EMPRESARIAL Resumo Títulos de Crédito - Duplicata

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Empresarial III – 2021

* Duplicata *
→Duplicata

Duplicata é uma ordem de pagamento emitida em razão de uma compra e venda (Duplicata Mercantil) ou de
uma prestação de serviços (Duplicata de Prestação de Serviços).

Em outras palavras, a Duplicata é classificada pela doutrina como um Título de Crédito de Natureza Causal,
pelo fato de sua emissão estar relacionada à Mercancia ou à Prestação de Serviços.

A duplicata somente pode ser emitida após a emissão da fatura. Assim estabelece o artigo 2º. da Lei das
Duplicatas que no ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como
efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do
vendedor pela importância faturada ao comprador.

Segundo o STJ, é nula a duplicata emitida em razão de contrato de leasing.


Também chamado de Contrato de Arrendamento Mercantil, o Contrato de Leasing é
o negócio jurídico pelo qual uma pessoa jurídica concede a outra pessoa física ou
jurídica um bem comprado pela primeira (Arrendante), conforme as exigências da
segunda (Arrendatário), essa possuindo a opção de adquirir o bem arrendado ao final
do que foi contratado, mediante um preço residual fixado no contrato.

Apesar de estar vinculada a uma causa (causalidade), ocorrido o aceite, a duplicata goza de abstração e
autonomia, mas sempre obedecendo a sua causalidade.

Nas operações envolvendo a emissão de duplicatas temos as seguintes partes:

a) o sacador ou emitente que é o titular (empresário, sociedade empresária ou não) do crédito originado
contra o adquirente de produtos ou contratante de serviços.

b) o sacado que é a pessoa contra quem a ordem é emitida, seja um adquirente de produtos, seja um
contratante de serviços quaisquer, consumidor ou não.

Observemos que a duplicata diferente dos demais títulos examinados carece de uma causa de natureza prévia
para sua emissão, qual seja, a venda de mercadoria ou a prestação de serviços, não existindo uma destas
causas, sua emissão é proibida. Portanto, tem por finalidade primordial assegurar a eficaz satisfação do direito
de crédito detido pelo emitente contra o devedor nestas operações. Havendo perda ou extravio da duplicata,
poderá ser emitida uma triplicata, que na verdade representa a segunda via da duplicata.

Características essenciais:

Além de um título causal, a duplicata é um título vinculativo, ou seja, só pode ser emitida com obediência
rigorosa aos padrões de emissão fixados pelo Conselho Monetário Nacional.

O artigo 2º, § 1º da Lei das Duplicatas aponta os elementos que devem constar na duplicata.

“Artigo 2º, § 1º - A duplicata conterá:


I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e o número de ordem;
II - o número da fatura;
III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista;
IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador;
V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso;
VI - a praça de pagamento;

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VII - a cláusula à ordem;


VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo
comprador, como aceite, cambial;
IX - a assinatura do emitente.”

Faz-se necessário destacar que, a duplicata não pode ser emitida “a certo termo da vista”, ou “a certo termo
da data”, só pode ser emitida com dia certo ou à vista.

Dito isso, preenchidos os requisitos, a duplicata deve ser enviada para o sacado (comprador) para que ele
pague – caso se trate de duplicata à vista já no caso da duplicata à prazo, a mesma é entregue ao sacado
(comprador) para que ele efetue o aceite. Aceitando, o título deve ser devolvido.

Aceite:

A duplicata deve conter o aceite, haja vista ser ordem de pagamento emitida contra o devedor. Sobre este
ato, determina o artigo 6º. da Lei das Duplicatas que a remessa de duplicata poderá ser feita diretamente pelo
vendedor ou por seus representantes, por intermédio de instituições financeiras, procuradores ou
correspondentes que se incumbam de apresentá-la ao comprador na praça ou no lugar de seu
estabelecimento, podendo os intermediários devolvê-la, depois de assinada, ou conservá-la em seu poder até
o momento do resgate, segundo as instruções de quem lhes cometeu o encargo.

O prazo para remessa da duplicata será de 30 (trinta) dias, contado da data de sua emissão. Se a remessa for
feita por intermédio de representantes, instituições financeiras, procuradores ou correspondentes, estes
deverão apresentar o título ao comprador dentro de 10 (dez) dias, contados da data de seu recebimento na
praça de pagamento.

