AIP Financiamento FINAL 18082015

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ESTUDO SOLUÇÕES

FINANCIAMENTO
PARA EMPRESAS

Projeto Co-Financiado
ESTUDO SOLUÇÕES
F INA NC IA M E NT O
P A RA E M P RE SA S

Agradecimentos

A AIP/CCI - Associação Industrial Portuguesa / Câmara de Comércio e Indústria gostaria de


expressar o mais sincero agradecimento à Moneris – Serviços de Gestão, S.A. e seus
colaboradores, que apoiaram e contribuíram para o enriquecimento do presente estudo
subordinado ao tema do “Financiamento”, inserido no projeto “Mercados, Financiamento e
Inovação”, co-financiado pelo Programa Operacional Fatores de Competitividade – COMPETE.

Lisboa, janeiro de 2015

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Índice
Introdução ................................................................................................................................ 5
Sumário executivo .................................................................................................................... 6
1. Ações .................................................................................................................................... 7
1.1. Introdução ......................................................................................................................... 7
1.2. Normativo contabilístico aplicável ...................................................................................... 9
1.3. Regime fiscal aplicável...................................................................................................... 12
2. Obrigações .......................................................................................................................... 17
2.1. Introdução ....................................................................................................................... 17
2.2. Normativo contabilístico aplicável .................................................................................... 18
2.3. Regime fiscal aplicável...................................................................................................... 21
3. Capital de Risco (CR)............................................................................................................ 25
3.1. Introdução ....................................................................................................................... 25
3.1.1. Business Angels (BA)...................................................................................................... 26
3.1.2. Sociedades de Capital de Risco (SCR) ............................................................................. 27
3.1.3. Fundos de Capital de Risco (FCR) ................................................................................... 28
3.1.4. Fundos de Reestruturação e Internacionalização Empresarial (FRIE) .............................. 29
3.2. Normativo contabilístico aplicável .................................................................................... 29
3.3. Regime fiscal aplicável...................................................................................................... 31
4. Crowdfunding ..................................................................................................................... 36
4.1. Introdução ....................................................................................................................... 36
4.2. Normativo contabilístico aplicável .................................................................................... 37
4.3. Regime fiscal aplicável...................................................................................................... 39
5. Crédito Bancário ................................................................................................................. 44
5.1. Introdução ....................................................................................................................... 44
5.1.1. Microcrédito ................................................................................................................. 45
5.2. Normativo contabilístico aplicável .................................................................................... 45
5.3. Regime fiscal aplicável...................................................................................................... 48
6. Factoring............................................................................................................................. 50
6.1. Introdução ....................................................................................................................... 50
6.2. Normativo contabilístico aplicável .................................................................................... 51
6.3. Regime fiscal aplicável...................................................................................................... 58
7. Confirming .......................................................................................................................... 61
7.1. Introdução ....................................................................................................................... 61
7.2. Normativo contabilístico aplicável .................................................................................... 62
7.3. Regime fiscal aplicável...................................................................................................... 64
8. Leasing Mobiliário ou Imobiliário ........................................................................................ 66
8.1. Introdução ....................................................................................................................... 66
8.2. Normativo contabilístico aplicável .................................................................................... 67
8.3. Regime fiscal aplicável...................................................................................................... 69
9. Renting ou Aluguer Operacional de Viaturas (AOV) ............................................................. 74
9.1. Introdução ....................................................................................................................... 74
9.2. Normativo contabilístico aplicável .................................................................................... 75
9.3. Regime fiscal aplicável...................................................................................................... 78
10. Papel Comercial ................................................................................................................ 82

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10.1. Introdução ..................................................................................................................... 82
10.2. Normativo contabilístico aplicável .................................................................................. 84
10.3. Regime fiscal aplicável .................................................................................................... 85
11. Suprimentos...................................................................................................................... 92
11.1. Introdução ..................................................................................................................... 92
11.2. Normativo contabilístico aplicável .................................................................................. 93
11.3. Regime fiscal aplicável .................................................................................................... 95
12. Incentivos ao investimento – Portugal 2020 ...................................................................... 99
12.1. Introdução ..................................................................................................................... 99
12.2. Normativo contabilístico aplicável ................................................................................ 100
12.3. Regime fiscal aplicável .................................................................................................. 104
13. Garantia bancária ............................................................................................................ 107
13.1. Introdução ................................................................................................................... 107
13.2. Normativo contabilístico aplicável ................................................................................ 108
13.3. Regime fiscal aplicável .................................................................................................. 110
14. Garantia Mútua ............................................................................................................... 113
14.1. Introdução ................................................................................................................... 113
14.2. Normativo contabilístico aplicável ................................................................................ 114
14.3. Regime fiscal aplicável .................................................................................................. 118
15. Cobertura de Risco Cambial............................................................................................. 121
15.1. Introdução ................................................................................................................... 121
15.2. Normativo contabilístico aplicável ................................................................................ 121
15.3. Regime fiscal aplicável .................................................................................................. 126
16. Cobertura de Risco de Taxa de Juro ................................................................................. 129
16.1. Introdução ................................................................................................................... 129
16.2. Normativo contabilístico aplicável ................................................................................ 131
16.3. Regime fiscal aplicável .................................................................................................. 138
17. Seguro de Crédito ........................................................................................................... 141
17.1. Introdução ................................................................................................................... 141
17.2. Normativo contabilístico aplicável ................................................................................ 141
17.3. Regime fiscal aplicável .................................................................................................. 143
18. Referências bibliográficas ................................................................................................ 146

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Introdução
Tendo como objetivo responder às necessidades prementes das empresas em matéria de
financiamento e, em particular, contribuir para uma maior eficácia na concretização deste tipo
de operações, a AIP-CCI concebeu o projeto, que denominou de Portal do Financiamento.

Dirigido a micro, pequenas e médias empresas, o Portal do Financiamento pretende integrar


num espaço único informação atual e de natureza muito diversificada sobre soluções de
financiamento para empresas.

A sustentabilidade e sucesso do desenvolvimento das empresas depende, efetivamente, de


opções acertadas no que respeita ao financiamento dos projetos e da atividade empresarial.

O estudo que agora se apresenta será integrado no Portal do Financiamento e dessa forma os
empresários passarão a dispor de um manual com o enquadramento contabilístico e fiscal de
cada uma das soluções de financiamento e, consequentemente, a usufruir, de uma forma
prática, de informação muito útil para apoiar as suas decisões de gestão.

A AIP-CCI selecionou o grupo Moneris para prestar consultoria especializada ao nível da


elaboração deste manual, visando sintetizar os principais conceitos, implicações contabilísticas
e inerências fiscais relacionados com as operações de financiamento, o qual poderá ser
utilizado pelas entidades que pretendam levar a efeito financiamento empresarial.

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Sumário executivo
O presente manual pretende disponibilizar informação básica de natureza contabilística e
fiscal, sobre um conjunto de soluções de financiamento que podem ser equacionadas num
processo de financiamento da atividade empresarial.

Ações

Obrigações

Capital de risco

Crowdfunding

Crédito bancário

Factoring

Confirming

Leasing mobiliário e imobiliário

Renting e aluguer operacional de viaturas

Papel comercial

Suprimentos

Incentivos ao investimento

Garantia bancária

Garantia mútua

Cobertura de risco cambial

Cobertura de risco de taxa de juro

Seguro de crédito

Esta manual não substitui o aconselhamento junto de profissionais e especialistas, como seja,
consultores, advogados e avaliadores, devido precisamente à multiplicidade de áreas que os
processos de financiamento envolvem, para além das partes interessadas.

Os autores do estudo não se responsabilizam por qualquer dano ou prejuízo emergente de


decisão tomada ou não, com base na informação aqui descrita.

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1. Ações

1.1. Introdução
As ações são títulos de valores mobiliários representativos do capital social de uma sociedade
anónima. Os detentores de ações de uma sociedade anónima designam-se acionistas o que
lhes confere, na sua qualidade de investidores, um conjunto de direitos sobre a sociedade.
Esses direitos variam em função do número e da categoria de ações por eles detidas.

Titulos de valores mobiliários


representativos do capital social Ações
de uma sociedade anónima

Direitos

Investidores Acionistas

As ações conferem aos investidores, entre outros, os seguintes direitos:

Direitos Estar presente nas reuniões da assembleia geral da sociedade, ou a


nomearem representantes para o efeito, e a votar as deliberações aí
propostas de acordo e conforme os estatutos da sociedade

Ser informado sobre o desenvolvimento da atividade da sociedade, em


determinadas condições e de acordo com os estatutos da sociedade

Participar nos lucros da sociedade e a receber dividendos na proporção


das ações detidas

Receber a respetiva quota de liquidação da sociedade no caso da sua


extinção, sempre que se verifique a existência de bens no seu
património, sendo que estes serão distribuídos após ressarcimento de
todas as obrigações existentes para com os credores da sociedade
naquele momento

O que são ações?


Nos estatutos das sociedades podem encontrar-se As ações são títulos representativos de uma
outros direitos e deveres dos investidores, bem fração do capital social de uma sociedade
como limitações ao exercício do respetivo direito anónima, que pode ser ou não cotada em
de voto, sendo esta matéria regulada em sede de mercado regulamentado.

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Código das Sociedades Comerciais (CSC) e Código dos Valores Mobiliários (CVM).

O justo valor da ação, ou da totalidade das ações representativas do capital social de uma
sociedade anónima, traduz, por norma, o valor da empresa em determinado momento.

No caso de empresas cotadas em bolsa, a cotação das ações em determinado momento tende
a refletir o valor efetivo da empresa, sendo que este pode variar de acordo com todas as
informações disponíveis e disponibilizadas ao mercado, assim como outros fatores externos à
entidade, como seja, a variação das taxas de juro ou a performance de outras entidades
(concorrentes, clientes, fornecedores, etc.).

n.º ações em Capitalização


Cotação
circulação bolsista

O valor nominal das ações corresponde ao valor inscrito no título em si ou no respetivo registo
de ações, com relevância meramente contabilística, sendo que o somatório do valor da
totalidade das ações corresponde ao capital social da sociedade anónima.

As ações podem ser cotadas e negociadas em mercado regulamentado, tal como o Euronext
Lisbon (Bolsa de Lisboa). Neste caso, é exigido um capital inicial mínimo de 5 milhões de euros
e com pelo menos 25% de capital disperso. Outras condições de acesso são a existência de
Relatório & Contas certificadas por Revisor Oficial de Contas (ROC) dos últimos 3 anos e a
adoção das normas internacionais de contabilidade (IFRS).

Euronext

Alternext

Easynext

O Euronext criou um mercado alternativo para responder às necessidades das PME's que
procuram acesso ao mercado de ações - o Alternext. Neste caso, o capital inicial mínimo de
acesso é de 2,5 milhões de euros e pelo menos 3 acionistas distintos. São condições de acesso
também a existência de Relatório & Contas certificadas por ROC dos últimos 2 anos e uma
parceria com um listing sponsor, normalmente um banco de investimento.

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Existe ainda um outro mercado - o Easynext - que admite a negociação de ações destinado às
empresas de menor dimensão, com critérios de admissão mais flexíveis, sendo apenas
necessário o Relatório & Contas certificados por ROC dos últimos 2 anos.

Alternext Easynext

Condições de acesso Condições de acesso

Capital mínimo inicial de Empresas menor


2,5 milhões de euros dimensão

R&C últimos 2 anos


Mínimo 3 acionistas
certificados por ROC

R&C últimos 2 anos


certificados por ROC

Parceria com "Listing


Sponsor"

1.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC), atual normativo contabilístico vigente em
Portugal, foi publicado através do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, revogando o
anterior Plano Oficial de Contabilidade (POC), as Diretrizes Contabilísticas e demais legislação
conexa em vigor até então.

O SNC é constituído por elementos fundamentais, entre eles destacam-se as Normas


Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF), que constituem uma adaptação das normas
internacionais de contabilidade (IAS) e das normas internacionais de relato financeiro (IFRS), e
garantem os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação das mesmas.

A NCRF que regula esta solução de financiamento é a NCRF 27 - Instrumentos financeiros, cujo
objetivo é prescrever o tratamento contabilístico dos instrumentos financeiros,
designadamente instrumentos de capital próprio.

As ações são consideradas pelos seus detentores um ativo financeiro no termos da alínea b),
do parágrafo 5, da NCRF 27, segundo o qual, um ativo financeiro é qualquer ativo que seja um
instrumento de capital próprio de uma outra entidade. Ora, por outro lado, o mesmo
parágrafo da norma refere que um instrumento de capital próprio é qualquer contrato que
evidencie um interesse residual nos ativos de uma entidade após dedução de todos os seus
passivos.

No que concerne ao reconhecimento dos instrumentos de capital próprio, a NCRF 27 prevê


que as entidades reconheçam os seus instrumentos de capital próprio (parágrafo 8). Sempre

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que uma entidade adquira os seus próprios instrumentos de capital próprio, esses devem ser
reconhecidos como dedução ao capital próprio (parágrafo 9).

Os instrumentos de capital próprio devem ser mensurados ao custo ou ao custo amortizado


menos perdas de imparidade (parágrafo 12) quando não sejam negociados publicamente e
cujo justo valor não possa ser obtido de forma fiável. Caso os instrumentos de capital próprio
sejam negociados publicamente, então estes devem ser mensurados ao justo valor (parágrafo
15), que corresponde à cotação em bolsa.

Pela primeira emissão de ações:

261 - Acionistas com 12 - Depósitos à


51 - Capital
subscrição Ordem

€ € € €

Aumento de capital por emissão de novas ações:

261 - Acionistas com 12 - Depósitos à


51 - Capital
subscrição Ordem

€ € € €

54 - Prémios de
emissão

Aquisição de ações próprias com desconto:

522 - Ações próprias - 521 - Ações próprias -


descontos e prémios valor nominal

€ €

12 - Depósitos à
Ordem

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Aquisição de ações próprias com prémio:

521 - Ações próprias -


valor nominal

12 - Depósitos à 522 - Ações próprias -


Ordem descontos e prémios

€ €

Exemplo:

Cinco amigos decidiram proceder à constituição de uma sociedade anónima, com vista ao
desenvolvimento de uma ideia criativa na área das tecnologias de informação.

Cada um tem para investir cerca de 100 mil euros, pelo que decidiram emitir 500 mil ações ao
portador com o valor nominal de 1€ cada. O capital social foi integralmente realizado à data da
constituição da sociedade.

Débito Crédito Valor Observações


261 - Acionistas com 500.000 mil ações com valor
51 - Capital 500.000 €
subscrição nominal de 1€ cada
261 - Acionistas com
12 - Depósitos à ordem 500.000 € Pela realização da emissão
subscrição

Ao fim de um ano, decidiram proceder ao aumento do capital social da empresa, pelo que
emitiram mais 100 mil ações com o valor nominal de 1€ cada, subscritas pelo montante
unitário de 1,25€, integralmente realizado 30 dias após a subscrição.

Débito Crédito Valor Observações


261 - Acionistas com Emissão de 100.000 ações
51 - Capital 100.000 €
subscrição com valor nominal de 1€
261 - Acionistas com 54 - Prémios de cada, subscritas por 1,25€
25.000 €
subscrição emissão cada
261 - Acionistas com
12 - Depósitos à ordem 125.000 € Pela realização do aumento
subscrição

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Quando um dos acionistas decidiu alienar uma parte da sua participação (50 mil ações), foi a
própria empresa que adquiriu essas ações pelo valor de 0,95€ cada.

Débito Crédito Valor Observações


521 - Ações próprias -
50.000 €
Valor nominal Aquisição de 50.000 ações
522 - Ações próprias -
2.500 € com o valor nominal de 1€
Descontos e prémios
cada por 0,95€ cada
12 - Depósitos à ordem 47.500 €

Mais tarde a própria empresa voltou a adquirir ações próprias (75 mil ações), mas desta vez
esteve disposta a pagar 1,15€ por cada uma das ações.

Débito Crédito Valor Observações


521 - Ações próprias -
75.000 €
Valor nominal
Aquisição de 75.000 ações
522 - Ações próprias -
11.250 € com o valor nominal de 1€
Descontos e prémios
cada por 1,15€ cada
12 - Depósitos à ordem 86.250 €

1.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Ações
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Isento
IS Sujeito
IMT Sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

Aumentos de capital

Os aumentos de capital realizados em qualquer modalidade (incluindo os prémios de emissão


de ações ou quotas, as coberturas de prejuízos, a qualquer título, feitas pelos titulares do
capital), bem como outras variações patrimoniais positivas que decorram de operações sobre
ações, quotas e outros instrumentos de capital próprio da entidade emitente, incluindo as que
resultem da atribuição de instrumentos financeiros derivados que devam ser reconhecidos
como instrumentos de capital próprio, embora configurem variações patrimoniais positivas,

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não concorrem para a formação do lucro tributável em IRC de acordo com alínea a) do n.º 1 do
artigo 21.º do CIRC.

Ações próprias

Na esfera da empresa adquirente no momento da aquisição das ações próprias não há lugar ao
apuramento de qualquer valor que influencie a composição do lucro tributável. Ora, na
sequência da aquisição de ações próprias, as mesmas passam a constar do balanço da empresa
adquirente e apenas no momento de uma posterior alienação poderá haver lugar ao
apuramento de ganho ou perda (aquisição vs alienação).
No entanto, dever-se-á ter em conta a existência de relações especiais entre os acionistas e a
sociedade no termos do artigo 63.º do Código de IRC, na fixação do preço de aquisição das
ações próprias. Assim, se o valor se afastar do preço que normalmente seriam praticados entre
entidades e pessoas independentes, a Administração Tributária (AT) pode recorrer aos
mecanismos previstos no regime dos preços de transferência.

Dividendos de ações nacionais pagos a empresas residentes

Os rendimentos que provenham de ações nacionais distribuídos ou colocados à disposição do


titular são considerados como rendimentos do exercício para efeitos de cálculo do lucro
tributável. Existem no entanto algumas exceções, sendo que a exclusão do lucro tributável dos
rendimentos provenientes de dividendos não é aplicável quando estes corresponderem a
gastos dedutíveis pela empresa que os distribui.
Assim, os dividendos de ações nacionais que sejam distribuídos a sujeitos passivos de IRC não
concorrem para a determinação do lucro tributável, desde que se verifique cumulativamente o
seguinte:
 A entidade que procede à distribuição dos dividendos tenha a sua sede ou a direcção
efetiva em território português e esteja sujeita e não isenta de imposto sobre o
rendimento das pessoas colectivas (IRC);
 O beneficiário do rendimento não seja abrangido pelo regime da transparência fiscal;
 A entidade beneficiária dos dividendos detenha, diretamente ou indiretamente, uma
participação no capital social ou dos direitos de voto da entidade que distribui os
dividendos não inferior a 5% e esta tenha permanecido na sua titularidade, de modo
ininterrupto, durante os 24 meses anteriores à distribuição deste rendimento ou, se
detida há menos tempo, a participação seja mantida durante o tempo necessário para
completar aquele período.

Dever-se-á ter em atenção que quando a participação social da empresa beneficiária dos
dividendos não tenha permanecido na sua titularidade, de modo ininterrupto, durante o ano
anterior à data da sua colocação à disposição, estes rendimentos estão sujeitos a retenção na
fonte, à taxa de 25% a qual revestirá a natureza de pagamento por conta do IRC.

Mais-valias

O saldo positivo apurado entre as mais-valias e menos-valias fiscais realizadas com a


transmissão onerosa de ações nacionais pelo titular concorre para a formação do lucro
tributável dos sujeitos passivos de IRC com sede ou direção efetiva em território português,
conforme é referido no Artigo 46.º do CIRC.

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Consideram-se mais-valias ou menos-valias realizadas os ganhos obtidos ou as perdas sofridas


mediante transmissão onerosa, qualquer que seja o título por que se opere e, bem assim, os
decorrentes de sinistros ou os resultantes da afectação permanente a fins alheios à atividade
exercida, respeitantes a instrumentos financeiros.

Importa ainda referir, que nos termos das alíneas a) e b) do n.º 9 do artigo 18.º, os
ajustamentos decorrentes da aplicação do justo valor não concorrem para a formação do lucro
tributável, sendo imputados como rendimentos ou gastos no período de tributação em que os
elementos ou direitos que lhes deram origem sejam alienados, exercidos, extintos ou
liquidados, exceto quando respeitem a instrumentos financeiros reconhecidos pelo justo valor
através de resultados, desde que, quando se trate de instrumentos de capital próprio, tenham
um preço formado num mercado regulamentado e o sujeito passivo não detenha, direta ou
indiretamente, uma participação no capital igual ou superior a 5% do respetivo capital social;
ou tal se encontre expressamente previsto no CIRC.

De acordo com o n.º 3 do Artigo 23ª-A do CIRC, também não são aceites como gastos do
período de tributação os suportados com a transmissão onerosa de instrumentos de capital
próprio, qualquer que seja o título por que se opere, de entidades com residência ou domicílio
em país, território ou região sujeitos a um regime fiscal claramente mais favorável constante
de lista aprovada por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças.

Contudo, não concorrem para a determinação do lucro tributável desses sujeitos passivos, as
mais e menos-valias realizadas com a transmissão onerosa de ações, independentemente da
percentagem da participação transmitida, das ações detidas ininterruptamente por um
período não inferior a 24 meses, e desde que, na data da transmissão, cumpram os seguintes
requisitos:
 O sujeito passivo detenha, direta ou indiretamente, uma participação não inferior a 5%
do capital social ou dos direitos de voto da entidade cujas partes de capital são
alienadas;
 O beneficiário da mais-valia não se encontre abrangido pelo regime da transparência
fiscal;
 A entidade cujas partes de capital são alienadas encontra-se sujeita a imposto (IRC) e
não isenta do mesmo.

Não concorrem para a formação do lucro tributável as menos-valias e outras perdas relativas a
instrumentos de capital próprio, na parte do valor que corresponda aos lucros ou reservas
distribuídos ou às mais-valias realizadas com a transmissão onerosa de partes sociais da
mesma entidade que tenham beneficiado, no próprio período de tributação ou nos quatro
períodos anteriores, da dedução prevista no artigo 51.º, do crédito por dupla tributação
económica internacional prevista no artigo 91.º-A ou da dedução prevista no artigo 51.º-C.

Por fim, quando se trate de titulares que sejam sujeitos passivos, os alienantes e adquirentes
de ações nacionais, são obrigados a entregar, por via electrónica a Declaração Modelo 4, nos
30 dias subsequentes à operação, à Direcção-Geral dos Impostos, quando a respetiva
alienação ou aquisição tenha sido realizada sem a intervenção de terceiros (Instituições de
crédito e outras sociedades financeiras, Notários, Conservadores e Oficiais de Justiça).

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Em sede de IRS

Dividendos de ações nacionais pagos a pessoas residentes

O titular de ações nacionais e que resida em território português está sujeito a retenção na
fonte definitiva, à taxa de 28%1 sobre montante dos dividendos que lhe sejam distribuídos ou
que sejam colocados à sua disposição. O titular dos dividendos pode optar pelo englobamento
deste tipo de rendimento na sua declaração de rendimentos, sendo que, nesse caso apenas
será considerado 50% do montante total dos dividendos, sendo tributado às taxas aplicáveis
aos escalões de rendimentos. Consoante o rendimento colectável resultante do
englobamento, este rendimento poderá ficar sujeito a uma sobretaxa extraordinária de IRS de
3,5%, bem como a uma taxa adicional de solidariedade no valor de 2,5%, na parte do
rendimento coletável que seja superior a € 80.000 mas não exceda € 250.000. O quantitativo
do rendimento coletável que exceda € 250.000 estará sujeito a uma taxa adicional de
solidariedade no valor de 5%.

Mais-valias

O saldo anual positivo entre as mais-valias e as menos-valias resultantes da alienação de ações


é tributado em IRS, à taxa especial de 28%, sem prejuízo de o titular residente optar pelo seu
englobamento. Consoante o rendimento colectável resultante do englobamento, este
rendimento poderá ficar sujeito a uma sobretaxa extraordinária de IRS de 3,5%, bem como a
uma taxa adicional de solidariedade no valor de 2,5%, na parte do rendimento coletável que
seja superior a € 80.000 mas não exceda € 250.000. O quantitativo do rendimento coletável
que exceda € 250.000 estará sujeito a uma taxa adicional de solidariedade no valor de 5%.

Caso o titular residente opte pelo englobamento, o saldo negativo (entre as mais-valias e as
menos-valias realizadas com a alienação de ações nacionais) apurado em determinado ano
pode ser reportado para os dois anos seguintes. No apuramento do saldo positivo ou negativo
entre as mais-valias e as menos-valias realizadas com a alienação de ações nacionais, o titular
residente não pode deduzir, aos ganhos que obtenha, as perdas apuradas com alienação de
ações em que a entidade se encontre domiciliada numa jurisdição sujeita a um regime fiscal
claramente mais favorável.

Sempre que obtenha rendimentos desta categoria, o titular encontra-se obrigado à


apresentação do Anexo G juntamente com a sua Declaração de Rendimentos.

Em sede do Imposto do Selo

O aumento do capital social de uma sociedade mediante a entrada de bens de qualquer


espécie é um ato sujeito a Imposto do Selo sobre o valor real dos bens de qualquer natureza
entregues ou a entregar pelos sócios à taxa de 0,4%, de acordo com a verba 26.3 da Tabela
Geral do Imposto do Selo.

1
Caso se trate de um sujeito passivo que resida na Região Autónoma dos Açores é aplicada uma taxa de 22,4%.

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A transmissão gratuita de ações está sujeita a Imposto do Selo à taxa de 10%, com exceção das
situações em que o beneficiário do rendimento seja o cônjuge ou unido de facto, descendente
ou ascendente do transmitente (figura da doação).

Em sede do Imposto de IMT

Nos aumentos de capital em espécie poderá existir sujeição a IMT – Imposto Municipal sobre
as Transmissões Onerosas de Imóveis, pois de acordo com a alínea e) do n.º 5 do artigo 2.º do
Código do IMT estão sujeitas àquele imposto “As entradas dos sócios com bens imóveis para a
realização do capital das sociedades comerciais.”.

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2. Obrigações

2.1. Introdução
As obrigações são títulos de valores mobiliários com uma duração temporal limitada e
representam uma parte de um empréstimo contraído por uma empresa junto dos seus
investidores (credores obrigacionistas). Os detentores de obrigações (obrigacionistas) são
credores da entidade emitente das mesmas.

Valores mobiliários Obrigação Duração temporal


limitada

Empresa Empréstimo Investidor

Emissão Reembolso
Juros (cupões)

Após o período temporal previamente estabelecido aquando da emissão das obrigações por
parte da entidade emitente, o investidor deverá ter direito a receber o valor inicialmente
investido e deverá igualmente receber periodicamente os juros dos cupões, no caso dos
mesmos terem sido previamente acordados e estabelecidos.

Conforme o tipo de obrigações, no momento da sua emissão deverá ser estabelecido:


 O valor nominal da obrigação (também conhecido por “par” ou “valor facial”), que
corresponderá ao valor a reembolsar no final do respetivo prazo de vencimento, caso
a emissão não preveja prémios ou descontos (emissão ou reembolso ao par, acima
do par ou abaixo do par);
 O prazo do empréstimo obrigacionista e o período de duração das obrigações;
 A periodicidade do pagamento de juros dos cupões, no caso de previamente
estabelecidos e a correspondente taxa de juro a aplicar no cálculo dos mesmos (fixa
ou variável).

O valor nominal das obrigações corresponde ao valor inscrito no respetivo título ou registo
próprio de emissão e o seu somatório traduz o montante total do financiamento contraído
pela entidade emissora e que será restituído ao investidor no final do prazo determinado para
o efeito.

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O subscritor de obrigações (investidor) deverá estar ciente que tal investimento incorpora o
risco de não receber o valor investido ou os respetivos juros dos cupões, no caso da entidade
financiada apresentar problemas de tesouraria e liquidez naqueles momentos.

Os empréstimos obrigacionistas podem ser emitidos por entidades de diversos tipos e


naturezas, como sejam as sociedades anónimas, as sociedades por quotas, o Estado, as
autarquias locais, as cooperativas ou outras. As obrigações emitidas no âmbito de uma
operação de financiamento obrigacionista podem assumir diversas naturezas:

Natureza Com juro suplementar ou prémio de reembolso, fixo ou em função dos lucros
apresentados pela entidade emitente
Com juro e plano de reembolso, variável de acordo e conforme os lucros
apresentados pela entidade emitente

Convertíveis em ações, ou seja, os investidores passarem a ser detentores de


capital das entidades emitentes

Assumirem o direito de subscrição de uma ou mais ações (obrigações com


warrants)

Com prémio de emissão definido

A emissão de obrigações obriga a entidade emitente a cumprir com os seguintes deveres, de


entre outros:
 Pagamento de um juro do cupão com periodicidade previamente fixada ou, em
alternativa, no momento de vencimento das obrigações;
 Pagamento do valor nominal das obrigações no fim do prazo do financiamento
ou à sua conversão em capital social, se previsto;
Obrigações

 Dar conhecimento aos subscritores das obrigações das decisões dos detentores
do capital das entidades emitentes das obrigações emanadas em assembleia
geral, sendo que os referidos subscritores têm direito a participar nas
assembleias gerais ou a nomear representante para o efeito;
 Prestar informação aos subscritores das obrigações no que diz respeito ao
desenvolvimento dos negócios e atividade da sociedade.

2.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC) foi publicado através do Decreto-Lei n.º
158/2009, de 13 de julho, sendo o seu núcleo central as Normas Contabilísticas e de Relato
Financeiro (NCRF), que constituem uma adatação das normas internacionais de contabilidade
(IAS) e das normas internacionais de relato financeiros (IFRS), as quais garantem os critérios de
reconhecimento, mensuração e divulgação das mesmas. A NCRF que regula os empréstimos
obrigacionistas é a NCRF 27 - Instrumentos financeiros, cujo objetivo é prescrever o
tratamento contabilístico dos instrumentos financeiros, designadamente dos passivos
financeiros.

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As obrigações são consideradas, na esfera da entidade emitente, um passivo financeiro no


termos do ponto i), da alínea a), do parágrafo 5, da NCRF 27, segundo o qual, um passivo
financeiro é qualquer passivo que seja uma obrigação contratual de entregar dinheiro ou outro
ativo financeiro a uma outra entidade. Os passivos financeiros apenas são reconhecidos
quando a entidade se torne uma parte das disposições contratuais do instrumento (parágrafo
6).

Os passivos financeiros devem ser mensurados ao custo ou ao custo amortizado menos perdas
de imparidade (parágrafo 12 e 14) quando não sejam negociados publicamente e cujo justo
valor não possa se obtido de forma fiável. Caso os instrumentos de capital próprio sejam
negociados publicamente, então estes devem ser mensurados ao justo valor (parágrafo 15 e
16).

Pela emissão do empréstimo obrigacionista:

2521 - Empréstimos 12 - Depósitos à


por obrigações ordem

€ €

Juro do 1.º cupão:

6911 - Juros de
12 - Depósitos à 2521 - Empréstimos financiamentos
Ordem por obrigações obtidos

€ € € €

Juro do último cupão e reembolso do empréstimo obrigacionista:

6911 - Juros de
12 - Depósitos à 2521 - Empréstimos financiamentos
Ordem por obrigações obtidos

€ € € €

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Exemplo:

A sociedade Liabilities emitiu 8 mil obrigações cujo valor nominal ascende a 100€ cada, tendo
sido as mesmas subscritas por investidores pelo preço de subscrição ao par.

As obrigações de taxa fixa têm as seguintes caraterísticas:


i) Cupão anual fixo de 6,25%
ii) Maturidade 4 anos
iii) Reembolso acima do par 143,75%

Débito Crédito Valor Observações


2521 - Empréstimos Emissão do empréstimo
12 - Depósitos à ordem 800.000 €
por obrigações obrigacionista
6911 - Juros de
financiamentos 120.082 €
obtidos
2521 - Empréstimos Juros do 1.º cupão
70.082 €
por obrigações

12 - Depósitos à ordem 50.000 €

6911 - Juros de
financiamentos 156.615 €
obtidos
Juros do último cupão e
2521 - Empréstimos
106.615 € reembolso
por obrigações

12 - Depósitos à ordem 50.000 €

2521 - Empréstimos
12 - Depósitos à ordem 1.150.000 € Reembolso acima do par
por obrigações

A taxa de juro efetiva do empréstimo obrigacionista, também designada por Yield To Maturity
(YTM), pode ser calculada através da função TIR, tal como segue:

Cálculo TIR
Recebimento inicial 800.000 €
Cupão 1 -50.000 €
Cupão 2 -50.000 €
Cupão 3 -50.000 €
Cupão 4 + Reembolso -1.200.000 €
TIR 15,010%

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A partir deste cálculo, apresenta-se o seguinte quadro resumo, que serve de base aos
movimentos indicados:

Obrigações Juros a Obrigações


Periodo Cash Outflows
inicial reconhecer final
0 800.000,00 € 800.000,00 €
1 800.000,00 € 120.082,37 € 50.000,00 € 870.082,37 €
2 870.082,37 € 130.601,94 € 50.000,00 € 950.684,31 €
3 950.684,31 € 142.700,53 € 50.000,00 € 1.043.384,84 €
4 1.043.384,84 € 156.615,16 € 1.200.000,00 € 0,00 €

2.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Obrigações
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Isento
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

Os empréstimos por obrigações obtidos pelas empresas configuram um passivo financeiro,


sendo que estes vencem juros (cupão) suportados pela empresa beneficiária do empréstimo
obrigacionista. Ora, para a determinação do lucro tributável, são dedutíveis todos os gastos e
perdas incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir os rendimentos
sujeitos a IRC, considerando-se na alínea c) do n.º 2 do Artigo 23.º do CIRC que os gastos e
perdas de natureza financeira, tais como juros de capitais alheios aplicados na exploração,
descontos, ágios, transferências, diferenças de câmbio, gastos com operações de crédito,
cobrança de dívidas e emissão de obrigações e outros títulos, prémios de reembolso e os
resultantes da aplicação do método do juro efetivo aos instrumentos financeiros valorizados
pelo custo amortizado.

Em matéria de aplicação do método do juro efetivo, trata-se de calcular o custo amortizado do


passivo financeiro (obrigações) e de imputar o gasto dos juros durante o período relevante. A
taxa de juro efetiva é a taxa que desconta exatamente os pagamentos de caixa futuros
estimados durante a vida esperada do instrumento financeiro ou, quando apropriado, um
período mais curto na quantia escriturada líquida do passivo financeiro.

Por outro lado, importa perceber que o custo amortizado de um passivo financeiro é a quantia
pela qual o passivo financeiro é mensurado no reconhecimento inicial, menos os reembolsos

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de capital, mais ou menos a amortização cumulativa, usando o método do juro efetivo, de
qualquer diferença entre essa quantia inicial e a quantia na maturidade, e menos qualquer
redução (diretamente ou por meio do uso de uma conta de abatimento) quanto à imparidade
ou incobrabilidade.

