Algumas Notas Genealógicas (SP e MA) - Livro de Família
Algumas Notas Genealógicas (SP e MA) - Livro de Família
Algumas Notas Genealógicas (SP e MA) - Livro de Família
LIVRO D E FAMILIA
B RAZI L
SÉCULOS X V I-X IX
Scribitur ad narrandum, et
etiam ad probandum.
1886.
Corona senum lilii liliorum: et gloria
filiorum patres eorum.
Livro dos Provérbios,
XVII, 6.
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PARTE HISTORICA
.... A palavra nação representa
uma itléa complexa. Aggregação de
homens ligados por certas condições,
todas as sociedades humanas se dis
tinguem entre si por caracteres, que
determinam a existência individual
desses corpos moraes Silo elles
raça - a lingua — o territorio.
Onde falta a filiação das grandes
familias humanas, suppõe-se ficar ser
vindo de laço entre os homens de
epoclms diversas a semelhança dc
lingua, e o haverem nascido dchaixo
do mesmo ecu, cultivado os mesmos
campos, vertido o sangue na defesa
da patria commum.
Todavia estes caracteres não
têm um valor real seuao a luz historica.
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CAP IT UL O P R I M E I R O
PROPHECIAS
Sciant, e t recogitent, et intelligant, quia manus
Domini fecit hoc,
Isaiah, XLI, 20.
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2 —
(* ) P rovérbios , XVI, 2.
N
S. quo assim os interpretou : Quid pier mandra-
G re g o rio ,
goram, herbam scilicet medicinalem, et odoriferam, visi virtus
perfectorum intelligitur ? qui dum imperfectorum infirmitatibus
medentur in fide, quam pradicant in portis vostris, Ecclesia>
verb medici esse comprobantur. « Com o cheiro destas
mandragoras, e com a doutrina destes pregadores, foi que
ajuntou para seu Esposo os factos novos aos velhos: assim
o interpretam os S e t e n t a : Nova et vetera servavi tibi;
porque aos christãos antigos, que eram os da Europa, ajuntou
a Egreja estes novos, que são os da nova gente, que se
descobrio no Oriente c no Occidente, que são as portas de
que falia a Esposa: in portis nostris. » E accrescenta a
opinião de outros escriptores, citados por C o r n e l i o a L a p i d e :
N onnulli per nova opinantur hic notari novi Orbis inventionem,
et conversionem ad Christum: novus enim hic Orbis continet
Peruanos. Mexicanos, Prasilios, et Chilenses; est demidivm
totius Orbis. Sic in India Orientali... propagatur fides ad
Japones,... Chinenses, Molucenses, et Ceilanos. « De maneira
que os fructos novos, que a Egreja, por meio do cheiro destas
mandragoras mcdicinaes e odoriferas ajuntou aos velhos e
antigos, são os do Peru, e Mexico, do Brazil, e Chile, e os
do Japão, e China, das Molueas, e Ccylão; uns nas portas
do Oriente, outros nas do Occidente : Mandragora; dederant
odorem suum. Parece que estavam esquecidos; mas não
estavam senão guardados para este tempo, servavi. »
Ainda o demonstra com S a la m ã o , Canticos, VIII,
e 9: Soror nostra parva, et ubera non habet: quid faciemus
sorori nostra: in die quando cdloquenda est ? S i murus est,
aedificemus super eum propugnacula argentea : si ostium est,
compingamus illud tabulis cedrinis. « Quem não admirará
nesta resposta os altissimos conselhos da Sabedoria c P ro
videncia Divina ? Dispoz Deus desde a creação do mundo
que estas terras, assim por fora como por dentro, fossem
enriquecidas de cousas preciosissimas, para que o interesse
dos homens facilitasse as difficuldades, que sem elle seriam
impossiveis de vencer. Pela prata se entendem as minas,
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do bispo A írgiho, diocesano >< *iii0 (só depois foi bispo) affir-
Austria. Nao h;i dm ida que l >a' homens sob a terra, outro sol e
inav*N^c que havia outro mundo ) ou <■ é Or,0 de S Bonifacio, o
w cs.» * « • • * » a s c e s tj* --so
r apa Zacliarias condeannou. Os . } ie dos europeus ; tinham
mesma1 lua. Onde, pois, o erro attribuido á * » ?
,p , C \ gostimio tem sido accnsado de negar a existência
ram bun ■; ‘ acCusacâo sem fundamento. S. Agostinho
dos antípodas. L , 1’oitin, u , *u la . m s duvidava do que asse-
sustentou sempre que a te < ^ ‘ . .tre os quacs Cícero , no Sonho
voravam os philosophos o os ■’ zoua austral temperada eram de
de Scipiõo, que « os que n 0,,1,-im * dc commuin com a humanidade
uma espccio differente, e nada t m l i a i r ‘‘V T t T X essa questão suscitada
então conhecida», nihá cu, ‘ IX; dizia elle, e.v Adam sunt,
Im sua Cidade de ^ faManUir> nulla ratione
,7 homines sin , .... / homens, devem ser descendentes de Adao; nao
i T r ^ o ‘imra acreditar nessa gente de especie differente como antípodas.
Vale a pena lôr Ch. Bartueee.mv, Er rears et
J, no capitulo soi, O titulo L W j o e VivgiU et les anttpodes. I anz, 18 m.
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tantas gentes e tantas almas vivessem nas trevas da infide
lidade, sem lhes amanhecerem as luzes da F é ; tão breve
noite para os corpos, e tão comprida noite para as almas.
Mas no meio desses compridíssimos annos, diz o Propheta,
que faria Deus, que se descobrisse, e conhecesse o que até
então estava occulto: I n medio annorum notum f acies. E
que, tendo durado tantos séculos sua ira contra aquellas
gentes idolatras, em fim se lembraria de sua misericordia:
Cum iratus fueris, misericordia* recordaberis. E que então
tornaria o Senhor a vivificar, e rcsuscitar a sua obra:
Opus tuum, m medio annorum vivifica illud. Os S etenta
traduzindo juntamente, e explicando, leram : Curn appro
pinquaverint anni cognosceris. Quando chegarem os annos
determinados por vossa Providencia, então sereis conhecido;
e este novo conhecimento, que Deus deu áquellas nações
por meio dos nossos apostolos, e pregadores da sua Fé, foi
tornai a íesuscitar a mesma obra, que tinha começado pelos
primeiios Apostolos, que naquellas mesmas terras a pregaram,
e com o tempo estava em algumas partes amortecida, e
em outras totalmente m o rta ; isto quer d iz e r: Opus tuum
vivifica illud; ou como treslada S imaco, Reviviscere fa c ipsum;
e o mesmo Propheta mais abaixo se commenta a si mesmo,
dizendo. Suscitans suscitabis arcum tuum. Vós, Senhor, tor
nareis a íesuscitar o vosso arco (que e a sua C ru z); por
meio ^de cuja pregação se resuscitaria tam bém a Fé, e as
victorias della naquellas nações.
« Assim o prophetisou na índia seu primeiro Apostolo
S. T h om e , quando na cidade de Meliapor, então famosissima,
levando uma Cruz de pedra em lugar distante das praias,
nao menos que doze léguas, lhes disse, e mandou esculpir no
Pe delia que, quando o mar alli chegasse, chegariam também
de partes remotissimas do Occidente outros homens da sua
cor, que pregassem a mesma Cruz, a mesma Te, e o mesmo
Christo que elle pregava. Cumprio-se pontualmente a pro-
phecia, porque o mar, comendo pouco a pouco a terra, chegou
ao lugar sinalado, e no mesmo tempo chegaram a elle os
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CAPITULO SEGUNDO
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Christovam Colombo,
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pobríssimo, e sem aminos
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quando, cm 1492, no fim de oito annos dc infructiferos
esforços junto de diversos reis da Europa, inclusive o de
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por seu talento. Entretanto, foi muito accusaclo de suborno; ainda que
mais prejudicial a Portugal foi o de 12 de Fevereiro de 1761.
Alexandre de Gusmão foi o embaixador que obteve da Santa Sé
para D. João Y e sua dynastia o titulo de F id e lis s im o , c a creação do
patriarchado de Lisboa. Era irmão de Bartholomeu do Gusmão, deno
minado V o a d o r , pela invenção do aérostáto.
(*) Don M. E. N avarette , C oleccion d e los v ia gea y d e sc ttb ri-
m ie n to s , q tte h ic ie ro n por m or los E s p a n o le s d e s d e fin e s d e l sig lo ã ’ F ,
Madrid, 1825, contesta que Américo Vespucio houvesse estado ao serviço
de Portugal; e apoia-se em documentos! (Confira-se D avid B. W arden ,
l l i s t o i r e d e VE m p ir e d ii B r é s i l , 1503—4.)
(**) Desde tempos anteriores, c já no reinado de El-Rei D. Hen
rique, cognominado o N a v e g a d o r , os pilotos, á falta de nacionaes, eram
buscados em Veneza, Genova, e mesmo na Hespanba. Assim Luiz de
Cadamosto, Antonio da Nolle, João da Nova, Américo Vespucio, João
Empoli. Mas, não tinham o commando, como se pode vêr em uma das
cartas de Américo Vespucio a Pedro Soderini.
Todavia, cabendo aos pilotos a direcção da viagem, afinal assu
miam d e f a c t o o commando. E
isto é bem explicado por Quinteela,
A n n a e s d a M a r in h a P o r t v g v e z a ,
referindo-se em uma nota á lucta que
Antonio Galvão, quando nomeado capitão-mór paia as Molucas, travou
com o seu piloto em 1526: « Naquelles tempos era q u a s i a b s o lu ta a
autoridade dos pilotos em tudo quanto dizia respeito á navegação; o que
se julgava assim necessario, por embarcarem muitas vezes de commun
dantes pessoas de profissões muito alheias da arte nautica.»
(***) Muitos geographos e historiadores, com justa razão, enten
diam que ao menos essa parte septentrional deveria tomar o nome de
C o lo m b ia , em honra ao ousado genovez. Christovam Colombo denominara
í n d i a s , suppondo-as na Asia, suas descobertas de te r r a fir m e ; e o Rei de
Castella accrescentou a qualificação de O c c id e n ta e s , para distinguil-as das
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questão esta quo o actual papa Leão XIIT, aceito por anilios os governos,
resolveu em favor da Ilespanha, ainda que concedendo á Allcnianha certos
direitos auxiliares de sua navegarão.
0 governo do Iírazil parece eégo e surdo. Quando quererá
installar naquelle archipelago algum estabelecimento V
Ao menos, a T rindade será uma denominação christã que nos
restará das antigas descobertas.
