A Educação Ambiental No Contexto Preliminar Da Base
A Educação Ambiental No Contexto Preliminar Da Base
A Educação Ambiental No Contexto Preliminar Da Base
RESUMO
ABSTRACT
The need for promote environmental education is a social consensus. Concerns about the
maintenance of life in our planet never have been so expressive and necessary. Although the
current law, the school has not fulfilled the her hole social of promoter of environmental
education as interdisciplinary, integrated in all areas of knowledge. What is observed in
practice is that this theme is fragmented and worked as specifics projects like: Tree Day,
Environment Week or Combat Dengue campaigns. On the other hand, we are discussing the
implementation of the Base National Common Curriculum (BNCC) (common core) which
1
Mestrando em Ensino: Formação Docente Interdisciplinar pela UNESPAR – Campus Paranavaí. Professor da
Escola de Educação Básica Fundação Bradesco de Paranavaí. Graduado em Ciências Licenciatura Plena pela
Universidade Estadual do Paraná; Graduado em Química pela Faculdade da Grande Fortaleza, Especialização
em Gestão Ambiental pela Universidade Estadual do Paraná e Especialização em Química do Cotidiano na
Escola pela Universidade Estadual de Londrina. [email protected]
2
Professora do Colegiado de Ciências Biológicas, e da Pós-Graduação em Ensino: Formação Docente
Interdisciplinar, da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) – Campus Paranavaí. Graduada em Ciências
Biológicas e Doutora em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá -
[email protected]
3
Professora do Colegiado de Ciências Biológicas, e da Pós-Graduação em Ensino: Formação Docente
Interdisciplinar, da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) – Campus Paranavaí. Graduada e Doutora em
Física pela Universidade Estadual de Maringá - [email protected]
proposes guide the development of skills and abilities required for all Brazilian students of
elementary and high school. Therefore, it is appropriate to carry a Content Analysis to verify
how environmental education is embedded within the Base National Common Curriculum.
The results indicate that the subject appears too modest. We can say that the BNCC theme is
undervalued with the predominance of ecological vision and position of natural sciences, as
has been predominantly.
1 INTRODUÇÃO
Mais do que parte integrante do meio, o homem é um ser formado pelo próprio meio,
tendo em vista que é o ambiente que fornece em todas as instâncias as condições e elementos
para a sua existência. Dependente de forma incondicional e direta dos recursos existentes
nele, em que extrai tudo o que é necessário para sua sobrevivência e para a produção dos
diferentes bens. Voltar seu olhar para questões básicas de sustentabilidade e mudar de forma
profunda o modo de pensar para a importância da interação dos demais seres vivos entre si e o
ambiente, e na interação que ele próprio estabelece com os mesmos é o primeiro passo de uma
jornada de reconciliação, que parece longa e até mesmo dolorosa.
Mais do que nunca há necessidade do homem pensar e repensar sua responsabilidade
sobre aquilo que dominou e transformou durante sua história, muitas vezes de forma
irracional e predatória. Essa reflexão remete a compreensão do meio como sendo a fonte da
qual deriva toda a forma de vida conhecida, sendo ele o fruto de relações e interações
extremamente complexas, interdependentes e frágeis. Essa primeira e superficial análise já
revela o quão raro e precioso é o que está nas mãos do homem ao passo que aponta também o
tamanho da responsabilidade que possui.
Ao atuar na transformação drástica do ambiente ao longo do tempo, o homem
realmente criou melhores condições de domínio do meio, afastando possíveis ameaças, ao
mesmo tempo em que gerou um profundo desequilíbrio nas relações biológicas,
desencadeando problemas ambientais das mais diferentes ordens. O poder de intervenção na
natureza atingiu dimensões gigantescas nos séculos XIX e XX, e esse fato remete a
preocupações cada vez mais sérias acerca do futuro do planeta. Da natureza retiramos todo o
nosso sustento e em troca devolvemos grandes quantidades de lixo e resíduos de vários tipos.
A sociedade tem transformado profundamente a natureza, destruindo espécies animais e
vegetais, desviando cursos de rios, cortando montanhas, drenando pântanos e despejando
toneladas de resíduos provenientes de suas atividades, no ar, na água e no solo. A atuação
humana intensa sobre o meio ambiente nos remete a um momento histórico em que devemos
tomar decisões que afetarão diretamente a continuidade e a qualidade da vida no planeta
Terra.
