Direito Penal - PRF - 10 Questões

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SUMÁRIO
Questões CESPE - PRF ........................................................................................................................................ 2
Direito Penal .................................................................................................................................................. 2
Gabarito ............................................................................................................................................................. 5
Questões Comentadas....................................................................................................................................... 6

MUDE SUA VIDA!


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QUESTÕES CESPE - PRF


DIREITO PENAL
1. Ano: 2018 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: Delegado de Polícia

Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às


garantias constitucionais.

Em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta como crime deve ser
feita por meio de lei em sentido material, não se exigindo, em regra, a lei em sentido
formal.
Certo ( ) Errado ( )
2. Ano: 2018 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: Perito Criminal

A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs piratas para
posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em
determinada praça pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por
policiais, que apreenderam a mercadoria e o conduziram coercitivamente até a delegacia.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

O princípio da adequação social se aplica à conduta de Pedro, de modo que se revoga o


tipo penal incriminador em razão de se tratar de comportamento socialmente aceito.
Certo ( ) Errado ( )
3. Ano: 2018 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: STJ Prova: Analista Judiciário – Judiciária

Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item
a seguir, acerca de crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.

É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração


pública, desde que o prejuízo seja em valor inferior a um salário mínimo.
Certo ( ) Errado ( )
4. Ano: 2019 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: DPE-DF Prova: Defensor Público

Considerando o Código Penal brasileiro, julgue o item a seguir, com relação à aplicação
da lei penal, à teoria de delito e ao tratamento conferido ao erro.

Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se praticado o crime no lugar em que


ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
ter sido produzido o resultado.
Certo ( ) Errado ( )
5. Ano: 2019 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: PGE-PE Prova: Analista Judiciário

Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o
item seguinte.

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A superveniência de lei penal mais gravosa que a anterior não impede que a nova lei se
aplique aos crimes continuados ou ao crime permanente, caso o início da vigência da
referida lei seja anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Certo ( ) Errado ( )
6. Ano: 2019 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: PGE-PE Prova: Analista Judiciário

Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o
item seguinte.

O Código Penal adota a teoria da atividade, segundo a qual o delito deverá ser
considerado praticado no momento da ação ou da omissão e o local do crime deverá ser
aquele onde tenha ocorrido a ação ou a omissão.
Certo ( ) Errado ( )
7. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia
Federal - Agente de Polícia Federal

Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a
portá-lo municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O
comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado em operação policial de rotina.
Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à delegacia, onde foi
instaurado inquérito policial.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.

Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei que diminua
a pena para o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar desse fato, pois o direito
penal brasileiro norteia-se pelo princípio de aplicação da lei vigente à época do fato.
Certo ( ) Errado ( )
8. Ano: 2018 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia

Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva
a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais
superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime
impossível e arrependimento posterior.

Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova lei, esse
tipo penal foi formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida em outro tipo
penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a
abolitio criminis com a edição da nova lei.
Certo ( ) Errado ( )
9. Ano: 2018 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: EMAP Prova: Analista Portuário

A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.

Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio que esteja a serviço
do governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em território estrangeiro.
Certo ( ) Errado ( )
10. Ano: 2015 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: TCE-RN Prova: Assessor Técnico Jurídico

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Acerca da aplicação da lei penal, dos princípios de direito penal e do arrependimento


posterior, julgue o item a seguir.

O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasileira cometido no território da


República Argentina fica sujeito à lei do Brasil, ainda que o agente seja absolvido naquele
país.
Certo ( ) Errado ( )

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GABARITO
1. ERRADO
2. ERRADO
3. ERRADO
4. CERTO
5. CERTO
6. ERRADO
7. ERRADO
8. CERTO
9. CERTO
10. CERTO

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QUESTÕES COMENTADAS
1. Ano: 2018 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: Delegado de Polícia

Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às


garantias constitucionais.

Em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta como crime deve ser
feita por meio de lei em sentido material, não se exigindo, em regra, a lei em sentido
formal.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: ERRADO
O princípio da legalidade penal vem da expressão em latim NULLUM CRIMEN,
NULLA POENA SINE PRAEVIA LEGE, ou seja, não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia definição legal, regra prevista no art. 5º, XXXIX, CF/88
e no art. 1º do CP.
Ele se divide em outros subprincípios: reserva legal, taxatividade, anterioridade
e vedação da analogia in malam partem.
Pelo subprincípio da reserva legal, somente lei em sentido estrito/formal
(editada pelo Poder Legislativo) pode definir condutas como infração penal e
estabelecer sanções penais (penas e medidas de segurança).
Assim, Decretos, atos administrativos e Medidas Provisórias não podem exercer
tal função.
No entanto, segundo o STF, Medida Provisória, desde que seja materialmente
favorável ao réu (descriminalizar uma conduta, por exemplo), será considerada
válida. Cuidado, pois a Lei não pode apenas estabelecer o mínimo da pena, ela precisa
deixar claro o limite mínimo e máximo.
O erro da assertiva foi afirmar que não se exige lei em sentido forma, o que
conflita com o princípio da legalidade (reserva legal).

