Na primeira multiplicação de pães – 6,30
 Na segunda multiplicação de pães - 8
 Na passagem do epiléptico – 9,14
O resultado da compaixão de Jesus é o ensinamento (nestes versículos)
Imagem do pastor que se compadece das ovelhas perdidas. Um pastor que ensina.
Observa-se que não tem nenhuma imagem de um pastor que instrui no AT
*MARCOS NÃO FALA DO CONTEÚDO DA PREGAÇÃO DE JESUS*
*PARA Mc É IMPORTANTE ESSA CARACTERIZAÇÃO DE JESUS QUANTO MESTRE, NÃO
IMPORTANTA O CONTEÚDO DA PREGAÇÃO.
A princípio parece ser insensível a fome das pessoas, mas Jesus envia os Discípulos para cuidar
dessa questão. (Dai-lhes...)
Existe uma distância entre o que Jesus ordenava e o que Jesus disse para eles fazerem. (eles
tinham dinheiro e Jesus disse para eles não levarem nada), OS Apóstolos não foram tão fiéis
assim.
Em Jo 6,7 quando João narra esse mesmo episódio da segunda multiplicação, há uma hipótese
que não se tem dinheiro para comprar os pães.
*Pode-se observar que mesmo acompanhando Jesus os Discípulos não estão convencidos do
que o Mestre diz.

INTERPRETAÇÃO DA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES


 INTERPRETAÇÃO EUCARÍSTICA- Temos uma série de verbos que reaparece na Ultima
Ceia, faltando somente as palavras da instituição da Eucaristia para afirmarmos que se
trata de uma alusão da Instituição da Eucaristia. “Tomou o pão...”
 INTERPRETAÇÃO RACIONAL (Século XVII d.C) – Partilha. O oposto, tenta esvaziar tudo
o sobrenatural.
Do modo como é narrado, nada leva a crer que seja uma partilha.
 Baseado na semelhança de vocábulos, alguns autores propuseram a interpretação
Eucarística, mas a fato de Jesus usar esses verbos (da Instituição Eucarística) não
necessariamente quer dizer que se trate de uma celebração Eucarística, ou de uma
alusão a Eucaristia.
 Existe uma passagem depois de uma passagem nos At (27,35) depois da fatídica
viagem de Paulo para Roma em que ele naufraga, fiando à deriva e Paulo motiva a
tripulação, pedindo que confiasse em Deus. Paulo utiliza praticamente os mesmos
verbos que Jesus utilizou na Instituição Eucarística e na multiplicação dos pães. E não
necessariamente Paulo está celebrando uma Eucaristia.
 O fato de dar Graça é o que se espera de um judeu piedoso. Todo Judeu piedoso reza
antes de comer, e Jesus como todo bom judeu reza antes de comer. Existe fórmulas
fixas para isso.
 Então Mc, não necessariamente está dando uma interpretação eucarística para esse
episódio.
 João dá uma interpretação Eucarísticas para a multiplicação dos pães (6), a prova disso
é que após discurso a multiplicação dos pães, tem o famoso discurso do Pão da Vida.
Aqui temos uma interpretação Sacramental.
 Não necessariamente quer dizer que Mc queria dar uma interpretação Eucarística Não
quer dizer que a Igreja não tenha feito uma interpretação Eucarística.
 A Igreja sim fez uma interpretação Eucarística, e a prova disso encontramos na liturgia
do Canon Romano (Oração Eucarística I) uma alusão que Jesus tomou o pão, olhou
para o Céu e deu Graças ...
 Essa atitude de olhar para o céu e dar Graça não vamos encontrar na Instituição da
Eucaristia. Só encontramos na multiplicação dos pães.
 A Igreja primitiva desde muito cedo começa a fazer essa interpretação Eucarísticas.
 Não que Mc não tenha tido a intenção de fazer alusão a Inst. Da Eucaristia.
 A intenção do Mc não é falar do sacramento. Ele não tem a preocupação sacramental
que João tem.
 A intenção de Mc é falar da identidade de Jesus. “Quem é ele?”
 Depois da multiplicação dos pães, temos o episódio que Jesus caminha sobre as águas
de novo. Aqui temos algo interessante.
 Mc 6,45- Jesus forçou os Discípulos a embarcar. (????)
 Parece que o texto de Mc termina mal resolvido, parece que está faltando algo.
 Mc nos dá pista, só conseguimos entender no Ev. de João, o que Mc quer os dizer,
porém não diz.
 No Ev. Jo -6,15- Final das multiplicação dos pães. Aqui temos uma informação que nos
ajuda a entender, talvez, o texto de Mc. Talvez Mc esteja insinuando uma espécie de
revolta no deserto.
 A explicação a partilha dificulta mais que ajuda. Existe uma coisa mal resolvida no
texto que o evangelista não diz. Mas as respostas fáceis não nos ajudam a perceber a
complexidade do Ev. de Mc.
 Existe questões que precisam ser bem pensadas por nós.
 V.45- Estranho o ato de Jesus querer passar diante dos Discípulos que estavam
apreensivos com a situação em que se encontravam.
 Se observarmos o texto de maneira literal, diríamos que Jesus é um péssimo amigo. E
é por isso que devemos olhar o texto com olhar de teólogo.
 “PASSAR ADIANTE DE”- quais são Passagens que o evangelista está evocando ao falar
disso?
 Temos passagens do AT que Deus passa adiante de certas personagens.
 Passagens com as famosas teofanias e que Deus passa a diante de Moisés, no qual ele
vê as costas de Deus. Pois quem vê a Face de Deus tem que morrer. Quem vê a Deus
não pode ficar impuro.
 Elias vê Deus passar na brisa suave, aqui temos relato de teofania.
 Temos diversos no Ev. de Mc relatos de cristofonia. Não é uma exibição do poder de
Jesus.
 Caminhar sobre as águas é algo divino. O homem não tem poder de impor limites as
águas, somente Deus tem esse poder.
 Mc nos dá elementos para descobrirmos essa identidade, essa personalidade de Jesus.
– 6,14 – “Quem é Ele?”

