Aplicabilidade Das Técnicas de Biologia Molecular Na Reprodução Animal Applicability of Molecular Biology Techniques in Animal Reproduction
Aplicabilidade Das Técnicas de Biologia Molecular Na Reprodução Animal Applicability of Molecular Biology Techniques in Animal Reproduction
Aplicabilidade Das Técnicas de Biologia Molecular Na Reprodução Animal Applicability of Molecular Biology Techniques in Animal Reproduction
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MARTTOS, A. G; 2COSTA, I. B
1Graduanda em Medicina Veterinária – Faculdades Integradas de Ourinhos/FIO, Ourinhos, São
Paulo, Brasil – correspondência: [email protected]
2Docente em Medicina Veterinária – Faculdades Integradas de Ourinhos/FIO, Ourinhos, São Paulo,
Brasil
RESUMO
Por definição, a biologia molecular é uma derivação da ciência que estuda a biologia a nível
molecular. A difusão do conhecimento de tal área tem permitido a identificação de genes em
humanos, plantas e animais, com isso, as técnicas de biologia molecular estão sendo amplamente
utilizadas na medicina veterinária, não apenas para diagnósticos de doenças ocasionadas por
patógenos, mas também, na reprodução animal, especialmente pela precisão que as técnicas
oferecem, sendo muito utilizadas para sexagem de embriões, identificação de raças, testes de
paternidade e outras exigências relacionadas à reprodução animal.
ABSTRACT
By definition, the molecular biology is a derivation of the science that studies the biology at the
molecular level. The dissemination of knowledge of this area has allowed the identification of genes in
humans, plants and animals, as a result, the molecular biology techniques are being widely used in
veterinary medicine, not only for diagnosis of diseases caused by pathogens, but also, in animal
breeding, especially by the precision that the techniques offer, being widely used for sexing embryos,
identification of races, paternity test and other requirements related to animal reproduction.
INTRODUÇÃO
A biologia molecular se originou à partir da definição da estrutura molecular
do DNA, em 1953, por Watson e Crick. Descobertas posteriores demonstraram que
tal molécula era considerada elemento primordial e que com isso seria possível
compreender as principais características dos seres vivos (PINHO, 2006).
As técnicas de biologia molecular, como a sexagem de embriões e o teste de
paternidade se tornaram exigidas na área reprodutiva veterinária para diversas
espécies e raças, a fim de maximizar o potencial reprodutivo de animais de alto valor
zootécnico.
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DESENVOLVIMENTO
ADVENTOS BÁSICOS
O que se conhece atualmente por genes, deve-se a estudos realizados à
partir das pesquisas de Mendel, no século XIX. O genoma reúne informações
responsáveis por conferir as características básicas de um ser vivo, sendo
encontrado no DNA. Portanto, essa molécula é a responsável por carregar o código
genético em todos os seres vivos, exceto os vírus (EÇA et al., 2004).
Os genes são constituídos por ácidos nucleicos, formados por blocos
estruturais elementares, conhecidos por nucleotídeos, onde cada nucleotídeo possui
uma molécula de açúcar, sendo que no RNA (ácido ribonucleico) o açúcar é uma
ribose e no DNA (ácido desoxirribonucleico) o açúcar é uma desoxirribose, uma de
fosfato (com propriedades ácidas) e outra de nitrogênio (com propriedades
levemente básicas). Porém o que difere o DNA do RNA é um nucleotídeo distinto,
sendo o RNA formado por adenina (A), guanina (G), citosina (C) e uracila (U) e o
DNA formado por A, G, C e T (timina), sendo G e A bases purinas, estruturas
bicíclicas e C, T e U bases pirimidinas monocíclicas (SNUSTAD; SIMMONS, 2010;
TURNER et al., 2004).
Em 1953, James Watson e Francis Crick, deduziram que a organização dos
nucleotídeos dentro do DNA se dá pela ligação de um ao outro, em cadeia. Além
disso, foi visto que as cadeias são mantidas unidas por atrações químicas fracas
entre pares de bases, chamadas pontes de hidrogênio, onde A pareia com T e G
com C, sendo assim as duas cadeias de uma molécula de DNA são complementares
(EÇA et al., 2004; TURNER et al., 2004).
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TÉCNICAS
MICROARRANJOS DE DNA
A metodologia é realizada inicialmente pela formação prévia de uma
biblioteca genômica, onde, a partir do pool de fragmentos genômicos, coloca-se
clones em uma microplaca de maneira automatizada, assim cada microplaca tem a
representação de grande parte dos clones da biblioteca para determinado genoma
(FALEIRO et al., 2011). Geralmente, para se criar uma biblioteca genômica, o DNA
genômico é preparado por digestão com protease e extração de fase, sendo
fragmentado por digestão ou agitação com enzimas de restrição, assim tem-se a
variação de tamanho para o vetor escolhido (TURNER et al., 2004).
A técnica de microarranjo está amplamente requisitada em pesquisas da área
animal, em especial nos estudos relacionados a características de herança
complexa e/ou de baixa herdabilidade (ROSA et al., 2007).