O aceite da duplicata é obrigatório, assim, mesmo o sacado não assinando o título, o mesmo assumirá a
obrigação dele constante, no entanto, o aceite ser obrigatório não indica que o aceite será irrecusável, mas
para se recusar o aceite, é necessária a apresentação de um dos motivos taxativamente explícitos no Art. 8º
da Lei das duplicatas.

“Artigo 8º - O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de:


I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e risco;
II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente comprovados;
III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados.”

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Ainda sobre a questão do aceite, a duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo comprador ao
apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contados da data de sua apresentação, devidamente assinada
ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da falta do aceite.

O aceite na duplicata pode ser expresso (ordinário) ou presumido (por presunção).

No aceite expresso, a duplicata se aperfeiçoa sem maiores formalidades d pode ser executada bastando a
apresentação do título.

Já o aceite presumido ocorre quando o devedor (comprador) recebe as mercadorias sem recusa formal, esse
recebimento caracteriza o aceite presumido, provando-se pela demonstração do recebimento das
mercadorias.

Para a duplicata aceita por presunção, precisa-se formalizar o protesto e apresentar o comprovante de entrega
de mercadorias.

Protesto:

Quanto ao protesto da duplicata, conforme o disposto nos artigos 13 e 14 da Lei de Duplicatas, deve ser
efetuado na praça de seu pagamento, dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados de ser vencimento,
podendo o título ser protestado pelas seguintes razões:

a) por falta de aceite.


b) por falta de devolução.
c) por falta de pagamento.

Caso o protesto não seja efetuado dentro desse prazo, o sacador ou credor perderá o direito de crédito contra
os endossantes e seus respectivos avalistas.

Nas duplicatas, é permitido o protesto por indicações, o que significa dizer que, quando o sacado retiver a
Letra de Câmbio ou a Duplicata enviada para aceite e não proceder à devolução dentro do prazo legal, o
protesto poderá ser baseado nas indicações da Duplicata, que se limitarão a conter os mesmos requisitos
lançados pelo sacador ao tempo da emissão da Duplicata, vedada a exigência de qualquer formalidade não
prevista na Lei que regula a emissão e circulação das Duplicatas.

Uma vez que o vendedor não está com o título, deverá fornecer ao cartório as indicações deste.

Essas indicações podem ser retiradas da fatura e do Livro de Registro das Duplicatas (art. 19).

“Art . 19. A adoção do regime de vendas de que trata o art. 2º desta Lei obriga o vendedor a ter e a escriturar
o Livro de Registro de Duplicatas.

§ 1º No Registro de Duplicatas serão escrituradas, cronologicamente, todas as duplicatas emitidas, com o


número de ordem, data e valor das faturas originárias e data de sua expedição; nome e domicílio do
comprador; anotações das reformas; prorrogações e outras circunstâncias necessárias. ”

Com o protesto por indicações e com a apresentação do recebimento das mercadorias, é possível ajuizar o
procedimento de execução, mas na prática, o que ocorre é a emissão de uma triplicata e posteriormente o
protesto desta. É o título mercantil sacado para
substituir duplicata perdida ou
extraviada.
Trata-se de mera cópia ou
segunda via da duplicata.
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A triplicata só deve ser emitida quando há perda ou extravio da duplicata (art. 23 da Lei das Duplicatas).

“Art. 23, Lei 5.474/68 - A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair triplicata, que terá os
mesmos efeitos e requisitos e obedecerá às mesmas formalidades daquela.”

No entanto, tem-se aceito a prática da impressão da triplicata nesse procedimento de protesto.

Deve-se, por fim, observar os prazos prescricionais para propositura de ação executiva, cujo foro competente
para a cobrança judicial da duplicata ou da triplicata é o da praça de pagamento constante do título, ou outra
de domicílio do comprador e, no caso de ação regressiva, a dos sacadores, dos endossantes e respectivos
avalistas.

Para a propositura da ação executiva judicial devem ser observados os seguintes prazos prescricionais:

a) contra o sacado e respectivos avalistas, 03 (três) anos, contados da data do vencimento do título.

b) contra o(s) endossante(s) e ser(s) avalista(s), 01 (um) ano, contado da data do protesto.

c) de qualquer dos coobrigados contra os demais, 01 (um) ano, contado da data em que tenha sido efetuado
o pagamento do título.

Observe-se que de acordo com os parágrafos do artigo 18 da Lei das Duplicatas, a cobrança judicial poderá ser
proposta contra um ou contra todos os coobrigados, sem observância da ordem em que figurem no título. E
mais, os coobrigados da duplicata respondem solidariamente pelo aceite e pelo pagamento.

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