Abdome

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Propedêutica do

Mirella Bispo
MED 103
2019.2

Abdome
Referenciais Anatômicos
◊ Rebordas costais, ângulo de Charpy, cicatriz umbilical, cristas e espinhas ilíacas
anteriores, ligamento inguinal (ou de Poupart) e a sínfise púbica;
◊ Pele, tecido celular subcutâneo, processo xifoide, umbigo, ligamento inguinal e
músculos retoabdominais.

Regiões do Abdome
◊ Limite superior: linha circular que passa pela junção xifoesternal e pelo processo
espinhoso de T7;
◊ Limite inferior: linha circular que passa pelo processo espinhoso de L4, cristas ilíacas,
espinhas ilíacas anteriores, ligamentos inguinais e sínfise púbica;
◊ Divisão em 4 quadrantes: linha vertical e horizontal que se cruzem
perpendicularmente na cicatriz umbilical;
◊ Divisão em 9 regiões: linha horizontal bicostal, a qual une os dois pontos de encontro
da LHC com a reborda costal; linha horizontal biilíaca, que une as duas espinhas ilíacas
anterossuperiores; duas linhas costais curvas acompanhando as rebordas costais da
base do apêndice xifoide até a LAM; duas linhas oblíquas ligando o ponto de encontro
da LHC com a reborda costal ao tubérculo do púbis; duas linhas oblíquas unindo as
espinhas ilíacas anterossuperiores com o tubérculo do púbis;
◊ Andar superior e inferior; baixo ventre = hipogástrio e suas imediações; hemiabdome
direito e esquerdo.

Projeções dos órgãos na parede torácica e abdominal


◊ Variam de acordo com idade, biótipo, estado de nutrição e posição do paciente;
◊ Fígado: limite superior delimitado pela percussão e marcado pelo encontro da
submacicez (5º ou 6º EIC); limite inferior delimitado pela palpação, se afastando no
máximo 1 cm da reborda costal na LHC e entre 3 a 5 cm do vértice do ângulo de
Charpy, alcançando a reborda costal esquerda;

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◊ Em condições normais, o baço não é percutível, a área esplênica apresenta som
timpânico (espaço de Traube), não sendo palpável o polo inferior do baço.

Inspeção
◊ Investigar pele e lesões elementares, tecido celular subcutâneo, musculatura,
circulação venosa colateral superficial, coloração da pele, presença de estrias,
manchas hemorrágicas e distribuição dos pelos;
◊ Investigar a existência de solução de continuidade.
◊ Diástase do músculo reto abdominal paciente em decúbito dorsal contrai a
musculatura abdominal, seja elevando as duas pernas estendidas, seja levantando a
cabeça sem mover o tórax. Essa manobra também serve para investigar a presença
de hérnias, além da manobra de Valsalva;
◊ Forma e volume do abdome
- Variam de acordo com a idade, o sexo e o estado de nutrição; surgem em
decorrência de alterações intra-abdominais ou da própria parede abdominal;
- Atípico ou normal: simétrico e levemente abaulado com grandes variações;
- Globoso ou protuberante: globalmente aumentado, diâmetro anteroposterior maior
que transversal; gravidez avançada, ascite, distensão gasosa, obesidade,
pneumoperitônio, obstrução intestinal, grandes tumores policísticos do ovário e
hepatoesplenomegalia volumosa;
- Em ventre de batráquio: paciente em decúbito dorsal, diâmetro transversal maior
que anteroposterior; ascite em regressão;
- Pendular ou ptótico: paciente em pé, protrusão na parte inferior do abdome devido a
pressão das vísceras neste local; flacidez do abdome no período puerperal, pessoas
emaciadas;
- Em avental: consequência do acúmulo de tecido gorduroso na parede abdominal,
pendendo como um avental sobre as coxas do paciente e torna-se mais evidente
quando em pé; obesidade de grau elevado;
- Escavado, escafoide ou côncavo: retração da parede abdominal; pessoas muito
magras, portadoras de doenças consuntivas (neoplasias malignas do sistema
digestivo);
◊ Cicatriz umbilical: normalmente é plana ou levemente retraída; protusão geralmente
indica aumento da pressão intra-abdominal (existência de hérnia ou de acúmulo de
líquido na região); na gravidez ocorre aplanamento ou protrusão, onfalites (infecções
do umbigo) é frequente em crianças e podem acompanhar secreção serosa ou
seropurulenta;
- Sinal de Cullen: equimose periumbilical indica hemorragia retroperitoneal; pancreatite
aguda e ruptura de gravidez ectópica;
- Sinal de Gray-Turner: equimose dos flancos; pancreatite necro-hemorrágica,
indicando grave comprometimento da víscera;

