2018 - Alcance-Enem - Módulo Vi
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2018 - Alcance-Enem - Módulo Vi
ENEM 2018
EXPEDIENTE
mesa DireTora Da assemBLeia LegisLaTiVa Do
esTaDo Do ceará
ZEZINHO ALBUQUERQUE Presidente
O acesso ao ensino superior tem sido um grande desafio para os jovens que
concluíram o ensino médio, principalmente os egressos da escola pública, cujos
recursos nem sempre são suficientes ao atendimento das necessidades dos alunos.
Cientes dessas dificuldades e preocupados com a formação de milhares de jovens
em situação de carência financeira, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, na
pessoa de seu Presidente Deputado José Albuquerque, e a Escola Superior do Par-
lamento Cearense, por meio de seu Presidente Deputado Elmano Freitas, deram
continuidade e ampliaram o Projeto Alcance que, desde o seu início em 2012, tem
buscado universalizar um benefício antes restrito a alunos com situação financeira
privilegiada.
Acreditamos que esse material didático servirá para abrir as portas de es-
colas superiores a nossos alunos, permitindo que isso seja revertido em sucesso
profissional e ascensão social para todos os que participam junto conosco de tão
valoroso projeto.
A Coordenação
EQUIPE PEDAGÓGICA:
Linguagem: cláudio márcio | sinval farias | wlamir neto
Matemática: angelo vicotr | fábio frota | robério barcelar
Ciências Humanas: eridiana lopes | eciliano alves | andré rosa | artur bruno
Ciências da Natureza: rodrigo marques | andré luis | douglas gomes | thiago magalhães | alexandre oliveira
Designer Gráfico: adriano costa | [email protected]
Índice
Linguagens e Códigos
Literatura ........................................................................................................................... 08 a 16
Gramática Textual .............................................................................................................. 17 a 20
Interpretação Textual ........................................................................................................ 21 a 25
Matemática
Probabilidade .................................................................................................................... 27 a 30
Função Exponencial ........................................................................................................... 31 a 33
Geometria ......................................................................................................................... 34 a 36
Ciências Humanas
História do Brasil ................................................................................................................ 38 a 45
Atualidades ........................................................................................................................ 46 a 76
Meio Ambiente .................................................................................................................. 77 a 80
Ciências da Natureza
Biologia - Divisão Celular ................................................................................................... 82 a 87
Biotecnologia ..................................................................................................................... 88 a 93
Física .................................................................................................................................. 94 a 98
Química do Cotidiano ........................................................................................................ 990 a 102
Química ............................................................................................................................. 103 a 105
O MODERNISMO
VANGUARDAS EUROPEIAS - Do francês avant-
-garde, a palavra vanguarda significa “o que marcha O CUBISMO - Historicamente, o Cubismo originou-se
na frente”. Artística ou politicamente, vanguardas são na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria
grupos ou correntes que apresentam uma proposta e/ tratar as formas da natureza como se fossem cones,
ou uma prática inovadoras. Como se tivessem “ante- esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais
nas” que captam as tendências do futuro, as vanguar- longe do que Cézanne. Passaram a representar os
das acreditam perceber, ou compreender, antes de objetos com todas as suas partes num mesmo plano.
todos aquilo que mais tarde será o senso comum. Sua É como se eles estivessem abertos e apresentassem
missão é, com suas ações (muitas vezes incompre- todos os seus lados no plano frontal em relação ao
endidas), fazer o futuro acontecer agora. Na Europa, espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os
não houve uma arte moderna uniforme. Houve, na ver- objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade
dade, um conjunto de tendências artísticas – diversas com a aparência real das coisas. O pintor cubista tenta
vezes oriundas de países diferentes – com propostas representar os objetos em três dimensões, numa su-
específicas, embora as aproximassem certos traços, perfície plana, sob formas geométricas, com o predo-
como o desejo de liberdade criadora, a expressão da mínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a
subjetividade e certo irracionalismo. Paris era principal estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os como
centro cultural europeu da época e o lugar de onde se movimentasse em torno deles, vendo-os sob todos
as novas ideias artísticas se irradiavam para o resto os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo
do mundo ocidental. Essas tendências, que surgiram todos os planos e volumes.
na Europa antes, durante e depois da Primeira Guerra Principais características:
Mundial, foram consideradas correntes de vanguarda. geometrização das formas e volumes;
As vanguardas europeias são: o Futurismo, o renúncia à perspectiva;
Cubismo, o Dadaísmo, o Expressionismo e o Sur- o claro-escuro perde sua função;
realismo. representação do volume colorido sobre superfí-
cies planas;
O FUTURISMO - Teve seu início, em 1912, com a pu- sensação de pintura escultórica;
blicação do Manifesto Futurista de Filippo Marinetti no cores austeras, do branco ao negro passando
jornal francês Le Figaro. Esse Manifesto definiu o per- pelo cinza, por um ocre apagado ou um casta-
fil ideológico do movimento, trazendo também as pro- nho suave.
postas que representaram uma verdadeira revolução Principais artistas
literária. Abaixo, eis as que mais se destacaram. Pablo Picasso Georges Braque
Destruição da sintaxe e a disposição das “pala- Tarsila do Amaral Rego Monteiro
vras em liberdade”.
Emprego de verbos no infinitivo, com vistas à
substantivação da linguagem.
Abolição dos adjetivos e advérbios.
Uso do substantivo duplo, em lugar do substan-
tivo acompanhado do adjetivo (praça-funil, mu-
lher-golfo, por exemplo).
Abolição da pontuação, que seria substituída por
sinais da matemática (+, -, :, =).
Destruição do eu psicologizante.
por iniciativa de um grupo de artistas que, descren- estéticos que interferem de maneira fantasiosa na re-
tes de uma sociedade que consideravam responsável alidade. O Surrealismo foi, por excelência, a corrente
pelos estragos da Primeira Guerra Mundial, decidiram artística moderna da representação do irracional e do
romper deliberadamente com todos os valores e prin- subconsciente. Suas origens devem ser buscadas no
cípios estabelecidos por ela anteriormente, inclusive Dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De Chi-
os artísticos. A própria palavra dadá não tem outro sig- rico. Este movimento artístico surge todas as vezes
nificado senão a própria falta de significado, sendo um em que a imaginação se manifesta livremente, sem o
exemplo da essência desse movimento iconoclasta. freio do espírito crítico, o que vale é o impulso psíqui-
O principal foco de difusão desta nova corrente artís- co. Os surrealistas deixam o mundo real para penetra-
tica foi o Café Voltaire, fundado na cidade de Zurique rem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem
pelo poeta Hugo Ball e ao qual se uniram os artistas todas as possibilidades de se expressar apenas com
Hans Arp e Marcel Janco e o poeta romeno Tristan a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão
Tzara. Suas atuações provocativas e a publicação de humana perde o controle. A publicação do Manifesto
inúmeros manifestos fizeram que o dadaísmo logo fi- do Surrealismo, assinado por André Breton em ou-
casse conhecido em toda a Europa, obtendo a adesão tubro de 1924, marcou historicamente o nascimento
de artistas como Marcel Duchamp, ou Francis Picabia. do movimento. Nele se propunha a restauração dos
Não se deve estranhar o fato de artistas plásticos e sentimentos humanos e do instinto como ponto de par-
poetas trabalharem juntos - o Dadaísmo propunha a tida para uma nova linguagem artística. Para isso, era
atuação interdisciplinar como única maneira possível preciso que o homem tivesse uma visão totalmente
de renovar a linguagem criativa. Dessa forma, todos introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto
podiam ter vivência de vários campos ao mesmo tem- do espírito no qual a realidade interna e externa são
po, trocando técnicas ou combinando-as. Niilistas, ir- percebidas totalmente isentas de contradições. A livre
racionais e, às vezes, subversivos, os dadaístas não associação e a análise dos sonhos, ambos métodos
romperam somente com as formas da arte, mas tam- da psicanálise freudiana, transformaram-se nos pro-
bém com o conceito da própria arte. cedimentos básicos do Surrealismo, embora aplica-
Obs. Niilismo - É a desvalorização e a morte dos a seu modo. Por meio do automatismo, ou seja,
do sentido, a ausência de finalidade e de resposta qualquer forma de expressão em que a mente não
ao “porquê”. Os valores tradicionais se depreciam exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas ten-
e os «princípios e critérios absolutos dissolvem- tavam plasmar, seja por meio de formas abstratas ou
-se». «Tudo é sacudido, posto radicalmente em figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais
discussão. A superfície, antes congelada, das ver- profunda do ser humano: o subconsciente. O Surrea-
dades e dos valores tradicionais está despedaça- lismo apresenta relações com o Futurismo e o Dada-
da e torna-se difícil prosseguir no caminho, avistar ísmo. No entanto, se os dadaístas propunham apenas
um ancoradouro”. a destruição, os surrealistas pregavam a destruição da
Não são questionados apenas os princípios sociedade em que viviam e a criação de uma nova, a
estéticos, como fizeram expressionistas ou cubistas, ser organizada em outras bases. Os surrealistas pre-
mas o próprio núcleo da questão artística. Negando tendiam, dessa forma, atingir uma outra realidade, si-
toda possibilidade de autoridade crítica ou acadêmica, tuada no plano do subconsciente e do inconsciente. A
consideram válida qualquer expressão humana, inclu- fantasia, os estados de tristeza e a melancolia exer-
sive a involuntária, elevando-a à categoria de obra de ceram grande atração sobre os surrealistas e, nesse
arte. Efêmera, mas eficaz, a arte dadaísta preparou o aspecto, eles se aproximam dos românticos, embora
terreno para movimentos vanguardistas tão importan- sejam muito mais radicais.
tes como o Surrealismo e a Arte Pop entre outros. Principais autores
Salvador Dali Joan Miró
“O sonho não pode ser também aplicado à solução grandes transformações ao criticar com certo humor
das questões fundamentais da vida?” (fragmento do e ironia o governo. Também abandonaram as regras
Manifesto do Surrealismo de André Breton, francês acadêmicas e deram prioridade à liberdade de escrita.
que lançou o movimento). No mesmo manifesto, Bre-
ton define Surrealismo: “Automatismo psíquico pelo CONTEXTO HISTÓRICO - Após a primeira Semana
qual alguém se propõe a exprimir, seja verbalmente, da Arte Moderna, teve início a primeira fase moder-
seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o fun- nista, que começou em 1922 e foi até 1930. O Brasil
cionamento real do pensamento”. vivia os últimos anos da República Velha e a econo-
mia mundial entrou em crise por causa da queda da
O EXPRESSIONISMO - O Expressionismo é a arte do Bolsa de Valores de Nova Iorque. Além disso, o Brasil
instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva, passou por diversas revoltas sociais que culminou na
“expressando” sentimentos humanos. Utilizando cores Revolução de 1930 e na ascensão de Getúlio Vargas.
irreais, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, Nos anos compreendidos da primeira fase modernista,
à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma- os imigrantes vinham ao Brasil para substituir a mão-
-se a figura, para ressaltar o sentimento. Predomi- -de-obra dos ex-escravos e também para ocupar os
nância dos valores emocionais sobre os intelectuais. postos de trabalho nas indústrias, que davam lugar
Corrente artística concentrada especialmente na Ale- às importações ocorridas a partir da Primeira Guerra
manha entre 1905 e 1930. Mundial, que trouxe instabilidade na economia mun-
Principais características: dial. Somado a isso, o Brasil estava em um clima de
pesquisa no domínio psicológico; revoltas e mobilizações radicais, inclusive foi criado
cores resplandescentes, vibrantes, fundidas ou o Partido Comunista Brasileiro que, como o próprio
separadas; nome já diz, adotou uma filosofia partidária contrária a
dinamismo improvisado, abrupto, inesperado; que se firmava: a do capitalismo. Foi quando no Rio de
pasta grossa, martelada, áspera; Janeiro aconteceu a Revolta do Forte de Copacabana,
técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, em 1922, e em São Paulo a Revolta de 1924, com o
fazendo e refazendo, empastando ou provocan- objetivo de destituir Artur Bernardes da Presidência,
do explosões; cujo governo foi marcado por censura à imprensa. Al-
preferência pelo patético, trágico e sombrio. guns meses depois, no Rio Grande do Sul, o capitão
OBS. Alguns historiadores determinam para esses Luís Carlos Prestes liderou gaúchos que enfrentaram
pintores o movimento ”Pós-Impressionista”. Os pin- alguns combates em prol dos ideais comunistas, logo
tores não queriam destruir os efeitos impressionistas, após se juntaram a tenentes paulistas, e assim a cha-
mas queriam levá-los mais longe. Os três primeiros mada Coluna Prestes foi formada. As agitações da pri-
pintores abaixo estão incluídos nessa designação. meira década do século XX se tornaram mais evidente
Principais artistas nos anos 1920 quando a “República do café com leite”
Paul Gauguin Paul Cézanne passou a dar sinais de desgaste. O contexto da crise
Vicent Van Gogh Toulouse-Lautrec da república no Brasil se deu no período dos “anos
Munch Kirchner loucos”, bastante ricos do ponto de vista cultural. Era o
Paul Klee Amadeo Modigliani período pós-guerra, e o continente europeu comemo-
rava o fim do conflito e experimentava a efervescên-
cia intelectual. A arte moderna nasceu dessas várias
tendências, e se espalhou pelo mundo inteiro com o
Futurismo, o Expressionismo e o Cubismo. Em meio
às contradições sociais e políticas vividas pelo Brasil
naquele momento, um grupo de artistas, em São Pau-
lo, promoveu um evento que foi um marco na literatura
brasileira, bem como o começo da primeira fase do
Modernismo: a Semana da Arte Moderna, que foi um
movimento artístico, social e político, que aconteceu
nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Este evento
que revolucionou a cultura brasileira foi uma tentati-
va de jovens artistas, cansados da literatura inspirada
nas escolas de belas artes francesas ao gosto bur-
guês, mostrarem o que estavam fazendo de novo no
país, visto que, essa inovação já acontecia na Europa.
Enfim, inspirados por novas ideias, pretendiam rom-
per com os velhos padrões estéticos que vigoraram no
século XIX.
MODERNISMO NO BRASIL
INTRODUÇÃO - O conturbado início do século XX, CARACTERÍSTICAS - Dentre as principais caracte-
tanto no Brasil como em todo o mundo, serviu de esto- rísticas da primeira geração modernista (a fase heroi-
pim para uma revolução no campo artístico, filosófico ca e guerreira do modernismo) temos:
e literário brasileiro. Com a ajuda de escritores como Pluralidade de linguagens e perspectivas;
Oswald de Andrade, Alcântara Machado, Mário de An- Irracionalismo: negação da racionalidade bur-
drade e Manuel Bandeira a literatura do Brasil sofreu guês;
PROJETO
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ENEM 2018
LITERATURA
Influência das vanguardas artísticas europeias; de João Miramar; Estrela de Absinto;- Serafim Ponte
Das características formais a principal delas é a Grande; A Escada Vermelha, entre outras.
destruição de todo o academicismo (o nacional Poesia: Pau-Brasil; Poesias reunidas; Primeiro Ca-
e o importado) a métrica, a rima, a linguagem derno de Poesia do Aluno Oswald de Andrade.
de dicionário, a linearidade do discurso, o sen- Teatro: O Homem e o Cavalo; Teatro (A Morta, o Rei
timentalismo romântico, o racionalismo realista- da Vela).
-naturalista. Ensaio: Ponta de Lança; A Arcádia e a Inconfidência;
Quanto ao conteúdo, a principal característica se A Crise da Filosofia Messiânica; A Marcha das Utopias.
dá ao nacionalismo ufanista (verde-amarelismo Memórias: Um Homem sem Profissão.
e Grupo da Anta) e crítico (Pau-Brasil e Antro- Na obra Manifesto da Poesia Pau-Brasil, po-
pofagia). demos observar:* Defesa da liberdade temática e da
A primeira geração modernista teve várias con- ampliação dos temas poéticos, destacando as paisa-
quistas, dentre elas: gens nacionais pobres e anônimas;* Crítica à cultu-
Verso livre; ra elitista, que se isola das massas nos gabinetes e
Associação mais analógica do que lógica entre academias;* Defesa da liberdade linguística, por meio
as palavras; da aproximação entre fala - cujos “erros” na verdade
Preferência por substantivos e verbos, em vez de são possibilidades expressivas - e escrita;* Rejeição
adjetivos e advérbios; ao passadismo literário e à mentalidade de cópia; de-
Blague (poema-piada), bom humor e ironia; fesa da conciliação entre cultura primitiva e a atitude
Mistura entre prosa e poesia; intelectualizada.
Utilização de linguagem coloquial;
Temáticas tradicionalmente consideradas não MANUEL BANDEIRA (1886-1968) - Nascido no Re-
poéticas; cife, em Pernambuco, viajou várias vezes para o Rio
do Janeiro antes de se instalar em São Paulo, onde
AUTORES MODERNISTAS DA PRIMEIRA GERAÇÃO iniciou a faculdade de arquitetura. Em 1904, aos 18
OSWALD DE ANDRADE (1890-1954) - É uma das fi- anos, descobriu que sofria de tuberculose e partiu para
guras mais importantes do modernismo brasileiro, o o Rio de Janeiro buscar condições climáticas melho-
grande articulador da semana da arte moderna. Ama- res. A doença o levou para à Europa, onde entrou em
dureceu sua produção moderna no romance, na po- contato com o Simbolismo e as vanguardas artísticas.
esia e nos manifestos Pau-Brasil e Antropófago. Foi Mas tarde, no Rio de Janeiro, tornou-se amigo de poe-
um dos autores que melhor representaram o conflito tas que como ele, passaram do Simbolismo ao Moder-
vivido pela burguesia da época: evidenciou questões nismo. Seus poemas apresentam características bem
sociais e psicológicas, criticou a elite cafeeira das definidas do movimento modernista, com o humor e o
grandes capitais, produziu textos divertidos a partir olhar aguçado sobre tudo que o cercou. Manuel Ban-
da contradição do homem da cidade. Ficou conhecido deira, um dos maiores poetas brasileiras de versos li-
pelos poemas-piada - textos curtos em que um troca- vres, em tudo encontrou temas para a sua poesia.
dilho exprime humor diante da situação apresentada.
Além dos livros escritos por ele, Oswald de Andrade
foi o precursor de perspectivas totalmente inexplora-
das pelo teatro brasileiro. Marcas de sua produção li-
terária: o humor, a crítica e a grande admiração pelo
Brasil, país tão contraditório e rico.
Manuel Bandeira
Principais obras de Manuel Bandeira
Poesia: A cinza das horas (1917); Carnaval (1919);
Ritmo dissoluto (1924); Libertinagem (1930); Estrela
da manhã (1936); Mafuá do malurgo (1948); Estrela
da tarde (1948); Opus 10 (1952); Estrela da vida intei-
ra (1966).
Prosa: Crônicas da província do Brasil (1936); Guia
de Ouro Preto (1938); Noções de história das literatu-
ras (1940); Literatura hispano-americana (1949); Gon-
çalves Dias (1952); Itinerário de Pasárgada (1954); De
Oswald de Andrade na Semana da Arte Moderna – poetas e de poesia (1954); Flauta de papel (1957); An-
1920 dorinha, andorinha (1966).
em várias obras. Estudou música no conservatório do livro de poesias Pau-Brasil, de Oswald. Apresenta
musical de São Paulo e cedo iniciou sua carreira como uma proposta de literatura vinculada à realidade brasi-
crítico de arte, em jornais e revistas. Com apenas 20 leira, a partir de uma redescoberta do Brasil.
anos e com pseudônimo de Mário Sobral, pulicou seu Verde-Amarelismo ou Escola da Anta (1926-
primeiro livro, Há uma gota de sangue em cada poe- 1929)
ma, no qual faz críticas a carnificina produzida pela Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia,
primeira guerra mundial e defendia a paz. As inova- Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo em respos-
ções formais da obra desagradaram aos críticos de ta ao nacionalismo do Pau-Brasil, criticando-se o “na-
orientação parnasiana. O autor teve um papel decisivo cionalismo afrancesado” de Oswald. Sua proposta era
na implantação do Modernismo no Brasil. Homem de de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado
vasta cultura, pesquisador paciente, Mário soube dar com o fascismo, evoluindo para 182 o Integralismo.
a substância teórica de que necessita o movimento em Idolatria do tupi e a anta é eleita símbolo nacional.
algumas ocasiões decisivas: em 1922, meses após a Em maio de 1929, o grupo verdeamarelista publica o
semana publicou o seu “Prefácio interessantíssimo” manifesto “Nhengaçu Verde-Amarelo — Manifesto do
texto teórico que abre Pauliceia desvairada, sua pri- Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta”.
meira obra de poemas verdadeiramente modernista.
Em 1925, quando s articulavam revistas e movimentos CONCLUSÃO - A Primeira Geração do Modernismo
por todo o país, Mário lançou o ensaio “A escrava que brasileiro muito ajudou para difundir as ideias contra o
não é Isaura”, no qual retomava e aprofundava suas governo regente no país, que na época era muito con-
considerações iniciais sobre arte moderna. testado pela população. Também deu a liberdade para
que os escritores fizessem suas obras do modo que
melhor lhes entendesse, sem se preocupar em seguir
alguma escola literária ou artística. Por esses motivos
que a Primeira Geração Modernista Brasileira foi muito
importante para a história do país e influencia artistas
e escritores até hoje, por ser considerado o marco ini-
cial da liberdade artística.
EXERCÍCIO DE APRENDIZAGEM
Oferta
Quem sabe
Se algum dia
Mário de Andrade Traria
Entre 1924 e 1927, Mário de Andrade empreendeu O elevador
uma pesquisa profunda sobre cultura brasileira - o fol- Até aqui
clore, as lendas, os ritmos, a dança, os costumes, as O teu amor
variações linguísticas - cujos resultados contribuíram ANDRADE, Oswald de. Obras Completas de Oswald de Andrade. Rio de Janeiro:
para a produção de obras decisivas em sua carrei- Civilização Brasileira, 1978, p. 33
ra, como Macunaíma (1928). Da década de 1930 até QUESTÃO 01 (2ª Aplicação/ENEM 2009) - O poema
1945, quando de sua morte, Mário cultivou uma poesia Oferta, de Oswald de Andrade, apresenta em sua es-
que toma duas direções: a poesia intimista e intros- trutura e temática uma relação evidente com um as-
pectiva e a poesia social, de denúncia da realidade pecto da modernização da sociedade brasileira. Trata-
brasileira. Na prosa, Mário escreveu contos, publica- -se da:
dos em primeiro andar (1926) e contos novos (1946), a) recusa crítica em inserir no texto poético elemen-
Crônicas, reunidas em Os filhos da Candinha (1945), o tos advindos do discurso publicitário, avesso à
romance Amar, verbo intransitivo (1927) e a Rapsódia sensibilidade lírica do autor.
Macunaíma (1928). Em quase todas essas obras se b) impossibilidade da poesia de incorporar as novi-
destaca a preocupação com a descoberta e a explora- dades do mundo moderno já inseridas nas no-
ção de novas técnicas narrativas e, ao mesmo tempo, vas relações sociais da vida urbana.
com a sondagem do universo social e psicológico do c) associação crítica entre as invenções da moderni-
ser humano das grandes cidades. dade e a criação poética modernista, entre o lirismo
amoroso e a automatização das ações.
MANIFESTOS E REVISTAS: d) ausência do lirismo amoroso no poema e impos-
Revista Klaxon: Mensário de Arte Moderna sibilidade de estabelecer relações amorosas na
(1922-1923) sociedade regida pelo consumo de mercadorias.
Recebe este nome do termo usado para designar a e) adesão do eu lírico ao mundo mecanizado da
buzina externa dos automóveis. Primeiro periódico modernidade, justificada pela certeza de que as
modernista, é consequência das agitações em torno facilidades tecnológicas favorecem o contato hu-
da Semana de Arte Moderna. Inovadora em todos os mano.
sentidos: gráfico, existência de publicidade, oposição
entre o velho e o novo.
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)
Escrito por Oswald e publicado inicialmente no Cor-
reio da Manhã. Em 1925, é republicado como abertura
PROJETO
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ENEM 2018
LITERATURA
que atravessam fronteiras culturais. Relacionando a d) a sensibilidade do artista não escapa do viés
temática do texto com a imagem, percebe-se a ligação machista que marcava a sociedade do início do
entre a: século XX, machismo expresso em “que até dão
a) alegria e a satisfação na produção das obras mo- vontade pros homens da rua”.
dernistas. e) o eu poético usa de ironia ao dizer da emoção de
b) memória e a lembrança passadas no íntimo do ver moças “tão modernas, tão brasileiras”, pois
enunciador. faz questão de afirmar as origens africana e ita-
c) saudade e o refúgio encontrados pelo homem na liana das mesmas.
natureza.
d) lembrança e o rancor relacionados ao seu ofício Evocação do Recife
original. A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
e) exaustão e o medo impostos ao corpo de todo Vinha da boca do povo na língua errada do povo
artista. Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Sambinha Ao passo que nós
Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras. O que fazemos
Afobadas braços dados depressinha É macaquear
Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens A sintaxe lusíada…
da rua. BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.
As costureirinhas vão explorando perigos...
Vestido é de seda. QUESTÃO 07 (2ª Aplicação/ENEM 2014) - Segundo
Roupa-branca é de morim. o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísti-
cas originárias das classes populares devem ser:
Falando conversas fiadas a) satirizadas, pois as várias formas de se falar o
As duas costureirinhas passam por mim. português no Brasil ferem a língua portuguesa
— Você vai? autêntica.
— Não vou não! b) questionadas, pois o povo brasileiro esquece a
Parece que a rua parou pra escutá-las. sintaxe da língua portuguesa.
Nem trilhos sapecas c) subestimadas, pois o português “gostoso” de
Jogam mais bondes um pro outro. Portugal deve ser a referência de correção lin-
E o Sol da tardinha de abril guística.
Espia entre as pálpebras sapiroquentas de duas d) reconhecidas, pois a formação cultural brasileira
nuvens. é garantida por meio da fala do povo.
As nuvens são vermelhas. e) reelaboradas, pois o povo “macaqueia” a língua
A tardinha cor-de-rosa. portuguesa original.
Não havia não. Nem a correntinha encantada de prata nais e rompia com a estética clássica. A imagem da
que indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia obra O gigante acéfalo:
só as formigas jaquitaguas ruivinhas. Então passou a) explora elementos sensoriais para explicar a racio-
Caiuanogue, a estrela da manhã. Macunaíma já meio nalidade do pós-guerra.
enjoado de tanto viver pediu pra ela que o carregasse b) recria a realidade para combater os padrões estéti-
pro céu. Caiuanogue foi se chegando porém o herói cos da época.
fedia muito. c) organiza as formas geométricas para inovar as artes
— Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora. visuais.
Assim nasceu a expressão “Vá tomar banho” que os d) representa as experiências individuais de exaltação.
brasileiros empregam se referindo a certos imigrantes e) utiliza a sensibilidade para retratar o drama humano.
europeus.
ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008. QUESTÃO 11 (1ª Aplicação/ENEM 2010) - Após es-
tudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com
QUESTÃO 09 (2ª Aplicação/ENEM 2015) - O frag- uma mostra que abalou a cultura nacional do início do
mento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado “Vei, século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Ani-
a Sol”, do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, per- ta se considerava pronta para mostrar seu trabalho no
tencente à primeira fase do Modernismo brasileiro. Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lo-
Considerando a linguagem empregada pelo narrador, bato. Com a intenção de criar uma arte que valorizas-
é possível identificar: se a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas
a) resquícios do discurso naturalista usado pelos modernistas:
escritores do século XIX. a) buscaram libertar a arte brasileira das normas
b) ausência de linearidade no tratamento do tempo, acadêmicas europeias, valorizando as cores, a
recurso comum ao texto narrativo da primeira originalidade e os temas nacionais.
fase modernista. b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor,
c) referência à fauna como meio de denunciar o pri- até então utilizada de forma irrestrita, afetando a
mitivismo e o atraso de algumas regiões do país. criação artística nacional.
d) descrição preconceituosa dos tipos populares c) representaram a ideia de que a arte deveria co-
brasileiros, representados por Macunaíma e piar fielmente a natureza, tendo como finalidade
Caiuanogue. a prática educativa.
e) uso da linguagem coloquial e de temáticas do d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras
lendário brasileiro como meio de valorização da retratadas, defendendo uma liberdade artística
cultura popular nacional. ligada a tradição acadêmica.
e) buscaram a liberdade na composição de suas
figuras, respeitando limites de temas abordados.
O trovador
Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras...
As primaveras do sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal...
Intermitentemente...
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo...
Cantabona! Cantabona!
Dlorom...
Sou um tupi tangendo um alaúde!
ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade.
Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.
que seria proposta no Manifesto Antropófago, de Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino
Oswald de Andrade. ingênuo de
e) exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimen- demiurgos de inutilidades.
tos dos homens das primeiras eras” para mostrar E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da
o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas. meninice...
E dão aos homens que passam preocupados ou tris-
tes uma lição de infância.
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.
PROJETO
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ENEM 2018
GRAMATICA TEXTUAL
Competência de área 8 – Compreender e usar a lín- - Eu também acho esquisito mas minha mãe botou
gua portuguesa como língua materna, geradora de ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Mor-
significação e integradora da organização do mundo e te se eu vingasse, até um ano de idade eu não
da própria identidade. era chamada porque não tinha nome, eu preferia
H25 – Identificar, em textos de diferentes gêneros, as continuar a nunca ser chamada em vez de ter
marcas linguísticas que singularizam as variedades um nome que ninguém tem mas parece que deu
linguísticas sociais, regionais e de registro. certo - parou um instante retomando o fôlego
H26 – Relacionar as variedades linguísticas a situa- perdido e acrescentou desanimada e com pudor
ções específicas de uso social. - pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...
H27 – Reconhecer os usos da norma padrão da língua - Também no sertão da Paraíba promessa é ques-
portuguesa nas diferentes situações de comunicação. tão de grande dívida de honra.
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob
Poema Brasileiro a chuva grossa e pararam diante da vitrine de
No Piauí de cada 100 crianças que nascem uma loja de ferragem onde estavam expostos
78 morrem antes de completar 8 anos de idade atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e
No Piauí pregos. E Macabéa, com medo de que o silên-
de cada 100 crianças que nascem cio já significasse uma ruptura, disse ao recém-
78 morrem antes de completar 8 anos de idade -namorado:
- Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
No Piauí Da segunda vez em que se encontraram caía uma
de cada 100 crianças chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem
que nascem ao menos se darem as mãos caminhavam na
78 morrem chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas
antes escorrendo.
de completar LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.
8 anos de idade
antes de completar 8 anos de idade QUESTÃO 02 - Na reprodução da linguagem falada
antes de completar 8 anos de idade no texto escrito, uma série de recursos pode ser em-
antes de completar 8 anos de idade pregada para dar a expressividade necessária. No
antes de completar 8 anos de idade trecho que vai de “Eu também acho esquisito” a “eu
GULLAR, Ferreira. Toda Poesia (1950-1999). 19ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. vinguei... pois é...”, a autora se vale, para traduzir o
estado emocional de Macabéa:
EXERCÍCIO DE APRENDIZAGEM a) da omissão de vírgulas entre orações.
QUESTÃO 01 - Um texto pode apresentar indícios b) do emprego reiterado de frases nominais.
de funções da linguagem diferentes, dependendo de c) da falta de rigor na aplicação dos tempos verbais.
seu propósito comunicativo. No “Poema brasileiro”, de d) do uso de conectivos inadequados à situação.
Ferreira Gullar, além da função poética, observada na e) da aplicação padrão dos pronomes pessoais.
organização do texto em versos distribuídos em estro-
fes, percebem-se também indícios da função referen- Além, muito além daquela serra que ainda azu-
cial da linguagem, uma vez que: la no horizonte, nasceu Iracema.
a) o poema dá destaque à própria estruturação po- Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os ca-
ética, realçando os procedimentos de composi- belos mais negros que a asa da graúna e mais lon-
ção artística do texto. gos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era
b) o poema refere-se diretamente a um receptor doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no
omisso diante da situação relatada. bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a
c) o poema enfatiza os sentimentos do eu lírico ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as
diante do quadro social exposto. matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da
d) o poema evidencia o canal de comunicação, que grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando,
sofre interferências diante da situação descrita. alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com
e) o poema realça a informação, buscando apre- as primeiras águas.
sentá-la de maneira objetiva, de modo a lançar ALENCAR, José de. “Iracema”. In ALENCAR, José de. Obra Completa.
atenções sobre o problema social apresentado. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1959, vol. III.
Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino QUESTÃO 03 - Os recursos linguísticos empregados
que a emocionou, perguntou-lhe: em um texto são determinantes para a identificação
- E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a do gênero empregado, ou seja, apontam traços nar-
passear? rativos, descritivos ou dissertativos. No excerto apre-
- Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa sentado, extraído do romance Iracema, existem ele-
antes que ele mudasse de idéia. mentos textuais que caracterizam o gênero descritivo,
- E, se me permite, qual é mesmo a sua graça? entre os quais se destaca:
- Macabéa. a) a incidência de verbos no pretérito perfeito do
- Maca . o quê? indicativo.
- Bea, foi ela obrigada a completar. b) a carência de uma adjetivação relacionada à per-
- Me desculpe mas até parece doença, doença de pele. sonagem central.
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ENEM 2018
GRAMATICA TEXTUAL
c) a predominância de formas verbais no pretérito assalto... (longa pausa) Levanta os braços, mas não
imperfeito do indicativo. se avexe não... (outra pausa) Se num quiser nem pre-
d) a referência a elementos da fauna e da flora na- cisa levantar, pra num ficar cansado... Vai passando a
cionais. grana, bem devagarinho... (pausa para pausa) Num
e) a sutileza ao deixar em segundo plano as carac- repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar
terísticas físicas da personagem. muito pesado. Não esquenta, meu irmãozinho. (pau-
sa) Vou deixar teus documentos na encruzilhada.
“Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou
no meu braço, falou qualquer coisa que não entendi. Assaltante Mineiro - Ô, sô, prestenção: Issé um as-
Fui logo dizendo que não tinha, certa de que ele esta- sarto, uai. Levantus braço e fica ketim quié mió procê.
va pedindo dinheiro. Não estava. Queria saber a hora. Esse trem na minha mão tá cheim de bala...Mió passá
Talvez não fosse um Menino De Família, mas também logo os trocados que eu num tô bão hoje. Vai andando,
não era um Menino De Rua. É assim que a gente di- uai! Tá esperando o quê, sô?!
vide. Menino De Família é aquele bem-vestido com
tênis da moda e camiseta de marca, que usa relógio e Assaltante Carioca - Aí, perdeu, mermão. Seguiiiinn-
a mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino te, bicho: tu te fu. Isso é um assalto. Passa a grana
De Rua. Menino De Rua é aquele que quando a gente e levanta os braços, rapá. Não fica de caô que eu te
passa perto segura a bolsa com força porque pensa passo o cerol... Vai andando e, se olhar pra trás, vira
que ele é pivete, trombadinha, ladrão. (...) Na verda- presunto.
de não existem meninos De rua. Existem meninos NA
rua. E toda vez que um menino está NA rua é porque Assaltante Paulista - Pô, meu... Isso é um assalto,
alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aos meu. Alevanta os braços, meu. Passa a grana logo,
lugares. Assim como são postos no mundo, durante meu. Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a
muitos anos também são postos onde quer que este- bilheteria aberta pra comprar o ingresso no Pacaem-
jam. Resta ver quem os põe na rua. E por quê.” bu, meu. Pô, se manda, meu.
COLASSANTI, Marina. In: Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
Assaltante Gaúcho - Ô, guri, fica atento. Bah, isso é
QUESTÃO 04 - No terceiro parágrafo em “... não exis- um assalto. Levanta os braços e te aquieta, tchê! Não
tem meninos De rua. Existem meninos NA rua.”, a tro- tentes nada e cuidado que esse facão corta uma bar-
ca de De pelo Na determina que a relação de sentido baridade, tchê. Passa as pilas prá cá! E te manda a la
entre “menino” e “rua” seja: cria, senão o quarenta e quatro fala.
a) de localização e não de qualidade.
b) de origem e não de posse. Assaltante de Brasília - Querido povo brasileiro, es-
c) de origem e não de localização. tou aqui no horário nobre da TV para dizer que, no final
d) de qualidade e não de origem. do mês, aumentaremos as seguintes tarifas: Energia,
e) de posse e não de localização. Água, Gás, Passagem de ônibus, Imposto de renda,
Licenciamento de veículos, Seguro obrigatório, Gaso-
“Deixamos o verbo no singular quando quere- lina, Álcool, IPTU, IPVA, IPI, ICMS, PIS, Cofins…
mos destacar o conjunto como uma unidade. Levamos
o verbo ao plural para evidenciarmos os vários ele- QUESTÃO 06 - A linguagem que cada um dos cinco
mentos que compõem o todo.” primeiros assaltantes empregou revela:
CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 4 ed. a) que as diferenças entre os registros linguísticos
rev. E ampl. Rio de Janeiro: Lexicon Editora Digital, 2007, p. 513. típicos de cada região do país se resumem à
questão do sotaque.
QUESTÃO 05 - O trecho em questão, extraído de uma b) que a seleção lexical é uma pista relevante para
gramática da língua portuguesa, indica que, em alguns reconhecer as características de cada variante
casos, é possível obter uma concordância facultativa regional que há no Brasil.
do verbo, a depender da situação da frase. Esse fato c) que somente o assaltante paulista não se vale de
gramatical pode ser comprovado na frase: um vocativo para referir-se à sua vítima.
a) “Existem motivos demais para reavaliarmos cada d) que, na Bahia, respeita-se mais o padrão culto
uma dessas questões.” da língua, uma vez que o assaltante baiano não
b) “Mais de um assalto por minuto é presenciado comete erros de ortografia.
no Brasil.” e) que Minas Gerais é o estado brasileiro em que
c) “A maioria dos eleitores mostrou-se preocupado há menos preocupação das pessoas em valori-
com a atual situação política.” zar a norma culta do idioma.
d) “Foram anos e anos de luta para atingir definiti-
vamente o patamar em que estamos.” O assassino era o escriba - Meu professor de análise
e) “Nunca houve tantas participações populares sintática era o tipo do sujeito
como notamos agora.” Inexistente.
Com pequenas alterações, o texto a seguir tem Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida,
circulado pela Internet. Leia-o para responder ao que regular com um paradigma da 1ª conjugação.
se pede: Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
Assaltante Baiano - Ô, meu rei... (pausa) Isso é um assindético de nos torturar com um aposto.
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ENEM 2018
GRAMATICA TEXTUAL
QUESTÃO 12 - A figura a seguir trata da “taxa de de- Respeitem meus cabelos, brancos
socupação” no Brasil, ou seja, a proporção de pesso- Respeitem meus cabelos, brancos
as desocupadas em relação à população economica- Chegou a hora de falar
mente ativa de uma determinada região em um recorte Vamos ser francos
de tempo. Pois quando um preto fala
O branco cala ou deixa a sala
Com veludo nos tamancos
Cabelo veio da áfrica
Junto com meus santos
Benguelas, zulus, gêges
Rebolos, bundos, bantos
Batuques, toques, mandingas
Danças, tranças, cantos
Respeitem meus cabelos, brancos
Se eu quero pixaim, deixa
Se eu quero enrolar, deixa
Se eu quero colorir, deixa
Se eu quero assanhar, deixa
A norma padrão da língua portuguesa está respeitada, Deixa, deixa a madeixa balançar
na interpretação do gráfico, em: CÉSAR, Chico.Respeitem Meus Cabelos, Brancos. Gravadora: MZA Music; Selo:
Warner Brasil; Ano: 2002. Disponível em http://letras.mus.br/chico-cesar/134011/.
a) Durante o ano de 2008, foi em geral decrescente
Acesso em 23 de maio de 2015.
a taxa de desocupação no Brasil.
b) Nos primeiros meses de 2009, houveram acrés-
cimos na taxa de desocupação. QUESTÃO 14 - Na letra do compositor paraibano Chi-
c) Em 12/2008, por ocasião das festas, a taxa de co César, a afirmação da cultura negra expressa-se,
desempregados foram reduzidos. principalmente, na frase “Respeitem meus cabelos,
d) A taxa de pessoas desempregadas em 04/08 e brancos”, que se diferencia da frase convencional
02/09, é estatisticamente igual: 8,5. “Respeitem meus cabelos brancos” porque:
e) Em março de 2009 as taxas tenderam à piorar: 9 a) o adjunto “brancos” é transformado em vocativo.
entre 100 pessoas desempregadas. b) o sujeito “brancos” é marcado por vírgula.
c) o complemento nominal “brancos” é separado
Morte e vida Severina do substantivo.
Somos muitos Severinos d) o adjunto “brancos” é apresentado como sujeito.
iguais em tudo na vida: e) o objeto direto é separado da forma verbal.
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra, O Apanhador de desperdícios.
no mesmo ventre crescido Uso a palavra para compor meus silêncios.
sobre as mesmas pernas finas, Não gosto das palavras
e iguais também porque o sangue fatigadas de informar.
que usamos tem pouca tinta. Dou mais respeito
E se somos Severinos às que vivem de barriga no chão
iguais em tudo na vida, tipo água pedra sapo.
morremos de morte igual, BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa.
Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006.
mesma morte Severina: p. 73-74.
que é a morte de que se morre
QUESTÃO 15 - A escritura de Manoel de Barros é
de velhice antes dos trinta
essencialmente diferenciada, convertendo a sintaxe
de emboscada antes dos vinte,
tradicional e construindo versos que oscilam entre a
de fome um pouco por dia.
MELO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio Janeiro: Nova Aguilar, variedade coloquial e a essencialidade poética. No po-
1994 (fragmento). ema, o verso que confirma as características mencio-
nadas é:
QUESTÃO 13 - Nesse fragmento, parte de um auto de a) “Uso a palavra para compor meus silêncios.”
Natal, o poeta retrata uma situação marcada pela mi- b) “Não gosto das palavras”
séria, à qual muitos nordestinos estão expostos. Para c) “fatigadas de informar.”
isso, um recurso textual empregado no poema é: d) “Dou mais respeito”
a) a ausência de formas adjetivas para descrever a cena. e) “tipo água pedra sapo.”
b) a repetição do termo “Severino” como forma qua-
lificadora. GABARITO DE APRENDIZAGEM
c) o uso da 3ª pessoa do plural como maneira de 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
indeterminar o sujeito.
d) o emprego de verbos no passado no intuito de E A C A C B D C E E
distanciar-se do fato narrado. 11 12 13 14 15
e) a falta de ritmo entre os versos a fim de expor a
situação dura do sertanejo. E A A A E
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INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Ferdinand de Saussure, o pai da linguística moderna, A linguagem é elemento fundamental para a comunica-
foi um linguista e filósofo suíço, cujas elaborações te- ção se estabelecer entre as pessoas. Por ser múltipla
óricas analisam o desenvolvimento da linguística en- e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção
quanto ciência autônoma. No excerto apresentado, do falante, ela pode assumir diferentes funções. No
fica evidente uma posição crítica centrada: texto que serve de base para esta questão, por exem-
a) no dinamismo natural presente na evolução da plo, predomina a função:
linguagem. a) apelativa, por explorar os jogos de palavras de
b) na necessidade que a linguagem tem de se afas- duplo sentido, comum nas empresas.
tar do passado. b) metalinguística, ao fazer uso da linguagem para
c) no uso inadequado da linguagem por diferentes analisar a própria linguagem.
gerações. c) fática, por empregar questionamentos ao testar a
d) na forma como o presente nega o passado atra- funcionalidade da palavra no texto.
vés da linguagem. d) referencial, ao buscar efeitos de objetividade, por
e) no aspecto conservador que impede a lingua- meio da conotação, ao desenvolver o tema.
gem de acompanhar a história. e) emotiva, marcada pela subjetividade, por dar va-
zão aos sentimentos expressos nas empresas.
QUESTÃO 02 (C6, H18) - ESTRUTURAÇÃO DE TEX-
TOS/ QUADRINHOS QUESTÃO 04 (C6, H20) – MEMÓRIA E IDENTIDADE
NACIONAL/ INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - Dos cin-
co milhões de brasileiros com ascendentes alemães,
são poucos aqueles que ainda mantêm laços afetivos
com a Alemanha. Entretanto, é inegável a contribui-
ção da cultura germânica à cultura do Brasil, como,
por exemplo, o Oktoberfest realizado em Blumenau;
a Bauernfest, em Petrópolis - Rio de Janeiro; a Mün-
chenfest, em Ponta Grossa; a Pommerfest, em Santa
Maria de Jetibá, e em diversas manifestações culturais
que ocorrem, sobretudo no sul do país, em São Pau-
lo e no Espírito Santo. Algumas palavras de origem
alemã também foram incorporadas ao português do
Brasil. Fanta: devido à escassez de matéria-prima, a
Coca-cola da Alemanha não pôde mais produzir seu
principal produto durante a Segunda Guerra Mundial
e desenvolveu um novo refrigerante feito, na época,
à base de soro de leite. Um concurso levou ao nome
“Fanta”, pois o novo desenvolvimento era fantástico,
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=15269 - do alemão fantastisch. Encrenca: começou com as
em 10/04/2015 prostitutas judias que vieram para o Brasil no final do
século XIX e começo do século XX. Elas falavam iídi-
Nos quadrinhos, existem dois códigos que interagem che, a língua dos judeus da Europa Central. Quando
num sistema narrativo: o visual e o verbal. Para que achavam que um cliente tinha doença venérea, diziam
a mensagem seja entendida por completo, cada um ein krenke (krank significa “doente” em alemão). Nas-
desses códigos tem função especial, que precisa ser cia assim a palavra “encrenca”, no português do Bra-
observada em conjunto. Desse modo, para a progres- sil, para designar situação difícil. Chope: na origem,
são temática nesse quadrinho de Quino, é necessário não tem nada a ver com cerveja. É uma unidade de
o conhecimento de elementos próprios desse gênero, medida originada do alemão Schoppen, equivalente a
que se fazem representar por: cerca de meio litro.
a) cacofonia. b) neologismo.
https://lusopatia.wordpress.com/2013/09/30/la-vem-o-alemao-palavras-
c) onomatopeia. d) polissemia. e) redundância.
-alemas-no-portugues/-Acesso em18/03/2015
QUESTÃO 03 (C6, H19) – GÊNERO TEXTUAL/ FUN- Ao descrever palavras trazidas de outras línguas, du-
ÇÕES DA LINGUAGEM - O blá-blá-blá das empresas rante o processo de colonização e ao longo da histó-
O que você entende da frase “tal colaborador foi des- ria de um povo, que se incorporaram ao português do
Brasil e ainda hoje fazem parte das conversas, o site
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INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
CAS/ NORMA PADRÃO - Como qualquer outra varie- Analisando-se as informações verbais associadas
dade linguística, a norma padrão tem suas especifici- à imagem que as motiva, infere-se uma proposta de
dades. Ao se confrontar “um bicho” no primeiro verso mudança de atitudes, focada no papel da família, ao
e “o bicho” na terceira estrofe do poema, nota-se que sugerir que:
houve uma mudança do artigo indefinido para o artigo a) os sites de relacionamento são perigosos.
definido com o intuito de se: b) o vício é inerente ao acesso a sites de relacio-
a) evitar uma repetição desnecessária na organiza- namentos.
ção textual. c) as diversas formas de interação em rede destro-
b) negar a desumanização que as metáforas confe- em as relações.
rem ao homem-bicho. d) os pais precisam ser exemplos para os filhos.
c) potencializar a condição de animal que a miséria e) o poder de sedução das relações virtuais é avas-
impõe ao homem. salador.
d) denunciar a dúvida inicial do eu lírico em relação
à identidade do bicho. TEXTOS PARA AS QUESTÕES 07 E 08
e) atestar a insatisfação do homem metamorfosea- TEXTO I
do em “bicho” pela fome. (...)
– A nação não sabe ler. Há só 30% dos indivíduos resi-
QUESTÃO 05 (C6, H20) – MEMÓRIA E IDENTIDADE dentes neste país que podem ler; desses uns 9% não
NACIONAL/ INTERPRETAÇÃO DE TEXTO leem letra de mão. 70% jazem em profunda ignorância.
“Corcovado” (conhecida em inglês como “Quiet Nights Não saber ler é ignorar o Sr. Meireles Queles; é não
of Quiet Stars”) é uma canção da Bossa Nova escri- saber o que ele vale, o que ele pensa, o que ele quer;
ta por Antônio Carlos Jobim, em 1960. Uma lírica em nem se realmente pode querer ou pensar. 70% dos
inglês foi mais tarde escrita por Gene Lees. O título cidadãos votam do mesmo modo que respiram: sem
em português refere-se ao morro do Corcovado, na saber por que nem o quê. Votam como vão à festa da
cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Andy Williams gravou Penha, – por divertimento. A Constituição é para eles
a canção com a letra em inglês, alcançando a 92ª po- uma coisa inteiramente desconhecida. Estão prontos
sição na Billboard Hot 100 e a 18ª colocação no Hot para tudo: uma revolução ou um golpe de Estado.
Adult Contemporary Tracks em 1965. (ASSIS, Machado de. Obra Completa. R.J.: Nova Aguilar, vol. III, 1969.)
Andy Williams, “Quiet Nights of Quiet Stars (Corcovado)” chart positions
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INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
https://www.google.com.br/search?q=anafalbetismo+charge: 13/05/2015
GABARITO COMPLEMENTAR
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
https://www.google.com.br/search?charge Acesso em 15/05/2015
Essa charge do “humortadela” alia elementos verbais A D B A D D B C C D
e imagéticos com o objetivo de:
a) influenciar o comportamento do leitor, por meio
de apelos que visam à adesão ao manuseio de
equipamentos tecnológicos.
b) denunciar, por meio da sátira, a relação nível so-
cioeconômico e acesso a tecnologias da infor- GABARITO DE APRENDIZAGEM
mação.
c) criar regras de comportamento social pautadas
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
no combate ao consumismo sem controle. E D B C A D A C B D
d) criticar os valores abusivos dos computadores
PROJETO
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MATEMÁTICA
PROBABILIDADE
Competência de área 1 - Construir significados para seguida, entre os times do Grupo A, foram sorteados 2
os números naturais, inteiros, racionais e reais. times para realizar o jogo de abertura do torneio, sen-
H2 - Identificar padrões numéricos ou princípios de do que o primeiro deles jogaria em seu próprio campo,
contagem. e o segundo seria o time visitante. A quantidade total
Competência de área 7 - Compreender o caráter ale- de escolhas possíveis para o Grupo A e a quantidade
atório e não determinístico dos fenômenos naturais e total de escolhas dos times do jogo de abertura podem
sociais e utilizar instrumentos adequados para medi- ser calculadas através de:
das, determinação de amostras e cálculos de probabi- a) uma combinação e um arranjo, respectivamente.
lidade para interpretar informações de variáveis apre- b) um arranjo e uma combinação, respectivamente.
sentadas em uma distribuição estatística. c) um arranjo e uma permutação, respectivamente.
H28 - Resolver situação-problema que envolva conhe- d) duas combinações.
cimentos de estatística e probabilidade. e) dois arranjos.
GABARITO COMPLEMENTAR
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
A D D C A D A B A E
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
B E A A C A B A E E
GABARITO DE APRENDIZAGEM
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
C C A A A B E C D D
11 12 13 14 15
A D B B D
PROJETO
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ENEM 2018
FUNÇÃO EXPONENCIAL
Competência de área 5 - Modelar e resolver pro- Onde
blemas que envolvem variáveis socioeconômicas ou b logaritmando ou antilogaritmo (b ∈ R e b > 0)
técnico-científicas, usando representações algébricas. a base do logaritmo (a ∈ R e 0 < a ≠ 1)
H19 - Identificar representações algébricas que ex- x logaritmo
pressem a relação entre grandezas.
H20 - Interpretar gráfico cartesiano que represente re- 02. Consequências da Definição - Sejam a, b e c
lações entre grandezas. números reais e positivos, com 0 < a ≠ 1,, b > 0, c >
H21 - Resolver situação-problema cuja modelagem 0 , e m um número real. Da definição de logaritmos
envolva conhecimentos algébricos. decorrem as propriedades:
H22 - Utilizar conhecimentos algébricos/geométricos loga 1 = 0
como recurso para a construção de argumentação. loga a = 1
H23 - Avaliar propostas de intervenção na realidade loga am = m
utilizando conhecimentos algébricos. alogab = b
loga b = loga c b = c
EXPONENCIAIS
01. Potência com Expoente Natural - Dado um núme- Dica antiloga x = b loga b = x
ro real a e um número natural n (n ≠ 0), definimos a po-
tência como o produto de n fatores iguais ao número a. 03. Propriedades dos Logaritmos
an = a Logaritmo de um Produto
⋅a⋅
a ⋅ ⋅a
...
n fatores log a (b ⋅ c ) = log a b + log a c
Em que: Logaritmo de um Quociente
a base n expoente an → potência
b
log a = log a b − log a c
Convenção: a0 = 1, ∀a ∈ R* c
Logaritmo de uma Potência
02. Potência com Expoente Inteiro Negativo log a b n = n ⋅ log a b
1
a −n = n com n ∈ N* e a ∈ R* Logaritmo de uma Raíz
a 1
1
log a n b = log a b n = ⋅ log a b
03. Potência com Expoente Racional n
( a)
m
m Mudança de Base
an = n
= n a m com a ∈ R+* e m, n ∈ N (n ≠ 0) log c b
log a b =
log c a
04. Propriedades das Potências
m +n
Cologaritmo
a ⋅a = a
m n
1
log aa b = − log a b = log a b −1 = log a
cocolog
am b
n
= a m −n , se a ≠ 0
a 04. Conseqüências Importantes
(a ⋅ b ) = a ⋅ b (log a b ) ⋅ (log c a ) = log c b
m m m
m 1
a am log a b =
= m , se b ≠ 0 log b a
b b
1
(a ) = (a )
m n n m
= a m⋅n log ak b = ⋅ log a b
k
log k a b = k ⋅ log a b
LOGARITMOS - Os logaritmos foram criados numa
época em que as ciências, de um modo geral, pre- loga k bn =
n
⋅ loga b
cisava realizar cálculos de multiplicação, divisão, po- k
tenciação e radiciação de números muito grandes ou
a
logc b
= blogc a
muito pequenos, e não havia as máquinas de calcular.
