Dogmatismo
Dogmatismo
Dogmatismo
O dogmatismo tem sido interpretado de várias formas. Kant, por exemplo, considerava
dogmáticos todos os adeptos da Metafísica tradicional, porquanto, dizia, haviam tentado
resolver o problema do real, sem colocar, previamente, o problema do conhecimento
mesmo.
Poderíamos, pois, dizer que esse conteúdo é a representação de Deus, como é na sua
essência eterna, antes da criação da natureza e de um espírito finito Mais freqüente,
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porém, é a posição dos dogmáticos em sentido mais atenuado, ou seja, no sentido de
afirmar-se a possibilidade de atingir-se o absoluto em dadas circunstâncias e modos
quando não sob certo prisma. De qualquer forma, o dogmatismo traduz, quase sempre,
uma crença no poder da razão ou da intuição como instrumentos de acesso ao real em si.
Se examinarmos o dogmatismo parcial, verificaremos que alguns autores se julgam
aptos para afirmar a verdade absoluta no plano da ação, enquanto que outros somente
admitem tais verdades no plano puramente especulativo, donde a distinção entre
dogmatismo teor ético e dogmatismo ético.
O mesmo poder-se-ia dizer de Kant, que é relativista no plano da razão pura, declarando
a impossibilidade do conhecimento absoluto, mas se revela dogmático no plano da
Ética, sustentando que o homem, na vida prática, deve obedecer a imperativos
categóricos, que não se revelam à razão teórica, mas à vontade pura, descortinando-lhe
o mundo noumental.
Tratava-se, por conseguinte, de uma atitude dubitativa quanto à vida prática, mas não
dubitativa no plano da especulação científica.
O DOGMATISMO JURÍDICO
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exemplo, da Nova Academia, em contraste com as afirmações maravilhosas do ciclo
platônico-aristotélico. Em contraposição a esse, há o ceticismo metódico das épocas
adolescentes e jovens, como, por exemplo, o de Descartes, com a dúvida metódica, não
para fugir ou renunciar à verdade, mas para abrir caminhos mais seguros à conquista d?
verdade mesma. É a atitude cética ascendente das épocas históricas em eclosão, mas
ceticismo provisório, que alberga as condições de seu suprimento. corresponder para ter
legitimidade ou licitude.
Por outro lado, a concepção tomista do Direito Natural apresenta feição dogmática ao
subordinar estritamente o direito ao justo, embora se revele a ductilidade da doutrina
sob outro prisma no exame da experiência concreta, consoante um senso de medida e de
prudência que vai de Santo Tomás (1225-1274) a Francisco Suárez (1548-1617) e aos
representantes atuais da neo-escolástica.
É, contudo, na teoria hegeliana do direito que a posição dogmática atinge sua máxima
expressão, superando o dualismo entre Direito Natural c Direito Positivo, pois no
processo dialético cm que o real e o pensamento se identificam, não há que falar em
dever ser ou em valores jurídicos, porque tudo se resolve na realidade jurídica como
expressão do espírito objetivo. Igual observação se pode fazer quanto à doutrina
materialista da História, como o comprovam as insignificantes variações que se notam
no sistema jurídico soviético, em mais de sessenta anos…
Doutrinas Céticas
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conhecimento, convertendo a "incerteza" em característico essencial dos enunciados
tanto da Ciência como da Filosofia. Muitos autores colocam no quadro do ceticismo
uma série de doutrinas, como, por exemplo, o criticismo de Kant, ou o positivismo de
Augusto Comte. Parece-nos que essa subordinação não tem razão de ser. O ceticismo
nunca abandona a atitude dubitativa do espírito, mesmo quando enuncia juízos de
natureza científica. Veremos, mais tarde, que o relativismo baliza o conhecimento
humano, excluindo de suas possibilidades a esfera do absoluto, mas daí não resulta que
o relativismo possa ser considerado cético. Os relativistas declaram que se conhece
parcialmente, mas sustentam a certeza objetiva do pouco que se conhece, até que se não
prove a sua invalidade.
O ceticismo também poderia ser distinto, sempre para fins expositivos, em total e
parcial. O ceticismo absoluto é conhecido também como pirronismo, em razão do
filósofo da Grécia, Pirron (360-270 a. C), que pregava a necessidade da suspensão do
juízo (epogé), dada a impossibilidade de qualquer conhecimento certo: — o ceticismo
absoluto envolve tanto as verdades metafísicas como as relativas ao mundo dos
fenômenos.
