Era Uma Vez... Entre Sons, Músicas e Histórias
Era Uma Vez... Entre Sons, Músicas e Histórias
Era Uma Vez... Entre Sons, Músicas e Histórias
Resumo: O texto apresenta ideias para o Once upon a time… Between sounds,
ensino de música na educação básica a partir songs and stories
da sonorização de histórias, sendo abordadas
diferentes perspectivas para o trabalho do Abstract. The text presents ideas for music
professor especialista e não especialista em teaching in basic education from music
música. Atividades com histórias são um meio stories, being addressed different perspectives
eficiente de desenvolver conteúdos musicais, to the work of specialist and not specialist
envolvendo e motivando as crianças para o music teacher. Activities with stories are an
fazer musical. A proposta possibilita integrar efficient mean to develop musical contents,
diferentes tipos de histórias a atividades involving and motivating children to the
de composição, apreciação e performance, musical experience. The proposal makes it
potencializando o desenvolvimento da possible to integrate different types of stories
expressão, percepção, interpretação e to the compositional activities, appraisal and
criatividade em música. As histórias performance, leveraging the development
sonorizadas representam ainda um meio of expression, perception, interpretation
de articular as linguagens artísticas em uma and creativity in music. The musical stories
proposta curricular integrada. still represent a mean to articulate artistic
languages in an integrated curriculum
Palavras-chave: educação musical; música proposal.
na escola básica; histórias sonorizadas
Keywords: musical education; music at the
basic school; music stories
REYS, M. C. D. Era uma vez... Entre sons, músicas e histórias. Música na Educação Básica,
v. 3, n. 3, p. 68-83, 2011.
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MÚSICA na educação bбsica
grupo pode significar uma necessidade, pois a grafia permite lembrar uma sequência de
acontecimentos sonoros, quais os materiais/instrumentos utilizados, além de outros de-
talhes como caráter expressivo, nuanças de dinâmica, informações sobre altura, duração
dos sons, mudanças de timbre, entre outros.
Você sabia…
… que a notação musical tradicional foi inventada por
um monge beneditino italiano chamado Guido d’Arezzo
pela necessidade de registrar com maior precisão os hinos
religiosos? Ele também deu o nome às sete notas musicais a
partir da letra do hino a São João Batista:
Ut queant laxis
Resonare fibris
Mira gestorum
Famuli tuorum
Solve polluti
Labii reatum
Sancte Johannes
Com base em estudos de Vygotski, Frederico (2007, p. 5) lembra ainda que a gra-
fia musical como parte do processo de sonorização de histórias tem valor ao exercitar
a criatividade e construir conhecimento musical, não importando como “escrevem as
crianças, mas sim que elas mesmas são suas autoras, as criadoras, que se exercitam na
imaginação criadora, na sua materialização”.
Recursos materiais
Certa vez, em uma escola que eu trabalhava, havia uma professora muito louca, de
cabelos vermelhos e riso fácil. Ela era responsável pela “hora do conto” e em sua sala ha-
via, entre outras coisas, um baú. Eu acho que esse baú era meio mágico, pois dele saiam
coisas inacreditáveis! Minha sala ficava ali perto e às vezes eu tinha era vontade de errar
de sala, só para ver o que é que havia escondido no baú.
*
1. Pode-se conseguir um ótimo efeito sonoro construindo
instrumentos com material reciclável.
Dedoches de feltro.
Clássicos infantis
Eu não poderia começar de outro jeito, senão lembrando as histórias da minha infân-
cia. Quando comecei a trabalhar como educadora musical, fiz o que imagino que muitos
professores fazem, recorri às memórias. Lembrei das aulas de música na pré-escola, das
brincadeiras de roda, das bandinhas e das canções. Lembrei também dos disquinhos
coloridos que meu pai comprava para mim.
Estas são duas das minhas histórias preferidas, dê uma espiada e é claro, preste aten-
ção às possibilidades sonoras e às músicas, elas são sucesso garantido!
