4 - O Sequestro Da Noiva Do Sheik

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Índice

O Sequestro da Noiva do Xeique

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

AMOSTRA GRÁTIS DO MEU MAIS NOVO ROMANCE

A Obsessão do Xeique

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez
O Sequestro da Noiva do Xeique

Por Sophia Lynn

Todos os Direitos Reservados. Copyright 2015 Sophia Lynn.

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Capítulo Um

Irene respirou profundamente duas vezes. Não importava quantas respirações tomasse,
tampouco importava o número de vezes que tentasse visualizar uma luz pura e branca ou contar

deliberada e cuidadosamente até dez, ela não conseguia fazer com quem os batimentos de seu
coração desacelerassem.
Ao invés, tudo o que ela poderia fazer era plantar os pés no piso do aeroporto, segurando
apertadamente a sua bolsa, e refletir sobre o que havia acontecido dois dias atrás.

Dois dias atrás, ela era apenas mais uma estudante de graduação da Universidade de
Khanour, indo para a aula, enviando mensagens para seus amigos e aproveitando a oportunidade
de pesquisa numa universidade estrangeira. Khanour, um dos abastados, porém isolado membro
dos Emirados Árabes Unidos, era um valioso tesouro para seu estudo sobre a arte pré-islâmica, e
ela sabia que deixaria o país bem preparada para terminar sua tese.
Dois dias atrás, ela estava refletindo sobre o simbolismo da água em certas civilizações
antigas, quando repentinamente, dois homens grandes apareceram em ambos seus lados. Eles
estavam vestidos de formas simples, mas havia algo de ameaçador sobre eles, algo intensamente
assustador sobre a maneira como eles a observavam.

“Você é Irene Bellingham?” um deles perguntou.


Antes mesmo de pensar que pudesse mentir, ela fez que sim com a cabeça, e eles se
aproximaram ainda mais. Um rápido olhar pela rua revelou que ela estava sozinha, e lhe ocorreu
que os homens sabiam das circunstâncias antes mesmo de se aproximarem dela.
“Certo, você precisa vir com a gente,” um deles disse, e moveu sua jaqueta para o lado,
apenas o suficiente para que ela visse a coronha da arma que ele carregava escondida num
coldre axilar.
Irene paralisou. Não havia escolha, nada que ela pudesse fazer. Ela permitiu ser levada
para dentro do carro, imaginando o que seria dela. Ela havia escutado sobre garotas serem

sequestradas em outras partes do mundo, mas Khanour era conhecida por ser relativamente

segura. Eles a haviam questionado usando seu nome – o que isso significava?
Ela obteve sua resposta meia hora depois, quando os homens as levaram para uma pequena

casa no que aparentava ser uma boa localidade. Os homens pareciam ser gentis, mas não
admitiriam disparates. Eles a conduziram para um pequeno escritório com uma única janela no alto
de uma das paredes e apontaram para uma cadeira.
Ela aguardou por quase quinze minutos antes que um homem de estatura baixa e com

apenas uma pequena franja de cabelo ao redor da cabeça aparecesse. Ele se parecia como um
contador ansioso, mas havia alguma coisa nele que lhe causava arrepios.
“O que estou fazendo aqui?” ela perguntou.
O homem enrugou a testa cinicamente para ela. E ao invés de responder, ele gesticulou para
um dos homens de pé atrás dela. Antes mesmo que Irene pudesse reagir, as mãos do homem
agarraram com força uma de suas orelhas e a torceu vigorosamente. Ela chorou em choque e dor,
segurando a orelha latejante quando ele a soltou. Estava quente ao toque, e ela olhou para o
pequeno homem do outro lado da mesa, com seus olhos arregalados e cheios de lágrimas.
“Isto foi para te ensinar uma lição,” o homem falou suavemente. “Mas talvez, também possa

servir como uma introdução. Nós somos sabemos muito bem como machucar você, mas também
sabemos como fazê-lo sem que ninguém nunca perceba. Eu poderia ter deixado meu colega
tentando arrancar sua orelha fora e machucaria como se tivesse arrancado e ninguém
perceberia.”
“Agora, eu vou falar e você vai escutar, sim?”
A respiração de Irene tornou-se ofegante. Ela sabia que tinha que sair dali o mais rápido
que pudesse. Concordando com seus raptores, temerosamente ela fez que sim com a cabeça.
A face do homem rompeu num sorriso, e ela sentiu algo mais aterrorizante que anteriormente
diante de sua carranca.
“Bom. Agora aos negócios. Nós somos empresários e temos uma demanda, e o melhor é que

você nos ajude. O ideal seria que você nos ajudasse, e depois você nunca mais nos verá. Isso não

seria uma coisa agradável?”


Ela engoliu a seco. Haveria de ter mais tramas naquela história do que ela estava escutando.

Por que eles haviam ido até a universidade para encontrá-la? Como eles sabiam seu nome?
“Claro que, se você nos ajudar com o que precisamos, nós seremos muito gentis e amigáveis,”
disse o homem, com sua voz disfarçadamente calma. “Afinal de contas, um amigo é um amigo. Nós
não machucamos nossos amigos.”

Por um instante, o homem a confundiu manipulando seu celular. Logo em seguida, obviamente
após encontrar o que procurava, ele o virou para ela.
Havia um vídeo em espera na tela, e com seu dedo trêmulo, ela pressionou para que ele
fosse exibido.
A câmera focou no que parecia ser um cômodo de cimento branco com um homem no centro,
preso a uma cadeira. A pessoa que filmava aproximou-se, e Irene arfou quando se deu conta que
reconhecia o homem na cadeira.
Seu irmão gêmeo, que assim como ela tinha os cabelos ondulados, a pele clara, e olhos azuis,
olhou para ela com um sorriso cansado.

Peter tentou sorrir para ela, mas aquilo pareceu romper com algo dentro dele.
“Por favor, Irene. Ajude-me. Por favor. Eu preciso de sua ajuda...”
O vídeo foi interrompido, e o homem por trás da mesa chacoalhou sua cabeça com tristeza.
“É uma coisa terrível quando um familiar se perde,” ele disse com todo o jeito de
arrependimento. “Ele disse que vocês são gêmeos, mas com certeza um de vocês deve ser o mais
velho...”
“Essa seria eu,” ela disse, com a boca seca. Ela queria alcançar o telefone novamente, para
ver o vídeo mais uma vez, permitindo que verificasse que seu irmão estava vivo.
“Ah, é claro. Neste caso o irmão mais novo é sua responsabilidade,” falou o homem,
balançando a cabeça com compreensão. “Você está bem acostumada com isso.”

Ela poderia ter dito que ele estava precisamente correto. Ela vinha socorrendo Peter durante

toda sua vida fosse quando ele estava escondendo evidência de que havia se metido em confusão
ou simplesmente levando a culpa sempre que ele havia cometido um erro. Entretanto, aqueles

incidentes envolviam tortas roubadas e janelas quebradas, nada do que estava acontecendo ali.
“O que você vai fazer com meu irmão?” ela perguntou, com a voz embargada. Ela estava
preparada para ter sua orelha torcida novamente, mas ela precisava saber. Ao invés, o homem
por trás da mesa sorriu animadamente, como se ela o tivesse agradado.

“Se você nos ajudar, nós não faremos nada a ele. Nós e levaremos de volta para seu
apartamento e diremos a ele que deverá começar uma nova e bela vida, agradecendo sua irmã
mais velha todos os dias por sua contribuição em ajudá-lo a sobreviver.”
O homem pausou, e quando continuou, franziu o rosto, como se ela tivesse dito que aquela
era uma péssima ideia e tivesse pedido por mais opções.
Ela emitiu um pequeno barulho diante daquilo. Ela não queria nada além do que retornar a
ser a mulher que era há algumas horas atrás quando nada, além do trabalho que tinha que fazer
a pressionava.
Peter e esse homem tinham mudado tudo. Ela não poderia voltar. Tudo o que podia fazer

era caminhar adiante, e era dessa forma que ela iria proceder.
Ela respirou profundamente. Quando falou, sua voz estava equilibrada, quase um pouco
agressiva.
“O que eu preciso fazer?” ela finalmente perguntou.
O homem resplandeceu diante dela.
“É bom ver a família unida,” ele falou.
Agora, dois dias mais tarde, ela estava sentada no aeroporto de Khanour, sua pequena
bagagem de mão inofensivamente sobre seu colo. Dentro havia roupas, algumas lembranças para
os membros da família que sequer existiam e um pacote cuidadosamente embrulhado com papel.
O homem garantiu a ela que não drogas no pacote. Ele disse que era uma peça de arte que

estava destinada a mãos americanas. Uma coisa pequena, algo trivial, mas Irene podia ler nas

entrelinhas. Ela estava muito receosa.


O mercado de antiguidades mundial estava muito aquecido naquele momento. O homem que

recentemente havia se tornado sheik de Khanour havia colocado um ponto final no contrabando e
até mesmo no comércio legal de artefatos provenientes de Khanour, declarando que os tesouros
nacionais deveriam permanecer no país. Claro que aquilo havia despertado um interesse
exorbitante na arte local, do país onde ela estava. Este homem parecia estar interessado em tirar

vantagem desta tendência, e ele precisava de alguém relativamente despretensioso e confiável


para levar o artefato para os Estados Unidos.
Agora Irene continuava a contar de um até cem pela oitava vez. Ela já havia perdido a
conta de quantas vezes recomeçava a contar, mas talvez agora fosse diferente.
Ela já estava desistindo quando avistou um belo e jovem homem de Khanour em um terno
azul, bem cortado e de estilo ocidental, a observando. Ela sabia que havia cometido um erro assim
que ele sorriu e aproximou-se dela. Ela havia sido orientada a não chamar atenção, e agora ela
não estava certa se deveria mudar de lugar ou simplesmente sorrir e despachar o homem o mais
rápido que pudesse.

“Você vai embarcar logo?” o homem perguntou, acomodando-se no assento ao lado dela.
Irene sorriu timidamente para ele. Apesar da medonha situação em que se encontrava, ela
não pôde evitar em notar o quão belo era aquele homem. Como muitos homens de Khanour, ele
tinha pele cor de oliva e cabelos pretos, mas ao invés de olhos castanhos como ela havia visto
durante sua estada, seus olhos eram de um surpreendente e cativante tom de verde. Ele era alto e
movia-se graciosamente como um atleta nato... ou um predador nato. Alguma coisa em sua
aparência atraia sua mente, como se ele fosse alguém que ela já havia conhecido anteriormente,
mas ela logo espantou os pensamentos.
“E vou,” ela disse. “Meu avião vai decolar em menos de uma hora.”
Irene esperava que fosse o suficiente para ele, mas ele apenas fez que sim com a cabeça.

“Ah, e para onde você embarca?”

“Para os Estados Unidos,” ela respondeu, e quando aquilo ainda não parecia suficiente, ela
acrescentou, “Estou indo para casa, na Pensilvânia”.

Ele sorriu um pouco.


“Casa soa muito bem, não é mesmo? Eu mesmo acabei de chegar em casa.”
Contrariando a si própria, ela olhou com curiosidade para ele. O homem que havia lhe
entregado o pacote a havia advertido para que agisse naturalmente acima de tudo. Talvez isso

fosse natural? Conversar com alguém que não estivesse envolvido em toda essa confusão era pelo
menos um pouco tranquilizador.
“Se você acabou de pousar em casa, você não parece estar com pressa de chegar lá,” ela
observou. “A não ser que você more no aeroporto?”
Ele deu um riso com pesar, balançando a cabeça.
“Felizmente para mim, eu não estou,” ele disse. “Eu não gostaria de morar aqui. As filas para
o falafel são simplesmente longas demais.”
Ela sorria um pouco de sua piada.
“Perdoe-me,” ela disse encolhendo levemente os ombros. “Eu tenho certeza que não é da

minha conta o que você faz ou para onde vai..”


“Eu não ligo,” ele disse, a para sua surpresa, ele parecia estar se acomodando no assento
ao lado do dela. “Se você não se importar que eu pergunte, você também não parece ansiosa
para chegar em casa. Ou eu estou errado e você simplesmente está com medo de voar?”
Irene sabia que ela deveria ter aproveitado o gancho. Ela tinha medo de voar, e ela
precisava concentrar-se e se acalmar antes de decolar. Você pode ir embora, por favor? Aquilo
seria algo natural a se dizer, mas ao invés, uma estranha versão da verdade veio à tona.
“Meu irmão está em apuros,” ela disse, sua voz suave apenas para os ouvidos dele. “Ele...
ele é meu irmão gêmeo, e ele sempre foi o que não conseguia não se meter em problemas, e eu
acho que agora ele está metido em um novamente. Eu preciso voar de volta para casa e ver se

posso ajuda-lo.”

As sobrancelhas do homem levantaram, e ele a encarou com curiosidade.


“Isto soa ser sério,” ele observou.

“É terrivelmente sério,” ela disse, e depois colocou para fora, em alto e bom tom o seu maior
medo. “E eu receio que mesmo que eu faça tudo isso, ainda não o levará para um lugar melhor. Ele
se colocou em situações sérias antes, mas essa parece ser diferente. E como se dessa vez fosse
muito pior, e eu não sei se posso ajudar.”

Para o horror de Irene, ela sentia lágrimas encherem os seus olhos. E ela não conseguiu as
esconder, piscando e as limpando rapidamente.
“Desculpe-me,” ela disse. “Eu sei que você não veio até aqui para confortar uma mulher que
deve estar parecendo louca.”
Ele sorriu para ela, puxando um limpo e bem passado lenço de tecido branco e entregando
para ela.
“Fui eu quem invadiu seus pensamentos, e por isso peço desculpas. Eu estava observando
você através do saguão, sabe, e quando eu te vi, algo me parou no caminho. Havia uma garota
que parecia dever ter tudo para ela. Mas ao invés disso, ela senta e olha como se o mundo tivesse

acabado.”
“Meu mundo não acabou,” ela disse, com um leve sorriso em seu rosto. “Não ainda, pelo
menos.”
“Sim, porque você ainda tem que voar para o resgate de seu irmão e bancar a super
heroína,” ele disse com uma risada.
“Eu não sou uma super heroína tão terrível assim,” ela protestou. “Eu não posso voar, mas
posso entrar num avião, e eu não tenho super poderes, mas eu sou super teimosa.”
Ele riu dela, mas havia uma bondade em seu sorriso, e uma parte dela sorriu para ele, como
um girassol se virando para o sol.
“Eu não duvido disto,” ele respondeu. “Eu tenho toda a fé que você ira tirar seu irmão de

qualquer situação em que ele tenha se envolvido.”

De alguma forma a conversa estava ajudando. O estranho tinha razão; esta era apenas
mais uma situação em que Peter havia se envolvido. Ela o salvou tantas vezes no passado. Ela o

salvaria novamente.
“Você disse que eu era uma garota que deveria ter tudo para mim,” ela disse. “O que você
quis dizer?”
“Talvez soe superficial, dizer isso agora, mas eu simplesmente quis dizer que você parecia

tão adorável sentada aqui. Você é uma bela mulher, pequena heroína, com o cabelo formoso e
pele clara, e esses seus olhos azuis poderiam imobilizar um touro voraz e fazê-lo cair de joelhos. O
que poderia chatear uma mulher tão bonita?”
Irene balançou sua cabeça para ele, meio entretida e meio frustrada.
“Você alguma vez já conversou com mulheres?” ela replicou. “Mulheres, independente de
serem bonitas ou não, têm muitos problemas.”
“Diga-me um,” ele a desafiou, e foi um argumento tão absurdo que ela simplesmente disse a
primeira coisa que veio na sua cabeça.
“A maioria deles, começam e terminam com homens,” ela disse, e depois para a sua surpresa,

os dois caíram na gargalhada.


“Tudo bem, tudo bem, eu mereço isso,” ele disse. “Ao menos, quando eu contar para as
minhas primas e tias no final dessa semana, é isso que elas dirão. E quando elas perguntarem, a
quem devo conceder a autoria dessa particular pérola de sabedoria?”
“Irene Bellingham,” ela disse com um sorriso discreto. “De Kingston, Pensilvânia. E quando eu
estiver contando essa história para as minhas amigas, diante de quem eu fiz papel de tola quando
havia tomado muito café e dormido pouco?”
“Você pode me chamar de Raheem,” ele disse e ofereceu sua mão.
Ela pensou que ele iria apertar sua mão, mas ao invés disso ele virou sua palma para baixo
e beijou gentilmente a articulação.

De alguma forma, apenas aquele simples toque enviaram calafrios através dela. A sensação

de pele dele, tocando a dela, sua boca roçando em sua articulação, foi o suficiente para que ela
prendesse a respiração.

Ele recuou, e o olhar em sua face estava tão surpreso quanto o dela, embora ele
rapidamente o escondeu.
“Parece que nós temos uma conexão e tanto, senhorita Bellingham. Você acha que é possível
explorarmos essa conexão mais tarde, quando retornar ao meu país?”

Por um momento, era tudo o que ela queria. Havia algo sobre esse homem, que se chamava
Raheem. Quando ela estava com ele, ela não sentia medo ou preocupação com outros problemas.
Ela não havia esquecido sua missão, mas de alguma forma, durante os últimos minutos, ela não
havia pensado sobre isso.
“Desculpe-me,” disse Irene com genuíno pesar. “Eu não acho que irei retornar a Khanour
após isso.”
Mesmo como ela havia dito, alguma coisa partiu seu coração. Esta foi uma terra onde ela
havia passado mais de seis meses pesquisando, e a arte, a cultura, e as pessoas a conquistaram,
despertando algo dentro dela como nunca antes. Entretanto, após completar sua perigosa tarefa,

era muito provável que ela tivesse que permanecer nos Estados Unidos, e nunca retornasse.
“Ah, uma pena então. Bem, se eu algum dia estiver em Kingston, Pensilvânia, eu sei que
alguém que eu quero muito conhecer melhor vive lá.”
Ela sorriu e depois se distraiu um pouco como se estivessem anunciando seu embarque.
“Eu devo ir,” ela disse, se levantando e agarrando sua bagagem. “Eu... agradeço por vir
conversar comigo.”
Ele sorriu, e havia ali um misto de lamento e melancolia.
“Eu estou contente que decidi vir falar com você também,” ele disse suavemente. “Tempo
gasto com alguém tão adorável nunca é desperdiçado.”
Ela sorriu, palidamente.

“Vá para casa,” ela disse. “Você já adiou por tempo suficiente.”

Ele riu, e em seguida ele teria se virado e desaparecido na multidão se alguém não tivesse
arrancado à bagagem das mãos dela.

Irene estava tão surpresa que apenas pôde gritar, mas no último segundo, ela passou seu
braço pela alça e tentou segurá-la. A única coisa que conseguiu, porém, foi ser derrubada de lado
enquanto o ladrão retomava seu passo e fugia.
Em seguida, para sua surpresa, Raheem entrou em ação, correndo atrás do ladrão e o

agarrando por trás, pela jaqueta, antes mesmo que ele conseguisse correr uns 3 metros. Uma
multidão se reuniu para lhe aplaudir enquanto ele chacoalhava tenazmente o esguio larápio.
“Devolva,” ele disse, sua voz com num grave tom de comando. “Vamos, seu pequeno
insolente...”
O ladrão, amuado e bravo com a sua captura, jogou a bolsa no chão, e para o horror de
Irene, o embrulho de papel foi arremessado e rolou uma curta distância antes de parar próximo a
um corrimão. Ela tentou alcança-lo, mas Raheem, após entregar o gatuno as autoridades do
aeroporto, o alcançou primeiro. Ele o segurou em suas mãos, mas quando estava prestes a
entrega-lo para ela, ele parou.

Em meio ao tumultuo, um dos cantos do embrulho se descascou, revelando um inigualável


brilho de puro ouro amarelo.
Ao invés de devolver a ela, ele ergueu-se e de pé, rasgou o papel expondo o que estava
dentro.
Irene não fazia ideia do que estava carregando, e quando ela viu, seu coração bateu forte.
Era uma estátua dourada de um belíssimo cabrito-montês, enrolado, com suas pernas enfiadas por
baixo e seus delicados chifres encurvados sobre sua cabeça. Sua bem treinada mente de
historiadora lhe disse que aquilo era um fino exemplar do período inicial da arte Islâmica, um
tempo em que o Oriente Médio liderou o mundo das artes e da ciência. O cabrito foi
delicadamente esculpido pelas mãos de um talentoso artista, um para um olho bem treinado não

havia como não reconhecer do que se tratava. Era nada menos que um tesouro nacional, um

tesouro de valor inestimável no que se tratava de importância histórica.


Quando Irene olhou para Raheem, a fúria em seus olhos fez com que ela tomasse um passo

para trás. Ela queria correr, e queria se esconder, mas ela não podia fazer nada além de ficar ali
como um cabrito atordoado, esperando que os lobos viessem e acabassem de vez com ela.
“Você sabe o que é isso?” ele perguntou, sua voz vibrando em fúria. “Você tem alguma
ideia?”

Ela não pôde responder. Sua garganta estava fechada com culpa e medo e dor. Estava
acabado. Sua vida estava acabada. A vida de seu irmão estava acabada. Tudo o que ela podia
fazer agora era manter-se em silêncio.

Ele olhou fixamente para ela, e por um momento, ela temeu que ele viesse e a chacoalhasse,
talvez até mesmo a atacasse. O homem que veio e pegou pelo braço foi quase que uma
consideração a ela. Eles não ofereciam o mesmo tipo de medo e terror que Raheem causava. Ele a
olhou como se ela tivesse pessoalmente traído seu país, insultado seus compatriotas. E de certa
forma, ela insultou.

“O que você quer que a gente faça com ela, sua Alteza?” um dos guardas questionou
cerimonioso, e por um momento, Irene não tinha ideia com quem ele estava falando ou se dirigindo.
Em seguida ela percebeu que todos os olhares estavam dirigidos para Raheem, que supervisionava
a situação como um homem que possuía controle soberano sobre o mundo.

Uma infinidade de emoções oscilava sob a face de Raheem. Ela não podia acompanhar
todas elas. Em meio ao que era um dos piores momentos de sua vida, tudo o que podia fazer era
assistir a face de Raheem, como se tudo o que pudesse ver o seu destino e o de Peter estampado
ali.
“Leve-a para a delegacia,” ele finalmente ordenou. “Eu entrarei em contato com o delegado

de polícia e o departamento de crime internacional.”

Quando ele falou daquela forma, um pedaço do quebra cabeça se encaixou. Ele havia dito
a ela que o chamasse de Raheem, mas aquilo era apenas o começo. Ela havia achado ele bonito,

mas havia ignorado a parte de si que insistia já o ter visto antes.

Na realidade, ela já o havia visto nos jornais, na Internet, e até mesmo nas revistas expostas
nas bancas durante o seu caminho para o aeroporto. O homem que a estava confortando,

flertando com ela, enxugando suas lágrimas, e a fazendo sorrir, era ninguém mais nem menos que
o Sheik Raheem bem Ali, o lorde de Khanour e governante do país de onde ela estava
contrabandeando.

Conforme os guardas começaram a conduzi-la dali, ela virou a cabeça e deu uma última
olhada para Raheem, que parecia ser um homem esculpido de pedra. Ele olhou para ela com um
olhar superior e austero, mas havia algo suave ali, algo que estivesse apenas em sua imaginação.

Perdoe-me, ela murmurou com a boca para ele antes que a levassem. Eu sinto muito.
***

Aquele deveria ter sido um bom dia para Raheem. Ele havia fechado negócios em Dubai
mais cedo, e embora pensasse que ninguém havia conseguido exatamente o que gostariam ao
menos todos haviam deixado a mesa de reuniões satisfeitos.

Tudo o que ele queria ter feito era chegar em casa, tirar a poeira dos sapatos bem polidos,
e passar algum tempo sem pensar em nada.

Claro que, os confortos de casa significam o calor do acolhimento de sua família, e aquela
família, embora amorosa, definitivamente possuía sua própria agenda. Quando seu pai faleceu, há
três anos, Raheem jurou a si mesmo que ele seria feliz assumindo a tarefa de cuidar de sua mãe e
tias. Elas o amavam, eram agradecidas a ele, e elas eram as que sabiam o que era melhor para
ele. É claro, que o que era melhor para ele estava precisamente alinhado com as tradições que se

originaram há quinhentos anos em meio ao deserto, e elas não compreendiam que um homem
moderno, deixado sozinho como um governante moderno de moderno emirado, não poderia tomar

as mesmas ações que um lorde cavaleiro tomaria a séculos atrás.

Ele estava se dirigindo para casa, pronto para tomar os desafios diante de suas familiares
mulheres, mas então alguma coisa a respeito da pequena loira sentada no saguão do aeroporto
chamou sua atenção. Até agora, ele não pôde dizer o que foi. Ele sabia o que os oficiais de

polícia teriam dito. Eles teriam dito que ele havia reconhecido uma criminosa com os seus aguçados
instintos herdados de seus ferozes ancestrais. Eles teriam dito que ele orientou-se pelas mil pistas
subjetivas de um malfeitor e entrou em ação com a intenção de capturar e coibir.

Ele sabia que não havia sido isso.

Havia algo sobre a garota – Irene Bellingham, ele se lembrou, se aquele era seu verdadeiro
nome – que capturou seus olhos, o quando ela os teve, ela não o deixaria partir. Ele havia
conhecido muitas mulheres que eram de longe muito mais atraentes, muitas mulheres muito mais
educadas e refinadas, mas alguma coisa sobre essa mulher o prendeu e o manteve.

Se o ladrão não tivesse surgido como a mão certa da providência divina, ele teria
simplesmente dito adeus e pensaria nela de tempos em tempos. Mas o ladrão interviu, e quando
aquilo ocorreu, acabou revelando um crime muito mais grave.

Ele sabia o que era a estátua no momento em que a viu, e quando ele pensou sobre aquele
tesouro perdido deixando seus pais, ele viu sangue. Foi o trabalho, de um líder artesão Qebbi bem
Faddir, que havia produzido apenas quatro daquelas estátuas há trezentos anos. Apenas uma foi
recuperada, e acreditava-se que esta segunda havia sido destruída há décadas.
Ele chegou de suas conversas com a polícia e agentes encarregados de assuntos

internacionais. Ele passou por seus parentes e foi direto para seus aposentos no palácio. Quando a

pessoa responsável por assuntos médicos do palácio tentou bater em sua porta, Raheem rugiu com
raiva e arremessou uma valiosa taça de vidro cortante contra a porta. O vidro despedaçado

havia sido suficiente, mas apenas por um momento.

Seu povo contava histórias de espíritos demoníacos que podiam rondá-lo por dias. Um
momento de descuido, e de repente, um desses espíritos apareceriam, o seguindo e o obsediariam
de tal forma que você nunca teria um momento de paz ou descanso.

Ele nunca havia imaginado como um desses monstros poderia se parecer, mas agora ele
começava a acreditar que teria cabelos loiros e olhos azuis que eram como mergulhar na parte
mais azul de uma piscina num oásis.

Apesar de sua fúria, seu olhar azul o havia golpeado bem no coração. A polícia estava a
estava levando para confrontar seus crimes, e quando ela se virou para ele, ela não implorou por
sua vida. Ela não falou mal ou piscou, nenhum dos dois que ao menos fariam sentido.

Não, ela havia olhado para ele, e ela desculpou-se. Havia pesar e sofrimento em seu

coração, mas nada disso parecia ter a haver com ter sido pega ou perdido um tesouro valioso. Ao
invés disso, Irene queria desculpar-se com ele, aquilo atingiu profundamente seu coração, o
deixando perplexo.

Até agora, horas depois, ele não podia entender.

Ele caminhou até a varanda e deixou aberta, permitindo que a brisa fresca da noite
adentrasse. O sol havia se posto horas atrás mas agora o brilho da cidade de Khanour podia ser
visto. Uma das cidades mais ricas dos emirados, e uma das mais modernas, uma estrela por si
própria, lançando um brilho tão vivo que poderia fazer alguém acreditar que a cidade havia
transformado noite em dia.

Em Khanour, Raheem governava sem questionamentos. Havia um parlamento para governar


a cidade, mas quando ele decidia intervir em questões cívicas, sua palavra era literalmente lei.

Porque agora ele se sentia tão enfraquecido? O que havia acontecido no aeroporto,
naquelas poucas horas, que o transformara.

Ele havia mudado agora, não importava o quanto tentava negar isso. Ele sentia-se como um
animal selvagem trazido para a enseada, alguma coisa mudava sem sequer haver um jeito de

questionar ou impedir.

Raheem admirou seu reino do alto, e ele sabia qual era a resposta. Está guardada com uma
bela garota, confinada num dos lugares mais obscuros de Khanour, e ele precisava tê-la.
Capítulo Dois

Assim que ela foi capturada, Irene calou sua boca. Ela não sabia o que estava acontecendo,
ela sabia que as coisas estavam muito ruins, e sabia que ela não poderia torná-las melhor,

advogando em sua própria defesa.

Ela foi tratada com gentileza suficiente, conforme tudo ocorria. Irene sabia que poderia ter
sido muito pior. As guardas femininas que a detiam, a enfiaram bruscamente dentro da van a
caminho da prisão, mas ela não poderia pedir por algo melhor quando havia, literalmente, sido

pega roubando um patrimônio cultural.

Na prisão, eles a levaram até o homem que deveria ser seu advogado, mas ele rapidamente
se frustrou quando ela se recusou a falar qualquer coisa.

“Eu não posso ajudá-la se você não se pronunciar,” ele disse mais de uma vez. “Nós
investigamos seu histórico, e sabemos que você não é uma criminosa, ou ao menos, nunca foi antes.
Quem está forcando você a fazer isso? Quem está por trás? Você não precisa ser condenada por
crimes de terceiros!”

Ele apelou e argumentou, intimidou e instigou, mas após tudo, ela permaneceu em silêncio.
Mais de uma vez, ela ficou tentada em falar, em contar-lhes tudo. Mas então se recordava do
vídeo de seu irmão, naquele quarto horrível, o som de sua voz implorando a ela que o ajudasse.
Não importava o que fizessem com ela, ela não poderia contar com os homens que capturam Peter
fazendo algo doze vezes pior com ele se ela desistisse deles.

Ela permaneceu calada. Vinte e quatro horas depois, Irene descobriu que havia feito à
escolha certa. Em sua cela estreita, comida foi entregue através de um compartimento na porta. Ela
cutucou a comida com falta de interesse até levantar a pequena garrafa de água e encontrar por
debaixo um cacho de cabelo que era exatamente da cor do seu. A mensagem foi clara. Ela havia

de se manter em silêncio, ou seu irmão iria morrer.

No dia seguinte, os interrogadores da polícia vieram vê-la. Ela sentou-se na cadeira


enquanto eles gritavam a empurravam, batiam seus punhos pesados contra a mesa na frente dela.

Ela despontou das oito horas seguidas diante deles, assustada e choramingando, mas ainda assim
não falou. Em seus sonhos febris aquela noite, ela imaginou nunca mais falando novamente, como a
princesa num conto de fadas que ganhou a liberdade de seu irmão ganso após sete anos de
silêncio. Se ela se mantivesse firme, algum dia, ela e Peter sairiam disso de mãos dadas, inteiros e

fortalecidos.

No segundo dia, os interrogadores tentaram mais da mesma tática, e desta vez, quando ela
retornou de volta para sua cela à noite, seus pulsos estavam com hematomas causados pelas
algemas apertadas.

No terceiro dia havia algo diferente.

Eles a levaram para uma cela diferente, e a primeira coisa que ela notou foi que não havia
nada ali a não ser um par de grilhões presos na parede. Ela ficou só pelo o que pareceu uma

eternidade, quando uma mulher com uniforme da unidade correcional entrou. Em suas mãos havia
um longo chicote e Irene começou a tremer.

“O mundo é muito diferente aqui do que é na América,” a mulher começou. “Por exemplo, eu
acredito que na América, vocês devem ter desistido da ideia de castigos físicos para crimes de
estado. Senhorita Bellingham, o que você cometeu foi um crime de estado, e a repercussão pode
ser severa. Por exemplo, a punição que pode ser aplicada para o que você fez é de cem
chibatadas com um chicote de camelo.”

“Esta é uma antiga ferramenta de correção. O chicote é utilizado para dirigir camelos, para
fazê-los irem onde nós desejamos. Quando utilizado contra a pele de uma mulher que é de longe
mais frágil que o couro do camelo, bem, os resultados podem ser aterrorizantes, você não acha?”

Irene pôde sentir as lágrimas brotarem em seus olhos conforme a realidade da situação se
configurava para ela. Eles poderiam fazer o que quisessem com ela. Ela não poderia detê-los.

“Considerando que aplicadas cem chibatadas de uma só vez poderia matar um homem
robusto, e a intenção não e que isso seja uma execução, senhorita Bellingham. Nós temos um médico
que virá para confirmar que você pode aguentar a dor e o choque, e tempo subsequente para

recuperação. Em seguida dez chibatadas são aplicadas. Vagarosamente.”

Irene recuava enquanto a mulher tocava a parte trançada do chicote contra seu ombro. A
mulher curvou-se.

“Após isso, você será levada de volta para sua cela para descansar e se recuperar. Quando
as feridas estiveram de alguma forma curadas, você será trazida novamente, só que desta vez,
você saberá que tipo de dor a estará aguardando. Homens fortes que foram submetidos a
chibata, quebraram o silencia quando foram trazidos para sua segunda sessão. Alguns ainda
resistem, mas todos uivam quando são trazidos de volta para sua terceira sessão.”

Ela pausou.

“Dez chibatadas, senhorita Bellingham. Isto não a matará, mas muitos que recebem esta
punição nunca voltam a ser quem eram novamente. Eles se... quebram, mentalmente quando não,
fisicamente.”

As lágrimas corriam soltas pela face de Irene. Um profundo desespero a tomou. Ela sabia
agora o que iria acontecer, e sabia que não havia nada que podia fazer a respeito.

“Nós não temos permissão para lhe dar as chibatadas pelo seu crime agora. Isso é
ordenado apenas pelo tribunal de justiça.”

Ela aguardou até que Irene relaxasse levemente antes de continuar.

“Entretanto, nós estamos autorizados a corrigir prisioneiros que vêm sendo indisciplinados e

pouco cooperativos em nossa unidade.”

Irene levantou a cabeça, e a mulher exprimiu um leve sorriso.

“O que você pensa que desafiar seus guardas com silêncio significa?” ela perguntou. “Eu
não posso utilizar o chicote para camelo, mas eu posso usar o cassetete, e acredite quando eu digo

que um não é muito diferente do outro.”

A mulher pendurou cuidadosamente o chicote para camelos na porta, e em seguida surgiu


com um grosso cassetete que mais parecia um taco. Quando ela abanou o cassetete no ar, ele fez
um barulho cortante que fez com que Irene recuasse.

“Tire suas roupas.”

Irene congelou. Ele não podia. Ela não iria.

A mulher olhou para ela calmamente.

“Tire suas roupas, ou irei chamar dois guardas para que as retire por você.”

A mente de Irene estava em pânico. Ela não podia imaginar tirar suas roupas, e submeter-se
a brutalidade com a qual a mulher lhe disse que se seguiria. Toda a cela pareceu estar longe. Ela
sentia que se estivesse movendo-se em meio à lama, mas por baixo dela, havia uma camada de
pânico movediça tomando conta de seu corpo.

“Hoje!”

A mulher repentinamente golpeou com o cassetete, passando muito próximo ao braço de


Irene. Ela pôde sentir a forma como o taco rasgou através do ar, fazendo-a ofegar.

Ela rapidamente começou a despir-se, mas seus dedos estavam atrapalhados com os botões
enquanto a guarda esperava impacientemente. Ela manteve sua mente concisamente vazia,
tentando evitar pensar sobre o que viria depois.

Uma gélida sensação de desânimo tomou conta de si. Ela havia perdido a esperança. Não
havia nada que pudesse fazer. Ela hesitou quando alcançou suas roupas de baixo, mas um olhar
impaciente da mulher com o cassetete, fez com que ela os removesse também. Agora ela estava

nua dentro da cela fria, e sabia que teria que suportar o que viria a seguir. Ela não podia permitir
que seu silêncio fosse violado. Ela tinha que proteger seu irmão. Não havia outra escolha.

“Vire-se contra a parede.”

Ela se pôs de pé, trêmula, enquanto a mulher a algemava na parede, puxando uma
alavanca que a mantinha esticada. A parede estava gelada contra seus seios e barriga. Ela tentou
ir para algum outro lugar em sua mente.

Por trás dela, a mulher abanou o cassetete duas ou três vezes no ar, fazendo com que Irene
recuasse a cada som e movimento.

“Muito bem. Seis para começarmos, e depois veremos o quão teimosa você continuará sendo,
sim?”

Irene tinha lágrimas nos olhos. Ela os fechou com força e apertou os punhos no alto onde se
encontravam acima de sua cabeça.

Por favor, não posso falar.

O cassetete começou a descer através do ar. De repente, houve um estrondo conforme a


porta movia-se sobre suas dobradiças, abrindo rapidamente. Havia pouquíssima corrente livre par
que Irene pudesse virar-se, mas quando ela o fez, começou a ver um rosto familiar sombreado

pela luz da porta.

Era Raheem o belo estranho do aeroporto que havia se tornado ninguém menos que o sheik
de Khanour. Agora ele estava vestido com o tradicional robe de seu povo, o drapeado escuro de

tecido o faziam parecer ainda mais imponente. Foi como se ele tivesse sugado todo o ar da cela;
todos os olhares estavam nele, dela e da guarda até o homem por trás dele.

Por um momento, ele observou ao redor, analisando a cena. Seu olhar brilhou, quando fitou

sua forma nua, e em seguida ele estava formal novamente.

“Desamarrem-na,” ele disse, sua voz profunda e imponente.

A guarda apressou-se para fazer como o sheik havia comandado, e quando ela o fez, se
afastou. Irene, no entanto, só pôde tentar esconder o melhor que podia seu corpo nu com as mãos,
tremendo conforme ele avançava em sua direção.

“Você sabe quem eu sou?” ele perguntou, seus olhos escuros e sua face austera.

Irene não fazia ideia do que estava acontecendo agora, mas ela sabia que tudo o que não

poderia fazer era desafiar este homem.

Ela curvou-se desastradamente, como se sua cabeça fosse uma bola num cordão. Ele a
alcançou, suspendendo sua cabeça com sua mão em seu queixo. Quando ela olhou para ele, ele
estava ainda mais assustador. Este era um homem que detinha o poder de vida e morte sobre seu
povo. Ela havia sido pega roubando dele.

“Diga meu nome.” Sua voz era puro comando, algo que ela não poderia desafiar.

“Raheem,” ela sussurrou. “Raheem ben Ali, sheik de Khanour.”


Para surpresa dela, ele irrompeu num sorriso que era luminoso e cruel.

“Foi ouvido, e foi testemunhado,” ele disse, sua voz estridente para que as pessoas na porta
pudessem ouvir. Irene olhou para cima surpresa.

“Ela me reconheceu por quem eu sou, e, portanto na maneira antiga, eu declaro esta mulher
minha esposa.”

As pessoas por trás dele romperam num murmúrio de excitação, e a guarda assistia a eles
com os olhos arregalados, mas Irene sentiu-se como se tivesse sido golpeada pelo cassetete. O

mundo estava flutuando, e as coisas acontecendo muito rapidamente para que ela pudesse
processar oq eu estava acontecendo.

A guarda falou.

“Alteza... o que isso significa?”

“Significa guarda, que esta prisioneira não mais é sua responsabilidade. Eu estou optando
por me casar com ela da maneira antiga, e, portanto seus crimes são meus para puni-los e agora é
minha responsabilidade fazer justiça. Seu crime contra o país de Khanour, e como eu sou Khanour, e

assumirei sua custódia.”

Com uma mão pouco cuidadosa ele jogou em Irene uma sacola com roupas.

“Cubra-se,” ele disse, ele disse com sua voz vigorosa. “Nós sairemos assim que você
terminar,”

Por um momento, Irene imaginou se ela estava saltando direto da panela fervente para o
fogo. Na prisão, ela sabia exatamente o que esperar, mas com Raheem... quem poderia saber que
tipo de torturas ela havia planejado. E casar-se? Não deveria ser legal, mas de acordo com suas
pesquisas, ela sabia que era. O casamento que ele havia declarado vinha da história ancestral de
Khanour, uma lei que era válida apenas para o sheik, quem talvez tomasse uma mulher como

esposa por somente uma semana. Sob aquela lei, ela era sua propriedade, e ele poderia fazer

com ela o que desejasse.

Quando ele fez um som impaciente, ela apressou-se em abrir a sacola. Dentro, ela encontrou

um robe largo e calças pantalonas que se abotoavam na cintura. As roupas eram similares com o
que as mulheres mais tradicionais vestiam no interior de Khanour. Os outros itens eram mais
enigmáticos.

Havia um par de delicados braceletes de ouro, cravejados com pequenas gemas vermelhas
que ela suspeitava serem rubis e um par de brincos de ouro detalhadamente trabalhados, mas o
grande prêmio era obviamente a gargantilha. Não, não uma gargantilha; era mais uma coleira.
Era uma peça que remetia a algum passado distante, uma pesada peça de metal que servia
perfeitamente ao redor de seu pescoço com uma vistosa pedra da lua no centro.

Raheem a observou de cima a baixo com um olhar crítico antes de curvar-se rapidamente.

“Bom,” ele disse, sua voz seca e imperativa. “Agora você irá me seguir. Você não tentará
escapar, ou eu lhe mostrarei que posso ser tão selvagem quanto em qualquer prisão. Curve-se se

você compreendeu.”

Ela curvou-se, sentindo-se vacilante como em meio a um terremoto. As coisas estavam


acontecendo tão rápido que ela não fazia ideia sobre o que viria a seguir ou o que poderia fazer
a respeito. Ao invés, ela seguiu o sheik em torpor. Ele a levou para fora do prédio, passaram os
guardas e os portões e as grades, e em seguida ela foi entregue para um dos carros escuros que
estavam parados do lado de fora.

Eu não estou com meu passaporte, ela pensou de repente. Não houve nenhum procedimento
registrando minha saída da prisão, nada que eu possa contar às pessoas que eu estive aqui...
Ela se deu conta, sentada sozinha no carro onde estava separada do motorista por uma

vidraça ou vidro de segurança, garantindo que estava verdadeiramente só. Ninguém sabia onde

ela estava ou para onde estava indo. Ao invés, sua vida estava inteiramente nas mãos de um
homem que não tinha motivos para amá-la, que a via como uma traidora de sua gente e uma

ladra asquerosa.

Conforme o carro movia-se pelo entardecer, Irene imaginava o que iria acontecer com ela.
Capítulo Três

A viagem seguiu-se em silêncio. O motorista nunca se dirigiu a ela, e seu ele estava com
rádio ligado, estava tão suave que ela não pôde ouvir através do vidro. Sentada no banco macio,

e mesmo enquanto se perguntava o que no mundo seria dela, ela pôde notar o quão luxuoso era.
Ela havia passado dias na prisão de ferro e cimento. Ela provavelmente estive em outro mundo.

De alguma forma, Irene acabou dormindo. Em seus sonhos, ela estava de volta a sua cela.
Tudo ao seu redor era barulho de prisão, mas por cima de todos eles, ela podia ouvir um ágil,

convicto passo. Ela sabia que era Raheem ante mesmo que ele aparecesse na porta de sua cela, e
quando ele a abriu, ela pôde ver que ele segurava um cassetete em sua mão.

“O que você vai fazer comigo?” ela perguntou em seu sonho, sua voz baixa e longe.

Ele gargalhou, de forma única.

“Eu vou lhe dar o que você merece,” ele respondeu.

Ela acordou com um arranque, e sentia lágrimas escorrendo em sua face. Por um momento,
ela não fazia ideia de onde estava. Ela estava convencida que ainda era na cela em Khanour. Ao

invés, o carro estava prestes a parar, e o motorista desceu, deu a volta para abrir a porta para
ela.

“Você está bem senhorita?” ele perguntou solícito, e ouve um momento antes que pudesse se
dar conta que era a ela a quem ele se referia tão gentilmente.

“Sim estou” ela disse, sua voz um pouco enferrujada. Foi como se aquela tivesse sido a
primeira vez em anos que ela desde que pôde falar tão claramente.

Irene olhou ao redor confusa.


Eles a levaram para um campo de aviação no meio do deserto. O sol estava começando a

se pôr, tingindo o céu com um tom de laranja vivo. O único avião na pista era uma coisa bem

pequena, que mais parecia um brinquedo perto diante do enorme céu. Havia algo de privativo
naquele lugar. Era obviamente um espaço que pertencia a um único homem, não ao mundo.

Outro carro chegou, e o próprio Raheem surgiu. Ele continuou a dar instruções para a mulher
vestida com um impecável terno de negócios ao seu lado, e em seguida se aproximaram de Irene,
ele balançou sua cabeça.