(*) Ksta critica á administração soffrerá talvez a censura dos
economistas e financeiros sem patria. A verdade é que o paiz está
supportando as consequências dos erros.
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(*) Logo que foi descoberto, este rio tomou o nome do Santa
Cm:., e assim foi declarado no foral de Pedro Lopes; mas, com o correr
dos annos, tomou o dc Serva; até que, na Carta de doação da
capitania, que depois se denominou Pernambuco (corruptela de Paranapuc
ou Paranapueú, furo ou lingua do mar, com que eram denominados o
porto dc Olinda, escoadouro do rio Capibaribe, a foz do rio Iguaraçú
tendo cm frente a ilha do Itaniaracá, e o desaguadouro da lagoa Groahyras
no 11io Grande do Norte), a Duarte Coelho, foi expressamente restaurado
o nome dc rio de Santa Cruz, limite norte da mesma capitania.
(**) Corrupção de .Buriquioca, nome dado a esse lugar pelos
indigenas; c significa—casa de buriquis, casta dc macacos.
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S. VICENTE
Aos 22 (cie Janeiro cie 1581)
vio unia barra com tundo sufficiente
para caravelas, patachos e outros
vasos de semelhante lotação; e, como
o religioso donatario (Martim Attonso)
costumava assignalar os lugares mais
notáveis com os nomes de Santos,
cujos eram os dias, em que a elles
chegava a primeira vez, demarcou
com 0 titulo de Rio tie S. Vicente a
barra, por onde entrou no dia deste
martyr gloriosissimo, que escolheu
para Patrono da sua colonia.
F r. G aspar tia M adre de D eus,
A te m o r ia s piara. a h is to r io d a c a p i t a n i a
de S. F icen te, I , 2 7 .
(*) Alguns entendem que este nome foi dado pelo segundo donatario
Luiz de Mello da Silva. E ’ licito acreditar mais na denominação pelos
francezes, porque Luiz de Mello naufragou, e não chegou a estabelecer-se,
voltando logo para Portugal.
porem-se em mais proximo contacto com os indigenas desses
lugares.
E, pois, nem os portuguezes, nem os francezes, nem
os hollandezes, tiveram, até 1654, paz sufficiente para
poderem assignalar os lugares da costa septentrional com
nomes de seus respectivos idiomas, ou para fixarem os que
por ventura puderam dar durante o tempo de seus respectivos
dominios. O resultado foi que os povoadores, então somente
guiados e dirigidos de facto pelos padres da Companhia de Jesus,
preferiram aceitar e conservar as denominações em lingua tupi.
Os padres da Companhia de Jesus, com effeito, foram
sempre propensos á manutenção das denominações em lingua
tupi, no interesse da mais extensa e pacifica evangelisação.
E , para melhor proveito das missões, ellcs proprios eram
obrigados a aprender e a fallar aquella lingua. Os indigenas
não consideravam estrangeiro e inimigo ( synonimos para
elles, como o eram para a antiga R om a) senão aquelle
que não sabia fallar ao menos a lingua tupi, que era a
geral. D ahi a boa politica dos padres jesuitas, bem sabendo
que, obedecendo os povos sempre mais ás forças indigenas
do que ás estranhas, melhor era coordenar aquellas evitando-
lhes as resistências.
E m verdade, as civilisações invasoras não devem
destruir tudo, espalhando somente ruinas e trevas. Em
concurso com o principio destruidor deve andar o principio
regenerador, a fim de que as nações vencidas possam ser
vivificadas, mas já então sob o influxo das transformações
impostas pelo tempo e pelos acontecimentos. 0 segredo da
politica civilisadora de Alexandre, o Grande, embora procurando
fazer a hegemonia macedonia, não foi senão a concurrencia
dos dous principios. Os persas haviam destruído os templos,
e quebrado as estatuas dos deuses: Alexandre, ao contrario,
esquivando-se ao espirito das represálias, e sustentando o de
moderação para com os vencidos, ao mesmo tempo que
destruia as resistências, zelava os santuários, respeitava as
mulheres, deixava em paz os lavradores, não perturbava as
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No vice-reinado do marquez de
Lavradio, chegou ao Rio de Janeiro,
nomeado chancellor da Relação, o
desembargador da do Maranhão João
Alberto Castello Branco; o qual dessa
capitania trouxe duas mudas de cafe
eiro, que por ordem do vice-rei foram
cultivadas na horta dos barbadinhos
italianos.
__ mas no luminoso trabalho
sobre a H i s to r ia e c u ltu r a d o c a fe e ir o ,
do distincto e respeitável sr. dr. Ni-
coláo J oaquim M oiieiu a , lê-se que
João Hopman colhera na horta dos
barbadinhos algumas bagas de café c
as semeara na sua chacara.
J. M. de M acedo , A n n o J J io g r a -
p h ic o . 27 de Outubro, J o ã o H o p m a n .
^ tf& rr* Ó
/í i ,
— 92
para se banquetearem com grande festa, sendo a mãe, por especial honra,
a primeira a comer dessa carne.
Segundo pai eco, nem Joao Ramalho, nem Antonio Rodrigues,
foram considerados prisioneiro*; ao contrario, foram agasalhados como amigos!
João Ramalho era analphabeto. J
.(*) . ?)amos cst0 »omc assim, porque tal as chronicas o escrevem.
Ainda não foi-nos possível descobrir o significado em portuguez. Talvez
esteja escripto incorrectamente.
Yeja-se adiante, na genealogia, a linha A, I.
•i • Sorprendc
1 C a todos os que examinam os primitivos p w u ntempos
u n u o dat
Uc
capitania de b Aiccntc a obscuridade em que os chronistas esforçam-se
por deixarem A.vmxio R odiíigcks , — aliás a primeira figura nas familias
r
China;
tra z iik £ « 5F?7 f
7 vsondo-o naTT ilha Formosa com
cm uo iioinc
nome ClC
de Lfiui
a Ttoi. °Q U Conhec}i(\ na
G G fin iv a lp o
K T ô c e a íi- r d ó “ n - Ã T om 'á
Vie""a’ «» « « » mmielos expostos b Ó d ç â " ,ta c S ° lmíC1'SI“ *
(*) Veja-se frei Gaspar da M adrk dk Tfmo %r
d" c a p ita n ia ,/e S. V ir e n te I SS “>9 0 i f *r a «
transcreveu textualmcntc a carta ,-A„-n ’ ,in oc a ec, °; ljSte chromsta
resolve formalmente este ponto ■' e mesmo a* m ‘S,,t('niliro de 1532, que
régia c documento de alto valor.1 1 10s lesPeit°s, essa carta
a fim de dar a El-R ei noticia circumstanciada das explorações
na região do Rio da P rata; e, em 28 de Setembro desse
mesmo anno, D. João III escreveu uma carta, communicando-
llie a resolução de dividir o Brazil em capitanias desde
Pernambuco até o Rio da Prata, e declarou ter-lhe doado
cem léguas.
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— 97 —
(*)
Frei Gaspar da Madre de D kcs, M e m o r ia s p a r a a h is to r ia
S. V ic e n te , II, teve o trabalho de examinar essa demanda,
,1a c a p i t a n i a Ue
publicando os principaes actos derisorios.
(**) Ver adiante a genealogia, Linha B, V, relativamente a este
capitão-mór loco-tenente, o qual nessa qualidade servio na villa de S. Paulo,
já então cabeça da capitania (1681).
(* * * ) Frei Gaspar da M adre de Deus, M e m o r ia s p a r a a h is to r ia
da c a p ita n ia de S. V ic e n te , II, publicou integralmente o alvará e a
escriptura publica supra.
103
(*) Xessa oeeasião, segundo refove 1' kdro T aquks, esse gover
nador, D. Francisco de Souza, trouxe alvarás, com a data de 2 de Janeiro
de 1008, e as seguintes faculdades:
(l) Vani dar o toro de fidalgo da casa real, c o titulo de D o n a
para as mulheres, a quatro pessoas.
b) Vara dar o toro de fidalgo eavalloiro, a cem pessoas.
c) Vara conferir o liahito da Ordem de Christo, a dezoito
pessoas.
d ) Vara gratificar, com a tença de ã0$000, a seis pessoas, e
com a de 20)>000, a doze.
e) Vara fazm' mercê da serventia vitalícia de officios de justiça,
sem limite do numero de pessoas.
F acereseenta Prumo T.\qi'us: « F outros mais alvaras de diversas
regalias, os qmies todos se acham registrados na camara de S. Paulo,
liv! fit.’ 1(507, desde tl. :>() até tl. 27. F dos mesmos ou da maior parte
deites faz menção J). Antonio Caetano de Souza, clérigo regular da Divina
Vrovidência, no seu livro T itu lo s d o s g r a n d e s d e D o rtv g < d , tratando do
ínarquez das Alinas.»
Fm sua Chronoloaia, Azkvkdo AÍAiup/ns, citando a Pedro Taqvks,
confunde a data de 2 de Janeiro de 1008, desses alvaras, com a da
provisão régia (1.1 de Junho de 1(5(8) creando governo .separado em
S. Vicente. F' anterior a dos alvarás, porque, desde que D. Francisco de
Souza, então governador geral do Fstado na Bahia, esteve em S. Paulo,
1 5 9 9 — 1(502, com seu secretario Cedro Iaques, voltando após esse tempo
para Portugal com a noticia das descobertas das minas de ouro cm 1597
Da serra de JagnauTaubaha (hoje Jlanth/iteira) 0 nas de Jaragvá e de
Vidiinnià, foi estudado esse assumpto; sendo afinal resolvida sua nomeação
para administrador geral das minas, em 1(507. Xo anuo seguinte, e
á vista da conveniência de não ficar a capitania de 8. Aicente subordinada
ao governo geral na Bahia, foi que Kl-Bei Filippe III da Hespanha e II de
Portugal, então em Lerina, mandou expedir a referida provisão de 15 de
Junlio ; reunindo assim D. Francisco de Souza as duas qualidades.
— 105
de 1741.
7." A desannexação dos territórios das minas de
Cuyabá e Goyaz, da capitania de S. Paulo, para formarem
duas capitanias separadas e independentes, por alvará de 9
de Maio de 1748.
8.° A extmeção da capitania de S. Paulo e sua
reunião á do Rio de Janeiro, pelo mesmo alvara de 9 de
Maio de 1748: o que somente em l.° de Março de 1750
(* * ) M achado dk O mvktra, Q u a d ro h is to r ic o da p r o v in c ia d c
S. P a u lo , escreveu U rurau. Parece que foi inexacto.
A animosidade contra os padres da Companhia
augmentou com a noticia das queixas e das reclamações dos
qnc assistiram, afflictos, em 1628— 1634, á destruição das
redacções do Go ar a, fructo de setenta e quatro annos de
fadigas e de trabalhos apostolicos.
