Dimensionamento e Detalhamento de Reservatório Circular de Concreto Armado

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO
DE RESERVATÓRIO CIRCULAR DE
CONCRETO ARMADO

Rafael Filiagi Pastore

Orientador: Prof. Dr. Angelo Rubens Migliore Junior

2015
Rafael Filiagi Pastore

DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO
DE RESERVATÓRIO CIRCULAR DE
CONCRETO ARMADO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso


de Engenharia Civil do Centro Universitário da Fundação
Educacional de Barretos, como requisito à obtenção do
grau de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Angelo Rubens Migliore Junior

Barretos

2015
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE
ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Pastore, Rafael Filiagi


P269d Dimensionamento e detalhamento de reservatório circular
de concreto armado / Rafael Filiagi Pastore; orientador
Angelo Rubens Migliore Junior. Barretos, 2015.

Monografia (Graduação) – Curso de Engenharia Civil –


Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos,
2015.

1. Reservatório cilíndrico. 2. Concreto armado. 3.


Estados limites. I. Título.
DEDICATÓRIA

À minha família e a todos que estiveram ao meu


lado durante esta caminhada.
AGRADECIMENTOS

A Deus, por sempre me iluminar e fazer o sonho virar realidade.

A minha família, pelo empenho e dedicação ao longo dos cinco anos de curso.

Ao meu orientador, pela atenção e exigência na execução deste trabalho.

Aos meus amigos de classe pelo incentivo e apoio no decorrer do curso de


graduação.

Aos engenheiros Carlos e Chico, que contribuíram no meu crescimento como pessoa
e profissional durante estágio no escritório C. E. Gomes Engenharia, Projetos e Tecnologia.

Aos professores por serem responsáveis pela minha formação e pela cobrança no
curso de Engenharia.
“Nunca desista de seus sonhos.”

Augusto Cury
RESUMO

PASTORE, R. F. (2015). Dimensionamento e detalhamento de reservatório circular de


concreto armado. Monografia (Graduação). Barretos: UNIFEB.

Este trabalho visou documentar um roteiro de cálculo para o dimensionamento e o


detalhamento de armadura de um reservatório cilíndrico elevado em concreto armado. O
roteiro de cálculo apresenta formulações e ábacos para determinação dos esforços
solicitantes. A partir do estudo de caso foram obtidos os esforços solicitantes dos elementos
estruturais: paredes, laje de fundo, laje de tampa, ligação da parede com a laje de fundo e
suas respectivas armaduras no estado limite último. Neste estudo foi verificado o estado
limite em serviço, determinando as aberturas de fissuras e o deslocamento da laje de fundo.
Foram calculados os esforços máximo e mínimo na fundação, e com a sondagem foi
definida a solução a ser utilizada na fundação e o seu dimensionamento. Os resultados
encontrados para armaduras e fundação do reservatório foram compatíveis com o
detalhamento apresentado.

Palavras-chave: reservatório cilíndrico, concreto armado, estados limites.


ABSTRACT

PASTORE, R. F. (2015). Design and detailing of reinforced concrete circular tank.


Dissertation (Undergraduate). Barretos: UNIFEB.

This study aimed to document a guide for design and reinforcement detailing of high
cylindrical tank in reinforced concrete. This guide presents formulations and abacuses to
determine internal forces. From case study, it was shown the calculation of internal forces
and reinforcement in ultimate limit state of following structural elements: walls, bottom slab,
cover slab and wall connection with bottom slab. The service limit state was verified by
determining crack openings and bottom slab displacement. The maximum and minimum
internal forces in the foundation were calculated and with the standard penetration test (SPT)
report, the solution to be used in the foundation was defined and its respective design was
shown. The reinforcement results found for structure and foundation of the tank were
consistent with the presented detailing.

Keywords: cylindrical tank, reinforced concrete, limit states.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Tipos de reservatórios em relação ao nível do solo ............................................ 32


Figura 2 – Tipos de reservatórios em relação à forma ......................................................... 33
Figura 3 – Fôrma trepante ................................................................................................... 34
Figura 4 – Fôrma deslizante ................................................................................................ 35
Figura 5 – Cobertura em lona .............................................................................................. 36
Figura 6 – Armazém inflado ................................................................................................. 36
Figura 7 – Reservatório cilíndrico elevado de Orebro, na Suécia ......................................... 37
Figura 8 – Reservatório em tulipa de Belfast, na Irlanda do Norte ....................................... 38
Figura 9 – Reservatório de Cocody, em Abidjan-Costa do Marfim ....................................... 38
Figura 10 – Reservatório cilíndrico elevado ......................................................................... 39
Figura 11 – Reservatório circular ao nível do solo ............................................................... 40
Figura 12 – Reservatório cilíndrico elevado em forma de tulipa ........................................... 40
Figura 13 – Reservatório circular elevado ............................................................................ 41
Figura 14 – Reservatório cilíndrico em Votuporanga-SP...................................................... 41
Figura 15 – Reservatório cilíndrico em São José do Rio Preto-SP....................................... 42
Figura 16 – Vista interna do reservatório ............................................................................. 42
Figura 17 – Exemplo de problema axissimétrico .................................................................. 47
Figura 18 – Exemplos de geratrizes para algumas cascas de revolução: (a) casca genérica;
(b) casca esférica; (c) casca cilíndrica; (d) casca cônica e (e) casca toroidal ....................... 48
Figura 19 – Casca cilíndrica circular – elemento infinitesimal .............................................. 48
Figura 20 – Esforços internos de membrana ....................................................................... 49
Figura 21 – Ações externas ................................................................................................. 50
Figura 22 – Carregamento atuante – líquido armazenado ................................................... 52
Figura 23 – Carregamento atuante – ação provocada pelo vento ........................................ 53
Figura 24 – Momentos fletores em laje circular .................................................................... 54
Figura 25 – Ábaco para determinação do momento M 0 ..................................................... 57
Figura 26 – Ábaco para determinação da ordenada y 0 ...................................................... 58
Figura 27 – Ábaco para determinação da ordenada y1 ....................................................... 59
Figura 28 – Ábaco para determinação do momento M ´ ...................................................... 60
Figura 29 – Ábaco para determinação da ordenada y 2 ...................................................... 61
Figura 30 – Ábaco para determinação do esforço N máx ..................................................... 62
Figura 31 – Ábaco para flexão-composta com armadura simétrica ...................................... 65
Figura 32 – Comportamento do concreto na flexão pura no Estádio I .................................. 66
Figura 33 – Comportamento do concreto na flexão pura no Estádio II ................................. 67
Figura 34 – Área de envolvimento da armadura .................................................................. 72
Figura 35 – Mapa de isopletas da velocidade básica v0 (m/s) .............................................. 74
Figura 36 – Momento fletor em estaca ao longo do fuste ..................................................... 82
Figura 37 – Força cortante em estaca ao longo do fuste ..................................................... 82
Figura 38 – Ábaco de flexão composta em seção circular de concreto armado ................... 83
Figura 39 – Elemento finito de placa retangular ................................................................... 85
Figura 40 – Estrutura modelada em programa de elementos finitos .................................... 86
Figura 41 – Fôrma em corte do reservatório ........................................................................ 90
Figura 42 – Instalação hidráulica do reservatório ................................................................. 91
Figura 43 – Fôrma de fundação ........................................................................................... 92
Figura 44 – Detalhamento da laje de fundo da célula de abastecimento............................ 101
Figura 45 – Detalhe de ligação da parede com laje de fundo ............................................. 101
Figura 46 – Detalhamento da laje de fundo da célula de consumo diário........................... 102
Figura 47 – Detalhe de ligação da parede com laje de fundo ............................................. 102
Figura 48 – Detalhamento de lajes de tampa ..................................................................... 103
Figura 49 – Detalhe de parede com laje de fechamento .................................................... 103
Figura 50 – Armadura de parede ....................................................................................... 104
Figura 51 – Disposição das estacas................................................................................... 112
Figura 52 – Sondagem SP-01 ............................................................................................ 114
Figura 53 – Sondagem SP-02 ............................................................................................ 115
Figura 54 – Sondagem SP-03 ............................................................................................ 116
Figura 55 – Detalhamento de armadura da estaca ............................................................ 119
Figura 56 – Detalhamento de armadura da viga anel ......................................................... 121
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores do coeficiente  em função do tempo ................................................... 70


Tabela 2 – Valor do coeficiente de aderência  1 ................................................................. 72
Tabela 3 – Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração........................................ 73
Tabela 4 – Definição da categoria do terreno ...................................................................... 75
Tabela 5 – Definição da classe da edificação ...................................................................... 75
Tabela 6 – Parâmetros meteorológicos para determinação de S 2 ....................................... 76
Tabela 7 – Valores mínimos do fator S3 .............................................................................. 76
Tabela 8 – Valores do coeficiente característico do solo ...................................................... 79
Tabela 9 – Valores do fator  em função do tipo de estaca e do tipo de solo ...................... 79
Tabela 10 – Valores do fator  em função do tipo de estaca e do tipo de solo ..................... 79
Tabela 11 – Valores do coeficiente kh de reação lateral do solo .......................................... 80
Tabela 12 – Valores de KH ................................................................................................... 81
Tabela 13 – Valores de K´H .................................................................................................. 81
Tabela 14 – Cálculo da armadura transversal ...................................................................... 84
Tabela 15 – Esforços solicitantes na célula de abastecimento............................................. 97
Tabela 16 – Esforços solicitantes na célula de consumo diário ............................................ 97
Tabela 17 – Planilha para cálculo de momento de tombamento ........................................ 110
Tabela 18 – Características da estaca ............................................................................... 117
Tabela 19 – Capacidade de carga admissível da estaca ................................................... 117
Tabela 20 – Resumo de aço .............................................................................................. 122
Tabela 21 – Volume de concreto ....................................................................................... 122
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

C20: classe de concreto com resistência mínima à compressão de 20 MPa

C30: classe de concreto com resistência mínima à compressão de 30 MPa

CA-50: armadura passiva com resistência mínima de escoamento de 500 MPa

CG: centro geométrico

ELS: Estado Limite de Serviço

ELS-DEF: Estado Limite de Deformação Excessiva

ELS-F: Estado Limite de Formação de Fissuras

ELS-W: Estado Limite de Abertura de Fissuras

ELU: Estado Limite Último

E.T.A: estação de tratamento de águas

E.T.A.R: estação de tratamento de águas residuais

m.c.a: metros de coluna de água

NBR: Norma Brasileira Registrada

SEMAE: Serviço Municipal Autônomo de Águas e Esgoto

SPT: Standard Penetration Test


LISTA DE SÍMBOLOS

a : raio da laje circular

ai : flecha imediata

af : flecha final

Ac : área da seção transversal bruta de concreto

Ae : área frontal efetiva

AP : área da seção transversal da ponta da estaca

As : área de aço

Asmín : área de aço mínima

Asl : armadura lateral

b : largura

C : coeficiente característico do solo

Ca : coeficiente de arrasto

d : altura útil

d ´ : distância do eixo da armadura à face da peça

D : rigidez à flexão da laje

e : excentricidade do esforço normal

E : módulo de deformação

Ecs : módulo de deformação secante do concreto

Es : módulo de elasticidade do aço

fctm : resistência média à tração direta do concreto

fctk , inf : valor inferior da resistência característica do concreto à tração

fck : resistência característica à compressão do concreto

fcd : resistência de cálculo à compressão do concreto

fyk : resistência característica ao escoamento do aço


fyd : resistência de cálculo ao escoamento do aço

Fa : força de arrasto

Fai : força de arrasto na posição i

Fr : fator de rajada

Ga : peso de água

Gc : peso próprio

h : altura da seção transversal

h : espessura de casca ou espessura da parede do reservatório

h´ : espessura da laje de fundo do reservatório

hi : altura correspondente a resultante da força de arrasto na posição i

H : altura do reservatório

Hl : altura da parede

H 0 : esforço horizontal atuante no topo da estaca

I : momento de inércia da seção transversal

I c : momento de inércia da seção bruta

III : momento de inércia da seção fissurada

kh : coeficiente de reação lateral do solo

K H : coeficiente que depende da relação L/L0

K´H : coeficiente que depende da relação L/L0

L : comprimento da estaca

L0 : comprimento elástico

M : momento fletor

M ´ : momento fletor máximo

Ma : momento fletor na seção crítica

Md : momento fletor de cálculo

Mk : momento característico
M ort : momento fletor ortogonal

Mr : momento de fissuração ou momento fletor radial

Mt : momento fletor tangencial

M T : momento de tombamento

M 0 : momento fletor no engastamento

n : número de estacas

N : esforço normal ou carga vertical

N i : esforço normal na estaca i

Nd : esforço normal de cálculo

N mín : esforço normal mínimo

N máx : esforço normal máximo

N L : valor médio do índice de resistência à penetração do SPT

N P : valor médio do índice de resistência à penetração na base da estaca

Ny : esforço normal na direção vertical

N  : esforço normal na direção circunferencial

N máx : esforço circunferencial máximo

p : pressão interna radial

págua : carga de água

p. p : peso próprio

p. plaje : peso próprio da laje

p. p par : peso próprio da parede

p : ação externa na direção circunferencial

q : carga uniformemente distribuída em toda laje ou pressão dinâmica

qeq : carregamento uniformemente distribuído sobre a viga anel

r : raio da casca cilíndrica


RL : resistência ao atrito lateral

Rm : raio de um ponto da geratriz até o eixo de revolução

RP : resistência de ponta

Rt : resultante de tração no concreto

R : raio de curvatura da geratriz

S 1 : fator topográfico

S 2 : fator de rugosidade e dimensões da edificação

S 3 : fator estatístico

t0 : tempo inicial

t : tempo
U : perímetro da estaca

v0 : velocidade básica

vk : velocidade característica de vento

xi : distância da estaca i em relação ao C.G no eixo x

xII : posição da linha neutra no Estádio II

y : altura correspondente para cálculo da pressão

yo : ordenada do momento fletor nulo

y1 : ordenada do momento fletor máximo

z : distância entre forças resultantes de tração e compressão


w : deslocamento na direção radial da casca

wk : abertura de fissuras

W : módulo resistente da seção bruta de concreto

 : fator que correlaciona a resistência à tração na flexão com a resistência à tração direta
ou fator que depende do tipo de estaca e tipo de solo

