Perversão e neurose obsessiva: notas comparativas
Perversão e neurose obsessiva: notas comparativas
Flávio Carvalho Ferraz
Psicanalista. Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae (São Paulo). Professor dos cursos de
Psicanálise e de Psicossomática deste Instituto. Livre-docente pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo,
onde também se graduou em Psicologia e obteve os graus de Mestre e de Doutor. Autor dos livros A eternidade da maçã:
Freud e a ética (São Paulo: Escuta, 1994), Perversão (São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000), Andarilhos da imaginação: um
estudo sobre os loucos de rua (São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000) e Normopatia: sobreadaptação e pseudonormalidade (São
Paulo: Casa do Psicólogo, 2002), além de organizador de diversas coletâneas.
O foco do trabalho é a comparação de certos aspectos da neurose obsessiva com a
perversão, procurando desenvolver uma linha de raciocínio proposta separadamente
por Guy Rosolato e Janine Chasseguet-Smirgel: o primeiro afirma que a perversão
está para a gnose assim como a neurose obsessiva está para uma religião de tradição
ritualizada, e a segunda propõe a seguinte comparação: Se a neurose obsessiva é uma
religião privada, a perversão é, então, o equivalente de uma religião do Diabo. Conclui-
se que o sintoma obsessivo, ao contrário do acting característico da perversão, aproxi-
ma-se da satisfação da hostilidade ou das moções pulsionais sádico-anais apenas de
modo assintótico, e que esta lei do funcionamento neurótico, quando justaposta ao
funcionamento do perverso, fornece a justa medida da diferença estrutural entre as
formações psíquicas decorrentes do recalque e aquelas decorrentes da recusa.
Em 1905, nos Três Ensaios sobre a preender a lógica dos métodos utiliza-
Teoria da Sexualidade, Freud fez uma dos pelos inquisidores da Idade Média.
afirmação que viria a se tornar clássica E confessava estar sonhando com uma
na psicanálise: as neuroses são, por as- religião demoníaca primitiva, com ritos
sim dizer, o negativo das perversões praticados em segredo (p.228). Ao pro-
(p.168). Partindo deste axioma, o foco ceder assim, seu intento teórico era
do presente trabalho será a comparação mostrar que, nas perversões, estamos
de certos aspectos da neurose obsessiva diante de algo como um remanescente
com a perversão, procurando desenvol- de um culto sexual primitivo, semelhan-
ver uma linha de raciocínio proposta se- te ao que acontecia outrora numa reli-
paradamente por Guy Rosolato (1967) gião do Oriente semita (Moloch e
e Janine Chasseguet-Smirgel (1984). Astarte). Foi esta idéia, que precedia
Na carta de 24 de janeiro de 1897 a toda a sistematização teórica sobre a
Fliess (Masson, 1986), Freud mostrava perversão em sua obra, que veio a inspi-
interesse pelo simbolismo das bruxas, rar Rosolato (1967) e Chasseguet-
especialmente em sua ligação com o Smirgel na caracterização que fizeram da
universo anal. Dizia estar interessado em perversão e, para além disso, na sua com-
ler o Malleus Maleficarum1 a fim de com- paração com a neurose obsessiva.
Antes de prosseguirmos nos detalhes
1 O Malleus Maleficarum (Martelo das bruxas), escrito por dessa comparação, todavia, convém
Kramer & Sprenger e publicado em 1484, tornou-se uma
obra célebre da doutrina demonista. Serviu de instrumento lembrar ainda mais uma passagem de
para a orientação dos inquisidores, ensinando-lhes a Freud. Em 1907, no texto Atos Obses-
detectar os possuídos pelo demônio ou quem com ele
compactuava (Pessotti, 1994). sivos e Práticas Religiosas, ele deixou
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uma outra afirmação axiomática, emiti- a gnose assim como a neurose obsessiva está
da em estilo metafórico, e que talvez só para uma religião de tradição ritualizada
não tenha se tornado tão célebre quan- (p.39). A segunda, da autoria de Janine
to a primeira por ser uma fórmula me- Chasseguet-Smirgel (1984) diz o seguin-
nos abrangente, aplicável apenas a uma te: Se a neurose obsessiva é uma religião
das ramificações nosográficas das psico- privada, a perversão é, então, o equiva-
neuroses. Ele dizia que a neurose obses- lente de uma religião do Diabo (p.216).