No caso da obtenção de rendimentos (juros) por parte das empresas provenientes da compra
de obrigações o IRC é objeto de retenção na fonte relativamente aos rendimentos de aplicação
de capitais, tal como são definidos para efeitos de IRS, quando o seu devedor seja sujeito
passivo de IRC ou quando os mesmos constituam encargo relativo à atividade empresarial ou
profissional de sujeitos passivos de IRS que possuam ou devam possuir contabilidade, obtidos
em território português, nos termos do Artigo 94.º do CIRC.
As retenções na fonte têm a natureza de imposto por conta, exceto nos seguintes casos em
que têm carácter definitivo:
 Quando, nos termos dos artigos 9.º e 10.º, ou nas situações previstas no Estatuto dos
Benefícios Fiscais, se excluam da isenção de IRC todos ou parte dos rendimentos de
capitais;
 Quando se trate de rendimentos de capitais que sejam pagos ou colocados à
disposição em contas abertas em nome de um ou mais titulares mas por conta de
terceiros não identificados, exceto quando seja identificado o beneficiário efetivo,
termos em que se aplicam as regras gerais.

Referir também que as retenções na fonte de IRC são efetuadas à taxa de 25 %. Excetuam-se
as retenções que, nos termos do n.º 3 do Artigo 94.º do CIRC, tenham carácter definitivo, em
que são aplicáveis as correspondentes taxas previstas no artigo 87.º.

A obrigação de efetuar a retenção na fonte de IRC ocorre na data que estiver estabelecida para
obrigação idêntica no Código do IRS ou, na sua falta, na data da colocação à disposição dos
rendimentos, devendo as importâncias retidas ser entregues ao Estado até ao dia 20 do mês
seguinte àquele em que foram deduzidas e essa entrega ser feita nos termos estabelecidos no
Código do IRS ou em legislação complementar.

Em sede de IRS

Juros

De acordo com o artigo 5.º do CIRS, consideram-se rendimentos de capitais os frutos e demais
vantagens económicas, qualquer que seja a sua natureza ou denominação, sejam pecuniários
ou em espécie, procedentes, direta ou indiretamente, de elementos patrimoniais, bens,
direitos ou situações jurídicas, de natureza mobiliária, bem como da respetiva modificação,
transmissão ou cessação, com exceção dos ganhos e outros rendimentos tributados noutras
categorias. Esses frutos e vantagens económicas compreendem, designadamente os juros, os
prémios de amortização ou de reembolso e as outras formas de remuneração de obrigações,
obrigações de caixa ou outros títulos análogos, emitidos por entidades públicas ou privadas.

Os juros de obrigações nacionais estão sujeitos a retenção na fonte definitiva, à taxa de 28%
(ou 22,4%, caso se trate de sujeito passivo residente na Região Autónoma dos Açores), não
havendo lugar ao englobamento obrigatório destes juros na sua Declaração de Rendimentos.

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No entanto, o titular pode optar pelo englobamento dos juros obtidos das obrigações com os
demais rendimentos. Optando pelo englobamento, o titular deve solicitar ao Banco um
documento comprovativo dos juros vencidos e do imposto retido na fonte, devendo o mesmo
ser junto à Declaração de Rendimentos do agregado familiar ou, no caso de envio da
declaração por transmissão eletrónica de dados, deve guardar a declaração comprovativa do
rendimento e da retenção, para exibição à AT no caso de ser solicitado.

Os valores inscritos na declaração devem ser considerados no Anexo E da Declaração Modelo 3


do IRS.

Mais-valias

O saldo anual positivo entre as mais-valias e as menos valias realizadas por um titular
residente em território português com a transmissão onerosa de obrigações nacionais são
tributadas, em sede de IRS, à taxa especial de 28%. O sujeito passivo poderá optar pelo
englobamento.

Consoante o rendimento coletável resultante do englobamento, este rendimento poderá ficar


sujeito a uma sobretaxa extraordinária de IRS de 3,5%, bem como a uma taxa adicional de
solidariedade no valor de 2,5%, na parte do rendimento coletável que seja superior a € 80.000
mas não exceda € 250.000. O quantitativo do rendimento coletável que exceda € 250.000
estará sujeito a uma taxa adicional de solidariedade no valor de 5%.

Em sede de IVA

Nos termos da alínea e) e f) do n.º 27 do artigo 9.º do Código do IVA, estão isentas do imposto
as operações e serviços, incluindo a negociação, mas com exclusão da simples guarda e
administração ou gestão, relativos a ações, outras participações em sociedades ou
associações, obrigações e demais títulos, bem como os serviços e operações relativos à
colocação, tomada e compra firmes de emissões de títulos públicos ou privados.

Em sede de IS

O artigo 2.º do Código do Imposto do Selo (CIS) prevê que são sujeitos passivos do imposto as
entidades concedentes do crédito ou credoras de juros, prémios, comissões e outras
contraprestações, bem como Instituições de crédito, sociedades financeiras ou outras
entidades a elas legalmente equiparadas relativamente às operações de crédito, no momento
em que forem realizadas e nas operações realizadas por ou com intermediação de instituições
de crédito, sociedades financeiras ou outras entidades a elas legalmente equiparadas, no
momento da cobrança dos juros, prémios, comissões e outras contraprestações,
considerando-se efetivamente cobrados, sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 51.º, os
juros e comissões debitados em contas correntes à ordem de quem a eles tiver direito (artigo
5.º do CIS).

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Conforme previsto no artigo 3.º do CIS, o encargo do imposto, incumbe na concessão do
crédito, ao utilizador do referido crédito e nas restantes operações financeiras realizadas por
ou com intermediação de instituições de crédito, sociedades ou outras instituições financeiras,
ao cliente destas.

De acordo com o previsto no artigo 22.º do CIS, as taxas do imposto são as constantes da
Tabela Geral do Imposto do Selo (TGIS), aplicando-se aos empréstimos obrigacionistas a verba
17 – Operações financeiras.

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3. Capital de Risco (CR)

3.1. Introdução
O Capital de Risco (CR) assume-se como uma solução de financiamento empresarial, tendo o
objetivo de financiar empresas por forma a apoiar o seu nascimento, desenvolvimento,
crescimento e consolidação, com impactos significativos na gestão das mesmas.

Consolidação

Financiamento

Empresas
Capital de Risco

Criação

Crescimento

É o capital de risco (CR) é uma das possíveis soluções de financiamento para jovens empresas,
start-up’s e investimentos de risco, mas com elevado potencial de valorização, crescimento,
sucesso e rentabilização, assumindo o sucesso do projeto ou entidade financiada como o seu
próprio sucesso, ou melhor, como o sucesso do seu investimento.

O Capital de risco é uma forma de investimento de risco com elevado potencial


de rentabilização em que a entidade financiadora assume uma participação no
capital da empresa financiada, ainda que minoritária. As entidades financiadoras
em capital de risco podem ser Business Angels (BA), Sociedades de Capital de
Risco (SCR), Fundos de Capital de Risco (FCR) e Fundos de Reestruturação e
Internacionalização Empresarial (FRIE).

Comparativamente às demais soluções de financiamento conhecidas, o CR é, com exceção do


crowdfunding, a única em que o capital investido não é remunerado por via de juro e
amortização de capital, mas sim através das mais-valias a gerar no futuro e diretamente
relacionadas com o sucesso que os projetos venham a atingir, resultantes da alienação das
participações societárias adquiridas aquando da concretização do investimento.

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Capital Sucesso do Alienação


Capital Risco Remuneração
investido projeto Mais-valias

Capital
Empréstimo Remuneração Capital Juros
investido

Em suma, o CR traduz-se num investimento no capital social ou em outros ativos patrimoniais


de empresas em setores de mercado potencialmente competitivos e movidos pela inovação de
produtos ou serviços, de processos produtivos ou de distribuição com elevado potencial de
crescimento e com altas rentabilidades esperadas.

O capital de risco é um investimento normalmente associado a índices de risco elevado,


efetuado por investidores individuais ou institucionais e por um período temporal limitado.

Investidores
individuais

Período
Investidores
tempo
limitado Capital institucionais
de
risco

Risco elevado Investimento

Fundos de Capital de Risco (FCR)


Fundos de
Sociedades de Capital de Fundos de Capital de Reestruturação e
Business Angels (BA)
Risco (SCR) Risco (FCR) Internacionalização
Empresarial (FRIE)

3.1.1. Business Angels (BA)


Entende-se por business angel (BA), um investidor particular que investe o seu próprio capital,
de forma direta ou através de sociedades onde é detentor do respetivo capital social,
normalmente em empresas start-up’s, ou sob a forma de seed capital, isto é, investimento de
capital na promoção de novos projetos com elevado potencial humano ou técnico e de onde
se espera uma rentabilidade elevada no futuro.

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Investidor particular
Investimento
Investimento

Business Angel
Star-up´s
Seed capital

Sendo financeiramente independente, o BA, assumindo uma orientação lógica de


rentabilização futura do financiamento que está a conceder, não
está dependente do sucesso ou insucesso do projeto que apoia,
visto que este não originará alterações significativas no seu
património em qualquer dos casos.
Projeto

Os projetos financiados pelo BA terão sempre o seu suporte


estratégico, na perspetiva de proporcionar aos promotores o
Suporte
alcance do sucesso inicialmente esperado. O objetivo do BA será,
portanto, o da valorização das start-up’s, adquirindo uma
participação no capital social durante um determinado período, Crescimento
garantindo suporte financeiro, técnico, humano ou outro à
implementação, crescimento e consolidação do projeto.
Valorização
A alienação da participação adquirida pelo BA é realizada dando
ênfase à manifestação de vontade e interesse dos promotores do
projeto. Assim, o objetivo último do BA será o da alienação da sua Alienação
participação obtendo uma natural mais-valia. O BA assume
solidariamente o risco do projeto com os respetivos promotores.

3.1.2. Sociedades de Capital de Risco (SCR)


O objetivo das Sociedades de Capital de Risco (SCR) é apoiar e promover o investimento e a
inovação ao nível tecnológico, comercial e humano em entidades de qualquer natureza
jurídica em negócios com elevado potencial de crescimento, por via da participação
temporária no seu capital social.

As SCR podem, acessoriamente, prestar serviços a empresas suas participadas ou a empresas


com as quais esteja a ser desenvolvido um projeto de participação e entrada no seu capital
social. Tais serviços podem, entre outros, ser:
 Assistência na gestão financeira, técnica, administrativa e comercial das sociedades
participadas;
 Realização de estudos de viabilidade técnica e económica de empresas ou de novos
projetos de investimento (estudos de mercado, avaliações, due diligences, etc.),
assim como das condições e modalidades do financiamento a conceder.

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Inovação

Participações
Promover
societárias
investimento
temporárias

Objetivo
SCR

Sendo as empresas alvo das SCR, normalmente, entidades com necessidades de financiamento
elevadas, o financiamento prestado materializa-se na aquisição de uma percentagem do seu
capital social, quer este esteja dividido em ações ou em quotas. Assim, a empresa alvo obtém
um financiamento adequado e ajustado às suas reais necessidades, sendo que a remuneração
do investidor (SCR), será a mais-valia resultante da alienação futura da participação, seja a
outros sócios, seja a novas entidades.

As participações de capital de risco são minoritárias, pelo que a SCR acompanha a atividade e
desenvolvimento da empresa alvo, podendo ou não interfer na sua gestão (embora possa
aconselhar), e são temporárias, cessando com a alienação da participação, que normalmente
ocorre entre 5 a 7 anos da aquisição da mesma.

3.1.3. Fundos de Capital de Risco (FCR)


Os Fundos de Capital de Risco (FCR) são fundos de investimento mobiliário, cujo património é
composto por ações, obrigações e quotas de capital, não cotadas em mercados bolsistas.

Fundos fechados Ações

Não cotadas em
Fundos de Quotas de
mercados
Capital de Risco capital
bolsistas

Obrigações

Património

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Trata-se de fundos fechados e o montante do capital a investir tem que ficar estipulado nos
respetivos documentos constitutivos. Apenas as SCR podem gerir e administrar os FCR, sendo
que, quando aplicável, esta gestão poderá competir igualmente a outras entidades, como
sejam entidades bancárias ou sociedades de investimento, agindo na qualidade de entidades
gestoras dos mesmos.

3.1.4. Fundos de Reestruturação e Internacionalização


Empresarial (FRIE)
Os Fundos de Reestruturação e Internacionalização Empresarial (FRIE) são fundos de
investimento mobiliário abertos, tendo como alvo empresas que tenham por objetivo
proceder ao desenvolvimento de processos de reestruturação ou de internacionalização das
suas organizações, atividades ou negócios.

desenvolvimento processos
FRIE Fundos mobiliários abertos reestruturação ou
internacionalização

Assim, o património dos FRIE deverá ser investido na aquisição de participações de capital de
sociedades que estejam inseridas em setores cuja atividade tenha sido declarada em
reestruturação (pela tutela governativa competente e assim deliberado em Conselho de
Ministros), contribuindo para a competitividade da economia nacional, assim como sociedades
que se envolvam na concretização de investimentos diretos fora do território nacional.

3.2. Normativo contabilístico aplicável


O atual normativo contabilístico vigente em Portugal, o Sistema de Normalização Contabilística
(SNC), foi publicado através do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, revogando o anterior
normativo constituído pelo Plano Oficial de Contabilidade (POC), Diretrizes Contabilísticas e
demais legislação conexa em vigor até então.
O SNC é constituído por elementos fundamentais, destacando-se entre eles as Normas
Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF), que são uma adaptação das normas
internacionais de contabilidade (IAS) e as normas internacionais de relato financeiros (IFRS),
garantindo os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação das mesmas. A NCRF 27 -
Instrumentos financeiros regula o tratamento contabilístico dos instrumentos financeiros,
designadamente instrumentos de capital próprio.

As partes de capital (ações ou quotas) são consideradas um ativo financeiro no termos da


alínea b), do parágrafo 5, da NCRF 27, segundo o qual, um ativo financeiro é qualquer ativo
que seja um instrumento de capital próprio de uma outra entidade. Ora, por outro lado, o
mesmo parágrafo da norma refere que um instrumento de capital próprio é qualquer contrato

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que evidencie um interesse residual nos ativos de uma entidade após dedução de todos os
seus passivos.
No que concerne ao reconhecimento dos instrumentos de capital próprio, a NCRF 27 prevê
que as entidades reconheçam instrumentos de capital próprio no capital próprio (parágrafo 8).

Os instrumentos de capital próprio devem ser mensurados ao custo ou ao custo amortizado


menos perdas de imparidade (parágrafo 12), quando não sejam negociados publicamente e
cujo justo valor não possa se obtido de forma fiável. Caso os instrumentos de capital próprio
sejam negociados publicamente, então estes devem ser mensurados ao justo valor (parágrafo
15).

No que diz respeito à subscrição de obrigações no âmbito de operações enquadradas como


CR, as mesmas são consideradas um passivo financeiro no termos do ponto i), da alínea a), do
parágrafo 5, da NCRF 27, segundo o qual, um passivo financeiro é qualquer passivo que seja
uma obrigação contratual de entregar dinheiro ou outro ativo financeiro a uma outra
entidade. Os passivos financeiros apenas são reconhecidos quando a entidade se torne uma
parte das disposições contratuais do instrumento (parágrafo 6).

Os passivos financeiros devem ser mensurados ao custo ou ao custo amortizado menos perdas
de imparidade (parágrafo 12 e 14) quando não sejam negociados publicamente e cujo justo
valor não possa se obtido de forma fiável. Caso os instrumentos de capital próprio sejam
negociados publicamente, então estes devem ser mensurados ao justo valor (parágrafo 15 e
16).

De referir também que a atividade de capital de risco encontra-se regulamentada por lei e está
sujeita à supervisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), nomeadamente
através do Decreto-Lei n.º 375/2007, de 8 de novembro.

Pela subscrição de ações – entrada no capital:

261 -
Acionistas/sócios
51 - Capital
com subscrição

€ €

Pela realização do capital subscrito:

261 -
Acionistas/sócios 12 - Depósitos à
com subscrição Ordem

€ €

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Exemplo:

A SRC Venture Capital decidiu apoiar o investimento em investigação e desenvolvimento de


uma empresa start-up através da aquisição de 20% do seu capital social no montante de 120
mil euros (6 quotas no valor de 20.000€ cada), pelo qual pagou 180 mil euros.

Débito Crédito Valor Observações

261 - Acionistas/Sócios
51 - Capital 120.000 € Valor nominal
com subscrição

261 - Acionistas/Sócios 54 - Prémios de


60.000 € Prémio de emissão
com subscrição emissão

261 - Acionistas/Sócios
12 - Depósitos à ordem 180.000 €
com subscrição

No final do 6.º ano de investimento, a SCR Venture Capital decidiu alienar a sua participação
social nesta empresa. Perante os resultados obtidos pelo projeto desenvolvido, o justo valor
das quotas, nesse momento, ascendia a 44 mil euros cada. As quotas foram adquiridas pela
própria empresa.

Débito Crédito Valor Observações

521 - Ações próprias -


120.000 €
Valor nominal

522 - Ações próprias -


144.000 €
Descontos e prémios

12 - Depósitos à ordem 264.000 €

3.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Capital de risco
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Isento
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

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Em sede de IRC

Aumentos de capital

Os aumentos de capital realizados em qualquer modalidade (incluindo os prémios de emissão


de ações ou quotas, as coberturas de prejuízos, a qualquer título, feitas pelos titulares do
capital), bem como outras variações patrimoniais positivas que decorram de operações sobre
ações, quotas e outros instrumentos de capital próprio da entidade emitente, incluindo as que
resultem da atribuição de instrumentos financeiros derivados que devam ser reconhecidos
como instrumentos de capital próprio, embora configurem variações patrimoniais positivas,
não concorrem para a formação do lucro tributável em IRC de acordo com alínea a) do n.º 1 do
artigo 21.º do CIRC.

Ações próprias

Na esfera da empresa adquirente no momento da aquisição das ações próprias não há lugar ao
apuramento de qualquer valor que influencie a composição do lucro tributável. Ora, na
sequência da aquisição de ações próprias, as mesmas passam a constar do balanço da empresa
adquirente e apenas no momento de uma posterior alienação poderá haver lugar ao
apuramento de ganho ou perda (aquisição vs alienação).

No entanto, dever-se-á ter em conta a existência de relações especiais entre os acionistas e a


sociedade no termos do artigo 63.º do Código de IRC, na fixação do preço de aquisição das
ações próprias. Assim, se o valor se afastar do preço que normalmente seriam praticados entre
entidades e pessoas independentes, a Administração Tributária pode recorrer aos mecanismos
previstos no regime dos preços de transferência.

Dividendos de ações nacionais pagos a SCR

Os rendimentos que provenham de ações nacionais distribuídos ou colocados à disposição do


titular são considerados como rendimentos do exercício para efeitos de cálculo do lucro
tributável. Existem no entanto algumas exceções, sendo que a exclusão do lucro tributável dos
rendimentos provenientes de dividendos não é aplicável quando estes corresponderem a
gastos dedutíveis pela empresa que os distribui.
Assim, os dividendos de ações nacionais que sejam distribuídos a sujeitos passivos de IRC não
concorrem para a determinação do lucro tributável, desde que se verifique cumulativamente o
seguinte:
 A entidade que procede à distribuição dos dividendos tenha a sua sede ou a direção
efetiva em território português e esteja sujeita e não isenta de imposto sobre o
rendimento das pessoas coletivas (IRC);
 O beneficiário do rendimento não seja abrangido pelo regime da transparência fiscal;
 A entidade beneficiária dos dividendos detenha, diretamente ou indiretamente, uma
participação no capital social ou dos direitos de voto da entidade que distribui os
dividendos não inferior a 5% e esta tenha permanecido na sua titularidade, de modo
ininterrupto, durante os 24 meses anteriores à distribuição deste rendimento ou, se

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detida há menos tempo, a participação seja mantida durante o tempo necessário para
completar aquele período.

Dever-se-á ter em atenção que quando a participação social da empresa beneficiária dos
dividendos não tenha permanecido na sua titularidade, de modo ininterrupto, durante o ano
anterior à data da sua colocação à disposição, estes rendimentos estão sujeitos a retenção na
fonte, à taxa de 25% a qual revestirá a natureza de pagamento por conta do IRC.

Mais-valias

O saldo positivo apurado entre as mais-valias e menos-valias fiscais realizadas com a


transmissão onerosa de ações nacionais pelo titular concorre para a formação do lucro
tributável dos sujeitos passivos de IRC com sede ou direção efetiva em território português,
conforme é referido no Artigo 46.º do CIRC.

Consideram-se mais-valias ou menos-valias realizadas os ganhos obtidos ou as perdas sofridas


mediante transmissão onerosa, qualquer que seja o título por que se opere e, bem assim, os
decorrentes de sinistros ou os resultantes da afectação permanente a fins alheios à atividade
exercida, respeitantes a instrumentos financeiros.

Importa ainda referir, que nos termos das alíneas a) e b) do n.º 9 do artigo 18.º, os
ajustamentos decorrentes da aplicação do justo valor não concorrem para a formação do lucro
tributável, sendo imputados como rendimentos ou gastos no período de tributação em que os
elementos ou direitos que lhes deram origem sejam alienados, exercidos, extintos ou
liquidados, exceto quando respeitem a instrumentos financeiros reconhecidos pelo justo valor
através de resultados, desde que, quando se trate de instrumentos de capital próprio, tenham
um preço formado num mercado regulamentado e o sujeito passivo não detenha, direta ou
indiretamente, uma participação no capital igual ou superior a 5% do respetivo capital social;
ou tal se encontre expressamente previsto no CIRC.

De acordo com o n.º 3 do Artigo 23ª-A do CIRC, também não são aceites como gastos do
período de tributação os suportados com a transmissão onerosa de instrumentos de capital
próprio, qualquer que seja o título por que se opere, de entidades com residência ou domicílio
em país, território ou região sujeitos a um regime fiscal claramente mais favorável constante
de lista aprovada por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças.

Contudo, não concorrem para a determinação do lucro tributável desses sujeitos passivos, as
mais e menos-valias realizadas com a transmissão onerosa de ações, independentemente da
percentagem da participação transmitida, das ações detidas ininterruptamente por um
período não inferior a 24 meses, e desde que, na data da transmissão, cumpram os seguintes
requisitos:
 O sujeito passivo detenha, direta ou indiretamente, uma participação não inferior a 5%
do capital social ou dos direitos de voto da entidade cujas partes de capital são
alienadas;
 O beneficiário da mais-valia não se encontre abrangido pelo regime da transparência
fiscal;
 A entidade cujas partes de capital são alienadas encontra-se sujeita a imposto (IRC) e
não isenta do mesmo.

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Não concorrem para a formação do lucro tributável as menos-valias e outras perdas relativas a
instrumentos de capital próprio, na parte do valor que corresponda aos lucros ou reservas
distribuídos ou às mais-valias realizadas com a transmissão onerosa de partes sociais da
mesma entidade que tenham beneficiado, no próprio período de tributação ou nos quatro
períodos anteriores, da dedução prevista no artigo 51.º, do crédito por dupla tributação
económica internacional prevista no artigo 91.º-A ou da dedução prevista no artigo 51.º-C.

De acordo com o Artigo 32.º-A do EBF, as SCR podem deduzir ao montante apurado nos
termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 90.º do Código do IRC (quando a liquidação deva ser
feita pelo sujeito passivo nas declarações a que se referem os artigos 120.º e 122.º do CIRC,
tem por base a matéria colectável que delas conste), e até à sua concorrência, uma
importância correspondente ao limite da soma das coletas de IRC dos cinco exercícios
anteriores àquele a que respeita o benefício, desde que seja utilizada na realização de
investimentos em sociedades com potencial de crescimento e valorização. Esta dedução é feita
nos termos da alínea c) do n.º 2 do artigo 90.º do Código do IRC, na liquidação do IRC
respeitante ao exercício em que foram realizados os investimentos ou, quando o não possa ser
integralmente, a importância ainda não deduzida poderá sê-lo, nas mesmas condições, na
liquidação dos cinco exercícios seguintes.

Por outro lado, e nos termos do n.º 5 do Artigo 32.º-A do EBF, os sócios das sociedades por
quotas unipessoais ICR, bem como os investidores informais das sociedades veículo de
investimento em empresas com potencial de crescimento, certificadas no âmbito do Programa
COMPETE, e os investidores informais em capital de risco a título individual certificados pelo
IAPMEI, no âmbito do Programa FINICIA, podem deduzir à sua coleta em IRS do próprio ano,
até ao limite de 15 % desta, um montante correspondente a 20 % do valor investido por si ou
pela sociedade por quotas unipessoais ICR de que sejam sócios. Esta dedução à coleta não se
aplica aos seguintes casos:
 Investimentos em sociedades cotadas em bolsa de valores e em sociedades cujo
capital seja controlado maioritariamente por outras sociedades, excetuados os
investimentos efectuados em SCR e em fundos de capital de risco;
 Investimentos em sociedades sujeitas a regulação pelo Banco de Portugal (BdP) ou
pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

Por último, referir que o Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF) entende por valor investido a
entrada de capitais em dinheiro destinados à subscrição ou aquisição de quotas ou ações ou à
realização de prestações acessórias ou suplementares de capital em sociedades que usem
efetivamente essas entradas de capital na realização de investimentos com potencial de
crescimento e valorização.

Em sede de IVA

Importa distinguir dois tipos de operações entre as SCR e a empresa participada. Assim, temos
operações não sujeitas/isentas de IVA, como é o caso dos juros debitados pela SCR às suas
participadas pelos empréstimos concedidos e pelos dividendos recebidos. Por outro lado
temos operações sujeitas a IVA e sobre as quais as SCR devem liquidar imposto, podendo o
mesmo ser posteriormente deduzido pela empresa participada, tais como sejam os serviços de

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consultoria prestados e a remuneração auferida pelo exercício de cargos sociais, que
constituem prestações de serviços sujeitas a tributação, conforme previsto no artigo 4º do
CIVA.

Em sede de IS

Nos termos do disposto na alínea e) do n.º 1 do artigo 7º do Código do IS, as operações


financeiras e os juros, comissões, garantias prestadas e crédito concedido por instituições de
crédito, sociedades financeiras e instituições financeiras a SCR encontram-se isentos de IS.

No que respeita a empréstimos concedidos pelas SCR às suas participadas, e de acordo com o
disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 7º do Código do IS, tanto o crédito concedido como os
respetivos juros beneficiam de isenção em sede deste imposto, desde que se destinem à
cobertura de carências de tesouraria, cujo prazo não seja superior a um ano.

Contudo, se o prazo do empréstimo exceder um ano, será possível eliminar a tributação


prevista na verba 17.1 da Tabela Geral do IS, desde que a participação detida no capital social
da participada seja igual ou superior a 10% ou cujo valor de aquisição não seja inferior a
5.000.000 €, de acordo com o último balanço aprovado e, bem assim, efetuadas em benefício
de sociedade com a qual se encontre em relação de domínio ou de grupo e tenha
permanecido na sua titularidade durante um ano consecutivo, beneficiando assim da isenção
prevista na alínea h) do n.º 1 do artigo 7º do Código do IS.

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4. Crowdfunding

4.1. Introdução
O crowdfunding consiste num sistema de financiamento coletivo, que pretende ser uma
alternativa ao financiamento tradicional oferecido pelas entidades bancárias e demais
instituições financeiras.
Financiamento coletivo

Financiamento tradicional
Crowdfunding Instituições
financeiras

Com o crowdfunding o montante financiado é obtido através de uma plataforma online, para
projetos de interesse coletivo através de múltiplas fontes de financiamento, em geral pessoas
físicas. A angariação de contribuições é feita de acordo com um sistema de contrapartidas, no
qual o apoio dos investidores implica sempre algum tipo de retorno. Apesar do principal
objetivo deste sistema ser a angariação do montante necessário para financiar projetos de
reduzido nível de investimento e orientado para projetos de cariz social, o crowdfunding
apresenta outras potencialidades, como sejam a avaliação da potencial ideia de projeto junto
do mercado, assim como a angariação de potenciais clientes ou outros investidores, que
podem vir a ser mais-valias para o projeto em causa.

No crowdfunding as contribuições são


feitas, geralmente, tendo por base um
sistema de contrapartidas, isto é, uma Crowdfunding Investidores
perspetiva de retorno. É da
responsabilidade do promotor do
projeto, criar e idealizar as
contrapartidas que quer dar em troca
aos seus investidores.

As contrapartidas, normalmente, estão Retorno |


Contribuições
diretamente relacionadas com a Potencial
reduzidas
concretização e sucesso do projeto em mercado
si, e podem traduzir-se numa
recompensa monetária, de
reconhecimento, de agradecimento,
Projetos cariz
doação ou outra estreitamente social
relacionada com a utilização do
produto ou serviço proveniente do

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projeto.

Existem vários modelos de crowdfunding, sendo que os mais populares on-line são os
seguintes:

Empréstimo Capital
(Lending) (Equity)

Recompensa Donativo
(Reward) (Donation)

4.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC) publicado através do Decreto-Lei n.º
158/2009, de 13 de julho, é o normativo contabilístico vigente em Portugal. O núcleo central
deste normativo é a adaptação das normas internacionais de contabilidade (IAS) e das normas
internacionais de relato financeiros (IFRS), que se traduz em 28 Normas Contabilísticas e de
Relato Financeiro (NCRF), que garantem os critérios de reconhecimento, mensuração e
divulgação dos factos contabilísticos.

A NCRF que regula esta solução de financiamento é a NCRF 27 - Instrumentos financeiros, cujo
objetivo é prescrever o tratamento contabilístico dos instrumentos financeiros,
designadamente instrumentos de capital próprio.

Na perspetiva do investidor, o crowdfunding é considerado um ativo financeiro no termos da


alínea b), do parágrafo 5, da NCRF 27, segundo o qual, um ativo financeiro é qualquer ativo
que seja um instrumento de capital próprio de uma outra entidade. O mesmo parágrafo da
norma refere ainda que um instrumento de capital próprio é qualquer contrato que evidencie
um interesse residual nos ativos de uma entidade após dedução de todos os seus passivos.

No que respeita ao reconhecimento dos instrumentos de capital próprio, a NCRF 27 prevê que
as entidades reconheçam instrumentos de capital próprio no capital próprio (parágrafo 8).

Os instrumentos de capital próprio devem ser mensurados ao custo ou ao custo amortizado


menos perdas de imparidade (parágrafo 12) quando não sejam negociados publicamente e
cujo justo valor não possa se obtido de forma fiável.

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Pela entrada no capital (subscrição e aquisição de capital social):

261 -
Acionistas/sócios
51 - Capital
com subscrição

€ €

Pela realização do capital subscrito:

261 -
Acionistas/sócios 12 - Depósitos à
com subscrição Ordem

€ €

Exemplo:

O senhor António Manuel Joaquim decidiu participar num projeto de cariz social, divulgado
numa plataforma de crowdfunding, que pretende desenvolver brinquedos interativos para
crianças com Trissomia 21. O seu investimento traduziu-se na aquisição de 30 ações com o
valor nominal de 5€ cada. Na óptica da entidade detentora do projeto:

Débito Crédito Valor Observações


Subscrição de ações (30
261 - Acionistas/Sócios
51 - Capital 150 € unidades com o valor
com subscrição
nominal de 5€/cada)
261 - Acionistas/Sócios Realização do capital
12 - Depósitos à ordem 150 €
com subscrição subscrito

A recompensa divulgada na plataforma pelo promotor é o reconhecimento público pelo


contributo para o desenvolvimento deste projeto, e a oferta de um exemplar do brinquedo
interativo desenvolvido.

Débito Crédito Valor Observações

38 - Reclassificação e
6884 - Oferta e
regularização de 23,5 € Oferta do bem produzido
amostra de inventários
inventários

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4.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Crowdfunding
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

Aumentos de capital

Os aumentos de capital realizados em qualquer modalidade (incluindo os prémios de emissão


de ações ou quotas, as coberturas de prejuízos, a qualquer título, feitas pelos titulares do
capital), bem como outras variações patrimoniais positivas que decorram de operações sobre
ações, quotas e outros instrumentos de capital próprio da entidade emitente, incluindo as que
resultem da atribuição de instrumentos financeiros derivados que devam ser reconhecidos
como instrumentos de capital próprio, embora configurem variações patrimoniais positivas,
não concorrem para a formação do lucro tributável em IRC de acordo com alínea a) do n.º 1 do
artigo 21.º do CIRC.

Donativos

A noção e donativo prevista no Artigo 61.º EBF refere que “Para efeitos fiscais, os donativos
constituem entregas em dinheiro ou em espécie concedidos sem contrapartidas que
configurem obrigações de carácter pecuniário ou comercial às entidades públicas ou privadas
(…) cuja actividade consista predominantemente na realização de iniciativas nas áreas social,
cultural, ambiental, desportiva ou educacional”.

Ora, as entregas de dinheiro por empresas ou particulares a sociedades inseridas num projecto
de crowdfunding sem esperar nada em troca, são consideradas como donativos (variações
patrimoniais positivas), sendo que o artigo 21.º do CIRC refere que concorrem para a formação
do lucro tributável, as variações patrimoniais positivas não reflectidas no resultado líquido do
período de tributação, com algumas exceções, as quais não comtemplam este tipo de entrega.

Importa referir no entanto, que existe variada doutrina administrativa que versa sobre o tema,
nomeadamente quanto à natureza e ao alcance desta noção, vertida por parte das autoridades
fiscais na vigência do Estatuto do Mecenato, que se mantem actual, nos seguintes
despacho/circulares:
 Despacho n.º 127, de 3 de Dezembro de 2001, emitido pelo Ministério das Finanças;
 Circular n.º 12, de 19 de Abril de 2002, emitida conjuntamente pela Direcção de
Serviços do IRC e Direcção de Serviços do IVA;
 Circular n.º 2/2004, de 20 de Janeiro, emitida pela Direcção de Serviços do IRC.

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Assim, e de acordo com a Circular n.º 2/2004, de 20 de janeiro, as importâncias que revistam a
natureza de donativos fora do âmbito do regime do mecenato não logram passar o teste da
respectiva indispensabilidade, pelo que não são aceites como custos para efeitos fiscais. Por
outro lado, e nas situações em que as importâncias atribuídas não revistam a natureza de
donativo, constituindo a contrapartida da aquisição de um bem ou serviço, as mesmas são, em
princípio, aceites como custo para efeitos fiscais à luz do disposto no CIRC.

