Livro Fundamentos Historicos Do Direito
Livro Fundamentos Historicos Do Direito
Livro Fundamentos Historicos Do Direito
do Direito
Prof.ª Ivone Fernandes Morcilo Lixa
2018
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof.ª Ivone Fernandes Morcilo Lixa
340
L693f Lixa, Ivone Fernandes Morcilo
200 p. : il.
ISBN 978-85-515-0122-1
1.Direito.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Impresso por:
Apresentação
Os historiadores Marc Bloch (1886-1944) e Lucien Febvre (1878-
1956), em meio às guerras mundiais, formaram uma parceria intelectual que
muito contribuiu para a concepção de História que temos nos dias de hoje.
O ambiente marcado por grandes tragédias e perdas humanas exigia dos
pensadores explicação e eles foram capazes de perceber que a história poderia
ser um caminho possível para compreender aqueles tempos difíceis e dolorosos.
Marc Bloch, com a ocupação nazista na França e por ser judeu, abandona a
Universidade e torna-se um militante da resistência francesa. Preso pela Gestapo,
foi torturado e fuzilado em 16 de junho de 1944, deixando inacabado um livro
sobre metodologia, “Apologia da História ou O Ofício do Historiador”, que foi
publicado em 1949 pelo parceiro Febvre, como obra póstuma.
Bloch inicia a obra com uma pergunta feita por seu filho, à época uma
criança: para que serve a história? A resposta a esta interrogação permite
explicar que o historiador tem a obrigação de difundir e esclarecer quando
fala tanto para doutores como para estudantes iniciantes.
DICAS
III
Com essa reflexão preambular iniciaremos o estudo da história do
direito.
IV
NOTA
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 - HISTÓRIA E DIREITO................................................................................................. 1
VII
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 79
2 O CRISTIANISMO............................................................................................................................... 80
3 A BARBARIZAÇÃO DO COTIDIANO............................................................................................ 83
4 A EMERGÊNCIA DO PLURALISMO MEDIEVAL ....................................................................... 87
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 91
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 92
VIII
2 A CULTURA JURÍDICA NACIONAL: O BACHARELISMO ................................................... 180
RESUMO DO TÓPICO 3 .....................................................................................................................185
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 186
TÓPICO 4 - OS DESAFIOS DO DIREITO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO........................ 187
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 187
2 A DIFÍCIL CONQUISTA DE DIREITOS........................................................................................ 190
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 192
RESUMO DO TÓPICO 4 ..................................................................................................................... 194
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 195
IX
X
UNIDADE 1
HISTÓRIA E DIREITO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Ao longo da história, nas distintas etapas e diversas sociedades
encontramos formas de controle e proteção de valores que possibilitam a vida
comum. Esses valores, ou bens jurídicos, são amparados e garantidos por um
conjunto de normas jurídicas definidas conforme a ordem social, política e/ou
econômica que se encontra em contínua mudança, e por esta razão as normas
jurídicas vão reconhecendo as alterações de acordo com a época e as relações
definidas no substrato social.
UNI
A vida social é regida por diversas normas, preceitos, que definem condutas (morais,
religiosas, culturais etc.), dentre as quais as normas jurídicas. Normas jurídicas são distintas das
demais por dois fatores principais: emanam de uma autoridade política competente e possuem
poder coercitivo. Em outras palavras, em primeiro lugar, as normas jurídicas são estabelecidas
por órgãos ou instituições legítimas politicamente, portanto, distintas de normas morais. Como
segundo fator, as normas jurídicas são impostas, com uso da força se necessário for, de forma
a persuadir as pessoas a agirem de modo a atender às finalidades ou objetivos estabelecidos
pelos órgãos políticos definidos. Assim, as normas jurídicas devem ser acatadas e colocadas
à disposição dos indivíduos e da coletividade para fazer valer interesses e necessidades, bem
como proteger seus bens de distintas naturezas e características.
3
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
NOTA
4
TÓPICO 1 | DIREITO E HISTÓRIA: APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA
FIGURA 2 – AS SUFRAGISTAS
DICAS
O filme “As Sufragistas” reproduz a luta das mulheres inglesas em 1912 pelo direito
ao voto. Narra a vida política de Emmeline Pankhurst (1858/1928), nascida em Londres, que
liderava o movimento com entusiasmo, usando desde a diplomacia até a violência. Depois
de serem ignoradas pelo Parlamento inglês, as mulheres saíram pelas ruas em passeatas,
quebravam o que achavam pela frente, tocavam fogo nas caixas do correio! O filme é uma
lição de história! Deixa claro que os direitos são conquistados coletivamente!
5
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
Estudar História do Direito desde uma perspectiva não linear – a que não
concebe a história como acumulação progressiva de saber, mas como rupturas,
avanços e retrocessos –, além da importância para a formação acadêmica, permite
identificar forças e valores que vão conferindo legitimidade ao direito, e para tal
tarefa é necessário estabelecer estratégias e caminhos metodológicos adequados.
6
TÓPICO 1 | DIREITO E HISTÓRIA: APROXIMAÇÃO NECESSÁRIA
NOTA
E
IMPORTANT
Para conhecer melhor sobre a Escola de Frankfurt e A Teoria Crítica, você pode consultar:
<http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/a-escola-frankfurt-introducao-historica.htm>.
7
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
NOTA
TUROS
ESTUDOS FU
8
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
9
AUTOATIVIDADE
10
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
O clássico estudioso do direito Jean Carbonnier (1908-2003) afirma que
nós, juristas, sofremos de uma espécie muito peculiar de temor ou insegurança: o
medo do vazio do direito. Para o referido autor:
NOTA
11
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
Pode-se afirmar que o direito é um artifício social que tem sua origem
relacionada a formas de organização complexas quando os conflitos não são mais
entre indivíduos isolados, mas sim de ordens estruturais que colocam em risco a
própria comunidade em sua totalidade. Isso significa que o direito surge quando
as normas de convivência são definidas pelos vínculos mais próximos, como os de
parentesco, em que a ancestralidade comum, real ou fantasiosa, era o que definia
as regras de convivência e regulamentações, vínculos legitimados por relatos
míticos, representações metafóricas de práticas que foram se internalizando e
sendo reproduzidas no grupo social.
Somente a partir da complexidade social é que se exige a cooperação mais
numerosa para a realização de tarefas impossíveis para um número pequeno de
indivíduos que já havia dominado a natureza.
Australopitecus Homo habilis Homo erectus H. sapiens neaderthal H. sapiens H. sapiens sapiens
• (4 a 2,5 milhões). • (2,5 a 1,5 • (1,5 milhões a 300 mil) • (150 a 30mil) cromagnon • (desde 120 mil até
• Boizei, Afarensis milhões) • Pitecantropus, • África, Ásia, Europa • (50 mil a ??) hoje)
e Robustus. • África Sinantropus e Java. e Oceania. • África, Ásia, • Todos continentes,
• África. • Produção de • África, Ásia e Europa • Mora em cavernas. Europa e Oceania. inclusive a
• Bípede. utensílios. • Domínio do fogo e • Primeiras • Utiliza o silex. América.
• Utiliza utensílios. uso de ferramentas sepulturas. • Mais robusto e • Arte e magia.
desenvolvidas. • Pontas de lanças. mais inteligente, • Pintura rupestre =
• Desenvolvimento da • Arco, flecha e talvez nosso caça e fertilidade.
Paleolítico - características linguagem. anzóis. ancestral. • Escultura = Vênus.
• Nomadismo.
• Coletores.
• Caça e pesca.
• Matriarcado.
• Pintura representando a caça e a fertilidade. Homo sapiens idaltu (ancião)
•Possível antecessor do H.S.S.
•Descoberto na África em 2003
•Parentesco genético
ATENCAO
13
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
UNI
NOTA
DICAS
15
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
• A marca do direito dos povos antigos é a diversidade, uma vez que cada
comunidade possuía seus costumes próprios e o isolamento.
• A transmissão das regras de convivência pela tradição oral.
• A forte relação de justiça com religiosidade.
• Por não ser escrito, o direito antigo é bastante limitado quanto à abstração e
generalidade, sendo, em geral, reproduções de casos concretos.
• Identificação de direito com moral e religião.
• As fontes do direito relacionadas a costumes, práticas ancestrais, preceitos
verbais etc.
16
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
17
AUTOATIVIDADE
Com base na representação acima, quais os elementos que você pode considerar
relacionados ao surgimento do direito e por quê?
