Prescrição e Decadencia

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DIFERENCIAÇÃO ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA PARA O CÓDIGO

CIVIL DE 2002.

Pedro Prado Soares1


Thiago Marchionatti Uggeri2

RESUMO: O tempo é importante fator das relações humanas, assim encontr-se presente também no
meio juridico, a prescrição e a decadência são elementos juricos que exemplificam isso, não
permitindo que um direito fique pendente no tempo indefinidamente, com este trabalho buscamos
realizar um apanhado sobre estes fatores que muito influem nas reações juridicas.

Palavras-Chave: Direito Civil; Direito Intertemporal; Prazos; Nova Decadência;

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O tempo sempre foi um elemento presente nas relações humanas sendo


reconhecido popularmente como um remédio para muitas feridas, no meio jurídico,
que emana destas relações, não poderia ser diferente a presença deste elemento
está muito bem representada através da prescrição e da decadência, a final o
passar deste elemento da natureza é o personagem principal destes dois institutos
que buscam atender ao fato de que o exercício de um direito não pode ficar
pendente de maneira indefinida com o passar do tempo, como é colocado por
diversos doutrinadores pois como vamos ver isso geraria instabilidade social, sendo
assim o Código Civil Brasileiro de 2002, em seus artigos 189 a 206 nos apresenta a
prescrição e em seus artigos 207 a 211 a decadência, dando a cada uma destas um
tratamento diferenciado.
. Neste trabalho objetivamos através de revisões bibliográficas de artigos,
doutrinas e leis realizar um apanhado simples sobre a prescrição e a decadência
suas diferenças e a sua utilização dentro do ordenamento jurídico Brasileiro.

2 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA

O tempo influi desde o início dos tempos nas relações jurídicas dos
indivíduos, conforme este transcorre influência diretamente a aquisição e a extinção
de direitos (GONÇALVES, 2013, p.511). O exercício de um direito não pode ficar
1
O autor é acadêmico do segundo semestre do curso de direito pela Universidade regional integrada
do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus Santiago. E-mail: [email protected]
2
O orientador é Graduado e Mestre em Direito pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai
e das Missões – URI – Campus de Santo Ângelo, RS; professor da Disciplina de Direito Civil I da URI
– Campus de Santiago; e Oficial de Justiça Avaliador Federal na Vara do Trabalho de Santiago, RS.
E-mail: [email protected]
2

pendente no tempo de forma indeterminada, pois assim haveria instabilidade social,


um devedor por exemplo nunca saberia quando um credor iria cobrar um débito
mesmo passado muitos anos da aquisição da dívida. É fundamentado na
tranquilidade social e na segurança jurídica que se fundamenta a prescrição e a
decadência (Venosa, 2014, p. 585).
Flávio Tartuce citando Agnelo Amorim Filho associa a prescrição a ações
condenatórias relacionadas a direitos subjetivos ligados a pretensões pessoais. E
por tanto estando ligada a obrigações e a responsabilidade por descumprir-se regras
estabelecidas pelas partes ou pela ordem jurídica. Ao mesmo tempo associa a
decadência a direitos protestativos e ações constitutivas positivas e negativas,
sendo exemplo destas as ações anulatórias de atos e negócios jurídicos (Tartuce,
2014, p.452).

2.1 Da prescrição

O atual Código Civil adotou a tese da prescrição da pretensão. Conforme traz


em seu art. 189, ao ser violado um direito surge uma pretensão ao seu titular a qual
termina com a prescrição. Caso o titular do direito violado não busque a reparação
deste, perderá a pretensão que teria por via judicial. A prescrição beneficia o
devedor buscando manter a segurança jurídica nas relações negociais (Tartuce,
2014, p. 454).
A prescrição possui como requisitos: A violação de um direito que dá inicio a
pretensão, A inércia do titular deste direito e o decurso do tempo fixado na lei para
que ocorra a prescrição desta pretensão. Quando a prescrição é interrompida
novamente começa a correr um novo prazo de prescrição a partir do ato que a
interrompeu conforme parágrafo único do art.202 do Código Civil (Gonçalves, 2013,
p.514).
Ao ajuizar a ação a parte já possui um direito constituido, e ao sofrer uma
violação de tal direito faz-se necessário buscar um remédio judicial para sanar tal
violação (Marquesi, 2009,p. 4).
A prescrição apresenta-se no código civil em duas formas, a extintiva
apresentada na parte geral, da qual este trabalho irá tratar e a aquisitiva, caso da
usucapião abordada no direito das coisas. A prescrição extintiva constitui um fato
3

jurídico stricto sensu, pois não há nela vontade humana, estando os seus efeitos
ligados ao passar do tempo, um típico fato natural (Tartuce, 2014, p. 454).