“É o suficiente, mas servirá por agora,” ele finalmente disse. “Se você precisar de alguma
coisa, me ligue, mas francamente eu prefiro que você evite me contatar.”

A mulher curvou-se, olhando curiosamente para Irene antes de continuar.

“Não, eu acredito que vai ficar tudo bem,” ela disse. “Você me deu o bastante para
trabalhar, e depois de tudo eu posso adivinhar. Você precisará de algo?”

Raheem balançou a cabeça.

“Não. Mas se algo surgir, eu entrarei em contato.”

“Como quiser, Vossa Alteza.”

Quando ela voltou ao carro para partir, Raheem voltou-se para Irene. Sem pensar, ela deu
um passo para trás. Havia algo tempestuoso na expressão dele, mas algo terrivelmente possessivo
ao mesmo tempo. Ele parecia como um homem que havia ganhado um prêmio, ou um que estava
prestes a reivindicar um. Ao invés, ele apenas curvou-se diante do avião.

“É para lá que estamos indo.” ele disse. “Venha.”

Ele a guiou através da escada e para dentro do avião. Por um momento o cérebro
atemorizado de Irene invocou viagens de avião que terminavam com uma pessoa atemorizada
sendo empurrada pela porta. Entretanto, conforme ela entrava na pequena, mas luxuosa cabine,

ela se deu conta que a maioria das execuções não se passava em aviões tão glamorosos.

Tudo parecia tão intenso e tão estranho. Ela não sabia para onde ir ou o que fazer. Raheem,

que se sentou num dos assentos ao redor de uma pequena mesa, olhou para ela.

“Não fique aí de pé,” ele disse, sua voz um pouco mais gentil do que antes. “Venha sentar-
se.”

Obediente, ela veio para sentar-se a mesa, de frente para ele. Ela estava alarmada quando
um adorável, jovem atendente de bordo surgiu com toalhas mornas para que eles lavassem suas
mãos. Por alguma razão, aquela pequena cortesia, oferecida sem hesitação ou coerção, disse a
Irene que ela não estava mais na prisão, pelo menos naquele momento. Ela piscou as lágrimas,
esperando que Raheem não as notasse.

Ele prendeu o fôlego enquanto o avião escalava os céus. O atendente de bordo retornou
para o seu próprio assento, e ela estava sozinha com Raheem. Do lado de fora, o pôr do sol exibia
um brilho alaranjado. Ela estava quase tentada a dormir novamente, mas não conseguia relaxar.

Finalmente, ela virou-se para Raheem, que estava passivamente lendo algo em seu computador.

“O que você fez?” ela perguntou, sua voz incomodada. Aquelas eram mais palavras do que
ela havia pronunciado em um longo tempo. Elas eram quase dolorosas, e ela imaginava se ele a
ridicularizaria por ter questionado.

Ao invés, ele olhou para ela com uma tranquilidade que a acalmou. Acima de tudo, este
homem era um que sabia seu lugar no mundo.

“Então você é capaz de falar,” ele disse casualmente. Foi como se ele fizesse viagens de
avião com mulheres, acusadas por delitos, todos os dias.
“Você deveria saber,” Irene respondeu. “Nós conversamos antes...”

Ela emudeceu quando o olhou, e o encontrou a assistindo com a ferocidade de um predador.

“Antes de eu me dar conta que você era uma ladra,” ele disse, e ela hesitou. Irene começou

a falar, para negar, mas no último segundo, ela recuou. Ela estava horrorizada como quão
rapidamente ela havia se permitido romper o silêncio diante uma mudança de cenário. As coisas
estavam acontecendo tão rapidamente para ela que de alguma forma, ela havia esquecido que
era a vida de Peter que estava em jogo. Se ela cometesse um deslize, havia toda a possibilidade

que ele encontrasse seu fim. Ela não poderia permitir que aquilo acontecesse.

Enquanto ela estava internamente se reprimindo, Raheem a observava com um olhar curioso.

“Você estava prestes a dizer alguma coisa,” ele disse suavemente. “Não se apresse em
negar, eu posso perceber muito bem...”

Ela sorriu com certo pesar.

“Eu acho que estava sim.” Irene sabia que a coisa mais sensata seria refugiar-se de volta no
silêncio. Não havia nada que ele poderia fazer com ela se ela se recusasse a falar. Entretanto, ela

havia ficado calada por um tempo tão longo que foi como se uma rolha tivesse sido estourada, e
depois perdida. Ela queria conversar com alguém; ela ansiava pelo contato humano que lhe foi
negado durante os últimos dias.

Ele encolheu os ombros, um leve e cruel sorriso em seu rosto.

“Não importa, você irá,” ele disse. “Eu intento chegar ao fundo disso, Irene Bellingham, e
cedo ou tarde, você irá descobrir que eu sempre consigo o que eu quero.”

“E o que você quer agora?” ela perguntou, consciente de que sua voz estava sutilmente
desafiadora. Era uma idéia ruim desafiar seu captor, mas uma parte dela não conseguia se conter.
“Eu quero saber para quem você estava contrabandeando a estátua.” ele disse. “Eu poderia

simplesmente ordenar que você fosse para a prisão pelos próximos vinte anos e não pensar nada

mais a respeito disso, mas a verdade é que se seu fizer isso, mais cedo ou mais tarde, simplesmente
vai haver outra garota bonita que irá perder a cabeça e tentar algo tão estúpido. Não, eu quero

saber quem enviou você, e em seguida quero acabar com eles. Eu quero ter certeza que eles
nunca mais serão capazes de causar danos ao meu país e a sua história novamente.”

Havia algo tão sério sobre a declaração de Raheem que Irene se viu admirada. Este era um
homem que acreditava no que estava dizendo com cada parte de seu ser.

“Perdoe-me,” ela se encontrou dizendo com pesar em sua voz. “Não posso ajudá-lo.”

Ele olhou para ela, e ao invés de ficar furioso, como ela parcialmente temia, ele apenas
sorriu.

“Mas é claro que você vai,” Raheem disse com absoluta certeza. “Você é minha esposa
agora, e irá seguir meus comandos.”

“O que você quer dizer?” Irene perguntou, sua voz vacilante. “Eu sei que nós... casamos na
prisão. Mas com certeza não é real? Com certeza você não me enxerga verdadeiramente como

sua esposa?”

Ele riu.

“De fato, isso foi exatamente o que eu quis dizer. Esta foi a maneira como te tirei da prisão,
bela ladra. Ainda que sheik, não estou acima da lei, e levei algum tempo para pensar em como
exatamente eu poderia obtê-la após a sua prisão. Finalmente, eu me deparei com esta lei
ancestral. VocÊ é minha agora, e eu posso fazer com você o que eu quiser. Isso significa que você
dirá a mim quem a contratou e o que você está fazendo para eles.”
“Eu não posso...” ela murmurou. “Por favor. Por favor, não me pergunte.”

Ele ficou em silêncio por um longo momento enquanto ela olhava para o chão. Finalmente, ele
bateu na mesa com dois dedos firmes.

“Levante-se. Venha até aqui.”

Por um instante, ela queria fazer e desastrosa escolha de desobedecer. Irene queria se
forçar a entrar numa redoma, ignorando tudo o que ele tinha a dizer. Ela queria se fechar, mas
quando ele olhou para ela que aqueles olhos de fogo, ela descobriu que não poderia.

Engolindo a seco, ela se levantou e andou ao redor da mesa para ele. Ele sentado a
observava com uma certa ameaça que fazia o coração de Irene bater mais rápido. Quando ela
estava perto, ele a atingiu como um raio. Suas mãos relampejaram, agarrando o pulso de Irene.
Ela já suficientemente aterrorizada sobre quão rapidamente ele se moveu quando ele a puxou
contra seu corpo.

Com uma cuidadosa força que ela nunca havia visto antes, ela a colocou sobre seu colo,
segurando a parte de trás de sua cabeça enquanto a mantinha imobilizada para um beijo bruto.

A absoluta sensualidade do beijo sobrecarregaram seus sentidos. De repente, foi como se


todo o barulho e o estresse com o qual ela vinha lidando durante as últimas semanas simplesmente
haviam desaparecido. Em sua mente havia espaço e tempo apensa para o beijo de Raheem. A
forma como o corpo dele tateava o seu, as linhas musculosas, a forma como sua língua dançada
provocando seus lábios inferiores com segurança. Seu toque era certo e firme, a mantendo quieta
sem machucá-la.

Quando ele finalmente permitiu que ela se movesse, ela afastou-se para longe dele, o
encarando com os olhos arregalados.
“Porque você...?”

“Por que você é minha esposa,” Raheem retrucou, seus olhos brilhando. “A não ser que as
coisas sejam muito diferentes na América, eu acredito que maridos e esposas fazem isso lá
também...”

“Você está me provocando,” ela murmurou, sua voz rouca com emoções que estavam
fervilhando através dela. Ela deveria estar revoltada e assustada, mas havia algo mais em sua
mente. Ao invés de sentir-se apavorada, tudo no que ela podia pensar era quanto deseja aquele

homem e o quanto queria não ter se afastado de seu colo.

“Talvez eu seja um pouco,” Raheem admitiu, “mas permita com que eu te diga outra coisa.”.

Seus olhos endureceram um pouco. Irene sentia calafrios. Apesar da temperatura agradável
da cabine e as vestes longas que ela vestia, repentinamente ela estava com frio.

“Em Khanour, nós estimamos nossas mulheres, e isso significa que nós valorizamos suas
escolhas também. Enquanto um sheik pode esposar-se de uma mulher não importa qual seja sua
situação, é escolha da mulher se ela permanece casada ou não.”

“Se você quiser divorciar-se de mim, apenas diga ‘eu me divorcio de você’ três vezes. Após
isso, está acabado.”

Ela parecia tão cética que ele sorriu um pouco.

“É claro que, se você não for mais minha esposa, você é uma ladra que pertence ao sistema
prisional. Eu não mais serei capaz de protegê-la dos que estão latindo por seu sangue. Se você
optar por ceifar nosso laço, eu não terei escolha a não ser colocá-la de volta na prisão, onde
muitos acreditam ser o seu lugar.”

“Mas seu eu sou sua esposa...”


“Aí, obviamente, sua pena e custódia pertencem a mim,” ele disse encolhendo os ombros. “Eu

me torno seu juiz e júri para todos os efeitos.”

Ela podia sentir a teia de sua armadilha enrolando-se ao seu redor, amarrando-a como
algemas ou uma camisa de força.

“Contanto que eu seja sua esposa, eu ficarei fora da cadeia,” ela disse suavemente.
“Quando eu não mais for sua esposa eu ficarei a mercê da sorte.”

“É tudo uma questão sobre a autoridade de quem você decidirá se submeter,” ele disse.

“Como eu expliquei, a escolha é sua.”

Irene mordeu seu lábio. Ela sabia qual era a escolha certa, a escolha de coragem. Ela teria
que demandar que ele virasse o avião e a levasse de volta para a prisão. Mesmo que a
carceragem fosse bruta, ela era conhecida por lá como a estudante americana que entrou em
conflito com a polícia local. As pessoas sabiam quem era ela e qual havia sido o seu crime.

Se ela fosse com Raheem... literalmente nada poderia acontecer. Mesmo assim, uma parte
dela, sabia que ela estava muito mais segura onde se encontrava.

“Por quê?” Irene questionou. Ela não percebeu que havia perguntado alto. Quando Raheem
inclinou sua cabeça para o lado, ela corou ciente de como sua voz soou. Quando ele respondeu
sua questão, entretanto, ele estava sério.

“Por que eu não pude tirá-la da minha cabeça,” ele simplesmente disse. “Por que eu já
estava encantado com você quando conversamos no aeroporto. Quando eu descobri que você
estava envolvida com uma façanha hedionda, eu fiquei furioso. Eu passei dias em meus aposentos
em Khanour, tentando ver como eu havia sido feito tão tolo. Eu sempre fui um bom juiz de caráter.
Eu tenho apostado minha posição e meu governo tais julgamentos, e eles sempre estiveram corretos.
Quando eu descobri que você estava roubando uma parte verdadeira da história do meu país, eu
quis saber apenas como eu pude me enganar tanto.”

Ele pausou, olhando para fora por um momento. Por apenas aquele instante, Irene pôde ver
o porquê Khanour o seguia com tanta disposição. Ela era um homem que sempre colocou seu país
em primeiro lugar, que lutaria até a morte por eles.

“E o que você resolveu?” ela perguntou delicadamente.

“Eu resolvi que não estava de forma alguma errado,” ele respondeu, e enquanto o fazia,
olhava dentro dos olhos dela. Naquele momento, parecia que ele podia olhar dentro da alma dela

e em seu espírito, encontrando os segredos que ela escondia ali. Ela resistiu ao impulso de cobrir os
olhos com as mãos, e continuou ali, de pé, o olhando de volta.

“Eu não ofereci nenhuma defesa,” ela disse, mas ele balançou sua cabeça.

“Você ofereceu muito pouco,” ele disse encolhendo os ombros. “Você está escondendo algo, e
a mulher com quem eu conversei antes de todo esse inferno acontecer, eu acho que ela teria uma
razão muito boa para esconder. Ela precisa se dar conta que está segura antes de desistir de seus
segredos.”

“Segura...” Ela ecoou a palavra docemente, surpresa em como aquilo despertava um desejo
dentro dela. Ela não havia se sentido segura por semanas... se ela fosse honesta, ela não tinha se
sentido segura por quase toda a sua vida adulta. Sempre havia mais um lobo para ser mantido
longe da porta, seu irmão para proteger.

“Sim. E eu juro a você como sheik de Khanour, que não há ninguém neste mundo que está
mais segura do que a pessoa ao meu lado. Você é minha esposa.”

“O que você quer de mim?” Irene perguntou, e desta vez, sua voz estava trêmula, algo que
estava muito próximo de se tornar lágrimas.
“Eu quero que você seja minha esposa por uma semana,” ele disse, como se fosse a coisa

mais simples do mundo.

“O quê?”

“Pelos próximos sete dias, você será minha esposa em todas as coisas. No final desse
período, nós iremos estar de acordo sobre o que você dirá a polícia e você os lhe entregará o que
eles querem antes de sair em liberdade...”

“Ou?” ela perguntou.

“Ou você terá decidido que você não confia em mim e eu a deixarei na Romênia, um país
com o qual nós não temos que nos preocupar com uma ameaça de extradição. Você sairá livre
daqui, senão liberta, e mais livre do que estaria se tivesse persistido com seu silêncio na prisão.”

“Por que você está fazendo isso por mim?” Irene questionou confusa. “Certamente não é um
hábito seu libertar mulheres, que acredita serem inocentes, da prisão para ajudá-las...”

“Quem está dizendo que não faço isso?” ele perguntou de modo provocador, mas quando
ela olhou para ele surpresa, ele balançou sua cabeça.

“Não. Eu não faria isso para qualquer um. Eu acho que foi o momento quando nossos olhos
se encontraram no aeroporto quando você estava sendo levada. Você queria me pedir desculpas.
Eu conheci muitos criminosos na minha vida Irene, mas acredite quando eu digo que nenhum ladrão
nunca me pediu desculpas, não da forma como você fez.”

Irene mordeu seu lábio, incerta do que dizer, mas ele continuou, seu tom leve e casual.

“Depois daquilo, eu simplesmente tinha que ter certeza que eu de fato poderia ajudá-la.”

Ela para baixo, para suas mãos. “Então eu preciso ser sua esposa durante a semana, e
depois disso, de um jeito ou de outro, eu serei livre.”

Ele fez que sim com a cabeça. Irene sabia que ela deveria manter o resto para ela, mas
alguma forma inata de honestidade recusava-se a fazê-lo.

“Eu... eu não vou te contar nada,” ela disse discretamente. “Eu não vou. Eu não posso...”

Para sua surpresa, ele não parecia estar bravo com suas palavras. Confusa, Irene tentou
novamente.

“Eu estou falando sério. Eu não tenho a intenção de lhe contar o que você quer saber.”

“Eu a escutei,” Raheem disse, com o tom gentil. “Eu apenas sei que isso vai mudar.”

Por um momento, ela queria rir dele, de sua confiança. Independente da situação que ela
tivesse aterrissado, ele sempre havia sido um pessoa de personalidade forte. Agora ele estava
inferindo que sua personalidade era mais forte que a sua. Ao invés, Irene curvou a cabeça.

“Tudo bem.”

“E eu espero que você compreenda que é minha esposa. Este não um acordo de nome

apenas, ou algo criado meramente para removê-la para minha custódia. Isso é algo real,
consagrado pela lei pela tradição.”

Sob o olhar quente de Raheem, ela podia sentir suas bochechas corarem. Ela sabia
exatamente sobre o que ele estava falando. Talvez outra mulher tivesse ficado com medo ou
horrorizada, mas ela, seu coração começou a bater mais rápido.

“Eu compreendo,” ela disse docemente. “E eu me submeto.”

Alguma coisa sobre a maneira como ela pronunciou aquelas palavras fez com que o desejo
nos olhos dele explodisse numa fogueira. Por um momento, ela pensou que ele simplesmente
arremeteria contra ela e a faria sua ali mesmo. Para sua surpresa, ela o viu segurar suas rédeas,
com um leve sorriso em seus lábios sensuais.

“Tudo bem. Bom. Então nós não teremos nenhum problema.”


***

O avião aterrissou próximo a um oásis em meio a quilômetros de deserto. Irene não podia
deixar de perceber em como a areia parecia pular por um momento, mergulhando na exuberante
floresta verde do oásis no meio do deserto inóspito.

“As areias parecem poder matar você,” ela murmurou, admirando por cima da paisagem
escura.

“Elas podem,” Raheem replicou, ficando de pé próximo a ela. Juntos, eles assistiam o avião
decolar na noite escura. Ele retornaria para eles no final da semana.

“Eu não sinto como se estivesse em perigo, no entanto,” Irene admirou. “Eu me sinto... mais
segura aqui do que já me senti em muito tempo.”

Para sua surpresa, ela a puxou para si, beijando o topo de sua testa. Foi um beijo diferente

do que eles haviam dividido no avião. Este foi terno, quase ordinário se não estivesse acontecendo
diante da mais extraordinária das consequências. Foi afetuoso, e embora ela soubesse que eles
estavam explorando um terreno desconhecido, uma parte dela ansiava por mais.

“Ótimo. É desta forma que quero que você se sinta.”

Ele a conduziu para uma luxuosa casa, localizada as margens de uma lagoa. Era uma casa
belíssima, uma preciosidade do design moderno, construída em meio a uma paisagem milenar. Lá
havia todas as conveniências modernas da cidade ainda que escondida num paraíso perdido
selvagem.
Ele foi acender a lareira numa cavidade de aço no centro da sala de estar, observando

Irene por cima de seu ombro.

“Você deveria ir se banhar. Há roupas no quarto pequeno à direita, se você desejar livrar-se
dessas vestes.”

“Você me deu essas roupas,” ela disse e ele ficou indiferente.

“Você pode vestir o que quiser. Essas roupas eram simplesmente convenientes e você sairia
da cidade sem grandes problemas.”

Ela não sabia ao certo o que dizer então se dirigiu até o banheiro, onde havia um chuveiro
dentro de um box de vidro com uma ducha saindo do teto como uma suave chuva. Por um longo
momento, ela simplesmente se deleitou sob a água, relembrando de sua liberdade.

Quando ela saiu, ela considerou vestir as roupas que estavam no quarto. Elas eram novas.
Alguém havia comprado roupas que eram praticamente seu número, as etiquetas ainda estavam
nelas. Irene imaginou se deveria preocupar-se em como Raheem havia planejado tudo aquilo, mas
ela deixou o pensamento de lado.

Ela encontrou um vestido simples com uma bela saia esvoaçante em azul escuro, com detalhes
em linha prateada. E após um momento de hesitação ela o vestiu.

Antes de Irene se dirigir de volta a sala de estar, ela se viu olhando para a pilha de joias
que havia descartado. Ela hesitou por um momento, e depois simplesmente resolveu seguir sua
intuição. Ela deixou os brincos e braceletes, mas pegou o colar. Algo a respeito do peso e frio da
peça a confortava, e quando ela o colocou ao redor do pescoço e olhou-se no espelho, a pedra
da lua parecia piscar para ela. Bom o suficiente, ela decidiu.

De volta a sala de estar, o fogo crepitava. Raheem havia tirado suas próprias vestes, e
agora ele vestia calças e túnica escuras. Embora fosse simples, o corte e a qualidade eram óbvios,

e ela por um instante pensou que ele parecia um modelo em uma deslumbrante sala de estar, o

fogo crepitando alegremente e lançando sombras vivas pela parede.

Quando os olhos dele iluminaram os dela, eles brilharam, e ele gesticulou para que ela

viesse e se sentasse ao lado dele. Embora ela se sentisse um pouco mais que apenas tímida, ela
veio e sentou-se no sofá. E em seguida pareceu como a coisa mais natural do mundo a fazer,
inclinar-se e apoiar seu peso em seu corpo, o pressionando contra si.

“Conte-me alguma coisa ao seu respeito,” ele disse, e ela riu um pouco.

“É um comando do meu lorde e mestre?”

“Um pedido do seu marido,” ele disse ao invés, e por aquela razão, ela aceitou por um
momento.

“Tudo bem,” ela disse suavemente. “O que você quer saber?”

“Qualquer coisa. Por que você estudou arte. Onde você nasceu. O que você pensa de
Khanour.”

Ela mordeu seu lábio. Falar sobre onde havia crescido e sobre Khanour parecia muito
arriscado, mas a outra pergunta...

“Eu nunca fui uma artista,” ela disse. “Muitas pessoas que ingressam na história da arte são
artistas, e surpreendentemente bons artistas, mas essa nunca fui eu. Eu sempre quis gastar todo o
meu tempo fascinada pela arte, permitindo que ela me cercasse e me englobasse. Era algo que eu
sempre quis, desde a primeira vez que eu vi um quadro de Matisse no museu de arte de Chicago.
Sempre houve algo a respeito de como era bom olhar para uma pintura tão bela, e que tinha uma
história por trás. Era... revigorante. Edificante.”
“Então você quis fazer disso sua carreira?”

“Eu teria sido feliz servindo mesas se isso pagasse meus ingressos para os museus da arte
pelo resto da minha vida,” Irene disse com um riso de pesar. “Mas eu ganhei uma bolsa de estudos
durante meu último ano de ensino médio, e pensei que eu própria simplesmente poderia ir e me

dedicar à arte.”

“Eu vi nos seus registros que você estava na universidade.” Ele disse cuidadosamente. “O que
você imaginou fazer com este diploma?”

“Trabalhar em museus,” ela respondeu prontamente. “Em conservação principalmente. Existe


tanta arte e beleza que poderiam voltar ao mundo se nós soubéssemos a forma correta de
conservá-las...”

Ela parou abruptamente. Que museu ou acervo estariam dispostos a contratá-la se isso
viesse à tona? Se até mesmo, ela teria um futuro após essa semana? Ela estremeceu, premendo um
pouco mais em Raheem. Seu braço apertou-se em torno dela, mas ele não fez nenhum comentário.

“Eu nunca tive uma escolha sobre o que eu iria fazer,” ele disse. “Na época em que eu ainda
era muito jovem, eu sabia que seria um sheik. Eu sabia que havia nascido para governar e tomar

conta de meu país.”

“Você se arrepende?” ela perguntou.

Não havia nada, mas, sinceridade na voz dela, mas ele riu.

“Você quer dizer se eu me arrependo da riqueza e do luxo?”

Ela inclinou sua cabeça para o lado, imaginando, se ele iria rir ou desdenharia dela.

“Sim,” ela disse. “Quando eu consegui aquela bolsa de estudos, eu pude sentir as portas do
mundo abertas para mim. Eu poderia ser o quisesse. Eu poderia ser uma enfermeira que ajudaria
as pessoas, ou eu poderia me tornar uma engenheira que construiria coisas. Eu poderia ser uma

bibliotecária ou uma advogada.”

“E você escolheu estudar arte.”

“Eu escolhi,” ela disse criteriosamente. “E eu não me arrependo nem um pouco. Aquele
momento de escolha... aquilo foi libertador.”

Ele riu, mas dessa vez, havia certo sufoco em seu riso.

“Eu não me arrependo,” ele disse com a tez suave. “Não exatamente. Eu sou bom no que
faço. Meu país prospera, e meu povo me ama. A riqueza e a fama não machucam. Mas essa
escolha. Você está certa. É uma liberdade que meu dinheiro e minha família não puderam comprar
para mim.”

Eles ficaram em silêncio por um instante, e depois ele falou novamente.

“Eu imagino o que teria sido se nossos lugares tivessem sido trocados,” ele refletiu.

“Você quer dizer se você fosse um pobre estudante da Pensilvânia e eu fosse a sheika de

Khanour?”

“Hum. Eu imagino que eu teria gostado de ir para a faculdade,” ele disse, “e talvez eu
tivesse estudado engenharia, mas eu imagino se história poderia ter chamado minha atenção.”

“História?”

Ele sorriu, um pouco arrependido.

“Sim. Onde você vê a beleza da arte, eu vejo a grande extensão da história humana. A
partir do momento em que pudemos escrever, nós começamos a registrar de onde viemos e o que
queríamos. Quem nós éramos e o que fizemos. Estas histórias... acima de tudo mais, elas são
preciosas. Nós não somos ninguém se não soubermos de onde viémos.”

“De onde viemos...” Irene repetiu.

Era um luxo imaginar o passado como história. Se era história, estava cuidadosamente
contido num livro. Não podia feri-la. Não pode ser usado para ferir as pessoas que a
compartilharam com ela. Uma memória surgiu em sua mente, e antes que pudesse freá-la, ela
começou a falar sobre aquilo.

“Quando eu era apenas uma garotinha na Pensilvânia, meu irmão Peter, e eu saímos para
brincar. Havia um lago atrás de nossa casa que havia congelado inteiramente. Porém, estava
esquentando, e nós bem sabíamos que o gelo estava derretendo... bem, talvez Peter não soubesse.”

“Ele era seu irmão mais novo?”

“Sim, mas como gêmeos isso importava menos do que você imagina,” ela disse com um sorriso
irônico. “Ele estava despreocupado correndo pelo gelo. Eu sabia melhor, mas após um terrível
instante, eu corri atrás dele. Houve uma rachadura, e como se fosse o fim do mundo, ele caiu
dentro.”

Ela pausou, relembrando o quão terrível havia sido. Como a água negra pareceu abrir por
baixo do gelo, pronta e capaz de engolir, algo pequeno e ingênuo como um garotinho.

“O que aconteceu com ele?”

“Se eu não o tivesse seguido até lá, ele teria morrido,” ela respondeu. “Ele teria se debatido
na água até que suas forças desistissem, e ele teria morrido. Ao invés disso, eu estava lá para
puxá-lo, gritando por socorro como eu fiz. Quando eu o puxei, eu estava exausta, mas felizmente
uma vizinha ouviu.”
O braço de Raheem apertou-se ao redor dela como se ele estivesse com medo pela

garotinha que ela havia sido.

“E o que aconteceu depois?”

“A vizinha nos levou para sua garagem, tirou nossas roupas encharcadas, e nos colocou
numa banheira quente. É um antigo truque para pessoas que sofreram um choque. Ela nos deu
chocolate quente, que pensando agora, eu tenho certeza que estava batizado com um pouco de
conhaque, e ela ligou para nossos pais.”

Irene riu de si mesma por um instante.

“Eles estavam furiosos. Nos dois ficamos de castigo por meses, até que a primavera
finalmente chegou. Terrível.”

“Mas você não havia feito nada de errado,” Raheem protestou, franzindo diante da injustiça.
“Você salvou seu irmão.”

“Não importa,” Irene disse sua voz um pouco embaçada. No calor do corpo de Raheem, e
limpa, e seca de uma forma que ela nunca havia estado pelo que pareciam anos, ela pode sentir-

se encolhendo.

“Eu penso que importa muito,” disse Raheem, que já parecia estar distante.

“Não importa,” ela insistiu. “Ele é meu irmão. Ele é minha família. Eu tenho que tomar conta
dele. Sempre.”

Ela tinha ideia que Raheem estava dizendo mais alguma coisa, mas não importava. Ao invés,
o mundo parecia estar desabando numa profunda e escura neblina. Ela estava segura agora, e
seu corpo precisava tanto que ela acabou dormindo sem pensar duas vezes.
***
Raheem assistiu sua esposa dormir por algum momento. Ela era um peso quente contra seu

corpo, linda, delicada e flexível como ele nunca havia visto antes. Ele precisou de toda sua força

de vontade para não tocá-la, para não beijá-la novamente. Não seria correto. Quando ele a
beijou, ele queria que ela o beijasse de volta, queria que ela soubesse o que estava acontecendo

e quisesse tanto quanto ele.

Não pela primeira vez, ele imaginou se havia comprado um tipo de problema que o
acompanharia pelo resto de seus dias. Ele podia sentir que ela havia tocado seu espírito e seu
coração crescia cada vez mais, mas ele deixou os pensamentos de lado. Aquelas considerações

ficariam para depois.

Neste momento, havia mais sobre o que pensar. Por um longo momento, ele simplesmente
pincelava seus cabelos claros, apreciando a forma como a luz do fogo brilhava em suas madeixas.
Ela dormiu em seus braços tão confiante que fez uma parte desconhecida de seu ser latejar. Ele
não era conhecido por ser um homem receptivo, ou mesmo, por sua compaixão, mas esta pequena
ladra despertou isso nele.

Se, afinal, era uma ladra.

A história que ela havia contado ecoava em sua cabeça até que percebeu o que ele tinha
que fazer. Com um toque gentil ela separou-se dela, deixando-a enrolada no sofá. Ela gemeu
algumas palavras de protesto antes de mergulhar num sono profundo, e ele sorriu um pouco.

Ele foi para outra sala rapidamente, com seu telefone em suas mãos.

“Sim, sou eu. Não, me desculpe por acordá-la, mas isso não pode esperar. Tudo bem. Eu
quero que você levante um dossiê sobre Peter Bellingham, irmão de Irene Bellingham. Sim, seu
irmão gêmeo. Tudo bem...”
Capítulo Quatro

Irene acordou vagarosamente, piscando seus olhos contra a luz clara da manhã. Por um
momento, ela pensou que os últimos meses haviam sido um sonho. Ela ainda estava no dormitório da

graduação em Khanour, e ela não tinha nada a sua frente, mas estudar para o que ela havia
devotado sua vida. Seu irmão estava bem, e tudo estava seguro.

Em seguida ela acordou, e apesar de não estar mais em sua cela na prisão, ela estava longe
de casa.

A cama em que Irene esteve dormindo era enorme, algodão branco em todas as direções.
Ela começou a pensar se aquela foi a cama que deu a ela uma das melhores noites de sono em
toda a sua vida, mas em seguida ela escutou a respiração de outra pessoa.

Ela finalmente acordou, quando viu que não estava sozinha. Dormindo ao seu lado estava
ninguém menos que o próprio Raheem. Contra o tecido de algodão branco dos lençóis que o
cobriam, a pele oliva de Raheem parecia brilhar. Pela primeira vez ela poderia simplesmente olhar
para ele, com sua mão apoiando o queixo, ela aproveitou a oportunidade para fazer apenas isso.

Seus cabelos eram negros e brilhosos como o pelo de uma pantera, e agora ele podia ver
que ele tinha cílios belíssimos, longos e compridos. Havia uma barba curta em seu maxilar, e
enquanto ele dormia, a mão que descansava ao lado de seu rosto sobre o travesseiro fechava e
abria, fazendo com que ela quisesse tocá-las para ver se ele entrelaçaria os dedos dela entre os
seus.

Mesmo desacordado, havia uma aura de comando ao redor dele, ela pensou. Esse era um
homem que mantinha seu país nas palmas de sua mão, o protegendo de todos os lados e se
colocando a frente na linha de defesa. Ao lado dele, o lugar dela no mundo parecia ser muito
pequeno.

Irene lembrou-se que contanto que passasse por essa semana, ela ficaria bem. Contanto que
fosse capaz de dançar conforme sua música, ela sairia livre, e então, teoricamente, Peter também.

Para começar, ela percebeu que ele a estava observando.

“Bom dia,” ela murmurou, e ele sorriu para ela.

“Em Khanour, é considerada tradição a mulher trazer para seu marido uma xícara de chá
antes deles levantarem.”

“Por que isso?” ela perguntou sem pensar.

“Mostra que ela coloca o conforto dele acima do dela, e que ela despertou mais cedo tendo
o seu conforto em mente. É algo comum nas casas mais requintadas as mais simples delas.”

“Mas eu aposto que as mulheres mais ricas têm cozinheiras que preparam o chá e o trazem
até a porta,” ela observou, e em seguida corou em quão conflituosa ela soou. Felizmente, Raheem
parecia apenas entretido diante de suas afirmações.

“Eu tenho certeza que você está certa. Pessoalmente, confio em meus próprios mecanismos, eu
prefiro meu ritual particular pela manha.”

“Qual é?” ela perguntou, e antes mesmo que pudesse pensar em outra coisa, ela estava
presa ao colchão e os lençóis e travesseiros ao seu redor.

“Isso,” Raheem disse, meio segundo antes de seus lábios chocarem-se nos dela.

Ela resistiu por um momento, mas o toque sensual dos seus lábios sobre os dela e levaram
para longe. O calor entre eles reacendeu-se, deixando-a agarrada ao seu corpo.
Desenfreadamente, ela correu suas mãos através de suas costas. A pele dele era macia e quente,
mas quando ela se deu conta que ele não estava vestindo nada em sua parte baixa, ela paralisou.

“Qual o problema?” ele perguntou, recuando, e ela o empurrou em choque.

“Você não está vestindo nada!” ela desabafou. Em seguida, após uma rápida checagem, ela

sentiu suas bochechas corarem de vergonha quando descobriu outra coisa.

“Eu não estou vestindo nada também!”

“Há roupas de dormir nos armários, mas eu geralmente prefiro dormir nu...”

“O que você fez comigo?” ela perguntou, alarmada e uma sombra aterrissou nos olhos dele.

Desta vez, quando ele a prendeu no colchão, ele olhou no fundo dos olhos dela. Havia um
fogo alia que era parte paixão e parte fúria, e ela imaginou se então deveria estar
verdadeiramente com medo.

“Nada,” ele respirou. “Eu não fiz nada com você. Não porque eu não a queria. Não porque
eu não pensei sobre isso, mas porque não teria sido correto."

Irene mal podia respirar, mas ela tomou ar suficiente antes de falar.

“Eu deveria lhe agradecer por isso?” ela questionou. “Por agir como um ser humano ao invés
de um selvagem?”

Por um momento, ela pensou que terrível havia sido desencadeado. Em seguida,
abruptamente, conforme a fúria desapareceu, aquilo passou. Ele recuou e se ali havia um traço de
decepção, havia sido dirigido a ele.

“Não,” ele admitiu, “mas acredite em mim quando eu digo que não tenho a intenção de
forçar você a fazer nada que não seja de seu interesse.”

Ela sentiu algo dentro de si, que estava tenso desde que eles haviam chegado ao oásis,
finalmente relaxar. Ela não conseguiria dizer o que a estava incomodando, mas agora ela podia
afirmar que era o medo de simplesmente ser pressionada, ou tomada sem seu consentimento.

“Estou aliviada,” ela disse, mas ela não pôde deixar de observá-lo com um pouco de
desconfiança. Agora ela sabia o quão rápido ele poderia ser, e ela pôde perceber que ele viu o

receio nos olhos dela. Raheem suspirou.

“Eu vou começar a preparar o café da manhã para nós.” ele disse. “Você deveria tomar um
banho, vestir umas roupas.” Ela sabia que a situação estacava acabada, mas por alguma razão,

ela precisa perguntar a ele algo que estava em sua mente.

“Você me despiu?” ela questionou, e um sorriso forçado surgiu rapidamente sobre os lábios
dele.

“Sim, eu despi. Mas eu juro que eu não olhei ou demorei-me mais do que era apropriado.”

“Mais do que apropriado para mim?” ela perguntou, e seu sorriso tornou-se malicioso.

“Mais do que é apropriado para um marido e sua esposa.”

Ela corou enquanto ele se levantava, vestia-se, e dirigia-se para a cozinha. Ela havia

verdadeiramente aterrissado em terras estranhas. Por que, então, ela ainda sentia-se tão segura?
***

O café da manhã era um delicioso prato com ovos, ardente e apimentado tanto quanto era
a comida em Khanour. Quando ela comentou sobre um sheik saber cozinhar, ele encolheu os
ombros.

“Eu gosto de ter as coisas feitas a minha maneira,” ele disse. “Faz sentido que eu assuma
pelo menos alguns aspectos de minha vida.”
“Bem, os resultados são incríveis,” ela murmurou, levando a boca o último pedaço de pão

fatiado crocante com molho de tomate. “Obrigada.”

“Bem, você deve se alimentar bem. Nós vamos fazer uma longa caminhada hoje.”

Irene olhou para ele, assustada.

“Nós vamos? Para onde vamos caminhar?”

“O oásis é muito maior do que você pensa,” ele explicou. “Ele é alimentado por uma série de
aquíferos subterrâneos, e a alguns quilômetros de distância, há uma cachoeira cortada pelas

pedras. Eu achei que seria interessante escalá-la.”

Apesar de sua situação, Irene não pôde evitar, mas animar-se com os planos. Embora morar
na cidade tenha sido uma memorável experiência em sua vida ela teve pouco tempo para
apreciar a natureza. Ela havia crescido, não mais que a meia hora de distância dos parques
nacionais, e a ideia de poder aproveitar algum tipo de contato com a natureza era o suficiente
para fazê-la sorrir.

Impulsivamente, ela envolveu os braços ao redor de Raheem, que estava colocando os pratos

na pia. Por um momento, ela pôde senti-lo rígido em seus braços, mas em seguida ele relaxou em
seu abraço inclinando as costas contra ela.

“Os planos te agradam?” ele perguntou docemente, e pela primeira vez, ela imaginou se sua
estima era importante para ele. Se o que ela dizia fazia alguma diferença.

“Sim, me agradam,” ela disse com um gracejo. “Agradam-me muito, obrigada!”

Após o café da manhã, ela encontrou um par de sandálias para caminhada no armário, mas
como Raheem lhe disse que não haviam risco na trilha, ela decidiu continuar com seu vestido leve. O
dia estava claro e nítido quando eles saíram, e eles entraram num ritmo único. Havia algo
estranhamente íntimo sobre caminhar juntos na floresta. Ocasionalmente soava um canto de

pássaro, mas em geral o mundo estava em silêncio exceto pelo escoar do pequeno riacho que

fluía.

De repente, Raheem parou, apontando para frente. Quando ela se juntou a ele, Irene estava

inicialmente confusa até que enxergou o contorno de um animal sentado silenciosamente na trilha.

“Um coelho!” ela suspirou, mas ele balançou a cabeça.

“Uma lebre. Eles ficam maiores, e vivem debaixo do solo, diferente de coelhos. Aquele é

enorme. Talvez seja o avô de um grande clã.”

Quando eles prosseguiram, a lebre saltou no ar e com uma impressionante manobra de seu
corpo correu para os arbustos.

“Ás vezes eu sinto falta de ver os animais,” ela disse conforme eles caminhavam. “Há muito
menos animais na cidade do que eu estou acostumada.”

“Eles estão lá se você souber onde procurar,” ele disse com um sorriso. “Lebres e coelhos vão
para a cidade regularmente. Talvez , eu devesse leva-la para ver os antílopes. Há um rebanho

aqui perto, eu acredito, que utiliza esse oásis.”

Raheem não estava exagerando quando ele disse longa caminhada. Já passava de meio dia
quando eles chegaram aos pés das pedras altas. Antes que ele permitisse que eles escalassem, ele
a fez beber água e comer carne seca, as duas coisas que a reestabeleceram mais do que ela
imaginou que iriam.

“Eu estava com mais sede e fome do que imaginei,” ela disse com surpresa, e ele concordou
com a cabeça.

“É sempre dessa forma aqui,” ele disse. “As coisas que machucam você andarão
sorrateiramente. Às vezes, se você não tiver muita sorte, você verá que elas estiveram

dissimulando-se em você durante anos.”

Havia algo na forma como ele disse aquilo que a espantou, mas por um momento, ela deixou
de lado. Ela havia feito trilhas regularmente quando era adolescente, mas desde o começo da

escola, o hobby havia sido deixado de lado mais do ela gostaria. Agora ela tinha que se
concentrar em subir o caminho íngreme, observando cuidadosamente onde colocava os pés e
ocasionalmente as mãos.

Para sua surpresa, ela acompanhou Raheem num mesmo ritmo que parecia a coisa mais
natural do mundo. Sem nem mesmo pedir ajuda, ele estava lá para impulsioná-la ou lhe dar a mão
quando ela precisava. Havia alguma coisa incrivelmente relaxante sobre simplesmente poder
confiar que ele estaria ali, em contar com ele quando ela precisasse.

A cachoeira que ele havia prometido era maravilhosa, correntes de água pura e cristalina
descendo sobre uma pedra para cair num lago muito abaixo. De onde eles estavam à luz atingia o
jato de água e criava um leve arco-íris, e era tão adorável que Irene não pode fazer nada a não
ser ficar ali, de pé admirada.

Quando ela sentiu os braços de Raheem ao seu redor ela se inclinou para ele.

“Obrigada,” ela sussurrou.

“Pelo que?”

“Por me dar isso, por me ajudar a subir até aqui... obrigada.”

Ele riu, beijando o topo de sua cabeça.

“Não, eu falo sério... por que você fez tudo isso?” ela perguntou, virando-se e olhando para
ele. “Eu... eu sei que você não fez com nenhuma motivação cruel ou pervertida, mas... por que você
me trouxe aqui? Salvou-me da prisão? Tudo isso?”

Por um momento, ela pensou que ele não iria dizer a ela, ou pelo menos iria desconversar.
Mas ao invés disso, Raheem ficou muito quieto por um instante, e em seguida ele fez que sim com a
cabeça. De sua mochila, ele tirou um pequeno cobertor que abriu no chão. Ele gesticulou para que

ela viesse e senta-se com ele, e curiosamente, ela foi.

“Há muitas razões,” ele disse brandamente. “Muitas delas. Algumas porque eu senti que você
entrou em meu sangue aquele dia. Quando nós nos conhecemos no aeroporto, aquilo pareceu como

o destino colocando as mãos em minha vida. Talvez fosse o destino que você voasse para longe de
mim também, mas bem, nenhum homem pode ver o futuro. Então a estátua foi descoberta...”

Ela recuou diante daquilo e talvez tivesse se afastado dele, mas ele pegou sua mão
gentilmente. Era surpreendente para ela o quão gentil ele podia ser quando desejava.

“... eu senti como se você tivesse sido erroneamente tirada de mim. Talvez eu estivesse
meramente furioso que minha imagem de você tivesse sido destruída, mas pareceu mais do que
isso. Eu senti que naquele momento eu não podia me permitir perdê-la. Então eu precisei trabalhar
e encontrar uma forma de me levar de volta para você.”

Houve um momento em que eles simplesmente admiraram bela paisagem a sua frente. Irene
sabia que ela poderia ter parado ali, mas algo dentro dela lhe disse para continuar. Ela estava
tão perto de algo, fosse algum tipo de verdade ou alguma revelação. Quando ela falou, sua voz
estava baixa o suficiente para que Raheem pudesse ignorar se ele desejasse.

“E o que acontece quando essa semana acabar, e eu puder escolher ir embora?”

Ela pôde ouvi-lo respirar profundamente e em seguida mais uma vez. Irene olhou fixamente
para a cachoeira, desejando que um pouco de sua paz viesse para ela.
“Eu vou permitir,” ele disse, sua voz rouca.

Irene respirou fundo, sentindo como se alguma coisa dentro dela tivesse sido libertada. Ele
veio a descobrir o que liberdade significava após seu período na prisão e ela nunca esteve mais
ciente do fato que a havia perdido. Ela sabia agora que sua liberdade era algo que ela nunca

mais iria subestimar novamente, e agora que ela a possuía, Irene pretendia valorizá-la.

“Obrigada,” ela sussurrou, tomando a mão dele.

Raheem olhou um pouco surpreso, mas ele apertou sua mão gentilmente, não dizendo nada

além. Eles sentaram-se próximos a cachoeira por algum tempo, e depois, começaram a conversar
sobre outras coisas. Havia uma naturalidade entre eles agora, que faltava anteriormente, algo que
era mais doce e gentil.

Confiança, Irene pensou. Nós confiamos um no outro agora.


***

Eles caminharam quase todo o percurso de volta para a casa sem nenhum contratempo, mas
então, quando estavam na trilha, o Irene escorregou em uma pedra deslocada, fazendo a grunhir
enquanto ela se contorcia, com um xingamento abafado, Raheem a pegou antes que caísse, mas

antes disso, seu tornozelo torceu debaixo dela.

