Ossos Da Cabeça
Ossos Da Cabeça
Ossos Da Cabeça
Estudar a embriologia e crescimento craniofacial, para que deste modo possamos conhecer os
tecidos embrionários e aprendermos os tipos de ossificações que cada um dos ossos da cabeça
irá sofrer. Além de conhecer as áreas de resistência e fragilidade da face.
Embriologia Craniofacial
Após a fecundação ocorre a formação do zigoto e este sofre diversas divisões
mitóticas dando origem à mórula e posteriormente ao blastocisto que irá se fixar ao
endométrio materno. Com o desenvolvimento embrionário surgem 3 tecidos
embrionários: o ectoderma, o mesoderma e o endoderma que se diferenciarão
originando os 4 tecidos humanos fundamentais: o tecido epitelial, conjuntivo,
muscular e nervoso. O ectoderma originará o tecido nervoso e parte do tecido
epitelial (epiderme), o mesoderma originará os tecidos de sustentação e
preenchimento (tecido conjuntivo propriamente dito e especializado – osso,
cartilagem, gordura, sangue, além do tecido muscular) e o endoderma originará o
tecido epitelial que compõe os órgão das cavidades torácica e abdominal. Antes do
mesoderma originar os tecidos citados anteriormente ele se diferencia em
mesênquima. Com cerca de 25 dias pós concepção, o embrião humano apresenta
uma extremidade cranial e uma caudal contendo os 3 tecidos embrionários. No
dorso do embrião temos o tubo neural. Este tubo a princípio era um sulco,
o sulco neural, que foi se desenvolvendo até fechar por completo. As
extremidades do sulco neural são denominadas cristas neurais. Estas áreas se
desprendem do sulco neural durante a formação do tubo neural. As células das
cristas neurais permanecem laterais ao tubo e irão formar futuramente os gânglios
paravertebrais.
Durante o período embrionário estas células se multiplicam e se diferenciam dando
origem a um novo tecido o ectomesênquima que invade a região da cabeça e
empurra o mesoderma.
Desta forma, na cabeça temos o ectomesênquima, no restante do corpo temos o
mesênquima. O primeiro surge das cristas neurais, o segundo da diferenciação do
mesoderma. Na região mais anterior da cabeça, teremos o desenvolvimento da
face. A face surge a partir do desenvolvimento de duas áreas. A primeira é o
processo frontal do embrião que formará o processo frontonasal, além
do processo nasal lateral e medial direito e esquerdo. A segunda é o primeiro
arco branquial, também denominado arco mandibular, que sofre uma invaginação
se dividindo em dois processos os maxilares e os mandibulares. Entre eles surge
a cavidade bucal primitiva, chamada estomodeo e na região posterior desta
cavidade surge uma membrana formada por uma camada de ectoderma e uma de
endoderma denominada membrana bucofaríngea que logo se romperá.
Os ossos da cabeça irão surgir a partir da ossificação do ectomesênquima
diretamente ou de tecido conjuntivo originado da diferenciação deste
ectomesênquima. Isto é denominado ossificaçação intramembranosa. O
ectomesênquima ainda pode originar tecido cartilaginoso que posteriormente
sofrerá ossificação, o que é denominado ossificação endocondral (Figura 4) Os
ossos da cabeça são chamados em conjunto de crânio. Os ossos do crânio que estão
em contato com o encéfalo fazem parte do neurocrânio. Os ossos do crânio que
não estão em contato com o encéfalo fazem parte do viscerocrânio. Os ossos do
neurocrânio que sofrem ossificação intramembranosa são chamados
de desmocrânio, os ossos do neurocrânio que sofrem ossificação endocondral são
denominados condrocrânio. Os ossos que compõem o neurocrànio são em número
de 8: frontal (1), parietal (2), occipital (2), temporal (2), etmóide (1) e esfenóide
(1)
Destes, os que estão localizados na calota craniana fazem parte do desmocrânio e
os localizados na base do crânio fazem parte do condrocrânio. Porém, alguns ossos
estão parcialmente em cada uma destas localizações como o temporal e o occipital.
Desta forma, frontal, parietal e parte do temporal e do occipital compõem o
desmocrânio, enquanto esfenóide, etmóide e o restante do temporal e occipital
compõem o condrocrânio. Os ossos do viscerocrânio são em número de 14:
mandíbula (1), vômer (1), maxila (2), zigomático (2), nasal (2), palatino (2),
lacrimal (2), concha nasal inferior (2).