siva parece uma caricatura, ao mesmo tem- Ambos os autores, retomando
po cômica e triste, de uma religião particu- Freud, comparam a neurose obsessiva a
lar (p.123). Ou, como foi dito de modo uma religião e fazem da perversão, nes-
mais explicativo e abrangente no mes- se sentido, seu oposto. Rosolato confron-
mo trabalho, podemos atrever-nos a con- ta essas duas categorias explorando a
siderar a neurose obsessiva como o correlato oposição entre religião e gnose. Já
patológico da formação de uma religião, Chasseguet-Smirgel busca, para falar da
descrevendo a neurose como uma religiosi- mesma oposição entre perversão e neu-
dade individual e a religião como uma neu- rose obsessiva, a antítese entre religião
rose obsessiva universal (p.130). do Diabo alusão que, de certo modo,
Essa comparação da neurose obses- pode endereçar-se também à gnose e
siva com a religião se fazia em razão do a religião propriamente dita, suposta-
cerimonial que se verifica tanto na mente de Deus.
sintomatologia daqueles que sofrem de A história das religiões mostra como
afecções nervosas como nas práticas foi difícil para o cristianismo impor-se
pelas quais o crente expressa sua devo- perante as seitas gnósticas que rema-
ção (p.121). Em ambos os casos os ce- nesciam da tradição grega, entre outras.
rimoniais obedecem a leis, sejam gerais Freud (1913) diz, em Totem e Tabu,
ou particulares. Quer nos rituais neuró- que quando o cristianismo pela primeira
ticos, quer nos atos sagrados, observam- vez penetrou no mundo antigo, defrontou-
se proibições compulsivas e fortes escrú- se com a competição da religião de Mitras2
pulos de consciência (sentimento de e, durante algum tempo, houve dúvida em
culpa). Além do mais, também em am- relação a qual das duas divindades alcan-
bos os casos, os atos levados a cabo são çaria a vitória (p.182). Sabemos por
prenhes de um sentido simbólico que outras fontes que, de fato, muitas bar-
expressa a experiência psíquica daquele reiras tiveram de ser erguidas contra as
que os realiza. Via de regra, a força da tendências gnósticas. E, grosso modo, seu
pulsão recalcada é vivida como uma ten- correlato no plano ontológico seriam as
tação perigosa, contra a qual o sujeito barreiras contra a sexualidade e a agres-
deve cercar-se de medidas de proteção. Na são que o homem civilizado e, a fortiori,
neurose obsessiva os sintomas ações o neurótico obsessivo teve de erigir.
obsessivas são, assim, uma formação Trata-se das medidas protetoras de que
cujo objetivo é conciliar moções pulsio- Freud (1896) já se dera conta nos No-
nais antagônicas, vividas como forças
que induzem a atos contraditórios.
2 O deus Mitras era representado nas esculturas,
Pois bem, nosso ponto de partida sozinho, matando um touro. Isto chamou a
serão duas afirmações um tanto emble- atenção de Freud (1913), que vinha pensando que
a civilização teria tido início no assassinato do pai
máticas que recuperam, de certa manei- primevo pelo conjunto dos filhos. Freud deduz,
ra, o teor das sentenças freudianas. A então, que aquelas imagens de Mitras deveriam
simbolizar um filho sozinho sacrificando o pai,
primeira delas foi feita por G. Rosolato redimindo assim os irmãos da co-autoria deste
(1967): Parece que a perversão está para assassinato (p.182).
12 Reverso Belo Horizonte ano 27 n. 52 p. 11 - 20 Set. 2005
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vos comentários sobre as neuropsicoses gurado pela execução da cena perversa
de defesa. da qual os comuns dos mortais (nor-
Comecemos por examinar a afirma- mais) estão excluídos. Como afirma
ção de Rosolato (1967), procurando Joyce McDougall (1983), imbuído da
explorar sua significação e dar-lhe uma singularidade de sua identidade sexual, o
amplitude um pouco maior. Parece-me desviante demonstra amiúde um sentimen-
que um dos elementos em que se funda to de desdém em relação aos sexos simples,
tal comparação seria um aspecto essen- das pessoas que fazem amor à moda antiga
cial da gnose, que é o seu caráter de à maneira como o fazia o pai desprezado
contestação permanente da Lei, sem re- e diminuído (p.38). Um paciente perver-
curso à mediação (p.39). Nesse sentido, so me dizia, após narrar sua noite de or-
ela remete necessariamente à recusa gia, que enquanto ele fazia tudo aquilo
(Verleugnung), mecanismo fundante da eu, provavelmente, estava em casa as-
perversão. Seu oposto, a religião de tra- sistindo à televisão de pijama3 .