 e : relação entre módulo de deformação do aço e módulo de deformação secante do


concreto
 f : fator da flecha diferida

 : fator que depende do tipo de estaca e tipo de solo

 : posição meridional

 : diâmetro da barra de aço

 s : coeficiente de minoração da resistência do aço

 c : coeficiente de minoração da resistência do concreto

 l : peso específico do fluido

1 : coeficiente de conformação superficial

 : momento fletor reduzido

 : força normal reduzida

 : posição circunferencial

 : taxa de armadura

 ' : taxa de armadura de compressão

 sf : tensão de trabalho do aço na flexão


 st : tensão de trabalho do aço na tração

 s : tensão de tração no centro geométrico da armadura considerada

 : coeficiente de Poisson

 : taxa mecânica de armadura

 : coeficiente em função do tempo


SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................. 13
ABSTRACT ......................................................................................................................... 15
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 31
2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 43
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 45
3.1. Reservatório elevado ......................................................................................... 45
3.2. Teoria de membrana ......................................................................................... 45
3.3. Equações de equilíbrio ...................................................................................... 47
3.4. Lajes circulares.................................................................................................. 53
3.5. Ábacos .............................................................................................................. 55
3.6. Armaduras do reservatório ................................................................................ 63
3.7. Tensão na armadura no Estádio I ...................................................................... 66
3.8. Tensão na armadura no Estádio II ..................................................................... 67
3.9. Momento de fissuração ..................................................................................... 68
3.10. Flecha final na laje ............................................................................................. 69
3.11. Verificação de abertura de fissuras.................................................................... 70
3.12. Ação do vento.................................................................................................... 73
3.13. Dimensionamento de estacas ............................................................................ 77
3.13.1 Esforços máximo e mínimo nas estacas ............................................................ 77
3.13.2 Capacidade de carga......................................................................................... 78
3.13.3 Determinação de armadura ............................................................................... 79
3.14. Dimensionamento de viga anel da fundação ..................................................... 83
3.15. Modelagem numérica ........................................................................................ 84
4. METODOLOGIA ........................................................................................................... 87
5. ESTUDO DE CASO ...................................................................................................... 89
5.1. Descrição .......................................................................................................... 89
5.2. Esforços solicitantes .......................................................................................... 93
5.3. Cálculo de armaduras do reservatório ............................................................... 97
5.3.1 Laje de fundo da célula de abastecimento ......................................................... 98
5.3.2 Parede da célula de abastecimento ................................................................... 98
5.3.3 Laje de tampa da célula de abastecimento ........................................................ 99
5.3.4 Laje de fundo da célula de consumo diário ........................................................ 99
5.3.5 Parede da célula de consumo diário ................................................................ 100
5.3.6 Laje de tampa da célula de consumo diário ..................................................... 100
5.4. Detalhamento de armaduras do reservatório ................................................... 100
5.4.1 Detalhamento da laje de fundo da célula de abastecimento ............................ 101
5.4.2 Detalhamento da laje de fundo da célula de consumo diário ........................... 102
5.4.3 Detalhamento de lajes de tampa ..................................................................... 103
5.4.4 Detalhamento de parede ................................................................................. 104
5.5. Momento de fissuração.................................................................................... 105
5.5.1 Valores comuns a todas as peças ................................................................... 105
5.5.2 Laje de fundo da célula de abastecimento ....................................................... 105
5.5.3 Parede da célula de abastecimento ................................................................. 105
5.5.4 Laje de tampa da célula de abastecimento ...................................................... 106
5.5.5 Laje de fundo da célula de consumo diário ...................................................... 106
5.5.6 Parede da célula de consumo diário ................................................................ 106
5.5.7 Laje de tampa da célula de consumo diário ..................................................... 106
5.6. Tensão na armadura circunferencial ................................................................ 107
5.7. Tensão na armadura no Estádio I .................................................................... 107
5.8. Tensão na armadura no Estádio II ................................................................... 107
5.8.1 Posição da linha neutra ................................................................................... 107
5.8.2 Momento de inércia da seção fissurada de concreto ....................................... 108
5.8.3 Tensão na armadura ....................................................................................... 108
5.9. Flecha no meio da laje ..................................................................................... 108
5.10. Verificação de abertura de fissuras .................................................................. 109
5.11. Momento de tombamento devido a ação do vento ........................................... 109
5.12. Esforços máximo e mínimo nas estacas .......................................................... 110
5.13. Dimensionamento de estacas .......................................................................... 113
5.13.1 Capacidade de carga ........................................................................... 113
5.13.2 Determinação da armadura ................................................................. 117
5.14. Dimensionamento de viga anel ........................................................................ 119
5.15. Quantidade de aço e volume de concreto ........................................................ 121
6. DISCUSSÃO DE RESULTADOS ................................................................................ 123
7. CONCLUSÕES........................................................................................................... 125
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 127

.
INTRODUÇÃO 31

1. INTRODUÇÃO

Segundo Kirby et al. (1956) as construções de reservatórios têm tido papel


importante desde as cisternas construídas em rochas sãs da Antiguidade até os dias atuais
com os modernos reservatórios em concreto armado e em concreto protendido. O objetivo
principal dessas construções é o armazenamento de grandes volumes de líquidos. Outros
fatores indicam a importância destas construções que podem servir como solução para o
sistema de distribuição de água, quando houver aumento considerável de seu consumo,
diminuição de sua produção em épocas críticas ou mesmo reserva para a situação de
combate a incêndios.

Segundo Ramos (2010), reservatórios são estruturas de vital importância para a


Sociedade, pois podem ser utilizadas em Estações de Tratamento de Águas (E.T.A), as
quais são responsáveis em tornar as águas potáveis e destiná-las para o consumo da
população; em Estações de Tratamento de Águas Residuais (E.T.A.R), cuja função é
recolher e tratar águas residuais de origem doméstica ou industrial com a finalidade de
serem encaminhadas para o rio ou serem reutilizadas para uso doméstico; em
Reservatórios de Acumulação cuja finalidade é atender as necessidades de consumo nas
épocas em que a vazão do curso de água não é suficiente e em Reservatórios de
Distribuição, usados no abastecimento populacional, para garantir a quantidade de água
necessária e constituir uma reserva contra incêndio.

Outro fator importante é quanto à diversidade da natureza do líquido conservado no


reservatório que pode ser de água, vinho, cerveja, cidra; cisternas de produtos negros
(alcatrão, betume); reservatórios de hidrocarbonetos que pode englobar petróleo, gasolina,
óleo diesel, óleo minerais, de acordo com Guerrin e Lavaur (s.d.).

Conforme Guimarães (1995), a determinação da utilização de cada tipo de


reservatório (elevado, enterrado, semi-enterrado, de superfície) depende do relevo da região
onde será construída a estrutura e a função que pode desempenhar em cada situação.

Atualmente, os reservatórios estão cada vez mais habituais devido principalmente a


fatores como o armazenamento e o abastecimento de água potável para populações.
Segundo Ferreira (2009) ao longo da última década, nota-se aumento significativo do
número de projetos e construções de reservatórios para armazenamento de grandes
volumes de líquidos. Na região metropolitana de São Paulo existem oito complexos
responsáveis pela produção de mais de 60 mil litros de água por segundo que atendem a 33
municípios, o que ilustra a importância deste tipo de estrutura, conforme noticiado por Uol
(2014).
32 INTRODUÇÃO

Segundo Hanai (1977), os reservatórios podem ser classificados por três critérios:

a) Quanto à função, que podem ser reservatórios de acumulação ou de equilíbrio.

b) Quanto ao volume, em pequeno com capacidade até 500 m³, em médios com
capacidade até 5.000 m³ e em grandes com capacidade maior que 5.000 m³.

c) Quanto à posição com relação ao nível do solo, podem ser enterrados, semi-
enterrados, ao nível do solo ou elevados, tal como mostra a Figura 1. Nesta
figura também é apresentado reservatório tipo stand pipe que são reservatórios
elevados com a estrutura de elevação embutida de modo a manter contínuo o
perímetro da seção transversal da edificação.

Figura 1 – Tipos de reservatórios em relação ao nível do solo

Fonte: Medeiros Filho (2009)

Outra classificação é quanto à forma dos reservatórios. As formas mais tradicionais


são: retangular, retangular com mais de uma célula e a cilíndrica. A Figura 2 mostra alguns
exemplos destes tipos de reservatórios.

Uma classificação relacionada especificamente aos reservatórios cilíndricos é


apresentado por Ramanjaneyulu et al. (1993) onde são classificados conforme a quantidade
de rótulas plásticas circulares formadas no instante da ruptura e denominados:

a) Curtos, com apenas uma rótula, na base;


INTRODUÇÃO 33

b) Médios, com duas rótulas;

c) Comprimidos, com três rótulas plásticas no instante da ruptura.

Figura 2 – Tipos de reservatórios em relação à forma

Fonte: Santos et al. (2001)

Cabe observar que na construção de reservatórios elevados deve ser levado em


conta seu aspecto estético e bom acabamento. Do ponto de vista funcional, devem ser
estanques, sem contaminação do fluído, boa ventilação e garantia de sua proteção contra
intempéries. Do ponto de vista econômico, alguns pesquisadores concluíram que
reservatórios cilíndricos são mais econômicos para grandes reservas de líquidos devido a
sua geometria, de acordo com Guimarães (1995). Este tipo de geometria tem melhor
distribuição de esforços, diminuindo a espessura da parede e por conseguinte, reduzindo a
quantidade de material usado na sua construção.

No entanto, os reservatórios circulares apresentam perturbações de esforços nos


encontros das paredes com as lajes de fundo e de tampa. Ramos e Vargas (2011)
analisaram a influência da forma dos reservatórios, sendo estudadas as formas circular,
retangular e multicelular e a viabilidade técnica de execução no custo final da obra.
Observou-se que o custo de execução de um reservatório circular foi cerca de 21% a
menos, quando comparado com o reservatório multicelular, e cerca de 18% a menos,
quando comparado com o reservatório retangular.
34 INTRODUÇÃO

Para a execução de reservatórios, existe variedade de procedimentos construtivos


de fôrmas, sendo mais utilizadas em reservatórios cilíndricos as fôrmas do tipo deslizantes e
trepantes. As vantagens das fôrmas deslizantes são facilidade da movimentação das
mesmas, economia, rapidez na concretagem das estruturas e uniformidade na textura do
concreto. Já as fôrmas trepantes apresentam vantagem de redução dos custos finais da
obra quando utilizadas na construção de estruturas de alturas elevadas, pois a concretagem
é feita em etapas com economia de cimbramento interno e externo.

A Figura 3 e a Figura 4 mostram construções de reservatórios com os sistemas


construtivos de fôrma trepante e de fôrma deslizante, respectivamente. De acordo com a NR
Engenharia (2015), o sistema de fôrmas trepantes utiliza dois anéis de fôrmas metálicas,
onde o primeiro anel é montado sobre a viga baldrame, de tal modo que as fôrmas internas
e externas abrangem a armadura de arranque. Os anéis apresentam altura variada de
30cm, 50cm e 1m dependendo do diâmetro da fôrma e o avanço de três anéis por jornada
de trabalho. Já o sistema de formas deslizantes, segundo Nakamura (2011), é constituído
basicamente por quatro elementos: os painéis; os cavaletes metálicos, que fixam as fôrmas
internas e externas; o equipamento hidráulico, para içamento; e os andaimes de armador,
elevados junto com a fôrma de até 1,20m de altura. Na prática, a velocidade de
deslizamento é em torno de 25 cm/hora, resultando em elevação de 6m/dia. Nakamura
(2011) indica que as fôrmas deslizantes são feitas normalmente para a construção de
reservatórios com altura acima de 5m, silos, pilares para edifícios e barragens.

Figura 3 – Fôrma trepante

Fonte: Ramos (2010)


INTRODUÇÃO 35

Figura 4 – Fôrma deslizante

Fonte: Ramos (2010)

Segundo Guerrin e Lavaur (s.d.), as exigências técnicas para a construção de um


bom reservatório devem satisfazer conceitos tais como: a) durabilidade, onde o reservatório
deve conservar seu estado inicial ao longo do tempo; b) o contato do líquido com o concreto
da parede do reservatório não deve alterar as propriedades e qualidades do líquido
armazenado; c) impermeabilização, em que o reservatório deve ser estanque e sem
vazamentos e d) resistência no qual o reservatório deve equilibrar os esforços ao qual está
submetido. Como observou Guimarães (1995), também existe preocupação quanto a área
de distribuição pertinente à um reservatório, pois este deve obedecer a pressão mínima nos
pontos mais extremos da rede e a altura do fuste dos reservatórios elevados depende
basicamente da distância desses pontos até a saída da água. A norma ABNT NBR
12218:1994 recomenda que os reservatórios de distribuição devem ser localizados de modo
a abastecer as redes com os seguintes limites de pressão :

-Pressão estática máxima : 500 kPa (50mH20-mca)

-Pressão estática mínima : 100 kPa (10mH20-mca)


36 INTRODUÇÃO

A vantagem da forma cilíndrica em relação a outros formatos de reservatórios está


relacionada com a principal solicitação por tração, sob o efeito de pressões hidrostáticas,
denominada teoria de Membrana.

Membranas são estruturas de superfície não-plana, de pequena espessura, que


absorvem as cargas externas por esforços normais às seções transversais de tração ou de
compressão. Sendo a espessura da casca h pequena, a rigidez à flexão é proporcional ao
momento de inércia e também é pequena. A teoria de Membrana parte da hipótese de
inércia à flexão nula, ou seja, com isto resulta em flexões M aproximadamente iguais a zero.
Outros formatos de superfície apresentam parcela considerável de solicitações devido à
flexão das paredes em toda a estrutura. A expressão Membrana vem de estruturas infláveis,
de tecido ou elastômero. Exemplos típicos de Membranas são coberturas em lonas, balão
de gás e armazém inflado para estoque de grãos. A Figura 5 mostra uma cobertura em lona
em um complexo esportivo de tênis e a Figura 6 mostra um armazém inflado.

Figura 5 – Cobertura em lona

Fonte: Pistelli Pelz (2015)

Figura 6 – Armazém inflado

Fonte: Pistelli Pelz (2015)


INTRODUÇÃO 37

Uma questão importante a ser ressaltada é quanto a utilização de concreto armado


ou concreto protendido nos reservatórios. Segundo Guimarães (1995), normalmente os
reservatórios cilíndricos em concreto armado são mais utilizados para capacidade de até
1.500 m³ e, a partir desse volume, conforme Venturini (1977) seria ideal a utilização de
concreto protendido, pois aumentaria muito os gastos se fosse realizado em concreto
armado. As estruturas em concreto armado normalmente apresentam espessura constante
enquanto que os reservatórios construídos em concreto protendido podem apresentar
variação de acordo com a altura do recipiente, quando acima de 10.000 m³, de acordo com
Guimarães (1995).