Estas redacções estavam sob a direcção dos padres
da Companhia, desde o século anterior; c os padres as
tinham formado no interesse da paz e da domesticação da
infeliz raça indigena. Mas, os bandeirantes de S. Paulo,
descendentes cm grande parte do portuguez Joao Ramalho
com varias indigenas, c de outros que vieram depois, resol
veram a invasão do territorio oceupado por aqucllas redacções,
tomando por chefe Antonio Raposo, ja experimentado poi
suas crueldades contra os gentios em outras emprezas de
menor valia.
A bulia de 1638 foi o resultado daquellas queixas
e reclamações dos padres tia Companhia, a pioposito das
reducçõcs do Goara.
Essas reducçõcs foram formadas de restos de vai ias
tribus, predominando pelo maior numero a tribu guarany,
que por isso deu o maioral. Ao principio estacionavam
entre os rios Paraná e Paraguay; mas, acossados pelos
hespanhoes, reuniram-se, áquein do rio Parana, as margens
do rio Uruguay, sob a constante e paternal direcção dos
padres da Companhia de Jesus.
O Goara, propriamente dito, era dividido em duas
seccões, com a interposição do rio iibagy, affluente oriental do
Paraná, c formado de quatorze reducçõcs; sendo Ciudad-Real
a principal e também a mais populosa, situada na confluência
do rio Piquiry, tributario do Paraná em sua margem oriental.
Formadas em 1 557, e desenvolvidas no correr dos tempos
com mais de ' cem mil indios, não apresentavam cm 1634
senão vestigios.
Ainda depois, os padres da Companhia formaram
oito reducçõcs em territorio equidistante dos rios Parana e
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— 110 —
eq xõ,i João 1’ires, chefe então da familia dos Pires, quem, com
seu animo Feruão Dias Paes, conscguio a readmissão dos padres jesuítas,
obtendo "antes este alvará, idiante, no capitulo XI, damos os documentos
dessa readmissão.
(**j p;i-]tci agradeceu aos paulistas, por carta de 11 de Dezembro
de 1 6 5 4 , a readmissão dos jesuitas.
i***) o mesmo (pie assassinara em 1640 a Pedro Taques, irmão
dc Loureneo Castanho Taques, c filho do outro Pedro Taques-fundador
da familia Taques Pompeo.
Vêr adiante a genealogia, Linha B, III e I \ .
— 114 —
MARAM-NHANA-Y
Entretanto ó corto cjno tias
mesmas navegações (Ilojeda e Pinzon)
resultou o terem sido os castelhanos
os primeiros a conhecer e a frequentar
essa parte da costa; havendo sido não
só, com toda a certeza, descobridores
do M a r D o c e ou Amazonas, como
também, mui provavelmente, do porto
ainda hoje chamado M a r a n h ã o ; nome
que não será fácil averiguar se proveio,
como disse P edro Martyr, do indigena
adulterado...
O que ora temos por sem duvida
é que esse nome foi de principio dado
ao proprio Maranhão de hoje; e que
a este se referem com tal nome, não
só o mesmo P edro M artyr e o
geographo Exciso, mas também todos
os cartograpbos antigos, sem exceptuar
PlOGO IllBEIRO.
Y arniiagen, visconde de Porto-
Seguro, H i s t o r i a G e r a l d o B r a z i l , Y.
(**)
Padre C iiristoval de A cuna , N u e v o d e s c u b r i m i e n t o d e l
1641, no 11. 1 da I t e l a c i o n assim exprime-se:...
g r a n rio d e las A m a z o n a s ,
« el gran rio de las Amazonas, llamado por e r r o r c o n u m , entre los poco
vistos en la geographia, rio d e el M a r a n o n . »
— 137 —
(* ) E. L lttuk, D i c t i o n n a i r e de la l a n g u e f m n ç a i s e , C P. L aroussk ,
D i c t i o n n a i r e uni,versei, lias palavras — m a ca ret, m ascarét e macree.
Os inglezes denominam este phenomeno — h u g e r ou bore; talvez
por ser chamado commummente o rio Ganges — B o r i- G a n g e s .
(**) pj,. \K [ Diccionario da lingua, portugueza, lia palavia
— macaréo.
( * * * ) Padre S imã O DE Vas COXOELLOS, C h r o n ic a d a C o m p a n h i a de
J e s u s n o E s t a d o d o B r a z i l . Y armiaokn , commentando 0 R o t e i r o d o B r a z i l
de G abriel S o a r e s , cita alguns desses autores.
O padre F ernã O G ü EIUIEIRO. na R e l a ç ã o a n n u a l d a s c o u s a s q u e
144
(*)
Veja-se a orthographia com que o padre Ivo d’E vreux,
V i a g e m ao norte d o B r a z i l ,
escreve as palavras da lingua t u p i . Ao passo
que o portuguez escreve c u n h a , mulher, o francez escreve k u g n a n . As
linguas americanas, apenas falladas pelas respectivas nações, foram reduzidas
á escriptura phonetica pelos invasores; e, pois, cada qual as adaptou, pelo
que soavam as palavras, ao proprio idioma. De sorte que, por exemplo,
a lingua t u p i não parece a mesma, quando aprendida em grammatica e
livros escriptos por portuguez, hespanhol, italiano, francez, allemão, hol-
landez, inglez, etc.
Aquelle mesmo padre Ivo d’Evreux escreveu Ybuira-Pointan ,
« páu-brazil»; ao passo que os portuguezes o escrevem ibira-pitangá.
O general Couto Magalhães, O S e l v a g e m , II, 3, depois de
mostrar que o t u p i e o g u a r a n i são quasi a mesma lingua, patentêa a
differença entre o padre Luiz F igueira, portuguez, e o padre A. R.
Montoya, hespanhol, ao escreverem o vocabulário; e tal ó a differença,
que quem entende um, não entende o outro.
E isto não é uma conjectura (*). Os indigenas
não denominavam lugares e mesmo pessoas senão corn os
nomes das cousas e phenomenos naturaes existentes no seu
paiz; e sempre apropriadamente, segundo escrevem em geral
todos os missionários e historiadores. Os invasores, cujos
nomes lhes era difficil pronunciar, eram ordinariamente de
nominados pela semelhança entre • o individuo e alguma caça
ou algum objecto, conforme á sua physionomia, genio ou
maneira de viver. Em summa, a denominação dada pelos
indigenas ás pessoas e ás cousas era sempre representativa
da pessoa ou da cousa denominada.
O nome Maranhão, não podendo ser senão a corrupção
de uma denominação tupi, não foi, portanto, transportado do
rio das Amazonas para a ilha de S. Luiz e para a respectiva
capitania. Já o nome M aram-onhang-y ou Maram-nhãma-y,
por syncopa— Maranhay, como a escreveu o padre J o ã o
T avares, lá existia antes de sua descoberta. Sem o y final,
o som de cada uma das palavras M aram-onhang ou M aram-
nhãma equivale ao do nome Maranhão. E, assim como os
gregos dispensavam em makhé-rhéo o agente agua, é possivel
que os selvagens pronunciassem somente qualquer daquellas
duas palavras tupis, identicamente compostas, sem o y final
que o padre J o ã o T avares julgou necessario. De qualquer
modo, o nome Maranhão tem a origem na lingua dos
indigenas. 0 mais não passa de uma lenda.
MARANHÃO
Assim conduzidos saltámos cm
terra, onde se ajoelhou o sr. de Rasilly,
com os francezes, ]mra nos receberem ;
logo, foi entoado o Te-Dcum hm-
dirnuts conforme o cantico da Ivareja,
e assim caminhámos em procissão,
entre lagrimas de alegria de muitos
francezes, seguidos de indios.
Assim tomámos posse desta terra
e novo mundo para Jesus Christo, c
em seu nome: esperando abençoar o
lugar e plantar a Cruz, em dia que
fôr designado.
... Somente vos digo que no
domingo, 12 de Agosto (1612), dia
de Santa Clara, celebrámos todos
quatro as primeiras missas que aqui
se disseram.
(Carta do padre Aksk.ne de
P companheiro dos padres C laude
aui s ,
d’Auukyille. Ambrose d’Amiejns, e
Ivo d' K v k e e x , Superior.)
(*) Como já foi exposto, Pinzon entendeu que esse cabo era o
que^lepo.s foi de.mmmado do S a n t o ArjoMnho. E’ mais crivei que esse cabo
íoss( entie o («urupy, na íoz do rio do mesmo nome, e o rio Amazonas-
e assim o entendem alguns, com bastante fundamento. ’
dictoies que contestam a esses exploradores hespanhoes a
foi tuna de haverem sido os primeiros a tocar portos na
costa brazilica ao snl do rio Amazonas, é certo que o depois
denominado Estado do ]\[aranhão foi descoberto mezes antes
que Pedro Alvares Cabral, por acaso, ou impellido por
correntes oceanicas que eram-lhe desconhecidas, houvesse
aportado ao lugar que clle mesmo então denominou Porto
Seguro, pelo abrigo que ahi encontrou. A descoberta de
Pcdio Alvares Cabral foi, sim, apenas o inicio da da parte
denominada posteriormente Estado do B razil; cabe-lhe, porém,
de direito a gloria do grande facto, como já foi dito.
Decorridos trinta annos, o primeiro explorador por-
tuguez que, desde a ilha de Itamaracá, navegou até a fóz
do «o Amazonas, foi Diogo Leite, mandado por Martim
Aftonso, cm duas caravelas, aos 19 de Fevereiro de 1531. (*)
Quando El-Rei D. Joao III resolveu colonisar as
terras do brazd, e dividiu-as em capitanias, d eju ro e herdade,
essa parte septentrional á de Itamaracá (**) foi doada, por
foial de 11 de Março de 1535, ao grande historiador João
de Barros, que associou-se em parçaria com Ayres da Cunha
e íe rn ã o Alvares de Andrade ( thesoureiro-mór do R eino),
para com cabedal maior realisar melhor a empreza. A
aunada, da qual era capitão-mor o mesmo soeio Ayres da
Cunha, foi de dez navios, com 900 homens, sendo 113 de
cavai lo ; e sahio de Lisboa cm 1539, gastando quatro annos
em preparativos Nessa expedição vieram dous filhos
Çj f i'rã-ubii, arco-verde.