18
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
A passagem das formas arcaicas de sociedade para as primeiras grandes
civilizações está relacionada como o surgimento das cidades, a invenção e
domínio da escrita, o advento do comércio e uso de moeda.
19
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
NOTA
Escrita cuneiforme é o nome dado a certos tipos de escritas feitas com auxílio
de cunhas. Inicialmente, eram marcas bastante simples, posteriormente se tornando mais
abstratas e mais sofisticadas, graças ao trabalho dos antigos escribas. Ajustando a posição
relativa da tabuleta ao estilete, o escriba poderia usar uma única ferramenta para fazer uma
grande variedade de signos.
20
TÓPICO 3 | O DIREITO DOS POVOS DO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO (MESOPOTÂMIA, HEBREUS E EGITO)
21
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
NOTA
Há uma bela estória preservada por antigos papiros que serve como
fonte de compreensão para a prática da justiça egípcia. Trata-se do “Conto do
Camponês Eloquente”, datada de 2070 a.C., que mostra como as palavras sábias e
justas convencem e encantam e que a indignação com a injustiça e com a maldade
humana é própria da condição do homem ao longo da história.
22
TÓPICO 3 | O DIREITO DOS POVOS DO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO (MESOPOTÂMIA, HEBREUS E EGITO)
E
IMPORTANT
O camponês andava pelo Egito, com seu jegue, vivendo de pequenos serviços que prestava nas
fazendas, mas ao passar por uma certa propriedade, foi surpreendido pelo administrador local que,
por maldade, queria tomar o animal do pobre homem. Para lograr êxito, o perverso homem jogou
um longo tecido no chão, forçando o camponês a desviar o caminho e passar pela plantação,
destruindo parte do que pertencia ao dono da fazenda. O administrador puniu o camponês,
retendo seu animal e os poucos bens que o pobre possuía e o agrediu, certo de que sairia impune
da injustiça que cometera. Inconformado, o camponês foi até a vila, onde vivia o proprietário da
área; foi recebido e fez sua queixa. O proprietário encantou-se com os argumentos do camponês.
Pelo prazer de ouvir tão bom orador, adiava a solução do caso para poder ouvir os belos e bons
argumentos. Até que, por fim, o camponês recorreu ao faraó, que também encantado, ordenou
que um escriba copiasse os argumentos do camponês bem-falante.
O caso permanecia aberto. Irritado, o camponês deixou a cidade, desesperado com a injustiça
que sofria, e o dono das terras ordenou que se capturasse o pobre homem. Para espanto do
pobre homem, o proprietário-juiz atendeu sua súplica, ordenando a devolução do seu animal
e dos bens sequestrados pelo injusto administrador. Determinou também que este último
entregasse ao camponês tudo o que possuía. O administrador ficou pobre, como o camponês
que um dia humilhou. Em recompensa, o camponês passou a administrar a propriedade.
23
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
Nas paredes dos templos se poderia ver o faraó fazendo suas oferendas a
Maat e aceitando suas dádivas.
24
TÓPICO 3 | O DIREITO DOS POVOS DO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO (MESOPOTÂMIA, HEBREUS E EGITO)
“Se emprestares alguma coisa a teu próximo, não invadirás a casa para
te garantires com algum penhor. Ficarás do lado de fora, e o homem a quem
emprestaste, te trará fora o penhor” (Dt. 24:10-11). Na Torah estão os principais
institutos jurídicos do povo hebreu, tais como:
• Família: de estrutura patriarcal, o pátrio poder era vitalício. As filhas
poderiam ser vendidas como escravas e havia a previsão de servidão
por dívida. A esposa poderia ser comprada e paga com moedas ou
serviços, podendo ser a mulher repudiada, o que não ocorria com os
homens, cuja punição apenas existia em caso de adultério praticado
com mulher casada.
• Sucessão: as mulheres não tinham direito sucessório e apenas o
primogênito tinha direito à herança.
• Penal: o conceito de crime e castigo era de natureza religiosa, tendo
como pena comum a morte por apedrejamento. São considerados
crimes graves os delitos contra a divindade – como idolatria e
25
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
26
TÓPICO 3 | O DIREITO DOS POVOS DO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO (MESOPOTÂMIA, HEBREUS E EGITO)
Quando o alto Anu, Rei de Anunaki e Bel, Senhor da Terra e dos céus,
determinador dos destinos do mundo, entregou o governo de toda
a humanidade a Marduc; quando foi pronunciado o alto nome da
Babilônia; quando ele a fez famosa no mundo e nela estabeleceu um
duradouro reino cujos alicerces tinham a firmeza do céu e da terra,
por esse tempo Anu e Bel me chamaram, a mim Hamurabi, o excelso
príncipe, o adorador dos deuses, para implantar justiça na terra, para
destruir os maus e o mal, para prevenir a opressão do fraco pelo forte,
para iluminar o mundo e propiciar o bem-estar do povo. Hamurabi,
governador escolhido por Bel, sou eu; eu o que trouxe a abundância
à terra; o que fez obra completa para Nippur e Dirilu; o que deu vida
à cidade de Uruk; supriu água com abundância aos seus habitantes;
o que tornou bela a nossa cidade de Brasíppa; o que encelerou grãos
para a poderosa Urash; o que ajudou o povo em tempo de necessidade;
o que estabeleceu a segurança na Babilônia; o governador do povo, o
vservo cujos feitos são agradáveis a Anuit.
27
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
DICAS
29
AUTOATIVIDADE
1 Com base no estudo realizado, estabeleça uma relação entre o direito dos
povos da Mesopotâmia, Egito e hebreus, destacando, no mínimo, dois
aspectos convergentes e divergentes.
30
UNIDADE 1
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
No mundo grego antigo, encontramos a semente das primeiras reflexões
e indagações de natureza filosófica, política e jurídica a partir da qual floresceu
o pensamento ocidental. Por exemplo, no campo da política, a cidade de
Atenas legou ao mundo a ideia de democracia. Grandes pensadores tornaram-
se permanente fonte intelectual a todas as gerações que os seguiram. O modo
de vida, a cultura helênica corporificada nas majestosas obras literárias e os
princípios e valores éticos fazem do antigo mundo grego seguramente um dos
berços da humanidade. O mundo grego antigo, universo helênico, não era uma
unidade, mas sim um conjunto de pólis independentes.
31
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
UNI
DICAS
33
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
34
TÓPICO 4 | O MUNDO GREGO ANTIGO
NOTA
FIGURA 16 – TEOGONIA
35
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
NOTA
Porém, foi a política – vida na pólis – que permitiu florescer a civilização grega
a partir do século VIII a.C. Após o longo período chamado de homérico, porque nos
é permitido conhecer através das narrativas épicas de Ilíada e Odisseia, a realeza
entra em crise, cedendo espaço à aristocracia, que se apropria progressivamente
das prerrogativas de poder. Nesta fase, o poder é repartido entre as elites, que o
desmembram em três funções: militar – exercida pelo Polemarco; administrativa –
exercida pelo Arconte e religiosa – exercida pelo Arconte Baliseus.
Esse regime teve como base as reformas políticas promovidas por Clístenes
(509-508 a.C.), que democratizou os mecanismos de participação, csegundo os
quais cada cidadão, em algum momento de sua vida, seria governante. Dessa
maneira, rompiam-se as barreiras entre governantes e governados e os cidadãos
tornam-se “senhores de seu destino”.
37
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
Talvez não seja por acaso que os estoicos no final do século IV a.C.
e nos séculos seguintes completem mais um salto qualitativo na direção da
universalidade. Se acima das solidariedades familiares é possível construir uma
solidariedade cívica, então é possível que haja uma solidariedade ainda mais
universal, cosmopolita. Num mundo construído pelo império helenístico e depois
pelo império romano, num Mediterrâneo totalmente helenizado, os estoicos vão
pregar uma cidadania universal, um pertencimento ao gênero humano. E os
juristas romanos serão, a seu tempo e a seu modo, influenciados pelas reflexões
estoicas, para falarem de ius gentium.
Lima Lopes (2012) ainda nos esclarece muito bem como os debates
filosóficos acerca da pólis vão edificando uma civilização que será vista pelos
estrangeiros e por si mesmos como um modelo.