Já a Circular n.º 12/2002 indica que a apreciação pela Administração Tributária da qualificação
de determinada liberalidade como de donativo dependerá sempre da exposição precisa dos
elementos de facto, nomeadamente quanto à respectiva natureza e valor, bem como de
eventuais regalias que em correspondência lhe estejam associadas. Deve também apurar-se se
“a regalia eventualmente facultada pelo beneficiário do mesmo confirma o espírito de
liberalidade do doador ou se, pelo contrário, permite concluir pela existência de uma intenção
de enriquecimento, consubstanciando um negócio oneroso”

Referir ainda, que as regalias em espécie atribuídas ao doador, como sejam a disponibilização
ao mesmo de instalações do beneficiário, a atribuição de convites ou bilhetes de ingresso para
iniciativas promovidas pelo beneficiário podem não desvirtuar o espírito de liberalidade do
doador e a respectiva qualificação como donativo se representarem um valor manifestamente
insignificante face ao donativo efectuado, i.e., quando o valor de mercado das regalias
atribuídas não ultrapassar, anualmente, o limite de 5% dos donativos atribuídos, tal como é
referido na Circular n.º 2/2004.

Em sede de IRS

Donativos

Conforme estipula o CIRS, os donativos em dinheiro atribuídos pelas pessoas singulares


residentes em território nacional, nos termos e condições previstos, são dedutíveis à colecta
do IRS do ano a que digam respeito, em valor correspondente a 25 % das importâncias
atribuídas, nos casos em que não estejam sujeitos a qualquer limitação. Em caso de limitação,
no valor correspondente a 25 % das importâncias atribuídas, até ao limite de 15 % da colecta.
As deduções só são efectuadas no caso de não terem sido contabilizadas como custos.
Acresce que são ainda dedutíveis à colecta, nos termos e limites fixados nas alíneas b) e c) do
n.º1 do Artigo 63.º do EBF, os donativos concedidos a igrejas, instituições religiosas, pessoas
colectivas de fins não lucrativos pertencentes a confissões religiosas ou por elas instituídas,
sendo a sua importância considerada em 130 % do seu quantitativo.

Mais-valias por alienação de quotas ou ações

O saldo anual positivo entre as mais-valias e as menos-valias resultantes da alienação de ações


é tributado em IRS, à taxa especial de 28%, sem prejuízo de o titular residente optar pelo seu
englobamento. Consoante o rendimento colectável resultante do englobamento, este
rendimento poderá ficar sujeito a uma sobretaxa extraordinária de IRS de 3,5%, bem como a
uma taxa adicional de solidariedade no valor de 2,5%, na parte do rendimento coletável que

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seja superior a € 80.000 mas não exceda € 250.000. O quantitativo do rendimento coletável
que exceda € 250.000 estará sujeito a uma taxa adicional de solidariedade no valor de 5%.

Caso o titular residente opte pelo englobamento, o saldo negativo (entre as mais-valias e as
menos-valias realizadas com a alienação de ações nacionais) apurado em determinado ano
pode ser reportado para os dois anos seguintes. No apuramento do saldo positivo ou negativo
entre as mais-valias e as menos-valias realizadas com a alienação de ações nacionais, o titular
residente não pode deduzir, aos ganhos que obtenha, as perdas apuradas com alienação de
ações em que a entidade se encontre domiciliada numa jurisdição sujeita a um regime fiscal
claramente mais favorável.

Sempre que obtenha rendimentos desta categoria, o titular encontra-se obrigado à


apresentação do Anexo G juntamente com a sua Declaração de Rendimentos.

Em sede de IVA

Donativo e oferta

Os donativos podem reverter-se em duas formas distintas, em dinheiro ou em espécie, sendo


que o seu tratamento em sede de IVA depende da sua forma, conforme prevê o CIVA. Assim,
teremos:

Donativo

Dinheiro Espécie

Bens Serviços
Não são contrapartida
de bens ou serviços
Transmissões gratuitas Serviços gratuitos –
/ ofertas de bens não sujeitos a IVA
Não sujeitos a IVA
Transmissões de bens- Serviços – Sujeitos a
Sujeitas a IVA IVA

De acordo com o artigo 3.º do CIVA, considera-se, em geral, transmissão de bens a


transferência onerosa de bens corpóreos por forma correspondente ao exercício do direito de
propriedade.

Por outro lado, e nos termos definidos por portaria do Ministro das Finanças, os bens não
destinados a posterior comercialização que, pelas suas características, ou pelo tamanho ou
formato diferentes do produto que constitua a unidade de venda, visem, sob a forma de
amostra, apresentar ou promover bens produzidos ou comercializados pelo próprio sujeito

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passivo, assim como as ofertas de valor unitário igual ou inferior a (euro) 50 e cujo valor global
anual não exceda cinco por mil do volume de negócios do sujeito passivo no ano civil anterior,
em conformidade com os usos comerciais. O n.º 8 do artigo 3.º do CIVA refere que no caso de
início de actividade, a permilagem referida no número anterior aplica-se aos valores
esperados, sem prejuízo de rectificação a efectuar na última declaração periódica a apresentar
no ano de início de actividade, se os valores definitivos forem inferiores aos valores esperados.

Assim, no caso de donativos em espécie, ou seja, bens oferecidos a título gratuito cujo IVA da
aquisição não tenha sido alvo de dedução, não são considerados transmissão de bens, pelo
que não são sujeitos a IVA.
No caso dos bens oferecidos a título gratuito cujo IVA da aquisição tenha sido alvo de dedução,
total ou parcialmente, que tenham um valor unitário menor ou igual a 50 euros (quando é um
conjunto de bens este valor aplica-se ao conjunto) e cujo o valor global das ofertas não exceda
os 5 por mil do volume de negócios, não são considerados transmissão de bens, mas sim
ofertas de bens não são sujeitos a IVA. Por outro lado, não existe necessidade de emitir o
respetivo documento de suporte à liquidação do imposto, sem obviamente esquecer o
documento (recibo) para efeitos de comprovar o donativo/oferta.

Nos restantes casos há que liquidar IVA sobre o valor de aquisição dos bens ou sobre o preço
de custo.

Nos caso de se tratar de serviços teremos:

Donativo

Utilização de bens para a Utilização de bens para a


realização gratuita de serviços realização gratuita de serviços
sem fins alheios à empresa com fins alheios à

Serviços que prossigam o Fins sem carácter comercial


objetivo ou os fins ou que se afastem do objetivo
institucionais institucional

Não sujeitos a IVA Liquida IVA

O IVA é liquidado sobre o valor normal dos serviços, sendo que, e de acordo com o artigo 16.º
do CIVA, o valor tributável das transmissões de bens e das prestações de serviços sujeitas a
imposto é o valor da contraprestação obtida ou a obter do adquirente, do destinatário ou de
um terceiro. Nos casos em que a contraprestação não seja definida, no todo ou em parte, em
dinheiro, o valor tributável é o montante recebido ou a receber, acrescido do valor normal dos
bens ou serviços dados em troca.

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Por fim, o documento de suporte para os bens e serviços oferecidos a título gratuito sujeitos a
IVA, deverá conter uma série de elementos, entre eles:
 Data e natureza da operação;
 Valor tributável e taxa de imposto aplicável;
 Valor do imposto.

Em sede do Imposto do Selo

O aumento do capital social de uma sociedade mediante a entrada de bens de qualquer


espécie é um acto sujeito a Imposto do Selo sobre o valor real dos bens de qualquer natureza
entregues ou a entregar pelos sócios à taxa de 0,4%, de acordo com a verba 26.3 da Tabela
Geral do Imposto do Selo.

A transmissão gratuita de ações está sujeita a Imposto do Selo à taxa de 10%, com exceção das
situações em que o beneficiário do rendimento seja o cônjuge ou unido de facto, descendente
ou ascendente do transmitente (figura da doação).

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5. Crédito Bancário

5.1. Introdução

O crédito bancário é uma operação pela qual um banco põe determinada soma de dinheiro à
disposição do beneficiário, com a garantia de este lhe pagar os juros convencionados e de lhe
restituir, na data fixada para o reembolso, importância que havia sido emprestada.

As principais caraterísticas do crédito bancário podem ser definidas como:

Caraterísticas Só pode ser realizado por instituições financeiras credenciadas pelo Banco
de Portugal

Pode ser concedido a empresas ou a particulares

Pode ser feito nas modalidades de reembolso ou assinatura

Visa a obtenção de lucro por parte das instituições bancárias financiadoras,


por via da remuneração do capital cedido

Permite às empresas e particulares obterem, de forma rápida, os meios


financeiros necessários às suas necessidades de investimento

As demais características do crédito bancário são específicas de cada produto e ou de cada


instituição financeira, e baseiam-se em aspetos como a finalidade, o prazo, o montante, a taxa
de juro associada, o risco ou as garantias.

O crédito bancário pode ser concedido a curto prazo (com maturidade inferior a um ano), a
médio prazo (com maturidade entre um e cinco anos) e a longo prazo (com maturidade
superior a cinco anos), podendo a instituição financeira prestadora do financiamento realizar o
crédito sem garantias (apenas contratualmente suportado), ou, por outro lado, exigir à
entidade financiada a apresentação de garantias reais ou pessoais.

Curto prazo
Sem garantias
Crédito Médio prazo
bancário
Com garantias
Longo prazo

Reais

Pessoais

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5.1.1. Microcrédito

O microcrédito é uma linha de crédito disponibilizada por algumas instituições financeiras e


criada no âmbito do programa FINICIA II do IAPMEI, tendo como objetivo o de facilitar o
acesso a crédito e a financiamento por parte das pequenas empresas e empresários em nome
individual, de qualquer sector de atividade e cujo início da mesma se tenha verificado há
menos de três anos.

Assim, o microcrédito tem como


Instituições finalidade principal a de apoiar os
Financeiras
investimentos das empresas e dos
empresários em nome individual na fase
inicial da sua atividade ou negócios.

Microcrédito Estão excluídas operações de


restruturação financeira das empresas,
bem como operações de substituição de
créditos já existentes.
IAPMEI Empresário

5.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC) publicado através do Decreto-Lei n.º
158/2009, de 13 de Julho, é o normativo contabilístico vigente em Portugal, sendo o seu
núcleo central as Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF), que constituem uma
adaptação das normas internacionais de contabilidade (IAS) e as normas internacionais de
relato financeiros (IFRS), as quais garantem os critérios de reconhecimento, mensuração e
divulgação das mesmas.

A NCRF que regula os empréstimos bancários é a NCRF 27 - Instrumentos Financeiros, cujo


objetivo é fixar o tratamento contabilístico dos instrumentos financeiros, designadamente
passivos financeiros.

O crédito bancário é considerado um passivo financeiro nos termos do ponto i), da alínea a),
do parágrafo 5, da NCRF 27, segundo o qual, um passivo financeiro é qualquer passivo que seja
uma obrigação contratual de entregar dinheiro ou outro ativo financeiro a uma outra
entidade. Os passivos financeiros apenas são reconhecidos quando a entidade se torne uma
parte das disposições contratuais do instrumento (parágrafo 6).

Os passivos financeiros, nomeadamente os contratos para conceder ou contrair empréstimos


que não possam ser negociados numa base líquida, quando reúnam as condições para
reconhecimento ao custo ou ao custo amortizado menos perdas por imparidade e quando no
reconhecimento inicial esteja expressamente referido tal condição, devem ser mensurados ao
custo ou ao custo amortizado menos perdas de imparidade (parágrafo 12 e 14).

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Pelo reconhecimento do empréstimo bancário:

12 - Depósitos à
2511 - Empréstimos
Ordem
bancários

€ €

Pelo reconhecimento do imposto selo sobre a utilização do financiamento bancário obtido:

6812 - Impostos
12 - Depósitos à
indiretos
Ordem

€ €

Pelo pagamento da 1.ª prestação sobre o financiamento bancário obtido:

2511 - Empréstimos
bancários

6911 - Juros de
12 - Depósitos à
financiamentos
Ordem
obtidos

€ €

6812 - Impostos
indiretos

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Exemplo:

A empresa obtém Financiamento contratou um financiamento de médio prazo a fim de fazer


face a um investimento em ativos fixos tangíveis e intangíveis relacionados com a expansão do
seu negócio para mercados externos. As condições desse financiamento são:
i) Prazo 2 anos
ii) Amortizações trimestrais e constantes de capital
iv) Taxa de juro 8%
v) Imposto do selo conexo à operação

De seguida apresenta-se plano financeiro de suporte aos movimentos abaixo indicados:

Capital em
Periodo Amortização Juros Renda IS Juros ISAC
dívida
0 500.000,00 € 2.500,00 €
1 62.500,00 € 10.000,00 € 72.500,00 € 437.500,00 € 400,00 €
2 62.500,00 € 8.750,00 € 71.250,00 € 375.000,00 € 350,00 €
3 62.500,00 € 7.500,00 € 70.000,00 € 312.500,00 € 300,00 €
4 62.500,00 € 6.250,00 € 68.750,00 € 250.000,00 € 250,00 €
5 62.500,00 € 5.000,00 € 67.500,00 € 187.500,00 € 200,00 €
6 62.500,00 € 3.750,00 € 66.250,00 € 125.000,00 € 150,00 €
7 62.500,00 € 2.500,00 € 65.000,00 € 62.500,00 € 100,00 €
8 62.500,00 € 1.250,00 € 63.750,00 € 0,00 € 50,00 €

Pelo reconhecimento do financiamento:

Débito Crédito Valor Observações


2511 - Empréstimos
12 - Depósitos à ordem 500.000 €
bancários
6812 - Impostos Imposto selo s/ utilização
12 - Depósitos à ordem 2.500 €
indiretos crédito 0,5%

Pelo pagamento da primeira prestação:

Débito Crédito Valor Observações


2511 - Empréstimos
12 - Depósitos à ordem 62.500 € Amortização de capital
bancários
6911 - Juros de
Juros trimestrais à taxa 8%
financiamentos 12 - Depósitos à ordem 10.000 €
ao ano
obtidos
6812 - Impostos
12 - Depósitos à ordem 400 € Imposto selo s/ juros 4%
indiretos

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5.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Microcrédito
IRC Sujeito
IRS Não aplicável
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

Os empréstimos bancários obtidos pelas empresas configuram um passivo financeiro, sendo


que estes vencem juros, os quais suportados pelo beneficiário do mesmo. Ora, para a
determinação do lucro tributável, são dedutíveis todos os gastos e perdas incorridos ou
suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC,
considerando-se na alínea c) do n.º 2 do Artigo 23.º do CIRC que os gastos e perdas de
natureza financeira, tais como juros de capitais alheios aplicados na exploração, descontos,
ágios, transferências, diferenças de câmbio, gastos com operações de crédito, cobrança de
dívidas e emissão de obrigações e outros títulos, prémios de reembolso e os resultantes da
aplicação do método do juro efetivo aos instrumentos financeiros valorizados pelo custo
amortizado.

Em sede de IVA

Nos termos da alínea a) e b) do n.º 27 do artigo 9.º do Código do IVA, estão isentas do imposto
a concessão e a negociação de créditos, sob qualquer forma, compreendendo operações de
desconto e redesconto, bem como a sua administração ou gestão efectuada por quem os
concedeu, bem como, a negociação e a prestação de fianças, avales, cauções e outras
garantias, bem como a administração ou gestão de garantias de créditos efectuada por quem
os concedeu;

Em sede de IS

O artigo 2.º do Código do Imposto do Selo (CIS) prevê que são sujeitos passivos do imposto as
entidades concedentes do crédito ou credoras de juros, prémios, comissões e outras
contraprestações, bem como Instituições de crédito, sociedades financeiras ou outras
entidades a elas legalmente equiparadas relativamente às operações de crédito, no momento
em que forem realizadas e nas operações realizadas por ou com intermediação de instituições
de crédito, sociedades financeiras ou outras entidades a elas legalmente equiparadas, no
momento da cobrança dos juros, prémios, comissões e outras contraprestações,

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considerando-se efetivamente cobrados, sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 51.º, os
juros e comissões debitados em contas correntes à ordem de quem a eles tiver direito (artigo
5.º do CIS).

Conforme previsto no artigo 3.º do CIS, o encargo do imposto, incumbe na concessão do


crédito, ao utilizador do referido crédito e nas restantes operações financeiras realizadas por
ou com intermediação de instituições de crédito, sociedades ou outras instituições financeiras,
ao cliente destas.

De acordo com o previsto no artigo 22.º do CIS, as taxas do imposto são as constantes da
Tabela Geral do Imposto do Selo (TGIS), aplicando-se aos empréstimos a verba 17 – Operações
financeiras. Assim, sobre o valor do crédito utilizado pelo titular incide Imposto do Selo,
variando a taxa aplicável em função dos seguintes prazos:
 Pela utilização de crédito, sob a forma de fundos, mercadorias e outros valores, em
virtude da concessão de crédito a qualquer título excepto nos casos referidos na verba
17.2, incluindo a cessão de créditos, o factoring e as operações de tesouraria quando
envolvam qualquer tipo de financiamento ao cessionário, aderente ou devedor,
considerando-se, sempre, como nova concessão de crédito a prorrogação do prazo do
contrato - sobre o respectivo valor, em função do prazo:
o Crédito de prazo inferior a um ano - por cada mês ou fracção (0,04%);
o Crédito de prazo igual ou superior a um ano (0,50%);
o Crédito de prazo igual ou superior a cinco anos (0,60%);
o Crédito utilizado sob a forma de conta corrente, descoberto bancário ou
qualquer outra forma em que o prazo de utilização não seja determinado ou
determinável, sobre a média mensal obtida através da soma dos saldos em
dívida apurados diariamente, durante o mês, divididos por 30 (0,04%);
 Operações realizadas por ou com intermediação de instituições de crédito, sociedades
financeiras ou outras entidades a elas legalmente equiparadas e quaisquer outras
instituições financeiras - sobre o valor cobrado, designadamente, juros por, desconto
de letras e bilhetes do Tesouro, por empréstimos, por contas de crédito e por crédito
sem liquidação (4%);
 Comissões por garantias prestadas (3%);
 Outras comissões e contraprestações por serviços financeiros (4%).

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6. Factoring

6.1. Introdução
O factoring é uma operação financeira que consiste na tomada de créditos a curto prazo por
uma instituição financeira (factor), que os fornecedores de bens ou serviços (aderentes)
constituem sobre os seus clientes (devedores), permitindo às empresas obter uma antecipação
dos recebimentos dos seus clientes.

Antecipação de
Fornecedor •Aderente
recebimentos

Cliente •Devedor

Possibilidade Instituição
•Factor
transferência do risco Financeira

A atividade de factoring pode também ser considerada como a entrega, por parte de uma
empresa que vende produtos ou serviços, das suas operações de cobrança de curto prazo à
empresa de factoring, especializada em cobranças.

Pode, então, considerar-se que a empresa de factoring age como uma entidade que apoia, de
facto, a empresa fornecedora que tem créditos de curto prazo a receber, efetuando a sua
gestão de créditos e a sua cobrança, adiantando-lhe o montante dos créditos e partilhando,
total ou parcialmente, o risco inerente à solvência da empresa devedora.

A sociedade de factoring, pelos serviços de antecipação e/ou de gestão das cobranças, cobra
uma comissão que será mais baixa para operações com recurso (ou seja, nas quais a factor não
assume o risco) e mais elevada para operações sem recurso (ou seja, nas quais a factor assume
o risco).

A factor irá igualmente cobrar juros que incidem sobre os adiantamentos efetuados. Para as
entidades que recorram a uma operação desta natureza, pode-se referir as seguintes
vantagens, entre outras:
 Diminuir o desfasamento entre o prazo médio de recebimentos (PMR) e o prazo
médio de pagamentos;
 Resolver problemas de liquidez imediata e tesouraria;
 Obtenção de fundo de maneio numa empresa em fase de crescimento;
 Diminuir dificuldades de tesouraria de empresas sazonais.

Prazo médio Prazo médio Fundo maneio


Tesouraria Liquidez
recebimentos pagamentos necessário

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São três os intervenientes numa operação típica de factoring:


 Factor: é a sociedade de factoring à qual são cedidos os
créditos a curto prazo devidos pelos clientes e
decorrentes da atividade comercial normal da empresa Factor
aderente;
 Aderente: é a empresa que vendeu produtos ou serviços
a um cliente, no decorrer da sua atividade normal e que Aderente
cede à sociedade de factoring, os créditos de curto prazo
decorrentes dessas vendas;
 Devedor: é a empresa cliente que adquiriu à empresa Devedor
aderente produtos e serviços, a crédito, e que lhe ficou
assim a dever um valor estipulado alvo de faturação.

Esta operação financeira desenvolve-se em quatro fases:


 1ª fase: A empresa aderente, ou fornecedora, vende à empresa devedora, ou cliente,
bens ou serviços a crédito, emitindo uma fatura;
 2ª fase: A empresa aderente cede o seu crédito de curto prazo à sociedade de
factoring;
 3ª fase: A sociedade de factoring, ou factor, efetua o adiantamento dos valores que a
empresa aderente tem a receber, atualizados e descontados de uma taxa
previamente acordada;
 4ª fase: A empresa devedora, ou cliente, efetua o pagamento do montante devido,
na data acordada, à sociedade de factoring e não à empresa fornecedora.

1.ª fase - Emissão 2.ª fase - Cedência 3.ª fase -


4.ª fase - Pagamento
fatura de crédito Adiantamento

6.2. Normativo contabilístico aplicável


O normativo contabilístico em vigor em Portugal, o Sistema de Normalização Contabilística
(SNC) foi publicado através do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de julho, revogando o anterior
Plano Oficial de Contabilidade (POC), as Diretrizes Contabilísticas e demais legislação conexa
em vigor até então.

O SNC é constituído por elementos fundamentais, dentre os quais destacam-se as 28 Normas


Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF), que constituem uma adaptação das normas
internacionais de contabilidade (IAS) e as normas internacionais de relato financeiros (IFRS), e
garantem os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação das operações
contabilísticas.

O tratamento contabilístico do factoring está previsto na NCRF 27 - Instrumentos Financeiros.

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O factoring é um instrumento financeiro na medida em que é um contrato que dá origem a um


ativo financeiro numa entidade e a um passivo financeiro ou instrumento de capital próprio
noutra entidade (parágrafo 5). Quando estamos perante a modalidade de factoring com
recurso, a entidade deve continuar a reconhecer um ativo financeiro e um passivo financeiro
correspondente ao adiantamento concedido pela factor (parágrafo 30 a 32). O passivo
financeiro apenas deve ser desreconhecido quando o devedor proceder à liquidação do
montante adiantado à factor. (parágrafo 33).

No caso de factoring sem recurso, a entidade desreconhece o ativo financeiro no montante


igual ao adiantamento recebido da factor, dado que o risco de cobrança é transferido na
totalidade para a factor, conforme previsto na alínea b) do parágrafo 30. As alíneas a) dos
parágrafos 12 e 14 da NCRF 27 preveem que os instrumentos financeiros sejam mensurados
ao custo ou ao custo amortizado menos perdas de imparidade.

Factoring com recurso

No factoring com recurso é permitido à factor exigir da entidade aderente a liquidação da


quantia antecipada caso não receba o montante do devedor no prazo de recebimento
estipulado.

Pela cedência de créditos à Factor (% da facturação) - Adiantamento:

2131- Clientes
12 - Depósitos à
Factoring -
Ordem
Adiantamentos

€ €

Pela retenção de créditos pela Factor (% da facturação):

2132- Clientes
2111 - Clientes gerais
Factoring - Retenções

€ €

Pelo recebimento antecipado (financiamento):

2514 - Empréstimos 2132- Clientes


bancários - Factoring Factoring - Retenções

€ €

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Pela restituição de adiantamentos (não cobrados):

2131- Clientes
12 - Depósitos à
Factoring -
Ordem
Adiantamentos

€ €

Pela transferência da dívida não cobrada (crédito cedido e retenções):

2131- Clientes
Factoring - 2111 - Clientes gerais
Adiantamentos

€ €

2132 - Clientes
Factoring - Retenções

Pela restituição das retenções após boa cobrança:

2132 - Clientes 12 - Depósitos à


Factoring - Retenções Ordem

€ €

Pela regularização dos créditos cedidos após boa cobrança:

2131- Clientes
2514 - Empréstimos
Factoring -
bancários - Factoring
Adiantamentos

€ €

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Pelos juros e encargos com a operação de factoring:

12 - Depósitos à 6913 - Juros de


Ordem factoring

€ €

6983 - Outros gastos


e perdas de
financiamento
relativos a factoring

Exemplo:

A sociedade Cedência de Créditos vendeu ao cliente KWY produtos a crédito no montante de


44.000€, e ao cliente Y123 o montante 6.000€.

Na mesma data, esta sociedade decidiu ceder estas dívidas à empresa de factoring FactorXLS.
As condições contratadas com a sociedade de factoring são:
i) Factoring com recurso
ii) Adiantamento de 95% dos créditos cedidos
iii) Juros e demais comissões conexas à cedência de créditos

Débito Crédito Valor Observações

2131 - Clientes Cedência de créditos à factor


Factoring - 2111 - Clientes gerais 47.500 € 95% da faturação -
Adiantamentos adiantamento

2132 - Clientes Retenção de créditos pela


2111 - Clientes gerais 2.500 €
Factoring - Retenções factor 5% da faturação

2514 - Empréstimos
12 - Depósitos à ordem 47.500 € Recebimento antecipado
bancários - Factoring

Na data do vencimento, o cliente Y123 não liquidou à empresa de factoring o montante em


dívida, pelo que esta, por ter celebrado um contrato de factoring com recurso, transferiu esse
risco para a empresa aderente.

O cliente KWY cumpriu a sua obrigação de pagamento com a sociedade de factoring na data
fixada. Nesta data, a sociedade FactorXLS transferiu para a empresa aderente a retenção de
5% efetuada na data da cedência dos créditos.

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Débito Crédito Valor Observações


2131 - Clientes
Restituição do adiantamento
Factoring - 12 - Depósitos à ordem 5.700 €
que não foi possível cobrar
Adiantamentos
2131 - Clientes
Transferência da dívida não
2111 - Clientes gerais Factoring - 5.700 €
cobrada, crédito cedido
Adiantamentos
2132 - Clientes Transferência da dívida não
2111 - Clientes gerais 300 €
Factoring - Retenções cobrada, retenções
Restituição das retenções de
2132 - Clientes
12 - Depósitos à ordem 2.200 € 5% após boa cobrança pela
Factoring - Retenções
factor
2131 - Clientes Regularização de créditos
2514 - Empréstimos
Factoring - 47.500 € cedidos após boa cobrança
bancários - Factoring
Adiantamentos pela factor

A sociedade FactorXLS debitou à empresa aderente os seguintes encargos com esta operação
de factoring.

Débito Crédito Valor Observações


6913 - Juros do
12 - Depósitos à ordem 400 € Juros
Factoring
6983 - Outros gastos e
perdas de
12 - Depósitos à ordem 375 € Comissão de cobrança
financiamento
relativos a Factoring

Factoring sem recurso

No factoring sem recurso a factor assume a totalidade do risco de incobrabilidade da dívida,


pelo que caso a entidade devedora não liquide o montante em dívida no prazo fixado, a factor
não pode exigir à entidade aderente a liquidação da mesma.

Pela cedência de créditos à Factor (% da facturação) - Adiantamento:

2131- Clientes
2111 - Clientes gerais Factoring -
Adiantamentos

€ €

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Pela retenção de créditos pela Factor (% da facturação):

2132- Clientes
2111 - Clientes gerais
Factoring - Retenções

€ €

Pela restituição de adiantamentos (não cobrados):

2131- Clientes
12 - Depósitos à
Factoring -
Ordem
Adiantamentos

€ €

Pela restituição das retenções após boa cobrança:

2132 - Clientes 12 - Depósitos à


Factoring - Retenções Ordem

€ €

Pelos juros e encargos com a operação de factoring:

12 - Depósitos à 6913 - Juros de


Ordem factoring

€ €

6983 - Outros gastos


e perdas de
financiamento
relativos a factoring

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Exemplo:

Pegando no mesmo exemplo indicado para o factoring com recurso, temos os seguintes
movimentos contabilísticos no caso de factoring sem recurso.

A sociedade Cedência de Créditos vendeu ao cliente KWY produtos a crédito no montante de


44.000€, e ao cliente Y123 o montante 6.000€. Na mesma data, esta sociedade decidiu ceder
estas dívidas à empresa de factoring FactorXLS. As condições contratadas com a sociedade de
factoring são:
i) Factoring sem recurso
ii) Adiantamento de 95% dos créditos cedidos
iii) Juros e demais comissões conexas à cedência de créditos

Débito Crédito Valor Observações

2131 - Clientes
Cedência de créditos à factor
Factoring - 2111 - Clientes gerais 47.500 €
95% da faturação
Adiantamentos
2132 - Clientes Retenção de créditos pela
2111 - Clientes gerais 2.500 €
Factoring - Retenções factor 5% da faturação
2131 - Clientes
12 - Depósitos à ordem Factoring - 47.500 € Recebimento antecipado
Adiantamentos

Na data do vencimento, o cliente Y123 não liquidou à empresa de factoring o montante em


dívida, pelo que esta, por ter celebrado um contrato de factoring sem recurso, viu-se obrigada
a assumir esse risco de incobrabilidade.

O cliente KWY cumpriu a sua obrigação de pagamento com a sociedade de factoring na data
fixada. Nesta data, a sociedade FactorXLS transferiu para a empresa aderente a retenção de
5% efetuada na data da cedência dos créditos.

Débito Crédito Valor Observações

Restituição das retenções de


2132 - Clientes
12 - Depósitos à ordem 2.200 € 5% após boa cobrança pela
Factoring - Retenções
factor

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A sociedade FactorXLS debitou à empresa aderente os seguintes encargos com esta operação
de factoring.

Débito Crédito Valor Observações

6913 - Juros do
12 - Depósitos à ordem 575 € Juros
Factoring
6983 - Outros gastos e
perdas de
12 - Depósitos à ordem 522,5 € Comissão de cobrança
financiamento
relativos a Factoring

6.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Factoring
IRC Sujeito
IRS Não aplicável
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

As operações de factoring realizadas pelas empresas com as instituições de crédito,


configuram uma cedência de créditos, sendo que esta vence juros e suporta comissões, os
quais são suportados pelo beneficiário da operação de factoring. Ora, para a determinação do
lucro tributável, são dedutíveis todos os gastos e perdas incorridos ou suportados pelo sujeito
passivo para obter ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC, considerando-se na alínea c) do
n.º 2 do Artigo 23.º do CIRC que os gastos e perdas de natureza financeira, tais como juros de
capitais alheios aplicados na exploração, descontos, ágios, transferências, diferenças de
câmbio, gastos com operações de crédito, cobrança de dívidas e emissão de obrigações e
outros títulos, prémios de reembolso e os resultantes da aplicação do método do juro efetivo
aos instrumentos financeiros valorizados pelo custo amortizado.

Em sede de IVA

Nos termos da alínea a) e b) do n.º 27 do artigo 9.º do Código do IVA, estão isentas do imposto
a concessão e a negociação de créditos, sob qualquer forma, compreendendo operações de
desconto e redesconto, bem como a sua administração ou gestão efectuada por quem os
concedeu, bem como, a negociação e a prestação de fianças, avales, cauções e outras

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garantias, bem como a administração ou gestão de garantias de créditos efectuada por quem
os concedeu.

Para além disso, e ainda nos termos da alínea c) do º 27 do artigo 9.º do Código do IVA, estão
isentas do imposto as operações, compreendendo a negociação, relativas a depósitos de
fundos, contas correntes, pagamentos, transferências, recebimentos, cheques, efeitos de
comércio e afins, com excepção das operações de simples cobrança de dívidas.

Importa salientar que AT, tem entendido que as comissões de factoring e ou de garantia
cobradas pelas sociedades de factoring aos seus clientes estão isentas de IVA, uma vez que,
configuram a contraprestação de operações abrangidas pela alínea c) do n.º 27 do Artigo 9.º
do Código do IVA (CIVA) e dela não exceptuada, uma vez que não se trata de uma simples
cobrança de dívidas, em conformidade com as definições e os pressupostos constante de
informação vinculativa.

Em sede de IS

O artigo 2.º do Código do Imposto do Selo (CIS) prevê que são sujeitos passivos do imposto as
entidades concedentes do crédito ou credoras de juros, prémios, comissões e outras
contraprestações, bem como Instituições de crédito, sociedades financeiras ou outras
entidades a elas legalmente equiparadas relativamente às operações de crédito, no momento
em que forem realizadas e nas operações realizadas por ou com intermediação de instituições
de crédito, sociedades financeiras ou outras entidades a elas legalmente equiparadas, no
momento da cobrança dos juros, prémios, comissões e outras contraprestações,
considerando-se efetivamente cobrados, sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 51.º, os
juros e comissões debitados em contas correntes à ordem de quem a eles tiver direito (artigo
5.º do CIS).

Conforme previsto no artigo 3.º do CIS, o encargo do imposto, incumbe na concessão do


crédito, ao utilizador do referido crédito e nas restantes operações financeiras realizadas por
ou com intermediação de instituições de crédito, sociedades ou outras instituições financeiras,
ao cliente destas.

De acordo com o previsto no artigo 22.º do CIS, as taxas do imposto são as constantes da
Tabela Geral do Imposto do Selo (TGIS), aplicando-se aos empréstimos a verba 17 – Operações
financeiras. Assim, sobre o valor do crédito utilizado pelo titular incide Imposto do Selo,
variando a taxa aplicável em função dos seguintes prazos:
 Pela utilização de crédito, sob a forma de fundos, mercadorias e outros valores, em
virtude da concessão de crédito a qualquer título excepto nos casos referidos na verba
17.2, incluindo a cessão de créditos, o factoring e as operações de tesouraria quando
envolvam qualquer tipo de financiamento ao cessionário, aderente ou devedor,
considerando-se, sempre, como nova concessão de crédito a prorrogação do prazo do
contrato - sobre o respectivo valor, em função do prazo:
o Crédito de prazo inferior a um ano - por cada mês ou fracção (0,04%);
o Crédito de prazo igual ou superior a um ano (0,50%);
o Crédito de prazo igual ou superior a cinco anos (0,60%);

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o Crédito utilizado sob a forma de conta corrente, descoberto bancário ou
qualquer outra forma em que o prazo de utilização não seja determinado ou
determinável, sobre a média mensal obtida através da soma dos saldos em
dívida apurados diariamente, durante o mês, divididos por 30 (0,04%);
 Operações realizadas por ou com intermediação de instituições de crédito, sociedades
financeiras ou outras entidades a elas legalmente equiparadas e quaisquer outras
instituições financeiras - sobre o valor cobrado, designadamente, juros por, desconto
de letras e bilhetes do Tesouro, por empréstimos, por contas de crédito e por crédito
sem liquidação (4%);
 Comissões por garantias prestadas (3%);
 Outras comissões e contraprestações por serviços financeiros (4%).

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7. Confirming

7.1. Introdução
O confirming é uma operação financeira que possibilita antecipar aos fornecedores, recursos
financeiros relativos à venda de bens e prestação de serviços, sem necessidade destes
aderirem a qualquer tipo de crédito junto de uma instituição financeira. O confirming
materializa-se num serviço prestado por uma instituição financeira, normalmente um banco,
encarregando-se este de efetuar aos fornecedores da entidade aderente os pagamentos nas
datas previamente acordadas, de forma célere.