1)0 :,01'o".vi»0 de Albuquerque descende a conhecida familia, de
Alagnas an Jí.o-õrandc do Aurte, A l h r ^ c r ^ e M urche,
— 157 —
(**)
Lemos uma controvérsia — se sc deve escrever I t a p i c u r v ,
OU I t a p a c u r á , OU T a h u c u r á , CtC. Pensamos lião valer a
OU I t a p e c n r ú ,
pena essa disputa.
158 —
(*) O padre J o s é d e M o r a e s , H i s t o r i a d a C o m p a n h ia , d e J e s u s
na e-vt i n c t a p r o v i n c i a d o M a r a n h ã o c H a r d , depois do applaud ir a eleição
dc Jacome de Noronha, accresccnta: « E quando sc não contasse outro
entre os acertos do seu governo, bastaria a resolução e providencia com
que deu fim ao descobrimento do famoso rio das Amazonas, nomeando
1GO
completar o seu plano cie sorpresas, « porque um n e g ro , que fugio cia terra
firme, cie tudo o que nella havia acontecido dou aviso na cidade ».
O padre Josr; dk Mouaks, H i s t o r i a ifa C o m p a n h i a d e J e s u s n a
e x t i n c t a p r o v i n d a d o M a r a n h ã o e P a r á , T I , 6, porem, escreveu: « porque 11111
mi st iç o , que escapou a nado do conHicto, levou á fortaleza da cidade a
triste nova daquella fatal derrota ».
Frei Josr; nu S anta Tiikrkza, Tstoria deite g u e r r a del regno del
B ra sile, escreveu que esse fugitivo era u n M o r o (mouro).
(*) Y arniiaokn, H i s t o r i a G e r a l d o B r a z ' d , XXX, sustenta que.
Muniz Barreiros foi ferido nesse combate. Eis o que clle, de certo
por informações, escreveu : « Aid se detenderam os maranhenses energica
mente, de modo que obrigaram os hollandezcs a retirar-se, com perda de
não poucos mortos e de sessenta a setenta feridos. A perda da nossa
parte foi proporcionalmcnte mais pequena cm numero; mas muito maior
moralmente, porque nesta heróica defesa succumbio o capitão-mór Antonio
Muniz, i
— 166
I
Nas divisões da Companhia de Jesus, o Estado do
Maranhão constituia também uma administração separada,
isto é, uma viee-[)rovineia. li aos padres jesuítas já devia o
Estado do J laranhão, assim como o Brazil inteiro, os difficeis
inícios de sua civilisação; ainda que tiveram de amargar e
soffrer os assomos da cólera interesseira, durante mais de
um século de luctas, daquelles que não tratavam senão de
expulsal-os, como obstáculos que eram á cscravisação dos
indios.
O Estado do .Maninhão, ao principio, comprehcndia
a capitania de Itamaracá; mas, depois, foi recuada sua
fronteira sul para a raiz da serra de lbyapaba (C eará). Em
171 õ — 171 S, passando para o Estado do 71laranhão o
territorio do Piauliv, povoado ue sertanistas de S. Paulo,
Minas, Covaz o Bahia, foi desligado para o Estado do Brazil,
subjeito á capitania de Pernambuco, o territorio <lo Ceará
que estava até então subjeito ao Maranhão. De sorte que
os limites entre os dons Estados Brazilieos, por esse lado,
('ram quasi os mesmos que ora separam as provincias do
Piauliy e Ceará.
Antes da provisão do Conselho Ultramarino de 9 de
Maio de 174K, que desligou da capitania de S. Paulo as
minas de Covaz c de Cuyabá para constituírem governos
separados, e reduzio aquella capitania á subjeicão do governador
da do 1lio de -Janeiro, os limites do Estado do Maranhão^
por esse lado, segundo vò-se da mesma provisão, eram
Pernambuco, Bahia, S. Paulo (então comprehendendo Goyaz
(' Matto-Grosso ); e, pelos lados occidental c norte, as
divisas internacionaes com as republicas do Perú, Equador,
Nova-(«ranada, \ enezuela, e com as Guiannas ingleza, hollan-
deza e franceza, sendo que a linha divisória com esta
possessão franceza era o rio Oyapock ou Vicente Pinzon. (*)
J J i c c i o n a r i o h is to r ic o - g e o g r a p h ic o d o M a r a n h ã o , lia palavra G o v e rn o .
178
( ) 1) 1, 1!I! l.Di t, Anmh\< hisfnf/ 1'iw i/n E<ta,lo <(<> Alaranhão, 1124,
112.) e 112(>, transcreveu integralmente a supracitada provisão. e mais
il, (,° l*,>r'lão dos (pie expulsaram os padres da Companhia em 16G1.
taiiiluun a provisão de ls do Outuhni do mesmo anno do 1GG4, man
dando restituir a Companhia na posso das ogrejas c parochias quo haviam
te,ndado no .Maranhao, com sua desposa e com sua industria; «c pela
apresentaram que nas ditas Kgrejas posso fazer, como Mestre que sou da
( lidem de ( hiisto, o hey assim por hem. pela satisfação que tenho do seu
hom procedimento, e do zelo que tem do serviço de Deus, c do bem das
almas daquella gontilidado; c com esta declaraçao se cumpra a dita
Provisão, tao inteiramente como índia sc contém; e assim esta Postilla,
(jiio valem como Cai tu, som embargo da Ordenação do livro segundo
titulos trinta c nove o quarenta, cm contrario.» 1 '
— 179
189
BREVE EPÍLOGO
Aqui finda este modesto trabalho historico. Outros o
ontinuarão, em tempos futuros.
E ra indispensável esse ainda que ligeiro exame dos
icontecimentos e fastos publicos, antes de penetrar a historia
la familia. A genealogia, que adiante vac escripta, impondo-se
)0r sua nobre legitimidade e por notorios serviços a causa
lublica, não podia deixar de ter por portico a historia
íacional. Nem lograria ser eomprchendida, se nao fosse
oosta em evidencia a ligação entre seus successivos perso
nagens e a historia do Brazil, particularmentc das capitanias
de S. Vicente c S. Paulo e do Maranhao.
A historia das nações não ó, com cffcito, senão a
biocrraphia dos individuos, a chronica das famílias os annacs
das° povoações, formando tudo isso um conjuncto de tradições
gloriosas.
EX PLIC A Ç Õ ES
No capitulo III, S anta C ruz — B razil, pag. 37,
escrevemos que, « segundo alguns chronistas, os indigenas
deste grande paiz do Novo Mundo o denominavam A rabutan ».
Relendo depois a obra do padre Ivo d 'E vreux,
Viagem ao norte do B razil nos annos de 1613 — 1614,
traducção, I, 14, dá este clironista noticia de « um guerreiro
principal da ilha do Maranhão, chamada Ybuira-Fointan,
B a il-B r a s il». L. F erdinand D eniz, na nota a este trecho
da obra, corrige o nome do chefe indigena, escrevendo Ibira-
Fitanga, conforme A. Ruiz de M ontoya. Entretanto J. L ery,
1 Estoire d un voyage fait, en la terre du Brêsil, Ruão, 1578,
escreveu Araboutan , e antes delle, A. T hevet, Singularités
de la France antarctique, autrement nominee Amerique, Paris,
1556, fabulista irrisorio, havia escripto Oraboutan.
Assim, pois, o nome Arabutan não é senão uma
corrupção franceza do ibyra-pitanga.
E, acerca deste nome, ha variedade ainda nos escrip-
tores portuguezes. Uns escrevem ibyr a-pitanga, im ir a-pitanga,
m ira-pitanga ; outros carregam o a final de pitanga; e
220 —
\
221
DOCUMENTOS
I
(*) E' o verbo - hm ar? Parece que jnjoar é aqui applieado por
lesogtntr.
225
II
III
III
S e r q u e ir a . — M a n o e l C ardoso C r u z. — P e d r o G o m e s E s te re s.
— F r e d e r ic o ( o resto do nome está inintelligivel ). — M a n o e l
d a S i l v a F e r r e ir a . — ( Segue-se uma assignatura indecifrável).
— M a n o e l de A fo n s e c a . M a n o e l L o u r e ir o (o resto está
inintelligivel). M a n o e l M e n d e s de A lm e id a . (Segue-se
outra assignatura indecifrável). J a c in th o B a r b o s a I ^ o p e s . »
1
-
‘i
243 —
IV
UMA RECORDAÇÃO
c i^ 9 'P ..
249
Mfk i ®1 MMQ)
DE
VI
'r5'
PARTE GENEALÓGICA
L’liistoirc cst une evocation du
sepulcro, et râmc de nos pèrcs nc se
reveille que dans notre àme. II n’y a
que notre vie actucllo qui puisse
attestor cello qui n’est plus.
L li F U A K C , De Vesprit moderne an
point de vue réligieux, III.
PAETE GENEALÓGICA
L’histoire est une evocation dii
sepulcro, et 1'âmc dc nos pores nc sc
reveille quo clans notre àme. II n’y a
que notre vie actuelle qui puissc
attestor cello qui n’est plus.
Lkfuatsc, I)c T e s p r i t m o d e r n e a u
p o in t dc vue reliejieu x, III.
(*)
Segundo A. Cus A l t Maikícks, D ic H o n a r io h is to r i co -g eo g ra p h ico
d o * M a r a n h ã o , deve ser escripto I ta - p E - c u r v , « caminho dc
d a p r o v in c ia
pedras a cada passo », por causa dc extensas cachoeiras no rio. Outros
entendem <pic deverá ser Jtapvcvrá; sempre, porem, decompondo o nome,
para conhecerem-lhe o significado.
Ha erro em tudo isso. 0 nome Ita p ic v rá é o dc uma arvoro
dragoeira, de <iue lia abundanda no Maranhão. Dalii a denominação
dada ao rio. Outros escrevem o nome dessa arvore, Ita p ic á ra ou Ita p icá ro .
(**) Caxias. Villa, por alvará dc 31 dc Outubro de 1811.
Cidade, pela lei provincial n. 24 de 5 de Julho dc 183G.