DICAS
38
TÓPICO 4 | O MUNDO GREGO ANTIGO
Antígona, perturbada pela morte dos irmãos, mas não aceitando que
um fosse sepultado com honras enquanto o outro servisse de comida para os
abutres, decide contrariar o rei. Ela se sente motivada pelo dever normativo que
transcende sua posição de súdita e, entre a obrigação imposta pelo rei e as leis
divinas de sepultar seu irmão, dá ao corpo de Polinice um fim honroso. Quando
descoberta, é levada diante do rei Creonte, que oferece a oportunidade de negar
que tivesse conhecimento de sua lei, sua determinação, a fim de salvá-la do triste
fim. De forma corajosa, Antígona nega a oferta do rei. Leia o belo diálogo:
39
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
Creonte: ô Antígona. Que parte da minha ordem “não pode enterrá-lo” você
não entendeu? Vai dizer que não sabia?
Antígona: Estaria mentindo se dissesse que não conhecia a ordem. Como
poderia ignorá-la? Ela era muito clara.
Creonte: Portanto, tu ousaste infringir a minha lei? Tá maluca?
Antígona: Descumpri mesmo. Quer saber por quê? Porque não foi Zeus que a
proclamou! Não foi a Justiça, sentada junto aos deuses inferiores;
não, essas não são as leis que os deuses tenham algum dia prescrito
aos homens, e eu não imaginava que as tuas proibições fossem assaz
poderosas para permitir a um mortal descumprir as outras leis, não
escritas, inabaláveis, as leis divinas! Estas não datam nem de hoje nem
de ontem, e ninguém sabe o dia em que foram promulgadas. Poderia
eu, por temor de alguém, qualquer que ele fosse, expor-me à vingança
de tais leis?
Esta magnífica obra nos traz muitas tensões, dentre as quais as “legais”,
quais sejam:
A obra nos serve de início ao estudo do direito grego. Nos ensina que
quando as instituições não oferecem possibilidade de debate e questionamentos,
emergem ambiguidades e abusos de poder.
As leis mais antigas que se conhece são as leis de Drácon, de 621 a.C.
Colocam fim à solidariedade familiar e tornam obrigatório o recurso aos tribunais
para os conflitos entre os clãs. Como já dito, o fim da solidariedade familiar cria as
bases para uma solidariedade cívica, para além do círculo familiar.
40
TÓPICO 4 | O MUNDO GREGO ANTIGO
Conhecido pela severidade, lei draconiana passou a ser sinônimo de lei dura,
o primeiro código de Atenas introduziu importantes conceitos do direito penal, tais
como: a diferença entre homicídio voluntário, involuntário e legítima defesa.
41
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
Assembly
Strategeion
Mint Fountain South Stoa Law Court
House
Tholos
Unfinished Panathenaic AGORA
Law Court Way Bouleuterion
Temple of Hephaistos
Royal
Stoa
Painted
Stoa
43
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
• A mediação e arbitragem.
• A retórica e eloquência jurídica.
• A transferência de propriedade somente por contrato.
• O julgamento de um cidadão por seus pares, por cidadãos comuns. Prática
essencial da democracia e inventada pelos atenienses.
• Publicidade dos atos processuais como procedimento democrático.
• Diferenciação entre homicídio voluntário, involuntário e legítima defesa.
Por evidente que o modo de vida grego não era perfeito! Todavia, não
eram mais selvagens ignorantes e escravos da força das circunstâncias.
44
TÓPICO 4 | O MUNDO GREGO ANTIGO
4 O HELENISMO
“Helenismo” é o nome dado ao período compreendido entre a morte
de Alexandre, o Grande, em 323 a.C., e a anexação da península grega e ilhas
por Roma em 146 a.C. Nesta etapa da história, há uma grande difusão da civilização
grega numa vasta área: do Mediterrâneo oriental à Ásia Central. Representou a
concretização do ideal de Alexandre: o de levar e difundir a cultura grega nos
territórios que conquistava. Foi um período áureo para as ciências. Tempo que
marcou a transição para o domínio e apogeu de Roma.
45
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
NOTA
• Enorme estátua revestida a bronze representava Hélios, o deus grego do Sol. Hélio era
adorado pela população da ilha situada no Mar Egeu, que o via como seu protetor.
• O colosso foi erguido para celebrar a vitória dos gregos contra os macedônios (o povo
que habitava a antiga Macedônia, no norte da Grécia, cujo rei mais célebre foi Alexandre, o
Grande), que tentaram invadir a ilha de Rodes em 305 a.C., liderados pelo rei Demétrio I.
• A construção do monumento seria iniciada menos de dez anos depois, em 294 a.C. Durante
muitos anos, pensou-se que cada pé da estátua ficava de um lado da entrada do porto da
ilha e que os barcos passavam por baixo, mas esta versão foi afastada mais tarde por estudos
arqueológicos, que garantiram que a estátua se situava no cimo de uma colina.
• O custo do Colosso teria sido suportado pela venda do material de guerra abandonado
pelos macedônios.
• A medida da estátua seria equivalente à de um prédio de dez andares - perto de trinta
metros de altura. O seu peso é estimado em 70 toneladas.
• Calcula-se que tenham sido precisos doze anos para erguer o Colosso. Permaneceu em
pé pouco mais do que 50 anos. Em 225 a.C. um violento tremor de terra fê-lo ruir. Mesmo
em pedaços, o monumento continuou a atrair pessoas.
• O que restava do gigante ficou em Rodes até 654 d.C. Nesse ano, os árabes invadiram a ilha
e venderam as ruínas em bronze.
• Até hoje, o Colosso de Rodes continua envolto em um enorme mistério. Há quem pense
que se trata apenas de uma lenda contada pelo povo da ilha, que foi passando de geração
em geração.
46
TÓPICO 4 | O MUNDO GREGO ANTIGO
47
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
• Embora com distinções entre as pólis gregas, a relação entre direito, política e
cidadania é a essência do conceito de justiça naquela sociedade.
48
AUTOATIVIDADE
49
50
UNIDADE 1
TÓPICO 5
O LEGADO ROMANO
1 INTRODUÇÃO
O legado grego e o helenismo se expandiram e se perpetuaram graças
ao Império Romano a partir do século II a.C., quando Roma leva a cultura e
civilização do Mediterrâneo oriental para o Norte e Oeste europeu.
Roma foi uma das grandes, se não a maior, potência política da história.
A expansão imperial para inúmeros poderosos reinos e cidades, como Cartago e
Macedônia, além de prósperas cidades gregas derrotadas em guerra e que tiveram
seus territórios anexados, fez de Roma, em 150 a.C., “senhora do Mediterrâneo”.
O grande filósofo e orador Marcus Tullius Cicero (106 a.C. - 43 a.C.) afirmava
que Roma ia à guerra por seus mercadores, que muitas vezes eram os próprios
membros do Senado, ou seja, decidiam sobre a guerra porque lucravam com ela.
51
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
José Cretela Júnior (1998, p. 9), grande estudioso do direito romano, chama
atenção para os diferentes significados da expressão “direito romano”:
A expressão direito romano é empregada ainda para designar as
regras jurídicas consubstanciadas no Corpus Juris Civilis, conjunto
ordenado de leis e princípios reduzidos a um único corpo, sistemático,
harmônico, mas formado de várias partes, planejado e levado a efeito
no século VI de nossa era por ordem do imperador Justiniano, de
Constantinopla, monumento jurídico da maior importância, que
atravessou séculos e chegou até nossos dias.
52
TÓPICO 5 | O LEGADO ROMANO
FIGURA 24 – JUSTINIANO
Embora a expressão Corpus Juris Civilis não tenha sido criada por Justiniano,
mas possivelmente pelo romanista francês Denis Godefroid por volta do ano 1583,
em geral, traduz todo o trabalho composto pelas Institutas, Pandectas, Digesta e Codex.
Graças a esse enorme esforço é que o direito romano foi legado para a posteridade.
53
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
DICAS
A figura abaixo reproduz a lendária estória! Pesquise sobre a lenda! Será enriquecedor!
54
TÓPICO 5 | O LEGADO ROMANO
55
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
TÁBUA SEGUNDA
Dos julgamentos e dos furtos
1. ... cauções ... subcauções ... a não ser que uma doença grave..., um voto ...,
uma ausência a serviço da república, ou uma citação por parte de estrangeiro,
deem margem ao impedimento; pois se o citado, o juiz ou o árbitro, sofrer
qualquer desses impedimentos, que seja adiado o julgamento.
2. Aquele que não tiver testemunhas irá, por três dias de feira, para a porta da
casa da parte contrária, anunciar a sua causa em altas vozes injuriosas, para
que ela se defenda.
