Do Laboratório Ao Campo

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DO LABORATÓRIO AO CAMPO - CARACTERIZAÇÃO TATIL VISUAL

Através do tato e observação visual, faz-se a classificação inicial que é


aprimorada através de outros testes expeditos, convenientemente
denominados testes do vidro, do cordão, da fita, de exsudação, da
resistência seca, da caixa, entre outros. Estes testes, que indiretamente
avaliam a granulometria, a trabalhabilidade e a retração do solo, verificam a
textura e o comportamento do solo em diversas situações e identificam as
técnicas construtivas mais adequadas.

AMOSTRAGEM

Antes dos testes, deve-se preparar a amostra do solo que se pretende analisar,
de modo que ela seja representativa das características do solo que será
usada na construção. Para isso, coletam-se porções de solo em vários pontos
do local onde se pretende extrair o solo para a construção, totalizando
aproximadamente 30 kg. Em seguida, misturam-se as porções e prepara-se a
amostra para teste da seguinte forma:

• fazer um monte do solo coletado e homogeneizado em forma de cone e,


cuidadosamente, dividir em quatro porções iguais (por divisão do cone em
quatro quadrantes);
• juntar duas porções opostas em uma única amostra e descartar as outras
duas;
•repetir a operação até obter a quantidade necessária para o teste.

IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA DE SOLO

É importante fazer um esboço dos locais amostrados, registrar, em uma


planilha, os resultados dos ensaios realizados e a avaliação dos resultados.
Além disso, o registro deve informar a data, o local, a identificação da amostra
de solo e os responsáveis pela amostragem, ensaios e avaliação.

TESTES TÁCTIL-VISUAIS

A aparência pode revelar alguns dados muito importantes sobre o tipo e as


características de solo.

1. Caracterização por tamanho das partículas


O solo pode ser preliminarmente classificado através do seguinte
procedimento:

 espalhar a amostra de solo seco em uma fina camada sobre uma


superfície plana;
 com as mãos, separar as partículas visíveis a olho nu.
 As partículas visíveis a olho nu correspondem a areia e pedregulho; o
que restar, o material fino, corresponde ao silte e argila (figura 10).
Então:
Se a quantidade de silte e argila for maior que a de areia e pedregulho, o solo é
classificado como siltoso ou argiloso;
Ao contrário, o solo é arenoso ou pedregulhoso.

Figura 01 - Aspectos das partículas que compõem o solo, após peneiramento, observando-se
as frações retidas em cada uma das peneiras da série normal

2. Caracterização por cor


Outra característica do solo pode ser revelada em função da sua cor:

 as cores claras e brilhantes são características de solos inorgânicos;


 as cores marrom escuro, verde oliva ou preta são características de
solos orgânicos.

3. Caracterização por brilho


A presença da argila pode ser avaliada através do brilho, ainda que a areia
quartzosa ou com determinado teor de mica apresentam aparência brilhante
também. Então:

 tomar um pouco de material bem fino e amassar com água até formar
uma bola compacta do tamanho da mão;
 cortar pela metade e observar as superfícies.
Se:

 as superfícies são brilhantes ou há muito brilho, o solo é argiloso;


 as superfícies apresentam pouco brilho, o solo é siltoso;
 as superfícies são opacas, o solo é arenoso.

4. Tato
Ao esfregar, entre os dedos, uma porção do solo seco, pode-se identificar os
tipos de partículas presentes pela sua textura da seguinte forma:

 a areia arranha;
 o silte cobre os dedos com partículas macias, como se fosse um talco.
Para verificar a presença de argila, umedecer uma porção do solo e moldar
uma bola - quanto mais argila presente, mais fácil será formar a bola.

5. Reconhecimento dos diferentes tipos de solo


A tabela 1 indica genericamente aspectos táctil e visual e as características de
cada uma.

Tabela 1 - Identificação do solo por inspeção táctil-visual


Classificação Textura e aparência do solo

As denominações areia silto-argilosa, argila silto-arenosa, silte areno-argilosa,


etc. decorrem da quantidade de cada componente no solo cuja primeira
designação corresponde sempre ao componente de maior teor. Porém esta
descrição está em desacordo com a norma NBR 7250.
6. Queda da bola
Este teste (figura 02) indica o tipo do solo em função da sua propriedade de
coesão e consiste em:

 tomar uma porção do solo seca;


 juntar água e fazer uma bola com diâmetro aproximado de 3 cm;
 deixar a bola cair, em queda livre, da altura aproximada de um metro.
Identificar o tipo de solo avaliando a forma de seu espalhamento:

 solos arenosos espalham-se com esfarelamento (ou desagregação);


 solos argilosos espalham-se menos e com maior coesão.