A prescrição aquisitiva por sua vez é a aquisição de um direito real em função


do passar do tempo, conferindo em favor daquele algum possui por um determinado
tempo fixado em lei móvel ou imóvel o real direito de propriedade sendo necessário
para tanto o passar do tempo e a posse (Venosa, 2014, p.587).
Alguns autores atrelavam a prescrição a perda do direito de ação e da própria
ação, o que não está de acordo com aquilo que expressa o código civil de 2002,
onde não há nenhuma referência a perda do direito, mas sim da pretensão, da
possibilidade de processo, portando na prescrição o direito em si permanece intacto,
mas sem proteção judicial (Tartuce, 2014, p.455).

2.1.1 ações não sujeitas a prescrição.

Em regra geral, toda a ação está sujeita a prescrição, pois o art. 205 do CC
refere-se a todos os direitos de forma indiscriminada, no entanto existem relações
jurídicas que por suas características são incompatíveis com a prescrição e a
decadência, assim não estão sujeitos a ação do tempo: direitos da personalidade,
como a vida, o nome, a honra, a liberdade, a nacionalidade. Também não se
extinguem por prescrição direitos de estado de família como ação de separação
judicial e a investigação de paternidade. Também os direitos de exercício facultativo
(ou potestativo) nos quais não haja violação de direito. Ainda as ações referentes a
bens públicos de qualquer natureza que são imprescritíveis por força de lei, ações
reivindicatórias de direito de propriedade (Venosa, 2014, p.591).

2.1.2 Impedimentos e suspensões da prescrição.

O impedimento e a suspensão da prescrição não confundem-se com a


interrupção, estes fazem cessar temporariamente o o seu curso, tendo fim o
impedimento ou a suspensão a prescrição seguirá o seu curso normal. Não exixte
diferença expressa entre ambas no Código Civil, porém o que se é afirmado pela
doutrina é que se o obstaculo a prescrição for antecedente ao vencimento da
obrigação este é considerado causa de impedimento, caso advenha após o
4

vencimento da obrigação este será de suspensão, assim os arts.197,198,199 e 200,


aplicam-se a ambas as situações dependendo a classificação apenas da situação
fatica (Venosa, 2014, p.602).
O art. 197 dispõe que não ocorre prescrição: entre conjuges, na constância da
sociedade conjugal; Antre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou
curatela. Em todos estes casos a motivo é a confiança e os laços existentes entre
as partes (Gonçalves, 2013, p. 523).
O art. 198 menciona a não ocorrencia de prescrição: Contra Incapazes
citados no art. 3º do CC, contra ausentes do País em serviço público da União, dos
Estados ou do Municípios e finalmente contra os que se acharemservindo as Forças
Armadas, em tempo de guerra. Quanto aos absolutamente incapazes a prescrição
não ocorrerá em questões que sejam em benefício destes, por tanto quando esta
correria contra o incapaz passando o prazo a contar após este completar 16 anos,
em questões contra estes, no entanto, em que a prescrição corre em seu favor esta
ocorrerá normalmente (Gonçalves, 2013, p. 524).
O art.199 elenca, no seu inciso I que não ocorrerá prescrição pendendo
condição suspensiva, sendo esta um causa impeditiva já que o evento a ela
condicionado é futuro e incerto, também podendo ser um termo inicial on de não
ocorre prescrição até o efetivo inicio do contrato. No inciso II a condição é o não
vencimento do prazo, deduzindo-se pela doutrina que este não seja o da prescrição
mas sim o acordado em um ato ou negócio juridico, assim não ocorrendo o termo
final do contrato não se pode contar prazo de prescrição, por tanto temos outra
causa impeditiva da susprensão. E por fim em seu inciso III, apresenta uma causa
suspensiva, pendendo ação de evicção que seria a perda de coisa por decisão
judicial ou apreensão administrativa (Tartuce, 2014, p.469).
O art. 200 determina que quando se tratar de fato que deve ser apurado em
juízo criminal, não ocorrerá prescrição antes da sentença definitiva, sendo esta uma
causa impeditiva visto que o prazo só começará a contar a pós o transito em julgado
da sentença penal condenatória (Venosa, 2014, p.603).
O art. 201 dispõe ainda que: “Suspensa a prescrição de um dos credores
solidário, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível”, isto coloca que a
prescrição é pessoal e só favorece as pessoas taxativamente mensionadas mesmo
em solidariedade, por exemplo havendo dois ou mais credores de uma mesma
5