Meneses (2013) afirma que a diversidade de aplicações para reservatórios pode


englobar o tipo de substâncias a armazenar, o tamanho do depósito, as condições
operacionais e os locais de sua implantação, conduzindo engenheiros projetistas a
desenvolver soluções estruturais a fim de garantir bom funcionamento ao longo da vida útil
da obra e buscando soluções econômicas. Ao longo do tempo nota-se multiplicidade de
formas desses reservatórios a fim de proporcionar melhor aspecto em sua arquitetura e
solução estrutural adequada, exemplificados nas Figuras de Figura 7 a Figura 9.

Figura 7 – Reservatório cilíndrico elevado de Orebro, na Suécia

Fonte: Guerrin e Lavaur (s.d.)


38 INTRODUÇÃO

Figura 8 – Reservatório em tulipa de Belfast, na Irlanda do Norte

Fonte: Guerrin e Lavaur (s.d.)

Figura 9 – Reservatório de Cocody, em Abidjan -Costa do Marfim

Fonte: Guerrin e Lavaur (s.d.)


INTRODUÇÃO 39

A Figura 10 mostra um dos dois reservatórios cilíndricos elevados em concreto


armado com capacidade de armazenamento de 150m³ de um condomínio residencial
localizado em São José do Rio Preto - SP. A Figura 11 também é um reservatório cilíndrico
em concreto armado porém tem menor altura e maior diâmetro e se encontra no nível do
solo. Esse reservatório é parte da rede de abastecimento de água no município de São José
do Rio Preto - SP.

Figura 10 – Reservatório cilíndrico elevado

A Figura 12 apresenta um reservatório cilíndrico elevado de concreto armado, porém


em forma de tulipa, a qual é atualmente um formato não tão usual como os mostrados
anteriormente. Esse reservatório se encontra na avenida Potirendaba, em São José do Rio
Preto - SP. Já a Figura 13 ilustra um reservatório cilíndrico elevado que também pertence a
essa rede e é operado pelo SEMAE (Serviço Municipal Autônomo de Águas e Esgoto). Os
reservatórios cilíndricos apresentam como desvantagem o alto custo das fôrmas e, para o
caso de reservatórios mais baixos, grande ocupação no terreno, como pode ser percebido
na Figura 11. As vantagens são eliminação do efeito de torção e a diminuição das
espessuras das paredes quando não possuem diâmetros excessivamente grandes.
40 INTRODUÇÃO

Figura 11 – Reservatório circular ao nível do solo

Figura 12 – Reservatório cilíndrico elevado em forma de tulipa


INTRODUÇÃO 41

Figura 13 – Reservatório circular elevado

A Figura 14 ilustra um reservatório cilíndrico em concreto armado localizado na


indústria Facchini, em Votuporanga-SP. A Figura 15 mostra também um reservatório
cilíndrico em concreto armado localizado em São José do Rio Preto-SP, com a escada
marinheiro externa para acesso a célula que contém água. A Figura 16 mostra uma vista
interna do reservatório anterior, ilustrando a escada interna que dá acesso ao barrilete.

Figura 14 – Reservatório cilíndrico em Votuporanga -SP


42 INTRODUÇÃO

Figura 15 – Reservatório cilíndrico em São José do Rio Preto -SP

Figura 16 – Vista interna do reservatóri o


OBJETIVOS 43

2. OBJETIVOS

A elaboração desse trabalho foi motivada pelo significativo uso de construções de


reservatório circular e para registrar o comportamento estrutural de cascas cilíndricas.

O presente trabalho tem como um de seus objetivos documentar um roteiro de


cálculo para o dimensionamento e o detalhamento de armadura de um reservatório cilíndrico
em concreto armado. Para tanto, são apresentadas as formulações para determinação de
esforços internos da parede e os ábacos usuais para determinar os esforços solicitantes
máximos.

Outro objetivo pretendido é comentar a ação do vento no reservatório e discutir o


detalhamento das estacas e da viga anel de fundação.

Pretende-se também discutir o detalhamento das armaduras e a verificação quanto a


abertura de fissuras da parede, da ligação parede com a laje de fundo, laje de fundo e laje
da tampa.
.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 45

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Reservatório elevado

Ramos (2010) afirma que os reservatórios elevados são projetados quando existe
necessidade de garantia de pressão mínima na rede e as cotas do terreno disponíveis não
oferecem condições para o projeto de reservatórios ao nível do solo.

Segundo Hanai (1977), reservatórios cilíndricos elevados, com fundo e cobertura em


laje circular, são muito utilizados para volumes de água de até 300 m³, sendo construídos
com fôrmas deslizantes. Para maiores capacidade da ordem 700 m³, reservatórios com
parede tronco-cônico têm sido bastante empregados, até mesmo para reservatórios com
volumes maiores.

Na pesquisa de novas formas e de novos processos de construção, diversos tipos


estruturais foram empregados, principalmente devido aos recursos modernos como
protensão, pré-moldagem, fôrmas deslizantes e fôrmas autoportantes, conforme Hanai
(1977). Exemplos são os reservatórios cilíndricos protendidos, reservatórios enterrados com
paredes de argamassa armada e cobertura de elementos pré-moldados, reservatórios ao
nível do solo com parede ondulada autoprotendida e os reservatórios elevados com parede
ondulada de concreto armado.

3.2. Teoria de membrana

Segundo Maffei et al. (s.d.), a análise estrutural de cascas com teorias rigorosas é
tema muito amplo e complexo e por isso, mesmo com uso de computadores, é importante
que o engenheiro conheça alguns modelos simplificados. De acordo com Billington (1982), a
vantagem de uma análise simplificada é que o projetista pode gastar mais tempo pensando
sobre suposições, sobre formas apropriadas e tudo sobre a construção na fase crucial do
projeto preliminar.

O estudo da Mecânica dos Sólidos é comumente dividido em classes estruturais:


barras, vigas, membranas, placas e cascas. Marczak (1999) diz que as equações que
governam cada classe são válidas apenas como teorias estruturais, ou seja, incorporam
simplificações assumidas para distribuições de tensões e deslocamentos, a forma como os
carregamentos são aplicados, a geometria do problema e o comportamento constitutivo do
material. Estas simplificações tem um objetivo que é aplicar teorias com equações mais
simples e com menor número de variáveis a fim de facilitar sua solução analítica ou
numérica. Membranas constituem uma importante categoria estrutural, em que sua
46 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

aplicação pode ser empregada a vasos de pressão de parede fina, reservatórios, paredes
pressurizadas, coberturas, etc. Membrana é uma estrutura de superfície não plana, na qual
uma das dimensões, sua espessura, é muito menor que as outras duas dimensões. De uma
maneira geral, a maior parte dos componentes estruturais planos ou curvos com espessura
muita fina apresentam rigidez à flexão muito pouco significativa em comparação com a
rigidez de membrana. Portanto, nestes casos as tensões devido à flexão podem ser
desprezadas em relação às tensões de membrana.

Marczak (1999) afirma que assim como as vigas que são elementos estruturais em
que uma das dimensões é muito maior que as outras duas, membranas são estruturas onde
duas das dimensões são muito maiores que a terceira (espessura). Considera-se casca fina,
estruturas em que a razão raio/espessura está entre 50 e 100. De acordo com Maffei et al.
(s.d.) quando se estudam barras, para fins de análise estrutural, a geometria dos elementos
é representada pelo eixo e, no caso das cascas, é utilizada a superfície média.

A teoria de membrana é válida desde que se verifiquem algumas condições como:

1. A espessura da casca é pequena quando comparada com as restantes


dimensões.

2. As ações exteriores são tais que os esforços se desenvolvem somente na


superfície média da casca.

3. As reações de apoio devem estar localizadas no plano médio, caso contrário


desenvolverão esforços transversais e esforços de flexão junto da região de
fronteira.

4. A variação do raio de curvatura da curva geratriz da superfície de revolução é


lenta, não existindo descontinuidades. Nas zonas de descontinuidades existirão
esforços transversais e momentos fletores.

5. As tensões resultantes de esforços de membrana são consideradas


uniformemente distribuídas ao longo da espessura da casca.

6. A tensão radial é pequena quando comparada com as restantes, sendo possível


considerar-se um estado plano de tensão.

7. Os deslocamentos na direção normal à superfície média, designados por w, são


pequenos e dentro do domínio elástico. Valores de w aceitáveis são tais que w
menor ou igual a h / 2 , onde h é a espessura da casca.

Segundo Gamboa (2009), a análise de cascas inclui normalmente duas teorias


distintas, teoria de membrana e teoria de flexão. A teoria de membrana usualmente aplica-
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 47

se a uma grande área da casca, em que não atuam momentos ou forças de corte, apenas
restando esforços de tração ou de compressão. Já a teoria de flexão inclui os efeitos da
flexão propriamente dita, permite considerar descontinuidades na distribuição de tensão em
uma área limite da casca. Geralmente engloba uma solução de membrana corrigida nas
áreas com efeitos de descontinuidade e por isso permite considerar forças nas arestas e
forças concentradas. Para a teoria de membrana, as propriedades do material não são
usadas e, por isso, é válida para qualquer geometria aplicável independentemente do
material utilizado.

3.3. Equações de equilíbrio

De acordo com Marczak (1999), equações de membranas são muitas vezes


chamadas de Teoria de Cascas Finas. As equações de equilíbrio para membranas podem
ser deduzidas da forma usual, verificando o equilíbrio de um elemento infinitesimal.
Membranas de revolução englobam aplicações para vários tipos de elementos como
esféricos, cilíndricos, cônicos, etc. Neste trabalho, a ênfase será para membrana de
revolução cilíndrica. Sua geometria apresenta um raio de curvatura constante e um eixo de
revolução. A posição de um ponto fica definida com a indicação dos ângulos sobre estes
eixos, o ângulo θ indica a posição circunferencial enquanto que o ângulo ϕ indica a posição
meridional. Este tipo de problema é chamado de axissimétrico, onde a solução encontrada
para um meridiano é a mesma para qualquer posição θ. Para ser considerado axissimétrico,
a geometria, o carregamento e as condições de contorno devem apresentar axissimetria
também, conforme Figura 17. A geometria é definida pela geratriz e o eixo de revolução, ou
ainda pelos dois raios de curvatura da geratriz: raio de um dado ponto da geratriz até o eixo
de revolução (medido perpendicularmente à geratriz) denominado de Rm e o raio de
curvatura local da geratriz no plano da geratriz, chamado de R . A Figura 18 ilustra
exemplos de geratrizes para algumas cascas de revolução.

Figura 17 – Exemplo de problema axissimétrico


Fonte: Marczak (1999)
48 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 18 – Exemplos de geratrizes para algumas cascas de revolução: (a) casca


genérica; (b) casca esférica; (c) casca cilíndrica ; (d) casca cônica e (e) casca
toroidal

Fonte: Marczak (1999)

Seja um elemento diferencial como mostra na Figura 19 submetido a uma pressão p interna
radial. Como o problema é axissimétrico, apenas a tensão meridional varia de uma aresta
para a outra, enquanto que a tensão circunferencial permanece constante para cada
paralelo. A tensão de cisalhamento de membrana é nula.

Figura 19 – Casca cilíndrica circular – elemento infinitesimal

Fonte: Maffei et al. (s.d.)


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 49

De acordo com Martinelli et al (1983), cascas delgadas são aquelas cuja relação
entre a espessura h e o raio médio r for h / r ≤ 1/20. As ações que podem atuar nas
cascas de revolução são:

-peso próprio da cobertura (se houver, no caso de reservatórios); peso próprio da


parede vertical; sobrecarga na cobertura, etc.

-pressão hidrostática do líquido armazenado; empuxo de solo; peso próprio do


líquido (no fundo do reservatório; ou no caso de tubos).

-vento; temperatura; retração; deformação lenta; recalques de fundação; recalques


de apoios dos tubos, etc.

Os esforços internos provenientes das tensões normais e de cisalhamento em cada


face e as ações externas sobre um elemento diferencial são mostrados nas Figura 20 e
Figura 21, respectivamente. Martinelli et al (1983) propõe as seguintes convenções para os
esforços de membrana:

- N  e Ny :> 0, quando de tração

Onde:

- N  : esforço normal na direção circunferencial

- Ny : esforço normal na direção vertical

- N  y > 0 quando concordar com a coordenada y, se o esforço solicitante N  de


tração concordar com a coordenada θ.

- Ny > 0 quando concordar com a coordenada θ, se o esforço solicitante Ny de


tração concordar com a coordenada y.

Figura 20 – Esforços internos de membrana

Fonte: Maffei et al. (s.d.)


50 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 21 – Ações externas

Fonte: Maffei et al. (s.d.)

O equilíbrio de um elemento nas direções θ, y e z resulta em:

I. Equilíbrio de forças na direção circunferencial (θ):

N  Ny
( N  d )dy cos(d )  N  dy  dy.rd  p .dy.rd  0
 y

N  Ny
r  p .r  0
 

Sendo:

N  : força normal na direção circunferencial

Ny : força de cisalhamento na direção circunferencial perpendicular ao eixo y

p : ação externa na direção circunferencial

r : raio de curvatura da casca cilíndrica


II. Equilíbrio de forças na direção vertical (y):

Ny N  y
dy.rd  d dy  py.rd .dy  0
y 

rNy N  y
  py.r  0
y 

Sendo:

Ny : força normal na direção vertical

N  y : força de cisalhamento na direção y perpendicular ao ângulo θ

py : ação externa na direção vertical


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 51

III. Equilíbrio de forças na direção radial (z):

N 
( N  d )dy.sen(d )  pz.dy.rd  0


N  pz.r  0

Sendo:

pz : ação externa na direção radial

Maffei et al. (s.d.) observa que a relação Ny  N y é válida se a espessura h da


casca for muito menor que o raio r de sua superfície média.

As equações que definem o equilíbrio estático do elemento diferencial são dadas por:

N
 pz  0
r

N  Ny
r  p .r  0
 y

Ny N  y
r   py.r  0
y 

Para resolver alguns casos típicos de carregamento, Billington (1982) sugere


reescrever as equações acima da seguinte maneira:

N   pz.r

1 N
Ny    (  p )dy  f 1( )
r 

1 N  y
Ny   (  py )dy  f 2( )
r 

As expressões f 1( ) e f 2( ) dependem das condições de contorno nas bordas.

Para a situação onde o carregamento atuante é o líquido armazenado, as pressões


variam linearmente com a altura da parede, como mostra a Figura 22 e a expressão é dada
por:

pz   l ( Hl  y)

Em que  l : peso específico do fluido

Hl : altura da parede
52 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

y : altura correspondente para cálculo da pressão

Figura 22 – Carregamento atuante – líquido armazenado

Fonte: Maffei et al. (s.d.)