2. Ano: 2018 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: Perito Criminal

A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs piratas para
posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em
determinada praça pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por
policiais, que apreenderam a mercadoria e o conduziram coercitivamente até a delegacia.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

O princípio da adequação social se aplica à conduta de Pedro, de modo que se revoga o


tipo penal incriminador em razão de se tratar de comportamento socialmente aceito.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: ERRADO
Pelo princípio da adequação social, ainda que uma conduta seja tipificada como
infração penal, ela não será considerada como crime caso não seja capaz de afrontar
o sentimento social de Justiça, ou seja, a aceitação pela sociedade com status de
crime.

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Ele surgiu como uma regra de hermenêutica (interpretação), possibilitando a


exclusão de condutas que, embora se ajustem formalmente a um tipo penal
(tipicidade formal), não são mais consideradas objeto de reprovação social e, por
essa razão, se tornaram socialmente aceitas e adequadas. Ex.: Pais de uma recém-
nascida que decidem furar a orelha da criança (não é considerado como lesão
corporal).
O princípio da adequação social não tem o condão de revogar condutas que
estejam tipificadas formalmente como delitos.
Trata-se de mera regra de interpretação cuja finalidade é, em alguns específicos
casos, afastar a aplicação da norma em razão da ausência de reprovação social. Este
princípio justificou, inclusive, a exclusão de tipicidade da conduta de adultério.
O STJ, através da Súmula n. 502, afastou a possibilidade de aplicação do
princípio da adequação social à conduta de expor à venda CDs e DVDs pirateados.
Súmula 502 do STJ - Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica,
em relação ao crime previsto no art. 184, §2º, do CP, a conduta de expor à venda
CDs e DVDs piratas.
Por conta da Súmula acima transcrita, a assertiva está errada, considerando
que à conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas não se aplica o princípio da
adequação social.

3. Ano: 2018 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: STJ Prova: Analista Judiciário – Judiciária

Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item
a seguir, acerca de crimes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.

É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração


pública, desde que o prejuízo seja em valor inferior a um salário mínimo.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: ERRADO
De acordo com o princípio da INSIGNIFICÂNCIA (ou Bagatela Própria), deixa
de ser crime a conduta que não ofenda de forma mínima os bens jurídicos protegidos
pela norma penal.
A conduta é típica (regra), mas se a lesão for mínima, faltará o requisito da
tipicidade material, excluindo-se o fato típico. STF e STJ estabeleceram requisitos
para a aplicação do princípio da insignificância.
STF (requisitos objetivos – não levam em conta características pessoais do
infrator, como o cargo, por exemplo):
• Mínima ofensividade da conduta
• Ausência (nenhuma) de periculosidade social da ação
• Reduzido (ou reduzidíssimo) grau de reprovabilidade do comportamento
• Inexpressividade da lesão jurídica
STJ (requisito subjetivo):
• Importância do objeto material do crime para a vítima, de forma a verificar
se, no caso concreto, houve ou não, de fato, lesão.
Além disso, o STJ, através da Súmula 599, definiu que “O princípio da
insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública”, o que
demonstra o erro da assertiva contida na questão.

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Sobre a reincidência, o STF entende que ela, por si só, não afasta a
possibilidade de aplicação do princípio.

4. Ano: 2019 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: DPE-DF Prova: Defensor Público

Considerando o Código Penal brasileiro, julgue o item a seguir, com relação à aplicação
da lei penal, à teoria de delito e ao tratamento conferido ao erro.

Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se praticado o crime no lugar em que


ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
ter sido produzido o resultado.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO
Além de saber o momento em que o crime foi praticado, também é importante
saber o lugar, pois, como regra, a lei penal é aplicável no território brasileiro.
Sobre o lugar do crime, o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade (ou
mista), considerando praticado o crime no lugar da atividade (ação ou omissão) e
também no lugar do resultado.
Art. 6º do CP - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação
ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado.
UAI, QUE COISA ENCRENCADA, RILU. VOU ATÉ BUSCAR UMA MERENDA PARA
ENTENDER MELHOR O ASSUNTO.
Vá não! Espera eu explicar melhor, depois faça o seu intervalo.
A regra parece confusa, mas a ideia do legislador é definir quais crimes podem
ser considerados como ocorridos no território brasileiro e, por conseguinte, aplicar o
nosso Direito Penal.
Essa regra só tem sentido para os crimes à distância ou de espaço máximo,
que são aqueles cuja execução se inicia no território de um País e a consumação se
dá ou deveria dar-se em outro.
Imagine que Caetana acerte um tiro em Alquingelson na cidade de Brasileia/AC.
A vítima, mesmo ferida, busca socorro e é levada a hospital de Cobija/Bolívia. Como
a ação ocorreu no território brasileiro, aplicar-se-á o nosso Código Penal. Se
ocorresse o inverso, ou seja, ação na Bolívia e resultado no Brasil, também seria
aplicada a norma penal brasileira.