dívida e um destes sendo incapaz a prescrição ficará suspensa apenas para este
correndo em relação a pretençaõ dos demais (Gonçalves, 2013, p. 526).

2.1.3 O interrompimento da prescrição.

Ao contrário das causas de impedimento ou suspensão da prescrição que


estão previstas em lei, o interrompimento desta depende exclusivamente de
condutas do credor ou do devedor, esta interrupção faz com que o prazo
prescricional retorne ao seu ponto inicial (Tartuce, 2014, p. 471).
O art. 202 em seu caput, delara que a interrupção da prescrição só poderá
ocorrer uma vez, buscando com essa restrição que não se eternizes as interrupções.
O inciso I do mesmo artigo tralque Que a interrupção pode ocorrer “por despacho do
juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, seo interassado a promover no
prazo e na forma da lei processual” (Gonçalves, 2013, p.526).
A prescrição também será interrompida por “protesto, nas condições do inciso
antecedente” (art.202,II), e também por “protesto cambial” (art.202,III), e também por
apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores
(art.202, IV), ainda por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor, até
aqui todas interrupções estão relacionadas a ações do credor porém o inciso VI traz
a única causa realcionada a uma concuta do devedor “por qualquer ato inequívoco,
ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor”
(art.202, VI), conforme essa previsão legal qualquer ação do devedor que demonstre
o reconhecimento da dívida gera interrupção da prescriçã (Tartuce, 2014, p. 473).
Na jurisprudência em sequencia, oriundo do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, podemos vizualisar uma interrupção no prazo prescricional por ato
judicial.

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO TRIBUTÁRIO. IPTU E TCL.


EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO DIRETA. INOCORRÊNCIA. MARCO
INTERRUPTIVO. DESPACHO CITATÓRIO. EFEITOS RETROATIVOS À DATA DE
PROPOSITURA DA AÇÃO EXECUTIVA. O despacho que ordena a citação do
devedor interrompe o prazo prescricional e tem efeitos retroativos à data da
propositura da ação, sendo esse o “dies ad quem” do lapso quinquenal de cobrança
(arts. 240, § 1º, do CPC/2015 e 174, parágrafo único, inc. I, do CTN). Matéria já
definida pelo STJ no julgamento do REsp 1.120.295/SP, submetido ao rito do art.
534-C do CPC/1973. Na espécie, constata-se que não transcorreram 05 (cinco)
anos entre a constituição do crédito correspondente a IPTU e TCL relativo ao
exercício de 2003 e o ajuizamento da execução fiscal, situação que inviabiliza o
decreto de prscrição RECURSO PROVIDO.(Agravo de Instrumento, Nº
6

70083236455, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:


Miguel Ângelo da Silva, Julgado em: 08-11-2019.

Neste cado vimos o reconhecimento de uma interrupção na prescrição por um


despacho judicial.
O código Civil ainda elenca “A prescrição pode ser interrompida por qualquer
interessado (CC, art. 203). Os efeitos da prescrição são pessoais, sendo que a
interrupção da prescrição feita por um credor não atinge os demais, bem como
aquela contra um devedor não prejudica os demais, sendo esta a regra do art. 204
(Gonçalves, 2013, p.530).