Segunda séries de sinais que Jesus realiza.


 1° - segunda multiplicação de pães. Mc 8 – Há uma necessidade real que Jesus
multiplique os pães.
 Mc 8,14 – Fermento dos fariseus e de Herodes, o Grande.
 Fermento de Herodes- superficialidade
 Fermento dos fariseus – indisposição para crer. Dureza da alma, do coração.
 Os discípulos não entenderam e o leitor menos ainda. Isso é uma estratégia do
evangelista para envolver o leitor. Se o texto não dá a resposta você precisa dar a
resposta na sua mente. Meio de te ganhar enquanto leitor.
 Qual é a resposta que será dada a partir de todas as leituras? V.8,27
 Os discípulos começam a conversar com Jesus, e Ele os pergunta – “Quem dizem eles
que Eu Sou?
 Agora Jesus é quem quer saber. Qual é o resultado da Missão (6)?
 Os Discípulos responderam – João Batista, Elias, alguns dos Profetas. Respostas
erradas, as mesmas do cap 6. Temos aqui uma espécie de moldura. A identidade de
Jesus que foi lançada no cap. 6 começa a ter uma resposta.
 Primeiro uma resposta parcial e insuficiente, sempre personagens do passado, porém
nenhum desses personagens consegue fazer jus a pessoa de Jesus.
 Ninguém deu uma resposta correta sobre Jesus. Talvez porque não pregaram direito a
respeito de Jesus.
 Mc poupa a imagem dos Discípulos, mesmo sendo duros os diálogos entre eles e Jesus,
para que assim o leitor se identifique com ele. Apesar de toda dureza de coração, e
talvez até por isso, somos convidados a nos identificar com o Discípulos.
 Agora Jesus quer saber dos discípulos e Pedro responde – Tu és o CRISTO.
 Profissão de fé de Pedro –
 Lemos Mc com olhar de Mt- Pois em Mt 16, Jesus elogia Pedro.
 O texto de Mc não traz esse elogio, esse elogio pertence a Mt, e não podemos traze-lo
para o ev. de Mc. Em Mc depois da profissão de fé de Pedro Jesus o proíbe
severamente de falar a alguém a seu respeito.
 Jesus proíbe
 O problema está no artigo e não no Cristo. “O Cristo.” Isso significa que Pedro tem um
tipo de Cristo muito específico diante dos olhos. E Pedro associa Jesus a essa imagem
de Cristo. Jesus é Cristo , mas não é o Cristo que Pedro esperava, e por isso ele proíbe
de falar alguém a seu respeito. Para que não fale algo errado, distorcido.
 A partir de agora o ministério de Cristo sofrerá uma guinada.
 Até o cap. 8 Jesus realiza inúmeros milagres. Depois do cap. 8 os milagres acontecem,
porém são muito mais raros no Ev de Mc.
 Jesus começa a falar mais. Fala de coisas que jamais tinha dito.
 No v.31 começou a ensinar logo depois de proibir de falar.
 Jesus é o Cristo do v.31, cujo força é a da entrega, do amor , da doação da própria vida.
 Falou pois os Discípulos não estavam entendendo que tipo de Cristo ele é.
 V.32 Pedro repreende Jesus, utilizando o mesmo verbo que é utilizado para exorcizar.
Como se quisesse exorcizar Jesus.
 Pedro não aceita esse tipo de Cristo, que irá sofrer, rejeitado e que irá morrer. Pedro
