Evangelho Sinóticos
Evangelho Sinóticos
Evangelho Sinóticos
Toda vez Marcos mostra um Jesus que “não quer que conte nada a ninguém, é porque Mc
quer chamar atenção dos leitores para algo importante. Essa passagem ajuda a conhecer um
pouco a imagem de Jesus, dessa identidade de Jesus. Convida os Leitores a prestar atenção
neste acontecimento, que não é um acontecimento banal.
O leproso descumpriu a norma de não ir ao sacerdote (Lv) para constatar se está ou não
curado.
A partir desse texto, e de todo capítulo segundo, veremos várias questões de polêmicas entre
Jesus e a religião de seu povo.
A imagem de Deus que Jesus apresenta não é uma de um Deus que se afasta, e sim um Deus
que se faz próximo, um Deus que sobretudo ama quem é último. E o leproso é o último a
sociedade da época.
Ato de Jesus dispensar o leproso pode significar que Jesus só basta? Não se pode afirmar, pois
o texto não diz. Marcos só insinua as coisas, e é o leitor que tem que descobrir as coisas.
O texto não diz, mas é de fácil conclusão que o leproso não foi ter com o sacerdote.
Mas o importante para o leproso foi o que conseguiu de Jesus. Jesus deu a cura e não apenas a
purificação. Conseguiu também a cura espiritual.
Jesus ao dizer que o que sai do coração é que torna o homem impuro, torna claro que não
concorda com a lei da pureza. Existe em Marcos a intenção de polemizar com as regras de
pureza.
As regras de purezas são cruéis, pois divide a humanidade em duas categorias, os aptos e os
não aptos, os dignos e os não dignos.
Jesus apresenta um Deus que não é um Deus de merecimento, e a lei da pureza está ligada ao
mérito.
Marcos usa a palavra “purificar-me” e não “curar-me”. Pois o que Jesus fez vai além da cura
física.
Discipulado
Tema muito importante para o evangelista. Um tema que aparece com bastante frequência, e
possui um vocabulário próprio.
Os discípulos são caracterizados como “mateteis” (discípulos), esse termo nunca aparece fora
dos Evangelhos. Fora dos Evangelho os discípulos são chamados de Apóstolos.
A palavra Apóstolos é um pouco mais tardia, o que não significa que não se utiliza a palavra
Apóstolo no Evangelho. Em Mc 6,30 os discípulos são chamados de Apóstolos. Para não
confundir os discípulos de João com os de Jesus, o evangelista utiliza para diferenciar (ver v
29). São pouquíssimas vezes que eles são chamados de discípulos no Ev. De Mc.
Outra palavra que aparece com muita frequência no Ev. De Mc é o verbo seguir. Aparece com
muita frequência. Toda vez que aparece o termo discipulado, temos de modo específico o
termo “seguir”.
Essas três palavras são muito constantes em todos os textos quando se fala no tema do
discipulado no Ev. De Marcos.
Com relação aos Doze temos aspectos positivos e negativos (quando fala dos 12).
Os Doze são aqueles que demonstram disponibilidade de seguir Jesus, que acompanham, que
houve os Seus ensinamentos. Jesus quer estar a sós com seus discípulos, talvez para dar uma
melhor explicação do que Ele quer fazer.
Aspectos negativos dos discípulos em Mc. – Coração endurecidos, parecem não querer
entender o que Jesus diz, possuem planos diferentes dos planos de Jesus, existe uma distância
entre Jesus e os discípulos.
Explicações possíveis para os aspectos negativos- Mc pode ter construído seu discurso, sua
história em cima do “justo sofredor” que é percebido e abandonado por todos, inclusive pelos
seus amigos. Temos diversos textos do AT (Jr, Is, Jó, Sb) que mostram esse justo que sofre e é
abandonado por tudo e por todos, até pelos seus amigos. Marcos tenha se inspirado nestes
textos para compor a sua história (explicação de alguns autores).
Ele entende essa imagem positiva e negativa- Marcos apresenta essa imagem ambivalente dos
discípulos devido ao contexto das perseguições das quais muitos não resistiram e acabaram
apostatando. Se considerarmos que Mc foi escrito por volta do ano 68 aproximadamente, logo
após a perseguição de Nero, muitos cristãos sentiam-se pressionados e foram muitos os que
abandonaram o cristianismo. Era um ambiente de perseguição em que ou você renega sua fé,
ou você perde seus bens, na maioria dos casos você perde a sua vida. E é neste contexto de
perseguição e de martírio muitos apostatam.