Sites
http://www.4shared.com/account/file/92336003/a47c8e6f/disquinho_-_O_Cabra_Ca-
brez.html
http://www.4shared.com/account/file/131694005/cf275ab0/disquinho_-_O_lobo_e_
os_tres_cabritinhos.html
Uma história antiga e cheia de sons, boa para começar a aventura. Você pode utilizar
um livro, contar a versão que mais gosta ou ainda usá-la para criar outra. Experimente
usar lixas para produzir o som do serrote, pauzinhos, plásticos ou jornais. Além de explo-
rar os timbres e outros materiais da música, é possível trabalhar conteúdos como caráter
expressivo e forma. Não se esqueça das muitas possibilidades a partir de sons vocais e
corporais que os alunos podem criar.
Voice
Frè re Jac ques Frè re Jac ques Dor mez vous? Dor mez vous?
5
Son nez les ma ti nes Son nez les ma ti nes Ding Ding Dong Ding Ding Dong
O trem de ferro
Quando sai de Pernambuco
Vai fazendo fuco-fuco
Até chegar no Ceará
Você sabia que o tema “trem” tem inspirado muitos artistas e gerado
inúmeras obras de arte? Que tal criar ou viajar com outros trens?
Maria fumaça, de
Trenzinho, de Cecília Cavalieri França
João Gilberto
O trenzinho do caipira,
O trem de ferro, com
de Villa-Lobos com letra
poema de Manuel
O trenzinho do caipira, de Ferreira Gullar, na
Bandeira e música de
de Heitor Villa-Lobos voz de Zé Ramalho
Tom Jobim
Criando histórias
Trago aqui o relato de uma experiência junto a um grupo de alunos
de musicalização na faixa etária de 6 a 7 anos de idade. Havia preparado
a aula e daria continuidade ao assunto da semana anterior. Duas das mi-
nhas alunas, entretanto, haviam assistido na véspera ao filme Tubarão².
Estavam muito impressionadas com a história do filme e relatavam como
o tubarão atacava as pessoas na praia. Após ouvi-las tentei iniciar a aula
como de costume, mas logo percebi que o tema trazido por elas interes-
sava a todos e poderia ser explorado a fim de podermos dar continuidade
ao trabalho de musicalização. Foi então que propus que fizéssemos a “nossa”
história do tubarão. Como esperado, a proposta foi imediatamente aceita e des-
pertou grande interesse da turma.
* 2. Filme de Steven Spielberg, baseado no romance de Peter Benchley, com trilha sonora de John Williams.
3. O termo “paisagem sonora”, divulgado pelo compositor e educador Murray Schafer na década de 1960, refere-se às características sono-
ras de um determinado ambiente, ou seja, cada ambiente tem sua própria paisagem sonora. Para Schafer (2001), o termo pode referir-se
a ambientes reais ou a composições musicais que retratam um ambiente.
Figura 4. Ataque
do tubarão.
Figura 5.
Barco salva-vidas.
Preciosidades
Mil pássaros
Palavra Cantada
http://www.4shared.com/get/8TEiy5rv/
Contos, cantos
Audiolivro-Doze_lendas_brasile.html e acalantos
Lá vem história
http://repertoriosinfonico.blogspot.com/2007/07/prokofiev-alexandre-pedro-e-o-
lobo.html
Referências
BOZZETTO, A. A música do Bambi: da tela para a aula de piano. In: SOUZA, J. (Org.).
Música, cotidiano e educação. Porto Alegre: UFRGS, 2000. p. 107-118.
FREDERICO, R. O conto sonoro, uma forma de explorar a escrita musical. In: CON-
GRESSO DE LEITURA DO BRASIL, 16., 2007, Campinas. Anais… Campinas: Unicamp,
2007. Disponível em: <http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/
sem13pdf/sm13ss18_02.pdf.>. Acesso em: 30 nov. 2010.