2.1.. Os prazos da prescrição:

O Código Civil de 2002 adota um critério de 10 anos para o prazo


prescricional geral para ações pessoais e reais, salvo quando a lei tenha fixado
prazo menor (art.205 do CC), sendo este o prazo ordinário ou comum. Os prazos
especiais são de certos direitos subjetivos especiais previstos no artigo 206 do CC,
parágrafos de 1º a 5º, tendo os prazos de 1, 2, 3, 4, e 5 anos de acordo com o
parágrafo correspondente.Todos os prazos neste artigo elencados são referentes a
cobrança de valores e reparações de danos (Tartuce, 2014, p. 476).

2.2 A Decadência:

A decadência conceitua-se como a perda de um direito devido a ausência de


seu exercício, estando relacionada conforme já comentado com direitos potestativos,
no código civil de 2002, são todos os prazos que encontram-se expostos fora do
recém abordado art.206 do CC, onde estão os prazos de prescrição (Tartuce, 2014,
p. 486).
O direito potestavivo de uma forma simplidficada é aquele que não necessita
de outra parte para ser exercido, o direito se forma pela livre iniciativa de seu titular,
porém esta iniciativa deve ser tomada perante um juízo e para tal possui um prazo a
ser cumprido ((Marquesi, 2009, p.8).
Um dos critérios de distinção entre prescrição e decadência consiste em que
na segunda assim que o direito nasce já começa a correr o prazo decadencial
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enquanto que na primeira o prazo só iniciará seu curso no momento a violação do


direito (Gonçalves, 2013, p.533).
Conforme visualizamos na decisão a seguir onde o Tribunal Federal da 4ª
Região negou a rescição tributári a do títular devido a decadência deste direito.

EMENTA: PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. DECADÊNCIA.


1. Nos termos do art. 975 do CPC, "o direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos
contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo". 2.
Hipótese em que reconhecida a ocorrência de decadência para o ajuizamento da
ação rescisória. (TRF4, ARS 5021176-34.2019.4.04.0000, PRIMEIRA SEÇÃO,
Relator ROGER RAUPP RIOS, juntado aos autos em 08/11/2019).

Por outro lado este mesm egrégio tribunal federal na decisão citada a seguir
decidiu pela não incidência da decadência em ação movida contra o INSS a fim de
revisionar um benefício adequando-o aos tetos previstos nas Emendas
Constitucionais 20/98 e 41/2003

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO.  DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO. REVISÃO DE


BENEFÍCIO. TETO. EMENDAS CONSTITUCIONAIS Nº 20/98 E 41/03. JUROS E
CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. Na hipótese não incide a decadência ou a prescrição
de fundo do direito, pois não se trata da revisão do ato de concessão do benefício
prevista no art. 103, caput, da Lei nº 8.213/91. 2.  Em se tratando de benefício
previdenciário de prestação continuada, a prescrição não atinge o fundo de direito,
mas somente os créditos relativos às parcelas vencidas há mais de cinco anos da
data do ajuizamento da demanda, consoante a iterativa jurisprudência dos Tribunais
e nos termos do pedido inicial. 3. Fixado pelo Supremo Tribunal Federal o
entendimento de que o limitador (teto do salário de contribuição) é elemento externo
à estrutura jurídica dos benefícios previdenciários, o valor apurado para o salário de
benefício integra-se ao patrimônio jurídico do segurado, razão pela qual todo o
excesso não aproveitado em razão da restrição poderá ser utilizado sempre que
alterado o teto, adequando-se ao novo limite. Em outras palavras, o salário de
benefício, expressão do aporte contributivo do segurado, será sempre a base de
cálculo da renda mensal a ser percebida em cada competência, respeitado o limite
máximo do salário de contribuição então vigente. Isto significa que, elevado o teto do
salário de contribuição sem que tenha havido reajuste das prestações
previdenciárias (como no caso das Emendas Constitucionais 20/1998 e 41/2003), ou
reajustado em percentual superior ao concedido àquelas, o benefício recupera o que
normalmente receberia se o teto à época fosse outro, isto é, sempre que alterado o
valor do limitador previdenciário, haverá a possibilidade de o segurado adequar o
valor de seu benefício ao novo teto constitucional, recuperando o valor perdido em
virtude do limitador anterior, pois coerente com as contribuições efetivamente pagas.
4. O Supremo Tribunal Federal respaldou o entendimento de que também se aplica
aos benefícios concedidos anteriormente à Constituição Federal de 1988 os efeitos
do julgamento do RE 564.354 relativo aos tetos das ECs 20/98 e 41/2003.
Precedentes. 5. Tendo presente o pressuposto, consagrado pela Corte Maior, de
que o salário-benefício é patrimônio jurídico do segurado, calculado segundo
critérios relacionados à sua vida contributiva, menor e maior valor-teto já se
configuram como limitadores externos, razão pela qual a aplicação do entendimento
manifestado no RE 564.354 aos benefícios concedidos antes da Constituição de
1988 não implica revisão da renda mensal inicial, tampouco impossibilidade de
cálculo de execução do julgado. 6. As teses relativas ao percentual de juros e o
índice de correção monetária devem ser diferidas para a fase de execução, de modo
a racionalizar o andamento do presente processo de conhecimento. (TRF4, AC
5010719-90.2018.4.04.7205, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC, Relator
JORGE ANTONIO MAURIQUE, juntado aos autos em 06/11/2019).
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A decadência pode ser de duas formas: A Decadência Legal, imposta por