Marcos pensa sempre no mesmo ambiente, no mesmo cenário quando se trata de discipulado-
AS MARGENS DO LAGO DA GALILEIA- JERUSALÉM
O Ev. De Mc é o mais duro, que apresenta uma proposta de discipulado mais dura de todos os
Ev.
Exemplos *Mc 1,16- O chamado de Marcos- Aqui há um processo, Jesus fará deles pescadores
de homens, observa-se que, apenas o fato de segui-lo não os tornam pescadores de homens.
Pode-se dizer que aqui se inicia uma etapa de formação com Jesus.
Pescar homens é uma imagem bastante interessante, porque no contexto bíblico o mar era
visto como algo negativo, uma força hostil a Deus. arrancar homens do mar significar arrancá-
los da morte. Pescar homens significa arrancá-los do poder da morte e trazê-los para a vida.
Essa imagem em que Jesus promete fazer dos discípulos pescadores de homens, mas é
interessante existe que não existe essa função de pescador na Igreja, existe a função de pastor.
Isso se dá por uma razão óbvia, o encontro do peixe com o pescador não é muito feliz (para o
peixe). A imagem do pescador é utilizada sobretudo para o contexto de missão, ou seja, aquele
que consegue lançar as redes e ajuntar.
O contexto de quem possui função e liderança dentro da igreja, que pressuponha um cuidado,
a imagem do pastor serve muito mais, principalmente para dizer os tipos de relacionamentos
que as lideranças devam ter com as pessoas. A imagem de pescador não foi utilizada para
caracterizar nenhum tipo de liderança na igreja.
*Batismo de Jesus
*Tentação no deserto
*Aparentemente os discípulos não tiveram nenhum tipo de contato com Jesus, simplesmente
Ele passa por aquele caminho e a resposta é instantânea. Imediatamente, eles deixam as redes
e O SEGUIRAM.
Deixar as redes significa deixar o meio de subsistência, é sacrificar a sus segurança para estar
com Jesus.
Ainda no capítulo primeiro, um pouco mais adiante, o contexto é o mesmo, no Mar da Galileia.
Mc continua narrando a escolha do discipulado. Aqui temos novamente outra dupla de irmãos
que deixa tudo que tinham para seguir Jesus imediatamente.
Observa-se que Jesus quando chama não promete nada. Qual seria a recompensa dos
discípulos? Em Mc não se fala em vida eterna. A recompensa dos discípulos é estar com Jesus,
se isso não basta para o discípulo, em Marcos, então ele não é discípulo de verdade.
A recompensa para o discípulo é estar junto do Mestre. Jesus não oferece segurança, não dá
absolutamente nada. O que Ele pode dar é a sua convivência, segui-lo, acompanhá-lo.
No capítulo terceira quando Jesus instituiu os Doze (3,13), a característica fundamental dos
discípulos, ESTAR COM ELE (quem é o discípulo? Qual é a primeira função do discípulo?)
Esses textos de discipulado são muito importantes, sobretudo neste contexto do Ev. De Mc.
No Ev. de João o chamado para o Discipulado é bem diferente. Jesus é discípulo de João Batista
por um tempo e acompanham Jesus alguns discípulos de João Batista. Aqui João nos dá uma
imagem diferente de Jesus, e talvez essa imagem corresponda um pouco mais a realidade.
Marcos ao colocar no início do Ev esse chamado ao discipulado ele tem uma intenção
teológica. Tem a intenção de mostrar que esse chamado é algo fulminante na vida do
Discípulo. Você tem que estar pronto para dar essa resposta imediata e radical a Jesus.
OBEDECER É SERVIÇO!
Batismo de Jesus- O Pai apresenta como Filho, porém apresentando o que ele já é. Constata
uma realidade que nos é apresentado neste momento.
*Heresia Adocionista- uma heresia antiga na Igreja, que falava de Jesus como filho adotado por
Deus no momento do Batismo.
*Jesus não se torna, pois já é, ao contrário de nós que nos tornamos filhos de Deus depois do
Batismo.
*FILHO DE DEUS* Um título importantíssimo para Mc, de modo particular, pois parece ser o
que mais consegue definir a essência de Jesus em seu Evangelho.
MESSIAS = CRISTO
A palavra Cristo só tem significado no contexto judaico. No contexto pagão não tem
significado.
Ex. “Jesus vem satisfazer todas as expectativas messiânicas de Seu Povo”. – É como se Jesus
tivesse que se encaixar no conceito de Messias, o que não possui respaldo na realidade porque
os textos do AT que falam sobre o Messias, em primeiro lugar, são de gêneros bastante
diferentes.