dição ritualizada, para constituir-se O termo gnose significa, literalmen-
como tal, cedeu historicamente à proi- te, conhecimento, sabedoria. No sentido
bição, tal como o obsessivo curvou-se do gnosticismo, designa conhecimen-
ante o imperativo do recalcamento to esotérico e perfeito da divindade
(Verdrängung). Rosolato faz ainda uma (Ferreira, 1986). Na tradição do racio-
ilação de caráter evolutivo, por assim nalismo grego, gnosis designava o conhe-
dizer. Apoiado na história das religiões, cimento verdadeiro do ser, em oposição
diz que uma religião só se afirma depois à simples percepção (aisthesis) e à opi-
de ter tido de se libertar das correntes nião (doxa) (Eco, 1987). O gnóstico,
gnósticas, não sem antes ter sofrido sua assim, além de ter a chave do contato
atração, ter voltado a elas para certas ins- direto com a divindade, almeja e supõe
pirações e para sua evolução (p.39). Cer- ter dela um conhecimento pleno. Não
tamente, esta é uma proposição desen- inibe sua curiosidade como o religioso
volvimental, que situa a gnose em um cristão, nem é instado a alimentar o sen-
plano filológico anterior àquele da timento de impotência epistêmica dian-
estruturação da religião de tradição te de um Deus incognoscível e intocável.
ritualizada. No plano ontológico, a mes- De modo análogo, pode-se dizer que o
ma correlação poderia ser feita entre a perverso sabe, e por isso julga conhecer
perversão e a neurose obsessiva. o segredo do prazer sexual, enquanto
A gnose ou gnosticismo propõe que o neurótico obsessivo duvida e deve
como possível algo que é muito tenta- se furtar ao contato e ao prazer. Não por
dor: o conhecimento pleno da divinda- acaso, são estas mesmas posturas trans-
de e o acesso à mesma. Por esta razão, ferenciais que indicam na clínica a pre-
de acordo com Umberto Eco (1987), a sença de uma uma perversão ou de uma
gnose não seria uma religião para escra- neurose. No primeiro caso deparamo-
vos, como o cristianismo, mas para se- nos com uma posição de desafio4 , en-
nhores. Os iniciados na gnose são de-
tentores de um segredo do qual a massa 3 Cf. Ferraz (2002), Perversão, capítulo 3, p.39-52.
não compartilha. E o segredo, como tal, 4 Donald Meltzer (1979) refere-se a esta postura
confere a quem o detém uma posição de transferencial como perversão da situação analítica. Já R.
Horacio Etchegoyen (2002), unindo os pontos de vista
exceção. Ora, é inevitável lembrar aqui tanto da escola lacaniana (com referência ao mesmo
de uma característica importante da artigo de G. Rosolato que menciono aqui) como da
kleiniana (com referência a Meltzer), propõe o conceito
perversão, que é a presunção de deten- de perversão de transferência, descrito em paralelo com a
ção do segredo do desejo sexual, asse- neurose de transferência e com a psicose de transferência.
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quanto no segundo encontramos um Freud (1931), tão sucinto quanto inte-
sujeito que se espreita diante do supos- ressante, que é Tipos Libidinais. Ali
to saber do analista, para usar uma ex- Freud postula a existência de três tipos
pressão da lavra lacaniana. libidinais puros o erótico, o obsessivo
Na religião católica o pleno saber é e o narcísico e três tipos intermediários
vedado. Mais que isso: a presunção do o erótico-obsessivo, erótico-narcísico e
saber é em si mesma um pecado. Deve- obsessivo-narcísico com o intuito de ca-
se crer na escritura e obedecer às restri- racterizar o modo como cada um deles
ções impostas por suas leis, mas sem o atua na cultura. O tipo erótico se carac-
saber. Um exemplo prototípico desta si- teriza por uma dependência em relação
tuação é o mistério da Santíssima Trin- ao objeto, isto é, sua principal necessi-
dade, que pressupõe um Deus em três dade é a experiência de ser amado; o tipo
pessoas. Não se trata de algo a ser com- obsessivo se caracteriza por sua depen-
preendido. Cabe apenas crer e curvar- dência em relação ao próprio superego,
se ao imperativo de abnegação ante o o que o limita e o coloca como uma es-
saber. Afinal, segundo Santo Agostinho, pécie de agente perpetuador da moral
seria tarefa mais factível colocar toda a estabelecida; o tipo narcísico, por fim, é
água do oceano em um buraquinho da o mais independente, tanto em relação
areia da praia do que entender o misté- ao outro como em relação ao superego.
