Fichas de Leitura

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Literatura e Linguística

Curso: Licenciatura em Ensino de Inglês-Laboral

Ano: 1º - Semestre 1º

Disciplina: Introdução aos Estudos Literários I

Fichas de Leitura

Discente: Gonçalves Dinis Dimbe

Docente: José Camilo

Maputo, Julho de 2021


Boris Tomashevsky ( Sobre o Verso )

A poética levanta o problemas no que diz respeito à escolha das obras artísticas e em precisar os limites dos
fenômenos dos quais se encerra o estudo. Se formos a considerar a palavra «rítmo» como todo sistema fónico
organizado para fipoéticos, sistema acessível à percepção do auditório em questão, então, toda a produção da fala
humana será uma matéria para a rítmica na medida em que ela participa num efeito estético e se organiza de uma
maneira particular em verso. Para tornar esses traços precisos, há necessidade de se examinar duas noções
fundamentais: o verso e o metro.

No âmbito de uma certa escola poética, o metro representa a norma à qual obedece a língua poética. O metro é o
traço distintivo dos versos em relação à prosa. Apesar de os versos de Malaios, dos antigos Gregos, Japoneses e
dos povos romanos assentarem em princípios métricos diferentes, a imagem do verso os une. De outro lado, os
tradutores da poesia, ao substituírem a norma métrica própria da língua original pela da língua da tradução,
procuram mesmo assim reproduzir o verso por um verso. A divisão de língua poética em verso, em períodos de
poética fónica comparável e no limite igual, é evidentemente o traço específico da língua poética, onde os versos
reproduzem um termo novo e os períodos discursivos equipotenciais, dão-nos pela sucessão a impressão de uma
repetição organizada de séries semelhantes na sua sonoridade a impressão de um carácter rítmico ou poético do
discurso.

Papel das normas métricas

As normas métricas têm o papel de facilitar a comparação revelar os traços ao dos quais podemos avaliar o
carácter equipotencial dos períodos do discurso. A finalidade destas normas é de evidenciar a organização
convencional que rege o sistema dos factos fónicos. Este sistema é indispensável à ligação entre o poeta e o seu
interlocutório.

A escansão silenciosa torna-se impercetível, graças ao seu carácter habitual. Contudo, ela acompanha
inevitavelmente a nosss percepção dos versos, só ela nos permite reconhecê-los e dá a sua cor à percepção da
língua poética. Ela impõe-nos pronunciemos os diferentes versos de uma certa maneira a que chamamos
declamação e que se opõe à pronúncia da prosa.

O metro

O metro é o critério segundo o qual se qualifica o grupo de palavras de admissível ou de inadmissível ma form a
poética escolhida. É a medida, visto que o que dá indicações sobre a igualdade dos segmentos intonacionais ( dos
versos ), sobre a sua co-presença.

O metro acompanha sempre a leitura e a epercepção dos versos, quer como escansão silenciosa, quer como
representações motoras. A pronúncia do metro exige que se faça uma a escansão em voz alta e reclama um
inconformismo forçado na pronúncia das sílabas, uma distribuição periódica dos acentos dentro dos limites da
unidade métrica - o verso, ela exige uma divisão vocálica profunda do discurso pronunciado em unidades
elementares, em períodos fónicos equipotenciais.
Observações sobre o metro

O domínio do rítimo não é o da contagem . Ela liga-se não à escansão artificial, mas à pronúncia real. Não se pode
pôr em relevo o rítimo porque, ao invés do metro, ele não é activo, mas passivo. Não engendra o verso, mas é
engendrado por ele. É possível imaginar um metro abstrato, visto que ele está imediatamente presente na nossa
consciência, mas o rítimo é sempre concreto. É unicamente co base noelementos da pronúncia que podemos ouvir
ou tomar realmente em consideração elementos que se encontram tanto num discurso rítmico como num discurso
não rítmico. Não podemos senão reconhecer e reproduzir um metro, enquanto o auditor pode ouvir o
rítimo,mesmo que ele ignore as normas subjacentes do verso, mesmo que ele não capte o seu metro.

A única condição obrigatória é que forma poética deve organizar os seus elementos em séries regulares repetindo
seja de que maneira for o movimentado do discurso dividido em versos, ou deixando-nos a impressão desta
divisão.

Sobre análise acústica dos sons, discurso eufónico e rima

Todos os sons da fala humana possuem no mesmo grau qualidades musicais. Deste modo, não é a partir das
qualidades acústicas, mas a partir das qualidades articulatórias da pronúncia, que nós consideramos algumas
sonoridades harmoniosas e não harmoniosas.

O discurso eufónico é um discurso fácil de pronunciar, e não é fácil de ouvir; o discurso não harmonioso é aquele
que envocará para nós a posição incómoda, não habitual, dos órgãos da fala. Deste ponto de vista, não existe
eufonia internacional, visto que a articulação levanta dificuldades diferentes a locutores de línguas diferentes.