A vantagem de se usar os logaritmos é que ele trans- Atenção !!!
n n
forma uma multiplicação numa adição, uma divisão loga b ≠ (loga b )
numa subtração, uma potenciação numa multiplicação n
e uma radiciação numa divisão. loga b = loga (b ⋅ b ⋅ b ⋅ ... ⋅ b )
01. Definição - Logaritmo de um número real e positi- n
n fatores
vo b numa base a, onde, 0 < a ≠ 1, é o expoente x ao (loga b ) = loga b ⋅ loga b ⋅ loga b ⋅ ... ⋅ loga b
qual deve-se elevar a para se obter b.
n fatores
T(x) = T0.(0,5)0,1x
a) R = 2r b) R = r 2
Para satisfazer o filho mais novo, esse senhor preci-
2
r + 2r 2 3
c) R = d) R = r + 2r e) R = r sa encontrar um terreno retangular cujas medidas, em
2 2 metro, do comprimento e da largura sejam iguais, res-
pectivamente, a:
QUESTÃO 02 - Um agricultor vive da plantação de a) 7,5 e 14,5 b) 16,0 e 9,0
morangos que são vendidos para uma cooperativa. c) 9,3 e 16,3 d) 10,0 e 17,0 e) 13,5 e 20,5
A cooperativa faz um contrato de compra e venda no
qual o produtor informa a área plantada. Para permi- QUESTÃO 05 - Uma empresa de telefonia celular
tir o crescimento adequado das plantas, as mudas de possui duas antenas que serão substituídas por uma
morango são plantadas no centro de uma área retan- nova, mais potente. As áreas de cobertura das ante-
gular de 10 cm por 20 cm, como mostra a figura nas que serão substituídas são círculos de raio 2 km,
Atualmente, sua plantação cujas circunferências se tangenciam no ponto O, como
de morangos ocupa uma mostra a figura.
área de 10 000 m², mas a O ponto O indica a po-
cooperativa quer que ele sição da nova antena,
aumente sua produção. e sua região de cober-
Para isso, o agricultor de- tura será um círculo
verá aumentar a área plan- cuja circunferência
tada em 20%, mantendo o tangenciará externa-
mesmo padrão de plantio. mente as circunferên-
O aumento (em unidade) cias das áreas de co-
no número de mudas de morango em sua plantação bertura menores.
deve ser de: Com a instalação da
a) 10 000. b) 60 000. nova antena, a medi-
c) 100 000. d) 500 000. e) 600 000. da da área de cobertura, em quilômetros quadrados,
foi ampliada em:
QUESTÃO 03 - Para garantir a segurança de um gran- a) 8π b) 12π
de evento público que terá início às 4 h da tarde, um c) 16π d) 32π e) 64π
organizador precisa monitorar a quantidade de pes-
soas presentes em cada instante. Para cada 2 000 QUESTÃO 06 - Três objetos, um cilindro, um parale-
pessoas se faz necessária a presença de um policial. lepípedo e um prisma triangular, foram utilizados em
Além disso, estima-se uma densidade de quatro pes- uma experiência na qual foram geradas suas proje-
soas por metro quadrado de área de terreno ocupado. ções ortogonais sobre dois planos perpendiculares
PROJETO
34
ENEM 2018
GEOMETRIA
entre si, conforme figura 1. As projeções foram desta- é revestido com lona.
cadas em ambos os planos e depois foi feito o rebati- A pirâmide da parte
mento de um dos planos (figura 2) de forma a deixá-lo superior dessa co-
como mostra a figura 3. bertura é regular e
possui 21 vértices.
Calcular a área total
de lona utilizada na
construção da co-
bertura e das pare-
des que são retan-
gulares.
a) 1800 m²
b) 1500 m²
c) 1200 m²
Tendo por base essa experiência, qual seria a figura d) 900 m²
obtida após todo o processo descrito acima para a si- e) 600 m²
tuação a seguir?
QUESTÃO 09 - Um chocolate é vendido no formato de
prisma triangular regular conforme mostra figura.
GABARITO DE APRENDIZAGEM
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
B C E B A A C D A B
11 12 13 14 15
a) 21,2 m. b) 11,2 m. A C E C D
c) 10,0 m. d) 2,0 m. e) 1,2 m.
PROJETO
36
ENEM 2018
CIÊNCIAS HUMANAS
HISTÓRIA DO BRASIL
ÁREA 1 - Compreender os elementos culturais que a geração e distribuição de energia elétrica. Propôs,
constituem as identidades. no ano de 1954, um reajuste de 100% no salário míni-
ÁREA 3 - Compreender a produção e o papel histó- mo, como forma de compensar as perdas salariais, em
rico das instituições sociais, políticas e econômicas, virtude da inflação. A aplicação de uma política nacio-
associando-as aos diferentes grupos, conflitos e mo- nalista, bem como a aproximação de Vargas à classe
vimentos sociais. trabalhadora, preocupava a classe dominante. Temia-
ÁREA 5 - Utilizar os conhecimentos históricos para -se a criação de uma República Sindicalista, como na
compreender e valorizar os fundamentos da cidadania Argentina de Perón. O líder da oposição a Vargas era
e da democracia, favorecendo uma atuação conscien- o jornalista Carlos Lacerda, que denunciava uma série
te do indivíduo na sociedade. de irregularidades do governo; Lacerda também era o
porta-voz dos setores ligados ao capital estrangeiro.
REPÚBLICA POPULISTA (1945/1964) - A dé- Neste contexto ocorreu o atentado da Rua Toneleiros,
cada de 30 trouxe profundas mudanças na es- uma tentativa de assassinar Carlos Lacerda. No epi-
trutura social e econômica brasileiras. Houve um sódio foi morto o major da aeronáutica Rubens Vaz.
avanço na industrialização brasileira, grande desen- Os resultados da investigação apontaram que Gregó-
volvimento urbano - com aumento da população. rio Fortunato - principal guarda-costas do presidente
O urbanismo favoreceu o crescimento da burguesia - como o responsável pelo acontecimento. Embora
industrial, da classe média e do proletariado. O for- nunca tivesse ficado provado a participação de Getúlio
talecimento destas novas forças sociais trouxe uma Vargas no episódio, este foi acusado pelos opositores
mudança no aparelho estatal: a permanência do po- como o mandante do atentado. Em 23 de agosto o
pulismo, transformado em prática política costumeira vice-presidente, Café Filho rompeu com o presidente;
com o intuito de conquistar o apoio das massas - prin- no mesmo dia, o Exército divulga um manifesto exi-
cipalmente a urbana. O fenômeno do populismo con- gindo a renúncia de Vargas. Na madrugada de 24 de
siste, enfim, na manipulação – por parte do Estado ou agosto, Getúlio Vargas suicidou-se com um tiro no co-
dos políticos – dos interesses da classe trabalhadora. ração.
O período que vai de 1945 (fim do Estado Novo) até
1964 (golpe militar) apresentou as características aci- Café Filho (1954/1955) - Após a morte de Vargas,
ma. Café Filho – vice de Vargas assumiu o poder. Nas
eleições de 1956, o candidato da aliança PSD-PTB –
Eurico Gaspar Dutra (1946/1951) - Marcado pela Juscelino Kubitschek – venceu. O período de governo
aliança política PSD/PTB, apresentou aspectos con- de Café Filho apresentou uma crise política quando
servadores. Em setembro de 1946 foi promulgada o coronel Bizarria Mamede, da Escola Superior de
uma nova constituição, onde manteve-se a república Guerra, proferiu um discurso contra a posse de JK. O
presidencialista e o princípio federativo. Foi instituído o então Ministro da Guerra, general Henrique Teixeira
voto secreto e universal e a divisão do estado em três Lott, resolveu punir o coronel – ferindo a hierarquia,
poderes ( Executivo, Legislativo e Judiciário). Exter- pois a punição deveria ser dada pelo presidente da
namente seu governo foi marcado pela aproximação República – ao qual o ministro era subordinado. Café
com os Estados Unidos – início da guerra fria e a op- Filho foi afastado da presidência, por motivos de saú-
ção brasileira pelo capitalismo. Como reflexo desta po- de, assumindo o presidente da Câmara de Deputados,
lítica houve o rompimento das relações diplomáticas Carlos Luz. Este era do PSD, da ala conservadora, e
com a União Soviética e o Partido Comunista foi colo- inimigo político de Juscelino. Carlos Luz resolveu não
cado na ilegalidade. No plano interno, Dutra procurou punir o general Mamede – tornando-se cúmplice de
colocar em prática o primeiro planejamento global da suas declarações e forçando o pedido de demissão
economia brasileira, o Plano Salte (saúde, alimenta- do general Lott. Ficava claro a tentativa de um golpe e
ção, transporte e energia). Houve a pavimentação da Henrique Lott, um defensor da legalidade constitucio-
rodovia Rio-São Paulo e a instalação da Companhia nal e da posse dos candidatos eleitos, antecipou-se
Hidrelétrica do São Francisco (CHESF). Verificou-se aos golpistas. Lott não assinou o pedido de demissão
uma enorme inflação, em razão do aumento da emis- e organizou um contra-golpe. Ordenou que as tropas
são de papel-moeda. Ao mesmo tempo elevava-se o fossem às ruas, reassumiu o poder e afastou Carlos
preço do café e das matérias-primas, auxiliando a ba- Luz da presidência. A presidência foi entregue ao pre-
lança comercial brasileira. sidente do Senado, Nereu Ramos, que governou até a
posse de Juscelino Kubitschek (31/01/56).
Getúlio Vargas (1951/1954) - A Segunda presidência
de Vargas foi marcada pelo nacionalismo e pelo inter- Juscelino Kubitschek (1956/1961) - Governo marca-
vencionismo estatal na economia, trazendo insatisfa- do pelo grande desenvolvimento econômico. Política
ções ao empresariado nacional e ao capital interna- econômica delineada pelo Plano de Metas, que tinha
cional. No ano de 1951 o nacionalismo econômico de como lema “Cinqüenta anos de progresso em cinco de
Vargas efetivou-se no projeto de estabelecer o mono- governo.” A realização do Plano de Metas resultou na
pólio estatal do petróleo. Esse programa, que mobilizou expansão e consolidação do “capitalismo associado
boa parte a população brasileira tinha como slogan “O ou dependente” brasileiro, pois o processo de indus-
Petróleo é nosso”, resultando na criação da Petrobrás trialização ocorreu em torno das empresas estrangei-
– empresa estatal que monopolizou a exploração e o ras (as multinacionais). Estas empresas controlaram
refino do petróleo no Brasil. Vargas planejava também os setores chaves da economia nacional – maquinaria
a criação da Eletrobrás, com o objetivo de monopolizar pesada, alumínio, setor automobilístico, construção
PROJETO
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ENEM 2018
HISTÓRIA DO BRASIL
naval – ocasionando a desnacionalização econômica. tados sendo que o primeiro-ministro é que governaria
A política econômica de JK acarretou um processo in- de fato. O primeiro a ser eleito a exercer tal função
flacionário, em razão da intensa emissão monetária, foi Tancredo Neves. Diante do fracasso do parlamen-
e a política de abertura ao capital estrangeiro resul- tarismo foi convocado um plesbicito para decidir so-
tou em remessas de lucros e royalties ao exterior. O bre a manutenção ou não do regime. O resultado foi
período de JK foi marcado, também, pela consrtrução a volta do presidencialismo (06/01/63). Inicia-se uma
de Brasília, pela criação da Sudene (Superitendência segunda fase do governo de João Goulart marcada
para o Desenvolvimento do Nordeste). A era JK foi pela execução do chamado Plano Trienal, que busca-
também marcada por crises políticas, ocorrendo duas va combater a inflação e realizar o desenvolvimento
tentativas de golpe: o levante de Jacareacanga e o de econômico. O plano deveria ser acompanhado de uma
Aragarças – insurreições por parte de alguns militares. série de reformas estruturais, denominadas reformas
No final de seu governo a dívida externa brasileira au- de base, que incluía a reforma agrária; a reforma elei-
mentou consideravelmente, levando o país a recorrer toral – estendendo o direito de votos aos analfabetos;
ao FMI e ao seu receituário. Em 1960 houve eleições a reforma universitária, ampliando o número de vagas
e Jânio da Silva Quadros, então governador de São nas faculdades públicas e a reforma financeira e admi-
Paulo foi o vencedor, tendo como partido político a nistrativa, procurando limitar a remessa de lucro e os
UDN e como vice-presidente João Goulart, da coliga- lucros dos bancos. O descontentamento com a política
ção PSD/PTB. do governo aumentou a partir do dia 13 de março de
1964 quando, num comício na Central do Brasil – dian-
Jânio Quadros (1961) - Jânio Quadros assume a pre- te de 200 mil trabalhadores – Jango radicalizou sua
sidência em um contexto de grave crise financeira: in- promessa de reforma agrária, lançou a idéia de uma
tensa inflação, crescimento da dívida externa e déficit “reforma urbana” e decretou a nacionalização das refi-
na balança de pagamentos. Visando restabelecer o narias particulares de petróleo. A reação uniu os gran-
equilíbrio financeiro do país, Jânio realizou um reajus- des empresários, proprietários rurais, setores conser-
te cambial, restringiu os créditos, incentivou as expor- vadores da Igreja Católica e a classe média urbana
tações e congelou os salários. Iniciou a apuração de que realizaram a Marcha da Família com Deus e pela
denúncias de corrupção administrativa e nomeou uma Liberdade. Em seguida houve uma revolta dos mari-
comissão para definir a limitação da remessa de lucros nheiros do Rio de Janeiro, servindo de pretexto para
para o exterior. No campo externo, Jânio Quadros pro- o golpe militar alegava-se que a disciplina nas Forças
curou estabelecer uma política externa independente Armadas estava em jogo. Na noite de 31 de março de
dos Estados Unidos: aproximou-se dos países socia- 1964 o general Olympío Mourão Filho (arquiteto do fal-
listas ao restabelecer as relações diplomáticas com a so plano Cohen) colocou a guarnição de Juiz de Fora
União Soviética, enviou o vice-presidente à China e em direção ao Rio de Janeiro. No dia 1º de abril João
prestigiou a Revolução Cubana, ao condecorar com a Goulart foi deposto e exilou-se no Uruguai, no dia 2
Ordem do Cruzeiro do Sul um de seus líderes, Ernes- de abril. Encerrava-se assim o período democrático e
to “Che” Guevara. Semelhantes atitudes preocuparam iniciava-se a República Militar no Brasil.
os norte-americanos e a classe dominante nacional. A
oposição ao governo tinha em Carlos Lacerda, gover- EXERCÍCIO DE APRENDIZAGEM
nador do Rio de Janeiro, seu principal representante QUESTÃO 01 - Estão aí, como se sabe, dois candi-
e que articulava um golpe de estado. Sem apoio po- datos à presidência, os senhores Eduardo Gomes e
lítico Jânio acabou renunciando no dia 25 de agosto Eurico Dutra, e um terceiro, o senhor Getúlio Vargas,
de 1961 – após sete meses de governo. Sua renúncia que deve ser candidato de algum grupo político oculto,
nunca foi satisfatoriamente explicada. A renúncia ge- mas é também o candidato popular. Porque há dois
rou uma grave crise política envolvendo a posse, ou “queremos”: o “queremos” dos que querem ver se con-
não, de seu vice-presidente João Goulart. tinuam nas posições e o “queremos” popular… Afinal,
o que é que o senhor Getúlio Vargas é? É fascista? É
João Goulart (1961/1964) - João Goulart – cujo apeli- comunista? É ateu? É cristão? Quer sair? Quer ficar?
do nos meios sindicais era Jango – não era bem visto O povo, entretanto, parece que gosta dele por isso
pela elite nacional e pelas Forças Armadas. Era tido mesmo, porque ele é “à moda da casa”.
como agitador e com tendências comunistas. Repre- A Democracia. 16 set. 1945, apud GOMES, A. C.; D’ARAÚJO, M. C. Getulismo e
sentava uma ameaça a “segurança nacional” trazendo trabalhismo. São Paulo: Ática, 1989.
risco às instituições democráticas do país. Sob estas O movimento político mencionado no texto caracteri-
alegações, os ministros militares pediram ao Con- zou-se por:
gresso Nacional a permanência de Raniere Mazzilli a) reclamar a participação das agremiações partidá-
na presidência – que assumiu interinamente visto que rias.
Jango estava na China. Contra a tentativa de golpe o b) apoiar a permanência da ditadura estadonovista.
governador do Rio Grande do Sul – Leonel Brizola -, e c) demandar a confirmação dos direitos trabalhistas.
cunhado de João Goulart liderou a chamada “campa- d) reivindicar a transição constitucional sob influência
nha de legalidade”, que buscava garantir a posse de do governante.
João Goulart. Para conciliar as duas correntes – favo- e) resgatar a representatividade dos sindicatos sob
rável e contra a posse – o congresso Nacional aprovou controle social.
um ato adicional em 02 de setembro de 1961, estabe-
lecendo o sistema parlamentarista no Brasil. Com o QUESTÃO 02 - “Visto que, de fato, a Constituição de
parlamentarismo os poderes do presidente foram limi- 1946 estabeleceu normas e medidas para a instalação
PROJETO
39
ENEM 2018
HISTÓRIA DO BRASIL
de uma estrutura democrática no país, dando ensejo No anúncio, há referências a algumas das transforma-
a uma abertura do processo político nos dezoito anos ções ocorridas no Brasil nos anos 1950 e 1960. No
subsequentes, ao observador mais descuidado a re- entanto, tais referências omitem transformações que
democratização pode parecer mais radical do que na impactaram segmentos da população, como a:
realidade o foi.” a) exaltação da tradição colonial.
SOUZA, Maria do Carmo Campello de. Estado e Partidos Políticos no Brasil (1930- b) redução da influência estrangeira.
1964). São Paulo: Alfa-Omega, 1976, p. 105. c) ampliação da imigração internacional.
Com base nas afirmações contidas no texto, é possí- d) intensificação da desigualdade regional.
vel afirmar que: e) desconcentração da produção industrial.
a) a redemocratização iniciada em 1945 perdeu
sua radicalidade por ter sido apenas um ritual QUESTÃO 05 - No período anterior ao golpe militar
político, vazio de efetivos partidos. de 1964, os documentos episcopais indicavam para
b) a redemocratização de 1945 só pôde existir em os bispos que o desenvolvimento econômico, e cla-
função da criação de três novos grandes partidos ramente o desenvolvimento capitalista, orientando-se
políticos, totalmente independentes de vínculos no sentido da justa distribuição da riqueza, resolveria
com o Estado Novo: o PSD, a UDN e o PTB. o problema da miséria rural e, consequentemente, su-
c) o retorno do pluripartidarismo e de eleições dire- primiria a possibilidade do proselitismo e da expansão
tas foi superposto à estrutura herdada do Estado comunista entre os camponeses. Foi nesse sentido
Novo, marcada pelo sindicalismo corporativista que o golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi
e pelo sistema de interventorias. acolhido pela Igreja.
d) a redemocratização não foi radical devido à pre- MARTINS, J. S. A política do Brasil: lúmpen e místico. S. P: Contexto, 2011 (adap).
ponderância que teve, junto a ela, a União De- Em que pesem as divergências no interior do clero
mocrática Nacional (UDN), partido formado com após a instalação da ditadura civil-militar, o posiciona-
o beneplácito de Vargas. mento mencionado no texto fundamentou-se no en-
e) a hipertrofia do Poder Legislativo foi uma das tendimento da hierarquia católica de que o(a):
consequências da redemocratização. a) luta de classes é estimulada pelo livre mercado.
b) poder oligárquico é limitado pela ação do Exército.
QUESTÃO 03 c) doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior.
d) espaço político é dominado pelo interesse em-
presarial.
e) manipulação ideológica é favorecida pela priva-
ção material.
d) repressão de ativistas oposicionistas. Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo
e) implantação de governos nacionalistas. de produção capitalista é:
a) baseada na desvalorização do trabalho especia-
QUESTÃO 02 lizado e no aumento da demanda social por no-
vos postos de emprego.
b) fundada no crescimento proporcional entre o nú-
mero de trabalhadores e o aumento da produção
de bens e serviços.
c) estruturada na distribuição equânime de renda e
no declínio do capitalismo industrial e tecnocrata.
d) instaurada a partir do fortalecimento da luta de
classes e da criação da economia solidária.
e) derivada do aumento da riqueza e da ampliação
da exploração do trabalhador.
PROJETO
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ENEM 2018
HISTÓRIA DO BRASIL
QUESTÃO 05 - Ato Institucional nº 5 de 13 de dezem- QUESTÃO 07 - Leia com atenção:
bro de 1968. Apesar de você - Chico Buarque/1970
Art. 10 - Fica suspensa a garantia de habeas corpus, “Hoje você é quem manda
nos casos de crimes políticos, contra a segurança na- Falou, tá falado
cional, a ordem econômica e social e a economia po- Não tem discussão
pular. Art. 11 -_Excluem-se de qualquer apreciação ju- A minha gente hoje anda
dicial todos os atos praticados de acordo com este Ato Falando de lado
Institucional e seus Atos Complementares, bem como E olhando pro chão, viu
os respectivos efeitos. Você que inventou esse estado
Disponível em: http://www.senado.gov.br. Acesso em: 29 jul. 2010.
E inventou de inventar
O Ato Institucional nº 5 é considerado por muitos au- Toda a escuridão
tores um “golpe dentro do golpe”. Nos artigos do AI-5 Você que inventou o pecado
selecionados, o governo militar procurou limitar a atua- Esqueceu-se de inventar
ção do Poder Judiciário, porque isso significava: O perdão
a) a substituição da Constituição de 1967.
b) o início do processo de distensão política. Apesar de você
c) a garantia legal para o autoritarismo dos juízes. Amanhã há de ser
d) a ampliação dos poderes nas mãos do Executivo. Outro dia
e) a revogação dos instrumentos jurídicos implanta- Eu pergunto a você
dos durante o golpe de 1964.
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
QUESTÃO 06
Como vai proibir
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Quando o galo insistir
Somos todos iguais, braços dados ou não
Em cantar
Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Água nova brotando
Caminhando e cantando e seguindo a canção
E a gente se amando
Vem, vamos embora que esperar não é saber
Sem parar
Quem sabe faz a hora não espera acontecer (bis)
Pelos campos a fome em grandes plantações
Quando chegar o momento
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Esse meu sofrimento
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
Vou cobrar com juros, juro
E acreditam nas flores vencendo o canhão
Todo esse amor reprimido
Vem, vamos embora que esperar não é saber
Esse grito contido
Quem sabe faz a hora não espera acontecer (bis)
Este samba no escuro
Há soldados armados, amados ou não
Você que inventou a tristeza
Quase todos perdidos de arma na mão
Ora, tenha a fineza
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De desinventar
De morrer pela pátria e viver sem razão
Você vai pagar e é dobrado
“Pra não dizer que não falei das flores” (também Cada lágrima rolada
conhecida como “Caminhando”) é uma canção escrita Nesse meu penar
e interpretada por Geraldo Vandré. Ficou em segundo
lugar no Festival Internacional da Canção de 1968. A Apesar de você
letra de “Caminhando” foi compreendida de imediato Amanhã há de ser
pelos jovens. Ela fazia referência, exceto: Outro dia
a) ao movimento estudantil que então tomava as Inda pago pra ver
ruas das grandes cidades e que recrudescia O jardim florescer
com o episódio no restaurante Calabouço. Qual você não queria
b) à realização da Passeata dos Cem Mil contra a Você vai se amargar
ditadura militar, onde se juntaram estudantes, Vendo o dia raiar
jornalistas, operários, intelectuais, religiosos, ar- Sem lhe pedir licença
tistas entre outros. E eu vou morrer de rir
c) à decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que Que esse dia há de vir
fechava o Congresso, suspendia as liberdades Antes do que você pensa
individuais e dava poderes excepcionais ao pre-
sidente da República. Apesar de você
d) Ao desenvolvimento brasileiro, em virtude da im- Amanhã há de ser
plantação de uma política de governo baseada Outro dia
na justiça social, liberdade de expressão e fo- Você vai ter que ver
mento cultural. A manhã renascer
e) As restrições políticas impostas pelos Governos E esbanjar poesia
militares na década de 60, desencadearam uma Como vai se explicar
imensa onda de protestos, através de manifesta- Vendo o céu clarear
ções estudantis, definidas por alianças entre os De repente, impunemente
intelectuais, camponeses e operários.. Como vai abafar
PROJETO
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ENEM 2018
HISTÓRIA DO BRASIL
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal”
GABARITO DE APRENDIZAGEM
01 02 03 04 05 06 07 08
GABARITO COMPLEMENTAR
01 02 03 04 05 06 07
PROJETO
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ENEM 2018
ATUALIDADES
Competência de área 3 – Compreender a produção a crise tomasse as proporções atuais, a perito de che-
e o papel histórico das instituições sociais, políticas gar a afetar outros países que dependem economica-
e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, mente dos EUA. Várias medidas para resolver a crise
conflitos e movimentos sociais. econômica foram adotadas. O governo adotou a utili-
H11 – Identificar registros de práticas de grupos so- zação de bilhões de dólares dos cofres públicos para
ciais no tempo e no espaço. recuperar os bancos. A mais recente foi destinar US$
H13 – Analisar a atuação dos movimentos sociais que 700 bilhões para comprar títulos hipotecários de risco.
contribuíram para mudanças ou rupturas em proces-
sos de disputa pelo poder. GLOBALIZAÇÃO
H14 – Comparar diferentes pontos de vista, presentes Não existe uma definição
em textos analíticos e interpretativos, sobre situação que seja aceita por todos,
ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das mas é basicamente um
instituições sociais, políticas e econômicas. processo ainda em curso
H15 – Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, de integração de econo-
políticos, econômicos ou ambientais ao longo da his- mias e mercados nacio-
tória. nais. No entanto, ‘ela com-
Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos preende mais do que o
históricos para compreender e valorizar os fundamen- fluxo monetário e de mer-
tos da cidadania e da democracia, favorecendo uma cadoria; implica a interde-
atuação consciente do indivíduo na sociedade. pendência dos países e
H21 – Identificar o papel dos meios de comunicação das pessoas, além da uniformização de padrões e
na construção da vida social. está ocorrendo em todo o mundo, também no espaço
H22 – Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas social e cultural. É chamada de “terceira revolução tec-
no que se refere às mudanças nas legislações ou nas nológica” (processamento, difusão e transmissão de
políticas públicas. informações) e acredita-se que a globalização define
H24 – Relacionar cidadania e democracia na organi- uma nova era da história humana. As grandes nave-
zação das sociedades. gações e o processo colonialista constituíram momen-
tos que permitiram à humanidade acelerar os contatos
CRISE ECONÔMICA DOS EUA - É de conhecimento de troca de informações, de técnicas, de cultura e prin-
público que os EUA, estão passando por uma enor- cipalmente expandir o capitalismo e interligar os mer-
me crise financeira a tão comentada crise econômica cados mundiais. Pode-se dizer que a multiplicação
dos EUA. O que começou com uma crise no merca- dos espaços de lucro (domínio de mercados, locais de
do imobiliário americano evoluiu ao ponto de tornar- investimento e fontes de matérias-primas) conduziu o
-se uma das maiores da história, perdendo apenas mundo à globalização.
para a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em
1929. Desde 2001, o mercado imobiliário americana O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO - Até a Revo-
vinha crescendo de forma acelerada. A causa disso foi lução Industrial, o processo de “mundialização da eco-
a queda dos juros do Federal Reserve (Fred, o Banco nomia” foi vagaroso, devido às limitações nos transpor-
Central Americano), que diminuíram para recuperar a tes e nas comunicações. Com a Revolução Industrial e
economia, chegando até 1 % ao ano. Com isso a de- a liberação do capitalismo para suas plenas possibili-
manda por imóveis cresceu, incentivada pelos baixos dades de expansão, a globalização deu um significati-
juros nos financiamentos imobiliários e nas hipotecas. vo salto qualitativo. A ampliação dos espaços de lucro
Em 2005, isso se tornou um ótimo negócio. Muitas conduziu à globalização. O mundo passou a ser vis-
pessoas compravam ate mais de uma casa, com a in- to como uma referência para obtenção de mercados,
tenção de revendê-las quando valorizassem. Isso fez locais de investimento e fontes de matérias-primas.
com que a quantidade de empréstimos aumentasse, Num primeiro momento, a globalização foi também o
principalmente para clientes de baixa renda e com his- espaço para o exercício de rivalidades intercapitalis-
tóricos de inadimplência - os chamados clientes sub- tas e resultou em duas guerras mundiais. Ao longo do
prime. Esse, tipo de empréstimo é considerado de alto século XX, a globalização do capital foi conduzindo à
risco, pois as chances de não ser pago são maiores, globalização da informação, dos padrões culturais e
mas em compensação oferecem uma taxa de retor- de consumo. Isso deveu-se não apenas ao progres-
no maior aos bancos. Entretanto, após 2006, o preço so tecnológico, mas - e, sobretudo - ao imperativo
dos imóveis começou a cair, enquanto os juros do Fed dos negócios. A crise de 1929 (“crack”) teve tamanha
aumentavam. Com isso a oferta de casas começou a amplitude justamente por ser resultado de um mundo
superar a procura, resultando na atual crise imobiliária globalizado, ou seja, ocidentalizado, face à expansão
dos EUA. Mas não foi só o mercado imobiliário que foi do capitalismo. A partir de 1989/91, o capitalismo, in-
afetado. Com os juros altos, a taxa de inadimplência gressou na etapa de sua total euforia triunfalista, sob
aumentou, provocando um prejuízo para os bancos e o rótulo de “neoliberalismo”. Os avanços técnico-cien-
desaquecendo a economia americana. O valor total tíficos (informática, telecomunicações, química fina,
das hipotecas ultrapassa US$ 12 trilhões. Com me- robótica, biotecnologia e outros) e a difusão de rede
nos dinheiro nas mãos, as pessoas compram menos, de informação reforçaram e facilitaram o processo de
o que não gera lucro para as empresas. Por sua ‘vez, globalização. Estabeleceram um intercâmbio acelera-
estas não podem mais contratar novos funcionários. do (reduzindo o espaço e o tempo), não só na esfera
Vários bancos e seguradoras faliram. Isso fez com que econômica (mercados, tecnologia de produção etc.),
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ATUALIDADES
mas atingindo também, os hábitos, os padrões cultu- as distâncias, o telégrafo e o telefone, aproximam os
rais e de consumo. continentes e os interesses ainda mais. Nestes cem
anos da segunda fase da globalização (1850-1950) os
A 1ª FASE DA GLOBALIZAÇÃO (1450-1850) - Exis- antigos impérios dinásticos desabaram. Das diversas
te, como em quase tudo que se diz respeito à história, potências que existiam em 1914 (Império britânico, o
uma grande controvérsia em se estabelecer uma perio- francês, o austro-húngaro, o italiano, o russo e o turco)
dização para estes cinco séculos de integração econô- só restam depois da 2ª Guerra, duas superpotências:
mica e cultural, que podemos chamar de globalização, os Estados Unidos e a União Soviética. Derrotadas pe-
“iniciados” pela descoberta de uma nova rota marítima las guerras as metrópoles desabaram, obrigando-se a
para as índias e pelas terras do Novo Mundo. De cer- aceitar a libertação dos povos coloniais que formaram
to modo, até as duas grandes guerras mundiais (de novas nações. Algumas independentes e outras ne-
1914-18 e a de 1939-45) provocaram a intensificação ocolonizadas continuaram ligadas ao sistema inter-
da globalização quando adotaram algumas macro-es- nacional. Somam-se, no pós-2ª Guerra, os países do
tratégias militares para perseguir os adversários, num Terceiro Mundo recém-independentes, às nações la-
mundo quase inteiramente transformado em campo tino-americanas que conseguiram autonomia política,
de batalha. Assim sendo, nos definimos pelas seguin- no fim da 1ª fase. No entanto nem a descolonização
tes etapas: primeira fase da globalização, ou primeira nem as revoluções comunistas, servirão de obstáculo
globalização, dominada pela expansão mercantilista para que o processo de globalização seja retomado.