rio da Santíssima Trindade. A gnose, ao Ele tende a ser visto como uma perso-
contrário, segundo Rosolato, constitui nalidade em seu meio, podendo assu-
uma espécie de estado de proliferação, de mir a condição de líder. É ele que se en-
fermentação, em que a descoberta, a reve- contra mais apto a transgredir a norma
lação, encontram um terreno propício e as vigente, tanto no sentido do ato herói-
condições necessárias à invenção que fun- co e corajoso, quanto no sentido da li-
damenta o objeto sagrado ou estético beração da destrutividade. Ou seja, o
(p.39). tipo narcísico pode se incluir em um es-
Prosseguindo no paralelo e passan- pectro que vai do mais louvável herói
do das considerações sobre o saber para ao mais abominável criminoso.
as hipóteses sobre a natureza do fazer na O tipo erótico, parece-me, aproxi-
perversão e na neurose obsessiva, ma-se mais do caráter histérico, enquan-
Rosolato lembra que, tal como na pos- to que a ação do tipo obsessivo, que re-
tura do gnóstico, o perverso encontra-se cusa mudanças, assemelha-se ao pro-
(...) bem situado para as inversões e as re- cedimento da Lei e à obediência ritu-
voluções que fazem progredir as escolhas al de que fala Rosolato 5 . O tipo
culturais. E prossegue na comparação narcísico, aqui tomado como protótipo
com a neurose obsessiva: Mas ao esfor- do sujeito da recusa (do perverso, portan-
ço obsessivo caberá estabelecer o detalhe to) encontra-se, tal como descrito por
das pesquisas, o procedimento da Lei e a Rosolato para o perverso, bem situado
obediência ritual, a fixação litúrgica e as
pressões que impõem; a estrutura perversa
sozinha pode perder-se em transformações 5 Jean Laplanche (1988) também reconhece como
contínuas, questionamentos e reformas ou característica do obsessivo a recusa das novas
possibilidades, por ele compreendida como
nos acasos e veleidades de uma vida evitação de tensões, ou seja, uma manutenção a
aventurosa e fulgurante (p.39). qualquer preço da homeostase, visando evitar
Esta descrição do fazer do obsessivo qualquer sobrecarga, mas também qualquer
hemorragia libidinal (p.25). Essa recusa seria um
em contraposição com o do perverso dos aspectos da manifestação da morte psíquica
lembra-me diretamente um texto de no nível do eu.
14 Reverso Belo Horizonte ano 27 n. 52 p. 11 - 20 Set. 2005
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para as inversões e revoluções. No p.216-217). Ora, o argumento perver-
entanto, como lembrava Freud, este es- so, por seu turno, passa pela semelhan-
pectro amplo do tipo narcísico contém te ilusão de que ele, o perverso, pode se
um também amplo gradiente moral. Sua constituir como um ser auto-engendra-
independência em relação ao outro e ao do, subjetiva e sexualmente.
próprio superego pode transformá-lo A significação da figura de Lúcifer
tanto em herói como em criminoso. Por- desdobra-se em duas direções interco-
tanto, um tipo narcísico intermediário municantes: a idealização da analidade
para ele o tipo obsessivo-narcísico se- e um encorajamento do orgulho huma-
ria mais apto à tarefa da construção da no na rebeldia contra Deus. É a con-
civilização, tal como entendida em O mal sideração simultânea dessas duas faces
estar na civilização. de Lúcifer (ou Satã) que permitirá a
Chasseguet-Smirgel (1984), como Chasseguet-Smirgel demonstrar a opo-
Rosolato, recorre à história da religião e sição entre lei e perversão e, mais que isso,
à gnose como fundamentos culturais de a relação essencial entre a perversão e o
suas proposições de caráter ontológico hybris violência, excesso, descome-
para a neurose obsessiva e a perversão. dimento, exagero que era, para os gre-
Assim, ela vê na gnose, a exemplo do gos, a própria representação do pecado.
que vê na perversão, o desejo de rou- A evocação do hybris conduz, pri-
bar o lugar de Deus (p.223), impres- meiramente, a uma constatação mais
são, aliás, corroborada por Umberto Eco direta, que é a da existência de um ideal
(1987), que nela vê uma expressão cul- de profanação do sagrado na perversão,
tural da condição psicológica de um su- que permite, então, concebê-la como
jeito (o homem do século II) para o qual uma religião do diabo, tal como na
o mundo é fruto de um erro. Consi- carta de Freud a Fliess de 1897. Em se-
derando-se um fragmento da divinda- gundo lugar, permite uma exploração
de, o gnóstico pode retornar ao Deus semântica do termo que, associado à
criador imperfeito e contribuir para cor- perversão, desemboca nos seus sentidos
rigir a falha original na criação do mun- de mistura e hibridação.
do. Ele se torna, desta forma, uma espé- Na religião judaica, por exemplo, há
cie de super-homem, pois a divindade inúmeras proibições e restrições rituali-
só poderá recompor o seu rompimento zadas, ligadas exatamente ao misturar.