Fornecedor Cliente Banco (IF)

•Credor •Devedor •Prestador do


serviço
Ordem de
pagamento

Pagamento

Do ponto de vista processual, a operação de confirming pode-se resumir como segue:


 A empresa aderente envia ao banco listagens com as ordens de pagamento a efetuar
aos fornecedores;
 O banco envia a cada um dos fornecedores constantes da listagem acima referida,
uma notificação a informar sobre o pagamento futuro das faturas e oferecendo os
serviços de pagamento antecipado das mesmas por via da concessão de crédito;
 Após a recepção da referida notificação, o fornecedor tem a possibilidade de optar
entre uma de duas alternativas:
a) Proceder à cobrança das faturas na data do seu vencimento, ou
b) Solicitar o respetivo pagamento antecipado.
 O banco procederá à liquidação dos montantes que constam das ordens de
pagamento, de acordo com as instruções recebidas, i.e., ou na data de vencimento
original das faturas ou antecipadamente se essa foi a intenção expressa pelo
fornecedor.

Esta solução financeira pode apresentar as seguintes vantagens, quer na ótica da empresa
aderente, quer na ótica do fornecedor. Assim, temos:

Empresa aderente
 Redução de custos administrativos inerentes à emissão e controlo de ordens de
pagamento;
 Melhoria no controlo de pagamentos com possibilidade de reconciliação bancária
enviada e controlada pelo banco;
 Maior capacidade de negociação no que diz respeito à aquisição e fornecimento de
bens e serviços.

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Fornecedor:

 Acesso a um financiamento automático e simples que não obriga a apresentação de


elementos financeiros, nem tão pouco à apresentação de garantias adicionais de
qualquer natureza;
 A antecipação efetuada pelo banco é definitiva e sem recurso sobre o fornecedor;
 A obtenção de financiamento pela via do confirming não representa endividamento
adicional, gerando ainda melhorias imediatas na sua liquidez;
 O fornecedor pode solicitar a antecipação de uma ou várias faturas e em datas
distintas;
 O fornecedor pode domiciliar estas antecipações em qualquer instituição bancária.

Aderente Fornecedor
Confirming

Confirming
- custos + liquidez
+ controlo - endividamento
+ negociação - reporting

Vantagens Vantagens

7.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC), o atual normativo contabilístico vigente em
Portugal, foi publicado através do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho.

O SNC é constituído por elementos fundamentais, entre eles destacam-se as 28 Normas


Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF), que constituem uma adaptação das normas
internacionais de contabilidade (IAS) e as normas internacionais de relato financeiros (IFRS). As
NCRF garantem os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação das operações
contabilísticas.

A NCRF que regula esta solução de financiamento é a NCRF 27 - Instrumentos Financeiros, cujo
objetivo é prescrever o tratamento contabilístico dos instrumentos financeiros,
designadamente passivos financeiros.

O confirming é um passivo financeiro na medida na medida em que representa uma obrigação


contratual de entregar dinheiro ou outro ativo financeiro a uma outra entidade (parágrafo 5).

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Conforme prescrito na NCRF 27, nos parágrafos 30 a 33, perante uma operação de confirming
a entidade deve desreconhecer o passivo financeiro relativo à dívida ao fornecedor, e
reconhecer o passivo financeiro referente ao montante antecipado a estes pela instituição
financeira.

As alíneas a) dos parágrafos 12 e 14 da NCRF 27 preveem que os instrumentos financeiros


sejam mensurados ao custo ou ao custo amortizado menos perdas de imparidade.

Pela antecipação das faturas:

2515 - Empréstimos
2211 - Fornecedores
bancários -
gerais
Confirming

€ €

Pelos juros e demais encargos cobrados pela Instituição Financeira:

12 - Depósitos à 6914 - Juros ddo


Ordem confirming

€ €

6812 - Impostos
indiretos

Pela liquidação das faturas:

2515 - Empréstimos
2211 - Fornecedores
bancários -
gerais
Confirming

€ €

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Exemplo:

A sociedade Céu Azul recebeu faturas dos seus fornecedores do montante total de 88.000€.
Em virtude do contrato de confirming celebrado com o seu banco, esta sociedade enviou-lhe
uma listagem com as ordens de pagamento a efetuar aos diversos fornecedores.

Débito Crédito Valor Observações


Antecipação de faturas no
2211 - Fornecedores 2515 - Empréstimos
88.000 € montante de 88.000€ a 90
gerais bancários - Confirming
dias

Na data de vencimento das faturas, a sociedade Céu Azul liquidou ao banco os montantes em
questão. Por esta operação, foram cobradas juros e demais encargos.

Débito Crédito Valor Observações


6914 - Juros do Juros trimestrais à taxa 4,5%
12 - Depósitos à ordem 990 €
Confirming ao ano
6812 - Impostos
indiretos 12 - Depósitos à ordem 39,6 € Imposto selo s/ juros 4%

2515 - Empréstimos Liquidação das faturas


12 - Depósitos à ordem 88.000 €
bancários - Confirming antecipadas

7.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Confirming
IRC Sujeito
IRS Não aplicável
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

As operações de confirming realizadas pelas empresas com as instituições de crédito,


configuram operação financeira que possibilita antecipar recursos financeiros relativos à venda
de bens e ou prestação de serviços, sendo que pagam comissões pela utilização do serviço de
confirming. Ora, para a determinação do lucro tributável, são dedutíveis todos os gastos e
perdas incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir os rendimentos

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sujeitos a IRC, considerando-se na alínea c) do n.º 2 do Artigo 23.º do CIRC que os gastos e
perdas de natureza financeira, tais como juros de capitais alheios aplicados na exploração,
descontos, ágios, transferências, diferenças de câmbio, gastos com operações de crédito,
cobrança de dívidas e emissão de obrigações e outros títulos, prémios de reembolso e os
resultantes da aplicação do método do juro efetivo aos instrumentos financeiros valorizados
pelo custo amortizado.

Em sede de IVA

Nos termos da alínea c) do º 27 do artigo 9.º do Código do IVA, estão isentas do imposto as
operações, compreendendo a negociação, relativas a depósitos de fundos, contas correntes,
pagamentos, transferências, recebimentos, cheques, efeitos de comércio e afins, com
excepção das operações de simples cobrança de dívidas.

Porém, as prestações de serviços associadas ao confirming, como sejam, as comissões de


abertura, renovação, rescisão e gestão anual de contratos, encontram-se sujeitas à taxa legal
em vigor de IVA. Apenas as operações de processamentos dos montantes associados às
operações de confirming propriamente ditas, estão isentas, embora sujeitas a IS.

Em sede de IS

O artigo 2.º do Código do Imposto do Selo (CIS) prevê que são sujeitos passivos do imposto as
entidades concedentes do crédito ou credoras de juros, prémios, comissões e outras
contraprestações, bem como Instituições de crédito, sociedades financeiras ou outras
entidades a elas legalmente equiparadas relativamente às operações de crédito, no momento
em que forem realizadas e nas operações realizadas por ou com intermediação de instituições
de crédito, sociedades financeiras ou outras entidades a elas legalmente equiparadas, no
momento da cobrança dos juros, prémios, comissões e outras contraprestações,
considerando-se efetivamente cobrados, sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 51.º, os
juros e comissões debitados em contas correntes à ordem de quem a eles tiver direito (artigo
5.º do CIS).

Conforme previsto no artigo 3.º do CIS, o encargo do imposto, incumbe na concessão do


crédito, ao utilizador do referido crédito e nas restantes operações financeiras realizadas por
ou com intermediação de instituições de crédito, sociedades ou outras instituições financeiras,
ao cliente destas.

De acordo com o previsto no artigo 22.º do CIS, as taxas do imposto são as constantes da
Tabela Geral do Imposto do Selo (TGIS), aplicando-se aos empréstimos a verba 17 – Operações
financeiras. Assim, sobre o valor do crédito utilizado pelo titular incide Imposto do Selo,
variando a taxa aplicável em função dos seguintes prazos:
 Operações realizadas por ou com intermediação de instituições de crédito, sociedades
financeiras ou outras entidades a elas legalmente equiparadas e quaisquer outras
instituições financeiras - sobre o valor cobrado, designadamente, juros por, desconto
de letras e bilhetes do Tesouro, por empréstimos, por contas de crédito e por crédito
sem liquidação (4%);
 Outras comissões e contraprestações por serviços financeiros (4%).

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8. Leasing Mobiliário ou Imobiliário

8.1. Introdução
O leasing mobiliário ou imobiliário é um instrumento de financiamento de médio e longo prazo
para investimento em aquisição de bens móveis (equipamentos, viaturas, etc.) ou imóveis
(habitação, escritórios, armazéns, etc.).

Mobiliário

Leasing

Imobiliário

O leasing materializa-se na celebração de contrato entre a empresa de leasing (locador, que


detém a propriedade do bem) e o cliente (locatário, que detém a propriedade económica do
bem), permitindo, findo o prazo do mesmo e mediante o pagamento de um valor residual
variável, a aquisição definitiva do bem em causa pelo locatário.

O prazo máximo previsto legalmente para este instrumento de financiamento é cerca de 30


anos para os bens imóveis, sendo que para os bens móveis o prazo de duração contratual
coincide normalmente com o prazo estimado de utilização dos mesmos.

Locador Contrato de leasing Locatário

Imobiliário Mobiliário

Máximo 30 anos Prazo de


utilização

O plano financeiro de reembolsos neste tipo de operação é normalmente antecipado. As


rendas, compostas por capital e juros, podem ser de valor constante ou variável. Durante o
período do contrato, o locatário detém a propriedade económica do bem, sendo a respetiva
propriedade jurídica detida pelo locador.

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Este instrumento de financiamento pode apresentar as seguintes vantagens, entre outras:

Vantagens Financiamento de fácil acesso

Simplicidade na tramitação processual

Rapidez na entrega do bem e liquidação do mesmo ao fornecedor

Possibilidade de adaptação do reembolso do capital financiado aos fluxos de


tesouraria do locatário

8.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC) foi publicado através do Decreto-Lei n.º
158/2009, de 13 de Julho, sendo o seu núcleo central as atuais 28 Normas Contabilísticas e de
Relato Financeiro (NCRF), que constituem uma adaptação das normas internacionais de
contabilidade (IAS) e as normas internacionais de relato financeiros (IFRS), as quais garantem
os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação das mesmas.

Os contratos de leasing são regulados pela NCRF 9 – Locações, cujo objetivo é definir as
políticas contabilísticas e divulgações associadas às locações financeiras e locações
operacionais.

Assim, as locações são classificadas como financeiras ou operacionais, tendo em conta a


extensão em que os riscos e vantagens inerentes à posse do bem objecto de locação são
transferidos para o locatário. Numa locação financeira os riscos e vantagens associadas ao bem
são transferidos para a esfera do locatário. Ao invés, estamos perante uma operação de
locação operacional – parágrafos 7 a 19.

Numa locação financeira o locatário reconhece inicialmente um ativo pela locação bem como a
respectiva responsabilidade, pelo justo valor do bem locado ou, se inferior, ao valor presente
dos pagamentos mínimos da locação, reconhecendo igualmente uma responsabilidade no
passivo (parágrafos 20 a 22).

A locação financeira dá origem a um gasto de depreciação, relativo ao ativo depreciável


contabilizado e imputável a cada um dos períodos contabilísticos e correspondentes ao
período de vida útil do bem (parágrafos 23 a 27).

Pelo registo do contrato de locação financeira:

43 - AFT 2513 - Locações


44 - Ativos intangíveis financeiras

€ €

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Pelo pagamento da prestação:

12 - Depósitos à 2513 - Locação


Ordem financeira

ca pi tal
€ €

6912 - Juros da
locação financeira

Juros

2432321 - IVA
dedutível - OBS - Taxa
normal
IVA

Exemplo:

A sociedade All Rent adquiriu uma nova máquina para reforçar o seu parque industrial através
de um contrato de locação financeira. A máquina teve um custo de 90.000€ acrescido do IVA à
taxa legal em vigor. O contrato leasing foi celebrado pelo prazo de 4 anos com rendas
trimestrais e antecipadas (16 rendas) calculadas à taxa de 0,9% (taxa de juro anual efetiva de
3,65%), e com um valor residual no montante de 10% do valor de aquisição. O valor da renda
ascende a 5.490€ mensais.

Débito Crédito Valor Observações

433 - Equipamento 2513 - Locações Valor de aquisição contratual


90.000 €
básico financeiras sem IVA
2513 - Locações
12 - Depósitos à ordem 4.729,41 € Amortização de capital
financeiras
6912 - Juros da
12 - Depósitos à ordem 760,59 € Juros
locação financeira

2432321 - IVA dedutível


12 - Depósitos à ordem 1.262,70 € IVA à taxa legal 23%
OBS à taxa normal

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O plano financeiro de suporte a este contrato de leasing é tal como segue:

Capital em
Periodo Amortização Juros Prestação
dívida
0 90.000,00 €
1 5.490,00 € 0,00 € 5.490,00 € 84.510,00 €
2 4.729,41 € 760,59 € 5.490,00 € 79.780,59 €
3 4.771,97 € 718,03 € 5.490,00 € 75.008,62 €
4 4.814,93 € 675,07 € 5.490,00 € 70.193,69 €
5 4.858,25 € 631,75 € 5.490,00 € 65.335,44 €
6 4.901,98 € 588,02 € 5.490,00 € 60.433,46 €
7 4.946,10 € 543,90 € 5.490,00 € 55.487,36 €
8 4.990,62 € 499,38 € 5.490,00 € 50.496,74 €
9 5.035,53 € 454,47 € 5.490,00 € 45.461,21 €
10 5.080,85 € 409,15 € 5.490,00 € 40.380,36 €
11 5.126,57 € 363,43 € 5.490,00 € 35.253,79 €
12 5.172,72 € 317,28 € 5.490,00 € 30.081,07 €
13 5.219,27 € 270,73 € 5.490,00 € 24.861,80 €
14 5.266,24 € 223,76 € 5.490,00 € 19.595,56 €
15 5.313,64 € 176,36 € 5.490,00 € 14.281,92 €
16 5.361,47 € 128,53 € 5.490,00 € 8.920,45 €
17 8.920,45 € 80,28 € 9.000,00 € 0,00 €

8.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Leasing Mobiliário Leasing Imobiliário
IRC Sujeito Sujeito
IRS Sujeito Sujeito
IVA Sujeito Sujeito
IS Sujeito Sujeito
IMT Não sujeito Sujeito
IMI Não sujeito Sujeito

Nesta matéria, é importante ter em conta o regime jurídico do contrato de locação financeira,
o qual foi consagrado no Decreto-Lei n.º 149/95, de 24 de Junho, sucessivamente actualizado
pelo Decreto-Lei n.º 265/97, de 2 de outubro, Decreto-Lei n.º 285/2001, de 3 de novembro e
pelo Decreto-Lei n.º 30/2008, de 25 de Fevereiro2.

2
Vide também Rectificação n.º 17-B/97, de 31/10.

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De facto, em termos fiscais, este contrato tem subjacente um princípio de neutralidade fiscal,
ou seja, quem adquire algo através de um contrato de locação financeira não deve,
fiscalmente, ficar mais onerado que aquele que adquire directamente. Obviamente, que este
principio baseia-se no facto, de que a locação financeira é um contrato pelo qual uma das
partes se obriga, mediante retribuição, a ceder à outra o gozo temporário de uma coisa, móvel
ou imóvel, adquirida ou construída por indicação desta, e que o locatário poderá comprar,
decorrido o período acordado, por um preço nele determinado ou determinável mediante
simples aplicação dos critérios nele fixados. Assim, a existência deste princípio ajuda a
entender as soluções encontradas pelo legislador no tratamento das várias operações que
podem ocorrer na vigência do contrato (aquisição, renuncia, cedência de posição, opção de
compra, entre outras).

Em sede de IRC

As operações de locação financeira (leasing) realizadas pelas empresas com as instituições de


crédito pagam juros e comissões. Ora, para a determinação do lucro tributável, são dedutíveis
todos os gastos e perdas incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir
os rendimentos sujeitos a IRC, considerando-se na alínea c) do n.º 2 do Artigo 23.º do CIRC que
os gastos e perdas de natureza financeira, tais como juros de capitais alheios aplicados na
exploração, descontos, ágios, transferências, diferenças de câmbio, gastos com operações de
crédito, cobrança de dívidas e emissão de obrigações e outros títulos, prémios de reembolso e
os resultantes da aplicação do método do juro efetivo aos instrumentos financeiros
valorizados pelo custo amortizado.

No caso das rendas e ou das amortizações, quer no leasing mobiliário, quer no leasing
imobiliário, não são considerados gastos mas sim, as depreciações e amortizações. Em
conclusão, apenas as depreciações/amortizações e os juros é que são tributadas em sede
de IRC como gastos.

Releva-se no entanto, que em função do tipo de bem sobre o qual o contrato de leasing é
estabelecido, os encargos suportado com esse contrato poderão ser ou não dedutíveis. O
caso mais comum, é o referido pela alínea i) do n.º 1 do Artigo 23º-A do CIRC, o qual refere
que não são dedutíveis para efeitos da determinação do lucro tributável, mesmo quando
contabilizados como gastos do período de tributação os encargos com o aluguer sem condutor
de viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, na parte correspondente ao valor das
depreciações dessas viaturas que, nos termos das alíneas c) e e) do n.º 1 do artigo 34.º, não
sejam aceites como gastos.

Em resumo, na óptica do locador os juros incluídos nas rendas, que constituem rendimentos
para este, são tributados em sede de IRC. Na óptica do locatário, os juros incluídos nas rendas,
bem como as amortizações fiscais dos bens adquiridos em locação financeira, são
considerados como gastos para efeitos de IRC.

No caso de cedência da posição contratual, e dado que o locatário transmite, através dum
negócio entre partes, um direito de natureza obrigacional que constitui para si um elemento
do ativo (AFT, AI, Propriedade de investimento e ou ativo biológico). Perante tal, terá que

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apurar mais ou menos-valias contabilística e fiscais, as quais concorrem para a formação do
lucro tributável da empresa.

Em sede de IRS

Nos termos do n.º 1 e do n.º 2 do artigo 5.º do CIRS, o leasing mobiliário e o imobiliário são
considerados rendimentos de capitais – categoria E.

Em sede de IVA

Para analisar o efeito que o imposto sobre o valor acrescentado (IVA), tem num contrato
de locação financeira, teremos de dividir a questão em duas partes:
 Leasing mobiliário – Neste tipo de contrato de locação, o IVA incide sobre as
transmissões de bens e serviços e aplicando-se a taxa conforme o tipo de bem
locado, sendo dedutível, nas condições do CIVA. Assim, e regra geral, o regime de
IVA das operações de locação financeira é o que se aplica às prestações de serviços
nos termos do artigo 4º do CIVA, e a taxa a que seria aplicável no caso de
transmissão dos bens dados em locação, conforme preconiza o n.º 3 do artigo 18º
do CIVA.
 No caso do leasing imobiliário, tratando-se de uma aquisição de um bem imóvel, esta
beneficia da isenção que consta do n.º 29 do Artigo 9.º do CIVA. Existem no entanto,
exceções específicas, como sejam:
 as prestações de serviços de alojamento, efectuadas no âmbito da actividade
hoteleira ou de outras com funções análogas, incluindo parques de campismo;
 a locação de áreas para recolha ou estacionamento colectivo de veículos;
 a locação de máquinas e outros equipamentos de instalação fixa, bem como
qualquer outra locação de bens imóveis de que resulte a transferência onerosa da
exploração de estabelecimento comercial ou industrial;
 a locação de cofres-fortes; e
 a locação de espaços para exposições ou publicidade.

Porém, e no caso do leasing imobiliário, por indicação do locatário, o vendedor e a locadora,


poderão renunciar à isenção do IVA.

Nos casos em que ocorra cedência de posição contratual por parte do locatário, trata-se da
transmissão dum direito de natureza obrigacional, o que e nos termos do n.º 1 do artigo 4.º do
CIVA configura uma prestação de serviços (o que se tributa não é a transmissão de um bem,
mas sim uma prestação de serviços que não consta de qualquer lista anexa ao CIVA), a qual
será tributada em sede de IVA à taxa normal se for efectuada por um sujeito passivo no âmbito
da sua actividade, conforme estipula o n.º 1 do artigo 1.º do CIVA.

Como é óbvio, este IVA resulta dedutível na sua totalidade se o adquirente for um sujeito
passivo. A taxa normal a aplicar incidirá sobre o valor da contraprestação, composta pelo valor
recebido pelo cedente e pelo total das rendas ainda não pagas de que este se desonera.

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Em sede de IS

As componentes do contrato de leasing, nomeadamente os juros, não são objecto de IS, uma
vez que todas as rendas se encontram sujeitas a IVA, uma vez que o contrato de leasing,
enquanto negócio jurídico ou operação, não está sujeito a imposto do selo de acordo com a
verba 17 da Tabela Geral do Imposto do Selo.

Em sede de IMT

O leasing mobiliário não está sujeito a IMT, ao contrário do que acontece com o leasing
imobiliário. Desta forma, podemos delimitar os seguintes casos ao nível da locação financeira
imobiliária:

Contrato locação financeira imobiliária IMT


Celebração do contrato Sujeito
Opção de compra antes do final do contrato Sujeito, podendo
aplicar-se isenção
Opção de compra no final do contrato Sujeito, com
isenção
Opção de não compra Não sujeito
Cedência de posição contratual do locatário Não sujeito
Rescisão Não sujeito
Leaseback Sujeito

Assim, celebração de um contrato de locação financeira imobiliária para a aquisição de um


imóvel está sujeita a IMT nos termos gerais, sendo constituída a base para a liquidação do
imposto pelo preço acordado ou pelo valor patrimonial tributário (VPT) do imóvel, consoante o
que for maior, de acordo com a regra geral prevista no n.º 1 do artigo 12.º do CIMT.

Se a aquisição do imóvel for efetuada antes do final do contrato, está sujeita a IMT, acaba por
ficar isenta nos termos do artigo 3.º do DL n.º 311/82, de 4/08, o qual refere que está isenta
de imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis a transmissão por compra e
venda a favor do locatário, no exercício do direito de opção de compra previsto no regime
jurídico do contrato de locação financeira, da propriedade ou do direito de superfície
constituído sobre o imóvel locado. Desta forma, trata-se duma isenção automática, a qual não
carece de qualquer reconhecimento por parte da Autoridade Tributária. Dever-se-á ter em
atenção a cláusula da opção de compra e se prevê que essa antecipação possa ser realizada
dentro do âmbito previsto no artigo 3.º do DL n.º 311/82, de 4/08.

Quando a opção de compra for efetuada no final do contrato, esta operação está sujeita a IMT,
no entanto, acaba por ficar isenta nos termos do artigo 3.º do DL n.º 311/82, de 4/08, o qual
refere que está isenta de imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis a
transmissão por compra e venda a favor do locatário, no exercício do direito de opção de
compra previsto no regime jurídico do contrato de locação financeira, da propriedade ou do
direito de superfície constituído sobre o imóvel locado. Trata-se duma isenção automática, a

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qual não carece de qualquer reconhecimento por parte da Autoridade Tributária, devendo
apenas ser referida no momento da escritura.

No caso da opção de não compra ou da rescisão do contrato de locação financeira imobiliária,


por parte do locatário, o imóvel continua a ser propriedade da locadora. Por isso, não existe
qualquer transmissão do direito de propriedade, logo também não haverá lugar à tributação
em sede de IMT.

A cedência de posição contratual num contrato de locação financeira imobiliária por parte do
locatário, não está sujeita a IMT, porque ela não implica a transmissão do direito real de
propriedade do cedente para o cessionário, ou seja, a propriedade do imóvel continua na
titularidade da locadora e por lá se mantem após a cedência da posição, até que o cessionário
venha a optar pela aquisição do direito de propriedade do imóvel no momento da opção de
compra.

No que toca ao valor residual, o IMT, e de acordo com o ponto 14, do n.º4, do art.º 12 do CIMT
irá incidir sobre o valor residual, que será determinado de acordo os termos definidos no
contrato de locação. Contudo, ressalvar que na transmissão para o locatário, poderá existir
isenção do imposto, conforme estabelecido pelo Decreto-Lei n.º 311/82 de 4 de agosto.

Por último, à que considerar a questão do leaseback, visto tratar-se de um contrato de locação
financeira com a especial relevância da locadora comprar o bem à entidade que passará a ser a
sua locatária. Esta aquisição, tendo por base este tipo de contrato está sujeita a IMT nos
termos gerais, sendo a base para a liquidação constituída pelo preço acordado ou pelo VPT dos
imóveis, consoante o que for maior, nos termos da regra geral constante no artigo 12.º do
CIMT. Com é obvio, e à semelhança da aquisição, também, o valor deste IMT será repercutido
ao locatário, incluído nas rendas que vierem a ser pagas ao longo da vida útil do contrato
celebrado.

Em sede de IMI

O IMI incide unicamente sobre o leasing imobiliário, sendo que este recai apenas sobre o valor
patrimonial tributário dos prédios rústicos e urbanos situados no território português,
constituindo receita dos municípios onde os mesmos se localizam de acordo com o estipulado
no artigo 1.º do CIMI.

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9. Renting ou Aluguer Operacional de Viaturas (AOV)

9.1. Introdução
O renting ou Aluguer Operacional de Viaturas (AOV) é uma solução de financiamento
automóvel materializado num contrato de aluguer de viaturas com prestação de serviços
associado, por um período e quilometragem pré-determinado, mediante o pagamento de uma
renda. O renting ou AOV afigura-se como uma solução global, sendo mais abrangente
relativamente às demais soluções de financiamento automóvel.

Assim, com a celebração de um contrato desta natureza, o usufrutuário garante o


acompanhamento da viatura ao longo de toda a vigência do contrato, uma vez que nele estão
incluídos serviços de manutenção, assistência, seguro ou outros. O renting ou aluguer
operacional de viaturas é uma solução de financiamento automóvel para particulares e
empresas, decorrente da celebração de um contrato de aluguer de viaturas incluindo um
determinado conjunto de serviços associados, por um período e quilometragem pré-
estabelecidos.

De entre os vários serviços que poderão ser contratados, destaca-se os seguros, a manutenção
e reparação, mudança de pneus, viatura de substituição, pagamento do IUC, entre outros. A
diferença fundamental entre o Leasing ou o Aluguer de Longa Duração (ALD) e o Renting,
consiste no prazo de celebração do contrato (médio-longo prazo versus curto prazo) e nos
riscos associados, sendo que no renting o utilizador não tem que se preocupar com a
desvalorização da viatura.

Fornecedor Contrato de Usufrutuário


aluguer

Equipamento Prestação serviços


associada

Período pré- Manutenção


determinado
Assistência
Utilização pré-
determinada Seguro

No renting o usufrutuário paga apenas uma renda pela utilização do bem durante o período do
contrato, com custos mensais fixos e, por esse motivo, previsíveis. De referir que atualmente
existem disponíveis no mercado soluções de financiamento sob a forma de renting,
direcionadas para outro tipo de equipamentos e bens que não viaturas automóveis, como seja

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renting associado a equipamentos informáticos (hardware e software) e a equipamentos
administrativos (mobiliário de escritório, etc.).

Mobiliário
Veículo Software Hardware
escritório

Regra geral o Renting é contratado por prazos entre 12 e 48 meses e para quilometragens até
180.000 Km nas viaturas a gasolina e 200.000 Km para as viaturas a gasóleo.

9.2. Normativo contabilístico aplicável


O atual normativo contabilístico vigente em Portugal, o Sistema de Normalização Contabilística
(SNC), foi publicado através do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho, revogando o anterior
Plano Oficial de Contabilidade (POC), as Diretrizes Contabilísticas e demais legislação conexa
em vigor até então.

O SNC é constituído por elementos fundamentais, dentre os quais destacam-se as 28 Normas


Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF), que constituem uma adaptação das normas
internacionais de contabilidade (IAS) e as normas internacionais de relato financeiros (IFRS), e
garantem os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação das mesmas.

Os contratos de renting são regidos pela NCRF 9 – Locações, cujo objetivo é estipular as
políticas contabilísticas e divulgações associadas às locações financeiras e locações
operacionais.

Do ponto de vista contabilístico, a destrinça entre o renting e o Leasing ou o ALD, encontra-se


definida na Norma Contabilística e de Relato Financeiro (NCRF) 9 – Locações, a qual considera
que uma Locação operacional: é uma locação que não seja uma locação financeira. Logo, o
enquadramento das locações operacionais é feito a contrário senso, ou seja, é necessário
verificar se a locação não é financeira para que possa ser classificada como locação
operacional, independentemente daquilo que as partes tenham convencionado com contrato.

Assim, as locações são classificadas como financeiras ou operacionais, tendo em conta a


extensão em que os riscos e vantagens inerentes à posse do bem objecto de locação são
transferidos para o locatário. Numa locação financeira os riscos e vantagens associadas ao bem
são transferidos para a esfera do locatário. Ao invés, estamos perante uma operação de
locação operacional – parágrafos 7 a 19.

O parágrafo 10 da NCRF 9, determina que a classificação de uma locação como financeira ou


operacional depende da substância da transação e não da forma do contrato, elencando 5

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exemplos de situações que podem normalmente conduzir a que uma locação seja classificada
como uma locação financeira, como segue:
a) A locação transfere a propriedade do ativo para o locatário no fim do prazo da locação;
b) O locatário tem a opção de comprar o ativo por um preço que se espera que seja
suficientemente mais baixo do que o justo valor à data em que a opção se torne
exercível tal que, no início da locação, seja razoavelmente certo que a opção será
exercida;
c) O prazo da locação abrange a maior parte da vida económica do ativo ainda que o
título de propriedade não seja transferido;
d) No início da locação o valor presente dos pagamentos mínimos da locação ascende a
pelo menos, substancialmente, todo o justo valor do ativo locado; e
e) Os ativos locados são de uma tal natureza especializada que apenas o locatário os
pode usar sem que sejam feitas grandes modificações.

Para além dos exemplos supra, o paragrafo 11 da mesma NCRF, apresenta 3 indicadores de
situações que individualmente ou em combinação podem também conduzir a que uma
locação seja classificada como financeira, como segue:
a) Se o locatário puder cancelar a locação, as perdas do locador associadas ao
cancelamento são suportadas pelo locatário;
b) Os ganhos ou as perdas da flutuação no justo valor do residual serem do locatário (por
exemplo sob a forma de um abatimento na renda que iguale a maior parte dos
proventos das vendas no fim da locação); e
c) O locatário tem a capacidade de continuar a locação por um segundo período com
uma renda que seja substancialmente inferior à renda do mercado.

Os exemplos e indicadores enunciados nos parágrafos 10 e 11 da NCRF 9 nem sempre são


conclusivos. Se for claro com base noutras características que a locação não transfere
substancialmente todos os riscos e vantagens inerentes à posse, a locação é classificada como
locação operacional. Por exemplo, pode ser o caso se a propriedade do ativo se transferir no
final da locação mediante um pagamento variável igual ao seu justo valor no momento, ou se
existirem rendas contingentes, como resultado das quais o locatário não tem
substancialmente todos os riscos e vantagens.

Uma vez que se verifique que a locação não é considerada financeira, então ela deve ser
classificada como locação operacional, como é o caso do Renting ou aluguer operacional de
viaturas, a ser reconhecida pelo locatário na conta 6261 – Rendas e alugueres.

Numa locação operacional o locatário não reconhece um ativo, continuando, portanto, o


locador a reconhecer o ativo e a depreciá-lo. Os pagamentos relativos a uma locação
operacional são normalmente reconhecidos, na esfera do locatário como um gasto, numa base
linear durante o prazo da locação (parágrafo 30).

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Pelo registo da renda:

2211 - Fornecedores 6261 - Rendas e


gerais alugueres

€ €

2432321 - IVA
dedutível - OBS - Taxa
normal

Pelo pagamento da renda:

12 - Depósitos à 2211 - Fornecedores


Ordem gerais

€ €

Exemplo:

A sociedade Só Vende celebrou um contrato de renting com uma empresa do setor automóvel
para uma viatura ligeira de mercadorias pickup pelo prazo de 4 anos. A renda mensal é de
1.500€ e inclui o custo do aluguer, seguro, manutenção e reparações.

Débito Crédito Valor Observações


6261 - Rendas e 2211 - Fornecedores
1.500 € Aluguer de viatura
alugueres gerais

2432321 - IVA dedutível 2211 - Fornecedores


345 € IVA à taxa legal 23%
OBS à taxa normal gerais

2211 - Fornecedores
12 - Depósitos à ordem 1.845 € Pagamento da renda
gerais

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9.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Renting
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRS

Para os sujeitos passivos de IRS com contabilidade organizada aplicam-se as mesmas


limitações para a dedutibilidade dos gastos com viaturas ligeiras de passageiros aplicáveis aos
sujeitos passivos de IRC.

No que respeita às tributações autónomas, estas encontram-se previstas no artigo 73.º do


CIRS, como segue:
 São tributados autonomamente os seguintes encargos, suportados por sujeitos
passivos que possuam ou devam possuir contabilidade organizada no âmbito do
exercício de atividades empresariais ou profissionais, excluindo os veículos movidos
exclusivamente a energia elétrica:
a) Os encargos dedutíveis relativos a despesas de representação e a viaturas ligeiras
de passageiros ou mistas cujo custo de aquisição seja inferior a 20.000 €, motos e
motociclos, à taxa de 10 %;
b) Os encargos dedutíveis relativos a automóveis ligeiros de passageiros ou mistos,
cujo custo de aquisição seja igual ou superior a 20.000 €, à taxa de 20 %.
 No caso de viaturas ligeiras de passageiros ou mistas híbridas plug-in, as taxas
referidas nas alíneas a) e b) do n.º 2 são, respetivamente, de 5 % e 10 %.
 No caso de viaturas ligeiras ou mistas de passageiros movidas a gases de petróleo
liquefeito (GPL) ou gás natural veicular (GNV), as taxas referidas nas alíneas a) e b) do
n.º 2 são, respetivamente, de 7,5 % e 15 %.

Excluem-se do disposto anteriormente os encargos relacionados com viaturas ligeiras de


passageiros ou mistas, motos e motociclos, afetos à exploração do serviço público de
transportes, destinados a serem alugados no exercício da atividade normal do sujeito passivo,
bem como as reintegrações relacionadas com as viaturas relativamente às quais tenha sido
celebrado o acordo previsto no n.º 9) da alínea b) do n.º 3 do artigo 2.º.

Consideram-se encargos relacionados com viaturas ligeiras de passageiros, motos e


motociclos, nomeadamente, as reintegrações, rendas ou alugueres, seguros, despesas com
manutenção e conservação, combustíveis e impostos incidentes sobre a sua posse ou
utilização.