(***) Segundo relata H e m IHDO, A n n a c s h isto ric o s do E s ta d o d o
M a ra n h ã o1470, só cm 1717 partio da cidade dc S. Infix uma força sob
o commando de Francisco Cavalcante dc Albuquerque com a graduaçao
de sargento-mór, «na direitura do Itapicurú, rio da terra firme, para lazer
a sua entrada pelo sertão delle». E accrcscentou: «mas, entendendo o
governador que a sua marcha não iria ainda muito avançada, lhe mandou
ordem para retroccdôl-a até á casa forte do Iguará, que fica na bocca da
capitania do Fiauhy, com a noticia dos grandes estragos, que tinham leito
nclla os t a p n y a s de corso de varias nações. »
— 262
Paris, 1869. . ,
0 padre M onsarrk, Conferences, XIII, caremc 187o: L a Gcncsc
r*) Estes svstcmas não são ama novidade nos desvarios dos
homens. Basta attender para as doutrinas inversas da antiga esco a
nco-platonica de Alexandria. Esta cscóla admittia uma trin d a d e; mas
das tres pessoas ou hypostases, a Unidade, a Intelligence, a Alma, que
constituiam, nesse systema, a triplico unidade do Deus supremo so a
Alma comnnmicava-sc com o mundo para regnlal-o c dingil-o. Isto c, a
Alma era o unico canal de communicacao entre o infinito e o finito, ent
a eternidade e o tempo, entre o ser puro c absoluto e ^ phenomenos
instáveis de um mundo mol.il. A Alma divina era o autoi do
universo sensível. Mas, esta Alma, umea pessoa divina em relaçao com o
mundo, mío o tinha feito sal,if inteiro, con.plcto, c do um so golpo lo
nada,a exemplo do Deus do (ienes,s; ao contrario, mediante uma seno
dc emanações, produzindo quedas successivas, a vida, destacando se tia
triade ^m ncina * onde residia essencialmente, veio animar a materia ainda
h í f o t o ‘da quaí sahira o universo. Uma sério de s t e i i t a t o » ,
gerando-se uns aos outros ( alm as in d ivid u a e *, segundo a■ d e m r ^ •
dada nara distinguil-as da Alma geral e suprema), povoavam assim todo
o Inteívalío que separa de seu primeiro e eterno principio a natureza.
Mas pergunta A. DE BroOUE, V E ' g l i s e et I'e m p i r e v o m a m a u
i?
I V s i r * , HI,’ g.D 0 quo mo,lo, no systema do F u m j .
0 mundo? Por emanação, ficando misturada neste, ate ao ponto
— 272 —
até ao pÔ„“ T ‘ s - d S S ^
geograplua, de ctlmogiapliia, ■ erradas investigações c
indigenas, por,pio as obras .m oiros, 0 estes, guando não
com estudos phantasticos de ' outros da lingua propria;
S Ô ^ ^ m a ^ b m S n a , A ã o um proiongamento da E uropa. A
nação brasílica ainda não esta reib tu • uma raça
m Só OS pohigenistas podem aun
autochtone; isto é, sem descender dc ^ ^ ' somentc os primeiros po-
Consideramos mdnjat s - raeas se iam expandindo c
voadores do territorio, a proporção que taça
— 288 —
-t t:1;:::: . —„s,.
argumentarão A iquelle antliropologista, quanto a esse « » < - » . » • das
rflCtis Polynesia c americana .
• ' Tal argumentação, gorda, o - » - S ã u L v e iõ
s rs ie n te íi™ odÔrienta, LglnScT die affirma, explicada tiea a natural
expansão para a America.
— 290 —
R am o paterno R am o materno
PIQUIROBY
Notre vie e s t une suite de m é te m p sy c o se s
ou de transfigurations qui nous conduisent à Dieu,
Padre J. B. II. L acord aire,
C o n fe r e n c e s .
O s n a tu r a e s do B r a z i l . . . , o s selvagens,
rudes e de costum es quasi homéricos, podem p re sta r
bellos quadros á e p o p é a , . . .
M. Onoiuco M endes, Notas ás
-B u c o lic a s , de Virgílio, no final.
DE Tolkdo R isNDON, na R e v i s t a d o I n s t i t u t o H is to r ic o , G e o g r a p h ic o e E th n o
g r a p h i e s d o B r a z i l , IV, pag. 295: 1842. Egualmeilte cscrevcu U r u r a y , c
não U r a r a y .
E tambcra Machado de Oliveira, N o tic ia , so b re a s a ld e a s d o s
in d io s d a p r o v in c ia , d e S . P a u l o d e sd e o se u co m eço a t é a a c t u a l i d a d e , lia
citada R e v i s t a , VIII, pag. 204: 184G.
A aldôa do S. Miguel foi fixada ao longo do rio U r u r a y , cm
seguida aos limites da data de João líamallio e seus filhos, correndo pelo
rio, tanto dc unia parte como da outra.
A dos Pinheiros, na paragem C o r o p ic u iv a , ou C o r o p u c u y b e , ao
longo do rio, dc uma parte; c, da outra, começando dos limites das datas
de Domingos Luiz e Antonio Preto.
(*) A zevedo M aroues, A p o n ta m e n to s h is to r ic o s , g e o g r a p h ic o s ,
b io g r a p h ic o s , e s ta tís tic o s e n o tic io s o s d a p r o v in c ia , d e S . P a u l o , no nome
S e s m a r ia s .
Os dous titulos, tanto o dc Pedro dc Góes, como o dc Ruy
Pinto, que deixámos transcriptos no capitulo XI da parte historica, são
importantíssimos para a geographia desse lado da provincia.
Mais importantes o são para confirmarem as chronicas da
capitania dc S. Vicente, quanto ao facto dc terem sido encontrados, em
1531, por Martini Affonso de Souza, os portuguezes João Ramalho e
Antonio Rodrigues, que já alii viviam, ha muitos annos, entre os indigenas.
O senador Candido Mendes de A lmeida, em urna Memoria
denominada N o t a s p a r a , « h is to r ia p a t r i a , e publicada na R e v i s t a d o
I n s t i t u t o H is to r ic o , G e o g r a p h ic o e E th n o g r a p h ic o d o B r a z i l , XL, pags. 163
e 277, segunda parte, 1877, pretendendo provar que o tal b a c h a r e l dc
Cananca era o mesmo João Ramalho, foi induzido em erro, ccrtamentc
por desconhecer o titulo de sesmaria dc Pedro de Góes. E, muito
prevenido contra frei Gaspar da Madre de D eus , chegou a attribuir-lhe
a in v e n ç ã o de A ntonio R odrigues ! Por accrescimo, illudido por palavras
ambiguas de uma carta do padre Antonio de Sá, dc 13 dc Junho de 1559,
não duvidou affirmar que João Ramalho já era fallccido em 1560; quando
c certo que, na sessão de 15 dc Fevereiro de 1564, da camara de
— 332
S. Iaulo, foi lida sua escusa « dc nao poder aceitar o cargo dc vereador,
paia fjHO fôra eleito, por ser homem relho que passava de 10 annos».
0 testamento dc João liamalho, cm 3 dc Maio dc 1580, cuja
copia irei Gaspau da Madre dk Deus declarou ter em seu poder, não
nas M e m ó r ia s p a r a a h is to r ia d a c a p i t a n i a d c S. V ic e n te , COlUO trimcada-
nientc escreveu Azevedo Marques, com referencia ao nome J o ã o R a m a l h o ,
mas na A o t i c i a d o s a n n o s em q u e se d e sc o b ria o B r a z i l , publicada
\\i\. Revista supracitada, II, pag. 425, 1840, — aqucllc testamento existio
íealmcnte, O reteria a lg u n s n o v e n ta a n n o s d e assistência n e s ta te r r a . E
poi que ligar-se-lia im])ortancia a essa declaração dubitativa? A verdade
consta de outros documentos.
^6 O^
L I N H A —A
A L inha A desta genealogia tem por progenitor
brazilico o cacique Piquiroby. Desta Linha procedem, como
já foi referido, o legendário Amador Bueno de Ribeira e,
por este, os Rendons.
P or parte de D. Maria Pires de Medeiros, filha de
Salvador Pires de Medeiros, — este filho de Salvador Pires
e de sua m ulher D. Mécia Fernandes, a qual D. M aria
Pires de Medeiros foi casada com Antonio Pedrozo de
Barros, filho do capitão Pedro Vaz de Barros, e de sua
mulher D. Luzia Leme, descendem também de Piquiroby
os Souza Queiroz, os Souza Barros, os Paes de Barros. A
referida D. M aria Pires de Medeiros era prnna-irm a de
Amador Bueno de Ribeira, cuja mãe, D. M aria Pires, era
irm ã de Salvador Pires de Medeiros.
Deste mesmo Salvador Pires de Mcdeiios foi genro
Domingos Jorge V elho; o paulista celebre que, com o
portuguez Domingos Affonso Mafrensc, penetrou os ínvios
sertões da capitania do Piauhy, como já referimos na historia
da capitania de S. Vicente e na do Estado do Maranhao.
E ram tam bém Pires — Francisco Dias de Siqueira e os outros
que lá andaram naquellc Estado.
#
— 350
"v d cT^“
I
Antonio Rodrigues, português, c a sa d o jg ^
M oreira na N o t i c i a d o s a n n o s c m q u e s e d e s c o b r i a o B r a z i l , publicada na
f n T í r Clta- a’ I!’ 1>ag\ 425t ; 184°- * DiS° portuguezes no plural, porque
cias Memoiias do padre Jorge Moreira, escriptas no meio do século
passado, consta que com João Ramalho veio Antonio Rodrigues, o qual
H ururahy10»’ CílSara C°m uma filha de Piquirobi, Cacique da aldêa de
“ 1533*a fidalgos^da
facilmente verificada ° * * den0» i"»a '> V n r ^ ai”da pode ser
O primeiro titulo declara: « nelo ciminhn do r>- ■
mar para S - P a " '° ) a entest“r oom a serra que^está
dn to ( 1 a r a n a p i a c a b a ) e dahi por 'uma ribeira que vem iielo dp
da serra que chamam M a r o r é e dahi dentro no pé da serra de p ! P
c s tl'n a b i r n ° d o ° r i o ° / ? * e,ntestar ™ a ^ t Z l l 7 $
a b a n a do 110 c >'l>atao, onde vem dar a ribeira Ururay ) » 1
“ de'
!|
364 —
Bueno de Ribeira
São dies:
I o.) Amador Bueno de Ribeira, o qual é o do
texto genealógico seguinte.
2. °) Francisco Bueno, casado com D. Filippa Vaz.
São os pacs de Bartholomeu Bueno, que, por suas devas
tações nas nações indigenas, foi alcunhado, entre estas,
A n h a n g v é r a , « diabo velho ».
3. °) Bartholomeu Bueno — o m oço, para differençar
do pae. Casado duas vezes, não deixou geração.
4. °) Jcronymo Bueno, o qual casara-se com D. Clara
Parente, filha de Manoel Preto e de sua mulher D. Agucda
Rodrigues, fundadores da capella de Nossa Senhora do O’.
Mor rcu cm 1644 entre os gentios do Paraguay. Deixou
geração. Sua filha 1). Isabel de Ribeira, foi casada com
José Ortiz de Camargo, o causador da guerra entre os P ir e s
e os Camargos.