Considerando a simetria de revolução e as condições de contorno nas bordas tem-se


que p y  p  f1 ( )  f 2 ( )  0 e as expressões sugeridas por Billington (1982) ficam:

N   l ( Hl  y)r

Ny  0

Ny  0

Para a situação onde o carregamento atuante é a ação devido ao vento, as pressões


p e pz são conhecidas e p y é nulo, conforme Figura 23.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 53

Figura 23 – Carregamento atuante – ação provocada pelo vento

Fonte: Maffei et al. (s.d.)

Aplicando-se as condições de contorno para essa situação, as expressões sugeridas


por Billington (1982) ficam:

N   p.r cos 

Ny  2 p( Hl  y)sen

p
Ny  ( Hl  y)2 cos 
r

3.4. Lajes circulares

Na literatura técnica são facilmente encontradas tabelas para a determinação de


esforços em lajes retangulares, como as tabelas de Bares apresentadas por exemplo em
Pinheiro (1993).Tabelas para cálculo de lajes circulares fornecem resultados precisos para
carregamentos simétricos em relação ao centro e estão relacionadas em Leonhardt e
Mönnig (1978).

Para o caso particular de placas circulares sujeitas a ação uniformemente distribuída


em toda laje, tal como acontece em fundo e tampa de reservatórios cilíndricos, os esforços
máximos podem ser obtidos de modo mais simples. Para estes casos, os esforços
54 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

solicitantes a serem calculados nas lajes circulares são os momentos fletores na direção
radial denominados de Mr , momentos fletores na direção circunferencial denominados de
Mt e o esforço cortante V . A Figura 24 mostra os momentos fletores em laje circular de
forma simplificada.

Figura 24 – Momentos fletores em laje circular

Para lajes circulares articuladas nas extremidades com carregamento uniformemente


distribuído as equações de flexão estão deduzidas em Timoshenko e Woinowosky-Krieger
(1959) e apresentadas abaixo:

2
q
Mr  (3   )(a 2  r 2 )
16 (Eq.1)

q 2
Mt  [a (3   )  r 2 (1  3 )]
16 (Eq.2)

Onde:

Mr  momento fletor radial

Mt  momento fletor tangencial

a = raio da laje circular

q  carga uniformemente distribuída em toda laje

r  posição radial considerada

  coeficiente de Poison (no caso de concreto armado,   0,2)

No centro da laje, os esforços são máximos e iguais, pois r=0 e resultam em:

q.a 2
Mr  Mt  (3   )
16 (Eq.3)
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 55

3.5. Ábacos

Os esforços solicitantes também podem ser obtidos com a utilização de ábacos e


tabelas. De acordo com Guimarães (1995), o trabalho de cálculo de projetos estruturais
pode ser reduzido com aplicação de equações algébricas a partir de fatores geométricos e
relações fornecidas por ábacos.

A partir das expressões de cálculo para os esforços solicitantes, Hangan e Soare


(1959) desenvolveu um método que consiste na utilização de ábacos para obtenção dos
resultados pretendidos. Guimarães (1995) afirma que o método quando comparado com os
obtidos através da utilização das equações da teoria de cascas fornece bons resultados,
apresenta facilidade de manuseio e é bastante utilizado em escritórios de cálculo estrutural.

Estes ábacos são utilizados para dimensionamento de reservatórios cilíndricos e


foram confeccionados utilizando as equações de equilíbrio em que é considerada a ligação
como um engastamento elástico da parede com a laje de fundo. Para o dimensionamento
destes reservatórios é desejável conhecer os seguintes resultados:

- O valor do momento fletor no engastamento ( Mo )

- O valor do momento fletor máximo

- O valor do máximo esforço normal N 

- As ordenadas relativas de todos valores

Os ábacos foram confecionados com os valores da relação h/h´, fixados nas


abscissas e são obtidos valores para constantes K nas ordenadas que dependem do
produto  H , onde:

H
 H  1,307
r.h

Sendo

H : altura do reservatório

r: raio do reservatório

h: espessura da parede do reservatório

h´: espessura da laje de fundo do reservatório


56 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

As expressões para cálculo dos esforços com a utilização dos ábacos são:

Momento Fletor no Engastamento:

M 0  K . .H 3 (Eq.4)

Ordenada y 0 do Momento Fletor Nulo:

y 0  K 0.H (Eq.5)

Ordenada y1 do Momento Fletor Máximo:

y1  K 1.H (Eq.6)

Momento Fletor Máximo:

M ´  K´. .H 3 (Eq.7)

Ordenada y 2 do Esforço Normal N  máximo:

y 2  K 2.H (Eq.8)

Esforço Normal Máximo:

N máx  K´´ rH (Eq.9)

Os ábacos de Hangan e Soare (1959) para cálculo dos esforços solicitantes em


reservatórios cilíndricos estão apresentados na Figura 25 até na Figura 30.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 57

Figura 25 – Ábaco para determinação do momento M 0

Fonte: Guimarães (1995)


58 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 26 – Ábaco para determinação da ordenada y 0

Fonte: Guimarães (1995)


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 59

Figura 27 – Ábaco para determinação da ordenada y1

Fonte: Guimarães (1995)


60 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 28 – Ábaco para determinação do momento M ´

Fonte: Guimarães (1995)


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 61

Figura 29 – Ábaco para determinação da ordenada y 2

Fonte: Guimarães (1995)


62 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 30 – Ábaco para determinação do esforço N  máx

Fonte: Guimarães (1995)


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 63

3.6. Armaduras do reservatório

As armaduras da laje de fundo e laje de tampa foram determinadas através da


expressão:

Mk
As 
z. sf (Eq.10)

Onde:

Mk  momento fletor característico na laje

z  0,8.h = distância entre forças resultantes de tração e de compressão na laje

 sf  tensão de trabalho do aço na flexão levando em consideração a fissuração da peça

As armaduras circunferenciais da parede foram determinadas através da expressão:

N
As 
 st (Eq.11)

Onde:

N = esforço normal de tração na parede

 st  tensão de trabalho do aço na tração levando em consideração a fissuração da peça

As armaduras verticais da parede foram determinadas utilizando ábacos de flexão-


composta apresentados em Pinheiro (1993), conforme Figura 31. Com os parâmetros e
determina-se a taxa de armadura em que:

Nd Nd
          Eq.12)
Ac. fcd b.h. fcd

Md  .e
        Eq.13)
Ac.h. fcd h

As. fyd
          Eq.14)
Ac. fcd

Onde:

Ac  b.h = área da seção retangular de concreto


64 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

b  largura da seção transversal

h  altura da seção transversal

As= área de aço

fck = resistência característica à compressão do concreto

fck
fcd  = resistência de cálculo à compressão do concreto
c

 c  1,4 = coeficiente de minoração da resistência do concreto

fyk  resistência característica ao escoamento do aço

fyk
fyd  = resistência de cálculo ao escoamento do aço
s

 s  1,15  coeficiente de minoração da resistência do aço

Nd = esforço normal de cálculo

Md  Nd.e = esforço fletor de cálculo

e  excentridade do esforço normal em relação ao centro geométrico da seção


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 65

Figura 31 – Ábaco para flexão-composta com armadura simétrica

Fonte: Pinheiro (1993)


66 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.7. Tensão na armadura no Estádio I

O Estádio I é uma fase de carregamento com esforços em uma seção de concreto


onde as tensões normais são de baixa magnitude e com isso o concreto consegue resistir
às tensões de tração. Utilizando a hipótese de Bernoulli (seções transversais se mantém
planas após a deformação), o diagrama de tensões elásticas no concreto é considerado
linear ao longo da altura da seção transversal da peça (Lei de Navier), valendo a Lei de
Hooke. O Estádio I existe enquanto a seção não fissura. A Figura 32 representa
comportamento do concreto na flexão pura no Estádio I.

Figura 32 – Comportamento do concreto na flexão pura no Estádio I


Fonte: Pinheiro et al. (2003)

A tensão máxima na borda da seção pode ser calculada utilizando o conceito de


Mecânica dos Sólidos através da Equação 15:

Mk
 máx  (Eq.15)
W

Admitindo que a resultante de tração no concreto equivale a um tirante que deve ser
resistido pela armadura As adotada, a tensão na armadura no Estádio I é:

h
Rt
 máx.bw.
s   4 (Eq.16)
As As

Onde:

 s  é a tensão de tração no centro geométrico da armadura considerada

Rt  resultante de tração no concreto

As  área de aço adotada


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 67

3.8. Tensão na armadura no Estádio II

No Estádio II, a contribuição da resistência à tração do concreto deve ser


desprezada, pois a seção se encontra fissurada na região de tração. A região comprimida
ainda mantém o diagrama linear de tensões e permanece válida a Lei de Hooke. A Figura
33 mostra o comportamento do concreto na flexão pura no Estádio II.

Figura 33 – Comportamento do concreto na flexão pura no Estádio II


Fonte: Pinheiro et al. (2003)

O cálculo da tensão na armadura no Estádio II é dado pela equação 17, mostrada a seguir:

 e.Mk.(d  xII )
s 
III (Eq.17)

Onde:

Es
e  =relação entre o módulo de deformação do aço e o módulo de deformação
Ecs
secante do concreto
Ecs  i .Eci , em GPa (Eq.18)
f ck
i  0,8  0, 2.  1, 0
80
Eci   E .5600 fck , para fck de 20MPa a 50MPa
 E  1, 2 para basalto e diabásio
 E  1,0 para granito e gnaisse
 E  0,9 para calcário
 E  0,7 para arenito
Eci e fck são dados em MPa

Mk  momento característico atuante da seção

d  altura útil = distância do CG da armadura à borda oposta comprimida


68 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

xII  posição da linha neutra no Estádio II

 e.As  2.bw.d 
xII  .  1  1   (Eq.19)
bw   e. As 

III = momento de inércia da seção fissurada de concreto no Estádio II

bw.xII 3
III    e. As.(d  xII 2 ) (Eq.20)
3

3.9. Momento de fissuração

De acordo com Giongo (2007), os estados limites de serviço que precisam ser
verificados nas estruturas em concreto armado são: o estado limite de deformação
excessiva (ELS-DEF) considerando a fissuração (hipóteses do Estádio II), o estado limite de
formação de fissuras (ELS-F) e o estado limite de abertura de fissuras (ELS-W).

As fissuras em elementos fletidos de concreto armado ocorrem quando as tensões


de tração ultrapassam a sua capacidade resistente. A formação de fissuras acontece
quando a máxima tensão de tração no concreto atinge a resistência à tração na flexão ( f ct ),

para atuação de um certo momento em serviço identificado como momento de fissuração.


Este momento de fissuração separa o Estádio I do Estádio II.

O momento de fissuração pode ser calculado com a seguinte expressão:

Mr   . fctk , inf .W (Eq.21)

Onde:

  fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão


com a resistência à tração direta

  1, 2 para seções T ou duplo T

  1,3 para seções I ou T invertido

  1,5 para seções retangulares

fctm  resistência média à tração direta do concreto. Para determinação do momento de


fissuração em reservatórios deve ser usado fctk,inf.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 69

Para concretos de classes até C50:


fctm= 0,3. fck 2/3 em MPa
Para concretos de classes C55 até C90:
fctm= 2,12.ln(1  0,11. fck ) em MPa

fctk , inf  0,7. fctm  valor inferior da resistência característica do concreto à tração

W  módulo resistente da seção bruta de concreto

b.h2
W para seção retangular
6

Resultando em:

b.h2
Mr   .W . fctk , inf  1,5x xfctk , inf (para seção retangular)
6 (Eq.22)

3.10. Flecha final na laje

Para avaliação da flecha imediata no centro da laje é utilizada a expressão dada por
Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1959). Para o caso em análise, a laje foi admitida como
sendo articulada nas extremidades. A flecha imediata é determinada pela expressão:

5   q.a 4
ai  .
64.(1   ) D
(Eq.23)

Onde:

ai  flecha imediata

D  E.I = rigidez à flexão da laje

Para o cálculo da rigidez à flexão da laje no Estádio II, isto é, quando os esforços
solicitantes superam aqueles que dão ínicio à fissuração, utiliza-se a fórmula de Branson
que considera a rigidez equivalente dada a seguir:

Mr 3 Mr
( EI )eq  Ecs.{( ) .Ic  [1  ( )3 ].III}  Ecs.Ic
Ma Ma (Eq.24)

Onde:

Ecs  módulo de deformação secante do concreto

Ic  momento de inércia da seção bruta


70 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

III  momento de inércia da seção fissurada no Estádio II

Mr  momento de fissuração do elemento estrutural

Ma = momento fletor na seção crítica do vão considerado

A flecha adicional diferida devido as cargas de longa duração em função da fluência


é calculada pela multiplicação da flecha imediata pelo fator f dado pela expressão:


f 
1  50 ´ (Eq.25)

Onde:

As´
´  taxa de armadura de compressão
b.d

   (t )   (t 0)  coeficiente em função do tempo

Os valores de podem ser obtidos na Tabela 1 mostrada abaixo.

Tabela 1 – Valores do coeficiente  em função do tempo

Fonte: ABNT NBR 6118:2014

Sendo:

t  tempo, em meses, quando se deseja o valor da flecha diferida

t 0  a idade, em meses, relativa à data de aplicação da carga de longa duração

O valor da flecha final af na laje é obtido segundo a fórmula (1+fai.

3.11. Verificação de abertura de fissuras

Devido à baixa resistência do concreto à tração, o surgimento de fissuras em


elementos estruturais fletidos de concreto armado é inevitável. As fissuras em peças de
concreto armado ocorrem quando as tensões de tração no concreto ultrapassam sua
capacidade resistente.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 71

As aberturas de fissuras favorecem a penetração de agentes agressivos podendo


ocasionar a deterioração da estrutura devido à corrosão da armadura. Para tanto devem ser
controladas segundo recomendações da norma ABNT NBR 6118:2014.

O controle de fissuras é importante para a resistência da seção e funcionalidade de


elementos visando, por exemplo, a estanqueidade em reservatórios, e é fundamental na
durabilidade das estruturas.