Não cozerás o cabrito no leite de sua
original com a sua ajuda.
mãe, diz a Tora (apud Chasseguet-
Esta forma de conceber a gnose,
Smirgel, 1984, p.218), numa proibição
explicitada por Umberto Eco, será a pró-
que nossa autora assimila à interdição
pria base de sustentação do argumento
edípica que impede a mistura (união)
de Chasseguet-Smirgel sobre o sentido
entre o filho e a mãe. Ora, o imperativo
do ato do perverso. Para demonstrá-lo,
sadeano, sabe-se, é exatamente a mis-
é necessário iniciar pelo duplo sentido
tura a indiferenciação com vistas à
do qualificativo diabólico que ela atri-
desconsideração da proibição do inces-
bui à perversão.
to, que se estende à recusa de toda e
Foi a partir do século IV que a figu-
qualquer diferença sexual e geracional6 .
ra de Lúcifer passou a freqüentar a tra-
dição cristã. Desde então, tornou-se
personagem recorrente das heresias 6 Era justamente no culto de Astartéia, deusa do
gnósticas, representando o mestre e o amor, da fertilidade e das colheitas (citado por
Freud na carta a Fliess, juntamente com o culto
modelo dos que se rebelam contra o de Moloch, como exemplo de religião do diabo),
Criador (Chasseguet-Smirgel, 1984, que se cozinhava o filhote no leite de sua mãe.
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Perversão e neurose obsessiva: notas comparativas
Aqui nos aproximamos de mais um das: cada qual passaria a se reproduzir a
ponto relevante no diferencial entre o partir de cruzamentos restritos entre
neurótico obsessivo e o perverso, que é seus exemplares, ficando impedida a
exatamente a relação que cada um de- hibridação. Ou, uma vez cruzados ani-
les mantém com o par antagônico mis- mais de espécies diferentes, a cria (o hí-
tura/separação. As interdições são, por brido) torna-se estéril, incapaz de repro-
excelência, fundadas no princípio da duzir-se.
divisão e da separação, tal como apare- O duplo caráter de Lúcifer manifes-
ce nitidamente no mecanismo defensi- ta-se no hybris, portanto, à medida que
vo do isolamento na neurose obsessiva, o orgulho, o descomedimento, o dese-
ao contrário do que sucede na perver- jo de roubar o poder de Deus, a
são. A imposição de proibições alimen- hibridação se expressam na mistura, o
tares na história da religião pode ter sido, desejo de retornar ao caos original de
de acordo com Chasseguet-Smirgel, uma onde jorrará uma nova realidade
luta do monoteísmo judaico contra o (Chasseguet-Smirgel, 1984, p.223). Este
paganismo, luta que, inicialmente de é o universo sadeano, revelador da ideo-
ordem externa, teria ganhado contornos logia psíquica própria da perversão. As
intrapsíquicos. doutrinas gnósticas não propunham ou-
Concluindo de modo bastante sin- tra coisa senão a abolição da separação
tético, nossa autora dirá que a proibi- entre Deus e o homem, cuja fusão seria
ção é um reflexo do conflito entre as for- a expressão imaginária de um retorno do
mas matriarcais e as formas patriarcais da filho ao interior da mãe, recusando a lei
sociedade (p.218). É assim que a mistu- paterna. A religião impõe a lei e pode
ra da carne com o leite simbolizaria a proibir aquilo a que o gnóstico se dá o
fusão entre mãe e filho, com a exclusão direito. No entanto, ela não pode abolir
do pai. Na neurose obsessiva a percep- o desejo e a tentação, tal como a lei do
ção do desejo, submetida ao recalque, pai não impede no neurótico obsessivo
conduz à formação oposta de um impe- a manifestação inconsciente de desejos
rativo de separação. Embora o impulso pré-genitais e edípicos.