Diante deste panorama, qual o papel da escola e do currículo neste contexto? A
escola não pode ficar alheia a toda problemática envolvida, até porque perante a legislação
vigente a escola deve ser responsável por promover a Educação Ambiental. A Lei nº 9.795, de
27 de abril de 1999, que “dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental e dá outras providências”, estipula em seu artigo segundo que “a
educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo
estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo,
em caráter formal e não-formal”, e em seu artigo onze que “a dimensão ambiental deve
constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as
disciplinas” (BRASIL, 1999).
Assim, os conteúdos devem ser trabalhados frente à complexidade da dinâmica das
ações e reações. Se por um lado a escola é transmissora do conhecimento acumulado, por
outro lado, deve despertar o senso crítico do aluno. Portanto, a escola não deve ser apenas a
transmissora do conhecimento, mas a instituição responsável pelo despertar do senso crítico.
Para tanto, isso vai muito além da mera transmissão dos saberes.
Inserido nesse contexto, a base curricular deve ser consistente e clara quanto ao papel
de todos os componentes curriculares perante a Educação Ambiental. Ressaltamos a
necessidade de corrigir um engano histórico que ainda permanece, em que se acredita que a
mesma é de responsabilidade única dos componentes curriculares pertencentes à área de
Ciências da Natureza, o que não é verdade. Cabe enfatizar que a Educação Ambiental deve
ser promovida por todas as áreas do conhecimento.
Será que a BNCC está em consonância com estas prerrogativas?
O objetivo geral desse trabalho foi investigar quantitativamente a inserção do tema
“Educação Ambiental” no texto preliminar da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), por
meio da Análise de Conteúdo. A metodologia utilizada foi por meio da busca de palavras-
chave, como: “Ambiental” e “Socioambiental”, “Meio Ambiente”, “Ecologia”, “Ecológico” e
“Ecológica”, “Sustentável” e “Sustentabilidade”. Ao comando de busca dessas palavras no
texto da BNCC, quando encontradas a frase, a qual se inseria, a mesma foi retirada para
análise posterior. Ao final dessa metodologia, agrupamos as frases para análise do contexto.
É indiscutível que existem outras palavras que se relacionam ao tema, porém as que
foram elencadas expressam de forma mais relevante os conceitos inerentes a ele.
Segundo Caregnato e Muttr (2006, p.682), a Análise de Conteúdo, para grande parte
dos autores, se apresenta “como uma técnica de pesquisa que trabalha com a palavra,
permitindo de forma prática e objetiva produzir inferências do conteúdo da comunicação de
um texto replicáveis ao seu contexto social”. Essa metodologia de pesquisa utiliza textos e
documentos como fonte de informação, e os utilizam para descrever e interpretar os
conteúdos, tanto de forma qualitativa, quanto quantitativa. Moraes (1999, p.9) afirma que
“essa análise, conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas, ajuda a
reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados num nível que
vai além de uma leitura comum”.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece uma proposta para 60%, das
competências e habilidades mínimas que devem ser apropriados por todos os estudantes das
escolas (públicas e privadas) do Ensino Fundamental, desde a creche até o Ensino Médio. Os
40% restantes devem atender as diversidades culturais de cada região, ficando sob a
responsabilidade da escola em formatar este percentual.
A implantação da BNCC está inserida num amplo processo de reformulações das
políticas educacionais em consonância com as políticas educacionais internacionais. De fato,
conforme Macedo (2014, p. 4) ressalta, em 1992 o Plano Mercosuljá falava em uma
“compatibilização e harmonização dos sistemas educativos”. Na mesma década, o Banco
Mundial propõe uma reforma da educação, baseada no tripé: base comum curricular,
formação do professor e avaliação. Apesar das atuais discussões, sua implantação atende aos
anseios de uma proposta que vem se consolidando ao longo de 28 anos desde sua menção na
Constituição Federal de 1988 (Artigo 210) (BRASIL, 1988, p. 122) e posteriormente
reforçada pela LDB no 9.394/96 (Artigo 26) (BRASIL, 1996). Portanto, trata-se de uma
proposta construída em consonância com outras iniciativas, como por exemplo, PNE (Plano
Nacional da Educação), CONAE (Conferência Nacional da Educação), EMI (Ensino Médio
Inovador), PNFEM (Pacto Nacional de Fortalecimento do Ensino Médio), PCN (Parâmetros
Curriculares Nacionais), DCN (Diretrizes Curriculares Nacionais), PNLD (Plano Nacional do
Livro Didático).
No documento atual a BNCC apresenta 4 áreas para o conhecimento: I - Linguagens,
Códigos e suas Tecnologias; II – Ciências da Natureza e suas Tecnologias; III – Ciências
Humanas e suas Tecnologias e IV – Matemática. Cada uma delas está estruturada em eixos
institui uma comissão de especialistas para a Elaboração da Proposta, sendo que em setembro
do mesmo ano, o texto preliminar é disponibilizado pelo MEC, para consulta pública no
Portal da Base Nacional Comum Curricular.