Muitas vezes o conceito que que temos de Cristo, pensamos no Salvador Escatológico, que
vem redimir os pecados. Mas a imagem de Cristo que veneramos não se assemelha a essa
imagem que conhecemos. Esse tipo de Messias não existe no AT.
Se observarmos o AT não encontraremos nenhuma imagem de um Messias que realizasse
milagres, ou a remissão dos pecados. Talvez um Messias profeta que repetisse os mesmos
sinais de Moisés.
Messias, Filho de Deus, seria um personagem humano, que haveria de desempenhar um papel
neste terreno (papel de liderança, de conduzir o Povo as pessoas para a Vontade de Deus, para
a liberdade, libertação de seus inimigos).
Na literatura intertestamentária (literatura extrabíblica) também vamos encontrar um cenário
variado. Têm vários grupos com expectativas messiânicas bastante diferente.
Exemplo- Qunram * Nos textos de Qunram encontramos textos com expectativas de mais de
um Messias. Um Messias de Aarão- sacerdote e outro de Davi- Rei.
Os Sl de Salomão (17 - escritos apócrifos), textos do séc I a.C, fala da expectativa de um
Messias dravídico, que não seria um guerreiro, seria um santo que interpretaria de maneira
autêntica a Lei de Deus, traria a paz com as palavras em seus lábios. O Messias que
encontramos em Mc possui um perfil bastante diferente diferente do Messias que esse grupo
esperava.
#OS JUDEUS NÃO ACEITARAM JESUS PORQUE ELE NÃO SE ENCAIXA EM NENHUMA
ESPECTATIVA MESSIÂNICA JUDAICA.#
Quando Mc aplica e emprega para Jesus o título de Cristo, não estava pensando em nenhum
tipo específico de Messias que iremos encontrar no AT ou em nenhum outro texto judaico.
Mc ressignifica o conceito de Messias. Ele pega um conceito que já existia e de certa forma
aplica novos conteúdos a esse conceito de Cristo.
RECORDANDO- HAVIA VÁRIOS GRUPOS DE JUDEUS, CADA UM ESPERA UM MESSIAS COM
UMA DETERMINADA CARACTERISTICA, E AINDA TINHA OUTRO GRUPO QUE NÃO ESPERAVA
MESSIAS NENHUM.
A CRENÇA OU A NECESSIDADE DE UM MESSIAS NÃO ERA UNIVERSALMENTE ACEITA NO
JUDAISMO NO SEC. I.
EV. SINÓTICOS (08/04/21)
A primeira coisa que precisamos distinguir é aquilo que Dn tinha e mente, ou seja, ele não
pensa em um Messias, nem em um indivíduo, Dn pensa numa coletividade. Para expressar
essa coletividade Dn usa essa imagem do Filho do Homem. Mas, ele mesmo traduz essa
imagem para nós.
A partir de Dn (gênero apocalíptico) essa tradição a respeito do Filho do Homem vai se iniciar e
se desenvolver. Teremos outros Livros e outros escritores que vão atribuir diferente
significados a essa imagem ao filho do Homem. Temos como exemplo o texto apócrifo Judaico,
Henoque. Neste livro o Filho do Homem é um ser celeste, que recebe o poder de julgar as
Nações. Passa de uma coletividade para um indivíduo pré-existente, que recebe o poder de
julgar as Nações. É lógico que na cabeça do escritor de Henoque não se trará de uma
divindade, é um ser celeste, um ser intermediário que age me nome de Deus.
Quando Jesus ou os evangelistas usam o título Filho do Homem, não foi inventado. Havia uma
tradição anterior, que era bastante comum no tempo de Jesus. Era um tipo de espiritualidade,
inclusive que influenciava o próprio Jesus, que era comum ao Seu Povo.
Mc 8.9.10- Anúncios da Paixão de Jesus. – Jesus por três vezes chama os seus Discípulos e diz o
que Lhe acontecerá quando chegar em Jerusalém. “O FILHO DO HOMEM SERÁ ENTREGUE...”
Neste contexto Jesus aplica a Si a expressão quase indicando um Eu, porém mais profundo.
Jesus caminha consciente para Sua Paixão. Neste contexto da Paixão a expressão Filho do
Homem é algo recorrente.
2° - É o significado dado bastante semelhante àquele Profeta Ezequiel (equivale a um EU) -
Essa expressão aparece apenas nos lábios de Jesus. Não temos nenhum Apóstolo ou
personagem que chama Jesus de Filho do Homem, ele que aplica a si essa designação. Mas não
é apenas como um “Eu” de Ezequiel, pois o Eu de Jesus, que tem um poder que a nenhum
homem foi dado (perdoar pecados), é mais profundo do que simplesmente EU, se assemelha a
Ezequiel, mas é mais do que somente eu de Ezequiel.