sexual tenha uma gênese sádico-anal Quanto ao tabu de tocar, ele foi lar-
e, neste sentido, não difere do impulso gamente explorado por Freud (1913) em
perverso , as técnicas defensivas são Totem e Tabu, inclusive na semelhan-
vigorosamente ativadas, dando origem, ça estrutural entre o tabu dos povos pri-
no plano físico, ao tabu de tocar, cujo mitivos a proibição de tocar o totem
correlato, no plano psíquico, é o meca- ou de comer o animal-totem sagrado
nismo do isolamento. Chasseguet-Smirgel e o tabu particular do neurótico obses-
prossegue no paralelo entre a neurose sivo, que eleva certas proibições à posi-
obsessiva e a religião neste quesito, re- ção de lei incoercível. No domínio da
correndo às figuras da separação na ex- perversão, o sentido atribuído ao tocar
plicação bíblica das origens do mundo. por Chasseguet-Smirgel é o de profana-
Conforme consta no livro do Gênesis, ção do sagrado. No plano da cultura, o
Deus criou o mundo dando ordem ao tabu de tocar será quebrado apenas em
caos que então reinava, em uma opera- ocasiões especiais, sob licença da pró-
ção essencialmente de separação, entre pria lei, como no caso prototípico do
a luz e as trevas, o dia e a noite, o banquete totêmico. É a distensão ne-
firmamento e as águas e assim por dian- cessária para que se suporte o peso da
te. Uma particular separação foi feita lei, como justifica Freud tendo em vista
entre as espécies vivas que foram cria- o princípio econômico.
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Perversão e neurose obsessiva: notas comparativas
O tocar, que assume um caráter im- tório o pensamento ocupa uma parte do
pulsivo na perversão, é, pois, sujeito a funcionamento humano antes totalizado
inibições e proibições na neurose obses- no ato, assim como na criança parte do
siva. Transforma-se em tabu. Um paci- princípio do prazer cede lugar ao prin-
ente perverso que tive7 contava-me de cípio de realidade. E no neurótico, par-
sua especial predileção pela prática se- ticularmente no obsessivo, completa
xual com mecânicos e borracheiros su- Freud, o pensamento pode se constituir
jos de graxa, com o intuito de ver de- como um substituto completo do ato.
pois, em seu próprio corpo e em sua rou- Por esta razão, talvez seja impreciso, sob
pa, as marcas de sujeira. Estas eram lem- o ponto de vista teórico, designar com o
brança e prova do contanto físico entre mesmo termo o ato e a ação obsessiva.
os corpos8 . Já um outro paciente, que Se o pensamento substitui e se contra-
apresentava aspectos obsessivos bem põe ao ato, o neurótico obsessivo é aque-
claros, sempre que recebia seu carro das le que não atua (acts-out); pelo contrá-
mãos de manobristas, costumava passar rio, ele vive à margem do ato, domina-
uma flanela no volante antes de ali en- do pelo processo do pensamento. Seu
costar suas mãos, pois sentia repulsa pela ato seria, então, um ato psíquico, es-
sujeira que eles ali haviam deixado. O truturalmente diferente do acting-out.
desejo do contato tocar homossexu- Freud (1909) busca caracterizar as es-
al é patente em ambos os casos, mas o truturas obsessivas exatamente pelo
ato dele decorrente assume aspectos pensar obsessivo: elas seriam desejos,
opostos. Freud (1926) associou o meca- tentações, impulsos, reflexões, dúvidas,
nismo defensivo do isolamento, peculiar ordens ou proibições (p.223). Portan-
à neurose obsessiva, ao tabu de tocar, isto to, há que se distinguir o estatuto da
é, entrar em contato corporal seja ação obsessiva do ato perverso.
agressivo ou sensual com o objeto. O ato propriamente dito, que pres-
Como defesa psíquica, o isolamento im- supõe a insuficiência do processo de pen-
pede que idéias se toquem. samento, estaria presente, então, na per-
O tocar é, por excelência, ato. E no versão e nas formas de psicopatologia
princípio foi o ato, diz Freud (1913, afins, em que o caráter impulsivo pre-
p.191) em Totem e Tabu, parodiando domina. Otto Fenichel é um autor que
o livro do Gênesis que diz que no prin- se preocupou com esta distinção, pos-
cípio foi o Verbo. No processo civiliza- tulando uma diferença estrutural entre
o fenômeno da compulsão e o da
impulsão. Apesar de o perverso e o ob-
7 Este caso está narrado tanto em meu livro sessivo sentirem-se compelidos a reali-
Perversão (Ferraz, 2002) quanto no artigo A zar ações, a maneira com que experi-
possível clínica da perversão (Ferraz, 2000).