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◊ Abaulamentos ou retrações localizadas: leve proeminência na parte média e inferior
do abdome é normal, assimetria e irregularidade deve ser identificada pela inspeção e
palpação (localização {dado semiológico fundamental}, forma, tamanho, mobilidade e
pulsatilidade); hepatoesplenomegalia, útero gravídico, aneurisma de aorta abdominal
(raro), megacólon chagásico quando apresenta fecaloma volumoso;
◊ Veias superficiais: padrão venoso pouco perceptível e quando visível pode
caracterizar circulação colateral (localização, sentido do fluxo, presença de frêmito
e/ou sopro;
◊ Cicatrizes da parede abdominal: localização, extensão e forma;
- Flanco direito: colecistectomia;
- Flanco esquerdo: colectomia;
- Fossa ilíaca direita: apendicectomia, herniorrafia;
- Fossa ilíaca esquerda: herniorrafia;
- Hipogástrio: histerectomia;
- Linha média: laparotomia;
- Região lombar: nefrectomia;
- Linha vertebral: laminectomia;
◊ Movimentos respiratórios: movimento no andar superior do abdome, caracterizando
a respiração toracoabdominal (principalmente em homens), costumam desaparecer
na inflamação do peritônio (rigidez da parede abdominal) e nas afecções dolorosas do
andar superior se inverte a forma de respiração para ser puramente torácica;
◊ Pulsações: podem ser observadas e palpadas em pessoas magras e quase sempre
refletem as pulsações da aorta abdominal; quando há hipertrofia de VD, podem surgir
na região epigástrica; aneurisma de aorta abdominal provocam pulsações na área da
dilatação;
◊ Movimentos peristálticos visíveis: ondas peristálticas vistas em pessoas magras na
ausência de qualquer anormalidade (movimentos rotatórios); diferencia peristaltismo
normal e anormal correlacionando com o quadro clínico; ocorrem espontaneamente
ou devido a manobra provocativa (piparotes); quando visíveis, indicam obstrução de
algum segmento do tubo digestivo (localização e a direção das ondas).

Palpação
◊ Paciente em decúbito dorsal e técnica da mão espalmada;
◊ Objetivo de avaliar o estado da parede abdominal, explorar sensibilidade, reconhecer
alterações das vísceras abdominais;

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◊ Em condições normais, não se consegue distinguir todos os órgãos abdominais pela
palpação; em pessoas magras e com abdome relaxado, podemos reconhecer o fígado, os
rins, a aorta abdominal, o ceco, o cólon transverso e o sigmoide; alças intestinais podem
ser palpáveis quando contém um volume gasoso apreciável.

Palpação Superficial
◊ Sensibilidade: consiste em palpar leve ou apenas roçar a parede abdominal com objeto
pontiagudo. Se houver dor, há hiperestesia cutânea; investigar características
semiológicas da dor com ênfase na localização e irradiação da dor, dor referida, pontos
dolorosos e contratura muscular involuntária localizada ou generalizada;
◊ Pontos dolorosos
- Gástricos: xifoidiano (abaixo do apêndice xifoide), cólica biliar e nas afecções de esôfago,
estômago, duodeno, como esofagites, úlceras e neoplasias; já o epigástrico (meio da linha
xifoumbilical), gastrite, processos ulcerosos e tumorais;
- Biliar ou cístico: ângulo formado pela reborda costal direita e a borda externa do m. reto
abdominal; comprime-se este ponto e pede ao paciente para inspirar profundamente e se
houver interrupção da inspiração devido a dor inesperada, caracteriza-se o sinal de
Murphy, que significa colecistite aguda;
- Apendicular ou de McBurney: extremidade dos 2/3 da linha que une a espinha ilíaca
anterossuperior direita ao umbigo; se a compressão do cólon descendente
retrogradamente (desloca ar em direção ao ceco) provoca sensação dolorosa, temos o
sinal de Rovsing, já se a descompressão brusca é que provoca a dor, temos sinal de
Blumberg, ambos indicando apendicite aguda; a descompressão brusca pode ser feita em
toda parede abdominal, sendo a dor indicativa de peritonite, porém não se denomina sinal
de Blumberg; teste do psoas (flexão ativa ou hiperextensão passiva do membro inferior
direito em decúbito lateral esquerdo) e teste do obturador (flexão passiva da perna sobre
a coxa e da coxa sobre a pelve com rotação interna da coxa com dor em hipogástrio);
- Esplênico: início do terço externo abaixo da reborda costal esquerda;
- Ureterais: borda lateral do m. reto abdominal no cruzamento com a linha horizontal que
passa pelo umbigo e no cruzamento com a linha horizontal que passa pelas espinhas ilíacas
anterossuperiores; palpação deve ser feita com mãos superpostas, comprimindo-se a
parede com as polpas digitais dos dedos indicador, médio, anelar e mínimo;
 DOR REFERIDA: ombro direito (colecistite), flanco direito ou esquerdo (dor pleurítica),
região escrotal (cólica renal, apendicite), epigástrio (infarto do miocárdio);
◊ Resistência da parede abdominal: em condições normais, é a de um músculo descontraído;
quando está contraído, diferenciar se é voluntária ou involuntária; para cessar uma
contração voluntária, deve-se desviar a atenção do paciente; já a contração involuntária
obedece a um reflexo visceromotor, cujo estímulo se origina no peritônio inflamado,
podendo ser localizada ou generalizada (abdome em tábua);