quer ensinar Jesus a ser o Cristo ideal. Pedro repreende Jesus.
 Aqui Jesus repreende Pedro – Afasta-te de mim satanás...
 Jesus manda Pedro para trás. Significa que Pedro é Discípulo e não deveria estar na
frente me ensinando. “Caminhe atrás de mim Pedro”.
 V34 e V35 tem a mesma expressão. “Vir pós mim”.
 Tomar a cruz é diferente de ser crucificado. Jesus não está mandando ninguém
morrer.
 Satãn = aquele que tenta colocar impedimentos para que a vontade de Deus aconteça.
Adversário de Deus.
 Segundo o evangelista Mc falta conhecimento dos Discípulos sobre Jesus, pois só se
dará na cruz.
 Antes desse momento não tem como os Discípulos saberem que Jesus é.
 Eles precisam passar pela experiência dolorosa da cruz, a qual eles irão fracassar
novamente. Pois todos fugiram, uma vez que não entenderam quem era Jesus, caso
contrário teriam ficado no momento da cruz.
 A crus é o passo derradeiro para o conhecimento de Cristo.
 No tempo de Jesus o que caracterizava o Judaísmo era a diversidade, a pluralidade.
Com expectativas diversas sobre a pessoa do Messias e com credos distintos. Essa
diversidade era cultural.
 Herodes, o Grande, professa a fé judaica, se diz judeu, mas é desprezado pelos judeus.
Acreditava na ressurreição, vertente farisaica.
 A única riqueza que os Discípulos levam é a riqueza do Evangelho.
 TOMAR A CRUZ E SIGA= o condenado a morte de cruz é que deveria levar o seu
instrumento de morte até o local para ser executado. Então ele carregava desde o
local que foi decretado a sentença até o local da execução. Ele passaria pelas ruas
mais movimentadas da cidade para servir de exemplo para as outras pessoas, e todos
os que se encontravam com o condenado a morte nesta circunstância tinham o dever
religioso de insulta-lo. Agredido, escarrado, eram um deve religioso. Ela um caminho
de completa solidão. O condenado perdia toda sua dignidade como pessoa.
“SE ESTÁ DISPOSTO VIR APÓS MIM E QUER POUPAR SUA VIDA DE ALGUMA FORMA,
NÃO CONSEGUIRÁ. SE NÃO ESTÁ DISPOSTO A PERDER SUA VIDA, SUA FAMA POR
CAUSA DO EVANGELHO, VOCÊ COLOCARÁ OUTRAS COISAS NA FRENTE.”
Se colocarmos qualquer coisa na frente do evangelho, no momento da prova, a pessoa
preservará isso ao invés do Evangelho.
O condenado perdeu tudo, mas está agarrado na cruz.
A vida do cristão é isso, só incertezas, mas enquanto estamos agarrados ao pedaço de
madeira, a Cruz de Cristo, não afundaremos no oceano de incertezas que cerca a nossa
existência.
A recompensa do discípulo é estar junto ao Seu Senhor, é o que dá sentido a existência
dele.


EV. SINÓTICOS (08/04/21)

Ao observarmos o Termo “O Filho do Homem” no AT surge uma tradição ao redor desse


termo. Antes de tudo precisamos entender quem é esse Filho do Homem na cabeças de
Daniel, ou seja, quando Daniel fala sobre o filho do homem ele está pensando em quem? No
Messias, em Jesus? É evidente que não. Pois o próprio texto de Dn nos diz quem é esse Filho
do Homem.