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Em sede de IRC

Artigo 88.º do CIRC - Taxas de tributação autónoma em 2015

Viaturas ligeiras de passageiros, viaturas ligeiras de mercadorias referidas na alínea b) do n.º 1


do artigo 7.º do Código do Imposto sobre Veículos, motos ou motociclos, excluindo os veículos
movidos exclusivamente a energia eléctrica (Redação conjugada pela Lei n.º 82-C/2014 e Lei
n.º 82-D/2014, ambas de 31 de dezembro)

Custo de aquisição da
Caraterísticas da viatura Taxas (TA)
viatura
Viaturas convencionais 10,0 %
Custo de aquisição inferior
Viaturas ligeiras de passageiros hibridas plug-in 5,0 %
a 25.000 €
Viaturas ligeiras de passageiros movidas a GPL ou GNV 7,5 %
Custo de aquisição igual ou Viaturas convencionais 27,5 %
superior a 25.000 € e Viaturas ligeiras de passageiros hibridas plug-in 10,0 %
inferior a 35.000 € Viaturas ligeiras de passageiros movidas a GPL ou GNV 15,0 %
Viaturas convencionais 35,0 %
Custo de aquisição igual ou
Viaturas ligeiras de passageiros hibridas plug-in 17,5 %
superior a 35.000 €
Viaturas ligeiras de passageiros movidas a GPL ou GNV 27,5 %
As taxas de tributação autónoma são agravadas em 10 pontos percentuais para os sujeitos passivos que
apresentem prejuízo fiscal no exercício.

 GPL - Gases de petróleo liquefeito


 GNV - Gás natural veicular
 Viaturas plug-in - Viaturas híbridas cuja bateria utilizada para alimentar o motor elétrico
pode ser carregada por meio de uma tomada convencional
 Modelos ligeiros de mercadorias abrangidos pela Tabela A do ISV - Peso bruto até
3500Kg, lotação não superior a 9 lugares, incluindo o condutor, destinados ao transporte
alternado, ou simultâneo, de pessoas e carga

Consideram-se encargos relacionados com viaturas ligeiras de passageiros, motos e


motociclos, nomeadamente, depreciações, rendas ou alugueres, seguros, manutenção e
conservação, combustíveis e impostos incidentes sobre a sua posse ou utilização.

No caso do Renting ou aluguer operacional, poderá existir a dificuldade de determinação do


valor de mercado da viatura na data da celebração do contrato de Renting ou aluguer
operacional, para efeitos de aplicação da taxa de tributação autónoma, sendo que a
Autoridade Tributária (AT) poderá ter sempre acesso a essa informação.

Releva-se ainda que nos termos da alínea i) do artigo 23.º-A do CIRC, não são dedutíveis para
efeitos da determinação do lucro tributável, os encargos com o aluguer sem condutor de
viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, na parte correspondente ao valor das depreciações
dessas viaturas que, nos termos das alíneas c) e e) do n.º 1 do artigo 34.º, não sejam aceites
como gastos, conforme tabela seguinte:

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Até
Caraterísticas da viatura 31-12- 2010 2011 2012 2013 2014 2015
2009
Viaturas ligeiras de 40.000,00 30.000,00 25.000,00 25.000,00 25.000,00 25.000,00
29.927,87 €
passageiros ou mistas € € € € € €
Veículos movidos
45.000,00 50.000,00 50.000,00 50.000,00 62.500,00
exclusivamente a energia --- ---
€ € € € €
eléctrica
Veículos híbridos plug-in --- --- --- --- --- ---
50.000,00

Veículos híbridos movidos 37.500,00
--- --- --- --- --- ---
a GPL ou GNV €

Em sede de IVA

Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 21.º do Código do IVA, exclui-se o direito à dedução
nas despesas relativas à aquisição, fabrico ou importação, à locação, à utilização, à
transformação e reparação de viaturas de turismo, de barcos de recreio, helicópteros, aviões,
motos e motociclos. É considerado viatura de turismo qualquer veículo automóvel, com
inclusão do reboque, que, pelo seu tipo de construção e equipamento, não seja destinado
unicamente ao transporte de mercadorias ou a uma utilização com carácter agrícola, comercial
ou industrial ou que, sendo misto ou de transporte de passageiros, não tenha mais de nove
lugares, com inclusão do condutor.

Esta exclusão do direito à dedução nas viaturas de turismo é aplicável aos locatários das
viaturas utilizadas em regime de Renting ou aluguer operacional. Contudo, por parte das
empresas locadoras, é possível deduzir o IVA destas viaturas que integram o seu ativo fixo
tangível, conforme previsto na alínea a) do n.º 2 do artigo 21.º do CIVA.

Relativamente à dedução do IVA nas viaturas de mercadorias, a Autoridade Tributária emitiu o


Ofício Circulado N.º 30152, de 16 de outubro de 2013, onde esclareceu o seguinte:
 Para efeitos da exclusão do direito à dedução prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 21.º
do CIVA, é considerada viatura de turismo, por não se destinar unicamente ao transporte
de mercadorias, qualquer viatura ligeira que possua mais de três lugares, com inclusão do
condutor.
 Assim, não confere direito à dedução o imposto contido nas despesas relativas à aquisição,
fabrico ou importação, à locação, à utilização, à transformação e reparação de viaturas
ligeiras que possuam mais de três lugares, com inclusão do condutor, ainda que o “tipo de
veículo” inscrito no certificado de matrícula seja “mercadorias”.
 Para que seja possível deduzir o IVA nestes casos, não é suficiente que os bens sejam
utilizados para a realização de operações tributáveis. Ainda que estes bens sejam
utilizados e indispensáveis para a actividade do sujeito passivo, o direito à dedução apenas
pode ser exercido nas situações em que o objeto da atividade é a venda ou exploração
desses bens, como por exemplo, a venda e/ou locação de automóveis, o ensino da
condução ou a exploração de táxis.

A Lei n.º 82-D/2014, de 31 de dezembro (Reforma da fiscalidade ambiental), com entrada em


vigor a partir de 1 de janeiro de 2015, veio permitir o direito à dedução do IVA nas despesas
relativas à aquisição, fabrico ou importação, à locação e à transformação em viaturas eléctricas

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ou híbridas plug-in, de viaturas ligeiras de passageiros ou mistas elétricas ou híbridas plug-in,
quando consideradas viaturas de turismo, cujo custo de aquisição não exceda o definido na
portaria a que se refere a alínea e) do n.º 1 do artigo 34.º do Código do IRC. Para as viaturas
ligeiras de passageiros ou mistas adquiridas nos períodos de tributação que se iniciem em 1 de
janeiro de 2015 ou após essa data, os montantes são:
a) 62.500 € relativamente a veículos movidos exclusivamente a energia elétrica;
b) 50.000 € relativamente a veículos híbridos plug-in.

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10. Papel Comercial
10.1. Introdução
O papel comercial é um título de valor mobiliário transmissível, representativo de dívida e
emitido por empresas ou entidades públicas, que funciona como fonte de financiamento a
curto prazo, sendo os prazos mais habituais, 1, 3 e 6 meses. Os títulos são emitidos às taxas
resultantes das propostas aceites em cada colocação.

O Decreto-Lei n.º 29/2014, de 25 de fevereiro, procedeu à segunda alteração ao Decreto-Lei


n.º 69/2004, de 25 de março, que regula a disciplina aplicável aos valores mobiliários de
natureza monetária designados por papel comercial.

Taxas aceites
em cada
Fonte colocação
financiamento
Emitido por curto prazo
empresas ou
Representativo entidades
da dívida públicas
Transmissível

Título valor 1, 3 e 6 meses


mobiliário

Têm capacidade para emitir papel comercial as sociedades comerciais ou civis sob a forma
comercial, as cooperativas, as empresas públicas e as demais pessoas coletivas de direito
público ou privado.

A colocação pode ser direta em função do rating da empresa emissora, ou por leilão, mas
sempre junto de instituições financeiras previamente selecionadas para a materialização e
concretização da operação.

Relativamente à emissão deste tipo de títulos, as entidades emitentes devem cumprir com um
dos seguintes requisitos:
 Evidenciar no último balanço aprovado e sujeito a certificação legal de contas ou a
auditoria efetuada por revisor oficial de contas, capitais próprios ou património
líquido não inferior a 5 milhões de euros;
 Apresentar notação de risco da emissão do programa de emissão dos títulos
conforme previsto na competente legislação, notação que deverá ser apresentada
entidade habilitada para o efeito e registada na Comissão de Mercados de Valores
Mobiliários (CMVM);
 Obter, a favor dos detentores, garantia autónoma à primeira interpelação que
assegure o cumprimento das obrigações de pagamento decorrentes da emissão ou
do programa de emissão.

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A exigência dos requisitos acima descritos não se aplica ao papel comercial cujo valor nominal
unitário seja igual ou superior a 50.000 euros. As entidades emitentes ficam ainda obrigadas a
elaborar uma nota informativa que tem por objeto o programa de emissão, contendo
informação sobre a sua situação patrimonial, económica e financeira, assim como outros
elementos legalmente exigidos.

Programa de emissão

Informação patrimonial
Entidade emitente

Nota
Informação financeira
informativa

Informação económica

Requisitos legais

As entidades emitentes de papel comercial, com exceção das instituições de crédito,


sociedades financeiras, empresas de seguros e sociedades gestoras de fundos de pensões, não
podem obter, com a emissão deste tipo de valor mobiliário, recursos financeiros superiores ao
triplo dos seus capitais próprios.

O Papel Comercial é representado por títulos nominativos, que devem estar domiciliados num
banco ou em qualquer outra instituição financeira que preste serviço de guarda de títulos,
podendo ser transmitidos por endosso e amortizados pela entidade emitente na data do
vencimento.

Compete à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) elaborar os regulamentos


necessários à concretização das emissões de papel comercial, nomeadamente definir:

a) Os rácios de autonomia financeira adequados que as entidades emitentes de papel


comercial devem apresentar;
b) A instrução do pedido de aprovação de nota informativa;
c) A forma de liquidação dos juros relativos à emissão de papel comercial;
d) As condições de rateio;
e) A caducidade da aprovação da nota informativa;
f) O relatório a publicar semestralmente pelo intermediário financeiro ou o patrocinador
da emissão, consoante aplicável, do papel comercial emitido e não admitido à
negociação em mercado regulamentado;
g) Os termos em que deve ser divulgada a oferta pública de papel comercial e locais de
prestação ao público de informação relevante.

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10.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC) foi publicado através do Decreto-Lei n.º
158/2009, de 13 de Julho, sendo o seu núcleo central as Normas Contabilísticas e de Relato
Financeiro (NCRF), que constituem uma adaptação das normas internacionais de contabilidade
(IAS) e as normas internacionais de relato financeiros (IFRS), as quais garantem os critérios de
reconhecimento, mensuração e divulgação das mesmas.

A NCRF que regula a emissão de papel comercial é a NCRF 27 - Instrumentos Financeiros, cujo
objetivo é prescrever o tratamento contabilístico dos instrumentos financeiros,
designadamente passivos financeiros.

Os títulos de dívida representativos de papel comercial são enquadrados como um passivo


financeiro, na medida em que este constitua uma obrigação contratual de entregar dinheiro
ou outro ativo financeiro a uma outra entidade, nos termos do ponto i), da alínea a), do
parágrafo 5, da NCRF 27. Os passivos financeiros apenas são reconhecidos quando a
entidade se torne uma parte das disposições contratuais do instrumento (parágrafo 6). Neste
caso, os passivos financeiros devem ser mensurados ao custo ou ao custo amortizado menos
perdas de imparidade (parágrafo 12 e 14), uma vez que não são negociados publicamente e
cujo justo valor não é obtido de forma fiável.

Pela obtenção do financiamento:

2522 - Empréstimos 12 - Depósitos à


por papel comercial Ordem

€ €

Pelo pagamento dos juros suportados com o financiamento em papel comercial:

6911 - Juros de
12 - Depósitos à
financiamentos
Ordem
obtidos

€ €

Pelo reembolso do empréstimo:

12 - Depósitos à 2522 - Empréstimos


Ordem por papel comercial

€ €

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Exemplo:

A sociedade TantoCash diante de um défice de tesouraria para concretizar um investimento no


prazo de 60 dias, no valor de 150.000€, decidiu emitir 3.000 títulos de crédito de curto prazo,
designados papel comercial, no montante de 50€ cada, com vista a obter o financiamento de
curto prazo necessário para o efeito. Este montante será reembolsado aos investidores no
prazo de 6 meses mediante o pagamento de juros à taxa de 8%.

Débito Crédito Valor Observações

2522 - Empréstimos Financiamento - Papel


12 - Depósitos à ordem 150.000 €
por papel comercial comercial
6911 - Juros de
financiamentos 12 - Depósitos à ordem 12.000 € Juros
obtidos
2522 - Empréstimos
12 - Depósitos à ordem 150.000 € Reembolso
por papel comercial

10.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Papel comercial
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

O enquadramento fiscal do papel comercial encontra-se previsto Regime Especial de


Tributação dos Rendimentos de Valores Mobiliários, publicado pelo Decreto-Lei n.º 193/2005,
de 7 de novembro e alterado pela Lei n.º 83/2013, de 9 de dezembro.

Em sede de IRS

Tributação sobre os juros auferidos por Pessoas Singulares Residentes

Rendimentos sujeitos a tributação, na data do seu vencimento, sendo o imposto retido na


fonte a título definitivo, à taxa liberatória de 28 %. A retenção na fonte libera a obrigação de

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declaração de imposto, salvo se o titular optar pelo englobamento (caso estes rendimentos
não sejam obtidos no âmbito do exercício de actividades empresariais e profissionais),
situação em que a taxa de imposto pode variar entre 14,5 % e 48 %, sem prejuízo das exceções
previstas por lei, tendo a retenção na fonte natureza de pagamento por conta do imposto
devido em termos finais.

No caso da opção pelo englobamento é ainda aplicável uma sobretaxa extraordinária de 3,5 %,
e pode incidir também uma taxa adicional de solidariedade aplicável ao rendimento coletável
obtido em 2015 que exceda 80.000,00 €, incidindo uma taxa de 2,5 % ao rendimento coletável
de mais de 80.000,00 € até 250.000,00 € e uma taxa de 5 % ao rendimento coletável superior a
250.000,00 €.

Estes rendimentos ficam sujeitos a retenção na fonte a título definitivo à taxa liberatória de 35
% sempre que sejam pagos ou colocados à disposição em contas abertas em nome de um ou
mais titulares mas por conta de terceiros não identificados, exceto quando seja identificado o
beneficiário efetivo, termos em que se aplicam as regras gerais.

Tributação sobre as Mais-valias auferidos por Pessoas Singulares Residentes

Nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 10º do Código do IRS, constituem mais-valias os
ganhos obtidos que, não sendo considerados rendimentos empresariais e profissionais, de
capitais ou prediais, resultem da alienação onerosa de partes sociais e de outros valores
mobiliários. O saldo positivo entre as mais-valias e as menos-valias é tributado à taxa de 28 %,
conforme previsto no artigo 72.º do CIRS, salvo se o titular optar pelo englobamento (caso
estes rendimentos não sejam obtidos no âmbito do exercício de actividades empresariais e
profissionais).

Tributação das transmissões gratuitas em sede de IRS

Nos termos do n.º 6 do artigo 12.º do Código do IRS, este imposto não incide sobre os
incrementos patrimoniais provenientes de transmissões gratuitas sujeitas a Imposto do Selo,
nem sobre os que se encontrem expressamente previstos em norma de delimitação negativa
de incidência deste imposto.

Tributação sobre os juros auferidos por Pessoas Singulares Não Residentes

Se a emissão de papel comercial for enquadrável no Regime Especial de Tributação dos


Rendimentos de Valores Mobiliários Representativos de Dívida, e se a sua emissão se
concretizar após 31/12/2013, os rendimentos obtidos beneficiam de isenção de IRS, desde que
o seu beneficiário efetivo disponha de prova idónea de que:

a) reside em país, território ou jurisdição com o qual esteja em vigor convenção para evitar a
dupla tributação internacional ou acordo que preveja a troca de informações em matéria
fiscal;
b) não tenha em território português residência, sede, direção efetiva nem estabelecimento
estável ao qual os rendimentos possam ser imputáveis, conquanto não seja residente em
país, território ou região com um regime de tributação claramente mais favorável,

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constante da lista aprovada por portaria pelo membro do governo responsável pela área
das finanças.

O regime de isenção aplica-se ainda às emissões de papel comercial anteriores a 31/12/2013,


desde que enquadráveis no Regime Especial de Tributação dos Rendimentos de Valores
Mobiliários Representativos de Dívida, mas apenas quanto aos rendimentos obtidos após a
data do primeiro vencimento que ocorra depois do dia 31/12/2013. Na ausência de prova ou
se o papel comercial não se enquadrar no citado Regime Especial de Tributação há lugar a
incidência de IRS, mediante retenção na fonte a título definitivo à taxa de 28 %, excetuando-se
os casos em que haja aplicação de Acordos de Dupla Tributação que prevejam taxas mais
reduzidas e sejam cumpridas determinadas formalidades.

Estão sujeitos a retenção na fonte a título definitivo, à taxa liberatória de 35 %, os rendimentos


de capitais obtidos por pessoas singulares não residentes sem estabelecimento estável em
território português, que sejam domiciliadas em país, território ou região sujeitas a um regime
fiscal claramente mais favorável, constante de lista aprovada por portaria do Ministro das
Finanças.

Tais rendimentos ficam sujeitos a retenção na fonte a título definitivo à taxa liberatória de 35%
sempre que sejam pagos ou colocados à disposição em contas abertas em nome de um ou
mais titulares mas por conta de terceiros não identificados, exceto quando seja identificado o
beneficiário efetivo, termos em que se aplicam as regras gerais.

Tributação sobre as Mais-valias auferidas por Pessoas Singulares Não Residentes

As mais-valias obtidas por pessoas singulares não residentes estão isentas de IRS, nos termos
do artigo 27.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais, desde que não sejam residentes em país,
território ou região, sujeitas a um regime fiscal claramente mais favorável, constante de lista
constante na Portaria n.º 292/2011, de 8 de novembro. Não sendo aplicável a referida isenção
ou, se for esse o caso, a prevista no Regime Especial de Tributação dos Rendimentos de
Valores Mobiliários Representativos de Dívida, aplica-se o regime geral.

Em sede de IRC

Tributação sobre os juros auferidos por Pessoas Coletivas Residentes

Rendimentos sujeitos a tributação em sede de IRC por retenção na fonte à taxa de 25 %, a qual
assume a natureza de pagamento por conta do imposto devido em termos finais. Os
rendimentos concorrem para a formação do lucro tributável do sujeito passivo (investidor de
papel comercial), o qual no ano de 2015 é tributado à taxa de IRC de 21 %, eventualmente
acrescido de derrama municipal cuja taxa máxima é de 1,5 %, podendo ainda incidir derrama
estadual caso o lucro tributável seja superior a 1.500.000,00 €.

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Estes rendimentos estão sujeitos a retenção na fonte a título definitivo à taxa liberatória de 35
% sempre que sejam pagos ou colocados à disposição em contas abertas em nome de um ou
mais titulares mas por conta de terceiros não identificados, exceto quando seja identificado o
beneficiário efetivo, termos em que se aplicam as regras gerais.

Do lado da entidade emitente do papel comercial, os juros pagos são considerados gastos ou
perdas do exercício a que respeitam, nos termos previstos no artigo 23.º do Código do IRC.

Relativamente aos Fundos de investimento mobiliário e imobiliário que se constituam e


operem de acordo com a legislação nacional, os juros do papel comercial ficam sujeitos a
tributação, à data do seu vencimento, sendo o imposto retido na fonte a título definitivo, à
taxa de 28 %.

Por sua vez, os Fundos de pensões e fundos de capital de risco que se constituam e operem de
acordo com a legislação nacional, estão isentos de IRC relativamente aos rendimentos dos
fundos de pensões e equiparáveis que se constituam e operem de acordo com a legislação
nacional (n.º 1 do artigo 16º do Estatuto dos Benefícios Fiscais). Estão também isentos de IRC
os rendimentos de capitais obtidos por fundos de capital de risco que se constituam e operem
de acordo com a legislação nacional (n.º 1 do artigo 23.º do EBF).

Tributação sobre as Mais-valias auferidas por Pessoas Coletivas Residentes

As mais-valias concorrem para a determinação do lucro tributável em sede de IRC e são


tributadas nos termos gerais.

Relativamente aos Fundos de investimento mobiliário e imobiliário que se constituam e


operem de acordo com a legislação nacional, o saldo positivo entre as mais-valias e as menos-
valias resultantes da alienação de títulos de dívida é tributado á taxa de 25%.

No que respeita aos fundos de pensões e fundos de capital de risco que se constituam e
operem de acordo com a legislação nacional, estão isentos de tributação nos termos do
respetivo regime fiscal aplicável.

Tributação das transmissões gratuitas auferidas por Pessoas Coletivas Residentes

As transmissões gratuitas a favor de pessoas coletivas residentes em território português


concorrem para efeitos de determinação da matéria coletável sujeita a IRC, a qual no ano de
2015 é objeto de tributação à taxa de 21 %.

Tributação sobre os juros auferidos por Pessoas Coletivas Não Residentes

Tratando-se de papel comercial enquadrável no Regime Especial de Tributação dos


Rendimentos de Valores Mobiliários Representativos de Dívida, se a sua emissão se concretizar

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após 31/12/2013, aplica-se o regime já descrito para as pessoas singulares não residentes, com
a especificidade de que a isenção de IRC é extensiva a Bancos centrais e agências de natureza
governamental, bem como a organizações internacionais reconhecidas pelo Estado português.

O mesmo regime de isenção aplica-se às emissões de papel comercial anteriores a


31/12/2013, desde que enquadráveis no Regime Especial de Tributação dos Rendimentos de
Valores Mobiliários Representativos de Dívida, mas apenas quanto aos rendimentos obtidos
após a data do primeiro vencimento que ocorra depois do dia 31/12/2013.

Na ausência de prova idónea quanto ao estatuto do beneficiário dos rendimentos ou se o


papel comercial não se enquadrar no citado Regime Especial de Tributação, há lugar a
incidência de IRC, mediante retenção na fonte de imposto a título definitivo à taxa de 25 %,
excetuando-se os casos em que haja aplicação de Acordos de Dupla Tributação ou de um outro
acordo de direito internacional que vincule o Estado Português ou de legislação interna, que
prevejam taxas mais reduzidas e sejam cumpridas determinadas formalidades. No caso de não
residentes com estabelecimento estável em Portugal ao qual o rendimento seja afeto, a
tributação é efetuada nos moldes supra referidos para as pessoas coletivas residentes.

Estão sujeitos a retenção na fonte a título definitivo, à taxa liberatória de 35 %, os rendimentos


de capitais obtidos por entidades não residentes sem estabelecimento estável em território
português, que sejam domiciliadas em país, território ou região sujeitas a um regime fiscal
claramente mais favorável, constante de lista aprovada por portaria do Ministro das Finanças.
Os referidos rendimentos ficam sujeitos a retenção na fonte a título definitivo à taxa
liberatória de 35 % sempre que sejam pagos ou colocados à disposição em contas abertas em
nome de um ou mais titulares mas por conta de terceiros não identificados, exceto quando
seja identificado o beneficiário efetivo, termos em que se aplicam as regras gerais.

Tributação sobre as Mais-valias auferidas por Pessoas Coletivas Não Residentes

As mais-valias obtidas por pessoas coletivas que não tenham domicílio em território português
e aí não possuam estabelecimento estável ao qual as mesmas sejam imputáveis estão, em
regra, isentas de IRC, por força do disposto no artigo 27.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais ou
da eventual aplicação de Acordos para evitar a Dupla Tributação Internacional, a que acresce,
quando for esse o caso, a isenção atualmente prevista no Regime Especial de Tributação dos
Rendimentos de Valores Mobiliários Representativos de Dívida. Para pessoas coletivas não
isentas, aplica-se o regime geral.

Tributação das transmissões gratuitas a favor de Pessoas Coletivas Não Residentes

As transmissões gratuitas a favor de pessoas coletivas não residentes em Portugal estão


sujeitas a IRC à taxa de 25 %, sendo que, nos termos das CDT em vigor poderão existir
exceções.

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Em sede de IS

Isenção na emissão do papel comercial e pagamento dos juros

O financiamento obtido através da emissão de papel comercial e os juros suportados pela


entidade emitente (juros pagos aos investidores no papel comercial), não se encontram
sujeitos a Imposto do Selo, ao contrário do que acontece com os financiamentos bancários.

Tributação das transmissões gratuitas auferidas por Pessoas Singulares Residentes

As transmissões gratuitas de títulos representativos de papel comercial estão sujeitas a


Imposto do Selo à taxa de 10%, a qual incide sobre o valor da cotação destes títulos na data de
transmissão e, não a havendo nesta data, o da última mais próxima dentro dos seis meses
anteriores ou, na falta de cotação oficial, pelo valor indicado pela Comissão do Mercado de
Valores Mobiliários, determinado pela aplicação da seguinte fórmula:
𝑁+𝐽
𝑉𝑡 = 𝑟𝑡
1+
1200
em que:
Vt - representa o valor do título à data da transmissão;

N - é o valor nominal do título;

J - representa o somatório dos juros calculados desde o último vencimento anterior à transmissão até à data da
amortização do capital, devendo o valor apurado ser reduzido a metade quando os títulos estiverem sujeitos a mais
de uma amortização;

r - é a taxa de desconto implícita no movimento do valor das obrigações e outros títulos, cotados na bolsa, a qual é
fixada anualmente por portaria do Ministro das Finanças, sob proposta da Direção-Geral dos Impostos, após
audição da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários;

t - é o tempo que decorre entre a data da transmissão e a da amortização, expresso em meses e arredondado por
excesso, devendo o número apurado ser reduzido a metade quando os títulos estiverem sujeitos a mais de uma
amortização.

É aplicável uma isenção no caso das transmissões, inter vivos ou mortis causa, a favor do
cônjuge ou unido de facto, descendentes e ascendentes.

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Tributação das transmissões gratuitas auferidas por Pessoas Singulares Não Residentes

As transmissões gratuitas a favor de pessoas singulares sem domicílio em território português


não são sujeitas a Imposto do Selo.

Tributação das transmissões gratuitas auferidas por Pessoas Coletivas

Não são sujeitas a Imposto do Selo as transmissões gratuitas a favor de sujeitos passivos de
IRC, ainda que dele isentos, na medida em que são tributadas em sede de IRC.

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11. Suprimentos

11.1. Introdução
Os suprimentos são empréstimos dos sócios à sociedade, podendo ser considerados como
uma fonte de financiamento das mesmas. Os suprimentos são regulados pelo Código das
Sociedades Comerciais (CSC), e revestem-se das seguintes caraterísticas:
 Montante em dinheiro ou algo fungível;
 Obrigatoriedade de restituição por parte da sociedade;
 Diferimento do vencimento do crédito, desde que o prazo de reembolso seja
superior a um ano, ou seja, tenha carácter de permanência.

O contrato de suprimentos pode ou não prever a aplicação de juros e não existe


obrigatoriedade do mesmo constar do contrato societário.

Código
Sócios Empréstimo Sociedade Sociedades
Comerciais

A origem dos suprimentos provém não só das entradas em dinheiro ou coisa fungível, da não
exigência do pagamento de créditos sobre a sociedade, como também do não levantamento
de resultados distribuídos. Neste caso, os prazos de permanência iniciam-se a partir da data da
assembleia que deliberou a distribuição de resultados.

Se existirem juros, a empresa deve proceder à retenção na fonte de uma parte do valor a título
de IRC ou IRS.

Contrato de suprimento

Nos termos do artigo 243.º do Código das Sociedades Comerciais (CSC), considera-se contrato
de suprimento o contrato pelo qual o sócio empresta à sociedade dinheiro ou outra coisa
fungível, ficando aquela obrigada a restituir outro tanto do mesmo género e qualidade, ou
pelo qual o sócio convenciona com a sociedade o diferimento do vencimento de créditos seus
sobre ela, desde que, em qualquer dos casos, o crédito fique tendo carácter de permanência.
Constitui índice do carácter de permanência a estipulação de um prazo de reembolso superior
a um ano, quer tal estipulação seja contemporânea da constituição do crédito quer seja
posterior a esta. No caso de diferimento do vencimento de um crédito, computa-se nesse
prazo o tempo decorrido desde a constituição do crédito até ao negócio de diferimento. Não
depende de forma especial a validade do contrato de suprimento ou de negócio sobre
adiantamento de fundos pelo sócio à sociedade ou de convenção de diferimento de créditos
de sócios.

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Por sua vez, o artigo 245.º do CSC estipula que decretada a falência ou dissolvida por qualquer
causa a sociedade:

a) Os suprimentos só podem ser reembolsados aos seus credores depois de inteiramente


satisfeitas as dívidas daquela para com terceiros;
b) Não é admissível compensação de créditos da sociedade com créditos de suprimentos.

11.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC) publicado através do Decreto-Lei n.º
158/2009, de 13 de Julho, é o atual normativo contabilístico vigente em Portugal. O núcleo
central deste normativo é a adaptação das normas internacionais de contabilidade (IAS) e as
normas internacionais de relato financeiros (IFRS), que se traduz em 28 Normas Contabilísticas
e de Relato Financeiro (NCRF), que garantem os critérios de reconhecimento, mensuração e
divulgação dos factos contabilísticos.

Esta operação de financiamento - os suprimentos, é regulada pela NCRF 27 - Instrumentos


Financeiros, cujo objetivo é definir o tratamento contabilístico dos instrumentos financeiros,
designadamente passivos financeiros.

Os empréstimos de sócios à sociedade, também designados de suprimentos, são passivos


financeiros na medida em que representam uma obrigação contratual de entregar dinheiro ou
outro ativo financeiro a uma outra entidade (parágrafo 5).

A entidade apenas deve reconhecer o passivo financeiro quando esta se torne uma parte das
disposições contratuais do instrumento (parágrafo 6).

Como critério de mensuração, a NCRF 27, nas alíneas a) dos parágrafos 12 e 14, permite que as
entidades, neste facto contabilístico, optem pelo método do custo ou do custo amortizado
menos perdas de imparidade.

Pelo recebimento dos suprimentos (financiamento):

2532 - Outros
participantes - 12 - Depósitos à
suprimentos e outros Ordem
mútuos

€ €

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Pelo pagamento dos juros contratualizados com o sócio:

12 - Depósitos à 6915 - Juros de


Ordem suprimentos

€ €

2423 - Retenção
impostos sobre o
rendimento - capitais

Pelo pagamento do empréstimo ao sócio:

2532 - Outros
12 - Depósitos à participantes -
Ordem suprimentos e outros
mútuos

€ €

Exemplo:

A empresa Investe Tudo pretende realizar um investimento na área na investigação e


desenvolvimento, e para o efeito necessita de 100.000€ de meios financeiros. Diante desta
necessidade, o sócio maioritário decidiu fazer um empréstimo à sociedade nesse montante,
mediante o pagamento de juros anuais à taxa de 6,5%.

Débito Crédito Valor Observações


2532 Outros
participantes - Recebimento de um
12 - Depósitos à ordem 100.000 €
Suprimentos e outros suprimento
mútuos
6915 - Juros de
6.500 € Juros à taxa de 6,5%
suprimentos
2423 - Retenção de
impostos sobre o 1.820 € Retenção na fonte de IRS 28%
rendimento - Capitais

12 - Depósitos à ordem 4.680 €

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11.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Suprimentos
IRC Sujeito
IRS Não aplicável
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRS

Nos termos do artigo 5.º do Código do IRS (Rendimentos da categoria E), são considerados
rendimentos de capitais:

 Os juros e outras formas de remuneração de suprimentos, abonos ou adiantamentos


de capital, feitos pelos sócios à sociedade;
 Os juros e outras formas de remuneração devidos pelo facto de os sócios não
levantarem os lucros ou remunerações colocados à sua disposição.

Por sua vez, o artigo 6.º do CIRS, determina a presunção a título de lucros ou adiantamento
dos lucros, relativamente aos lançamentos a seu favor, em quaisquer contas correntes dos
sócios, escrituradas nas sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, quando não
resultem de mútuos, da prestação de trabalho ou do exercício de cargos sociais.

Os juros de suprimentos obtidos em território português, por residentes ou não residentes,


pagos por ou através de entidades que aqui tenham sede, direção efetiva ou estabelecimento
estável a que deva imputar-se o pagamento e que disponham ou devam dispor de
contabilidade organizada, estão sujeitos a retenção na fonte a título definitivo, à taxa
liberatória de 28 %. No entanto, o respetivo titular, se for residente em Portugal, poderá optar
pelo englobamento destes rendimentos para efeitos da sua tributação, desde que obtidos fora
do âmbito do exercício de atividades empresariais e profissionais. Feita a opção pelo
englobamento, a retenção que tiver sido efetuada tem a natureza de pagamento por conta do
imposto devido a final.

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No entanto, caso os juros de suprimentos sejam pagos ou colocados à disposição em contas
abertas em nome de um ou mais titulares mas por conta de terceiros não identificados, ficam
sujeitos a retenção na fonte a título definitivo, à taxa liberatória de 35 %, exceto quando seja
identificado o beneficiário efetivo, termos em que se aplicam as regras gerais. Aplica-se
igualmente a retenção na fonte à taxa liberatória de 35 %, caso sejam obtidos por entidades
não residentes sem estabelecimento estável em território português, que sejam domiciliadas
em país, território ou região sujeitos a um regime fiscal claramente mais favorável, constante
de lista aprovada por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças (vide
lista constante na Portaria n.º 292/2011, de 8 de novembro).

Nos termos do artigo 72.º do CIRS, os juros de suprimentos são tributados autonomamente à
taxa especial de 35 %, se forem devidos por entidades não residentes sem estabelecimento
estável em território português, que sejam domiciliadas em país, território ou região sujeitos a
um regime fiscal claramente mais favorável, constante da já referida lista aprovada por
portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças, quando não sujeitos a
retenção na fonte.

Manifestações de fortuna

Nos termos previstos no artigo 89.º-A da Lei Geral Tributária (LGT), há lugar a avaliação
indireta da matéria coletável quando falte a declaração de rendimentos e o contribuinte
evidencie manifestações de fortuna, como seja os empréstimos a sociedades efetuados por
qualquer membro do agregado familiar de valor anual igual ou superior a 50.000,00 €, ou
quando o rendimento líquido declarado mostre uma desproporção superior a 30 %, para
menos, em relação ao rendimento padrão, que deverá ser igual ou superior a 50 % do valor
anual dos suprimentos.

O controlo anual do valor dos suprimentos e empréstimos efetuados pelos sócios ou qualquer
elemento do seu agregado familiar é efetuado no quadro 063 da IES através da indicação do
NIF dos sujeitos passivos que efetuaram suprimentos no ano à sociedade e do correspondente
valor do acréscimo anual.