“Oh... ai, ai...”

Irene estava apenas tentando recuperar seu fôlego quando ela grunhiu novamente. Raheem
a colocou em seus braços, erguendo-a completamente do chão.

“Raheem, o que você está fazendo?”

“Carregando você,” ele respondeu como se fosse a coisa mais natural do mundo. “A casa
não está longe, e você está longe de ser pesada.”
Ela sabia que deveria protestar. Parecia ser o auge do luxo, ser carregada uma pequena

distância por causa de uma torção que estaria curada pela manhã. Entretanto, quando ele e

abraçou um pouco mais perto, ela pôde sentir seu coração batendo em seu peito.

Ele está genuinamente preocupado, ela pensou, e aquilo disse a ela para segurar-se nele com

um pouco mais de força.

“Obrigada,” ela murmurou, e ele fez um som de satisfação.

Eles retornaram para a casa exatamente quando o sol estava se pondo. Raheem a sentou no

sofá para que pudesse dar uma olhada em seu tornozelo, e ambos estavam aliviados em ver que
não era de forma alguma um ferimento grave.

Quando ela se levantou e caminhou, a dor aliviou, embora ela pudesse perceber que ficaria
um pouco dolorido durante alguns poucos dias.

“Nada de mais mesmo,” ela disse com alívio, embora Raheem estive um pouco mais hesitante.

“Sério, vai ficar tudo bem. Eu estou mais preocupada com suas costas... você foi quem me
carregou por todo o caminho de volta por nada...”

Ele deu de ombros.

“Melhor a salvo do que arrependida. Se esse fosse um ferimento sério, continuar caminhando
apenas teria feito com que piorasse. Tem alguma coisa que você precise que talvez faça com que
se sinta melhor?”

Ela balançou sua cabeça, entretida com a preocupação estampada no rosto dele.

“Veja, eu posso mover quase como eu quiser, está vendo?”

Ela levantou-se e andou até ele, e sem pensar no que estava fazendo, ela envolveu seus
braços ao redor de seu pescoço, e abaixou seu rosto para um beijo leve. Ele retribuiu o beijo, mas
em seguida quando os braços dele a envolveram, ela pode sentir que mudou.

O que havia começado como um gesto inocente de agradecimento enviou ondas de prazer
através dela, prazer que ela estava certa que ele também estava sentindo. Ela pôde sentir o

momento em que seu abraço foi de carinho e conforto para paixão, e seu corpo respondendo a
altura. Ela gemeu quando as mãos dele varreram suas costas abaixo, até a parte de trás e suas
coxas antes de abrangerem suas costas novamente.

Irene perdeu para as chamas até que pôde sentir a prova do desejo dele pressionando
contra seu ventre, mostrando a ela de forma clara o quanto ele a desejava. Com um choramingo,
ela se afastou dele, quase caindo quando a mão segura dele a ajudou a se manter de pé.

“Raheem...”

A risada dele foi hostil.

“Às vezes, eu me pergunto se você é a minha punição por algum pecado desconhecido,” ele
rugiu, quase que para si próprio. “Às vezes, eu penso que eu devo ter feito algo errado para
querer uma mulher que não me quer...”

Estava na ponta de sua língua dizer a ele que ela o queria. Ela o queria mais que qualquer
outra coisa que pudesse imaginar, mas ele tomou seu silêncio como uma concordância.

“Eu fui sincero sobre o que disse a você antes,” ele disse. “Eu não tenho a intenção de forçá-
la de forma alguma. Mas talvez você devesse ser um pouco mais cuidadosa sobre a forma como
me toca e sobre o que diz, sim?”

“E se eu não quiser ser cuidadosa?”

Sua voz estava mais alta do que ela pensou que estaria, e ambos se entreolharam um pouco
surpresos.

“O que você está dizendo pequena americana?” ele questionou, e naquele momento, ele
pareceu mais alto, mais sombrio, mais como um deus do deserto do que como um homem. Irene
engoliu com dificuldade.

“E se eu tiver sido cuidadosa minha vida toda?” ela perguntou. “E se eu estiver cansada de
ser cuidadosa e precavida, e eu... apenas quiser me permitir?”

Raheem riu, e a escuridão ao seu redor enviou calafrios em sua espinha.

“Se você se permitir, então eu certamente irei apanhá-la, Irene,” ele disse, “mas talvez você
devesse estar muito certa disso antes de fazê-lo.”

Quando ela pareceu hesitar, ele balançou sua cabeça.

“Vá tomar seu banho,” ele disse. “Vai ser bom para o seu tornozelo, e vai lhe dar algum
tempo. Na hora que você sair, talvez você já tenha mudado totalmente de ideia. Eu não tenho
urgência em ser um grande erro que cometeu quando estava agitada.”

“Eu acho que conheço minha própria mente,” ela começou a dizer, mas ele a encarou.

“Vá!” ele disse, apontando.

Ela olhou para ele, este homem incrivelmente belo, e ela pode sentir seu ventre revirar. Seu
comando era intoxicante, fazendo com que ela quisesse desistir de todo o autocontrole, mas talvez
fosse sobre isso que ele a estava alertando.

Ela o olhou por uma vez mais e, em seguida, obedeceu.

Vamos ver o que a noite trás.


***
Raheem imaginava se ele estava de fato ficando louco.

A pequena americana uma tentação totalmente desconhecida. Ele pensou, um pouco, se toda
sua inocência e doçura eram uma atuação, mas quanto mais tempo ele passava com ela, mais
facilmente ele podia ver que não era. Ele estava completamente preparado para permitir que ela

negociasse sua liberdade, mas uma vez que ela a tinha em seu oásis, ele não podia imaginar fazer
uma coisa dessas com ela.

Irene era como um raio de sol, doce e quente, e que fazia sua necessidade de tê-la ainda

mais obscura. Ele talvez fosse capaz de pechinchar e aproveitar uma ladra que sabia sobre seu
próprio poder. Mas diante de Irene, inocente e meiga, ele sentia-se completamente impotente.

Que diabos eu vou fazer? Raheem pensava.

Ele podia ouvir a água do chuveiro, e involuntariamente, ele a imaginou nua entrando sob a
ducha. Ele havia dito a verdade a ela naquela manhã. Ele a havia despido para que ela dormisse
mais confortavelmente, e agora sua mente estava tomada pelo corpo que ele sabia estar despido
a apenas algumas portas a sua frente.

Raheem respirou fundo, acalmando-se um pouco. Ele sabia que essa semana talvez fosse

tudo o que ele fosse ter. Ele resolveu fazer o melhor que podia.

Ele tinha que fazer.


Capítulo Cinco

Irene não estava surpresa em ver Raheem esperando por ela quando saiu do chuveiro.
Enquanto estava sob a ducha quente, ela não podia parar de pensar sobre as mãos dele e a

forma como se moviam sobre sua pele. Ele era um homem que sabia seu lugar no mundo, sabia que
tudo nele estava sob seu comando. Uma parte dela, uma parte que ela nunca havia de fato antes
reconhecido, respondia a sua dominação, ao cuidado que ele tinha com ela e a sua natureza
completamente decidida.

Seria tão ruim assim me permitir? Irene pensava enquanto se lavava. Seria tão terrível...
permitir que ele entre, apenas por uma noite?

Outra parte mais sábia dela disse algo como que aquilo nunca seria por uma noite apenas.
Mesmo que ele nunca mais a procurasse, o que eles fizeram juntos estaria marcado em sua pele,
seu coração, e em seu espírito para o resto de sua vida. Raheem era um homem como os sheiks
fora de série. O que ele tocava ficaria marcado para sempre.

Ela tinha se secado lentamente, pensando em como deveria ser sábia, e em como havia mais

que apenas seu coração em jogo. O problema era que não importava o quanto ela pensasse, não
importava o quanto considerasse, ele estava ali, em sua mente: seu sorriso, suas mãos, sua boca
pecaminosa. Ela vestiu o roupão de seda, e andou até o quarto.

O sol estava se pondo, formando sombras através do quarto. Ele parecia como um homem
feito de sombras, sentado na poltrona de couro perto da lareira. Ele não falou. Ele se virou para
observá-la com uma expressão questionadora. Naquele momento, Irene sabia que aquela era, e
para sempre seria sua escolha. Ele não a forçaria. Ele não a coagiria. O que ela escolheu a seguir
foi porque ela quis, e por nenhuma outra razão.
Irene respirou profundamente, atravessando o quarto em sua direção. Em cada passo, ela

imaginava se era tão corajosa quanto imagina que fosse, se ela realmente possuía os nervos para

fazer o que desejava.

Em seguida ela parou de pé na frente dele, e seu tempo estava contando. Ele não disse

nada, apenas olhou para ela. Em seus olhos escuros, ela podia ver a mina de fogo de seu desejo,
clamando por uma resposta.

“Eu quero você,” Irene murmurou, olhando para baixo.

Ela não sabia o que esperar dele a seguir, mas não era sua mão gentil, segurando seu
queixo e a fazendo olhar para cima.

“Mais alto,” foi a única coisa que ele disse.

Ela arfou um pouco diante de sua ordem, mas ela tentou novamente.

“Eu quero você.”

“E eu quero ouvir você. Mais alto outra vez.”

“Eu quero você!” ela disse, e dessa vez, sua voz partiu-se um pouco enquanto ela repetia.
Sua face parecia flamejar, e ela pensou que morreria de humilhação. Seus olhos levantaram-se
para encontrar os dele, mas ao invés de parecer cruel, havia compaixão em seu olhar, até mesmo
um pouco de humor.

“Ótimo,” ele ronronou. “Ótimo, brilhante garota, minha doce Irene.”

Ela estava trêmula por ter sido forçada a expressar seu desejo, mas ele parecia sentir que
ela poderia fazer muito mais. Com um toque que era certeiro como o vento do deserto, ele desatou
o nó que mantinha seu roupão fechado. Lentamente, ele o puxou alcançado para deslizar o robe
pelos seus ombros abaixo. Ele escorregou no chão feito água, e agora não havia nada mais a
protegendo de seu olhar sombrio. Ele podia ver cada pedaço dela, e ela sentia como se seus olhos

varressem sobre sua pele. Quando ela tentou se cobrir, ele puxou suas mãos de volta para baixo.

“Eu sempre soube que você era linda,” ele disse, e a puxou para próximo dele.

Ela sorriu um pouco nervosa quando ele aconchegou-se em seu ventre, mas aquele sorriso
tornou-se um arfar quando ela sentiu sua língua macia lamber de seu umbigo abaixo, até a
primeira mecha de pelos que adornavam seu monte. As mãos dela repousaram sobre seus ombros,

mas ela não estava certa se queria empurrá-lo ou puxá-lo para ainda mais perto. Sua pele estava
quente onde a boca dele havia tocodo, fria onde restava.

Agora ele beijou o caminho de volta para o seu corpo, inclinando sua boca no primeiro
mamilo, e em seguida, no outro. Não havia pressa alguma em seus movimentos, nenhuma indicação
que ele queria fazer algo que já estivesse fazendo. Ele beijou seu corpo como se tivesse todo o
tempo do mundo, e ele estava pronto para ficar ali explorando. Ela arfou quando os dois
perceberam que a pele nas laterais de seus seios eram indecentemente sensíveis. Irene pôde sentir
Raheem sorrir enquanto varria sua pele ali, fazendo-a pressionar mais contra ele.

Ele ergueu seu pé num movimento fluido, e com o outro, ele recolheu. Ela nuca deixaria de se
surpreender sobre o quão vigoroso ele era, como ele podia movê-la ao seu redor como se seu
peso não representasse nada. Ele a carregou para a cama, e em seguida a deitou como se ela
fosse algo infinitamente precioso.

Ela assistia a ele, como seus olhos claros, enquanto ele removia suas próprias roupas. Com
cada peça de roupa que retirava, ele exibia mais de sua estrutura musculosa que ela havia sentido
antes. Ele era perfeito como uma estátua de mármore, e forte como um deus. Quando ele veio se
deitar com ela na cama, sua respiração foi capturada conforme ele a beijava, desta vez em sua
boca.
Quando os lábios dele tocaram os dela, todos os medos desaparecerem. Simplesmente não

havia espaço para o medo em sua mente quando havia tanto desejo, tanta ânsia e prazer. Ele era

tão paciente quando beijava sua boca quanto era com tudo o mais. Quando ele finalmente recuou,
a boca dela parecia úmida e inchada, ferroando de desejo, e o tudo o que ela queria era mais.

“Uma garota tão perfeita,” ele ronronou. “Vamos ver do que você mais gosta.”

Ele começou a beijá-la novamente, mas desta vez, ele deslizou sua mão pelo seu corpo
abaixo, sobre as curvas de seus seios e seu ventre, e até a carne sensível entre suas pernas.

Quando ela primeiro sentiu suas mãos pincelando entre suas coxas, ela as bloqueou e fechou, mas
com toques gentis, elas caíram abertas novamente para ele.

“Tudo o que estou fazendo, eu desejo fazer,” ele rosnou baixo. “Você não vai me negar a
não ser que eu a esteja machucando. Está entendido?”

“Si...sim” ela finalmente conseguiu gaguejar.

Seu prêmio foi outro beijo profundo, e quando ela suspirou ao primeiro toque de seus dedos
abruptos sobre sua abertura, ele a sorveu como se fosse vinho.

Ela nunca havia se sentindo tão sensibilizada ou tão preparada para o prazer. Por vários e
longos momentos, ele pincelou sua vulva, brincando gentilmente com seus pelos antes de deslizar um
dedo delicadamente dentro dela. Sua respiração veio um pouco mais intensa quando ele o fez.
Havia uma sensação de pressão, não dor; ela não havia tido um amante por algum tempo. Ela
imaginava se ele podia sentir, mas quando ele moveu os dedos sobre seu clitóris ela perdeu a
habilidade de se preocupar com qualquer coisa.

Ele pincelou seu clitóris com uma habilidade inquestionável, tocando-a da maneira certa para
que ela começasse a contorcer-se de prazer. Era tão intenso que ela por pouco não o empurrou,
mas então ela a beijou mais ferozmente, a fazendo gemer com desejo.
Não havia nada que Irene pudesse fazer exceto aceitar as intensas sensações que a estava

proporcionando, aceita-las e permití-las que alimentassem o fogo que percorria através dela. As

sensações se acumulavam, uma atrás da outra, até que ela choramingava de desejo. Ela sabia que
ele estava murmurando para ela, leves encorajamentos, palavras de amor, mas ela não podia

entendê-las, não enquanto o sangue estava trovejando em seus ouvidos e a levando a um clímax
que ela nunca havia ser imaginado possível atingir.

Ela não podia evitar. Quando o prazer aumentou, era impossível freia-lo, correndo em seu
corpo como fogo selvagem. Ela gritou, cobrindo sua face com as mãos enquanto seu corpo vibrava

em direção à concretização. Seu auge e deixou estremecida e consumida. Quando suas mãos
finalmente escorregaram de sua face, ela foi deixada olhando para o teto, com os olhos bem
abertos, sua respiração ofegante.

Irene gemeu um pouco enquanto Raheem deslocava-se para beijá-la novamente. Ela
respondeu o quanto podia, mas seu corpo estava pesado, como se seus ossos tivessem se
transformado em chumbo.

“Você fica tão linda exaurida pelo prazer,” ele sussurrou. “Eu poderia mantê-la assim
durante toda a noite, exausta, completa...”

De alguma forma, ela encontrou perspicácia para responder, entrelaçando os dedos em seus
cabelos negros.

“Não... não, eu quero você...”

“Oh?” ele disse, sua voz levemente provocativa, mas ela estava totalmente séria.

“Eu... eu disse que te queria. Era sério. Por favor...?

O fogo acumulado nos olhos dele se espalhou como uma enorme fogueira, e agora ela
podia ver o quanto ele havia segurado seu próprio desejo. Algo sobre ser tão desejada acendeu

seu próprio fogo novamente, e ela o alcançou puxando-o para um beijo.

Havia alguma coisa diferente nesse beijo. Havia fome ali, e havia uma profunda e
persistente ânsia por ela que nunca se acabava. Agora ela podia senti-lo pressionar sua ereção

contra ela, e ela sabia que ele lhe daria o que ela queria.

Irene fez um barulho de surpresa quando ela a rolou por cima dele. Ela nunca havia se
sentido tão pequena quando foi esparramada sobre seu contorno musculoso, tentando recuperar o

equilíbrio. Ele terminou com as pernas, uma em cada lado de suas coxas, e quando ela sentiu sua
masculinidade firme pressionar sua vulva, ela gemeu.

Quando ele tomou seus quadris em suas mãos, ela choramingou, mas cada parte sua
desejava esse tipo de intimidade com ele. Ela ascendeu como ele havia indicado, em seguida com
um choro leve, ela deslizou para baixo em seu corpo.

Por um momento eles estavam completamente unidos, ele a preenchendo, ela o revestindo
como se eles fossem feitos um para o outro. Em seguida com um som que era quase um gemido,
quase um rugido, ele começou e erguê-la, arqueando seus quadris para que pudesse penetrar

ainda mais fundo em seu corpo.

Quando ela se inclinou em direção a ele para apoiar suas mãos em seu peito, ela o ajudou
expandindo-se e ascendendo, gemendo enquanto ele a preenchia a cada movimento. Quando ela
olhou para ele sob ela, ela estava estarrecida em ver que seus olhos estavam bem abertos a
assistindo, uma expressão de intensidade, desejo e possessão em sua face.

“Eu quero você,” ela disse novamente, e com um rugido, os movimentos dele tornaram-se mais
fortes e rápidos. Ela agarrou-se a ele enquanto ele arremetia para dentro dela, o prazer dela
diante de seus movimentos a envolvia.
Quando ele bradou, investindo dentro ela com um último e alto som, ela enterrou suas unhas

em seu peito, de alguma forma sentindo a intensidade do orgasmo que o inundava. Ela pôde sentir

seu fluido quente jorrar dentro dela, e ela chorou realizada.

Quando Raheem estava finalmente imóvel, ela colapsou em seu peito, seus braços a

envolviam e mantinham próximo a ele. Ela nunca havia sentido nada tão assim íntimo antes, nunca
dividiu o tipo de prazer que havia sentido com alguém dessa forma. Ele ainda estava dentro dela,
mas abrandando-se agora, e o prazer sibilava através de seu corpo.

Raheem foi quem se moveu primeiro, erguendo a gentilmente para o lado retirando com
cuidado. Ela fez um barulho de protesto que suscitou um leve riso dele.

“Não se preocupe, eu não vou longe,” ele disse, estendendo-se para trazê-la de volta para
ele novamente. Eles deitaram juntos, enquanto seus corações desaceleravam, e o suar secava em
seus corpos. Irene estava quase adormecendo quando Raheem falou.

“Você está bem?” ele perguntou com doçura.

“Eu estou,” ela disse. “Eu me sinto... bem. Calma.”

Ele deu uma risadinha, abraçando-a ainda mais forte. Ela imaginava se algum dia se
cansaria de estar nos braços daquele homem.

“Ótimo. Eu queria ter certeza de que você não tem nenhum arrependimento. Tudo aconteceu
rápido...”

Ela balançou a cabeça.

“Não, nenhum arrependimento, apenas talvez sobre nós termos tomado uma via tão incomum
para chegar até aqui.”
O silêncio que baixou entre eles dessa vez era mais complexo. Irene esteve planando após a

intimidade entre eles, mas agora havia se lembrado do porque eles estavam naquele oásis, o que

ela havia feito, e o que estava em jogo.

Com uma pontada de culpa, ela se deu conta de que não havia pensado em Peter uma vez

sequer nos últimos dias. Ela não sabia se as pessoas que o mantinham o haviam deixado ir como
prometido, ou se eles agora estavam simplesmente furiosos diante de seu fracasso. Ela se segurou
ao ver seu chumaço de cabelo na prisão. Aquilo mostrou a ela que eles não o matariam e que ele
ainda estava vivo.

“Irene?”

“Sim?”

“Fale-me a respeito de Peter.”

Suas palavras passaram tão próximas de seus pensamentos que ela engasgou. Ela
contorceu-se em seus braços para olhar para ele, seus olhos arregalados e selvagens.

“Por que você está me perguntando sobre Peter?” ela questionou. Ela estava dolorosamente

consciente que sua reação intensa havia provavelmente indicado a ele mais do que gostaria do
gostaria que ele soubesse, mas ela não pôde evitar.

“Você o mencionou ontem anoite,” Raheem disse, acariciando seus cabelos calmamente. “Você
soou como se vocês dois dividissem algo muito grande.”

Ela respirou fundo, dizendo a si mesma que isso era apenas uma coincidência. Raheem
queria saber mais sobre ela, e não havia nada de errado com aquilo. Se falasse sobre Peter,
talvez aquilo a tranquilizaria um pouco mais, a ajudaria ficar em paz com a situação em que ela se
encontrava.
“Peter sempre foi um pouco desastrado,” ela disse suavemente. “Mesmo na época em que

éramos crianças. Ele estava sempre se metendo em confusão, e meus pais meio que me colocavam

para tomar conta dele. Ainda que sejamos gêmeos, eu sempre me senti mais como sua irmã mais
velha. Eu o protegia na escola, e assegurava que eu poderia conversar com seus professores para

lhe proporcionar o que ele precisasse.”

Raheem franziu, correndo sua mão em suas costas enquanto ela falava.

“Onde estava seus pais em tudo isso?” ele questionou. “Parece que essa deveria ter sido o

trabalho deles...”

Ela deu de ombros. A essa altura, ela estava filosófica a respeito disso, mas certamente
havia um momento que ela não deveria estar.

“Ele não estão mais no cenário,” ela disse. “Eles não estavam na verdade... presentes, eu
acho que posso dizer isso. Eles estavam mais que satisfeitos em deixar que eu assumisse o Peter.
Não que ele fosse um estorvo!”

Ela incluiu a última parte rapidamente porque, de repente, imaginou como aquilo devia ter
soado.

“Ele é uma ótima pessoa, apenas, talvez, alguém que precise de um pouco mais de apoio
aqui ou ali. Eu era tudo o que ele tinha.”

Raheem não falou nada, e por alguma razão, aquilo fez com que ela ficasse ainda mais
protetora.

“Soa ruim, mas não foi como se eu desistisse de minha vida pelo Peter ou algo assim,” ela
continuou. “Nós apenas éramos muito próximos. Ele era meu irmão e durante a maior parte de
nossa infância, nós apenas tínhamos um ou outro. Quando eu vim para Khanour estudar, ele me
seguiu até aqui...”

Ela paralisou por um instante, dando-se conta do que havia acabado de falar. Para seu
alívio, Raheem não pareceu perceber, Ele continuou a acariciar suas costas calmamente.

“Ele parece ser devotado a você,” Raheem disse e ela fez que sim com a cabeça aliviada.

“Ele realmente é. Sou eu com quem ele sempre conta. Ele me defendeu, protegeu-me quando
ele pôde.”

“Ele a faz sentir-se segura?”

Ela encolheu os ombros.

“Não exatamente. Ele é um pouco dramático às vezes, e para ser sincera, às vezes, ele é um
pouco turbulento.”

“Eu posso ver isso. Quando você é protetor, pode ser difícil abaixar sua guarda.”

Ela apertou seus lábios, sem saber ao certo o que deveria dizer diante daquilo. O que ele
estava dizendo estava certo, totalmente certo. Entretanto, parecia ser como uma traição ao seu

irmão se admitisse.

“Eu não acho que estou explicando corretamente,” Irene resmungou, e Raheem riu um pouco.

“Eu sou filho único, mas eu tenho primos, e eu cresci cercado por uma grande família,” ele
disse. “Eu entendo muito bem o que significa querer proteger alguém mesmo quando você não
pode, e eu sei como é difícil deixar esse incômodo de lado.”

“Você já passou por isso?” ela questionou, olhando para ele com curiosidade. “Você parece
ser um homem que vive para comandar, mas com certeza isso não é tudo.”

Agora foi a vez de Raheem virar e olhar com surpresa. Ela imaginava se alguém já havia lhe
perguntado aquilo antes.

“Eu gosto de estar no controle,” ele finalmente revelou. “Eu quero ter a certeza que as coisas
estão sendo feitas corretamente, e em muitos casos, isto é por si só uma recompensa. Eu tenho todo
o dinheiro que preciso ou que algum dia precisarei e tenho muitos serviçais que tomarão conta de

minhas necessidades...”

“Não foi isso que perguntei,” ela disse gentilmente. “O que eu queria saber é se alguma vez
você já quis ter alguém que se preocupasse com você?”

Por um momento, Irene pensou que Raheem iria simplesmente ignorar sua pergunta. Ela podia
entender. A necessidade de ser cuidado era uma vulnerabilidade assustadora. Ela poderia
compreender o porquê de um homem poderoso como Raheem se afastaria disso. Entretanto, ela
suspeitava que um homem poderoso como Raheem, era exatamente quem precisava disso.

Ele abriu sua boca, um olhar hesitante em sua face, e em seguida seu telefone tocou. Ele
pareceu tão aliviado que Irene gargalhou um pouco.

“Salvo pelo gongo,” ela provocou. “Vá em frente e atenda, mas saiba que eu tenho uma
memória muito boa.”

Ele rosnou de leve, puxando seus cabelos, brincalhão, antes de levantar-se para atender ao
telefone. Ela o assistiu afastar-se, surpresa mais uma vez pela exuberante beleza masculina que ele
personificava. Havia uma despreocupação e graça em sua nudez, como se ele estivesse, mais do
que nunca, em seu estado natural. Ele não estava envergonhado ou constrangido com seu corpo
mais que um leopardo estaria de suas manchas.

Ela sentou-se na cama, o observando atender a chamada. Ele estava falando muito baixo
para que ela o pudesse ouvir, mas ela podia perceber que se tratava de algo muito urgente pela
forma como ele falava, alguma coisa tensa na maneira como ele se comportava.
Quando ele desligou o telefone, ele ficou imóvel por um momento, simplesmente olhando para

o nada, e Irene começou a ficar preocupada.

“Raheem?”

Ele virou-se para ela e retornou para a cama, mas havia algo distante nele. Sair de um
lugar seguro e quente como o que eles estiveram tão próximos para isso era como se um balde de
água fria tivesse sido derramado. De repente Irene, se deu conta de uma forma que ainda não
havia que ela estava nua. Ela puxou o cobertor até cobrir os seus seios.

“Qual o problema?” ela perguntou, sua voz embargada.

Ele parecia inicialmente relutante em olhar para ela, mas quando ele o fez, havia uma
determinação em seus olhos que a fez morder os lábios. O que poderia ter acontecido?

“Irene, o que Peter fez enquanto esteve em Khanour?”

Ela sentiu seu coração parar. Seus olhos se arregalaram, e ela sabia que conforme havia
sido durante toda a sua vida, a sentença de culpa de Peter estava estampada em toda a sua face.

“Por que isso importa?” ela questionou, sua boca seca.

“Quando nós estávamos conversando ontem à noite, alguma coisa a respeito da forma como
você falou sobre Peter chamou minha atenção,” ele disse. Embora ele estivesse falando, havia algo
de relutante sobre aquilo.

“Pare,” ela disse, por alguma razão, ela sabia que o que ele diria a seguir arruinaria o que
eles haviam construído entre eles. Ela estava consciente no fundo de sua mente que de certa
maneira ela havia ficado com medo de perder o que ela e Raheem tinham entre eles assim como
de machucar Peter, mas que poderia esperar outro momento.
“Nós... nós não temos que conversar sobre isso, temos?” Irene perguntou, ciente de quão

queixosa parecia. “Não podemos falar sobre isso depois?”

Raheem balançou a cabeça. Quando ele se esticou para tocá-la , ela recuou, tremendo.
Repentinamente, ela sentiu frio, e embrulhou os braços ao redor de si, tentando desesperadamente

encontrar algum tipo de calor.

“Eu temo que não possamos,” ele respondeu. Sua voz ainda estava gentil, mas havia firmeza
ali.

“Eu pedi a alguns membros de minha equipe para que pesquisassem sobre seu irmão,” ele
disse, “e era um deles retornando para mim agora. Parece que em menos de vinte e quatro horas,
ele descobriu uma grande trama, e grande parte disso talvez seja relevante para você e sobre o
que aconteceu. Ele disse que seu irmão possuía débitos de apostas nos Estados Unidos, alguns pelos
qual você frequentemente se responsabilizou. Isso é verdade?”

Irene sentiu sua boca ficar seca. Ela sabia que seu coração estava batendo mais rápido, ela
não conseguia se concentrar e olhar para Raheem. Isto era como perder tudo. Isto era o que
significava quando ela finalmente traiu a pessoa em que sempre havia confiado nela para

protegê-lo.

Ela não podia responder Raheem. Ela apenas podia olhar para ele com grandes e
assustados olhos. Ele parecia consternado além de palavras que era isso que tinha que acontecer
entre eles, mas ele foi resoluto.

“Você não pode ficar em silêncio diante de mim,” ele disse tranquilamente. “Essa é a
informação que eu preciso, mas eu vou obtê-la mais cedo ou mais tarde. Isso não é algo que eu
possa perdoar. Será muito melhor se você simplesmente estiver disposta a me dizer o que eu
preciso saber.”
Ela não podia falar. Ela não iria. Aqui ela estava novamente, mas agora a diferença era que

seu interrogador era o homem que fez sentir-se como nenhum outro.

“Eu quero ajudá-la.” Ele disse, e havia um leve tremor em sua voz. “Que droga, Irene, por
que você não me deixa ajuda-la?”

Ela não podia mais aguentar. Ela se levantou, negligente a sua nudez. Quando ela tentou se
afastar, ela viu seu pulso foi preso solidamente como com faço.

“Não se afaste de mim,” ele disse no limite de sua voz.

Ela sentiu como se suas pernas tivessem sido cortadas debaixo dela. Com um som de
desesperança, ela caiu na cama como um boneco obediente. Por um momento, parecia que Raheem
continuaria, mas ele em seguida olhou bem de perto para ela, com sofrimento em seu olhar.

“Você está muito assustada, não está?” Embora as palavras pudessem ter sido agressivas,
havia arrependimento ali, uma compaixão que ela nunca havia visto nele antes. Mas ela sabia
melhor, do que deixar-se ter esperanças. Ela sabia que ele era implacável quando se tratava
desse assunto. Por seu país, Raheem não poderia ser menos que isso. No final das contas, ela era
sua inimiga, e de alguma forma, ambos haviam esquecido isso.

Ela confirmou, encurvando a cabeça, abaixando os olhos. O silêncio era o seu melhor
refúgio. Era a melhor chance de seu irmão sobreviver. O homem que o havia capturado era cruel,
terrivelmente poderoso e subversivo. Ela havia perdido a cabeça, e agora ele estava em mais
perigo do que nunca. Ela nunca devia ter se aberto. Ela jamais devia ter dormido com o homem
que jamais iria compreender o fato de que ela tinha que proteger a única família que lhe restava.

Irene não evitar que as lágrimas jorrassem. Ela tentou esconder sua face, mas Raheem
segurou seu queixo em sua mão, fazendo-a olhar para ele.
“Querida... por favor...”

Finalmente, ele balançou sua cabeça.

“Deite-se então. Não há mais nada a ser dito sobre isso essa noite. Descanse.”

Ela não queria deitar-se e dormir. Ela sabia que se quisesse ser esperta a respeito disso, ela
deveria ter recusado. Ela devia ter ido dormir no sofá, ou mesmo dormir na floresta se fosse
preciso. Mas ao invés disso, tudo o que Irene conseguia pensar era sobre como era agradável
ficar ao lado de Raheem, o quanto ela queria estar perto junto a ele.

Irene respirou fundo. Ela poderia imaginar o que o amanhã traria. Então, ela permitiu que
Raheem a deitasse na cama ao lado dele. Talvez por um momento a mais, ela poderia fingir que
tudo estava bem.

***

Raheem permaneceu acordado por um longo tempo após Irene adormecer. A cada vez que
ela se agitava, a cada vez que ela se lamuriava durante seu sono, ela sentia seu coração ser
arrancado. Após ouvir sua conversa, ainda que por um período curto, ele pôde sentir o quão

solitária sua infância havia sido e como frequentemente ela teve que assumir o papel dos pais.
Todo mundo mereciam mais do que aquilo, e alguém doce e gentil como Irene merecia em dobro.

Pelo o que pareceu a centésima vez, ele imaginou se havia alguma forma de deixa-la ir. Se
havia alguma exceção que ele poderia abrir, alguma desculpa que poderia dar. Não importava
quantas vezes ele repensasse, ele não conseguia encontrar uma saída.

“Eu sinto muito,” ele sussurrou, tocando gentilmente seus cabelos. Raheem desejava que ele
pudesse dizer isso enquanto ela estava acordada, mas ele sabia que não ajudaria em nada. Após,
a noite apaixonada que eles passaram juntos, parecia que eles haviam cruzado algum tipo de rio.
Não havia caminho de volta para o conforto que eles dividiram mais cedo. Eles apenas poderiam

seguir adiante.

Raheem rezava apenas para que se eles seguissem adiante, eles pudessem seguir lado a
lado. Mesmo após estarem juntos por um período tão curto de tempo, ele sabia que Irene havia

dado a ele algo que ele precisava, algo que ele nunca havia sentido antes.

“Por favor, por favor, fale comigo,” ele murmurava, mas apenas murmurava em seu sono,
pressionando seu corpo contra o dele. Ele pensou, por que ela dormia tão confiantemente ao lado

dele, mas por que ela não poderia confiar nele durante a luz clara do dia.

Raheem rolou para olhar o teto, e quando se moveu, ela o seguiu, pressionando sua face
contra seu peito. Já havia algo tão familiar sobre aquilo que ele não aguentava pensar que algum
ela talvez partisse.

Conforme ele iniciava sua vigília acordado, ele sabia que não poderia ceder. Não se ele
ainda quisesse ser o homem que o seu país necessitava que ele fosse. Ele apenas esperava que
Irene pudesse enxergar aquilo.

Que ela pudesse ver que o que eles tiverem foi muito além de especial para ser perdido.
Capítulo Seis

Irene sabia que havia feito errado quando começou a falar. Ela havia pensado que uma vez
fora da prisão, ela poderia simplesmente seguir adiante com a sua vida, ser quem ela

verdadeiramente era com Raheem. Agora ela sabia que aquele havia sido seu maior erro, e ela o
corrigiu da única maneira que ela conhecia.

Quando ela despertou na manhã seguinte, ela retornou ao silêncio ao silêncio que havia sido
sua fortaleza e sua prisão durante as últimas semanas. Quando Raheem a cumprimentou, ela

encurvou a cabeça, e quando ele questionou o que havia de errado, ela apenas esboçou um
sorriso triste. Se ela estava em silêncio, ela não poderia entregar nada. Era a única esperança de
seu irmão após o que ela já havia revelado. Era grave o suficiente que eles soubessem que ele
estava em Khanour. Quanto mais eles soubessem a respeito dele, em maior perigo ele estaria.

Raheem tolerou seu silêncio pela maior parte do dia. Ele estava silencioso também, exceto
quando ele foi para outro cômodo, conversar com o homem que ele tinha no rastro de seu irmão.
Quando ele fez isso, ela ficou tensa como se cada músculo de seu corpo tivesse se transformado
em concreto. Simplesmente não havia nada que ela pudesse fazer, e ela sentia profundamente a

impotência.

Finalmente, ao anoitecer, Raheem veio até ela. Ela estava sentada no sofá, admirando a
beleza do oásis ao lado de fora. Quando ele sentou-se ao seu lado, ela não se afastou. Embora
Irene soubesse que ela deveria manter distância, ainda havia algo nele que a atrai como a agulha
de uma bússola para o norte verdadeiro. Quando Raheem esticou-se para tocar sua face
delicadamente, ela se inclinou para ele.

“Era o meu homem na cidade,” ele disse calmamente. “Seu irmão desapareceu. Nós podemos
rastrear seu paradeiro até alguns meses atrás. Nós sabemos que provavelmente, ele não deixou
Khanour, a não ser que ele seja muito mais astuto do que você me levou a acreditar, mas meu

homem não consegue localizá-lo.”

Ela estava partida. Por um lado, se eles não podiam encontrar seu irmão, então eles não
poderiam prendê-lo. Entretanto, se eles não podiam encontrá-lo, aquilo significava que era mais do

que provável que os criminosos não o libertaram.

Peter, por favor... Eu sinto muito...

Raheem respirou profundamente.

“Você tem que nos dizer onde seu irmão está. A não ser que você diga, há criminosos que
estão movimentando-se livremente e deliberadamente infringindo a lei. Estes homens estão
roubando do meu país coisas que nos pertencem por direito, e que eu não possuirei.”

Ela olhou para baixo. Ele estava certo. Não havia argumento que ela poderia utilizar diante
disso. Não havia defesa a fazer pelos homens para quem ela havia trabalhado, e ela sabia que
foi apenas pela graça de Raheem que ela não havia sido condenada e mandada para a prisão.

“Ocorreu a você que esses homens são perigosos?” Raheem questionou. “Eles são brutais, e

se eles não hesitaram em usar uma garota como você, não há como prever o que eles farão com
um rapaz como ele. Toda a sua vida, você esteve lá para cuidar de Peter. O que você pensa que
ele está fazendo lá fora agora?”

Os olhos dela se ergueram para encontrar os dele, sua boca abriu com um som de dor. Ele a
havia procurado seu ponto mais fraco e agora o havia encontrado. Todos os piores medos de
Irene em relação ao seu irmão, que ele estava sofrendo, machucado, ou até mesmo morto, surgiram
em sua mente, e não havia nada que ela pudesse fazer para espantá-los, para fazê-los sumir.

Seus olhos cheios de lágrima, mas desta vez, Raheem não hesitou.
“Você ama seu irmão. Você o ama além do que seus ofereceram para vocês dois, a você

não pode afastar-se dele. Eu entendo isso. Mas Irene, me ouça. Agora não é mais o tempo em que

você, pode protegê-lo com seu silêncio. Isso não é meramente levar a culpa por estar fora do gelo
ou qualquer outra coisa que você tenha feito quando criança.”

“A vida de seu irmão está em jogo, e os homens que tem a vida dele nas mãos, são cruéis e
são engenhosos. Você sabe o que elas farão com Peter se ele for contra eles?”

Irene gemeu baixo com a garganta, cobrindo os ouvidos coma as mãos. Sim, ela sabia. Eles

avisaram a ela. Eles a avisaram com detalhes dolorosos e excruciantes o que fariam ao seu irmão,
se ela não fizesse exatamente o que eles lhe disseram.

Impiedosamente, Raheem puxou suas mãos de seus ouvidos. Quando ela olhou para ele
contestando, havia dor nos olhos dele, mas ele não parou.

“Está em seu poder derrubar esses homens,” ele disse. “Está em seu poder nos ajudar a tirar
Peter dessa situação.”

“Você pode conceder a ele anistia?”

Raheem olhou para ela como se surpreso que ela finalmente havia falado. Sua voz estava
rouca e baixa, como se fosse um instrumento que havia enferrujado por falta de uso. Agora era a
vez dele de recuar, e ela entrelaçou seus dedos nos dele.

“Você pode?” ela requereu. “Ele pode ser perdoado pelo o que talvez tenha feito?”

Ela podia ver nos olhos de Raheem o desejo de mentir para ela. Ele queria dizer a ela o que
ela queria escutar, e a pior parte era que não era sequer para conseguir o que ele queria. Ele
queria mentir para ela simplesmente para confortá-la.

“Eu não sei,” ele disse por fim. “Eu não posso dizer nem que sim, nem que não sem
compreender todo o cenário, sem entender o que seu irmão fez. O que ele fez Irene?”

E diante daquilo, Irene sabia que ela tinha que ficar em silêncio. Ela não fazia ideia alguma
do que seu irmão havia feito. Ela não poderia arriscar que o tribunal o considerasse culpado. Seu
período na prisão havia sido abençoadamente curto. Mas ela ainda podia se recordar vividamente

da visão do chicote de camelo, da brutalidade casual dos guardas.

Ela olhou dentro dos olhos escuros de Raheem, e mesmo com seu coração partido, ela
balanços sua cabeça. Ela puxou suas mãos das dele, e virou-se.

Ele estava falando novamente, mas desta vez, ela se forçou a não escutá-lo. Ela tinha que
ser forte. Ela tinha que sobreviver a essa semana. Ela sabia que Raheem era um homem de
palavra. Ele a deixaria partir, e depois ela nunca mais o veria novamente.

A difícil visão de ser afastada deste homem a lacerou. Com uma surpresa embotada, ela se
deu conta que os sentimentos que tinha por ele, tumultuosos e obscuros, haviam de alguma forma se
tornando em algo real e caloroso. Ela havia descoberto que ela era diferente de qualquer outro
homem que ela havia conhecido antes. O que Irene não sabia é que ela estava se apaixonando
por ele.

***

Irene tinha que dar crédito a Raheem. Ele havia tentando de todas as formas que podia
convencê-la a falar com ele. Ele gritou com ela, ele a instigou, ele tentou explicar o quanto seria
melhor se simplesmente falasse. Algumas vezes, Raheem ficava rouco, e os dois ficavam juntos em
silêncio.

Durante aqueles momentos de silêncio, era quase como antes de sua revelação. Ela podia
sentar-se junto a ele, contra seu corpo e admirando o oásis. Entretanto, ele sempre recomeçava. Ele
dizia a ela que Peter precisava de sua ajuda, que ela tinha o poder de salvá-lo, mas ela recusava
a acreditar nele. Ele havia dito a verdade anteriormente. Ele não poderia garantir sua segurança
a seu irmão, e, além disso, não havia mais nada para eles falarem.

Algumas vezes, parecia como se Raheem quisesse esquecer a coisa toda. Ele a provocava
por alguma palavra, qualquer uma, mas não importava. Seus afagos a faziam sorrir, mas ela não

se permitia o luxo de uma palavra sequer. Seu primeiro erro revelou o nome de seu irmão a
aquele perigoso homem. Ela não poderia permitir um segundo erro.

Apesar de seu silêncio, ele ainda queria estar com ela. Eles sentavam-se juntos, ele

preparava deliciosas refeições, e muitas vezes, ele oferecia a ela uma toalha e iam juntos para o
oásis. Na água pura e fresca, ela nadou nua como nunca havia feito antes. Ela estava inicialmente
tímida, mas a nudez de Raheem parecia ser seu estado natural, um lugar que não requeria
constrangimento ou pausa. Ele pacientemente espalhava protetor solar no corpo de Irene, e em
seguida ele a levava para a água, seus membros geminando juntos enquanto eles se beijavam
ardentemente. Logo quando ela podia sentir a excitação dele, e quando a sua estava crescendo
com mais e mais força, ele recuava. Por um instante, Irene imaginava se aquilo era porque ele não
queria macular a si mesmo com alguém como ela. Depois ela percebeu que era doloroso para ele
também. Talvez ele não a amasse da forma como ela insensatamente o amava, mas isso o

machucava também.

Até que dois dias depois, numa noite, Raheem a deixou sozinha. Havia sido um dia
extenuante, e a casa ainda ecoava seus gritos. Ele havia sido mais enérgico do que nunca antes, e
dado que ela recusou-se a baixar a guarda, ela não pôde impedir de tremular como uma folha.
Cansado, Raheem parou, olhando para ela antes de balançar a cabeça e se retirar.

Enquanto ela o observa ainda tremendo, ele com passos largos deixou a casa em direção a
floresta. Foi como se as árvores do oásis o tivessem engolido. Ele se foi por mais de uma hora. Ela
começou a imaginar se ele voltaria. Depois de algum tempo, ela pensou se ele estava ferido.
Era muito fácil ver aquilo acontecer. O oásis era lindo, mas era isolado. Se ele tivesse sofrido

uma queda e desafortunadamente, tivesse fraturado alguma coisa. Ele talvez estivesse caído,

desamparado e impossibilitado de chegar até a casa. Talvez ele estivesse até mesmo...

Com um ofego, ela correu até a porta. Irene, não fazia ideia do que ela iria fazer se ele

estivesse seriamente ferido; tudo o que ela sabia é que não podia aguentar a ideia dele estar
perdido na escuridão, sozinho...

Assim que ela alcançou a porta, entretanto, ela abriu, e Raheem mal entrou. Com um leve som

de surpresa, ela começou a cair, mas ele a segurou, a ajudando a ficar de pé. Ao invés de deixa-
la ir, ele simplesmente a puxou para perto.

“Você estava temendo por mim, pequena americana?” ele perguntou suavemente. Não mais
havia vestígios da raiva em sua voz, e ela sentiu um calafrio de alívio percorrer sue corpo.

Ela fez que sim com a cabeça, olhando para baixo, ele deu um beijo gentil em sua cabeça.