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◊ Continuidade da parede abdominal
- Diástase: separação dos mm. reto abdominais abaixo ou acima da cicatriz umbilical,
sendo possível inserir um ou mais dedos entre eles; quando o paciente está de pé e
faz esforço, uma porção do intestino penetra pela abertura; diferencia da hérnia
por não haver saco herniário nem anel palpável;
- Hérnia: alterações da parede abdominal caracterizada por uma solução de
continuidade por onde penetram uma ou mais estruturas intra-abdominais; quase
sempre protrusão do grande epíploo ou de alças intestinais por meio de defeitos
congênitos ou adquiridos; à inspeção nota-se tumefação e à palpação reconhece o
orifício; pedir ao paciente que tussa, pois o aumento da pressão intra-abdominal pode
tornar uma hérnia mais evidente; pode ser inguinal, femoral ou crural, escrotal,
umbilical, ventrolateral, incisional;
◊ Pulsações: podem ser visíveis e palpáveis ou só palpáveis, representam transmissão à
parede abdominal de fenômenos vasculares intra-abdominais; localização e
características táteis;
- Epigástricas: transmissão das contrações de VD hipertrofiado ou pulsações da aorta
abdominal;
- Aórticas: facilmente percebidas em pessoas magras; para caracterizar uma
dilatação aneurismática, é necessário além de pulsações, massa palpável ou
reconhecimento de alteração na forma do vaso.

Palpação Profunda
◊ Bimanual (técnica deslizante de Hausman) com mão dominante sobre não
dominante, aproveitar a expiração, investigar órgãos contidos na cavidade abdominal,
massas palpáveis e tumorações com suas características semiológicas:
- Localização: divisão mais conveniente;
- Forma e volume: designações comparativas;
- Sensibilidade: dor, sua localização, intensidade e comportamento durante a palpação;
- Consistência: sensação tátil, pode ser cística, borrachosa, dura ou pétrea;
- Mobilidade: ocorre em função dos movimentos respiratórios ou depende apenas da
palpação; quando é grande, costuma indicar presença de pedículo;
- Pulsatilidade: diferenciar as próprias das transmitidas;
◊ Em condições normais, não se consegue distinguir estômago, duodeno, intestino
delgado, vias biliares, colóns ascendente e descendente.

Palpação do Fígado
◊ Decúbito dorsal, parede abdominal relaxada;
◊ Semiotécnica: palpar hipocôndrio direito, flanco direito e epigástrio, partindo do
umbigo até a reborda costal. Em seguida, palpação junto à reborda com as mãos
ajustadas a parede abdominal sem fazer compressão na expiração e fazendo
compressão ao mesmo tempo que movimenta-se para cima na inspiração, a fim de
detectar a borda hepática;