3 . Se alguém cometer furto à noite e for morto em flagrante, o que matou não
será punido.
4. Se o furto ocorrer durante o dia e o ladrão for flagrado, que seja fustigado
e entregue como escravo à vítima. Se for escravo, que seja fustigado e
precipitado do alto da rocha Tarpeia.
5. Se ainda não atingiu a puberdade, que seja fustigado com varas a critério
do pretor, e que indenize o dano.
6. Se o ladrão durante o dia se defender com arma, que a vítima peça socorro
em altas vozes e se, depois disso, matar o ladrão, que fique impune.
7. Se, pela procura cum lance licioque, a coisa furtada for encontrada na casa de
alguém, que seja punido como se fora um furto manifesto.
8. Se alguém intentar ação por furto não manifesto, que o ladrão seja
condenado no dobro.
9. Se alguém, sem razão, cortar árvores de outrem, que seja condenado a
indenizar à razão de 25 asses por árvore cortada.
56
TÓPICO 5 | O LEGADO ROMANO
TÁBUA TERCEIRA
Dos direitos de crédito
TÁBUA QUARTA
Do pátrio poder e do casamento
TÁBUA QUINTA
Das heranças e tutelas
57
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
TÁBUA SEXTA
Do direito de propriedade e da posse
TÁBUA SÉTIMA
Dos delitos
58
TÓPICO 5 | O LEGADO ROMANO
TÁBUA OITAVA
Dos direitos prediais
59
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
TÁBUA NONA
Do direito público
1. Que não se estabeleçam privilégios em lei. (Ou que não se façam leis contra
indivíduos).
2. Aqueles que forem presos por dívidas e as pagarem, gozarão dos mesmos
direitos como se não tivessem sido presos; os povos que forem sempre fiéis e
aqueles cuja defecção for apenas momentânea gozarão de igual direito.
3. Se um juiz ou um árbitro indicado pelo magistrado receber dinheiro para
julgar a favor de uma das partes em prejuízo de outrem, que seja morto.
4. Que os comícios por centúrias sejam os únicos a decidir sobre o estado de
uma cidade (vida, liberdade, cidadania, família).
5. Os questores de homicídio...
6. Se alguém promover em Roma assembleias noturnas, que seja morto.
7. Se alguém insuflar o inimigo contra a sua Pátria ou entregar um
concidadão ao inimigo, que seja morto.
TÁBUA DÉClMA
Do direito sacro
1. ..... do juramento.
2. Não é permitido sepultar nem incinerar um homem morto na cidade.
3. Moderai as despesas com os funerais.
4. Fazei apenas o que é permitido.
5. Não deveis polir a madeira que vai servir à incineração.
6. Que o cadáver seja vestido com três roupas e o enterro se faça acompanhar
de dez tocadores de instrumentos.
7. Que as mulheres não arranhem as faces nem soltem gritos imoderados.
8. Não retireis da pira os restos dos ossos de um morto, para lhe dar segundos
funerais, a menos que tenha morrido na guerra ou em país estrangeiro.
9. Que os corpos dos escravos não sejam embalsamados e que seja abolido
dos seus funerais o uso da bebida em torno do cadáver.
60
TÓPICO 5 | O LEGADO ROMANO
10. Que não se lancem licores sobre a pia de incineração nem sobre as cinzas
do morto.
11. Que não se usem longas coroas nem turíbulos nos funerais.
12. Que aquele que mereceu uma coroa pelo próprio esforço ou a quem seus
escravos ou seus cavalos fizeram sobressair nos jogos, traga a coroa como
prova do seu valor, assim com os seus parentes, enquanto o cadáver está em
casa e durante o cortejo.
13. Não é permitido fazer muitas exéquias nem muitos leitos fúnebres para o
mesmo morto.
14. Não é permitido enterrar ouro com o cadáver; mas se seus dentes são
presos com ouro, pode-se enterrar ou incinerar com esse ouro.
15. Não é permitido, sem o consentimento do proprietário, levantar uma pira
ou cavar novo sepulcro, a menos de sessenta pés de distância da casa.
16. Que o vestíbulo de um túmulo jamais possa ser adquirido por usucapião,
assim como o próprio túmulo.
Além da lei das XII Tábuas, a Lex Licinia, de 357 a.C., foi feita para
permitir o casamento entre patrícios e plebeus. Para as hostes ou peregrinos (os
“estrangeiros”) eram concedidos alguns direitos – Ius gentium – que regulavam a
convivência com os patrícios. Os não romanos constituíam uma gama imensa de
indivíduos, desde as pessoas livres até os rendidos em guerras.
61
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
NOTA
62
TÓPICO 5 | O LEGADO ROMANO
REPÚBLICA FIM DO
MONARQUIA IMPÉRIO
IMPÉRIO
SENADO E
REI E SENADO IMPERADOR
MAGISTRADOS IDADE MÉDIA
Esta é a etapa que remonta ao antigo mito descrito por Virgílio no século
I a.C. no poema épico Eneida, que relata a saga heroica do herói troiano Eneias,
que, após escapar da guerra carregando seu velho pai nas costas e pelas mãos
seu filho, assume a missão de fundar um nova Troia, que seria a gloriosa Roma.
Lenda imortalizada na belíssima escultura do artista barroco italiano Lorenzo
Bernini (1598-1680).
63
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
• Poder exercido pelo rei: o rex comandava diretamente o exército e ainda era o
juiz e sacerdote supremo. A sucessão era por indicação do Senado.
• Senado: órgão político de natureza consultiva, portanto, subordinado ao rei.
Era formado pelos chefes das gentes e tinha também a função de confirmar – dar
validade – os comícios.
• Comícios: aconteciam nas cúrias, tipo de assembleias convocadas para rejeitar
ou aceitar as propostas apresentadas.
• Fontes do Direito: essencialmente, a fonte do direito eram os costumes e
posteriormente leis escritas.
• Jurisprudência: era o exercício de práticas sacerdotais feitas nos templos pelos
pontífices. Consistiam em rituais com fórmulas mágicas que simbolizavam as
futuras ações judiciais.
64
TÓPICO 5 | O LEGADO ROMANO
A concentração de poder nas mãos dos patrícios, que acabava por reduzir
os camponeses a escravos por dívidas e a apropriação de suas terras para uso
comum, provocava guerras e rebeliões frequentes. Os assidui – pequenos
proprietários de terras – eram reduzidos à condição de proletarii – cidadãos sem
propriedade que se espalhavam pela cidade e que tinham a obrigação de se
filiarem ao exército romano. Quando retornavam da guerra, os soldados eram
dispensados sem nenhuma indenização, restando-lhes a proteção de seu general,
e este foi o motivo da queda da república. Os generais, fortalecidos politicamente
e com uma grande massa de fiéis servidores, facilmente assumem o poder.
Nessa etapa as fontes do direito passam a ser: os costumes, a lei – lex rogatta
(feita pelos magistrados que necessitava aprovação) e a lex data (promulgada
pelos magistrados sem necessidade de aprovação); os éditos dos magistrados
(perpetuum – éditos feitos para durar mais tempo); repentinum para situações não
previstas, que foram proibidos em 67 a.C.; e a jurisprudência (consultas dadas
pelos jurisconsultos). Definia-se jurisprudência como:
65
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
Iuris prudentia est diuinarum atque humanarum rerum notitia, iusti atque
iniusti scientia (a jurisprudência é o conhecimento das coisas divinas e humanas,
a ciência do justo e do injusto).
FONTE: A autora
Tipos de Assembleias:
Esta primeira fase era in Iuri – perante o pretor – que organizava o pedido
real em judicial. O in iudicium era o formulado judicialmente. As fórmulas eram
as defesas dos interesses previstas pelos antigos costumes ou direito criado pelos
antigos pretores.
66
TÓPICO 5 | O LEGADO ROMANO
ATENCAO
Observe que até esta fase da história não existem juristas de profissão!