(de 1450 a 1850) da economia-mundo europeia; a se-
gunda fase, ou segunda globalização, que vai de 1850 A GLOBALIZAÇÃO RECENTE (PÓS-1989/91)
a 1950 caracterizadas pelo expansionismo industrial- No decorrer do sécu-
-imperialista e colonialista; por última, a globalização lo XX três grandes
propriamente dita, ou globalização recente, acelerada projetos de liderança
e adensada a partir da queda do muro de Berlim e do da globalização con-
colapso da URSS, de 1989/91 até os dias atuais. flitaram-se entre si: o
comunista; o da con-
A 2ª FASE DA GLOBALIZAÇÃO (1851-1950) - Os tra-revolução nazi-
principais acontecimentos que marcam a transição fascista e o projeto li-
da primeira fase para a segunda dão-se nos campos beral-capitalista. Num primeiro momento ocorreu a
da técnica e da política. A partir do século XVIII, a In- aliança entre o liberalismo e o comunismo (em 1941-
glaterra industrializa-se aceleradamente e, depois, a 45) para a auto-defesa e destruição do nazi-fascismo.
França, a Bélgica, a Alemanha e a Itália. A máquina a Num segundo momento os EUA e a URSS, se desen-
vapor é introduzida nos transportes terrestres e marí- tendem gerando a Guerra Fria, onde o liberalismo nor-
timos. Consequentemente esta nova época será re- te-americano rivalizou-se com o comunismo soviético
gida pelos interesses da indústria e das finanças, e numa guerra ideológica mundial.
não mais das motivações dinásticas-mercantis. Será
a grande burguesia industrial e financeira, e não mais NEOLIBERALISMO | Origem - Quando se afirma a
os administradores das corporações mercantis e os existência de governos “neoliberais”, a utilização do
funcionários reais, quem liderará o processo. A escra- prefixo ‘neo’ não se refere a uma nova corrente do Li-
vidão que havia sido o grande esteio da primeira glo- beralismo, mas à aplicação de alguns dos preceitos
balização, tornou-se um impedimento ao progresso do liberais consagrados e em um certo contexto histórico
consumo e, somada à crescente indignação que ela (qual seja, o contemporâneo) diverso daquele no qual
provoca, termina por ser abolida, primeiro em 1789 e foram formulados (no início do século XVII, na Inglater-
definitivamente em 1848 (no Brasil ela ainda irá so- ra, através de John Locke) . A denominação ‘neolibe-
breviver até 1888). No campo da política a revolução ral’ assemelha-se ao termo ‘neoclássico’ na História da
americana de 1776 e a francesa de 1789, irão liberar Arte. As origens do que hoje se chama neoliberalismo
grande energia fazendo com que a busca da realiza- nos remetem à Escola Austríaca nos finais do século
ção pessoal termine por promover uma ascensão so- XIX, com o Prêmio de Ciências Econômicas Friedrich
cial das massas. Depois, como resultado das Guerras von Hayek,’ considerado o propositor da sua base fi-
Napoleônicas e da abolição da servidão e outros impe- losófica e econômica, e Ludwig von Mises. A Escola
dimentos feudais, milhões de europeus, abandonaram Austríaca adotava a Lei de Say e a teoria marginalis-
seus lares e emigram para os EUA, Canadá, e para a ta, que veio a ser contestada, mais tarde, por Keynes,
América do Sul. A posse de novas colônias torna-se quando este formulou, na década de 1930, sua política
um ornamento na política das potências (a Grã-Bre- Keynesiana e defendeu as políticas econômicas com
tanha possuiu mais de 50). O mercado chinês final- vistas à construção de um Estado de bem-estar social
mente é aberto pelo Tratado de Nanquim de 1842 e o - hoje em dia também chamado, por alguns, de Estado
Japão também é forçado a abandonar política de iso- Escandinavo - por ter sido esse caminho o adotado
lamento da época ao assinar um tratado com os ame- pelos países escandinavos (ou países nórdicos) tais
ricanos. Cada uma das potências europeias rivaliza-se como a Suécia, a Dinamarca e a Noruega e a Finlân-
com as de mais na luta pela hegemonia do mundo. dia. Esse modelo é também chamado de welfare state,
O resultado é um acirramento da corrida imperialista em inglês. Mais recentemente, o liberalismo ressurgiu,
e da política belicista que levará os europeus a duas em 1947, do célebre encontro entre um grupo de inte-
guerras mundiais. Entre outros aspectos técnicos aju- lectuais liberais e conservadores realizado em Monte
dam a globalização: o trem e o barco a vapor encurtam Pèlerin, na Suíça, onde foi fundada uma sociedade de
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ativistas em oposição às políticas do estado de bem- money (1936), cuja publicação marcou o início do key-
-estar social, por eles consideradas “coletivistas” e, nesianismo. Ao fenômeno de ressurgência dos princí-
em última análise, “cerceadoras das liberdades indi- pios liberais do início do século XX, muitos chamam de
viduais” A Mont Pélerin Society dedica-se a difundir e neoliberalismo. Friedman, assim como vários outros
propagar as ideias conservadoras e liberais da Escola economistas defensores do fundamentalismo de livre
Austríaca e a combater ideologicamente todos os que mercado, como Hayek e Mises, argumentaram que a
delas divergem. Com esse objetivo promove conferên- política do New Deal, do Presidente Franklin Delano
cias, publica livros, mantém sites na internet e conta Roosevelt, ao invés de recuperar a economia e o bem
para isso, em seus quadros, com vários economistas estar da sociedade, teria prolongado a depressão eco-
com treinamento acadêmico, como Jesús Huerta de nômica e social. Principalmente, segundo Friedman,
Soto, seu vice-presidente e professor da Universidade por ter redirecionado os recursos escassos da época
de Madrid. Essas ideias atraíram mais adeptos depois para investimentos não viáveis economicamente, ou
da publicação, em 1942 na Inglaterra, do Relatório seja, que, segundo Friedman, os desperdiçavam, o
Benveridge, um plano de governo britânico segundo que teria diminuído, em consequência, a eficiência,
o qual - depois de obtida a vitória na segunda gran- a produtividade e a riqueza da sociedade. Em resu-
de guerra - a política econômica britânica deveria se mo, segundo Friedman, os investimentos não esta-
orientar no sentido de promover uma ampla distribui- riam sendo mais realizados mando como parâmetro
ção de renda, que seria baseada no tripé da Lei da principal a eficiência econômica, mas, ao contrário, a
Educação, a Lei do Seguro Nacional e a Lei do Serviço eficiência política; os recursos destinavam-se aos se-
Nacional de Saúde (associadas aos nomes de Butler, tores mais influentes politicamente, que traziam maior
Beveridge e Bevan). A defesa desse programa tornou- popularidade ao governante, independentemente de
-se a bandeira com a qual o Partido Trabalhista inglês seu valor produtivo ara a sociedade, alegava ele. Frie-
venceu as eleições de 1945, colocando em prática os dman era contra qualquer regulamentação que inibis-
princípios do estado de bem-estar social. Para Friedri- se a ação das empresas, como, por exemplo, o salário
ch August von Hayek, esse programa leva “a civiliza- mínimo que, segundo as teorias que defendia, além de
ção ao colapso”. Num de seus livros mais famosos O não conseguir aumentar o valor real da renda, exclui-
Caminho da Servidão (1944), Hayek expôs os princí- ria a mão-de-obra pouco qualificada do mercado de
pios básicos de sua teoria, segundo a qual o crescente trabalho. Opunha-se, consequentemente, ao salário
controle do estado é o caminho que leva à comple- mínimo e a qualquer tipo de piso salarial fixado pelas
ta perda da liberdade, e indicava que os trabalhistas, categorias sindicais ou outro órgão de interesse social,
em continuando no poder, levariam a Grã-Bretanha pois estes pisos, conforme ele argumentava, distorce-
ao mesmo caminho dirigista que os nazistas haviam riam os custos de produção, e causariam o aumento
imposto à Alemanha. Essas posições de von Hayek do desemprego, baixando a produção e a riqueza e,
não são baseadas exclusivamente em leis econômi- consequentemente, aumentando a pobreza da socie-
cas ou na ciência pura da economia, mas incorpo- dade. Friedman defendeu a teoria econômica que fi-
ram, em sua argumentação, um grande componente cou conhecida como “monetarista” ou da “escola de
político-ideológico. Isso explica por que o economista Chicago”
socialista Gunnar Myrdal, o teórico inspirador do Esta-
do do bem-estar social sueco, ironicamente, dividiu o QUEDA DO LIBERALISMO CLÁSSICO - O declínio
Prêmio de Ciências Econômicas (Prêmio Nobel), em do liberalismo clássico remonta ao final do século XIX
1974, com seu maior rival ideológico, von Hayek, cujo quando começou a declinar lentamente. Com a que-
livro O Caminho da Servidão tomou-se um espécie de bra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, e a
“bíblia” para os evangelistas do fundamentalismo de subsequente Grande Depressão, a queda foi vertigi-
livre mercado. Essa discussão, que se iniciou no cam- nosa. A partir daí, caiu em descrédito, ao passo que
po da teoria econômica, transbordou - na Inglaterra - ganharam força teorias de intervenção do Estado na
para o campo da discussão político-partidária e serviu economia, notadamente as ideias de Keynes, aplica-
de mote à campanha que elegeu Winston Churchill, das, quase simultaneamente, pelo plano do New Deal
pelo Partido Conservador, o qual chegou a dizer que do presidente norte-americano Franklin Roosevelt
“os trabalhistas eram iguais aos nazistas”. Uma outra e pelo governo Nacional Socialista da Alemanha de
vertente do liberalismo surgiu nos Estados Unidos da Hitler, onde seu ministro da economia Horace Greely
América e concentrou-se na chamada Escola de Chi- Hjalmar Schacht (1934-37), nesses três anos, enquan-
cago, defendida por outro laureado com o Prêmio de to o resto do mundo se afundava ainda mais na re-
Ciências Econômicas, o professor Milton Friedman. cessão, conseguiu acabar com o desemprego na Ale-
Milton Friedman criticou as políticas econômicas inau- manha Nazista, sem provocar inflação, adotando um
guradas por Roosevelt com o New Deal, que respal- déficit orçamentário que chegou a atingir 5% do PIB
daram, na década de 1930, a intervenção do Estado alemão. Estas políticas já tinham sido incorporadas
na Economia com o objetivo de tentar reverter uma de- à legislação alemã no final de 1932 pelo governo de
pressão e uma crise social que ficou conhecida como Kurt von Schleicher e tiveram influência nas políticas
a crise de 1929. Essas políticas, adotadas quase si- do New Deal de Roosevelt. Em 1936 Keynes publicou
multaneamente por Roosevelt nos Estados Unidos sua obra magna The General Theory of Employment,
e por Hjalmar Horace Greeley Schacht na Alemanha Interest and Money que veio a dar o suporte teórico
nazista foram, 3 anos mais tarde, defendidas por Key- a esse tipo de intervenção governamental na econo-
nes que lhe deu seu arcabouço teórico em sua obra mia, a qual já vinha sendo adotada, intuitivamente, uns
clássica General theory of employment, interest and poucos anos antes da publicação do livro de Keynes.
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Em 1944, os países ricos criaram os acordos de Bret- Milton Friedman, denunciaram a inflação como sen-
ton Woods e estabeleceram regras intervencionistas do o resultado do aumento da oferta de moeda pe-
para a economia mundial. Entre outras medidas, sur- los bancos centrais. Responsabilizaram os impostos
giu o FMI. Com a adoção das metas dos acordos de “elevados” e os tributos “excessivos”, juntamente com
Bretton Woods e a adoção de políticas keynesianas, a regulamentação das atividades econômicas, como
os 30 anos seguintes foram de rápido crescimento sendo os culpados pela queda da produção e do au-
nos países europeus e no Japão, que viveram sua Era mento da inflação. A solução que propunham para a
de Ouro. A Europa renascia, devido ao financiamen- crise seria a redução gradativa do poder do Estado,
to conseguido por meio do Plano Marshall, e o Japão com a diminuição generalizada de tributos, a privati-
teve o período de maior progresso de sua história. O zação das empresas estatais e redução do poder do
período de pós-guerra, até o início da década de 1960 Estado de fixar ou “autorizar” preços. Diminuindo ou
foram os “anos dourados” da economias capitalistas. neutralizando a força dos sindicatos, haveria novas
perspectivas de emprego e investimento, o que (se-
NEOLIBERALISMO NA PRÁTICA - A instabilidade gundo ensinara Say), deveria atrair os capitalistas de
econômica começa a se manifestar no fim da década volta ao mercado e reduzir o desemprego. Seguindo
de 1960 e irrompe com força na década de 1970, cau- a Lei de Say (em termos muito simplificados: a oferta
sada por dois choques sucessivos nos preços mun- cria sua própria demanda), partiam da idéia de que
diais do petróleo - o que acabou por tornar evidente a economia mundial voltaria a se equilibrar tão logo
que seria impossível sustentar a conversibilidade do os governos deixassem de nela interferir. O primeiro
dólar em ouro (e provocou o colapso do acordo de governo democrático a se inspirar em tais princípios
Bretton Woods) - e pelo endividamento excessivo a foi o de Margaret Thatcher na Inglaterra, a partir de
que se submeteram os países subdesenvolvidos em 1980 (no que foi precedida apenas por Pinochet e
seu afã de tentar superar a crise petrolífera. Taxas de seus Chicago Boys, no Chile, no início da década de
lucratividade continuamente decrescentes e um mer- 1970). Persuadindo o Parlamento Britânico da eficácia
cado de ações moribundo nos Estados Unidos, as- dos ideais neoliberais, fez aprovar leis que revogavam
sociados a uma alta contínua da inflação nos países muitos privilégios até então concedidos aos sindica-
desenvolvidos (“estagflação”) levou ao surgimento de tos, privatizou empresas estatais, além de estabili-
um forte movimento contra as ideias keynesianas para zar a moeda. Tal foi o entusiasmo de Thatcher pelo
reduzir a intervenção dos Estados nacionais na eco- discurso do neoliberalismo então em voga que seu
nomia. A “mão invisível” mencionada por Adam Smith governo acabou por criar uma tributação regressiva,
substituiria (com vantagem, segundo os neoliberais) também chamada de Poll tax ou imposto comunitário.
os controles governamentais até então existentes e as A população britânica se opôs vigorosamente à im-
restrições ao livre fluxo de mercadorias, criando assim plantação desse imposto, que acabou se tornando a
uma economia globalmente liberalizada. A esse pro- principal razão da queda de Margaret Thatcher como
jeto econômico-político, que foi liderado pelos países Primeira-Ministra e sua substituição por John Major.
desenvolvidos, especialmente pelos Estados Unidos e O governo conservador de Thatcher serviu de modelo
Grã-Bretanha, chamou-se de neoliberalismo globali- para muitos dos governos neoliberais do período pós-
zante. A mudança do sistema intervencionista “keyne- -anos 1980. inclusive para o “Reaganismo”. O profes-
siano”- “desenvolvimentista”, que vigia anteriormente sor James Tobin foi um forte crítico do “reaganismo” e
na maior parte do mundo capitalista, para esse “novo do monetarismo, adotados no governo Reagan, pre-
sistema” neoliberal não era inevitável; ao contrário, a vendo que essas políticas: “redistribuiriam a riqueza,
globalização neoliberal foi um processo escolhido pe- o poder e a oportunidade para os que já eram ricos
las elites político-econômicas mundiais, especialmen- e poderosos, e para seus herdeiros”. O período Rea-
te as dos Estados Unidos e Grã-Bretanha, por estas gan foi de redução de impostos e de um mais elevado
acreditarem que esse processo melhor atenderia a crescimento econômico, mas também de significati-
seus interesses econômicos do momento turbulento va elevação da divida pública, o que os “neoliberais”
que atravessam (Crotty 2002). Os defensores da glo- apontam como sendo um de seus principais proble-
balização neoliberal usaram em seu discurso “globalis- mas. Existem, dentre muitas, duas correntes principais
ta-liberalizante” a teoria econômica “neoclássica”, que na literatura econômica: uma, a walrasiana, parte da
reza que, em não havendo intervenção econômica go- hipótese de que os mercados são sempre “eficientes”
vernamental excessiva, tanto as economias nacionais (exceto em alguns casos muito específicos) e a outra
quanto a economia mundial operará de forma eficien- afirma o contrário, ou seja, que apenas em circuns-
te, conforme os modelos dos mercados “perfeitamente tâncias “excepcionais” os mercados seriam “eficien-
competitivos” constantes dos livros-texto escolares de tes”. O teorema de Greenwald-Stiglitz (1986) recen-
economia. Assim o liberalismo econômico gradativa- temente demonstrou, que “sempre que os mercados
mente voltou à pauta, com a alcunha de neoliberalis- são incompletos e/ou a informação é imperfeita (o que
mo. Após alguns anos de experiências e diagnósticos, ocorre em virtualmente todas as economias do mun-
iniciadas pelos Chicago Boys no Chile de Pinochet, o do) a alocação, mesmo em mercado competitivos, não
neoliberalismo surge com força e toma sua presente é necessariamente “Pareto-otimizada”. Uma possível
forma no final da década de 1970 com o “Thatcheris- interpretação desse estudo é que o campo de atuação
mo” e o “Reaganismo “. Os neoliberais apontaram o para as intervenções governamentais é muito mais
modelo keynesiano como sendo o responsável pela amplo do que era aceito pelos que acreditavam que
crise. Liderados por economistas adeptos do laissez- a intervenção governamental na economia só deveria
-faire e do fundamentalismo de livre mercado, como ser utilizada em casos evidentes de “falhas dos merca-
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dos”. Dessa forma, existiriam esquemas possíveis de nomia a demanda que impulsionaria o crescimento e
intervenção governamental para induzir a um resulta- os que recebem o pagamento de juros, que são pagos
do que provoque uma “eficiência de Pareto” superior com os impostos que todos clamam ser altos demais,
à obtida pelo livre-mercado, o que beneficiaria a todos continuam fazendo aplicações financeiras - muitas de-
os membros de uma sociedade. Em 1986 o teorema las isentas de imposto de renda - porque não têm inte-
de Sappington-Stiglitz “demonstrou que um governo resse em fazer investimentos de risco.
‘ideal’ poderia atingir um maior nível de eficiência ad- “O mercado neoliberal fundamentalista foi sempre
ministrando diretamente uma empresa estatal do que uma doutrina política a serviço de certos interesses.
privatizando-a.” (Stiglitz 1994, 179). Nunca recebeu o apoio da teoria econômica. Nem,
agora fica claro, recebeu o endosso da experiência
CRÍTICAS E CONTROVÉRSIAS histórica. Aprender essa lição pode ser a nesga de sol
RECENTES DESCOBERTAS - Até recentemen- nas nuvens que hoje pairam sobre a economia global.”
te as críticas ao paradigma tradicional do modelo de JOSEPH E. STIGLITZ
equilíbrio na Economia só podiam se limitar ao campo
dos conceitos filosóficos, das observações empíricas, MOVIMENTOS ANTINEOLIBERALISMO - Como
da especulação científica e dos debates ideológicos. contraponto ao ressurgimento do liberalismo, tanto em
Nos últimos anos, entretanto, um grande número de países ricos quanto em desenvolvimento, surgiram mo-
teóricos, alguns dos quais trabalhando sob o título de vimentos antiliberalismo, que por vezes se confundem
finanças comportamentais (behavioral finance) cria- com movimentos antiglobalização. Na América Latina,
ram modelos matemáticos mais realistas nos quais os a ascensão ao poder de políticos, rotulados por seus
mercados financeiros podem se desviar de seus fun- opositores de “populistas”, tais como Nestor Kirchner
damentos, a especulação pode conduzir ao desequi- (Argentina) e Evo Morales (Bolívia), e mais recente-
líbrio e os ciclos de euforia e colapso (boom and bust) mente a volta de Daniel Ortega (Nicarágua), a vitória
podem persistir. Até muito pouco tempo estas teorias de Rafael Correa (Equador), a ampla vitória de Hugo
tinham quase nenhuma, ou nenhuma, influência na Chávez (Venezuela), a reeleição de Lula (Brasil), com
maioria dos principais economistas. 60,83%% dos votos, e até mesmo a vitória do Partido
Democrata no Congresso dos EUA, que renovam o
CRÍTICAS À DOUTRINA NEOLIBERAL - O neoli- discurso nacional-desenvolvimentista de meados do
beralismo pode ser visto como uma retomada, a par- século XX, agora readaptado para os dias atuais com
tir dos anos 1970, do liberalismo clássico que havia a denominação de “novo desenvolvimentismo”, é vista
sido deixado de lado no mundo e outras formas de por alguns analistas como sendo indicativa de um es-
intervencionismo econômico. Muitos dos defensores gotamento do “modelo neoliberal”. O presidente Lula,
de tal doutrina rejeitam o termo neoliberal, e preferem em discurso proferido dia 6 de dezembro de 2007 em
simplesmente o termo liberal, pois pretendem seguir o Belém, abordou esse tema dizendo: “(. . .) o que acon-
liberalismo clássico. Na visão neoliberal da Escola de teceu na América Latina é um fenômeno político que
Chicago, diferentemente da visão da Escola Austría- possivelmente os sociólogos levarão um tempo para
ca, bastaria estancar o déficit público, e colocar a infla- compreender, porque foi tão rápida a mudança”. ( ...