Segundo a norma ABNT NBR 6118:2014, a abertura de fissuras a ser verificada


deverá ser o menor valor das duas expressões indicadas abaixo:

i  s 3 s
wk  ..
12,5 1 Es fctm (Eq.26)

i s 4
wk  . .(  45)
12,5 1 Es  r (Eq.27)

Onde:

 s,  , Es,  r são definidos para cada barra em exame;

Acri é a área da região de envolvimento protegida pela barra i ;

Es é o modulo de elasticidade do aço da barra considerada, de diâmetro i ;

 i é o diâmetro da barra que protege a região de envolvimento considerada;

 r é a taxa de armadura passiva ou ativa aderente em relação à área da região de


envolvimento Acri

As
r 
Acri

 s é a tensão de tração no centro geométrico da armadura considerada, calculada


no Estádio II;

para flexão simples:

 e.Md , freq.(d  xII )


s 
III

para a tração simples:

Nk
s 
As
72 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 1 é o coeficiente de conformação superficial da armadura considerada

fctm é a resistência à tração média do concreto;

fctm  0,3. fck 2/3 ( em MPa)

O valor do coeficiente de aderência entre o aço e o concreto é apresentado na


Tabela 2.

Tabela 2 – Valor do coeficiente de aderência 1

Fonte: ABNT NBR 6118:2014

A área de envolvimento da região protegida pela barra  i é mostrada na Figura 34.

Figura 34 – Área de envolvimento da armadura

Fonte: ABNT NBR 6118:2014

Para a verificação ser atendida, o valor característico da abertura de fissuras deve


ser inferior ao limite aceitável para a classe de agressividade ambiental em questão na
Combinação Frequente de Ações, como mostra a Tabela 3.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 73

Tabela 3 – Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração

Fonte: ABNT NBR 6118:2014

Para o caso em análise, tipicamente admite-se abertura de fissura com valor máximo
de 0,2 mm, o que corresponde a Classe de Agressividade Ambiental IV.

3.12. Ação do vento

O estudo de caso em questão é um reservatório com altura de 33m, onde a análise


do efeito do vento é de fundamental importância e não pode ser desprezada. As principais
causas de acidentes devido ao vento em reservatórios são fundações inadequadas e
deformabilidade excessiva da estrutura. As considerações e cálculo de forças devido à ação
do vento são definidas pela Norma ABNT NBR 6123:1988.

Para determinação da velocidade usada em projeto são considerados fatores


topográficos, influência da rugosidade, dimensões da edificação e o fator que considera a
vida útil e o tipo de uso da edificação. A velocidade característica é determinada pela Eq.28.

vk  v0 .S 1.S 2.S 3 (Eq.28)

Onde :

vk  velocidade característica de vento

v0  velocidade básica

S1  fator topográfico

S 2  fator de rugosidade e dimensões da edificação

S 3  fator estatístico

A velocidade básica de vento v0 é a velocidade de uma rajada de 3s de duração a

10m de altura do solo, excedido esse valor em média uma vez a cada 50 anos. Pode ser
obtida no mapa de isopletas da velocidade básica na Figura 35.
74 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 35 – Mapa de isopletas da velocidade básica v0 (m/s)

Fonte: ABNT NBR 6123:1988

O fator S1 pode ter os seguintes valores:

- Terreno plano ou fracamente acidentado: S1  1,0

- Taludes e morros: ver NBR 6123:1988

- Vales profundos, protegidos de ventos de qualquer direção: S1  0,9


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 75

O fator S 2 é determinado definindo uma categoria de terreno e uma classe conforme

a geometria da edificação. As categorias e classes estão apresentas na Tabela 4 e na


Tabela 5.

Categoria Ambiente
I Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de extensão
II Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com poucos obstáculos isolados
III Terrenos planos ou ondulados com cota média do topo dos obstáculos de 3,0m
IV Terrenos cobertos por obstáculos numerosos com cota média do topo dos obstáculos de 10m
V Terrenos cobertos por obstáculos numerosos com cota média do topo dos obstáculos de 25 m

Tabela 4 – Definição da categoria do terreno

Classe Descrição da edificação


A Maior dimensão horizontal ou vertical menor ou igual a 20m
B Maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal entre 20m e 50m
C Maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50m

Tabela 5 – Definição da classe da edificação

O fator S 2 é obtido pela seguinte expressão:

S 2  bFr ( z /10) p (Eq.29)

Sendo o fator de rajada Fr independente da categoria do terreno e dependente da

classe de edificação.

Os parâmetros para determinação de S 2 estão apresentados na Tabela 6.


76 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Tabela 6 – Parâmetros meteorológicos para determinação de S2

Fonte: ABNT NBR 6123:1988

O fator S3 pode ser encontrado na Tabela 7.

Tabela 7 – Valores mínimos do fator S3

Fonte: ABNT NBR 6123:1988

A força de arrasto é calculada pela expressão abaixo:


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 77

Fa  Ca.q. Ae (Eq.30)

Onde:

Fa  força de arrasto

Ca  coeficiente de arrasto

q  0, 613.vk 2  pressão dinâmica de vento

Ae = área frontal efetiva

O momento de tombamento na base do reservatório é determinado com a expressão


a seguir:

M T   Fai.hi (Eq.31)

Onde:

MT  momento de tombamento

Fai  força de arrasto na posição i ao longo da altura

hi  altura correspondente a resultante da força de arrasto na posição i

3.13. Dimensionamento de estacas

3.13.1 Esforços máximo e mínimo nas estacas

Os esforços normais máximo e mínimo nas estacas serão determinados através do


método da superposição, que consiste em calcular a carga em cada estaca somando-se
separadamente os efeitos da carga vertical e do momento de tombamento, de acordo com
Alonso (2010).

Para a utilização deste método, os eixos x e y devem ser os eixos principais de


inércia e as estacas devem ser verticais, de mesmo diâmetro e comprimento.

O esforço normal em cada estaca i é dado por:

N M T .xi
Ni   n (Eq.32)
 xi 2
n
i 1

Onde:

Ni  esforço normal na estaca i


78 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

N  carga vertical atuante

n  número de estacas

xi  distância da estaca i em relação ao C.G no eixo x

3.13.2 Capacidade de carga

A capacidade de carga de estacas será determinada utilizando o método de Décourt


Quaresma, conforme Cintra e Aoki (2010). A capacidade de carga R de um elemento de
fundação por estaca é dada pela soma das parcelas de resistência ao atrito lateral RL e

resistência de ponta RP , resultando em:

NL
R  RP  RL   .C.N P . AP   .10.(  1).U .L
3 (Eq.33)

Onde:

  fator que depende do tipo de estaca e tipo de solo

C  coeficiente característico do solo

N P  valor médio do índice de resistência à penetração na base da estaca, obtido


a partir de três valores: o correspondente ao nível da ponta, o imediatamente anterior
e o imediatamente posterior

AP  área da seção transversal da ponta da estaca

  fator que depende do tipo de estaca e do tipo de solo

N L = valor médio do índice de resistência à penetração do SPT ao longo do fuste

U  perímetro da estaca

L  comprimento da estaca

No cálculo de N L para estacas escavadas é adotado o limite de 3  NL  50 e não

são considerados valores que serão utilizados na avaliação da resistência de ponta.

O coeficiente característico do solo C pode ser obtido pela Tabela 8.


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 79

Tabela 8 – Valores do coeficiente característico do solo

Fonte: Cintra e Aoki (2010)

Os fatores  e  estão indicados na Tabela 9 e na Tabela 10, respectivamente.

Tabela 9 – Valores do fator  em função do tipo de estaca e do tipo de solo

Fonte: Cintra e Aoki (2010)

Tabela 10 – Valores do fator  em função do tipo de estaca e do tipo de solo

Fonte: Cintra e Aoki (2010)

3.13.3 Determinação de armadura

Segundo Pfeil (1980), o cálculo de solicitações ao longo do fuste de estacas para


dimensionamento da armadura é determinado com as tabelas de Reese e Matlock, para
tubulões longos e relação L / L0  4 . O momento fletor ao longo do fuste é dado por:

M  K H .H 0 .L0
(Eq.34)
80 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Onde:

K H  coeficiente que depende da relação L/L0

H0  esforço horizontal atuante no topo da estaca

L  comprimento da estaca

E.I
L0  5  comprimento elástico
kh

kh  coeficiente de reação lateral do solo

O esforço cortante ao longo do fuste é dado pela expressão a seguir:

V  K´H .H 0

Onde:

K´H  coeficiente que depende da relação L/L0

Os valores do coeficiente de reação lateral do solo kh estão mostrados na Tabela 11.

Tabela 11 – Valores do coeficiente k h de reação lateral do solo

Fonte: Adaptado de Pfeil (1980)

Os valores de KH e K´H estão apresentados na Tabela 12 e na Tabela 13.


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 81

Tabela 12 – Valores de K H

Fonte: Pfeil (1980)

Tabela 13 – Valores de K´ H

Fonte: Pfeil (1980)


82 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para melhor visualização, a Figura 36 e a Figura 37 mostram os esforços solicitantes


momento fletor e força cortante atuantes em estaca ao longo do fuste.

Figura 36 – Momento fletor em estaca ao longo do fuste

Fonte: Pfeil (1980)

Figura 37 – Força cortante em estaca ao longo do fuste

Fonte: Pfeil (1980)

Com as cargas axiais N máx e N mín , além da flexão atuante na estaca, é determinada a

armadura com auxílio do ábaco de Montoya et al. (1976) para seções circulares de concreto
armado, apresentado na Figura 38.

A armadura é determinada através da taxa mecânica  no ábaco, em função dos


esforços reduzidos  e  onde:

Nd Md A .f
 , = e  = tot yd
Ac . f cd Ac .h. f cd Ac. fcd
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 83

Figura 38 – Ábaco de flexão composta em seção circular de concreto armado

Fonte: Montoya et al. (1976)

3.14. Dimensionamento de viga anel da fundação

A fundação do reservatório é composta por estacas sob viga circular denominada de


viga anel. Para a determinação da armadura transversal utiliza-se a Tabela 14 e a armadura
lateral é calculada por face com a expressão a seguir:

0,10
Asl  .bw.h / face
100 (Eq.35)

A Tabela 14 é uma sistematização para cálculo de estribos segundo a Norma ABNT


NBR 6118:2014, utilizando o modelo de cálculo I. Esse modelo admite bielas com inclinação
  45 e parcela resistida pelo concreto Vc constante, independente do esforço cortante de
cálculo Vsd .
84 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Tabela 14 – Cálculo da armadura transversal

Fonte: Migliore Junior (2014)

3.15. Modelagem numérica

A análise estrutural de cascas cilíndricas pode ser feita com modelamento numérico
através do método de elementos finitos. O objetivo da modelagem numérica é a concepção
do comportamento estrutural de um tipo de elemento, indicando as regiões de esforços
máximos, mínimos e deformações.

De acordo com Alves (2011), com o uso do método de elementos finitos não apenas
pode ser feita a análise, como o dimensionamento estrutural, determinando a disposição de
armaduras necessárias para que a estrutura suporte os carregamentos impostos. Essa
análise mais criteriosa e complexa pode ser aplicada para cascas cilíndricas devido à sua
geometria e pela dificuldade de obter soluções analíticas mais precisas.

Alves (2011) afirma que o conhecimento de modelos estruturais e o respectivo


comportamento são fatores indispensáveis na área de projeto de estruturas. Para análise de
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 85

um modelo complexo como o de casca, pode ser necessário conhecimento em métodos


numéricos para solução destes problemas.

Segundo Assan (2003), o método dos elementos finitos analisa o comportamento


interno dos elementos e de toda a estrutura a partir da obtenção dos deslocamentos dos
nós. O método relaciona o campo de deslocamentos nodais com as equações de equilíbrio
de nós de cada elemento e com toda estrutura em estudo.

A Figura 39 ilustra uma simplificação de placa plana, subdividida em um certo


número finito de elementos retangulares, conectados apenas pelos seus nós. O elemento de
placa exemplificado apresenta apenas três graus de liberdade por nó; um deslocamento em
z e duas rotações, uma em torno de x e a outra em torno de y. Como o elemento
apresentado possui quatro nós, terá doze graus de liberdade. De acordo com Alves Filho
(2007), o estudo do comportamento físico do elemento retangular pode ser realizado
isolando-o do resto da estrutura. A formulação para cada elemento gera equações com o
deslocamento w e os ângulos de rotação  para um ponto qualquer da placa e é
fundamental para a modelagem adequada.

Figura 39 – Elemento finito de placa retangular

Fonte: Alves Filho (2007)


86 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para casos mais complexos, onde se deseja maior precisão de resultados é possível
escolher elementos finitos com maior número de nós e, portanto, maior número de graus de
liberdade. Com isto, maior será o número de equações a serem resolvidas e que resulta em
matrizes de maior tamanho. Quanto maior esse número de equações, maior será o tempo
de processamento para obtenção dos esforços internos. Estes esforços são determinados
pela compatibilização dos deslocamentos de todos os nós dos elementos considerados a
partir da deformada da estrutura.

A modelagem de uma estrutura em programa de elementos finitos normalmente se


faz para casos com maior número de detalhes, onde a solução manual ou por outro método
não seja suficiente para obter uma solução adequada, por questões de tempo ou por ser
impossível de resolver algebricamente. Por exemplo, no caso de uma viga bi apoiada, o
equacionamento técnico usual pode ser feito manualmente e apresentar solução adequada.
No entanto, o caso de uma estrutura como a ilustrada na Figura 40 deve ser discretizada em
muitos nós e elementos, não permite solução manual e exige utilizar algum programa de
elementos finitos para obter uma solução mais precisa.

Figura 40 – Estrutura modelada em programa de elementos finitos

Fonte: Alves (2011)


METODOLOGIA 87

4. METODOLOGIA

Na confecção desse trabalho foram utilizadas as metodologias citadas abaixo.

Estudo de caso de um reservatório cilíndrico e elevado projetado por empresa de


Engenharia para o desenvolvimento de roteiro de cálculo, dimensionamento e detalhamento
de armadura. Para tanto, foi realizada revisão bibliográfica do comportamento de cascas
cilíndricas.

Os esforços solicitantes no reservatório foram determinados com a utilização de


ábacos. Foram calculados os esforços nas estacas e posteriormente foi efetuado
dimensionamento das estacas e da viga anel.

Foi realizada verificação da abertura de fissuras das paredes do reservatório e lajes


principais a partir do detalhamento de armadura previsto em projeto.
ESTUDO DE CASO 89

5. ESTUDO DE CASO

5.1. Descrição

O estudo de caso analisado neste trabalho é o reservatório da obra Residencial Alto


das Andorinhas, em São José do Rio Preto - SP, cujo projeto estrutural foi elaborado pela
empresa Migliore & Pastore Engenharia Ltda. O reservatório em questão é cilíndrico e
elevado de concreto armado para o armazenamento de 70 m³ de água, com altura total de
33 metros. A finalidade do reservatório é a de armazenamento de água para consumo de
moradores de condomínio constituído por dois edifícios residenciais com quatro pavimentos
cada um, totalizando trinta e dois apartamentos residenciais.