Em sede de IRC

Nos termos da alínea m) do n.º 1 do artigo 23.º-A do CIRC, não são aceites como gasto fiscal os
juros e outras formas de remuneração de suprimentos e empréstimos feitos pelos sócios à
sociedade, na parte em que excedam a taxa definida por portaria do membro do Governo
responsável pela área das finanças, salvo no caso de se aplicar o regime estabelecido no artigo
63.º (preços de transferência).

A Portaria n.º 279/2014, de 30 de dezembro, fixou os seguintes limiares para aceitação fiscal
dos juros de suprimentos e empréstimos efetuados pelos sócios às sociedades:

 Grandes empresas - Taxa Euribor a 12 meses do dia da constituição da dívida acrescida


de um spread de 2 %;

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 Pequenas e médias empresas - Taxa Euribor a 12 meses do dia da constituição da
dívida acrescida de um spread de 6 %.
Caso tenham sido cobrados juros calculados por taxas superiores, o diferencial será acrescido
na linha 734 do quadro 07 da Modelo 22.

Nos termos previstos no anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, a categoria


das micro, pequenas e médias empresas (PME) é constituída por empresas que empregam
menos de 250 pessoas e cujo volume de negócios anual não excede 50 milhões de euros ou
cujo balanço total anual não excede 43 milhões de euros.

Os juros de suprimentos e empréstimos pagos a sócios que sejam pessoas colectivas ficam
sujeitos a retenção na fonte à taxa de 25 %, podendo ser dispensados de retenção na fonte
nos casos em que haja uma participação no capital social com direito de voto de pelo menos
10%, diretamente, ou indiretamente através de outras sociedades em que o sujeito passivo
seja dominante, desde que a participação no capital social tenha permanecido na sua
titularidade, de modo ininterrupto, durante o ano anterior à data da sua colocação à
disposição.

No que respeita a pagamentos de juros de suprimentos a sócios que sejam pessoas coletivas
não residentes, há a possibilidade de isenção de retenção na fonte, ao abrigo da Diretiva n.º
2003/49/CE, de 3 de junho, desde que sejam residentes noutro país da União Europeia,
devendo haver uma participação direta mínima de 25%, detida há pelo menos 2 anos (ou no
caso do devedor e beneficiário dos rendimentos serem detidos em pelo menos 25 % por uma
mesma sociedade, durante pelo menos 2 anos).

Em sede de IS

O artigo 7.º do Código do Imposto do Selo (CIS) prevê a isenção:

 Nas operações financeiras, incluindo os respetivos juros, por prazo não superior a um
ano, desde que exclusivamente destinadas à cobertura de carência de tesouraria e
efetuadas por sociedades de capital de risco (SCR) a favor de sociedades em que
detenham participações, bem como as efetuadas por outras sociedades a favor de
sociedades por elas dominadas ou a sociedades em que detenham uma participação
de, pelo menos, 10 % do capital com direito de voto ou cujo valor de aquisição não
seja inferior a 5.000.000,00 € de acordo com o último balanço acordado e, bem assim,
efetuadas em benefício de sociedade com a qual se encontre em relação de domínio
ou de grupo;
 Nas operações, incluindo os respetivos juros, referidas anteriormente, quando
realizadas por detentores de capital social a entidades nas quais detenham
diretamente uma participação no capital não inferior a 10 % e desde que esta tenha
permanecido na sua titularidade durante um ano consecutivo ou desde a constituição
da entidade participada, contanto que, neste último caso, a participação seja mantida
durante aquele período;

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 Nos empréstimos com características de suprimentos (com carácter de permanência),
incluindo os respetivos juros, efetuados por sócios à sociedade.

Caso o empréstimo efetuado pelo sócio à socieddae seja por prazo inferior a 1 ano, fica sujeito
a Imposto do Selo pela aplicação da verba 17.1.1 da TGIS, ou seja 0,04 % por cada mês ou
fração, ficando também os respetivos juros pagos ao sócio sujeitos a Imposto do Selo à taxa de
4 % (verba 17.3.1 da TGIS).

Exemplo:

O sócio ABC emprestou à sociedade uma quantia de 50.000,00 € pelo prazo de 6 meses,
estipulando uma taxa de juro anual de 5 %.

 Imposto do Selo sobre o empréstimo: 50.000,00 € x 0,04 % x 6 = 120,00 €


 Imposto do Selo sobre os juros: 50.000,00 € x 5 % x / 2 x 4 % = 50,00 €

Nos casos em que os empréstimos tenham amortizações ou utilizações periódicas, aplica-se o


disposto na alínea g) do artigo 5.º do CIS, considerando-se a obrigação tributária constituída
nas operações de crédito, no momento em que forem realizadas ou, se o crédito for utilizado
sob a forma de conta corrente, descoberto bancário ou qualquer outro meio em que o prazo
não seja determinado nem determinável, no último dia de cada mês.

Exemplo:

Durante o mês de abril a conta de empréstimos do sócio XYZ à sociedade evoluiu como segue:
De 1 a 10 de abril = 80.000,00 €
De 11 a 21 de abril = 50.000,00 €
De 22 a 30 de abril = 90.000,00 €

A média dos saldos do empréstimo durante o mês de abril foi 72.000,00 € como segue:
10 dias x 80.000,00 € = 800.000,00 €
11 dias x 50.000,00 € = 550.000,00 €
9 dias x 90.000,00 € = 810.000,00 €

(800.000,00 € + 550.000,00 € + 810.000,00 €) / 30 dias = 72.000,00 €

Pelo que no mês de abril há lugar à liquidação de Imposto do Selo no montante de 28,80 €
(72.000,00 € x 0,04%), que deverá ser pago até ao dia 20 de maio.

Nos termos do artigo 3.º do CIS, o Imposto do Selo é devido e constitui encargo da sociedade,
que é a entidade que retira o benefício económico da operação.

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12. Incentivos ao investimento – Portugal 2020

12.1. Introdução

Designa-se por Portugal 2020 o resultado do Acordo de Parceria adotado entre Portugal e a
Comissão Europeia, que reúne a atuação dos 5 Fundos Europeus Estruturais e de Investimento
- FEDER, Fundo de Coesão, FSE, FEADER e FEAMP - no qual se definem os princípios de
programação que consagram a política
de desenvolvimento económico, social e
territorial para promover, em Portugal,
Portugal
entre os anos de 2014 e de 2020.

Está previsto que Portugal receba cerca


Portugal de 25 mil milhões de euros até ao ano
2020 de 2020, sendo que para tal foram
definidos objetivos temáticos para
estimular o crescimento e a criação de
Comissão emprego, as intervenções necessárias
Europeia para a sua concretização e realização,
bem como os resultados esperados com
estes financiamentos.

Entre estes temos:


 Estímulo à produção de bens e serviços transacionáveis;
 Incremento das exportações;
 Transferência de resultados do sistema científico para o tecido produtivo;
 Cumprimento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos;
 Redução dos níveis de abandono escolar precoce;
 Integração das pessoas em risco de pobreza e combate à exclusão social;
 Promoção do desenvolvimento sustentável, numa óptica de eficiência no uso dos
recursos;
 Reforço da coesão territorial, particularmente nas cidades e em zonas de baixa
densidade;
 Racionalização, modernização e
capacitação da Administração
Pública.

A implementação e guião do Portugal 2020


foram organizados em quatro pilares. Sustentabilidade e
Inclusão Social e
Eficiência no uso de
Emprego
recursos
O Portugal 2020 concretizar-se-á através
de 16 Programas Operacionais aos quais
acrescem os Programas de Cooperação
Territorial nos quais Portugal participará
Competitiidade e
em parceria com os demais Estados Internacionalização
Capital Humano
membros.

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Os sistemas de incentivos ao investimento são instrumentos que apoiam a criação ou


expansão da atividade das empresas, através do co-financiamento dos seus investimentos, sob
a forma de subsídios não reembolsáveis (fundo perdido) ou subsídios reembolsáveis. Existem
atualmente em vigor vários sistemas de incentivos, como seja:

PAECPE / Invest + (IEFP)


São apoios a fundo perdido ou de acesso a financiamento bancário em regime bonificado para
a criação de novas empresas e destinados a trabalhadores em situação de desemprego ou a
jovens à procura do 1.º emprego.

Portugal 2020 (novo QREN)


Apoios a fundo perdido ou reembolsáveis para a criação de empresas ou para expansão e
modernização das atividades de empresas já constituídas e que desenvolvem atividades em
setores inovadores e competitivos.

PDR 2020 (novo PRODER) Desenvolvimento Rural


Apoios à produção agrícola à instalação de novos agricultores e para a expansão de atividades
de empresas agrícolas já existentes.

PDR 2020 (novo PRODER) Medida Leader/GAL


Apoios a fundo perdido para a criação de novas empresas e para desenvolvimento de
atividades de turismo e animação turística em zonas rurais.

Horizonte 2020
Apoio a projetos de investigação aplicada.

Comércio Investe
Incentivos à modernização do comércio.

Plataformas FINICIA
Financiamento bancário em regime bonificado para a criação de novas microempresas e para
expansão de atividades de empresas já constituídas.

Linha de Apoio à Qualificação da Oferta (Turismo de Portugal)


Linhas de crédito para investimentos no setor do Turismo.

12.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC), o atual normativo contabilístico vigente em
Portugal, foi publicado através do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho, revogando o
anterior Plano Oficial de Contabilidade (POC), as Diretrizes Contabilísticas e demais legislação
conexa em vigor até então.

O SNC é constituído por elementos fundamentais, entre eles destacam-se as atuais 28 Normas
Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF), que constituem uma adaptação das normas
internacionais de contabilidade (IAS) e as normas internacionais de relato financeiros (IFRS), e
garantem os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação das mesmas.

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A NCRF que regula este incentivo ao investimento é a NCRF 22 – Contabilização dos subsídios
do Governo e divulgação de apoios do Governo, cujo objetivo é definir os procedimentos e os
critérios de reconhecimento dos vários tipos de subsídios.

O parágrafo 4 define subsídios do Governo, como auxílios do Governo na forma de


transferência de recursos para uma entidade em troca do cumprimento passado ou futuro de
certas condições relacionadas com as atividades operacionais da entidade. Excluem as formas
de apoio do Governo às quais não possa razoavelmente ser-lhes dado um valor, e transações
com o Governo que não se possam distinguir das transações comerciais normais da entidade.

Quando os apoios do governo respeitam a um acordo individualizado da sua concessão a favor


da entidade, cumpram as condições estabelecidas para a sua concessão, e não existam dúvidas
de que os subsídios serão recebidos, estamos na presença de subsídios não reembolsáveis.

Os subsídios do Governo só devem ser reconhecidos após existir segurança de que a entidade
cumprirá as condições a eles associadas, e que os subsídios serão recebidos (parágrafo 8).

Quando os subsídios do Governo não reembolsáveis estão relacionados com ativos fixos
tangíveis e intangíveis devem ser inicialmente reconhecidos nos capitais próprios e,
subsequentemente imputados numa base sistemática como rendimentos durante a vida útil
do ativo, no caso de respeitarem a bens depreciáveis, ou mantidos nos capitais próprios,
exceto se a respetiva quantia for necessária para compensar qualquer perda por imparidade,
caso se refiram as bens não depreciáveis (parágrafos 12).

Por outro lado, quando os subsídios do Governo não reembolsáveis digam respeito a
investimentos não associados com ativos devem ser reconhecidos como rendimento do
período em que se tornar recebível, conforme previsto no parágrafo 18.

Subsídios não reembolsáveis respeitantes a ativos fixos tangíveis e intangíveis

Os subsídios relacionados com ativos são reconhecidos inicialmente na rubrica de capital


próprio, e imputados a rendimentos na proporção das depreciações praticadas em cada um
dos bens elegíveis.

Pela atribuição do subsídio – contratualização do apoio:

2781 - Outros
593 - Subsídios
devedores

€ €

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Pelo recebimento do subsídio:

12 - Depósitos à 2781 - Outros


Ordem devedores

€ €

Pelo reconhecimento como rendimento:

7883 - Imputação de
subsídios para 593 - Subsídios
investimento

€ €

Exemplo:

A empresa All Invest, cuja atividade principal é a agricultura, candidatou-se ao programa


Portugal 2020 para aquisição de máquinas que permitam desenvolver um novo produto para o
mercado. O subsídio a que se candidatou não é reembolsável e é atribuído até 80% do
investimento elegível. A empresa despendeu em 2014 cerca de 230 mil euros em ativos fixos
tangíveis elegíveis e em 2015 o montante de 180.000€.

Débito Crédito Valor Observações

2781 - Outros Reconhecimento do subsídio


593 - Subsídios 328.000 €
devedores em 2015
2781 - Outros Recebimento do subsídio em
12 - Depósitos à ordem 328.000 €
devedores 2015
642 - Gastos de
438 - Depreciações Taxa de depreciação média
depreciação de ativos 51.250 €
acumuladas de 12,5%
fixos tangíveis
7883 - Imputação de
Imputação proporcional do
593 - Subsídios subsídios para 41.000 €
subsídio
investimento

Subsídios não reembolsáveis respeitantes a investimentos não associados com ativos

Os subsídios não relacionados com ativos são reconhecidos inicialmente na conta 282 –
Rendimentos a reconhecer, e imputados a rendimentos na proporção dos gastos incorridos em
cada uma das rubricas elegíveis.

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Pela atribuição do subsídio – contratualização do apoio:

282 - Rendimentos a 2781 - Outros


reconhecer devedores

€ €

Pelo recebimento do subsídio:

12 - Depósitos à 2781 - Outros


Ordem devedores

€ €

Pelo reconhecimento como rendimento:

751 - Subsídios do
282 - Rendimentos a
Estado e Outros Entes
reconhecer
Públicos

€ €

Exemplo:

Tendo por base o mesmo exemplo indicado para os subsídios respeitantes a investimentos
relacionados com ativos, temos os seguintes movimentos contabilísticos no caso de
investimentos não associados com ativos.

A empresa All Invest, cuja atividade principal é a agricultura, está a desenvolver um projeto na
área da investigação e desenvolvimento de um novo produto, pelo que candidatou-se ao
programa Portugal 2020. O subsídio a que se candidatou não é reembolsável e é atribuído até
80% do investimento elegível. A empresa despendeu em 2014 cerca de 230 mil euros em
despesas com investigação e desenvolvimento (materiais, pessoal e outros) e em 2015 o
montante de 180.000€.
Débito Crédito Valor Observações

2781 - Outros 282 - Rendimentos a Reconhecimento do subsídio


328.000 €
devedores reconhecer em 2015
2781 - Outros Recebimento do subsídio em
12 - Depósitos à ordem 328.000 €
devedores 2015
751 - Subsídios do
282 - Rendimentos a Reconhecimento em
Estado e outros entes 328.000 €
reconhecer rendimentos
públicos

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12.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Incentivos ao investimento
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

Os incentivos ao investimento sob a forma de subsídios reembolsáveis são classificados como


passivos financeiros (operações idênticas aos financiamentos bancários) e, como tal, a sua
obtenção não concorre para a formação do lucro tributável em sede de IRC.

Já os subsídios não reembolsáveis (fundo perdido) têm impacto fiscal em sede de IRC,
conforme previsto no artigo 22.º do CIRC, como segue:
1. A inclusão no lucro tributável dos subsídios relacionados com ativos não correntes
obedece às seguintes regras:
a) Quando os subsídios respeitem a ativos depreciáveis ou amortizáveis, deve ser
incluída no lucro tributável uma parte do subsídio atribuído, independentemente
do recebimento, na mesma proporção da depreciação ou amortização calculada
sobre o custo de aquisição ou de produção, sem prejuízo do disposto no n.º 2;
b) Quando os subsídios respeitem a ativos intangíveis sem vida útil definida, deve ser
incluída no lucro tributável uma parte do subsídio atribuído, independentemente
do recebimento, na proporção prevista no artigo 45.º-A;
c) Quando os subsídios respeitem a propriedades de investimento e a ativos
biológicos não consumíveis, mensurados pelo modelo do justo valor, deve ser
incluída no lucro tributável uma parte do subsídio atribuído, independentemente
do recebimento, na proporção prevista no artigo 45.º-A;
d) Quando os subsídios não respeitem aos ativos referidos nas alíneas anteriores,
devem ser incluídos no lucro tributável, em frações iguais, durante os períodos de
tributação em que os elementos a que respeitam sejam inalienáveis, nos termos da
lei ou do contrato ao abrigo dos quais os mesmos foram concedidos, ou, nos
restantes casos, durante 10 anos, sendo o primeiro o do recebimento do subsídio.
2. Nos casos em que a inclusão no lucro tributável dos subsídios se efetue, nos termos da
alínea a) do número anterior, na proporção da depreciação ou amortização calculada
sobre o custo de aquisição, tem como limite mínimo a que proporcionalmente
corresponder à quota mínima de depreciação ou amortização nos termos do n.º 6 do
artigo 30.º.

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A remissão para o artigo 45.º-A prevista no artigo 22.º em matéria subsídios ao investimento
relacionados com ativos intangíveis com vida útil indefinida, ativos biológicos de produção e
propriedades de investimento mensuradas ao justo valor, obedece às seguintes regras:
1. É aceite como gasto fiscal, em partes iguais, durante os primeiros 20 períodos de
tributação após o reconhecimento inicial, o custo de aquisição dos seguintes ativos
intangíveis quando reconhecidos autonomamente, nos termos da normalização
contabilística, nas contas individuais do sujeito passivo:
a) Elementos da propriedade industrial tais como marcas, alvarás, processos de
produção, modelos ou outros direitos assimilados, adquiridos a título oneroso e
que não tenham vigência temporal limitada;
b) O goodwill adquirido numa concentração de atividades empresariais.
2. O custo de aquisição, as grandes reparações e beneficiações e as benfeitorias das
propriedades de investimento que sejam subsequentemente mensuradas ao justo
valor é aceite como gasto para efeitos fiscais, em partes iguais, durante o período de
vida útil que se deduz da quota mínima de depreciação que seria fiscalmente aceite
caso esse ativo permanecesse reconhecido ao custo de aquisição.
3. O custo de aquisição dos ativos biológicos não consumíveis, que sejam
subsequentemente mensurados ao justo valor, é aceite como gasto para efeitos
fiscais, em partes iguais, durante o período de vida útil que se deduz da quota mínima
de depreciação que seria fiscalmente aceite caso esse ativo permanecesse
reconhecido ao custo de aquisição.

A tabela seguinte resume as várias situações relativas à tributação dos subsídios ao


investimento não reembolsáveis relacionados com ativos não correntes.

Tipo de ativo não corrente Enquadramento contabilístico Enquadramento fiscal


Ativos depreciáveis ou Imputação do subsídio A tributação em IRC decorre do
amortizáveis reconhecida na conta 7883 e, aumento do resultado líquido
como tal, incluída no resultado do período por força do
líquido do período. reconhecimento como
rendimento de uma parcela do
subsídio na proporção das
deprecições/amortizações
praticadas sobre o ativo.
No entanto, caso as
depreciações/amortizações
sejam praticadas abaixo da
quota mínima, há que acrescer o
diferencial entre esta e o valor
contabilizado no Quadro 07 da
Modelo 22.
Ativos intangíveis sem vida útil Não são amortizados A tributação é feita em 20 anos
definida contabilisticamente, logo o por acréscimo ao Quadro 07 da
subsídio permanece na conta Modelo 22.
593 e não é imputado
anualmente a rendimentos.
Ativos biológicos de produção Não são depreciados A tributação é feita por
ou propriedades de contabilisticamente, logo o acréscimo ao Quadro 07 da
investimentos, mensurados ao subsídio permanece na conta Modelo 22, com base na
justo valor 593 e não é imputado proporção da quota mínima de
anualmente a rendimentos. depreciação/amortização que

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seria fiscalmente aceite caso os
ativos permanecessem
reconhecidos ao custo de
aquisição.
Outros ativos cujo contrato de Não são depreciados A tributação é feita por
concessão do subsídio fixe um contabilisticamente, logo o acréscimo ao Quadro 07 em
prazo em que não podem ser subsídio permanece na conta partes iguais, pelo número de
alienados 593 e não é imputado anos em que a entidade não
anualmente a rendimentos. pode alienar os ativos.
Outros ativos cujo contrato de Não são depreciados A tributação é feita por
concessão do subsídio não fixe contabilisticamente, logo o acréscimo ao Quadro 07 em
qualquer prazo relativamente à subsídio permanece na conta partes iguais, pelo prazo de 10
autorização para a sua 593 e não é imputado anos, sendo o primeiro o do
alienação anualmente a rendimentos. recebimento do subsídio.

Em sede de IRS

Relativamente aos sujeitos passivos de IRS que aufiram rendimentos empresariais e ou


profissionais, e que não sejam tributados pelo regime simplificado, aplicam-se as mesmas
regras do IRC no que respeita à tributação dos subsídios ao investimento não reembolsáveis,
na medida em que o artigo 32.º do CIRS contém uma remissão para o Código do IRC, segundo
a qual, na determinação dos rendimentos empresariais e profissionais não abrangidos pelo
regime simplificado, aplicam-se as regras estabelecidas no Código do IRC, com algumas
exceções e com as adaptações resultantes do CIRS.

Neste domínio, o artigo 36.º-A do CIRS contém o enquadramento fiscal dos subsídios não
destinados à exploração (subsídios ao investimento), no caso de cessação da determinação do
rendimento tributável com base na contabilidade no decurso do período estabelecido no
artigo 22.º do Código do IRC, definindo que a parte dos subsídios ainda não tributada será
imputada, para efeitos de tributação, ao último exercício de aplicação daquele regime.

No caso de sujeitos passivos de IRS abrangidos pelo regime simplificado, encontra-se prevista
na alínea e) do n.º do artigo 31.º a tributação subsídios ou subvenções não destinados à
exploração (ao investimento), através da aplicação do coeficiente de 0,30. Os rendimentos são
considerados, depois de aplicado o referido coeficiente, em frações iguais, durante cinco
exercícios, sendo o primeiro o do recebimento do subsídio.

Cessando a aplicação do regime simplificado no decurso do referido período de cinco


exercícios, as frações dos subsídios ainda não tributadas serão imputadas, para efeitos de
tributação, ao último exercício de aplicação daquele regime.

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13. Garantia bancária

13.1. Introdução

A garantia bancária é um instrumento de crédito através da qual o banco emitente garante a


execução de uma obrigação constituída pelo seu cliente a favor de outrém, i.e. o beneficiário
da garantia, caso esta não seja pontual e integralmente cumprida pelo seu cliente.

A garantia bancária constitui uma solução de:

Acesso a melhores condições Garantia de obrigações


Apoio à atividade económica
financeiras contratuais

Concursos Garantia bancária a


favor do credor Instituição Financeira
assegura o bom
Realização de obras cumprimento de
Implica melhores obrigações perante
Contratos de condições de terceiros
arrendamento financiamento

Uma Garantia Bancária é um documento emitido pelo Banco a pedido dos seus Clientes a favor
de terceiros (o beneficiário da garantia) perante o qual o Banco assume a obrigação de, nos
termos expressamente previstos na garantia, satisfazer determinadas obrigações se estas não
forem cumpridas pontual e integralmente pelo seu Cliente (o ordenador da garantia).

As Garantias Bancárias podem ser exigidas para a admissão a concursos, realização de obras,
contratos de arrendamento, entre outras operações, podendo ser substituídas pelo chamado
“Depósito caução”. O mapa de central de risco de crédito do Banco de Portugal (BdP) contém
o montante das garantias bancárias ativas de cada entidade.

O facto de existir uma garantia bancária a favor do devedor poderá significar o acesso a
melhores condições de financiamento, na medida em que o Banco assegura o bom
cumprimento das obrigações da Empresa perante terceiros.

Muitas vezes as Garantias contêm uma cláusula de pagamento “on first demand”, que
corresponde a uma garantia autónoma à primeira solicitação, na qual o garante para além de
se obrigar a realizar uma prestação pecuniária no caso de futura frustração de um interesse do
beneficiário, como na garantia autónoma simples, assume ainda o dever de pagar
automaticamente – i.e. à mera solicitação pelo beneficiário – a quantia correspondente.

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Tipos de garantias e fianças bancárias


Financeiras com carácter de substituição de Destinam-se a garantir o reembolso de
crédito prestações pecuniárias de capital e juros no
âmbito de uma obrigação creditícia (já
existente ou futura, formalizada ou a
formalizar contratualmente) entre o devedor
garantido e um credor.
Financeiras sem carácter de substituição de Destinam-se a garantir ou substituir
crédito responsabilidades de carácter pecuniário
assumidas pelo ordenador, ou por um
terceiro, perante o beneficiário, decorrentes
de obrigações legais ou contratuais.
Técnicas Destinam-se a assegurar o bom cumprimento
por parte do ordenador, ou por terceiro, de
obrigações de carácter técnico acordadas
entre o devedor garantido e o beneficiário,
ainda que do seu não cumprimento resulte
para o Banco uma responsabilidade de
carácter pecuniário perante o beneficiário.

Relativamente ao prazo, as Garantias e as Fianças Bancárias dividem-se em:

 Sem termo certo (sem prazo) - quando no texto da Garantia ou Fiança Bancária não é
mencionado qualquer prazo limite de validade para a garantia ou para o Banco ser
interpelado para pagar;
 Com termo certo - quando se indica o prazo de validade no texto da Garantia ou Fiança
Bancária, podendo estar prevista, ou não, a sua renovação.

Normalmente a prestação de uma garantia tem como contragarantia a subscrição de uma


livrança em branco pela Empresa com aval dos sócios e/ou membros dos órgãos de gestão,
bem como dos respetivos cônjuges. Poderão ser negociadas ainda outras contragarantias em
função da análise de risco de crédito.

13.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC), o atual normativo contabilístico português, foi
publicado através do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho, sendo o seu núcleo central as
Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF), que constituem uma adaptação das
normas internacionais de contabilidade (IAS) e as normas internacionais de relato financeiros
(IFRS), as quais garantem os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação das
mesmas.

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Embora em SNC exista uma rubrica autónoma para gastos e perdas de financiamento, esta
apenas comporta os gastos exclusivamente relacionados com o financiamento. Desta forma,
ficam excluídos os serviços bancários, como por exemplo, as comissões de transferências, as
emissões de cheques e as suas devoluções, e as garantias bancárias, entre outros.

Estes gastos e perdas que não são relativos a financiamentos devem ser contabilizados numa
subconta de serviços especializados, como seja a conta 6227.

Pela emissão da garantia bancária:

12 - Depósitos à 6227 - Comissões


Ordem bancárias

€ €

6812 Impostos
indiretos

Pelos custos de manutenção da garantia bancária (mensal/trimestral/anual):

12 - Depósitos à 6227 - Comissões


Ordem bancárias

€ €

6812 Impostos
indiretos

Exemplo:

A sociedade Sempre Constrói celebrou um contrato de construção de um edifício para


escritórios com a sociedade All Services. Na data de celebração do contrato foi pago um
adiantamento de 180.000€ mediante a apresentação de uma garantia bancária no mesmo
montante, que garanta a boa execução da obra no prazo estipulado.

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Débito Crédito Valor Observações

6227 - Comissões
12 - Depósitos à ordem 300 € Comissão de emissão
bancárias
6812 - Impostos
12 - Depósitos à ordem 12 € Imposto Selo s/ comissão 4%
indiretos

6812 - Impostos Imposto Selo s/ garantia de


12 - Depósitos à ordem 900 €
indiretos prazo superior a um ano 0,5%

6227 - Comissões Comissão de garantia 0,8%


12 - Depósitos à ordem 360 €
bancárias cobrada trimestralmente

6812 - Impostos Imposto Selo s/ comissão de


12 - Depósitos à ordem 10,8 €
indiretos garantia 3%

13.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Garantia bancária
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

As comissões cobradas pelos Bancos relativas à prestação de garantias bancárias são


consideradas gastos para efeitos fiscais do ordenador da garantia, nos termos do artigo 23.º do
CIRC. Com efeito, para a determinação do lucro tributável, são dedutíveis todos os gastos e
perdas incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para obter ou garantir os rendimentos
sujeitos a IRC, onde se incluem os gastos com operações de crédito.

A inclusão dos gastos em cada exercício deve ser efetuada sob o princípio da periodização do
lucro tributável (regime da periodização económica), tal como previsto no artigo 18.º do CIRC,
independentemente de serem pagos só no exercício seguinte.

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Em sede de IRS

Relativamente aos sujeitos passivos de IRS que aufiram rendimentos empresariais e ou


profissionais, e que não sejam tributados pelo regime simplificado, aplicam-se as mesmas
regras do IRC no que respeita ao enquadramento dos gastos e perdas suportados com a
negociação de garantias bancárias, na medida em que o artigo 32.º do CIRS contém uma
remissão para o Código do IRC, segundo a qual, na determinação dos rendimentos
empresariais e profissionais não abrangidos pelo regime simplificado, aplicam-se as regras
estabelecidas no Código do IRC, com algumas exceções e com as adaptações resultantes do
CIRS.

Em sede de IVA

Nos termos da alínea b) do n.º 27 do artigo 9.º do Código do IVA, estão isentas do imposto a
negociação e a prestação de fianças, avales, cauções e outras garantias, bem como a
administração ou gestão de garantias de créditos efetuada por quem os concedeu. Significa
que a prestação de garantias bancárias pelos Bancos constitui uma operação isenta de IVA
(sujeita a Imposto do Selo).

Em sede de Imposto do Selo

Nos termos do artigo 2.º do Código do Imposto do Selo (CIS), são sujeitos passivos do imposto
as Entidades concedentes do crédito e da garantia ou credoras de juros, prémios, comissões e
outras contraprestações, considerando-se constituída a obrigação tributária no momento da
realização das operações (artigo 5.º do CIS). Já o encargo do imposto, previsto no artigo 3.º do
CIS, incumbe aos titulares do interesse económico, considerando-se nas garantias as entidades
obrigadas à sua apresentação (as Empresas garantidas).

No âmbito das isenções subjetivas previstas no artigo 6.º do CIS, são isentos de imposto do
selo, quando este constitua seu encargo, as pessoas coletivas de utilidade pública
administrativa e de mera utilidade pública, assim como as instituições particulares de
solidariedade social e entidades a estas legalmente equiparadas.

De acordo com o previsto no artigo 22.º do CIS, as taxas do imposto são as constantes da
Tabela Geral do Imposto do Selo (TGIS). No que concerne às garantias bancárias, podem existir
vários factos sujeitos a Imposto do Selo em vários momentos, como segue:

10. Garantias das obrigações, qualquer que seja a sua natureza ou forma,
designadamente o aval, a caução, a garantia bancária autónoma, a fiança, a hipoteca, o
penhor e o seguro-caução, salvo quando materialmente acessórias de contratos
especialmente tributados na presente Tabela e sejam constituídas simultaneamente com
a obrigação garantida, ainda que em instrumento ou título diferente - sobre o respetivo

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valor, em função do prazo, considerando-se sempre como nova operação a prorrogação
do prazo do contrato:

10.1. Garantias de prazo inferior a um ano - por cada mês ou fração 0,04%

10.2. Garantias de prazo igual ou superior a um ano 0,5%

10.3. Garantias sem prazo ou de prazo igual ou superior a cinco anos 0,6%

17.3. Operações realizadas por ou com intermediação de instituições de crédito,


sociedades financeiras ou outras entidades a elas legalmente equiparadas e quaisquer
outras instituições financeiras - sobre o valor cobrado:

17.3.3. Comissões por garantias prestadas 3%

17.3.4. Outras comissões e contraprestações por serviços financeiros 4%

Significa que o Banco poderá cobrar comissões pela emissão da garantia bancária, as quais
ficam sujeitas a Imposto do Selo à taxa de 4% por se tratar de um serviço financeiro, ao passo
que as comissões periódicas pela utilização da garantia bancária ficam sujeitas a Imposto do
Selo à taxa de 3%.

22.1. Apólices de seguros - sobre a soma do prémio do seguro, do custo da apólice e de


quaisquer outras importâncias que constituam receita das empresas seguradoras,
cobradas juntamente com esse prémio ou em documento separado:

22.1.1. Seguros do ramo «Caução» 3%

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14. Garantia Mútua

14.1. Introdução
Conforme divulgado pelas Sociedades de Garantia Mútua3, a Garantia Mútua é um sistema
privado de carácter mutualista de apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas que se traduz,
essencialmente, na prestação de garantias financeiras para facilitar a obtenção de crédito em
condições adequadas aos investimentos e ciclos de atividade das empresas. Esta característica
mutualista, que resulta do facto das empresas beneficiárias das garantias serem acionistas de
Sociedades de Garantia Mútua, facilita o acesso das Empresas ao crédito, ao partilhar o risco
com outras entidades financeiras e libertando desta forma plafonds bancários e permitindo a
obtenção de montantes, condições de custo e prazo adequados às necessidades, por norma
com redução de outras garantias prestadas ao setor financeiro pelas Empresas.

Prestação de Obtenção
Facilidade
Garantia Crédito Crédito

Sociedade Garantia PME


Instituição Financeira
Mútua

As sociedades de garantia mútua prestam normalmente todas as garantias necessárias ao


desenvolvimento de atividades nos sectores da indústria, comércio, serviços, construção,
turismo e transportes, sendo que as empresas podem obter qualquer tipo de garantia para
apresentar perante organismos públicos, clientes, fornecedores, ou outros.

As Sociedades de Garantia Mútua estão aptas a conceder um vasto conjunto de garantias,


conforme se apresenta na tabela infra.

Garantias a Garantias Garantias Garantias para Outras


empréstimos financeiras técnicas incentivos garantias
- De médio longo - De bom - A concursos - Incentivos UE - Situações
prazo pagamento públicos - Outros específicas
- De curto prazo - Ao Estado - A bom programas de com análise
- Leasing - De bom cumprimento incentivos casuística
- Protocolos cumprimento contratual
- Linhas garantidas - A boa execução
- FINICIA técnica

3
Informação disponível em http://www.garantiamutua.com/garantia-mutua/, consulta em 2015/01/15.

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A utilização da garantia mútua como alternativa às soluções apresentadas pela banca
tradicional permite também a diminuição do risco de crédito, ou seja, a empresa mantém
intacta a sua capacidade de endividamento noutras instituições financeiras, que consumirá
unicamente em operações especificamente financeiras.

Exemplo de utilização de garantia mútua numa operação de financiamento

A Empresa X (garantida) negociou em 01/01/20N15 com o Banco Y (beneficiário da garantia)


uma operação de financiamento, com prestação de garantia autónoma à primeira solicitação
pela Sociedade de Garantia Mútua Z, que assegura o bom e atempado cumprimento da
obrigação de reembolso, nas seguintes condições:

 Montante do financiamento: € 1.000.000,00


 Prazo: 2 anos
 Amortização: Trimestral constante
 Juros: Postecipados à taxa anual de 5%
 Tipo de contagem dos juros: 30/360
 Garantia autónoma prestada por SGM: 75% sobre a dívida pendente
 Comissão trimestral antecipada de garantia: 0,5%
 Imposto do Selo sobre juros: 4%
 Imposto do Selo sobre garantia: 3%

Apresenta-se em seguida o serviço da dívida do financiamento e os gastos associados.