QUADRO 3 – AS MAGISTRATURAS
PODERES
Imperium – poder de
DURAÇÃO soberania
IDADE ATRIBUIÇÕES
MAGISTRADOS DO Potestas – poder de
MÍNIMA
MANDATO representar o provo romano
Jurisdictium – poder de
administrar a justiça
Chefia do Governo e
Cônsules 1 ano 43 anos Imperium Potestas
do exército
Imperium Potestas/
Pretores 1 ano 40 anos Aplicação da Justiça
Judisdictium
Fiscalização dos
mercados, conservação
Eds 1 ano 37 anos Potestas
dos edifícios e ruas e
organização dos jogos
Questores 1 ano 31 anos Gestão das finanças Potestas
Censo dos cidadãos e
Censores 18 meses Potestas
sua fortuna
Defesa dos direitos
Tribuno da Plebe 1 ano Potestas
dos plebeus
Condução de uma
Ditador 6 meses guerra difícil e Imperium Potestas
restauração da ordem
67
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
68
TÓPICO 5 | O LEGADO ROMANO
4 O LEGADO
Roma legou ao direito ocidental importantes institutos jurídicos,
principalmente no direito privado, criado para proteger os interesses dos patrícios.
Os conceitos jurídicos, a retórica e argumentação, bem como os institutos jurídicos
constituíram uma herança imensa e rica.
69
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
ο A mulher exercia papel social, mas estava vinculada ao marido por um poder
chamado manus, espécie de poder doméstico que conhecemos como poder
marital. O manus permitia ao homem castigar a mulher e repudiá-la. Com
a Lei das XII Tábuas criou-se uma exceção: o casamento sine manus. Porém,
quase que até recentemente na história, o casamento cum manus foi regra.
ο Os romanos conheciam também o divórcio como instituto jurídico. O
divórcio colocava fim ao casamento. Nos tempos mais antigos, o divórcio
apenas existia na forma de repúdio, até que já na república poderia ocorrer
por inciativa de qualquer um dos cônjuges.
• Direitos Reais: O termo “reais” deriva da palavra “res”, que significa “coisa”.
Coisa é tudo aquilo que existe na natureza e pode ser incorporado ao patrimônio.
Para os romanos havia coisas corporais, individuais e autônomas.
Você notará ao estudar Direito Civil como esses conceitos são importantes!
Para os romanos havia três tipos de coisas: res divini iuris (propriedade
dos deuses); res communes omnium (coisas comuns como água e ar) e res publicae
(coisas de propriedade do Estado).
Ainda havia res mancipi (as que necessitam de ato solene para sua
transmissão) e res nec mancipi, móveis, imóveis, divisíveis e indivisíveis etc.
DICAS
70
TÓPICO 5 | O LEGADO ROMANO
LEITURA COMPLEMENTAR
71
UNIDADE 1 | HISTÓRIA E DIREITO
eles, de resolver os conflitos sociais e de dar coesão ao todo social”. Nesse sentido,
a História das instituições estuda o Direito relacionando-o com os fatos sociais,
verifica como esse Direito é encarado pela sociedade e que se relaciona com outros
sistemas normativos sociais.
72
TÓPICO 5 | O LEGADO ROMANO
DICAS
São bons documentários do canal History Chanel, você irá se maravilhar e se apaixonar pela história
da humanidade, aprendendo sobre nossa capacidade de superação na luta pela sobrevivência.
73
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu que:
74
AUTOATIVIDADE
Considere o texto:
75
A república, por sua vez, foi caracterizada pelo poder dos dois cônsules,
que inicialmente são as magistraturas únicas. Posteriormente, surgiram os
censores e aos poucos os plebeus vão ganhando espaço dentro do governo.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Os objetivos desta unidade são:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
77
78
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
A Idade Média é um período da história europeia que se estendeu por
cerca de mil anos (entre os séculos V e XV). Como veremos pelas características e
particularidades, a Idade Média é dividida entre: Alta Idade Média (século V ao
X) e Baixa Idade Média (século XI ao XV).
79
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
ERIKA ONODERA
Invasões bárbaras
Fortalecimento da Igreja Feudalismo Crise do
Formação do Império Carolíngio Feudalismo
2 O CRISTIANISMO
Em fins do século IV o mundo clássico antigo já havia se transformado
radicalmente. Com uma identidade muito particular, a civilização greco-romana
em um espaço de tempo de mil anos floresceu e, paulatinamente, ao mesmo
tempo em que o helenismo conhecia seu ponto mais alto, se instalava uma espécie
de crise alimentada pela entrada em cena de dois novos elementos: o cristianismo
e o modo de vida bárbaro.
NOTA
80
TÓPICO 1 | O NAUFRÁGIO DA CIVILIZAÇÃO ANTIGA: A FORMAÇÃO DA IDADE MÉDIA
DICAS
81
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
Em síntese:
3 A BARBARIZAÇÃO DO COTIDIANO
A desagregação do Império Romano, além do marco político e histórico,
também trouxe consigo uma autêntica catástrofe civilizatória. Assistiu-se ao
naufrágio de todo um modo de vida, uma autêntica “regressão”. No dizer do
Capella (2002, p. 982):
A vida urbana, as comunicações, o comércio, a saúde e as condições
de vida, a agricultura e as técnicas, a produção e em geral o saber e
a cultura (sobretudo depois do incêndio da Biblioteca de Alexandria,
depósito do saber greco-romano e oriental) vieram abaixo. As
populações do continente se viram açoitadas pela fome, a escassez, as
epidemias, o isolamento, a ignorância e a violência.
83
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
84
TÓPICO 1 | O NAUFRÁGIO DA CIVILIZAÇÃO ANTIGA: A FORMAÇÃO DA IDADE MÉDIA
85
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
Esse sistema de pactos mútuos deu origem ao sistema servil. As terras eram
divididas em: manso senhorial (terras destinadas ao cultivo do senhor); manso
servil (terras destinadas à produção dos servos); e manso comunal (terras para uso
comum). Evidentemente, os nobres e a Igreja detinham grandes propriedades. Os
servos eram obrigados a trabalhar para pagar taxas ou obrigações feudais que
consistiam em corveia (trabalho no manso senhorial três dias da semana), talha
(parte da produção do servo entregue ao senhor); banalidades (pagamento pelo
uso de equipamentos do senhor: celeiros, moinhos etc.).
DICAS
86
TÓPICO 1 | O NAUFRÁGIO DA CIVILIZAÇÃO ANTIGA: A FORMAÇÃO DA IDADE MÉDIA
REI
NOBREZA CLERO
SENHORES
DAS TERRAS,
TUDO LHES
PERTENCE.
NÃO PAGAM
IMPOSTOS MAS
RECEBEM-NOS
DO POVO
POVO
SUSTENTA O CLERO E A
NOBREZA, TRABALHA,
PAGA IMPOSTOS A TODOS,
TRABALHA PARA O REI
NAS OBRAS E NA GUERRA.
Feudalismo pode ser definido como uma etapa social, política e econômica
europeia. São muitos os feudalismos que se definiram em distintos pontos geográficos,
desde o Ocidente ao Oriente, como também com formas diferentes de expressão.
88
TÓPICO 1 | O NAUFRÁGIO DA CIVILIZAÇÃO ANTIGA: A FORMAÇÃO DA IDADE MÉDIA
NOTA
E
IMPORTANT
89
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
90
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
91
AUTOATIVIDADE
Com o estudo realizado no Tópico 1, o autor está correto ao dizer que houve um
retrocesso na sociedade medieval? Por que a religiosidade serviu de discurso
público por excelência?
92
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
“Direito Canônico” é uma expressão que designa um conjunto de normas
jurídicas cujo objetivo é o de reger o modo de vida dos cristãos. Em 313, quando
Constantino concedeu liberdade para que as autoridades cristãs – papa e bispos
– pudessem julgar seus adeptos, segundo seus preceitos religiosos, iniciou-se um
processo de autonomia que, no século V, ganha absoluta autonomia.
DICAS
Há um excelente artigo que você pode ler acerca do tema. Disponível em:
<http://nemed.he.com.br/projetopandora/2016/10/15/o-nascimento-das-universidades-
medievais/>. Com o título: O NASCIMENTO DAS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS: ASPECTOS
SOBRE A CULTURA DE SABER NA BAIXA IDADE MÉDIA OCIDENTAL.
93
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
94
TÓPICO 2 | O DIREITO CANÔNICO: ELEMENTOS CARACTERIZADORES
NOTA
95
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
Com Gregório VII, cujo nome de origem era Hildebrando, há uma separação
entre sacramentos – preceitos religiosos – e leis, pois não se diferenciavam leis
canônicas de rituais ou liturgias. Além disso, havia uma certa subordinação do
papado ao poder civil com a forte ingerência dos nobres e reis, sobretudo das
decisões acerca dos cargos eclesiásticos.