ção sob controle, para que o capitalismo, esse animal )” Há um mapa exatamente antagônico ao mapa que
adormecido, despertasse por sua própria conta, e a existiu de 1980 a 1990 ou ao ano 2000.”. Segundo
mão invisível iniciasse um espetáculo de crescimento. Lula, o povo “fez uma guinada completa, trocou o ne-
Já na visão da Escola Austríaca há tanto uma corrente oliberalismo pelo que tinha de mais avançado em po-
que defende ser necessário a abolição do estado, o líticas sociais” A Newsweek promoveu uma pesquisa,
que é conhecido por anarco-capitalismo, onde se des- realizada pelo Instituto Zogby International, com ajuda
taca o economista Murray Rothbard, como correntes da Universidade de Miami que entrevistou 603 impor-
não anarquistas que defendem uma forte redução do tantes políticos, empresários, funcionários de governo,
estado que pode incluir a própria abolição do Banco intelectuais e jornalistas latino-americanos. Os entre-
Central, visto como o grande responsável pelas crises vistados consideraram Michelle Bachelet o melhor mo-
do capitalismo, tal como a grande depressão. Nessa delo de liderança, com 28% dos votos, posição que
segunda corrente se destaca Ludwig von Mises. En- foi imediatamente seguida por Lula, com 23%. Uma
tretanto, na história da economia mundial, apenas surpreendente maioria de 53% dos entrevistados con-
dois países experimentaram este tipo de espetáculo: siderou que a América Latina está no bom caminho.
a Inglaterra da Revolução Industrial e, no século XX,
os Estados Unidos. Todos os outros países do mun- GOVERNOS NEOLIBERAIS - O Chile foi o primeiro
do que se desenvolveram adotaram mecanismos de- país do mundo a adotar o neoliberalismo. As privatiza-
rivados de composições e articulações entre classes ções no Chile de Pinochet foram anteriores às da Grã-
capitalistas locais e internacionais, com a presença e -Bretanha de Thatcher Em 1973, quando o golpe mi-
intervenção do Estado, como ocorreu nos casos japo- litar derrubou Allende, o governo já assumiu com um
nês, alemão e coreano. Na política econômica brasilei- plano econômico debaixo do braço. Esse documento
ra atualmente adotada (2007), o superávit fiscal toma era conhecido como “EI ladrillo” e fora elaborado, se-
entre 8% e 10% do PIB das mãos das empresas pro- cretamente, pelos economistas opositores do governo
dutivas, e das pessoas consumidoras, e os transfere da Unidade Popular poucos meses antes do golpe de
para os possuidores de títulos da dívida pública; o fato estado de 11 de setembro e estava nos gabinetes dos
é que a riqueza das pessoas físicas e jurídicas está Generais golpistas vitoriosos, já no dia 12 de setembro
aplicada em títulos públicos. Nós subtraímos da eco- de 1973. O General Augusto Pinochet se baseou em
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ATUALIDADES
“EI ladrillo” e na estreita colaboração de economistas que reúne países da América e da Ásia, e continuam
chilenos, principalmente os graduados na Universi- as negociações para a formação de um bloco abran-
dade de Chicago, os chamados Chicago Boys, para gendo toda a América, o Alca
levar adiante sua reforma da economia. Os outros
principais governos que adotaram as políticas neoli- BLOCOS ECONÔMICOS MUNDIAIS - A partir prin-
berais no mundo foram o de Margaret Thatcher (In- cipalmente da década de 80, o capitalismo conheceu
glaterra) e Ronald Reagan (EUA), políticas essas que um processo de aceleração sem precedentes que
ficaram conhecidas como “thatcherismo” e “reaganis- passou a definir a nova tendência do mundo atual:
mo”. A política de Reagan, nos Estados Unidos, tam- a globalização da economia. Desde a sua origem, o
bém ficou conhecida como Supply-side economics. “A capitalismo caracterizou-se por ser um sistema em
globalização pune com força qualquer país que tente que a interdependência econômica e política entre
administrar sua economia ignorando as realidades do as nações constituiu um elemento fundamental para
mercado ou a prudência nas finanças públicas. Nesse o seu funcionamento. A análise de sua evolução é a
estrito sentido específico, e devido à necessidade ur- análise do aprofundamento das relações internacio-
gente de remover rigidezas e incorporar flexibilidade nais, na medida em que o desenvolvimento técnico
ao mercados de capitais, bens e trabalho, somos hoje concomitantemente permitia e impunha a necessida-
todos tatcheristas. “ de de ampliação do mercado externo aos países que
haviam atingido um certo grau de desenvolvimento
CONSIDERAÇÕES - É importante ressaltar que a econômico. O capitalismo sempre foi um sistema que
tentativa de “rotular políticos” é uma atitude mal co- promoveu relações entre as diversas regiões do pla-
locada na análise do tema neoliberalismo econômico. neta, integrando-as - muitas vezes à forca, por meio
Nem mesmo Augusto Pinochet, com toda a amplitude do colonialismo - à sua racionalidade econômica. A
de ação que lhe permitia a sua ditadura, praticou ex- globalização da economia é a expressão máxima do
clusivamente ações de tipo neoliberal - adotou, com processo de mundialização das relações entre as na-
Hernán Büchi, algumas políticas de inspiração nitida- ções, ao mesmo tempo em que representa a mudança
mente keynesiana. Embora seja possível afirmar com na concepção do papel dos Estados Unidos nacionais.
segurança que um determinado economista, como, A formação dos Estados nacionais tinha como pressu-
por exemplo, Milton Friedman, é um neoliberal, não se posto uma unidade territorial, comandada por uma au-
pode fazer o mesmo com a maioria dos políticos, uma toridade política única e integrada por uma economia
vez que eles adotam, em seus governos, uma mistu- de base nacional.
ra de práticas indicadas por várias escolas de pensa-
mento econômico, simultaneamente. O COMEÇO - A destruição da Europa durante a Se-
gunda Guerra Mundial selou o fim da hegemonia que o
DEBATE SOBRE RESULTADOS OBTIDOS NO continente havia conquistado nas relações internacio-
MUNDO - A mais recente onda liberalizante, que ficou nais. A economia europeia estava totalmente desorga-
conhecida como “neoliberalismo”, teve seu início com nizada e mergulhada nos problemas internos de sua
a queda do muro de Berlim em 1989 e contagiou rapi- reconstrução. O desmoronamento não atingiu apenas
damente o mundo Foi promovida pelo FMI, por econo- a Alemanha e a Itália, países derrotados que, alem da
mistas liberais como Milton Friedman, pela Escola de destruição de seus territórios, viram-se despojados de
Chicago e por fundamentalistas de livre mercado, en- qualquer soberania. Os vencedores europeus não se
tre outros, sendo por eles apregoada como a solução encontravam em melhor situação. Perderam boa parte
que resolveria os problemas econômicos mundiais, dos parceiros comerciais e estavam endividados. As
reduzindo a pobreza e acelerando o desenvolvimento cidades e os campos agrícolas estavam destruídos. O
global. Agora, já passados 28 anos que as “receitas panorama era constrangedor às tradicionais lideran-
neoliberais” vêm sendo aplicadas, em maior ou menor ças da economia capitalista. Incapaz de assegurar o
grau, por um grande número de países - entre os quais seu próprio destino, de articular um sistema de defesa
se inclui o Brasil - a ONU resolveu analisar os resul- e de restaurar a sua economia sem ajuda externa, a
tados obtidos por esses fortes ventos liberalizantes, e Europa viu-se obrigada a enquadrar-se em uma nova
medir seus efeitos nas populações dos países onde as ordem mundial, cuja liderança seria disputada pelas
práticas neoliberais estão sendo adotadas. potências de fato vitoriosas: os Estados Unidos e a
União Soviética.
BLOCOS ECONÔMICOS
O QUE SÃO BLOCOS ECONÔMICOS? - São asso- AS NOVAS POTÊNCIAS - Enquanto a guerra fria se-
ciações de países que estabelecem relações econô- guia sua trajetória, com um envolvimento cada vez
micas privilegiadas entre si. O primeiro bloco surge na maior das duas grandes potências que se elegeram
Europa em 1957, com a criação da Comunidade Eco- “guardiãs do mundo’, outros países desenvolviam-se
nômica Europeia (CEE), atual União Européia (UE). tecnologicamente, de forma bastante acelerada. Em
Mas a tendência de regionalização da economia só se diversos setores industriais conquistavam fatias ex-
fortalece nos anos 90, com o fim da Guerra Fria. Na pressivas no mercado internacional e ganhos de pro-
América se destacam o Nafta, o Mercosul e, em menor dutividade superiores aos dos Estados Unidos. Entre
grau, o Pacto Andino e o Caricom; na Europa, a UE eles, os que tiveram maior crescimento, nesta metade
e a Comunidade dos Estados Independentes (CEI); do século XX, foram justamente os dois grandes der-
na África há o SADC; na Ásia, o Asean. Também está rotados na Segunda Guerra Mundial; o Japão e a ex
em fase de implantação o bloco transcontinental Apec, - Alemanha Ocidental. Em 1970 o PNB dos EUA era
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ATUALIDADES
5 vezes superior ao PNB do Japão. Atualmente essa de dois outros - o da União Política e o da União, Mo-
diferença não chega a atingir o dobro. Como a popula- netária e Econômica, que estabelece a criação de uma
ção japonesa corresponde praticamente, à metade da moeda única. No âmbito social são definidos quatro
americana, a comparação entre a renda per capita dos direitos básicos dos cidadãos da União Européia: livre
dois países é favorável ao Japão. circulação, assistência previdenciária, igualdade entre
homens e mulheres e melhores condições de trabalho.
TIPOS DE BLOCOS - Os blocos econômicos classi- Desde 2002, circulam as notas de Euro em todos os
ficam-se em zona de livre comércio, união aduaneira, países da União EuropEia, com poder legal para efetu-
mercado comum e união econômica e monetária. Na ar quaisquer pagamentos, e as moedas nacionais fo-
zona de livre comércio, há redução ou a eliminação ram extintas. Com o euro, uma moeda européia forte
das taxas alfandegárias que incidem sobre a troca de lastreada em economias poderosas passa a compe-
mercadorias dentro do bloco. A união aduaneira, além tir com o dólar norte-americano no mercado interna-
de abrir mercados inteiros, regulamenta o comércio cional. Porém, o elevado desemprego na Europa, a
dos países-membros com nações externas ao bloco. desaceleração econômica da Alemanha, a guerra em
Já o mercado comum garante a livre circulação de Kosovo, e o aquecimento da economia norte-america-
pessoas, serviços e capitais. na fazem o euro despencar, de janeiro a junho, quase
12% em relação ao dólar. Em meados e junho a mo-
TIGRES ASIÁTICOS - A partir da década de 80, os eda se recupera. Três países - Reino Unido, Suécia e
países do Pacífico começaram a apresentar altos ín- Dinamarca não aderem a essa primeira fase do euro,
dices de crescimento mundial e interferência no mer- apesar de terem cumprido as exigências, por temer as
cado mundial, sendo por isso designados como tigres conseqüências da perda e soberania que representa
asiáticos e dragões asiáticos. Os termos lembram o fim da emissão de sua moeda própria. A Grécia não
agressividade e é exatamente essa característica fun- preenche as condições exigidas até março de 1998
damental dos quatro países que formam esse grupo: e tem sua participação adiada. A União Européia ne-
Coréia do Sul, Taiwan (Formosa), Cingapura e Hong gocia com outros 11 países protocolos de adesão ao
Kong. Eles utilizaram estratégia arrojada de atração bloco. Polônia, Hungria, Eslovênia, Estônia e Chipre
de capital estrangeiro - apoiada na mão de obra barata podem ser admitidos a partir de janeiro de 2003, pois
e disciplinada, na isenção de impostos e nos baixos a situação de suas economias é considerada satis-
custos de instalação de empresas. A imensa e inin- fatória. A República Tcheca, que anteriormente fazia
terrupta expansão da economia japonesa foi decisi- parte dessa lista, deve antes melhorar a convivência
va para criar um dinâmico mercado em toda a área com os ciganos: em 1999, uma cidade tcheca cons-
circundante do Pacifico. O Japão atuou não só como truiu um muro para mantê-los a distância, fato consi-
estímulo, mas também como exemplo. O crescimento derado inadmissível pela União Europeia. Em 1997,
mais marcante foi o apresentado pela Coréia - um dos a Turquia teve seu pedido e entrada recusado por
mais pobres país em desenvolvimento - que se trans- desrespeito aos direitos humanos e à democracia. Em
formou numa semi-industrializada nação de renda mé- 2000 iniciam-se as negociações com Letônia, Lituânia,
dia. O progresso de Taiwan, seguiu o mesmo rumo. A Eslováquia, Bulgária, Romênia e Malta. O dia 10 de
transformação começa como a do Japão - uma bem maio de 2004, é um marco histórico na consolidação
sucedida reforma agrária, seguida de um aumento rá- da União Europeia, neste dia a UE recebe a adesão de
pido da renda dos fazendeiros, que criou um mercado dez novos membros, passando a ter na sua composi-
local para novas fábricas. No final da década as ex- ção 25 países, sendo que a maioria destes países são
portações chegavam a 90% do PNB (produto nacio- socialistas, que foram fortemente influenciados pela
nal bruto) - a maior proporção do mundo - ; o índice antiga e extinta União Soviética e em 10 de janeiro de
de crescimento era de 12%, a despeito da recessão; 2007 com entrada da Romênia e Bulgária a UE passa
a população tinha um alto nível de alfabetização e a a ter 27 integrantes.
economia girava em torno da construção naval, pro- Membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca,
dutos têxteis, petroquímicos e equipamentos elétricos. Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Lu-
O crescimento mais notável ocorreu principalmente na xemburgo, Holanda (Países Baixos), Portugal, Reino
economia de entrepostos. Hong Kong, graças à eco- Unido e Suécia e a partir de maio de 2004, passa con-
nomia de mercado puro e, apesar de sobrecarregada tar com oito países do leste europeu, Lituânia, Letô-
pelas desvantagens do colonialismo (continuou sen- nia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria e
do colônia da Coroa Britânica), elevou sua renda per Eslovênia e duas ilhas mediterrâneas, Chipre, Malta e
capita para cerca de seis vezes mais que a da China em 2007, Romênia e Bulgária.
continental. Com essa nova configuração a União Europeia passa
a contar com uma população de quase 500 milhões
UNIÃO EUROPEIA - Originada da CEE, a União Eu- de pessoas, 20 línguas oficiais, o PIB (Produto Interno
ropéia é o segundo maior bloco econômico do mun- Bruto) em 2004 de aproximadamente 12,6 trilhões de
do em termos de PIB: 8 trilhões de dólares. Formado dólares, superior ao PIB americano (11,5 trilhões de
por 15 países da Europa Ocidental, conta com uma dólares). Em junho de 2004 a União Européia realiza
população de 374 milhões. Em 1992 é consolidado o a maior eleição de sua história, onde são escolhidos
Mercado Comum Europeu, com a eliminação das bar- 732 deputados, representantes no Parlamento Euro-
reiras alfandegárias entre os países- membros. Apro- peu, que é uma instituição da União Europeia.
vado em 1991, em Maastricht (Holanda) Tratado da
União Européia entra em vigor em 1993. E composto NAFTA - O Acordo de Livre Comércio da América do
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ATUALIDADES
Norte (Nafta) é um instrumento de integração das eco- moeda comum: o rublo.
nomias dos EUA, do Canadá e do México. Iniciado Membros: Armênia, Belarus, Cazaquistão, Federação
em 1988 por norte-americanos e canadenses, o bloco Russa, Moldávia, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcome
recebe a adesão dos mexicanos em 1993. Com ele, nistão,Ucrânia,Uzbequistão(1991);Georgia,Azerbaij
consolida-se o intenso comércio regional da América ão(1993)
do Norte. O Nafta entra em vigor em janeiro de 1994,
com um prazo de 15 anos para total eliminação das AMÉRICA LATINA
barreiras alfandegárias entre os três países. Membros: HUGO CHÁVEZ - Hugo Rafael Chávez Frías (Saba-
Canadá, EUA e México. neta, 28 de Julho de 1954) foi um político e militar ve-
nezuelano. Foi o 53° presidente da Venezuela. Como
MERCOSUL - Criado em 1991, o mercado Comum do líder da Revolução Bolivariana, Chávez advoga a dou-
Sul (Mercosul) é composto de Argentina, Brasil, Pa- trina bolivarianista, promovendo o que denomina de
raguai e Uruguai, nações sul-americanas que adotam socialismo do século XXI. Ele foi também um crítico
políticas de integração econômica e aduaneira. A ori- do neoliberalismo, da globalização, e das relações ex-
gem do Mercosul está nos acordos comerciais entre teriores dos Estados Unidos. Um oficial militar de car-
Brasil e Argentina elaborados em meados dos anos reira, Chávez fundou o Movimento Quinta República,
80. No início da década de 90, o ingresso do Para- da esquerda política, depois de capitanear um golpe
guai e do Uruguai torna a proposta de integração mais de estado mal-sucedido contra o governo de Carlos
abrangente. Em 1995, instala-se uma zona de livre co- Andrés Pérez. Chávez foi eleito presidente em 1998,
mércio. Cerca de 90% das mercadorias fabricadas nos encerrando o Pacto de Punto Fijo, que perdurara por
países -membros podem ser comercializadas interna- quarenta anos, com uma campanha centrada em pro-
mente sem tarifas de importação. Alguns setores, po- messas de ajudar a maioria pobre da Venezuela. Com
rém, mantêm barreiras tarifárias temporárias, que de- o respaldo de numerosos referendos e eleições, Chá-
verão ser reduzidas gradualmente. Além da extinção vez logrou a possibilidade de se reeleger, vencendo
de tarifas internas, o bloco estipula a união aduaneira, os pleitos de 2000 e 2006. Na Venezuela, Chávez es-
com a padronização das tarifas externas para diver- truturou as missões bolivarianas, cerne de sua política
sos itens. Com uma área total de quase 12 milhões de assistencial, cujo objetivo é combater as doenças, o
km², O Mercosul cuja estrutura física e administrativa analfabetismo, a desnutrição, a pobreza e outros pro-
esta sediada em Montevidéu, tem um mercado poten- blemas sociais. Obtendo enorme popularidade, fundiu
cial de 220 milhões de consumidores e um PIB de 1,1 vários partidos de esquerda venezuelanos no PSUV,
trilhão de dólares. Se considerarmos que, no decorrer centralizou o poder e controla a Assembleia Nacional,
do século 21, a água será um elemento estratégico o Tribunal Supremo de Justiça, o Banco Central e a
essencial, é importante destacar que dentro do Mer- indústria petrolífera. Chávez promoveu internacional-
cosul estão as duas maiores bacias hidrográficas do mente o antiamericanismo e o anticapitalismo, apoiou
planeta: a do Prata e a da Amazônia. a autossuficiência econômica, e defendeu a coopera-
ção entre as nações pobres do mundo, especialmente
ALCA - A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) aquelas da América Latina. Sua atuação na região in-
surge em 1994 com o objetivo de eliminar as barreiras cluiu a criação da ALBA e o apoio financeiro e logístico
alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto a países aliados. As políticas de Chávez têm evocado
Cuba. O prazo mínimo para sua formação é de sete controvérsias na Venezuela e no exterior, polarizando
anos, quando poderá transformar-se em um dos maio- opiniões de analistas. O governo dos Estados Unidos
res blocos comerciais do mundo. Com um produto in- afirma que Chávez é uma ameaça à democracia na
terno bruto (PIB) total de 9,7 trilhões de dólares (1,2 tri- América Latina. Observadores internacionais, como
lhão a mais que a UE), os países da Alca somam uma Jimmy Carter e a ONG Human Rights Watch, criticam
população de 783,6 milhões de habitantes, o dobro da o “autoritarismo” de Chávez e o “amplo espectro de
registrada na UE. Os Estados Unidos (EUA) propõem políticas que minaram os direitos humanos” no país,
a implementação imediata de acordos parciais, com durante seu governo. Por outro lado, muitos outros go-
abertura total do mercado em 2005. Já o Brasil e o vernos simpatizam com sua ideologia e/ou agradecem
Mercosul prevêem grande dificuldade na adaptação as trocas bilaterais e os acordos de ajuda mútua. Em
de suas economias a essa integração e preferem dar 2005 e 2006 ele foi nomeado uma das 100 pessoas
início ao processo em 2005. As conversações para mais influentes pela revista Time.
consolidação da Alca estão congeladas por enquan-
to, visto que a sua criação visava também minimizar POLÍTICA - No dia 4 de Fevereiro de 1992, o então
a influência do Brasil na América do Sul, porém esta tenente-coronel Hugo Chávez, comandando cerca de
influência não aconteceu. . 300 efetivos, protagonizou um golpe de Estado contra
o presidente Carlos Andrés Pérez, da Acción Demo-
CEI - A Comunidade dos estados Independentes (CEI) crática (1974-1979 e 1989- 1993). Os partidários de
é uma organização criada em 1991 que reúne 12 das Chávez justificam essa ruptura constitucional como
15 repúblicas que formavam a União das Repúblicas uma reação à crise econômica venezuelana, marca-
Socialistas Soviéticas (URSS). Ficam de fora apenas da por inflação e desemprego decorrentes de medidas
três países bálticos: Estônia, Letônia e Lituânia. Orga- econômicas adotadas por Pérez, logo após a sua pos-
niza-se em uma confederação de Estados, que pre- se, face à grave situação econômica que o país esta-
serva a. soberania de cada um. A comunidade prevê va passando. A Venezuela era um dos poucos países
a centralização das Forças Armadas e o uso de uma da américa latina que nunca tivera sofrido um golpe
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de estado. De fato, violentas manifestações popula- entre 7 e 8 %. A inflação, que atingiu uma taxa pico
res já há tempo vinham ocorrendo. A maior delas foi o de 30% a.a. em março de 2004, recuou para menos
chamado “Caracazo”, uma revolta espontânea motiva- de 10% a.a. em março de 2005 e ficou em 13.7% em
da pelo aumento do preço das passagens de ônibus, 2006 (estimada). De acordo com a CEPAL o número
que ocorreu em 27 de fevereiro de 1989, em Cara- de venezuelanos abaixo da linha de pobreza caiu de
cas. Durante o “Caracazo”, ônibus eram apedrejados 49.9% em 1999, quando Chávez assumiu, para 37,1
e queimados em todo o país, e lojas, supermercados, % em 2005, e o poder aquisitivo das classes D e E au-
shopping centers, pequenos comércios, nada escapa- mentou 150% no período. Isso provocou uma enorme
ria aos saques de uma turbulência em que já não se demanda no setor de produtos alimentares, que se vê
podia discernir o que eram trabalhadores em protesto pressionado e, muitas vezes, é incapaz de atendê-la.
ou simples miseráveis famintos. Gangues urbanas se Tradicionalmente - desde 1930, quando a Venezuela,
juntaram à confusão para promover vandalismo, rou- ao invés de desvalorizar a moeda para proteger sua
bos e invasões de estabelecimentos. Embora fracas- agricultura, optou por importar tudo o que consome,
sada, a tentativa de golpe em 1992 serviu para ca- usando para isso suas receitas do petróleo - o país
tapultar Hugo Chávez ao cenário nacional, depois de produz muito poucos alimentos. Em 2009, o país entra
amargar dois anos de cadeia. Após o fim do mandato numa profunda crise, resultante da questionável polí-
de Carlos Andrés Pérez, graças a uma anistia do novo tica econômica centralizadora do governo Chávez. O
presidente, Rafael Caldera Rodríguez, Chávez aban- presidente chegou a propor que os venezuelanos to-
dona a vida militar e passa a se dedicar à política. O massem menos banho para economizar água e ener-
agravamento da crise social e o crescente descrédi- gia. Não obstante, procedeu à nacionalização de todos
to nas instituições políticas tradicionais o favorecem. os bancos que se recusassem a oferecer mais crédito
Em 1997, fundou o Movimiento V República (MVR) e, aos correntistas. O petróleo é a maior riqueza da Ve-
nas eleições presidenciais de 6 de Dezembro de 1998, nezuela, e responde por 90% de suas exportações,
apoiado por uma coligação de esquerda e centro-es- 50% de sua arrecadação federal em impostos, e 30%
querda - o Polo Patriótico - organizada em torno do do seu PIB. Os maiores importadores de petróleo ve-
MVR, Chávez foi eleito com 56% dos votos. Assumiu a nezuelano foram, em 2006, Bermuda 49.5% (paraíso
presidência da Venezuela em 1999, para um mandato fiscal, presumíveis re-exportações.), Estados Unidos
inicialmente previsto de cinco anos, pondo fim a quatro 23.6%, e Antilhas Holandesas 6,9% (paraíso fiscal,
décadas de dom ínio dos chamados partidos tradicio- presumíveis re-exportações). Apesar das riquezas ge-
nais - Acción Democrática (AO) e Comité de Organi- radas pelo petróleo, 37.9% da população venezuelana
zación Política Electoral Independiente (CaPEI). Ao ainda vive abaixo da linha de pobreza (final de 2005,
tomar posse, em 2 de fevereiro de 1999, decretou a est.); seu coeficiente de Gini foi estimado pela ONU
realização de um referendo sobre a convocação de em 48.2 (2003), um dos trinta piores resultados no pla-
uma nova Assembleia Constituinte. Em 25 de abril de neta. Países que possuem produção petrolífera muito
1999, atendendo ao plebiscito, 70% dos venezuelanos acima de seu consumo, e baseiam sua economia nis-
manifestam-se favoráveis à instalação da Constituinte. so (exportando o petróleo), costumam ter sua riqueza
Nas eleições para a Constituinte, realizadas em Julho extremamente mal distribuída (geralmente concentra-
de 1999, os apoiadores de Chávez - a coligação Pólo da nas mãos de uma pequena elite), e não desenvol-
Patriótico - conquistam 120 dos 131 lugares. A nova vem outros potenciais econômicos pela facilidade de-
constituição foi redigida e, após submetida a plebisci- masiada que a extração de petróleo proporciona, e a
to, é aprovada por 71,21 % dos eleitores. Do ponto de Venezuela não é exceção.
vista da estrutura de poder político, a Constituição da
Quinta República (mais tarde denominada República EVO MORALES - Juan Evo Morales Ayma (Orinoca,
Bolivariana de Venezuela) outorgou maiores poderes Oruro, 26 de Outubro de 1959) é o atual presidente
ao presidente, ampliando as prerrogativas do execu- da Bolívia e líder do movimento de esquerda boliviano
tivo em detrimento dos demais poderes. O parlamen- cocalero, uma federação de agricultores que tem por
to torna-se unicameral, com a extinção do Senado. tradição o cultivo de coca para atender um costume
A nova Constituição também aumentou o espaço de milenar da nação que é mascar folhas de coca. Evo
intervenção do Estado. Houve também avanços no to- Morales notabilizou-se ao resistir os esforços desen-
cante ao reconhecimento de direitos culturais e lingüís- volvidos pelo governo dos Estados Unidos da Améri-
ticas das comunidades indígenas. Em razão da nova ca na substituição do cultivo de coca na província de
ordem constitucional, foram realizadas novas eleições Chapare por bananas originárias do Brasil, embora
presidenciais e legislativas em 30 de Julho de 2000, seja sabido que grande parte da produção de cocaína
nas quais Chávez foi reeleito presidente da República, mundial advenha das plantações bolivianas. Morales é
com 59,7% dos votos e o Polo Patriótico conquistou a também líder do partido Movimento para o Socialismo
maioria dos lugares na Assembleia Nacional. (MAS em língua castelhana) - IPSP (Instrumento Polí-
tico pela Soberania dos Povos). De origem ameríndia,
ECONOMIA DA VENEZUELA NO GOVERNO da etnia aymará, é, junto com Felipe Quispe, um dos
CHÁVEZ - De acordo com o CIA World Factbook, a indígenas mais famosos da história atual do seu país.
economia venezuelana melhorou entre 2004 e 2007. Nas eleições presidenciais bolivianas de 2002 Mora-
Seu PIS real, ajustado para a paridade de poder aqui- les ficou em segundo lugar, colocação surpreendente
sitivo, cresceu 18 % em 2004 - recuperando o cresci- face ao panorama político do país, dominado pelos
mento negativo dos anos anteriores - 11 % em 2005 partidos tradicionais. Nas eleições de Dezembro de
e 9% em 2006, e as estimativas para 2007 variavam 2005 porém, venceu com maioria absoluta, tornando-
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ATUALIDADES
-se o primeiro presidente de origem indígena. Assumiu Como a Bolívia é uma das grandes origens mundiais
o poder em 22 de Janeiro de 2006 como o primeiro da cocaína, o certo seria erradicar ao máximo sua
mandatário boliviano a ser eleito Presidente da Repú- plantação do país, mantendo apenas o mínimo neces-
blica em primeiro turno e mais de trinta anos, e sendo sário para os usos e costumes da população boliviana.
reeleito em 6 de Dezembro de 2009. Morales é um Há muitas disparidades entre as administrações de
admirador da ativista indígena guatemalteca Rigober- Morales e do governo dos Estados Unidos relaciona-
ta Menchú(prêmio nobel da paz em 1992) e de Fidel das a leis antidrogas e cooperação entre ambos os pa-
Castro, este último pela oposição à política norte-ame- íses, mas vários oficiais dos dois países têm expres-
ricana. Morales propõe que o problema da cocaína sado o desejo de trabalhar contra o tráfico de drogas,
seja resolvido do lado do consumo, pois o cultivo da como Sean McCormack do Departamento de Estado
Coca seria “um patrimônio cultural dos povos andinos dos EUA, reforçando o apoio às políticas bolivianas de
e parte inseparável da cultura boliviana e sua proibi- combate às drogas, e Morales dizendo “haverá zero
ção não pode ria ser feita através de uma simples re- cocaína, zero tráfico de drogas mas não zero coca.”
gulação estabeleci- da por uma convenção externa”.
