É Tudo Invenção - Livro
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É Tudo Invenção - Livro
CATALOGAÇÃO NA FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVRO, PE
S593t
ISBN 876-78-89-32450-6
ISBN 876-78-89-32450-6
2015
Edição Especial
2ª impressão
Impressão e acabamento: Gráfica e Copiadora Nacional
ARTE
7
Sorriso
é algo precioso.
e quando o sorriso
vira risada a vida fica
mais engraçada.
Assim pensava
o inventor da piada.
Queria era ver todo
mundo sorrir.
Mais nada.
8
Há braços longos
e curtos,
magros e gordos.
Há braços brancos
e negros,
de velhos
de crianças.
há braços de homens
e de mulheres.
Há braços e braços
Até que um dia
alguém deu um passo,
diminuiu o espaço
e fez do braço
um laço.
Foi um sucesso,
virou moda,
e hoje até na hora
do fracasso se há
braço há abraço.
9
Antes só existiam
o sim e o não.
Mas teve uma vez
em que um fulano de tal
ficou na dúvida.
Não dizia
nem sim, nem não.
Nessa tal vez,
nasceu o talvez.
10
Antes da dança,
veio a música, que nasceu
dentro do corpo, na batida do coração.
Batuca, coração, batuca.
Um dia a música saiu para fora
e foi pra mão. Batuca, tambor, batuca.
O ouvido escutou, mas o pé também
e começar a bater. Até o dedão
chamou o dedo médio pra estalar.
E a cintura, que era dura,
foi para um lado e outro sem parar.
A música saiu de dentro do corpo
e o convidou pra dançar.
11
Houve um tempo em que o ser humano
tinha todo o tempo do mundo.
Não havia dia, hora, minuto, segundo.
O amanhã emendava no hoje,que já
vinha de ontem e ante ontem e assim
por diante. Mas de repente, não sei o que
deu nessa gente, apareceu um homem
apressado,sempre ocupado, com o
tempo contado. Carrancudo, dizia
“brincadeira tem hora, uma hora a gente
se encontra, existe hora pra tudo”.
Lógico, só pode ser ele
o inventor do relógio.
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Ninguém ainda tinha cantado,
as pessoas só sabiam falar.
Tinha também sujeito
calado e gente falando sem parar.
Mas tinha um cara engraçado
que esquecia tudo e falava
assim tentando lembrar:
“quem esteve aqui foi ooooooo,
aquele queeeee, era primo dooooo,
que trabalhou naaaaa,
naquela rua perto doooooo,
aonde tinha aaaaaaaa...”.
E não lembrava, não lembrava e
quanto mais tentava mais
a coisa piorava: “ que depois mudou
praaaaaaaaaa, aquele negócio deeeeee,
que era do lado daaaaaaa...”.
Virou motivo de piada, e as pessoas aos risos
contavam pras outras imitando o esquecido.
E espichar as palavras virou a nova diversão.
Num misto de brincadeira e avacalhação alguém
inventou a primeira canção: ‘‘meeeeeeu aaa-
mooooooor, voocêêê ééééééé
tuudoo praa miiiiiim!”. Foi assim.
14
No início, todo mundo fazia de tudo.
Buscar água no rio, cortar lenha,
fazer o próprio arco, a flecha, o escudo.
Caçar um javali aqui, outro ali.
E assim se ia o dia, com todo mundo
na correria. Até que um homem chamou
outroe fez uma proposta: trocava um javali
por uma limpeza na sua casa. Teve um sim
como resposta. Depois chamou outro e
ofereceu um arcopra construir o seu barco.
E assim foi fazendo de cada homem
seu empregado. Enquanto eles trabalha-
vam, ele ficava sentado.
É espantoso: o inventor do emprego
foi um preguiçoso.
15
Chegar ao cinto
foi simples.
Antes dele,
muita gente sentava
e quando ia levantar
a calça caía.
‘‘Sinto muito,
sinto muito”
é o que todos diziam.
Até que uma criatura
inventou de botar uma
na cintura.
Daí em diante,
sempre que
perguntavam
por que sua calça
não caía, ela respondia:
“Muito sinto,
muito cinto”.
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Primeiro olhou
o pé do mosquito
e achou esquisito.
Depois examinou
o pé do cachorro
e disse: “Socorro!”
Já o pé do elefante
achou interessante.
Mas foi quando
juntou o pé do sapo
e o do pato
que o inventor
chegou ao sapato.
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Primeiro
fizeram
inteira.
Quando
viram
que eram
dois pés,
dividiram:
meia a meia.
20
Uma bonita namorada não
voltava pra casa sem
um agrado do
seu namorado.