5. °) 1). Maria de Ribeira, casada com João Ferreira
Pimentel de i avora. Com dons filhos sem descendência.
6. °) D. Mécia de Ribeira, casada com Domingos
Garcia. Sem O
geração.
o
7.°) D. Isabel de Ribeira, casada duas vezes.
Também sem geração.
V
Am ador Bueno do Ribeira, o qual casou-se com
i ê
— 369
(*) Linlia B, V.
( « ) Xoda a sua dcsccudoncia cspalliou-sc no Rio do Janeiro c
Minas Gcraes, como o explica 1’kdro Taquks, K o b U i a r d i i * P a u l i s t a n a , na
R e v ista do in stitu to H is to r ic o , G e o g r a p h ic o c P th m xjra p h ico do B ra zil,
XXXIV, parte segunda, 4.° trimestre de 1871, pags. 161 a 164. No
mesmo tomo XXXIV, supra citado, pag. 159 e 160, lê-se que o irmão
I). João Matheus Rendou, casado no Rio de Janeiro com uma Azeredo
Coutinho, seguio para Lisboa, já então viuvo, e lá tomou ordens dc
presbytero: fallecendo de bexigas, logo depois. P edro T atues ignorava se
cllc lnivia deixado geração.
378
" 5 ~ 'r
CAPITULO QUINTO
L I N HA —B
Esta Linha tem por progenitores Antonio Rodrigues
de Almeida e D. Maria Castanho, ambos portuguezes.
E ’ esta a Linha dos Almeidas, dos Castanhos, dos
Proenças, dos Taques, dos Laras, dos Toledos, dos Godoys,
dos Anhaias, dos Moraes, dos Pompeos.
E ’ a Linha nobilitada á moda européa desde sua
origem ; porque Antonio Rodrigues de Almeida era cavalleiro
fidalgo da casa d’E l-R ei D. João III.
Por D. Magdalena Fernandes de Moraes Feijó, mulher
de D. Diogo de Lara, cuja filha D. M aria de Lara casou-se
com Lourenço Castanho Taques — o velho, esta Linha prende-se
á dos Antas Moraes. De facto, D. Magdalena Fernandes
de Moraes Feijó era filha de Pedro de Moraes de Antas c
de sua mulher D. Leonor Pedroso, e s ta — filha de Estevão
Ribeiro Bayão c de sua mulher D. Magdalena Fernandes
Feijó, todos portuguezes. Aquelle Pedro de Moraes de Antas
era descendente, em decimo-quinto gráo, de D. Mendo Alam,
senhor da então villa de B ragança; o qual vivia em tempo
d’E l-R ei D. Afíbnso VI de Leão, avó de D. Affbnso Henriques,
384
iucluio não obstante na primeira nobreza cio Reino nos tempos antigos
« os escudeiros, os cavalleiros armados pelos Reis, ou pelos capitães-móres
nas guerras da Africa c da Asia, os que conseguiam o honrado titulo de
Vassallos, c outros da mesma gerarehia ».
El-Rei I). Manoel havia feito definir em suas Ordenações quaes
os fidalgos; e era essa a legislação no tempo de El-Rei I). João III;
« cm cujo reinado ( segundo escreveu P edro T aques, N o b i l i a r c h i a P e n d i . s-
tnud ) foi o fôro de cavallciro fidalgo o mais superior que constituía gráo
de fidalguia, até que alterou a ordem dos filhameutos o sr. Rei D. Sebastião,
de cujo tempo até o presente ficou este fôro de cavalleiro fidalgo sendo
infuit o ». E accreseentou o mesmo Prumo T a t u es : « Esta materia tratou
M oraes, de c.recutioni/iits; c muito melhor o revm. padre-mestre I). A ntonio
Caetano de S ouza, no seu livro Grandes de P o r t u g a l , impresso em 1755.»
O citado M oraes , IV, 8, 70, explicando os grãos de nobreza,
com o apoio de B randão e outros, relata:
« Cavalleiro da casa d’El-Rei, nos tempos antigos em que não
havia distineção, (pie hoje ha, de fidalgos cavalleiros, c de cavalleiros
fidalgos, se acha tomado em um e outro sentido, de maneira que muitas
vezes se entendia por aquellcs que hoje chamamos eidalgos - cavalleiros ,
u t n o ta t C aredo , If, dec. 106, n. 1. »
(+) B althasar da S ilva Lisuôa, A i v n a e s d o R i o d e J a n e i r o , i
menciona A ntonio R odrigues de A lmeida como um dos que acompanharam
a Mem de"'Sá, nT" expedição 715'‘Sr ViceiTte'contra os francezes. E, per
tencendo aquelle territorio do Rio de Janeiro á capitania de S. Vicente,
a qual começava treze léguas ao norte de Cabo-Erio até o rio Curupacê
( 55 léguas ), e desde o rio S. Vicente até doze léguas ao sul da ilha de
Cananéa ( 45 léguas), A ntonio R odrigues de A lmeida teve de exercitar
alli suas funeções dc escrivão da ouvidoria e outras, ainda que simultanea
mente fosse capitão-mór loco-tenente na capitania de Santo Amaro de
G u a ib e .
— 387 —
pessoa que lhe devão suas rendas e ao diante deverem, e quo obrigados
lhe sejão, e de tudo o que lhe deverem possa rocchcr, e do que receber
dará conhecimentos e quitações, o haverá suas contas por acabadas, e
procurará por toda fazenda do dito seu filho e suas rendas; e possa citar
e demandar a quem lhe aprouver, em jmzo e fora delle allegar, defendei, etc...
e de toda a fazenda de escravos do cathecismo c dos Carijós que o dito
Jorge Ferreira tiver recebido para o dito seu filho. F assim de outias
quaesquer cousas, artilharias e munições, e de tudo tomara conta o razao,
c dará conhecimento e quitações do que receber; e da poder ao dito Anton o
Rodrigues de Almeida, que como capitão possa fazer e faça tabelhaes do
publico e do judicial e dos orphãos e da camara e do ouvidor, e lhes
dará os seus assignados, com declaração de se virem confirmar poi e la
Senhora em corto tempo que lhes sera limitado, para ella benhoia l o.
mandar passar carta ou cartas cm fórma sellada com o scllo do dito seu
filho; assim outorgou: testemunhas as sobreditas. F eu Antonm do Amaia ,
tabellião publico de el-rei nosso senhor nesta cidade de Lisboa e seus
termos, que este instrumento de poder no livro dc minhas notas
escrevi, etc. ..»
(*) Frei Gaspar da Madre de Deus, M e m o r i a ,s p a r a a h i s t o r i a
,í« c a p i t a n i a d e S. V i c e n t e , I, 92 ; o qual accreseentou. < amda hoje
conhecidos por gente principal na cidade de b. Paulo, e em algumas vil a
de serra ácima. »
(**) Escreveu o padre Simão de V asconcellos, citada obra,
impressa cm Lisbôa — 1658:
« Outro varão insigne foi o padre venerável André de Almeida,
de mui saudosa memoria em toda esta provincia, de cujas exemplares
virtudes fizera de boa vontade uma lnrga relaçao;. . . direi somente poi
ora que fui em tal gráo a santidade deste padre, que o comparam
300 —
-
403
D. Angela de Siqueira
(*) F ’ a ribeira Y p ir a n g a .
não havia saliido das mãos dos officiaes dc justiça que o conduziam. 0
vigário da vara, padre André Baruol, entendendo que o juiz ordinario
menospresara a immunidade ecclesiastica, o declarou logo por excommungado.
Mas, o juiz ordinario, apoiado por numeroso sequito de parentes e amigos,
continuou no exercício do cargo, não aceitando a excommunhão; e, recor
rendo á Relação metropolitana na Bahia, este tribunal ecclesiastico o
absolveu. Não obstante, o vigário André Baruel, apoiado pelo bispo, não
quiz dar execução ao accordão do trib u n a l; c, porque, chegada a epoclia
quaresmal, Bartholomeu Paes de Abreu tora ao Collegio dos padres
jesuítas e lá se desobrigara, o referido vigário ainda insistio, declarando
que a absolvição do confessor jesuita nao era legitima. De sua parte, o
bispo escreveu a Bartholomeu Paes de Abreu, aconselhando-o a pedir ao
proprio vigário a absolvição. Não o permittio, porém, o alcaide-mór
Pedro Taques de Almeida, seu sogro; o qual, pelo conceito que muito
merecia a El-Rei, tomou o expediente de representar ao governo^ em
Lisboa, expondo o caso e suas circum standas, e pedindo justiça. Não a
demorou E l-R e i; e, pois, mandou pelo Conselho Ultramarino expedir
ordens ao bispo para fazer levantar a excommunhão; e assim terminou
esta pendenda, que alvorotou tanto a capitania naquelles tempos.
Este mesmo Bartholomeu Paes de Abreu, em requerimento datado
de 23 de Março de 1720, propoz a El-Rei abrir um caminho, pelo interior
do sertão, do Rio-Grande do Sul a S. Paulo, cento e oitenta léguas, mais
ou menos. E dizia : « Acho-me com talentos e cabedaes para, com forças
de um avultado corpo dc armas, fazer entrada no Rio-Grande, sem a
menor despeza da fazenda real, talar aquelle vasto sertão e abrir caminho
pelo centro delle, demandando o rumo da comarca de S. Paulo, tendo
por prêmio deste particular serviço, á custa de minha fazenda e risco de
vida, as mercês seguintes: ser donatario de quarenta léguas de terra,
abeirando o Rio-Grande, vinte para a parte do norte e vinte para a do
sul, medidas por costa, com todo o sertão que se achar pertencei a
Vossa Magestade, de juro c herdade para sempre, com um padrão de
200)5000, estabelecido na passagem do Rio-Grande, sendo capitão-mór
daquellas capitanias. Os primeiros nove annos livres de direitos os animaes
que extrahir por mim ou socios m eus; ser guarda-mór de quaesquer
minas que se descobrirem nas vertentes do Rio-Grande e serras annexas,
com os mesmos ordenados que se conferio ao guarda-mór das Minas-Geraes
em S. P aulo.»
Este Rio-Grande é o canal que communica a lagôa dos Patos
com o mar, de duas léguas de extensão sobre uma de largura. A mesma
lagôa, porém, foi denominada Rio-Grande pelos primeiros navegantes ; e
mesmo depois tem conservado este nome.
7. ° ) D. Catharina de Siqueira iTaques. Falleceu
solteira.
8. ° ) D. Angela de Siqueira. Falleceu solteira.