O reservatório é composto por três células de água, sendo duas destinadas para o
consumo diário e a outra para a reserva de abastecimento de água. A altura máxima do
nível d´água da célula para abastecimento é de 5,80m; das células de consumo é de 1,70m
e os níveis superiores das lajes de fundo estão nas cotas 2,65m, 25,00m e 29,52m,
respectivamente. O volume reservado de água, as quantidades e as cotas das células são
especificados de acordo com o projeto hidráulico.

O diâmetro externo do reservatório é 3,50m e o diâmetro interno é 3,10m, com


espessura de 20 cm da parede vertical. O reservatório apresenta diferentes espessuras de
lajes devido ao carregamento atuante sobre as mesmas. Para as lajes sob a ação de água
foram adotadas espessuras de 30cm e 20cm e para as lajes de fechamento, travamento e
de cobertura foi adotada espessura de 12 cm. A Figura 41 mostra a fôrma em corte do
reservatório.

A entrada de água se faz através de tubulação de recalque fixada do lado externo da


parede do reservatório. O acesso ao seu interior para inspeção e limpeza é realizado por
escadas tipo marinheiro fixadas na parede do reservatório e visita pelo alçapão localizado
nas lajes de cobertura. A Figura 42 apresenta um corte do reservatório mostrando as
tubulações de recalque, consumo, limpeza, extravasor e alimentador público.

O concreto especificado no projeto do reservatório para laje de tampa, paredes, lajes


de fechamento e laje de fundo foi o de classe 30 (C30) e para as estacas foi o de classe 20
(C20). O aço especificado foi o CA-50, o cobrimento de armadura indicado para a viga anel
foi de 4,0 cm e para demais peças foi de 3,5cm, recomendando-se utilizar espaçadores e
distanciadores em quantidade adequada para garantir o cobrimento imposto.
90 ESTUDO DE CASO

Figura 41 – Fôrma em corte do reservatório

Fonte: Migliore e Pastore (2015)


ESTUDO DE CASO 91

Ø2" FºGº

Ø1.1/4"
LIMPEZA
EXTRAVASOR RESPIRO
Ø2" FºGº alçapão

Ø2" FºGº
EXTRAVASOR RECALQUE
Ø2"FºGº Ø1.1/4" FºGº
N.A.

LIMPEZA SUPERIOR
EXTRAVASOR V=12,00m3 RECALQUE
Ø2" FºGº CONSUMO Ø1.1/4" FºGº

LIMPEZA CONSUMO
Ø2"FºGº Ø6" FºGº
RECALQUE
LIMPEZA Ø1.1/4" FºGº
EXTRAVASOR CONSUMO
Ø2" FºGº
Ø6" FºGº

RG RG RG
Ø2" FºGº Ø2" FºGº Ø2" Ø2" Ø6" Ø6" FºGº

LIMPEZA INTERLIGAÇÃO DOS


EXTRAVASOR RESERVATÓRIOS

Ø2" FºGº
Ø2" FºGº Ø2"FºGº

PORTA
0,70x1,50m

Ø2"
alçapão

Ø2" FºGº
EXTRAVASOR RECALQUE
Ø2" FºGº
Ø2"FºGº N.A.
RECALQUE
BÓIA Ø1.1/4" FºGº
Ø3/4"
CONSUMO
Ø6" FºGº
CONSUMO
SUPERIOR
V=12,00m3

LIMPEZA CONSUMO
PORTA LIMPEZA Ø2"FºGº Ø6" FºGº
0,70x1,50m EXTRAVASOR
Ø2" FºGº
alçapão

EXTRAVASOR
ENTRADA
Ø2"FºGº
N.A. Ø3/4"FºGº
RG
Ø2" FºGº Ø2" FºGº Ø6" Ø6" FºGº
BÓIA
Ø3/4"

CONSUMO
INFERIOR
V=40,00m3
PORTA
0,70x1,50m

RECALQUE
Ø1.1/4" FºGº
ALIMENTADOR
LIMPEZA PÚBLICO
EXTRAVASOR Ø3/4" FºGº
Ø2" FºGº CONSUMO
Ø6" FºGº
LIMPEZA
Ø2"FºGº SUCÇÃO
RG
Ø2" FºGº
Ø3/4"

RG RG
Ø2" FºGº Ø2" FºGº

VR
Ø1.1/4"
SUCÇÃO Ø2" FºGº

Ø1.1/4" FºGº
Ø1.1/4" FºGº

PORTA
0,80x2,00m
LIMPEZA
RG RG
EXTRAVASOR Ø2"
Ø2" FºGº Ø1.1/4"

BARRILETE
PVC Ø150 CONSUMO
LIMPEZA PVC Ø150
EXTRAVASOR
PVC Ø60 ENTRADA PVC Ø25 ENTRADA
PVC Ø25
ADAPTADOR

Figura 42 – Instalação hidráulica do reservatório

Fonte: Empresa Municipal de Construç ões Popular. Fornecido por Migliore e Pastore
(2015).
92 ESTUDO DE CASO

Na ligação entre parede e laje de fundo existe mísula com intuito de enrigecer a
ligação nesta região; reduzir os riscos de fissuração; e facilitar a aplicação da
impermeabilização. Segundo Campos Filho et al. (1985), o uso de mísulas promove
acréscimo de rigidez fazendo com que os momentos fletores no centro diminuam, enquanto
os momentos fletores das bordas aumentam.

O revestimento interno garante impermeabilização adequada e protege o concreto


do contato com o fluido armazenado, mas pode provocar contaminação deste líquido.
Normalmente, a impermeabilização é do tipo semiplástico ou semi-flexível com demãos de
asfalto polimerizado, a quente, de acordo com Guimarães (1995). Os revestimentos
externos são geralmente dispensáveis, podendo o concreto das paredes ficar aparente,
conforme Guerrin e Lavaur (s.d.)

A fundação do reservatório foi projetada com oito estacas escavadas, de diâmetro


40cm, comprimento de 25m, definidas em função de sua carga e o tipo de solo existente no
local, analisado através de relatório de sondagem do terreno. A parede vertical do
reservatório é engastada em viga de coroamento de dimensão 70x70cm2, que se apoia
sobre as estacas. A Figura 43 apresenta a fôrma de fundação. As oito estacas escavadas
estão dispostas em um círculo de raio de 1,65 metros a partir do centro geométrico do
conjunto de estacas e a cada 45°. A viga circular apoiada continuamente sobre as estacas é
denominada de viga anel ou viga de coroamento e sua função é de transmitir a carga do
reservatório cilíndrico através da parede de concreto para as estacas.

Figura 43 – Fôrma de fundação

Fonte: Migliore e Pastore (2015)


ESTUDO DE CASO 93

5.2. Esforços solicitantes

A partir dos dados geométricos referentes ao reservatório em estudo, foram


determinados os esforços solicitantes na parede vertical, na ligação entre parede e laje de
fundo, na laje de fundo e na laje de cobertura. A análise foi realizada para cada uma das
células separadamente devido ao fato de possuírem níveis de água diferentes.
Primeiramente, foi analisada a célula de abastecimento de água e posteriormente a célula
de consumo diário.

A célula de abastecimento de água apresenta laje de fundo com espessura de 30


cm, parede com espessura de 20 cm, laje de fechamento com espessura de 12 cm e altura
entre face superior da laje de fundo e face inferior da laje de fechamento de 6,33m.

Para cálculo dos esforços solicitantes da parede vertical e da ligação entre parede e
h
laje de fundo através do método Hagan-Soare, os valores obtidos dos parâmetros e H

foram :

h 0, 20
  0, 67
h´ 0,30

H 6,33
 H  1,307.  1,307 x  14, 40
r.h 1, 65x0, 20

Com a entrada destes parâmetros nos ábacos indicados na Figura 25 até na Figura
30 foram determinados os valores das constantes para cada um dos esforços e sua
respectiva posição. Assim, a parede da célula estará sujeita aos seguintes esforços nas
posições calculadas, conforme as equações 4 a 9:

- M 0  K . .H 3  0,0018x10 x6,333  4,57kN.m / m

- y 0  K 0.H  0,045x6,33  0, 28m

- yomáx  1, 2. r.h  1, 2x 1, 65x0, 20  0, 69m

- M ´  K´. .H 3  0,00047 x10 x6,333  1,19kN.m / m

- y1  K 1.H  0,098x6,33  0,62m

- y1máx  1,8. r.h  1,8x 1, 65x0, 20  1, 03m


94 ESTUDO DE CASO

- N máx  K´´. .r.H  0,86x10x1,55x6,33  84,38kN.m / m

- y 2  K 2.H  0,175x6,33  1,11m

- y 2máx  0, 6. r.h  0, 6x 1, 65x0, 20  0,34m

Para a célula de consumo diário, a laje de fundo possui espessura de 20 cm, parede
com espessura de 20 cm, laje de fechamento com espessura de 12 cm e altura entre face
superior da laje de fundo e face inferior da laje de fechamento de 2,40m.

h
Os valores obtidos para os parâmetros e  H foram:

h 0, 20
  1, 00
h´ 0, 20

H 2, 40
 H  1,307.  1,307 x  5, 46
r.h 1, 65x0, 20

Assim, a parede da célula estará sujeita aos seguintes esforços e posições


calculadas segundo as equações 4 a 9:

- M 0  K . .H 3  0,0083x10x2, 403  1,15kN .m / m

- y 0  K 0.H  0,088x 2, 40  0, 21m

- yomáx  1, 2. r.h  1, 2x 1, 65x0, 20  0, 69m

- M ´  K´. .H 3  0,0030.10.2, 403  0, 41kN.m / m

- y1  K 1.H  0, 22x 2, 40  0,53m

- y1máx  1,8. r.h  1,8x 1, 65x0, 20  1, 03m

- N máx  K´´. .r.H  0,65x10x1,55x2, 40  24,18kN.m / m

- y 2  K 2.H  0,347 x 2, 40  0,83m

- y 2máx  0, 6. r.h  0, 6x 1, 65x0, 20  0,34m

O esforço fletor tanto da laje de fundo quanto da laje de tampa foi calculado
utilizando a equação 3:
ESTUDO DE CASO 95

- Célula de abastecimento:

Laje de fundo:

q.a 2
Mr  Mt  (3   )
16

Onde:

q  q1  q2  q3

q1  peso próprio da laje  0,30x25  7,50kN / m2

q2  carga de água  10x6,00  60,00kN / m2

q3 = impermeabilização  1,00kN / m2

q  7,50  60,00  1,00  68,50kN / m2

3,30
a  1,65m
2

  0, 2

68,5x1, 652
Mr  Mt  (3  0, 2)  37,30kN .m / m
16

Mort  Mr. 2  37,30x 2  52, 75kN .m / m

Laje de tampa:

q.a 2
Mr  Mt  (3   )
16

Onde:

q  q1  q 2

q1  peso próprio da laje = 0,12x25  3,00kN / m2

q 2  carga acidental = 1,00kN / m2

q  3,00  1,00  4,00kN / m2

3,30
a  1,65m
2

  0, 2
96 ESTUDO DE CASO

4, 00 x1, 652
Mr  Mt  (3  0, 2)  2,18kN .m / m
16

Mort  2,18. 2  2,18x 2  3, 08kN .m / m

- Célula de consumo diário:

Laje de fundo:

q.a 2
Mr  Mt  (3   )
16

Onde:

q  q1  q2  q3

q1  peso próprio da laje  0, 20x 25  5,00kN / m2

q2  carga de água  10x1,70  17,00kN / m2

q3 = impermeabilização  1,00kN / m2

q  5,00  17,00  1,00  23,00kN / m2

3,30
a  1,65m
2

  0, 2

23, 00 x1, 652


Mr  Mt  (3  0, 2)  12,52kN .m / m
16

Mort  Mr. 2  12,52x 2  17, 71kN.m / m

Laje de tampa:

q.a 2
Mr  Mt  (3   )
16

Onde:

q  q1  q 2

q1  peso próprio da laje  0,12x 25  3,00kN / m2

q 2  carga acidental  1,00kN / m2

q  3,00  1,00  4,00kN / m2


ESTUDO DE CASO 97

3,30
a  1,65m
2

  0, 2

4, 00 x1, 652
Mr  Mt  (3  0, 2)  2,18kN .m / m
16

Mort  2,18. 2  2,18x 2  3, 08kN .m / m

Para todos os casos, Mort é o momento fletor ortogonal atuante na peça.

Um resumo com os esforços normais e fletores está apresentado na Tabela 15 e na


Tabela 16.

Célula de abastecimento
Mr=Mt=2,18kN.m/m
Laje de tampa
Mort=3,08kN.m/m

Mr=Mt=37,30kN.m/m
Laje de fundo
Mort=52,75kN.m/m

Ligação parede-laje de fundo M0=4,57kN.m/m

M´=1,19kN.m/m
Parede
Nmáx=84,38kN/m

Tabela 15 – Esforços solicitantes na célula de abastecimento

Célula de consumo diário


Mr=Mt=2,18kN.m/m
Laje de tampa
Mort=3,08kN.m/m

Mr=Mt=12,52kN.m/m
Laje de fundo
Mort=17,71kN.m/m

Ligação parede-laje de fundo M0=1,15 kN.m/m

M´=0,41 kN.m/m
Parede
Nmáx=24,18 kN./m

Tabela 16 – Esforços solicitantes na célula de consumo diário

5.3. Cálculo de armaduras do reservatório

As armaduras do reservatório foram calculadas para a célula de abastecimento e


para a célula de consumo diário. Em cada célula determinou-se a armadura da laje de
98 ESTUDO DE CASO

tampa, laje de fundo, parede e ligação da parede com laje de fundo, considerando tensão de
trabalho do aço na tração e na flexão, st=8kN/m2 e sf=14 kN/cm2 respectivamente, para
levar em conta a fissuração da peça.

As armaduras da célula de abastecimento e da célula de consumo diário foram


calculadas seguindo o roteiro abaixo indicado.

