ARAUJO CASSINI Direito À Educação Serviço, Direito e Bem Público
ARAUJO CASSINI Direito À Educação Serviço, Direito e Bem Público
ARAUJO CASSINI Direito À Educação Serviço, Direito e Bem Público
http://dx.doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.98i250.2891
Resumo
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Rev. bras. Estud. pedagog., Brasília, v. 98, n. 250, p. 561-579, set./dez. 2017.
Gilda Cardoso de Araújo
Simone Alves Cassini
Abstract
Contributions for the advocacy of public school as guarantor of the right
to education: conceptual inputs for the understanding of education as
service, right and public good
Introdução
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Contribuições para a defesa da escola pública como garantia do direito à educação:
aportes conceituais para a compreensão da educação como serviço, direito e bem público
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Contribuições para a defesa da escola pública como garantia do direito à educação:
aportes conceituais para a compreensão da educação como serviço, direito e bem público
após a promulgação da público no qual o Estado teria maior interferência e controle e, para isso,
Constituição de 1946, que não bastava enunciá-la como direito, era preciso adaptar a legislação para
previu a elaboração de uma
Lei de Diretrizes e Bases assim caracterizá-la segundo a noção jurídica de serviço público, que
da Educação Nacional, foi
reavivado o debate sobre a interfere no modo de agir do Estado.
educação que já havia sido O conceito de serviço público se modifica de acordo com a necessidade
polarizado, na década de 1930,
por dois blocos distintos: e as contingências políticas, econômicas, sociais, culturais e o momento
de um lado educadores
comprometidos com os ideais histórico de cada sociedade. Um exemplo dessa modificação é a interpretação
da Escola Nova, defendendo a dada pelo doutrinador Hely Lopes Meirelles à educação. Em sua obra Direito
escola pública, laica e comum;
e de outro lado, os defensores administrativo brasileiro, traduziu o ensino, quando prestado por particular,
da iniciativa privada, que teve
como principal protagonista a por “desprovido da natureza jurídica de serviço público”, interpretação que
Igreja Católica. adotou até o ano de 2009.
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O relator deixou claro, em seu voto, que o julgamento não era sobre
matéria que tratava de educação, mas de contrato. Assim, defendeu ser
a educação um serviço público. Essa interpretação não foi unânime no
Tribunal. O ministro Carlos Britto discordou dos argumentos do relator,
afirmando não conceber a educação nem a saúde como serviços públicos
e, diferentemente de Eros Grau, votou contra a procedência da ação
por considerar ser de competência do Estado legislar sobre matéria de
responsabilidade de dano ao consumidor. Isso demonstra que as concepções
de serviço público são distintas, havendo divergências dentro do próprio
Judiciário.
Convergindo com as ideias de Grau (2008) e Meirelles (2010), Di
Pietro (2012), ao estudar a evolução do conceito de serviço público, conclui
que houve uma ampliação na sua abrangência para que fossem incluídas
atividades de natureza comercial, industrial e social. Contudo, é a lei que
define as atividades consideradas serviço público. Assim, é complexo avaliar 6
Di Pietro (2012) concebe a
qual o melhor conceito a ser adotado, pois ora a legislação utiliza o conceito educação como serviço
público não exclusivo do
no sentido amplo, ora no sentido restrito. Estado, “próprio” quando por
Com esses argumentos, a autora distingue serviço público das demais ele executado, e “impróprio”
quando autorizado ao
atividades administrativas de natureza pública, conceituando-o como particular. Argumenta tratar-
se de “público” porque atende
“atividade material que a lei atribui ao Estado para que exerça diretamente às necessidades coletivas,
ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente mas “impropriamente
público” porque não tem a
as necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público gestão direta ou indireta do
(Di Pietro, 2012, p. 106)”.6 Estado.
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como direito nas legislações (Oliveira, 1999; Duarte, 2004; Cury, 2002),
podemos afirmar tratar-se de leis que, embora o propósito seja garantir os
direitos fundamentais, limita-os ao mínimo estabelecido pelo Estado. É nessa
perspectiva que retomamos o problema dos direitos fundamentais apontado
por Bobbio (1992, p. 24), ou seja, o “modo mais seguro para garanti-los”.
A característica de direito público subjetivo não tem se constituído
como modo de garantia do direito à educação, pois se trata de instituto
limitador do direito de exigibilidade do cidadão contra o Estado, uma vez
que revela a adoção legislativa do princípio da “reserva do possível”,10
evidenciando a inadequada interpretação que resultou na má aplicação
desse princípio no Direito brasileiro. Para Krell (2002, p. 52, grifo nosso),
essa situação
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pode ser excluído, não há incentivos para que as pessoas paguem por
esse bem. (Barros et al., 2007, p. 8).
Considerações finais
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Referências bibliográficas
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