O homem não poderia pretender, de modo algum, certeza gnoseológica, visto inexistir
adequação possível entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. Desse modo,
afirmações ou negações a respeito de algo apresentariam igual problematicidade e
incerteza, porque insuscetíveis de qualquer verificação, não sendo possível dizer algo
seja verdadeiro ou falso em si mesmo, assim como belo ou feio, justo ou injusto. Já
antes dissera o sofista Górgias que nada existe, e que, se fosse possível conhecer algo,
também não seria possível expressar o conhecido com exatidão; e mesmo que houvesse
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possibilidade de expressá-lo, não haveria possibilidade de entendimento, visto como
cada homem daria às palavras sentidos diversos.
O homem não teria outro remédio senão a atitude de não formular problemas, dada a
equivalência fatal de todas as respostas. O ceticismo radical já alberga em si mesmo a
sua contradição, porque, se o cético apresenta sua doutrina, é porque afirma ou nega
alguma coisa. O cético, no momento em que põe em dúvida a possibilidade de
conhecer, já está afirmando algo de que não pode abrir mão, para poder subsistir como
cético: — a necessidade de duvidar. . .
O Relativismo
O relativismo, que tem algo de semelhante ao ceticismo, mas que se distingue pelo fato
de afirmar a possibilidade de um conhecimento parcial, mas estreme de dúvidas. O
relativismo tem assumido várias formas através da História.
Relativismo criticista
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O homem não pode conhecer senão fenômenos, considerando-se fenômeno aquilo que é
suscetível da experiência. Só conhecemos o que ocorre no plano fenomenal, porque só
isso é apreensível por nosso espírito, que impõe suas leis ao universo. O absoluto é um
limite intransponível, que a nossa razão não atinge. Diante do absoluto, que não é
matéria de intuição, a razão, entregue a si mesma, formula respostas antinômicas ou
contrárias, sem ser possível dizer qual das respostas é a verdadeira. Não posso, pois, ter
certeza de que o universo é finito ou infinito, ou se a alma é ou não mortal, porque,
racionalmente, posso carrear argumentos pró ou contra ambas as teses. Só tenho certeza
daquilo que se revela no domínio dos fenômenos, ou seja, que se oferece
primordialmente à intuição c é matéria de experiência. No concernente aos fenômenos,
porém, não tinha dúvidas. Kant alarmara-se com o ceticismo de Hume, que pusera em
dúvida e em contestação o princípio de causalidade, ferindo, assim, em sua essência, a
Física de Newton. Kant, limitando os poderes do conhecimento humano, está certo de
ter atingido uma base estável, uma verdade que a razão pura pode afirmar, porque
relativa ao mundo dos fenômenos. Também no plano da vida prática, é preciso ponderar
que o filósofo alemão não conclui negando Deus ou a imortalidade da alma. Limita-se,
ao contrário, a declarar a possibilidade de se sustentar, pelos meios da razão, quer a tese
positiva, quer a tese negativa sobre a existência de Deus ou a imortalidade da alma. Se,
racionalmente, não podemos provar que Deus existe, também racionalmente não
podemos provar sua inexistência. Há um limite na possibilidade do conhecimento, que
deve se circunscrever apenas à esfera fenomenal ou das relações, abrindo-se a outras
vias o acesso ao absoluto, no plano da razão prática.
O Positivismo
Outra posição relativista é aquela que nos é dada por Augusto Comte e por todos os
positivistas. Também Comte declara que não podemos conhecer senão fenômenos. O
conhecimento dos fenômenos está na dependência dos recursos das ciências positivas,
culminando em uma síntese que outra coisa não é senão a Filosofia.
Como bem esclarece Ernst Cassirer, no quarto volume de sua obra monumental sobre O
Problema do Conhecimento na Filosofia e na Ciência Modernas (1906-1920, sendo o
4º volume de publicação póstuma), "a regra fundamental do positivismo consiste em
afirmar que toda proposição, que não possa ser reduzida com o máximo rigor ao simples
testemunho de um fato, não encerra nenhum sentido real e inteligível".
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Acrescenta Cassirer que esse "critério de sentido", que Schlick e Carnap põem à frente
do positivismo lógico moderno, já aparece diafanamente formulado por Augusto Comte
O relativismo positivista baseia-se na apreciação do saber como saber positivo de
"relações", que marcaria a terceira fase evolutiva da Humanidade, superando os
chamados estados "teológico" e "metafísico".
O mestre do positivismo não apresenta, com efeito, qualquer a priori em sua concepção
relativista do mundo, no qual as formas distintas do saber se compõem em um
"organismo unitário do conhecimento", do qual se deduzem as diretrizes ordenatórias da
vida prática, ou da Política. Entre os relativistas poder-se-iam colocar várias outras
doutrinas. Vamos fazer uma referência sumária a alguns nomes, pois esta recordação de
autores é apenas exemplificativa.
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