força de lei e a Decadência Convencional, que possui autonomia privada e é
convencionada pelas partes envolvidas no ato ou negócio. O art. 207 do CC preve
que não se aplicam a decadência as causas de impedimento ou suspensão
previstas para a prescrição, slavo disposição legal em contrário, uma das exceções
a esta regra encontra-se no artigo seguinte que preve que vale como impedimento a
decadência o previsto no art. 195 do CC, pelo qual conforme já comentado, não
ocorrerá prescrição contra os absolutamente incapazes, entre outras exceções
previstas na legislação (Tartuce, 2014, p. 487).
Conforme o art. 209 do CC “é nula a renuncia à decadência fixada em lei”,
Assim não se pode renunciar a decadência legal, sendo admitida apenas na forma
convencional resguardado por analogia o que fixa o art. 191 do CC, cabendo a
renúncia pelo devedor após a consumação não sendo adimitindo a renuncia prévia.
De acordo com o art. 210 do CC/2002, deve o juiz, de ofício, conhecer da
decadência, quando estabelecida por lei. Assim sendo, por envolver preceito de
ordem pública, o juiz deve decretar de ofício a decadência legal, julgando a ação
improcedente com a resolução do mérito, quanto a decadência convencional o art.
211 do CC veda o seu reconhecimento pelo juiz, “se a decadência for convencional,
a parte a quemaproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz
não pode suprir a alegação” (Tartuce, 2014, p. 489).
Os prazos da decadência entram-se espalhados pelo código, tanto na parte
geral como nas específicas, Assim os prazos presentes nos institutos específicos
serão sempre decadenciais visto que os de prescrição encontram-se como já
exposto nos arts. 205 e 206 (Venosa, 2014, p.617).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar este trabalho podemos visualizar que o Código Civil Brasileiro de


2002 buscando como princípio uma maior operacionalidade do meio jurídico
diferenciou de forma mais clara a prescrição e a decadência quando comparado ao
antigo Código Civil de 1916, apresentando em sua parte geral o prazo comum da
prescrição no art. 205 fixado em dez anos, e os prazos especiais no art. 206, com
prazos de 1 a 5 anos, enquanto que a decadência tem seus princípios disciplinados
em capitulo separado nos arts. 207 a 211, com prazos espalhados pelo código,
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vimos também que existem motivos que impedem ou suspendem e também a


prescrição, sendo que o código não as manteve para a decadência, salvo o
impedimento de prescrição que corra contra os absolutamente incapazes, ficando ao
final claro que a prescrição corre contra a pretensão de buscar direitos pessoais,
enquanto que a decadência está associada a direitos potestativos como ações
anulatórias de negócios por exemplo. Encerramos o presente esperando que este
tenha atingido seu objetivo primordial e que além de nos proporcionar um maior
conhecimento nesta área operacional do direito Brasileiro possa servir para suprir
futuras buscas neste assunto.

4 REFERÊNCIAS

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