*observância do sábado
*menção a casa em que Jesus está (Pedro?), no Evangelho de Mc possui mais um valor
teológico do que geográfico.
*alguns autores levantam possibilidades para a casa- poderia ser a Sinagoga, mas não é está a
questão, pois quando Jesus vai à Sinagoga Ele entra e sai, não é algo fixo. Por isso que outros
teólogos dizem ser como no AT, a casa de Israel, ou seja, o Povo a Nação de Jesus.
Ao compreendermos desse modo, teológico e não geográfico, podemos fazer uma leitura
bastante interessante. Pois nesta casa os escribas podem sentar-se por ter autoridade de
ensino. Os escribas possuem prestígio na casa de Israel, e as pessoas gostam do que eles
falam.
Apesar desses cincos personagens não serem identificado por Mc, eles possuem um enorme
valor teológico.
Porém as pessoas não conseguem se aproximar de Jesus com facilidade, as portas estão
bloqueadas.
Esse texto pode refletir a dificuldade dos pagãos de se encontrarem com Jesus.
Na Igreja primitiva houve muitos conflitos para admitir os pagãos nas antigas comunidades,
que eram formadas por judeus que aceitavam Jesus como Messias.
Mc fala de buraco no teto, Lc fala de telhas. Qual é a importância disso? Lc quando escreve seu
Evangelho descreve uma casa segundo modelo greco-romano, e Mc segundo o modelo
palestino.
Casa palestina- telhado coberto de madeiras entrelaçadas cobertos de terra ou algo parecido
(espécie de laje)
Paralítico é uma figura muito passiva- não diz uma palavra, é descido pelo buraco,
simplesmente é levado, sofre ações. Jesus vê a fé dos quatros homens, a atitude dos quatros
homens é que é louvada por Jesus - Simbolismo único- eles representam a humanidade, o
desejo de buscar Jesus.
Para Mc a é não é um elemento interno, intelectual, é a resposta a Deus. Neste caso a atitude
fala mais que qualquer coisa. E os quatros e o paralítico estão respondendo com sua ação a
proposta de Deus, a pregação de Jesus. Isso é fé tanto para Jesus quanto para o Evangelista.
Escribas = teólogos
Para os escribas somente Deus pode perdoar pecados, segundo a Leis Jesus blasfemou.
A doutrina do pecado no Judaísmo na época de Jesus era entendida de maneira diferente para
cada grupo.
*a quem acreditava que o estudo também era uma forma de se livrar dos pecados
*outro grupo achava que suportar uma contrariedade unido a Deus (morte de um filho)
* cada grupo tinha uma concepção própria a respeito do pecado, porém certeza absoluta do
perdão ninguém tinha.
Jesus está declarando que Deus perdoa os pecados, ou ele mesmo está perdoando os
pecados? Deus perdoou os pecados porque Jesus declara. Não entendo ou nesta questão essa
objeção é colocada, eles levantam essa objeção. acusam Jesus de blasfêmia. No capítulo
segundo de Marcos Jesus também acusado de blasfêmia, e a pena para os blasfemadores era o
apedrejamento. Já se tem uma sentença de morte para Jesus (lavrada).
V.8 – Jesus conhece o coração humano- Eles não acusam Jesus, mas Ele sabe a intenção de
todos.
Para que saibais que o Filho do Homem... – Temos a primeira vez que a expressão Filho do
Homem aparece no Ev. de Mc.
Aqui temos uma estrutura sacramental, ou seja, são atitudes confirmadas pelos atos, e esses
atos confirmam. As palavras confirmam os atos e os atos confirmam as palavras.
Jesus não coloca apenas o paralítico de pé, Ele coloca para mostrar que possui autoridade para
perdoar pecados.
No evangelho de Marcos, isso vale para todos os milagres de Jesus no evangelho de Marcos,
Jesus não faz milagres para se exibir, e sim pra ensinar. Ensina quando fala e quando faz, é
uma forma de pregação. Logo, quando nós consideramos este texto e vemos que o Filho do
Homem tem autoridade de perdoar pecados e que é de facto um atributo divino os perdões
dos pecados.
Não se trata simplesmente de um erro, que homem poderia dizer isso “seus pecados estão
perdoados” de maneira enfática categórica, nem o Sumo-sacerdote poderia dizer isso.
O evangelista nos apresenta esse significado mais profundo da expressão do Filho do Homem
que nós vamos encontrar na literatura judaica do AT e extrabíblica.