Em Dn 7,27 encontramos a resposta sobre a identidade do Filho do Homem. Quem recebe


esse poder de subjugar as nações e os povos? É o reino e o império e as grandezas dos reinos
sobre todos os Céus serão entregues ao Povo dos Santos do Altíssimo. Seu Império é Império
Eterno. Ou seja, quem governará sobre todas as Nações será o povo dos Santos do Altíssimo.

Na cabeça de Dn o Filho do Homem não é um indivíduo, é uma imagem do povo de Israel,


trata-se de uma imagem coletiva (este Filho do Homem que possui o poder de governar).

A primeira coisa que precisamos distinguir é aquilo que Dn tinha e mente, ou seja, ele não
pensa em um Messias, nem em um indivíduo, Dn pensa numa coletividade. Para expressar
essa coletividade Dn usa essa imagem do Filho do Homem. Mas, ele mesmo traduz essa
imagem para nós.

A partir de Dn (gênero apocalíptico) essa tradição a respeito do Filho do Homem vai se iniciar e
se desenvolver. Teremos outros Livros e outros escritores que vão atribuir diferente
significados a essa imagem ao filho do Homem. Temos como exemplo o texto apócrifo Judaico,
Henoque. Neste livro o Filho do Homem é um ser celeste, que recebe o poder de julgar as
Nações. Passa de uma coletividade para um indivíduo pré-existente, que recebe o poder de
julgar as Nações. É lógico que na cabeça do escritor de Henoque não se trará de uma
divindade, é um ser celeste, um ser intermediário que age me nome de Deus.

Quando Jesus ou os evangelistas usam o título Filho do Homem, não foi inventado. Havia uma
tradição anterior, que era bastante comum no tempo de Jesus. Era um tipo de espiritualidade,
inclusive que influenciava o próprio Jesus, que era comum ao Seu Povo.

IMAGEM DO FILHO DO HOMEM APLICADA A JESUS NO EV. DE MC

Esse título de “Filho de Homem irá aparecer em três contextos diferentes.

1° - no contexto da Paixão, Morte e Ressureição de Jesus.

Mc 8.9.10- Anúncios da Paixão de Jesus. – Jesus por três vezes chama os seus Discípulos e diz o
que Lhe acontecerá quando chegar em Jerusalém. “O FILHO DO HOMEM SERÁ ENTREGUE...”

Neste contexto Jesus aplica a Si a expressão quase indicando um Eu, porém mais profundo.

Jesus caminha consciente para Sua Paixão. Neste contexto da Paixão a expressão Filho do
Homem é algo recorrente.
2° - É o significado dado bastante semelhante àquele Profeta Ezequiel (equivale a um EU) -
Essa expressão aparece apenas nos lábios de Jesus. Não temos nenhum Apóstolo ou
personagem que chama Jesus de Filho do Homem, ele que aplica a si essa designação. Mas não
é apenas como um “Eu” de Ezequiel, pois o Eu de Jesus, que tem um poder que a nenhum
homem foi dado (perdoar pecados), é mais profundo do que simplesmente EU, se assemelha a
Ezequiel, mas é mais do que somente eu de Ezequiel.

3° - semelhante ao uso de Dn e Henoque, um Filho do Homem Glorioso e escatológico-

Mc 13 – Discurso escatológico de Jesus

Mc 14- Julgamento de Jesus

Temos três contexto em que a expressão aparece - Paixão e esse contexto


Escatológico/apocalíptico.

Há uma enorme riqueza por de trás da expressão Filho do Homem

Ler Mc 2 (Primeira ocorrência dessa expressão no Ev de Mc)

*capítulo bastante polêmico

*tema do perdão dos pecados

*Jesus come com os pecadores

*observância do sábado

*embates entre Jesus e as autoridades do Seu tempo

*embate teológico, com aparição de alguns adversários

No cap Primeiro Mc já nos mostra algumas curas de Jesus

*menção a casa em que Jesus está (Pedro?), no Evangelho de Mc possui mais um valor
teológico do que geográfico.

*alguns autores levantam possibilidades para a casa- poderia ser a Sinagoga, mas não é está a
questão, pois quando Jesus vai à Sinagoga Ele entra e sai, não é algo fixo. Por isso que outros
teólogos dizem ser como no AT, a casa de Israel, ou seja, o Povo a Nação de Jesus.