5. Ano: 2019 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: PGE-PE Prova: Analista Judiciário

Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o
item seguinte.

A superveniência de lei penal mais gravosa que a anterior não impede que a nova lei se
aplique aos crimes continuados ou ao crime permanente, caso o início da vigência da
referida lei seja anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO

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A questão encontra resposta na Súmula n. 711 do STF: “A lei penal mais grave
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior
à cessação da continuidade ou da permanência.”
O crime permanente é aquele cuja consumação se protrai (ou prolonga) no
tempo, como é o caso do sequestro e cárcere privado (art. 148 do CP), que pode
durar meses.
Crime continuado é aquele em que o criminoso pratica crimes da mesma
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, os crimes subsequentes são tidos como continuação do primeiro. É o
caso, por exemplo, do servidor público que todo dia se apropria de um pequeno bem
da repartição.
Diante disso, imagine um crime permanente em que a execução teve início no
mês de Janeiro/20, caso em que o CP estipulava pena de reclusão de 1 a 3 anos, e
a execução da infração hipotética termina em Agosto/20.
No caso, se uma nova lei penal, com vigência a partir de abril/20, cominar pena
de reclusão de 2 a 4 anos (mais grave), ela será aplicada.
RILU, MAS ISSO NÃO É RETROATIVIDADE PARA PREJUDICAR O RÉU?
Nos crimes permanentes e continuados, entende-se que a execução da infração
se prolonga no tempo. É que o infrator, no caso hipotético que citei, estaria
executando o crime, de forma permanente ou contínua, de Janeiro/20 a Agosto/20.
A execução não cessa neste período e, surgindo nova lei enquanto a execução estiver
ocorrendo, ela será aplicada, ainda que mais gravosa ao réu.

6. Ano: 2019 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: PGE-PE Prova: Analista Judiciário

Com relação ao tempo e ao lugar do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o
item seguinte.

O Código Penal adota a teoria da atividade, segundo a qual o delito deverá ser
considerado praticado no momento da ação ou da omissão e o local do crime deverá ser
aquele onde tenha ocorrido a ação ou a omissão.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: ERRADO
É de suma importância saber a data em que a infração penal foi praticada
(tempo do crime). Imagine, por exemplo, que um adolescente com 17 anos e 11
meses de idade atira contra uma pessoa, na intenção de matar. A vítima é socorrida
e falece 2 meses depois, data em que o infrator está com 18 anos.
Se considerar que o homicídio ocorreu na data da ação ou omissão, o agente
será inimputável (não poderá receber pena e será aplicável o ECA). Mas se
considerarmos que o crime foi praticado na data do resultado (dia que a vítima
faleceu), o Código Penal será aplicado ao agente.
Sobre o tempo do crime, o Código Penal adotou a teoria da atividade, ou seja,
considera-se praticado na data da ação ou omissão. O momento do resultado é
irrelevante.
Art. 4º do CP - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,
ainda que outro seja o momento do resultado.

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Além disso, você já sabe que, sobre o lugar do crime, o Código Penal adotou a
teoria da ubiquidade (ou mista), considerando praticado o crime no lugar da atividade
(ação ou omissão) e também no lugar do resultado.
Art. 6º do CP - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação
ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
se o resultado.
O erro da assertiva está em considerar a teoria da atividade tanto para o lugar
quanto para o tempo do crime.

7. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia
Federal - Agente de Polícia Federal

Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a
portá-lo municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O
comportamento suspeito de José levou-o a ser abordado em operação policial de rotina.
Sem a autorização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à delegacia, onde foi
instaurado inquérito policial.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.

Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei que diminua
a pena para o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar desse fato, pois o direito
penal brasileiro norteia-se pelo princípio de aplicação da lei vigente à época do fato.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: ERRADO
Além de exigir Lei em sentido estrito, ela precisa ser anterior ao fato. Imagine,
hipoteticamente, uma conduta praticada em 2019 e, apenas em 2020, passa a ser
considerada infração penal. A pessoa que praticou em 2019 não será penalizada, pois
a Lei não estava vigente.
No entanto, se o mesmo fato for praticado em 2021, existe Lei anterior
criminalizando a conduta, logo, quem praticar o ato será responsabilizado.
Trata-se da anterioridade da lei penal e ela deriva o princípio da irretroatividade
da lei penal. Para alguns doutrinadores, inclusive, são sinônimos. Mas a
irretroatividade não é absoluta, pois se a nova norma penal estabelecer conteúdo
mais benéfico ao réu, ela será aplicada de forma retroativa, ainda que já tenha
ocorrido o trânsito em julgado da sentença.
CF: Art. 5º(...) XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
O erro da questão foi afirmar que o agente não poderá se beneficiar de lei nova
que diminuía a pena (mais benéfica).
Veja o art. 2º, parágrafo único, do CP: “A lei posterior, que de qualquer modo
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.”

