Aula 05 - Contestação Com Reconvenção
Aula 05 - Contestação Com Reconvenção
Aula 05 - Contestação Com Reconvenção
RECONVENÇÃO
A reconvenção não foi extinta pelo CPC. Ela continua viva e com a mesma natureza de
ação (ação reconvencional), consagrada no antigo Código. A reconvenção deixou apenas de ser
uma “peça apartada”, passando a integrar o corpo da contestação. O reclamado, por conseguinte,
caso deseje reconvir, o fará na própria contestação. Isso vale também para o processo do trabalho
e, evidentemente, para o Exame de Ordem.
A reconvenção está prevista no art. 343 do CPC, sendo pacífico o entendimento sobre a sua
compatibilidade com o processo trabalhista, em que pese a forte resistência de parcela da doutrina
e da jurisprudência quanto ao seu uso nos ritos sumário e sumaríssimo, principalmente quando o
julgador busca a analogia com a Lei 9.099/1995 (Juizados Especiais). Sempre vi com bons olhos
a reconvenção, sem distinção entre procedimentos, pois, em sentença única, o juiz poderá decidir
pretensões recíprocas. Para o réu, inclusive, a reconvenção serve também como um meio legal de
“intimidação” do autor, mostrando que este também corre o risco de ser condenado.
O requisito para a admissibilidade da reconvenção está no caput do art. 343 do CPC, que
reza ser lícito ao réu “propor reconvenção” para manifestar “pretensão própria”, conexa com a
ação principal ou com o fundamento da defesa. A conexão é o requisito principal da ação
reconvencional, podendo ser em relação à ação principal ou em relação à defesa. Mesmo essa
“conexão” sendo, na prática, mitigada no processo trabalhista, o examinando, no enfrentamento
de uma questão aberta, deve observar a letra da lei.
A conexão entre a ação principal e a reconvenção nos remete ao art. 55 do CPC, o qual
define que duas ou mais ações são conexas quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
A conexão entre a reconvenção e um dos fundamentos da defesa, de outra banda, deve ser
interpretada como a pretensão que está “vinculada”, “interligada”, “conectada” com a própria
defesa. Digamos que um empregado foi demitido por justa causa e tenha ajuizado reclamação
trabalhista pleiteando a nulidade da demissão e a sua conversão em dispensa imotivada, além do
pagamento de verbas rescisórias, horas extras e diferença salarial por acúmulo de funções. Na
defesa, a empresa alega que a demissão por justa causa decorreu de prejuízo causado dolosamente
pelo obreiro, que teria danificado um equipamento durante o serviço. Nada mais natural ao
empregador do que, além de se defender, reconvir, pleiteando ao juiz a condenação do reclamante
(reconvindo) no pagamento de indenização por dano material. Há, no caso, conexão entre a
reconvenção e um dos fundamentos da defesa.
Digamos que o empregador, na petição inicial da ação consignatória, tenha afirmado que o
empregado foi demitido por justa causa e se recusou a receber as verbas rescisórias. O empregado,
na contestação, pode dizer, inicialmente, que não cometeu falta grave, motivo pelo qual se recusou
a receber as verbas, asseverando, já no tópico da reconvenção, que foi acusado injustamente de
ter praticado determinado ato, requerendo, por conseguinte, a nulidade da demissão por justa
causa e o pagamento de todas as verbas rescisórias, além do pagamento de horas extras, o
pagamento de uma indenização por dano moral, entre outros títulos. O juiz, nesse tipo de caso,
liberará em favor do empregado (consignatário/reconvinte) o valor confessado pelo empregador
na consignação, a título de “quitação das verbas rescisórias incontroversas” (fato capaz de afastar
a aplicação da multa do art. 467 da CLT), continuando, o processo, em razão da reconvenção. A
audiência será adiada para que a empresa (consignante/reconvinda) apresente contestação à
reconvenção.
O examinando deve atentar para o fato de que a reconvenção não será exigida como “peça
única” no Exame de Ordem. Caso a FGV pretenda colocar uma reconvenção, terá que elaborar
um enunciado de “contestação”, com o complemento para a “reconvenção”. Na segunda parte
desta obra, o leitor encontrará uma peça por mim elaborada e aplicada em um dos infindáveis
simulados a que os meus alunos são submetidos (treinar muito para acertar).
ESTRUTURA
Processo nº...
I - DA CONTESTAÇÃO
II - DA RECONVENÇÃO
III - DO PEDIDO
Requer a citação do reconvindo para que este venha, sob pena de revelia e confissão ficta,
contestar a presente reconvenção, requerendo, por fim, a procedência dos pedidos, protestando
provar o alegado por todos os meios em direito admitidos.
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogado..., OAB..