Todos os ossos do viscerocrânio, surgem a partir de ossificação intramembranosa
com exceção da mandíbula que sofre ossificação mista. Este osso surge em sua
grande parte a partir da ossificação de ectomesênquima e tecido conjuntivo, porém,
na região do futuro côndilo ocorre o aparecimento de uma cartilagem
secundária ou seja, uma cartilagem que surge a partir do ectomesênquima e tecido
conjuntivo que estão se ossificando. Para que a mandíbula adquira sua forma ela é
sustentada por um tubo de tecido cartilaginoso existente no interior do corpo da
futura mandíbula, denominado Cartilagem de Meckel. Esta cartilagem degenera e
desaparece conforme vai ocorrendo a ossificação.
Crescimento e Desenvolvimento Craniofacial
Pós-Natal
Após o nascimento tanto os tecidos moles quanto os duros vão se desenvolvendo e
crescendo. O termo crescimento é mais simples, significa que uma estrutura esta
ocupando um maior volume de espaço. O termo desenvolvimento é mais
complexo, seriam os fatores que devem atuar em uma estrutura para que ela cresça.
Crescimento dos tecidos moles
Ocorre devido a multiplicação celular, mitose.
Crescimento do tecido ósseo
Ocorre devido aos fenômenos de remodelamento, deslocamento primário e
deslocamento secundário.
O remodelamento ósseo é a mudança de forma de um osso devido ao surgimento
de áreas de deposição ou aposição óssea e áreas de reabsorção. Nas áreas de
deposição, aumenta o número de osteoblastos, enquanto que nas de reabsorção
aumentam os osteoclastos. Desta forma o osso com o tempo muda de forma. Esta
mudança normalmente leva a uma alteração da posição deste osso, desta maneira
podemos dizer que ele sofreu um deslocamento primário, ou seja, uma mudança
de posição devido ao seu próprio remodelamento. Os ossos no crânio estão
articulados entre si, desta forma quando um osso se desloca ele acaba empurrando
um ou mais ossos próximos a ele. Assim, um osso sofre deslocamento
secundário quando ele muda de posição devido ao deslocamento primário de
outro.
Fatores Gerais e Locais que podem influenciar o desenvolvimento
Craniofacial:
Os fatores gerais irão influenciar o desenvolvimento de todo o corpo humano,
inclusive da região craniofacial. Eles são: genética, nutrição e hormônios.
Os fatores locais são mais específicos, dentre eles temos o desenvolvimento do
encéfalo que irá gerar um deslocamento primário dos ossos do neurocrânio e
conseqüentemente um deslocamento secundário dos ossos do viscerocrânio.
O desenvolvimento dos tecidos moles, dentre eles da pele e da musculatura que
transmitirão trações para o periósteo e tecido ósseo, o que levará a uma deposição
óssea nas áreas de suturas. Além da expansão dos seios paranasais e cavidade
nasal através da respiração nasal.
Principais áreas de deposição e reabsorção óssea em maxila e mandíbula:
Durante o desenvolvimento dos tecidos duros a maxila e a mandíbula sofrem
remodelamento. Na maxila temos o túber como principal área de deposição e a
região anterior como principal área de reabsorção. Já na mandíbula, temos áreas de
deposição óssea no processo condilar e parte posterior do ramo. Além de áreas de
reabsorção na parte anterior do ramo e região anterior do corpo da mandíbula.No
fim do processo de crescimento tanto a maxila quanto a mandíbula tem um
deslocamento ântero-inferior.
Arquitetura Craniofacial
O crânio humano em relação a sua forma e resistência tem mudado com a
evolução. Há milhares de anos os antepassados do homem moderno possuíam um
neurocrânio menor porém mais resistente e um viscerocrânio maior e também mais
resistente. Com a evolução e alterações no estilo de vida e hábitos alimentares o
neurocrânio aumentou e o viscerocrânio diminuiu. Isto se torna evidente se
avaliarmos os terceiros molares. Estes dentes normalmente não erupcionam na
cavidade da boca pois não há espaço, a maxila e a mandíbula estão menores. Além
disso, muitas pessoas não possuem o germe destes dentes, ou seja, ele não se
formará.
Se colocarmos uma fonte luminosa no interior de um crânio, observaremos a luz
externamente em algumas regiões, mas não em outras, isto mostra que a densidade
óssea não é igual em todas as regiões cranianas. No neurocrânio e mais
especificamente na calota craniana, temos uma substância óssea compacta externa
e uma interna. Entre elas temos uma substância óssea esponjosa
denominada díploe . Esta arquitetura proporciona uma absorção de eventuais
impactos na calota craniana evitando lesões ao encéfalo.