POLÍTICA EXTERNA - Morales tem transformado
IDEÁRIO - Morales tem articulado a força-motriz por radicalmente a agenda política internacional da Bolí-
trás do MAS: “O pior inimigo da humanidade é o capi- via, por criar muitas polêmicas através de atitudes de
talismo. Isso é o que provoca levantes como o nosso, caráter duvidoso. Evo tem gozado de apoio político de
uma rebelião contra o sistema, contra o modelo neo- líderes da América do Sul e Caribe e aceitado antes
liberal, que é a representação de um capitalismo sel- de sua posse em 22 de Janeiro convites estendidos a
vagem. Se o mundo inteiro não tomar conhecimento ele por líderes de diversas nações da região e outras
dessa realidade, que os estados nacionais não estão como Espanha, França e China.
provendo nem mesmo o mínimo para a saúde, edu-
cação e o desenvolvimento, então a cada dia direitos TERRORISMO E MUNDO ISLÂMICO - Terrorismo é
humanos fundamentais estão sendo violados.” uma estratégia política que consiste no uso de violên-
cia, física ou psicológica, em tempos de paz, por indi-
ELE TAMBÉM AFIRMOU: “...os princípios ideológi- víduos ou grupos políticos, contra a ordem estabeleci-
cos da organização, anti-imperia-lista e contrária ao da, através de ataques a um governo ou à população
neoliberalismo, são claras e firmes mas seus mem- que o legitimou, de modo que os estragos psicológicos
bros ainda devem transformá-los em uma realidade ultrapassem largamente o círculo das vítimas, para
programática.” Morales tem lutado para o estabeleci- incluir o resto da população do território. A guerra de
mento de uma assembleia constituinte para transfor- guerrilhas é frequentemente associada ao terrorismo
mar o país. Ele também propõe a criação de uma nova uma vez que dispõe de um pequeno contingente para
lei dos hidrocarbonetos para garantir 50 por cento de atingir grandes fins, fazendo uso cirúrgico da violência
faturamento para a Bolívia. Apesar do MAS ter tam- para combater forças maiores. Seu alvo, no entanto,
bém mostrado interesse na completa nacionalização à são forças igualmente armadas procurando sempre
força das indústrias de gás e petróleo, Morales prefere minimizar os danos a civis para conseguir o apoio
o meio-termo - apoiar a nacionalização de companhias destes. Assim sendo, é tanto mais uma táctica mili-
de gás natural, mas apoiar a cooperação internacio- tar que uma forma de terrorismo. Segundo um estudo
nal na indústria. Morales referiu-se ainda à proposta do Exército dos Estados Unidos da América de 1988
apoiada pelos Estados Unidos da Área de Livre Co- existe uma centena de definições da palavra terroris-
mércio das Américas, como “um acordo para legalizar mo. A inexistência de um conceito amplamente aceito
a colonização das Américas.” A ideologia de Morales pela comunidade internacional e pelos estudiosos do
sobre as drogas pode ser resumida nas palavras “fo- tema significa que o terrorismo não é um fenômeno
lha de coca não é droga”; de fato, o hábito de mascar entendido da mesma forma, por todos os indivíduos,
folha de coca sempre foi uma tradição das populações independente do contexto histórico, geográfico, social
locais (Aymarás e Quechuas) e seu efeito como droga e político. Segundo Laqueur, nenhuma definição pode
é menos forte que a cafeína contida no café, mas para abarcar todas as variedades de terrorismo que existi-
muitos bolivianos pobres é considerada a única for- ram ao longo da história.
ma de manter-se trabalhando o dia todo, o que pode
ser quinze a dezoito horas para alguns. A prática de CONCEITO MODERNO - Tendo em vista as notáveis
mascar folhas de coca pelas populações indígenas na ações dos últimos anos, o terrorismo ganhou signifi-
Bolívia tem mais de mil anos e nunca causou nenhum cados variados e polivalentes. O grande fluxo de in-
problema na sua sociedade relacionado com as dro- formações e/ou imagens geradas por esse tipo de
gas; é por isso que Morales acredita que o problema comportamento tem tido grande influência na constru-
da cocaína deveria ser resolvido no lado do consumo, ção desses significados. Terrorismo indiscriminado ou
não erradicando as plantações de coca. Porém, esta aleatório são todas as ações que se destinam a fazer
atitude é considerada como comodista e suspeita por um dano a um agente indefinido ou irrelevante. Não
parte de Morales, visto que o tráfico de drogas é um existe um alvo estabelecido previamente. Este visa a
grave problema internacional, e querer simplesmente propagação do medo geral na população, visa cansar
ignorar isso, é uma atitude que o mundo não considera a retaguarda, vencer por um sentimento geral de insta-
racional. O mundo pensa que a Bolívia deveria parar bilidade. Exemplos: a colocação de bombas em cafés,
de depender de plantações de drogas para sobreviver, parques de estacionamento, metrô. Terrorismo Seleti-
traçando um caminho honesto para seu crescimento. vo visa atingir diretamente um indivíduo. Seletivo sig-
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ATUALIDADES
nifica que visa um alvo reduzido, limitado, específico e eles acreditam que os métodos mais pacíficos, como
conhecido antes de efetuar o ato. Visa a chantagem, protestos, sensibilização do público, ou declaração de
vingança ou eliminação de um obstáculo. Considera- estado de guerra não trazem esperança de sucesso.
-se terrorismo porque tem efeitos camuflados, e efei- Isso sugere que talvez uma maneira eficaz de com-
tos políticos, pretende pôr em causa uma determinada bater o terrorismo seja garantir que em qualquer caso
ordem. Exemplo: Ku Klux Klan, ETA, AI Qaeda, IRA, em que a população se sinta psico-neuroprimida,
Frente de Libertação Islâmica, Forças Armadas Re- permaneça aberta uma via para garantir a ela algu-
volucionárias da Colômbia (FARC), Exército de Liber- ma atenção, mesmo que essa população seja uma
tação Nacional na Colômbia, Grupo Combatente lslâ- minoria em opinião (a garantia plena da liberdade e
mico Marroquino, Separatistas Chechenos, Brigada da democracia é fundamental, caso contrário isto será
dos Mártires AI Aqsa, Hezbollah, por vez aplicam este considerado um terror estatal contra a neuro-liberdade
terrorismo, e PCC (Primeiro Comando da Capital), ata- de pensamento e opressão de psicopinião legalizada
cando ruas, instalações da polícia, ônibus (autocarros) por uma constituição ultrapassada e propositalmente
e agências bancárias no Brasil, com origem no Esta- limitadora). Uma outra razão de se engajar no terro-
do de São Paulo. Ainda no Brasil os últimos legítimos rismo é uma tentativa de consolidar ou ganhar poder
atentados terroristas com bombas aconteceram nos através da inoculação do medo na população a ser
anos 80 por grupos ligados a extrema-direita. Houve controlada (ver também Racismo e Intolerância), ou
o incidente da bomba que explodiu antes do tempo e estimular um outro grupo a se tornar um inimigo fe-
matou um dos terroristas, o sargento Guilherme Pe- roz, impondo uma dinâmica polarizada de eles-contra-
reira do Rosário e feriu o então capitão Wilson Dias -nós. Uma terceira razão para passar ao terrorismo é
Machado. Na mesma época uma carta bomba foi en- desmoralizar e paralisar o inimigo pelo medo; isso às
viada à sede da OAB no Rio e matou a secretaria Lyda vezes funciona, mas outras vezes endurece a posição
Monteiro. do inimigo. Freqüentemente um pequeno grupo enga-
jado em atividades terroristas pode ser caracterizado
TERRORISMO ORGANIZADO - As mais famosas or- por várias dessas razões. Em geral ações contra ter-
ganizações terroristas do século XX foram as Briga- roristas podem resultar em escaladas de outras ações
das Vermelhas na Itália, O IRA (Exército Republicano de vingança; entretanto, é sabido que se as consequ-
Irlandês), a OLP (Organização pela Libertação da Pa- ências de atos terroristas não são punidas, torna-se
lestina), a Ku Klux Klan, a Jihad Islâmica, Abu Nidhal, difícil deter outros grupos de terroristas. O terrorismo
a AI-Qaeda e o ETA. Terrorismo é algo extremamente depende fortemente da surpresa e é frequente que
difícil de se controlar ou prevenir, especialmente se ocorra quando e onde é menos esperado. Ataques ter-
seus membros estão dispostos a correr risco de morte roristas podem desencadear transições súbitas para
no processo, mas é uma ofensa criminosa em prati- conflito ou guerra. Não é raro que depois de um ata-
camente todos os códigos legais do mundo (veja-se que terrorista vários grupos não relacionados reivindi-
a Convenção de Praga de 1907 e a Convenção de quem a responsabilidade pela ação; isto pode ser visto
Genebra de 1949). Alguns governos têm ou tiveram como “publicidade grátis” para os objetivos ou planos
ligações comprovadas com grupos terroristas, que in- da organização. Devido à sua natureza anônima e, fre-
cluem financiamento ou apoio logístico, como o forne- qüentem ente, auto-sacrificial, não é incomum que as
cimento de armas e explosivos e de locais de abrigo e razões para o atentado permaneçam desconhecidas
treino. São os casos, entre outros, do lêmen, da Líbia, por um período considerável de tempo.
e dos países que apoiaram o regime Talibã no Afega-
nistão, mas também dos próprios Estados Unidos da TERRORISMO ISLÂMICO - Terrorismo islâmico (tam-
América e outros países ocidentais. bém conhecido como terrorismo islamita ou terrorismo
jihadista) é terrorismo religioso praticado por aqueles
HISTÓRIA DO TERRORISMO - O terrorismo tem sido cujas motivações estão enraizadas nas suas interpre-
registrado na História pelo menos desde a época dos tações do Islão. Estatísticas recolhidas pelo Centro
antigos gregos.[carece de fontes] Antes do século XIX Nacional de Contra-Terrorismo dos Estados Unidos
os terroristas poupavam os inocentes não envolvidos indicaram que o “extremismo islâmico” foi responsável
no conflito. Por exemplo, na Rússia quando os radi- por aproximadamente 25% de todas as fatalidades por
cais tentavam depor o Czar Alexandre II, cancelaram terrorismo no mundo inteiro, e por uma maioria de fa-
várias ações porque iriam ferir mulheres, crianças, talidades pelas quais a responsabilidade pôde ser
velhos ou outros inocentes. Nos últimos dois séculos, concludentemente determinada. Esses atos de terro-
entretanto, enquanto os Estados foram ficando cada rismo incluíram desvios de aviões, decapitações, rap-
vez mais burocratizados, a morte de apenas um líder tos, assassinatos, ataques suicidas e ocasionalmente,
político não causava as mudanças políticas deseja- violações. O maior ato de terrorismo islâmico talvez
das, de modo que os terroristas passaram a usar mé- tenha sido o atentado às Torres Gêmeas nos Estados
todos mais indiretos de causar ansiedade e perda de Unidos. Outros ataques proeminentes ocorreram no
confiança no governo. O terrorismo atual tem crescido Iraque, Afeganistão, índia, Israel, França, Rússia e na
entre os desesperados devido ao impacto psicológico China. Estes grupos terroristas frequentemente des-
que ele pode ter no público, graças à extensa cober- creveram as suas ações como jihad Islâmica. Frases
tura que a imprensa pode dar. Terrorismo é frequente- auto-proclamadas de castigo ou morte, foram emitidas
mente o último recurso dos desesperados, e pode ser publicamente como ameaças, muitas vezes na forma
usado por grandes ou pequenas organizações. Histo- de Fatwas. Tanto Muçulmanos como não-Muçulmanos
ricamente, grupos lançam mão do terrorismo quando têm estado entre os alvos e as vítimas, mas ameaças
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ATUALIDADES
contra Muçulmanos normalmente são emitidas como terroristas em todo mundo. Contudo, as pessoas que
Takfir (uma declaração de que uma pessoa, grupo ou eles escolhem para realizarem ataques bombistas,
instituição que se descrevem como Muçulmanos, dei- são indivíduos que estão fragilizados psicologicamen-
xaram na verdade o Islão, sendo por isso, traidores). te e são por isso mais vulneráveis. São pessoas que
Isso é uma ameaça de morte implícita, pois a pena se sentem humilhadas, que não são ouvidas, que são
para a apostasia no Islão é a morte, conforme a Sha- «pisadas», que tiveram um ente querido morto de uma
ria. As controvérsias em redor do assunto recaem em maneira injusta (raids’s aéreos ou incursões militares),
determinar se o ato terrorista é auto-defesa ou agres- ou que sentem um elo entre elas e a causa que julgam
são, auto-determinação nacional ou supremacia Islâ- estar correta (por exemplo a paz na Palestina e esta
mica; o alvejar não-combatentes; se o Islão alguma ser reconhecida oficialmente como país). As organiza-
vez poderá compactuar com terrorismo; se alguns ata- ções terroristas escolhem para treinar pessoas que
ques descritos como terrorismo Islâmico são mera- possam moldar, que lhe possam incutir uma ideia, a
mente atos terroristas cometidos por Muçulmanos ou qual é um pecado grave, e fazê-las cumprir. Tudo isto
nacionalistas; quanto apoio ao terrorismo há no mun- é feito a longo prazo, com muito planeamento. Estas
do Islâmico, se o Conflito Árabe-Israelita é a raiz do organizações terroristas, mostram pois um carácter
terrorismo Islâmico, ou simplesmente uma causa. O “empresarial”, tem um sistema de comunicação em
termo terrorismo Islâmico é controverso, pois alguns rede, com uma hierarquia própria, funções específi-
especialistas concluem que tal termo pode negativizar cas, autonomia de ação. Esta “grande empresa”, en-
tudo relacionado com o Islão. Bernard Lewis acredita quanto ameaça global, consideram como fator de aná-
que o termo é adequado devido à característica políti- lise as implicações geopolíticas e geoestratégicas:
ca da religião Islâmica que a distingue das outras reli- que podem modificar o quadro de avaliação do poder
giões. Karen Armstrong argumenta que usar o termo relativo dos Estados, expressas na alteração da hie-
terrorismo Muçulmano é perigosamente contraprodu- rarquia de prioridades de governação dos Estados-al-
cente, pois pode levar o ocidente a associar o Islão a vos; na reconfiguração da balança de poderes interna
tais atrocidades. Armstrong sugere antes o uso dos dos Estados; na redefinição de orientações de política
termos “terrorismo Wahhabi” e/ou “terrorismo Outbio”. de alianças; no condicionar dos mecanismos de fun-
Embora seja vulgar em se falar de terrorismo islâmico, cionamento dos sistemas económicos e sócio-cultu-
na verdade o mais correto seria dizer de matriz islâmi- rais; na agudização de tensões étcnico-culturais e no
ca. Terrorismo é um método que consiste na utilização redesenhar da sociedade global. Em conclusão, os
ilegal de força ou de violência planeada contra pesso- objetivos destas organizações terroristas são sempre
as ou patrimônio, na tentativa de coagir ou intimidar de caris geopolítica e geoestratégia. A verdadeira
governos ou sociedade para atingir objetivos políticos mensagem de uma religião pode, por vezes, ser des-
ou ideológicos. O Islão é uma religião, ou seja, um torcida pelos seus possíveis pseudo crentes. As cruza-
conjunto de crenças relacionadas com aquilo que os das é um exemplo deste tipo de distorção. Toda a vio-
seus praticantes/crentes consideram como divinas e lência e assassinos efetuados vão conta a doutrina
sagradas. A palavra Islão, que deriva da palavra arábi- Cristã. O Cristianismo propaga a mensagem de amor,
ca ‘Silm” / “Salam’, cujo significado é paz. ‘Saiam’ pode a qual se pode ler em Mateus 5:44: “Amai o vosso ini-
também significar “saudar um ao outro com paz”. Mas, migo e rezai por aqueles que vos perseguem”. Não é
mais do que isso: submissão a Um só Deus, e viver possível falar de “terror Cristão”, “terror Judeu” ou “ter-
em paz com o Criador, consigo mesmo, com outras ror Islâmico”. De fato ao examinarmos o que está por
pessoas e com o ambiente. Assim o Islão constitui, um traz desses atos horríveis, revela que o terrorismo não
sistema, não apenas espiritual religioso, mas também é uma questão de religião, mas sim um fenómeno so-
ideológico. O Islão é, por isso, um sistema compreen- cial. Professor Adriano Moreira, durante uma entrevis-
sivo, com uma lei (Alcorão) que premeia e molda o ta no jornal electrónico “Setúbal na Rede”, referiu “que
tecido social. Perante estas duas definições, concluí- atualmente existe o receio de que, muitos dos conflitos
mos que Terrorismo tem o sinônimo de terror/violência militares, sejam provados por uma questão de diferen-
e o Islão de paz. Então por definição e significados ça de fé”. No entanto, considera que há aqui uma “con-
estas duas palavras são opostas, constituindo sempre tradição”, uma vez que “nenhum dos livros da fé (Tora,
que associadas um oxímoro. Porém, e apesar do Islão Bíblia e Alcorão) de cada religião glorifica a guerra”.
significar paz alguns grupos de terrorista cometem ac- Estamos neste novo século perante um novo terroris-
tos violentos e de terror invocando o nome de Deus mo, que tem um carácter internacional, pois não é res-
(Allah) ou a religião Islâmica. Os motivos reais de or- trito a fronteiras de um Estado. O novo terrorismo in-
ganizações como AI Oaeda, são inequivocamente de ternacional surge em grupos que emergiram após a
ordem politica e de estratégia. Inicialmente alguns dos Guerra-fria. Esses grupos, ideológicos estão revolta-
seus ataques tinham como objetivos a libertação de dos com as politicas ocidentais no médio oriente. Não
alguns dos seus companheiros. Contudo nos dias de querem mais a intervenção de outros Estados nas
hoje, os seus motivos, prendem-se com a tentativa de suas Nações. A ideia de que há algo profundamente
mudança de alguns regimes existentes em países ára- violento no que concerne ao Islão ou algo místico no
bes, entre outros motivos. Os objetivos destas organi- que respeita as relações entre o Islão e a política é
zações são o de libertar a interferência ocidental no absurda. A maioria das pessoas do mundo muçulma-
Médio Oriente, por exemplo, no caso do Iraque, é li- no quer o que toda a gente quer, ou seja, viver as suas
bertar este da influência americana. Para alcançar es- vidas dum modo muito simples, sem constrangimen-
tes objetivos, estas organizações não olham a meios. tos, sem serem incomodadas pelas ideias doutras
E, instrumentalizando o Islão, conseguem criar células pessoas sobre como devem ser e aquilo que devem
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fazer. O que existe, não é um confronto entre civiliza- como a Declara cão de Balfour, que diz “O governo
ções, mas antes uma competição entre as ideias so- de Sua Majestade encara favoravelmente o estabele-
bre o que significa liberdade para o Médio Oriente. cimento na Palestina de um lar nacional para o Povo
Pois, enquanto para os americanos, liberdade para o Judeu ... “. A pedido de Edwin Samuel Montaau e de
Médio Oriente, é poderem influenciar e manipular os Lord Curzon, uma linha foi inserida na declaração afir-
governos nos países árabes, para os muçulmanos, a mando “que seja claramente entendido que nada será
liberdade do Médio Oriente é a libertação da influência feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos
dos americanos e dos ocidentais nos seus governos e das comunidades não-judaicas na Palestina, ou os di-
países. Será difícil vencermos este novo terrorismo. reitos e estatuto político usufruídos pelos judeus em
Pois verificou-se que a utilização de meios bélicos qualquer outro país”. A Legião Judaica, um grupo de
para o combater traz o efeito contrário. Faz com que batalhões compostos sobretudo de voluntários sio-
as organizações terroristas ganhem mais simpatia, por nistas, havia assistido os britânicos na conquista da
aqueles que até então não a tinham. Por exemplo Palestina. A utilização do termo ambíguo “lar nacio-
numa entrevista feita por Mark Juergensmeyer a uma nal” alarmou os árabes e, de forma a aplacá-los, em
professora universitária de Bagdad: “Sabe, tínhamos 7 de novembro de 1918 o Reino Unido assinou com
tantas expectativas quando o Saddam caiu, mas ago- a França a Declaração Anglo-France-sa, declarando
ra, percebe, todas essas esperanças foram por água como objetivo comum a ambos os países “a libertação
abaixo ... Vocês, os americanos, tornaram-se iguais final e completa dos povos que há muito vêm sendo
aos terroristas que vieram dizimar”. Ou seja, encara a oprimidos pelos turcos, e o estabelecimento de go-
ocupação uma espécie de terrorismo. É difícil vencer o vernos nacionais e administrações [na Síria, Iraque e
terrorismo nos seus próprios termos militantes, mas é Palestina] cuja autoridade deriva do livre exercício da
possível contê-lo. Podemos contribuir para dissipar a iniciativa e escolha por parte das populações indíge-
ideia duma guerra cósmica, duma guerra entre o bem nas”. No entanto, em 1919, num memorando governa-
e o mal. Quanto mais cedo nos afastarmos duma lin- mental interno, Balfour declarou que não tinha inten-
guagem bélica e voltarmos à linguagem dos direitos ção de consultar os habitantes da Palestina sobre as
humanos internacionais e da dignidade de todos os suas aspirações, contrariando assim a Declaração de
indivíduos, melhor serão as nossas hipóteses de con- 1918 e a Declaração de Balfour na sua promessa de
quistarmos um mundo sem terrorismo. A melhor abor- não prejudicar os direitos civis e religiosos das comu-
dagem será a de ter um bom serviço de informações e nidades não-judaicas da Palestina. A oposição árabe
uma coordenação e cumplicidade entre os vários ser- a este plano levou aos motins de 1920 na Palestina e
viços de intelligence. O objetivo deve ser, fundamen- à formação da organização judaica conhecida como
talmente, o da “dissuasão” para os países ou regimes Haganah (“a Defesa”, em hebraico), da qual mais tar-
que patrocinem o terrorismo internacional. No entanto, de se separaram os grupos Irgun e Lehi. Assinado em
isto não deve ser feito através de uma resposta tão janeiro de 1919, o Acordo Faysal-Weizmann promovia
violenta que o anti-terrorismo acaba por se já, não o a cooperação árabe e judaica para o desenvolvimento
oposto do terror, mas a continuação da sua lógica. de uma Terra de Israel na Palestina e uma nação ára-
be numa larga parte do Oriente Médio.
CONFLITO ISRAELO-PALESTINO - O conflito isra-
elo-palestino ou conflito israelo-palestiniano é a de- 1920 -1948: MANDATO BRITÂNICO DA PALESTI-
signação dada à luta armada entre israelenses e pa- NA - Em 1920, a Conferência de San Remo, suporta-
lestinos, sendo parte de um contexto maior, o conflito da em grande medida pelo Acordo Sykes-Picot (acordo
árabe-israelense. As raízes remotas do conflito re- anglo-francês de 1916), alocava ao Reino Unidoa área
montam aos fins do século XIX quando colonos judeus que presentemente constitui a Jordânia, a área entre o
começaram a migrar para a região. Sendo os judeus Jordão e o mar Mediterrâneo e o Iraque. A França re-
um dos povos do mundo que não tinham um Estado cebeu a Síria e o Líbano. Em 1922, a Liga das Nacões
próprio, tendo sempre sofrido por isso várias persegui- concedeu ao Reino Unido um mandato na Palestina em
ções, foram movidos pelo projeto do sionismo - cujo condições semelhantes à Declaração Balfour. A popu-
objetivo era refundar na Palestina um estado judeu. lação da área neste momento era predominantemente
Entretanto, a Palestina já era habitada há séculos por muçulmana, enquanto na maior área urbana da região,
uma maioria árabe. Jerusalém, era majoritariamente judaica.
FIM DO SÉCULO XIX – 1920: ORIGENS - As tensões A GRANDE REVOLTA ÁRABE - O líder religioso mu-
entre judeus e árabes começaram a emergir a partir çulmano Mohammad Amin al-Husavrt opôs-se à ideia
da década de 1980 do século XIX, após a fundação de transformar parte da região da Palestina num Is-
do movimento sionista quando judeus provenientes da rael, objetando a qualquer forma de Terra de Israel.
Europa começaram a emigrar, formando e aumentan- Durante a década de 1920 do Século XX, as tensões
do comunidades judaicas na Palestina, quer por com- aumentaram dando lugar a episódios de violência tais
pra de terras aos otomanos, quer por compra direta como as revoltas de Nebi Musa (1920) e as revoltas
a árabes proprietários de terrenos. Estabeleceram-se de Jaffa (1921). Para satisfazer os árabes e devido à
assim comunidades agrícolas nas terras históricas da inabilidade britânica para controlar a violência insta-
Judeia e de Israel, que eram então parte do império lada no Mandato, foi criado, em todos os territórios a
leste do rio Jordão, o semi-autônomo Emirado Árabe
otomano. A 2 de novembro de 1917, durante a Primei- da Transjordânia (correspondente a cerca de 80% do
ra Guerra Mundial, o Ministro Britânico de Relações território do Mandato). Apesar disso, a violência con-
Exteriores, Arthur Balfour emitiu o que ficou conhecido tinuou a aumentar durante as décadas de 30 e 40,
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ATUALIDADES
resultando em perdas de vidas em ambos os lados. Transjordânia, Síria, Líbano e Iraque invadiram a Pa-
Alguns dos fatos mais marcantes nesse período foram lestina. Os estados árabes declararam o propósito de
o Massacre de Hebron de 1929, as atividades da or- proclamar um “Estado Unido da Palestina” em detri-
ganização islâmica Mão Preta, a grande revolta árabe mento de um estado árabe e de um estado judaico.