Prestação Banco Garantia Mútua
Data
Total Amortização Juro IS s/ Juro Dívida Total Comissão IS s/ Comissão Garantia pendente
01/01/20N15 --- --- --- --- 1.000.000,00 € 3.862,50 € 3.750,00 € 112,50 € 750.000,00 €
31/03/20N15 138.000,00 € 125.000,00 € 12.500,00 € 500,00 € 875.000,00 € 3.379,69 € 3.281,25 € 98,44 € 656.250,00 €
30/06/20N15 136.375,00 € 125.000,00 € 10.937,50 € 437,50 € 750.000,00 € 2.896,88 € 2.812,50 € 84,38 € 562.500,00 €
30/09/20N15 134.750,00 € 125.000,00 € 9.375,00 € 375,00 € 625.000,00 € 2.414,06 € 2.343,75 € 70,31 € 468.750,00 €
31/12/20N15 133.125,00 € 125.000,00 € 7.812,50 € 312,50 € 500.000,00 € 1.931,25 € 1.875,00 € 56,25 € 375.000,00 €
31/03/20N16 131.500,00 € 125.000,00 € 6.250,00 € 250,00 € 375.000,00 € 1.448,44 € 1.406,25 € 42,19 € 281.250,00 €
30/06/20N16 129.875,00 € 125.000,00 € 4.687,50 € 187,50 € 250.000,00 € 965,63 € 937,50 € 28,13 € 187.500,00 €
30/09/20N16 128.250,00 € 125.000,00 € 3.125,00 € 125,00 € 125.000,00 € 482,81 € 468,75 € 14,06 € 93.750,00 €
31/12/20N16 126.625,00 € 125.000,00 € 1.562,50 € 62,50 € 0,00 € 0,00 € 0,00 € 0,00 € 0,00 €

14.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC), o atual normativo contabilístico vigente em
Portugal, foi publicado através do Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho. O SNC é
constituído por elementos fundamentais, entre eles destacam-se as Normas Contabilísticas e
de Relato Financeiro (NCRF), que constituem uma adaptação das normas internacionais de
contabilidade (IAS) e as normas internacionais de relato financeiros (IFRS), e garantem os
critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação das mesmas.

Em SNC os serviços bancários, como por exemplo, as comissões de transferências, as emissões


de cheques e as suas devoluções, as garantias bancárias, e as garantias mútuas, entre outros,

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não são considerados como gastos e perdas de financiamento, pelo que devem ser
contabilizados numa subconta de serviços especializados, tal como a conta 6227.

Por outro lado, visto que a emissão de uma garantia mútua depende da aquisição de capital
social ao acionista promotor ou outro mutualista, então neste facto contabilístico deve-se
atender ao prescrito na NCRF 27 - Instrumentos Financeiros, cujo objetivo é prescrever o
tratamento contabilístico dos instrumentos financeiros, designadamente ativos financeiros.

Assim, as ações adquiridas respeitantes ao capital social do mutualista são consideradas um


ativo financeiro no termos da alínea b), do parágrafo 5, da NCRF 27, segundo o qual, um ativo
financeiro é qualquer activo que seja um instrumento de capital próprio de uma outra
entidade. Ora, por outro lado, o mesmo parágrafo da norma refere que um instrumento de
capital próprio é qualquer contrato que evidencie um interesse residual nos activos de uma
entidade após dedução de todos os seus passivos.

No que concerne ao reconhecimento dos instrumentos de capital próprio, a NCRF 27 prevê


que as entidades reconheçam instrumentos de capital próprio no capital próprio (parágrafo 8).

Os instrumentos de capital próprio devem ser mensurados ao custo ou ao custo amortizado


menos perdas de imparidade (parágrafo 12) quando não sejam negociados publicamente e
cujo justo valor não possa se obtido de forma fiável. Caso os instrumentos de capital próprio
sejam negociados publicamente, então estes devem ser mensurados ao justo valor (parágrafo
15).

Pela aquisição de participação no capital social ao acionista promotor ou outro mutualista


(valor igual ou superior a 2% da garantia emitida):

4141 - Investimentos
12 - Depósitos à noutras empresas -
Ordem Participações de
capital

€ €

Pelo imposto de selo sobre a emissão da garantia:

12 - Depósitos à 6812 Impostos


Ordem indiretos

€ €

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Pela comissão de emissão da garantia:

12 - Depósitos à 6227 - Comissões


Ordem bancárias

€ €

6812 Impostos
indiretos

Pela comissão periódica da manutenção da garantia:

12 - Depósitos à 6227 - Comissões


Ordem bancárias

€ €

6812 Impostos
indiretos

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Pela extinção da garantia mútua com a liquidação do financiamento, e alienar das ações
detidas na sociedade de garantia mútua:

4141 - Investimentos
noutras empresas - 12 - Depósitos à
Participações de Ordem
capital

€ €

7862/6862 -
Rendimentos e ganhos
(Gastos e perdas) nos
restantes ativos
financeiros -
Alienações

€ €

Exemplo:

A empresa Works recorreu a uma sociedade de garantia mútua para a emissão de uma
garantia no montante de 180 mil euros que serviria de suporte à celebração de um contrato de
financiamento de apoio à tesouraria. Para o efeito, a empresa viu-se obrigada a adquirir parte
do capital social à sociedade de garantia mútua no montante igual a 2% do valor da garantia
emitida.

Débito Crédito Valor Observações

Aquisição de capital social


4141 - Investimentos
ao acionista promotor ou
noutras empresas -
12 - Depósitos à ordem 3.600 € outro mutualista no montante
Participações de
igual a 2% do valor da
capital
garantia emitida

6227 - Comissões
12 - Depósitos à ordem 1.350 € Comissão de emissão
bancárias
6812 - Impostos
12 - Depósitos à ordem 54 € Imposto Selo s/ comissão 4%
indiretos

6812 - Impostos Imposto Selo s/ garantia de


12 - Depósitos à ordem 900 €
indiretos prazo superior a um ano 0,5%

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Trimestralmente são cobradas as comissões adstritas ao custo da garantia mútua.

Débito Crédito Valor Observações

6227 - Comissões Comissão de garantia 0,5%


12 - Depósitos à ordem 900 €
bancárias cobrada anualmente

6812 - Impostos Imposto Selo s/ comissão de


12 - Depósitos à ordem 27 €
indiretos garantia 3%

Na data da liquidação do financiamento, e respetiva extinção da garantia mútua, a empresa


Works decide alienar as ações detidas na sociedade de garantia mútua, pelo mesmo valor de
aquisição.

Débito Crédito Valor Observações

7862 - Rendimentos e
ganhos nos restantes
12 - Depósitos à ordem 3.600 €
ativos finnaceiros - Após a extinção ou
Alienações caducidade da garantia, o
mutualista pode vender as
7862 - Rendimentos e 4141 - Investimentos suas acções pelo seu valor
ganhos nos restantes noutras empresas - nominal (€1)
3.600 €
ativos finnaceiros - Participações de
Alienações capital

14.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Garantia bancária
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

Tendo em conta o enquadramento supra descrito, verifica-se que as Sociedades de Garantia


Mútua não concedem crédito diretamente às Empresas, mas antes prestam garantias às
demais Instituições de Crédito (Bancos financiadores), para que estes possam reduzir a sua

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exposição e risco de crédito perante os seus clientes nas operações de financiamento. Assim,
não se trata de uma concessão direta de financiamento, logo não há lugar à cobrança de juros
nem ao reconhecimento de passivos financeiros pelas Empresas nos seus balanços, sendo no
entanto divulgadas as garantias obtidas no Anexo.

As comissões cobradas pelas Sociedades de Garantia às Empresas relativas à prestação de


garantia ao bom e atempado cumprimento da obrigação de reembolso do capital mutuado,
que incidem sobre o capital em dívida em cada momento, são consideradas gastos para efeitos
fiscais nos termos do artigo 23.º do CIRC. Com efeito, para a determinação do lucro tributável,
são dedutíveis todos os gastos e perdas incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para
obter ou garantir os rendimentos sujeitos a IRC, onde se incluem os gastos e perdas de
natureza financeira, tais como juros de capitais alheios aplicados na exploração, descontos,
ágios, transferências, diferenças de câmbio, gastos com operações de crédito, cobrança de
dívidas e emissão de obrigações e outros títulos, prémios de reembolso e os resultantes da
aplicação do método do juro efetivo aos instrumentos financeiros valorizados pelo custo
amortizado.

Em certos casos as Sociedades de Garantia Mútua cobram a comissão de garantia diretamente


ao Banco, o qual inclui este valor no spread a praticar na operação de financiamento. Neste
caso, o gasto relacionado com a garantia mútua está incluso nos juros a pagar ao Banco, os
quais são também dedutíveis pela Empresa para efeitos fiscais, nos termos do citado artigo
23.º do CIRC.

A inclusão dos gastos em cada exercício deve ser efetuada sob o princípio da periodização do
lucro tributável (princípio da especialização dos exercícios), tal como previsto no artigo 18.º do
CIRC, independentemente de serem pagos só no exercício seguinte.

Já a aquisição de ações da Sociedade de Garantia Mútua pelas Empresas, não é considerada


um gasto, mas sim um investimento financeiro a reconhecer na conta 4141 – Participações de
capital noutras empresas, logo não tem impacto no apuramento do resultado fiscal no
momento da aquisição. Caso no momento da alienação destas ações (após o termino da
operação de financiamento coberta pela garantia mútua e desde que a Empresa não pretenda
efetuar novas operações com recurso a este tipo de garantia), haja apuramento de mais ou
menos-valias, as mesmas concorrem para a formação do resultado fiscal nos termos previstos
no artigo 46.º e seguintes do CIRC.

Releva-se que não é expectável o apuramento de mais ou menos-valias no momento da


alienação das ações a favor da Sociedade de Garantia Mútua, pois no momento da sua
aquisição é celebrado um acordo de recompra que funciona com uma put option (opção de
venda) por parte da Empresa que beneficia da garantia mútua.

Em sede de IRS

Relativamente aos sujeitos passivos de IRS que aufiram rendimentos empresariais e ou


profissionais, e que não sejam tributados pelo regime simplificado, aplicam-se as mesmas
regras do IRC no que respeita ao enquadramento dos gastos e perdas suportados com a
obtenção de garantia mútua, na medida em que o artigo 32.º do CIRS contém uma remissão

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para o Código do IRC, segundo a qual, na determinação dos rendimentos empresariais e
profissionais não abrangidos pelo regime simplificado, aplicam-se as regras estabelecidas no
Código do IRC, com algumas exceções e com as adaptações resultantes do CIRS.

Em sede de IVA

Nos termos da alínea b) do n.º 27 do artigo 9.º do Código do IVA, estão isentas do imposto a
negociação e a prestação de fianças, avales, cauções e outras garantias, bem como a
administração ou gestão de garantias de créditos efectuada por quem os concedeu. Significa
que a prestação de garantias pelas Sociedades de Garantia Mútua constitui uma operação
isenta de IVA (sujeita a Imposto do Selo).

Em sede de Imposto do Selo

Nos termos do artigo 2.º do Código do Imposto do Selo (CIS), são sujeitos passivos do imposto
as Entidades concedentes do crédito e da garantia ou credoras de juros, prémios, comissões e
outras contraprestações, considerando-se constituída a obrigação tributária no momento da
realização das operações (artigo 5.º do CIS). Já o encargo do imposto, previsto no artigo 3.º do
CIS, incumbe aos titulares do interesse económico, considerando-se nas garantias as entidades
obrigadas à sua apresentação (as Empresas garantidas).

No âmbito das isenções subjetivas previstas no artigo 6.º do CIS, são isentos de imposto do
selo, quando este constitua seu encargo, as pessoas coletivas de utilidade pública
administrativa e de mera utilidade pública, assim como as instituições particulares de
solidariedade social e entidades a estas legalmente equiparadas.

De acordo com o previsto no artigo 22.º do CIS, as taxas do imposto são as constantes da
Tabela Geral do Imposto do Selo (TGIS), aplicando-se às Garantias a verba 17.3.3, com a taxa
de 3%, com a seguinte redação:

17.3.3 Comissões por garantias prestadas 3%

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15. Cobertura de Risco Cambial

15.1. Introdução

A cobertura de risco cambial limita ou anula o risco cambial associado a operações financeiras
e a transações comerciais realizadas em moeda estrangeira. A cobertura de risco cambial
permite determinar, antecipadamente, o preço de compra ou venda de determinada divisa,
eliminando a incerteza relativamente ao valor de pagamentos ou recebimentos futuros,
protegendo assim, as empresas aderentes a esta solução financeira contra as futuras variações
da taxa de câmbio.

Existem vários tipos de instrumentos financeiros associados à solução de cobertura de risco


cambial, como sejam:
 Forward Cambial - permite garantir a taxa de câmbio dos pagamentos e
recebimentos, deixando de haver preocupações com as variações da taxa de câmbio;
 Swap Cambial - com um swap cambial poderá ser acautelado o risco cambial
associado a um financiamento ou a uma aplicação em moeda estrangeira;
 Call e Put Cambial - com a call option pode-se acautelar o risco da depreciação de
uma moeda estrangeira, limitando esse mesmo risco, e com a put option o risco da
apreciação de uma moeda estrangeira.

Cobertura de risco cambial

Forward Cambial Swap Cambial Call option Put Option

15.2. Normativo contabilístico aplicável


A norma contabilística e de relato financeiro (NCRF) 23 trata a temática dos efeitos de
alterações em taxas de câmbio, prescrevendo como se devem incluir transações em moeda
estrangeira e unidades operacionais estrangeiras nas demonstrações financeiras de uma
entidade e como se deve transpor demonstrações financeiras para uma moeda de
apresentação. A norma aplica-se, também, quando uma entidade transpõe quantias
relacionadas com derivados da sua moeda funcional para a sua moeda de apresentação.

De entre as várias definições, destaca-se:


 Diferença de câmbio: é a diferença resultante da transposição de um determinado
número de unidades de uma moeda para outra moeda a diferentes taxas de câmbio.
 Investimento líquido: numa unidade operacional estrangeira é a quantia relativa ao
interesse da entidade que relata nos ativos líquidos dessa unidade operacional.
 Moeda de apresentação: é a moeda na qual as demonstrações financeiras são
apresentadas.
 Moeda estrangeira: é uma moeda que não seja a moeda funcional da entidade.
 Moeda funcional: é a moeda do ambiente económico principal no qual a entidade opera.

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 Taxa de câmbio: é o rácio de troca de duas moedas.
 Taxa de câmbio à vista: é a taxa de câmbio para entrega imediata de moeda.
 Taxa de fecho: é a taxa de câmbio à vista à data do balanço.

Uma transação em moeda estrangeira deve ser registada, no momento do reconhecimento


inicial na moeda funcional, pela aplicação à quantia de moeda estrangeira da taxa de câmbio
entre a moeda funcional e a moeda estrangeira à data da transação. Posteriormente, à data de
cada balanço:
a) Os itens monetários em moeda estrangeira devem ser transpostos pelo uso da taxa de fecho
(este procedimento é correntemente designado por “actualização cambial à data do balanço”
e aplica-se a itens como “Caixa”, “Depósitos bancários”, “Dívidas a pagar e a receber”, entre
outros);
b) Os itens não monetários que sejam mensurados em termos de custo histórico numa moeda
estrangeira devem ser transpostos pelo uso da taxa de câmbio à data da transacção (como é o
caso dos ativos fixos tangíveis);
c) Os itens não monetários que sejam mensurados pelo justo valor numa moeda estrangeira
devem ser transpostos pelo uso das taxas de câmbio que existiam quando os valores foram
determinados.

Por regra, as diferenças de câmbio resultantes da liquidação de itens monetários ou do relato


de itens monetários de uma empresa a taxas diferentes das que foram inicialmente registadas
durante o período, ou relatadas em demonstrações financeiras anteriores, devem ser
reconhecidas nos resultados do período em que ocorram.

Para efeitos de contabilização, de acordo com a FAQ n.º 10 divulgada pela Comissão de
Normalização Contabilística (CNC) em 24/02/2010, são utilizadas as seguintes contas para
registar as diferenças de cêmbio:
692 – Diferenças de câmbio desfavoráveis
6921 - Relativas a financiamentos obtidos
6928 - Outros
786 - Rendimentos e ganhos nos restantes ativos financeiros
7861 - Diferenças de câmbio favoráveis

Daqui parece poder indiciar-se que a segunda se reporta às diferenças de câmbio favoráveis
associadas a itens relativos às atividades de investimento da entidade e que a primeira
respeita às diferenças de câmbio desfavoráveis associadas às atividades de financiamento. Não
considerou o legislador a previsão de contas relativas às diferenças de câmbio desfavoráveis
associadas às atividades de investimento, nem às diferenças de câmbio favoráveis associadas
às atividades de financiamento, nem qualquer conta respeitante às diferenças de câmbio
(favoráveis e desfavoráveis) associadas a itens relativos às atividades operacionais.

Tendo sido detetada a lacuna acima referida e mostrando-se necessário clarificar o modo de a
superar, entende a CNC que, para registo daquelas operações, podem ser criadas as seguintes
contas:
Para a atividade de investimento
6863 – Diferenças de câmbio desfavoráveis
Para a atividade operacional
6887 – Diferenças de câmbio desfavoráveis
7887 – Diferenças de cambo favoráveis

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Para a atividade de financiamento
793 – Diferenças de câmbio favoráveis

Expressão das taxas de câmbio

De acordo com a definição constante na NCRF 23, por taxa de câmbio entende-se o rácio de
troca entre duas moedas. No entanto, este rácio pode ser apresentado de duas formas
distintas, sendo de todo relevante conhecer a respetiva forma de apresentação para efeitos de
cálculo e contabilização. Assim, as taxas de câmbio podem ser apresentadas ao certo (ou
termos europeus) ou ao incerto (ou termos americanos).

Na cotação ao certo considera-se que uma unidade de moeda nacional corresponde a X


unidades de moeda estrangeira ou, dito de outra forma, a quantidade de moeda estrangeira
que é necessário para adquirir uma unidade de moeda nacional. Por outro lado, a cotação ao
incerto considera-se que uma unidade de moeda estrangeira corresponde a X unidades de
moeda nacional ou, de outra forma, corresponde à quantidade de moeda nacional que é
necessário para adquirir uma unidade de moeda estrangeira. Por exemplo, a cotação
Euro/Dólar = 1,161 significa que 1 Euro vale 1,161 Dólares Americanos (USD). Outra forma de
apresentação alternativa será Dólar/Euro = 0,8475.

Cotação ao certo (EUR/USD) Cotação ao incerto


(USD/EUR)
1 / Cotação ao incerto 1 / Cotação ao certo
1 / 0,8613 = 1,18 1 / 1,161 = 0,8613

No entanto as instituições de crédito apresentam, regra geral, duas cotações que


correspondem ao câmbio da compra (cotação bid) e ao câmbio da venda (offer), conforme
exemplo infra de cotação ao certo:

Moeda Compra (bid) Venda


(offer)
USD 1,1607 1,1561

Pela aplicação das taxas supra indicadas, se uma entidade tiver a receber uma dívida de um
cliente de 1.000 USD, o banco efetua o seguinte câmbio: 1.000 / 1,1607 = 861,55 €. Por outro
lado, se uma empresa efetuar o pagamento a um fornecedor de 1.000 USD o banco efetua o
seguinte câmbio: 1.000 / 1,1561 = 864,98 €. O diferencial entre a cotação de compra e a
cotação de venda corresponde à margem de intermediação das instituições de crédito que se
obtém pela seguinte expressão:

Margem de intermediação = (Cotação de venda – Cotação de compra) / Cotação de venda

Aplicando ao exemplo supra, obtém-se:

Margem % do banco = (864,98 – 861,55) / 864,98 = 0,396%

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Estratégias de cobertura de risco cambial

As entidades que efetuam transações em moeda estrangeira (compras e ou vendas) ficam


expostas ao chamado risco cambial. Significa que podem vir a receber um valor inferior às
expectativas e vir a pagar valores igualmente superiores às expectativas. Para se protegerem
do risco cambial as entidades podem adotar algumas medidas, como seja:

Escolha da moeda de facturação: Tentar que o cliente ou o fornecedor aceitem a transacção


em Euros.

Pronto pagamento: Pagar ou receber a pronto para eliminar o risco de subida/descida das
taxas de câmbio

Utilização do referencial das taxas forward: Significa formar o preço de venda ou aceitar o
preço de compra não em função da taxa de câmbio à vista (taxa spot), mas sim em função das
taxas de câmbio forward divulgadas para as datas de recebimento ou pagamento.

Posições cruzadas: Vender em moeda estrangeira e em simultâneo comprar também em


moeda estrangeira, para permitir uma compensação de valores e redução da exposição
cambial.

Cobertura (Hedge): Entrar num contrato forward para proteger o valor da moeda nacional de
ativos ou passivos originariamente expressos em moeda estrangeira.

Utilização de futuros e ou opções cambiais negociados em bolsa.

Pela exportação / prestação de serviço para o exterior:

71 - Vendas / 72 - 211 - Clientes - Conta


Prestação de serviços corrente

€ €

Pela diferença cambial da dívida:

7887 - Diferenças 211 - Clientes - Conta 6887 - Diferenças


câmbio favoráveis corrente câmbio desvaforáveis

€ € € €

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Pela variação do forward:


771 - Ganhos por 661 - Perdas por
aumento de justo redução de justo
valor - Em 141 - Derivados valor - Em
instrumentos instrumentos
financeiros financeiros

€ € € €

Pelo recebimento da dívida:

211 - Clientes - Conta 12 - Depósitos à


corrente Ordem

€ €

141 - Derivados

€ €

Exemplo de utilização de forward cambial:

Em 30/11/20N14 uma Empresa portuguesa vendeu mercadorias a um cliente angolano pelo


montante de 1.000.000 USD, com prazo de pagamento a 60 dias (29 de janeiro de 20N15),
sendo a taxa de câmbio no mercado à vista (taxa de câmbio spot) EUR/USD = 1,3000. Nesta
mesma data celebrou um contrato forward de divisas com o Banco Lusitano para
29/01/20N15, com a taxa de câmbio EUR/USD = 1,2757.

Em 31/12/20N14 a taxa de câmbio spot era EUR/USD = 1,2877 e a taxa de câmbio forward
para 29/01/20N15 era EUR/USD = 1,2639.

No dia 29 de janeiro de 20N15 o cliente efetuou a transferência de 1.000.000 USD, sendo a


taxa de câmbio spot nesta data EUR/USD = 1,3125.

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Contabilização Forward cambial
Data Valor Descrição das operações Cálculos
Débito Crédito Ativo Passivo
Exportaçã o pa ra o cl i ente
30/11/20N14 769.230,77 € 211 711
a ngol a no (1.000.000 / 1,3000)
Atua l i za çã o ca mbi a l fa vorá vel
31/12/20N14 7.347,62 € 211 7887
da dívi da (1.000.000 / 1,2877) - (1.000.000 / 1,3000)
Va ri a çã o des fa vorá vel do
31/12/20N14 7.318,48 € 661 1412 0,00 € 7.318,48 €
forwa rd (1.000.000 / 1,2639) - (1.000.000 / 1,2757)
Di ferença ca mbi a l
29/01/20N14 14.673,63 € 6887 211
des fa vorá vel da dívi da (1.000.000 / 1,3125) - (1.000.000 / 1,2877)
29/01/20N14 29.297,08 € Va ri a çã o fa vorá vel do forwa rd (1.000.000 / 1,2639) - (1.000.000 / 1,3125) --- 771
29/01/20N14 21.978,60 € Va ri a çã o fa vorá vel do forwa rd (1.000.000 / 1,2757) - (1.000.000 / 1,3125) 1411 --- 21.978,60 € 0,00 €
29/01/20N14 7.318,48 € Va ri a çã o fa vorá vel do forwa rd (1.000.000 / 1,2639) - (1.000.000 / 1,2757) 1412 ---
29/01/20N14 783.883,36 € Pel o recebi mento (1.000.000 / 1,2757) 12 ---
29/01/20N14 761.904,76 € Pel o recebi mento --- 211
29/01/20N14 21.978,60 € Pel o recebi mento --- 1411 0,00 € 0,00 €

O forward de divisas é considerado um instrumento financeiro derivado negociado em


mercado balcão (over-the-counter market), dado que é padronizado pelo Banco para um
cliente e uma ou mais operações específicas. Neste caso, o forward pressupõe a entrega,
numa data fixa futura, de um montante especificado de euros contra o recebimento em
dólares americanos.

15.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Cobertura de risco cambial
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

Nos termos do artigo 20.º do Código do IRC as diferenças de câmbio favoráveis consideram-se
rendimentos e ganhos, quer sejam efetivas (resultem de recebimentos ou pagamentos que já
tenham ocorrido) ou potenciais, enquadrando-se nestas últimas as que resultam da
atualização cambial na data do balanço, não obstante poderem reverter no exercício seguinte
aquando do recebimento ou pagamento.

Da mesma forma, também as diferenças de câmbio desfavoráveis, efectivas ou potenciais, são


consideradas gastos e perdas nos termos do artigo 23.º do Código do IRC.

A tributação das diferenças de câmbio potenciais tem acolhimento no artigo 18.º do CIRC, o
qual considera que os rendimentos e os gastos, assim como as outras componentes positivas
ou negativas do lucro tributável, são imputáveis ao período de tributação em que sejam

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obtidos ou suportados, independentemente do seu recebimento ou pagamento, de acordo
com o regime de periodização económica.

Em matéria de instrumentos financeiros derivados, dispõe o artigo 49.º do CIRC que


concorrem para a formação do lucro tributável, os rendimentos ou gastos resultantes da
aplicação do justo valor a instrumentos financeiros derivados, ou a qualquer outro ativo ou
passivo financeiro utilizado como instrumento de cobertura restrito à cobertura do risco
cambial. Esta regra tem uma exceção no que respeita às operações cujo objetivo exclusivo seja
o de cobertura de fluxos de caixa ou de cobertura do investimento líquido numa unidade
operacional estrangeira, diferindo-se, neste caso, os rendimentos ou gastos gerados pelo
instrumento de cobertura, na parte considerada eficaz, até ao momento em que os gastos ou
rendimentos do elemento coberto concorram para a formação do lucro tributável.

Em sede de IRS

Nos termos do artigo 5.º do Código do IRS, considera-se rendimento de capitai (categoria E) o
ganho decorrente de operações de swaps cambiais, swaps de taxa de juro, swaps de taxa de
juro e divisas e de operações cambiais a prazo. O ganho sujeito a imposto é constituído:

a) Tratando-se de swaps cambiais ou de operações cambiais a prazo, pela diferença positiva


entre a taxa de câmbio acordada para a venda ou compra na data futura e a taxa de câmbio à
vista verificada no dia da celebração do contrato para o mesmo par de moedas;

b) Tratando-se de swaps de taxa de juro ou de taxa de juro e divisas, pela diferença positiva
entre os juros e, bem assim, no segundo caso, pelos ganhos cambiais respeitantes aos capitais
trocados.

Havendo lugar à cessão ou anulação de um swap ou de uma operação cambial a prazo, com
pagamento e recebimento de valores de regularização, os ganhos respetivos constituem
também rendimento de capitais.

Estando em causa instrumentos financeiros derivados, se a substância de uma operação ou


conjunto de operações diferir da sua forma, o momento, a fonte e a natureza dos pagamentos
e recebimentos, rendimentos e gastos, decorrentes dessa operação, podem ser requalificados
pela administração tributária de modo a ter em conta essa substância, com as necessárias
adaptações, para efeitos de IRS.

O Código do IRS contém ainda uma disposição específica em matéria de swaps e operações
cambiais a prazo, contida no seu artigo 40.º-B. Assim, no cálculo do rendimento da cessão ou
anulação de um swap ou de uma operação cambial a prazo, com pagamento e recebimento de
valores de regularização, não é considerado:

a) Qualquer pagamento de compensação que exceda os pagamentos de regularização, ou


terminais, previstos no contrato original, ou os preços de mercado aplicáveis a operações com
idênticas características, designadamente de prazo remanescente;

b) O custo imputado à aquisição de uma posição contratual de um swap preexistente que


exceda os pagamentos de regularização, ou terminais, previstos no contrato original, ou os

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preços de mercado aplicáveis a operações com idênticas características, designadamente de
prazo remanescente.

Já o artigo 23.º do CIRS versa sobre os valores fixados em moeda sem curso legal em Portugal,
prevendo que a equivalência de rendimentos ou encargos expressos em moeda sem curso
legal em Portugal é determinada pela cotação oficial da respetiva divisa, de acordo com as
seguintes regras:

a) Tratando-se de rendimentos transferidos para o exterior, aplica-se o câmbio de venda da


data da efetiva transferência ou da retenção na fonte, se a ela houver lugar;

b) Tratando-se de rendimentos provenientes do exterior, aplica-se o câmbio de compra da


data em que aqueles foram pagos ou postos à disposição do sujeito passivo em
Portugal;

c) Tratando-se de rendimentos obtidos e pagos no estrangeiro que não sejam transferidos


para Portugal até ao fim do ano, aplica-se o câmbio de compra da data em que aqueles
forem pagos ou postos à disposição do sujeito passivo;

d) Tratando-se de encargos, aplica-se o câmbio de venda da data do pagamento.

Ainda assim, não sendo possível comprovar qualquer das datas referidas anteriormente,
aplica-se o câmbio de 31 de dezembro do ano a que os rendimentos ou encargos respeitem.
Por último, não existindo câmbio nas datas referidas, aplica-se o da última cotação anterior a
essas datas.

Estas regras de utilização das taxas de câmbio não têm acolhimento quando a determinação
do rendimento coletável se faça com base na contabilidade, seguindo-se neste caso as regras
legais aplicáveis, nomeadamente as normas contabilísticas e de relato financeiro do SNC.

Em sede de IVA

O artigo 16.º do Código do IVA prevê que quando os elementos necessários à determinação do
valor tributável sejam expressos em moeda diferente da moeda nacional, a taxa de câmbio a
utilizar é a última divulgada pelo Banco Central Europeu ou a de venda praticada por qualquer
banco estabelecido no território nacional.

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16. Cobertura de Risco de Taxa de Juro

16.1. Introdução

A cobertura de risco de taxa de juro, ou swap de taxa de juro é uma solução financeira
disponibilizada por instituições financeiras materializada por via contratual, onde as referidas
instituições financeiras e as empresas trocam de posição financeira relativamente a taxas de
juro, o que faz com que venham a trocar fluxos financeiros.

Assim, o swap de taxa de juro permite às


empresas, que tenham financiamentos contraídos O swap de taxa de juro é um contrato no
qual o banco e a empresa acordam trocar
junto de instituições financeiras, através da
pagamento de juros periódicos,
contratação de uma taxa de juro fixa, proteger-se
calculados com base em diferentes taxas
e acautelar-se do impacto que a variação das
de juro, mas sobre o mesmo valor de
taxas de juro tem nos seus compromissos referência, designado por valor nocional.
financeiros durante o período de vigência dos
mesmos.

O swap funciona como um produto de cobertura do risco de taxa de juro, protegendo a


empresa de eventuais agravamentos de encargos financeiros no futuro. É no entanto uma
solução e opção de risco, uma vez que a volatilidade e incerteza dos mercados financeiros não
permitem que a tomada de decisão a este nível seja pautada por um grau de certeza e
confiança elevados.

Instituição Empresa
financeira

Taxa juro fixa Taxa juro


variável

Ambos os juros trocados (de taxa fixa e taxa variável) devem ser pagos na mesma moeda e
calculados com base num determinado valor de referência (valor nocional), o qual poderá ser
correspondente ao montante, total ou parcial, do empréstimo base.

As entidades utilizam geralmente instrumentos de cobertura de risco de taxa de juro visando


reduzir o impacto negativo decorrente do aumento das taxas de juro de mercado associado à
possível subida da taxa do indexante utilizada nos contratos de financiamento, nomeadamente
a EURIBOR.

A palavra EURIBOR resulta da abreviatura da expressão anglo-saxónica Euro Interbank Offered


Rate. As taxas EURIBOR são determinadas com base na média das taxas de juro praticadas por
um conjunto de bancos europeus (painel de 25 a 40 bancos), nas operações de financiamentos

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concedidos entre si, excluindo-se 15% das percentagens mais altas e 15% das percentagens
mais baixas, relatadas todos os dias úteis, às 11:00 horas (Hora Central Europeia - CET). O
painel de bancos europeus, selecionados para fornecerem os seus dados para a determinação
da EURIBOR, é controlado por uma comissão diretora da Federação de Bancos Europeus.

Os referidos instrumentos de cobertura de risco de taxa de juro são designados por


instrumentos financeiros derivados, sendo normalmente utilizados para o efeito os swaps e os
cap’s de taxa de juro. Embora o espirito subjacente à utilização de derivados seja as operações
de cobertura ou também conhecidas por contabilidade de cobertura (hedge accounting),
algumas entidades utilizam-nos para especulação ou, até mesmo, para explorar possíveis
situações de arbitragem originadas por imperfeições temporárias dos mercados financeiros.

Operações de
cobertura de
risco (hedging)

Utilização de
instrumentos
financeiros
derivados

Exploração de
Operações
possibilidades
especulativas
de arbitragem

Swap de taxa de juro

O swap de taxa de juro consiste num contrato celebrado entre uma entidade (cliente) e uma
instituição de crédito (banco), consubstanciado num derivado de crédito em que, através de
contrato, fica estabelecido a troca ou permuta de taxa de juro (normalmente designado por
IRS - Interest Rate Swap), entre as partes contraentes. Sobre um determinado montante
(nocional) e durante um determinado período de tempo, o cliente paga juros calculados à taxa
fixa e recebe do banco juros calculados a taxa variável, podendo existir a compensação total
ou parcial dos fluxos de juros caso exista coincidência da periodicidade no seu
recebimento/pagamento, havendo apenas lugar à troca do valor resultante do diferencial
entre as taxas de juro.

O swap de taxa de juro permite ao cliente que contraiu um empréstimo com taxa variável,
passar a pagar os juros à taxa fixa, em ordem a cobrir o risco de subida da taxa de juro. No
entanto, caso as taxas se mantenham abaixo da taxa fixa o cliente sai a perder, só tendo
impacto positivo caso a taxa variável supere a taxa fixada pelo swap.