“Eu peço desculpas por lhe causar preocupação,” ele disse. “Eu... eu peço desculpas por
tantas coisas. Eu sinto muito que não possamos ser quem realmente somos um com o outro.”

Ela ficou tensa, imaginando se a raiva dele cresceria novamente, mas ao invés disso, ela a
levantou em seus braços.

“Vamos ver se podemos lhe dar algo para distraí-la.”

Ele não havia tocado nela desde sua intensa conversa sobre seu irmão. Agora ela a
carregava para o quarto que eles dividiam e a despiu com a habilidade de um expert. Uma parte
dela queria protestar contra isso, sabendo que o mais próximo que eles ficavam mais ela iria se
machucar quando a semana acabasse. Mesmo assim, quando ele trilhou beijos quentes em seu
pescoço abaixo, ela pôde apenas suspirar de prazer e inclinou sua cabeça para o lado dando-lhe
mais acesso.

Aquela noite, ele a levou a beira do clímax várias vezes. Ele usou suas mãos e sua boca
para elevar as ondas de prazer mais e mais, parando no último momento e a fazendo chorar de
ânsia. Em seguida ela começava novamente, ignorando seus sons de súplica e o movimento

incansável de seu corpo.

Quando ele finalmente a levou ao prazer algumas horas mais tarde, ela estava encharcada
de suor e implorando pela misericórdia que ele recusava dar a ela. O prazer explodiu dentro dela

com a força de uma supernova, acendendo cada parte de sua alma, a desobstruindo de maneiras
que ela sequer compreendia. Ela estava aberta ao meio, cada parte sua em fogo, e ela não
conseguia impedir-se de gritar o nome dele repetidamente.

Em algum ponto, Irene perdeu a noção do que ela estava dizendo e até mesmo de quem ela
era. Não havia nada que podia fazer a não ser flutuar nas poderosas sensações que ele a havia
proporcionado. Quando seus olhos finalmente abriram-se, ela estava agarrada ao seu peito
enquanto ele murmurava suaves palavras para ela. Ela pôde sentir sua masculinidade rija
pressionando contra seu quadril, mas ele não fez nada para se aliviar.

“Tão bonita,” ele cantarolava. “Tão perfeita. Bela garota, você não vai ficar?”

Apesar do prazer ainda zunindo através de seus membros, ela sabia qual sua resposta
deveria ser. Levou cada pedaço de sua força para virar sua face, mesmo que um nó surgia em sua
garganta. Ela fechou seus olhos, rezando para que ele não prosseguisse. Ela não tinha certeza se
seu coração aguentaria.

Ela pôde sentir seus olhos nela. Finalmente, ele suspirou. Ele se deitou por trás dela,
envolvendo o braço em sua cintura e a beijando docemente no ombro, como se eles tivessem
dormido juntos todas as noites de suas vidas.
“Durma meu amor,” ele disse, sua voz palpitando com compaixão. “Durma. Isso vem sendo

demais para você.”

Naquele momento, ela passou o mais próximo que esteve de falar com ele. Aquela gentileza
fez com que sua esperança de que ele pudesse ser tão gentil com seu irmão como era com ela,

que talvez houvesse esperança para Peter. Em seguida ela lembrou-se que aquele homem que
dormia atrás dela não era quem iria negar um destino a Peter. Era o que havia olhado para ela
no aeroporto, sua face contorcida em choque conforme ele se dava conta do que ela havia feito.

Se ela quisesse a segurança d seu irmão, era disso que precisava se lembrar.

***

O dia seguinte começava luminoso e claro. Quando ela admirou o oásis, Irene enxergava
uma beleza cristalina e de tirar o folego. Ela sentou-se com segurando a xícara de chá que
Raheem havia preparado para ela e imaginou se alguma ela veria este lugar novamente quando
sua semana chegasse ao fim. Era quase uma dor bem vinda. Não era a dor de nunca mais ver
Raheem novamente, e por causa disso, era quase um alívio.

Raheem veio por trás dela, beijando sua cabeça.

“Termine seu chá e coloque algumas roupas resistentes,” ele disse. “Tem algo que eu quero
lhe mostrar.”

Quando ela se vestiu, ela a levou para a parte de trás da casa, onde havia um jipe
esperando por eles. O robusto e pequeno veículo os levou através das dunas, para o deserto
iluminado. O calor estava começando a afetá-la quando Raheem parou numa formação rochosa.
Irene olhou para aquilo, intrigada. Não parecia ser mais alto que sua cintura, e ela imaginou para
que Raheem os trouxe até esse deserto.
Ele riu diante de sua confusão, e deu a volta no jipe para ajuda-la e sair.

“Confie em mim quando digo que isso é muito mais impressionante de dentro,” ele prometeu.

Para sua surpresa, ele a guiou ao redor da rocha para revelar uma escura entrada por

debaixo dela. Alguma artimanha do vento e da pedra criou um portal para dentro das dunas, um
local que era de alguma forma livre de areia. Raheem sorriu e lhe entregou um capacete de
minerador, pacientemente mostrando a ela como o afivelar e ligar a lanterna. Ela olhou para ele
apreensiva, mas ele apertou sua mão.

“Confie em mim,” ele disse, e por que ela havia em todos os assuntos exceto um, ela permitiu
que ele e conduzisse para dentro da terra.

O terreno além da abertura escura era plano por um pequeno instante, em seguida, para
sua surpresa, havia escadas cortadas na pedra. Seu coração bateu mais rápido, ela seguiu
Raheem pela escada abaixo conforme eles penetravam fundo na terra. O ar, tão quente e seco
acima, tornou-se algo úmido e verde abaixo, e fresco abaixo, e ela imaginou quantos milhares de
anos haviam se passado desde que esse lugar havia se formado debaixo da areia.

Finalmente, eles chegaram num terreno plano novamente, e após através um curto túnel,

Raheem e Irene estavam numa enorme câmara que se estendia tão alto como um teto de uma
catedral. Quando Irene suspirou, olhando para cima, ela pôde ver os arcos distantes esculpidos
acima dela, e ela fez um som de reverência à determinação e habilidade dos escultores que
haviam arriscado suas vidas para criar algo tão belo.

“Existem muitos nomes para esse lugar, mas o que é mais comum é o Silêncio da Rocha. A
história diz que houve um tempo, em que espíritos perigosos a fantasmas do deserto vinham a este
lugar quando eles precisavam pensar. Nenhuma conversa era permitida, e mais de um demônio
desistiu da vida malévola neste local e resolveram praticar apenas o bem.”
Irene pensou que ela poderia compreender aquilo. Havia algo de solene a respeito desse

lugar, sobre a escuridão da abóbada que cobriam tão longe acima deles. Ela não poderia

imaginar como seria ser barulhento ou contencioso ali. Algo a respeito desse lugar despiu toda
pretensão, todo pensamento de conflito. Ela podia sentir a paz do local infiltra-se dentro dela como

água num substrato rochoso, e ela segurou a mão de Raheem, tentando transmitir seu
agradecimento através de seu toque.

Ele sorriu para ela, e ela pensou que ele havia compreendido o que ela quis dizer.

“Venha até aqui. Todo esse lugar é incrível, mas havia algo aqui que eu queria ter lhe
mostrado.”

Ele a guiou através das paredes, e a alguns cem pessoas adiante de onde eles estavam, ele
lhe mostrou um mural. Demorou um curto período de tempo para que os olhos dela se ajustassem a
luminosidade da lanterna de seu capacete, mas quando ela viu o que ele estava lhe mostrando, ela
suspirou.

O mural, no fundo da terra e em um dos lugares mais remotos do país, era de tirar o fôlego,
vívido e belíssimo como havia sido quando o artista tocou pincelou a parede de pedra lisa. Era

uma peça pintada em vermelhos e dourados, a cena de uma coleção de animais selvagens e
jardins em pleno florescer. Ela pôde ver o alaranjado e preto das listras de um tigre, as penas
brancas de uma garça e as graciosas antenas de um cabrito. Cada animal foi reproduzido
nitidamente, com cuidadosos detalhes, cercados pelo verde abundante das árvores e samambaias.

Era uma obra prima, e em todo o seu redor havia palavras em caligrafia árabe. “Ele conta
uma história,” Raheem disse. Ele sentou-se numa pedra frio no chão, e quando Irene pegou sua
mão, ela a guiou para que ela sentasse em seu colo. Poderia ter sido algo sexual, mas ela
percebeu que não havia nada de sexual naquilo. Ele meramente queria dar a ela um lugar para
que se sentasse que fosse confortável e próximo a ele.
“Certa vez, houve um grande lorde que mantinha uma coleção de animais como o mundo

nunca havia antes visto,” ele contou delicadamente. “Ele era um belo homem, abençoado em todos

os sentidos. Era um amante notório, um guerreiro temido, e um grande estadista, mas a única coisa
que tocava seu coração era sua coleção de animais. Sua obsessão era tamanha que ele tinha que

ter um fino exemplar de cada animal do mundo, e para isso, ele enviou seus homens para vasculhar
os fins do mundo. Eles trouxeram girafas muito altas de Cush, enormes lagartos de sangue frio dos
trópicos de oceanos distantes, gatos selvagens de uma terra chamada Fu Sang. Com cada animal
que foi trazido para sua coleção, sua ganância crescia e clamava por mais, enviando seus homens

para muito longe.”

“Um dia, enquanto ele estava vagando entre seus prêmios, ele notou um pequeno cabrito-
montês em uma das jaulas. Ela era pequena e delicada, perfeita em todos os sentidos, mas em uma
coleção de suntuosos pavões e poderosos rinocerontes, havia algo de especial a respeito dela. Ele
começou a seguir adiante em seu caminho, mas para a sua surpresa, ela o chamou de volta.”

“ ‘Por favor pare e me escute, ela disse, ‘eu sofre de uma terrível maldição. Meu pai é um
feiticeiro bom que disputou com um feiticeiro mal, e em sua batalha, eu fui transformada e enviada
para cá. Por favor, se você me ajudar, eu lhe concederei riqueza e vitória do tipo que você nunca

antes viu.’

“O lorde olhou para ela e deu de ombros. ‘Eu já possuo riqueza e vitória. Eu não preciso de
tais coisas, mas eu preciso de um perfeito cabrito-montês em minha coleção.’ ”

“Diante de suas palavras, o cabrito-montês estremeceu, mas finalmente ela fez sua última
oferta. ‘Se você me ajudar, eu o amarei como nunca nenhum homem foi amado.’ ”

“O lorde pausou, e pensou.”

Raheem parou ali, mas Irene estava tão envolvida na história que levou a ela um instante
para perceber que ele o tinha feito. Em seguida ela o cutucou sem pensar. A história era cativante.
Ela nunca a havia ouvido antes, mas alguém a havia adorado tanto, que veio até este lugar, na

Pedra Silenciosa, para pintá-la.

Raheem balançou sua cabeça, uma expressão solene em sua face.

“Meu pai me trouxe até esse lugar quando eu era apenas um garoto,” ele disse, “e ele me
mostrou este mural. Toda a minha vida, eu quis saber como a história acaba, o que aconteceu com
o cabrito-montês e ao homem a quem ela prometeu amar.”

Surpresa, Irene seguiu o dedo de Raheem que apontava para o mural que estava pouco a
frente de onde eles haviam se sentado. Para seu choque, havia um pedaço enorme de pedra que
foi arrancada dali. Sentindo-se levemente enojada, ela se levantou para investigar. Não havia sido
o trabalho da erosão ou um acidente, ela percebeu. Foi um ato deliberado de roubo. Alguém quis
subtrair um pedaço do mural, provavelmente para vender, e eles simplesmente o lascaram da
pedra onde estava pintado. O que restou foi um estrago de aparentemente muitas décadas atrás,
mas havia um horrível ar de algo recente naquilo, como se a ferida nunca fosse fechar.

Ela virou-se de volta para Raheem, que a assistia cuidadosamente.

“Isso aconteceu em 1920,” ele contou, “quando Khanour sofria sob as mãos da França. Nós
não tínhamos o dinheiro e a industrialização, e a França veio para levar metade de qualquer coisa
que fizemos e mais alguma coisa que pudessem levar. Foi um período negro para Khanour, muito
mais sombrio porque os franceses levaram mais que apenas nosso dinheiro. Eles também tomaram
nossos tesouros. Às vezes eles diziam que era porque não era verdadeiramente importante, e os
itens em questão poderiam ser comprados, mesmo que fosse apenas por uma ninharia. Às vezes,
eles diziam que era porque nós não sabíamos como cuidar de coisas tão bonitas, e eles as
manteriam seguras. Tudo o que sabíamos foi que ao final do regime colonial francês, nosso país
estava culturalmente empobrecido. Existe apenas o suficiente para que a tradição oral possa
manter viva. Essa história foi uma das coisas que perdemos.”

Irene sentiu-se enjoada quando ela pensou em tudo aquilo. Cada cultura do mundo possui um
legado, e ver Khanour desprovida da sua, pela qual Raheem estava desesperadamente tentando
preservar era brutal. Ela sentia-se vazia até mesmo para chorar. Ela sentiu como se tivesse sido

espremida e esgotada de qualquer emoção.

Pelo resto da tarde, ela e Raheem exploraram a igreja, admirando os pedaços de sua
história que restaram apesar dos invasores e ladrões. Irene estava constantemente impressionada

pelo quanto havia sobrevivido mesmo após tanto ser perdido. Alguns componentes haviam sido
restaurados e protegidos, enquanto outros haviam sobrevivido simplesmente pelo resultado de
terem sido feitos por pessoas com um olho na história e aqueles que vieram depois deles.

Raheem estava silencioso no caminho de volta. Enquanto ele dirigia com grande confiança
através das dunas, ela não evitar, mas vislumbrá-lo discretamente. Mesmo em repouso, havia algo
fatalmente sério sobre o olhar dele. Ele era um homem proveniente de uma linhagem de guerreiros.
Eles haviam protegido seu país como se fosse um dever sagrado. Agora que ela havia estado na
Pedra Silenciosa, ela tinha uma ideia do que ele estava tentando proteger.

Ela estava perdida em seus pensamentos quando eles retornaram para a casa. Ela tomou um
banho e vestiu um vestido leve, necessitando livrar-se da areia. Ele preparou uma refeição leve
para os dois, mas quando colocou na frente dela, ela recusou.

“Raheem.”

Ele olhou surpreso.

“Irene?”

“Eu tenho algo que quero dizer a você.”


Ela respirou profundamente e contou tudo a ele. Ela contou-lhe como havia sido recrutada, e

como eles ameaçaram seu irmão. Ela contou a ele onde havia ido, e com quem havia conversado.

Sua excelente memória permitiu que lhe fornecesse nomes, endereços, tudo o que ele precisava.
Irene falou até sua voz ficar rouca, mas então, finalmente, ela revelou tudo a ele, tudo que ele

precisava saber.

Na metade de sua fala, ele pegou seu telefone, e enviou uma mensagem contendo as
informações, que ela lhe forneceu, para seus homens. Pela forma engajada como ele parecia, ela
pôde perceber que eles estava absorvendo cada pedaço de conhecimento, tomando tudo o que

estava entregando a ele e transformando em ação que protegeria seu país.

Irene deliberadamente não pensou em seu irmão.

Quando ela havia terminado, ela recostou-se na cadeira. Ela sentia-se como se tivesse lutado
uma árdua batalha por semanas. De certa forma, ela lutou.

“Obrigada...” ele começou, mas o interrompeu.

“Não me agradeça,” ela suspirou. “Por favor, não. Apenas... apenas me deixe ser livre disso.
Eu não posso pensar sobre isso essa noite.”

Ele assistia conturbado a sua fala, mas concordou. Quando ela não pôde comer seu jantar,
ele não protestou, e apenas o retirou.

Aquela noite, ele a deixou no quarto principal enquanto foi para o quarto menor. Ela podia
ouvi-lo conversar com seus homens, levantando uma estratégia sobre o que queriam e como
poderiam fazer. Irene esvaziou sua cabeça de tudo aquilo. Tudo o que ela sabia era que cama
parecia muito grande, muito vazia. Quando as vozes do outro quarto aquietaram-se por um tempo,
ela se levantou e andou através do corredor para encontrar o homem que era por lei e direito
ancestral, seu marido.
“Você vai machucar meu irmão?” ela perguntou, sua voz despida e receosa.

Ele se importava muito com ela para mentir.

“Eu não sei,” ele disse.

Eles ficaram em silêncio. Irene achou que ela iria chorar que ela iria gritar, mas depois de
tudo esse tempo, havia apenas um vazio claro e cinzento. Era tão silencioso dentro dela que ela
pensou que ficaria maluca se não fosse preenchido.

“Faça amor comigo.”

Em qualquer outra situação, o olhar de surpresa de Raheem teria sido engraçado. Ele virou-
se para olhá-la, seus olhos arregalados.

“Irene...”

Apesar da preocupação ali, ela pôde ver o calor crescendo nele também. Na noite anterior,
ele não havia feito nada além de lhe dar prazer. A memória da última vez em que eles haviam
verdadeiramente se unido estava viva na mente dele, e ela pôde ver sua paixão tentando superar
a sua razão.

“Eu sei o que eu quero,” ela respirou. “Eu preciso... estar longe de mim mesma. É desta forma
que eu quero fazer isso.”

Raheem lambeu os lábios, seu olhar varrendo-a de cima a baixo enquanto ela pôde vê-lo
lutando contra o que era certo para ela.

“Eu não sei se você está em seu juízo correto...”

“Eu estava em meu juízo correto quando eu lhe entreguei o que você queria saber,” ela disse,
sua voz tranquila. “Dê-me o que eu quero agora.”
Um estremecimento o percorreu. Ela sabia que na batalha entre a emoção e razão dele, a

sua razão perderia. O ar entre eles tornou-se pesado com a expectativa de sexo. O espaço entre

eles estava tão carregado que uma simples fagulha teria levado a explosão.

Irene podia sentir os olhos de Raheem sobre ela, fazendo-a mais consciente de seu corpo

como nunca antes. Ela estava ciente do peso de suas roupas, da forma como seus cabelos tocavam
seus ombros nus, da maneira como sua saia leve roçava contra suas pernas nuas. Apesar de estar
inteiramente vestida, ela não estava certa se algum dia sentiu-se tão nua.

“Se você não quiser o que está acontecendo aqui, você deve me dizer agora,” Raheem disse,
sua voz baixa. Havia uma sugestão de perigo ali, algo quase selvagem. Deveria tê-la feito querer
correr, mas ao invés disso, ela sentiu-se atraída. Era como se tivesse sempre sido assim com Raheem.
Tudo a respeito daquele homem a puxava para próximo dele, fazia com que ela quisesse mais.

“Eu... eu quero,” ela disse suavemente.

Um fogo intenso que acendeu nos olhos dele despertou algo quente dentro dela, algo que
envolveu seu corpo e fez com que sua pele perecesse estar viva acesa com eletricidade.

“Esta é sua última chance Irene,” ele disse alertando-a. Quando ele deu um passo em sua

direção, ela pensou numa pantera afugentando sua presa, seus olhos iluminados para captar cada
movimento.

Irene teve que engolir duas vezes antes que pudesse falar.

“Eu não quero uma última chance,” ela disse claramente. “Eu quero você.”

Foi como jogar gasolina no fogo. Ela sentiu mais do que ouviu a respiração suave que ele
tomou. Em questão de segundos, ele havia cruzado o quarto até onde ela se encontrava, e a tomou
num abraço selvagem. Antes que ela pudesse pronunciar outra palavra, sua boca firme inclinou-se
sobre a dela. Ele estava quente, tão quente em todos os lugares, banhando seus sentidos com a

exuberante virilidade de seu corpo. Sua força, seu cheiro, a demanda de sua boca, a inundaram e

com um gemido de desejo, ela permitiu ser afogada. O contraste de seu corpo rijo contra a sua
maciez fez com que ela ficasse tonta de desejo e prazer.

O riso de Raheem era quase um rugido.

“Você poderia me arruinar com um simples abraço,” ele rosnou. “É esse o tipo de poder que
você possui sobre mim. É o quanto eu te quero.”

Ela riu um pouco sobre a ideia de alguém como ela ser capaz de controlar um homem como
Raheem. Havia alguma coisa além da imaginação naquilo, Raheem parecia absolutamente sério.

“Você poderia me fazer implorar,” ele falou a levantando com seus braços. “Você poderia
me fazer rastejar, se eu não tomasse cuidado.”

“Não é isso que eu quero que você faça,” ela sussurrou roucamente, e ele riu austeramente.

“Não, eu acho que sei do que você gostaria bela mulher...”

Ele a deitou na cama, onde um único raio da luz da lua iluminava os lençóis brancos. Por um

momento, ele simplesmente a admirou. Ela pensou como parecia, esparramada num abandono
selvagem sobre a cama. Ele esticou-se para alcançar seu vestido. Primeiro, ela pensou que ele
intencionava desabotoá-lo, mas quando ela tentou ajuda-lo, ele fechou os punhos ao redor do
tecido fino e o rasgou. Ela arfou diante de sua força e sua repentina exposição. Deitada sobre as
ruinas remanescentes de seu vestido, vestindo apenas um sutiã pêssego e calcinha combinando, ela
nunca se sentiu tão exposta. Com os olhos bem abertos, ela olhou para ele, e sua face estava
mordaz.

“Eu estava cansado de ser mantido longe de sua pele, de sua beleza,” ele disse, e desceu
para o resto de seu corpo em cima dela.

Ele começou a beijá-la, descansando seu peso sobre seus cotovelos. Com um aspecto de total
dominância e desejo, brincava com a boca dela, correndo a ponta de sua língua sobre seu lábio
de baixo antes de escorrega-la sobre a sua com uma intimidade insinuante. Ela nunca havia

pensado que beijar podia ser um ato incrivelmente erótico, apesar de íntimo, mas agora ela podia
sentir que apenas alimentava seu fogo. Quando ele pressionou sua língua entre os lábios dela, era
uma intimação dissimulada do que viria mais tarde, e seu corpo respondeu àquilo.

Irene correu sua mão ao longo de seu corpo, frustrada que ele ainda estava vestido. Ela
puxou inutilmente o tecido, desejando que pudesse arrancá-lo facilmente como ele rasgou o seu.
Ela deslizou suas mãos pela lateral de seu corpo, até suas coxas, e em seguida as subiu novamente
para apalpar seu desejo rígido entre as suas mãos. Seu toque íntimo fez com ele gemesse, e por
um momento, ela pensou que tivesse ultrapassado o seu controle de ferro. Mas ele retirou-se com
um riso suave.

“Garota esperta, mas esperta demais, eu acho.”

Ela começou e perguntar o que ele faria a respeito daquilo, mas então ele alcançou os restos

de seu vestido. Antes que Irene pudesse imaginar o que ele estava fazendo, ele capturou seus
pulsos, os entrelaçando juntos com o tecido antes de atar as pontas soltas nas barras da cabeceira
da cama. Agora ela estava esticada por debaixo dele, suas mãos incapazes por cima de sua
cabeça. Devia ter sido assustador, mas havia algo nela que sempre ansiou em estar assim tão
aberta, tão indefesa por baixo de um homem em que, ela estava prestes a descobrir, confiava tão
verdadeiramente.

“Bem, o que você vai fazer comigo agora?” ela perguntou, e de algum jeito, soou mais
quente que amedrontado.
“Exatamente o que eu quero fazer,” ele respondeu, e procedeu para deixá-la insana.

Ela podia sentir a eletricidade entre eles. Se ela fosse honesta, aquilo esteva ali, colorindo a
interação deles desde a primeira vez que colocaram os olhos um no outro. Apesar de aquela
eletricidade estar mais acessa do que nunca antes, Raheem agiu como se a tivesse notado. Como

um homem com todo o tempo do mundo, ele começou tocando sua pele nua gentilmente, primeiro
com as pontas dos dedos e em seguida, com as palmas das mãos. Ele corria as mãos acima e
abaixo de seu corpo, sensibilizando sua pela até formigar.

Com a mesma força que ele havia usado em seu vestido, ele partiu sua calcinha, deixando-a
sem ar diante da exposição. Raheem apenas ria enquanto apalpava a carne macia que havia ali,
saboreando seu calor e umidade.

“Você é tão saborosa aqui,” ele murmurou. “Como se você me quisesse. Como se você já
estivesse pronta para mim...”

Ela choramingou enquanto ele levava um dedo firme até sua abertura, deslizando contra a
pele delicada antes de separar suas dobras como uma leve pressão. Ela podia sentir o quão
escorregadia já estava, e isso foi logo antes de seus dedos moverem para cima e encontrarem seu

clitóris. Com um pouco mais de pressão, ela estava inclinando seus quadris para encontra-lo. Seus
calcanhares afundaram na cama por baixo dela enquanto ela choramingava, querendo mais.

“Veja como você está quente,” Raheem admirava-se. “Tão linda...”

Com um leve movimente, ele deslizou um dedo dentro de sua quentura, molhando-o e o
trazendo de volta até seu clitóris. O seu toque anterior a levou a loucura, mas agora ela estava
quase gritando de desespero. Ela podia sentir a pressão de seu próprio climáx crescendo dentro
dela. Ela sabia que ele apenas... continuasse...tocando-a da forma como estava, seria inevitável.

Somente quando ela estava trêmula, à beira da concretização, ele retirou sua mão, fazendo
com que ela se lamuriasse.

“Não, por favor, mais,” ela chorou, cheia de desejo para se preocupar em como soava. “Por
favor, Raheem, eu preciso!”

A risada dele era como um ronronado, e ele começou a tocá-la novamente. Ela fechou os
olhos com força, lutando para voltar ao lugar onde estava. Logo, seu corpo começou a vibrar, a
sentir e em seguida ele retirou sua mão novamente.

Ela estava sem palavras dessa vez, Irene apenas gemeu muito alto, seus olhos entreabertos e

encontrando os dele. Irene estava chocada que ao invés de rir dela, o olhar dele estava tão
desesperado quanto, com tanta ânsia como ela.

“Por favor,” ela sussurrou. “Vem comigo?”

Ele pareceu compreender exatamente o que ela quis dizer. Ele ascendeu na cama, despindo-
se rapidamente antes de alcançar o criado mudo. Ela o assistia com os olhos bem abertos enquanto
ele colocava um preservativo. Ela nunca soube o quão sensual era ver um homem tocar seu próprio
corpo, preparando-se para ela.

Quando ele retornou, ele esticou todo seu comprimento sobre ela.

“É isso que você quer?” ele perguntou. “De verdade?”

Com um choro leve, ela fez que sim com a cabeça. Se ela pudesse, ela teria jogado seus
braços ao redor dele. Mas ao invés disso, eles ainda estavam presos sobre sua cabeça, esticando-
a indefesa por baixo dele.

Ele deslocou-se até que as pernas dela estivessem totalmente afastadas, e deitou-se entre
elas. Agora ela podia sentir seu soberbo membro, rígido contra sua carne ardente. Ela o sentiu
pressionar seu membro contra sua abertura, e em seguida com um movimento suave, ele a
penetrou, sem parar até que eles estivessem unidos, próximos como jamais antes. A sensação de

ser preenchida após ser provocada ao máximo duas vezes era fora do comum, e por um momento,

Irene simplesmente fechou os olhos, respirando o mais absoluto prazer.

Ela não tinha muito tempo para desfrutar, entretanto. Com um profundo rugido que pareceu

ecoar através de ambos os corpos, ele começou a investir dentro dela, gemendo enquanto movia-
se sobre seu corpo. De alguma forma, ela apoiou os tornozelos por debaixo e podia mover-se
contra ele, aumento seu prazer e o tornando ainda mais selvagem.

Irene pôde sentir o prazer feroz crescer dentro dela novamente, ela sabia que não haveria
provocação, nenhum momento onde ele desistiria. Ao invés, as sensações que estavam balançando
seu corpo cresceram ainda mais e quando ela pensou que não aguentaria por mais um instante
sequer, ela desabou num orgasmo que rasgou um urro de seus lábios. Suas pernas entrelaçadas ao
redor de Raheem, enquanto a eletricidade dançava através de seu contorno, fazendo com que ela
chorasse mais e mais.

Quando a primeira onda de sensações tomou conta de Irene, ela pôde sentir Raheem
alcançar seu próprio prazer, suas investidas tornaram-se cada vez mais suaves e menos frenéticas.
Ele avançou contra ela ferozmente uma última vez, tremendo enquanto paralisava por cima dela.

Ocorreu a ela, perdida em meio ao prazer, como ele era belo, quanta beleza havia em cada linha
de seu corpo.

Finalmente, ele estava quieto, enfeitiçado sobre ela, seus cabelos negros cobriam seus olhos.
Irene desejava que naquele momento pudesse tocá-lo, pentear seus cabelos para trás para ver
como ele parecia enquanto estava tão tomado pelo prazer.

Ao invés, ele encurvou-se para beijá-la docemente antes de alcançar suas amarras. Ela se
ajeitou, gemendo um pouco enquanto a vida retornava as suas mãos e pulsos.
“Você está bem? Não estava muito apertado?” ele perguntou, e sorria para ele, tímida por

todo o tempo que passou expressando seu prazer tão alto que havia ecoado pelo quarto.

“Essa foi a primeira vez que eu fiz algo assim,” ela confessou. “Não eu não acho que estava
nem um pouco apertado.”

Uma leve sombra escureceu sua face, e Irene apressou-se em embrulhar seus braços ao
redor dele. Eles estavam ambos ligeiramente escorregadios de suor, estafados, mas ainda havia o
suficiente nela que queria tocá-lo, que queria confortá-lo.

“Eu não te machuquei?” ele perguntou.

“Nunca,” ela prometeu. “Aquilo foi... incrível. Foi lindo.”

Ele sorriu, jogando um braço pesado sobre os ombros dela.

“Eu nunca senti o que eu sinto por você antes,” ele confessou. “É... mais que um pouco
alarmante o quão rápido nós...”

Algo na forma como ele falou fez com que Irene olhasse para ele, mesmo estando cansada
até os ossos.

“Nós o quê?” ela perguntou, mas ele estava balançando a cabeça.

“Nada,” ele disse. “Haverá tempo para falarmos sobre isso mais tarde. Agora, você devia
dormir.”

“Estou com medo de dormir,” ela disse sem rodeios. “Estou com medo do que meus sonhos
possam me trazer.”
Raheem encolheu-se um pouco diante daquilo, mas a abraçou com mais força. Mesmo
quando o coração dela estava partido aos pedaços diante do que havia feito, ainda havia
conforto ali.

“Durma agora,” ele falou. “Eu manterei os sonhos afastados.”


Ela esboçou um sorriso leve, fechando os olhos. O sono já a estava alcançando, e dessa vez,

quando ela adormeceu, seus sonhos eram profundos e serenos.


Capítulo Sete

Irene despertou com o barulho de um homem conversando. Por um momento, ela simplesmente
deitou-se na cama, espantando os fragmentos de sonhos dos quais ela não podia recordar-se com

precisão. Em seguida, ela se deu conta que as vozes eram reais e não parte de seus sonhos, e ela
se endireitou. Calmamente, ela vestiu suas roupas e dirigiu-se até a sala de estar.
Raheem estava ali, conversando com dois homens vestidos de preto. Suas vozes eram baixas
e sérias, e quando eles a viram, eles se portaram de forma respeitosa. Raheem veio ficar ao lado

de Irene.
“Bom dia,” ele disse, e ela estava ao mesmo tempo aliviada e desapontada quando ele não
beijou como havia feito durante toda a semana.
“Bom dia,” ela disse, ciente de que sua voz estava apática. “O que está havendo?”
“Estes homens são parte de uma tarefa de força que foi criada para lidar com roubo
internacional. Logo, eu partirei com eles.”
“Você irá onde meu irmão está,” ela disse embotada. “Você está indo para procurá-lo.”
Ele hesitou por um momento, e em seguida fez que sim. “Eu estou. Irene, agora mesmo, você
tem uma escolha.”

Irene olhou para ele. Parecia que ela estava embrulhada em algodão, e suas palavras
estavam vindo de muito longe.
“Uma escolha?”
“Sim. Eu tenho um homem que a levará de volta para a cidade. Ele foi instruído para levá-la
pra um hotel, um dos que pertence a minha família. Todas as suas coisas estão esperando por você,
assim como uma passagem.”
Ela piscou. Ela sabia que ele havia dito que ela seria autorizada e deixar Khanour conforme
desejasse quando a semana chegasse ao fim, mas não havia de fato acreditado.
“A passagem é para a cidade de Nova Iorque,” ele disse. “e juntamente com ela, há uma

remessa em dinheiro que irá ajudá-la a manter-se onde quer que você vá em seguida. É o mínimo

que posso oferecê-la pela ajuda que você nos deu, ainda que de forma relutante.”
“Você mencionou uma escolha...”

“Sim.” Raheem levou um momento para se recompor, e quando ele falou, havia um tremor ali.
“Você também poderá ficar no hotel. Eu irei até lá, logo em seguida. Em seguida, nós poderemos
conversar sobre o eu acontecerá, sobre o que realmente existe entre nós dois. Se você estiver lá,
eu saberei que você quer algum tipo de futuro junto a mim. Se você partir... bem, é uma resposta.”

Ela olhou para ele ainda, se sentido sufocada pelo algodão. Seus pensamentos giravam
como imagens e medos sobre seu irmão, mas havia mais do que aquilo. Havia ainda o fantasma
das mãos de Raheem correndo sobre seu corpo, a forma como ele cuidou dele, a tocou, conversou
com ela. As imagens rodavam ao seu redor até que ela pensou que fosse desmair. Raheem tocou
seus cabelos, ela tremeu, mas não se afastou.
Raheem olhou para baixo como se estivesse com medo, e aquilo foi estranho e até ridículo.
Do que um homem como ele haveria de estar com medo?
“Eu espero que você esteja esperando por mim quando eu voltar para a cidade,” ele falou
solenemente. “Mas se você não estiver...”

Ele hesitou, e em seguida inclinou-se. Ela não fazia ideia do que iria fazer se ele quisesse
beijá-la, mas ele apenas se aproximou o suficiente para sussurrar em seu ouvido.
“Eu te amo. Por favor, espere.”
Ela paralisou, sem conseguir compreender as palavras que havia escutado. Um dos homens
chamou por Raheem e ele olhou para o outro lado. Ele parecia quere dizer mais alguma coisas
para ela, mas em seguida balançou a cabeça. Ele havia dito tudo o que havia para dizer.
Raheem e os outros homens da força tarefa partiram, e um outro homem veio, este vestido
com um uniforme de piloto.
“Senhorita, assim que estiver pronta, nós podemos retornar para a cidade.”
“Claro,” ela respondeu vagamente. “Eu estarei pronta em um instante.”

O restante do dia passou meio desfocado. Ela foi levada primeiro para o avião e em

seguida, de carro para o coração metropolitano de Khanour. Irene não conseguia impedir-se de
olhar para fora da janela, para o mundo que seguia enquanto ela esteve na prisão e no deserto.

Pareceu como se tudo, de alguma forma, tivesse mudado, ou talvez fosse ela quem havia mudado.
Na suíte luxuosa, Irene não conseguia parar de movimentar-se. A passagem que Raheem
havia prometido a ela estava numa carteira de couro sobre a mesa. Por duas vezes ela tentou
tocá-la, e por duas vezes desistiu. Ela sabia que deveria pegá-la, subir no avião, partir e criar uma

vida nos Estados Unidos. Em menos de um dia de viagem, Khanour poderia se tornar mais um
estranho capítulo na história de sua vida. Peter... talvez houvesse algo que ela pudesse fazer por
ele nos Estados Unidos, apelar para figuras políticas ou pessoas para manifestarem-se.
Finalmente, Irene apanhou as passagens. Parecia exótico ter o direito de ir para onde ela
desejasse, quando ela desejasse.
Ela tomou sua decisão e enfiou a passagem em sua bolsa.
***
Dois dias depois, Raheem despertou de um cochilo de duas horas e descobriu que a
operação foi bem sucedida e finalmente estava acabada. Os criminosos estabeleceram melhores

conexões do que eles haviam pensado, ocupando um sistema de cavernas próximo ao deserto. A
batalha havia sido inesperadamente árdua, e próximo ao fim, seu braço havia sido ferido por uma
arma de fogo. Não foi o suficiente para pará-lo, mas afetou o seu desempenho.
“Vossa Alteza, nós encontramos o americano que você nos pediu para procurar.”
“Ileso?”
“Sim, senhor.”
Raheem ficou de pé, seguindo para a tenda onde eles disseram que Peter Bellingham estava
sendo mantido. Ele pensou que estava firme de pé, mas quando ele viu a face de Peter, ele sentiu
uma pontada.
Eles não eram idênticos, mas não havia dúvidas que eram gêmeos. Ela tinha a pele sua pele

clara, seus olhos azuis, suas bochechas bem desenhadas e seus cabelos loiros. Agora, eles estavam

ambos exaustos e desconfiados.


Quando Raheem olhou mais de perto, ele pôde ver antigas cicatrizes em seus braços e

pernas, coisas que haviam acontecido muito antes do ataque de hoje.


Raheem sentou-se na frente do homem, e Peter o observava sem dizer uma palavra. Raheem
brevemente imaginou o que ele iria fazer se o irmão Bellingham também fosse um fã do tratamento
para silêncio.

“Você é um homem que têm sido motivo para uma grande dose de discussão ultimamente,
senhor Bellingham,” ele disse por fim. “Vamos falar sobre isso...”
Seis horas mais tarde, Raheem estava num carro sendo levado para a cidade. Seus homens
poderiam lidar com o resto da operação. Peter já havia sido manejado. Agora ele estava livre
para pensar em Irene.
Ele estava assustadoramente ciente de que talvez nunca mais a veria. Se ela tivesse decidido
que não queria ficar com ele, aquilo teria sido provavelmente pelo melhor, mas havia uma parte
dele que urrava contra isso. Se ela tivesse partido para Nova Iorque, ele não queria mais que
simplesmente ir atrás dela e trazê-la de volta. Ele queria confrontá-la e torná-la ciente de que uma

conexão como a que eles tiveram não se encontra em qualquer lugar, e não deveria ser jogada
fora tão precipitadamente.
Ele espantou aqueles pensamentos. Se Irene tivesse partido, ele respeitaria a sua decisão. Ele
tinha que respeitar.
Quando Raheem voltou para a cidade, ele parou em seu apartamento para tomar um banho
e barbear-se. Vestido em roupas civis novamente, ele pegou seu próprio carro e se dirigiu para o
hotel onde havia instruído seu motorista para levá-la.
Quando perguntou por ela, entretanto, o homem na recepção o informou que ela havia
partido. Raheem sentiu como se o chão tivesse aberto para engoli-lo. Não havia nada que pudesse
fazer, mas ficar ali, de pé, olhando para o além. Mas finalmente, ele moveu-se. Ele saiu até a luz

do anoitecer e imaginou o que viria a seguir.

“Raheem!”
A princípio, ele pensou que era um produto de seu cérebro febril, uma última estranha

alucinação antes de se permitir deixá-la partir inteiramente. Em seguida Raheem se deu conta de
que era Irene, e ele se virou.
Havia algo de diferente sobre ela quando se tornou uma mulher livre. Ela estava usando um
vestido preto de linho que fazia sua pele brilhar, e quando ela olhou para ele, ela estava

tranquila.
Ele andou até ela, mas antes que pudesse se render ao instinto de abraça-la, ele parou.
“Seu irmão, ele está livre,” ele disse.
Ela o encarou, seus olhos azuis bem abertos.
“O quê?”
“Eu o encontrei, e ele não está machucado. Pelo menos, não foi machucado pelos meus
homens. Os bandidos não foram gentis com ele. Mas, nós conversamos, e chegamos a um acordo.
Após um período numa casa de recuperação, ele ingressará na parte de recuperação de corpos
no museu. Ele terá um trabalho e um código de conduta. Se ele voltar a jogar, ele estará fora.”

Irene olhou para Raheem, suas mãos sobre sua boca. Ela não podia acreditar no que ele
estava dizendo, mas ela sabia que ele era um homem que simplesmente não mentiria.
“Você salvou meu irmão?” ela perguntou, sua voz se elevando.
Ele fez que sim com a cabeça, e pela primeira vez, ela viu a exaustão nos olhos dele. Ele
devia ter vindo direto do deserto.
“Eu salvei,” ele disse. “Eu conversei com ele, e ele foi uma vítima tanto quanto você foi. Não
foi correto aprisioná-lo assim como não foi certo aprisionar você. Mas você, você poderia ter
ouvido tudo isso numa ligação mais tarde. Você não deveria estar a caminho de Nova Iorque?”
Irene balançou a cabeça.
“Era a coisa mais certa a se fazer,” ela disse calmamente. “Eu sabia que era. Khanour me

trás lembranças muito ruins agora...”

Ela olhou para ele, um pouco tímida apesar de tudo o que haviam feitos juntos. Havia tanto
que ela não sabia sobre ele, mas ela pensou que as partes importantes, aquelas eram bem

conhecidas por ela agora.


“Aqui estou,” ela disse. “Eu me dei conta de que as melhores lembranças de vida que tenho
foram aqui também. Raheem, eu sinto muito que não pude lhe dizer isso três dias atrás. Eu já sabia,
mas eu não pude... não com tudo entre nós.”

“E agora que as coisas são diferentes?”


“Eu te amo,” ela disse, se jogando em seus braços. “Eu te amo. Eu te amo. E não ficar sem
você...”
De alguma maneira, ela se encontrou nos braços dele, e foi como se ali era onde ela queria
ter estado durante toda a sua vida. De alguma maneira, a vida, com todas as suas curvas
inesperadas a levou até esse homem, e agora que ela estava ao seu lado, ela nunca mais o
deixaria novamente.
“Você vai ficar?” ele murmurou. “Você vai ficar aqui comigo?”
“Eu vou,” Irene disse, seus olhos enchendo de lágrimas. “Por Deus, me perdoe, e sinto que

tenho chorado desde que conheci você...”


Deliberadamente, ele se inclinou e beijou suas lágrimas, fazendo ela sorrir e agarrando-se a
ele com ainda mais força.
“Isso é para sempre?” ela perguntou com doçura. “Você e eu...nós teremos isso para
sempre?”
Ele se afastou para olhar para ela, e ela não poderia imaginar um homem que poderia
fazer com que ela se sentisse melhor. Aquele homem era seu marido, era quem seria o pai de seus
filhos, era quem podia fazer seu coração bater mais rápido com apenas um olhar ou palavra.
“Sim,” Raheem disse, e quando ele disse a palavra, ali havia toda a força de um comando
imperial.

“Isso entre nós vai durar para sempre, e será escrito e registrado mil vezes assim nunca será

esquecido.”
Ela pensou no mural no deserto, no seu tempo no oásis, no seu irmão e em todo o medo e dor

pelo qual havia passado. Então uma risada de satisfação, Irene se jogou nos braços de Raheem,
porque seus pensamentos estavam repletos dos dois juntos.

FIM

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Capítulo Um

"Laura, você sabe o que diz em sua etiqueta, não?"


Laura congelou, no meio do caminho até a limusine, e olhou para sua coxa para ver que, de

fato, havia uma etiqueta ainda grudada sobre seu vestido longo verde esmeralda. "É bom ver
você também, Karen," disse ela com um suspiro, arrancando a etiqueta e, em seguida, terminando
de entrar na limusine para se juntar à sua irmã.
Karen, que estava sentada em frente a ela, levantou uma pálida sobrancelha loira. "Eu só

estou tentando cuidar de você," disse ela maliciosamente. A irmã de Laura era a imagem da
elegância, usando um curto vestido branco e diamantes brilhantes, seu cabelo um misto de louro
com ruivo, penteado para longe de seu rosto em um coque elegante. A única coisa que arruinou
seu visual foi o grande e desajeitado gesso em sua perna direita - a razão pela qual Laura foi
persuadida a entrar na limusine, em primeiro lugar.
"Eu não vejo por que você precisa se preocupar," disse Laura, franzindo o nariz. A limusine
começou a avançar e ela olhou pela da janela, observando a face de tijolos do edifício de
apartamentos em que morava desaparecer na distância enquanto se dirigiam para o coração de
Washington, D.C. Ela poderia estar lá em cima agora, descansando em seus pijamas e assistindo à

série Weeds com um pote de sorvete Ben & Jerry's, ou ela poderia estar se preparando para uma
noite na cidade com seus amigos. Em vez disso, ela estava sentada nesta limusine abafada com sua
irmã, a caminho de uma festa de embaixada ainda mais abafada. "Não é como se eu tivesse de
impressionar alguém lá."
Sua irmã suspirou. "E é exatamente por isso que você ainda está perdendo tempo sendo uma
secretária de assistente em vez de subir na carreira." Ela balançou a cabeça. "Não consigo
entender, Laura. Você tem muito mais potencial que isso."
"Talvez eu só não queira ser lobista para uma empresa de petróleo," disse Laura,
escondendo as mãos nas dobras do banco debaixo dela para que Karen não a visse cerrando os

punhos. "Talvez eu goste de ter um emprego que me forneça horas suficientes no dia para

realmente aproveitar minha vida."