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◊ Colocar a mão esquerda no nível da loja direita, forçando-a para cima, aproxima o
fígado da parede anterior do abdome (método de Lemos-Torres);
◊ Outra técnica: posiciona-se o paciente em decúbito semilateral esquerdo, enquanto
o examinador no lado direito, voltado para os seus pés. As mãos do examinador, cujos
dedos formam uma leve garra, repousam sobre o hipocôndrio direito e, em seguida,
coordena-se a palpação com os movimentos respiratórios do paciente. À inspiração,
quando o órgão se desloca para baixo, procura-se reconhecer sua borda (método de
Mathieu); utilizado em pacientes obesos;
◊ Fazer palpação da borda do fígado com face radial do indicador ou com face ventral
dos dedos e polpas digitais do mínimo, médio e anelar;
◊ Borda hepática
- Distância da reborda costal (cm ou dedos transversos; prolongamento da LHC): até
2 dedos transversos (pequenas hepatomegalias), em torno de 4 dedos transversos
(hepatomegalias médias), mais de 4 dedos transversos (grandes hepatomegalias, pode
alcançar a cicatriz umbilical ou quadrante inferior direito);
- Espessura: fina ou romba;
- Superfície: lisa ou nodular, sendo importante as características dos nódulos como
número, consistência (dura ou cística) e a sensibilidade; nódulos são formações
arredondadas e endurecidas, podem ser isolados/solitários (câncer primitivo do
fígado), esparsos (metástases) ou difusos (cirrose); podem ser micronódulos (menor
de 2 cm) ou macronódulos (maior de 2cm); cistos e abscessos são formações
nodulares não endurecidas que flutuam à palpação;
- Consistência: diminuída, normal ou aumentada;
- Sensibilidade: indolor ou dolorosa; a dor é provocada pelas condições patológicas que
estiram aguda e rapidamente a cápsula de Glisson;
◊ Hepatomegalia: aumento do volume hepático; toda hepatomegalia é palpável, mas
nem todo fígado palpável está aumentado de volume; em pessoas magras, palpa-se o
fígado durante a inspiração profunda e em pacientes visceroptóticos;
- Análise clínica apoia-se na inspeção, palpação e percussão conjuntamente com a
anamnese e o exame de circulação colateral, ascite, vesícula biliar palpável,
esplenomegalia e massas palpáveis na cavidade abdominal;
- Causas mais frequentes: insuficiência cardíaca direita, colestase extra-hepática
(benigna ou maligna), cirrose, fibrose esquistossomótica, hepatite, esteatose,
neoplasias e linfomas.

Palpação da Vesícula Biliar


◊ Palpável em condições patológicas: alteração na consistência das paredes (câncer
vesicular) ou aumento de tensão no seu interior por dificuldade de esvaziamento do
seu conteúdo (obstrução do ducto cístico {vesícula hidrópica} ou do colédoco);
- Regra de Courvoisier: vesícula biliar palpável em paciente ictérico é sugestiva de
neoplasia pancreática maligna, geralmente na cabeça do pâncreas;
- Na colelitíase e na colecistite aguda, não é palpável, mas sinal de Murphy.

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Palpação do Baço
◊ Mesma maneira que o fígado, porém, no quadrante superior esquerdo; solicitar
inspiração profunda;
◊ Caso não consiga palpar o baço, paciente na posição de Schuster: paciente em
decúbito lateral direito com a perna direita estendida e a coxa esquerda fletida
sobre o abdome num ângulo de 90º, ombro esquerdo elevado, colocando o braço
correspondente sobre a cabeça; então o examinador se posiciona diante do
paciente, pousando a mão esquerda com alguma pressão sobre a área de projeção
do baço como se quisesse deslocá-lo para baixo, enquanto a mão direita faz a
palpação, de modo que durante a inspiração, avança a mão em direção à reborda
costal;
◊ Não confundir a última costela, flutuante, com o baço;
◊ Distância entre a reborda costal e a extremidade inferior do baço ao longo da LHC
(cm ou dedos transversos) é a principal característica semiológica, permitindo avaliar
o volume dessa víscera;
◊ Geralmente, palpar o baço significa que está aumentado (esplenomegalia) e para que
se torne palpável, é necessário que dobre de tamanho;
◊ Encontra-se entre a 9ª e 11ª costela com distância de 5 cm entre a reborda costal e
sua extremidade inferior;
◊ Esplenomegalia
- Pequenas esplenomegalias (palpação do polo inferior logo abaixo da reborda costal
esquerda), grandes esplenomegalias (extremidade inferior ultrapassa a cicatriz
umbilical, causa abaulamento no flanco esquerdo);
- Em condições normais, não é percutível, porém todo baço aumentado é percutível,
mas nem sempre palpável; espaço de Traube;
- Causas: hipertensão portal, malária, calazar, doença de Chagas, esquistossomose,
anemias hemolíticas, leucemias, neoplasias, doença de Gaucher, artrite reumatoide,
lúpus eritematoso disseminado, cistos, amiloidose;
- Baço aumentado causa anemia, leucopenia e trombocitopenia (hiperesplenismo
seletivo ou global quando tem pancitopenia);
- Periesplenite: dor à palpação;
- Grandes esplenomegalias: forma hepatoesplênica da esquistossomose, cirrose,
calazar e leucemia mieloide crônica.