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Paga taxa fixa e Paga taxa variável e


recebe taxa variável Cliente Banco
recebe taxa fixa

Opção de taxa de juro (Cap)

A compra de uma opção de taxa de juro (Cap) permite à Empresa, mediante o pagamento de
um prémio inicial, fixar uma taxa máxima de juro a pagar no seu financiamento, dado que o
Cap funciona como o tecto máximo ou o “chapéu” para a taxa de juro a pagar. A vantagem
relativamente ao swap tem a ver com a possibilidade de a Empresa beneficiar também das
descidas da taxa de juro, ou seja, a taxa é variável até atingir o nível de proteção do Cap e
torna-se fixa caso as taxas de mercado (Euribor) ultrapassem a taxa cap, havendo neste caso
lugar ao pagamento da diferença por parte do Banco.

O valor do prémio inicial do Cap depende das condições dos mercados financeiros na data da
sua negociação, ou seja, das expectativas de evolução da curva da estrutura temporal das
taxas de juro Euribor e do maior ou menor nível de cobertura pretendido. O Cap é
normalmente utilizado como instrumento de cobertura e não para especulação, sendo a perda
máxima igual ao valor do prémio caso a taxa de mercado nunca ultrapasse a taxa do Cap.

16.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC), publicado através do Decreto-Lei n.º
158/2009, de 13 de Julho, revogou o Plano Oficial de Contabilidade (POC), as Diretrizes
Contabilísticas e demais legislação conexa em vigor até então.

O SNC é constituído por um núcleo fundamental, a saber as 28 Normas Contabilísticas e de


Relato Financeiro (NCRF), que constituem uma adaptação das normas internacionais de
contabilidade (IAS) e as normas internacionais de relato financeiros (IFRS), e garantem os
critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação dos factos contabilísticos.

De acordo com a definição constante na NCRF 27 Instrumentos financeiros, derivado: é um


instrumento financeiro ou outro contrato com todas as três características seguintes:

a) O seu valor altera-se em resposta à alteração numa especificada taxa de juro, preço de
instrumento financeiro, preço de mercadoria, taxa de câmbio, índice de preços ou de taxas,
notação de crédito ou índice de crédito, ou outra variável, desde que, no caso de uma variável
não financeira, a variável não seja específica de uma parte do contrato (por vezes denominada
"subjacente");

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b) Não requer qualquer investimento líquido inicial ou requer um investimento inicial líquido
inferior ao que seria exigido para outros tipos de contratos que se esperaria que tivessem uma
resposta semelhante às alterações nos fatores de mercado;

c) É liquidado numa data futura.

A NCRF 27 prescreve ainda as seguintes orientações para a contabilização de cobertura do


risco de variabilidade da taxa de juro, risco cambial, risco de preço de mercadorias no âmbito
de um compromisso ou de elevada probabilidade de transacção futura ou de investimento
líquido numa operação estrangeira (parágrafos 41 a 43).

41 - Se as condições de qualificação forem satisfeitas e a cobertura de risco respeitar à


exposição à variabilidade na taxa de juro de um instrumento de dívida mensurado ao custo
amortizado, a entidade deve:

a) Reconhecer as alterações no justo valor do instrumento de cobertura diretamente em


capital próprio; e

b) Subsequentemente, deverá reconhecer as liquidações periódicas em base líquida na


demonstração de resultados no período em que as liquidações em base líquida ocorram.

Contabilização de um swap de taxa de juro variável

Pela obtenção do financiamento:

2511 - Empréstimos 12 - Depósitos à


bancários Ordem

€ €

Pelo pagamento dos juros do financiamento:

6911 - Juros de
12 - Depósitos à
financiamentos
Ordem
obtidos

€ €

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Pelo pagamento de juros do swap:

12 - Depósitos à
6918 - Outros juros
Ordem

€ €

Pela variação do justo valor do swap:

1411 - Outros Inst.


599 - Outras Financeiro - 599 - Outras
variações no capital Derivados - variações no capital
próprio - Outras Potencialmente próprio - Outras
favoráveis

€ € € € €

1412 - Outros Inst.


599 - Outras Financeiro - 599 - Outras
variações no capital Derivados - variações no capital
próprio - Outras Potencialmente próprio - Outras
desfavoráveis

€ € € € €

Reconhecimento final do justo valor do swap:

1411 - Outros Inst.


599 - Outras
Financeiro -
variações no capital
Derivados -
próprio - Outras
Potencialmente

€ €

1412 - Outros Inst.


599 - Outras
Financeiro -
variações no capital
Derivados -
próprio - Outras
Potencialmente

€ €

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Pelo pagamento do capital em dívida:

12 - Depósitos à 2511 - Empréstimos


Ordem bancários

€ €

Exemplo de contabilização do swap de taxa de juro variável:

Um Empresa contraiu no início do ano 20N15 um financiamento cujo capital será liquidado
integralmente no vencimento, ao final do segundo ano (prazo de 2 anos) no montante de €
1.000.000, que vence juros trimestralmente à Taxa Euribor 3 meses em vigor em cada data de
pagamento, acrescida de um spread de 3,5%. Prevendo uma subida da Euribor, que na data da
obtenção do financiamento era de 0,25%, a Empresa contratou com o Banco um swap de 4%,
pelo mesmo prazo de 2 anos, tendo, por sua vez, o Banco negociado o swap no Mercado
Monetário Interbancário (MMI) à taxa de 3,8%.

Por hipótese simplificada, admite-se que nos próximos 2 anos os fluxos financeiros e as
contabilizações serão os seguintes, considerando que na data de obtenção do financiamento a
expectativa era que ao final do primeiro trimestre a Euribor a 3 meses se situasse nos 0,50% e
que no final dos trimestres seguintes não houvesse informação adicional sobre as taxas
forward da Euribor a 3 meses4:

Em 20N15:

Contabilização Swap
Data Valor Observações
Débito Crédito Ativo Passivo
01/01/20N15 1.000.000,00 € 12 2511 0,00 € 0,00 € Obtençã o do fi na nci a mento
31/03/20N15 9.250,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,20%
31/03/20N15 750,00 € 6918 12 Pa ga mento dos juros do s wa p (4,00% - 3,70%)
31/03/20N15 -5.061,02 € --- --- 0,00 € 5.061,02 € Jus to va l or do s wa p potenci a l mente des fa vorá vel
31/03/20N15 -5.061,02 € 599 1412 Va ri a çã o de jus to va l or do s wa p
30/06/20N15 9.375,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,25%
30/06/20N15 625,00 € 6918 12 Pa ga mento dos juros do s wa p (4,00% - 3,75%)
30/06/20N15 -3.629,97 € --- --- 0,00 € 3.629,97 € Jus to va l or do s wa p potenci a l mente des fa vorá vel
30/06/20N15 1.431,05 € 1412 599 Va ri a çã o de jus to va l or do s wa p
30/09/20N15 10.000,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,50%
30/09/20N15 0,00 € --- --- Pa ga mento dos juros do s wa p (4,00% - 4,00%)
30/09/20N15 0,00 € --- --- Jus to va l or do s wa p potenci a l mente neutro
30/09/20N15 3.629,97 € 1412 599 0,00 € 0,00 € Va ri a çã o de jus to va l or do s wa p
31/12/20N15 10.625,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,75%
31/12/20N15 625,00 € 12 7915 Recebi mento dos juros do s wa p (4,25% - 4,00%)
31/12/20N15 2.434,98 € --- --- 2.434,98 € 0,00 € Jus to va l or do s wa p potenci a l mente fa vorá vel
31/12/20N15 2.434,98 € 1411 599 Va ri a çã o de jus to va l or do s wa p

4
O justo valor dos swaps é, em regra, determinado em cada momento pelos bancos, tendo em conta a curva da estrutura
temporal das taxas de juro forward estimadas para a evolução das cotações da Euribor. Na prática, em cada data relevante para
efetuar o cálculo do justo valor do swap e das respetivas contabilizações, é necessário obter esta informação junto das instituições
de crédito.

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Em 20N16:

Contabilização Swap
Data Valor Observações
Débito Crédito Ativo Passivo
31/03/20N16 11.250,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 1,00%
31/03/20N16 1.250,00 € 12 7915 Recebi mento dos juros do s wa p (4,50% - 4,00%)
31/03/20N16 3.667,18 € --- --- 3.667,18 € 0,00 € Jus to va l or do s wa p potenci a l mente fa vorá vel
31/03/20N16 1.232,20 € 1411 599 Va ri a çã o de jus to va l or do s wa p
30/06/20N16 10.000,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,50%
30/06/20N16 0,00 € --- --- Recebi mento dos juros do s wa p (4,00% - 4,00%)
30/06/20N16 0,00 € --- --- 0,00 € 0,00 € Jus to va l or do s wa p potenci a l mente neutro
30/06/20N16 3.667,18 € 599 1411 Va ri a çã o de jus to va l or do s wa p
30/09/20N16 9.375,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,25%
30/09/20N16 625,00 € 6918 12 Pa ga mento dos juros do s wa p (4,00% - 3,75%)
30/09/20N16 -619,20 € --- --- 0,00 € 619,20 € Jus to va l or do s wa p potenci a l mente des fa vorá vel
30/09/20N16 619,20 € 599 1412 Va ri a çã o de jus to va l or do s wa p
31/12/20N16 9.125,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,15%
31/12/20N16 875,00 € 6918 12 Pa ga mento dos juros do s wa p (4,00% - 3,65%)
31/12/20N16 0,00 € --- --- 0,00 € 0,00 € Jus to va l or fi na l do s wa p
31/12/20N16 619,20 € 1412 599 Reconheci mento fi na l do jus to va l or do s wa p
31/12/20N16 1.000.000,00 € 2511 12 Pa ga mento do ca pi tal em dívi da

Verifica-se que o montante trimestral dos juros do financiamento acrescido ou deduzido dos
juros a pagar ou a receber do swap é sempre igual a € 10.000, decorrente a cobertura de risco
de taxa de juro.

Relativamente à determinação do justo valor do swap (tarefa a cargo do Banco), nas condições
estabelecidas para o exemplo supra, obtêm-se da seguinte forma para 31/03/20N16:

1.250 1.250 1.250


JV swap 310320N16 = + + = 3.667,18 €
4,50% 4,50% 4,50%
(1 + 4 )3 (1 + 4 )2 (1 + 4 )

Na prática, e meramente a título de exemplo, o cálculo do justo valor do swap para este
período, corresponde à atualização dos fluxos previsionais a favor da empresa utilizando a taxa
de juro variável, partindo do princípio que esta taxa se manterá até ao final do contrato.

Contabilização do Cap de taxa de juro

Pela obtenção do financiamento:

2511 - Empréstimos 12 - Depósitos à


bancários Ordem

€ €

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Pelo pagamento dos juros do financiamento:

6911 - Juros de
12 - Depósitos à
financiamentos
Ordem
obtidos

€ €

Pela amortização do Cap de taxa de juro:

1411 - Outros Inst.


6988 - Outros gastos
Financeiro -
e perdas de
Derivados -
financiamento -
Potencialmente
Outros
favoráveis

€ €

Pelo recebimento dos juros do Cap:

7915 - Juros obtidos -


12 - Depósitos à
de financiamentos
Ordem
obtidos

€ €

Pela variação de justo valor do Cap de taxa de juro:

1411 - Outros Inst.


599 - Outras Financeiro - 599 - Outras
variações no capital Derivados - variações no capital
próprio - Outras Potencialmente próprio - Outras
favoráveis

€ € € € €

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Pelo pagamento do capital em dívida:

12 - Depósitos à 2511 - Empréstimos


Ordem bancários

€ €

Exemplo de contabilização do Cap de taxa de juro:

Uma Empresa contraiu no início do ano 20N15 um financiamento cujo capital será liquidado
integralmente no vencimento, ao final do segundo ano (prazo de 2 anos) no montante de €
1.000.000, que vence juros trimestralmente à Taxa Euribor 3 meses em vigor em cada data de
pagamento, acrescida de um spread de 3,5%. Prevendo uma subida da Euribor, que na data da
obtenção do financiamento era de 0,25%, a Empresa contratou com o Banco um Cap de taxa
de juro de 4,15%, pelo mesmo prazo de 2 anos, partindo do princípio que o valor do Cap será
reconhecido em partes iguais em cada data de pagamento dos juros.

Por hipótese simplificada, admite-se que nos próximos 2 anos os fluxos financeiros e as
contabilizações serão os seguintes, considerando que na data de obtenção do financiamento a
expectativa era que ao final do primeiro trimestre a Euribor a 3 meses se situasse nos 0,65% e
que no final dos trimestres seguintes não houvesse informação adicional sobre as taxas
forward da Euribor a 3 meses:

Em 20N15:

Contabilização Cap
Data Valor Observações
Débito Crédito Ativo
01/01/20N15 1.000.000,00 € 12 2511 Obtençã o do fi na nci a mento
01/01/20N15 1.000,00 € 1411 12 1.000,00 € Pa ga mento do prémi o pel a a qui s i çã o do Ca p de taxa de juro
31/03/20N15 9.250,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,20%
31/03/20N15 125,00 € 6988 1411 Amorti za çã o do Ca p de taxa de juro
31/03/20N16 875,00 € --- --- 875,00 € Jus to va l or do Ca p de taxa de juro
30/06/20N15 9.375,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,25%
30/06/20N15 125,00 € 6988 1411 Amorti za çã o do Ca p de taxa de juro
30/06/20N15 750,00 € --- --- 750,00 € Jus to va l or do Ca p de taxa de juro
30/09/20N15 10.000,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,50%
30/09/20N15 125,00 € 6988 1411 Amorti za çã o do Ca p de taxa de juro
30/09/20N15 625,00 € --- --- 625,00 € Jus to va l or do Ca p de taxa de juro
31/12/20N15 10.625,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,75%
31/12/20N15 250,00 € 12 7915 Recebi mento dos juros do Ca p (4,25% - 4,15%)
31/12/20N16 125,00 € 6988 1411 Amorti za çã o do Ca p de taxa de juro
31/12/20N15 1.473,99 € --- --- 1.473,99 € Jus to va l or do Ca p de taxa de juro potenci a l mente fa vorá vel
31/12/20N15 973,99 € 1411 599 Va ri a çã o de jus to va l or do Ca p de taxa de juro

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Em 20N16:

Contabilização Cap
Data Valor Observações
Débito Crédito Ativo
31/03/20N16 11.250,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 1,00%
31/03/20N16 875,00 € 12 7915 Recebi mento dos juros do Ca p (4,50% - 4,15%)
31/03/20N16 125,00 € 6988 1411 Amorti za çã o do Ca p de taxa de juro
31/03/20N16 2.942,03 € --- --- 2.942,03 € Jus to va l or do Ca p de taxa de juro potenci a l mente fa vorá vel
31/03/20N16 1.593,03 € 1411 599 Va ri a çã o de jus to va l or do Ca p de taxa de juro
30/06/20N16 10.000,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,50%
30/06/20N16 125,00 € 6988 1411 Amorti za çã o do Ca p de taxa de juro
30/06/20N16 250,00 € --- --- 250,00 € Jus to va l or do Ca p de taxa de juro
30/06/20N16 2.567,02 € 599 1411 Va ri a çã o de jus to va l or do Ca p de taxa de juro
30/09/20N16 9.375,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,25%
30/09/20N16 125,00 € 6988 1411 Amorti za çã o do Ca p de taxa de juro
30/09/20N16 125,00 € --- --- 125,00 € Jus to va l or do Ca p de taxa de juro
31/12/20N16 9.125,00 € 6911 12 Pa ga mento dos juros do fi na nci a mento com Euri bor 3 M 0,15%
31/12/20N16 125,00 € 6988 1411 Amorti za çã o do Ca p de taxa de juro
31/12/20N16 0,00 € --- --- 0,00 € Jus to va l or do Ca p de taxa de juro
31/12/20N16 1.000.000,00 € 2511 12 Pa ga mento do ca pi tal em dívi da

16.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Cobertura de risco de taxa de juro
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

O artigo 49.º do Código do IRC contém o enquadramento fiscal dos instrumentos financeiros
derivados. Ao nível da contabilidade de cobertura, estabelece que relativamente às operações
cujo objetivo exclusivo seja o de cobertura de fluxos de caixa ou de cobertura do investimento
líquido numa unidade operacional estrangeira, são diferidos os rendimentos ou gastos gerados
pelo instrumento de cobertura, na parte considerada eficaz, até ao momento em que os
gastos ou rendimentos do elemento coberto concorram para a formação do lucro tributável.
Nas restantes situações, concorrem para a formação do lucro tributável, os rendimentos ou
gastos resultantes da aplicação do justo valor a instrumentos financeiros derivados, ou a

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qualquer outro ativo ou passivo financeiro utilizado como instrumento de cobertura restrito à
cobertura do risco cambial.

Relativamente às operações cujo objetivo exclusivo seja o de cobertura de justo valor, quando
o elemento coberto esteja subordinado a outros modelos de valorização, são aceites
fiscalmente os rendimentos ou gastos do elemento coberto reconhecidos em resultados, ainda
que não realizados, na exata medida da quantia igualmente refletida em resultados, de sinal
contrário, gerada pelo instrumento de cobertura.

Desde que se verifique uma relação económica incontestável entre o elemento coberto e o
instrumento de cobertura, por forma a que da operação de cobertura se deva esperar, pela
elevada eficácia da cobertura do risco em causa, a neutralização dos eventuais rendimentos ou
gastos no elemento coberto com uma posição simétrica dos gastos ou rendimentos no
instrumento de cobertura, são consideradas operações de cobertura as que justificadamente
contribuam para a eliminação ou redução de um risco real de:

a) Um ativo, passivo, compromisso firme, transacção prevista com uma elevada


probabilidade ou investimento líquido numa unidade operacional estrangeira; ou

b) Um grupo de ativos, passivos, compromissos firmes, transações previstas com uma


elevada probabilidade ou investimentos líquidos numa unidade operacional
estrangeira com características de risco semelhantes; ou

c) Taxa de juro da totalidade ou parte de uma carteira de ativos ou passivos financeiros


que partilhem o risco que esteja a ser coberto.

Só é considerada de cobertura a operação na qual o instrumento de cobertura utilizado seja


um derivado ou, no caso de cobertura de risco cambial, um qualquer ativo ou passivo
financeiro.

Não são consideradas como operações de cobertura:

a) As operações efetuadas com vista à cobertura de riscos a incorrer por outras


entidades, ou por estabelecimentos da entidade que realiza as operações cujos
rendimentos não sejam tributados pelo regime geral de tributação;

b) As operações que não sejam devidamente identificadas e documentalmente


suportadas no processo de documentação fiscal previsto no artigo 130.º, no que se
refere ao relacionamento da cobertura, ao objetivo e à estratégia da gestão de risco da
entidade para levar a efeito a referida cobertura.

Se a substância de uma operação ou conjunto de operações diferir da sua forma, o momento,


a fonte e a natureza dos pagamentos e recebimentos, rendimentos e gastos, decorrentes

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dessa operação, podem ser requalificados pela administração tributária de modo a ter em
conta essa substância.

A não verificação dos requisitos para tipificação da operação como cobertura, determina, a
partir dessa data, a desqualificação da operação como operação de cobertura. Assim, não
sendo efetuada a operação coberta, ao valor do imposto relativo ao período de tributação em
que a mesma se efetuaria deve adicionar-se o imposto que deixou de ser liquidado, ou, não
havendo lugar à liquidação do imposto, deve corrigir-se em conformidade o prejuízo fiscal
declarado. À correção do imposto referida anteriormente são acrescidos juros
compensatórios, exceto quando, tratando-se de uma cobertura de fluxos de caixa ou de
cobertura do investimento líquido numa unidade operacional estrangeira, a operação coberta
seja efetuada em, pelo menos, 80% do respetivo montante.

Em sede de IRC, estas regras fiscais visam permitir o diferimento da tributação nos casos em
que exista efectivamente uma intenção de cobertura, tributando de imediato as situações
especulativas.

Em sede de IRS

Do ponto de vista do Código do IRS, tal como previsto no artigo 5.º, considera-se rendimento
de capitais o ganho decorrente de operações de swaps cambiais, swaps de taxa de juro, swaps
de taxa de juro e divisas e de operações cambiais a prazo. O ganho sujeito a imposto é
constituído:

a) Tratando-se de swaps cambiais ou de operações cambiais a prazo, pela diferença


positiva entre a taxa de câmbio acordada para a venda ou compra na data futura e a
taxa de câmbio à vista verificada no dia da celebração do contrato para o mesmo par
de moedas;

b) Tratando-se de swaps de taxa de juro ou de taxa de juro e divisas, pela diferença


positiva entre os juros e, bem assim, no segundo caso, pelos ganhos cambiais
respeitantes aos capitais trocados.

Nos casos em que haja lugar à cessão ou anulação de um swap ou de uma operação cambial a
prazo, com pagamento e recebimento de valores de regularização, os ganhos respetivos
constituem rendimento de capitais. Há semelhança do que dispõe o artigo 49.º do Código do
IRS, também o artigo 5.º do Código do IRS, com as necessárias adaptações, prevê que estando
em causa instrumentos financeiros derivados, se a substância de uma operação ou conjunto
de operações diferir da sua forma, o momento, a fonte e a natureza dos pagamentos e
recebimentos, rendimentos e gastos, decorrentes dessa operação, podem ser requalificados
pela administração tributária de modo a ter em conta essa substância.

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17. Seguro de Crédito

17.1. Introdução

O seguro de crédito é um instrumento disponível às empresas para cobrir o risco de não


pagamento de vendas e prestações de serviços faturados a crédito.

O seguro de crédito é uma apólice de seguro que cobre o risco de


não pagamento de vendas a crédito de bens e serviços a clientes

O seguro de crédito apresenta as seguintes caraterísticas:


 Prevenção de risco de cobrança da carteira de clientes;
 Recuperação das quantias não recebidas de clientes por incumprimento destes
relativamente aos prazos de vencimento das faturas a eles emitidas;
 Indemnização por parte da seguradora no caso de não pagamento por parte do
cliente. A percentagem a pagar nestes casos varia de acordo com o negociado e
contratualizado entre as partes (seguradora e segurado).

Prevenção

Risco de
Recuperação
cobrança

Seguro
crédito

Incumprimento Contrato

Indemnização

17.2. Normativo contabilístico aplicável


O Sistema de Normalização Contabilística (SNC), publicado através do Decreto-Lei n.º
158/2009, de 13 de Julho, é o atual normativo contabilístico vigente em Portugal. O SNC é
constituído por elementos fundamentais, entre eles destacam-se as Normas Contabilísticas e
de Relato Financeiro (NCRF), que constituem uma adaptação das normas internacionais de
contabilidade (IAS) e as normas internacionais de relato financeiros (IFRS), e garantem os
critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação das mesmas.

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Em SNC os gastos incorridos com a contratação do seguro de crédito devem ser reconhecidos
em fornecimentos e serviços externos, na conta 6263 – seguros.

O seguro de crédito será acionado, sempre que um cliente coberto pela apólice entre em
incumprimento na data de pagamento. Neste caso, é necessário reconhecer o crédito em
mora, e solicitar o pagamento da indemnização. A NCRF que regula esta operação é a NCRF 27
- Instrumentos Financeiros, cujo objetivo é prescrever o tratamento contabilístico dos
instrumentos financeiros, designadamente ativos financeiros.

Assim, o crédito em mora configura e é considerado um ativo financeiro no termos da alínea


c), do parágrafo 5, da NCRF 27, segundo o qual, um ativo financeiro é qualquer activo que seja
um direito contratual de receber dinheiro ou outro ativo financeiro de outra entidade.

Este instrumento financeiro deve ser mensurado ao custo ou ao custo amortizado deduzido
das respetivas perdas de imparidade (parágrafos 12 e 13).

Pela contratação do seguro:

12 - Depósitos à
6263 - Seguros
Ordem

€ €

Pelo accionamento do seguro:

217 - Clientes
211 - Clientes gerais
cobrança duvidosa

€ €

Exemplo:

A empresa Segura Total contratou um seguro de crédito com vista a cobrir o risco de não
pagamento de vendas a crédito de bens e serviços aos seus clientes. Esta apólice de seguro de
crédito cobre 90% das vendas de bens e serviços até ao limite de 250.000€.

Débito Crédito Valor Observações

Contratação da apólice de
seguro de crédito cujas
6263 - Seguros 12 - depósitos à ordem 5.000 € condições cobrem 90% das
vendas de bens e serviços até
ao limite de 250.000€

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Em determinada data, a empresa Segura Total vendeu ao seu cliente, elegível para efeitos de
apólice de seguro de crédito, bens no montante de 125 mil euros, cuja data de vencimento era
de 90 dias.

Débito Crédito Valor Observações

712 - Produtos Venda de bens a cliente


2111 - Clientes gerais acabados e 125.000 € elegível na apólice de seguro
intermédios de crédito

Após a data de vencimento, e depois de terem sido tomadas todas as diligências com vista ao
recebimento do montante aposto na fatura, a empresa Segura Total acionou o seguro de
crédito contratado, e pediu o pagamento da indemnização contratada no montante de 90% do
valor da venda.

Débito Crédito Valor Observações

217 - Clientes em mora 2111 - Clientes gerais 125.000 € Crédito em mora

12 - Depósitos à ordem 217 - Clientes em mora 112.500 € Indemnização do crédito em


mora

17.3. Regime fiscal aplicável

Imposto Financiamento
Seguro de crédito
IRC Sujeito
IRS Sujeito
IVA Sujeito
IS Sujeito
IMT Não sujeito
IMI Não sujeito

Em sede de IRC

As indemnizações pegas pelas Seguradoras de Crédito às Empresas, a título de compensação


por perdas em dívidas a receber, nos termos previstos nas respetivas apólices de seguro de
crédito, consideram-se rendimentos e ganhos tal como previsto no artigo 20.º do Código do
IRC, isto, claro está, desde que a Empresa reconheça o gasto ou a perda relativo à dívida
incobrável do cliente pela totalidade. Caso contrário, desde que a Empresa reconheça o valor

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da indemnização como um abatimento à dívida do cliente, sem afetar resultados, não à lugar
ao reconhecimento de qualquer rendimento para efeitos fiscais, mas ao mesmo tempo a
perda relacionada com a dívida incobrável é apenas reconhecida pela parte não coberta pelo
seguro.

No entanto, nos termos previstos no artigo 18.º do CIRC, em matéria de periodização do lucro
tributável, caso a Empresa reconheça num determinado exercício a perda relativa à dívida
incobrável de um cliente para o qual exista cobertura de seguro de crédito, deve também
reconhecer no mesmo exercício o valor da indemnização, ainda que esta venha a ocorrer só no
exercício seguinte.

Já o prémio a pagar à Seguradora de Crédito é considerado um gasto nos termos previstos no


artigo 23.º do CIRC, tal como a imparidade a reconhecer pela parte não coberta. Neste
domínio, tendo em conta que o seguro de crédito não constitui uma obrigatoriedade, mas
antes uma decisão de gestão da Empresa, não tem aplicabilidade o que dispõe o artigo 23.º-A
do CIRC, o qual não aceita como gasto fiscal as indemnizações pela verificação de eventos cujo
risco seja segurável. Significa que uma Empresa que não tenha seguro de crédito pode deduzir
fiscalmente, e na integra, as perdas por imparidade ou dívidas incobráveis, desde que respeite
a disciplina prevista no CIRC, na medida em que este tipo de seguro é de realização
facultativa5.

As regras para dedução fiscal das perdas por imparidade em dívidas a receber encontram-se
elencadas nos artigos 28.º-A a 28.º-C do CIRC, prevendo-se, no caso das Empresas em geral,
que não são considerados de cobrança duvidosa os créditos cobertos por seguro, com exceção
da importância correspondente à percentagem de descoberto obrigatório, ou por qualquer
espécie de garantia real. Para as Empresas do Setor Bancário existe também uma disposição
específica, constante no artigo 28.º-C, que não aceita fiscalmente o montante anual
acumulado das perdas por imparidade e outras correções de valor para risco específico de
crédito e para risco-país, no caso de créditos garantidos por contratos de seguro de crédito ou
caução, com exceção da importância correspondente à percentagem do descoberto
obrigatório.

Já as regras para dedução fiscal dos créditos incobráveis encontram-se descritas no artigo 41.º
do CIRC, sendo a incobrabilidade reconhecida apenas pela parte não coberta por seguro.

Em sede de IRS

Relativamente aos sujeitos passivo de IRS que aufiram rendimentos empresariais e ou


profissionais, e que não sejam tributados pelo regime simplificado, aplicam-se as mesmas
regras relativamente ao enquadramento dos rendimentos e ganhos e dos gastos e perdas em
matéria de seguros de crédito, na medida em que o artigo 32.º do Código do IRS contém uma
remissão para o Código do IRC, segundo a qual, na determinação dos rendimentos
empresariais e profissionais não abrangidos pelo regime simplificado, aplicam-se as regras
estabelecidas no Código do IRC, com algumas exceções e com as adaptações resultantes do
CIRS.

5
A título de exemplo e a contrário, caso uma Empresa não tenha seguro automóvel contra danos terceiros, não lhe serão aceites
fiscalmente eventuais indemnizações a pagar a terceiros, na medida em que se trata de eventos cujo risco é obrigatoriamente
segurável.

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Em sede de IVA

Nos termos do n.º 28 do artigo 9.º do Código do IVA, estão isentas do imposto as operações de
seguro e resseguro, bem como as prestações de serviços conexas efetuadas pelos corretores e
intermediários de seguro. Significa que os prémios a pagar referentes às apólices de seguros
de crédito, são isentos de IVA (sujeitos a Imposto do Selo). No entanto, alguns serviços
debitados pelas Seguradoras de Crédito, como sejam as despesas de recuperação das dívidas,
já estão sujeitas a IVA nos termos gerais, por terem enquadramento no artigo 4.º enquanto
prestações de serviços.

A temática da dedução de IVA respeitante a créditos considerados incobráveis encontra-se


prevista no artigo 78.º (para os créditos vencidos até 31/12/2012 e considerados incobráveis
até aquela data) e nos artigos 78.º-A a 78.º-D (para os créditos vencidos a partir de
01/01/2013), todos do Código do IVA. Dispõe o artigo 78.º-A do CIVA que não são
considerados créditos incobráveis ou de cobrança duvidosa os créditos cobertos por seguro,
com exceção da importância correspondente à percentagem de descoberto obrigatório, ou
por qualquer espécie de garantia real.

Em sede de Imposto do Selo

Nos termos do artigo 2.º do Código do Imposto do Selo (CIS), são sujeitos passivos do imposto
as Empresas seguradoras relativamente à soma do prémio do seguro, custo da apólice e
quaisquer outras importâncias cobradas em conjunto ou em documento separado, bem como
às comissões pagas a mediadores, líquidas de imposto, considerando-se constituída a
obrigação tributária nas apólices de seguros, no momento da cobrança dos prémios (artigo 5.º
do CIS). Já o encargo do imposto, previsto no artigo 3.º do CIS, incumbe aos titulares do
interesse económico, considerando-se nos seguros, o tomador e, na atividade de mediação, o
mediador.

No âmbito das isenções subjetivas previstas no artigo 6.º do CIS, são isentos de imposto do
selo, quando este constitua seu encargo, as pessoas coletivas de utilidade pública
administrativa e de mera utilidade pública, assim como as instituições particulares de
solidariedade social e entidades a estas legalmente equiparadas.

De acordo com o previsto no artigo 22.º do CIS, as taxas do imposto são as constantes da
Tabela Geral do Imposto do Selo (TGIS), aplicando-se aos Seguros a verba 2 e ao caso concreto
dos seguros de crédito aplica-se a taxa de 5% prevista na verba 22.1.2 com a seguinte redação:

22.1 Apólices de seguros - sobre a soma do prémio do seguro, do custo da apólice e de


quaisquer outras importâncias que constituam receita das empresas seguradoras,
cobradas juntamente com esse prémio ou em documento separado:

22.1.2 Seguros dos ramos «Acidentes», «Doenças» e «Crédito» e das modalidades de


seguro «Agrícola e pecuário» 5%.

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18. Referências bibliográficas

 Banco Santander Totta – Opção de Taxa de Juro (CAP)


 NCRF’s publicadas através do Aviso 15655/2009, de 7 de setembro no seguimento da
aprovação do SNC pelo Decreto-Lei 158/2009, de 13 de julho
 CSC - Código das Sociedades Comerciais
 CIS – Código do Imposto do Selo
 CIRC – Código do Imposto Sobre Rendimento de Pessoas Coletivas
 CIRS – Código do Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares
 CIVA – Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado
 CIMT – Código do Imposto Municipal sobre as Transmissões onerosas de Imóveis
 CIMI – Código do Imposto Municipal sobre Imóveis
 Sistema de Normalização Contabilística - Teoria e Prática, de Gomes, João e Pires,
Jorge – Ano 2010
 SNC - Casos Práticos e Exercícios Resolvidos, Volume 1 e 2, de Almeida, Rui e outros –
Ano 2010
 Sistema de Normalização Contabilística Explicado, de Rodrigues, João – Ano 2009
 Instrumentos Financeiros Derivados – Enquadramento Contabilístico e Fiscal, de
Correia, Maria Luísa, Universidade Católica Editora – Ano 2000

 Sites:

 Banco Santander Totta – Opção de Taxa de Juro (CAP)


 CNC – Comissão de Normalização Contabilística
 Banco de Portugal
 IAPMEI
 CMVM – Comissão de Mercado de Valores Mobiliários
 OTOC – Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas
 OROC – Ordem dos Revisores Oficiais de Contas
 Portal das Finanças
 Portugal 2020

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Glossário

 AT – Autoridade tributária
 BdP - Banco de Portugal
 CSC - Código das Sociedades Comerciais
 CIS – Código do Imposto do Selo
 CIRC – Código do Imposto Sobre Rendimento de Pessoas Coletivas
 CIRS – Código do Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares
 CIVA – Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado
 CIMT – Código do Imposto Municipal sobre as Transmissões onerosas de Imóveis
 CMVM – Comissão Mercados Valores Mobiliários
 CIMI – Código do Imposto Municipal sobre Imóveis
 DL – Decreto-Lei
 IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis
 IMT – Imposto municipal sobre as Transmissões onerosa de imóveis
 IRC – Imposto sobre o Rendimento da Pessoas Coletivas
 IRS – Imposto sobre o rendimento das Pessoas Singulares
 IS – Imposto do Selo
 NCRF – Norma Contabilística e de Relato Financeiro
 OROC – Ordem dos Revisores Oficiais de Contas
 OTOC – Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas
 ROC – Revisor Oficial de Contas
 SNC – Sistema de Normalização Contabilistico
 TOC – Técnico Oficial de Contas
 UE – União Europeia

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Título

Mercados e Financiamento

Data

Janeiro 2015

Promotor

AIP/CCI – Associação Industrial Portuguesa / Câmara de Comércio e Indústria


Praça das Indústrias
Apartado 3200 EC Junqueira

1301 – 918 Lisboa | Portugal

Equipa Técnica

Célia Nogueira
João Gomes
João Nunes
Jorge Pires

Moneris – Serviços de Gestão, S.A.


Centro Empresarial Arquiparque
Rua Dr. António Loureiro Borges, 1, 2.º
1495-131 Algés | Portugal

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