Era sempre uma flor,
cada dia de uma cor.
Uma rosa rosa,
uma margarida branca,
um cravo amarelo.
E lá se ia ela com a
bela flor no cabelo.
Um dia apareceu de vestido
floreado e um lindo decote.
Seu namorado morreu de amores
e ao invés de uma só deu uma
porção de flores.
Chegando em casa
colocou por acaso as flores
num pote. E todo mundo que viu
achou a ideia um arraso.
Assim nasceu o primeiro vaso.
21
A barba era bárbara,
um bolo de barbante,
muito antes
da invenção
do barbeiro.
E o homem seguia
barbudo
como o milho
ou o bode.
Até que alguém,
não se sabe bem quem,
resolveu raspar tudo,
mas se arrependeu na metade.
Achou esquisito,
mas só por vaidade
disse que gostou de verdade.
Pode?
Nasceu o bigode.
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“Isto não está
me cheirando bem”.
Era a frase que mais se ouvia
antes da invenção
do perfume.
Até a que alguém
com ciúme da rosa
e das flores cheirosas
amassou todas elas
numa imensa panela.
Pôs um pouco de álcool
e num gesto de louco
quase tocou logo fogo.
Mas a mistura
escapou de virar brasa
quando um cheiro gostoso
exalou por toda a casa.
Do ciúme nasceu o perfume.
24
Tinha um homem, com os dentes
pra frente, que a cada “s” que pronunciava,
no início, no meio ou no fim da palavra,
assobiava. Logo, logo se desculpava:
“Sai sem sentir, sai sem sentir”.
Todo mundo gozava, mas ia pra casa
treinar o assobio, sem conseguir.
Um dia, ele fez um discurso:
“Senhoras e senhores, sabendo da
vossa necessidade de sentir a
sensacional sensação
da assobiação, serei professor de assobio
num curso semanal.
Sem mais, Minhas sinceras saudações”.
25
O inventor da rede
olhou a folha caindo
pra lá e pra cá.
Ficou querendo imitar.
Viu o balanço
da onda do mar,
pra lá e pra cá.
Ficou tentando balançar.
Mas quando viu
uma criança
nos braços da mãe,
pra lá e pra cá,
inventou a rede,
que também balança
e abraça o corpo
de quem se deitar.
26
Antes, muito antes do futebol,
inventaram a bola.
Podia ser uma cebola
ou qualquer coisa que rola.
A diversão era passar
a bola de mão em mão.
Mas sempre tinha uma mão furada,
que era motivo de gozação.
Até que um dia o mão-furada
dos mãos-furadas
bolou de devolver a bola com pé.
Foi uma surpresa, uma sensação
a invenção do primeiro boleiro.
Mais tarde, os que não
abriam mão de jogar com a
mão viraram goleiros.
27
Era uma menina que vivia no polo norte
e adorava ursos. Menina de sorte, via urso
todo dia e não era em fotografia. Pediu ao seu pai
pra ter um de estimação, mas é um bicho muito grande,
seu pai disse que não. Pediu a sua mãe pra pôr no quinta
junto com Laika, sua cadela russa. Sua mãe disse “nem que a
vaca tussa!’’.A menina, indignada, passava o dia dando dis-
curso:‘‘onde já se viu, tenha dó, vou reclamar pra minha avó’’.
Pedir pra avó é sempre um bom recurso.
A velhinha, costureira de primeira,
pegou um pedaço de pelúcia e fez um urso.
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29
O milho na espiga
é cor de laranja.
Nem de longe
parece pipoca.
Até que alguém
com uma ideia boboca
botou o milho
no óleo quente
e gritou “olha, gente,
que beleza,
ficou branco!”.
O milho é invenção
da natureza.
A pipoca, mano,
do ser humano.
30
Antes do fim
era um problema.
Alguém contava uma história
e dizia assim:
‘‘e aí, e então, e depois...”
A plateia dormia
e o contador
seguia por dias e dias.
Mas teve um
que resolveu dar um corte
quando viu que até a vida
se interrompe com a morte.
Que sorte a minha:
enfim este livro
chegou ao fim da linha.
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Esta é uma edição especial, foi impressa pela
GRÁFICA COPIADORA NACIONAL. Composta e montada por
DIEGO CHAVES, RICARDO ALVES E RODOLFO SOARES. Composto nas
famílias tipográficas Minion Pro e Nirmala UI - Impresso em papel Couche Fosco
e Couche brilho 150g, Edição especial - Junho 2015 - Faculdade Boa Viagem
Deposito legal: 46485/95 / ISBN 876-78-89-32450-6