D. M a ria de A raujo (* ), quarta na ordem dos
nascimentos, casou-se com D. F rancisco M atheus R endon,
fundindo em uma unica as Linhas A e B desta genealogia,
como adiante, no texto, será melhor explicado.
òw‘
LINHA—A e B
E sta L inha é a união das Linhas precedentes A e B;
e tem por progenitores D. Francisco M atheus Rendon, da
L inha A, o unico Rendon que manteve residência em
S. Paulo, e D. M aria de Araujo, da L inha B, filha do
governador e alcaide-mór Pedro Taques de Almeida.
Esta Linha A e B começou no fim do século XVII,
depois de 1690.
P o r Diogo de Toledo Lara, esta L inha A e B
prende-se ainda aos Toledo Piza e aos L aras; pois que
Diogo de Toledo Lara, filho de D. João de Toledo Cas
telhanos e de D. M aria de Lara, era neto de D. Simão de
Toledo Piza.
P or Agostinho Delgado e Arouchc, esta L inha é
aparentada com os Freires, do norte da provinda ; c,
conforme uma justificação, produzida no juizo ordinario de
S. Paulo, 1793 — 1794, o mesmo Agostinho Delgado e
Arouche, por sua mãe D. Anna Pires Leite de Barros,
descendendo do capitão-m ór Rodrigo Bicudo Chassim, e de
sua m ulher D. M aria Pires de Barros, filha do capitão
Pedro Vaz de Barros e de D. M aria Leite de M esquita,
— 422
também paulista
■ se
também paulista
(■')
P edro T aques, N o l i K a r e h i a P a u l i s t a n a , na R e v i s t a d o I n s
titu to G e o g ra p h ic o e E th n o g r a p h ic o d o B r a z i l , XXXIV, parte
H is to r ic o ,
primeira, 2.° trimestre de 1871, pag. 1G9.
( " ) _ Todas estas irmãs moraram sempre juntas, na mesma easa;
e eram conhecidas pelas m o c a s c, depois, v e lh a s d a C a sa V e r d e .
— 439 —
!tm rrar
Agostinho Delgado Arouche e José Arouche de Toledo Rendon Quanto ao
nome da mulher deste, e quanto á sua filha D . Maria B e n e d ic t
Eis o testamento :
« Em nome de Deus. Eu José Arouche de Toledo Rendon em
estado de saude, faço este meu testamento na forma seguinte. Declaro
que sou casado com D. Maria Thereza Rodrigues de Moraes de cuio
matrimonio nao temos filhos. Declaro quo Maria B en ed ita he minha
® l é na*clda de meu casamento, e se aelTa C ã a ra t—
existe em meu p o d er; e por isso hc minha herdeira legitima e miiversãl
c, se he necessario, também a instituo. (Seguem-se: a nomeação dò
testamenteiros; e disposições de legados.) Esta he minha ultima vontadT
do 1821 " ' TJose
üe 1821.— ' " ,Arouche
, m " ° SSaS
de Toledo LeiS'» S - Pa,ü0' 80 de Dezembro
Rendon.
7 Aa T ^Ste ,1tes1tonvnt0 foi aTProvado na então villa de Santos no dia
de Janeiro de 1822, pelo tabellião Manoel Marques de Carvalho sendo
Leite^Pereira d T a t Z ^ 'l * * AntT ° ■“ f ’ ? Valente> co™'>el Àntonio
Al 1 I T ? Lobo’ sarSento-mor José Joaquim de Vasconcellos
M a ^ S r 1 1101 J °Se Joaquim de Sant’Anna, e capitão Guilherme Tutti
— 440
Este codicillo não foi approvado por tabellião algum. Não eram
da familia do tcstador Anna Margarida Rodrigues de Toledo, nem os tres
ultimos assignatarios.
E’ mencionado um filho do tenente-general Arouche, o tenente-
coronel Piogo Arouche de Moraes Lara, que falleceu victima de seu valor
cm S. Nicolau, no Iíio-Grande do Sul, em 1819. De certo nasceu também
a n te s do sen casamento; pois que, quando falleceu, 1819, tinha a edade
do cerca de 30 annos. M achado de Oliveiua, que foi seu amigo e
companheiro de armas, publicou na R e v is ta d o I n s titu to H i s t o r i c o , G e o g r a
p h ic o e E th n o g r a p h ic o d o B r a z i l , VII, pag. 256, a biographia desse illustre
soldado.
A mesma R e v i s t a , no mesmo tomo VII, pags. 125 e 273, publicou
a M e m o r ia d a c a m p a n h a d e 1S1G, escripta em 1817 por DlOGO A rouche
de Moraes L ara, ainda então capitão de infantaria da legião de S. Paulo.
O Dr. Francisco Leandro dc Toledo Rendou,
paulista, casou-se, primeiro com D.
Josepha Pinto daSilva, depois com D. An
Leonissade Abclho e Fortes, irmãs, e ambas
paulistas
O A jjkvkdo M arques, A p o n ta m e n to s h is to r ic o s , g e o g ra p h ic o s
b io g r a p k tc o s , e s ta tís tic o s e n o tic io so s d a p r o v i n c i a d e S . P a v i o 'no nonio
A g o s tin h o D e lg a d o A r o v c h e . errou o nome da segunda mulher do D r. Fran
cisco Leandro de Toledo Rendon, c escreveu D . A n n a C a v a lh e ir o .
ê
— 442 —
0 vigário tia freguezia cia Sc, que baptisou suas duas filhas
Joaquma O Anua, ora escreveu D . A n n a L c o n i z a F o r te s , ora D . A n n a
L c o n iz a B u s ta m a n te S á . Em geral, os parochos não ligam aos assen
tamentos a necessaria importanda.
(') P ediío Taques, N o b ilia r c h ia P a u l i s t a n a , na R e v i s t a d o I n s
titu to H isto ric o , G eo g ra p h ic o e E th n o g r a p h ic o d o B r a s i l , XXXV, parte
primeira, 2.” trimestre de 1872, pag. 296.
Lemos cm autos que o D r. Antonio Fortes de Bustamante c Sá
ei a o proprietario do officio de escrivão da ouvidoria da cidade de S. Paulo
cm 1768, por transmissão hereditaria de Diogo Pinto do Rego, seu sogro,
cavallciro fidalgo da casa real.
( M) P edro Taques, obra c lugar rctro-citados, pags. 87 a 89:
l.° trimestre de 1872.
. l b _ Leonor Lome era irmã germana de Pedro Dias Pacs Feme,
pac dc rern ao Dias Pacs, governador das Esmeraldas.
(***) rK,)ll° T a'A'ks, obra c lugar rctro-citados, pags. 21 c 22.
443
__ 448 —
(lo I n s t i t u t o H is to r ic o , G e o g ra p h ic o c E th n o g r a p h ic o d o B r a z i l , XXXIII,
parte primeira, l.° trimestre de 1870. desde pag. 57.) Este Francisco
Finto do líego era irmão de Diogo Finto do Rego, sogro do Dr. Bustamante.
— 449
o D«. F r a n c is c o L e a n d r o d e T o l e d o R e n d o n teve,
de seu consorcio com D, A n n a L e o n issa d e A b e lh o e F o r t e s ,
som ente, duas filhas, e nenhum filhD. Joaquina Josepha
cle Abelho Bustam ante e Rendon, nascida em 1793, e fallecida
sem geração; e D. A n n a R , t a d o s P r a z e r e s A b e lh o e
• o r t e s ( ), nascida em 1797, baptisada aos 2 do Maio desse
anno, na egreja matriz de Santa Ephigenia (***), sendo
Ja e n tã o o c o ro n e l A ntonio L e it e P e r e ir a da G ama
L obo e s ta v a viuvo, p o is q u e em 1818 su a m u lh e r fa lle c e ra
d o s e g u n d o p a rto , o u d a d e s a s tra d a o p e ra ç ã o fe ita . E ,
— 453
í)
VI
D. Maria Miquilina Fortes Leite Lobo, paulista,
casou-se com Francisco José Leite Pereira
Lobo, português
maranhense
A s it u a ç a o d a f a m ília n ã o p o d ia s e r m a is d e s o la d o r a .
A lo r tu n a d e s tr u íd a , e m p a r te , e s t a v a f o r te m e n te c o m p r o m c ttid a ,
q u a n to ao r e s to , por d esp ezas e x tr a o r d in a r ia s e e x c e s s iv a s
P ara a d e s lo c a ç ã o v io le n t a d e C a x ia s á c a p ita l, e, a p ó s u m a
onga e s t a d a n e s t a , p a r a a v o lt a a C a x ia s c o m c a r r e g a m e n to s
d e m e r c a d o r ia s a fim d e s e r r e c o n s tit u id o o n e g o c io . T o d a v ia ,
e r a u r g e n t e tr a ta r d a educação dos o r p h ã o s ; "c, p o is , João
M endes de A lm e id a , em p r in c ip io de 1842, fo i r e m e tt id o
para a c a p ita l, com d e s t in o ao c o lle g io d e N o s s a S e n h o r a
dos R e m e d io s , com o in te r n o . L á e stev e de 1 8 4 2 a 1 8 4 6 ;
e fo i n esse c o lle g io que aprendeu os p r e p a r a tó r io s, c o m a
s e r ie d a d e e a c o n v ic ç ã o que o d ir e c to r e os p r o fe s so r e s
t in h a m d e s u a m is s ã o e r e s p o n s a b ilid a d e .
rep rovação e s t a v a - lh e p r e p a r a d a , d iz e n d o - s e - lh e q u e e s c o lh e s s e
e n tie a d ia r o a c to para o fim d o ann o, ou ser rep rovad o,
v is t o que esca p a ra aos dous p r o c e s s o s , p e la a b s o lv iç ã o em
u m , p e la d e s p r o n ú n c ia e m o u tr o ! S u b g e it o u - s e á r e p r o v a ç ã o ,
por ser is s o m a is c o n s o a n te ao s e u te m p e r a m e n to . D e ix a r
de fa z e r o a c to s e r ia a c e ita r u m a s itu a ç ã o h u m ilh a n te , e a o
ZváLçã7(°*)
et ncijicaçao ( ). Fo i,
F -11ÍVcÍ°o n sa°S
p o is, u m mqUe
ado haVÍam PlancÍado
o s u p p lic io . E n oa
m esm o d ia , m a t r ic u lo u - s e d e n o v o n o q u in to a n n o ; d e s o r te
q u e , so n o fim d e 1 8 5 3 , c o n s e g u io to m a r o g r á o d e b a c h a r e l
e m s c ie n c ia s j u r id ic a s e s o c ia e s .