Palpação do Ceco
◊ Fossa ilíaca direita;
◊ Palpa-se deslizando a mão palpadora ao longo de uma linha que une a cicatriz
umbilical à espinha ilíaca anterossuperior; ao alcançar a borda interna do ceco, nota-
se uma súbita elevação; quando alcança a espinha ilíaca anterossuperior, sem retirar
a mão do local, o examinador encurva rapidamente seus dedos e repete a manobra
em direção oposta, procurando colocar o ceco para dentro, a fim de investigar seu
grau de mobilidade; tal manobra deve ser repetida mais de uma vez;

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◊ Ao deslizar a mão sobre a víscera, produzem-se ruídos hidroaéreos (borborigmos);
◊ O exame é difícil e pouco conclusivo em obesos e com paredes abdominais espessas;
◊ Manobra auxiliar: palpar com mão direito enquanto a esquerda exerce pressão sobre
o cólon ascendente a fim de obter maior repleção do ceco;
◊ Maior sensibilidade ou presença de massa palpável: processos inflamatórios crônicos
da região ileocecal ou os tumores do ceco.

Palpação do Cólon Transverso


◊ Em indivíduos magros ou com parede flácida;
◊ Desliza-se uma ou de preferência as duas mãos de cima para baixo e vice-versa;
◊ Localização variável, geralmente no mesogástrio como uma corda de direção
transversal.

Palpação do Sigmoide
◊ Segmento do TGI de mais fácil percepção no exame palpatório;
◊ Quadrante inferior esquerdo como uma corda de consistência firme e pouco móvel;
◊ No megassigmoide, a alça dilatada se alonga e se desloca para direita e para cima;
◊ Se contiver fezes, consistência varia de pastosa a pétrea.

Palpação dos Rins


◊ Em indivíduos magros, principalmente mulheres delgadas com parede abdominal
flácida, o polo inferior do rim direito é facilmente palpável e não deve ser confundido
com tumor abdominal;
◊ Paciente em decúbito dorsal ou decúbito lateral oposto ao que será examinado com
membros inferiores em semiflexão, a palpação é feita pelo método bimanual com
uma das mãos colocada transversalmente na região lombar, exercendo pressão
suave para projetar o rim para frente, enquanto a outra é aplicada
longitudinalmente sobre a parede abdominal na altura do flanco; no final da
inspiração, início da expiração, se intensifica a pressão de ambas as mãos para se
perceber a ascensão súbita do rim (captura do rim);
◊ Paciente respira tranquila e profundamente e, na inspiração, procura-se sentir a
descida do rim, cujo polo inferior possui superfície lisa, consistência firme e contorno
arredondado;
◊ Mão palpadora é homônima do lado palpado;
◊ Manobra do choque lomboabdominal: com a extremidade dos dedos que comprime a
região lombar realizam-se sucessivas e rápidas impulsões no nível do ângulo
costovertebral em direção à mão palpadora, que sente o choque do rim impelido para
frente;
◊ Os rins podem ser palpáveis sem uso dessas técnicas na nefroptose, tumor renal,
hidronefrose, malformações congênitas ou ectopia renal.

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Manobras Especiais
◊ Palpação bimanual deve ser realizada sempre que houver suspeita de resistência em
determinada área da parede do abdome para avaliar defesa localizada;
◊ Manobra do rechaço é própria para palpação de abdome globoso em decorrência de
ascite de grande volume, pois a palpação profunda torna-se impossível por conta da
rigidez e sua presença indica órgão ou tumor sólido flutuando em meio líquido;
◊ Manobra de patinhação para a pesquisa do sinal de vascolejo, que indica presença de
líquido no interior do estômago e desaparece após êmese;
◊ Sinal de Gersuny consiste em palpar o "tumor fecal" na topografia do sigmoide e,
quando presente, ouve-se ligeira crepitação devido ao ar interposto entre a parede
intestinal e o fecaloma.