96
TÓPICO 2 | O DIREITO CANÔNICO: ELEMENTOS CARACTERIZADORES
DICAS
97
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
DICAS
99
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
4 O PROCESSO INQUISITORIAL
Ao se consolidar uma classe de profissionais do direito, também se
disseminou uma forma de solucionar conflitos, uma prática processual cuja
marca era a racionalidade e a técnica. Além de ter introduzido o processo escrito
– autos –, que passou a exigir um corpo notarial, a escrita processual exige termos
e fórmulas específicas e, assim, a lógica de técnica vai assumindo relevância.
100
TÓPICO 2 | O DIREITO CANÔNICO: ELEMENTOS CARACTERIZADORES
101
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
102
TÓPICO 2 | O DIREITO CANÔNICO: ELEMENTOS CARACTERIZADORES
DICAS
O combate aos cátaros, que foi bastante “eficaz”, permitiu que a Inquisição
assumisse uma natureza legal e jurídica, sendo a primeira forma concreta a partir de
sua codificação no decreto papal Ad abolendam, emanado pelo Papa Lúcio III no ano
1184, no qual se estabeleceu o primeiro delineamento do procedimento inquisitorial.
103
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
NOTA
NOTA
104
TÓPICO 2 | O DIREITO CANÔNICO: ELEMENTOS CARACTERIZADORES
Após esse início, e ao que parece com medo de perder o apoio bélico da
Espanha, o Papa Sisto IV, já arrependido pelo poder que foi dado aos reis católicos,
tenta retroceder, mas já não era possível. Para a Igreja, a solução foi a nomeação
do frei dominicano Tomás de Torquemada como inquisidor-geral dos reinos de
Castilha e Aragão, em outubro de 1483. Toquemada foi o mais implacável e terrível
dos inquisidores e sua nomeação marca o início de uma nova fase da Inquisição.
106
TÓPICO 2 | O DIREITO CANÔNICO: ELEMENTOS CARACTERIZADORES
107
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
108
TÓPICO 2 | O DIREITO CANÔNICO: ELEMENTOS CARACTERIZADORES
Esse breve texto nos leva a pensar se nos dias de hoje não estamos também
a vivenciar uma perigosa escalada da intolerância, cujas consequências poderão
ser um retrocesso, não é?
109
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
110
TÓPICO 2 | O DIREITO CANÔNICO: ELEMENTOS CARACTERIZADORES
111
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
DICAS
Sobre o tema, para aprofundar seus estudos, leia o interessante texto Humanismo,
renascimento e revolução científica, disponível em:<http://educacao.globo.com/historia/
assunto/modernidade-na-europa/humanismo-renascimento-e-revolucao-cientifica.htm>.
Você irá compreender o nascimento da ciência moderna.
112
TÓPICO 2 | O DIREITO CANÔNICO: ELEMENTOS CARACTERIZADORES
114
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
115
AUTOATIVIDADE
116
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Antes de iniciarmos nosso estudo sobre o direito moderno, vamos começar
identificando o cenário, o contexto, a partir do qual se edifica toda lógica jurídica
predominante até os dias de hoje.
117
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
118
TÓPICO 3 | A MODERNIDADE: UM CENÁRIO DE TRANSFORMAÇÕES
Sem dúvida, a tirania de poder, com sua “missão civilizadora”, ocultada pelo
discurso justificador da modernidade, constituiu-se numa prática “racionalizadora”
de um mito alimentado interna e externamente pelo mundo europeu ao mesmo
tempo em que era definitivamente superado o passado medieval. Assim, “mundo
moderno” é produto da aproximação entre a burguesia secularizada europeia e
as necessidades do capitalismo que acabou por oferecer os contornos do padrão
mundial de poder que construiu o modelo civilizatório hegemônico.
E
IMPORTANT
119
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
120
TÓPICO 3 | A MODERNIDADE: UM CENÁRIO DE TRANSFORMAÇÕES
NOTA
4 O DIREITO DA CONQUISTA
Como parte desse ambiente, praticava-se como nunca magia negra e
flagelação grupal. A Igreja, pedra angular do modelo social, para muitos era mais
um centro de corrupção e decadência do que um exemplo de integridade moral.
O cenário era visto mais como apocalíptico do que inovador.
122
TÓPICO 3 | A MODERNIDADE: UM CENÁRIO DE TRANSFORMAÇÕES
certeza é a certeza da dúvida. O sujeito pensante existe – cogito, ergo sum – e tudo
demais pode ser questionado. Nesta ótica, o conhecimento seguro é o que pode ser
obtido a partir do princípio primeiro do cogito; usando a dúvida, o experimento e
a hipótese, a ciência avançaria. A razão humana torna-se a suprema autoridade e a
única capaz de obter uma compreensão racional do mundo circundante.
E
IMPORTANT
Assim, foi sendo definida uma nova cosmologia profana dentro da qual
simultaneamente o ser humano descobria o movimento planetário e mudava seu
eixo existencial: de um universo aristotélico-cristão hierárquico, finito e estático para
um cosmo de significados múltiplos e absolutamente novos (TARNAS, 2000). O
mundo tornara-se secular e mutante. Com a teoria darwiniana demonstrava-se que a
transformação era o estado permanente da natureza em luta para o desenvolvimento
e supremacia dos mais fortes e não fruto benevolente de um plano transcendental.
Nestes novos tempos o passado não tinha mais sentido em ser revivido,
apenas compreendido como forma de perspectiva para o futuro. A autoridade da
tradição é abolida. O conceito de moderno inclui a independência e a inovação.
Talvez, por esta razão, o conceito de modernidade é de abertura; de contínua
ideia de inovação.
124
TÓPICO 3 | A MODERNIDADE: UM CENÁRIO DE TRANSFORMAÇÕES
125
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
Lendo o trecho acima, que você tem disponível na íntegra pela internet,
somos levados a pensar se realmente a ciência, enquanto conhecimento em si, é
capaz de solucionar os males do nosso tempo!
126
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
127
AUTOATIVIDADE
128
UNIDADE 2
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Para compreendermos o direito moderno como resultado de todo um
processo histórico acumulado, há que se partir da compreensão da racionalização
jurídica moderna, o que pressupõe inseri-la no amplo processo ético-filosófico e
técnico-produtivo da ordem capitalista liberal que emergiu da sociedade ocidental
europeia no século XVIII, culminando na consolidação de uma nova ordem social,
econômica e política, fundada nos valores e interesses da classe burguesa.
129
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
Entende Hermann Heller (s.d., p. 158) que: “[...] é patente o fato de que
durante meio milênio, na Idade Média, não existiu o Estado no sentido de uma
unidade de dominação, independentemente no exterior e interior que atuara de
modo contínuo com meios de poder próprios, e claramente delimitada pessoal e
territorialmente”.
130
TÓPICO 4 | O DIREITO MODERNO E O POSITIVISMO JURÍDICO
DICAS
Para melhor compreender esta fase da história, procure ler sobre as Revoluções
Burguesas. Há muito material disponível na internet!!!!
132
TÓPICO 4 | O DIREITO MODERNO E O POSITIVISMO JURÍDICO
133
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
134
TÓPICO 4 | O DIREITO MODERNO E O POSITIVISMO JURÍDICO
DICAS
135
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
136
TÓPICO 4 | O DIREITO MODERNO E O POSITIVISMO JURÍDICO
No dizer de Bobbio (1993, p. 83), a técnica exegética consiste em: “[...] assumir
pelo tratamento científico o mesmo sistema de distribuição da matéria seguido
pelo legislador e, sem mais, em reduzir tal tratamento a um comentário, artigo
por artigo, do próprio Código”. Portanto, a chamada Escola da Exegese pretendia
reduzir o direito à lei, levando a cabo os objetivos revolucionários burgueses.
Como disse o decano Aubry, em 1857, em um relatório oficial sobre
o espírito do ensino da Faculdade de Direito em Paris: Toda a lei,
tanto no espírito quanto na letra, com uma ampla aplicação de seus
princípios e o mais completo desenvolvimento das consequências que
dela decorrem, porém nada mais que a lei, tal a divisa dos professores
do Código de Napoleão (PERELMAN, 1998, p. 31).
137
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
Já na Idade Média, o Direito Natural é visto como “a lei escrita por Deus
presente no coração dos homens”, como afirma São Paulo na Sagrada Escritura,
o que resulta na inversão da relação entre as duas espécies de Direito, tendência
que impregnou o pensamento jus naturalista de que considerou o Direito Natural
superior ao Positivo. Porém, apesar de tais distinções, ambos eram considerados
como legítimos.