P arece q u e a p r o v ín c ia d e S . P a u lo q u e r ia p r e n d ê l- o
a s i; p o is q u e, d u r a n te 1 8 5 3 , c o g ito u d e c a s a r -s e c o m
V. A nna K ita F o rte s L e i t e L o b o , s e m p o d e r e x p lic a r a té
h o je a r a z a o d e s s e fa c to . E , lo g o d e p o is d e fo r m a d o , a ju sta n d o
o c a sa m e n to , c u ja s o lu ç ã o d e fin itiv a fic o u d e p e n d e n te de
in f o r m a ç õ e s que s e r ia m p e d id a s de P o r tu g a l a c er c a d e s u a
f a m ilia e que com e ffe ito fo r a m p r e s ta d a s p a r tic u la r m e n te
p e lo s e n tã o b is p o s d e L a m e g o e d a G u a r d a , r e tir o u -s e p ara
o R io de J a n e ir o , onde p e r m a n e c e u a té q u a zi 1 8 5 4 . Por
q u e, te n d o s id o a d ia d a a decisão definitiva, d e s o r te q u e n ã o
fò r a to m a d o d esd e lo g o c o m p r o m is s o a lg u m , J o ã o M endes
d e A lm e id a s e n t i a - s e in c e s s a n t e m e n t e c o m o q u e s o b a a c ç ã o
de um a fo r ç a m y s t e r io s a para v o lta r a S. P a u lo , e ahi
c a sa r -se com a q u e lla que D eus lh e d e s ig n a v a ? E n ã o lh e
f a lt a r a m c o n s e lh o s d e a m ig o s , e m s e n t id o c o n tr a r io ; nem as
sed u cções e os en red os com q u e o d e m o n io s o e e n le ia r as
c r e a tu r a s . A verd ade ó q u e , n o fim d e 1 8 5 4 , v o lta v a p a ra
S. P a u lo com a nom eação d e j u iz m u n ic ip a l e d e o r p h ã o s
d o te r m o da F r a n c a do Im p erad or. E j á n in g u é m esp era v a
p o r e l l e : — s a lv o a q u e lla q u e te r ia d e s e r a n te o a lta r s u a
f ie l c o m p a n h e ir a n a v id a .
. . S(,)’ Po r é m * c m F e v e r e ir o d e 1855, t e n d o a s s u m id o
m t c r in a m c n tc o e x e r c íc io d a v a r a d e ju iz d e d ir e ito d a
com arca da c a p ita l, á que a in d a e n tã o p e r t e n c ia a q u e lle
termo teve a ventura de rcalisar seu casamento, no dia 17
uo rPTonnn mn-j
do z i Ao j , , i z n n m ic ip a i ° de °'-pha-
Em 1869, fundoi
com o programma da i o periodico Opinião Conservadora,
política subordinada aos princípios
— 465
D e seu c o n so rcio co m D. A n n a R i t a F o r t e s L e i t e
L obo te v e tre z e filh o s :
carie C L C . L l*
n * ^ ** 1873'
§ l.°
M a n o el M e n d e s natural da freguezia,
de A l m e id a ,
r r W m<lr
r í \ , , r r r igr , a r *' d-;
G-osso p a r ^ L á o A i
#
— 476 —
%
477
§ 2 .°
0 padre M a n o e l M e n d e s d e A l m e i d a , bacharel
formado em canones pela Universidade de Coimbra, proto-
notario apostolico de Sua Santidade o Papa, foi, depois de
1750, vigário collado na freguezia de Sant’Anna de Parnahyba,
como consta dos archivos da camara episcopal, e espccialmente
dos autos de genere de Agostinho Rodrigues de Almeida,
sentenciados de puritate em 1759, já referidos.
§ 3.°
9
— 478 —
e?a'T hlha
era f iL RÍdo,0Í Fil.ppc
F T Aq" do
? Up D- Mai'Sarlda
Campos c de suaB i™d° ^ D.
mulher Campos
Mar
cai ida Bicudo; esta — filha do capitão Manoel Pires (*) 0 de
sua mulher D. Maria Bicudo, naturae* do S. Paulo.
fill ( * '«‘fendo Fihppe d e Campos era portmmez mas
Í t d . t l w a m 1 d0, W anderburg, natural de a C s em
<l' S. Panh,1 ; « v ndad?r - “ filmÍIÍa CamP°S’ * capitania
I P *■ ' 0 'Icixou extensa geração, liste Filippe
<le Campos era pessoa de nobreza; e veio para o S
4
— 479 —
§ 4.°
Jo se M E ra negociante na cidade
e n d e s d e A l m e id a .
0
480
~ ^~ õ
4 %
II
Seeulo XIX
Os Mendes de Alm eida que de P o r t u g a l v ie r a m p a r a
o B r a z il, n o s e e u lo X IX , fo r a m :
§ l.°
I' oi d e p u ta d o a a s s e m b lé a g e r a l le g is la t iv a p e la p r o
víncia do M aran hao, em 1843, em 1849 — 1860, e em
1869 1871. b o i e s c o lh id o s e n a d o r p e la m e s m a su a p r o v in c ia ,
em 1871.
Q uer no M aran hao, qu er no R io de J a n e ir o , fo i
c %
483
#
ê
484 —
'v
As chalaças, os meio-risos, as farpas dos má us e os assaltos
dos ignorantes e grosseiros nada podia contra ellc. Affirmava
a existência de Deus, abertamente, sem que o molestasse
ou tirasse-o do caminho da egreja catholica o epitheto de
jesmta. Foi mesmo nesse caminho que a morte o assaltou.
Duas cousas, quaesquer que sejam as theologias modernas e
futuras, quaesquer que sejam as agitações escravocratas do
dia, — duas cousas chamarão a attenção c o respeito do
historiador brazileiro, no futuro, sobre e lle : — foi o denodo
com que, ao lado de Zacharias de Góes e Vasconcellos,
defendeu os bispos violentados pelo regalism o; e a febre
santa de apostolo com que, ainda por ultimo, no senado,
com os olhos rasos de lagrimas e o peito estuante, proclamou
a liberdade do negro, e bateu a torpe especulação dos
brancos...........Bem haja o homem honesto, erudito e bom
que deitou-se para sempre. »
E stava então em Pariz Sua Alteza o Snr. Conde
d Eu, quando soube a noticia pelos jornaes. Escreveu im-
m ediatamente ao filho mais velho esta carta:
« Pariz, 24 de Março de 1881. — Snr. Dr. Fernando
Mendes de Almeida. — Consternado acabo de lêr a deplorável
noticia do prematuro fallecimento de seo prezado pai, o
senador Candido Mendes de Almeida.
« Desde muito com effeito habituara-m e a apreciar
os im portantes serviços que lhe deve o paiz, admirando por
um lado a pouco commuin erudição, de que davam mostra
os notáveis trabalhos por elle publicados, e que o tornava
autoridade nas lettras e nas diversas sciencias relacionadas
com o conhecimento das cousas patrias; por outro, e não
menos, a infatigável dedicação á causa publica, que delle
fazia um dos ornamentos do parlamento.
« Não quero, pois, deixar de exprim ir-lhe o profundo
sentimento que me cauza tam anha perda, apresentando-lhe
meus sentidos pezames, aos quaes a princeza imperial me
encarrega junte os delia.
— 486
« Roo'o-lhe
O os transm itta tambcm á sua veneranda
mãi e aceite a expressão de meus sentimentos de estima. —
Gastão d'Orleans. »
De seu consorcio com D . Rosalina Ribeiro de
Campos (*), em 20 de Setembro de 1850, teve somente
dons filhos :
a ) Fernando Mendes de Almeida, nascido em 26
de Junho de 1857, bacharel em lettras pelo imperial collegio
1). Pedro II, bacharel e doutor em Direito pela Faculdade
de S. Paulo. Casado em 4 de Agosto de 1880 com D. Anna
Andrew (**). Com descendenda. (***)
l>) Candido Mendes de Almeida, nascido em l.° de
Fevereiro do 1X66, bacharel em Direito pela Faculdade do
Recife, tendo porém feito os primeiros annos na de S. Paulo.
Ainda solteiro.
Ambos são advogados no Rio deJaneiro ; alli
nasceram ; o lá residem.
2.° ) Fernando Mendes de Almeida. Nasceu na
então villa de Caxias, aos 3 de Maio de 1830. Exerceu
varios cargos publicos na capital do M aranhão ; inclusive o
de vice-consul da Sardenha. Foi membro da assembléa
legislativa da provincia, cm mais de uma legislatura.
Mudando-sc para a provincia de S. Paulo, em 1861,
abi foi eleito, em successivos quatriennios, juiz de paz do
districto do sul da parochia da Sé. Desde 1876 exercia o
V
cargo do bibliotliecario da Faculdade de Direito, quando a
ultima reforma tirou-lhe este posto, onde desenvolvia maximo
zelo. Solteiro.
3. °) João M endes de A lm e id a . E o a u to r d e s te
livro. (* )
§ 2 .°
§ 3.°
V
cargo do bibliotliecario da Faculdade de Direito, quando a
ultim a reforma tirou-lhe este posto, onde desenvolvia maximo
zelo. Solteiro.
3. °) J oão M en d e s d e A lm e id a . E o autor deste
livro. (*)
4. ° ) D. M aria Elisa Mendes de Almeida. Nasceu
tam bém na cntao villa de Caxias, aos 12 de Outubro de
1834. Reside ainda em S. P aulo; para onde veio em 1860.
Solteira.
§ 2 .°
§ 3.°
EPÍLOGO ZFTTTa t .
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— 491 —
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492
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5 e rectificações
No caso de ser necessaria uma segunda edição desta
obra, pareceu-nos util assignalar mais algumas rectificações
indispensáveis, além das já feitas no capitulo X da parte
historica. E tacs rectificações devem ser desde já consideradas
pelo leitor.
• •
— 49G —
ff
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497 —
• •
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*
IN D ICE
Capitulos Faginas
D edicatória.............................................................................. ID
A dvertências............................................................................ V II
PARTE HISTORICA
I P ro p h e e ia s................................................................. 1
II Descobrimento do B r a z i l ..................................... 23
III Santa Cruz — B razil............................................... 37
IV Divisão das terras. Governo . . ‘ . . . . 53
V S. V ic e n te ................................................................. 83
VI Capitania de S. V ice n te— S. Paulo . . . 89
V II M a r a m - n h ã n a - y ..................................................... 135
V III M a r a n h ã o ................................................................. 149
IX Breve ep ilo g o ............................................................ 209
X Explicações.................................................................. 219
XI D o c u m e n t o s ............................................................ 223
PARTE GENEALÓGICA
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