Subsídios À Históri A D O Pequeno Comércio N O Brasil
Subsídios À Históri A D O Pequeno Comércio N O Brasil
Subsídios À Históri A D O Pequeno Comércio N O Brasil
COMÉRCIO N O BRASIL .
LUIZ R. B. MOTT
do Departamento de Ciências Sociais da Universidade
Estadual de Campinas
Salvo erro, esta é a primeira referência (assim mesmo não muito explí-
cita), da realização de feiras ou mercados numa cidade do Brasil.
Este documento deixa claro dois pontos de muita importância:
que certos produtos
"que levam destes Reinos a vender ordinariamente na Bahia,
como vinhos da Ilha da Madeira e das Canárias, muitas sedas,
panos de toda sorte, drogas e todas as mais mercadorias acostu-
madas, mantimentos da Espanha", eram vendidos "em várias
ruas muito formosas ocupadas com logeas dos mercadores". Os
demais "mantimentos vindos das roças que ficam a uma ou duas
léguas ao redor da cidade", eram vendidos "à praça desta cidade".
"Faço saber aos que este meu bando virem, que tendo res-
peito a me representar a Câmara desta vila do Carmo, que os
mineiros do distrito delas recebiam grande prejuízo na permissão
que havia para venderem as negras de taboleiros pelas lavras e
faisqueiras, incitando aos escravos a que lhe comprem com ter-
mos escandalosos, e alem de gastarem nesta profissão os jornais
de seus senhores e cometerem várias ofensas contra Deus Nosso
Senhor, e desejando eu dar providência necessária para que se.
Vinte anos mais tarde, parece que a situação na Bahia era ainda
mais drástica:
"A moeda que tem esta Praça, é toda estrangeira, e são
selos, meios selos, e quartos. E não é muita, nem da melhor,
tanto no peso como na qualidade da prata. E da moeda portu-
guesa, temos somente tostões e meio tostões antigos, que hoje
valem 240 e 120. E a outra moeda miúda é tão pouca, que se
pode reputar por nenhuma, de que nasce a geral queixa da
pobreza e povo, que nos obriga a que em seu nome apresentemos
Foi com vistas a contornar tal carência, que El Rei permitiu que
na região das minas fosse utilizado o ouro quintado como meio de
circulação (64). Contudo, não satisfeitos com isso, os mineiros pas-
sam a fazer suas transações comerciais utilizando-se do ouro em pó a
fim de pagar aos mercadores. Novo Bando de S. Majestade:
"Quando não se havia ainda cunhado moedas suficientes,
permitiu-se o uso do ouro em pós e em folhetas para o trato e
comércio da Capitania. Mandou El Rei lavrar moedas para evi-
tar o gravíssimo prejuizo que resulta à real Fazenda de correr o
ouro em pó e extrair-se para fora das Minas sem pagar o quin-
to... Determina-se que nenhuma pessoa possa vender, comprar
ou trespassar ouro algum de qualquer qualidade" (65).