8 Exemplifico o tocar, neste caso, como operação mentam seus impulsos é diferente, e a
de profanação, em razão da história do paciente, esta diferença manifesta entre impulsão
que não cabe ser aqui relatada em detalhes. e compulsão deve corresponder uma di-
Apenas gostaria de marcar o fato de que, na
infância, sua mãe o obrigava a vestir-se de branco ferença estrutural entre as duas forma-
quando ele saía para brincar na vila em que ções psicopatológicas. Fenichel (1945)
morava; ela exigia ainda que ele não sujasse sua afirma que enquanto o neurótico obses-
roupa, que permanecesse imaculado. Ao dar
relevo ao caráter de profanação, entretanto, não sivo sente-se forçado a fazer uma coisa
quero negligenciar um nível mais regredido do que não gosta de fazer, ou seja, é compe-
sintoma do paciente perverso, expresso pela lido a usar a sua volição contra os seus
importância da sensorialidade cutânea (Ahumada,
1999) no reasseguramento egóico obtido por meio próprios desejos, o perverso, por sua
do tocar. vez, sente-se obrigado a gostar de uma
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Perversão e neurose obsessiva: notas comparativas
coisa, mesmo contra a sua vontade É assim que, na neurose obsessiva,
(p.303). a defesa acaba sendo sexualizada e, de
No caso da compulsão do neurótico modo indireto e disfarçado, coloca-se a
obsessivo, segundo Fenichel, não se al- serviço das gratificações pré-genitais
tera o fato de que o ego governa a recalcadas. Ainda no Homem dos Ra-
motilidade, sem se sentir, porém, livre no tos, Freud diz que os atos obsessivos ten-
uso da sua força orientadora, mas tendo dem a se aproximar cada vez mais (...) dos
de usá-la conforme certo comando estra- atos infantis de caráter masturbatório,
nho de agência mais poderosa, que lhe con- acrescentando que quanto mais tempo
tradiz o juízo. É obrigado a fazer e a pen- persistir o distúrbio, mais evidente isto se
sar, ou a omitir certas coisas, sob pena de torna (p.245). Portanto, a função do sin-
sentir-se ameaçado por perigos terríveis toma, que seria afastar o ego da realiza-
(p.251). Ora, no caso da impulsão per- ção do desejo proibido, passa a ser a de
versa não ocorre uma formação sinto- realização disfarçada daquele mesmo
mática ruidosa como tal para o ego. O desejo. Ou seja, a força do desejo sexual
ato não passa por este trâmite entre as recalcado transfere-se para a medida
instâncias psíquicas. Ainda que algum protetora. Ou, de acordo com Fenichel
sentimento de culpa possa opor-se ao (1945), as compulsões são obsessões que
impulso, este é em geral experimentado ainda se sentem como impulsos; são tam-
como ego-sintônico, realizado com a bém derivados; e a respectiva intensidade
expectativa de obtenção de prazer. também exprime a intensidade dos impul-
Chegamos, assim, a um ponto teórico sos rejeitados (p.252).
bastante interessante que concerne à na- É no texto Inibições, Sintoma e
tureza e à função do sintoma neurótico. Ansiedade que encontraremos, em
Esquematicamente, como acabamos de Freud (1926), o exame conclusivo des-
concluir, o sintoma obsessivo conduz ao te processo: Os sintomas que fazem par-
desprazer que pode ser até mesmo ex- te dessa neurose (obsessiva) se enquadram,
tremo enquanto que o sintoma perver- em geral, em dois grupos, cada um tendo
so é vivido como prazeroso, até mesmo uma tendência oposta. São ou proibições,
como um êxtase de gozo. Mas a economia precauções e expiação isto é, negativos
do sintoma não é algo que caiba em um quanto à natureza ou são, ao contrário,
esquema assim tão simples. Vejamos. satisfações substitutivas que amiúde apa-
No que concerne à natureza do sin- recem em disfarce simbólico. O grupo de-
toma, trata-se de uma formação de com- fensivo, negativo dos sintomas, é o mais
promisso entre desejo e censura. No caso antigo dos dois, mas à medida que a doen-
do Homem dos Ratos Freud (1909) ça se prolonga, as satisfações, que zombam
reiterava sua fórmula geral do sintoma de todas as medidas defensivas, levam van-
neurótico dizendo que os atos obsessi- tagem. A formação de sintomas assinala um
vos verdadeiros (...) só se tornam possíveis triunfo se consegue combinar a proibição
porque constituem uma espécie de reconci- com a satisfação, de modo que o que era
liação, na forma de um acordo, entre os originalmente uma ordem defensiva ou proi-
dois impulsos antagônicos (p.245). Por- bição adquire também a significância de
tanto, uma das faces do sintoma será a uma satisfação (p.135).