Karen bufou. "O pouco que há dela," disse ela secamente e, em seguida, virou a cabeça

para olhar pela janela. "Eu não sei por que eu falo com você. Nunca vou conseguir mudar sua
mentalidade."
As bochechas de Laura coraram conforme uma familiar fúria borbulhava em seu peito.
"Sabe," disse ela entre dentes. "Bem que você poderia dizer algo agradável de vez em quando.

Como, 'Ei Laura, obrigada por ter aceitado ficar comigo na embaixada e me amparar se eu
tropeçar em algo com meu pé quebrado.' Ou, 'Ei, como estão as coisas com o Ben?' Nós terminamos
há duas semanas, a propósito, para que você não pergunte. Mas seria bom se você fingisse se
importar."
As bochechas de Karen enrubesceram e, por um momento, ela realmente teve a graça de
parecer envergonhada. "Eu me importo," ela insistiu, colocando uma mecha de cabelo solto atrás
da orelha. "É por isso que eu estou te levando para a embaixada comigo esta noite. Eu quero que
você se esforce para fazer conexões e para se colocar lá fora entre os peixes grandes desta
cidade."

"Por favor, não fique se achando a filantropa. A única razão por que você me chamou para
vir é seu marido estar fora da cidade e você não ter ninguém para chamar de última hora. E, de
quebra, você ainda consegue esfregar sua superioridade na minha cara, o que você sempre faz."
Uma expressão de dor estragou as elegantes características de Karen. "Por favor, Laura.
Você não precisa ser tão desagradável."
Laura fez uma careta. "Aprendi com a melhor."
Ambas as irmãs se afastaram uma da outra novamente, e Laura olhou-se no reflexo do vidro
da janela, segurando outro suspiro. Ela não possuía o mesmo tipo de elegância refinada que Karen
tinha - suas bochechas eram mais redondas; seu queixo, mais pontudo; seu cabelo, um selvagem
vermelho encaracolado que exigiu horas para ser domado e era quase impossível de entrar no

coque que Karen usava sem esforço. Ela o havia deixado cair aos ombros, sobrecarregados com

condicionador suficiente para um exército e borrifado liberalmente com defrizante; um esforço


extra foi dedicado à sua maquiagem, cobrindo as pálpebras com um bronze cintilante, e seus

lábios, com um vermelho profundo. Mas sabia que nada disso realmente importava - ela seria um
peixe fora d'água na embaixada independentemente da quantidade de preparação que fizesse.
Era assim sempre que ela era forçada a socializar-se com a elite de Washington - algo que
tentava fazer o mínimo possível.

A limusine deslizou até parar em frente à embaixada, de onde um tapete vermelho foi
estendido a partir do meio-fio da calçada até as portas duplas que haviam sido escancaradas
para permitir a entrada para o edifício de vidro e concreto. Os paparazzis e jornalistas de
Washington estavam em posição, armados com câmeras, gravadores, microfones e blocos de notas,
zumbindo como um enxame de vespas apenas esperando para dominar sua mais nova vítima. Um
arrepio percorreu-lhe a espinha só de pensar nisso, ainda que ela devesse estar acostumada a
esta altura - para alguém que trabalhava para um congressista de alto escalão, ainda que em
uma capacidade menor, como ela, os paparazzis eram apenas parte do cenário.
"Certo," disse Karen, respirando fundo enquanto o motorista da limusine abria a porta. "É

hora do show."
E, conforme elas saíam do veículo, de um momento para o outro se transformaram de irmãs
briguentas para irmãs modelos, Laura suportando o peso de Karen com o ombro enquanto o
motorista entregava à sua irmã as muletas e a ajudava a firmá-las. Elas formavam a imagem
perfeita da solidariedade, andando pelo tapete vermelho enquanto as câmeras clicavam, sorrindo
contra a dor do flash como se estivessem se divertindo. E como sorriram, Laura mantendo uma mão
perto da região lombar de sua irmã para o apoio, porque elas estavam nas câmeras e é o mínimo
que podiam fazer, ainda mais com a carreira de alto padrão de Karen.
Não que Laura não tivesse ajudado a irmã a andar caso não houvesse câmeras apontadas
para elas. Ela não era completamente desnaturada, afinal. Mas estar no holofote era cansativo -

ela só estivera nele por cinco segundos e ela já queria pegar uma garrafa de vinho, arrastar uma

cadeira para um canto, estender as pernas e beber noite adentro.


Ah, se vinho curasse todos os males.

"Karen!" Um congressista com cabelo grisalho chamou quando elas entraram no salão de
baile da embaixada, e Laura suspirou. Aqui vamos nós, ela pensou enquanto eles começaram a
rodada usual de cortesias, com Karen apresentando sua não tão bonita, não tão bem sucedida
irmã antes de começarem discussões que Laura não tinha interesse em participar. Ignorando a

conversa, ela olhou ao redor do salão de baile, seus olhos verdes absorvendo o cenário. Era tudo
muito clássico - lustres de cristal pendurados no teto a cada três metros, aproximadamente; piso
ladrilhado de madeira lustrosa, polido para um alto brilho; mesas redondas vestidas lindamente
com linho branco, porcelana e prata; e peças centrais florais que custaram uma fortuna - Laura
sabia pois havia visto os orçamentos para estes tipos de coisas com frequência bastante. Um palco
tinha sido criado na extremidade, envolto em tecidos coloridos do Oriente Médio com vários
instrumentos estrangeiros posicionados, o que despertou o interesse de Laura. De um lado do palco
estava uma bandeira americana; de outro, uma bandeira listrada vermelha, verde, branca e preta
com um brasão no centro. A bandeira dos Emirados Árabes Unidos.

Ah! Certo. Eu estou na embaixada dos Emirados.


Novo interesse invadiu-a conforme ela observava ao redor do salão de baile com um olhar
renovado. Ela mal estava ouvindo quando Karen a chamou por telefone para lhe contar sobre a
festa da embaixada, de modo que ela tinha esquecido que estariam à companhia de médio-
orientais hoje à noite. Olhando à sua volta novamente, ela viu vários homens usando turbantes do
Oriente Médio com seus ternos, e alguns vestindo apenas trajes médio-orientais, aquelas túnicas
longas e coloridas - como eram chamadas?
"Galabiyya," disse uma voz masculina profunda em seu ouvido, e seu coração quase pulou
fora do peito.
"o quê?" Ela virou-se, encontrando um homem diretamente atrás dela, vestido com um terno

azul aço, uma camisa branca e gravata cinza. Não, não apenas um homem, ela percebeu, olhando-

o de cima a baixo. Um homem do Oriente Médio, com o cabelo preto grosso que enrolava em
torno de seu belo rosto até os ombros, pele escura que falava de quentes dias árabes... e,

provavelmente, noites também, pensou ela, corando. Ele ostentava uma cheia mas bem aparada
barba que atraiu sua atenção para sua boca encorpada e seus dentes brancos e brilhantes.
Seus olhos cinzas brilhavam ao olhar para ela - e ele olhava para baixo, pois era alto e se
elevava sobre ela. Ela estimou a altura dele em 1,90m, com abundância de músculos sob seu terno

bem costurado. "A vestimenta que alguns dos meus colegas dos Emirados estão usando," disse ele,
apontando para o médio-oriental para o qual ela havia olhado antes. "É chamada galabiyya." Ele
arqueou uma sobrancelha negra. "Isso é o que você estava pensando, não era?"
Por um momento, Laura ficou muda. Simplesmente quem era esse cara? E por que ele estava
falando com ela? E deveria ela realmente estar falando com ele? Ela sentiu que ele era alguém
importante, e ela realmente não sabia trocar ideias com políticos - isso era com a Karen e,
infelizmente, sua irmã estava de costas, sem dúvida tentando subornar o congressista com o qual
estava conversando naquele exato segundo.
Ah, por favor. Desde quando você não é boa o suficiente para falar com alguém? Não deixe

esse cara intimidá-la. Se ele vai tirar um tempo para conversar com você, então é melhor ele estar
preparado para o que você tem para oferecer.
Desfazendo-se das inseguranças, ela arqueou uma sobrancelha, seus lábios vermelhos
curvando-se em um pequeno sorriso. "Ah, você lê mentes ou algo assim?" perguntou ela,
provocando-lhe um pouco.
Ele riu. "Bem que eu gostaria. Faria o meu trabalho muito mais fácil." Seu sotaque do Oriente
Médio fluiu sem problemas através de suas palavras, fazendo-o soar exótico e culto ao mesmo
tempo. Laura abriu a boca para perguntar-lhe outra coisa, qualquer coisa, repentinamente
desejando ouvir o som de sua voz novamente. Ela provavelmente poderia ouvi-lo falar por horas.
Ao contrário do meu ex-namorado.

"Sr. Kamir!" Karen exclamou, materializando-se ao ombro de Laura antes que esta tivesse a

chance de pensar em algo inteligente para dizer. Sua irmã abriu um sorriso deslumbrante e
estendeu uma mão cheia de joias. "É tão bom vê-lo! Eu não achei que você estaria aqui esta noite."

O homem sacudiu a cabeça e sorriu para Karen, embora ele não parecesse tão contente em
vê-la quanto ao ver Laura. "Como é bom vê-la, Sra. McKinnon." Ele inclinou a cabeça, e quando ele
subiu novamente, suas sobrancelhas escuras franziram-se em preocupação. "Quando isso
aconteceu?" ele perguntou, apontando para o pé dela. "Você estava muito bem na última vez que

te vi."
"Ah, lá estava eu, desajeitada, há duas semanas," disse Karen com um riso gracioso. "Não se
preocupe com isso - vai curar-se rapidamente. Eu vejo que você já conheceu minha irmã?" ela
perguntou, enrolando seu braço com o de Laura e dando-lhe um aperto. Laura não tinha certeza
se o aperto era para ser um gesto de carinho ou um aviso para ela não dizer nada estúpido - se
bem que sua irmã era uma multitarefa eficiente, então talvez o gesto significasse ambos?
O homem sorriu. "Eu estava tentando me apresentar. Talvez você possa me economizar o
esforço."
"Mas é claro," disse Karen, embora seu sorriso tivesse diminuído um pouco, suas sobrancelhas

loiras vincando em uma sutil expressão sisuda. "Esta é minha irmã, Laura McKinnon. Ela trabalha no
escritório do congressista White. Laura, este é o Xeique Tamir Kamir, o regente de Dubai."
O queixo de Laura caiu. "Você é o rei de Dubai?"
Karen lançou-lhe um olhar feroz, dando-lhe uma cotovelada na lateral da melhor forma que
pôde, com suas muletas atrapalhando. Mas Tamir não pareceu se importar - na verdade, seus olhos
brilhavam, entretidos, o que levou Laura a fechar o maxilar, para que não continuasse parecendo
boba na frente dele. "Nós usamos o termo xeique no meu país, mas sim. Pode-se dizer que eu sou o
rei."
Hmm, nossa. "Bem, desculpe-me por ser uma estrangeira ignorante," brincou ela. "Emir."
"Laura!" Karen exclamou, chocada. Ela se virou para Tamir com um olhar de desculpas em

seu rosto. "Você vai ter que desculpar minha irmã, Sua Alteza. Ela não vem para estes tipos de

reuniões sociais frequentemente."


"Está tudo bem," disse Tamir, sua voz profunda tingida com riso. Seus olhos brilharam quando

ele piscou para Laura, fazendo-a sentir-se quente por inteira. "Acho que é bastante revigorante."
Karen passou os minutos seguintes tentando conversar com o xeique - que fazia bastante
sentido, já que Dubai era tinha grande participação na indústria do petróleo -, mas embora ele
tivesse educadamente participado, Laura ainda o pegou lhe olhando, aquele brilho de interesse

ainda nos olhos. Será ele estava, na verdade, interessado nela?


Isso é ridículo, disse a si mesma. Ele é da realeza, e de um país islâmico, para piorar. Ele
provavelmente só vai atrás de garotas muçulmanas mesmo.
"Eu acredito que o jantar está sendo servido agora," disse o xeique, interrompendo Karen
conforme alguém dava o anúncio. "Por que as duas damas não se juntam a mim em minha mesa
para o jantar?" Ele surpreendeu Laura, colocando sua mão avantajada na parte baixa de suas
costas, sutilmente, mas com firmeza, incentivando-a a aceitar o seu convite.
"Nós adoraríamos," disse Karen, seus olhos se estreitando quando viu a mão de Tamir nas
costas de Laura. Não havia dúvida - sua irmã estava com ciúmes da atenção que Laura estava

recebendo do emir. E embora fosse mesquinho da parte dela, Laura não podia deixar de permitir
seus lábios se curvarem em um pequeno sorriso de satisfação quando ela se virou para Tamir e
colocou a mão em seu antebraço - um gesto saliente que ela estava certa de que cada homem do
Oriente Médio no salão havia notado, a julgar pela sensação de numerosos olhos a observando.
"Mostre o caminho," disse ela, encontrando seu olhar cinza brilhante ao erguer o queixo.
Ele a acomodou ao seu lado direito, deslocando outro médio-oriental que, pela expressão de
surpresa no rosto, era, sem dúvida, acostumado a sentar no ponto exato que Tamir o havia feito
desocupar. Karen estava sentada à direita de Laura, perto o suficiente para que ela não pudesse
dizer que estava sendo desprezada, mas ainda assim longe o suficiente, de forma que seria difícil
para ela conversar com o xeique ao invés de Laura. No início, conforme os outros homens do

Oriente Médio se sentavam ao redor da mesa, Laura se sentiu bastante desconfortável - a maioria

deles usava parte ou a totalidade de sua estranha vestimenta islâmica, e alguns deles falavam com
acentos tão carregados que eram difíceis de entender. Mas todos eles foram muito educados e

genuinamente interessados nela. Rapidamente, ela estava falando e rindo com eles como se ela
fosse parte de seu grupo e estivesse acostumada a jantar com líderes islâmicos o tempo todo. Até
mesmo Karen havia parado de olha para ela - ela estava envolvida com alguém mais disposto a
falar sobre petróleo, efetivamente ocupando seu tempo e parando de importunar Laura. O que

era uma postura interessante, pois geralmente era Laura quem perturbava Karen, e não o
contrário.
Estranho como ter um homem atraente por perto poderia mudar sua perspectiva sobre as
coisas.
"Isso é muito bom," ela disse, gesticulando com o garfo no frango em seu prato, que estava
nadando em algum tipo de molho rosa. "O que é?"
"Frango Tandoori," Xeique Khan, que era de Qatar, disse a ela. "Prato muito popular."
"Mmm. É realmente bom." Ela garfou um quadrado de queijo nadando no purê de espinafre
e colocou-o na boca. "E este é o Palaak Paneer, também."

"Você nunca provou comida do Oriente Médio ou indiana antes?" Tamir perguntou, curioso.
"Eu acho que provei uma vez, quando eu era criança," Laura admitiu com uma risada. "Mas
era tão picante que me amedrontou desde então."
Tamir sorriu. "Bem, fico feliz que você tenha mudado de ideia," disse ele. "Tenho certeza que
você vai ver que nossa cultura tem muito a oferecer de que você pode desfrutar."
As luzes se apagaram em seguida, e o anfitrião subiu ao palco e pegou o microfone para
anunciar que dançarinas tradicionais do Oriente Médio estavam prestes a se apresentar. Um trio
de mulheres de pele escura subiu ao palco, seus rostos maquiados, seus corpos envoltos em sedas
coloridas e joias. Música indiana começou a tocar, e Laura realmente esperava que elas fossem
fazer uma coreografia Bollywoodiana, então ela ficou surpresa quando, em vez disso, começaram

a realizar uma série de movimentos lentos, elaborados e que nada tinham a ver com dança

interpretativa. Os elaborados movimentos de mão e punho, a maneira deliberada que elas


posicionavam seus pés e sinuosamente moviam seus corpos... era fascinante, e pareceu sugerir

significados ocultos.
Cativada, ela se inclinou para frente em seu assento para obter uma melhor visualização, e
acidentalmente roçou seus peitos contra o braço de Tamir. Suas orelhas coraram, e ela começou a
se mover para trás, mas ele simplesmente acariciou a mão dela de maneira tranquilizante para

deixá-la saber que não fez nada de errado... e então ele a deixou lá, descansando sobre o dorso
de sua mão em seu colo. Calor aqueceu seu rosto, e de repente ela achou difícil concentrar-se nos
movimentos das dançarinas. Em vez disso, ela se deu conta de seu exótico cheiro de sândalo e
especiarias e do calor que irradiava de seu corpo, que estava incrivelmente próximo do dela.
"Lindo," ele murmurou, seus olhos cinzas no palco, mas de alguma forma Laura não achou
que ele estava falando sobre as dançarinas.
Capítulo Dois

Após a apresentação, um quarteto de cordas surgiu no palco e começou a tocar uma


majestosa música clássica. O anfitrião chamou os convidados para bailar na pista de dança e, logo,

pelo menos metade dos convidados estavam lá, balançando elegantemente ao som de Tchaikovsky,
sob o quente brilho dos lustres.
"Dance comigo," Tamir disse roucamente, estendendo a mão. Seus olhos de estanho eram
quentes e intensos, um sorriso malicioso nos lábios que o fazia parecer absolutamente devastador.

O coração de Laura bateu mais rápido quando ela olhou para sua mão estendida, perguntando-
se exatamente qual seria o preço desse convite.
"É tudo o que você quer?" Ela finalmente perguntou.
"É tudo o que estou pedindo. Por enquanto," acrescentou ele, com uma piscadela impossível
de negar.
Ela permitiu-lhe conduzi-la para a pista de dança, tomando sua mão direita e colocando a
mão esquerda em sua cintura. Suas orelhas aqueceram conforme sentia o calor de suas mãos
infiltrar-se em seu corpo, e ela respirou lentamente pelas narinas quando ela colocou a mão livre
em seu ombro. Seu amplo ombro masculino. Ela se perguntou como seria vê-lo à luz do sol,

completamente nu e brilhante, flexionando seus músculos ao se inclinar para frente, ou arqueado


para trás, ou torcendo-se à esquerda e direita, ou...
"Você parece distraída," ele murmurou enquanto assumia a liderança, guiando-a pela pista
em um padrão circular, da mesma forma que os outros dançarinos estavam fazendo.
Um leve rubor espalhou-se nas maçãs de seu rosto. "Eu… Eu acho que estou apenas
nervosa," disse ela, mordendo o lábio inferior. Ela não estava disposta a admitir a ele que estava
fantasiando sobre suas costas nuas. "Eu não costumo frequentar estas reuniões sociais, então estou
meio deslocada aqui."
"Hmm, sim, posso ver isso," o xeique disse calmamente, olhando para ela com olhos

semicerrados.

"E o que é que isso quer dizer?" Suas costas endureceram um pouco e, de repente, estava
indignada com a maneira como ele parecia um pouco ansioso demais a classificá-la como uma zero

à esquerda.
"O que quero dizer," ele respondeu, levantando a mão, contornando a bochecha dela, "é
que você é um pouco selvagem este lugar. Eu vejo a rebelde brilhando dentro destes seus belos
olhos verdes, e é óbvio para mim que você preferiria muito mais estar em qualquer lugar que não

seja aqui." Seus olhos brilhavam, e um arrepio percorreu-a com o toque sedoso do seu dedo
deslizando contra sua pele. "A única razão pela qual você está em meus braços esta noite é por
lealdade a sua irmã."
"Bem, eu não sei nada sobre isso." Laura olhou rapidamente por cima do ombro de Tamir,
avistando Karen conversando com um senador do outro lado da sala. "Sua personalidade
encantadora pode ter algo a ver com isso."
Ele riu. "Atrevida," disse ele, baixando a mão até o ombro dela e dando uma apertada de
leve. "Eu gosto disso." Seus olhos se estreitaram conforme ele a estudava. "Então, o está um espírito
selvagem e independente como você fazendo em Washington?"

Laura suspirou com a ironia de sua pergunta. "Meus pais se mudaram conosco para cá
quando Karen e eu éramos crianças. Eu estava pensando em me mudar quando completei dezoito
anos, mas eles morreram em um acidente de carro não muito tempo depois. Eu decidi ficar porque
Karen e eu estávamos passando por um momento difícil e achei melhor ficarmos juntas." Amargura
rodeou seu intestino quando ela olhou para sua irmã novamente, do outro lado da sala. "Mas
agora me pergunto se perdi ou não meu tempo. Karen e eu só temos nos distanciado desde que
ela decolou em sua nova carreira. Não sei nem se ela sentiria minha falta se eu partisse."
"Isso é muito lamentável," disse Tamir. Eles ficaram em silêncio por alguns momentos, seus
olhos brilhando enquanto a estudavam novamente, e ela estava ciente da intensidade de seu olhar,
que provocava arrepios quentes em seus ossos. "Se você pudesse decolar agora, e viajar para um

lugar novo e exótico, você iria?"

"Ah, num piscar de olhos," assegurou ela, uma explosão de emoção correndo através dela só
de pensar. "Eu sempre quis viajar pelo mundo, ir para Paris, Brasil, Austrália -"

"E Dubai?"
"Hmm?" Ela piscou, olhando para ele.
"Que tal visitar Dubai?" Ele repetiu, puxando-a para um pouco mais perto dele. Uma faísca
de eletricidade crepitou através dela quando seus seios roçaram contra seu tórax duro. "Você ao

menos consideraria isso?"


"Ah." Ela tentou trazer à tona o que se lembrava de Dubai - uma pequena cidade com
dificuldades que havia se tornado uma metrópole do dia para a noite após ter tido a sorte grande
de encontrar quantidades ridículas de petróleo em suas terras. Pelo que ela tinha ouvido, tornou-se
um local bastante turístico, com algumas grandes maravilhas arquitetônicas, como a Fonte de Dubai
e a Torre Khalifa, um resort interno de esqui de verdade - apesar de estar localizado no deserto -
e as famosas ilhas do mundo. "Sim, claro. Eu adoraria visitar Dubai."
"Ótimo." Tamir assentiu com firmeza, como se o assunto estivesse liquidado. "Você vai chegar
na próxima semana, então."

"Claro - espere, o quê?" Ela piscou, não tendo certeza se o havia ouvido corretamente.
"Eu quero que você volte para Dubai comigo," disse ele. "Como minha esposa."
Laura abriu a boca para dizer-lhe que ele estava maluco, mas tudo o que saiu foi uma
torrente de risos. O riso borbulhou sua garganta de dentro de seu peito, e logo ela estava
tremendo tanto que teve de apoiar-se sobre os ombros de Tamir. Na verdade, eles pararam no
meio do salão de baile, atraindo olhares de quase todos na sala, o que trouxe suas gargalhadas a
uma eventual pausa.
"Não estou certo de que foi tão divertido," disse ele, uma carranca estragando suas belas
feições. Ele a tomou em seus braços novamente, posicionando suas mãos adequadamente antes de
integrarem-se de volta aos dançarinos.

"Você está de brincadeira?" Ela riu novamente. "Essa piada foi histérica. Você deveria

frequentar festas."
Sua carranca se aprofundou. "O que eu disse não era brincadeira."

"Não?" A alegria desapareceu, substituída por uma espécie fria de ansiedade. "Não, só
podia ser uma piada. Você não pode estar seriamente pensando que vamos nos casar na próxima
semana."
Ele arqueou uma sobrancelha. "Talvez não na próxima semana, mas noivos, com certeza." Ele

a puxou para perto até que seu corpo estivesse pressionado contra o dele, calor explodindo em
seu abdômen. "Você seria uma noiva extremamente bonita, com o seu cabelo de fogo envolto em
diamantes e coberto por um véu de casamento."
"Bem, nós estamos certamente indo rápido aqui." Um rubor manchou suas bochechas, mas ela
tentou disfarçar, rindo. "Eu posso rejeitar o casamento se eu não gostar?"
Ele considerou. "Receio que isto seja desaprovado, especialmente entre a realeza, mas
suponho que poderíamos fazer uma tentativa de três semanas." Ele lançou outro de seus sorrisos
malandros. "Viver juntos como marido e mulher no meu palácio, para ver se combinamos. Mas estou
confiante de que você não vai querer 'rejeitar o casamento' depois de vir comigo para casa. Você

vai se apaixonar por mim e por meu país, eu garanto."


"Isso é uma garantia bastante sólida."
Ele balançou a cabeça, sua expressão séria agora. "Eu mantenho a minha palavra. Então,
qual é a sua resposta? Você virá?"
Laura franziu os lábios enquanto ponderava. Por um lado, ela realmente não tinha planos de
se tornar a esposa de um governante islâmico e passar o resto de sua vida em um país do Oriente
Médio. Mas, por outro lado, ela apostou que se fizesse uma pesquisa, ela poderia contar em uma
mão o número de mulheres que receberam a oferta de poderem tornar-se realeza por três
semanas. Sem contar que o xeique era extremamente sensual. Que garota poderia dizer não a
isso?

Este é meio que o problema, uma voz em sua cabeça lembrou. Ele pode envolvê-la com tanta

força em torno de seu dedo mindinho que você não vai querer voltar para casa. Ou, já que ele é rei,
ele pode simplesmente ordenar que você seja mantida lá.

Isso é ridículo, ela repreendeu-se. Ele não vai me forçar a ficar com ele contra a minha
vontade, e de jeito nenhum abrirei mão de minha vida nos Estados Unidos, então é isso. Irei com ele,
desfrutarei de nossas três semanas brincando em Dubai, e então voltarei para casa para em
Washington.

"Eu aceito a sua oferta," disse ela, certa de que ela poderia seguir com o plano.
"Sério?" Suas sobrancelhas negras arregalaram-se em surpresa.
"Sério."
"Isso é ótimo!" Seu rosto explodiu em um sorriso deslumbrante. "Eu vou pedir ao meu
assistente que faça os arranjos da viagem imediatamente."
"Ótimo!" Laura sorriu novamente, excitação borbulhando em seu peito e abafando a centelha
de culpa que havia lá. Ela pensaria nisso como uma viagem com todas despesas pagas; nada mais,
nada menos. E depois, voltaria para casa assim que tivesse acabado. Afinal, ele tinha prometido
que ela poderia voltar se as coisas não dessem certo, e ela estava confiante de que não dariam.

Então, realmente, o que poderia dar errado?


Capítulo Três

"Senhorita, desembarcaremos em breve."


Laura abriu uma pesada pálpebra para olhar para a aeromoça pairando sobre ela. A

mulher de pele escura estava vestida com um modesto terno e saia azul-marinho de três peças, um
broche de ouro no formato do emblema dos Emirados piscando para Laura de sua lapela. Ela
sorriu, oferecendo a Laura uma xícara e um pires de porcelana que exalavam um forte cheiro de
café.

"Imaginei que talvez você pudesse aceitar isto para se refrescar um pouco antes de pousar."
"Ah sim, por favor." Laura endireitou-se e aceitou o café, agradecida, da mulher. "Muito
obrigada."
"Por nada." A atendente lançou-lhe um sorriso estonteante. "Voltarei para recolher a xícara
quando começarmos a descer."
Em outras palavras, termine o seu café logo.
Entendendo a dica, Laura incrementou seu café com os ingredientes colocados na bandeja
de prata móvel que a aeromoça havia deixado ao seu lado - um jarro de creme de verdade, uma
tigela cheia de cubos de açúcar e taças cheias de pacotes de açúcar e alternativas de creme para

aqueles que preferiam uma abordagem mais artificial. Uma vez satisfeita, ela se acomodou em sua
cadeira e deu o primeiro gole de café, suspirando conforme a cafeína invadia seu sistema,
acelerando seu motor. Quando ela terminou seu café e olhou pela janela para o mar de inchadas
nuvens brancas, ansiedade começou a instigar sua mente conforme se dava conta de que se
tornava mais e mais real o lugar em que ela estava. Pairando no ar, dentro do jato particular do
emir, indo para Dubai.
Onde ela iria desfrutar das próximas semanas.
Oh Deus, pensou ela, segurando a xícara de café. Eu estou realmente fazendo isso?
Sim, ela estava realmente fazendo isso, ela confirmou a si mesma, olhando ao redor do

luxuoso interior de couro bege da cabine. Uma enorme TV de tela plana pairava sobre a entrada

para a cabine, algum tipo de noticiário árabe desenrolando-se no mudo. A cabine era espaçosa,
com capacidade suficiente para pelo menos dez pessoas, mas além da comissária de bordo e dos

pilotos no cockpit, Laura era a única a bordo. Isso a fez sentir um pouco sobrecarregada..., mas
não tinha mais como voltar atrás agora, não mesmo - ela estava razoavelmente certa de que, se
ela pedisse para o piloto levá-la de volta, ele olharia para ela como se fosse louca, então
possivelmente a prenderia e amordaçaria, lançando-a de volta para a cabine.

Além disso, ela já havia dito a seu chefe que passaria três semanas fora - o período de
férias de um ano de uma só vez - e gastara a semana passada inteira fazendo compras e se
preparando para a viagem. De jeito nenhum ela desistiria agora.
"Estamos aterrissando agora," a aeromoça disse a ela. Ela recolheu o copo de café de
Laura e empurrou o carrinho de servir. O estômago de Laura mexeu um pouco quando o avião
mergulhou, e ela olhou pela janela para ver as nuvens na descida.
Enquanto desciam através de camadas de cumulus e Dubai surgia à vista, seus medos
começaram a derreter. Ela absorveu, estupefata, a cidade-estado alastrando-se, seus imponentes
arranha-céus e ilhas artificiais projetando-se pelo deserto desafiadoramente, como um oásis. Um

rio atravessava o meio da cidade, o seu caminho sinuoso espalhando-se pelo litoral cintilante.
Impondo-se no meio de tudo isso estava a Torre Khalifa, e abaixo dela, águas azuis tropicais da
Fonte Dubai - duas das mais famosas atrações que traziam turistas ano após ano, ou pelo menos
foi isso que ela tinha lido. E agora que ela estava observando de perto, ela podia ver o porquê.
Ela queria ir até o topo dessa torre e olhar para a cidade, sentir o vento quente em seu cabelo lá
em cima e a descarga de adrenalina que ela sabia sempre vir quando olhava para baixo de uma
altura tão estonteante.
Imaginou que Tamir estaria lá com ela também, em pé atrás dela como Leonardo DiCaprio
em Titanic, seus braços em torno dela enquanto ela abria os braços e erguia o rosto para o céu.
Seu tronco e abdômen duros pressionariam suas costas, aquecendo-a ao embalá-la no abrigo de

seus braços...

Ah, pelo amor de Deus, ela pensou, percebendo que estava fantasiando. Não vamos nos
deixar levar aqui.

Mas por que não? Ela pensou, franzindo a testa. Que mal havia em deixar-se levar por uma
fantasia extravagante? Até mesmo porque ela estava de férias, e nas próximas três semanas ela
estaria saindo para curtir com um delicioso rei árabe. Não, não apenas saindo para curtir,
recordou-se. Eles iriam viver juntos como marido e mulher, e isso significava sexo.

Nossa! Ela resistiu ao impulso de abanar suas bochechas, que estavam ficando quentes. Acho
que finalmente verei suas costas nuas. Entre outras coisas.
Ela estava distraída com seus pensamentos lascivos quando o avião aterrissou, fazendo o
baque habitual conforme suas rodas entravam em contato com a pista. Ela se recostou na cadeira,
o bramido do vento fora da cabine enchendo seus ouvidos, e esperou o avião chegar a uma
parada completa. Para sua surpresa, eles estacionaram no terminal com bastante rapidez, e no
momento que ela desatou o cinto de segurança, a aeromoça já havia aberto a porta e dois homens
vestidos com ternos escuros vieram a bordo e carregaram sua bagagem.
"Hmm, desculpe-me," disse ela, levantando-se de seu assento para confrontar os homens.

"Essa é a minha -"


"Eles a estão carregando até o carro para você." A aeromoça colocou uma mão
reconfortante em seu braço. "Por favor, não se preocupe; estamos cuidando de tudo. Seu carro
está esperando lá fora."
Adrenalina circulou fortemente em suas veias quando ela desembarcou do avião, esperando
ver Tamir do lado de fora, na pista, esperando por ela. O que veriam aqueles enigmáticos olhos
cinzas dele quando ela descesse do avião? Será que ele ainda estaria tão cativado por ela
quanto ele parecia estar na festa da embaixada? Ou teria seu interesse diminuído, a realidade
dela não sendo tão boa quanto a memória havia sido?
Mas, quando seus calcanhares tocaram a pista, ela percebeu que não havia nada com que

se preocupar, pois o xeique não estava lá. Do lado de fora do carro preto - quer dizer, da frota

de carros pretos - estavam os dois homens que tinham pego sua bagagem, bem como um terceiro,
todos vestidos com os mesmos ternos escuros. Mas o terceiro também usava na cabeça um lenço

quadriculado vermelho e branco, com um tipo de corda preta enrolada em volta dele para
prendê-lo no lugar - um keffiyah, lembrou, tendo estudado o máximo que pôde sobre vestimentas e
costumes no Dubai antes da viagem.
"Senhorita McKinnon." O homem vestindo o keffiyah adiantou-se para cumprimentá-la com

um sorriso. Ele era bastante bonito, embora não como Tamir, com sua estrutura óssea exótica e olhos
de cor incomum, mas mais robusto. "Bem-vinda ao Dubai. Meu nome é Malik Abdullah, e vou
escoltá-la para o Palácio Zahar."
"É um prazer conhecê-lo, Sayeed Abdullah." Ela apertou a mão que ele ofereceu, dando o
seu melhor para engolir a dor de decepção que queimava dentro de seu peito. Ela sabia que
estava sendo boba por ficar chateada com a ausência do xeique - afinal, ele era o governante de
um país e, provavelmente, estaria ocupado com algum compromisso. Mas, aparentemente, o seu
coração não via dessa forma, porque doía.
O que há com você? Ela irritou-se consigo mesma. Caia na real. Você está aqui de férias,

gratuitamente, por três semanas e desdenhando a generosidade de Tamir. Você não conseguiria se
garantir sozinha por aqui.
O sorriso de Malik alargou-se, suas sobrancelhas arqueando. "Vejo que você conhece alguns
dos termos apropriados de tratamento," disse ele.
Laura corou levemente, a bajulação aliviando um pouco do seu sofrimento emocional. "Eu
tentei aprender o que pude no Google antes de eu chegar aqui." Ela olhou para sua roupa
brevemente - um vestido longo preto que ia até abaixo dos joelhos, um decote alto que pendia
para abaixo dos joelhos, e conservadores saltos pretos para combinar. Ela tinha pensado sobre a
roupa por um longo tempo, mas optara por esta no final, pois mesmo querendo impressionar o emir,
não era apropriado para ela andar por aí usando vestidos curtos e decotados em Dubai. Pelo

menos não se ela não quisesse que essas pessoas pensassem que ela fosse uma prostituta, o que

ela certamente não era.


"Bem, você está fazendo um ótimo trabalho até agora." Malik abriu a porta do carro do

qual ele estava em frente e, em seguida, deu um passo para trás e gesticulou para ela entrar.
"Tenho certeza de que você está pronta para dirigir-se ao palácio agora."
"Com certeza." Ela deslizou para dentro do carro e Malik seguiu, sentando-se no banco em
frente ao dela. O cheiro de couro e aromatizador de ar permeou o interior do carro conforme ela

apertava o cinto de segurança e se estabelecia.


"Umm, Sayeed Abdullah, posso lhe fazer uma pergunta?"
"Certamente." Ele inclinou a cabeça. "E não há necessidade de ser tão formal; por favor,
chame-me de Malik."
"Malik, então." Ela engoliu a bola de nervosismo em sua garganta, sabendo que
provavelmente não deveria fazer a pergunta que ardia em sua língua, mas foi incapaz de se
conter. "Só estou imaginando onde o xeique está agora."
"Ah, você se pergunta por que ele não foi ao terminal buscá-la?" Malik assentiu
compreensivamente. "Inicialmente, ele pretendia vir, mas, lamentavelmente, teve de comparecer em

uma reunião, então ele me enviou em seu lugar. Ele definitivamente estará liberado no horário do
jantar, no entanto; portanto, não se preocupe - você vai vê-lo em breve."
"Eu suponho que sim." Laura suspirou um pouco, virando a cabeça para que ela pudesse
assistir aos edifícios passando enquanto rodavam pelas ruas da cidade em direção ao palácio. Ela
esperava aquela resposta, é claro, e realmente não entendia por que ela estava tão chateada.
Afinal, ela estava bem cansada de toda a viagem, e seria bom ter algumas horas para si mesma
para descansar. Ela realmente não precisava ver Tamir imediatamente, especialmente porque o
homem iria regá-la com atenção e fazer tudo o que pudesse para cortejá-la a se casar com ele.
Sim, ela tinha três semanas disto pela frente, e embora ela tivesse certeza de que
desfrutaria um pouco desta situação, sabia que, eventualmente, acabaria se cansando. Ela

precisava aproveitar o que sobrara de seu tempo sozinha.

O carro virou em uma longa estrada pavimentada, ladeada por muros altos em estuque e
grandes palmeiras, que terminou em um portão de três metros, feito de cedro e ferro. Laura esticou

a cabeça para obter o seu primeiro olhar sobre o Palácio Zahar - um lugar em que pouquíssimos
estrangeiros haviam pisado - e seu queixo quase caiu quando viu o edifício principal, uma extensa
estrutura da cor da areia, dotada de vários arcos ogivais. Espalhadas pelo complexo, havia
moradias térreas menores em estuque, cobertas de buganvílias desabrochando em uma variedade

de cores.
Cúpulas em miniatura e colunas de pedra ladeavam a entrada do palácio, onde uma equipe
vestida em uniformes brancos apareceu para recebê-los. Malik apresentou Laura como uma
convidada ilustre do emir, e todos eles saudaram-na calorosamente, o que ajudou a deixá-la à
vontade. Quando Malik começou a despejar instruções a eles em árabe, Laura olhou em volta do
interior fresco e revigorante do palácio - sem dúvida concebido para tentar combater o calor
escaldante do lado de fora. As paredes interiores eram um branco imaculado, e enormes colunas
de cedro levantavam-se ao alto, até o teto elaboradamente pintado. As colunas separavam o
enorme espaço em linhas que norteavam o fluxo de ar fresco, fornecendo áreas em que sofás

baixos e cadeiras foram posicionadas para oferecer espaços de assentos íntimos.


"Bem, O que você acha?" Malik perguntou depois que a equipe tinha se dispersado. Ele
estava olhando para ela com uma espécie de interesse seco, como um ocidental de classe média o
faria ao apresentar uma criança de um país do Terceiro Mundo à água encanada pela primeira
vez. Mas afinal, ela realmente não poderia culpá-lo.
"Eu acho que isso é lindo," ela disse em voz baixa, em seguida, virou-se para olhar para ele.
"E se este é apenas o saguão, eu provavelmente ficarei ainda mais espantada quando vir tudo."
Malik riu. "Você acertou," disse ele, virando-se e levando-a por uma fileira de colunas de
cedro, a um corredor. "Mas deixarei que o xeique a conduza nesta visita completa. Tenho certeza
de que ele está muito ansioso para o fazer."

Eu certamente espero que sim, Laura pensou enquanto seguia Malik. Ela não queria acabar

esperando durante a maior parte de sua visita enquanto o xeique participava de negócios de
Estado. Se era assim que sua vida seria como marido e mulher, então ela definitivamente não

queria saber de nada disso.


Seus pensamentos angustiados derreteram-se quando chegaram ao final do corredor. Eles
fizeram uma curva e passaram por uma entrada arqueada, e Laura engasgou quando Malik a
levou por uma escada de pedra até uma sala de estar rebaixada, que parecia algo saído de um

paraíso exótico. Enormes portas de vidro encharcavam de luz solar o quarto, iluminando os sofás
baixos brancos, mesas de cedro e tapetes requintadamente detalhados. Através delas, ela podia
ver um belo pátio repleto de flores de todos os matizes, e uma linda fonte borbulhante no centro.
O perfume de rosas do deserto permeava o ar fresco, seu doce e picante aroma convidando-a
como o sedutor curvar de um dedo.
"Isso... é parte de meus aposentos?" Ela perguntou a Malik, de boca aberta.
"De fato, é," disse ele com um sorriso. "Este é o lugar em que você pode receber todos os
convidados que possa ter”. Ele a levou pelos degraus e, em seguida, afastou-se para que ela
pudesse prosseguir e afundar-se em um dos sofás baixos. As almofadas eram deliciosamente

macias e acomodaram-se a ela, e ela sabia que, se deixada à sua própria sorte, ela poderia
reclinar-se neles e dormir para sempre.
"Há um acionador do sino aqui," disse Malik, indicando uma corda de seda pendurada no
teto, "para que você possa chamar se precisar de qualquer coisa dos servos. E o resto de seus
aposentos ficam após aquela porta, quando você estiver pronta para explorá-los. Eu tenho
negócios urgentes para atender, por isso vou deixá-la para que aproveite." Ele piscou antes de
partir.
Laura fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás contra as almofadas, exaustão
ameaçando puxá-la de volta para o sono. Mas ela sabia que seria impróprio adormecer aqui -
embora isso fosse, tecnicamente, parte de seus aposentos, era também uma área mais pública e

qualquer um poderia entrar e encontrá-la assim.

Além disso, disse a si mesma enquanto se arrastava do sofá e caminhava até a porta de
madeira que dava para o resto de seus aposentos, você precisa desfazer suas malas.

Para seu deleite, o quarto era tão agradável e convidativo quanto a sala de estar. Ela foi
imediatamente atraída para a cama antiga, que era enorme e coberta com cortinas rosadas, de
seda e cetim, para intimidade e isolamento. Uma corda pendia de uma das cortinas, o que indicava
que elas poderiam ser amarradas, mas ela decidiu deixá-las lá, completamente apaixonada com o

tema de Noites Árabes. Ela inclinou a cabeça para provar os botões de rosas que haviam sido
colocados em um vaso em uma mesa lateral de cedro, apreciando seu perfume inebriante que
aromatizava o quarto de forma mais eficaz do que qualquer purificador de ar Glade.
Ao verificar o espaçoso closet e a enorme cômoda, ela descobriu que todas as suas coisas já
haviam sido organizadas e ela não tinha mais nada a fazer. Mandando seus sapatos para longe,
ela deitou-se na cama, puxando as cortinas de cetim em torno dela, e caiu em um sono revigorante
e confortável.
Capítulo Quatro

"Senhorita McKinnon. Senhorita McKinnon. Acorde, acorde. Hora do banho."


Laura suspirou e, em seguida, virou a cabeça e abriu uma pálpebra para que pudesse ver

quem diabos estava sacudindo seu ombro e acordando-a de um sono perfeitamente bom. A visão
de uma mulher de pele escura vestindo um manto quase a fez saltar de susto.
"Caramba!" Ela se levantou rapidamente, apertando a mão ao seu coração galopante
enquanto olhava para o pouco familiar ambiente, tentando se orientar. "O que está acontecendo?"

"Eu sou Jemma," disse a mulher, apontando para si mesma. "Você é a senhorita McKinnon, e
precisa de um banho." Ela apontou para Laura.
Laura olhou para o dedo longo e elegante, e lutou contra a vontade de se contorcer. "Por
que? O que há de errado?" Ela perguntou com cautela. "Estou cheirando mal?"
Jemma sorriu. "Não, não cheira. Mas você tem o jantar com o xeique às sete horas. Você
precisa de banho."
Sete horas. Laura olhou para o relógio em uma das mesas laterais e estremeceu. Eram quase
seis horas! "Droga," ela disse, balançando as pernas sobre a cama e indo para o closet. "Eu
preciso me apressar!"