Segundo consta no documento, o mesmo:
[...] vai deixar claro os conhecimentos essenciais aos quais todos os estudantes
brasileiros têm o direito de ter acesso e se apropriar durante sua trajetória na
Educação Básica, ano a ano, desde o ingresso na Creche até o final do Ensino
Médio. Com ela os sistemas educacionais, as escolas e os professores terão um
importante instrumento de gestão pedagógica e as famílias poderão participar e
acompanhar mais de perto a vida escolar de seus filhos. (BRASIL, 2015b).
Dessa forma, a finalidade da construção de uma base comum curricular, para o MEC,
é a de organizar o currículo de modo a fornecer parâmetros mínimos de conhecimentos a
serem trabalhados na educação básica em todas as regiões do Brasil. Com a implantação do
documento final, o mesmo assumirá um posto de referência para a formulação dos Projetos
Políticos Pedagógicos (PPP) das instituições de ensino de todo o Brasil.
Meio Ambiente 0 0 0 0
Ecologia, Ecológico e
0 0 7 1
Ecológica
Sustentável e
5 0 14 8
Sustentabilidade
Fonte: Próprios autores.
25
20
15
10
0
Linguagens Matemática Ciências da Ciências Humanas
Natureza
tradicional de ensino adotado no Brasil, ainda está presente até mesmo na mais atual proposta
curricular.
Segundo Jacobi (1999), a relação entre meio ambiente e educação para a cidadania
assume um papel cada vez mais desafiador, demandando a urgência de novos conhecimentos
para apreender processos sociais que se tornam cada vez mais complexos e riscos ambientais
que se intensificam.
Diante de tal situação, a escola não deve permanecer alheia, mas procurar contribuir
de fato para a formação de cidadãos críticos e participativos. Pois, assim como estabelecido
pelas Diretrizes Curriculares, esta é uma de suas funções, ou seja, promover ações que
possibilitem reflexões acerca de questões de cidadania.
Ao nos remetermos aos resultados expostos pela tabela 1 e figura 1 sobre a incidência
de palavras-chave associadas com a Educação Ambiental nas diversas áreas de conhecimento
que compõem a BNCC, verifica-se um predomínio visível da tradicional visão da Educação
Ambiental como algo exclusivamente de cunho associado à ecologia, sustentabilidade, e
muitas vezes deixando de lado seus aspectos social, ético, econômico, político, tecnológico e
cultural, que devem capacitar ao pleno exercício da cidadania. Cada aspecto citado pode ter
predominância sobre os outros e podem variar com o tempo, devendo considerar as condições
de cada país, região e comunidade.
Alcantara (2009) faz alguns apontamentos sobre a institucionalização da Educação
Ambiental no espaço escolar, e reconhece a mesma como um forte instrumento político,
assim o conceito de Educação Ambiental, bem como sua forma de inserção curricular, foi
sofrendo modificações ao longo do tempo. O autor complementa que, tendo sua origem no
movimento ambientalista, inicialmente a Educação Ambiental procurava envolver os cidadãos
em ações ambientalmente corretas, objetivando preferencialmente a conservação da natureza.
É importante destacar que, nos dias atuais, já se considera a necessidade da inclusão de
vários outros aspectos, priorizando o desenvolvimento da criticidade do aluno, incentivando
uma visão mais equilibrada do ser humano, não unicamente sobre o meio natural, bem como
relativa à sua trajetória social, além da formação cultural e ética.
Apesar de todas as medidas tomadas para o efetivo trabalho com Educação Ambiental
nas escolas, como a criação da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), o que se
verifica no trabalho com Educação Ambiental nas escolas é uma prática fragilizada e
assistemática, diferentemente do que preconiza tal legislação ambiental (ALCANTARA,
2009).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação Ambiental, Institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras Providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm>. Acesso em: 28 fev. 2016.
<http://www.editoramagister.com/legis_26906831_PORTARIA_N_592_DE_17_DE_JUNH
O_DE_2015.aspx>. Acesso em: mai. 2016.
JACOBI, P. Cidade e Meio Ambiente: percepções e práticas em São Paulo. São Paulo:
Annablume, 1999.
MORAES, R. Análise de Conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p.7-32,
1999.
ZOTTI, S. A. Sociedade, Educação e Currículo no Brasil: dos Jesuítas aos anos de 1980.
Campinas: Autores Associados, Editora Plano, 2004.