Ao compreendermos desse modo, teológico e não geográfico, podemos fazer uma leitura
bastante interessante. Pois nesta casa os escribas podem sentar-se por ter autoridade de
ensino. Os escribas possuem prestígio na casa de Israel, e as pessoas gostam do que eles
falam.

Mc 2,3 – O paralítico e os quatros homens são personagens anônimos-

Não há em todo o AT relatos sobre cura de paralíticos. Nem em orações rabínicas.

Apesar desses cincos personagens não serem identificado por Mc, eles possuem um enorme
valor teológico.

Em geral o número 4 na SE indica os pontos cardeais, que denota a humanidade como um


todo. Se fizermos essa leitura em chave teológica, esses quatro representariam a humanidade
com sede de se encontrar com Jesus. Para onde a humanidade deve se dirigir para se
encontrar com Jesus? Para casa de Israel. Pois Jesus nasceu Judeu e é ali que se deve buscar
Jesus, que está dentro de casa.

Porém as pessoas não conseguem se aproximar de Jesus com facilidade, as portas estão
bloqueadas.

Esse texto pode refletir a dificuldade dos pagãos de se encontrarem com Jesus.

Israel quer monopolizar Jesus.

Na Igreja primitiva houve muitos conflitos para admitir os pagãos nas antigas comunidades,
que eram formadas por judeus que aceitavam Jesus como Messias.

Cornélio- primeiro pagão a entrar na Igreja Primitiva.

Mc fala de buraco no teto, Lc fala de telhas. Qual é a importância disso? Lc quando escreve seu
Evangelho descreve uma casa segundo modelo greco-romano, e Mc segundo o modelo
palestino.

Casa palestina- telhado coberto de madeiras entrelaçadas cobertos de terra ou algo parecido
(espécie de laje)

Casa greco-romanas- telhado de telha

Tanto os quatros quanto os paralíticos são um símbolo único

Ao descer o paralítico pelo teto, Jesus perdoa seus pecados-

Paralítico é uma figura muito passiva- não diz uma palavra, é descido pelo buraco,
simplesmente é levado, sofre ações. Jesus vê a fé dos quatros homens, a atitude dos quatros
homens é que é louvada por Jesus - Simbolismo único- eles representam a humanidade, o
desejo de buscar Jesus.

O paralítico também representa a humanidade, na sua incapacidade de se valer com suas


próprias forças. Sem a ajuda de Deus a humanidade está completamente fadada a viver nos
seus pecados.

O paralítico e os quatros representam a humanidade, que busca e que depende.

Para Mc a é não é um elemento interno, intelectual, é a resposta a Deus. Neste caso a atitude
fala mais que qualquer coisa. E os quatros e o paralítico estão respondendo com sua ação a
proposta de Deus, a pregação de Jesus. Isso é fé tanto para Jesus quanto para o Evangelista.

A partir de Mc 6 começa um embate teológico

Escribas = teólogos

Jesus ao perdoar os pecados dos paralíticos levanta uma questão doutrinária.

Para os escribas somente Deus pode perdoar pecados, segundo a Leis Jesus blasfemou.

A doutrina do pecado no Judaísmo na época de Jesus era entendida de maneira diferente para
cada grupo.

*Saduceus/ Fariseus- sacrifício


*Qunram (tinham rompido com o Templo) – não acreditavam neste sacrifício, possuíam outras
formas de se livrarem dos peados.

*a quem acreditava que o estudo também era uma forma de se livrar dos pecados

*outro grupo achava que suportar uma contrariedade unido a Deus (morte de um filho)

* cada grupo tinha uma concepção própria a respeito do pecado, porém certeza absoluta do
perdão ninguém tinha.

O judaísmo acreditava que somente os pecados cometidos inadvertidamente (sem querer)


poderiam ser perdoados. Os voluntários não tinham perdão. Somente Deus.

Mas Jesus afirma que os pecados estão perdoados.

Jesus está declarando que Deus perdoa os pecados, ou ele mesmo está perdoando os
pecados? Deus perdoou os pecados porque Jesus declara. Não entendo ou nesta questão essa
objeção é colocada, eles levantam essa objeção. acusam Jesus de blasfêmia. No capítulo
segundo de Marcos Jesus também acusado de blasfêmia, e a pena para os blasfemadores era o
apedrejamento. Já se tem uma sentença de morte para Jesus (lavrada).