Segundo ROSA et al. (2007), a utilização de microarranjos em bezerras pré-
púberes e fêmeas adultas, é possível a partir da comparação do perfil de transcritos
de oócitos e embriões em inicial estágio de desenvolvimento. Os resultados
apresentaram número relevante de genes entre os modelos de estudo. Além disso, a
técnica pode ser empregada para outras finalidades dentro da reprodução animal e
outros ramos da zootecnia, como crescimento e metabolismo, resposta imune a
doenças e parasitoses e resposta a fatores de estresse não infecciosos, que podem
ser restrição alimentar, exposição a elementos tóxicos e outras condições
ambientais que sejam desfavoráveis.
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SEQUENCIAMENTO DE DNA
A técnica baseia-se na teoria de que organismos com características
fenotípicas distintas podem expressar genes relacionados às características, além
de obter a sequência de genes no genoma e ser a base para a construção de
plataformas de microarranjos, criadas para se analisar padrões de expressão gênica
em larga escala (COUTINHO et al., 2010).
O método também auxilia no diagnóstico molecular, pois permite o
conhecimento de sequências gênicas específicas, podendo, através de programas
de bioinformática, ser comparados e assim, oligonucleotídeos específicos podem ser
sintetizados e, assim, permitir a amplificação específica de fragmentos que podem
identificar de maneira específica animais, plantas e patógenos (FALEIRO et al.,
2011).
Entretanto, como o QTL, o sequenciamento de DNA apresenta limitações,
pois os microarranjos obrigam o conhecimento da sequência do gene impresso na
plataforma, limitando assim, a disponibilidade de arranjos para a espécie de
interesse (COUTINHO et al., 2010).
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MARCADORES MOLECULARES
Os marcadores moleculares são utilizados para identificar a variação genética
entre indivíduos, podendo ser utilizado para associar uma característica de
interesse, sendo amplamente utilizado em decorrência de diversas características de
interesse (Polido et al., 2012).
Os diferentes tipos de marcadores disponíveis se diferenciam de acordo com
a tecnologia empregada, com o objetivo de revelar a variabilidade a nível de DNA,
além de proporcionar variação quanto à habilidade de identificar as diferenças entre
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SEXAGEM DE EMBRIÕES
A sexagem de embriões auxilia no desenvolvimento do melhoramento
genético em animais com alto valor comercial, com isso o criador pode, ainda na
fase embrionária, escolher o sexo desejado.
A sexagem fetal em equinos é realizada através da técnica de PCR, por
fornecer resultados sensíveis e confiáveis, visto que a diferenciação sexual é
estabelecida pela presença ou não do cromossomo Y e pela expressão do gene
SRY, responsável por codificar a proteína TDF (fator de determinação testicular),
que agindo nos tecidos gonadais gera: atrofia dos ductos de Muller,
desenvolvimento dos testículos, formação dos túbulos seminíferos, formação das
células de Leydig e produção de testosterona (OLIVEIRA et al., 2014).
Segundo Passaglia; Chaves (2007), o Brasil apresentou, nos últimos anos,
uso crescente da sexagem em animais de genética superior a partir da amplificação
da região repetitiva específica do cromossomo Y, seguida da eletroforese, sendo
estes os métodos mais utilizados comercialmente.
TESTE DE PATERNIDADE
Testes de paternidade se baseiam na exclusão genética, sendo assim, todos
os alelos do DNA presentes na prole precisam se encontrar na mesma posição dos
alelos dos pais, encontrando a origem materna e em seguida a paterna (VIEIRA et
al., 2011).
Segundo Abad et al. (2014), a utilização de marcadores moleculares propiciou
avanços no melhoramento genético, pois auxiliou na identificação de indivíduos e
essa prática se tornou essencial para a comercialização de animais, em especial,
àqueles com significativo valor zootécnico, assim como para, caracterização de
populações, estudos de biodiversidade e seleção assistida. A técnica de PCR é
amplamente empregada, em decorrência da necessidade de pouco material e curto
espaço de tempo para obter o resultado. Por outro lado, o emprego de marcadores
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DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS
A biologia molecular é comumente utilizada para diagnosticar doenças, em
especial aquelas causadas por patógenos. Segundo Queiroz (2008), a PCR tem se
mostrado bastante útil para identificação de espécies de Leishmania, possibilitando
a detecção de cães assintomáticos e cães soronegativos.
Técnicas moleculares também são empregadas na identificação da
Erliquiose, Pseudoraiva, entre outras doenças, através da técnica de PCR, no
estado latente ou de replicação, auxiliando no controle de doenças (FONSECA
JÚNIOR et al., 2010; ALVES et al., 2005).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de serem eficazes e quase sempre seguras, muitas técnicas de
biologia molecular se mostram com uso limitado na rotina veterinária devido ao alto
custo que apresentam e, muitas vezes pela necessidade de se ter conhecimento
prévio da sequência de gene da espécie de interesse.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABAD, A.C.A; LOPES, F.A; PINHEIRO, J.W; MOTA, R.A. Marcadores moleculares
e suas aplicações nas pesquisas em bovinos. Acta Veterinaria Brasilica, v.8, n.1,
p.10-18, 2014.
EÇA, L.P et al. Biologia molecular: Guia prático e didático. 1ª ed. Rio de Janeiro:
Revinter, 2004.
OLIVEIRA, R.A; YAMIM, R.S; PIVATO, I; RAMOS, A.F. Sexagem fetal em equinos.
Revista Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.38, n.1, p.37-42, jan./mar. 2014.
TURNER, P.C; McLENNAN, A.G; BATES, A.D; WHITE, M.R.H. Biologia molecular.
2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.