Percussão
◊ Paciente em decúbito dorsal;
◊ Timpanismo (ar dentro de víscera oca, quase todo o abdome e mais nítido no espaço
de Traube), hipertimpanismo, submacicez (menor quantidade de ar ou superposição
de uma víscera maciça sobre alça intestinal) e macicez (ausência de ar);
◊ Determinação do limite superior do fígado e área de macicez hepática: 5º ou 6º EIC
corresponde ao limite superior, caso esteja abaixo, significa ptose ou redução do
volume, já o não encontro dessa macicez, significa acentuada atrofia, interposição
de alça entre fígado e parede costal e pneumoperitônio; sinal de Jobert consiste no
desaparecimento da macicez hepática, dando lugar a timpanismo e indica
pneumoperitônio ou interposição de cólon entre parede abdominal e fígado;
◊ Pesquisa de ascite de grande volume: abdome globoso, mais de 1500 ml, aumento da
resistência da parede abdominal e cicatriz umbilical torna-se plana ou protrusa;
percussão por piparote;
◊ Pesquisa de ascite de médio volume: quando o sinal do piparote é negativo, realiza-se
a macicez móvel dos flancos ou semicírculo de Skoda;
◊ Pesquisa de ascite de pequeno volume: menos de 500 ml; realiza-se piparote no baixo
ventre com o paciente em pé e com a bexiga vazia; ultrassonografia;
◊ Avaliação da sonoridade do abdome: paciente em decúbito dorsal, diferenciando som
timpânico do maciço; comparar regiões homólogas; obtém-se som maciço ao percutir
as áreas de projeção do fígado e baço.

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Ausculta
◊ Movimentação de gases e líquidos no TGI; receptor de diafragma;
◊ Em condições normais, ocorrem mais ou menos a cada 5 a 10 s ruídos agudos, de
localização variável e aparecimento imprevisível;
◊ Ruídos hidroaéreos tornam-se mais intensos por conta do aumento do peristaltismo
(borborigmos; diarreia e oclusão intestinal; peristalse de luta); já no íleo paralítico
ocorre o contrário;
◊ Além dos ruídos hidroaéreos, ouve-se sopros sistólicos ou sistodiastólico (contínuos)
que indicam estreitamento do lúmen de um vaso (artérias renais, aorta abdominal,
artérias ilíacas e artérias femorais) ou de fístula arteriovenosa;
◊ A partir do 5º mês de gestação, ouve-se os sons do coração fetal e ás vezes o
sopro placentário; estetoscópio obstétrico;
◊ Sinal da arranhadura hepática: hepatimetria auscultando diferenças de sons ao
utilizar tampa de caneta no hipocôndrio direito.

Coisas com nomes de pessoas


◊ Sinal da Sister Mary-Joseph: tumor metastático que acomete a cicatriz umbilical é
indicativo de neoplasia intra-abdominal disseminada;
◊ Punho-percussão de Murphy: pequenos golpes com a face interna da mão fechada
no ângulo costo-vertebral;
◊ Sinal de Giordano: dor ou reação exuberante (grito ou pulo) à percussão, obstrução
urinária (pielonefrite, nefrolitíase);
◊ Sinal de Torres-Homem: dor à percussão hepática indica processo inflamatório
(abcesso hepático);
◊ Manobra de Smith-Bates: contração da musculatura abdominal, se a massa
desaparecer é intra-abdominal, se permanecer palpável é de parede;
◊ Ondas de Kussmaul: ondas visíveis em peristalse de luta;
◊ Sinal de Cruveilhier-Baumgarten: presença de frêmito na cabeça de medusa quando
houver sopro;
◊ Linha de Piorry: do processo xifoide à extremidade distal da primeira costela
flutuante esquerda;
◊ Manobra de Landivar: obstrui anel interno por cima da pele, realiza Valsava, se
houver abaulamento, é hérnia direta, ou seja, sem anel herniário;
◊ Teste de Carnett: se dor abdominal à palpação for menos intensa ao contrair o
abdome, tem alta probabilidade de ser uma dor visceral do que de parede (positivo);
◊ Sinal de Lapinski: dor à compressão de fossa ilíaca direita quando se eleva o membro
inferior direito esticado, presente no apêndice retrocecal;
◊ Sinal de Aaron: dor epigástrica ou precordial referida à palpação do ponto de
McBurney;
◊ Sinal de Gersuny: massa recupera forma depois de palpada profundamente
(fecaloma).

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