"Closet, não," a mulher disse com firmeza, dirigindo-a. Ela plantou mãos firmes nos ombros de
Laura e conduziu-a em direção ao banheiro. "Banho."
"Tudo bem então," Laura murmurou enquanto era levada a um quarto arejado coberto por
uma abóbada delicadamente pintada e cercado por altos muros. Sol de fim de tarde entrava
pelas estreitas janelas, iluminando o banho romano - uma banheira rebaixada de mármore branco
cheia até a borda com água fumegante, cheia de espumas e perfumada de rosas. Jemma não
perdeu tempo colocando Laura no banho, e até tentou lavá-la, mas Laura fincou o pé no chão,
permitindo que a mulher a despisse, mas, educadamente, ordenando-lhe para esperar lá fora.
Conforme ela afundava na quente água perfumada, ela teve que admitir que definitivamente

valeu a pena acordar. Poderia ter valido a pena até mesmo suportar um voo de treze horas. Seu

banheiro em seu apartamento de Washington era talvez um terço do tamanho - ela tinha certeza
de que nunca tinha tomado um banho como este em toda a sua vida, e não, encher uma banheira

de hidromassagem com água de sabão como um monte de seus amigos da faculdade fizeram não
contava.
Infelizmente, havia pouco tempo, e ela não chegou a ficar na banheira tanto quanto gostaria
– Jemma, suavemente, mas insistentemente, conduziu-a para fora, envolvendo-a em um manto de

tecido felpudo. Ela guiou Laura de volta para o quarto. Laura congelou quando avistou uma
robusta mulher que estava ao lado da cama, vestida com uma túnica branca, mangas arregaçadas
e ar profissional.
"Massagista," Jemma explicou, solícita. "Você receberá uma massagem antes do jantar."
"Massagem?" Laura perguntou fracamente, não totalmente certa de que estava preparada
para deitar de bruços na cama e deixar uma mulher estranha esmagar suas costas.
"Massagem," Jemma confirmou e, em seguida, empurrou Laura para a cama. "Ordens do
emir. Você será massageada antes de jantar."
"Bem, se o xeique ordenou, acho que não posso recusar," Laura murmurou enquanto

obedientemente deitava-se na cama. Mas calor espalhou-se em seu peito com a ideia de que Tamir
tinha deixado instruções específicas para se certificar de que ela estava sendo cuidada, e
enquanto a mulher fazia a sua magia nas costas de Laura, ela sentiu-se extremamente grata.
Tensão que ela nem sabia que estava carregando drenou-se para fora de seus músculos à medida
que a massagista esfregava vida de volta para ela e, ao final, ela estava tão relaxada que quase
caiu no sono.
Naturalmente, Jemma não estava disposta a deixar isso acontecer, e ela balançou Laura,
acordando-a, erguendo então uma roupa que ela claramente já tinha escolhido a partir dos
pertences de Laura. Em pouco tempo ela estava vestida em um vestido de veludo azul-safira e
saltos combinando, seus cabelos presos no alto de sua cabeça em um elaborado penteado, prata

pendurada em seu pescoço, orelhas e pulsos. Caramba, Jemma fez até mesmo sua maquiagem.

"Hmm, você está certa de que ficou bom?" Ela perguntou, nervosamente brincando com a
manga tomara que caia do lado direito e a bainha curta que mal encostava no topo dos joelhos.

Jemma assentiu, sorrindo. "É certo vestir-se bem para jantar com o emir," ela insistiu. "Hora de
ir agora."
Sem tempo para discutir, Laura simplesmente decidiu aceitar, estremecendo internamente ao
permitir que Jemma a conduzisse pelos corredores. Ela esperava receber olhares estranhos e

odiosos, mas nenhum dos funcionários por que ela passou no corredor o fizeram - eles
simplesmente sorriam e acenavam para ela e, em seguida, continuavam o que estavam fazendo.
Nossa, ela pensou enquanto seguia Jemma. Isso que é colocar as coisas em perspectiva. Em
casa, ela não teria pensado duas vezes antes de colocar em um vestido como este, e na verdade
nem sequer era considerado inadequado em um ambiente social. Mas aqui, ela se sentia
praticamente nua com a quantidade de pele que estava mostrando. O que era, é claro, ridículo.
Sim, definitivamente não tem como eu me mudar para cá. Eu não posso viver minha vida
sentindo-me culpada por mostrar meu corpo em público.
Ela seguiu Jemma através de um arco canopial aberto, e, de repente, esqueceu seus

pensamentos negativos quando entraram em um pátio aberto. Estava escuro, então ela não podia
ver muito além da luz fornecida pelas tochas, mas qualquer desejo que ela pudesse ter sentido de
explorar o pátio desapareceu quando alguém saiu de dentro da pálida tenda marfim que
dominava o centro do pátio.
Tamir.
Ele estava vestido com uma gravata vermelha e um terno cinza-prata que complementava as
linhas retas e ângulos de seu corpo poderoso e combinava com a cor de seus olhos, que brilhavam
como o luar na escuridão. Seu cabelo preto enrolado em torno de seu belo rosto, ainda mais
dolorosamente bonito do que ela se lembrava, suas maçãs do rosto altas e poderosa mandíbula
polvilhada com apenas um toque de barba. Seus lábios cheios e sensuais se curvaram em um

sorriso, mostrando seus dentes incrivelmente brancos e sacudindo seu coração em um galope

completo.
"Senhorita McKinnon." Seus olhos prateados varreram sua figura, de cima a baixo,

repetidamente, iluminando-se com um fogo faminto que causou uma onda de rubor se espalhar por
ela. "Você está... impressionante."
Seus lábios se curvaram em um lento sorriso agradecido, o ressentimento que sentira
anteriormente afastando-se após o elogio. Se a maneira como ele a olhou servia de indicativo, ele

certamente não estava pensando em mandá-la embora. "Você está muito bonito," ela respondeu,
devolvendo o elogio.
"Obrigado." Seus olhos voltaram-se para Jemma, que estava logo atrás do cotovelo de
Laura. "Você pode nos deixar agora."
A mulher curvou-se e, em seguida, apressou-se para fora, e Laura suspirou em alívio por
finalmente ser deixada sozinha. Mas então ela encontrou os olhos de Tamir novamente, e uma
fervente tensão encheu o ar entre eles, de tal modo carregada e quente que ela ficou surpresa
por faíscas não crepitarem no ar.
Eventualmente, ele arqueou uma sobrancelha. "Você vai ficar aí a noite toda?"

Ela corou. "Eu… Eu não estou certa do decoro exigido nesta situação, Sayeed Kamir."
Compreensão cintilou em suas belas feições, e ele encurtou a distância entre eles, buscando,
com suas mãos, as dela. "Você não precisa me chamar de outro nome senão Tamir quando estamos
sozinhos, laeela."
"Laeela?" Ela perguntou, franzindo as sobrancelhas em confusão.
"É um termo carinhoso," explicou ele, abaixando a cabeça para que ele pudesse esfregar os
narizes com ela. Outra onda de calor tomou conta de seu corpo, e ela prendeu a respiração
quando inalou seu picante perfume de sândalo. "Eu acho que a tradução mais próxima seria
'amada'."
"Ah." Ofegante, ela olhou em seus olhos prateados, seu coração tatuando uma batida rápida

contra o peito, tão alto que ela se perguntou se ele podia ouvi-lo. Pelo modo como suas pupilas

dilataram e suas narinas expandiram em uma respiração profunda, ela sabia que ele certamente
sentira alguma coisa.

"Eu iria esperar até mais tarde para beijá-la," disse ele bruscamente, tomando seu rosto em
suas mãos grandes e quentes. "Mas eu me vejo incapaz de praticar a contenção necessária."
Ele apertou seus lábios contra os dela, e um raio de eletricidade correu por ela no contato,
erradicando todos os pensamentos de sua mente e deixando-a apenas com a sensação de seus

suaves lábios quentes contra os dela e o calor irradiando entre eles. Seus braços entrelaçaram
instintivamente ao redor de sua cintura, puxando-o mais perto de modo que seu peito duro
pressionava contra seus seios, do jeito que acontecera na embaixada quando eles dançaram,
exceto que agora era muito mais íntimo. Sua língua deslizou entre os lábios dela, separando-os, e
ele saqueou sua boca com a habilidade de um conquistador experiente, provando-a totalmente,
enchendo-a com sua essência e criando um delicioso desejo dentro dela.
Um pequeno, minúsculo gemido escapou de seus lábios, quebrando o silêncio, e eles se
separaram. Por um longo tempo sua respiração áspera era o único som que preenchia o pátio
enquanto eles se olhavam, ambos trabalhando para recuperar a compostura.

"Eu gostaria de fazer isso de novo," Tamir disse suavemente, passando a mão ao longo da
curva de seu pescoço.
Calor floresceu em seu peito, e ela sorriu. "Eu gostaria também," disse ela, buscando e
cobrindo a mão dele com a sua. Ela estava razoavelmente firme agora, embora estivesse
espantada com o tempo despendido para sua frequência cardíaca abrandar novamente.
Realmente surpreendente, porém, foi que ela não tinha tido a oportunidade de beijar o homem
antes de ele partir de volta para seu país de origem. O que diabos ela estava pensando? Se ela
soubesse que seria tão devastador, ela já não sabia se teria concordado em entrar no avião para
Dubai hoje.
Mas agora que ela estava aqui, de jeito nenhum iria embora. Não até que ela

experimentasse tudo Tamir tinha para oferecer. Totalmente.

Tamir a levou para a mesa coberta de linho sob a tenda cor marfim, e sentaram-se para
comer. A tenda marfim era iluminada por um delicado lustre de cristal suspenso, junto com várias

velas colocadas sobre a mesa, suas chamas trêmulas iluminando talheres e porcelana. Rosas e lírios
flutuavam em uma grande bacia de água perto do centro, seu perfume inebriante misturado com
os pratos picantes e salgados servidos e simplesmente implorando para serem comidos.
Tamir pegou uma colher de servir, mas ela colocou a mão sobre a dele e, em seguida, tomou

seu prato. "É o meu trabalho servi-lo, não é?" Ela perguntou levemente, tomando a colher de servir
e mergulhando-a na panela de prata.
"É habitual para uma mulher servir um homem na minha cultura", Tamir concordou, seus olhos
brilhando com apreço enquanto a observava servi-lo com uma concha a partir de uma variedade
de pratos. "Mas eu não estava esperando que você o fizesse."
"Bobagem," disse ela ao devolver-lhe o prato. "Você foi gentil ao me trazer para o seu país,
por isso o mínimo que posso fazer é me esforçar para seguir os seus costumes." A verdade era que
ela tinha gastado tempo para aprender o que pôde, pois ela não queria arriscar a ira de alguém
que pudesse pensar que ela estava propositadamente tentando ser ofensiva. Mas agora que ela

estava aqui, sentada na frente de Tamir, ela descobriu que queria agradá-lo mostrando o pouco
conhecimento que adquirira sobre a sua cultura.
"Agrada-me muito que você esteja se esforçando," disse ele, sorrindo para ela.
Eles comeram em silêncio por um longo tempo, apenas desfrutando a variedade de pratos
que foram servidos a eles. "Estou muito contente de ver que você desfrutou de sua refeição," Tamir
disse quando eles finalmente terminaram, seus pratos completamente limpos.
"Foi delicioso," ela disse enquanto os servos apareciam para retirar seus pratos. "Ainda
melhor do que a comida servida na embaixada."
Ele sorriu. "Isso é porque foi feita aqui na minha terra natal," ele disse a ela. "Os
ingredientes no exterior... mesmo que sejam fundamentalmente os mesmos, há sutilezas não

capturadas nos sabores que fazem toda a diferença no mundo."

Laura assentiu. "Eu realmente percebi," ela disse.


Os servos desapareceram, deixando-os sozinhos no pátio novamente, e, sem comida para

distraí-los, ela se remexeu em seu assento, nervosa, repentinamente insegura. "Então o que vem
depois?" Ela deixou escapar, torcendo as mãos no colo, debaixo da mesa, para que o xeique não
visse.
Ele sorriu. "O que você gostaria de fazer depois?"

Ela vasculhou seu cérebro freneticamente, imaginando o que poderia mantê-los ocupados a
esta hora. Algo que Malik disse brilhou em sua mente naquele momento, e ela endireitou-se,
batendo palmas. "Que tal você me levar para um passeio no palácio?"
Surpresa brilhou em seus olhos de prata. "Você quer um passeio agora?"
Sua boca se curvou para baixo. "Será isso um problema?"
Ele sorriu gentilmente. "Não, claro que não," disse ele, levantando-se e ajudando-a a sair de
sua cadeira. "Eu só pensei que talvez você estivesse muito cansada esta noite."
Normalmente ela estaria, ela pensou ao passar a próxima hora caminhando pelo palácio
com Tamir, ouvindo-o enquanto ele mostrava uma grande variedade de raras obras de arte. Mas

porque era Tamir passeando com ela, todo poético sobre pinturas, esculturas e armas antigas em
sua voz profunda, rouca e hipnotizante, Laura não estava nem remotamente entediada ou cansada.
Ela poderia honestamente ouvi-lo falar por horas, e o fato de que muitas dessas peças eram
artefatos com qualidade de museu certamente ajudava. Bizantina, grega, romana, egípcia - havia
milhares de anos de história dentro destas paredes, e ela sabia que eles estavam apenas
arranhando a superfície, Tamir brevemente passando por certos artefatos para que ele pudesse
mostrá-la os destaques na quantidade de tempo que eles tinham.
Eventualmente, o relógio bateu meia-noite, no entanto, e ele acompanhou-a até seus
aposentos.
"Eu espero que você tenha gostado de seus aposentos," ele disse a ela, de pé na sala de

estar rebaixada logo na entrada da porta que dava para o quarto dela.

"Eles são maravilhosos," ela disse, ainda incapaz de acreditar que eles a pertenciam. O
sorriso nos lábios diminuiu um pouco quando uma questão veio à sua mente. "Estes... são os

aposentos onde eu ficaria se me tornasse a rainha?"


Tamir hesitou por apenas uma fração de segundo. "Eu não queria trazer isso à tona tão
cedo, mas... sim. Estes seriam seus aposentos se você ficasse."
"Então eu não compartilharia o quarto com você?" Mágoa percorreu-a junto com uma dose

saudável de dúvida, que só fortaleceu a sua determinação para não prosseguir com isso, e não
ficar além das três semanas atribuídas a ela.
A testa dele se franziu. "É costume para nós ter quartos separados," ele disse a ela. Seus
olhos brilharam com preocupação, e ele deu um passo adiante para que ele pudesse colocar a
mão na bochecha dela. "Mas isso não significa que você não seria bem-vinda para passar a noite
em meus aposentos, ou eu nos seus. Mas é tradição que nós dois tenhamos nossos próprios espaços,
aonde podemos buscar privacidade ou hospedar nossos próprios convidados se necessário sem
perturbar o outro."
"Acho que isso faz sentido." Laura contraiu os lábios, considerando. Ela imaginou que era

perfeitamente possível Tamir querer receber convidados ao mesmo tempo que ela, e, se ambos
compartilhassem os mesmos aposentos, isso poderia revelar-se estranho. "Ainda assim, você deve
entender que é muito estranho para mim como uma ocidental."
Ele sorriu. "Eu entendo, e é por isso que eu te dei três semanas para se aclimatar. Eu não
quero apressá-la de modo algum." Ele acariciou a ponta do polegar ao longo de sua bochecha
novamente, e ela fechou os olhos brevemente para desfrutar da sensação. Sua boca estava na
dela novamente antes que ela os abrisse, e assim ela os manteve fechados, apenas enlaçando seus
braços em volta do pescoço dele para pressioná-lo mais perto como havia feito antes e
permitindo-se perder no turbilhão de calor e sensações.
Desta vez, quando o pequeno gemido escapou de seus lábios, eles não pararam, não

ficaram ali ofegantes olhando um para o outro e se perguntando se tinham ido longe demais ou

não. Em vez disso, Tamir deslizou as mãos em seu cabelo, soltando seus grampos de modo que os
cachos selvagens caíram sobre os ombros. Seus quadris empurraram os dela, pressionando-a

contra a porta, e ela sentiu sua ereção esfregar sua coxa.


"Eu gostaria que você tirasse minha roupa," ela murmurou contra sua boca. Sentia-se quente,
tão ridiculamente quente, apesar do vestido que ela estava usando, e queria tirar a roupa, queria
tirar a roupa dele também para que pudessem deslizar seus corpos nus juntos.

Tamir riu contra sua pele. "Se for esse o caso, melhor você me deixar entrar em seu quarto
para que não criemos um espetáculo."
Suas bochechas coraram quando ela se lembrou que ainda estavam na sala de estar, e
buscou desajeitadamente a maçaneta da porta atrás dela. Eventualmente, ela encontrou, e eles
caíram para o quarto, Laura gritando ao tropeçar na beirada do tapete. Tamir riu quando a
pegou, puxando-a para outro beijo antes de colocá-la a gentilmente sobre a cama.
"Agora," ele disse, seus olhos de prata queimando avidamente enquanto varria o corpo dela
com o seu olhar. "Agora podemos tirar a roupa."
Ele começou com os sapatos dela, removendo os saltos um por um e, em seguida, tomando

cada pé em sua mão e massageando-o. Laura soltou um gemido gutural enquanto seus dedos
pressionavam pontos sensíveis que ela nem sabia que tinha.
"Você tem dedos mágicos," ela disse.
Ele sorriu e, em seguida, subiu com os ditos dedos, trabalhando em sua panturrilha esquerda.
"Habilidosos apenas, mas ainda assim eu aprecio o elogio."
A respiração de Laura ofegou quando a mão dele deslizou pelo exterior de sua coxa,
despertando terminações nervosas sensíveis conforme ele empurrava a saia vagarosamente,
centímetro por centímetro, até revelar sua calcinha de renda preta. Por um momento ela pensou
que ele iria parar de tirá-la, mas em vez disso ele simplesmente passou o dedo ao longo das
bordas rendadas e, logo depois, continuou empurrando o vestido até passar por seus quadris,

expondo sua barriga. Seus olhos varreram cada centímetro de pele exposta que era revelada,

queimando-a com seu olhar ardente, e a tensão na parte inferior de sua barriga continuou a
crescer e crescer enquanto ela se perguntava o que iria acontecer quando ele finalmente

conseguisse libertá-la de suas roupas.


Ela quase gritou de alívio quando ele finalmente retirou o vestido pela cabeça e o jogou de
lado. E ela deixou escapar um som, um gemido de prazer, quando ele soltou o fecho da frente de
seu sutiã e tomou seus seios em suas mãos grandes, amassando-os, revirando os mamilos tensos

entre os dedos. Eles eram muito sensíveis, cada toque enviando outra descarga de sensação até
seu centro, encharcando a renda entre suas pernas.
"Você é tão bonita," disse ele, com os olhos derretidos ao olhar para ela. "Tão
descontroladamente linda com seus cachos ruivos flamejantes derramados sobre o travesseiro e
seus olhos que brilham como as melhores esmeraldas." Ele abaixou a cabeça para beijá-la. "Eu
quero fazer você ser minha, para sempre."
Um tremor de ansiedade percorreu-lhe com essas últimas palavras, mas foi rapidamente
esquecido quando ele começou a se mover para baixo, traçando uma linha de beijos cintilantes
através de seu abdômen até chegar ao topo da sua pélvis. Ela riu um pouco quando ele usou a

boca para remover a calcinha, seus dentes raspando sua pele quando ele a puxou sobre sua
pélvis e por suas pernas para que eles pudessem se juntar ao resto da pilha de roupas no chão.
Ele começou a abaixar-se entre suas pernas, mas ela o deteve. "Você também," ela insistiu.
"Eu quero ver você sem seus ternos de James Bond."
Aquele sorriso malicioso brilhou novamente, e ele pôs-se de joelhos antes de tirar o casaco e
jogá-lo de lado. Ele gastou pouco mais de tempo com a camisa, soltando os botões um a um com a
graça sedutora de um dançarino de Chippendale, expondo músculos peitorais muito bem formados
e ondulados gomos abdominais. Sua boca realmente encheu-se d'água quando ele retirou a
camisa de seus ombros e deixou-a flutuar para o chão, expondo aqueles ombros largos com os
quais ela estava fantasiando.

"Vire-se," disse ela quando ele começou a tocar a fivela do cinto. "Eu quero ver suas costas."

A testa dele franziu-se. "Como é?"


Ela sorriu, sentindo-se um pouco tola e bastante excitada. "Na embaixada, quando

dançamos, você me perguntou sobre o que eu estava pensando, e eu lhe disse que estava nervosa.
Mas, na verdade, eu estava pensando sobre como você seria sem camisa, especialmente suas
costas. E eu realmente prefiro não ter de esperar mais tempo para descobrir."
"Ah. Bem, nesse caso", disse ele, sorrindo novamente. Ele pulou da cama e, em seguida, virou-

se para que ela pudesse ver suas costas. "Olhe à vontade."


Ela lambeu os lábios ao estudar a forma como a luz brincava sobre os músculos das costas
dele, destacando as salientes bordas de seus ombros e os músculos fortes que ao longo dos lados
da sua coluna vertebral. "Você é incrível," ela disse, a voz rouca de desejo. "De frente e de costas."
"Bem, acho que você deveria ver tudo de mim antes de fazer uma declaração como essa,"
ele brincou, jogando uma piscadela para ela por cima do ombro. Ela ouviu um tilintar metálico, e
depois as calças dele caíram de repente, revelando a melhor bunda que já tinha visto. Suas
nádegas pareciam ter sido forjadas em aço e cobertas de seda bronzeada - mas, novamente, o
mesmo poderia se dizer de cada centímetro dele, ela percebeu enquanto seus olhos percorriam

suas pernas incrivelmente musculares.


E quando ele se virou para mostrar-lhe sua fronte...
"Nossa!" Ela engoliu em seco quando viu seu pênis. Era longo e grosso e tão bronzeado
quanto o resto do seu corpo. "Eu… eu nunca estive com um homem tão grande antes."
Ele sorriu de novo, seus quadris balançando um pouco quando ele se aproximou da cama.
"Fico muito lisonjeado," disse ele, pressionando-a de volta contra os travesseiros.
"Hmm, sim, mas -" Ela olhou para seu pinto novamente. "Sério, será que vai caber? Porque -"
"Laeela," disse ele, o peito vibrando com sua profunda risada. "Eu nunca tive um problema
com isso antes, e eu já estive com algumas mulheres."
"Ah." Ela desviou o olhar, suas bochechas em um rubor rosa brilhante. "Hmmm, que ótimo.

Realmente, isso é maravilhoso." Agora que o medo tinha lavado uma boa parte de seu desejo,

mortificação começou a preencher seu peito, e ela repentinamente desejou poder simplesmente
desaparecer.

Ele franziu a testa, tomando seu queixo em sua mão e levando o olhar de volta para o seu.
"O que foi?" Ele perguntou, procurando seu rosto, seus olhos cheios de preocupação. "Eu disse algo
para ofendê-la?"
"Não, é apenas -" Ela mordeu o lábio, e então suspirou. "Eu provavelmente não sou muito

experiente, é só."
Ele franziu a testa. "E isto é um problema?"
Ela fez uma careta, empurrando seu peito um pouco conforme a frustração tomava conta.
"Evidentemente que sim. Um homem como você... você já deve ter estado com centenas de mulheres
bonitas, e eu tenho certeza de que você está confortável com um certo nível de... habilidade. Mas
eu, eu... não sou uma dessas mulheres." Ela soltou um longo suspiro ao passar as mãos pelos
cabelos. "Minha irmã acha que eu sou promíscua porque gosto de sair, dançar e beber com meus
amigos às sextas-feiras de noite. Mas, realmente, eu só dormi com uns poucos homens."
Tamir simplesmente olhou para ela por um longo momento, depois abaixou a cabeça e

descansou sua testa entre os seios dela. O medo a deixou imóvel quando os ombros dele
começaram a tremer, e por um angustiante momento ela pensou que ele estava realmente
chorando. Mas então ele começou a rir, suavemente no início, mas se transformando gradualmente
em uma profunda e rica gargalhada.
"Que diabos é tão engraçado?" Ela bateu no seu ombro, suas bochechas queimando
enquanto ela tentava se sentar, mas seu peso sobre ela era grande.
Ele levantou a cabeça, os olhos brilhando de alegria. "Minhas desculpas, laeela. Eu
realmente não quero ofender..., mas eu esqueço às vezes o quão diferente sua cultura é de minha."
Ela franziu a testa. "O que você quer dizer?"
"Bem," disse ele, levantando-se nos cotovelos. "Talvez no seu lado da lagoa, homens queiram

uma mulher sexualmente experiente," disse ele. "Mas no meu país, realmente valorizamos as

virgens."
"Eu não sou uma -"

"Shhh." Ele apertou um dedo nos lábios dela para a silenciar, seus olhos atentos agora. "Eu
sei que você não é uma virgem, você já disse isso. Tudo o que eu estou tentando dizer é que eu
não estou incomodado pelo fato de você não ser uma ás do sexo." Ele deu um beijo suave em seu
nariz. "Significa apenas que eu poderei almejar o desfrute de muitas horas na cama com você,

explorando a arte de fazer amor em grande detalhe juntos. Agora silêncio," ele ordenou. "É hora
de falar menos e sentir mais."
"Certo." Ela relaxou contra os travesseiros, obrigando-se a espantar os medos e ansiedades
que tinha, e permanecer no momento. Ela focou no calor que irradiava por todo seu corpo a partir
do centro, causando o espalhar de arrepios para os dedos das mãos e pés à medida que ele
trabalhava seu caminho de volta entre as pernas dela. Ela inspirou lentamente ao assistir-lhe abrir
suas pernas, tentando relaxar, ainda que ele estivesse o mais privado dos lugares com aqueles
intensos olhos dele. Mas qualquer resquício de autoconsciência foi varrido quando ele correu um
dedo por suas lisas dobras, enviando faíscas de prazer através de seu corpo. Ela gemeu quando

ele brincou com suas dobras, seus dedos buscando até que encontraram o clitóris, e ela gritou
quando ele esfregou o sensível nó entre os dedos.
"Aha." Ele arqueou uma sobrancelha, seus lábios curvando-se ao vê-la. "Acredito que
encontrei um de seus pontos fracos."
"Apenas um deles?" Ela disse ofegante, não bem capaz de recuperar o fôlego enquanto ele
ainda acariciava seu clitóris. "Quer dizer que há mais?"
Ele riu e, logo após, baixou a cabeça novamente. "Há sempre mais."
Ele lambeu seu clitóris com sua língua quente e molhada, e ela gritou, seus quadris elevando-
se claramente para fora da cama conforme o mais puro prazer a espetava. "Oh Deus," ela gemeu
em voz alta quando ele começou a lamber e chupar o seu centro, sobrecarregando-a com prazer.

Ela já teve homens lá em baixo antes, pelo menos um, mas não tinha sido nem de perto tão intenso

como nesta ocasião. Com cada lambida, mordiscada e chupada, ele a empurrava para mais e
mais perto do clímax, até que ela realmente explodiu em um orgasmo, suas mãos agarrando os

lençóis ao gritar de prazer.


"Uau," ela engasgou quando a onda de prazer finalmente começou a diminuir. "Foi
espantoso."
"Foi," ele concordou, seus olhos brilhando calorosamente. "Eu gostei muito disso." Ele acariciou

suas dobras novamente, seus olhos escurecendo. "E agora você está pronta para mim."
A respiração de Laura travou quando ele se levantou de joelhos, elevando-se sobre ela na
cama como um príncipe exótico - o que, tecnicamente, ele era - pele toda bronzeada e esculpida,
músculos rijos. Ela viu ele abrindo suas pernas um pouco mais, uma onda de excitação passando
por ela quando ele posicionou seu pinto em sua entrada.
"Está pronta?" Ele perguntou, deslizando a cabeça de seu pau contra suas dobras.
Laura mordeu o lábio enquanto olhava para seu pênis e, em seguida, estendeu a mão para
deslizar os dedos ao longo da ponta, enxugando as gotas de umidade que se reuniram na
cabeça. Um sorriso curvou seus lábios enquanto ele sussurrava em resposta, os músculos em sua

face apertando-se. "Eu estou," disse ela, sorrindo um pouco.


"Tesão," ele rosnou, e então avançou, empurrando para dentro dela. Ela engasgou quando
ele a preencheu com um impulso suave, seu grosso órgão esticando suas paredes internas,
acalmando e aumentando a dor dentro dela ao mesmo tempo. Um pequeno gemido escapou de
seus lábios, e ele segurou-se, perfeitamente imóvel, por um momento, flexionando a mandíbula.
"Você é muito, muito deliciosa, laeela."
"Você também," ela murmurou, estendendo o braço para tocar seu rosto. Ela sentiu
mandíbula dele flexionar sob seus dedos e, em seguida, seu rosto relaxou um pouco. Ele retirou-se
lentamente, e ela sentiu brevemente a perda dele antes de ele forçar-se novamente dentro dela,
enviando mais descargas de prazer através de seu corpo. Instintivamente, ela envolveu suas pernas

ao redor da cintura dele e os braços em volta de seu pescoço, puxando seu corpo para perto do

dela para que ela pudesse sentir seus músculos duros contra seu corpo suave. Ele pegou os lábios
dela um beijo escaldante, deslizando a língua dentro e fora de sua boca no tempo de suas

investidas, que vinham cada vez mais rápido conforme a sua dinâmica crescia.
"Eu estou chegando perto," ela suspirou, lutando contra ele. Ele estendeu a mão entre eles
para acariciar seu clitóris no tempo de seus movimentos, e ela gozou com tanta força que sentiu
como se tivesse estourado completamente com a força do seu orgasmo, sua consciência se

fragmentando ao ser invadida por onda após onda de prazer. Vagamente, sentiu-o endurecer em
torno dela, uma quente torrente dentro dela quando ele gozou.
Quando acabou eles ficaram deitados na cama, inertes, ambos os corpos ainda tremendo
após o impacto de seus orgasmos. E, embora o peso de Tamir fosse esmagador no colchão, a
sensação de seu grande corpo contra o dela era reconfortante, e ela simplesmente passou os
dedos pelo cabelo úmido dele e ouviu o som de sua respiração.
Eventualmente, ele levantou a cabeça para dar-lhe um sorriso preguiçoso, seus olhos de
prata semicerrados e brilhantes de satisfação. "Você gostou disso." Não era uma pergunta.
"Gostei." Muito mais do que ela esperava, na verdade, e perceber isso a deixou um pouco

nervosa. Ele tinha acabado de lhe dar o melhor orgasmo que ela já tinha experimentado, e iria,
provavelmente, dar-lhe muitos outros antes de suas três semanas acabarem. "Você também gostou."
"Muito." Ele lhe deu um beijo longo e lento, e, em seguida, rolou para o lado e puxou-a para
ele. Sua expressão tornou-se séria quando ele olhou para ela, sua grande mão acariciando seu
rosto suavemente. "Ouvi dizer que você estava descontente comigo hoje."
"Hã?" Suas sobrancelhas se uniram enquanto forçava seu cérebro, perplexa, tentando
descobrir por que ele poderia ter dito isso. "O que você quer dizer?"
"Malik disse que estava decepcionada quando eu não apareci para buscá-la no aeroporto,"
disse ele gravemente.
"Ah. Certo." Ela mordeu o lábio inferior, culpa espetando seu peito. Parecia justo para ela

ficar chateada no momento, mas depois da noite maravilhosa que ele tinha dado a ela, apenas

pareceu mesquinho e ridículo agora. "Você não precisa se preocupar com isso," assegurou ela,
passando a mão pelos seus cachos escuros e sedosos. "Como o governante de um país, você tem

responsabilidades. Eu não deveria ter esperado que você estivesse lá."


"Talvez, mas você é uma convidada, e no meu país nós tratamos os nossos convidados como
reis e rainhas." Ele beijou o topo de sua testa, suas grandes mãos esfregando círculos em suas
costas. "Eu peço desculpas, e garanto a você que vou gastar cada segundo que estivermos juntos

consertando a ofensa."
"Quero só ver, então." Laura sorriu, descansando a cabeça contra o peito dele, e quando
eles caíram no sono juntos, ela pensou que talvez esta viagem não fosse tão ruim, afinal.
Capítulo Cinco

"Senhorita McKinnon." Uma mão esguia enrolou-se em torno de seu ombro e sacudiu-a
delicadamente. "Senhorita McKinnon, hora de acordar."

Laura esticou-se e bocejou e, logo depois, virou-se para ver Jemma parada acima dela.
"Hmm, oi," disse ela, começando a se sentar, e depois engasgou quando percebeu que estava nua.
Tamir tinha passado a noite aqui com ela! Chacoalhando a cabeça ao redor, ela exalou em um
misto de alívio e decepção ao ver que o outro lado da cama estava vazio - ela estava feliz por

Jemma não os ver juntos em um emaranhado de fronhas, mas também um pouco triste por não o
ver antes de acordar.
"Está quase na hora do café da manhã, senhorita," Jemma insistiu. "O xeique me disse para
acordá-la. O banho está pronto."
"Banho?" Ela levantou a cabeça, então notou o aroma de vapor de rosas flutuando no
banheiro. "Ah sim, claro."
Ela se revirou, preparando-se para sair da cama, e foi aí que ela notou uma nota dobrada
em sua mesa de cabeceira. Ela a pegou e abriu, um sorriso nos lábios enquanto lia as palavras
escritas em forte tinta preta.

Laeela,
Peço desculpas por ter que deixá-la tão cedo esta manhã, mas eu tenho algumas reuniões de
manhã cedo antes do café da manhã. Eu quis acordá-la e dizer-lhe pessoalmente, mas você parecia tão
calma que eu não pude suportar perturbá-la. Mandei Jemma para acordá-la e ajudá-la a ficar pronta.
Vou encontrá-la no térreo para o café da manhã, e nesta tarde vamos fazer algo divertido.
Com amor,
Tamir.
"Certo; bem acho que é melhor eu ir andando, então!" Ela pulou da cama e foi para o
banheiro, do qual ela saiu em tempo recorde para que pudesse secar o cabelo e aplicar um pouco

de maquiagem para ele. Como era apenas café da manhã, ela decidiu ir um pouco mais casual -

um vestido de casimira macio, cinza e com mangas curtas que terminavam vários centímetros acima
dos joelhos, e leggings pretas para complementar. Ela calçou sapatilhas cinzas para combinar, e um

par de argolas de prata em suas orelhas; depois, aplicou brilho labial antes de permitir que
Jemma a levasse para a sala de café da manhã.
"Você está bonita," disse Jemma enquanto a conduzia por uma série de corredores
novamente.

"Obrigada." Laura sorriu, as belas palavras fazendo-a andar saltitante. Se Jemma gostou
de sua roupa, ela tinha certeza que Tamir também gostaria.
Eles chegaram à sala de café da manhã - uma grande sala arejada, com um teto
abobadado e longas janelas retangulares que revestiam todo o comprimento das paredes,
permitindo que a luz brilhante da manhã fosse derramada sobre a longa mesa no centro, que
estava decorada com linho branco e tigelas cheias de frutas frescas e flores. Havia um carrinho de
buffet preenchido com bandejas de prata cobertas a partir das quais deliciosos aromas flutuavam,
atraindo-a, mas ela parou porque em vez de Tamir sentado à mesa, havia uma mulher mais velha,
vestida com um sari amarelo e preto. Ela tinha características de ossos finos e cabelos prateados

que sugeriam a beleza que ela deve ter tido em sua juventude, mas tudo isso ficou em segundo
plano, tal era a severa careta vincada em seus majestosos traços.
"Então você deve ser a garota que Tamir importou dos Estados Unidos," disse ela, o
desprezo evidente em seu Inglês com sotaque.
Laura lutou contra a vontade de encolher sob o olhar de gavião da mulher e, em vez disso,
ergueu o queixo e deu um sorriso. "Sim. E quem é que tenho o prazer de conhecer?"
"Eu sou a rainha Rani," disse ela imperiosamente. "A mãe do emir. E, como tal, tenho a
responsabilidade de escolher uma noiva adequada para ele." Ela torceu o nariz enquanto seus
olhos cinzentos - da mesma cor que os de seu filho, mas sem o calor - observavam Laura de cima a
baixo, como se fosse um cavalo premiado, mas com defeito. "Eu não teria sequer considerado

colocá-la numa lista; muito menos, na verdade, trazê-la para dentro do palácio."

Raiva queimou, rosa, nas bochechas de Laura, e ela teve que suprimir o impulso de pegar
uma parte do sari da mulher e puxá-la para frente até que elas estivessem nariz com nariz. Em

vez disso, ela se contentou em levantar o queixo e dar à detestável mulher seu próprio olhar
imperioso.
"Eu não sei o que a faz ser tão rude," disse Laura, "mas tenho certeza de que sua
animosidade é equivocada. Eu não vim aqui para me casar com o emir. Ele simplesmente me

convidou para sua casa por três semanas para que eu pudesse experimentar sua terra natal.
Garanto a vocês que quando essas três semanas terminarem, voltarei para os Estados Unidos." Ela
se aproximou da mesa e sentou-se no lugar em frente à rainha, recusando ser intimidada.
"Ah! Eu não acredito em você." Os olhos de Rani brilhavam enquanto observava Laura se
servir de um pouco de chá de um dos potes e selecionar um biscoito. Rani, por sua vez, não tinha
tocado quaisquer dos alimentos, mas Laura não via por que isso deveria impedi-la. "Meu filho
nunca convidaria uma mulher para nossa casa apenas para que ele pudesse financiar férias para
ela."
Laura deu de ombros e, em seguida, levou a taça de porcelana aos lábios. "Bem, eu não

posso falar por suas motivações, mas eu sei das minhas. Meu plano é curtir, ver as paisagens e
depois voar de volta para casa em três semanas."
"Ah." Os olhos de Rani brilharam novamente, mas desta vez com avareza, quando ela cruzou
as mãos sobre a mesa. "Entendo. Você é apenas uma prostituta, aqui para sugar um pouco das
riquezas e dos recursos do meu filho por este breve tempo em que ele está interessado em você, e
então desaparecer quando ele cansar de você."
Fervendo, Laura abriu a boca para responder, mas ela fez uma pausa quando ambas
ouviram passos ecoando pelo chão de pedra no corredor. Fechando a boca, ela deu a Rani um
último olhar e depois se virou para ver Tamir entrar na sala de café da manhã. A maior parte de
sua raiva se dissipou ao vê-lo vestido com uma longa túnica branca com bordados no decote,

punhos e bainha em ouro profundo - uma galabiyya, lembrou-se - e um keffiyah combinando, para

cobrir seus cachos escuros brilhantes. Seus olhos prateados se iluminaram com a visão dela, e a
curva de seus lábios atiçou uma torrente de borboletas em seu estômago.

Ah, você entendeu mal, menina.


"Bom dia," disse ele calorosamente enquanto Laura se levantava da cadeira para
cumprimentá-lo. Rani ficou sentada, mas Laura percebeu que era só porque ela era sua mãe e
sentiu que estava acima das regras - a última coisa que ela queria fazer era dar à velha megera

algo para reclamar, por ela não observar decoro. Mas, quando o xeique tomou-lhe as mãos e
inclinou-se para dar um beijo em cada uma das suas faces, ela não pôde deixar de apreciar a
dose de satisfação ao ver o olhar assassino no rosto de Rani com o canto do olho. "Você dormiu
bem?"
"Eu dormi muito bem, obrigada." Ela piscou para ele, e ele a recompensou com um sorriso
quando eles tomaram seus assentos. Rainha Rani parecia que ela estava prestes a ter uma
apoplexia - seu rosto estava comprimido, seus lábios pressionados em uma linha fina, suas narinas
abertas em indignação.
"Eu suponho que você já conheceu minha mãe -" Tamir começou, e então franziu a testa

quando viu o rosto de Rani. "Mãe, você está bem esta manhã?"
"Eu estou bem." Ela mostrou os dentes num sorriso feroz quando ela olhou para Laura. "Eu só
vi algo desagradável esta manhã que me fez perder o apetite."
Tamir fez uma careta, o olhar de aborrecimento em seus olhos dizendo a Laura que ele
provavelmente sabia a que Rani estava se referindo - ela. "Bem, eu espero que você se recupere
logo," disse ele levemente. "Eu odiaria se você não aproveitasse o café com a gente."
"Você gostaria de um pouco de chá?" Laura perguntou, estendendo a mão para o bule de
chá enquanto tentava mudar de assunto.
Tamir sorriu e então estendeu a mão sobre a mesa para colocá-la sobre a mão de Laura
antes que ela pudesse levantar o pote. "Sim, mas não se incomode em servir. Você é uma

convidada. Minha mãe ficará feliz em servi-la."

Rani endureceu tão abruptamente que Laura meio que se perguntou se alguém havia ou não
enfiado nela um atiçador incandescente por trás. "Estou muito feliz em atendê-la," disse ela com

firmeza. "Mas eu não posso descer tanto a ponto de servir alguém que está abaixo de mim."
"Mãe," disse Tamir, sua voz escurecendo enquanto suas sobrancelhas se juntavam novamente.
"Senhorita McKinnon é uma convidada. Não vou tolerar você sendo rude com ela, especialmente na
minha presença."

"Ótimo. Então, eu simplesmente não ficarei em sua presença." Bufando, a rainha Rani se
levantou da cadeira e desapareceu da sala em um redemoinho de seda amarela e preta, levando
sua animosidade junto. Laura soltou um pequeno suspiro de alívio - ela sabia que não deveria
deixar a mulher afetá-la, mas estava feliz por ela ter ido embora.
"Peço desculpas pela grosseria da minha mãe," disse Tamir após um longo momento de
silêncio. "Ela é... muito tradicional. Vai levar algum tempo para ela se adaptar."
"Eu que o diga," Laura disse, secamente. Ela pegou sua xícara de chá e bebeu devagar,
decidindo manter para si sua opinião de que de jeito nenhum a mãe dele se adaptaria a ela.
Apenas mais uma razão para que você pule no avião de volta para os Estados Unidos quando

tudo isso acabar.


"Ela disse alguma coisa para você?" Tamir perguntou, parecendo ler sua mente. "Eu sei que
minha mãe pode ser bastante... abrasiva."
Laura riu um pouco ao balançar a cabeça, não querendo entrar em detalhes com Tamir.
"Nada que eu não possa resolver," ela o assegurou.
Eles finalmente atacaram a comida, que era simples, mas excelente - iogurte, frutas, mel
silvestre, uma espécie de pão doce e salsicha turca salgada que fez com que ela repetisse. Tamir
disse a ela um pouco sobre sua reunião - ele estava em negociação com empreiteiros que se
candidataram a um projeto de construção de uma outra ilha artificial ao largo da costa - mas,
acima de tudo, eles estavam satisfeitos em simplesmente desfrutar a companhia um do outro.

Eventualmente, porém, ele largou o garfo e faca e empurrou sua cadeira para longe da

mesa. "Infelizmente, devo deixá-la por um pequeno período," disse ele, sua voz cheia de pesar. "Eu
tenho mais alguns negócios em que preciso comparecer nesta manhã." Com as costas da mão, ele

acariciou o rosto dela com ternura, demorando mais ao chegar a seus lábios, antes de retirar sua
mão. "Mas eu devo terminar por volta das duas horas, e passaremos o resto do dia juntos."
"Para mim, está ótimo." Ele se levantou, mas antes que pudesse sair, ela se levantou e pegou
seu rosto entre as mãos e, em seguida, puxou-o para um longo e lento beijo fumegante.

Imediatamente, seus braços enrolaram-se ao redor dela, puxando-a para perto dele enquanto sua
língua separava os lábios dela, e ela fechou os olhos enquanto eles se provavam, misturando suas
essências únicas.
Quando ele se afastou, seus olhos de prata brilhavam famintos novamente. "Voltarei para
mais depois," disse ele grosseiramente, suas grandes mãos apertando a cintura dela brevemente.
"Se você precisar de alguma coisa enquanto eu estiver fora, Jemma e Malik estão aqui para
ajudar." Ele olhou para ela por um momento, então soltou e saiu da sala, o tecido branco de sua
galabiyya girando em torno de seus joelhos conforme ele se afastava.
Quando os servos começaram a chegar para limpar a mesa e recolher a comida, Laura

decidiu que era a deixa para ir. Tomando uma esquerda pelo corredor por qual ela veio, vagou
pelos corredores um pouco até que ela finalmente chegou na sala de estar rebaixada que fazia
parte de seus aposentos. A ideia de um pouco de solidão a interessava, então ela se deitou em um
dos sofás baixos brancos e virou seu corpo para que pudesse olhar, através das portas duplas de
vidro, para a fonte borbulhante no pátio. Ela podia ver um pássaro empoleirado em uma árvore
logo além da fonte, e seu canto melódico embalou-a em um tranquilo cochilo por um tempo.
Eventualmente, porém, ela começou a ficar inquieta, e pensamentos sobre seu encontro com
Rani começaram a invadir seu espaço idílico. O fato de que a mulher tinha se atrevido a chamá-la
de prostituta em sua cara ainda queimava, e se não fosse pelo fato de que a mulher era a rainha
de Dubai, Laura teria esbofeteado seu rosto altivo. Foi mais do que insultante ela ter se recusado a

comer com eles em vez de simplesmente servir a comida, e os dedos de Laura fecharam-se em

punhos, agarrando o tecido das almofadas nas palmas das mãos.


O que ela continuava remoendo, porém, foi a maneira como a rainha manteve seu olhar

crítico sobre o corpo de Laura, como se ela parecesse uma menina de rua, indigna de se sentar à
mesma mesa que ela. Laura imaginou que tinha se vestido bem o suficiente para o café da manhã,
mas Rani estava vestindo um sari, e agora, pensando nisso, Tamir estava vestindo trajes tradicionais
também. Talvez aparecer em roupas ocidentais tivesse sido uma gafe afinal.