A conclusão do texto está no v12 “carregando o leito” e não mais o “seu leito”
Glorificaram a Deus – primeiro criticam por fazer milagre, depois que o milagre acontece, os
escribas glorificam a Deus, não a Jesus. Pois sabem que Deus age em Jesus. Não há rivalidade,
Jesus não ofusca o lugar de Deus, Jesus age em nome do Pai, é agente de Deus.
Jesus ensina quem Ele é. Esse é todo ensinamento de Jesus, quem é Deus e qual o plano de
Deus para a humanidade.
Reino de Deus, Reino de paz, amor e justiça. Esse reino que Deus quer para o Homem. Deus
não é adversário do ser humano. Ele quer o nosso bem. Essa é a grande mensagem de Jesus.
A grande cura neste capítulo é o perdão dos milagres. Essa é a função do milagre. Essa a
grande libertação que Jesus trouxe.
O evangelista NÃO é jornalista. Não quer simplesmente narrar um fato, uma história. Ele que a
partir deste acontecimento consiga perceber a teologia que está por trás do texto. Ele nos dá
uma interpretação de quem é Jesus para ele.
O primeiro título que Mc utiliza para Jesus em seu Evangelho é FILHO DO HOMEM, o segundo
é o FILHO DE DEUS, que também não foi inventado pelo evangelista.
A expressão filho de Deus também aparece no AT, mas com significados completamente
distintos.
No AT essa expressão filho de Deus se refere ao próprio Israel, ou seja, Israel é comparado a
um filho. Assim como um pai tem compaixão e cuida de seu filho, demonstrando carinho, um
desvelo em relação a seu filho, da mesma forma Deus trata Israel (uma metáfora).
Sl de coroação quando o rei era entronado “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei...”
É como se o rei após ser coroado passasse a receber de Deus essa relação de predileção.
Aqui o termo FILHO DE DEUS também deve ser entendido como uma metáfora, ou seja, o rei
tem com Deus uma relação especial, partícula e privilegiada, mas não é filho no sentido
próprio do termo.
Mas também em sentido amplo, não são filhos, gerados, como se Deus estivesse uma esposa
(concepção pagã).
No AT a expressão FILHO DE DEUS é utilizada de maneira metafórica. Aplicada a Israel, aos reis
e aos Anjos. Mas temos também o JUSTO SOFREDOR (Sb 2,18).
O justo sofredor tem uma confiança filia, mas não é verdadeiramente filho (metáfora).
*Chave de leitura- Filho de Deus- Não se pode esquecer dessa introdução. Mesmo quando
Jesus for humilhado, contradigo pelas pessoas, crucificado, derrotado, tem-se que entender
quem Ele é.
Depois de apresentar João Batista que possui a missão de pré-dispor os corações para a
chegada do Messias, logo a seguir o evangelista nos fala do batismo de Jesus.
A primeira vez que a palavra REMISSÃO DOS PECADOS/PERDÃO DOS PECADOS aparece é neste
texto.
João Batista não batizava para perdoar pecados, batizava para predispor os corações para o
perdão dos pecados.
*Os pescadores vão até João, confessam os seus pecados, reconhecendo que estão numa vida
de injustiça, que não está conforme a vontade de Deus. A partir do batismo o povo assumem
com Deus esse compromisso de viverem uma existência nova de acordo com a Leis de Deus,
ou seja, uma ruptura com o passado.
Mc 1,6- fala da figura de João Batista – vestir-se de pelos de camelo = AT Elias – Veste dos
profetas.
*Desatar as correias das sandálias- Para alguns autores = humildade de João Batista perante a
Jesus, mas existe um costume no AT vinculado as sandálias chamado lei do levirato. (Rt 4 / Dt
5,5) – Fala de Cristo como esposo fecundo que batiza com o Espírito Santo, João batiza
somente com água.
O verbo RASGAR só aparecerá uma outra vez no Ev. de Mc, quando Jesus Morrer.
Temos dois textos sendo citados, um é o Sl 2 (Meu Filho és Tu...) -Como se Deus estivesse
assumindo Seu Filho naquele momento. No Ev de Mc o pronome vem na frente, diferente do
Sl. Jesus não se torna Filho a partir do batismo, e sim uma apresentação de uma realidade. O
“Tu” tira a ênfase do título para por na pessoa.
Jesus é Filho como Isaac = Filho unigênito que será oferecido em sacrifício. Mas diferente de
Isaac, que teve sua vida poupada, Jesus não terá.
Aparece várias vezes no Ev. de Mc, mas o cap. 1 é muito importante, aparece 2 x no cap 15 é
fundamental para compreender o Ev. de Mc.
Batismo de Jesus- O Pai apresenta como Filho- Apresentado como Filho, que já