138
TÓPICO 4 | O DIREITO MODERNO E O POSITIVISMO JURÍDICO
139
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
Dura lex, sed lex; um bom magistrado humilha sua razão diante da razão
da lei (Mourlon). Esta máxima do pensamento exegético deixa evidente que a
interpretação e aplicação da lei devem ser submetidas à razão expressa na lei, a
razão de um Estado Legislador.
140
TÓPICO 4 | O DIREITO MODERNO E O POSITIVISMO JURÍDICO
141
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
NOTA
142
TÓPICO 4 | O DIREITO MODERNO E O POSITIVISMO JURÍDICO
143
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
144
TÓPICO 4 | O DIREITO MODERNO E O POSITIVISMO JURÍDICO
LEITURA COMPLEMENTAR
Ivone Fernandes
Morcilo Lixa
145
UNIDADE 2 | PENSAMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E AS TRANSFORMAÇÕES DO DIREITO NA MODERNIDADE
Nós, juristas, por força do vício domesticador das instituições que nos
formam e nos forjam não nos damos conta de como somos arquitetos dessa
perversidade. Herdeiros de uma cultura jurídica negadora do “outro”, do
“marginalizado”, “do bárbaro e selvagem nativo” constrói-se uma inteligência
sequestrada não a serviço da defesa dos direitos da maioria da população brasileira,
mas do 1% mais rico que monopoliza não apenas os recursos, mas também a
política. Enquanto que no século XVI os donos da terra arregimentavam feitores
e suas chibatas para o controle de seus escravos, nos dias de hoje os intelectuais
domesticados e rasos formam um “exército de capangas” a serviço do poder.
FONTE: Disponível em: <https://editorakarywa.files.wordpress.com/2014/11/constitucionalismo-
direitos-humanos-justic3a7a-e-cidadania-na-amc3a9rica-latina.pdf>. Acesso em: 3 jan. 2018.
146
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
147
AUTOATIVIDADE
148
UNIDADE 3
A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO
DIREITO BRASILEIRO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Neste momento você irá compreender a particularidade da história do di-
reito brasileiro. Os objetivos desta unidade são:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
149
150
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Iniciaremos nosso estudo acerca do direito brasileiro buscando refletir
acerca da experiência histórica nacional, vivenciada a partir do século XVI,
discutindo a possiblidade de vislumbrar novas trajetórias, pactos e compromissos
exatamente em um momento em que se coloca a necessidade de repensar a cultura
jurídica brasileira. Nossa análise, desde um olhar decolonial, compreendendo a
reflexão sobre a experiência histórica do Brasil.
NOTA
Como veremos mais adiante nesta unidade, a palavra “decolonial” refere-se a uma
corrente de pensamento crítico que nasceu em fins do século XX e tem como característica
central a busca de novos paradigmas políticos e jurídicos construídos desde a realidade
de interesses locais, objetivando a construção de uma autonomia política e intelectual. O
termo “decolonial” é utilizado para designar estudos acerca das raízes históricas e políticas
das profundas desigualdades sociais dos povos e nações periféricas que foram áreas de
dominação e exploração histórica desde os séculos XIV e XV.
151
UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
E
IMPORTANT
2 O DIREITO INDÍGENA
Para iniciar nosso estudo, vamos voltar ao ano de 2000, quando haviam sido
passados 500 anos do “descobrimento” do Brasil. Na época, a filósofa Marilena
Chauí (2001, p. 57) descontrói o “mito do descobrimento Brasil” afirmando que,
assim como a América não estava à espera de Colombo, o Brasil não estava aqui
à espera de Cabral.
NOTA
O termo “semióforo” é utilizado por Marilena Chauí para designar uma imagem
que vincula o visível ao invisível – ao imaginado – que permanece e é reproduzido pelas
elites intelectuais para dar sentido e vínculo entre o real e o imaginário. A invenção de uma
nação, em geral, passa por um processo de construção de semióforos, tais como “a vontade
de Deus”, “missão salvadora”, “obra de heróis” etc., e dessa forma a gênese histórica é negada
e esvaziada, tornando o irreal em real, nascendo o mito.
No caso do Brasil, o mito, o invisível, sempre foi o da “missão civilizadora dos europeus”!!!
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TÓPICO 1 | AS RAÍZES HISTÓRICAS DA CULTURA JURÍDICA BRASILEIRA
DICAS
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
4 AS ORDENAÇÕES DO REINO
Os diversos fatores políticos que culminaram com a ascensão ao trono
português da Casa de Aviz no século XIV favoreceram o fortalecimento da burguesia
comercial lusitana, que logo tratou de iniciar um movimento de expansão externa,
iniciada com a tomada de Ceuta em 1415, e desde então, não mais parou.
Em tal processo era necessário cultivar não apenas a terra, mas “cultivar”
seres humanos, práticas, símbolos, valores capazes de garantir um estado de
coexistência social, enfim, uma cultura.
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TÓPICO 1 | AS RAÍZES HISTÓRICAS DA CULTURA JURÍDICA BRASILEIRA
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
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TÓPICO 1 | AS RAÍZES HISTÓRICAS DA CULTURA JURÍDICA BRASILEIRA
Como lembra Wolkmer (2007, p. 38), era a forma encontrada pela metrópole
de impedir que outras nações europeias “pusessem em risco, com a concorrência,
aqueles privilégios advindos da restrição comercial, tão lucrativas aos comerciantes
portugueses que não encontravam, no seu espaço, satisfação para sua ambição”.
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RESUMO DO TÓPICO 1
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AUTOATIVIDADE
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UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Como vimos, Portugal, no século XV, juntamente a demais países
europeus, como Espanha e Inglaterra, haviam reunido condições técnicas, bem
como interesses econômicos e políticos que permitiram o processo de expansão
do domínio europeu.
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
Mesmo porque no seu mundo, mais belo era dar que receber. Ali,
ninguém jamais espoliara ninguém e a pessoa alguma se negava, louvor por
sua bravura e criatividade. Visivelmente, os recém‐chegados, saídos do mar,
eram feios, fétidos e infectos. Não havia como negá‐lo. É certo que, depois do
banho e da comida, melhoraram de aspecto e de modos. Maiores terão sido,
provavelmente, as esperanças do que os temores daqueles primeiros índios.
Pouco mais tarde, essa visão idílica se dissipa. Nos anos seguintes, se
anula e reverte‐se no seu contrário: os índios começam a ver a hecatombe que
caíra sobre eles. Maíra, seu deus, estaria morto? Como explicar que seu povo
predileto sofresse tamanhas provações? Tão espantosas e terríveis eram elas,
que para muitos índios melhor fora morrer do que viver.
FONTE: RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro – a formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995, p. 42-43.
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TÓPICO 2 | A ORDEM JURÍDICA COLONIAL BRASILEIRA
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
E
IMPORTANT
ATENCAO
164
TÓPICO 2 | A ORDEM JURÍDICA COLONIAL BRASILEIRA
Schwartz (1979) ainda chama a atenção para o fato de que a lei portuguesa
vigente no Brasil dizia respeito somente aos europeus, praticamente inexistindo
proteção jurídica para as relações entre os europeus e os indígenas. Tal situação é
descrita pelo autor ao se referir ao que o missionário jesuíta Manoel da Nóbrega
descreve como punição imposta a um índio que havia assassinado um português:
foi colocado na boca de um canhão e literalmente feito em pedaços. Assim era
feita a justiça na colônia!!!
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
DICAS
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TÓPICO 2 | A ORDEM JURÍDICA COLONIAL BRASILEIRA
conflitos que se dessem a uma distância de dez léguas de sua sede ou estrada. De suas
decisões era possível recorrer à Casa de Suplicação em Lisboa. Embora tenha sido
criado pelo Regimento de 1587, apenas em março de 1609 se instalou propriamente
um tribunal régio no Brasil: o Tribunal de Relação da Bahia, que era constituído
por dez desembargadores, todos letrados – um chanceler, três desembargadores de
agravos, um ouvidor-geral do cível e do crime, um juiz dos feitos da coroa, fazenda
e fisco, um provedor de defuntos e resíduos, dois desembargadores extravagantes e
o governador-geral, que teria assento como Governador da Relação. Esses tribunais
deram origem aos atuais Tribunais de Justiça dos Estados brasileiros.