8. Ano: 2018 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia

Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva
a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais
superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime
impossível e arrependimento posterior.

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Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova lei, esse
tipo penal foi formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida em outro tipo
penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a
abolitio criminis com a edição da nova lei.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO
Quando nova lei penal entra em vigor, revogando dispositivo que considerava
determinada conduta como infração penal, ocorre o ABOLITIO CRIMINIS e a nova
norma será aplicada de forma retroativa por ser mais benéfica.
Reconhecido o abolitio criminis, que é causa de extinção da punibilidade, os
efeitos penais se apagam, permanecendo os efeitos civis (indenização).
Uma situação interessante ocorreu com o crime de Atentado Violento ao Pudor,
em que a conduta foi inserida no tipo penal Estupro. Observe que não houve abolitio
criminis, pois a conduta continuou sendo ilícito penal, mas passou a integrar outro
tipo penal (outro crime). Esse foi um caso de CONTINUIDADE NORMATIVA TÍPICA.
Diante disso, se alguém praticar a conduta que antes era prevista como
atentado violento ao pudor, responderá pelo crime de estupro, pois não ocorreu a
abolitio criminas da lei, logo, a assertiva da questão está certíssima.

9. Ano: 2018 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: EMAP Prova: Analista Portuário

A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.

Aplica-se a lei penal brasileira a crimes cometidos dentro de navio que esteja a serviço
do governo brasileiro, ainda que a embarcação esteja ancorada em território estrangeiro.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO
Olha aí uma daquelas questões que derrubam candidatos que negligenciam o
estudo da Lei Seca (estudar os artigos do Código Penal).
Pelo princípio da TERRITORIALIDADE, a lei penal brasileira é aplicada aos
crimes cometidos no território brasileiro, pouco importando a nacionalidade do
infrator. No entanto, existem algumas exceções, daí o motivo da doutrina chamar de
princípio da TERRITORIALIDADE MITIGADA OU TEMPERADA.
CP: Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
Território é o espaço em que o Estado exerce sua soberania. Nele estão
incluídos o:
Mar territorial = é uma faixa de águas costeiras que alcança 12 milhas
náuticas (22 quilômetros) a partir do litoral de um Estado.
Espaço aéreo = é a porção da atmosfera que se sobrepõe ao território desse
país, incluindo o território marítimo, indo do nível do solo, ou do mar, até 100
quilômetros de altitude, onde o país detém o controle sobre a movimentação de
aeronaves.
Subsolo = é a camada da crosta terrestre que fica abaixo do solo.
O art. 5º, §1º, do CP, estabelece que, “Para os efeitos penais, consideram-se
como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de

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natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem,


bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em
alto-mar.”
Assim, a assertiva da questão está correta, pois também é considerado
território brasileiro, por extensão, aplicando-se a Lei Penal brasileira aos crimes
ocorridos nas Embarcações e Aeronaves PÚBLICAS ou a serviço do Governo brasileiro
EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO em que estejam.

10. Ano: 2015 Banca: CESPE/CEBRASPE Órgão: TCE-RN Prova: Assessor Técnico Jurídico

Acerca da aplicação da lei penal, dos princípios de direito penal e do arrependimento


posterior, julgue o item a seguir.

O crime contra a fé pública de autarquia estadual brasileira cometido no território da


República Argentina fica sujeito à lei do Brasil, ainda que o agente seja absolvido naquele
país.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO
A regra é que a Lei penal brasileira seja aplicada a infrações ocorridas no
território nacional. No entanto, existem exceções, casos em que a norma pátria será
aplicada a fatos criminosos ocorridos no estrangeiro. Isso se chama
extraterritorialidade.
Dentre as hipóteses de extraterritorialidade, existe o caso de aplicação do
PRINCÍPIO DA DEFESA OU PROTEÇÃO, aplicável aos crimes cuja aplicação da lei
penal brasileira independe do lugar e nacionalidade do agente, considerando haver
ofensa a bens jurídicos nacionais altamente relevantes. As hipóteses são as
seguintes.
Art. 7º do CP - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado,
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
§1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda
que absolvido ou condenado no estrangeiro.`
Como se vê da letra b e §1º acima transcritos, mesmo que o crime contra a fé
pública de autarquia seja cometido em outro País ou que o agente seja absolvido no
estrangeiro, haverá aplicação da norma penal brasileiro, o que torna a assertiva
corretíssima.

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