(1936-1939), os ataques realizados pelo grupo terrro- Eles consideravam que o plano das Nações Unidas
rista Irgun, os massacres como o de Ein al Zeitun e o era ilegal porque vinha em oposição à vontade da po-
atentado do Hotel Rei Davi em 1946. pulação árabe da Palestina. As lutas terminaram com
a assinatura do Armistício de Rodes, que formalizou
PLANO DA ONU PARA A PARTIÇÃO DA PALESTI- o controle israelita das áreas alocadas ao estado de
NA DE 1947 - A recém-criada Organização das Nações Israel juntamente com mais de metade da área alo-
Unidas recomendou a aplicação do Plano de partição da cada ao estado árabe. A Faixa de Gaza foi ocupada
Palestina, aprovado pela Assembleia Geral das Nações pelo Egito e a Cisjordânia foi ocupada pela Transjor-
Unidas através da Resolução 181, de 29 de novembro
de 1947, propondo a divisão do país em dois Estados, dânia (que passou a se chamar simplesmente de Jor-
um árabe e um judeu, baseando-se nas populações até dânia), até junho de 1967, altura em que Israel voltou
então estabelecidas na região. Assim, os judeus rece- a tomar posse desses territórios durante a Guerra dos
beram 55% da área, sendo que, deste percentual, 60% Seis Dias. Cerca de dois terços dos árabes da Pales-
era constituída pelo deserto do Neguev. Segundo esta tina fugiram ou foram expulsos dos territórios que fi-
proposta, a cidade de Jerusalém teria um estatuto de caram sob controle judaico (68% destes estimulados
cidade internacional - um corpus separatum - adminis- pelos próprios governos dos países árabes para que
trada pelas Nações Unidas para evitar um possível con- os seus exércitos pudessem arrasar mais facilmente
flito sobre o seu estatuto. A Agência Judaica aceitou o ao novo Estado que surgia) criando uma grande onda
plano, embora nunca tivesse afirmado que limitaria o de refugiados que se abrigaram para campos nos pa-
futuro Estado judaico à área proposta pela Resolução íses vizinhos tais como o Líbano, a Jordânia, a Síria,
181. A 30 de novembro de 1947 a Alta Comissão Árabe a Cisjordânia e para a área que mais tarde se tornaria
rejeitou o plano, na esperança de que o assunto fosse conhecida como a Faixa de Gaza. Aos palestinos que
revisto e uma proposta alternativa apresentada. Nesta abandonaram ou foram expulsos das áreas ocupadas
altura, a Liga Árabe não considerava ainda uma inter- pelos israelitas não foi permitido o regresso a suas ca-
venção armada na Palestina, à qual se opunha a Alta sas. As Nações Unidas estimam que cerca de 711,000
Comissão Árabe. árabes tornaram-se refugiados como consequência do
conflito. O destino dos refugiados palestinos de hoje
é um grande ponto de discórdia no conflito israelo-
-palestino. Com a não absorção dos árabes palestinos
pelos países árabes e a não criação do Estado Pales-
tino, os árabes palestinos se auto-constituíram povo e
passaram a exigir o seu retorno a suas antigas casas,
apesar de a grande maioria já não ter nascido nas re-
giões reivindicadas. Durante as décadas seguintes ao
fim da guerra de 1948, entre 700 mil e 900 mil judeus
abandonaram os países árabes onde viviam. Em mui-
tos casos isto foi devido a um sentimento anti-judeu,
ou devido a expulsão (no caso do Egito) ou ainda de-
vido a opressões legais (no Iraque). Deste número,
cerca de dois terços acabaram por se deslocar para
campos de refugiados em Israel, enquanto que os
Em 14 de maiode 1948, um dia antes do fim do Man- restantes migraram para França, Estados Unidos da
dato Britânico, a Agência Judaica proclamou a inde- América e para outros países ocidentais (incluindo a
pendência, nomeando o país de Israel. América Latina). Durante a década de 1950, Israel foi
atacado constantemente por militantes, principalmen-
te a partir da Faixa de Gaza, que estava sob controle
egípcio.ID1 Em 1956, Israel criou uma aliança secreta
com o Reino Unido e a França destinada a recapturar
o canal do Suez, que os egípcios tinham nacionalizado
(ver Guerra do Suez). Apesar da captura da Península
do Sinai, Israel foi forçado a recuar devido à pressão
dos Estados Unidos e da União Soviética, em troca de
garantias de direitos marítimos de Israel no Mar Ver-
melho e no Canal. Em 1964 os estados árabes esta-
beleceram a OLP. O artigo 24° da carta (ou pacto) de
fundação da OLP, de 1964 estabelecia: “Esta Organi-
zação não exerce qualquer soberania territorial sobre
a Cisjordânia, sobre a Faixa de Gaza e sobre a Área
de Himmah.” Em 1 967 O Egito bloqueia o canal de
Suez aos navios israelenses e inicia manobras mili-
PERÍODO DE 1948-1967
tares na península do Sinai, ao mesmo tempo que a
FRONTEIRAS DE ISRAEL EM 1949 - Tropas da
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ATUALIDADES
Jordânia e Síria mobilizavam seus exércitos, na fron- de mísseis lançados contra Israel pelo líder iraquiano
teira com Israel. Prevendo um ataque iminente, Israel Saddam Hussein, na tentativa de provocar a entrada
inicia a guerra preventiva (Guerra dos Seis Dias). de Israel para a guerra.
ca e a Ásia tinham sistemas políticos e adminis- - Uma das consequências das inovações tecnológicas
trativos muito mais sofisticados que aqueles que das últimas décadas, que determinaram diferentes
lhes foram impostos pelo colonizador. formas de uso e ocupação do espaço geográfico, é a
d) Comparadas ao México e ao Peru, as instituições instituição das chamadas cidades globais, que se ca-
brasileiras, por terem sido eliminadas à época da racterizam por:
conquista, sofreram mais influência dos modelos a) possuírem o mesmo nível de influência no cená-
institucionais europeus. rio mundial.
e) O modelo histórico da formação do Estado asiá- b) fortalecerem os laços de cidadania e solidarieda-
tico equipara-se ao brasileiro, pois em ambos se de entre os membros das diversas comunidades.
manteve o espírito das formas de organização c) constituírem um passo importante para a dimi-
anteriores à conquista. nuição das desigualdades sociais causadas pela
polarização social e pela segregação urbana.
QUESTÃO 14 (ENEM-2009) - Colhe o Brasil, após d) terem sido diretamente impactadas pelo proces-
esforço contínuo dilatado no tempo, o que plantou no so de internacionalização da economia, desen-
esforço da construção de sua inserção internacional. cadeado a partir do final dos anos 1970.
Há dois séculos formularam-se os pilares da política e) terem sua origem diretamente relacionadas ao
externa. Teve o país inteligência de longo prazo e cál- processo de colonização ocidental do século XIX.
culo de oportunidade no mundo difuso da transição da
hegemonia britânica para o século americano. Engen-
drou concepções, conceitos e teoria própria no século
XIX, de José Bonifácio ao Visconde do Rio Branco.
Buscou autonomia decisória no século XX. As elites
se interessaram, por meio de calorosos debates, pelo GABARITO DE APRENDIZAGEM
destino do Brasil. O país emergiu, de Vargas aos mi- 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
litares, como ator responsável e previsível nas ações
externas do Estado. A mudança de regime político D D C A C D D E A C
para a democracia não alterou o pragmatismo externo, 11 12 13 14 15
mas o aperfeiçoou.
SARAIVA, J.F.S. O lugar do Brasil e o silêncio do parlamento. Correio Brasiliense. D A B E D
Brasília, 28 maio 2009 (adaptado).
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CIÊNCIAS DA NATUREZA
BIOLOGIA - DIVISÃO CELULAR
Competência de área 4 – Compreender interações Observe:
entre organismos e ambiente, em particular aquelas
relacionadas à saúde humana, relacionando conheci-
mentos científicos, aspectos culturais e características
individuais.
H13 – Reconhecer mecanismos de transmissão da
vida, prevendo ou explicando a manifestação de ca-
racterísticas dos seres vivos.
H14 – Identificar padrões em fenômenos e processos
vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio Embora o fragmento anucleado conserve por algum
interno, defesa, relações com o ambiente, sexualida- tempo as funções de mobilidade, ingestão, digestão,
de, entre outros. excreção e catabolismo, ele acaba morrendo por ha-
H15 – Interpretar modelos e experimentos para expli- ver perdido a capacidade de síntese protéica, tornan-
car fenômenos ou processos biológicos em qualquer do impraticáveis a regeneração, o crescimento e a
nível de organização dos sistemas biológicos. reprodução. Mas, se o núcleo for totalmente isolado
H16 – Compreender o papel da evolução na produção do citoplasma, morrerá primeiro que este, privado que
de padrões, processos biológicos ou na organização ficará da função de respiração celular.
taxonômica dos seres vivos. No compartimento nuclear localizam-se:
1) Quarenta e seis cromossomas, cada um formado
por uma única molécula de DNA combinada com
O Núcleo e a divisão celular - O núcleo é um dos com- numerosas proteínas.
partimentos essenciais da célula eucarionte. A presen- 2) Várias classes de RNA (mensageiro, ribossômico,
ça do núcleo é a principal característica que distingue de transferência, pequenos), que são sintetizados
as células eucariontes. O núcleo ocupa 10% do volume no núcleo ao serem transcritos seus genes. Estes
total da célula e nele encontra-se o DNA, excluindo o RNA saem do núcleo através dos poros do envol-
mitocondrial. Delimitado pela carioteca ou envoltório tório nuclear após serem processados.
nuclear, composta de duas membranas concêntricas 3) O nucléolo, onde se localizam os genes dos RNA
que se continuam com a membrana do RE. A carioteca e os RNAr recentemente sintetizados.
apresenta perfurações - chamadas poros -, que comu- 4) Diversas proteínas, como as que regulam a ati-
nicam o interior do núcleo com citosol. Também é re- vidade dos genes, as que promovem processa-
forçada por duas malhas de filamentos intermediários, mento dos RNA, as que se combinam com os
uma apoiada na superfície interna do envoltório - a lâ- RNAr no nucléolo, as DNA polimerases, as RNA
mina nuclear - e outra na superfície externa-. polimerases etc. Tais proteínas são fabricadas
no citosol e entram no núcleo pelos poros do
envoltório nuclear.
5) Os elementos mencionados estão espalhados
na matriz nuclear ou nucleoplasma. cuja compo-
sição não é conhecida.
O envoltório nuclear é composto por duas membranas
concêntricas perfuradas por poros
Dissemos que o envoltó-
rio nuclear ou carioteca é
composto por duas mem-
branas concêntricas. Es-
tas membranas unem-se
O núcleo foi observado pela primeira vez por o Fon- ao nível dos poros, que se
tana, em 1781, numa célula vegetal. Mas só em 1823 encontram distribuídos
mais ou menos regular-
veio a ser observado na célula animal, por Robert Bro- mente por todo o envoltó-
wn. Hoje, sabemos que é uma formação constante em rio. O espaço entre a
todas as células, admitindo-se unicamente as hemá- membrana externa e a
cias dos mamíferos como células realmente anucle- membrana interna - o espaço perinuclear - comunica-
adas, já que, durante a sua formação, suas células -se com a cavidade do RE. A membrana externa con-
precursoras, que inicialmente se mostram providas de tinua-se com a membrana do RE, e é comum que apa-
núcleo, expurgam esse orgânulo do seu interior. reça associada a ribossomos. As proteínas que são
O núcleo se destaca por duas funções fundamentais: sintetizadas nesses ribossomos incorporam-se às
• o armazenamento das informações genéticas, que membranas do envoltório ou ficam no espaço perinu-
vão determinar no indivíduo as características de clear. A membrana nuclear interna é sustentada pela
lâmina nuclear, que é uma fina malha de laminofila-
uma ameba,de uma roseira, de um rato, ou de um mentos entrelaçados. A lâmina nuclear é interrompida
homem- e, mais do que as características específi- somente na altura dos poros. Algumas proteínas inte-
cas, também as características individuais. grantes da membrana nuclear interna servem como
• o controle a distância da síntese protéica, a partir pontos de ancoragem para os laminofilamentos. A lâ-
da qual são formadas as enzimas que vão determi- mina nuclear concede resistência à carioteca e esta-
nar se a célula produzirá insulina, ou melanina. ou belece sua forma, geralmente esférica. Ambas as es-
tripsinogênio, ou FSH.ou clorofila. ou auxina, proce- truturas são desorganizadas no começo da mitose e
dendo como célula animal ou célula vegetal, especi- reaparecem quando ela está concluída, ao serem for-
ficamente determinada. mados os núcleos na células filhas. A lâmina nuclear,
fornece ainda, pontos de ancoragem aos cromosso-
mos, organizando-os no interior do núcleo. A carioteca
PROJETO
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ENEM 2018
BIOLOGIA - DIVISÃO CELULAR
permite que o conteúdo nuclear seja quimicamente plo, com exceção dos gametas, todas as células têm
diferenciado do meio citoplasmático; apenas peque- 46 cromossomos no núcleo. As células do chimpanzé
nas moléculas apoiares tem passagem livre, por difu- possuem 48 cromossomos e as da mosca Drosophila
são, através das membranas fosfolipídicas da cariote- melanogaster, apenas 8.
ca. Outros tipos de substâncias, como moléculas
polares, proteínas, RNA etc., só podem entrar ou sair A estrutura do cromossomo eucariótico
do núcleo passando pelos poros. Apesar de variar em número
A Cromatina - Cromatina é o termo usado atualmente e em tamanho nas diferen-
para indicar o conjunto de filamentos - cromossomos tes espécies eucarióticas, os
- presente no núcleo celular. Cada cromossomo é um cromossomos têm sempre a
longo fio constituído por uma molécula de DNA (áci- mesma estrutura básica:
do desoxirribonucléico) associada a diversos tipos de uma longa molécula de DNA
proteína (veja mais adiante). O termo cromatina (do que, a espaços regulares,
grego cl1romatos, cor), que significa material corável, dá duas voltas sobre um mi-
começou a ser usado em meados do século XIX; nes- núsculo grão constituído por
sa época, ao tratar células fixadas com certos coran- oito moléculas de proteínas
tes usados para tingir tecidos, os citologistas descobri- chamadas histonas. Os
ram que o material contido no núcleo celular corava-se grãos de histona com DNA
intensamente, destacando-se das outras partes da enrolado constituem unida-
célula. Observando detalhadamente núcleos tratados des estruturais, os nucleos-
com corantes nucleares, os citologistas notaram que somos, que se repetem ao
certas partes da cromatina coravam-se mais intensa- longo do cromossomo. Nu-
mente que outras. Eles concluíram que essas partes cleossomos vizinhos asso-
eram mais condensadas que o resto e passaram a ciam-se, de modo que o fio
denominá-las heterocromatina (do grego heteros, di- cromossômico é enrolado
ferente). O restante do material filamentoso do núcleo, como uma mola helicoidal
menos corado, foi denominado eucromatina (do grego altamente compacta. Esse fio tem cerca de 30nm de
eu, verdadeiro). Hoje sabemos que os genes ativos da espessura e é denominado fibra cromossômica ou so-
célula localizam-se na eucromatina. lenóide. Ao longo de seu comprimento, a fibra cromos-
Nucléolos sômica apresenta regiões especiais que se associam a
Nucléolos são massas densas determinadas proteínas, cuja função é dar sustentação
e arredondadas presentes “esquelética” ao cromossomo. A fibra cromossômica
dentro do núcleo; eles não têm associada a esse esqueleto protéico tem cerca de
membrana envolvente, sendo 300nm de espessura; ela constitui o cromossomo pro-
constituídos pela aglomeração priamente dito da célula eucariótica (veja a figura abai-
de ribossomos em processo xo). Quando a célula está se dividindo para originar
de amadurecimento, que logo duas células-filhas, o cromossomo enrola-se sobre si
migrarão para o citoplasma, mesmo e fica em um estado altamente condensado,
onde atuarão na síntese das com cerca de 700nm de espessura.
proteínas. A principal substância constituinte dos ribos-
somos é oRNA ribossômico, produzido por determina- Mais um esqueminha legal ai pra você entender:
dos cromossomos da cromatina (cromossomos organi-
zadores do nucléolo) aos quais os nucléolos
encontram-se associados. Geralmente há um ou dois Fig. 3.10 Desenho es-
nucléolos em cada núcleo. O nucléolo é uma estrutura quemático mostrando o
dinâmica; um cromossomo organizador do nucléolo grau crescente de com-
produz continuamente moléculas de RNA ribossômico, plexidade da estrutura do
que se acumulam ao seu redor e se associam a proteí- cromossomo. Na parte
nas específicas para constituir os ribossomos. À medi- mais alta, a hélice dupla
da que amadurecem no nucléolo, os ribossomos saem de DNA, com 2nm de es-
do núcleo através dos poros da carioteca e vão atuar no pessura; em seguida, a
citoplasma. Portanto, o nucléolo é um aglomerado dinâ- associação do DNA com
mico de partículas ribossômicas em formação. histonas forma nucle-
Os cromossomos em células eucarióticas - O cons- ossomos em filamentos
tituinte fundamental do cromossomo é uma longa mo- mais espessos, com cer-
lécula de DNA, constituída por duas cadeias de nucle- ca de 300 nm e 700 nm.
otídios (cadeias polinucleotídicas) complementares, Finalmente, o desenho
emparelhadas por meio de pontes de hidrogênio entre mais inferior mostra um
suas bases nitrogenadas. O DNA constitui os genes, cromossomo metafásico,
que controlam a síntese de proteínas e, em última aná- onde o DNA exibe sua
lise, todo o funcionamento da célula. Nas células pro- condensação máxima.
carióticas das bactérias, todos os genes estão contidos
em uma única molécula de DNA circular (isto é, com as
extremidades unidas), que constitui o cromossomo bac-
teriano. Nas células eucarióticas há geralmente vários
cromossomos por núcleo; cada um deles é um filamen-
to longo, constituído por uma única molécula de DNA
associada a proteínas, em um arranjo altamente com-
plexo. O número de cromossomos no núcleo varia de
espécie para espécie. Na espécie humana, por exem-
PROJETO
83
ENEM 2018
BIOLOGIA - DIVISÃO CELULAR
Gene - A molécula de DNA de um cromossomo é com- Fig. 3.20 Fases do ciclo celular. A duração da fase
parável a uma fita magnética em que estão gravadas, G1(pré-síntese) varia muito dependendo de diversos
em seqüência, as informações para a produção de fatores, como a duração do total do ciclo. No teci-
proteínas. Cada trecho de DNA que contém a informa-
ção para uma proteína constitui um gene. do ósseo sem formação, G1 dura 25 horas. A fase S
Conceito de genoma - O conjunto de moléculas de (síntese de DNA) dura aproximadamente 8 horas e
DNA de uma espécie, que contém todos os seus ge- G2, cerca de 2,5 a 3 horas (os tempos indicados são
nes e também as seqüências de bases nitrogenadas cortesia de R.W. Young),
que não possuem informação codificada, é denomina- A interfase é a etapa em que a célula apresenta inten-
do genoma. Esse é o conceito mais moderno, como já sa atividade metabólica. Nela ocorre transcrição gêni-
havíamos mencionado antes. Na espécie humana, o ca, síntese de proteínas e demais atividades vitais da
genoma é constituído por 24 moléculas de DNA que célula. Há também aumento no tamanho da célula até
formam os 24 tipos de cromossomos humanos; 22 que ela atinja suas dimensões características. Durante
desses tipos de cromossomos são denominados au- a fase S ocorre síntese de DNA nuclear. Portanto, é
tossomos e identificados por números de I a 22; os nessa fase que acontece a duplicação dos cromosso-
outros dois tipos, chamados de cromossomos sexuais, mos, fundamental para a divisão celular. Nas fases G
são identificados pelas letras X e Y. Autossomos são 1e G 2 não há síntese de DNA, mas o crescimento
os tipos de cromossomos presentes tanto em células celular é acentuado. Como regra, as células crescem
masculinas quanto em células femininas. Cromosso- na interfase. Quando terminam a divisão celular, origi-
mos sexuais são os que variam entre os sexos e ca- nam células menores, que crescem novamente antes
racterizam células masculinas e femininas. No dia 26 de se dividir. Se elas não crescessem na interfase, a
de junho de 2000 um grupo de cientista anunciou a cada novo ciclo celular seriam formadas células cada
conclusão da primeira etapa do Projeto Genoma Hu- vez menores. Em algumas situações muito especiais,
mano, cujo objetivo era identificar a seqüência dos 3 como acontece no início do desenvolvimento embrio-
bilhões de pares de bases nitrogenadas que formam nário dos animais, as fases G1 e G2 são muito redu-
nossos 24 tipos de cromossomo. Já foram determina- zidas. Com isso, as células praticamente não aumen-
dos, também, os genomas de várias outras espécies tam de tamanho entre uma divisão e outra. No ciclo
como da mosca-da-banana (Drosophila melanogas- celular, existem momentos que podem ser chamados
ter), de fermento-de-padaria (Saccharomyces cerevi- pontos de checagem, em que mecanismos celulares
siae), do camundongo (Mus musculus) e de diversas verificam as condições da célula antes de prosseguir
bactérias, entre elas a Xillela fastidiosa, o primeiro or- de uma fase para outra. Um importante ponto de che-
ganismo a ter seu genoma totalmente seqüenciado no cagem ocorre em G1 e outro em G2 .
Brasil. No caso da espécie humana, o próximo passo
é localizar e identificar todos os nossos genes, cujo
número estimado em cerca de 30 mil. Acredita-se que
essa identificação será importante para a compreen-
são de muitos processos vitais e das causas de muitas
doenças hereditárias.
Divisão Celular - As células como unidade de vida
que são também tem o seu ciclo vital. O ciclo celular
reúne as etapas fundamentais de vida de uma célula.
As divisões celulares podem ser de dois tipos, a mi-
tose e a meiose que se diferenciam não somente por
suas etapas, mas também por seus objetivos. Para O ponto de checagem em G1 acontece um pouco antes
nos organizarmos bem, vamos começar pela mitose. de a célula entrar na fase S. Nesse ponto, a célula verifica:
A mitose é um processo importante no crescimento • se o tamanho que atingiu está adequado; caso
dos organismos multicelulares e na regeneração de contrário, ela não entra na fase S e estaciona em
tecidos do corpo e também na reprodução assexuada G1 até atingir o tamanho adequado. O cresci-
que ocorre em unicelulares e em alguns multicelulares. mento celular depende de nutrientes e de outros
Embora sejam processos contínuos, tanto a interfase fatores do meio extracelular;
quanto a mitose costumam ser subdivididas em perío- • se o meio externo é adequado à proliferação ce-
dos ou fases, o que nos ajuda a entender as modifica- lular; caso contrário, a célula não prossegue no
ções que ocorrem durante o ciclo celular. Os períodos ciclo celular;
da interfase são denominados G 1, S e G 2. O S vem • se o DNA está danificado, ou seja, se ocorreram
da palavra síntese e o G, do inglês gap, que significa alterações em suas seqüências de bases (muta-
intervalo. A mitose costuma ser dividida nas seguintes ções); caso tenham ocorrido alterações, a célula
fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase. não entra na fase S, e assim o DNA danificado
não será replicado. Alterações na célula relacio-
nadas ao não-reconhecimento do DNA danifica-
do permitem que a célula se divida, passando
para as células-filhas o DNA alterado. Isso é
uma das principais causas do desenvolvimento
da maioria dos cânceres humanos.
Não tendo ocorrido alterações, a célula entra na fase
S e em seguida na G2. Nesta, um novo ponto de che-
cagem ocorre um pouco antes de a célula entrar em
PROJETO
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ENEM 2018
BIOLOGIA - DIVISÃO CELULAR
mitose. Nesse ponto, acontece nova verificação quan- c) Anáfase
to ao crescimento da célula e à correta replicação do
DNA. Tendo a célula crescido adequadamente e es-
tando como DNA replicado corretamente, inicia-se a
mitose. Com relação à capacidade de divisão celular,
existem três grandes categorias de células no corpo
humano adulto:
• células que depois de diferenciadas não se dividem
mais ao longo de sua vida. É o caso das células
nervosas e musculares, que permanecem em um
estado modificado de G1, denominado Go;
• células que normalmente não se dividem, mas d) Telófase
saem de Go quando submetidas a certos estímu-
los e reiniciam o ciclo celular. Neste grupo estão
as células do fígado, que podem se dividir a cada
um ou dois anos, ou mais rapidamente quando
estimuladas por remoção cirúrgica de parte desse
órgão. Outro exemplo são os linfócitos, glóbulos
brancos do sangue que, sob estímulos de agen-
tes estranhos que penetram no corpo (antíge-
nos), proliferam e participam dos mecanismos de
defesa, combatendo os antígenos.
• células que normalmente possuem grande capa-
cidade de divisão. É o caso das células da epi- Compare as divisões animal e vegetal abaixo:
derme da pele, que estão constantemente sen-
do produzidas para repor as que são perdidas
pelo processo natural de descamação. Processo
semelhante ocorre com as células do epitélio in-
testinal, que se dividem de uma a duas vezes
por dia para repor as células que são perdidas
por descamação.
Alterações no conteúdo de
A Meiose
DNA durante as diferentes
fases do ciclo de vida da
célula. 2c, conteúdo diplóide
de DNA. 4c, conteúdo
Fases da Mitose tetraplóide de DNA.
a) Prófase
b) Metáfase
PROJETO
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ENEM 2018
BIOTECNOLOGIA
fragmentos de DNA exógeno, ou seja, de outro orga-
nismo, no material genético das bactérias, elas passa-
rão a sintetizar não apenas os produtos/proteínas para
as quais tem a informação adquirida do seu próprio
DNA, mas também os produtos resultantes dos genes
de interesse inseridos no organismo. A técnica do DNA
recombinante consiste no isolamento de um trecho de
DNA em que se tem interesse e na sua inserção no
DNA de outro organismo. Assim, o DNA recombinan-
te é a molécula de DNA que recebeu um trecho de
DNA (ou gene) que pertence a outro organismo. Esse
procedimento geralmente envolve o isolamento de um
gene humano com potencial terapêutico, como a insu-
lina, por exemplo, e a introdução desse gene em uma
célula animal, bacteriana ou de leveduras. Selecionar
e isolar o fragmento de interesse é um processo que
Figura 5- síntese protéica envolve o corte dos cromossomos da interfase, proce-
dimento realizado por enzimas de restrição ou endo-
O CÓDIGO GENÉTICO - O RNA resultante do proces- nucleases de restrição, naturalmente encontradas em
so de transcrição usualmente é um RNA mensageiro bactérias. Cada enzima de restrição é específica para
(RNAm). Ele possui esse nome porque “leva” a men- uma determinada sequência de bases nitrogenadas.
sagem para a produção de uma proteína. Cada trinca Desta forma, o corte não é feito ao acaso. Para ‘fixar’
de nucleotídeos do RNAm corresponde a um amino- estes fragmentos em outros organismos (geralmente
ácido específico a ser incorporado pelo ribossomo ao bactérias), os cientistas utilizam enzimas chamadas
polipeptídeo que está em formação. Estas trincas são DNA ligases, também específicas para determinadas
chamadas de códons. Existem 20 tipos diferentes de sequências de bases nitrogenadas. O DNA destes or-
aminoácidos e cada RNAm maduro é formado por ganismos, agora com um trecho de DNA humano, é
uma sequência de quatro tipos de bases nitrogenadas chamado recombinante. O evento central da metodo-
(A, U, G, C). A combinação de quatro bases nitroge- logia do DNA recombinante é a clonagem molecular,
nadas em grupos de três dá 64 códons, ou seja, um em que ocorre a transferência de um gene de interes-
mesmo aminoácido pode ser codificado por mais de se de um organismo para outro.
uma trinca. Por isso o código genético é dito degene-
rado ou redundante. Apesar de degenerado, ou seja,
de um aminoácido poder ser codificado por mais de
um códon, um códon nunca codificará mais de uma
aminoácido. E o que isso quer dizer? Que o código é
degenerado, mas não é ambíguo. AUG determina o
aminoácido metionina e é a região promotora. UAA, Figura 7- DNA recombinante
UAG e UGA são códons finalizadores, que indicam a
sequência de término. CLONAGEM DE DNA - Este processo consiste na
produção de inúmeras cópias idênticas de um mesmo
fragmento da molécula de DNA. O início do procedi-
mento é semelhante ao do DNA recombinante:
Isolamento do gene humano por enzimas de res-
trição;
Inserção do gene no DNA de outros organismos
(chamados de vetores);
Depois de isolados, os trechos são inseridos em orga-
nismos, como vírus e bactérias (vetores), pois, além
de aceitarem esta manipulação, eles multiplicam as
moléculas recombinantes ao se reproduzirem, dando
origem a um grande número de cópias idênticas
(clones). Bactérias possuem, além do seu cromosso-
mo circular, moléculas menores – e também circulares
– de DNA conhecidas como plasmídeos. Essas mo-
léculas são utilizadas como vetores, pois não contêm
Figura 6- código genético genes essenciais à vida das bactérias (geralmente
são genes de resistência a antibióticos).