Não seja boba, disse a si mesma. Ele teria mostrado o seu descontentamento de alguma forma
se ele tivesse tido um problema com a minha roupa, ou mencionado na nota que ele me deixou se ele
quisesse que eu vestisse roupas orientais. Sem mencionar que ele provavelmente sabia que ela não
possuía nenhuma vestimenta islâmica.
Mas e se ele estivesse esperando que ela se vestisse tradicionalmente? E se, talvez, sua
mente estivesse tão focada em negócios que ele simplesmente esquecera?
Acho que eu poderia ao menos vestir o que ele quer, ainda mais com todo esse esforço que ele
está tendo por mim, ela pensou, e estendeu a mão para dar um puxão na corda do sino. Em vez de
algum tipo de gongo soando, como ela esperava, houve apenas um tipo elétrico de campainha,

como se um sinal estivesse sendo enviado. Imaginou que havia algum tipo de sistema configurado,
assim como os botões de chamada a comissários de bordo, em que os funcionários podem verificar
a partir de qual sala o chamado tinha vindo.
Um servo apareceu pouco depois, e ela pediu-lhe para dizer a Malik que ela precisava de
sua ajuda. Não demorou muito para que o assistente do emir aparecesse, vestido da mesma
maneira que ontem, em seu terno e keffiyah, um sorriso agradável no belo rosto.
"O que posso fazer por você hoje, senhorita McKinnon?"
Ela hesitou por um momento, perguntando-se se o favor que estava prestes a pedir seria um
pouco impertinente, considerando que ele era o assistente do homem mais poderoso do país. "Eu
preciso ir às compras," ela finalmente disse, um pouco sem jeito.

A testa dele franziu-se. "Tenho certeza de que os servos podem requisitar quaisquer itens

que você possa exigir -"


Ela balançou a cabeça. "Eu não preciso de pasta de dentes ou chocolate ou qualquer coisa

assim," ela disse, um leve sorriso curvando o canto esquerdo de sua boca. "Eu… eu preciso de
algumas roupas. Roupas tradicionais, do tipo que as mulheres de seu país normalmente usam."
"Ahhhh, compreendo." Entendimento iluminou seus olhos escuros. "Você deseja, hmm, misturar-
se mais entre o nosso povo? Não é estritamente necessário que você use nosso vestuário; enquanto

as roupas ocidentais que você vestir a cobrirem adequadamente e você usar um lenço sobre sua
cabeça antes de entrar em quaisquer de nossas mesquitas, estará tudo bem."
"Isso é o que eu pensava," disse ela, sem saber o quanto deveria contar a ele sobre suas
preocupações. Ela definitivamente não queria falar nada sobre o que a mãe de Tamir havia dito a
ela mais cedo. "Mas eu sei que o xeique quer me aclimatar à sua cultura, então pensei que deveria
começar a usar algumas das roupas que se espera que eu vista caso opte por realmente viver
aqui."
"Bem, essa é uma excelente ideia." Ele bateu palmas. "Eu vou cuidar para você seja levada
ao shopping, e uma de nossas servas ajudará a escolher roupas adequadas."

"Espere," disse ela, levantando-se quando ele começou a se afastar. "Você... acha que
podemos conseguir tudo isso antes que o xeique voltar? Ele deve me encontrar às duas..."
Ele simplesmente se virou e piscou para ela. "Nós vamos tê-la de volta e pronta antes que
ele ponha os pés no palácio."
Capítulo Seis

Laura conseguiu voltar para o palácio trinta minutos antes das duas, e ela correu para
lavar-se e vestir-se antes de Tamir chegar para buscá-la. Em pé na frente do espelho de corpo

inteiro em seu quarto, ela mexeu um pouco nas mangas de seu kaftan e se perguntou se o que ela
estava usando mostrava demais para um passeio à tarde ou não.
Jemma a acompanhara em sua excursão de compras ao Shopping Dubai, e ela estava
incrivelmente grata, pois o shopping era tão grande que Laura teria se perdido lá por horas sem a

orientação de Jemma. Mesmo assim, elas ficaram lá por mais de uma hora e meia provando
roupas em três lojas diferentes, e conforme elas navegavam através dos tecidos coloridos e estilos
diversos pendurados nas prateleiras, ela tornou-se uma nova apreciadora do vestuário islâmico, o
qual ela sempre imaginou ser monótono e sem gosto.
O kaftan que ela usava agora, no entanto, era tudo menos monótono. Formado de seda
verde esmeralda, a peça fluiu sobre sua figura em longas e elegantes ondas, as mangas tão
longas que se fundiam com a saia da peça, mesmo quando ela inclinava seu cotovelo em um
ângulo de noventa graus. Bordados de ouro frisado projetados em formato de folhas enlaçadas
viajavam desde o decote alto até um pouco abaixo da cintura, onde um cinto frisado de ouro,

para combinar, descansava, prendendo o tecido para definir seu busto e cintura. O mesmo
bordado decorava as mangas e bainha. Ao todo, a peça era enganosamente modesta, cobrindo-a
do pescoço aos pés, mas destacava suas curvas muito bem e, embora o tecido das mangas
parecesse sólido, quando ela apoiava a mão na cintura o tecido que preenchia o espaço tornava-
se fino, expressando uma declaração provocativa sem realmente revelar nada.
"O queixo de Sua Alteza vai cair quando ele vê-la," Jemma assegurou-lhe quando ela
estendeu a mão, fixando uma presilha de esmeralda e ouro em seu cabelo. Ela precisou usar
quatro delas a fim de manter o penteado alto de Laura no lugar e, embora eles tivessem custado a
Laura os olhos da cara, ela teve de admitir que definitivamente valeram a pena, assim como as

esmeraldas que pendiam de suas orelhas.

Ela só esperava que Tamir pensasse assim também.


"Você parece pronta agora," Jemma disse com firmeza, batendo Laura no braço com um

sorriso. "Deixo-a agora a esperar pelo emir."


"Obrigada, Jemma." A porta se fechou atrás da serva, sobre quem Laura começou a pensar,
de brincadeira, como sua dama de companhia. Laura sentou-se na cama, cruzando as mãos no
colo para que ela não fosse tentada a morder as unhas, as quais Jemma pintara para combinar

com sua roupa. Ela virou a cabeça para olhar para seu closet, que estava agora preenchido com
tantas roupas - ela tinha comprado kaftans, abayas, jilbabs e até mesmo alguns hijabs para cobrir
a cabeça caso Tamir de fato a levasse para uma mesquita. Ela havia escondido um dos lenços de
seda em sua bolsa, já que não tinha ideia aonde eles iriam, na verdade, nesta tarde. O que a
levou, novamente, a se preocupar se ela estava ou não vestida de forma muito chamativa...
Uma batida na porta assustou-a de seus pensamentos, e ela se levantou da cama para abrir
a porta. Tamir estava do outro lado, vestido com um terno azul acinzentado e sapatos, e seu
estômago revirou.
"Eu deveria ter vestido roupas ocidentais," ela deixou escapar quando os olhos dele se

arregalaram, espiando-a. Ela deu um passo para trás, constrangimento açoitando suas bochechas.
"Não, não, de modo algum," disse ele, uma espécie de espanto em sua voz ao segui-la para
o quarto. "Você está... impressionante." Ele a pegou pela cintura e a manteve imóvel; em seguida,
correu as mãos para cima e para baixo nas laterais dela, enviando ondas de calor através de seu
corpo. "Você comprou isto na América? É muito bem feito."
Laura sacudiu a cabeça, seu constrangimento e mal-estar desaparecendo sob o brilho de
admiração de Tamir. "Malik providenciou uma visita ao shopping com Jemma para que eu pudesse
pegar algumas roupas. Eu pensei que deveria tentar me encaixar um pouco melhor."
Tamir franziu a testa. "Malik providenciou? Ele disse que você tinha que fazer isso?"
"Não, claro que não. Eu que lhe pedi." Ela colocou as mãos na curva de seus cotovelos,

esfregando os dedos ao longo do exterior de seus antebraços. "Você não gosta?"

"Pelo contrário, eu estou muito satisfeito," ele murmurou, seus olhos de prata reluzentes de
aprovação e - um arrepio quente a percorreu - desejo. "Mas deve ter-lhe custado bastante

dinheiro para comprar um conjunto completo de roupas, especialmente desta qualidade. Não era
necessário."
"Talvez, mas eu quis agradá-lo." Ela levantou a mão para tocar sua bochecha, percebendo
o quão verdadeiras aquelas palavras eram. Ela queria mesmo agradá-lo. Ela queria que ele a

olhasse com aquela mistura de desejo e admiração brilhando em seus olhos o tempo todo; tocasse-
a como se ela fosse a coisa mais preciosa em seu palácio; beijasse-a como se fosse água e ele
estivesse morrendo de sede nas areias quentes do deserto não longe daqui. "É tão errado assim?"
"Não é errado, claro que não," disse ele, sua voz rouca de desejo ao se aproximar dela, tão
perto que ela podia sentir o calor irradiando do corpo dele e entrando em sua pele.
Ela não tinha certeza do que aconteceu em seguida, quem começou a beijar quem, mas, de
repente, os lábios foram fundidos, e ele foi deslizando seus longos dedos em seu cabelo, enviando
pequenos arcos de sensação através de seu couro cabeludo. Ela ouviu um barulho quando as
presilhas em seu cabelo escorregaram para o chão, e então seus joelhos tocaram a borda da

cama e ela afundou diretamente para dentro do colchão.


"Você está bagunçando meu cabelo," brincou ela enquanto acomodava seu corpo grande em
cima dela.
"Eu gosto do seu cabelo quando está bagunçado," disse ele, sua voz crua de desejo quando
ele levantou a bainha do vestido, ajuntando o tecido em volta da cintura dela. "Mal posso esperar,"
ele murmurou enquanto puxava sua calcinha.
"Eu sei." Ela estendeu a mão para a fivela do cinto dele e soltou-o, e depois, puxou o zíper
para baixo. Seu pênis saltou para fora, quase imediatamente, longo, duro e brilhante. Ela não
queria esperar também - sua vagina inchava, seus músculos internos apertados de necessidade. "Eu
quero você dentro de mim. Agora."

Ele não perdeu tempo; abrindo as pernas dela, ele enfiou forte e ela gritou, suas unhas

cavando a colcha. "Alá tenha misericórdia," ele gemeu, seu corpo inteiro completamente imóvel
quando seu rosto se contraiu. "Você é tão apertada... tão molhada."

"Por favor, Tamir," ela engasgou, suas mãos deslizando em torno de seus quadris. Ela
agarrou sua bunda com as duas mãos e lhe deu um pequeno aperto para estimulá-lo a continuar.
"Eu preciso de mais."
"Sim. Mais." Ele deslizou para fora lentamente e, quando ele enfiou de novo, tomou-lhe os

lábios em outro beijo. Sua língua era quente e molhada e totalmente pecadora, deslizando dentro
e fora de sua boca, assim como seu pau, que deslizava dentro e fora dela, seus golpes profundos,
duros e minuciosos. E quando ele se afastou para olhar para ela, a ternura quente em seus olhos a
queimou até a alma.
"Tamir," ela respirou, sua voz reverente quando ela estendeu a mão para acariciar seu forte
queixo bronzeado. Ela sentiu o músculo flexionar sob sua palma quando ele se retirou dela, e
depois deslizou para dentro novamente. Ele tirava e colocava, tirava e colocava, seus olhos
colados aos dela enquanto suas estocadas tornavam-se mais fortes, rápidas e profundas. Gotas de
suor se agarravam à sua testa, e uma espirrou contra sua pele e escorreu pelo vale entre os seios.

Seus gemidos ficaram mais altos quando ela jogou a cabeça para trás e apertou as pernas
ao redor de sua cintura, absorvendo o prazer que pulsava através de seu corpo enquanto ele a
enchia com sua espessura repetidamente. E, à medida que o fim chegava perto, seus impulsos se
tornaram mais rápidos e frenéticos, e os gritos dela, mais crus e sem fôlego conforme ele acertava
o ponto certo uma e outra vez. Seu olhar selvagem penetrou-a ainda mais profundamente que suas
estocadas, puxando-a mais firmemente contra ele até ela realmente não saber mais onde ela
começava e ele terminava.
Com a próxima investida, uma onda selvagem de prazer tomou conta de Laura, ofegante ao
se agarrar a Tamir, levada pelo orgasmo que a sobrecarregou. Sentiu-o estremecer contra ela ao
gozar também, seu instrumento pulsante preenchendo-a enquanto ele apertava seu corpo grande

e duro contra o dela. Quando finalmente acabou, a adrenalina escapando de ambos, ele caiu

sobre ela murmurando palavras doces em sua língua para ela.


Eles ficaram ali por um bom tempo, apenas recuperando o fôlego e apreciando o poslúdio.

Ela beijou o topo de sua cabeça e correu os dedos por seu cabelo, o quente e reconfortante peso
de seu corpo sobre o dela. Havia algo tão tranquilo sobre este momento, tão feliz, e ela não
queria que isso acabasse.
Eventualmente, porém, ela sentou-se, correndo os dedos pelos cabelos dele. "Eu não tenho

ideia do que você disse, mas soou muito belo," disse ela calmamente.
Ele lhe deu um sorriso torto. "O som do amor transcende a linguagem," ele disse, e, depois,
cuidadosamente removeu-se dela, afivelando as calças novamente. "Acho que devemos nos
arrumar e sair."
"Devemos." Um lento sorriso curvou os lábios dela ao olhar para ele, observando-o
recompor-se com uma espécie de alegria.
Ele fez uma pausa, e então, deu-lhe um olhar meio interrogativo, meio desconfiado. "Tenho...
maquiagem no meu rosto?"
"Batom," ela confirmou. "Muito batom."

"Droga," ele murmurou, procurando em seus bolsos por um lenço.


Ela ficou em pé, mal segurando o riso. "Isso é o que você ganha por estragar meu visual,"
disse ela, e plantou o resto do batom na bochecha dele com um beijo alto e insolente que o fez rir,
e depois pegá-la em seus braços e beijá-la novamente.
***
Eles saíram do palácio relativamente rápido depois disso, e Tamir a levou para o Burj-al-
Arab, um incrível hotel que parecia um veleiro - ou melhor, uma vela, projetando-se de uma ilha
artificial que servia como "barco”.
"Este é o terceiro hotel mais alto do mundo," ele disse quando eles saíram do carro e ele lhe
ofereceu o braço.

"Dá para ver," ela murmurou enquanto subiam os degraus para o saguão, que ostentava

uma fonte dançante e enormes colunas de ouro. Ela esticou o pescoço para que seus olhos
pudessem seguir a grade, parecida com um favo de mel, que compunha o leiaute do saguão do

hotel que parecia se estender até o infinito - ela nem sequer podia ver o teto de onde estavam.
"Este lugar é enorme." E loucamente extravagante - mas, na verdade, é assim que Dubai era
percebido como um todo, ou pelo menos era assim que ela se lembrava de sua pesquisa.
Eles entraram em um elevador panorâmico - acompanhados de quatro guarda-costas de

Tamir - que os levou direto para o topo da torre onde o bar Skyview, onde eles tomariam o chá
da tarde, era localizado. Laura estava um pouco nervosa no início, quando Tamir disse a ela que
seus guarda-costas teriam de acompanhá-los em todos os lugares, mas quando ela apertou as
mãos contra o painel de vidro que os separa do mundo exterior e olhou para o azul tropical do
oceano, ela nem sequer lembrou deles.
"Isto é tão bonito."
"Espere até você ver a vista do bar." Ele descansou a mão na cintura dela e apertou-a
gentilmente, um gesto carinhoso e possessivo. "É ainda melhor."
As portas do elevador chiaram, abrindo-se, revelando um espaço aberto enorme que era

completamente rodeado, em três lados, por paredes de vidro, oferecendo uma vista deslumbrante
do mar. O teto e o piso acarpetado foram ambos concebidos para imitar as ondas do mar que se
moviam e brilhavam além das janelas, criando um efeito maravilhoso que era um pouco
estonteante. Todos no restaurante viraram-se e se curvaram, cumprimentando Tamir, parando o que
estavam fazendo para lhe prestar respeito. Em vez de gesticular em desaprovação, ele
respeitosamente retribuiu suas saudações, até mesmo parando para falar brevemente com alguns
deles, os quais ele parecia conhecer pelo nome. Depois disso, o anfitrião os levou para a mesa,
que era localizada no canto direito ao lado da parede, fornecendo-lhes a melhor vista. Seus
guarda-costas estavam parados a uma distância discreta, perto o suficiente para protegê-los de
um ataque, se necessário, mas longe o bastante que sua presença não fosse incômoda.

"Você parece ser próximo de seu povo," ela comentou, agora já sentados e longe do

anfitrião, que os havia deixado.


Ele sorriu um pouco e estendeu a mão sobre a mesa para pegar a mão dela. "Eu venho aqui

pelo menos uma vez por semana, então tive tempo para conhecer a maioria dos funcionários. Eles
são todos muito bons."
A garçonete veio até a mesa e se apresentou como Amaya. "Muito bom ver você de novo,
Sua Alteza," disse ela, curvando-se, e depois também fez uma reverência para Laura. "E quem é

sua convidada?"
"Esta é Laura McKinnon," disse Tamir, indicando Laura com um aceno de mão. "Ela está de
visita a Dubai por algumas semanas, e é minha convidada durante o tempo em que estiver aqui."
"Muito agradável." Amaya praticamente sorriu expansivamente, e engajou-a em conversa
durante o próximo minuto, perguntando-lhe de onde era, se já tinha ido a Dubai antes e o que ela
estava pensando em fazer durante a sua estadia. Laura respondeu às perguntas com um sorriso,
instintivamente gostando da mulher, e, no fundo, ela não podia deixar de ficar aliviada por Tamir
tê-la apresentado como uma simples convidada ao invés de dizer que ela era sua noiva ou esposa
ou algo assim. Ela tinha certeza de que se a imprensa ficasse sabendo que ela era uma possível

noiva, ela estaria em tabloides em todo o país.


Mas então, ela pensou consigo mesma ao notar outros clientes olhando para eles com o canto
do olho, o fato de que ela, uma mulher irlandesa-americana sem um pingo de DNA do Oriente
Médio dentro dela, estar tomando o chá da tarde em um lugar público e bem conhecido com o
xeique, certamente chamaria a atenção de todos por si só.
A garçonete começou servindo-lhes dois copos de suco espumante de tâmara; em seguida,
tomou seus pedidos de bebidas - Tamir pediu uma xícara de chai e Laura pediu um cappuccino.
Quando Laura tomou um gole de suco, que era surpreendentemente bom, seu estômago roncou, e,
de repente, percebeu o quão faminta estava - ela ainda não havia tido tempo para almoçar,
tendo passado toda a manhã correndo pelo Shopping Dubai e fazendo compras.

Felizmente, o bule de chá e seu cappuccino chegaram relativamente rápido, juntamente com

uma tarte de frutas para cada um deles. "Mmm," ela disse com a boca cheia da massa com frutas,
que eram polvilhadas com açúcar em pó. "Está delicioso."

Tamir sorriu para ela. "E isto é só o começo."


Não brinca, pensou ela mais tarde, quando a garçonete trouxe pratos de carne assada com
purê de batatas amassadas, seguidos de um prato cheio de pequenos sanduíches que eram,
aparentemente, ilimitados. Tamir repetiu os sanduíches, mas no momento em que ela terminou os

dela, já estava cheia.


"Eu acho que é melhor você não comer mais," disse ele após a garçonete entregar o
segundo prato. "Uma vez que ainda terá sobremesa."
"Oh Deus," ela gemeu, colocando a mão sobre sua barriga ligeiramente distendida. "Se eu
comer mais não vou caber mais no meu kaftan."
Ele riu. "Tenho certeza de que você tem algum espaço para crescer aí dentro," ele brincou.
Mas, quando seus olhos pousaram em seu vestido, sua expressão se tornou séria, e ele largou o
garfo.
"Você deve permitir-me reembolsá-la por sua roupa."

"O quê?" Laura quase deixou cair o copo de suco de tâmara de sua mão. "Por que diabos
eu esperaria que você fizesse isso?"
A testa dele franziu-se. "Você é minha convidada, bem como a minha futura esposa. Eu não
esperaria que você tivesse de pagar por qualquer coisa em ambos os casos."
Laura sentou-se em linha reta, deixando o copo na mesa quando uma carranca se formou
em sua própria testa. "Tam - quero dizer, emir," disse ela, lembrando que as pessoas poderiam
estar escutando e que ela não deveria se referir a ele por seu nome em público, "Ainda que eu
aprecie o gesto, eu realmente não preciso que você pague por tudo. Sou uma mulher de boas
condições, embora talvez não tanto quanto as suas, e uma vez que você já está pagando pelo o
voo e minha comida, e me dando um lugar para ficar, o mínimo que posso fazer é pagar por

minha própria roupa."

Os lábios de Tamir se curvaram, mas a careta não diminuiu totalmente. "Você é uma mulher
muito independente," disse ele, alcançando o outro lado da mesa para apertar sua mão.

"Infelizmente, eu também sou um homem muito insistente. Transferirei o dinheiro para sua conta."
"Não!" Ela disse, e depois estremeceu quando cabeças se viraram em sua direção. "Não," ela
repetiu, mais silenciosamente. "Por favor, não é necessário."
Tamir fechou o semblante, preocupado. "Por que você resiste meus esforços?" Ele perguntou,

parecendo magoado. "Estou sendo ofensivo de alguma forma?"


"Eu -" ela começou, e depois fechou a boca. O que ela iria dizer a ele? Que ela estava
preocupada que, se ela lhe permitisse enchê-la de presentes, ela iria se sentir obrigada a ficar?
Ela não podia dizer isso aqui, não na frente de todas essas pessoas. "Não, claro que não. É só que
eu não estou acostumada com tudo isso."
"Isso é totalmente compreensível," disse ele, e depois acariciou a mão dela de uma maneira
tranquilizante. "Mas eu estou certo de que você vai se acostumar com isso em tempo."
Mas ela não estava tranquila, nem mesmo remotamente, e ela achou difícil apreciar os
bolinhos para comer com chá, os biscoitos e o creme brûlée que foi servido mais tarde, o que era

péssimo pois eles pareciam divinos e o pouco que ela mordiscou tinha um sabor celestial. Mas seu
estômago estava atado em ansiedade e culpa, e ela não conseguiu dar mais do que algumas
mordidas.
Depois, quando eles estavam no carro, indo embora, Tamir se inclinou para frente e tomou-
lhe as mãos - um gesto que estava se tornando cada vez mais familiar para ela. "Laeela," ele disse
suavemente, seus olhos de prata suplicantes ao procurar seu rosto. "Por favor, diga-me o que é que
eu fiz de errado."
Um nó se formou em sua garganta, e ela piscou com força contra as lágrimas que brotaram
de seus olhos. Ele foi tão doce e gentil com ela, e aqui estava ela sendo uma verdadeira megera
por não ser capaz de retribuir seu afeto. Que diabos havia de errado com ela?

"É... é só que...," ela soltou um suspiro. "Eu não quero me sentir endividada com você."

"O que você quer dizer?"


Laura brincou com o tecido em sua manga, tentando descobrir como melhor dizer isso. "No

meu país, quando uma mulher deixa um homem que não é seu marido comprar suas coisas, ela é
considerada o que chamamos de uma ‘concubina’ ou ‘amante’. Eu acho que você é maravilhoso, e
eu gosto muito de sua companhia, mas eu não quero ser uma concubina, Tamir. Eu sou uma mulher
independente."

"Sim, mas você é minha mulher, também."


Sua expressão escureceu. "Eu não sou sua mulher, Tamir. Eu não concordei em casar com você
ainda."
Ele parecia tão abatido que ela se sentia como se tivesse acabado de bater em um filhotinho
de cachorro indefeso. "Então você não me ama," disse ele calmamente.
Ela gaguejou, incapaz de acreditar no que ele estava perguntando a ela. "Como você pode
pensar isso?" Ela berrou. “Você me ama?”
"Eu me apaixonei por você naquela noite na embaixada," disse ele, sua voz profunda de
emoção. Seus olhos prateados queimaram-se nos dela quando ele estendeu a mão para correr os

dedos ao longo do maxilar dela, sua paixão tão brilhante que roubou seu fôlego. "Por a sua alma,
que me chamou de forma tão clara a partir de seus belos olhos verdes. Pelo jeito que você sorri, a
maneira como você fala, a maneira como você soa quando estou fazendo amor com você -" o
rosto dela corou com esta última frase - "Eu sei que nunca serei capaz de encontrar outra mulher
como você. Quero que você seja minha emira, Laura. Eu quero que você seja minha."
Ela havia se preparado para lhe dizer que não o amava, que havia muitas diferenças entre
eles e que atração física não era o suficiente, mas suas palavras eram tão sinceras, tão cheias de
emoção e significado que ela estava sem palavras. Ele realmente me ama, ela pensou ao olhar em
seus olhos, e um brilho quente começou a emanar do centro de seu peito - pequeno, mas não o
bastante para expulsar os sentimentos conflitantes em seu coração, mas definitivamente estava lá.

"Como eu disse," ela falou em voz baixa, alcançando e tocando a mão dele. "Eu realmente

desfruto da sua companhia, e gosto muito de você. É só que nós realmente passamos apenas um
dia juntos, e isso simplesmente não é o suficiente para eu me apaixonar."

"Ah." Ele balançou a cabeça, sábio. "Eu compreendo. Então, você precisa de mais tempo
para ver se você vai se apaixonar por mim?"
"Hmm..." ela começou, e então decidiu que não valia a pena discutir. "Sim, é exatamente isso."
"Bem, isso é perfeitamente razoável, então." Ele sorriu amplamente para ela e, em seguida,

sentou-se na cadeira como se tudo estivesse decidido. "Você pode ter tanto tempo quanto você
precisar para, então, decidir."
Oh Deus, ela pensou ao olhar pela janela. Espero que isso não signifique que ele esteja
planejando me manter aqui para sempre.
Capítulo Sete

A próxima semana passou de forma relativamente rápida e, tirando o desconforto inicial


com Rani, bastante confortável. Em todos os dias, ela tomou café com Tamir e sua mãe e, à tarde,

eles saíam para explorar alguma nova atração de Dubai que ela não tivesse visto antes. Às
manhãs, enquanto ele estava envolvido em seus negócios, ela se contentava em se sentar no pátio
ou nos jardins e ler, ou passar algum tempo estudando as várias peças de arte e artefatos ao
redor do palácio.

Rani, por sua vez, havia suavizado a malícia durante o café da manhã, mas continuou a lhe
dar olhares desdenhosos e irritados e, ocasionalmente, até mesmo um comentário sarcástico, sempre
que esbarrassem no palácio e Laura estivesse sozinha. Na maior parte do tempo, Laura ignorava
estas farpas e fazia o seu melhor para ficar fora do caminho da mãe de Tamir, evitando
determinadas áreas durante os horários em que ela sabia que a mulher estaria por lá. Imaginou
que, se ela realmente quisesse, ela poderia tentar conquistar a boa vontade da matrona, mas como
ela estava pensando em ir embora dentro de duas semanas, ela não viu por quê fazê-lo. Na
maioria das vezes, ela estava perfeitamente feliz, especialmente porque Tamir não a abordou
sobre casamento de novo, então ela foi capaz de deixar de lado, quase que completamente, a

ideia.
Mas, em uma noite, algo mudou.
Laura bocejou, colocando sua papelada em um canto e olhando para o relógio na mesa de
cabeceira. Ela se espantou ao perceber que o relógio mostrava que eram onze e meia da noite -
quase uma hora mais tarde do horário em que Tamir chegaria. Ele sempre vinha para o quarto
dela no mesmo horário, todas as noites, depois de ter terminado seus negócios noturnos. Ele sempre
passava um tempo conversando com ela e descontraindo antes de ele retirar a roupa dela e fazer
com ela um amor doce, quente e apaixonado, antes que adormecessem, um nos braços do outro.
Mas desta vez ele não estava em lugar nenhum.

Talvez uma de suas reuniões apenas tenha terminado tarde, pensou ela, mordendo o lábio.

Colocando seu livro na mesa de cabeceira, ela desligou a lâmpada de cabeceira e se enterrou nos
lençóis, decidindo que simplesmente deveria dormir em vez de ficar esperando por ele. Mas, meia

hora depois, ela não estava mais perto de encontrar o sono, e percebeu que, somando-se a
preocupação que sentia por ele e o fato de ela nunca ter dormido, nem uma única noite, naquela
cama sem ele, ela não cairia no sono enquanto não descobrisse o que o impedira.
Ela foi tateando até o armário para encontrar uma camisola e um roupão, e cobriu-se neles

para que pudesse caminhar para fora, na sala de estar. Uma puxada no cabo do sino trouxe um
dos servos à sua porta, e, pela vivacidade fresca em seus olhos, ela deduziu que ele
provavelmente dividia o turno da noite com vários outros, cuidando das coisas e permanecendo de
plantão, caso fosse requisitado na calada da noite por qualquer pessoa.
"Como posso ser útil, senhorita McKinnon?" Ele perguntou depois de se curvar para ela.
"Você pode me dizer se o xeique chegou em casa hoje à noite?" Ela perguntou, optando por
ignorar o nó de desconforto no estômago, que aparecia sempre que algum dos servos se inclinava
para ela. É verdade, ela sabia que eles curvar-se-iam para qualquer convidado, mas ela não
podia deixar de pensar que eles a haviam fixado em sua mente como sua futura rainha consorte, e

que ela provocaria decepção em todos eles quando os deixasse.


"Ele voltou para casa," o servo confirmou, "e está em seus aposentos. Há alguma mensagem
que você gostaria de enviar?"
"Uma mensagem?" Ela repetiu de forma oca, mágoa queimando profundamente em seu
peito. Por que ele tinha ido para seus aposentos em vez de vir com ela como fazia todas as noites?
Estaria ele pensando em dormir em sua própria cama, sem sequer avisá-la? O que ela tinha feito
para ofendê-lo assim?
"Não, não quero passar uma mensagem para ele," disse ela, dando um passo em direção ao
servo. "Eu quero que você me leve até ele."
Os olhos do rapaz arregalaram-se. "Perdão?"

"Por favor," ela insistiu, estendendo as mãos. "Leve-me ao emir. Preciso falar com ele." Ela

não ia deixar sua imaginação voar; se ele estava bravo com ela, ela obteria o motivo exato em
vez de tentar imaginar vários cenários, os quais poderiam ser ainda piores do que a realidade,

afinal de contas.
"Mas senhorita, é muito tarde -”
"Se você não me levar, então vou simplesmente passear pelos corredores até encontrar os
aposentos dele por conta própria." Era pura estupidez da parte dela, ela percebeu, não saber

onde os aposentos de Tamir ficavam, já vivendo por aqui há uma semana. Amanhã, se Tamir não
decidisse colocá-la em seu jato e enviá-la diretamente de volta a Washington, ela iria explorar
cada centímetro do palácio e mapear tudo para que ela soubesse onde ficava cada lugar, ainda
que ela tivesse de lidar com a rainha Rani latindo aos seus calcanhares o tempo todo.
Os olhos do rapaz se alargaram. "Mas e se você se perder?" Ele praticamente chiou.
Ela cruzou os braços. "Então eu acho que é melhor você me levar."
Após duas curvas à esquerda e uma à direita, eles estavam de pé no meio de um corredor
que corria perpendicularmente àquele de que tinham acabado de sair, dando para um par de
enormes portas de cedro com alças de ouro e esculturas estilizadas em torno das bordas. O servo

estendeu a mão para bater na porta, mas ela colocou a mão em seu ombro para detê-lo.
"Pode ir," ela sussurrou, não querendo deixá-lo em apuros. "Vou dizer a ele que vaguei por
aí até que o encontrei."
O servo inclinou-se e, em seguida, fundiu-se com a escuridão, deixando apenas o brilho
ofuscante das arandelas de parede para lhe fazer companhia. Borboletas zuniram em seu
estômago, colidindo umas com as outras e saltando para fora da parede do estômago quando ela
olhou para a porta e se perguntou como melhor proceder. No final, ela decidiu simplesmente abri-
la e ver o que encontraria.
Agarrando um dos puxadores dourados das portas, ela puxou devagar, tentando ser o mais
silenciosa possível. Felizmente, as dobradiças haviam sido lubrificadas recentemente e a porta

deslizou silenciosamente. Ela entrou em uma grande sala que era três vezes o tamanho da dela e

decorada em azul real e dourado, com mobiliário semelhante e portas de vidro enormes à direita
que davam para os jardins. Ao contrário de seus quartos, no entanto, havia uma sala de jantar

completa, com uma grande mesa e cadeiras, o suficiente para várias pessoas sentarem e comerem
juntas. Ela imaginou que ele às vezes fazia suas refeições lá, sozinho, ou talvez até mesmo com um
amigo. Ela viu que, também ausente na sala de estar dela, havia uma fileira de estantes de cedro
que se estendia pelas paredes à esquerda, completamente cheias de tudo, desde romances de

ficção científica a textos história antiga. Todos eles apresentavam pelo menos ligeiros vestígios de
desgaste, e ela estava certa de que todos tinham sido manipulados. Claramente o xeique era um
homem bem literato.
O som de algo batendo, como uma porta de armário, chamou sua atenção para a porta na
parede oposta. O som voltou, e depois uma terceira vez, e ela respirou fundo, sentindo a raiva por
trás do som. Ela nunca tinha visto ou ouvido ele jogar ou bater em nada, e ela ficou receosa em
poder ser a causa disto. O que ela poderia fazer para melhorar esta situação?
Laura respirou profundamente pelas narinas; em seguida, abriu a porta. Além, Tamir se
encontrava agachado na frente de um armário, rapidamente abrindo gavetas e, depois, batendo-

as com força suficiente para sacudir a peça de mobiliário. Ele congelou quando ouviu a porta se
abrir e, então, virou a cabeça para olhar para ela, seus olhos selvagens com raiva e dor.
"O que você está fazendo aqui?!"
Laura engoliu em seco, lutando contra o desejo de voltar atrás. Ela nunca tinha visto ele olhar
para ela dessa forma antes, e isso a assustava. "Eu... eu fiquei preocupada com você, pois você
não voltou," ela disse em uma voz muito baixa.
Sua carranca suavizou ligeiramente, mas sua raiva, não. "Você não deveria estar aqui,"
retrucou e, em seguida, virou-se para a cômoda e tirou um suéter - aparentemente, a coisa por que
ele estava procurando tanto que teve de bater suas gavetas em frustração. "Ninguém deve entrar
em meus aposentos sem permissão."

"Peço desculpas," disse ela, um pouco mais severamente agora - ela não gostou do tom com

que ele estava falando - e deu alguns passos em direção a ele. "Mas eu não tinha ideia do que
aconteceu com você e pensei que você estava com raiva de mim, então decidi vir e encontrá-lo

para ver o motivo dessa confusão. Se você tem um problema comigo, você deve vir e falar comigo
cara a cara, em vez de me evitar."
Tamir soltou um suspiro profundo, a maior parte da raiva deixando seu rosto quando ele se
levantou para encará-la. "Eu não estou com raiva de você, laeela," disse ele suavemente, e, em

seguida, virou-se para a enorme cama king-size onde, ela notou pela primeira vez, havia uma
mala aberta. "É só que... meu melhor amigo está morrendo."
"Ah." Seu estômago caiu quando ela finalmente compreendeu a fonte de toda a confusão.
Seu coração doía com o sofrimento em sua voz, com o peso em seus ombros que ela agora
reconhecia como tristeza. "Tamir... Eu, eu sinto muito." Ela estendeu a mão para tocar seu braço. "O
que aconteceu?"
Ele parou por um momento, então se afastou dela e voltou para o armário para pegar mais
coisas. "A família dele me disse que ele estava em um acidente de carro que matou seu amigo. Ele
conseguiu sobreviver, mas seus pulmões foram tão severamente danificados que ele mal pode

respirar." Dor cruzou suas feições. "Eles não são muito bem de vida e só têm direito a atendimento
médico básico, então ele não foi tratado tão competentemente quanto merecia. Preciso me
apressar, para ir ajudá-lo antes que seja tarde demais."
"É claro." Ela foi até o armário também, então estendeu a mão até um casaco e retirou-o do
cabide. "Estará frio, então você vai precisar disso."
Ele fez uma pausa, confusão piscando em seu rosto. "Você... você está me ajudando a fazer
a mala?"
Ela sorriu. "Eu não apenas estou ajudando você a preparar a mala. Eu vou contigo."
Ele balançou a cabeça, sua testa escurecendo. "Isso não é necessário, laeela," começou.
"É claro que é necessário," ela insistiu, interrompendo-o. "Eu não vou permitir que você saia

sozinho para enfrentar a possível morte de seu amigo sem nenhum apoio. Meus pais também

morreram em um acidente de carro, e eu sei o quão horrível essa situação deve ser para você. Eu
não vou forçá-lo a sofrer sozinho só porque eu sou uma 'convidada estimada' ou porque eu não

conheço o seu amigo. Até mesmo eu tinha a minha irmã para segurar a minha mão e me abraçar
para me confortar. Eu vou contigo." Ela colocou a mão em seu antebraço e apertou com firmeza,
dizendo-lhe que ela estava com ele e que ele não iria espantá-la tão facilmente.
Ele a olhou por um longo momento, então jogou o par de botas em suas mãos e passou os

braços em volta dela, puxando-a para perto. "Obrigado, laeela," ele sussurrou em seu ouvido, e
embora ela não tivesse sentido nenhuma umidade em seu rosto quando ele apertou-a contra a
cabeça, ela podia ouvir as lágrimas em sua garganta. "Obrigado por estar disposta a ser a minha
força."
Ela o abraçou de volta com força, acalmando-o ao acariciar com as mãos suas costas
grandes e poderosas. "Todo mundo precisa de alguém em quem se apoiar de vez em quando," ela
sussurrou em seu ouvido. "Mesmo os reis e emires."
Ele riu um pouco, sua voz crua, e depois inclinou-a para trás para estudar seu rosto. "Eu te
amo mais do que você pensa," ele sussurrou, acariciando seu rosto com os dedos.

Ela não sabia o que dizer sobre isso, então ela simplesmente se inclinou e beijou-o
profundamente, envolvendo os braços em volta do pescoço dele. Ela não tinha coragem de dizer
as palavras, mas ela poderia mostrar-lhe seu carinho, mostrar a ele o quanto ele significava para
ela com os lábios, mãos e língua. Ele esmagou-a contra ele e devolveu o beijo com toda a paixão
dentro de seu corpo grande, saqueando sua boca com a língua e esfregando as mãos de cima a
baixo em seu corpo. Ela foi pega em um redemoinho, uma tempestade de paixão e emoção que
corria mais alto do que as nuvens, e ela não poderia tocar os dedos dos pés, no chão, mesmo se
quisesse - ele era simplesmente demais para ela resistir.
Eventualmente, porém, ele a soltou. "Por mais que eu queira fazer amor com você agora,
laeela, temos de entrar no avião; senão, não vamos alcançar o meu amigo em tempo. Por favor, vá

para o seu quarto e faça as malas. Vou mandar Jemma lá para ajudá-la. O jato está esperando

por nós enquanto falamos."


"Imediatamente," disse ela, assentindo; logo depois, correu para fazer a vontade dele,

deixando-o fazer as próprias malas.


***
Eles desembarcaram no aeroporto de Paris dez horas mais tarde, depois de um voo muito
tenso. Tamir estava repleto de preocupação com seu amigo, e passou a maior parte do voo

andando em torno da espaçosa cabine. Durante as vezes em que ele se sentou, ela tomou sua mão
ou colocou os braços ao redor dele e o segurou, dizendo ou fazendo absolutamente nada, a não
ser oferecer-lhe apoio e conforto. Mas na maior parte do tempo, ela o deixou andar para
extravasar sua ansiedade e frustração, sabendo que havia pouco a ser feito antes de ele
aterrissar e alcançar seu amigo.
Dr. Fontaine, um francês alto e loiro, que por um acaso era um dos melhores cirurgiões de
toda a Europa, encontrou-se com eles no aeroporto e foi, de carro, com eles para o hospital. Era
uma instalação bem degradada no centro de Paris, pouco mais do que uma clínica, mas os médicos
pareciam bem-intencionados, ainda que abatidos. Uma enfermeira levou-os imediatamente para

uma das poucas salas, onde Jules - amigo de Tamir - foi localizado.
O pequeno quarto de hospital, meramente adequado, parecia completamente cheio quando
entraram, embora os dois únicos visitantes no quarto fossem um jovem e uma mulher mais velha que
pareciam ser seu irmão e sua mãe. "Ah, muito obrigada, Tamir," a mulher, que tinha mais cabelo
grisalho que louro, disse enquanto se levantava de sua cadeira ao lado da cama. "Eu não tinha
certeza se seria capaz de chegar para dizer adeus."
"Tamir," o homem deitado na cama engasgou com a voz rouca. Tamir estava ao seu lado
instantaneamente, agachando-se para que pudesse encarar o homem ao nível dos olhos, e
tomando a mão dele.
"Jules," disse ele gravemente. "Sinto muito por não ter conseguido chegar aqui mais rápido."

"Sim, bem, você não é o super-homem, oui?" Jules disse, forçando um sorriso que era muito

reminiscente daquele que Tamir gostava de dar a ela. Isso trouxe lágrimas inesperadas a seus
olhos, e ela piscou-os rapidamente. "Você chegou aqui assim que pôde, e sou grato pela chance de

dizer adeus ao meu melhor amigo." Seus olhos pousaram sobre a Laura, e estreitaram-se um pouco
malandramente, apesar de sua condição. "E quem é sua amiga gata aí?"
Tamir riu fracamente, sem querer. "Você sempre foi um bastardo sem pudor," disse ele,
sorrindo. "Jules, esta é Laura McKinnon, o amor da minha vida, com quem estou esperançoso de me

casar em breve. Ela é dos Estados Unidos."


"Uma mulher americana?" Jules arqueou uma sobrancelha, ou pelo menos tentou - seu rosto
estava suturado em vários lugares, o braço direito engessado, e parecia um pouco difícil para ele
se mover. "Ora essa. Agora eu vi de tudo. Você deve ser muito especial," ele confidenciou a Laura.
"Tamir nunca teria considerado se casar com uma americana durante os nossos dias em Oxford. Ele
namorou muitas delas, mas -"
Ele teve um acesso de tosse que, então, continuou por alguns minutos, para o alarme de
todos. Bem quando Laura pensou que eles deveriam chamar o médico, a crise diminuiu e Jules caiu
contra a cama, pálido como um cadáver e exausto, seu cabelo loiro encharcado de suor,

apontando para todas as direções.


"Sinto muito," ele chiou, lançando um olhar para Tamir. "Parece que eu não tenho muito tempo
neste mundo agora."
"É aí que você está errado," Tamir disse, confiante, claramente fazendo o seu melhor para
parecer no controle, apesar do pânico revirando-se por trás de seus olhos de prata. "Eu trouxe o
melhor cirurgião do continente aqui para cuidar de você."
Os desbotados olhos castanhos de Jules olham cansado para a porta quando Dr. Fontaine
entrou, uma vez que fora anunciado. "Eu não posso pagar," ele bufou, e seu monitor de frequência
cardíaca começou a subir, os sinais sonoros vindo mais rapidamente.
O médico simplesmente sorriu, vindo ao redor da cama para acariciar a mão de Jules. "Não

se preocupe com o custo," disse ele a Jules. "O xeique é um bom amigo meu, e estou feliz em fazer

isso de graça, como um favor para ele. Eu espero que você viva uma vida muito longa e saudável
depois que eu terminar, eu estava olhando o seu prontuário e raios-x e o prejuízo em seus pulmões

é bastante tratável com o procedimento correto."