Figura 02 - Teste da queda da bola: aspectos do espalhamento, em função do tipo de solo


(argilosa à esquerda e arenosa à direita)

7. Teste do vidro
Este teste é fundamentado na sedimentação diferenciada dos constituintes do
solo (figura 03) e consiste em:

 colocar uma porção de solo, seca e destorroada, em um vidro cilíndrico,


liso e transparente, até cerca de 1/3 de sua altura;
 adicionar água até 2/3 da altura do vidro, acrescentando uma pitada de
sal (o sal age como defloculante das partículas de solo, porém, se
utilizado em demasia pode agir de forma contrária);
 tampar o vidro e agitar vigorosamente a mistura para que haja a
dispersão do solo na água;
 deixar em repouso por 1 h e, em seguida, promover nova agitação;
 colocar o vidro em repouso, sobre uma superfície horizontal;
Cada um dos componentes do solo decanta em tempos diferentes formando
distintas camadas que se pode visualizar. O pedregulho e a areia decantam
primeiro, por serem as partículas mais pesadas, seguido do silte e por último a
argila. Se o solo contém matéria orgânica, esta sobrenada na superfície da
água.

Quando a água estiver límpida, medir a altura das distintas camadas.

Figura 03 - Teste do vidro: indicações sobre o cálculo das frações de cada componente do
solo

Com os resultados obtidos, pode-se classificar o solo conforme figura a seguir.


Figura 04 - Diagrama de classificação dos solos, por teste do vidro (adaptado de Aid y ..., e
Moran, 1984)

8. Teste do cordão
Este teste avalia a resistência do solo em um determinado estado de umidade
e a relaciona com o tipo mais provável do solo (figura 05). Ele consiste em:

 tomar uma porção do solo seco e adicionar água até que, rolando sobre
uma superfície lisa e plana, seja possível formar um cordão que se
quebra com 3 mm de diâmetro;
 formar uma bola do solo nessa umidade e verificar a força necessária
para esmagá-la entre o polegar e o indicador;

Figura 05 – Teste do cordão: formação do cordão, até a quebra com 3 mm de diâmetro, e


ruptura da bola. Exemplo de uma terra argilosa
A avaliação é feita de acordo com as indicações contidas na tabela 2.

Tabela 2 - Avaliação do teste do cordão

9. Teste da fita

Este teste relaciona a plasticidade com o tipo do solo (figura 16) através do
seguinte procedimento:

 tomar uma porção do solo e, com a mesma umidade do teste do cordão,


fazer um cilindro do tamanho de um cigarro;
 amassar o cilindro de modo a formar uma fita, com 3 mm a 6 mm de
espessura e o maior comprimento possível.

Faz-se a avaliação conforme as indicações contidas na tabela 3.


Tabela 3 - Avaliação do teste da fita

10. Teste de exsudação


Avalia a plasticidade do solo em função da sua capacidade de reter água da
seguinte forma (figura 7):

 tomar uma porção do solo bastante úmida e colocá-la na palma da mão;


 golpear esta mão com a outra de modo que a água saia para a
superfície da amostra, dando-lhe um aspecto liso e brilhante.

Figura 07 - Teste exsudação: Diferença entre um solo argiloso (à esquerda) e um solo arenoso
(à direita)

A avaliação é feita de acordo com as indicações contidas na tabela 6.


Tabela 4 - Avaliação do teste do bolo

11. Teste de resistência seca


O teste identifica o tipo do solo em função da sua resistência e, como mostrado
na figura 08, consiste em:

 moldar duas ou três pastilhas de solo bem úmida, com cerca de 1 cm de


espessura e 2 a 3 cm de diâmetro;
 deixar as pastilhas secarem ao sol por dois ou mais dias;
 tentar esmagar cada pastilha entre o indicador e o polegar.

Figura 18 - Teste de resistência seca. Abertura e corte da “massa”; pastilhas recém-cortadas;


pastilhas secas (observando-se a diferença de retração entre solo argiloso e arenoso), e
tentativas de quebra das pastilhas entre os dedos (baseado em CEPED, 1984)
Seu comportamento é classificado de acordo com as indicações contidas na
tabela 7.

Tabela 4 - Avaliação do teste de resistência seca

12. Classifique o solo


Agora basta classificar conforme quadro abaixo.

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