DNA RECOMBINANTE - Como a linguagem do có-
digo genético é universal e compreendida da mesma
maneira por todos os organismos, a biologia molecular
se aproveitou dessa propriedade para produzir subs-
tâncias de interesse. Mas como isso funciona? Há
organismos (como as bactérias) que são facilmente
cultivados em laboratório. Ao conseguirmos implantar
PROJETO
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ENEM 2018
BIOTECNOLOGIA
TERAPIA GÊNICA - Na terapia gênica realiza-se a
transferência de material genético com o propósito de
prevenir ou curar uma enfermidade qualquer. No caso
de enfermidades genéticas, nas quais um gene está
defeituoso ou ausente, a terapia gênica consiste em
transferir a versão funcional do gene para o organismo
portador da doença, de modo a reparar o defeito. Por
enquanto, por apresentarem alguns efeitos indeseja-
Figura 8- Clonagem de DNA dos no organismo receptor, a terapia gênica só é fei-
Estas técnicas têm sido cada vez mais desenvolvidas e ta em células somáticas e em doenças causadas por
são usadas com muitas finalidades. Algumas delas são: apenas um gene. O procedimento consiste em inserir
Produção de insulina ou somatotropina (hormô- in vitro ou in vivo um fragmento de DNA, um gene,
nio do crescimento): quando clonamos o gene na célula/tecido em questão, com a finalidade de que
humano em bactérias (e o estimulamos para en- esse gene inserido passe a expressar a proteína em
trar em atividade), os micro-organismos passam quantidades suficientes para o organismo receptor. O
a produzir grandes quantidades de insulina, que gene pode ser clonado em laboratório e injetado in-
é posteriormente isolada e purificada para a uti- tramuscularmente ou na veia do indivíduo (técnica in
lização humana; vivo). Também é possível, em laboratório, usar um ví-
Produção de algumas proteínas do sangue: a al- rus modificado (conhecido como vetor) que contenha
bumina e o fator VIII; o alelo de interesse para infectar células do paciente
Criação de vacinas sintéticas contra malária e que apresentam a deficiência. Essas células incorpo-
hepatite B; ram o DNA recombinante e permanecem no indivíduo
pela ação da multiplicação celular.
IDENTIFICAÇÃO DE PESSOAS - A técnica de identi-
ficação de pessoas, também conhecida como DNA fin-
ge print, é tão segura para identificar indivíduos quanto
as impressões digitais. Devemos fazer uma ressalva
aos gêmeos monozigóticos, que possuem o mesmo
patrimônio genético e não se distinguem pela análise
de DNA. No entanto, suas impressões digitais podem
ser ligeiramente diferentes, pois estas características
surgem durante o desenvolvimento embrionário e são
mantidas após do nascimento.
QUESTÃO 03 - Atualmente, poucos assuntos geram QUESTÃO 06 - Entre os produtos farmacêuticos ob-
tanta controvérsia como os produtos transgênicos. tidos por manipulação genética, estão: o hormônio de
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ENEM 2018
BIOTECNOLOGIA
crescimento humano e a insulina. Na obtenção desses QUESTÃO 09 - Pesquisadores da UFRJ (Universida-
produtos, são empregadas: de Federal do Rio de Janeiro) deram o primeiro passo
1. Enzimas de restrição, que reconhecem e rom- para desenvolver uma terapia gênica contra o glauco-
pem determinadas sequências de nucleotídeos ma, uma das mais importantes causas de cegueira no
componentes de moléculas de DNA. mundo.
2. Endonucleases de restrição, eficazes na religa- (Folha de S.Paulo, 06.03.2004)
dura de segmentos cortados de DNA plasmidial A terapia gênica ou geneterapia é de uma biotecnolo-
bacteriano com o DNA humano. gia que utiliza:
3. Exonucleases de restrição, eficientes como son- a) comumente vírus para introduzir uma versão nor-
das genéticas na identificação de segmentos mal de um gene defeituoso, desencadeador de
plasmidiais de bactérias inseridos em cromosso- alguma doença, nas células de um paciente.
mos de outros organismos. b) a enzima transcriptase reversa para estimular a
4. Técnicas de manipulação do DNA, também co- atividade de genes defeituosos. c) seres multi-
nhecidas como Engenharia Genética ou tecnolo- celulares eucarióticos na cura de doenças cau-
gia do DNA recombinante. sadas por defeitos em genes localizados apenas
Estão corretas: nos cromossomos sexuais.
a) 1, 2, 3 e 4. b) 1 e 3, apenas. d) células-tronco na cura de doenças causadas por
c) 1 e 4, apenas. d) 2 e 3, apenas. erros na síntese de DNA ligase e enzimas de
e) 3 e 4, apenas. restrição.
e) fungos unicelulares na produção de substâncias
QUESTÃO 07 - Em junho de 2000, foi anunciada a úteis, por exemplo a penicilina, para a saúde hu-
conclusão da fase do Projeto Genoma Humano em mana.
que se determinou a seqüência de, aproximadamen-
te, 3 bilhões de nucleotídeos do genoma humano. O QUESTÃO 10 - Em um acidente, embora os corpos
conhecimento dessa seqüência permitirá determinar: das vítimas fatais ficassem queimados e irreconhecí-
a) o número de cromossomos presentes nas célu- veis, foi possível preparar, a partir de fragmentos de
las humanas. tecidos, amostras de DNA nuclear e mitocondrial de
b) o número de proteínas que compõem os genes todos os mortos. Faleceram no acidente dois filhos de
humanos. uma senhora, cada um de um casamento diferente.
c) quantas moléculas de DNA estão presentes nos Uma das formas possíveis de identificar os despojos
cromossomos humanos. dos filhos dessa senhora consiste em verificar se exis-
d) o número de doenças que podem afligir a huma- te homologia do:
nidade. a) DNA mitocondrial da senhora com o DNA mito-
e) o número total de genes humanos e quais as condrial das vítimas
proteínas codificadas por esses genes. b) DNA mitocondrial da senhora com o DNA nuclear
das vítimas
QUESTÃO 08 - Dois homens, P-I e P-II, disputam a pa- c) DNA nuclear do marido e do ex-marido da senho-
ternidade de uma criança C, filha da mulher M. Diante ra com o DNA mitocondrial das vítimas
disso, foi pedido o exame de DNA dos envolvidos. O d) DNA mitocondrial do marido e do ex-marido da
resultado do teste revelou os seguintes padrões: senhora com o DNA mitocondrial das vítimas
e) DNA nuclear da senhora com o DNA mitocondrial
das vítimas
PROJETO
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ENEM 2018
BIOTECNOLOGIA
QUESTÃO 12 c) Os nucleotídeos são polimerizados por meio de
ligações fosfodiéster entre o fosfato e a base ni-
trogenada.
d) Duas cadeias simples de DNA formam uma du-
pla-hélice, por meio da formação de pontes de
hidrogênio entre as bases nitrogenadas.
e) As duas cadeias de uma dupla-hélice possuem a
mesma orientação, e suas seqüências de bases
são complementares.
PROJETO
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ENEM 2018
FÍSICA
gião de aceleração gravitacional igual a 10m/s², como
mostra a figura.
a) 4,0.
b) 6,0.
c) 8,0.
d) 10,0.
e) 12,0.
c) d)
QUESTÃO 01 - Uma pessoa em repouso respira Em relação ao petróleo e aos seus derivados, assinale
normalmente. Em determinado momento, porém, ela a alternativa correta.
prende a respiração, ficando em apneia pelo maior a) A refinação do petróleo e a separação de uma
tempo que consegue suportar, provocando, daí em mistura complexa de hidrocarbonetos em mis-
diante, hiperventilação pulmonar. As curvas mostra- turas mais simples, com um menor número de
das no gráfico a seguir representam alterações de pH componentes, denominadas frações do petró-
do sangue num determinado período de tempo, a par- leo. Essa separação é realizada por meio de um
tir do início da apneia. processo físico denominado destilação simples.
b) Os antidetonantes são substâncias químicas
que, ao serem misturadas a gasolina, aumen-
tam sua resistência à compressão e consequen-
A única curva que representa temente o índice de octanagem.
as alterações do pH do san- c) O craqueamento do petróleo permite transformar
gue dessa pessoa, durante a hidrocarbonetos aromáticos em hidrocarbonetos
situação descrita, é a identifi- de cadeia normal, contendo em geral o mes-
cada pela seguinte letra: mo número de átomos de carbono, por meio de
a) v b) w aquecimento e catalisadores apropriados.
c) X d) Y e) Z d) A gasolina é composta por uma mistura de al-
canos, que são substâncias químicas polares e
QUESTÃO 02 - O SEGREDO DAS DONAS DE CASA... que apresentam alta solubilidade em etanol.
- O Vanish Poder O2 é um produto químico muito “sim- e) A combustão completa do butano, um dos princi-
ples” que apresenta em sua composição a água oxi- pais constituintes do gás natural, é um exemplo
genada. Sim, o peróxido de hidrogênio, um produto de reação de oxirredução, na qual o hidrocarbo-
utilizado como desinfetante, esterilizante e um dos neto é o agente oxidante e o gás oxigênio pre-
melhores produtos para clareamento dos dentes e dos sente no ar atmosférico é o agente redutor.
cabelos. Essa substância tem a vantagem de não es-
tragar as blusas coloridas. Ele ataca diretamente as QUESTÃO 04 - Um funcionário de um clube foi orien-
manchas, removendo-as sem causar danos ao tecido. tado a colocar sulfato cúprico (cobre II) para fazer o
O Vanish sólido é outro composto que vai funcionar tratamento da água da piscina, já que o mesmo funcio-
como a água oxigenada, retirando as manchas sem na como algicida. Antes de colocar o produto na pis-
atacar o tecido. É composto pelo percarbonato de só- cina, o funcionário resolveu dissolvê-lo com um pouco
dio, 2.Na2CO3.3.H2O2, que ajuda a dissolver as man- de água em um balde de polietileno. Querendo apres-
chas difíceis antes da lavagem. Por ser sólido e eficaz, sar a dissolução do sulfato de cúprico em água, utili-
o percarbonato de sódio, 2.Na2CO3.3.H2O2, além de zou, para agitá-la, uma espátula de ferro nova, limpa
ser usado nos produtos para remoção de manchas, e sem pintura. Após algum tempo, retirou a espátula
passou a ser conhecido como “peróxido de hidrogê- da solução e percebeu que ela mudara de cor, fican-
nio sólido”. Ele se decompõe gerando água, oxigênio do avermelhada. A observação feita pelo funcionário
e carbonato de sódio. Esse composto não possui so- deveu-se a:
mente a função do peróxido de hidrogênio. Sobre os a) oxidação do íon cúprico
produtos usados para tirar manchas citados no texto, b) redução do íon cúprico.
é pertinente inferir que: c) oxidação do cloreto.
a) o peróxido de hidrogênio age como oxidante no d) redução do sulfato.
processo de limpeza das manchas. e) redução do ferro.
b) o percarbonato de sódio deixa o meio ácido du-
rante o processo de limpeza das manchas. QUESTÃO 05 - O álcool comercial (solução de eta-
c) o peróxido de hidrogênio é muito estável em nol) é vendido na concentração de 96% em volume.
meio alcalino. Entretanto, para que possa ser utilizado como de-
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ENEM 2018
QUÍMICA DO COTIDIANO
sinfetante, deve-se usar uma solução alcoólica na perdas importantes de água e eletrólitos pelo organis-
concentração de 70% em volume. Suponha que um mo. Considerando que essas situações exigem a re-
hospital recebeu como doação um lote de 1000 li- posição cuidadosa de substâncias, um dos modos de
tros de álcool comercial a 96% em volume, e pre- fazê-lo é por meio da ingestão de soluções isotônicas.
tende trocá-lo por um lote de álcool desinfetante. Essas soluções:
Para que a quantidade total de etanol seja a mesma a) contêm concentração molar de cloreto de sódio
nos dois lotes, o volume de álcool a 70% fornecido na igual àquela encontrada no sangue.
troca deve ser mais próximo de: b) contêm massa de cloreto de sódio igual à massa
a) 1042L b) 1371L de sacarose em dado volume.
c) 1428L d) 1632L e) 1700L c) têm solvente com capacidade igual à do sangue
para passar por uma membrana semipermeável.
QUESTÃO 06 - Em 2009, o mundo enfrentou uma epi- d) apresentam pressão osmótica igual à pressão
demia, causada pelo vírus A(H1N1), que ficou conhe- atmosférica.
cida como gripe suína. A descoberta do mecanismo de e) apresentam pressão osmótica igual à da água.
ação desse vírus permitiu o desenvolvimento de dois
medicamentos para combater a infecção, por ele cau- QUESTÃO 09 - As células fotoelétricas dos sistemas de
sada, e que continuam necessários, apesar de já exis- abertura de portas automáticas são constituídas, nor-
tir e estar sendo aplicada a vacina contra esse vírus. malmente, por um catodo de césio (Cs) cuja energia
As fórmulas estruturais dos princípios ativos desses mínima de emissão de elétrons é 6,25 x 10–25 J. Com
medicamentos são: base na tabela abaixo, indique, dentre as alternativas,
a região do espectro eletromagnético que uma pessoa
“normal” deve irradiar para conseguir abrir a porta:
GABARITO DE APRENDIZAGEM
a)
b) 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
d) D A B B B A D C C B
c)
GABARITO DE APRENDIZAGEM
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
C A C E B E E D A
e)
PROJETO
102
ENEM 2018
QUÍMICA
Competência de área 5 - Entender métodos e pro- queimado, considerando-se a quantidade de energia
cedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los liberada. No Brasil, utilizasse principalmente a gasoli-
em diferentes contextos. na (octano) e o etanol, cujas entalpias de combustão
H17 - Relacionar informações apresentadas em dife- encontram-se relacionadas na tabela seguinte.
rentes formas de linguagem e representação usadas
nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como tex- Composto ∆Hoc (kJ mo −1)
to discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas etanol -1370
ou linguagem simbólica. gasolina -5464
H18 - Relacionar propriedades físicas, químicas ou A análise dessas informações permite concluir que
biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos a(o) __________ libera mais energia por mol de gás
tecnológicos às finalidades a que se destinam. carbônico produzido, sendo que o valor encontrado é
Competência de área 6 - Apropriar-se de conheci- de___________ kJmol-1.
mentos da física para, em situações problema, inter- Os termos que completam, corretamente, as lacunas são:
pretar, avaliar ou planejar intervenções científico-tec- a) etanol, 685 b) etanol, 1370
nológicas. c) gasolina, 683 d) gasolina, 685
H21 - Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpre- e) gasolina, 5464
tar processos naturais ou tecnológicos inseridos no
contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo. QUESTÃO 03 - O metanol é um álcool utilizado como
H23 - Avaliar possibilidades de geração, uso ou trans- combustível em alguns tipos de competição automoti-
formação de energia em ambientes específicos, con- va, por exemplo, na Fórmula Indy. A queima completa
siderando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou (ver reação termoquímica abaixo) de 1L de metanol
econômicas. (densidade 0,80g mL-1) produz energia na forma de
Competência de área 7 - Apropriar-se de conheci- calor (em kJ) e CO2 (em gramas) nas seguintes quan-
mentos da química para, em situações problema, in-
terpretar, avaliar ou planejar intervenções científico- tidades respectivamente:
-tecnológicas. 2 CH3 OH( ) + 3 O2(g) → 4 H2O( ) + 2 CO2(g) ; ÄH =
−1453 kJ
H24 - Utilizar códigos e nomenclatura da química para −1
caracterizar materiais, substâncias ou transformações Considere: M(CH3 OH) = 32 g mol
químicas. M(CO2 ) = 44 g mol−1
H25 - Caracterizar materiais ou substâncias, identificando
etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, a) 18,2 × 103 e 1,1× 103 b) 21,3 × 103 e 0,8 × 103
econômicas ou ambientais de sua obtenção ou produção.
c) 21,3 × 103 e 1,1× 103 d) 18,2 × 103 e 0,8 × 103
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
QUESTÃO 01 - Para compreender o processo de ex- e) 36,4 × 103 e 1,8 × 103
ploração e o consumo dos recursos petrolíferos, é fun-
damental conhecer a gênese e o processo de forma- QUESTÃO 04 - A queima de combustíveis sempre leva
ção do petróleo descritos no texto abaixo. à liberação de quantidades consideráveis de energia.
“O petróleo é um combustível fóssil, originado prova- Um exemplo é a combustão do etanol, que pode ser
velmente de restos de vida aquática acumulados no representada por:
fundo dos oceanos primitivos e cobertos por sedimen- C2H3 OH( ) → 2CO2(g) + 3H2O( ) ∆H =−1368 KJ ⋅ mol−1
tos. O tempo e a pressão do sedimento sobre o mate-
rial depositado no fundo do mar transformaram esses Nesse sentido, é correto afirmar que:
restos em massas viscosas de coloração negra deno- a) 3 mols de C2H5OH absorvem 41014kJ de energia.
minadas jazidas de petróleo.” b) 3 mols de O2 quando são consumidos na reação
(Adaptado de TUNDISI. Usos de energia. São Paulo: Atual Editora, 1991.) liberam 456kJ de energia.
As informações do texto permitem afirmar que: c) 23g de C2H5OH liberam 68,4kJ de energia.
a) o petróleo é um recurso energético renovável a d) Quando a reação libera 1368kJ de energia são
curto prazo, em razão de sua constante forma- formados 56g de CO2
ção geológica. e) Para se liberar 6840kJ de energia é necessário
b) a exploração de petróleo é realizada apenas em se queimar 5 mols de C2H5OH
áreas marinhas.
c) a extração e o aproveitamento do petróleo são ati- QUESTÃO 05 - Hot pack e cold pack são dispositivos
vidades não poluentes dada sua origem natural. que permitem, respectivamente, aquecer ou resfriar
d) o petróleo é um recurso energético distribuído objetos rapidamente e nas mais diversas situações.
homogeneamente, em todas as regiões, inde- Esses dispositivos geralmente contêm substâncias
pendentemente da sua origem. que sofrem algum processo quando eles são aciona-
e) o petróleo é um recurso não-renovável a curto dos. Dois processos bastante utilizados nesses dispo-
prazo, explorado em áreas continentais de ori- sitivos e suas respectivas energias estão esquemati-
gem marinha ou em áreas submarinas. zados nas equações 1 e 2 apresentadas a seguir.
NH4NO3 (s) + H2O( ) → NH4 + (aq) + NO3 − (aq) ΔH = 26 kJ mol−1 1
QUESTÃO 02 - Para diminuir o efeito estufa causa- 2+
do pelo CO2, emitido pela queima de combustíveis CaC 2 (s) + H2O( ) → Ca −
(aq) + 2C (aq) ΔH = −82 kJ mol−1 2
automotivos, emprega-se um combustível que produ- De acordo com a notação química, pode-se afirmar
za menor quantidade de CO2 por kg de combustível que as equações 1 e 2 representam processos de:
PROJETO
103
ENEM 2018
QUÍMICA
a) dissolução, sendo a equação 1 para um hot pack Considere os dados de energia das ligações abaixo.
e a equação 2 para um cold pack. C − H= 105kcal ⋅ mol−1
b) dissolução, sendo a equação 1 para um cold
pack e a equação 2 para um hot pack. C − C
= 58kcal ⋅ mol−1
c) diluição, sendo a equação 1 para um cold pack e 103kcal ⋅ mol−1
H − C=
a equação 2 para um hot pack.
d) diluição, sendo a equação 1 para um hot pack e A energia da ligação C - Cl, no composto CH3Cl, é:
a equação 2 para um cold pack. −1
a) 33kcal ⋅ mol . b) 56kcal ⋅ mol−1.
−1
QUESTÃO 06 - Um dos maiores problemas do ho- c) 60kcal ⋅ mol . d) 80kcal ⋅ mol−1.
mem, desde os tempos pré-históricos, é encontrar
−1
uma maneira de obter energia para aquecê-lo nos ri- e) 85kcal ⋅ mol .
gores do inverno, acionar e desenvolver seus artefa-
tos, transportá-lo de um canto a outro e para a manu- QUESTÃO 09 - O cicloexano (C6H12) é um hidrocar-
tenção de sua vida e lazer. A reação de combustão é boneto líquido à temperatura ambiente, insolúvel em
uma maneira simples de se obter energia na forma de água, que pode ser obtido pela redução com hidro-
calor. Sobre a obtenção de calor, considere as equa- gênio, na presença de um catalisador e pressão ade-
ções a seguir. quados, a partir do benzeno, apresentando valor de
C(grafite) + O2 (g) → CO2 (g) ΔH = −94,1kcal
entalpia-padrão de formação igual a -156kJ.mol -1.
1 Sabendo-se que as entalpias padrão de formação, da
H2O( ) → H2 (g) + O2 (g) ΔH = +68,3 kcal água líquida e do dióxido de carbono gasoso são, res-
2
C(grafite) + 2H2 (g) → CH4 (g) ΔH = −17,9 kcal pectivamente, -286kJ.mol -1 e -394kJ.mol -1, pode-se
afirmar que a entalpia-padrão de combustão do ciclo-
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o exano é de:
valor do calor de combustão (∆H) do metano (CH4) na a) -524kJ.mol -1 b) -836kJ.mol -1
equação a seguir. c) -3924kJ mol
. -1
d) -4236kJ.mol -1
CH4 (g) + 2O2 (g) → CO2 (g) + 2H2O( ) e) -6000kJ.mol -1
a) -212,8kcal b) -144,5kcal QUESTÃO 10 - Considere o processo industrial de
c) -43,7kcal d) +144,5kcal e) +212,8kcal obtenção do propan-2-ol (isopropanol) a partir da hi-
drogenação da acetona, representada pela equação
QUESTÃO 07 - “Está chegando ao Brasil, o café “hot a seguir.
when you want” (em português, “quente quando você
quiser”), da Nescafé, desenvolvido na Universidade
de Southampton, Inglaterra. Basta apertar um botão
no fundo da lata, esperar três minutos e pronto! Café
quentinho (a 60ºC) durante 20 minutos! Mas, afinal,
qual será a tecnologia de ponta do “hot when you
want”? Apenas um compartimento no fundo da lata
que contém, separadamente, a cal viva (a mesma do
fogo grego!) e a água. Ao apertar o botão no fundo da
lata, a placa que separa essas duas substâncias se
rompe e a reação começa. O calor desprendido na re-
ação é então aproveitado para aquecer o café na parte
superior da lata. Simples, mas genial!”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u10268.shtml. Acesso em 3/7/2014
PROJETO
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ENEM 2018
QUÍMICA
Considerando as características físico-químicas dos
dois insumos formados, o método utilizado para a se-
paração da mistura, em escala industrial, é a
a) filtração.
b) ventilação.
c) decantação.
d) evaporação.
e) destilação fracionada.
PROJETO
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PROJETO
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PROJETO FOLHA DE REDAÇÃO
ENEM 2018
ALUNO(A)__________________________________________________________________________________
MatrÍcUla_____________________________ DATA:________/________/________
TÍTULO (OPCIONAL)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
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29
30
RESERVADO AO CORRETOR
Competências Pontos Níveis INSTRUÇÕES
1. Preencha o seu nome e assine nos locais apropriados.
I 0 1 2 3 4 5 2. A transcrição da sua redação deve ser feita preferencialmente com
caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transpa- CORRETOR
II 1 2 3 4 5 rente.
3. Em nenhuma hipótese, haverá substituição desta folha por erro de
preenchimento do participante.
III 0 1 2 3 4 5 4. Escreva a sua redação com letra legível. No caso de erro, risque
com um único traço e escreva, em seguida, o respectivo substitutivo.
IV 0 1 2 3 4 5 Lembre-se: parênteses não podem ser usados para tal finalidade. Nome
5. Não será avaliado texto escrito em local indevido. Respeite rigoro-
V 0 1 2 3 4 5 samente as margens.
6. Não será permitido utilizar material de consulta. Data:____/____/____
Média 7. Não será permitido o empréstimo de qualquer material entre os par-
ticipantes.
(Nota Final)
• Atenção: A redação será corrigida a partir de 8 linhas.
GRADE CORREÇÃO
Nível 0,0 | Nível 40,0 | Nível 80,0 | Nível 120,0 | Nível 160,0 | Nível 200,0
COMPETÊNCIA CRITÉRIOS (Níveis)
0. Demonstra desconhecimento da norma padrão, de escolha de registro e de convenções da escrita.
1. Demonstra domínio insuficiente da norma padrão, apresentando graves e frequentes desvios gramati-
cais, de escolha de registro e de convenções da escrita.
2. Demonstra domínio mediano da norma padrão, apresentando muitos desvios gramaticais, de escolha
I de registro e de convenções da escrita.
Demonstrar domínio da norma 3. Demonstra domínio adequado da norma padrão, apresentando alguns desvios gramaticais e de con-
padrão da língua escrita. venções da escrita.
4. Demonstra bom domínio da norma padrão, com poucos desvios gramaticais e de convenções da es-
crita.
5. Demonstra excelente domínio da norma padrão, não apresentando ou apresentando escassos desvios
gramaticais e de convenções da escrita.
0. Foge ao tema proposto.
1. Desenvolve de maneira tangencial o tema ou apresenta inadequação ao tipo textual dissertativo-argu-
II
mentativo.
Compreender a proposta de
2. Desenvolve de forma mediana o tema a partir de argumentos do senso comum, cópias dos textos mo-
redação e aplicar conceitos das
tivadores ou apresenta domínio precário do tipo textual dissertativo-argumentativo.
várias áreas de conhecimento
3. Desenvolve de forma adequada o tema, a partir de argumentação previsível e apresenta domínio ade-
para desenvolver o tema,
quado do tipo textual dissertativo-argumentativo.
dentro dos limites estruturais
4. Desenvolve bem o tema a partir de argumentação consistente e apresenta bom domínio do tipo textual
do texto dissertativo-
dissertativo-argumentativo.
argumentativo.
5. Desenvolve muito bem o tema com argumentação consistente, além de apresentar excelente domínio
do tipo textual dissertativo-argumentativo, a partir de um repertório sociocultural produtivo.
0. Não defende ponto de vista e apresenta informações, fatos, opiniões e argumentos incoerentes.
1. Não defende ponto de vista e apresenta informações, fatos, opiniões e argumentos pouco relacionados
ao tema.
2. Apresenta informações, fatos e opiniões, ainda que pertinentes ao tema proposto, com pouca articula-
III
ção e/ou com contradições, ou limita-se a reproduzir os argumentos constantes na proposta de redação
Selecionar, relacionar, organizar
em defesa de seu ponto de vista.
e interpretar informações, fatos,
3. Apresenta informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema proposto, porém pouco orga-
opiniões e argumentos em
nizados e relacionados de forma pouco consistente em defesa de seu ponto de vista.
defesa de um ponto de vista.
4. Seleciona, organiza e relaciona informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema propos-
ta de forma consistente, com indícios de autoria, em defesa de seu ponto de vista.
5. Seleciona, organiza e relaciona informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema propos-
ta de forma consistente, configurando autoria, em defesa de seu ponto de vista.
0. Apresenta informações desconexas, que não se configuram como texto.
IV
1. Não articula as partes do texto ou as articula de forma precária e/ou inadequada.
Demonstrar conhecimento
2. Articula as partes do texto, porém com muitas inadequadas na utilização dos recursos coesivos.
dos mecanismos linguístico
3. Articula as partes do texto, porém com algumas inadequações na utilização dos recursos coesivos.
necessários para a construção
4. Articula as partes do texto, com poucas inadequações na utilização de recursos coesivos.
da argumentação.
5. Articula as partes do texto, sem inadequações na utilização dos recursos coesivos.
0. Não elabora proposta de intervenção.
1. Elabora proposta de intervenção tangencial ao tema ou a deixa subentendida no texto.
V 2. Elabora proposta de intervenção de forma precária ou relacionada ao tema mas não articulada com a
Elaborar proposta de solução discussão desenvolvida no texto.
para o problema abordado, 3. Elabora proposta de intervenção relacionada ao tema mas pouco articulada à discussão desenvolvida
respeitando os valores no texto.
humanos e considerando a 4. Elabora proposta de intervenção relacionada ao tema e bem articulada à discussão desenvolvida no
diversidade sociocultural. texto.
5. Elabora proposta de intervenção inovadora relacionada ao tema e bem articulada à discussão desen-
volvida em seu texto, com detalhamento.
Aspectos considerados na avaliação de cada competência
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