Esperança brilhou nos olhos de Jules, e sua mãe e irmão chegaram a se levantar. "Você tem
certeza?" Ela perguntou, torcendo as mãos. "Você pode curar meu filho?"
"Eu não posso prometer nada," Dr. Fontaine advertiu. "Mas sim, estou razoavelmente certo de

que, uma vez transferido para minhas instalações e realizada a cirurgia adequada, ele possa
fazer uma recuperação completa."
"Ah, obrigada, muito obrigada!" Ela atirou-se no médico e abraçou-o com força. O médico,
por sua vez, aceitou seu entusiasmo graciosamente, batendo gentilmente nas costas dela.
Laura apertou o ombro de Tamir e sorriu para ele. Ele sorriu de volta para ela, esperança
brilhando em seus olhos, embora as sombras não tivessem completamente desaparecido, e ela
sabia que não desapareceriam até que Jules estivesse bem. "Ele vai ficar bem," ela disse a ele.
"Sim. Sim, ele vai."
Capítulo Oito

Cinco horas e meia mais tarde, a maior parte do tempo gasta sentados na sala de espera

no Centro Médico Fontaine, Dr. Fontaine saiu da cirurgia para falar com eles. "Ele está
descansando agora," ele disse. "A cirurgia foi um sucesso."
O sentimento de alívio que invadiu Laura não era nada quando comparado ao turbilhão que
Tamir devia ter sentido ao pular de seu assento. "Ele está bem?" Ele exigiu do doutor. "Podemos...
vê-lo agora?"
O doutor hesitou. "Eu gostaria que só entrassem dois visitantes de cada vez," ele
recomendou. "Ele ainda está muito fraco e não quero sobrecarregá-lo."
"Você vai," a mãe de Jules falou para Tamir, sua voz trêmula com lágrimas de alegria. Ela
sorriu para Tamir e deu um tapinha no ombro dele. "Se não fosse por sua ajuda, ele não estaria

vivo."
Tamir apenas balançou a cabeça e tomou a mãe de Jules em seus braços. "E se não fosse
por você, ele nem sequer existiria," ele disse a ela, beijando o topo de seu cabelo grisalho. "Você
vai e o vê primeiro."
Lágrimas escorreram pelo rosto dela. "Obrigada. Muito obrigada."
Ela e seu outro filho foram levados de volta para a sala com o médico, e Tamir e Laura se
sentaram novamente. "Estou tão feliz por vocês dois," disse ela, pegando sua mão e apertando-a.
"Eu sei que teria sido devastador para você se ele não tivesse superado."
Ele assentiu. "Teria. Fomos para Oxford juntos, e éramos colegas de quarto. Ele foi um dos
primeiros amigos estrangeiros que fiz, e nós fazíamos tudo juntos. Eu... eu não o via há alguns anos,

e me sinto terrível por esta tragédia ser a única razão pela qual eu voei para cá." Seus olhos

brilharam com mais culpa.


Laura sacudiu a cabeça e tomou-o em seus braços. "Não diga coisas assim. Tenho certeza de

que ele entendeu perfeitamente. Você é o governante de um país, Tamir. Você tem mais
responsabilidades do que a maioria das pessoas pode imaginar." Ela deu um beijo em sua cabeça.
"Ainda assim, isso não significa que eu não deva ser capaz de ter tempo para as pessoas
que amo," ele murmurou no pescoço dela, embora ele não mais parecesse tão zangado consigo

mesmo. "Eu vou mudar isso, porém, assim que voltar. A vida é temporária, e devo valorizar meus
amigos enquanto ainda estamos todos juntos neste plano de existência."
Culpa a fez se contorcer um pouco em seu assento. "Você... tem passado muito tempo
comigo," ela sussurrou em seu cabelo. "Isso significa que você tem negligenciado outras pessoas, a
fim de me entreter?"
Ele levantou a cabeça para olhá-la nos olhos, sua expressão cheia de paixão ardente.
"Nunca me sinto mal com isso, laeela," disse ele ferozmente. "Você é meu amor, e eu não me
arrependo de nenhum momento que passamos juntos. Não foi um sacrifício, foi um prazer."
Ele tomou seu rosto entre as mãos e beijou-a profundamente, fazendo sua cabeça girar. Mas

mesmo assim ela sentiu culpa, como uma agulha quente e afiada, através de seu coração. Ela foi
tão egocêntrica que não havia considerado que talvez ele estivesse colocando coisas mais
importantes de lado para poder passar tempo com ela. E para quê? Só para que ela pudesse ter
um período de férias, se divertir em torno dos jardins do palácio e fazer sexo selvagem e
apaixonado, tudo para que ela o abandonasse no final?
Sentindo-se horrível, ela interrompeu o beijo e se afastou.
"Laeela?" Ele perguntou, pegando sua mão. "O que foi?"
Ela balançou a cabeça, não querendo dizê-lo seus pensamentos depois de ele ter acabado
de passar por uma situação tão horrível. "Eu... Eu só estou pensando," disse ela, sua mente girando
enquanto tentava encontrar uma mudança adequada de assunto. "Por que... por que é que Jules

não pôde pagar o tratamento, sendo que ele frequentou Oxford com você? Não é incrivelmente

caro estudar lá?"


Ele assentiu. "Sim, mas Jules tinha uma bolsa de estudos. Ele estava estudando antropologia,

ele faria escavações, descobriria coisas e ficaria famoso. Ele era tão brilhante e capaz." Sua
expressão tornou-se triste. "Mas seu pai teve câncer e ele teve de ficar em casa e ajudar a cuidar
dele e cobrir as contas médicas adicionais. Teve um preço."
"Tudo bem," disse o médico, voltando com a mãe e o irmão de Jules. "Vocês podem vir e vê-

lo agora."
***
No momento em que voltaram para o quarto de hotel, eles estavam exaustos, mas aliviados
e muito, muito felizes. Jules falou com eles por um tempo, inicialmente agradecendo Tamir de forma
enfática por salvar sua vida e dizendo que ele estava em dívida e que se Tamir precisasse de
alguma coisa dele, só precisaria falar. Tamir se recusou a aceitar, dizendo que melhores amigos
eram os amigos que fariam um pelo outro tudo o que precisassem e que ele esperava que seu
amigo fizesse algo semelhante se algo tivesse acontecido com ele. Ele também disse a ele que um
dos principais antropólogos no Oriente Médio estava à procura de um assistente, e que ele iria

recomendar Jules assim que ele estivesse bem o suficiente. Tamir tinha sido regado com tantos
agradecimentos da mãe de Jules que Laura estava surpresa por ele não ter se afogado sob a
avalanche. Mas, como de costume, ele aceitou tudo com a graça e desenvoltura condizentes com
um líder real.
No final, os dois amigos ficaram rememorando seus dias em Oxford por um tempo, trocando
histórias, as quais Laura achou charmosas. Aparentemente, Tamir tinha sido uma estranha mistura
de estudioso e brincalhão enquanto estudou em Oxford - ficando acordado até tarde e fazendo
horas extras na biblioteca, mas sem medo de fazer uma brincadeira ou outra com seus amigos, e,
sempre que podia, arrastava Jules naquelas travessuras.
Ela estava começando a realmente conhecer aquele homem - não apenas um líder

apaixonado por seu país, mas também alguém que realmente se preocupava com seus súditos e

seus amigos, e tinha um lado selvagem também.


"Ah, eu estou tão feliz que finalmente chegamos," disse ela, gemendo ao cair na cama de

dossel king-size, com sua colcha amarela-limão. O restante da suíte era igualmente colorido -
amarela-limão e branca, com grandes janelas e cortinas rendadas em cada quarto, permitindo
muita luz, e, ao mesmo tempo, privacidade.
"Eu odeio dizer isso..., mas eu também," ele concordou, tirando o casaco e os sapatos. Laura

tinha apenas energia suficiente para tirar seus próprios sapatos antes de Tamir deitar-se na cama
ao lado dela e puxá-la contra ele, enterrando o nariz no cabelo dela, na parte de trás de seu
pescoço, enquanto deitava em concha com ela.
"Obrigado de novo," ele murmurou em seu cabelo. “Por você ter vindo."
"Não por isso," disse ela, acariciando as mãos dele, que estavam enroladas na frente da
barriga dela, delicadamente. Eles ficaram ali, daquele jeito, por um tempo, simplesmente contentes
por estarem lá, um com o outro, e ela olhou pela janela para a vista deslumbrante da Torre Eiffel
projetando-se para o céu na distância, suas pálpebras ficando pesadas até que ela caiu no sono.
Quando ela acordou, algumas horas mais tarde, a Torre Eiffel ainda estava lá, mas o céu

por trás dela, que era azul e com inchadas nuvens quando ela tinha adormecido, tornara-se agora
um caleidoscópio de cores - vermelho-sangue e fúcsia misturados com um lindo amarelo-narciso,
todos cruzando o céu e misturados com pequenas pinceladas de roxo aqui e ali para dar
destaque. Foi o mais belo pôr do sol que ela já tinha visto, mas ela estava um pouco distraída pela
vista, pois algo duro e insistente estava cutucando sua parte inferior.
Aquela coisa dura e insistente pertencia a Tamir, é claro.
Ele deixou escapar um pequeno gemido sonolento, remexendo-se um pouco, e sua ereção
esfregou-se contra o traseiro dela novamente, enviando uma descarga de desejo ardente nela.
Sua cabeça caiu para o topo do pescoço dela, e ela gemeu um pouco quando sentiu os lábios dele
roçando sua pele suavemente, e, então, a língua dele passeou, lambendo o local antes que ele

mordiscasse. Ela se arrepiou um pouco quando ele provocou sua pele com a boca, esfregando-se

contra a sua ereção novamente, e ela ouviu-o sugar o ar atrás dela.


"Acho que você está acordada agora," ele murmurou, sua respiração quente contra seu

ouvido. Ela suspirou novamente quando a língua dele passou por seu lóbulo, arrastando-se ao
longo da curva e enviando um arrepio através dela, seguido por uma certa dor entre suas pernas.
"Sim," ela concordou e, em seguida, virou-se em seus braços para que ela pudesse capturar
seus lábios com os dela. Ela o beijou lentamente, deslizando as mãos sinuosamente pelos braços

dele para se emaranhar em seus cabelos enquanto acariciava sua língua com a dela. Depois de
toda a emoção das últimas dezesseis horas, ela só queria saboreá-lo, levar as coisas devagar,
apreciar que ambos estavam vivos, bem e saudáveis o suficiente para apreciarem ao máximo um
ao outro.
"Tire seu vestido," ele murmurou contra os lábios dela, puxando a bainha de seu vestido
cinza. Para variar, ela estava usando uma roupa ocidental - ela escolheu um vestido cinza sem
mangas que era profissional e, pelos padrões ocidentais, apropriado, aproveitando a chance de
vestir roupas normais novamente.
Concordando, ela o rolou sobre as próprias costas e, em seguida, montou nele e se sentou

para que pudesse tirar o vestido. Ela fez isso lentamente, elevando-o centímetro por centímetro ao
longo de seu tórax, como uma espécie de strip-tease, e, então, arqueou as costas para chamar a
atenção para seus seios ao serem revelados. Por baixo do vestido, ela usava renda azul - um sutiã
push-up e uma calcinha boxer - e os olhos dele brilharam quando ela jogou o vestido de lado e
esticou os braços sobre a cabeça, para trás, posando para ele com um sorriso provocativo.
Ele sorriu, brincando com as extremidades da renda do sutiã. "Você se vestiu para mim,"
disse ele.
Ela lhe deu um sorriso tímido. "Eu queria lhe dar algo para sorrir no final desse suplício."
"Bem, você certamente conseguiu." Ele reclinou-se por um momento e cruzou os próprios
braços por trás dela, seus olhos de prata olhando-a de cima a baixo. "Eu gosto muito deste

ângulo," ele disse a ela.

Ela riu um pouco, então se inclinou para desabotoar sua camisa branca. "Tenho certeza que
sim." Seus seios balançaram um pouco para frente quando ela fez isso, dando-lhe uma visão de

dar água na boca - e isso tinha sido parte da intenção dela, é claro, e ela sorriu com a fome que
brilhava nos olhos dele. A fome dela, por sua vez, também queimou no fundo de sua barriga
quando ela expôs os tensos músculos abdominais dele, e ela passou as mãos, avidamente, em sua
pele bronzeada, querendo sentir a pele lisa e os sulcos e curvas de seu abdômen sob os dedos.

"Você é tão bonito," ela murmurou, inclinando-se para beijar-lhe o diafragma. "Tão
surpreendentemente bem formado, como um Adonis. Tenho certeza de que as estátuas de
Michelangelo estão extremamente enciumadas."
Ele riu, o som profundo e rico invadindo-a, fazendo com que ela se sentisse quente e
inebriada por dentro à medida que ele a olhava com seus cílios extraordinariamente longos e
grossos. "Você não precisa me bajular, laeela," disse ele, pegando-a pelos ombros e puxando-a
para si.
"Não, mas eu quero."
Seu sorriso suavizou; em seguida, ele voltou sua atenção de seu rosto para seus seios. Ele

abriu o fecho frontal de seu sutiã, permitindo que os seios dela derramassem em suas mãos
grandes, e lambeu e chupou seus mamilos, um por um, esbanjando-os com atenção. A bola de
desejo em sua barriga ficou maior, mais quente, mais apertada, e ela se agarrou a ele, pequenos
gemidos ecoando de sua garganta.
"Você é realmente talentoso com essa sua língua," ela gemeu, seu corpo tremendo conforme
ele a reduzia a uma poça de necessidade.
"Lá vai você com a bajulação de novo." Ele sorriu para ela, então deslizou a mão entre as
pernas dela para acariciar através da calcinha novamente. "Já molhada," ele murmurou, seus olhos
escurecendo de paixão, novamente.
"Toque-me," ela gemeu, esfregando-se contra a mão dele. Ela estava pulsando por seu

toque, inchada ao sentir os dedos diretamente contra sua vagina, esfregando contra suas dobras,

brincando com seu clitóris, deslizando para dentro e para fora dela. E ele não decepcionou,
agarrando o pedaço de renda e puxando até que rasgasse na costura, caindo. Ela estava tão

necessitada, tão quente e tensa por ele, que ela nem se importava por ele destruir uma de suas
peças favoritas de roupa íntima; ela simplesmente gemeu mais alto quando a palma da mão dele
entrou em contato direto com suas dobras.
"Sim," ele respondeu, asperamente, enquanto a acariciava. "Mais alto. Eu quero ouvir você

gemer para mim."


"Aaaahh..." ela engasgou quando ele deslizou um dedo dentro dela, pressionando contra seu
ponto G. Ela agarrou seus ombros e manteve-se firme quando um arrepio passou através de seu
corpo, e então, gemeu de novo quando ele acrescentou outro dedo, esticando-a um pouco mais.
Seus dedos deslizavam dentro e fora dela, pressionando contra seu ponto fraco mais e mais,
enquanto murmurava palavras doces para ela em árabe, seu idioma nativo. Ela aprendeu algumas
coisas, e reconheceu algumas das palavras de carinho que ele falou - "minha doce rosa" e "minha
estrela brilhante" - e elas aqueceram seu coração até que ela explodiu, o orgasmo se espalhando
como fogo selvagem, roubando-lhe o fôlego.

"Você é minha," ele rosnou em seu ouvido, sua voz escura e possessiva, e naquele momento
ela sabia que era totalmente verdade. Ela era dele, corpo e alma, e ela faria qualquer coisa para
ouvi-lo falar seu nome com aquela voz reverente e sentir as mãos dele sobre ela, e nela.
Ansiedade correu por suas veias quando ele agarrou seus quadris e os puxou de modo que
pudesse posicionar a cabeça de seu pênis em sua entrada. Ela tremia enquanto ele pressionava a
cabeça contra suas dobras, revestindo-se com sua umidade antes de empurrar dentro dela com um
impulso suave.
"Oh Allah," ele gemeu, sua cabeça inclinada para trás, seus olhos rolando para o céu. "Você
é tão boa, laeela."
"Você também," ela inspirou enquanto seu pênis pulsava dentro dela. Ela se inclinou para

frente, seus longos cabelos caindo para a frente, formando uma cortina em torno deles conforme

ela o beijava. Suas línguas deslizaram, e seus corpos também, à medida que ela levantava e
abaixava os quadris, repetidamente, o pau dele entrando e saindo conforme ela o montava,

agradável e lentamente. Ela não queria que isso acabasse, percebeu que não queria que nada
disso chegasse ao fim. Washington, de repente, pareceu muito distante, como um outro mundo, um
lugar frio, solitário e cheio de trabalho monótono e uma brilhante vida de festas que não tinham
nenhum significado; nada além de ficar tonta, embriagada de bebidas e talvez uma transa rápida.

Não havia nada do calor e segurança, nada da paixão e do amor, nada dos sorrisos e
gargalhadas que ela experimentou com Tamir.
Quando ela gozou, o orgasmo foi nada menos que pura felicidade, os braços dele em volta
dela e sua cabeça aninhada no ombro dele. Ele acariciou suas costas com suas mãos grandes,
ainda murmurando aquelas palavras doces em seu ouvido, e mais uma vez voltaram a dormir
juntos.
Capítulo Nove

Eles passaram mais um dia em Paris, visitando Jules, que estava se recuperando tão bem da
cirurgia que o médico o enviou para casa, para repousar em sua cama. Eles também separaram

um tempo para ver alguns dos pontos turísticos - subir ao topo da Torre Eiffel, fazer um passeio de
vela pela cidade sobre o Sena e jantar à luz de velas na água, andar em uma carruagem puxada
por cavalos pelas ruas e até mesmo fazer passeio turístico privado, de bastidores, no Louvre. No
momento em que eles voltaram ao jato e se dirigiram de volta para Dubai, Laura estava mais

convencida do que nunca que seu futuro não estava em Washington, mas com Tamir, ao seu lado.
A questão era se isso significaria ou não que ela estava disposta a se casar com ele e se
tornar a rainha consorte de Dubai - ela pensou consigo mesma enquanto olhava pela janela,
brincando com o bracelete em seu pulso. Era de ouro, com esmeraldas e pérolas inseridas - um
presente que ele tinha comprado para ela quando eles estavam vendo as vitrines em Paris. Ela não
protestou, nem sequer pensara duas vezes quando ele colocou o bracelete em torno de seu pulso e
sacou o cartão de crédito, e isso já não dizia tudo? O fato de ela estar confortável o suficiente ao
lhe permitir comprar presentes caros?
Mas a questão não era necessariamente se ela estava ou não confortável com ele - ela

admitiu para si mesma ao observar o horizonte de Dubai crescendo, conforme chegavam mais
perto. A verdadeira questão era se ela estava ou não confortável consigo mesma, confortável o
suficiente para se despojar de ser americana, como uma mulher independente e totalmente
comprometida com o papel que ela sabia que teria de desempenhar caso se decidisse pelo
casamento com Tamir.
Seria muito mais fácil se fôssemos americanos, ela pensou consigo mesma, desanimada. Então
poderíamos viver juntos, em um apartamento, ou talvez até mesmo comprar uma casa ou algo assim,
mas não nos casarmos. Por que nós temos de nos casar?
Não seja ridícula, uma voz em sua cabeça disse. Você sabe o tipo de cultura em que ele vive.

Seria absolutamente inadequado para vocês dois viver juntos sem se casarem. Se vocês dois vão ficar

juntos, terão de se casar. Não é como se vocês fossem duas celebridades que pudessem sair por aí
fazendo o que quiser, aproveitando-se de sua reputação sórdida, como se tudo estivesse bem! E as

pessoas. Ele representa uma nação inteira, e ele tem de defender os valores delas.
Não que isso fosse difícil para Tamir, ela refletiu enquanto olhava para ele. Ele estava
sentado do outro lado do estreito corredor que os separava, equilibrando o tornozelo em cima de
seu joelho oposto, um jornal de Dubai aberto na frente dele, que examinava os artigos mais

recentes. Ele podia ser um pouco mais ocidentalizado que alguns dos outros líderes dos Emirados
que ela conhecera, mas, ainda assim, era um príncipe islâmico e suas ações refletiam isso. Ele
realmente acreditava em seu povo, seu país e sua fé.
Como se sentisse seu olhar, ele abaixou o jornal e a olhou com um sorriso. Seu coração
inchou um pouco quando ela olhou para seu lindo rosto - era difícil acreditar que esse homem
maravilhoso, esse rico príncipe, ia para a cama com ela todas as noites e só tinha olhos para ela.
"Você está ansiosa para voltar para casa?" Ele perguntou, inclinando-se para tomar-lhe a
mão.
"Eu estou ansiosa para estar de volta ao palácio," ela confessou, ainda não totalmente

disposta a se comprometer o suficiente para chamar o palácio de "casa". "Sinto muita falta de meu
quarto, dos jardins, e de ser mandada para cima e para baixo pela Jemma."
Ele riu, seus olhos prateados cintilando. "Bem, tenho certeza de que as coisas vão voltar ao
normal em breve," disse ele, recostando-se no assento.
Sim, nos próximos dias, Laura pensou, mordendo o lábio. E então ela teria de voltar para
casa. A ideia a enchia de um sentimento de desânimo; ela não queria voltar à vida que conhecia,
não agora que ela sabia de quanta alegria e prazer poderia desfrutar com o homem certo em
sua vida.
Você tem que dizer a ele, uma voz sussurrou em sua cabeça. Você tem que dizer a ele que o
ama e deseja ficar.

Ela abriu a boca, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Por mais que tentasse,

ela não conseguia passar as palavras pela bola de medo em sua garganta. Frustração a
preencheu ao tentar descobrir o que diabos estava errado com ela, mas antes que ela pudesse

transpor seu bloqueio mental, o avião sacudiu-se ao contatar a pista, sinalizando que eles tinham
pousado.
"Ah," disse Tamir, radiante quando olhou pela janela conforme o aeroporto de Dubai se
aproximava deles. "lar, doce lar."

***
Definitivamente não era lar, doce lar.
No momento em que Laura e Tamir finalmente voltaram ao palácio, a única coisa passava
pela mente de Laura era um banho agradável e quente, e uma longa soneca, seguida do jantar e
sexo espetacular. E em algum lugar dentro desse itinerário, ela diria a Tamir que o amava.
Mas quando eles saíram do carro e se dirigiram aos degraus para o palácio, Rani estava
esperando por eles logo na entrada, ao lado de uma das colunas de ouro. E ao lado dela estava
uma belíssima jovem vestida com um kaftan verde-mar e cheia de joias de ouro e pérolas.
"Bem-vindo de volta, meu filho." Rani avançou, um largo sorriso no rosto. As pulseiras de ouro

nos pulsos dela tilintaram quando ela abriu os braços para que pudesse abraçar o filho.
"Obrigado, mãe." Laura observou Tamir abraçar sua mãe, olhando por cima do ombro dele
para a outra mulher que ainda estava de pé a uma discreta distância. "Eu não sabia que você
tinha uma convidada."
"Ah, sim; bem, eu não queria perturbá-lo enquanto você estava fora," Rani disse suavemente,
dando um passo para trás. Ela acenou com o braço em direção a outra mulher, que se aproximou.
"Esta é a princesa Parvati de Sarq. Ela está de visita por alguns dias."
Os olhos de Tamir piscaram em surpresa, mas se ele tinha objeções, ele não as expressou.
"Al-Salaam alaykum," disse ele, inclinando a cabeça para ela.
Ela respondeu com uma reverência profunda, baixando seus longos cílios enquanto

mergulhava a cabeça em direção ao chão. Seus olhos estavam delineados com kohl; suas

pálpebras, brilhantes com um pó bronze-empoeirado que trazia cor a seus olhos escuros, e Laura
sentiu um surto de ciúmes com sua beleza exótica e maquiagem habilmente aplicada.

"Wa alaykum e-salaam," ela respondeu com uma voz que soava como sinos cantando ao
vento. Será que ela realmente tem que soar tão linda quanto seu visual? Laura pensou, irritada
consigo mesma, resistindo à vontade de secar mulher. Ela já havia percebido, pelo canto do olho,
que Rani estava observando a reação dela, então ela tomou cuidado para não demonstrar nada

por sua expressão facial. "Eu agradeço por sua hospitalidade, Sua Alteza," Parvati ronronou ao se
levantar de sua reverência, o olhar esfumaçado nos olhos inequivocamente sedutor. "Estou ansiosa
para que me mostre os arredores de sua linda casa."
Os olhos de Tamir estreitaram-se ligeiramente. "Tenho certeza de que minha mãe é mais do
que capaz de organizar um passeio para você," disse ele, intrigado. "Peço desculpas por não ser
capaz de lhe dar minha atenção pessoal, mas eu não sabia que você viria e não tive tempo para
me preparar." Ele passou os dedos ao redor do cotovelo de Laura e puxou-a para frente. "Eu
tenho uma outra convidada aqui, que não posso negligenciar."
Os olhos de Parvati estreitaram-se ligeiramente ao contemplar Laura, mas o sorriso

agradável nunca deixou seus lábios perfeitamente pintados. "Entendo. E quem é sua amável
convidada, se é que posso perguntar?"
"Meu nome é Laura McKinnon," Laura respondeu, cansada de ser deixado de fora da
conversa. "Eu recebi a grande honra de ser convidada do emir durante as duas últimas semanas, e
venho aprendendo mais sobre Dubai e o Oriente Médio com a minha estadia."
Parvati simplesmente fungou, virando seu olhar, agora reprovador, de volta para Tamir.
"Uma americana," disse ela. "Então ela não tem título e nem terras, e ainda assim você tem tão alta
estima por ela que não consegue encontrar um tempo para mim, filha de um de seus aliados?"
Raiva brilhou nos olhos de prata de Tamir, mas ele simplesmente se curvou. "Minhas
desculpas, princesa. Não quero ofender. Eu naturalmente separarei algum tempo para lhe

encontrar enquanto você estiver aqui."

"Espero que sim," a princesa disse, maliciosamente, reunindo as dobras de seu kaftan quando
se virou. "Eu não percorri todo o caminho, desde Sarq, para ser rejeitada pelo xeique do próprio

país em que estou ficando."


Ela deixou o hall de entrada com um açoite de sua saia, pequenos sinos na bainha de seu
kaftan tilintando conforme ela se deslocava, e Rani a seguindo, mas não antes de disparar um
olhar afetado para Laura.

***
O resto da noite foi cheio de tensão. Laura tomou o banho que esperava, e tentou deitar e
cochilar, mas era difícil relaxar quando tudo o que podia pensar era que aquela princesa altiva e
detestável havia bailado pelo palácio e praticamente instituído um concurso, dizendo, sem muitas
palavras, para Laura, que ela estava aqui por Tamir e que não havia nada que Laura pudesse
fazer sobre isso.
Até parece, Laura pensou ao se virar, de costas, para olhar para o teto. Seus olhos
acompanharam os padrões no estuque conforme sua mente se agitava. Eu não vou deixá-la tomá-lo
de mim. Vou lhe dizer nesta noite, quando ele me levar para jantar. Vou lhe dizer que o amo e que

quero ser sua rainha. Então, ela não terá escolha a não ser ir embora.
Decidida em seu curso de ação, e sabendo que não conseguiria cochilar mesmo, ela se
levantou da cama e foi até o closet para escolher seu melhor kaftan. Era uma linda seda azul-
escura com bordados de prata e um cinto frisado para combinar, peças que couberam nela como
uma luva. Ela colocou-as em seu corpo e, em seguida, foi para a sua penteadeira para aplicar a
maquiagem, optando pelo natural, ao contrário do visual carregado que princesa havia usado. Ela
acrescentou um par de brincos pendentes de prata e pulseiras de prata, e, depois de um momento
de reflexão, optou por deixar seu cabelo solto - a princesa tinha mantido os dela cobertos por um
hijab, então ela faria o oposto.
Ela queria que Tamir a apreciasse por seus próprios traços, e ela não conseguiria isso

tentando imitar o estilo da princesa.

Ela pegou um frasco de perfume de jasmim na bancada; em seguida, borrifou-o em sua mão
para que ela pudesse passar um pouco atrás das orelhas e na parte inferior de sua garganta. Ao

fim, ela sentou-se na cama com um livro, olhando para o relógio a cada poucos minutos. Eram dez
para as seis, e Tamir deveria buscá-la para o jantar às seis horas em ponto.
Aos quinze minutos depois das seis, ela largou o livro com um suspiro desapontado.
Claramente, ele estava atrasado, em de suas reuniões, mais uma vez - ele avisou que isso poderia

acontecer. Não querendo ficar enfiada no quarto, ela deixou a solidão de seus aposentos e saiu
para o pátio adjacente à sala de estar. Havia um caminho que levava para fora do pátio de
pedra, diretamente aos jardins do palácio, e ela o seguiu, com a intenção de caminhar entre as
árvores de manga e arbustos floridos por apenas alguns minutos antes de voltar para dentro e
esperar por Tamir.
Mas ela não percorreu mais do que dez metros nos jardins antes de ter o choque de sua
vida.
De pé, à sombra de um dos laranjais, apoiado, reto contra um tronco de árvore, estava
Tamir. Mas ele não estava sozinho. Suas mãos estavam sobre os ombros da Princesa Parvati, e os

dois estavam presos em um úmido e apaixonado beijo de língua que não parecia que acabaria
tão cedo.
Capítulo Dez

"Ah, me desculpe, estou interrompendo alguma coisa?"


Tamir instantaneamente empurrou a princesa de volta quando a voz gelada de Laura

estalou como um chicote através do ar. A princesa tropeçou para trás sobre uma rocha, mas o
perverso prazer que Laura sentiu ao ver Parvati cair de bunda não foi suficiente para mascarar a
dor que ardia dentro de seu peito.
"Laeela." Os olhos de Tamir arregalaram-se, em pânico, ao repousarem nos dela, enquanto

ele levantava as mãos em súplica. "Isto não é o que parece. Eu não a beijei, ela me beijou."
"Ah, é?" Parvati perguntou maliciosamente enquanto se levantava. "Porque, de onde eu
estava, parecia-me muito que você estava retribuindo o beijo." Ela lançou um sorriso de satisfação
a Laura.
"Não!" As bochechas de Tamir coraram quando ele olhou para a princesa. "Não é assim. Ela
me disse que queria me encontrar nos jardins para conversar, e então ela me apoiou contra o
tronco e -"
"E como o homem pequeno e impotente que é, você não teve forças para resistir ao ataque."
Laura cruzou os braços sobre o peito, incapaz de acreditar no que estava vendo e ouvindo. "Você

realmente espera que eu acredite uma desculpa tão esfarrapada?" Lágrimas queimavam a parte
de trás de seus olhos, mas ela se recusou a mostrar fraqueza na frente da princesa, que se
parecia com um gato que acabara de lamber todo o creme da tigela.
"Ah, isso não é necessário," disse Rani atrás deles. Laura virou-se para vê-la de pé ao lado
de uma formação floral, um sorriso malicioso no rosto. "Tamir não sabia nada sobre isso. Eu que
armei a situação."
Alívio varreu Laura, seguido por uma boa dose de raiva que lhe pedia para socar o sorriso
do rosto de Rani. Mas não era nada em comparação com a raiva que transformou o rosto de Tamir
quando ele deu um passo em direção a sua mãe. "Como se atreve!" Ele se enfureceu, elevando-se

sobre ela como um gigante prestes a esmagar um rato. "Você trouxe uma princesa de Sarq para

me seduzir?"
"Não, eu trouxe uma princesa de Sarq para casar com você," Rani corrigiu, e, se ela estava

intimidada, não deixou transparecer. "É hora de você parar de brincar, Tamir. Você precisa
escolher uma noiva, e forneci uma para você."
"Eu não preciso de uma noiva!" Tamir gritou, jogando os braços no ar. "Eu tenho Laura." Ele
se virou para ela, e Laura sorriu radiante, dando um passo em direção a ele quando ele fez um

sinal com a mão estendida. "Ela vai ser minha noiva."


"Ah é?" Disse Rani. "Porque não é isso que eu ouvi."
Laura congelou no meio do caminho, e Tamir virou lentamente para encará-la. "E o que você
quer dizer com isso?" Ele perguntou, sua de voz escurecendo.
Rani simplesmente virou o nariz para ele. "Eu questionei a garota sobre seus motivos no dia
em que chegou aqui, e ela me disse, em termos inequívocos, que ela estava aqui apenas para
desfrutar de Dubai, e que ela não tinha a intenção de se casar com você. Ela disse que iria
embora para os Estados em três semanas, não importando o que acontecesse." Ela colocou a mão
no braço de Tamir, seus olhos suplicantes agora. "Você entende por que eu tive de fazer isto

agora. Eu não podia permitir que você continuasse a cortejar essa mulher sabendo que nada de
frutífero surgiria."
O coração de Laura caiu direto para as solas dos seus sapatos quando Tamir se voltou para
ela, um olhar ferido em seu belo rosto. "É verdade?" Ele perguntou, a voz suplicante, como se
implorando-lhe para dizer que não era assim. "Você disse estas palavras para minha mãe?"
Laura abriu a boca para lhe dizer que não era, que ela queria casar com ele e que o
amava. Mas ela não podia mentir para ele, não com sua mãe em pé ali e com ele olhando para
ela, o coração em seus olhos. "É verdade," ela murmurou, desviando o olhar. "Eu disse mesmo essas
coisas quando eu cheguei aqui."
"Então não era verdade quando você disse que tudo de que precisava era mais tempo para

se apaixonar por mim," Tamir disse amargamente, balançando a cabeça. "Você nunca quis ficar

aqui comigo."
"Tamir, eu -"

"Você não precisa continuar a ouvir suas palavras envenenadas," Rani interrompeu. "Tamir,
por favor, apenas diga e eu vou colocá-la no primeiro jato -"
"Todas as palavras de vocês são venenosas," ele retrucou, puxando o braço para fora do
alcance de sua mãe. Ele olhou duramente para todas elas e, em seguida, saiu do jardim sem olhar

para trás. "Todas elas."


***
Laura levantou a cabeça do travesseiro molhado de lágrimas quando uma batida soou em
sua porta. À sua direita, o sol empinava-se no horizonte, enviando feixes de uma pálida luz rosa
que ondulava através das cortinas de sua janela e através de sua colcha.
"Estou indo," ela resmungou, afastando cobertas da cama para que pudesse alcançar o
manto pendurado em um suporte perto de sua penteadeira. Olhando no espelho, ela fez uma
careta para seu reflexo - seus olhos e nariz estavam inchados e amassados de tanto chorar, sua
pele - normalmente limpa - manchada, e seus cachos eram uma bagunça crespa, disparando para

todas as direções.
Ela pensou em ir ao banheiro para jogar um pouco de água no rosto, mas a batida soou na
porta de novo, impaciente agora, e ela suspirou. O que importava seu visual? Tamir iria expulsá-la
mesmo. Ele realmente não tinha vindo para a cama na noite passada, desde que a deixara no
jardim com Rani e Parvati, e quando ela questionou os servos sobre onde ele estava, eles a
disseram que ele estava em seus aposentos e que não queria ser perturbado.
Ele provavelmente passou a noite com Parvati, ela pensou com amargura, estendendo a mão
até a maçaneta da porta para abri-la.
Para sua surpresa, Tamir não parecia muito melhor do que ela. É verdade, seus cachos
brilhantes, de alguma forma, ainda conseguiam cair ordenadamente em torno de seu belo rosto,

mas havia sombras escuras sob seus olhos e ele estava com a barba por fazer e vestido com um

longo pijama azul-escuro. O ar de vitalidade que geralmente o cercava estava ausente, substituído
por cansaço, como se seus ombros estivessem cedendo sob um peso invisível.

"Posso entrar?" Ele perguntou depois que eles se encararam por pelo menos um minuto.
"Hmm, sim." Sua voz saiu rouca de novo, e ela tossiu, tentando limpá-la. "Por favor, entre."
Ela deu um passo para trás para deixá-lo entrar, e então fechou a porta e alcançou o copo
d'água que ela deixava no criado-mudo. A água morna estava uma delícia ao deslizar por sua

língua e pela garganta ressecada, limpando um pouco da nebulosidade em sua mente e aliviando
um pouco de sua dor de cabeça ao reidratá-la. Mas não era uma cura para tudo, e certamente
não fez nada para aliviar a turbulência em seu coração.
"Então," ela disse, abaixando o copo de seus lábios. Ele fez um suave tilintar contra a
madeira quando ela o colocou de volta no criado-mudo. "Você está aqui para me mandar arrumar
as minhas malas?"
Tamir hesitou. "Isso depende," disse ele finalmente. "Do resultado desta conversa."
Laura arqueou uma sobrancelha. "Tudo bem," disse ela cautelosamente, sentando-se
novamente na cama. Ela se sentou na ponta do colchão, seus dedos cavando o edredom conforme

ela lutava contra a esperança que tentava florescer em seu peito. Não havia motivo para ficar
otimista, não quando ela tinha vacilado tão terrivelmente. "O que você quer me dizer?"
Ele fechou os olhos e respirou fundo antes de falar. "Eu estive acordado a noite toda
pensando sobre isso," disse ele. "E eu percebi que foi errado da minha parte pressioná-la para o
casamento. Você é uma ocidental, e eu sei que a sua cultura gosta de levar as coisas muito mais
vagarosamente e que casamentos arranjados ou espontâneos são praticamente inexistentes."
"Isso é verdade," Laura disse devagar, sem saber para onde ele estava indo com isso.
"Você... você está se desculpando?"
Para sua surpresa, ele se ajoelhou no chão diante dela e baixou a cabeça, seus cachos
escuros caindo para proteger o rosto. "Eu estou," disse ele. "Por colocá-la em uma posição tão

desconfortável. Se eu não tivesse feito isso, nenhum dos conflitos emocionais de ontem à noite

precisariam ter ocorrido."


Se ele pensava que a noite passada a tinha feito sentir-se desconfortável, mal sabia que

não era nada comparado com o que ele estava fazendo com ela agora. "Tamir, por favor, levante-
se," ela insistiu, agachando-se para que ela pudesse pegar a mão dele e levantar. "Você é um rei,
e eu sou uma zé ninguém. Você não precisa de se ajoelhar diante de mim, nunca."
Seu olhar prateado queimou ferozmente quando ele olhou nos olhos dela. "Você não é zé

ninguém," disse ele, sua voz cheia de fogo ardente. "Você é a luz da minha vida." Ele suspirou
neste momento, um pouco do fogo desaparecendo de seus olhos. "Infelizmente, para um homem
como eu, isso não é o suficiente."
Pavor revestiu o interior de seu estômago até que sentiu como se uma bola de chumbo
estivesse em seu abdômen. "O que você quer dizer?"
Ele passou a mão pelo cabelo, franzindo a testa. "Parte de mim adoraria lhe dar o que você
merece, laeela - um namoro adequado para os padrões ocidentais, em que nós sairíamos em
encontros divertidos por um tempo, e então moraríamos juntos e viveríamos por um ano em um
pequeno apartamento antes de nos casarmos e termos filhos. Mas eu não sou um homem livre,

capaz de seguir cada capricho meu. Eu sou o governante de uma nação que depende muito de
mim, e uma das coisas para as quais ele depende de mim é produzir um herdeiro, e logo. Por isso,
eu tenho que me casar, e eu não tenho a disponibilidade de tempo de que você precisa para que
eu a corteje."
"Tamir...”
Deixe-me terminar." Ele levantou uma mão. "Se você quiser ficar durante o resto da semana,
então é claro que eu não vou pedir-lhe para embalar suas coisas e sair neste instante. Eu lhe dei
três semanas para desfrutar de minha hospitalidade, e se você quiser ficar durante o resto das três
semanas, então você ficará."
"Tamir," disse Laura, sorrindo enquanto tomava suas mãos nas dela, da maneira que ele

tantas vezes fizera com ela. "Eu quero ficar. Mas não apenas pelos próximos dias."

A testa dele se franziu. "Eu tenho outras responsabilidades -"


"Quero ficar aqui para sempre. Para o resto da minha vida, com você. Como sua esposa."

Ele arregalou os olhos até que eles ficaram do tamanho das cúpulas que ladeavam a
entrada da frente do palácio. "Você... você quer?"
Laura riu com o olhar estupefato no rosto dele. "Eu quero," disse ela, emoldurando o rosto
dele com as mãos ao puxá-lo para um beijo. "Eu te amo."

Sua barba arranhou o rosto dela enquanto seus lábios encontraram os dele, mas ela não se
importava nem um pouco - a sensação dos braços dele ao se unirem em torno dela mais do que
compensou a áspera abrasão, bem como a forma como seus lábios moviam-se contra os dela,
derretendo sua dor de cabeça e levantando o peso de seu coração. Parecia tão correto; aqui, de
pé, em seus braços, suas almas unindo-se, assim como seus corpos; e ela estava cheia de desejo de
se tornar um com ele em todos os sentidos da palavra.
Quando ele se afastou, seus olhos estavam brilhando de esperança e amor. "Você tem
certeza?" Ele perguntou, sua voz baixa, como se falar isso em voz baixa o suficiente fizesse com
que ela não ouvisse e dissesse que não.

"Eu estive certa desde ontem," ela disse a ele. "Quando eu o vi no hospital com seu amigo,
percebi o homem maravilhoso que você é e que eu nunca, nunca seria capaz de encontrar alguém
como você, ainda que eu procurasse pela Terra durante resto da minha vida." Ela esfregou o nariz
contra o dele. "Eu te amo, Tamir, e eu quero ser sua esposa para que possa ficar ao seu lado,
juntos pelo resto de nossos dias. Eu queria lhe dizer desde ontem, mas eu simplesmente não sabia
como."
Ele riu, então a pegou e girou ao redor da sala. "Estou tão feliz!" Ele gritou, e ela riu,
sentindo-se incandescente de alegria. Ela finalmente disse a ele, e ele a aceitou! Seu rosto doía de
tanto rir, e ela estava tão feliz que mal pôde impedir as lágrimas de alegria e alívio que brilhavam
nos cantos de seus olhos de deslizarem por suas bochechas.

Ele a colocou na cama e não perdeu tempo tirando o manto dela. Ela tirou o dele também,

puxando-o sobre a cabeça dele para que pudesse deleitar seus olhos em seu lindo corpo. "Às
vezes eu mal posso acreditar que você é real," ela murmurou, passando as mãos pelos sulcos e

curvas de seu tórax.


"Ah, eu lhe asseguro que sou," disse ele, seus olhos brilhando quando ele se assentou em
cima dela. Ele capturou as mãos dela e as segurou acima de sua cabeça, sem esforço, ao beijá-la;
e a maneira como seu corpo pressionava contra o dela, a forma como a sua língua acariciava a

dela expressavam reivindicação e posse. Envolvendo suas pernas em torno de seu tórax, ela o
beijou de volta avidamente, esfregando-se contra seu pênis. Ele gemeu em sua boca enquanto
fazia isso e, em seguida, reposicionou-se para que ele pudesse deslizar para dentro dela
lentamente, enchendo-a centímetro por centímetro.
"Sim," ela engasgou quando ele finalmente deslizou completamente dentro dela. Ele soltou as
mãos dela para que ele pudesse colocar suas próprias em ambos os lados da cabeça dela, e ela
se agarrou em seus ombros enquanto ele a montava, suas unhas marcando as costas dele. "Ah, eu
senti sua falta."
Ele riu enquanto se movia em cima dela, seus olhos escuros de paixão. "Estivemos separados

por uma única noite," ele a lembrou, inclinando-se para que seus cachos escuros formassem uma
cortina em volta de suas cabeças enquanto a beijava.
"Até mesmo uma única noite é muito tempo," disse ela, sem fôlego, após ele largar sua boca.
"Eu quero estar com você sempre."
"Mesmo se eu tiver que viajar para a Antártida a negócios?"
"Mesmo se você tiver que viajar até o inferno," ela confirmou.
Seus olhos ardiam de emoção quando ele pegou os lábios dela em outro beijo. Então não
houve mais conversa - apenas os sons da áspera respiração deles, de grunhidos sussurrados e
profundos gemidos, a pele deles se batendo conforme aceleravam-se, mais rápido, mais forte, mais
perto do clímax. E quando ambos chegaram lá, apertando um ao outro com força conforme seus

gritos se misturavam ao ar, muito possivelmente fora o momento mais perfeito de sua vida.

"Eu trouxe uma coisa," ele murmurou em seu peito um tempo depois, após ficarem moles, um
no braço do outro, e ela adormecera em um leve cochilo.

"Hmm?" Ela levantou a cabeça quando ele deslizou para longe dela e recuperou seu manto.
"Eu não achei que fosse realmente capaz de presenteá-lo a você," disse ele pescando nos
bolsos da roupa. "Mas eu gosto de estar preparado para todos os resultados possíveis." Seu
coração começou a bater mais rápido quando ele puxou uma caixa preta de veludo, e ela

engasgou quando ele se ajoelhou e abriu a caixa.


Situado no interior estava o anel de noivado mais perfeito - um diamante de corte princesa
com duas esmeraldas para guarnecer, colocados em uma argola de platina que brilhava. Sua boca
abriu, mas o som não saiu - ela estava sem palavras.
"Eu sei como deve ser difícil para você ter de deixar toda sua cultura ocidental para trás,
então pensei que seria apropriado, pelo menos, pedir sua mão da maneira ocidental," disse ele,
sorrindo para ela. "Laura McKinnon, você me daria a grande honra de ser minha esposa?"
"Sim," ela disse, seu tom maravilhado ao deslizar o anel de noivado em seu dedo. Ela o
segurou contra a luz para vê-lo brilhar, e, depois, virou-se para sorrir para ele. "Você me faz

realizar sonhos que eu nem sabia que tinha."


Ele tomou-a nos braços e a beijou novamente. "E eu espero continuar a realizar muitos mais
deles, durante o tempo que vivermos."

FIM
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