V.8 – Jesus conhece o coração humano- Eles não acusam Jesus, mas Ele sabe a intenção de
todos.

Para que saibais que o Filho do Homem... – Temos a primeira vez que a expressão Filho do
Homem aparece no Ev. de Mc.

Aqui temos uma estrutura sacramental, ou seja, são atitudes confirmadas pelos atos, e esses
atos confirmam. As palavras confirmam os atos e os atos confirmam as palavras.

Jesus não coloca apenas o paralítico de pé, Ele coloca para mostrar que possui autoridade para
perdoar pecados.

No evangelho de Marcos, isso vale para todos os milagres de Jesus no evangelho de Marcos,
Jesus não faz milagres para se exibir, e sim pra ensinar. Ensina quando fala e quando faz, é
uma forma de pregação. Logo, quando nós consideramos este texto e vemos que o Filho do
Homem tem autoridade de perdoar pecados e que é de facto um atributo divino os perdões
dos pecados.

Não se trata simplesmente de um erro, que homem poderia dizer isso “seus pecados estão
perdoados” de maneira enfática categórica, nem o Sumo-sacerdote poderia dizer isso.

O evangelista nos apresenta esse significado mais profundo da expressão do Filho do Homem
que nós vamos encontrar na literatura judaica do AT e extrabíblica.

A conclusão do texto está no v12 “carregando o leito” e não mais o “seu leito”

Leito – lugar do sofrimento, da doença do paralítico.

Glorificaram a Deus – primeiro criticam por fazer milagre, depois que o milagre acontece, os
escribas glorificam a Deus, não a Jesus. Pois sabem que Deus age em Jesus. Não há rivalidade,
Jesus não ofusca o lugar de Deus, Jesus age em nome do Pai, é agente de Deus.

Jesus ensina quem Ele é. Esse é todo ensinamento de Jesus, quem é Deus e qual o plano de
Deus para a humanidade.
Reino de Deus, Reino de paz, amor e justiça. Esse reino que Deus quer para o Homem. Deus
não é adversário do ser humano. Ele quer o nosso bem. Essa é a grande mensagem de Jesus.

A grande cura neste capítulo é o perdão dos milagres. Essa é a função do milagre. Essa a
grande libertação que Jesus trouxe.

O milagre é uma ocasião para Ele ensinar.

Jesus é quem traz a Salvação, a cura, o perdão.

Não há em nenhum texto do AT um Messias milagreiro, nenhuma figura messiânica com


capacidade taumatúrgica. O mais comum era um Messias com características políticas.

A imagem de Deus como Salvador da humanidade é a mais correta de todos.

Sem a graça de Deus a humanidade se reduz a pobreza a paralisia, a indigência.

O evangelista NÃO é jornalista. Não quer simplesmente narrar um fato, uma história. Ele que a
partir deste acontecimento consiga perceber a teologia que está por trás do texto. Ele nos dá
uma interpretação de quem é Jesus para ele.

O primeiro título que Mc utiliza para Jesus em seu Evangelho é FILHO DO HOMEM, o segundo
é o FILHO DE DEUS, que também não foi inventado pelo evangelista.

A expressão filho de Deus também aparece no AT, mas com significados completamente
distintos.

No AT essa expressão filho de Deus se refere ao próprio Israel, ou seja, Israel é comparado a
um filho. Assim como um pai tem compaixão e cuida de seu filho, demonstrando carinho, um
desvelo em relação a seu filho, da mesma forma Deus trata Israel (uma metáfora).

O rei também tinha uma relação filial com Deus.

Sl de coroação quando o rei era entronado “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei...”

Este Sl e o título de Filho de Deus era completamente diferente as concepções médio-


orientais, no qual os reis eram vistos como seres divinos (ex. Egito)

É como se o rei após ser coroado passasse a receber de Deus essa relação de predileção.

Aqui o termo FILHO DE DEUS também deve ser entendido como uma metáfora, ou seja, o rei
tem com Deus uma relação especial, partícula e privilegiada, mas não é filho no sentido
próprio do termo.

A expressão FILHO DE DEUS também é aplicada aos anjos (Metáfora)

Mas também em sentido amplo, não são filhos, gerados, como se Deus estivesse uma esposa
(concepção pagã).

No AT a expressão FILHO DE DEUS é utilizada de maneira metafórica. Aplicada a Israel, aos reis
e aos Anjos. Mas temos também o JUSTO SOFREDOR (Sb 2,18).