NOTA
A Casa de Suplicação era o tribunal diretamente ligado ao poder real que inicialmente
incluía as atividades do Desembargo do Paço. Com a reforma das Ordenações aprovadas em
1595, mas em vigor em 1603, atualmente conhecida como Ordenações Filipinas, a administração
metropolitana era regida pelo monarca que poderia ser substituído por uma junta de governadores
e contava com uma série de órgãos de apoio, a começar pelo Conselho de Estado, que se reunia
ocasionalmente pela convocação do rei para assessorá-lo em questões complexas. O mais
constante era o Desembargo do Paço, que se reunia diariamente e às sextas despachavam com
o rei. Além de exercer funções consultivas, julgava as questões que, por causa de foros especiais,
superavam a alçada da Casa de Suplicação, os recursos às decisões da mesma e os conflitos de
jurisdição entre ela e a Casa de Cível. Eram de competência exclusiva do Desembargo do Paço os
pedidos de legitimação, restituição de fama, findas, graças e perdões, emancipação de menores
etc. Junto à Casa de Suplicação e ao Desembargo do Paço existia um tribunal especial, com
competência privativa em causas que envolvessem a Igreja ou os membros das ordens militares-
religiosas. Era a Mesa da Consciência e Ordens, que também assessorava o Rei.
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
Nas palavras de Schwartz (1979, p. 58), “os burocratas que iriam constituir
a magistratura brasileira eram um grupo muito bem particularizado que
representava a espinha dorsal do governo real”.
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TÓPICO 2 | A ORDEM JURÍDICA COLONIAL BRASILEIRA
Apesar dos versos do “Boca do Inferno”, como era chamado Gregório por
seus inimigos, não representarem perigo para a autoridade e o cargo exercido pelos
juízes, deixavam evidente o nível incontrolável de corrupção que havia atingido o
exercício da justiça no Brasil em fins do século XVII. Descrevia os burocratas judiciais
– juízes, escrivães, tabeliães... – como pedaços cortados de um mesmo tecido.
Por essa razão, dizia que um magistrado recebia suborno tanto do acusado
como do acusador e por isso era mais fácil chegar o “juízo final do que a sentença”.
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
NOTA
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TÓPICO 2 | A ORDEM JURÍDICA COLONIAL BRASILEIRA
DICAS
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
Neste sentido, assinala Alberto Venancio Filho (1982) que, por força da
Companhia de Jesus na Universidade de Coimbra, a cultura predominante até
meados do século XVIII mantinha-se refratária às transformações reivindicadas
pelo Renascimento, o que é claramente evidenciado num edital do Colégio das
Artes da Universidade de Coimbra de 1746, que determinava:
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TÓPICO 2 | A ORDEM JURÍDICA COLONIAL BRASILEIRA
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RESUMO DO TÓPICO 2
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AUTOATIVIDADE
175
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UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Mudanças sensíveis ocorrem na cultura jurídica brasileira no século XIX,
que se inicia sob o signo da modernidade. As revoluções burguesas e o absolutismo
ilustrado, que na Europa abriam as portas para compreender o humano como
valor fundamental da sociedade, encontravam um forte contraste com o
sistema colonial brasileiro, cuja marca era a violência imposta aos trabalhadores
escravizados e a dinâmica contraditória da relação metrópole-colônia, que acabou
por definir um espaço subjugado.
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
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TÓPICO 3 | O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA E A CONSTRUÇÃO DO DIREITO NACIONAL
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
NOTA
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TÓPICO 3 | O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA E A CONSTRUÇÃO DO DIREITO NACIONAL
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
A Escola de Recife entendia que para dotar o Brasil de um aparato jurídico era
necessário compreender a sociedade brasileira, sua natureza e construção. Defendia
que o jurista deveria ser algo mais que um rábula. A intenção era a de compreender
o fenômeno jurídico a partir de uma pluralidade de conhecimentos que resultavam
essencialmente do evolucionismo e do monismo. E, sem dúvida, esses pensadores
jurídicos, mais distantes do centro do poder, viam-se como vanguarda.
direito, mantendo como espaço de discussão política não o espaço público, mas o
privado: o interior do Salão do Imperador e os espaços domésticos, fato característico
de uma sociedade aristocrática que foi capaz de construir um corpo normativo legal
de fachada liberal que pudesse conviver com o escravismo e religião de Estado.
Por esta razão, afirma Caio Prado (2012) que o direito brasileiro era um
direito artificial e inaplicável que deixa de lado as particularidades nacionais,
sendo um exemplo significativo a questão da terra: “[...] num país agrícola e na
maior parte ainda deserto, e que apesar disto nunca foi devidamente tratado
nas leis brasileiras. O que sempre tivemos na matéria foi copiado de legislações
europeias, onde naturalmente a situação é inteiramente outra” (p. 197).
É exatamente sob a ótica desta cultura jurídica que vai ser construída
toda legislação nacional. Um saber técnico-normativo que vai, dentro de padrões
rigorosos de objetividade, pretender seguir um seguro caminho para a manutenção
e reprodução do modelo de direito legado por este passado marcado pela exclusão
e dominação, alheio a qualquer interesse e compromisso de emancipação.
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
DICAS
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RESUMO DO TÓPICO 3
185
AUTOATIVIDADE
FONTE: WOLKMER, Antonio Carlos. História do Direito no Brasil. 4. ed., Rio de Janeiro: Forense,
p. 65.
A partir do estudo realizado, por que afirma o autor que o liberalismo brasileiro
foi contraditório? Quais são as contradições?
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UNIDADE 3
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
A entrada no século XXI, embora não triunfal, nas terras brasileiras foi feita
sob a égide da democracia aliada à esperança – nunca perdida – de reafirmação
de cidadania.
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
Pode-se afirmar que aí está uma das razões centrais para compreender
o porquê de, passados quase 30 anos de Constituição Democrática, ainda o
Brasil é um país em que os princípios democráticos fazem parte de uma mera
intencionalidade nem sempre ou raramente contemplada. “Para se ter uma ideia,
o princípio constitucional da ampla defesa ficou quase 15 anos sem ser aplicado nos
interrogatórios judiciais, sem que a doutrina e a jurisprudência – com raríssimas
exceções – tivessem reivindicado a aplicação direta da Constituição” (STRECK,
2017, p. 155). Evidentemente, sem esquecer que ainda o “peso da balança” pende
para um “lado”.
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TÓPICO 4 | OS DESAFIOS DO DIREITO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
DICAS
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
DICAS
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TÓPICO 4 | OS DESAFIOS DO DIREITO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
DICAS
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UNIDADE 3 | A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO BRASILEIRO
LEITURA COMPLEMENTAR
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TÓPICO 4 | OS DESAFIOS DO DIREITO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Muitas dessas críticas talvez sejam injustas, mas não quer dizer que não
tenham algum fundo de verdade, o que alimenta diferentes indagações sobre
o futuro das duas instituições num contexto marcado por fortes desigualdades
sociais e culturais, graves limitações fiscais e transformações radicais nos modos
de funcionamento da economia.
FONTE: FARIA, José Eduardo. O sistema brasileiro de Justiça: experiência recente e futuros desafios.
In: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000200006>. Acesso
em: 12 dez. 2017.
193
RESUMO DO TÓPICO 4
• O passado histórico acabou por criar uma brutal realidade social no Brasil
contemporâneo, que tem exigido respostas nem sempre possíveis de serem
dadas com rapidez e eficiência.
194
AUTOATIVIDADE
195
196
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Ed. EDIPRO, 2008.
BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Cia das Letras, 1993.
CRETELLA JUNIOR, José. Curso de Direito Romano. Rio de Janeiro: Forense, 1998.
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Leonardo Boff. São Paulo: Ed. Rosa dos Ventos. 1993.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Cia das
Letras, 2000.
JÚNIOR, Caio Prado. Evolução política do Brasil. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1975.
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LIMA LOPES, José Reinaldo de. O direito na história – lições introdutórias. 4.
ed. São Paulo: Atlas, 2012.
NOVAIS, Fernando A. O Brasil nos quadros do antigo sistema colonial. In: MOTA,
Carlos Guilherme (org). Brasil em perspectiva. 9. ed. São Paulo: DIFEL, 1976.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. São Paulo: Ed. Record, 2001.
STRECK, Lenio Luiz. Verdade e Consenso. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
TARNAS, Richard. A epopeia do pensamento ocidental – para compreender as
ideias que moldaram nossa visão de mundo. Tradução de Beatriz Sidou. 2. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.
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VENANCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo – 150 anos de
ensino jurídico no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1982.
200