5.3.1 Laje de fundo da célula de abastecimento

-Armadura inferior no meio do vão calculada através da Eq.10:

Mort Mort 5.275


As     15, 70cm2 / m (adotado 16c /10)
z. sf 0,8.h. sf 0,8x30 x14

Asmín  0,10.h  0,10x30  3,00cm2 / m

-Armadura superior na borda da laje calculada através da Eq.10:

M0 M0 457
As     1,36cm2 / m
z. sf 0,8.h. sf 0,8x30 x14

Asmín  0,15.h  0,15x30  4,50cm2 / m (adotado 10c /10)

5.3.2 Parede da célula de abastecimento

-Armadura circunferencial calculada através da Eq.11:

N 84,38
As    10,34cm2 / m (adotado  8c / 7,5 em 2 faces)
 st 8

Asmín  0,10.h  0,10x 20  2,00cm2 / m

-Armadura vertical calculada através das Eqs.12,13 e 14:

-Esforço normal da parede ( Npar )

p. ppar   x3,30x0, 2x30,65x25  1.589kN

 x3,102
p. plaje  x1,18x 25  223kN
4

 x3,102
págua  x 9, 40 x10  710kN
4

Carga total = 1.589+223+710=2.522kN


ESTUDO DE CASO 99

2.522
Npar   244kN / m
 x3,30

M  M 0  4,57kN.m / m

Utilizando o Ábaco da Figura 31 resulta:

1 1
d´ c   t  . l  3,50  0,80  x1  5cm
2 2

d´ 5
  0, 25
h 20

Nd 1, 4 x 244
   0, 08
Ac. fcd 20 x100 x 2,14

1, 4 x 457
  0, 008
20 x100 x 20 x 2,14

0, 4
  0  Ascalc  0  Asmin  x 20 x100  8,00cm / m ( adotado 10c / 20 em 2 faces)
2

100

-Armadura de ligação da parede com laje de fundo calculada através da Eq.10:

Mo 457
As    2, 04cm2 / m
0,8.h. sf 0,8x 20 x14

Asmín  0,15.h  0,15x 20  3,00cm2 / m (adotado 10c /10)

5.3.3 Laje de tampa da célula de abastecimento

-Armadura inferior no meio do vão calculada através da Eq.10:

Mort Mort 308


As     2, 29cm2 / m (adotado  6,3c /15)
z. a 0,8.h. sf 0,8x12 x14

Asmín  0,10.h  0,10x12  1, 20cm2 / m

5.3.4 Laje de fundo da célula de consumo diário

-Armadura inferior calculada através Eq.10:

Mort Mort 1.771


As     7,91cm2 / m (adotado 12,5c /10)
z. sf 0,8.h. sf 0,8x 20 x14

Asmín  0,10.h  0,10x 20  2,00cm2 / m


100 ESTUDO DE CASO

-Armadura superior na borda da laje calculada através da Eq.10:

M0 M0 115
As     0,51cm2 / m
z. sf 0,8.h. sf 0,8x 20 x14

Asmín  0,15.h  0,15x 20  3,00cm2 / m (adotado 8c /10)

5.3.5 Parede da célula de consumo diário

-Armadura circunferencial calculada através da Eq.11:

N 24,18
As    3,02cm2 / m (adotado  6,3c /15 em 2 faces)
 st 8

Asmín  0,10.h  0,10x 20  2,00cm2 / m

-Armadura Vertical calculada através das Eqs. 12, 13 e 14:

0, 4
Asmín  x 20 x100  8,00cm / m (adotado 10c / 20 em 2 faces)
2

100

-Armadura de ligação da parede com laje de fundo através da Eq.10:

Mo 115
As    0,51cm2 / m
0,8.h. sf 0,8x 20 x14

Asmín  0,15.h  0,15x 20  3,00cm2 / m (adotado 8c /10)

5.3.6 Laje de tampa da célula de consumo diário

-Armadura inferior no meio do vão calculada através da Eq.10:

Mort Mort 308


As     2, 29cm2 / m (adotado  6,3c/15)
z. sf 0,8.h. sf 0,8x12 x14

Asmín  0,10.h  0,10x12  1, 20cm2 / m

5.4. Detalhamento de armaduras do reservatório

O detalhamento de armaduras das lajes de fundo, lajes de tampa e paredes está


apresentado da Figura 44 até a Figura 50.
ESTUDO DE CASO 101

5.4.1 Detalhamento da laje de fundo da célula de abastecimento

Figura 44 – Detalhamento da laje de fundo

Fonte: Migliore e Pastore (2015)

Figura 45 – Detalhe de ligação da parede com laje de fundo

Fonte: Migliore e Pastore (2015)


102 ESTUDO DE CASO

5.4.2 Detalhamento da laje de fundo da célula de consumo diário

Figura 46 – Detalhamento da laje de fundo da c élula de consumo diário

Fonte: Migliore e Pastore (2015)

Figura 47 – Detalhe de ligação da parede com laje de fundo

Fonte: Migliore e Pastore (2015)


ESTUDO DE CASO 103

5.4.3 Detalhamento de lajes de tampa

Figura 48 – Detalhamento de lajes de tampa

Fonte: Migliore e Pastore (2015)

Figura 49 – Detalhe de parede com laje de fechamento

Fonte: Migliore e Pastore (2015)


104 ESTUDO DE CASO

5.4.4 Detalhamento de parede

Figura 50 – Armadura de parede

Fonte: Migliore e Pastore (2015)


ESTUDO DE CASO 105

5.5. Momento de fissuração

O momento de fissuração da laje de fundo, parede e laje de tampa para os dois


casos, tanto da célula de abastecimento quanto da célula de consumo diário, é calculado
com a Equação 22. Compara-se o momento fletor característico com o momento de
fissuração para verificação da ocorrência de fissuras. Se o valor do momento fletor
característico for maior que o valor do momento de fissuração, ocorrerá fissuras e, portanto
deverá ser avaliada a abertura da fissura.

5.5.1 Valores comuns a todas as peças

  1,5

fctk , inf  0,7. fctm  0,7 x0,3x202/3  2,03MPa  0, 203kN / cm2

5.5.2 Laje de fundo da célula de abastecimento

2
b.h2 100 x30
  15.000cm3 / m
6 6

bh2
Mr  1,5. . fctk , inf  1,5x15.000 x0, 203  4.568kN .cm / m
6

Como:

Mort  5.275kN.cm / m  Mr = 4.568kN.cm/m  Ocorrência de fissuras

5.5.3 Parede da célula de abastecimento

2
b.h2 100 x 20
  6.667cm3 / m
6 6

bh2
Mr  1,5. . fctk , inf  1,5x6.667 x0, 203  2.030kN .cm / m
6

Como:

Mo  457kN.cm / m < Mr  2.030kN.m/m  Não há ocorrência de fissuras

M ´ 119kN.cm / m < Mr = 2.030kN.cm/m  Não há ocorrência de fissuras


106 ESTUDO DE CASO

5.5.4 Laje de tampa da célula de abastecimento

2
b.h2 100 x12
  2.400cm3 / m
6 6

bh2
Mr  1,5. . fctk , inf  1,5x 2.400x0, 203  731kN .cm / m
6

Como:

Mort  385kN.cm / m < Mr = 731kN.cm/m  Não há ocorrência de fissuras

5.5.5 Laje de fundo da célula de consumo diário

2
b.h2 100 x 20
  6.667cm3 / m
6 6

bh2
Mr  1,5. . fctk , inf  1,5x6.667 x0, 203  2.030kN .cm / m
6

Como:

Mort  1.771kN.cm / m  Mr  2.030kN.cm/m  Não há ocorrência de fissuras

5.5.6 Parede da célula de consumo diário

2
b.h2 100 x 20
  6.667cm3 / m
6 6

Portanto:

Mr  1,5x6.667 x0, 203  2.030kN .cm / m

Como:

Mo  115kN.cm / m < Mr = 2.030kN.cm/m  Não há ocorrência de fissuras

M ´ 41kN.cm / m < Mr  2.030 kN.cm/m  Não há ocorrência de fissuras

5.5.7 Laje de tampa da célula de consumo diário

2
b.h2 100 x12
  2.400cm3 / m
6 6

bh2
Mr  1,5. . fctk , inf  1,5x 2400 x0, 203  731kN .cm / m
6
ESTUDO DE CASO 107

Como:

Mort  385kN.m / m  Mr = 731kN.m/m  Não há ocorrência de fissuras

5.6. Tensão na armadura circunferencial

A tensão na armadura circunferencial é devido ao esforço de tração provocado pela


ação da água denominado Ncujo valor máximo ocorreu na célula de abastecimentoÉ
determinada pela expressão abaixo:

Nk 84,38
s    6, 29kN / cm2
As 13, 42

5.7. Tensão na armadura no Estádio I

A parede do reservatório e o fundo da laje da célula de consumo diário possuem a


mesma espessura, portanto foi determinada a tensão na armadura para o caso de maior
momento característico atuante. Como o momento característico é menor do que o
momento de fissuração, a tensão na armadura é calculada no Estádio I, conforme a Eq.16.

b.h2 100 x 202


W   6.667cm2 / m
6 6

Mk 1.771
 máx    0, 266kN / cm2
W 6.667

h
Rt
 máx.bw.
s   4  0, 266 x100 x5  10,84kN / cm2
As As 12, 27

5.8. Tensão na armadura no Estádio II

Na laje de fundo da célula de abastecimento, o momento fletor ortogonal é maior que


o momento de fissuração, portanto o cálculo de tensão na armadura deve ser feito no
Estádio II.

5.8.1 Posição da linha neutra

- Calculada através da Eq.18:

Es 210
e    8, 05
Ecs 0,85x5, 6. 30
108 ESTUDO DE CASO

 e.As  2.bw.d 
xII  .  1  1  
bw   e. As 

8,05x20,11 2 x100 x 25
xII  x ( 1  1  )  7,52cm
100 8, 05x 20,11

5.8.2 Momento de inércia da seção fissurada de concreto

- Calculado através da Eq.19:

bw.xII 3
III    e. As.(d  xII 2 )
3

100 x7,523
III   8, 05x 20,11x(25  7,522 )  63.640cm4
3

5.8.3 Tensão na armadura

- Calculada através da Eq.17:

 e.Mk.(d  xII )
s 
III

8,05x5.275x(25  7,52)
s   11,66kN / cm2
63.640

5.9. Flecha no meio da laje

A flecha imediata foi calculada no meio da laje de fundo para a célula de


abastecimento devido ao maior carregamento atuante e determinada pela Eq.23. A rigidez à
flexão da laje foi obtida pela Eq.24 dada a seguir.

Mr 3 Mr
( EI )eq  Ecs.{( ) .Ic  [1  ( )3 ].III}  Ecs.Ic
Ma Ma

45, 7 3 45, 7 3
( EI )eq  26 x102{( ) x 225.000  [1  ( ) ]x63.640}  26 x106 x 2, 25 x103
52, 75 52, 75

( EI )eq  43.948,15kN.m2  58.662kN.m2

A flecha imediata é:

(5  0, 2) 68,50 x1, 654


ai  x x10  0, 78mm
3

64.(1  0, 2) 43.948,15
ESTUDO DE CASO 109

O valor f da flecha diferida é determinado pela Eq.25 com tempo t0=1mês para
retirada de escoramentos.

 2  0, 68
f    1,32
1  50 ´ 1  50 x0

Portanto a flecha final resulta em:

af  ai.(1  f )  0,78x(1  1,32)  1,8mm

A flecha admissível é:

l 330
aadm    1,32cm  13, 2mm
250 250

af  aadm  verificação atendida

5.10. Verificação de abertura de fissuras

A verificação de abertura de fissuras será feita na laje de fundo da célula de


abastecimento, em razão da ocorrência de fissuras. O valor característico da abertura de
fissuras wK é o menor entre os encontrados pelas Eqs. 26 e 27 e calculados a seguir:

  s 3 s
wk  . .
12,5 1 Es fctm

16 116, 6 3x116, 6
wk  x x  0, 04mm
12,5x 2, 25 210.000 2,90

 s 4
wk  . .(  45)
12,5 1 Es  r

16 116, 6 4
wk  x x(  45)  0,12mm
12,5x 2, 25 210.000 0, 012

Portanto, wk=0,04mm.

5.11. Momento de tombamento devido a ação do vento

Os valores adotados para cálculo da velocidade característica de vento estão


indicados abaixo.

v0  37m / s ( cidade de São José do Rio Preto)

S1  1,0 (categoria de terreno II)


110 ESTUDO DE CASO

S 3  1,0 (edificação classe B)

Os dados para determinação do fator S2 são obtidos na Tabela 6, em que:

b  1,0

p  0,09

Fr  0,98

A resultante do momento de tombamento foi calculada considerando forças de


arrasto a cada 5,50 metros aplicadas no centro geométrico de cada trecho. O momento de
tombamento na base do reservatório é dado pela somatória do momento de cada força de
arrasto em sua respectiva faixa. Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 17.

Cálculo do momento de tombamento

Dados do fator S2 Dados gerais


b= 1,00 vo = 37,0 m/s
p= 0,09 S1 = 1,0 (terreno)
Fr = 0,98 S3 = 1,0 (estatístico)

Ca = 1,00

cota z S2 vk q Ae Fa MT
2
(m) (m/s) (kN/m ) (m2) (kN) (kN.m)
30,25 1,083 40,06 0,984 19,25 18,9 573
24,75 1,063 39,34 0,949 19,25 18,3 452
19,25 1,040 38,46 0,907 19,25 17,5 336
13,75 1,008 37,31 0,854 19,25 16,4 226
8,25 0,963 35,64 0,779 19,25 15,0 124
2,75 0,873 32,28 0,639 19,25 12,3 34
0,00
 = 98,4 1744

Tabela 17 – Planilha para cálculo de momento de tombamento

5.12. Esforços máximo e mínimo nas estacas

Os esforços normais máximo e mínimo nas estacas são determinados considerando


carregamento permanente, ação da água e do vento. O esforço normal mínimo ocorrerá
quando o reservatório estiver vazio, ou seja, atuação do carregamento permanente mais
ação do vento, e o esforço normal máximo quando o reservatório estiver cheio em conjunto
com a ação do vento. Portanto, temos:
ESTUDO DE CASO 111

NG
Nmín   Nv
n

( NG  Na)
Nmáx   Nv
n

Onde:

NG  peso próprio=pppar  pplaje  1.934kN

Na  peso de água=710kN

Nv  esforço normal de vento

O esforço normal de vento foi calculado pela expressão:

MT .xi
Nv   n

x
i 1
i
2

Onde:

MT  momento de tombamento na base do reservatório

xi  distância da estaca i em relação ao C.G no eixo x

A disposição das estacas está indicada na Figura 51.