O justo sofredor tem uma confiança filia, mas não é verdadeiramente filho (metáfora).

No Ev. de Mc o título FILHO DE DEUS aparece em alguns momentos bastante sugestivo no


Evangelho. Logo de cara aparece no título (Mc 1,1).
Para Mc esse título Filho de Deus é um título tão importante que ele coloca no frontispício do
seu Evangelho, sendo chave de leitura.

*Chave de leitura- Filho de Deus- Não se pode esquecer dessa introdução. Mesmo quando
Jesus for humilhado, contradigo pelas pessoas, crucificado, derrotado, tem-se que entender
quem Ele é.

Ainda no capítulo primeiro Jesus é chamado de Filho no Batismo.

Depois de apresentar João Batista que possui a missão de pré-dispor os corações para a
chegada do Messias, logo a seguir o evangelista nos fala do batismo de Jesus.

A primeira vez que a palavra REMISSÃO DOS PECADOS/PERDÃO DOS PECADOS aparece é neste
texto.

João Batista não batizava para perdoar pecados, batizava para predispor os corações para o
perdão dos pecados.

O batismo do João não tinha valor sacramental.

*Os pescadores vão até João, confessam os seus pecados, reconhecendo que estão numa vida
de injustiça, que não está conforme a vontade de Deus. A partir do batismo o povo assumem
com Deus esse compromisso de viverem uma existência nova de acordo com a Leis de Deus,
ou seja, uma ruptura com o passado.

*BATIZO = MERGULHAR- Neste sentido possui um duplo significado-

 Submergir- quando a água está fora = sepultura


 Enxarcar- quando a água está dentro.
Os dois significados são importantes.

Mc 1,6- fala da figura de João Batista – vestir-se de pelos de camelo = AT Elias – Veste dos
profetas.

João batiza nas margens do Rio Jordão

*Desatar as correias das sandálias- Para alguns autores = humildade de João Batista perante a
Jesus, mas existe um costume no AT vinculado as sandálias chamado lei do levirato. (Rt 4 / Dt
5,5) – Fala de Cristo como esposo fecundo que batiza com o Espírito Santo, João batiza
somente com água.

Relação nupcial com o povo.

O Batismo de Jesus - A primeira vez que o Nome de jesus é mencionado no corpo do


Evangelho de Mc.

Galileus eram visto como impuros, revoltosos.

Nazaré nunca foi mencionada no AT.

Os pecadores iam atrás de João

Jesus não confessa pecados por não tem.

Para Jesus o batismo não representa uma ruptura com o passado


O Céus se RASGA e não se abre. Rasgar é definitivo. O Céu é onde está a divindade, e ao se
rasgar não existe mais a barreira.

O verbo RASGAR só aparecerá uma outra vez no Ev. de Mc, quando Jesus Morrer.

Uma voz veio do Céu – TU ÉS MEU FILHO AMADO...

Temos dois textos sendo citados, um é o Sl 2 (Meu Filho és Tu...) -Como se Deus estivesse
assumindo Seu Filho naquele momento. No Ev de Mc o pronome vem na frente, diferente do
Sl. Jesus não se torna Filho a partir do batismo, e sim uma apresentação de uma realidade. O
“Tu” tira a ênfase do título para por na pessoa.

AMADO – Sacrifício de Isaac

Mc faz uma miscelânia de textos para nos mostrar a identidade de Jesus.

Jesus é Filho como Isaac = Filho unigênito que será oferecido em sacrifício. Mas diferente de
Isaac, que teve sua vida poupada, Jesus não terá.

A expressão Filho de Deus aparecerá na boca dos espíritos impuros, na Transfiguração, na


parábolas dos vinhateiros homicidas e no julgamento e nos lábios do centurião.

Aparece várias vezes no Ev. de Mc, mas o cap. 1 é muito importante, aparece 2 x no cap 15 é
fundamental para compreender o Ev. de Mc.

A expressão Filho de Deus é a que mais revela a identidade de Jesus.

Ao longo do Ev se descobre quem é Jesus.

O Ev de Mc é extremamente agradável, Marcos nos conduz de maneira que se conheça a


identidade de Jesus de forma gradativa.

Batismo de Jesus- O Pai apresenta como Filho- Apresentado como Filho, que já

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