A rima é a forma canonizada, métrica, da eufonia. Não é um ornamento sonoro do verso, mas um factor
organizador do metro. Ela serve não só para criar impressão de analogia entre os sons, mas também para dividir o
discurso em versos, de que anota o fim. Ajuda o ouvido a captar a decomposição métrica da língua poética, os
factores eufónicos pertencem inteiramente ao verso, isto é, ao rítimo do verso, visto que confirmam a impressão de
decomposição do verso e de correspondência entre as suas partes.

I.

Emil Staiger, Conceitos Fundamentais da Poética

Da fundamentação dos gêneros poéticos

Por Conceitos Fundamentais da Poética se entendem aqui as noções de lírico, épico, dramático e até certo ponto
trágico e cômico, num sentido, porém, que se distingue do comumente usado até agora. Por poética não mais
significa ensinamentos práticos para habilitar leigos a escrever corretamente poesia, obras épicas e dramas, mas
um ranço da conceituação mais antiga impregna ainda ensaios de hoje, quando estes parecem ver realizada em
modelos de poemas, obras épicas ou dramas, a essência do lírico, épico e dramático.
A sequência sílaba-palavra-frase explica por que os gêneros são enumerados segundo a ordem lírico-épico-
dramático. É possível formar sílabas sem dizer com isso uma palavra, mas não é possível expressar nenhuma
palavra sem formar ao mesmo tempo uma sílaba, nem é possível formar uma frase sem empregar palavras, e com
elas sílabas. Assim, o gênero dramático depende do gênero épico, o épico continua na dependência do lírico. O
lírico, é portanto, o último fundamento perscrutável do fenômeno poético. O lírico como criação lírica, o épico
como criação épica surgem somente quando a linguagem da poesia já está mais ou menos nitidamente elaborada,
quando, portanto, homem já se encontra ao nível do dramático, de onde só então o lírico e o épico vão poder
ganhar realce

A linguagem desenvolve-se, por natureza, da expressão emocional para a expressão lógica, em tradição escrita,
pode-se antes dizer isso, do que propriamente comprovar, pois quando uma língua é documentada por escrito, o
processo já vai bem adiantado. Toda língua desenvolve-se de criança a jovem, de jovem a adulto e a velho. Os
gênero poéticos ja mencionados referem-se a algo que não pertence somente à Literatura. Os conceitos lírico-
épico-dramático são termos da Ciência da Literatura para sa virtualidades fundamentais da existência humana
esses só existem porque os domínios do emocional, do figurativo e do lógico constituem a essência do homem
quer como unidade, quer como sucessão, representanda esta pela idade pueril, juventude e idade adulta.A
existência da lírica, recorda, a épica, torna presente, a dramática projeta.

Epílogo

A palavra Poética é de origem e abrevia a expressão poietikè téchne, que significa «a arte de poetar». A poética
ensina em que consiste a essência da poesia, ordena os modelos existentes e com isso cria o problema do gênero,
orienta os inexperientes que pretendem ocupar-se com a actividade poética. Um poeta vale como irrepreensível
quando corresponde a modelos existentes tais como os de Homero, Píndaro, Sófocles ou Menandro.

Epopeia

Denomina-se epopeia uma longa narrativa em versos, porém nem toda narrativa em versos é épica. Um romance,
por exemplo, não é uma narrativa em versos. Portanto não é uma epopeia, mas ainda assim uma obra épica.

O poético e o narrativo

O texto em análise fala da verdadeira essência dos textos poéticos e narrativos, trazendo características que os
aproximem e características que os diferenciem, trazendo também as possíveis dúvidas que surgiriam e as
respectivas soluções.

A autoria apresenta um poema no qual traz dois sujeitos a debater: o “eu” real e o “eu” imaginário, os quais
primeiramente são impossíveis de se aproximar, porem mais tarde isso vem a se tornar possível mas em forma de
paradoxo, pois faz se a aproximação afirmando: “eu sou ele”.

Afirma se de certa forma a morte do sujeito e faz se um comentário que diz existir metonímia no poema na altura
em que o narrador se compara com um lugar e na altura em que faz-se relação entre o toucador e os elementos que
mobilam o quarto, de seguida afirma se que a metonímia em todas as etapas, tem por função narrativizar as
equivalências propostas pelo poema.

Faz-se menção de dois planos de estruturação da narrativa: um que é imanente, o das estruturas narrativas e o
outro que é o nível aparente das estruturas linguísticas.

Por fim, afirma-se que: no poema lírico, a estrutura narrativa não é isolável da estrutura linguística, sem querer
dizer com isso que o poema tem estrutura simples ou a estrutura dum texto banalmente informativo.

Disposições finais

Os textos, são de leitura relevante, pois apresentam temas polémicos e versam sobre problemas que deparamo-nos
com eles no nosso quotidiano sempre que paramos para ler algo e acabamos tentando descobrir se o que se tem em
mão é pertencente a que género.

Quanto à estrutura são também interessantes por trazerem alguns poemas no seu interior que é com base neles que
se fazem varias definições, distinções e aproximações entre os dois géneros textuais que estão em abordagem no
texto.
Referências bibliográficas

STAIGER, Emil. Conceitos Fundamentais da Poética, ed.Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1969.

JENNY, Laurent. O discurso da poesia. Almeida, Coimbra, 1982.

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