112 ESTUDO DE CASO

Figura 51 – Disposição das estacas

A somatória das distâncias xi de todas as estacas está apresentada abaixo:

x1=1,65m (distância da estaca 1 ao eixo x)

x2=x8=1,65xcos45°m=1,17m (distância da estaca 2 e 8 ao eixo x devido a simetria)

x3=x7=0 (distância da estaca 3 e 7 ao eixo x devido a simetria)

x4=x6=-1,65xcos45°m=1,17m (distância da estaca 4 e 6 ao eixo x devido a simetria)

x5=-1,65m (distância da estaca 5 ao eixo x)

xi2=10,92m

Portanto:

1.744 x1, 65
Nv    263,5kN
10,92

Logo: Os esforços normais mínimo e máximo por estaca serão:

1.934
Nmín   263,5  21,8kN (tração)
8
ESTUDO DE CASO 113

(1.934  710)
Nmáx   263,5  594kN (compressão)
8

Força horizontal de vento por estaca será:

98, 4
FHv =  12,3kN
8

5.13. Dimensionamento de estacas

5.13.1 Capacidade de carga

O diâmetro da estaca e o seu comprimento foi determinado utilizando o método de


Décourt Quaresma através de planilha de cálculo, conforme Tabela 18 e Tabela 19. O
relatório de sondagem SPT referente ao solo local, utilizado para cálculo da capacidade de
carga das estacas está apresentado nas Figura 52, Figura 53 e Figura 54, mostrando os três
furos de sondagem realizados, SP-01, SP-02 e SP-03.

A planilha de cálculo para determinação da capacidade de carga admissível da


estaca mostra que o comprimento da estaca para carga máxima é de 23m. A obra foi
implantada em patamar cujo nível se encontra aproximadamente 1,5m acima do nível da
sondagem, resultando em comprimento para estaca de 25m.
114 ESTUDO DE CASO

Figura 52 – Sondagem SP-01

Fonte: Geo Soluções (2015)


ESTUDO DE CASO 115

Figura 53 – Sondagem SP-02

Fonte: Geo Soluções (2015)


116 ESTUDO DE CASO

Figura 54 – Sondagem SP-03

Fonte: Geo Soluções (2015)


ESTUDO DE CASO 117

Tabela 18 – Características da estaca

Tabela 19 – Capacidade de carga admissível da estaca

5.13.2 Determinação da armadura

Os dados gerais da estaca e do solo estão apresentados abaixo.

 Concreto utilizado: C20

 Diâmetro=40cm ; Comprimento=25m

 kh do solo: 2500kN/m3  Tabela 11

 H0  12,3kN

 xD 4  x0, 44
I    1, 2566 x103 m4
64 64

E.I 5 21.287 x103 x1, 2566 x103


 L0  5   1, 61m
kh 2.500

L 25
   15,5
L0 1, 61
118 ESTUDO DE CASO

Pela Tabela 12 determina-se o valor máximo de KH, igual a 0,77.

O momento fletor máximo ao longo do fuste determinado pela Eq.34 e a sua posição
a partir do topo da estaca são:

M máx  K H .H 0 .L0  0,77 x12,3x1,61  15, 25kN.m

z
 1, 4  z  1, 61x1, 4  2, 25m
Lo

Com o esforço fletor máximo e as cargas axiais máxima e mínima que atuam na
estaca, os esforços reduzidos são obtidos por:

Nd 594 x1, 4
 máx    0, 46
Ac . f cd 1.257 x1, 43

Nd 21,8x1, 4
 mín    0, 02
Ac . f cd 1.257 x1, 43

Md 1.525x1, 4
   0, 03
Ac .h. f cd 1.257 x 40 x1, 43

A taxa mêcanica  para o cálculo da armadura é obtida pelo ábaco da Figura 38 em


que:

d´ 5 d´
  0,125   0,10
h 40 h

 máx  0, 46;   0,03    0  As  0

 mín  0, 02;   0, 03    0,10  As  4,13cm2

A armadura mínima da estaca é:

0,5
Asmín  0,5%. Ac  x1.257  6, 29cm 
2

100

Portanto:

Asadot  612,5

E o estribo adotado foi de  6,3c / 20

O detalhamento de armadura das estacas está apresentado na Figura 55.


ESTUDO DE CASO 119

Figura 55 – Detalhamento de armadura da estaca

Fonte: Migliore e Pastore (2015)

5.14. Dimensionamento de viga anel

O carregamento que atua na viga anel é considerado uniformemente distribuído


sobre seu eixo e constituído pelo carregamento permanente da parede, lajes, carga de
água, além de seu peso próprio. Devido a viga anel ser circular são desenvolvidos esforços
de torção. Como a distância entre os apoios entre estacas é de 1,26 m, o efeito de torção é
desprezível em presença da flexão. Para avaliação dos momentos fletores negativos e
positivos utilizou-se o valor q.l2/8 e para o cortante máximo o valor de Nmáx/2. Apresenta-se
abaixo o cálculo dos esforços solicitantes e armaduras da viga anel adotada em projeto.

-Carregamento permanente da parede, lajes e carga de água


120 ESTUDO DE CASO

pppar   x3,30x0, 2x33x 25  1.711kN

 x3,102
pplajes  1,18x 25  223kN
x
4

 x3,102
págua  x 9, 40 x10  710kN
4

P  pppar  pplajes  págua  1.711  223  710  2.644kN

-Carregamento permanente da viga anel

ppanel  0,70x0,70x25  12, 25kN / m

-Comprimento da viga anel

companel   x3,30  10,37m

-Carregamento uniformemente distribuído sobre viga anel

P 2.644
qeq   ppanel   12, 25  267kN / m
companel 10,37

-Esforços solicitantes máximos

qeq.l 2 267 x1, 2632


Mmáx    53, 2kN .m
8 8

Nmáx 594
Vmáx    297kN
2 2

-Armadura de flexão no E.L.U – Superior/Inferior

b.d 2 70 x652
kc    39, 7  ks  0, 023
Md 7.448

ks.Md 0,023x7.448
As    2,64cm2
d 65

0,15 0,15
Asmín  .bw.h  x 70 x 70  7,35cm ( adotado 416  312,5)
2

100 100

-Armadura transversal

1)Vu  Vrd 2   u.bw.d  0,5091x70 x65  2.316kN


Vd  Vu  OK
ESTUDO DE CASO 121

2)Vmín   mín.bw.d  0,1323x70 x65  602kN


Vd  Vmín  Aswmín

bw 70
3) Aswmín   mín.  0,116x  2,03cm2 / m (adotado  8c /15)
n 4

-Armadura lateral através da Eq.35

0,10 0,10
Asl  .bw.h / face  x 70 x 70  4,90cm / face (adotado 412,5 por face)
2

100 100

O detalhamento de armadura da viga anel está apresentado na Figura 56.

Figura 56 – Detalhamento de armadura da viga anel

Fonte: Migliore e Pastore (2015)

5.15. Quantidade de aço e volume de concreto

A quantidade de aço e o volume total de concreto para o reservatório estão


apresentados nas tabelas abaixo.
122 ESTUDO DE CASO

Tabela 20 – Resumo de aço

Fonte: Migliore e Pastore (2015)

Tabela 21 – Volume de concreto

Fonte: Migliore e Pastore (2015)


DISCUSSÃO DE RESULTADOS 123

6. DISCUSSÃO DE RESULTADOS

O método simplificado de Hagan-Soare para reservatórios cilíndricos consiste na


utilização de ábacos para determinação dos esforços internos e é bastante prático, visto que
com a simples aplicação de algumas fórmulas envolvendo dados geométricos, o trabalho de
cálculo nos projetos estruturais de reservatórios é reduzido e os esforços solicitantes são
obtidos rapidamente.

Os esforços solicitantes foram calculados na laje de fundo, laje de tampa, parede e


ligação da parede com a laje de fundo para as células de abastecimento e de consumo
diário. O esforço fletor máximo na parede ocorreu na região inferior, tracionando as fibras do
lado interno, seus valores foram, respectivamente, de 457 kN.cm/m e 115 kN.cm/m, e o
esforço fletor mínimo também ocorreu na região inferior, mas tracionando as fibras do lado
externo; seus valores foram, respectivamente, de 119 kN.cm/m e 41 kN.cm/m. O esforço
interno de tração circunferencial provocado pela ação da água é máximo na célula de
abastecimento, com o valor de 84,38 kN/m na altura de 1,1m da parede a partir do fundo.

Na laje de fundo, tanto na célula de abastecimento quanto na célula de consumo


diário, o esforço máximo de flexão ocorreu no meio da laje, com valores de 5.275 kN.cm/m e
1.771 kN.cm/m, respectivamente, calculados considerando a laje simplesmente apoiada
sobre a parede para efeito de determinação de armadura inferior.

O esforço fletor no meio da laje de fundo da célula de abastecimento foi maior do que
o momento de fissuração, indicando que ocorrerão fissuras e a peça em serviço estará
trabalhando no Estádio II, sendo necessário verificar a abertura de fissuras. Os esforços de
flexão nos demais elementos não atingiram o momento de fissuração, indicando que a peça
em serviço estará trabalhando no Estádio I nessas regiões.

Em relação às armaduras calculadas do reservatório, a armadura adotada em projeto


na ligação da parede com a laje de fundo foi o maior valor entre a armadura do pé da
parede e a armadura do engastamento da borda da laje. O maior valor de armadura
calculada foi para laje de fundo da célula de abastecimento devido aos esforços de alta
magnitude provocados pela elevada carga de água. Em particular foi adotada armadura de
c/ 10.

A tensão de trabalho do aço na flexão adotada para dimensionamento das


armaduras do reservatório foi de 14 kN/cm2, valor considerado na prática para diminuição
das deformações no aço e no concreto, e consequentemente melhorar o comportamento da
peça na fissuração para garantir a estanqueidade do reservatório.
124 DISCUSSÃO DE RESULTADOS

O valor obtido da tensão na armadura no Estádio II foi de 11,66 kN/cm 2 , o que levou
a valor previsto de abertura de fissuras de 0,04 mm. Este valor é abaixo do limite aceitável
da Norma ABNT NBR 6118:2014 para classe de agressividade ambiental IV, o qual é de 0,2
mm. Para o caso estudado, a abertura de fissuras prevista não é nociva à durabilidade da
estrutura. O maior valor obtido para a tensão na armadura no Estádio I foi de 10,84 kN/cm2,
tensão esta abaixo do valor inicialmente adotado para a tensão em serviço de 14 kN/cm2. E
para a tensão na armadura circunferencial, o maior valor obtido foi de 6,29 kN/cm2, abaixo
do valor inicialmente adotado para a tensão na tração em serviço de 8kN/cm2.

A flecha máxima ocorre no centro da laje e foi verificada para a laje de fundo da
célula de abastecimento. Para cálculo da flecha foi utilizada a inércia equivalente segundo a
Fórmula de Branson e o carregamento máximo, admitindo articulação nas extremidades. O
valor encontrado foi de 1,8mm, ficando abaixo do limite estabelecido pela Norma ABNT
6118:2014, que é de l/250 igual a 13,2mm.

A ação do vento provoca o efeito de tombamento do reservatório, causando na


fundação ações de tração e de compressão. O valor obtido do momento de tombamento na
base do reservatório foi de 1.744kN.m e a força horizontal do vento foi de 98,4kN. Observa-
se que a força horizontal do vento aumenta com a altura do reservatório devido à variação
da velocidade do vento e da área de obstrução.

Com o momento de tombamento e a força horizontal do vento foram determinados


os valores dos esforços máximo e mínimo em cada umas das oito estacas, necessários para
o dimensionamento das mesmas. O esforço normal máximo por estaca foi de 594kN de
compressão e o esforço normal mínimo foi de 21,8kN de tração. A forca horizontal de vento
por estaca foi de 12,3kN.

O momento fletor máximo ao longo do fuste foi de 15,25 kN.m. Com os esforços
máximo e mínimo em cada estaca e o esforço fletor máximo, foi efetuado o cálculo de
armadura. A armadura da estaca foi a mínima, resultando em 6,29 cm2 e foi adotado
detalhamento com 612,5 e o estribo de 6,3 c/20.

Feito o dimensionamento da viga anel, a armadura de flexão superior e inferior foi a


mínima, adotando-se 4 16 + 3 12,5. Para a armadura transversal, foi adotado 8 c/15 e
para armadura lateral foi adotado 412,5 por face.

A quantidade de aço para o reservatório foi de 7.288 kg e o volume total de concreto


incluindo as estacas foi de 108.2 m3, resultando em uma taxa de armadura de 67,4 kg/m3. A
taxa de armadura para o reservatório sem a consideração das estacas foi de 82 kg/m3.
CONCLUSÕES 125

7. CONCLUSÕES

Devido ao crescimento populacional das cidades em geral, há necessidade de


construção de reservatórios em bairros para o abastecimento de água potável. Em visitas a
vários bairros na cidade de São José do Rio Preto, foi verificado o grande número de
construções de reservatórios cilíndricos para atender a demanda do abastecimento de água.

Neste trabalho foi abordado e documentado um roteiro para dimensionamento e


detalhamento de reservatório cilíndrico elevado em concreto armado, através de estudo de
caso. A partir do roteiro de cálculo apresentado, foi possível determinar os esforços internos
da parede, da ligação entre parede e laje de fundo e das lajes de fundo, tampa. O cálculo
dos esforços internos foi feito utilizando o método simplificado de cascas cilíndricas
desenvolvido por Hagan-Soare, que mostrou ser prático e eficiente.

Os projetos estruturais de reservatórios devem assegurar não somente a resistência


das peças como também a durabilidade da estrutura. Com o estudo de caso apresentado,
foram verificados os elementos do reservatório quanto à fissuração e, consequentemente, a
abertura de fissuras. Observou-se que apenas a laje de fundo da célula de abastecimento
fissurou em projeto, mas a abertura de fissuras está adequada, abaixo do limite indicado em
Norma. As tensões nas armaduras apresentaram valores próximos ao adotado na situação
em serviço.

Em relação a armadura calculada, observou-se que a taxa de armadura na parede


foi a mínima e a maior armadura calculada refere-se a laje de fundo da célula de
abastecimento devido ao carregamento de água. Outro fator importante no projeto de
reservatório está relacionado aos cobrimentos de armadura com intuito de proteção contra a
corrosão.

A ação do vento quando o reservatório é alto é importante para o cálculo dos


esforços atuantes na fundação e desprezível para o cálculo dos esforços internos da
parede. O momento de tombamento devido ao vento provoca esforços normais de tração e
de compressão e que dependendo da altura do reservatório pode ser importante no
dimensionamento da fundação, juntamente com a força horizontal de vento.

Este trabalho apresentou uma rotina para projetos de reservatórios cilíndricos


elevados em concreto armado e espera-se que o objetivo alcançado possa ser útil para
outros projetos a serem desenvolvidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 127

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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