da satisfação substitutiva do impulso Na neurose obsessiva, portanto, o
original que deu origem ao próprio sin- sintoma cede cada vez mais espaço à
toma. Por esta razão é que, em uma de satisfação substitutiva, driblando as-
suas definições, o sintoma foi conside- sim a frustração. Diz Freud (1926) que,
rado como o ato sexual do neurótico. se o sintoma representava, em sua ori-
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Perversão e neurose obsessiva: notas comparativas
gem, uma restrição para o ego, ele passa lutavelmente à tona. Mas isto não é o
a representar uma satisfação, em razão mesmo que um ato agressivo ou assassi-
da tendência do ego à síntese. É eviden- no desfechado contra o objeto. O sinto-
te, no entanto, que o sintoma é uma rea- ma obsessivo, portanto, aproxima-se da
lização simbólica do desejo, privada do satisfação da hostilidade ou das moções
caráter francamente sexual (de descar- pulsionais sádico-anais apenas de modo
ga) do perverso. Portanto, o resultado assintótico. Seu movimento em direção
final deste processo é um ego extrema- ao ato bem poderia ilustrar o paradoxo
mente restringido, que fica reduzido a pro- de Zenão, segundo o qual há sempre
curar satisfação nos sintomas (p.141). uma outra metade do caminho a ser per-
No ato obsessivo, a semente da corrida... E é precisamente esta lei do
desobediência se oculta sob a defesa. Na funcionamento neurótico, quando jus-
religião de tradição ritualizada este tra- taposta ao funcionamento do perverso,
ço, como lembrança inconsciente de sua que nos dá a medida da diferença estru-
etapa gnóstica, também está presente, tural entre as formações psíquicas de-
na figura da tentação, que, de acordo com
correntes do recalque e aquelas decor-
Chasseguet-Smirgel (1984) é o germe da
rentes da recusa. ϕ
substituição da efusão pela separação, do
sentimento oceânico pela interdição moral
(p.237). Ora, é exatamente a gnose que
Abstract
desenvolve esta tendência à tentação.
Para encerrar, poderíamos nos inda- This paper focuses on the comparison
gar se na neurose obsessiva, afinal, a between certain aspects of obsessive
sexualização da defesa e a vazão da hos- neurosis and perversion. It aims at develo-
tilidade ao objeto verificadas em sua ping a line of thought proposed separately
cronificação nos permitiriam pensar que by Guy Rosolato and Janine Chasseguet-
estaríamos, enfim, diante do ato (acting), Smirgel: the former states that perversion
contrariando a distinção proposta entre relates to gnosis like obsessive neurosis re-
o ato na perversão e a ação obsessiva. lates to a religion of ritualized tradition;
Contudo, penso que não, pois ainda que the latter poses the following comparison:
o sexual e o hostil extravasem no sinto- If obsessive neurosis is a private religion,
ma, sua manifestação não é direta, per- then perversion is equivalent to a Devil
manecendo simbolizada sob o recalque. religion. The conclusion is that the
E, como enfatiza Freud (1926), a vida obsessive symptom, unlike the characteristic
sexual do obsessivo segue restrita, sen- acting of perversion, only approaches the
do o prazer fruído, de um modo prejudi- satisfaction of hostility or the anal-sadistic
cado, pela via do sintoma. drive in an asymptotic way. It is also
Quando o terrível não se insinua- concluded that this law of neurotic opera-
va quase autônomo na oração que o tion, when superimposed on to perverse
Homem dos Ratos fazia, transforman- operation, provides the just measure of the
do o Deus o proteja em Deus não o structural difference between psychic
proteja 9 , a intenção hostil vinha ine- formations resulting from repression and
from disavowal.
9 Freud (1909), no caso do Homem dos Ratos, relata
que seu paciente havia inventado uma complicada
oração, que podia chegar a ter uma hora e meia de
duração, porque em uma certa ocasião julgara que algo
estranho (um não) se inseria em suas preces, dando-
lhes um sentido oposto. Sua intenção inconsciente, que
havia sido reprimida, escapava, portanto, por meio
daquilo que lhe parecia uma intrusão estranha.
Reverso Belo Horizonte ano 27 n. 52 p. 11 - 20 Set. 2005 19
Perversão e neurose obsessiva: notas comparativas
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